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… 11/07/1982 – Itália 3 x 1 Alemanha Ocidental

Três pontos sobre…
… 11/07/1982 – Itália 3 x 1 Alemanha Ocidental


(Imagem: Getty Images)

● A decisão da Copa do Mundo de 1982 foi entre as bicampeãs Itália e Alemanha Ocidental. Quem vencesse, se tornaria tricampeão e igualaria o número de títulos da Seleção Brasileira.

Havia também uma disputa particular pela artilharia, já que Paolo Rossi e Karl-Heinz Rummenigge tinham cinco gols cada.

O árbitro brasileiro Arnaldo Cezar Coelho se tornou o primeiro não-europeu a apitar uma final de Copa do Mundo.


(Imagem: Imortais do Futebol)

● Na estreia, a Alemanha Ocidental perdeu por 2 x 1 para a surpreendente Argélia, de Rabah Madjer e Lakhdar Belloumi. Se recuperou na rodada seguinte ao bater o Chile por 4 x 1. Na terceira partida, protagonizou o jogo mais vergonhoso da história das Copas, um jogo de compadres, ao vencer a Áustria por 1 x 0, no único placar possível para classificar as duas seleções e eliminar os argelinos. Essa partida ficou conhecida como “Jogo da Vergonha” ou “A Vergonha de Gijón”. Na fase seguinte, venceu a Espanha, dona da casa, por 2 x 1 e empatou sem gols com a Inglaterra – o suficiente para garantir a vaga entre os quatro primeiros. Na semifinal, esteve perto de perder da França na prorrogação mas, após empate por 3 x 3, venceu nos pênaltis por 5 x 4. Mais uma de muitas decisões para os alemães.

Com esse mesmo time base, a Alemanha havia conquistado o título da Eurocopa de 1980. A principal ausência era o meia Bernd Schuster, do Barcelona. Com apenas 20 anos, era talentoso, mas sua presença dividia o elenco. Ele pediu dispensa da delegação pouco antes da Copa de 1982. Só depois se soube o motivo: ele preferiu passar mais tempo de férias com a esposa Gaby Lehman, dez anos mais velha que ele e famosa por ter pousado nua para a revista Stern. Schuster se aposentaria de vez da Nationalelf em 1984, com apenas 25 anos.


(Imagem: Bob Thomas / Getty Images / FIFA)

● Na fase de grupos, a Itália se classificou como segunda colocada do Grupo 1, com três empates: Polônia (0 x 0), Peru (1 x 1) e Camarões (1 x 1). Só se classificou porque fez um gol a mais que Camarões (que também empatou três vezes). Na primeira partida do grupo C das quartas de final, veio a primeira vitória: sobre a então campeã mundial Argentina por 2 a 1. Na sequência, derrubou o favorito Brasil por 3 a 2. Nas semifinais, venceu por 2 a 0 a forte Polônia, desfalcada de Zbigniew Boniek – suspenso pelo segundo cartão amarelo.

Enzo Bearzot não podia contar com Giancarlo Antognoni, o cérebro do time no meio campo. As opções seriam o reserva imediato Giuseppe Dossena, mas ele ainda não havia estreado na Copa e estava sem ritmo. Franco Causio mexeria muito no ataque e Bruno Conti acabaria sacrificado por jogar por dentro. A escolha mais natural era escalar o volante Gianpiero Marini e adiantar Marco Tardelli para ser o armador do time. Mas, Claudio Gentile de volta ao time e o jovem zagueiro Giuseppe Bergomi, de 18 anos, normalmente voltaria ao banco de reservas. Surpreendentemente, o treinador preferiu manter Bergomi no time, fortalecendo o sistema defensivo para liberar mais o meio de campo como um todo.

Havia também uma mudança de visual. Gentile não havia atuado na semifinal diante da Polônia e entrou em campo sem seu vasto bigode, raspado na véspera. Como tinha feito em toda a fase final, ele era responsável pela marcação individual no craque adversário – no caso, em Rummenigge. Curiosamente, Gentile era nascido na Líbia, uma ex-colônia italiana.


A Itália jogava no “4-4-2 italiano”, com um líbero atrás da defesa. O lateral esquerdo apoiava, enquanto o ponta direita recuava para fechar os espaços. Atacava no 3-4-3 e se defendia no 4-5-1.

A Itália fazia a chamada “zona mista”, combinando a marcação individual na defesa e a marcação por zona no meio de campo. O sistema era uma espécie de 4-4-2 adaptado e era imutável, rígido há alguns anos.

O time era formado por quatro defensores: um líbero (Scirea) atrás de dois zagueiros mais centralizados (Gentile, o centrale, mais à direita, e Collovati, o stopper, mais à esquerda) e um lateral mais ofensivo (chamado terzino fluidificante, que era Cabrini, pela esquerda, com liberdade para avançar. O meio de campo tinha outras quatro funções: o mediano (uma espécie de volante, que normalmente era Oriali, mas nessa partida foi Bergomi); o centrocampista centrale (que marcava e armava, uma espécie de box-to-box, que geralmente era Tardelli, mas que na decisão foi Oriali); o regista ou fantasista (o meia mais criativo, que era a função de Antognoni, mas na decisão foi de Tardelli) e o ala tornante que jogada do lado contrário do lateral ofensivo (era uma espécia de ponta que voltava para ajudar a marcação e organização ofensiva, que era Bruno Conti, pela direita). Dois eram os homens de ataque: o centravanti (homem de área, Paolo Rossi) e o seconda punta (que voltava para marcar o lateral rival, função de Graziani).


A Alemanha Ocidental do técnico Jupp Derwall atuava em um falso 4-4-2 em um misto de 3-5-2. O lateral esquerdo Bernd Förster fazia o papel de um terceiro zagueiro, a fim de liberar o outro lateral, Kaltz, que apoiava um pouquinho mais pela direita, fazendo o contra-peso do meia esquerda Briegel. Dremmler ficava mais na marcação e Paul Breitner era o “todo-campista” indo de área a área. Littbarski ocupava as pontas e o centroavante era Klaus Fischer. O craque Rummenigge tinha liberdade para flutuar no ataque.

● O rei Juan Carlos I, da Espanha, era o convidado de honra dentre os 90 mil presentes no estádio Santiago Bernabéu, em Madrid, para a 12ª final de Copa do Mundo. Pela sexta vez na história, era uma final com duas seleções europeias.

A Itália chegava com muita moral, após eliminar Argentina e Brasil, os dois principais favoritos ao título. Os alemães chegavam bem desgastados depois de uma difícil prorrogação diante da França. E historicamente, o time italiano sempre foi carrasco dos alemães no futebol.

O técnico alemão Jupp Derwall escalou um time mais ofensivo. Tirou o apagado Felix Magath e trouxe de volta o capitão Karl-Heinz Rummenigge, mesmo em más condições físicas. Ele não poderia prescindir de seu craque em um momento decisivo.

O início do jogo foi truncado, um verdadeiro duelo tático entre ambas as equipes.

Logo nos primeiros minutos, Littbarski escapou dos carrinhos de Gentile e Tardelli, tocou para Klaus Fischer fazer o pivô, cortar a marcação de Collovati e tocar para o meio. Na meia-lua, Littbarsli dominou com a direita e bateu de esquerda, mas Dino Zoff agarrou a bola sem dar rebote.

Paul Breitner lançou a bola para a área, Rumennigge dominou e girou, mas mandou para fora.

Ainda no começo do jogo, Francesco Graziani caiu sobre o ombro direito que havia lesionado durante a semifinal e teve que sair logo aos sete minutos de partida para a entrada de Alessandro Altobelli.

Bergomi chutou de longe, mas a bola foi por cima, sem assustar o goleiro Schumacher.

Aos 25,’ Marco Tardelli abriu na esquerda para Antonio Cabrini, que deixou para Altobelli cruzar na área. Briegel subiu empurrando Bruno Conti e Arnaldo marcou pênalti. Cabrini bateu cruzado no canto esquerdo de Schumacher, mas mandou para fora. Esse foi o terceiro pênalti marcado na história das finais de Copa e até hoje é o único desperdiçado.

“Mudei de ideia no último momento e cometi um erro. Olhei para o lado esquerdo, mas o goleiro pendeu nesse sentido. Bati mais aberto e fui mal.” ― Antonio Cabrini

Oriali foi derrubado por Uli Stielike na entrada da área. Bruno Conti cobrou a falta e chutou forte, mas no centro do gol, facilitando a defesa para Schumacher.

Rummenigge dominou pelo alto e ajeitou para Dremmler, mas ele chutou por cima do gol.

No intervalo, Bearzot tentou levantar a moral de sua equipe, que estava sem Antognoni e Graziani e ainda havia perdido um pênalti. A insegurança não podia tomar conta da Azzurra naquele momento.


(Imagem: Imortais do Futebol)

● O início do segundo tempo foi muito pegado, com os dois times parando muito o jogo com seguidas faltas.

Aos 12 minutos do segundo tempo, Rummenigge fez falta em Gabriele Oriali. Marco Tardelli cobrou rápido com Claudio Gentile na direita e ele cruzou à meia altura para a área. A bola passou por Altobelli, mas Paolo Rossi se antecipou a Kaltz e completou de joelho para o gol. Era o sexto gol de Il Bambino d’Oro na Copa de 1982. Os milhares de tifosi começaram a sonhar com o tricampeonato.

A Alemanha Ocidental buscava o empate e o treinador mandou seu time ao ataque, trocando o volante Wolfgang Dremmler pelo gigante atacante Horst Hrubesch.

Em cobrança de falta da direita, Kaltz cruzou e Zoff saiu catando borboletas, mas Briegel não conseguiu aproveitar.

Briegel passou por Bruno Conti e cruzou da esquerda. A bola bateu em Collovati dentro da pequena área, mas o goleiro Zoff pegou firme.

Aos 24′, Rummenigge tocou para Paul Breitner pelo meio, mas Rossi roubou a bola e o grande Gaetano Scirea avançou em velocidade na transição, como se deve fazer um líbero de verdade. Ele deixou com Bruno Conti, que cortou da direita para o meio. Rossi abriu na direita para Scirea que caiu pela ponta. Ele tocou de calcanhar para Bergomi, recebeu de volta e rolou para Marco Tardelli na entrada da área. O camisa 14 não dominou bem e deixou a bola escapar, mas, mesmo caindo, chutou forte de esquerda, no canto esquerdo do goleiro Harald Schumacher. Tardelli marcou e saiu comemorando em delírio. Uma das imagens mais marcantes de todas as Copas.


(Imagem: Getty Images / FIFA)

“A sensação de fazer um gol como aquele não tem como contar. Apenas sentir. Aquele grito que apareceu na televisão foi como uma libertação. Era um sonho marcar numa final. Também me senti libertado de certas pessoas, que sempre nos criticavam. Foi como se estivéssemos em guerra contra eles. Mas ganhamos no final. E todos tiveram de celebrar com a gente. Gritaram como eu. E devem ter ficado sem ar como eu também quase fiquei.” ― Marco Tardelli

“O protocolo mandava ficar sentado na cadeira, no máximo batendo palmas. Era o que estava fazendo o rei da Espanha ao meu lado, e ao lado do chanceler alemão, todo triste. Mas como eu iria me segurar com um gol daquele? Eu tinha mais é de levantar e comemorar como qualquer italiano estava fazendo!” ― Sandro Pertini, presidente da Itália, que vibrou bastante nas tribunas.

A velocidade italiana foi demais para os desgastados alemães. Logo depois do gol, o técnico Jupp Derwall tirou o baleado Rummenigge para colocar em campo Hansi Müller e sua habilidosa perna esquerda.

O líbero Uli Stielike puxou contra-ataque e foi derrubado por trás por Oriali. Stielike levantou desorientado e partiu para cima do italiano. Arnaldo deu um cartão amarelo justo a Orialli, mas nada sossegou o alemão, que ficou o jogo todo tentando intimidar o árbitro brasileiro.

Aos 36′, a Squadra Azzurra fez o terceiro gol e praticamente matou o jogo e definiu o título. Em um contra-ataque, Bruno Conti avançou sozinho pela direita, entrou na área e rolou para a marca do pênalti. Altobelli dominou, driblou o afobado goleiro Schumacher, que saiu aos seus pés, e chutou de esquerda, já caindo. Um belo gol de Altobelli, seu primeiro e único no Mundial.

Na saída de bola Littbarski cruzou da direita e Hrubesch cabeceou fraco em cima de Zoff.

Os alemães descontaram dois minutos depois. Manfred Kaltz deixou com Uli Stielike pelo meio e ele abriu com Hans-Peter Briegel na esquerda. O Panzer (tanque de guerra alemão) ganhou no corpo de Bruno Conti, o acertando de forma involuntária com o cotovelo, e o italiano respondeu com um carrinho por trás no alemão. Falta do lado esquerdo da área, quase um mini escanteio para a Alemanha. Hansi Müller cruzou para a área, a bola passou por Collovati e Gentile afastou mal, para o meio da área. Paul Breitner emendou um voleio cruzado, de primeira, e mandou no cantinho direito de Zoff.

Breitner se tornou um dos raros jogadores a marcar gols em duas finais de Copas diferentes, pois já havia marcado de pênalti na decisão de 1974, em vitória por 2 x 1 sobre a Holanda de Johan Cruijff. Apenas Vavá, Pelé e Zinedine Zidane repetiram o feito.

Mas o alemão nem comemorou esse gol. A partida estava no fim e a vantagem italiana era muito grande até para os alemães.

Bearzot ainda teve tempo para homenagear Franco Causio, um de seus jogadores prediletos e um dos líderes do elenco. Ele entrou em campo no lugar de Altobelli, que já tinha entrado no início da partida.

E a Squadra Azzurra terminou a partida tocando a bola sob o ritmo tradicional do olé espanhol.

No fim da partida, o árbitro Arnaldo Cezar Coelho se meteu no meio de um passe dos italianos, agarrou a bola e a levantou antes de apitar, como se fosse um troféu. O brasileiro teve uma das melhores arbitragens de uma final de Copa até hoje. A bola do jogo é considerada por ele como seu maior troféu.


(Imagem: Getty Images / FIFA)

● A Itália se sagrava tricampeã do mundo, vencendo 44 anos depois de seu último título. A Azzurra tinha erguido duas vezes a antiga Taça Jules Rimet e agora levantava com justiça o novo troféu da Copa do Mundo. O time treinado por Enzo Bearzot tinha jogadores de alto nível, mas o maior destaque nesse título foi o espírito de luta dos italianos.

Para Enzo Bearzot, o resultado era uma vitória pessoal. Durante anos ele vinha tentando tirar a sua seleção de campanhas medianas e agora a colocou de volta ao topo do mundo.

Por incrível que pareça, era a ressurreição de dois heróis italianos. O goleiro e capitão Dino Zoff havia sido bastante criticado não só pela idade elevada, mas por ter tomado um gol de Nelinho na decisão do 3º lugar da Copa de 1978, diante do Brasil. Zoff se tornou o jogador mais velho a conquistar uma Copa do Mundo, com 40 anos e 133 dias.

Já Paolo Rossi, estava há dois anos sem jogar. Envolvido no escândalo da loteria esportiva italiana, em 1980, ele foi suspenso por três anos, mas teve a pena revogada em abril de 1982. Ou seja, ele voltou a jogar apenas dois meses antes do Mundial. Para piorar mais o clima, a imprensa italiana criou o boato que ele e Antonio Cabrini tinham uma relação homossexual, que fez os atletas romperem de vez com os veículos de comunicação e não darem mais entrevistas. Mas o atacante foi bancado pelo técnico Bearzot mesmo fora de forma e abaixo do peso. Ele passou os quatro primeiro jogos sem marcar gols, mas desencantou contra o Brasil com três, fez dois diante da Polônia e abriu o placar contra os alemães. Paolo Rossi conseguiu um feito que jamais foi repetido: foi campeão, artilheiro e eleito o melhor jogador da competição.

Curiosamente, apenas a Itália de 1938 e 1982 e a Alemanha Ocidental em 1990 foram campeãs do mundo sem ficar em nenhum momento atrás no marcador, em nenhuma partida.

“Vai ser difícil explicar como uma seleção tão ruim foi campeã.” ― Bruno Conti, ironizando os críticos da Azzurra.

“Estávamos totalmente convencidos de que poderíamos chegar até a final e sair de campo vencedores. Jogamos tranquilos a decisão em Madri. O mérito disso é de Enzo Bearzot, homem extraordinário e um talentoso treinador. Ele nos ensinou como perseverar e seguir um objetivo.” ― Dino Zoff

“Nós não éramos presunçosos, e, sim, confiantes. No futebol, não vence quem é forte – forte é quem vence. Tínhamos certeza que ganharíamos a Copa depois de passar pela Polônia. Estávamos tão certos porque estávamos em ótima forma física e mental. A Alemanha, em contrapartida, não estava tão bem. Vinha cansada da prorrogação contra a França.” ― Claudio Gentile

“A vitória contra o Brasil criou uma aura em torno da equipe. Sentíamos que éramos os melhores.” ― Paolo Rossi


(Imagem: Getty Images / FIFA)

FICHA TÉCNICA:

 

ITÁLIA 3 x 1 ALEMANHA OCIDENTAL

 

Data: 11/07/1982

Horário: 20h00 locais

Estádio: Santiago Bernabéu

Público: 90.000

Cidade: Madri (Espanha)

Árbitro: Arnaldo Cézar Coelho (Brasil)

 

ITÁLIA (4-4-2):

ALEMANHA OCIDENTAL (4-4-2):

1  Dino Zoff (G)(C)

1  Harald Schumacher (G)

6  Claudio Gentile

20 Manfred Kaltz

5  Fulvio Collovati

4  Karlheinz Förster

7  Gaetano Scirea

15 Uli Stielike

4  Antonio Cabrini

5  Bernd Förster

3  Giuseppe Bergomi

6  Wolfgang Dremmler

13 Gabriele Oriali

2  Hans-Peter Briegel

14 Marco Tardelli

3  Paul Breitner

16 Bruno Conti

7  Pierre Littbarski

20 Paolo Rossi

8  Klaus Fischer

19 Francesco Graziani

11 Karl-Heinz Rummenigge (C)

 

Técnico: Enzo Bearzot

Técnico: Jupp Derwall

 

SUPLENTES:

 

 

12 Ivano Bordon (G)

21 Bernd Franke (G)

22 Giovanni Galli (G)

22 Eike Immel (G)

2  Franco Baresi

12 Wilfried Hannes

8  Pietro Vierchowod

19 Holger Hieronymus

10 Giuseppe Dossena

17 Stephan Engels

11 Gianpiero Marini

18 Lothar Matthäus

9  Giancarlo Antognoni

14 Felix Magath

15 Franco Causio

10 Hansi Müller

21 Franco Selvaggi

13 Uwe Reinders

17 Daniele Massaro

16 Thomas Allofs

18 Alessandro Altobelli

9  Horst Hrubesch

 

GOLS:

57′ Paolo Rossi (ITA)

69′ Marco Tardelli (ITA)

81′ Alessandro Altobelli (ITA)

83′ Paul Breitner (ALE)

 

CARTÕES AMARELOS:

31′ Bruno Conti (ITA)

61′ Wolfgang Dremmler (ALE)

73′ Uli Stielike (ALE)

73′ Gabriele Oriali (ITA)

88′ Pierre Littbarski (ALE)

 

SUBSTITUIÇÕES:

7′ Francesco Graziani (ITA) ↓

Alessandro Altobelli (ITA) ↑

 

62′ Wolfgang Dremmler (ALE) ↓

Horst Hrubesch (ALE) ↑

 

70′ Karl-Heinz Rummenigge (ALE) ↓

Hansi Müller (ALE) ↑

 

89′ Alessandro Altobelli (ITA) ↓

Franco Causio (ITA) ↑


(Imagem: O Globo)

Melhores momentos da partida, na narração de Luciano do Valle:

Gols italianos na decisão (FIFA TV):

… 10/07/1994 – Bulgária 2 x 1 Alemanha

Três pontos sobre…
… 10/07/1994 – Bulgária 2 x 1 Alemanha


(Imagem: Getty Images)

● Recém unificada, a Alemanha vinha de três finais de Copa do Mundo consecutivas (1982, 1986 e 1990) e chegou ao Mundial de 1994 com um time ainda melhor do que o campeão quatro anos antes. O técnico era Berti Vogts, que havia sido auxiliar de Franz Beckenbauer entre 1986 e 1990. O time base era praticamente o mesmo, reforçado com atletas que vinham da antiga Alemanha Oriental, como o meio campo Matthias Sammer e o centroavante Ulf Kirsten. Com isso, os alemães eram os maiores favoritos à conquista da Copa, ao lado de Brasil e Argentina.

O bom goleiro Bodo Illgner era garantia de segurança na meta. A defesa tinha Jürgen Kohler, com o craque Lothar Matthäus jogando como líbero. Thomas Helmer e Guido Buchwald se revezavam nas posições de zagueiro e volante. O interminável Thomas Berthold jogava pela direita e Martin Wagner era o ala pela esquerda. O rápido e criativo Thomas Häßler era o armador pela direita e o habilidoso Andreas Möller era o meia pela esquerda – diante dos búlgaros, eles inverteram a posição. O ataque era o mesmo de 1990: o oportunista Jürgen Klinsmann e o matador Rudi Völler. No banco, destaques para o jovem goleiro Oliver Kahn, veterano Andreas Brehme e o artilheiro Karl-Heinz Riedle.

Na estreia, uma frustrante vitória por um magro 1 x 0 sobre a frágil Bolívia começou a levantar suspeitas sobre a capacidade dos alemães. E tudo ficou ainda pior depois do empate em 1 x 1 com a mediana seleção da Espanha. Na terceira partida, a Mannschaft estava vencendo a Coreia do Sul por 3 x 0 e deixou os asiáticos diminuírem para 3 x 2. Nesse jogo, os germânicos suaram frio para manter a vitória, apesar dos 46º C – a maior temperatura já registrada em um jogo de Copa. Aos 30′ do segundo tempo dessa partida, o meia Stefan Effenberg foi substituído e mostrou o “dedo médio” para os torcedores que o cobriam de vaias. No dia seguinte, Vogts expulsou o meia da delegação. Nas oitavas de final, venceu a Bélgica por 3 x 2, com a dupla de ataque sendo decisiva, com dois gols de Völler e um de Klinsmann. O favoritismo era enorme diante dos búlgaros.


(Imagem: Getty Images)

● Na época, a Bulgária ocupava a obscura 31º colocação no ranking da FIFA. Se qualificou em segundo lugar no grupo 6 das eliminatórias europeias, um ponto atrás da Suécia. A classificação veio em uma vitória de virada sobre a França em pleno estádio Parc des Princes. Eric Cantona abriu o placar, mas Emil Kostadinov marcou dois gols, sendo o segundo no último lance da partida. O milagre búlgaro começava em Paris.

Os Demônios da Europa (apelido da seleção búlgara) viajaram aos Estados Unidos com o melhor elenco de sua história. O goleiro era o experiente capitão Borislav Mikhailov. No miolo de zaga, Petar Hubchev era o escudeiro do lendário Trifon Ivanov, o “Lobo Búlgaro”. Na lateral direita, Iliyan Kiryakov ganhou a vaga do ex-titular Emil Kremenliev. Tsanko Tsvetanov era o lateral esquerdo. Zlatko Yankov era o único volante do time. A criatividade ficava por conta dos meias Yordan Letchkov e Krasimir Balakov. O ataque tinha Nasko Sirakov pelo centro, sempre se movimentando para abrir espaços para Emil Kostadinov pela direita e para o genial Hristo Stoichkov pela esquerda. No banco, destaque para os meias Daniel Borimirov e Ivaylo Yordanov. A ausência sentida era do atacante Lyuboslav Penev, que havia marcado três gols nas eliminatórias, mas precisou se afastar do futebol no início de 1994 após descobrir um câncer no testículo (ele retomaria a carreira com sucesso meses depois).

Mesmo com uma boa equipe, os búlgaros chegavam ao Mundial com um retrospecto desolador. Em cinco participações anteriores e 16 partidas disputadas, a Bulgária nunca tinha vencido um único jogo em Copas do Mundo (10 derrotas e 6 empates). Nada dizia que seria diferente em 1994, ao ser goleada logo na estreia pela Nigéria por 3 a 0. Mas a partir do segundo jogo, tudo mudou. Vitórias sobre a Grécia por 4 x 0 e Argentina (já sem Maradona) por 2 x 0 garantiram os balcânicos na segunda colocação do Grupo D. Nas oitavas de final, empatou com o México no tempo normal por 1 x 1 e venceu por 3 x 1 na decisão por pênaltis, quando o goleiro Mikhailov defendeu duas cobranças para dar a vaga nas quartas de final ao seu país, onde enfrentaria a favoritíssima Alemanha.


(Imagem: Twitter @FIFAWorldCup)

● Mas, pelo que ambos vinham jogando, uma vitória búlgara não seria a maior zebra do mundo. A seleção treinada pelo ex-zagueiro Dimitar Penev estava em evolução. E o favoritismo dos alemães era apenas pelo histórico, pelos jogadores mais renomados e pela “Mentalität” – a mentalidade vencedora natural e própria dos alemães, um conceito da pseudociência protonazista da superioridade do estado mental alemão, que foi amplamente utilizado pelos técnicos do futebol do país para conseguirem fazer seu time se sobressair nas maiores vitórias de sua história, especialmente por Sepp Herberger diante da Hungria em 1954 e por Helmut Schön diante da Holanda em 1974.

Mas a Alemanha chegava cheia de problemas para a partida, principalmente no meio de campo. Effenberg já não estava mais no elenco. Mário Basler havia pedido dispensa para cuidar da esposa que vivia complicações na gravidez. Matthias Sammer estava sofrendo com lesões (como quase sempre). Assim, Berti Vogts precisou apostar na recuperação física de Lothar Matthäus e pelo fim do imbróglio contratual de Thomas Häßler com a Roma.

Pelo lado búlgaro, o elenco comemorava uma vitória fora do campo. Depois de uma longa queda de braço, os dirigentes da federação do país aceitaram pagar um prêmio de US$ 15 mil a cada jogador em caso de vitória sobre a Alemanha. “O assunto está resolvido. Domingo, vamos vencer”, assegurava o otimista Hristo Stoichkov.


A Bulgária jogava em um misto de 4-4-2 (quando se defendia) e 4-3-3 (quando atacava).


A Alemanha jogava em seu tradicional 3-5-2, com Matthäus como líbero.

● A partida ocorreu no Giants Stadium, em East Rutherford, mesmo palco em que a Bulgária havia eliminado o México cinco dias antes.

A Bulgária começou a partida de forma mais cautelosa, na defesa. E a Alemanha não conseguiu criar nenhuma chance clara nos primeiros minutos. Era um duelo equilibrado. Mas aos poucos os dois times foram se soltando.

O primeiro lance de perigo foi quando Stoichkov invadiu a área pela direita e rolou para trás, mas Balakov acertou o pé da trave.

Mas os alemães responderam à altura com ataques verticais. Häßler bateu de longe e Mikhailov segurou com tranquilidade.

Häßler jogou muita bola naquele dia. Ele cruzou da direita e Klinsmann finalizou com um peixinho à queima-roupa que Mikhailov defendeu em cima da linha.

Klinsmann ganhou uma dividida e tocou para Völler, que deixou Ivanov sentado após um drible e chutou fraco para fora.

Illgner saiu jogando com Möller, que tocou para Buchwald, que deixou com Matthäus. Da linha central, o camisa 10 fez um lançamento preciso para a grande área. Klinsmann virou batendo bonito, mas a bola foi por cima do gol.

Nos primeiros 45 minutos, os alemães tiveram uma ligeira superioridade, mas o placar se mantinha zerado. Mas tudo mudou na volta do intervalo.

Logo no primeiro lance do segundo tempo, Wagner fez o lançamento de sua intermediária, Buchwald ganhou de cabeça de Ivanov e Klinsmann dominou dentro da área. Esperto, ele esperou o contato de Letchkov e se jogou. O árbitro colombiano José Torres Cadena marcou a penalidade. Lothar Matthäus bateu com categoria. Ele esperou Mikhailov pular para o lado direito e bateu firme à meia altura no canto esquerdo. Alemanha, 1 a 0.

Mas, apenas seis minutos depois, o ala esquerdo Martin Wagner sofreu um choque de cabeça, ficou desacordado e teve que sair para a entrada de Thomas Strunz. Wagner estava muito bem na partida e sua saída desestruturou a defesa alemã e deixou o meio campo mais lento.

Com isso, liderada por Balakov, a Bulgária passou a coordenar as ações no meio e a jogar no campo de ataque.

Mesmo com a pressão búlgara, a Alemanha teve chances de matar a partida antes da metade do segundo tempo.

Häßler deu um belo chute de fora da área e Mikhailov salvou com a ponta dos dedos.

Aos 28′, Thomas Häßler – sempre ele – dominou pela ponta esquerda, cortou para o meio e tocou para Möller. Da entrada da área, o camisa 7 chutou na trave. Na sobra, Völler dominou e bateu para o gol vazio, mas a arbitragem já havia sinalizado o impedimento do centroavante alemão.


(Imagem: Rick Stewart / All Sport)

Assim como nas partidas anteriores, os alemães sofreram muito com o calor do meio-dia e pregaram no segundo tempo. E, como diz aquele velho ditado: “Quem não faz…”

Yankov abriu na direita com Kiryakov, que cruzou. A bola desviou em Thomas Strunz e foi pela linha de fundo. Balakov bateu o córner e Buchwald escorou de cabeça para fora da área. Stoichkov dominou de costas e cavou a falta, após receber o contato de Möller. A bola estava posicionada um pouco à direita da meia lua, em lugar perfeito para a canhota calibrada do camisa 8. Hristo Stoichkov bateu com perfeição e a bola encobriu a barreira. Bodo Illgner nem se mexeu. Era o merecido empate, a quinze minutos do fim.

“Na hora em que ajeitei a bola para bater a falta, me lembrei que era o dia do aniversário da minha filha, Michaela. Ela está fazendo seis anos e, em questão de segundos, pensei que um gol seria uma grande lembrança para ela ter em sua vida. Aí me concentrei e chutei. Não houve nada de especial. A bola simplesmente foi direto para o gol.” ― Hristo Stoichkov

A mãe do astro do Barcelona teve um princípio de infarto ao assistir pela TV o golaço do filho.

A Bulgária se empolgou com o empate e continuou no ataque. E a virada veio três minutos depois.

Möller errou o passe no campo de ataque. Sirakov interceptou e abriu na ponta direita para Kostadinov, mas Matthäus estava na marcação e mandou pela linha de fundo. Balakov novamente bateu o escanteio e Matthäus escorou para a linha lateral. Kiryakov cobrou rápido para Kostadinov, que devolveu. Kiryakov viu a aproximação de Yankov e deixou com o volante, que cortou a marcação de Berthold e cruzou para a área. Yordan Letchkov apareceu como um raio, ganhou no alto do baixinho Häßler e meteu a careca na bola, que encobriu o goleiro Illgner. Lechkov jogava no Hamburgo, da Alemanha, e recebeu ameaças de morte após voltar ao país.

Berti Vogts ainda tentou apelar para a estrela do veterano Andreas Brehme, mas não teve sucesso.

Dimitar Penev foi suicida e tirou seus dois atacantes Stoichkov e Kostadinov para a entrada de Yordanov (meia) e Boncho Genchev (zagueiro). O treinador búlgaro apostou em fechar os espaços, mas estaria sem poder de fogo em uma eventual prorrogação – que não ocorreu.

A Alemanha ainda pressionou, mas a Bulgária resistiu firme e garantiu a inédita classificação para as semifinais.

Nos últimos instantes do jogo, Brehme cruzou da esquerda e Rudi Völler tentou imitar Maradona fazendo um gol de mão, mas não foi tão discreto e acabou recebendo um cartão amarelo muito bem aplicado.


(Imagem: Pinterest)

● A Alemanha estava fora da Copa. O futebol búlgaro já não era mais zebra e tinha que ser respeitado.

A festa na capital Sófia foi enorme, com milhares de pessoas nas ruas para comemorar a maior vitória da história do país no futebol.

“Há um Cristo no céu e um Hristo na terra.” ― Hristo Stoichkov

“É justo a equipe jogar em torno de mim. Sou o melhor do time.” ― Hristo Stoichkov

“No início do jogo contra a Alemanha, o time estava psicologicamente bem, muito calmo e com a mente aberta, porque não tínhamos nada a perder, só a ganhar. E, no final, ganhamos.” ― Krasimir Balakov

Nessa partida, Lothar Matthäus completou 21 partidas em Copas do Mundo, se igualando ao polonês Władysław Żmuda e ao argentino Diego Armando Maradona. Na Copa de 1998, Matthäus chegaria a 25 jogos e é o recordista até hoje. O alemão Miroslav Klose tem 24 partidas e o italiano Paolo Maldini tem 23, logo na sequência.

O goleiro e capitão búlgaro Borislav Mikhailov era conhecido por utilizar uma peruca durante os jogos. Ele havia prometido que se a Bulgária passasse pela Itália na semifinal, jogaria sua peruca para a torcida na comemoração. Mas o sonho búlgaro ruiu diante de um iluminado Roberto Baggio e a Itália venceu por 2 x 1. Na decisão do 3º lugar, a desmotivada Bulgária perdeu para a Suécia por 4 x 0. Mas já tinha superado as expectativas até dos mais otimistas e entrado para a história como uma das seleções mais adoradas dos últimos tempos pelos amantes do futebol.


(Imagem: Bundesliga Classic)

FICHA TÉCNICA:

 

BULGÁRIA 2 x 1 ALEMANHA

 

Data: 10/07/1994

Horário: 12h00 locais

Estádio: Giants Stadium

Público: 72.000

Cidade: East Rutherford (Estados Unidos)

Árbitro: José Torres Cadena (Colômbia)

 

BULGÁRIA (4-3-3):

ALEMANHA (3-5-2):

1  Borislav Mikhailov (G)(C)

1  Bodo Illgner (G)

16 Iliyan Kiryakov

4  Jürgen Kohler

3  Trifon Ivanov

10 Lothar Matthäus (C)

5  Petar Hubchev

5  Thomas Helmer

4  Tsanko Tsvetanov

14 Thomas Berthold

6  Zlatko Yankov

6  Guido Buchwald

9  Yordan Letchkov

8  Thomas Häßler

20 Krasimir Balakov

7  Andreas Möller

10 Nasko Sirakov

17 Martin Wagner

8  Hristo Stoichkov

18 Jürgen Klinsmann

7  Emil Kostadinov

13 Rudi Völler

 

Técnico: Dimitar Penev

Técnico: Berti Vogts

 

SUPLENTES:

 

 

12 Plamen Nikolov (G)

12 Andreas Köpke (G)

2  Emil Kremenliev

22 Oliver Kahn (G)

15 Nikolay Iliev

16 Matthias Sammer

11 Daniel Borimirov

3  Andreas Brehme

14 Boncho Genchev

2  Thomas Strunz

19 Georgi Georgiev

20 Stefan Effenberg

13 Ivaylo Yordanov

15 Maurizio Gaudino

17 Petar Mihtarski

21 Mario Basler

18 Petar Aleksandrov

11 Stefan Kuntz

21 Velko Yotov

9  Karl-Heinz Riedle

22 Ivaylo Andonov

19 Ulf Kirsten

 

GOLS:

47′ Lothar Matthäus (ALE) (pen)

75′ Hristo Stoichkov (BUL)

78′ Yordan Letchkov (BUL)

 

CARTÕES AMARELOS:

14′ Thomas Helmer (ALE)

15′ Martin Wagner (ALE)

22′ Trifon Ivanov (BUL)

49′ Thomas Häßler (ALE)

50′ Jürgen Klinsmann (ALE)

82′ Hristo Stoichkov (BUL)

85′ Borislav Mikhailov (BUL)

89′ Rudi Völler (ALE)

 

SUBSTITUIÇÕES:

59′ Martin Wagner (ALE) ↓

Thomas Strunz (ALE) ↑

 

83′ Thomas Häßler (ALE) ↓

Andreas Brehme (ALE) ↑

 

85′ Hristo Stoichkov (BUL) ↓

Ivaylo Yordanov (BUL) ↑

 

90′ Emil Kostadinov (BUL) ↓

Boncho Genchev (BUL) ↑

Melhores momentos da partida (Rede Globo):

Segundo tempo completo:

Veja a festa na Bulgária com a chegada da delegação ao país após a Copa do Mundo de 1994:

… 09/07/1950 – Brasil 7 x 1 Suécia

Três pontos sobre…
… 09/07/1950 – Brasil 7 x 1 Suécia


(Imagem: Getty Images / FIFA)

● 7 a 1. Um placar familiar para um jogo de Copa no Brasil envolvendo os donos da casa.

Ainda está fresca na memória a maior derrota da história do Brasil em Copas: Brasil 1 x 7 Alemanha, em um dia 08 de julho, jogando em território brasileiro.

Curiosamente, a maior vitória brasileira em um Mundial foi em 09 de julho, também jogando em solo brasileiro, também na fase final da Copa, também por 7 x 1, mas sobre a Suécia.

E 7 a 1 foi pouco. O resultado só não foi ainda mais elástico porque o árbitro inglês Arthur Ellis anulou sem motivos um gol de Zizinho, ainda no primeiro tempo. Além disso, ainda marcou um pênalti inexistente para os suecos, em falta cometida por Bigode fora da área. E a Seleção Brasileira acertou três bolas na trave. Ou seja, se o placar fosse 11 a 0, não teria sido nenhum exagero.


(Imagem: AFP / Veja)

● A Copa do Mundo de 1950 foi a única que não teve uma final. O Mundial disputado no Brasil teve uma primeira fase com quatro grupos, com o vencedor de cada chave se classificando para um quadrangular final. Esse regulamento foi mantido apenas nessa edição, com o objetivo de ter mais jogos e maior lucro – em um torneio esvaziado devido ao pós-guerra.

E para a fase final, se classificaram duas seleções europeias e duas sul-americanas: Brasil (Grupo 1), Espanha (Grupo 2), Suécia (Grupo 3) e Uruguai (Grupo 4) disputariam o título jogando entre si, todos contra todos em um único turno.

Para as partidas da fase final, a direção do Maracanã fez um pedido curioso à polícia carioca: a proibição da venda de laranjas dentro do estádio e suas imediações. A justificativa foi as queixas de várias seleções que haviam sido vítimas dos “bombardeios” de laranjas atiradas por torcedores – algumas vezes até com violência.


(Imagem: Soccer, football or whatever)

● A seleção sueca não era uma equipe qualquer e merecia todo o respeito. Tinha um bom time, que havia conquistado a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Londres, em 1948. O mesmo time base ainda ganharia a medalha de bronze nas Olimpíadas de Helsinque, em 1952.

Com 34 anos, o zagueiro sueco Erik Nilsson era o capitão de sua equipe. Ele havia disputado o Mundial de 1938. Apenas Nilsson e o suíço Alfred Bickel disputaram uma edição de Copa antes e outra depois da Segunda Guerra Mundial.

Além de Nilsson, os principais destaques individuais eram o goleiro Kalle Svensson, o centromédio Knut Nordahl, o ponta esquerda Lennart Skoglund e o centroavante Hasse Jeppson. Curiosamente, Svensson e Skoglund estariam presentes também na Copa de 1958, quando a Suécia perdeu em casa para o Brasil de Pelé por 5 x 2.

Mas o técnico inglês George Raynor precisou montar o elenco sueco apenas com jogadores que atuavam no país e não pôde convocar seus principais destaques. O trio “Gre-No-Li”, formado pelos atacantes Gunnar Gren, Gunnar Nordahl e Nils Liedholm brilhava no Milan e não foi liberado pelos italianos para viajarem ao Brasil. Outros jogadores profissionais suecos impedidos de disputarem o Mundial foram: o zagueiro Kjell Rosén, os meias Bertil Nordahl, Åke Hjalmarsson, Ivar Eidefjäll, Pär Bengtsson e os atacantes Dan Ekner, Gunnar Andersson e Henry Carlsson. Certamente a Suécia teria um time ainda mais forte se pudesse ter contado com todos os seus melhores jogadores.

Pelo Grupo 3 da Copa do Mundo, a Suécia venceu a Itália de virada por 3 x 2, naquela que foi a primeira derrota dos italianos na história das Copas. A classificação sueca foi garantida com o empate por 2 x 2 contra o Paraguai.


(Imagem: Sem Firulas)

● Pelo Grupo 1, o Brasil goleou o México por 4 x 0 na estreia. A segunda partida foi a única que a Seleção saiu do Maracanã e foi jogar no Pacaembu. E o empate por 2 x 2 com a Suíça não escapou das tradicionais vaias paulistas. Na sequência, venceu a Iugoslávia por 2 x 0 e garantiu a classificação – já que um empate bastaria aos europeus, líderes da chave até aquele momento.

Na primeira fase, o técnico Flávio Costa utilizou 17 jogadores. Só não entraram em campo o goleiro Castilho, os zagueiros Nena e Nilton Santos, o atacante Adãozinho e o ponta esquerda Rodrigues Tatu.

A Seleção Brasileira começava a viver uma semana decisiva. Com sete dias de folga entre o fim da primeira fase e a primeira partida do quadrangular final, Flávio Costa pôde dar um pouco de descanso aos seus atletas e conseguiu definir de vez seu time titular. Pela primeira vez ele conseguia repetir uma escalação. E o treinador preferiu manter o sistema tática testado contra os iugoslavos: o WM.


A Seleção Brasileira jogou no sistema WM nos quatro últimos jogos da Copa de 1950.

Uma linha de três zagueiros, sendo o capitão Augusto aberto pela direita e Bigode pela esquerda, com Juvenal ao centro. No meio, Bauer pela direita e Danilo Alvim pela esquerda. Dois meias criativos: Zizinho e Jair Rosa Pinto. Dois pontas que entravam em diagonal e apareciam bem na área: Maneca pela direita e Chico pela esquerda. E Ademir de Menezes como um centroavante que se movimentava muito e não ficava fixo na área (ele era meia de origem).

A Seleção Brasileira jogou no sistema Diagonal nos dois primeiros jogos da Copa de 1950 e em toda a preparação, desde o meio da década de 1940. O sistema foi criado pelo próprio técnico Flávio Costa no Flamengo, com a finalidade de ter um homem a mais no sistema defensivo e um a mais na aproximação ao ataque.

O WM deixava a Seleção menos protegida do que o sistema Diagonal, pois ficavam apenas três na linha defensiva, enquanto no esquema anterior, Bauer jogava mais recuado, quase como um zagueiro de ofício mesmo. Mas se perdia na proteção defensiva, ganhava em talento e troca de passes no meio de campo e forçava o adversário a se resguardar um pouco mais.


A Suécia jogava no sistema WM.

● O início da partida foi equilibrado. Aos dez minutos de partida, o árbitro inglês Arthur Ellis anulou indevidamente um gol de Zizinho, alegando que a bola havia saído pela linha de fundo antes do cruzamento de Ademir.

Aos 14′ e aos 15′, um aviso premonitório: o rápido ponta direita sueco Stig Sundqvist venceu Bigode na corrida por duas vezes e em ambas o brasileiro não teve alternativa a não ser parar o adversário com falta, pois o zagueiro Juvenal não conseguiu chegar a tempo para fazer a cobertura.

No primeiro tempo, a Seleção Brasileira passou alguns pequenos sustos, pelo fato de o sistema defensivo não estar acostumado a atuar no WM, deixando muitos espaços entre os defensores. Mas o entrosamento do ataque fez o escrete nacional não dar chances para os suecos.

E o Brasil abriu o marcador aos 17′. Jair avançou e tocou para Ademir. Já dentro da área, ele girou o corpo e bateu rasteiro de pé esquerdo no canto direito e a bola passou por baixo do goleiro Kalle Svensson. Brasil, 1 a 0.

Os dois times continuaram atacando, mas sem alterar o placar. Maneca chutou uma bola na trave.

Aos 35′, novamente Sundqvist venceu Bigode na corrida e chutou cruzado. A bola passou pela pequena área e foi pela linha de fundo, deixando a torcida apreensiva. A Suécia estava perto do empate, mas no lance seguinte saiu o segundo gol brasileiro.

Em um lance um pouco parecido com o primeiro gol, Danilo tocou para Jair na meia-lua, que tocou por cima da marcação de primeira para Ademir invadir pelo meio da área e chutar forte no canto esquerdo. Brasil, 2 a 0.

Três minutos depois, Ademir deu a assistência para Chico, que infiltrou dentro da área, deu dois cortes em Lennart Samuelsson e chutou com força de pé esquerdo, no ângulo direito, para marcar o gol mais bonito da noite. Brasil 3 a 0.

Esse gol desmotivou totalmente os suecos. Nos seis minutos seguintes, o Brasil criaria outras três chances claras que não foram concretizadas em gols.

Quando o primeiro tempo acabou, era evidente os sinais de abatimento dos suecos.


(Imagem: Folhapress / Veja)

No início da etapa final, Ademir carimbou a trave.

Aos sete minutos, o Queixada marcou o seu “hat trick”. Zizinho fez o lançamento e o centroavante brasileiro invadiu a área sozinho, passou pelo goleiro Svensson e entrou no gol com bola e tudo. Brasil 4 a 0.

Pouco depois, Zizinho acertaria a trave sueca pela terceira vez na partida.

E o poker (quatro gols em um jogo) de Ademir saiu aos 13′. Jair cruzou, a defesa sueca não conseguiu cortar e o camisa 9 bateu de primeira no canto esquerdo do goleiro. Brasil 5 a 0.

Depois do quinto gol, Flávio Costa ordenou que os atletas tirassem o pé do acelerador para se pouparem para o próximo duelo, diante da Espanha.

“Não houve desinteresse espontâneo dos jogadores. Depois do quinto tento, lembrei-me de que quinta-feira teremos pela frente a seleção da Espanha. Era, portanto, necessário economizar energias. E foi por isso que dei instruções para que evitassem as jogadas mais difíceis, os lances em que fosse necessário o emprego do corpo.” ― Flávio Costa, em entrevista posterior ao Jornal dos Sports.

E a Suécia aproveitou para conseguir o gol de honra em um erro ridículo da arbitragem, aos 22′. Karl-Erik Palmér puxou um rápido contra-ataque e levou uma rasteira de Bigode, dois passos fora da área brasileira. O juiz estava muito distante da jogada e marcou pênalti. Sune Andersson bateu à meia altura e à esquerda de Barbosa, que acertou o canto, mas não conseguiu defender. Brasil 5 a 1.

No minuto seguinte, o ponta direita Maneca sentiu uma fisgada na coxa e ficou em campo apenas fazendo número, pois não eram permitidas as substituições à época. Só depois se saberia a gravidade da lesão de Maneca, que acabou por o tirar do restante da Copa.

Satisfeitos com o placar, os dois times se acomodaram no resultado e passaram vinte minutos sem se atacarem. Mas aos 40′, Chico arrancou pela ponta esquerda e cruzou pelo alto. Maneca, mesmo sentindo a séria contusão, conseguiu acertar um chute rasteiro de primeira, no canto esquerdo do goleiro. Brasil 6 a 1.

O placar foi mexido pela última vez a dois minutos do fim. Jair fez o lançamento para Chico, que conseguiu escapar da marcação de Samuelsson, avançou livre pela esquerda e tocou no canto esquerdo na saída do goleiro Svensson.

No fim da partida, aplausos para a atuação da Seleção Brasileira e para o cavalheirismo dos suecos, que, mesmo sendo goleados, não desistiram de jogar e não apelaram para a violência.

Ao todo, o Brasil teve 31 finalizações, contra 13 da Suécia.


(Imagem: Pinterest)

● Essa é até hoje a maior goleada aplicada pelo Brasil em uma Copa do Mundo.

Naquele momento, a Seleção Brasileira parecia ser imbatível. E essa sensação tomou conta da torcida do país inteiro, até mesmo dos que não ouviram a partida pelo rádio e só souberam o placar dias depois do jogo. A imprensa em geral, especialmente a brasileira, já apontava o Brasil como campeão antecipado.

O jornalista inglês Brian Glanville definiu o estilo brasileiro como “o futebol do futuro, quase surrealista”. Willy Meisl (irmão do mítico técnico austríaco Hugo Meisl), colunista do World Sport, classificou Zizinho como “um gênio próximo da perfeição”. Giordano Frattori, do italiano Gazzetta Dello Sport, também elogiou o brasileiro, o comparando a Leonardo da Vinci: “Zizinho cria obras-primas com os pés na imensa tela do gramado do Maracanã”. A imprensa brasileira também destacou a atuação de Bauer, o comparando com Domingos da Guia.

Essa partida causou um êxtase tão grande que ninguém se deu conta que a defesa brasileira era vulnerável, especialmente a atacantes velozes que avançavam pelo lado esquerdo do Brasil.

Nessa partida, Ademir de Menezes se tornou o primeiro e até hoje o único jogador brasileiro a marcar quatro vezes em uma partida de Copa e se tornaria o maior artilheiro brasileiro em uma única edição do Mundial, com nove gols.

Antes de Ademir, apenas o polonês Ernest Wilimowski havia marcado quatro vezes em um só jogo de Mundial, contra o Brasil em 1938. Depois deles, alcançaram a marca: o húngaro Sándor Kocsis (contra a Alemanha Ocidental em 1954), o francês Just Fontaine (contra a Alemanha Ocidental em 1958), o português Eusébio (contra a Coreia do Norte em 1966) e o espanhol Emilio Butragueño (contra a Dinamarca em 1986). Eles são superados apenas pelo russo Oleg Salenko, que marcou cinco gols sobre Camarões em 1994.

O Vasco era o clube mais forte do país, tanto que cedeu oito jogadores e até o técnico Flávio Costa para a Seleção. E nessa partida, todos os gols foram anotados por jogadores vascaínos: Ademir (4), Chico (2) e Maneca. Outros representantes cruz-maltinos foram o goleiro Barbosa, o zagueiro Augusto e o meio campo Danilo Alvim. No banco de reservas, Ely e Alfredo II também eram atletas do Gigante da Colina.

Curiosamente, o Brasil completava 12 jogos nas quatro Copas disputadas, ultrapassando a Itália (11 partidas em três Mundiais), como sendo a seleção com maior número de jogos. A primeira posição nesse ranking seria mantida durante quarenta anos, até 1990, quando o Brasil foi eliminado de forma prematura e foi ultrapassado pela Alemanha.

Cada jogador brasileiro recebeu 5 mil cruzeiros (equivalente a US$ 270,00 no câmbio da época) como prêmio por essa vitória, como havia sido determinado antes da Copa pela CBD. A premiação pela eventual conquista do título ainda não havia sido definida.

No dia seguinte, o PTB (Partido Trabalhista Brasileiro) do Rio de Janeiro anunciou oficialmente a candidatura do técnico Flávio Costa a vereador para as eleições marcadas para outubro. Mas, com uma inexpressiva votação (menos de dois mil votos), ele não seria eleito.

Curiosamente, os hinos nacionais dos países começaram a ser executados antes das partidas apenas no quadrangular final. A exceção havia sido o hino brasileiro na partida de abertura do Mundial. Em abril, a FIFA aceitou uma recomendação da CBD para que os hinos fossem suprimidos, para evitar que os apaixonados e extremos torcedores brasileiros vaiassem os hinos rivais. Contra os suecos, a maioria dos torcedores e todos os jogadores brasileiros ouviram o hino em silêncio, levando o Senado Federal a propor que os jornais iniciassem uma imediata campanha de incentivo ao canto e à divulgação da letra. Como o Hino Nacional só era apresentado em ocasiões solenes, era pouco conhecido pela grande maioria do povo.

Com o empate entre Uruguai e Espanha por 2 a 2, a Seleção já largava na liderança. Não havia nenhuma dúvida: o Brasil caminhava a passos largos rum ao tão sonhado título mundial. Na sequência, o escrete nacional massacrou a Espanha por 6 x 1, enquanto o Uruguai sofreu para vencer a Suécia por 3 x 2, com um gol nos minutos finais do capitão Obdulio Varela. Na rodada final, a Suécia garantiu o 3º lugar ao vencer a Espanha por 3 x 1. Na partida decisiva, o Brasil começou ganhando do Uruguai, mas sofreu a virada por 2 x 1, na partida que ficou para a história como Maracanazzo. O título mundial seria adiado por mais oito anos e seria conquistado na Suécia, diante dos donos da casa.


(Imagem: UOL)

FICHA TÉCNICA:

 

BRASIL 7 x 1 SUÉCIA

 

Data: 09/07/1950

Horário: 15h00 locais

Estádio: Maracanã

Público: 138.886

Cidade: Rio de Janeiro (Brasil)

Árbitro: Arthur Ellis (Inglaterra)

 

BRASIL (WM):

SUÉCIA (WM):

1  Barbosa (G)

1  Kalle Svensson (G)

2  Augusto (C)

2  Lennart Samuelsson

3  Juvenal

3  Erik Nilsson (C)

4  Bauer

4  Sune Andersson

5  Danilo Alvim

5  Knut Nordahl

6  Bigode

6  Ingvar Gärd

7  Maneca

7  Stig Sundqvist

8  Zizinho

8  Karl-Erik Palmér

9  Ademir de Menezes

9  Hasse Jeppson

10 Jair Rosa Pinto

10 Lennart Skoglund

11 Chico

11 Stellan Nilsson

 

Técnico: Flávio Costa

Técnico: George Raynor

 

SUPLENTES:

 

 

Castilho (G)

Torsten Lindberg (G)

Nena

Tore Svensson (G)

Nilton Santos

Ivan Bodin

Ely

Gunnar Johansson

Rui

Arne Månsson

Noronha

Olle Åhlund

Alfredo II

Egon Jönsson

Friaça

Börje Tapper

Baltazar

Bror Mellberg

Adãozinho

Ingvar Rydell

Rodrigues Tatu

Kurt Svensson

 

GOLS:

17′ Ademir de Menezes (BRA)

36′ Ademir de Menezes (BRA)

39′ Chico (BRA)

52′ Ademir de Menezes (BRA)

58′ Ademir de Menezes (BRA)

67′ Sune Andersson (SUE) (pen)

85′ Maneca (BRA)

88′ Chico (BRA)

Gols da partida:

● Ary Barroso já era consagrado como compositor de “Aquarela do Brasil” (1939) e transmitiu a Copa como locutor da Rádio Tupi do Rio. Sua mais nova música “O Brasil há de ganhar” foi gravada pela cantora Linda Batista em uma sexta-feira, dia 21 de abril do mesmo ano e lançada pela RCA Victor logo após o jogo contra os suecos, sob número de disco 80-0662-B, matriz S-092660. O disco chegaria às lojas no momento perfeito, logo após a nova goleada sobre a Espanha.

O Brasil há de ganhar (1950)

O Brasil há de ganhar, eh eh
Para se glorificar, eh eh
Bota a pelota no gramado
Palmas pro Selecionado
Deixa a moçada se espalhar, eh eh eh eh

É a raça brasileira
Numa festa altaneira
Mostrando que é boa e varonil
Quando o time aparecer
Gritaremos até morrer
Brasil! Brasil!”

… 08/07/1982 – Alemanha Ocidental 3 x 3 França

Três pontos sobre…
… 08/07/1982 – Alemanha Ocidental 3 x 3 França

“A noite de Sevilha”


(Imagem: Pinterest)

● Depois da Seleção Brasileira, era a França quem tinha o futebol mais encantador do planeta. Les Bleus voltavam à uma semifinal após 1958. O destaque era o meio campo, com os “Três Mosqueteiros” franceses, que, como no livro, também eram quatro: Bernard Genghini, Jean Tigana, Alain Giresse e Michel Platini. Um meio campo leve, habilidoso, de ótimo toque de bola e visão de jogo. No ataque, dois pontas de origem, Didier Six e Dominique Rocheteau, abriam espaço nas defesas adversárias para o avanço dos meias.

Desde 1979, Michel Platini e Jean-François Larios eram companheiros de clube no Saint-Étienne e se tornaram bons amigos. Platini era casado com Christelle Bigoni desde 1977 – uma loira linda, muito atraente e de olhos azuis. Aconteceu de Larios ter um caso com a esposa de Platini e o assunto ter explodido às vésperas da derrota da França para a Inglaterra por 3 x 1 na estreia. Depois de todo o alvoroço feito pela imprensa, Platini deu o ultimato ao técnico Michel Hidalgo para que escolhesse entre um e outro. O treinador não tinha como fazer diferente e optou por manter seu capitão e camisa 10.

Sem Larios, a França goleou o Kuwait por 4 x 1 do técnico Carlos Alberto Parreira – em jogo em que um xeique do país árabe invadiu o campo e obrigou o árbitro a anular um gol legítimo dos gauleses. Na sequência, a França empatou com a Tchecoslováquia por 1 x 1 e se classificou em segundo lugar no Grupo D. A segunda fase foi mais tranquila. Venceu a Áustria por 1 x 0 e a Irlanda do Norte por 4 x 1. Nas semifinais, enfrentaria a Alemanha Ocidental.

A Alemanha Ocidental perdeu por 2 x 1 na estreia para a surpreendente Argélia, de Rabah Madjer e Lakhdar Belloumi. Se recuperou na rodada seguinte ao bater o Chile por 4 x 1. Na terceira partida, protagonizou o jogo mais vergonhoso da história das Copas, um jogo de compadres, ao vencer a Áustria por 1 x 0, no único placar possível para classificar as duas seleções e eliminar os argelinos. Essa partida ficou conhecida como “Jogo da Vergonha” ou “A Vergonha de Gijón”. Na fase seguinte, venceu a Espanha, dona da casa, por 2 x 1 e empatou sem gols com a Inglaterra. Foi o suficiente para se garantir entre os quatro primeiros do Mundial pela sétima vez em sua história.


A Alemanha Ocidental do técnico Jupp Derwall atuava em um falso 4-4-2 em um misto de 3-5-2. O lateral esquerdo Bernd Förster fazia o papel de um terceiro zagueiro, a fim de liberar o outro lateral, Kaltz, que apoiava um pouquinho mais pela direita, fazendo o contra-peso do meia esquerda Briegel. Paul Breitner era o “todo-campista” indo de área a área. Dremmler marcava para Magath armar as jogadas para o ponta Littbarski e o centroavante Klaus Fischer.


Treinada por Michel Hidalgo, a França atuava no sistema tático 4-4-2. O destaque era seu quarteto de meio campo, com muita qualidade técnica: Ghengini, Tigana, Giresse e Platini.

● Eleito pela revista France Football o Bola de Ouro como melhor jogador da Europa em 1980 e 1981, o craque alemão Karl-Heinz Rummenigge estava em más condições físicas e, por isso, começou no banco de reservas. A França colocou em campo o que tinha de melhor.

A Alemanha começou melhor e partiu logo para o ataque, com a intenção de marcar um gol logo e se fechar. Mas o primeiro chute a gol foi dos franceses, aos cinco minutos de jogo, mas o chute de Giresse foi para fora.

Em sua primeira Copa, Pierre Littbarski era o mais acionado no ataque alemão. Único remanescente da Copa de 1974, Paul Breitner era o líder no meio de campo. O líbero Uli Stielike comandava a defesa teutônica.

Três minutos depois, Littbarski cobrou uma falta e a bola bateu na trave.

Depois, Rocheteau ajeitou com o peito e Genghini chutou por cima.

A Alemanha Ocidental abriu o placar aos dezessete minutos. Paul Breitner recebeu a bola de Wolfgang Dremmler no meio entre três franceses e avançou e tocou para Klaus Fischer. O goleiro francês Jean-Luc Ettori saiu da meta e defendeu, mas a bola sobrou na linha da grande área para Littbarski emendar forte e rasteiro para o gol.

Aos 21′, Platini cabeceou para fora.

Seis minutos depois, Manfred Kaltz (capitão na ausência de Rummenigge) derrubou Genghini. Giresse cobrou a falta, Platini desviou de cabeça e Bernd Förster derrubou Rocheteau dentro da área. Platini bateu o pênalti com frieza, no canto direito do goleiro Harald Schumacher, que caiu para o lado esquerdo.


(Imagem: UOL)

Com o passar do tempo, o jogo foi ficando mais pegado. Manuel Amoros e Littbarski se estranharam. Dremmler derrubou Tigana em um lance em que mereceria pelo menos o cartão amarelo. Depois, Schumacher deixou o corpo em uma dividida com Platini. Mais adiante, Bernd Förster acertou as costas de Rocheteau com o joelho em um lance fora da área. Schumacher trombou com Six e deu um bruto empurrão no atacante francês.

Em uma partida com tanto contato físico, os alemães acabavam levando vantagem. O time francês era leve, sem nenhum volante de ofício. Giresse e Genghini foram obrigados a se desdobrarem na marcação e receberam cartão amarelo.

O jogo continuava aberto. Em um contra-ataque, Rocheteau serviu Platini, que não conseguiu virar o jogo.

Depois, o tanque Hans-Peter Briegel surgiu na área e finalizou de primeira, mas viu Ettori espalmar pela linha de fundo.

Ainda no primeiro tempo, o perigoso Littbarski cabeceou a queima-roupa depois de um cruzamento da direita.

No fim do primeiro tempo Platini chutou de primeira de fora da área, mas a bola foi pela linha de fundo.

Na volta do intervalo, o técnico Michel Hidalgo já pensava em dar mais mobilidade a seu time e mandou Patrick Battiston ir para o aquecimento. E ele entrou aos sete minutos no lugar de Genghini.

No início do segundo tempo, Rocheteau ganhou de Schumacher e fez o gol, mas o árbitro anulou por falta do gaulês.

Platini e Battiston chutaram por cima. A França estava mais perto do gol.


(Imagem: UOL)

● Um lance decisivo para os rumos da partida aconteceu aos doze minutos do segundo tempo.

Maxime Bossis roubou a bola de Dremmler e deixou com Platini na meia direita. O camisa 10 lançou para Battiston nas costas da defesa germânica, entre o goleiro Schumacher e o líbero Stielike. O volante francês chegou primeiro para tocar de esquerda na saída do goleiro alemão, mas a bola foi para fora. Schumacher tinha saído do gol com uma fúria desproporcional e voou com tudo para cima do francês, sem se importar com a bola e acertou o quadril no rosto de Battiston. Proposital ou não, o goleiro alemão levou o francês a nocaute. Desmaiado em campo, ficou desacordado por quase 30 minutos.

Atônito, Platini acompanhou Battiston até fora do campo e pensou que o colega havia morrido: “Não tinha pulso, estava pálido…”

De forma absurda e ridícula, o árbitro holandês Charles Corver não viu a falta e deixou o jogo seguir, não expulsou o goleiro alemão pela agressão e ainda demorou um longo tempo para permitir a entrada da maca.

E Schumacher observava tudo de longe, mascando um chiclete, como se não tivesse feito nada, querendo cobrar logo o tiro de meta. Tudo isso enquanto Battiston é atendido pela equipe médica com direito a balão de oxigênio. Foi necessário colocar uma rampa sobre o fosso para que a ambulância conseguisse entrar próxima ao gramado.

Levado ao hospital, Battiston entraria em coma, mas se recuperaria logo. Ele sofreu uma concussão, teve dois dentes quebrados, três costelas fraturadas, algumas vértebras danificadas e permaneceu seis meses sem jogar após o episódio. Vinte e cinco anos mais tarde, ele passou por um transplante de osso na mandíbula. E não parou de sofrer e de passar por cirurgias.

Quando disseram a Schumacher que o francês tinha perdido dois dentes, o alemão aumentou ainda mais o ódio do mundo contra ele ao dizer: “Se é só isso que está errado com ele digam-lhe que pago as coroas”. Um jornal francês fez uma enquete poucos dias depois e o resultado deixava claro o que pensavam: o goleiro era o segundo alemão mais odiado da história, atrás apenas de Adolf Hitler.

Anos depois, Schumacher se defendeu em sua autobiografia “Anpfiff” (“Apito”, em alemão), dizendo que não se aproximou para ver o estado de Battiston porque o francês estava rodeado de colegas que lhe faziam gestos ameaçadores.

“Pediu desculpa, perdoei, mas não quero falar mais disso. Não quero me encontrar com ele. Senti que ao longo dos anos ele ficou marcado por isso, mas acabou. Passou. Foi um acidente em campo, nunca saberemos se foi propositado ou não.” ― Patrick Battiston, anos depois.

E Battiston, que havia acabado de entrar, teve que sair dez minutos depois para a entrada de Christián López.


(Imagem: Mais Futebol)

● E depois de uma queda após o atendimento a Battiston, o ritmo do jogo voltou a acelerar. Aos 27′, o pouco inspirado Felix Magath deu lugar a Hrubesch, “Das Kopfball-Ungeheuer” (“A Besta Cabeceadora”).

López anhou no alto de Schumacher, mas mandou por cima.

Aos 35′, Six chutou e Schumacher pegou.

A Alemanha respondeu, com Ettori pegando o chute de Briegel.

Fischer e Littbarski cruzaram com perigo, mas sem ninguém para aproveitar.

Rocheteau chutou com perigo, mas Schumacher evitou o gol.

Com o tempo regulamentar próximo do fim, o jogo estava aberto. Os franceses controlavam o ritmo e os alemães investiam em ataques em velocidade.

Aos 45′ do segundo tempo, Amoros chutou de fora da área e a bola foi no travessão.

Breitner também chutou de fora da área, Ettori espalmou para o lado e mergulhou para evitar o rebote de Fischer. Uma defesaça!


(Imagem: Pinterest)

● Na prorrogação o jogo pegou fogo de vez.

Logo no segundo minuto do tempo extra, Didier Six cobrou escanteio e a defesa alemã tirou. Platini ficou com o rebote na ponta direita e foi derrubado por Hans-Peter Briegel. Giresse cobrou a falta, a bola desviou na barreira e sobrou na marca do pênalti, na medida para Marius Trésor emendar um voleio indefensável para o gol.

Littbarski, um dos melhores em campo, chutou e Ettori pegou.

Até os alemães estavam torcendo para a França. Mas se Schumacher era o vilão, Karl-Heinz Rummenigge era o anti-herói. Mesmo em más condições físicas, Rummenigge foi para o jogo aos sete minutos e seria decisivo. O melhor jogador do mundo no ano anterior era o único capaz de carregar sua equipe mesmo sem estar no seu melhor. Mas antes, veria a Mannschaft tomar o terceiro gol.

No minuto seguinte, Dominique Rocheteau puxou contragolpe pela direita. Da meia-lua, Platini viu Didier Six sozinho na esquerda da área. Ele segurou, percebeu a aproximação de Giresse e rolou para o baixinho emendar bonito, da risca da grande área. A bola ainda bateu na trave antes de ir morrer no fundo das redes.

Sem sorte, a Alemanha respondeu com um chute na trave de Fischer.

Aos 12′, Uli Stielike ganhou uma dividida com Bossis. Rummenigge passou para Littbarski na esquerda, recebeu de volta e deixou para Stielike abrir de novo para Littbarski invadir a área e cruzar da esquerda. Rummenigge se antecipou à marcação de Trésor e desviou de costas para o gol.

A presença de Rummenigge desorientava a defesa francesa. Aos três minutos do segundo tempo, o craque tocou de três dedos para Bernd Förster, que abriu na esquerda para Littbarski. O ponta alemão continuava impressionante. Ele foi à linha de fundo e cruzou da esquerda para a segunda trave. Hrubesch subiu e escorou de cabeça para a entrada da pequena área e Klaus Fischer virou uma linda bicicleta e mandou para o gol.

O jogo continuou intenso até o apito final, mas sem grandes chances de nenhum lado.

E assim foi necessária a primeira decisão por pênalti da história dos Mundiais.


(Imagem: These Football Times)

● Tudo igual em 120 minutos e a partida foi decidida nos pênaltis.

A França bateu o primeiro. Giresse pôs o time na frente, batendo rasteiro à direita, deslocando Schumacher.

Manfred Kaltz empatou, cobrando à esquerda, quase no meio do gol. Ettori caiu para o lado direito.

Manuel Amoros cobrou com calma, à meia altura e à esquerda, enquando o goleiro alemão foi para o outro canto.

Paul Breitner mandou alto e no meio do gol. Ettori foi surpreendido e ficou parado, sem reação.

Rocheteau foi o cobrador seguinte. Bateu à esquerda, deslocando o arqueiro alemão.

Uli Stielike, jogador do Real Madrid, bateu mal, à meia altura e à direita e o goleiro Ettori defendeu. O alemão se ajoelhou e chorou, até ser conduzido por Littbarski para receber o consolo dos demais colegas de equipe.

Mas Didier Six retribuiu e bateu da mesma forma e Schumacher pegou.

Littbarski empatou em 3 a 3. Ele mandou no ângulo esquerdo, sem chances para o goleiro.

Platini converteu o seu, batendo à esquerda, enquanto o arqueiro alemão pulou para o lado contrário.

Rummenigge bateu rasteiro à esquerda e o goleiro ficou parado.

Maxime Bossis foi um dos melhores em campo e foi um dos grandes defensores de sua geração. Ele foi o primeiro a bater nas cobranças alternadas. Chutou rasteiro e à direita, mas Schumacher voou para pegar. O goleiro que deveria ter sido expulso e banido do esporte por um longo tempo era o vilão do futebol e o heróis dos alemães.

Com uma frieza incrível, Horst Hrubesch bateu no canto esquerdo e Ettori ficou parado no meio. Gol da classificação: 5 a 4 para a Alemanha Ocidental. Com a vitória, todos vão comemorar com Stielike, que ainda estava desolado.


(Imagem: Mais Futebol)

● Uma partida dramática, uma das maiores semifinais da história das Copas.

A Nationalelf se garantia em mais uma decisão de Mundial, enquanto os franceses estavam inconsoláveis. Uma das derrotas mais doídas numa semifinal de Copa do Mundo.

“Foi meu jogo mais bonito. O que aconteceu naquelas duas horas reuniu todos os sentimentos da própria vida. Nenhum filme, nenhuma peça, conseguiria capturar tantas contradições e emoções. Foi completo. Tão forte. Fabuloso.” ― Michel Platini

Na decisão do 3º lugar, a França perdeu para a Polônia por 3 x 2. Mas dois anos depois, Michel Platini estava exuberante e liderou Les Bleus na conquista da Eurocopa de 1984. Na Copa do Mundo de 1986, a França eliminou o Brasil e chegou novamente às semifinais, mas caiu mais uma vez diante da Alemanha Ocidental. Ficou em 3º lugar ao bater a Bélgica por 4 x 2 na prorrogação. O título mundial só veio em 1998, na geração comandada por Zinedine Zidane.

Em quatro decisões por pênaltis somando todos os Mundiais, a Alemanha sempre foi vencedora. Incrivelmente, a cobrança de Uli Stielike contra a França em 1982 é a única penalidade perdida até hoje pela Alemanha nesse tipo de disputa.

Na final, a Alemanha Ocidental enfrentaria a Itália. Contaremos a história dessa partida no dia 11 de julho.


(Imagem: Getty Images)

FICHA TÉCNICA:

 

ALEMANHA OCIDENTAL 3 x 3 FRANÇA

 

Data: 08/07/1982

Horário: 21h00 locais

Estádio: Ramón Sánchez Pizjuán

Público: 70.000

Cidade: Sevilha (Espanha)

Árbitro: Charles Corver (Holanda)

 

ALEMANHA OCIDENTAL (4-4-2):

FRANÇA (4-4-2):

1  Harald Schumacher (G)

22 Jean-Luc Ettori (G)

20 Manfred Kaltz (C)

4  Maxime Bossis

4  Karlheinz Förster

8  Marius Trésor

15 Uli Stielike

5  Gérard Janvion

5  Bernd Förster

2  Manuel Amoros

6  Wolfgang Dremmler

9  Bernard Genghini

2  Hans-Peter Briegel

14 Jean Tigana

3  Paul Breitner

12 Alain Giresse

14 Felix Magath

10 Michel Platini (C)

7  Pierre Littbarski

18 Dominique Rocheteau

8  Klaus Fischer

19 Didier Six

 

Técnico:
Jupp Derwall

Técnico: Michel Hidalgo

 

SUPLENTES:

 

 

21 Bernd Franke (G)

1  Dominique Baratelli (G)

22 Eike Immel (G)

21 Jean Castaneda (G)

12 Wilfried Hannes

3  Patrick Battiston

19 Holger Hieronymus

6  Christian Lopez

17 Stephan Engels

7  Philippe Mahut

18 Lothar Matthäus

11 René Girard

10 Hansi Müller

13 Jean-François Larios

13 Uwe Reinders

15 Bruno Bellone

16 Thomas Allofs

16 Alain Couriol

9  Horst Hrubesch

17 Bernard Lacombe

11 Karl-Heinz Rummenigge

20 Gérard Soler

 

GOLS:

17′ Pierre Littbarski (ALE)

27′ Michel Platini (FRA) (pen)

92′ Marius Trésor (FRA)

98′ Alain Giresse (FRA)

102′ Karl-Heinz Rummenigge (ALE)

108′ Klaus Fischer (ALE)

 

CARTÕES AMARELOS:

35′ Alain Giresse (FRA)

40′ Bernard Genghini (FRA)

46′ Bernd Förster (ALE)

 

SUBSTITUIÇÕES:

50′ Bernard Genghini (FRA) ↓

Patrick Battiston (FRA) ↑

 

60′ Patrick Battiston (FRA) ↓

Christian Lopez (FRA) ↑

 

73′ Felix Magath (ALE) ↓

Horst Hrubesch (ALE) ↑

 

97′ Hans-Peter Briegel (ALE) ↓

Karl-Heinz Rummenigge (ALE) ↑

 

DECISÃO POR PÊNALTIS:

ALEMANHA 5

FRANÇA 4

Manfred Kaltz (gol, no meio do gol)

Alain Giresse (gol, à direita)

Paul Breitner (gol, alto, no meio do gol)

Manuel Amoros (gol, à esquerda)

Uli Stielike (perdeu, à direita, defendido por Ettori)

Dominique Rocheteau (gol, à esquerda)

Pierre Littbarski (gol, no ângulo esquerdo)

Didier Six (perdeu, à direita, defendido por Schumacher)

Karl-Heinz Rummenigge (gol, com curva, no canto esquerdo)

Michel Platini (gol, no canto esquerdo)

Horst Hrubesch (gol, à esquerda)

Maxime Bossis (perdeu, à direita, defendido por Schumacher)

Gols da partida (Rede Globo):

Melhores momentos (FIFA):

Reportagem e entrevistas com Schumacher e Battiston (FIFA):

… 07/07/1998 – Brasil 1 x 1 Holanda

Três pontos sobre…
… 07/07/1998 – Brasil 1 x 1 Holanda

(Imagem: Paul Popper / Popperfoto / Getty Images)

● Mesmo com os problemas internos já citados, a Seleção Brasileira continuava entrando em campo de mãos dadas, tentando reviver o espírito vencedor de 1994.

Pelo Grupo A, o Brasil venceu a Escócia por 2 x 1 no jogo de abertura do Mundial. Depois, venceu o Marrocos por 3 x 0 e perdeu para a Noruega de virada por 2 x 1, sofrendo os gols nos últimos minutos. Na sequência, venceu o Chile de Salas e Zamorano por 4 x 1 nas oitavas de final. Nas quartas, venceu por 3 x 2 o ótimo time da Dinamarca, do goleiro Peter Schmeichel e dos irmãos Laudrup.

A Holanda era a cabeça de chave no Grupo E. Na primeira fase, empatou por 0 x 0 com a vizinha Bélgica, goleou a Coreia do Sul por 5 x 0 e empatou por 2 x 2 com o bom time do México. Nas oitavas de final, venceu por 2 x 1 com um gol de Edgar Davids no apagar das luzes. Nas quartas, contou com um gol fenomenal de Dennis Bergkamp no último lance da partida para eliminar a ótima seleção argentina pelo placar de 2 x 1.

Para a semifinal diante do Brasil, Arthur Numan estava suspenso por ter sido expulso diante da Argentina. Seu substituto imediato, Winston Bogarde, sofreu uma fratura no tornozelo em um treino no dia 05 de julho. André Ooijer, terceira opção, também estava machucado. E ao invés de escalar Giovanni van Bronckhorst na posição, o técnico Guus Hiddink preferiu improvisar Phillip Cocu como lateral esquerdo e colocar Boudewijn Zenden como titular na ponta, aproveitando a ausência de Cafu.

O Brasil apostava no talento dos jogadores de frente e nos apoios dos laterais. Jogava no 4-3-1-2. Rivaldo era o “número 1”, fazendo a ligação entre meio e ataque, no sistema de Zagallo. Zé Carlos substituiu Cafu, suspenso.

Sem a bola, a Holanda se fechava no 4-4-2. Com a bola, Zendem avançava e se tornava um 4-3-3.

● Cerca de 54 mil pessoas lotaram o estádio Vélodrome de Marselha para ver duas das seleções mais técnicas da Copa do Mundo.

O primeiro tempo foi de muito respeito de ambas as partes. A Holanda tentava controlar o jogo com a posse de bola, mas o Brasil assustava mais nas poucas vezes em que chegava ao ataque.

Ronaldo estava em noite inspirada e ameaçou por várias vezes o gol de Edwin Van der Sar. Em seu primeiro lance, ele arrancou e foi travado por Jaap Stam na hora do chute.

A Oranje respondeu. Ronald de Boer chutou de fora da área e a bola passou assustando Taffarel, que mandou para escanteio. Wim Jonk cobrou o córner e Phillip Cocu cabeceou para fora com perigo.

Cocu abriu com Zenden na esquerda. O camisa 12 cruzou e Kluivert cabeceou perto do gol, mas a bola foi por cima.

De novo Zenden cruzou da esquerda com perigo, mas Bergkamp não alcançou a bola.

A Seleção Brasileira passava seus sustos quando o arisco Zenden partia para cima de Zé Carlos. Com quase 30 anos, o lateral direito do São Paulo FC fazia sua segunda partida pela Seleção Brasileira. A primeira havia sido o empate por 1 x 1 em um amistoso não-oficial contra o Athletic Bilbao dez dias antes da Copa. Ficou cinquenta dias animando a imprensa e a delegação brasileira fazendo imitações de animais e outros sons. Um ano antes do Mundial, disputava a Série A2 do Campeonato Paulista pela Matonense. E naquele 07 de julho, teve a incumbência de substituir Cafu, que estava suspenso por ter levado o segundo cartão amarelo. Zé Carlos não conseguiu imitar bem um lateral direito e era o “mapa da mina” para os rápidos ataques holandeses.

Wim Jonk lançou nas costas da defesa, Kluivert cruzou e Bergkamp novamente passou da bola, que foi alta demais. Roberto Carlos apenas recuou com o peito para Taffarel.

Novamente Wim Jonk cruzou para a área, Kluivert ganhou de Júnior Baiano pelo alto e cabeceou por cima.

Patrick Kluivert se movimentou constantemente entre os zagueiros e deu trabalho à defesa brasileira.

E os primeiros 45 minutos terminaram sem gols.

(Imagem: Fritz The Flood)

● No primeiro minuto do segundo tempo, Aldair abriu na esquerda para Roberto Carlos, que deixou com Rivaldo no meio. Genial, o camisa 10 viu a infiltração de Ronaldo pela diagonal e fez um lançamento perfeito para o Fenômeno se desvencilhar da marcação implacável de Frank de Boer, ganhar na velocidade de Cocu (seu ex-companheiro de PSV) e tocar de esquerda entre as pernas de Van der Sar.

Em desvantagem no marcador, a Holanda precisou ser mais incisiva no ataque e começou a apostar ainda mais nas jogadas de bola aérea.

Aos 7′, Kluivert desviou uma cobrança de escanteio para o meio e Bergkamp finalizou à queima-roupa, mas Taffarel fez uma defesa sensacional.

O Brasil reagiu e Ronaldo chutou da direita para a defesa de Van der Sar.

Kluivert tabelou com Bergkamp na entrada da área e chutou forte, mas Taffarel segurou sem dar rebote.

Aos 27′, Rivaldo recebeu de Denílson e lançou Ronaldo, que partiu em velocidade de trás da linha de impedimento holandesa. Já dentro da área, na hora de chutar, o camisa 9 brasileiro foi travado por Edgar Davids na hora H, em uma arrancada impressionante do holandês. A bola ainda saiu pela linha de fundo, quase beliscando a trave.

Denílson pedalou para cima de Aron Winter e cruzou para a área. Rivaldo cai e, mesmo caído, tentou chutar, mas Van der Sar abafou e ficou com a bola. O Brasil perdia chances de matar a partida, mas seria duramente castigado.

Aos 34′, Kluivert tabelou com Pierre van Hooijdonk, mas chutou por cima do gol. A defesa brasileira dava calafrios em qualquer um.

A três minutos do fim, Ronald de Boer cruzou com precisão da direita. Kluivert subiu entre Aldair e Júnior Baiano (que ficaram parados) e cabeceou para baixo, sem dar a mínima chance de defesa a Taffarel.

O gol fez justiça ao placar pelo que os dois times haviam criado, especialmente no segundo tempo.

O lance mais reclamado pelos holandeses até hoje aconteceu nos acréscimos. Van Hooijdonk recebeu um cruzamento da direita e caiu na área após disputa com Júnior Baiano, mas o árbitro Ali Bujsaim, dos Emirados Árabes Unidos, não viu o suposto pênalti.

(Imagem: New York Times)

● E foi só no tempo extra que começou um dos maiores jogos dos últimos tempos. Diferente das grandes prorrogações da história das Copas, esta tinha “morte súbita” ou “gol de ouro”, ou seja, o jogo terminaria assim que houvesse um gol, sem chance de recuperação para o adversário. E nos 30 minutos que se seguiram, o que se viu foi um jogo aberto e eletrizante, não recomendável para cardíacos.

Ronaldo estava inspirado e em grande fase, conseguindo dar suas perigosas arrancadas. Roberto Carlos passou a avançar quase como um ponta pela esquerda e Dunga coordenou as ações no meio de campo.

Aos três minutos, Roberto Carlos recebeu de Denílson na esquerda e cruzou da linha de fundo. Van der Sar espalmou para cima e Ronaldo tentou uma bicicleta, mas Frank de Boer tirou em cima da linha.

No minuto seguinte, Ronaldo driblou Frank de Boer e chutou de fora da área para uma boa defesa de Van der Sar.

Aos 6′, Van Hooijdonk bateu uma falta com efeito (uma das suas especialidades), mas Taffarel fez a defesa em dois tempos.

Aos doze, Kluivert recebeu nas costas de Zé Carlos, invadiu a área e chutou cruzado, mas a bola tocou de leve na trave e foi para fora.

No início da etapa final do tempo extra, Ronaldo deu mais uma de suas arrancadas características, ganhou na velocidade de Frank de Boer e deu um toque entre as pernas de Stam, mas o capitão holandês se recuperou e travou o brasileiro para evitar o gol.

Após o apito final, as duas equipes receberam os merecidos aplausos dos extasiados torcedores.

Certamente foi a melhor prorrogação que a Seleção Brasileira já jogou. Em 30 minutos, fez tudo que não havia feito nos 90 anteriores. Criou pelo menos oito chances claras de gol, contra uma única dos holandeses.

(Imagem: Rede Globo)

● Mas o gol decisivo não saiu e a vaga foi decidida nos pênaltis.

Ronaldo foi o primeiro a cobrar e bateu alta, no canto direito de Van der Sar. Brasil, 1 a 0.

Frank de Boer bateu firme, à meia altura, no canto direito de Taffarel. Empate em 1 a 1.

Rivaldo deslocou o arqueiro holandês e bateu no canto esquerdo: 2 a 1 Brasil.

Bergkamp bateu no cantinho esquerdo de Taffarel, que se esticou todo, mas não conseguiu chegar na bola: 2 a 2.

Emerson tinha entrado no lugar de Leonardo aos 40′ do segundo tempo. Como Leonardo era um dos cobradores oficiais, Zagallo estranhamente manteve seu substituto entre os batedores, ao invés de escolher outro jogador mais experiente. Mas Emerson bateu bem, no canto direito alto e converteu. Brasil 3, Holanda 2.

Cocu bateu à meia altura no canto esquerdo e Taffarel pulou certo para pegar. Permanecia 3 a 2.

Dunga bateu no canto direito e Van der Sar quase pegou, mas a bola foi para o gol: 4 a 2.

Ronald de Boer bateu no cantinho direito, mas… “Sai que é sua, Taffarel!” O goleiro brasileiro voou e pegou mais um.

Placar final: Brasil 4 x 2 Holanda.

(Imagem: CBF)

● Taffarel sofreu muito com as críticas após o tetra, bastante contestado por suas atuações pelo Clube Atlético Mineiro. Mas ele tinha a confiança do técnico Zagallo. E provou que deveria sempre ter tido a do povo brasileiro. Ele acertou o canto dos quatro pênaltis e só não defendeu o de dois craques: Frank de Boer e Dennis Bergkamp.

“Essa decisão por pênaltis foi ótima para o Taffarel. Ele já tinha sido muito criticado.” ― Zagallo

“Hoje ganhamos a batalha, mas a guerra não está vencida.” ― Taffarel

O Brasil havia superado seu trauma na decisão por pênaltis após o a conquista do título da Copa do Mundo de 1994. Por sua vez, a Holanda só se livraria desse trauma seis anos mais tarde, na Eurocopa de 2004, quando superou a Suécia e pela primeira vez venceu uma decisão por penalidades. Antes, já haviam sido derrotados pela Dinamarca na Euro de 1992, pela França na Euro de 1996 e pela Itália na Euro de 2000.

Na decisão do 3º lugar, a Holanda não teve ânimo algum e perdeu para a Croácia de Davor Šuker por 2 x 1.

O Brasil estava na final pela segunda Copa do Mundo consecutiva. E também pela segunda vez seguida, eliminava a Holanda.

Na decisão, a Seleção Brasileira enfrentou a França e perdeu por 3 x 0, em partida que ficou marcada pela convulsão de Ronaldo horas antes da partida e os dois gols de cabeça de Zinedine Zidane. Emmanuel Petit completou o placar.

(Imagem: Alexandre Battibugli / Placar / Dedoc)

FICHA TÉCNICA:

BRASIL 1 X 1 HOLANDA

Data: 07/07/1998

Horário: 21h00 locais

Estádio: Stade Vélodrome (atual Orange Vélodrome)

Público: 54.000

Cidade: Marselha (França)

Árbitro: Ali Bujsaim (Emirados Árabes Unidos)

BRASIL (4-4-2):

HOLANDA (4-4-2):

1 Taffarel (G)

1 Edwin van der Sar (G)

13 Zé Carlos

2 Michael Reiziger

4 Júnior Baiano

3 Jaap Stam

3 Aldair

4 Frank de Boer (C)

6 Roberto Carlos

11 Phillip Cocu

5 César Sampaio

6 Wim Jonk

8 Dunga (C)

16 Edgar Davids

18 Leonardo

7 Ronald de Boer

10 Rivaldo

12 Boudewijn Zenden

20 Bebeto

8 Dennis Bergkamp

9 Ronaldo

9 Patrick Kluivert

Técnico: Zagallo

Técnico: Guus Hiddink

12 Carlos Germano (G)

18 Ed de Goey (G)

22 Dida (G)

22 Ruud Hesp (G)

2 Cafu

13 André Ooijer

14 Gonçalves

15 Winston Bogarde

15 André Cruz

5 Arthur Numan

16 Zé Roberto

19 Giovanni van Bronckhorst

17 Doriva

20 Aron Winter

11 Emerson

10 Clarence Seedorf

7 Giovanni

14 Marc Overmars

19 Denílson

17 Pierre van Hooijdonk

21 Edmundo

21 Jimmy Floyd Hasselbaink

GOLS:

46′ Ronaldo (BRA)

87′ Patrick Kluivert (HOL)

CARTÕES AMARELOS:

31′ Zé Carlos (BRA)

45′ César Sampaio (BRA)

48′ Michael Reiziger (HOL)

60′ Edgar Davids (HOL)

90′ Pierre van Hooijdonk (HOL)

119′ Clarence Seedorf (HOL)

SUBSTITUIÇÕES:

56′ Michael Reiziger (HOL) ↓

Aron Winter (HOL) ↑

70′ Bebeto (BRA) ↓

Denílson (BRA) ↑

75′ Boudewijn Zenden (HOL) ↓

Pierre van Hooijdonk (HOL) ↑

85′ Leonardo (BRA) ↓

Emerson (BRA) ↑

111′ Wim Jonk (HOL) ↓

Clarence Seedorf (HOL) ↑

DECISÃO POR PÊNALTIS:

BRASIL 4

HOLANDA 2

Ronaldo (gol, no ângulo direito)

Frank de Boer (gol, à meia altura, à direita)

Rivaldo (gol, no canto esquerdo)

Dennis Bergkamp (gol, no canto esquerdo)

Emerson (gol, no alto do gol, à direita)

Phillip Cocu (perdeu, à esquerda, defendido por Taffarel)

Dunga (gol, no ângulo direito)

Ronald de Boer (perdeu, à direita, defendido por Taffarel)

Melhores momentos (Rede Globo):

Melhores momentos (FIFA.com):

… 06/07/2018 – Bélgica 2 x 1 Brasil

Três pontos sobre…
… 06/07/2018 – Bélgica 2 x 1 Brasil


(Imagem: FIFA.com)

● Depois de fazer um verdadeiro papelão na Copa do Mundo de 2014, jogando em casa, o técnico Luiz Felipe Scolari saiu para a entrada de Dunga. Como sabemos, o capitão do tetra nunca teve sucesso como técnico. E com uma campanha ruim nas eliminatórias sul-americanas e em duas edições de Copa América, logo ele caiu. Com dois anos de atraso Tite assumiu e recuperou a autoestima da Seleção Brasileira. Era unanimidade. A pessoa certa no lugar certo. Um técnico moderno.

Jogando em um 4-1-4-1 “imexível”, o time ganhou liga e acabou como líder nas eliminatórias, com a segunda melhor campanha em todos os tempos (atrás apenas da Argentina de 2002). Tinha um sistema defensivo sólido, com o goleiro Alisson, três zagueiros de alto nível (Thiago Silva, Miranda e Marquinhos), dois dos melhores laterais da história recente (Daniel Alves e Marcelo). Casemiro era o responsável pela marcação no meio campo. Paulinho era o homem da infiltração e Philippe Coutinho o da armação e chutes de longa distância. Willian fazia o lado direito e Neymar brilhava e caía (em todos os sentidos) pelo lado esquerdo. Gabriel Jesus era o centroavante tático, que tinha a função principal de abrir espaços para quem vinha de trás.

Faltavam opções confiáveis no banco, muito por causa da gratidão do treinador para com alguns jogadores que não estavam em seu melhor momento. Os nomes mais questionáveis eram Renato Augusto, Taison, Fagner, Paulinho, Fred e Cássio (todos treinados por Tite no Corinthians ou no Inter). Em cima da hora, a lesão de Daniel Alves abriu a brecha para que Danilo fosse titular na lateral direita. Durante o Mundial, o lateral do Manchester City (atualmente na Juventus) se lesionou e Fagner se tornou titular. Se não brilhou, também não passou vergonha.

A contusão de Neymar meses antes do Mundial deixou algum receio, mas logo ele se recuperaria e ganharia a fama de “cai-cai” durante o torneio na Rússia. Era a história de “Pedrinho e o lobo”: já não se sabia mais quando estava sentindo alguma pancada ou se estava só representando.

Na primeira fase, o empate por 1 x 1 com a Suíça começou a abrir os olhos da torcida, mostrando que o hexa não viria tão facilmente. A vitória por 2 x 0 sobre a Costa Rica veio apenas nos minutos finais, mas sem enganar que o placar moral deveria ter sido um empate. Contra a Sérvia, a vitória por 2 x 0 serviu para garantir o primeiro lugar no grupo e nada mais. Nas oitavas de final, em nova vitória por 2 x 0, dessa vez sobre o “freguês” México, a Seleção Brasileira até jogou um pouco melhor. Mas o adversário nas quartas seria a forte Bélgica.


(Imagem: FIFA.com)

● A “ótima geração belga” estava em seu auge. Convivia com a pressão para ser protagonista em um grande torneio. Seus melhores jogadores haviam amadurecido e viviam boa fase, com carreiras sólidas nos grandes clubes europeus.

O técnico espanhol Roberto Martínez montava os Diables Rouges no sistema 3-4-3. Thibaut Courtois era o goleiro. A defesa tinha Toby Alderweireld pela direita, Vincent Kompany pelo meio e Jan Vertonghen pela esquerda (às vezes até avançando mais como um falso lateral). Thomas Meunier era o ala pela direita e voltava um pouco mais para fechar seu lado. Na ala oposta, Nacer Chadli fazia a esquerda, avançando mais. Axel Witsel era o esteio da marcação. Seu companheiro no meio era Kevin De Bruyne, que marcava, passava, criava, atacava e finalizava. O goleador do Napoli Dries Mertens era o ponta direita. Pela ponta esquerda, o capitão Eden Hazard chegava ao seu auge técnico. O centroavante Romelu Lukaku era a força bruta e a certeza de gols. No banco, bons nomes como Thomas Vermaelen, Mousa Dembélé, Marouane Fellaini e Yannick Ferreira Carrasco. A ausência mais sentida foi a do volante Radja Nainggolan, preterido na convocação.

Na primeira fase, a Bélgica venceu o Panamá por 3 x 0 e a Tunísia por 5 x 2. Na terceira rodada, venceu a Inglaterra por 1 x 0, em uma partida em que as duas seleções escalaram os reservas. Nas oitavas de final, os belgas estavam perdendo para o Japão por 2 x 0 até os 24 minutos do segundo tempo, mas conseguiram virar o placar para 3 x 2.

O primeiro teste de verdade seria o Brasil nas quartas de final. E o técnico Martínez resolveu fazer mudanças no time, para reforçar o meio de campo. Na ala esquerda, trocou Ferreira Carrasco por Chadli. Mas a mudança mais significativa foi a troca do atacante Mertens pelo volante Fellaini. Com isso, De Bruyne ganhava liberdade total para flutuar entre as linhas de defesa do Brasil e organizar as ações ofensivas. Além disso, houve uma alteração tática: o centroavante Lukaku, acostumado a jogar pelo meio, começou o jogo caindo na ponta direita, aproveitando a fragilidade defensiva e as constantes subidas de Marcelo (que se recuperava de lesão nas costas), puxando a marcação e abrindo a defesa brasileira para a inserção e avanço dos meias.


O técnico Roberto Martínez escalou a Bélgica no ofensivo 3-4-3, mas dessa vez com a proteção maior de Fellaini no meio e De Bruyne mais próximo do ataque. Lukaku jogou caindo pela direita.


Tite repetiu seu esquema preferido, o 4-1-4-1. Marcelo voltou ao time titular e Fernandinho ganhou a vaga de Casemiro, suspenso por ter recebido o segundo cartão amarelo contra o México.

● A mudança tática na seleção belga pegou Tite de surpresa e a Bélgica dominou o primeiro tempo.

O Brasil não podia contar com Casemiro, suspenso pelo segundo cartão amarelo. Ele era um dos melhores de sua posição na Copa até então. Seu substituto foi Fernandinho.

No início do jogo, De Bruyne começou assustando o Brasil, ao ganhar uma dividida de Fernandinho e arriscar de longe, mas a bola saiu à direita de Alisson.

Logo depois, Neymar cobrou escanteio da esquerda e Thiago Silva finalizou do jeito que deu, com a coxa, mas a bola bateu na trave e Courtois correu para agarrá-la.

Chadli arriscou da meia esquerda e a bola foi para fora.

Willian cobrou escanteio rasteiro pela direita e Paulinho, sozinho, teve a chance clara de fazer o gol, mas chutou mascado.

O castigo veio aos 13 minutos. Chadli cobrou escanteio. Kompany apareceu na primeira trave sem marcação e deu um leve desvio. Gabriel Jesus e Fernandinho subiram juntos na mesma bola e nenhum conseguiu cortar. Ela bateu na lateral do braço de Fernandinho e entrou no gol. Mais um dos vários gols contra da Copa de 2018.

O Brasil não se abateu. Neymar foi à linha de fundo e cruzou rasteiro para o meio. Gabriel Jesus foi travado em cima por Kompany, seu companheiro no Manchester City.

Philippe Coutinho arriscou da entrada da área, mas Courtois agarrou firme. Marcelo fez a mesma jogada de Coutinho e o goleiro belga espalmou.

Uma partida na qual o Brasil era ligeiramente melhor, ficou ainda pior aos 31′. Neymar bateu escanteio e Alderweireld cortou na primeira trave (como deveriam ter feito os brasileiros no lance do primeiro gol). Lukaku pegou a sobra na intermediária defensiva, girou sobre Fernandinho, avançou em alta velocidade e abriu na direita para Kevin De Bruyne, que entrou na área e chutou forte e cruzado. O segundo gol belga mostrou as maiores qualidades dessa “ótima geração”: transições em velocidade e bom aproveitamento nas finalizações.

Talvez Fernandinho tenha sido inocente por não ter feito uma “falta tática” na jogada, coisa que o suspenso Casemiro teria feito.

A Seleção Canarinho, que já estava nervosa, passou a errar passes de três metros.

Marcelo cruzou da esquerda e Gabriel Jesus cabeceou sozinho para fora. Possivelmente daria tempo até de dominar a bola e finalizar em melhores condições, mas ele se afobou e cabeceou do jeito que conseguiu.

Marcelo cruzou rasteiro, a zaga cortou e Courtois salvou o gol contra. O escanteio curto foi cobrado e Coutinho arriscou para nova defesa do arqueiro belga.

De Bruyne cobrou falta no meio do gol e Alisson espalmou por cima. Chadli cobrou escanteio rasteiro e Kompany apareceu na primeira trave para desviar, mas o goleiro brasileiro ficou com a bola.


(Imagem: FIFA.com)

● Tite mexeu no intervalo. Trocou Willian por Roberto Firmino e deslocou Gabriel Jesus para a direita. Mas a primeira jogada perigosa foi pela esquerda, quando Marcelo chutou cruzado e a bola passou perto do gol. Firmino ainda tentou esticar o pé e quase tocou na bola.

Depois, Fagner achou Paulinho, que entrou na área e dividiu com Courtois, mas a bola espirrou na sequência.

De Bruyne puxou contra-ataque e abriu na esquerda para Hazard, que chutou forte, mas a bola saiu à esquerda de Alisson. O Brasil escapou de sofrer o terceiro gol.

O menino Jesus não rendeu na direita e Tite, tardiamente, o trocou por Douglas Costa. Na primeira bola que recebeu, Douglas passou por Vertonghen e chutou cruzado, Courtois espalmou para o meio da área e Paulinho não estava atento para alcançar o rebote.

Depois, a jogada quase se repetiu: Douglas cortou a marcação e chutou cruzado, o goleiro espalmou e Neymar chutou a sobra em cima da defesa belga.

Tite fez a última alteração, colocando Renato Augusto no lugar de Paulinho. A intenção era parar de errar passes na saída de bola, mas essa mexida surtiu mais efeito no ataque.

Philippe Coutinho avançou pelo meio, viu a infiltração de Renato Augusto e cruzou. Aparecendo no meio da área como homem surpresa, o camisa 8 desviou bem de cabeça e a bola foi no cantinho direito. Um belo gol, que voltava a dar esperanças para o Brasil.

Coutinho tocou da esquerda, Neymar girou em cima da marcação e chutou por cima. Essa passou muito perto do gol.

Coutinho (que parecia ter acordado de longa hibernação de 70 minutos) tocou para Renato Augusto na entrada da área. Sem marcação, o meia chutou com perigo, mas a bola saiu à esquerda. Um gol perdido. A maior chance do Brasil no jogo. Não se deve nunca errar um gol desses.

Firmino abriu para Neymar na esquerda. Ele cortou Meunier e tocou para a chegada de Coutinho, que pegou muito mal na bola e isolou.

Douglas Costa cortou da direita para o meio e rolou para Neymar. Da meia lua, o camisa 10 bateu colocado no ângulo, mas Courtois foi buscar a bola e fazer um verdadeiro milagre na Arena Kazan. Outra chance perdida, que arrefeceu a Seleção.

No último lance da partida, inclusive com Alisson dentro da área belga, Neymar cobrou escanteio e Firmino cabeceou por cima.


(Imagem: FIFA.com)

● Ao final da partida, os belgas comemoraram como se já houvessem conquistado o título. Foi uma prova enorme de maturidade dessa “ótima geração”, que queria continuar provando que estava pronta para deixar de ser um “time de videogame” e marcar seu lugar na história. Tinha qualidades para isso.

Os Diables Rouges alcançaram as semifinais pela segunda vez em sua história, a primeira desde 1986. Fez uma partida equilibrada com a França, mas não conseguiu criar chances de gol e perdeu por 1 x 0. No fim, conquistou o inédito 3º lugar ao vencer novamente a Inglaterra, dessa vez por 2 x 0. Uma classificação digna da “ótima geração belga”, mas que certamente tinha potencial para avançar um pouco a mais.

Contra a Bélgica, a Seleção Brasileira chegou a 109 partidas e se igualou à Alemanha em número de jogos na história das Copas do Mundo. Nessa mesma partida, o Brasil chegou ao 228º gol em Mundiais, deixando a Alemanha para trás, com 226.


(Imagem: FIFA.com)

FICHA TÉCNICA:

 

BÉLGICA 2 x 1 BRASIL

 

Data: 06/06/2018

Horário: 21h00 locais

Estádio: Arena Kazan

Público: 42.873

Cidade: Kazan (Rússia)

Árbitro: Milorad Mažić (Sérvia)

 

BÉLGICA (3-4-3):

BRASIL (4-1-4-1):

1  Thibaut Courtois (G)

1  Alisson (G)

2  Toby Alderweireld

22 Fagner

4  Vincent Kompany

2  Thiago Silva

5  Jan Vertonghen

3  Miranda (C)

15 Thomas Meunier

12 Marcelo

6  Axel Witsel

17 Fernandinho

8  Marouane Fellaini

19 Willian

22 Nacer Chadli

15 Paulinho

7  Kevin De Bruyne

11 Philippe Coutinho

10 Eden Hazard (C)

10 Neymar Jr

9  Romelu Lukaku

9  Gabriel Jesus

 

Técnico: Roberto Martínez

Técnico: Tite

 

SUPLENTES:

 

 

12 Simon Mignolet (G)

23 Ederson (G)

13 Koen Casteels (G)

16 Cássio (G)

23 Leander Dendoncker

14 Danilo (lesionado)

20 Dedryck Boyata

13 Marquinhos

3  Thomas Vermaelen

4  Pedro Geromel

17 Youri Tielemans

6  Filipe Luís

19 Mousa Dembélé

5  Casemiro (suspenso)

11 Yannick Ferreira Carrasco

18 Fred

16 Thorgan Hazard

8  Renato Augusto

18 Adnan Januzaj

7  Douglas Costa

14 Dries Mertens

21 Taison

21 Michy Batshuayi

20 Roberto Firmino

 

GOLS:

13′ Fernandinho (BEL) (gol contra)

31′ Kevin De Bruyne (BEL)

76′ Renato Augusto (BRA)

 

CARTÕES AMARELOS:

47′ Toby Alderweireld (BEL)

71′ Thomas Meunier (BEL)

85′ Fernandinho (BRA)

90′ Fagner (BRA)

 

SUBSTITUIÇÕES:

INTERVALO Willian (BRA) ↓

Roberto Firmino (BRA) ↑

 

58′ Gabriel Jesus (BRA) ↓

Douglas Costa (BRA) ↑

 

73′ Paulinho (BRA) ↓

Renato Augosto (BRA) ↑

 

83′ Nacer Chadli (BEL) ↓

Thomas Vermaelen (BEL) ↑

 

87′ Romelu Lukaku (BEL) ↓

Youri Tielemans (BEL) ↑


(Imagem: FIFA.com)

Melhores momentos da partida:

… 05/07/2014 – Holanda 0 x 0 Costa Rica

Três pontos sobre…
… 05/07/2014 – Holanda 0 x 0 Costa Rica


(Imagem: Reuters)

● A Costa Rica viajou ao Brasil para disputar a sua quarta Copa do Mundo com a intenção de não passar vergonha. Afinal, teoricamente teria poucas chances em um grupo com três campeões mundiais: Uruguai, Itália e Inglaterra.

E justamente por terem nada a perder, surpreendeu o mundo a o se classificar em primeiro lugar do grupo. Primeiro venceu o Uruguai por 3 x 1. Depois foi a vez da Itália: 1 x 0. Assegurou a liderança ao empatar sem gols com a Inglaterra. Nas oitavas de final, enfrentou a Grécia. Vencia por 1 x 1 até o último minuto de jogo, mas sofreu o empate. E garantiu a vitória nos pênaltis por 5 x 3. A Costa Rica era a sensação do campeonato e foi adotada pela torcida brasileira como seu segundo time.

A Holanda vinha com 100% de aproveitamento. Na primeira fase, goleou a campeã do mundo Espanha por 5 x 1 e se vingou da final de 2010. Na sequência, bateu a Austrália por 3 x 2 e o Chile por 2 x 0. Nas oitavas, de forma polêmica, venceu o México de virada por 2 x 1 nos acréscimos.


A Holanda se defendia no 5-2-3 e atacava no 3-4-3.


A Costa Rica jogava no sistema 5-4-1. Johnny Acosta entrou na zaga, substituindo Óscar Duarte, que foi expulso contra a Grécia.

● A Arena Fonte Nova tinha se acostumado às goleadas (especialmente “Holanda 5 x 1 Espanha” e “Alemanha 4 x 0 Portugal”) e ótimas partidas (como “Bélgica 2 x 1 Estados Unidos”). Mas assistiu ao melhor ataque da Copa até então, a Holanda, com 12 gols marcados, parar na melhor defesa, da Costa Rica, que só sofreu dois. E só foi ver a rede balançar na disputa das penalidades máximas.

Os primeiros 45 minutos foram todos da Holanda, que trocava passes com paciência. No jogo todo, foram 64% de posse de bola da Oranje, com 20 finalizações a gol, contra apenas seis dos Ticos.

O técnico Louis van Gaal escalou um time muito técnico, sem nenhum volante. Georginio Wijnaldum e Wesley Sneijder eram os meias centrais. O atacante Dirk Kuyt foi escalado na ala direita. No ataque, Memphis Depay fez companhia a Arjen Robben e Robin van Persie.

A Costa Rica se defendia com uma linha de cinco homens na defesa e outros quatro no meio campo. Apenas o capitão Bryan Ruiz ficava no ataque.

Aos 20′, após troca de passes em velocidade pela direita, Robben deixou com Kuyt, que achou Van Persie livre na área pela esquerda. O camisa 9 bateu cruzado e Navas pegou. No rebote, Sneijder chutou e Navas defendeu de novo.

Sete minutos depois, Bryan Ruiz saiu jogando errado e o contragolpe dos laranjas pegou a defesa costarriquenha desprevenida. Van Persie abriu com Depay na ponta esquerda e ele chutou de primeira, forte e rasteiro, mas Navas defendeu bem com o pé direito.

A Costa Rica estava acuada e não conseguia nem contra-atacar. A melhor chance foi no minuto 33, quando Christian Bolaños cobrou falta da direita, Celso Borges tocou para o meio e Johnny Acosta tentou de meia bicicleta. Van Persie ajudava a defesa e tirou em cima da linha.

Aos 39 min, Sneijder cobrou falta com perfeição por cima da barreira, mas Navas foi buscar no ângulo.


(Imagem: Goal)

O segundo tempo começou em um ritmo mais lento, mas logo a Holanda retomou a pressão.

Nos dez minutos finais, Robben sofreu falta no bico esquerdo da grande área. Sneijder bateu com categoria e a bola explodiu na trave direita de Navas.

Aos 38′, Van Persie obrigou Navas a fazer uma excelente defesa em um chute à queima-roupa.

Dois minutos depois, Sneijder cruzou, mas Van Persie furou de forma bisonha na pequena área.

Já nos acréscimos, após cruzamento da esquerda, a bola passou por três holandeses e Van Persie finalizou. A bola passou por Navas, mas o volante Yeltsin Tejeda salvou em cima da linha e a bola ainda tocou no travessão.

No tempo extra, o bombardeio holandês continuou e a Costa Rica se safou de sofrer o gol.

Os Ticos apostavam no contra-ataque e reclamaram de pênalti em jogada que Ureña foi derrubado por Vlaar, mas não havia VAR e o árbitro Ravshan Irmatov do Uzbequistão mandou o jogo seguir.

Na prorrogação, a Holanda tentou encurralar a Costa Rica. Para os últimos 15 minutos, Van Gaal trocou o zagueiro Bruno Martins Indi pelo centroavante Klaas-Jan Huntelaar. Mas o time ficou meio bagunçado e acabou dando um contragolpe que quase resultou na vitória da Costa Rica.

Aos 11′ do segundo tempo da prorrogação, Ureña fez boa jogada individual e chutou rasteiro, mas Cillessen defendeu com os pés.

Dois minutos depois, Sneijder bateu de fora da área e acertou o travessão de Navas.

E faltando 30 segundos para o fim da prorrogação veio o momento mais marcante dessa partida. O técnico Louis van Gaal fez uma alteração inédita até hoje em Copas do Mundo: trocou o goleiro titular Jasper Cillessen por Tim Krul. Cillessen é um bom goleiro e foi o titular durante todo o tempo, mas era conhecido por nunca ter defendido um pênalti em sua carreira até então. Mais alto, com 1,96 m, Tim Krul também não era famoso por pegar penalidades, mas era melhor nos treinamentos desse fundamento. O camisa 1 deixou o gramado revoltado com a decisão do treinador.

Mas, conhecendo Van Gaal, essa mudança foi mais psicológica, para encher seu time de confiança e abalar a moral do adversário. O técnico foi ousado, fez uma aposta arriscada, mas que se mostraria acertada.


(Imagem: Reuters)

● Nas cobrança de pênaltis, Celso Borges abriu a contagem, batendo com categoria à esquerda. Costa Rica, 1 a 0.

Robin van Persie bateu da mesma forma e empatou.

Bryan Ruiz bateu no canto esquerdo e Tim Krul fez a defesa.

Arjen Robben bateu no ângulo direito de Navas. Holanda, 2 a 1.

Krul provocou Giancarlo González antes da batida, mas o zagueiro converteu, batendo à meia altura, no canto esquerdo: 2 a 2.

Wesley Sneijder bateu no canto direito e converteu. Holanda, 3 a 2.

Christian Bolaños bateu com categoria e colocou no alto à direita: 3 a 3.

Dirk Kuyt tinha a experiência a seu favor e bateu à direita. Holanda 4 a 3.

O zagueiro Michael Umaña bateu no canto esquerdo e Tim Krul voou para pegar e decidir a partida.

Final: Holanda 4 x 3 Costa Rica.

Tim Krul acertou o lado de todas as cobranças e pegou duas. Afinal, ele entrou para isso: para decidir.


(Imagem: Reuters)

● A Costa Rica foi eliminada, mas caiu de cabeça em pé, chegando pela primeira vez até as quartas de final da Copa do Mundo. Se despediu de forma invicta, com três empates e duas vitórias. Terminou com a melhor defesa do torneio e a honrosa oitava colocação no geral.

Com todos os méritos, a Holanda se classificou para a semifinal, onde enfrentou a Argentina. A partida também não teve gols e foi decidida nos pênaltis. Mas, dessa vez, não teve Tim Krul e a Argentina se classificou para a final ao vencer por 4 x 2. Na decisão do 3º lugar, a Holanda aproveitou a decadência e falta de estímulo da Seleção Brasileira e venceu fácil por 3 x 0.

(Imagem: Goal)

FICHA TÉCNICA:

 

HOLANDA 0 x 0 COSTA RICA

 

Data: 05/07/2014

Horário: 17h00 locais

Estádio: Arena Fonte Nova

Público: 51.179

Cidade: Salvador (Brasil)

Árbitro: Ravshan Irmatov (Uzbequistão)

 

HOLANDA (5-2-3):

COSTA RICA (5-4-1):

1  Jasper Cillessen (G)

1  Keylor Navas (G)

15 Dirk Kuyt

16 Cristian Gamboa

2  Ron Vlaar

2  Johnny Acosta

3  Stefan de Vrij

3  Giancarlo González

4  Bruno Martins Indi

4  Michael Umaña

5  Daley Blind

15 Júnior Díaz

20 Georginio Wijnaldum

17 Yeltsin Tejeda

10 Wesley Sneijder

5  Celso Borges

21 Memphis Depay

7  Christian Bolaños

11 Arjen Robben

10 Bryan Ruiz (C)

9  Robin van Persie (C)

9  Joel Campbell

 

Técnico: Louis van Gaal

Técnico: Jorge Luis Pinto

 

SUPLENTES:

 

 

23 Tim Krul (G)

18 Patrick Pemberton (G)

22 Michel Vorm (G)

23 Daniel Cambronero (G)

12 Paul Verhaegh

6  Óscar Duarte (suspenso)

13 Joël Veltman

8  David Myrie

14 Terence Kongolo

19 Roy Miller (lesionado)

7  Daryl Janmaat

12 Waylon Francis

6  Nigel de Jong (lesionado)

13 Óscar Granados

8  Jonathan de Guzmán

22 José Miguel Cubero

16 Jordy Clasie

11 Michael Barrantes

18 Leroy Fer (lesionado)

20 Diego Calvo

17 Jeremain Lens

14 Randall Brenes

19 Klaas-Jan Huntelaar

21 Marco Ureña

 

CARTÕES AMARELOS:

37′ Júnior Díaz (COS)

52′ Michael Umaña (COS)

64′ Bruno Martins Indi (HOL)

81′ Giancarlo González (COS)

107′ Johnny Acosta (COS)

111′ Klaas-Jan Huntelaar (HOL)

 

SUBSTITUIÇÕES:

66′ Joel Campbell (COS) ↓

Marco Ureña (COS) ↑

 

76′ Memphis Depay (HOL) ↓

Jeremain Lens (HOL) ↑

 

79′ Cristian Gamboa (COS) ↓

David Myrie (COS) ↑

 

97′ Yeltsin Tejeda (COS) ↓

José Miguel Cubero (COS) ↑

 

106′ Bruno Martins Indi (HOL) ↓

Klaas-Jan Huntelaar (HOL) ↑

 

120+1′ Jasper Cillessen (HOL) ↓

Tim Krul (HOL) ↑

 

DECISÃO POR PÊNALTIS:

HOLANDA 4

COSTA RICA 3

Robin van Persie (gol, à esquerda)

Celso Borges (gol, à esquerda)

Arjen Robben (gol, no ângulo direito)

Bryan Ruiz (perdeu, à esquerda, defendido por Tim Krul)

Wesley Sneijder (gol, à meia altura, à direita)

Giancarlo González (gol, à meia altura, à esquerda)

Dirk Kuyt (gol, à direita)

Christian Bolaños (gol, alta, à direita)

 

Michael Umaña (perdeu, à esquerda, defendido por Tim Krul)

Melhores momentos da partida:

… 04/07/1998 – Holanda 2 x 1 Argentina

Três pontos sobre…
… 04/07/1998 – Holanda 2 x 1 Argentina


(Imagem: UOL)

● O técnico Daniel Passarella sonhava em repetir o feito de Zagallo e Franz Beckenbauer, que conquistaram a Copa do Mundo como jogador e treinador. Ele havia sido o capitão da seleção campeã em 1978 e também compunha o elenco de 1986. Mas Passarella era muito cabeça dura. Ele baixou um estranho decreto para a equipe: quem tivesse o cabelo comprido não seria convocado para a Copa. Segundo ele, um jogador com cabelo curto passa a mão na cabeça seis vezes por jogo, enquanto um cabeludo faz a mesma coisa de 60 a 90 vezes. A maioria se dobrou à vontade de Passarella, como Ariel Ortega e Gabriel Batistuta. Mas os craques Fernando Redondo e Claudio Caniggia se rebelaram, permaneceram cabeludos e viram o Mundial pela TV. Caniggia se lesionou pouco antes da Copa, mas o genial Redondo ficou de fora por opção do treinador.

Passarella gostava de armar seu time com três zagueiros. A frente do goleiro Carlos Roa, ficavam Roberto Sensini mais pela direita, José Chamot mais pela esquerda e Roberto Ayala na sobra. Javier Zanetti fazia a ala direita. Torto, o capitão Diego Simeone fazia a ala esquerda, caindo pelo meio em muitas vezes. Essa função limitava Simeone a uma faixa do campo, mas o liberava para aparecer mais no ataque, o que fazia muito bem. Matías Almeyda era o responsável pela proteção no meio de campo. A criatividade estava a cargo de Juan Sebastián Verón. Ariel Ortega era o meia-atacante que pendia para a direita. Claudio López era o atacante de lado que caía para a esquerda. Todos jogando em função de um dos atacantes mais prolíficos da década: Gabriel Batistuta. No banco, Marcelo Gallardo era da mesma posição de Ortega e Hernán Crespo fazia a função de Batistuta. Não a toa, nenhum técnico seleção albiceleste colocou Crespo e Batistuta para jogarem juntos.

Na primeira fase, pelo Grupo H, a Argentina suou para vencer o Japão por 1 x 0, na estreia dos nipônicos em Copas do Mundo. Depois, goleou a Jamaica por 5 x 0 e assegurou a liderança ao vencer a Croácia por 1 x 0. Nas oitavas de final, fez o “Clássico das Malvinas” com a Inglaterra e venceu nos pênaltis por 4 x 3, após empate por 2 x 2 com a bola rolando.


(Imagem: Michael Steele / Empics / Getty Images)

● A Holanda era a cabeça de chave no Grupo E. Na primeira fase, empatou por 0 x 0 com a vizinha Bélgica, goleou a Coreia do Sul por 5 x 0 e empatou por 2 x 0 com o bom time do México. Nas oitavas de final, venceu por 2 x 1 com um gol de Edgar Davids no apagar das luzes.

A Oranje não tinha mais a geração de Ronald Koeman, Frank Rijkaard, Ruud Gullit e Marco van Basten, mas havia craques em todas as posições do campo. E o clima interno era bom – bem diferente da Eurocopa de 1996, quando surgiram sérios problemas racistas, que culminaram na dispensa de Davids da delegação.

Treinada por Guus Hiddink, a Holanda era uma equipe muito ofensiva. O goleiro era o excepcional Edwin van der Sar. Os laterais Michael Reiziger e Arthur Numan marcavam e apoiavam com eficiência. Jaap Stam era forte na marcação e tinha bom tempo de bola. O capitão Frank de Boer tinha mais técnica, ótimo posicionamento e era um líder em campo. Wim Jonk era um volante que batia muito bem na bola e sabia jogar. Edgar Davids era seu parceiro no meio e sempre se apresentava à frente – talvez tenha sido o melhor jogador do Mundial de 1998. Ronald de Boer era o meia pela direita, ótimo nos passes e perfeito cruzamentos. Phillip Cocu era o meia pela esquerda, também muito técnico e de boa chegada ao ataque. No ataque, Dennis Bergkamp era a própria excelência, com lances geniais e gols incríveis. Patrick Kluivert era pura explosão em todos os sentidos. No banco, ótimos nomes como o meia Clarence Seedorf e os pontas Marc Overmars e Boudewijn Zenden.

Explosão essa que fez Kluivert ficar suspenso de três partidas, após ter sido expulso na estreia por agredir Lorenzo Staelens no empate sem gols com a Bélgica.


A Holanda jogava no 4-4-2, com muita aproximação dos homens de meio campo.


A Argentina jogava no 3-5-2, com liberdade para Verón armar o jogo e aproximação de Ortega ao ataque.

● A partida foi um espetáculo assistido por 55 mil expectadores no estádio Vélodrome, em Marselha. Os noventa minutos foram tensos e de ótimos momentos do início ao fim.

Logo no início, a Holanda já adiantou a marcação, pressionando e roubando bolas no campo adversário e começando os contragolpes mais a frente do normal. Logo aos seis minutos, Wim Jonk chutou uma bola na trave.

Aos 12 minutos de jogo, Ronald de Boer fez uma boa jogada na direita e lançou na entrada. Genial, Bergkamp escorou de cabeça para o meio da área. Kluivert apareceu entre os zagueiros e tocou a saída do goleiro Roa. Foi o primeiro gol de Kluivert no Mundial.

Cinco minutos depois, a Holanda errou na linha de impedimento, Verón lançou nas costas da defesa e Claudio López apareceu livre. Os holandeses ficaram parados pedindo um impedimento inexistente (Reiziger deu condições). Enquanto isso, Piojo López escapou e ficou cara a cara com Van der Sar e teve tranquilidade para tocar entre as pernas do goleiro. (Nunca vi um goleiro tomar tanto gol entre as pernas como Van der Sar. Provavelmente é por causa do tamanho delas…) Na comemoração de seu primeiro gol na Copa, López exibiu uma camiseta com a mensagem de feliz aniversário para seu pai.

As duas equipes tiveram boas chances para tirar a igualdade do placar. Ortega e Batistuta foram parados pela trave. A cabeçada de Kluivert parou em uma ótima defesa de Roa.

A partida se equilibrou. A Holanda tentava tabelas e jogadas individuais. A Argentina recuava a apostava nos contragolpes.

Davids deu uma arrancada ao seu estilo desde o meio campo, entrou na área e quase fez um golaço. Pouco tempo depois, seu chute de longe parou na defesa de Roa.


(Imagem: Pinterest)

Aos 31′ do segundo tempo, Davids fez falta em Verón e, com o jogo já parado, Numan deixou a sola em Simeone, que saiu rolando e valorizando a jogada. O árbitro Arturo Brizio Carter corretamente aplicou o segundo cartão amarelo e expulsou o lateral esquerdo holandês.

Os argentinos se lançaram à frente e começaram a ter mais espaço.

Dez minutos depois, Ortega tentou cavar um pênalti e atrasou a passada, deixando a perna para ser tocada por Stam. O juiz mexicano não caiu na dele e lhe deu amarelo. Van der Sar foi reclamar da cena com o argentino e levou uma cabeçada do descontrolado e imaturo camisa 10, que foi expulso pelo árbitro pela agressão.

A igualdade numérica fez a Holanda ressurgir e o golaço decisivo saiu no último minuto do tempo regulamentar.

Do lado esquerdo de sua intermediária defensiva, o lançamento de Frank de Boer foi preciso e percorreu 40 metros em dois segundos. Quase na pequena área, Dennis Bergkamp dominou com a ponta da chuteira, deu um toque entre as pernas de Ayala e finalizou com o lado externo do pé, no ângulo do goleiro Roa.


(Imagem: AFP / Getty Images / Daily Mail)

● Um dos gols mais lindos da história das Copas e um dos mais lindos e marcantes que eu já vi. Não precisam me narrar esse gol. Ele sempre está fresco na memória.

Uma das maiores curiosidades sobre o genial Dennis Bergkamp é o medo de voar de avião. Enquanto a delegação da Holanda voava de cidade em cidade nos jogos da Copa, ele seguia de carro com um membro da comissão técnica.

A Holanda eliminava a Argentina e se vingava pela derrota na final da Copa de 1978.

Das quatro seleções semifinalistas, três nunca haviam ganhado a Copa do Mundo (França, Croácia e Holanda – apenas o Brasil já tinha conquistado o título).

Com a vitória sobre a Argentina, a Holanda se garantia novamente entre os quatro primeiros após vinte anos. Na semifinal, enfrentaria o Brasil. Contaremos essa história no dia 07/07.


(Imagem: AP / Daily Mail)

FICHA TÉCNICA:

 

HOLANDA 2 X 1 ARGENTINA

 

Data: 04/07/1998

Horário: 16h30 locais

Estádio: Stade Vélodrome (atual Orange Vélodrome)

Público: 55.000

Cidade: Marselha (França)

Árbitro: Arturo Brizio Carter (México)

 

HOLANDA (4-4-2):

ARGENTINA (3-5-2):

1  Edwin van der Sar (G)

1  Carlos Roa (G)

2  Michael Reiziger

6  Roberto Sensini

3  Jaap Stam

2  Roberto Ayala

4  Frank de Boer (C)

3  José Chamot

5  Arthur Numan

22 Javier Zanetti

6  Wim Jonk

5  Matías Almeyda

16 Edgar Davids

8  Diego Simeone (C)

7  Ronald de Boer

11 Juan Sebastián Verón

11 Phillip Cocu

10 Ariel Ortega

8  Dennis Bergkamp

7  Claudio López

9  Patrick Kluivert

9  Gabriel Batistuta

 

Técnico: Guus Hiddink

Técnico: Daniel Passarella

 

 

 

 

18 Ed de Goey (G)

12 Germán Burgos (G)

22 Ruud Hesp (G)

17 Pablo Cavallero (G)

13 André Ooijer

14 Nelson Vivas

15 Winston Bogarde

13 Pablo Paz

19 Giovanni van Bronckhorst

4  Mauricio Pineda

20 Aron Winter

15 Leonardo Astrada

10 Clarence Seedorf

16 Sergio Berti

12 Boudewijn Zenden

20 Marcelo Gallardo

14 Marc Overmars

21 Marcelo Delgado

17 Pierre van Hooijdonk

18 Abel Balbo

21 Jimmy Floyd Hasselbaink

19 Hernán Crespo

 

GOLS:

12′ Patrick Kluivert (HOL)

17′ Claudio López (ARG)

90′ Dennis Bergkamp (HOL)

 

CARTÕES AMARELOS:

10′ Jaap Stam (HOL)

17′ Arthur Numan (HOL)

22′ José Chamot (ARG)

60′ Roberto Sensini (ARG)

86′ Ariel Ortega (ARG)

 

CARTÕES VERMELHOS:

76′ Arthur Numan (HOL)

87′ Ariel Ortega (ARG)

 

SUBSTITUIÇÕES:

64′ Ronald de Boer (HOL) ↓

Marc Overmars (HOL) ↑

 

68′ Matías Almeyda (ARG) ↓

Mauricio Pineda (ARG) ↑

 

89′ José Chamot (ARG) ↓

Abel Balbo (ARG) ↑


(Imagem: Veja)

Gol decisivo de Bergkamp, narrado em holandês por Jack van Gelder – uma das narrações mais enlouquecidas de todos os tempos:

Gols da partida (em português), narrados pelo inesquecível Luciano do Valle:

Gols da partida (em inglês, do canal FIFATV):

… 03/07/2010 – Alemanha 4 x 0 Argentina

Três pontos sobre…
… 03/07/2010 – Alemanha 4 x 0 Argentina


(Imagem: UOL)

● Alemanha e Argentina haviam se enfrentado nas quartas de final da Copa do Mundo de 2006 e o jogo terminou em discussão e pancadaria, após a vitória germânica nos pênaltis. Na África do sul, se encontravam novamente nas quartas de final e vários personagens se repetiam, mas eram outros times em relação a quatro anos antes.

Em busca de encerrar a fila de 24 anos sem o título mundial, a Argentina juntou seus dois maiores nomes em todos os tempos: Lionel Messi em campo e Diego Armando Maradona como técnico. Treinando a seleção albiceleste desde outubro de 2008, Don Diego esperava transferir seu status de divindade a Messi, que ainda não havia feito uma grande competição com a camisa da seleção. Em 2009, Messi tinha sido eleito o melhor jogador do mundo pela primeira vez e estava chegando em seu auge técnico, treinado por Pep Guardiola no Barcelona.

Entre os 23 nomes convocados, alguns nomes de confiança de Maradona, como os veteraníssimos Juan Sebastián Verón (35 anos) e Martín Palermo (38). Mas outros homes históricos foram deixados de fora, como Javier Zanetti, Esteban Cambiasso e Juan Román Riquelme.

A defesa do goleiro Sergio Romero jogava em linha e era composta por Nicolás Otamendi, Martín Demichelis, Nicolás Burdisso e Gabriel Heinze, sem os avanços dos laterais. No meio, o capitão Javier Mascherano fazia a proteção, enquanto Maxi Rodríguez era o meia pela direita e Ángel Di María era seu espelho pela esquerda. Lionel Messi era o enganche, responsável pela criação das jogadas para a dupla de ataque, composta por Carlos Tevez e Gonzalo Higuaín. No banco, contava com ótimas opções do meio para frente, especialmente Kun Agüero (genro do treinador) e Diego Milito (em fase esplendorosa na Inter de Milão).

Na primeira fase, a Argentina enfrentou a Nigéria (como sempre) e venceu por 1 x 0. Na segunda partida, goleada sobre a Coreia do Sul por 4 x 1, com direito a um “hat trick” de Huguaín. No terceiro jogo, bateu a Grécia por 2 x 0. Nas oitavas de final, sofreu um pouco, mas venceu o México por 3 x 1.


(Imagem: BBC)

● O técnico Joachim Löw substituiu Jürgen Klinsmann em 2006 e levou a Alemanha ao vice-campeonato da Eurocopa dois anos depois, ganhando prestígio no país. Mas o comandante tinha vários desfalques de última hora para a disputa do Mundial. O zagueiro Heiko Westermann era cotado como titular, mas se machucou em um amistoso pouco antes de o técnico definir a lista dos 23 convocados.

Löw também não pôde contar com seus dois goleiros principais. Robert Enke seria o número 1, mas foi acometido de uma depressão e cometeu suicídio em novembro do ano anterior. René Adler quebrou as costelas às vésperas da convocação. Com isso, fram convocados Manuel Neuer (então no Schalke 04), Tim Wiese (que se tornaria fisiculturista e lutador de Wrestling tempos depois) e o veterano Hans-Jörg Butt, de 36 anos.

Mas a pior perda foi a do capitão Michael Ballack. Ele se contundiu dia 16 de maio, ao sofrer uma pancada no tornozelo desferida por Kevin-Prince Boateng. Prince é nascido na Alemanha, mas optou por representar a seleção de Gana (país de origem de seus pais). Na final da Copa da Inglaterra, ele atuava no Portsmouth e havia levado um tapa na cara de Ballack, do Chelsea, resolvendo revidar com a entrada dura. Curiosamente, essa lesão que afastou Ballack abriu espaço para a convocação de seu irmão Jérôme Boateng. Ao contrário de Prince, Jérôme optou por defender a seleção alemã e eles se tornariam os primeiros irmãos a se enfrentarem em uma Copa do Mundo, na terceira partida da primeira fase de 2010.

A defesa contava com o capitão Philipp Lahm e Jérôme Boateng nas laterais e o miolo de zaga tinha os lentos e experientes Per Mertesacker e Arne Friedrich. Com a perda de Ballack, o renovado meio campo contava com Sami Khedira e Bastian Schweinsteiger fazendo o balanço defensivo para a criação de Mesut Özil. Thomas Müller e Łukas Podolski eram os pontas e o inoxidável Miroslav Klose era o principal responsável pelos gols. No banco, destaques para o ainda jovem Toni Kroos, o meia Piotr Trochowski (que sempre entrava durante os jogos), além dos atacantes Mario Gómez e Cacau (nascido no Brasil).

Na fase de grupos, a Alemanha goleou a Austrália por 4 x 0 na estreia. Depois, perdeu para a Sérvia por 1 x 0 e venceu Gana pelo mesmo placar. Nas oitavas, a Alemanha se vingou de 1966 e goleou a Inglaterra por 4 x 1.


Joachim Löw armou a Alemanha no sistema 4-2-3-1.


Maradona escalou a Argentina no 4-3-1-2, com Messi fazendo o papel de “enganche”.

● As duas equipes haviam se enfrentado quatro meses antes em um amistoso, com vitória argentina por 1 x 0, com gol de Higuaín em passe de Di María. Felizmente a troca de provocações na véspera do jogo não se refletiu em campo.

A Alemanha queria decidir logo a sua sorte e armou uma “blitzkrieg” (“guerra relâmpago”). E conseguiu ser recompensada ao abrir o placar logo aos três minutos de partida. Schweinsteiger cobrou falta do bico esquerdo da área e Thomas Müller se antecipou a marcação de Otamendi para cabecear para o fundo das redes, contando com o mau posicionamento do goleiro argentino Romero.

A partir daí, o que se viu foi os sul-americanos tentarem ir à frente na base do talento individual, mas não conseguindo passar pela barreira defensiva alemã.

Aos 22′, Messi criou a jogada para Tevez, mas Neuer se antecipou para ficar com a bola.

Dois minutos depois, os germânicos deram o troco. Müller avançou pela direita e tocou para a marca do pênalti, mas Klose finalizou por cima.

Aos 32 min, Tevez puxou contragolpe e tocou para Di María, que invadiu a área e chutou fraco para a defesa de Neuer.

Com 55% de posse de bola, a Argentina até tentava criar, mas não conseguia finalizar com perigo. A Alemanha recuou demais e chegou a temer pelo empate.


(Imagem: Globo Esporte)

Aos três minutos do segundo tempo, Di María chutou da intermediária e a bola passou raspando à trave direita do arqueiro alemão.

Pecando muito nas finalizações, a Argentina tentava atacar desordenadamente e cedia espaços em sua defesa. Bastian Schweinsteiger era um monstro no meio de campo e a marcação sob pressão dos europeus encurtava os espaços e não deixava Messi se criar. O time argentino não tinha comando e a Alemanha explorava a fragilidade da marcação adversária. Mascherano sozinho não conseguia parar o rápido ataque teutônico, que foi mais eficiente nas chances que teve.

Na metade da etapa final, Sami Khedira avançou pela esquerda e tocou para Thomas Müller. Mesmo caído, ele conseguiu fazer o passe para Podolski cruzar rasteiro para o implacável Miroslav Klose ampliar o marcador.

Seis minutos depois, Schweinsteiger passou por Di María, Higuaín e Pastore e cruzou rasteiro para o zagueiro Friedrich fazer o terceiro gol alemão.

No último minuto do tempo normal, Schweinsteiger puxou contra-ataque e passou para Özil cruzar da esquerda para Klose bater de primeira no contrapé do goleiro Romero e marcar seu 14º gol na história das Copas – ficando a um tento de igualar Ronaldo Fenômeno.

Thomas Müller, melhor jogador alemão no Mundial, recebeu o segundo cartão amarelo na fase final da competição e estava suspenso para a semifinal contra a Espanha. A Alemanha até tentou segurar o irresistível “tiki-taka” espanhol, mas perdeu por 1 x 0, com um gol de cabeça de Carles Puyol. Na decisão do 3º lugar, venceu o renascido Uruguai por 3 x 2.


(Imagem: Goal)

FICHA TÉCNICA:

 

ALEMANHA 4 x 0 ARGENTINA

 

Data: 03/07/2010

Horário: 16h00 locais

Estádio: Green Point

Público: 64.100

Cidade: Cidade do Cabo (África do Sul)

Árbitro: Ravshan Irmatov (Uzbequistão)

 

ALEMANHA (4-2-3-1):

ARGENTINA (4-3-1-2):

1  Manuel Neuer (G)

22 Sergio Romero (G)

16 Philipp Lahm (C)

15 Nicolás Otamendi

17 Per Mertesacker

2  Martín Demichelis

3  Arne Friedrich

4  Nicolás Burdisso

20 Jérôme Boateng

6  Gabriel Heinze

6  Sami Khedira

14 Javier Mascherano (C)

7  Bastian Schweinsteiger

20 Maxi Rodríguez

13 Thomas Müller

7  Ángel Di María

8  Mesut Özil

10 Lionel Messi

10 Łukas Podolski

11 Carlos Tevez

11 Miroslav Klose

9  Gonzalo Higuaín

 

Técnico: Joachim Löw

Técnico: Diego Armando Maradona

 

SUPLENTES:

 

 

12 Tim Wiese (G)

21 Mariano Andújar (G)

22 Hans-Jörg Butt (G)

1  Diego Pozo (G)

5  Serdar Tasci

12 Ariel Garcé

4  Dennis Aogo

13 Walter Samuel

14 Holger Badstuber

3  Clemente Rodríguez

2  Marcell Jansen

5  Mario Bolatti

18 Toni Kroos

17 Jonás Gutiérrez

15 Piotr Trochowski

8  Juan Sebastián Verón

21 Marko Marin

23 Javier Pastore

19 Cacau

16 Sergio Agüero

9  Stefan Kießling

19 Diego Milito

23 Mario Gómez

18 Martín Palermo

 

GOLS:

3′ Thomas Müller (ALE)

68′ Miroslav Klose (ALE)

74′ Arne Friedrich (ALE)

89′ Miroslav Klose (ALE)

 

CARTÕES AMARELOS:

11′ Nicolás Otamendi (ARG)

35′ Thomas Müller (ALE)

80′ Javier Mascherano (ARG)

 

SUBSTITUIÇÕES:

70′ Nicolás Otamendi (ARG) ↓

Javier Pastore (ARG) ↑

 

72′ Jérôme Boateng (ALE) ↓

Marcell Jansen (ALE) ↑

 

75′ Ángel Di María (ARG) ↓

Sergio Agüero (ARG) ↑

 

77′ Sami Khedira (ALE) ↓

Toni Kroos (ALE) ↑

 

84′ Thomas Müller (ALE) ↓

Piotr Trochowski (ALE) ↑

Gols da partida:

Gols do jogo (em português) e reportagem da Rede Globo:

… 02/07/1982 – Brasil 3 x 1 Argentina

Três pontos sobre…
… 02/07/1982 – Brasil 3 x 1 Argentina


(Imagem: UOL)

● Pela terceira Copa do Mundo seguida, Brasil e Argentina se enfrentavam na segunda fase. Nas duas vezes anteriores eram quadrangulares, mas dessa vez eram três times e só o vencedor da chave passava às semifinais. Os pesos-pesados Brasil, Argentina e Itália estavam no mesmo grupo. Esse foi o verdadeiro conceito de um “grupo da morte”.

O técnico Telê Santana contava com um excelente time, com destaque para o quarteto de meio campo: Cerezo, Falcão, Sócrates e Zico. No comando da Seleção, Telê havia perdido apenas duas partidas: uma em seu segundo jogo (15/06/1980), no amistoso contra a URSS no Maracanã (1 x 2), e outra na final no Mundialito (em 10/01/1980), contra o Uruguai (1 x 2).

O time chegou em plena forma à Espanha e obteve 100% de aproveitamento na primeira fase. Primeiro venceu de virada o bom time da União Soviética por 2 x 1. Depois, goleou Escócia (4 x 1) e Nova Zelândia (4 x 0). Discutivelmente, era o melhor time do mundo e encantava pelo jogo leve e vistoso. Mas o primeiro desafio “de verdade” seria o clássico sul-americano.

A Argentina chegou como campeã do mundo, mas estreou perdendo para a Bélgica por 1 x 0. Depois, venceu a Hungria por 4 x 1 e El Salvador por 2 x 0. Na primeira partida da fase final, perdeu para a Itália por 2 x 1. Agora, precisava vencer o Brasil para ainda ter alguma chance de classificação.

O treinador portenho César Luis Menotti montou um time com jogadores talentosos, mas não conseguiu repetir 1978. O time titular era praticamente o mesmo, com um “pequeno acréscimo”: o jovem Diego Armando Maradona.

Por ter obtido uma melhor colocação na primeira fase, a Seleção Brasileira pôde ter mais tempo para se preparar. Foram nove dias entre a vitória sobre a Nova Zelândia e o jogo contra os hermanos. Folgou na primeira rodada do triangular e assistiu de camarote à vitória por 2 x 1 dos italianos sobre os argentinos – que ainda perderam o volante Américo Gallego para a partida decisiva, expulso por chutar Marco Tardelli sem bola.


O Brasil atuava no 4-4-2, um sistema montado para acomodar os quatro destaques no meio campo. Os laterais eram bastante ofensivos e até o zagueiro Luizinho gostava de se aventurar no ataque. Faltava alguém na ponta direita, tanto para atacar, quanto para defender.


A Argentina atuava no 4-3-3, com Kempes chegando sempre ao ataque e Maradona recuando para armar o jogo, aparecendo em todos os lados.

● Esse era o duelo esperado pelo mundo todo: a equipe que estava apresentando o melhor e mais técnico futebol, contra os atuais campeões do mundo. E só a vitória valia para o albicelestes.

Por isso, a Argentina começou com tudo. Logo aos dois minutos, Mario Kempes fez boa jogada pela esquerda e cruzou para a área. Juan Barbas cabeceou forte, mas Waldir Peres segurou firme.

Mas o jogo mudou aos 11 minutos de partida. Após um contra-ataque rápido, Daniel Passarella fez falta em Serginho Chulapa na intermediária. Na cobrança, Éder soltou um de seus canhões e a bola fez uma curva impressionante. A bola merecia entrar direto, mas Ubaldo Fillol desviou de leve e ela explodiu na trave e quicou em cima da linha, sobrando limpa para Zico chegar antes de Serginho e só tocá-la para o gol vazio. Foi o quarto gol de Zico na Copa.

Mas o jogo continuou da mesma forma: a Argentina atacando o lado direito brasileiro (que não tinha um ponta para recompor e auxiliar a marcação, como Éder fazia pelo lado esquerdo) e o Brasil apostando nos contragolpes.

Falcão fez uma partida impecável, tanto defensiva quanto ofensivamente. Aos 33′, ele recebeu um belo passe de Leandro e chutou por cima, dando um susto em Fillol.

Aos 41′, Júnior lançou para Falcão, que tabelou com Sócrates pelo alto e bateu de esquerda, sem deixar a bola cair. Novamente a bola foi por cima do gol argentino.

Maradona cobrou escanteio, Passarella subiu entre Sócrates e Oscar e cabeceou bem, mas Waldir espalmou para cima.

No segundo tempo, a Argentina voltou com Ramón Díaz no lugar de Mario Kempes. Com isso, Maradona passou a jogar mais recuado, articulando o jogo e livre para se movimentar.

Aos 2′, o bom volante Osvaldo Ardiles foi o protagonista da primeira das muitas pancadas distribuídas pelos argentinos. Ele deu um pisão no tornozelo de Sócrates, que precisou ser atendido por mais de cinco minutos fora dos gramados.

Poucos minutos depois, Maradona fez uma linda jogada individual e deixou Júnior no chão. O lateral brasileiro levantou e deu um imprudente carrinho por trás, atingindo o tornozelo do Pibe dentro da área, mas o árbitro mandou o jogo seguir de forma equivocada – foi pênalti.

Aos 10′, Cerezo arriscou de fora da área e Fillol defendeu bem. Em uma cobrança de falta ensaiada cinco minutos depois, Éder rolou para Cerezo chutar novamente de longe e assustar o arqueiro argentino.

Pelo futebol apresentado, o segundo gol brasileiro demorou muito, mas o intervalo entre um gol e outro foi de futebol extraordinário, mágico, que encantava os 44 mil expectadores no estádio Sarrià, em Barcelona. O foco estava em Maradona, mas a estrela foi Zico.

Aos 21′, Sócrates abriu com Éder na esquerda e o ponta deixou com Zico no meio. O Galinho de Quintino viu Falcão aparecendo no espaço vazio na ponta direita e lançou no ponto futuro, nas costas do lateral esquerdo Alberto Tarantini. Falcão dominou, levantou a cabeça e cruzou na segunda trave para Serginho cabecear de cima para baixo, sem chances para Fillol. Foi uma linda e envolvente troca de passes do escrete canarinho, que resultou no segundo gol de Chulapa no Mundial. Brasil 2 a 0.

Cada gol era comemorado com muita extravagância. Fazia parte do espetáculo que só o brasileiro era capaz de proporcionar, dentro e fora de campo.


(Imagem: Veja)

A Argentina não conseguia construir jogadas de perigo. Sempre parava na entrada da área brasileira e tinha dificuldades de recuperar a posse de bola. O placar poderia estar ainda maior se o Brasil não perdesse tantos gols.

A linha de impedimento muito mal feita pelos argentinos rendeu também o terceiro gol brasileiro, aos 30′. Sócrates deixou de calcanhar para Falcão. O Rei de Roma tabelou com Éder. Júnior recebeu e deixou com Zico no meio. Com muita visão de jogo, o camisa 10 percebeu a infiltração do lateral flamenguista e fez o passe perfeito em profundidade na diagonal, nas costas da defesa. Júnior recebeu livre e tocou de esquerda entre as pernas de Fillol. Brasil 3 a 0.

“A diagonal é fundamental, porque é a possibilidade de a bola chegar e o cara não entrar em impedimento.” ― Zico

Na base do desespero, até Passarella se lançou à frente. Aos 32 min, Maradona deixou o capitão em condição de finalizar, próximo ao bico da grande área. Ele chutou bem, mas Waldir desviou para escanteio em uma ótima defesa.

Pouco depois, o mesmo Passarella perdeu a compostura e deu uma entrada criminosa em Zico. O meia brasileiro precisou sair para a entrada de Batista. Telê tinha acabado de colocar Edevaldo no lugar de Leandro, que havia sentido uma lesão ainda durante o treinamento.

Aos 40′, Batista deu uma entrada dura em Juan Barba, Maradona revidou com um coice no estômago do brasileiro e foi prontamente expulso pelo juiz mexicano Mario Rubio Vázquez. Na reclamação, Falcão recebeu o primeiro cartão amarelo da Seleção Brasileira em todo o Mundial.

“Na verdade, o Maradona me disse depois que a intenção dele era dar aquela pancada em mim. Só depois ele deu percebeu que era o Batista.” ― Falcão

Maradona extravasou toda sua frustração em uma falta maldosa. Certamente ele queria ter feito mais em sua primeira Copa do Mundo, mas sofreu nas mãos de zagueiros maldosos (especialmente do italiano Claudio Gentile) e de árbitros condescendentes.

Menotti buscava no cigarro o consolo habitual e os albicelestes só marcaram o gol de honra no último minuto de jogo por causa de um erro na saída de bola brasileira. Tatantini roubou a bola de Batista e tocou para Ramón Díaz na entrada da área. O argentino viu o Waldir Peres adiantado e chutou de esquerda com efeito, acertando no ângulo direito do goleiro brasileiro.

Essa foi a apresentação mais espetacular da Seleção de 1982. Com esse resultado, a Argentina estava eliminada e o Brasil jogaria por um empate com a Itália para ir às semifinais da Copa de 1982.


(Imagem: Veja)

“As oportunidades apareceram, o jogo fluiu e a gente fez jogadas realmente muito boas, gols maravilhosos. A Argentina precisava ganhar. Veio, se abriu, apareceram os espaços. No primeiro gol, eu meti a bola pro Serginho no meio de dois argentinos, e o Passarella, último homem, fez a falta que o Éder bateu e eu fiz o gol. O segundo gol, quando eu dominei a bola, o Falcão passou pelo lado, eu meti a bola pra ele e ele deu pro Serginho fazer o gol. E o terceiro gol, a mesma coisa. Já tinham acontecido jogadas que a gente entrava na cara do gol toda hora. Aquele time da Argentina fazia muita linha [de impedimento], e aí ficava muito fácil.” ― Zico

Com apenas 21 anos, Maradona já tinha a marra que lhe acompanharia até os dias de hoje. Ele passou a cobrar US$ 5 mil para cada entrevista concedida a partir da segunda fase. E já atacava seus críticos: “Pelé precisa estar no time e enfrentar a marcação constante de quatro defensores para depois opinar”. E continuou alfinetando o Rei do Futebol na chegada a Buenos Aires, após a eliminação da Argentina: “Pelé é um tagarela que tem de falar de mim ou de Rummenigge para sair nas revistas”.

Na comemoração do terceiro gol brasileiro, o Maestro Júnior sambou ao som imaginário da música que ele mesmo gravou poucos meses antes do Mundial: “Povo feliz”, conhecida pelo refrão: “voa canarinho, voa”. Composta por Memeco e Nonô do Jacarezinho, a música foi a trilha sonora dos bailes brasileiros em gramados espanhóis. O compacto alcançou o certificado de disco de platina, com 726 mil cópias vendidas.

Na partida seguinte, o Brasil perdeu por 3 x 2 para a Squadra Azzurra e deu adeus à competição. Mas mesmo assim, a Seleção de 1982 entrou para a história como uma das melhores e mais vistosas equipes de todos os tempos.


(Imagem: Pinterest)

FICHA TÉCNICA:

 

BRASIL 3 x 1 ARGENTINA

 

Data: 02/07/1982

Horário: 17h15 locais

Estádio: Sarrià

Público: 44.000

Cidade: Barcelona (Espanha)

Árbitro: Mario Rubio Vázquez (México)

 

BRASIL (4-3-3):

ARGENTINA (4-3-3):

1  Waldir Peres (G)

7  Ubaldo Fillol (G)

2  Leandro

14 Jorge Olguín

3  Oscar

8  Luis Galván

4  Luizinho

15 Daniel Passarella (C)

6  Júnior

18 Alberto Tarantini

5  Toninho Cerezo

1  Osvaldo Ardiles

15 Falcão

3  Juan Barbas

10 Zico

10 Diego Armando Maradona

8  Sócrates (C)

4  Daniel Bertoni

9  Serginho Chulapa

5  Gabriel Calderón

11 Éder

11 Mario Kempes

 

Técnico: Telê Santana

Técnico: César Luis Menotti

 

SUPLENTES:

 

 

12 Paulo Sérgio (G)

2  Héctor Baley (G)

22 Carlos (G)

16 Nery Pumpido (G)

13 Edevaldo

19 Enzo Trossero

14 Juninho Fonseca

22 José Van Tuyne

16 Edinho

13 Julio Olarticoechea

17 Pedrinho Vicençote

9  Américo Gallego

18 Batista

12 Patricio Hernández

7  Paulo Isidoro

21 José Daniel Valencia

19 Renato Pé Murcho

17 Santiago Santamaría

20 Roberto Dinamite

6  Ramón Díaz

21 Dirceu

20 Jorge Valdano

 

GOLS:

11′ Zico (BRA)

66′ Serginho Chulapa (BRA)

75′ Júnior (BRA)

89′ Ramón Díaz (ARG)

 

CARTÕES AMARELOS:

33′ Daniel Passarella (ARG)

77′ Waldir Peres (BRA)

85′ Falcão (BRA)

 

CARTÃO VERMELHO: 85′ Diego Armando Maradona (ARG)

 

SUBSTITUIÇÕES:

INTERVALO Mario Kempes (ARG) ↓

Ramón Díaz (ARG) ↑

 

64′ Daniel Bertoni (ARG) ↓

Santiago Santamaría (ARG) ↑

 

82′ Leandro (BRA) ↓

Edevaldo (BRA) ↑

 

83′ Zico (BRA) ↓

Batista (BRA) ↑

Veja aqui os belos gols da partida:

Música “Voa canarinho, voa”, com imagens da Seleção Brasileira na Copa de 1982: