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… Cafu jogando no Juventude em 1995

Três pontos sobre…
… Cafu jogando no Juventude em 1995

Você sabia que Cafu jogou no Juventude um ano depois de ser campeão do mundo pela Seleção Brasileira?

A Parmalat, patrocinadora do Palmeiras e do Juventude na época, usou o clube gaúcho como uma ponte para burlar uma cláusula que o São Paulo incluiu na venda de Cafu ao Zaragoza.

Veja todos os detalhes no vídeo.

… Garrincha e o restaurante francês

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… Garrincha e o restaurante francês

Durante uma excursão à Europa, a Seleção precisou fazer escala em Paris e os jogadores acabaram almoçando no próprio restaurante do aeroporto.

Veja aqui mais uma das histórias hilárias de Mané Garricha, que estaria completando 88 anos hoje.

… Atuação da Anvisa no “Brasil x Argentina”

Três pontos sobre…
… Atuação da Anvisa no “Brasil x Argentina”


(Imagem: Marcello Zambrana / AGIF / Agência de Fotografia / Estadão)

Concordando ou não, a Anvisa tem não apenas o direito, mas o dever de retirar de campo os jogadores argentinos que deveriam cumprir quarentena ao entrar em território brasileiro ao chegarem do Reino Unido, Índia e África do Sul.

A princípio, isso tentou ser feito pela Polícia Federal antes de ser necessário se fazer ao vivo em uma emissora de TV de alcance nacional.

Mas, pelo que parece, os argentinos bateram de frente com as autoridades brasileiras, com a conivência da CBF e da Conmebol, e mandaram a campo três dos quatro jogadores que deveriam ter cumprido a tal quarentena.

Por algo semelhante – mas por restrições do governo britânico – a Seleção Brasileira precisou desconvocar nove jogadores e fez isso.

Seguindo as leis sanitárias e desportivas, a Argentina deveria fazer as três alterações e ser obrigada a voltar ao jogo. Por muito menos, os brasileiros foram obrigados a voltar a campo na Copa América de 1946, após Chico ser desmaiado de tanto apanhar pela polícia argentina. Deveria ter jogo sem esses jogadores. Simples assim.

Mas sabemos como são os argentinos, como ganharam duas Copas do Mundo e várias Copas Américas: na marra.

(Imagem: R7)

Nunca se viu uma pandemia como essa e todos os protocolos deveriam e deverão ser respeitados.

Pouca coisa é mais importante que o futebol. A vida é uma delas. E já são mais de 580 mil vidas perdidas apenas no Brasil.

Independente do posicionamento político, todos já perdemos amigos, familiares ou conhecidos por essa maldita pandemia.

Não se trata de política, nunca foi e nunca será. Se trata das regras e elas têm que ser cumpridas por quem quer que seja. Ninguém está imune a elas, nem o futebol.

Independentemente de gostar ou não da CBF, da Seleção Brasileira ou dos jogadores que lá estão, a Anvisa agiu certo. A seleção argentina agiu errado.

Ou voltam a campo com três alterações ou deveriam perder o jogo por ter abandonado a partida. Simples assim. Regras são regras.


(Imagem: Gazeta do Povo)

… 31/07/1996 – Nigéria 4 x 3 Brasil

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… 31/07/1996 – Nigéria 4 x 3 Brasil


“Kanu é perigoso. Entrou, bateu… Acabou… Terminoooouu…” (Imagem: Aoi Football)

● Durante muitos anos a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos foi uma obsessão para o futebol brasileiro.

E várias foram as oportunidades. Em oito edições disputadas anteriormente (1952, 1960, 1964, 1968, 1972, 1976, 1984 e 1988), o Brasil havia conseguido apenas duas medalhas de prata (1984 e 1988).

No Torneio Pré-Olímpico de 1992, o Brasil nem conseguiu a qualificação para as Olimpíadas, mesmo contando com grandes jogadores como Cafu, Roberto Carlos, Márcio Santos, Dener, Élber, Elivélton e Marcelinho Carioca.

Mas tudo mudou na preparação para 1996 – menos os craques em abundância. Roberto Carlos agora tinha a companhia de Dida, Zé Maria, Amaral, Flávio Conceição, Juninho Paulista e Sávio. Com cinco vitórias e dois empates, a classificação veio sem sustos.

Para as Olimpíadas de Atlanta, o veterano técnico Zagallo pôde contar com uma equipe de altíssimo nível. Além dos destaques do Pré-Olímpico, Ronaldo Fenômeno também estava no elenco. Os jogadores maiores de 23 anos foram o zagueiro Aldair, o meia Rivaldo e o atacante Bebeto – capitão da equipe.

O Brasil foi o líder do Grupo D. Na estreia, um susto ao perder para o Japão por 1 x 0, com o gol saindo em uma trapalhada de Aldair e Dida. No segundo jogo o Brasil venceu a Hungria por 3 x 1. Na terceira rodada, um gol de Ronaldo deu a vitória sobre a Nigéria por 1 x 0. Nas quartas de final, novo triunfo brasileiro, dessa vez sobre Gana, por 4 x 2. As semifinais previam um aguardado reencontro com os nigerianos.

Treinada pelo holandês Jo Bonfrère, a Nigéria contava com alguns dos grandes nomes de sua história, como o zagueiro Taribo West, o lateral Celestine Babayaro, os meias Sunday Oliseh, Garba Lawal e Jay-Jay Okocha, além dos atacantes Emmanuel Amunike, Tijani Babangida, Victor Ikpeba, Daniel Amokachi e Nwankwo Kanu. Os jogadores maiores de 23 anos foram o zagueiro Uche Okechukwu, além de Amunike e Amokachi.

Na primeira fase, as Super Águias venceram Hungria (1 x 1) e Japão (2 x 0), antes da derrota para o Brasil. Nas quartas, bateram o México do goleiro Jorge Campos por 2 x 0.


O técnico Jo Bonfrère escalou a Nigéria com um esquema ofensivo, com um grande número de atacantes de origem. Se o sistema defensivo ficava desguarnecido, o ataque era fulminante.


Zagallo preferiu sacar Rivaldo e escalar o time com três volantes. Juninho era o responsável pela armação.

● Zagallo foi acertando o time titular ao longo da competição. Na segunda partida ele já havia trocado Amaral por Zé Elias, além de sacar Sávio para a entrada de Ronaldo.

Para a semifinal, o técnico tirou Rivaldo para a volta de Amaral. Rivaldo não estava bem na competição, mas escalar o time com três volantes acabaria se provando um erro por deixar Juninho sobrecarregado na criação das jogadas ofensivas.

A partida foi disputada na cidade de Athens, no estado da Geórgia.

A Seleção Brasileira era franca favorita e começou justificando tal favoritismo.

Pouco depois do apito inicial, Amunike fez falta em Bebeto. Falta frontal na intermediária ofensiva. Uma cobrança no lugar perfeito para Roberto Carlos, certo? Mas quem cobrou foi Flávio Conceição. A bola foi forte e rasteira, desviou na barreira e tirou o goleiro Joseph Dosu da jogada. Brasil, 1 a 0.

A Nigéria começou uma série incessante de ataques, com muita movimentação na linha de frente, principalmente de Amokachi. A defesa brasileira batia cabeça e não sabia como marcar.

O empate das Super Águias veio aos 20 minutos. Da direita, Mobi Oparaku virou o jogo de pé trocado. Babayaro dominou dentro da área, passou pela marcação de Zé Maria e chutou cruzado. A bola iria para fora, mas Roberto Carlos se precipitou e pôs o pé, desviando para o gol. Gol contra. Brasil 1, Nigéria 1.

Aos 28′, quando a Nigéria parecia mais próxima da virada, o Brasil passou à frente novamente. Ronaldo ganhou de West pela direita e, mesmo tendo Bebeto desmarcado dentro da área, o “Fenômeno” bateu para o gol. Dosu defendeu, mas soltou a bola nos pés do artilheiro Bebeto, que só escorou para o gol. Brasil, 2 a 1.

A vantagem foi ampliada aos 37′. Bebeto voltou para armar o jogo e fez um lançamento para a entrada da área. Juninho escorou com o peito para a infiltração de Flávio Conceição, que invadiu a área e tocou na saída do goleiro.


Taribo West na marcação de Ronaldo. Eles jogaram juntos na Inter de Milão (Imagem: Rádio Globo)

Aos 15′ do segundo tempo, Flávio Conceição derrubou Amokachi dentro da área brasileira. Okocha bateu o pênalti quase no meio do gol, pouco mais para a esquerda, à meia altura. Dida acertou o canto e defendeu com a perna direita.

A vitória parecia certa. Com o jogo nas mãos, Zagallo começou a poupar seus melhores jogadores, pensando na final contra a Argentina – que já havia vencido Portugal por 2 x 0.

Aos 22′, Juninho saiu para a entrada de Rivaldo.

“Juninho estava cansado, precisávamos de ter mais força no meio-campo.” ― Zagallo

“Estou desapontado porque ainda me sentia muito bem.” ― Juninho Paulista

Aos 33′, o Brasil teve um contra-ataque para matar o jogo, mas Rivaldo prendeu demais e perdeu a bola para West, que ligou novo contragolpe. A bola chegou a Amokachi, que deu um passe na medida para Ikpeba vir da esquerda e chegar chutando forte de primeira. A bola foi no canto esquerdo, sem chances de defesa para Dida. Brasil 3, Nigéria 2.

Mas o jogo já estava praticamente decidido. A cinco minutos do fim, saiu Ronaldo para a entrada de Sávio.

“Ronaldo tinha uma contusão no joelho e dores musculares.” ― Zagallo

Nos segundos finais, Amokachi (o melhor em campo) brigou pela bola e conseguiu um lateral. Okocha fez um arremesso longo para a área, Teslim Fatusi recebeu livre e tocou a frente. A bola bateu de leve em Aldair e sobrou para Kanu dentro da pequena área. Com extremo sangue frio, ele dominou levantando a bola e, ao mesmo tempo, tirando Dida da jogada, e já virou batendo para o gol. Incrível! A Nigéria foi buscar um inacreditável empate! Brasil 3, Nigéria 3.

A Seleção Brasileira entrou muito nervosa e sem confiança na prorrogação.

Na época, existia a regra da “morte súbita”, “gol de ouro” ou “golden goal”, em que vencia quem marcasse o primeiro gol na prorrogação.

E o favoritismo brasileiro “morreu” logo aos quatro minutos.

Wilson Oruma fez um lançamento longo, a bola bateu nas costas de Ikpeba e sobrou para Kanu. Ele dominou cortando Aldair e bateu cruzado de perna esquerda, fazendo o “gol de ouro”.

“Marquei muitos assim pelo meu clube, o Ajax. Vi que os zagueiros estavam virados para mim, por isso driblei e finalizei.” ― Nwankwo Kanu


Roberto Carlos foi um dos que sofreram para marcar o imparável Nwankwo Kanu (Imagem: Papo de Homem)

● Provavelmente esse foi o maior jogo de futebol nos Jogos Olímpicos de todos os tempos.

E essa partida acabou se tornando o maior trauma do futebol olímpico brasileiro.

Alguns anos depois, Zagallo afirmou em uma entrevista que o jogo contra a Nigéria foi a maior decepção de sua carreira – mais até do que a final da Copa do Mundo de 1998.

“É incrível, tivemos tantas oportunidades. Estávamos na frente na semifinal contra a Nigéria, por 3 a 1. Faltando dez minutos para o final do jogo, sofremos um apagão. E acabamos perdendo por 4 a 3.” ― Ronaldo

“Viemos aqui ganhar o ouro, e agora apenas podemos ficar com o bronze. Para o Brasil não é grande coisa.” ― Juninho Paulista

Na decisão do 3º lugar, o Brasil goleou Portugal de Nuno Gomes por 5 x 0, com três gols de Bebeto, garantindo o lugar no pódio com a medalha de bronze.

Na final, a Nigéria enfrentou a poderosa Argentina de Ayala, Chamot, Sensini, Zanetti, Almeyda, Simeone, Gallardo, Ortega, Marcelo Delgado, Claudio López e Hernán Crespo. As Super Águias estiveram em desvantagem novamente por duas vezes, mas viraram para 3 x 2, com um gol de Amunike no minuto final da partida.

Com esse resultado, a Nigéria se tornou o primeiro país africano e o primeiro não-europeu ou não-sul-americano a conquistar a medalha de ouro olímpica no futebol. Foi afirmação do futebol africano em uma competição de alto nível.

“Isto significa tudo para a Nigéria. O futebol é a única coisa que nos une. Para o povo do meu país é o dia mais feliz das suas vidas.” ― Jay-Jay Okocha

“Garanto que no momento em que falo agora toda a África está celebrando. Ninguém vai dormir esta noite, todo mundo está feliz. O título é para todos os países africanos.” ― Sunday Oliseh


Seleção nigeriana campeã olímpica em Atlanta 1996 (Imagem: Twitter @essediafoilouco)

FICHA TÉCNICA:

 

NIGÉRIA 4 x 3 BRASIL

 

Data: 31/07/1996

Horário: 18h00 locais

Estádio: Sanford Stadium

Público: 78.587

Cidade: Athens (Estados Unidos)

Árbitro: José María García-Aranda (Espanha)

 

NIGÉRIA (4-4-2):

BRASIL (4-4-2):

18 Dosu Joseph (G)

1  Dida (G)

17 Mobi Oparaku

2  Maria

5  Uche Okechukwu

3  Aldair

3  Taribo West

4  Ronaldo Guiaro

2  Celestine Babayaro

6  Roberto Carlos

10 Jay-Jay Okocha

15 Zé Elias

13 Garba Lawal

8  Amaral

6  Emmanuel Amunike

5  Flávio Conceição

4  Nwankwo Kanu (C)

9  Juninho Paulista

7  Tijani Babangida

7  Bebeto (C)

14 Daniel Amokachi

18 Ronaldo

 

Técnico: Jo Bonfrère

Técnico: Zagallo

 

SUPLENTES:

 

 

1  Emmanuel Babayaro (G)

12 Danrlei (G)

12 Abiodun Obafemi

13 Narciso

16 Kingsley Obiekwu

14 André Luiz

15 Sunday Oliseh

16 Marcelinho Paulista

8  Wilson Oruma

10 Rivaldo

9  Teslim Fatusi

11 Sávio

11 Victor Ikpeba

17 Luizão

 

GOLS:

1′ Flávio Conceição (BRA)

20′ Roberto Carlos (NIG) (gol contra)

28′ Bebeto (BRA)

38′ Flávio Conceição (BRA)

78′ Victor Ikpeba (NIG)

90′ Nwankwo Kanu (NIG)

94′ Nwankwo Kanu (NIG) (gol de ouro)

 

CARTÕES AMARELOS:

23′ Roberto Carlos (BRA)

31′ Mobi Oparaku (NIG)

39′ Tijani Babangida (NIG)

53′ Garba Lawal (NIG)

73′ Rivaldo (BRA)

86′ Ronaldo (BRA)

87′ Daniel Amokachi (NIG)

 

SUBSTITUIÇÕES:

INTERVALO Emmanuel Amunike (NIG) ↓

Victor Ikpeba (NIG) ↑

 

67′ Tijani Babangida (NIG) ↓

Teslim Fatusi (NIG) ↑

 

67′ Juninho Paulista (BRA) ↓

Rivaldo (BRA) ↑

 

82′ Mobi Oparaku (NIG) ↓

Wilson Oruma (NIG) ↑

 

85′ Ronaldo (BRA) ↓

Sávio (BRA) ↑

Jogo completo:

Melhores momentos (Rede Globo):

“Kanu é perigoso. Entrou, bateu… Acabou… Terminoooouu…”:

… 15/07/1966 – Hungria 3 x 1 Brasil

Três pontos sobre…
… 15/07/1966 – Hungria 3 x 1 Brasil


(Imagem: Pinterest)

● Como já contamos aqui, a preparação da Seleção Brasileira para a Copa do Mundo de 1966 foi uma bagunça homérica, com 47 jogadores convocados. Após várias bizarrices, o escrete canarinho acabou se tornou uma mescla mal feita entre alguns craques bicampeões nas duas Copas anteriores, com Gylmar, Djalma Santos, Bellini, Orlando, Zito, Garrincha e Pelé, além de jogadores que viriam a encantar o mundo em 1970, como Brito, Gérson, Tostão e Jairzinho. Várias unanimidades ficaram fora da lista final, como Carlos Alberto Torres, Djalma Dias, Roberto Dias, Servílio e outros.

Em termos de qualidade, a Hungria não ficava atrás. No qualificatório europeu, terminou com três vitórias e um empate, deixando para trás a Alemanha Oriental e a Áustria. Com esse mesmo time base, havia conquistado a medalha de bronze nas Olimpíadas de Roma, em 1960. Depois, terminou em 3º lugar na Eurocopa de 1964 e ficou com a medalha de ouro dos Jogos Olímpicos de Tóquio, também em 1964. Os maiores destaques eram o defensor Kálmán Mészöly, o ponta direita Ferenc Bene e o atacante Flórián Albert, que seria eleito o Bola de Ouro de 1967.

A Hungria perdeu para Portugal por 2 x 1 na primeira partida.

O Brasil começou bem, vencendo uma frágil Bulgária por 2 a 0, na última partida de Pelé e Garrincha juntos pela Seleção. Eles nunca perderam atuando juntos. Foram 40 partidas, com 36 vitórias e quatro empates. Curiosamente os dois gols contra os búlgaros foram em cobranças de falta diretas, um anotado pelo Rei e outro por Mané.


Ambas as equipes jogavam no sistema tático 4-2-4.

● Pelé havia levado tanta pancada no jogo contra a Bulgária, que não teve condições físicas de enfrentar a Hungria. Ele foi substituído por Tostão. No meio, saiu Denílson e entrou Gérson, com Lima recuado para a marcação.

Mesmo sem o Rei, o Brasil começou no ataque e dei um susto no goleiro húngaro logo no pontapé inicial. Tostão e Alcindo Bugre deram a saída de bola e rolaram para Gérson mais atrás. Ele passou para Tostão, que abriu na esquerda para Paulo Henrique, que deu um passe vertical para Jairzinho. O craque arrancou na diagonal da esquerda para o meio, deixou Benő Káposzta no chão e avançou até parar na marcação de Ferenc Sipos. Gérson pegou a sobra, atrasou para Lima, que abriu na direita para Djalma Santos. Ele avançou e devolveu para Lima na intermediária ofensiva. O coringa do Santos dominou e bateu com veneno de muito longe. A bola ia no ângulo, mas o goleiro József Gelei voou para espalmar para escanteio.

Mas na sequência retrucou. János Farkas chutou de longe e Gylmar voou no canto esquerdo baixo para mandar a bola para a linha de fundo.

O início do jogo estava muito acelerado. Ainda no segundo minuto, Ferenc Bene invadiu a área pelo lado direito, deixou Altair sentado, cortou a marcação de Bellini e bateu de perna esquerda no contrapé de Gylmar. Hungria, 1 a 0.

Mas o Brasil empatou aos 14′. Paulo Henrique fez o lançamento e Gyula Rákosi cortou com a mão. Falta da intermediária. Lima bateu forte e rasteira, a bola desviou em Sándor Mátrai e sobrou para Tostão na marca do pênalti. De primeira, o craque do Cruzeiro mandou no ângulo esquerdo. 1 a 1.

O escrete canarinho quase conseguiu a virada. Tostão cruzou da ponta esquerda, a bola passou pelo goleiro Gelei e bateu em Alcindo – que não conseguiu finalizar direito. A bola estava entrando no gol, mas o capitão Sipos tirou em cima da linha e impediu o gol certo.

Não era mesmo o dia de Alcindo. Ainda aos 20′ do primeiro tempo, ele torceu o tornozelo sozinho e se lesionou, perdendo a mobilidade e ficando estático em campo.

No segundo tempo, Flórián Albert abriu na direita e Bene fez o cruzamento para a área. A bola desviou na marcação e sobrou para Farkas. Dentro da área, ele bateu de primeira. A bola saiu à esquerda, mas assustou muito o goleiro Gylmar.

O Brasil escapou de Farkas uma vez, mas não escaparia da segunda. Aos 19′, Bene cruzou para a marca do pênalti e János Farkas emendou de primeira, sem deixar cair. A bola foi no canto esquerdo, sem chances para o goleiro brasileiro. Hungria, 2 a 1.

O gol animou os magiares e desorientou os brasileiros. A Hungria se aproveitou da situação para ampliar.

Aos 28′, Albert arrancou desde a sua intermediária, passou entre Gérson e Lima e abriu na direita para Bene. No bico da grande área, ele deixou Altair no chão e foi derrubado por Paulo Henrique. Kálmán Mészöly bateu o pênalti forte e rasteiro, no canto direito de Gylmar, que nem pulou. Hungria, 3 a 1.


(Imagem: MTI / LVB)

Aos 33′, Albert avançou a bola desde a intermediária até quase a pequena área. Farkas surgiu de trás, pela esquerda, e bateu de pé esquerdo, colocando a bola no ângulo do Gylmar. A defesa brasileira não reclamou, mas o bandeirinha peruano Arturo Yamasaki apontou o impedimento de Bene, fora do lance.

O Brasil tentou correr atrás do prejuízo. Garrincha cobrou falta da direita e Alcindo bateu de primeira, mas a bola foi em cima do goleiro húngaro, que espalmou para escanteio.

Pouco depois, Paulo Henrique cruzou para a área e Gelei mergulhou para segurar.

Mas a Hungria continuava assustando nos contra-ataques. Bene viu a infiltração de Albert e fez o passe. Ele passou fácil pelo lento Bellini. Gylmar saiu mal do gol. Albert finalizou, mas a bola bateu no pé da trave e foi para fora.

Ao contrário do futebol defensivo visto na Copa até então, Brasil e Hungria jogaram para frente o tempo todo. No total, foram 56 ataques dos dois times.

A desilusão dos brasileiros foi enorme quando o árbitro inglês Ken Dagnall apitou o fim do jogo. O Brasil perdeu a sua primeira partida em uma Copa do Mundo desde 1954, quando havia sido derrotado pela mesma Hungria na famigerada Batalha de Berna. Curiosamente, Djalma Santos participou dessas duas partidas contra os magiares.

Ao todo, foram doze anos e treze jogos de invencibilidade em Copas. Foi o início do fim da ex-imbatível Seleção Brasileira.

Foi também o último dos 58 jogos de Garrincha pela Seleção Brasileira e ele só perdeu um: exatamente esse.


(Imagem: Magyarfutball.hu)

● A derrota não estava nos planos da delegação brasileira. O clima entre os jogadores e comissão técnica já era ruim, mas piorou ainda mais. A falta de união e o despreparo psicológico fizeram a situação ficar insustentável.

Para a última rodada, contra Portugal, o técnico Vicente Feola trocou quase todo o time e trouxe de volta Pelé, que estava em péssimas condições físicas. A marcação portuguesa caçou o Rei em campo e o deixou definitivamente fora de combate. Eusébio liderou a seleção lusitana que venceu o Brasil por 3 x 1. Vergonhosamente, a Seleção Brasileira, bicampeã nos dois Mundiais anteriores, estava eliminada na primeira fase da Copa do Mundo de 1966.

A Hungria encerrou sua participação com o segundo lugar do Grupo 3, após vencer a Bulgária por 3 x 1. Nas quartas de final, a Hungria foi eliminada ao perder para a União Soviética por 2 x 1.


(Imagem: Getty Images / Popperfoto)

FICHA TÉCNICA:

 

HUNGRIA 3 x 1 BRASIL

 

Data: 15/07/1966

Horário: 19h30 locais

Estádio: Goodison Park

Público: 51.387

Cidade: Liverpool (Inglaterra)

Árbitro: Ken Dagnall (Inglaterra)

 

HUNGRIA (4-2-4):

BRASIL (4-2-4):

21 József Gelei (G)

1  Gylmar (G)

2  Benő Káposzta

2  Djalma Santos

3  Sándor Mátrai

4  Bellini (C)

5  Kálmán Mészöly

6  Altair

17 Gusztáv Szepesi

8  Paulo Henrique

13 Imre Mathesz

14 Lima

6  Ferenc Sipos (C)

11 Gérson

11 Gyula Rákosi

16 Garrincha

7  Ferenc Bene

18 Alcindo Bugre

9  Flórián Albert

20 Tostão

10 János Farkas

17 Jairzinho

 

Técnico: Lajos Baróti

Técnico: Vicente Feola

 

SUPLENTES:

 

 

1  Antal Szentmihályi (G)

12 Manga (G)

22 István Géczi (G)

3  Fidélis

4  Kálmán Sóvári

5  Brito

18 Kálmán Ihász

7  Orlando

14 István Nagy

9  Rildo

8  Zoltán Varga

13 Denílson

20 Antal Nagy

15 Zito

12 Máté Fenyvesi

22 Edu

15 Dezső Molnár

19 Silva Batuta

19 Lajos Puskás

10 Pelé

16 Lajos Tichy

21 Paraná

 

GOLS:

2′ Ferenc Bene (HUN)

14′ Tostão (BRA)

64′ János Farkas (HUN)

73′ Kálmán Mészöly (HUN) (pen)

Melhores momentos da partida:

… 13/07/1994 – Brasil 1 x 0 Suécia

Três pontos sobre…
… 13/07/1994 – Brasil 1 x 0 Suécia


(Imagem: Trivela)

● Na primeira fase da Copa do Mundo de 1994, o Brasil foi líder do Grupo B com sete pontos: derrotou a Rússia por 2 a 0 e venceu Camarões por 3 a 0. Já classificado para as oitavas de final, empatou em 1 x 1 com a Suécia. Nas oitavas, enfrentou o anfitrião Estados Unidos justamente no dia da independência americana. Com um homem a menos (Leonardo foi expulso), foi um jogo duríssimo, mas a Seleção venceu com um gol de Bebeto. Nas quartas de final, o melhor jogo da Copa: vitória sobre a Holanda por 3 a 2. Nas semifinais, um reencontro foi marcado com os suecos.

No mesmo Grupo, a Suécia se classificou em segundo lugar com cinco pontos. Empatou com Camarões na estreia por 2 a 2. Depois, venceu a Rússia por 3 a 1. Segurou o Brasil e empatou por 1 a 1. Nas oitavas de final, bateu a surpreendente Arábia Saudita por 3 a 1. Nas quartas de final, fez um jogo proibido para cardíacos, com muito equilíbrio, contra a Romênia, empatando por 1 a 1 no tempo normal, outro 1 a 1 na prorrogação, e vencendo por 5 a 4 nas penalidades máximas.

Chegando às semifinais, a Suécia já havia apagado o fisco do Mundial de 1990, quando caiu na primeira fase perdendo as três partidas (Brasil, Escócia e Costa Rica).

O técnico brasileiro Carlos Alberto Parreira manteve o mesmo time que venceu a Holanda, com Branco na lateral esquerda e pregou respeito ao adversário, alertando que os nórdicos haviam evoluído durante o torneio: “Não vai ser fácil entrar na defesa deles. A Suécia está marcando cada vez melhor, com grupos de quatro jogadores incansáveis”.


Na teoria, o Brasil jogava no sistema 4-4-2, com dois volantes e dois meias. Mas essa partida foi diferente na prática. Mauro Silva começou jogando mais recuado, quase na mesma linha dos zagueiros. Com isso, Jorginho e Branco foram liberados para apoiar. Quando o time tinha a bola, o esquema era 3-5-2, com superioridade numérica no meio de campo.


A Suécia atuava no sistema 4-4-2 clássico. Brolin jogava aberto da direita e atacava mais, enquanto Ingesson ficava aberto pela esquerda e fazia mais o papel da recomposição.

● Brasil e Suécia voltaram a se enfrentar 15 depois do empate na última rodada da primeira fase. Mas, dessa vez, a tensão era muito maior. Eram as duas únicas equipes invictas na Copa.

As duas equipes entraram no estádio Rose Bowl, em Pasadena, com seus uniformes reservas, já que ambas as seleções usavam camisas amarelas no fardamento principal. Pela primeira vez, a Seleção Brasileira jogou toda de azul, com camisa e meia sendo do uniforme reserva e o calção do uniforme principal – uma combinação estranha de tons de azul. A Suécia jogou toda de branco, com pequenos detalhes em azul e amarelo – cores da bandeira do país.

O jogo todo foi de total pressão brasileira, com os suecos se defendendo com sorte e competência.

A primeira chance foi de Branco, em uma de suas típicas cobranças de falta da intermediária. Patrik Andersson derrubou Bebeto. Branco cobrou a falta ao seu estilo, mas a bola perdeu força e Thomas Ravelli fez a defesa em dois tempos.

A Suécia respondeu com Håkan Mild, que levou a bola pelo meio e arriscou de longe. Taffarel defendeu bem. A Suécia, que até então era quem mais finalizava na Copa, deu apenas esse chute ao gol.

Diferentemente das outras partidas, Zinho parecia mais seguro e entrou ligado no jogo, arriscando nos passes em profundidade e se apresentando para as tabelas. Talvez tenha sido a melhor partida do meia com a camisa da Seleção Brasileira. Aos 13′, o camisa 9 fez boa jogada pela esquerda e passou para Romário pelo meio. Ele fez o passe vertical para Bebeto, que tocou para a infiltração do próprio Zinho pela esquerda da área. Mas, na hora de “tirar o 10”, o meia palmeirense não conseguiu virar o pé e chutou para fora.

Tomas Brolin tocou para Martin Dahlin na esquerda. Ele cortou Aldair e cruzou para a área, mas Brolin não conseguiu alcançar. Os dois – Brolin e Dahlin – estavam jogando em más condições físicas, sentindo dores.


(Imagem: Getty Images / Mark Leech / Offside)

O Brasil dominava amplamente a partida. Aos 25′, Branco tocou para o meio e Zinho fez o corta luz para Romário. O genial “Baixinho” se livrou do carrinho de Brolin, passou entre Joachim Björklund e Roger Ljung, driblou Ravelli e finalizou fraco. Patrik Andersson tirou em cima da linha. Mazinho pegou o rebote e, mesmo sem goleiro, chutou para fora de forma bisonha. Um gol que não se pode perder. Não era força, era jeito. Desolado, Mazinho foi se abraçar à trave.

Aos 32′, Dunga fez um lançamento ao seu estilo para Bebeto. Da esquerda, ele tocou de primeira para Romário, que perdeu o tempo e se embaraçou na bola antes de chutar em cima de Ravelli.

O time azul seguia no ataque. Romário arrancou e tentou o passe para Bebeto. A zaga sueca cortou e Zinho chutou firme, mas Ravelli espalmou por cima do gol.

Os suecos não conseguiam atacar. No segundo tempo, o panorama não mudou.

No intervalo, Parreira trocou o inoperante Mazinho pelo aceso Raí, tornando o time mais ofensivo e subindo a média de altura do time. Foram os melhores 45 minutos de Raí com a camisa da Seleção Brasileira. E o camisa 10 foi o autor da primeira finalização da etapa final, quando bateu desequilibrado e Ravelli pegou.

Aos 17′, em um lance fortuito no meio de campo, o capitão sueco Jonas Thern errou o tempo de bola, foi por cima e acertou Dunga. O árbitro colombiano José Torres Cadena mostrou o cartão vermelho para o sueco. Thern não foi tão terno, mas Dunga enfeitou um bocado na queda. Expulsão contestável, mas justa.


(Imagem: Alamy)

Para recompor suas linhas, o técnico sueco trocou o baleado Dahlin pelo volante Stefan Rehn, deixando somente Kennet Andersson no comando de ataque. Se formou um 4-4-1.

Sem ter a quem marcar, Mauro Silva se soltou e passou a se apresentar mais à frente. Raí também se soltou e passou a ser presença constante na área rival, quase como um terceiro atacante.

A imponência brasileira era tão grande que até os zagueiros Aldair e Márcio Santos passaram a frequentar a intermediária ofensiva.

Jorginho tocou para Bebeto. Pelo meio, ele escorou para Romário, que cortou o marcador e chutou da entrada da área. Ravelli espalmou para frente e Zinho não conseguiu pegar o rebote.

Ao ir pegar a bola que havia saído, Thomas Ravelli olhou para a câmera, estatalou os olhos e abriu um sorriso forçado, como um palhaço. Foi uma cena clássica e inesquecível da história das Copas.

Mauro Silva chutou de longe, mas a bola fez a curva contrária e saiu à esquerda de Ravelli.

O Brasil só quebrou a resistência nórdica aos 35′. Bebeto abriu com Jorginho na direita. Ele dominou, levantou a cabeça e cruzou com perfeição. Bem posicionado e livre no meio da área, Romário (1,68 m) apareceu entre os zagueiros Patrik Andersson (1,83 m) e Roland Nilsson (1,79 m), nem precisou subir muito e cabeceou para baixo. A bola tocou no chão e entrou no canto esquerdo de Ravelli, sem chance para o goleiro. O baixinho comemorou ao seu estilo, abrindo os braços.

Nos minutos finais, o Brasil ainda teve chance de aumentar. Raí tocou para Bebeto no meio. Ele teve tempo de ajeitar, girar e bater colocado. A bola triscou no travessão e saiu.

Em um tiro de meta cobrado por Ravelli, Dunga cabeceou para cima, Raí ganhou no alto escorando para Romário, que bateu de esquerda, mas a bola saiu à direita do goleiro sueco.

Fim de jogo! Brasil e Itália se reencontrariam na final mais uma vez, 24 anos depois. Quem vencesse se tornaria o primeiro tetracampeão mundial.


(Imagem: Alambrado)

● O dirigente sueco Lennart Johansson, ex-presidente da UEFA, fez uma reclamação pertinente 14 anos depois. Ele considerava estranha a escalação de um árbitro sul-americano para dirigir o confronto entre Brasil e Suécia. Segundo ele, o fato teria sido armação do então presidente da FIFA, o brasileiro João Havelange. A principal queixa do cartola sueco foi a expulsão de Jonas Thern: “Mereceria, sim, cartão amarelo, jamais vermelho”. O lance foi mesmo determinante para o resultado final. Houve na época quem considerasse que a expulsão foi rigorosa (e foi mesmo). Mas ninguém questiona o fato de o Brasil ter jogado melhor e ter merecido a vitória.

“Não seria exagero dizer que poderíamos ter vencido por goleada. O resultado justo seria 5 x 0. O goleiro deles pegou pra cacete. Se fossem três, quatro ou cinco, seria normal.” ― Ricardo Rocha

Na decisão do 3º lugar, a Sécia goleou uma desmotivada Bulgária por 4 x 0, com gols de Tomas Brolin, Håkan Mild, Henrik Larsson e Kennet Andersson.

Na final, o Brasil enfrentou a Itália, suportou bem os 120 minutos no calor infernal e venceu nos pênaltis por 3 a 2, após um empate sem gols no tempo normal e na prorrogação. É tetra! É tetra!


(Imagem: Conmebol)

FICHA TÉCNICA:

 

BRASIL 1 x 0 SUÉCIA

 

Data: 13/07/1994

Horário: 16h30 locais

Estádio: Rose Bowl

Público: 91.856

Cidade: Pasadena (Estados Unidos)

Árbitro: José Torres Cadena (Colômbia)

 

BRASIL (4-4-2):

SUÉCIA (4-4-2):

1  Taffarel (G)

1  Thomas Ravelli (G)

2  Jorginho

2  Roland Nilsson

13 Aldair

3  Patrik Andersson

15 Márcio Santos

4  Joachim Björklund

6  Branco

5  Roger Ljung

5  Mauro Silva

9  Jonas Thern (C)

8  Dunga (C)

18 Håkan Mild

17 Mazinho

8  Klas Ingesson

9  Zinho

11 Tomas Brolin

7  Bebeto

10 Martin Dahlin

11 Romário

19 Kennet Andersson

 

Técnico: Carlos Alberto Parreira

Técnico: Tommy Svensson

 

SUPLENTES:

 

 

12 Zetti (G)

12 Lars Eriksson (G)

22 Gilmar Rinaldi (G)

22 Magnus Hedman (G)

14 Cafu

13 Mikael Nilsson

3  Ricardo Rocha

15 Teddy Lučić

4  Ronaldão

14 Pontus Kåmark

16 Leonardo

6  Stefan Schwarz

10 Raí

20 Magnus Erlingmark

18 Paulo Sérgio

17 Stefan Rehn

19 Müller

16 Anders Limpar

21 Viola

21 Jesper Blomqvist

20 Ronaldo

7  Henrik Larsson

 

GOL: 80′ Romário (BRA)

 

CARTÕES AMARELOS:

3′ Zinho (BRA)

29′ Roger Ljung (SUE)

86′ Tomas Brolin (SUE)

 

CARTÃO VERMELHO: 63′ Jonas Thern (SUE)

 

SUBSTITUIÇÕES:

INTERVALO Mazinho (BRA) ↓

Raí (BRA) ↑

 

68′ Martin Dahlin (SUE) ↓

Stefan Rehn (SUE) ↑

Melhores momentos da partida:

Jogo completo:

… Argentina Campeã da Copa América 2021

Três pontos sobre…
… Argentina Campeã da Copa América 2021


(Imagem: Amanda Perobelli / Reuters)

Não. Não é um novo “Maracanazzo”.

Afinal, quem liga para a Copa América? Um torneio sucateado, com sede arranjada às pressas por pressão política, que nunca se sabe a periodicidade e intermitência da competição, que ficou oito anos sem acontecer e também já teve dois torneios no mesmo ano… Quem liga?

A Argentina se ligou, entrou ligada na competição, ganhou corpo durante o torneio e mereceu o título. Lionel Messi esteve aceso e incendiou o resto do time.

Na semifinal contra a Colômbia, o goleiro Emiliano Martínez emulou o Goycochea de 1990 e se tornou o “tapa penales” da vez.

Na final contra o Brasil, Rodrigo De Paul foi o Burruchaga da vez para ser o coadjuvante de um Messi que não foi Maradona.

Se o dia 10/07/2016 consagrou Cristiano Ronaldo com seu primeiro título pela seleção de Portugal, a mesma data, exatos cinco anos depois, consagrou Lionel Messi com seu primeiro título pela seleção da Argentina adulta.

E Neymar segue sem ganhar nenhum título pela Seleção Brasileira principal. Quando a Copa América anterior foi conquistada, em 2019, ele não estava presente. Na final de 2021, ele chamou para si a responsabilidade, tentou jogar, mas foi caçado em campo – com a total permissão e permissividade do árbitro uruguaio Esteban Ostojich. Os argentinos tinham permissão para matar – principalmente Otamendi.


(Imagem: AFA)

E conseguiram matar o jogo aos 22′, com um golaço por cobertura de Ángel Di María após um belo lançamento de Rodrigo De Paul – que Renan Lodi falhou bisonhamente e não conseguiu cortar.

Depois, os hermanos continuaram matando. Dessa vez, matando o tempo. Até que ele se esvaísse e o título viesse.

Tempo que foi também cruel com os argentinos ao passar tão rápido e os deixar 28 anos longe das grandes conquistas. Vários jogadores consagrados vestiram a camisa albiceleste e não levantaram troféus. Parecia que o mesmo aconteceria com Messi, Di María e Kun Agüero. Mas a merecida taça veio.


(Imagem: Ricardo Moraes / Reuters)

Mas, quem liga para a Copa América? Neymar chorou. Pela perda do título e por tudo mais que quisesse chorar. O Brasil não chorou. Das últimas dez edições, o Brasil ganhou cinco. Pelé, Garrincha, Zico, Leônidas da Silva, Falcão, Gylmar, Leão e vários outros nomes históricos… nenhum deles venceu umazinha sequer.

Não é um novo “Maracanazzo”. Assim como Renan Lodi ainda não tem tamanho suficiente para ser um novo Barbosa, Bigode ou Juvenal. É o lateral reserva no Atlético de Madrid e pouco jogou durante a temporada. Mas dava amplitude ao ataque de Tite. Ah, que saudade de Roberto Carlos, Branco ou até de Marcelo nas suas melhores fases…

Triste mesmo é Tite olhar para o banco de reservas e pensar em Vinícius Júnior como a solução para a Seleção. Se Vinícius tivesse ficado no Flamengo, ele seria o terceiro reserva – atrás de Bruno Henrique, Vitinho e Michael.

Será que Gérson não joga um pouco mais de bola do que Fred? Só eu que acho que Éverton Ribeiro com uma perna só é melhor que Lucas Paquetá? Bom, a “Titebilidade” imperou mais uma vez e o Brasil se despediu de outra competição oficial porque encontrou um adversário melhor – como foi a Bélgica na Copa do Mundo de 2018.

Mas cabe ressaltar que quando conquistou seus dois últimos títulos de Copa, a Seleção Brasileira passou vergonha na Copa América do ano anterior. Isso significa que o Hexa vem em 2022? Com esse futebolzinho atual, tenho minhas dúvidas.

Mas não está tudo perdido. Não é terra arrasada. Não é um novo “Maracanazzo”. Afinal, quem liga para a Copa América?

Parabéns Argentina! Parabéns Lionel Messi!