Arquivo da tag: Suécia

… 16/07/1950 – Suécia 3 x 1 Espanha

Três pontos sobre…
… 16/07/1950 – Suécia 3 x 1 Espanha


Suécia no Mundial de 1950 (Imagem: Wikipédia)

● A Copa do Mundo de 1950 foi a única que não teve uma final. O Mundial disputado no Brasil teve uma primeira fase com quatro grupos, com o vencedor de cada chave se classificando para um quadrangular final. Esse regulamento foi mantido apenas nessa edição, com o objetivo de ter mais jogos e maior lucro – em um torneio esvaziado devido ao pós-guerra.

E para a fase final, se classificaram duas seleções europeias e duas sul-americanas: Brasil (Grupo 1), Espanha (Grupo 2), Suécia (Grupo 3) e Uruguai (Grupo 4) disputariam o título jogando entre si, todos contra todos em um único turno.

A Espanha chegou forte. Os maiores destaques eram o zagueiro José Parra, o ponta direita Estanislau Basora e o centroavante Telmo Zarra. O ponto fraco eram os goleiros: nenhum entre Antoni Ramallets, Ignacio Eizaguirre e Juan Acuña inspirava confiança.

A Fúria convenceu ao vencer os três jogos pelo Grupo 2 da primeira fase. Bateu os Estados Unidos por 3 a 1, o Chile por 2 a 0 e a poderosa Inglaterra por 1 x 0 – no primeiro Mundial que o English Team aceitou disputar.

No quadrangular decisivo os espanhóis, empataram com o Uruguai por 2 x 2 e foram goleados pelo Brasil por 6 x 1.


(Imagem: Pinterest)

● A seleção sueca não era uma equipe qualquer e merecia todo o respeito. Tinha um bom time, que havia conquistado a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Londres, em 1948. O mesmo time base ainda ganharia a medalha de bronze nas Olimpíadas de Helsinque, em 1952.

Com 34 anos, o zagueiro sueco Erik Nilsson era o capitão de sua equipe. Ele havia disputado o Mundial de 1938. Apenas Nilsson e o suíço Alfred Bickel disputaram uma edição de Copa antes e outra depois da Segunda Guerra Mundial.

Além de Nilsson, os principais destaques individuais eram o goleiro Kalle Svensson, o centromédio Knut Nordahl, o ponta esquerda Lennart Skoglund e o centroavante Hasse Jeppson. Curiosamente, Svensson e Skoglund estariam presentes também na Copa de 1958, quando a Suécia perdeu a final em casa para o Brasil de Pelé por 5 x 2.

Para o Mundial de 1950, o técnico inglês George Raynor precisou montar o elenco sueco apenas com jogadores que atuavam no país e não pôde convocar seus principais destaques. O trio “Gre-No-Li”, formado pelos atacantes Gunnar Gren, Gunnar Nordahl e Nils Liedholm brilhava no Milan e não foi liberado pelos italianos para viajarem ao Brasil. Outros jogadores profissionais suecos impedidos de disputarem o Mundial foram: o zagueiro Kjell Rosén, os meias Bertil Nordahl, Åke Hjalmarsson, Ivar Eidefjäll, Pär Bengtsson e os atacantes Dan Ekner, Gunnar Andersson e Henry Carlsson. Certamente a Suécia teria um time ainda mais forte se pudesse ter contado com todos os seus melhores jogadores.

Pelo Grupo 3 da Copa, a Suécia venceu a Itália de virada por 3 x 2, naquela que foi a primeira derrota dos italianos na história das Copas. A classificação sueca foi garantida com o empate por 2 x 2 contra o Paraguai. A chave tinha três seleções, já que a Índia havia desistido de disputar a competição em protesto contra uma decisão da FIFA que proibia jogar descalço, como era comum no país.

Na fase final, a Suécia foi massacrada pela Seleção Brasileira por 7 x 1 e perdeu para o Uruguai por 3 x 2.


As duas seleções jogavam no sistema WM.

● No dia 16 de julho aconteceu a última rodada da fase final da Copa do Mundo de 1950. As duas partidas ocorreram simultaneamente.

Suécia e Espanha disputaram o 3º lugar no estádio Pacaembu para apenas 11.227 pessoas – em sua maioria, membros da colônia espanhola em São Paulo. Os paulistanos preferiam ficar em casa e acompanhar pelo rádio a transmissão de Brasil x Uruguai. Enquanto isso, enquanto o Maracanã tinha mais gente do que cabia (algumas fontes indicam mais de 200 mil expectadores).

Os espanhóis eram considerados amplamente favoritos e só precisavam de um empate para ficar com o bronze.

A Fúria deu o pontapé inicial e teve a primeira chance.

José Juncosa escapou pela ponta esquerda, mas foi travado em uma dividida com o goleiro Kalle Svensson e o zagueiro Lennart Samuelsson, que vinha por trás.

Com mais calma e entusiasmo, logo a Suécia passou a ter o domínio de jogo. Os suecos já haviam absorvido a goleada sofrida para os brasileiros (7 x 1) e os espanhóis ainda estavam remoendo a sua difícil derrota (6 x 1).

Aos 15′, Ingvar Gärd conduziu pelo meio, livre de marcação, e tocou para Karl-Erik Palmér. Ele dominou e bateu de fora da área. O goleiro Ignacio Eizaguirre espalmou mal e Stig Sundqvist finalizou no canto direito. Suécia 1 a 0.

Nervosos, os jovens defensores espanhóis ficaram discutindo entre si e ninguém foi tirar a bola do fundo do gol. Todos esperavam a nova saída, mas o bate-boca não cessava. O árbitro holandês Karel van der Meer precisou ir até a área, acalmar os ânimos, pegar a bola no fundo da rede e levá-la para o centro do campo.

A Espanha tentou reagir, mas sofreu o segundo gol no contra-ataque aos 33 minutos. Sundqvist cruzou da direita e Bror Mellberg apareceu na segunda trave para escorar para o gol.

Os suecos quase marcaram o terceiro. Palmér mandou um voleio do bico direito da área e a bola bateu no travessão. No rebote, Eizaguirre saiu nos pés de Rydell para impedir a finalização.

Depois do intervalo, os espanhóis passaram a agredir mais a defesa sueca, que precisou se fechar.

Juncosa cruzou da esquerda e Svensson tirou de soco.

Rosendo Hernández foi travado na hora do chute pelo capitão Erik Nilsson. Na sobra, Estanislau Basora cruzou para a área, mas Samuelsson cabeceou para escanteio.

Mas, a dez minutos do fim, foi o time nórdico quem fez o terceiro e esfriou as esperanças dos ibéricos. Em outro contragolpe, Gunnar Johansson cruzou da direita e Palmér chegou batendo de esquerda, da marca do pênalti.

Dois minutos depois, Telmo Zarra diminuiu para a Fúria, em um cruzamento da esquerda de Juncosa.


(Imagem: Pinterest)

● Mesmo perdendo, essa foi a melhor classificação final da seleção espanhola em Copas do Mundo até o título de 2010.

Para a Suécia, a terceira colocação estava muito além das expectativas iniciais.

Contudo, o sucesso nos gramados brasileiros teve um efeito devastador para a Suécia: 10 dos 11 titulares foram imediatamente contratados por clubes italianos – em efeito semelhante ao que já havia acontecido dois anos antes, quando venceram as Olimpíadas.

E o primeiro craque quase ficou pelo Brasil. No dia 06/07, o São Paulo F.C. fez uma proposta de 170 mil cruzeiros (cerca de 10 mil dólares na época) pelo ponta esquerda Lennart Skoglund. do AIK de Gotemburgo. O negócio não deu certo, pois o valor foi considerado baixo por um dirigente do clube, que acompanhava a delegação do país. Menos de um mês depois, Skoglund foi contratado pela Inter de Milão por um valor cinco vezes maior.


(Imagem: Pinterest)

FICHA TÉCNICA:

 

SUÉCIA 3 x 1 ESPANHA

 

Data: 16/07/1950

Horário: 15h00 locais

Estádio: Pacaembu

Público: 11.227

Cidade: São Paulo (Brasil)

Árbitro: Karel van der Meer (Holanda)

 

SUÉCIA (WM):

ESPANHA (WM):

1  Kalle Svensson (G)

1  Ignacio Eizaguirre (G)

2  Lennart Samuelsson

2  Vicente Asensi

3  Erik Nilsson (C)

3  Gabriel Alonso

4  Sune Andersson

5  José Parra

5  Gunnar Johansson

4  Alfonso Silva

6  Ingvar Gärd

6  Antonio Puchades

7  Stig Sundqvist

7  Estanislau Basora

8  Karl-Erik Palmér

8  Rosendo Hernández

9  Ingvar Rydell

9  Telmo Zarra (C)

10 Bror Mellberg

10 José Luis Panizo

11 Egon Jönsson

11 José Juncosa

 

Técnico: George Raynor

Técnico: Guillermo Eizaguirre

 

SUPLENTES:

 

 

Torsten Lindberg (G)

Antoni Ramallets (G)

Tore Svensson (G)

Juan Acuña (G)

Ivan Bodin

José Gonzalvo II

Knut Nordahl

Mariano Gonzalvo III

Arne Månsson

Francisco Antúnez

Olle Åhlund

Rafael Lesmes II

Stellan Nilsson

Nando

Börje Tapper

Silvestre Igoa

Lennart Skoglund

César

Hasse Jeppson

Luis Molowny

Kurt Svensson

Agustín Gaínza

 

GOLS:

15′ Stig Sundqvist (SUE)

33′ Bror Mellberg (SUE)

80′ Karl-Erik Palmér (SUE)

82′ Telmo Zarra (ESP)

Lances da partida:

… 13/07/1994 – Brasil 1 x 0 Suécia

Três pontos sobre…
… 13/07/1994 – Brasil 1 x 0 Suécia


(Imagem: Trivela)

● Na primeira fase da Copa do Mundo de 1994, o Brasil foi líder do Grupo B com sete pontos: derrotou a Rússia por 2 a 0 e venceu Camarões por 3 a 0. Já classificado para as oitavas de final, empatou em 1 x 1 com a Suécia. Nas oitavas, enfrentou o anfitrião Estados Unidos justamente no dia da independência americana. Com um homem a menos (Leonardo foi expulso), foi um jogo duríssimo, mas a Seleção venceu com um gol de Bebeto. Nas quartas de final, o melhor jogo da Copa: vitória sobre a Holanda por 3 a 2. Nas semifinais, um reencontro foi marcado com os suecos.

No mesmo Grupo, a Suécia se classificou em segundo lugar com cinco pontos. Empatou com Camarões na estreia por 2 a 2. Depois, venceu a Rússia por 3 a 1. Segurou o Brasil e empatou por 1 a 1. Nas oitavas de final, bateu a surpreendente Arábia Saudita por 3 a 1. Nas quartas de final, fez um jogo proibido para cardíacos, com muito equilíbrio, contra a Romênia, empatando por 1 a 1 no tempo normal, outro 1 a 1 na prorrogação, e vencendo por 5 a 4 nas penalidades máximas.

Chegando às semifinais, a Suécia já havia apagado o fisco do Mundial de 1990, quando caiu na primeira fase perdendo as três partidas (Brasil, Escócia e Costa Rica).

O técnico brasileiro Carlos Alberto Parreira manteve o mesmo time que venceu a Holanda, com Branco na lateral esquerda e pregou respeito ao adversário, alertando que os nórdicos haviam evoluído durante o torneio: “Não vai ser fácil entrar na defesa deles. A Suécia está marcando cada vez melhor, com grupos de quatro jogadores incansáveis”.


Na teoria, o Brasil jogava no sistema 4-4-2, com dois volantes e dois meias. Mas essa partida foi diferente na prática. Mauro Silva começou jogando mais recuado, quase na mesma linha dos zagueiros. Com isso, Jorginho e Branco foram liberados para apoiar. Quando o time tinha a bola, o esquema era 3-5-2, com superioridade numérica no meio de campo.


A Suécia atuava no sistema 4-4-2 clássico. Brolin jogava aberto da direita e atacava mais, enquanto Ingesson ficava aberto pela esquerda e fazia mais o papel da recomposição.

● Brasil e Suécia voltaram a se enfrentar 15 depois do empate na última rodada da primeira fase. Mas, dessa vez, a tensão era muito maior. Eram as duas únicas equipes invictas na Copa.

As duas equipes entraram no estádio Rose Bowl, em Pasadena, com seus uniformes reservas, já que ambas as seleções usavam camisas amarelas no fardamento principal. Pela primeira vez, a Seleção Brasileira jogou toda de azul, com camisa e meia sendo do uniforme reserva e o calção do uniforme principal – uma combinação estranha de tons de azul. A Suécia jogou toda de branco, com pequenos detalhes em azul e amarelo – cores da bandeira do país.

O jogo todo foi de total pressão brasileira, com os suecos se defendendo com sorte e competência.

A primeira chance foi de Branco, em uma de suas típicas cobranças de falta da intermediária. Patrik Andersson derrubou Bebeto. Branco cobrou a falta ao seu estilo, mas a bola perdeu força e Thomas Ravelli fez a defesa em dois tempos.

A Suécia respondeu com Håkan Mild, que levou a bola pelo meio e arriscou de longe. Taffarel defendeu bem. A Suécia, que até então era quem mais finalizava na Copa, deu apenas esse chute ao gol.

Diferentemente das outras partidas, Zinho parecia mais seguro e entrou ligado no jogo, arriscando nos passes em profundidade e se apresentando para as tabelas. Talvez tenha sido a melhor partida do meia com a camisa da Seleção Brasileira. Aos 13′, o camisa 9 fez boa jogada pela esquerda e passou para Romário pelo meio. Ele fez o passe vertical para Bebeto, que tocou para a infiltração do próprio Zinho pela esquerda da área. Mas, na hora de “tirar o 10”, o meia palmeirense não conseguiu virar o pé e chutou para fora.

Tomas Brolin tocou para Martin Dahlin na esquerda. Ele cortou Aldair e cruzou para a área, mas Brolin não conseguiu alcançar. Os dois – Brolin e Dahlin – estavam jogando em más condições físicas, sentindo dores.


(Imagem: Getty Images / Mark Leech / Offside)

O Brasil dominava amplamente a partida. Aos 25′, Branco tocou para o meio e Zinho fez o corta luz para Romário. O genial “Baixinho” se livrou do carrinho de Brolin, passou entre Joachim Björklund e Roger Ljung, driblou Ravelli e finalizou fraco. Patrik Andersson tirou em cima da linha. Mazinho pegou o rebote e, mesmo sem goleiro, chutou para fora de forma bisonha. Um gol que não se pode perder. Não era força, era jeito. Desolado, Mazinho foi se abraçar à trave.

Aos 32′, Dunga fez um lançamento ao seu estilo para Bebeto. Da esquerda, ele tocou de primeira para Romário, que perdeu o tempo e se embaraçou na bola antes de chutar em cima de Ravelli.

O time azul seguia no ataque. Romário arrancou e tentou o passe para Bebeto. A zaga sueca cortou e Zinho chutou firme, mas Ravelli espalmou por cima do gol.

Os suecos não conseguiam atacar. No segundo tempo, o panorama não mudou.

No intervalo, Parreira trocou o inoperante Mazinho pelo aceso Raí, tornando o time mais ofensivo e subindo a média de altura do time. Foram os melhores 45 minutos de Raí com a camisa da Seleção Brasileira. E o camisa 10 foi o autor da primeira finalização da etapa final, quando bateu desequilibrado e Ravelli pegou.

Aos 17′, em um lance fortuito no meio de campo, o capitão sueco Jonas Thern errou o tempo de bola, foi por cima e acertou Dunga. O árbitro colombiano José Torres Cadena mostrou o cartão vermelho para o sueco. Thern não foi tão terno, mas Dunga enfeitou um bocado na queda. Expulsão contestável, mas justa.


(Imagem: Alamy)

Para recompor suas linhas, o técnico sueco trocou o baleado Dahlin pelo volante Stefan Rehn, deixando somente Kennet Andersson no comando de ataque. Se formou um 4-4-1.

Sem ter a quem marcar, Mauro Silva se soltou e passou a se apresentar mais à frente. Raí também se soltou e passou a ser presença constante na área rival, quase como um terceiro atacante.

A imponência brasileira era tão grande que até os zagueiros Aldair e Márcio Santos passaram a frequentar a intermediária ofensiva.

Jorginho tocou para Bebeto. Pelo meio, ele escorou para Romário, que cortou o marcador e chutou da entrada da área. Ravelli espalmou para frente e Zinho não conseguiu pegar o rebote.

Ao ir pegar a bola que havia saído, Thomas Ravelli olhou para a câmera, estatalou os olhos e abriu um sorriso forçado, como um palhaço. Foi uma cena clássica e inesquecível da história das Copas.

Mauro Silva chutou de longe, mas a bola fez a curva contrária e saiu à esquerda de Ravelli.

O Brasil só quebrou a resistência nórdica aos 35′. Bebeto abriu com Jorginho na direita. Ele dominou, levantou a cabeça e cruzou com perfeição. Bem posicionado e livre no meio da área, Romário (1,68 m) apareceu entre os zagueiros Patrik Andersson (1,83 m) e Roland Nilsson (1,79 m), nem precisou subir muito e cabeceou para baixo. A bola tocou no chão e entrou no canto esquerdo de Ravelli, sem chance para o goleiro. O baixinho comemorou ao seu estilo, abrindo os braços.

Nos minutos finais, o Brasil ainda teve chance de aumentar. Raí tocou para Bebeto no meio. Ele teve tempo de ajeitar, girar e bater colocado. A bola triscou no travessão e saiu.

Em um tiro de meta cobrado por Ravelli, Dunga cabeceou para cima, Raí ganhou no alto escorando para Romário, que bateu de esquerda, mas a bola saiu à direita do goleiro sueco.

Fim de jogo! Brasil e Itália se reencontrariam na final mais uma vez, 24 anos depois. Quem vencesse se tornaria o primeiro tetracampeão mundial.


(Imagem: Alambrado)

● O dirigente sueco Lennart Johansson, ex-presidente da UEFA, fez uma reclamação pertinente 14 anos depois. Ele considerava estranha a escalação de um árbitro sul-americano para dirigir o confronto entre Brasil e Suécia. Segundo ele, o fato teria sido armação do então presidente da FIFA, o brasileiro João Havelange. A principal queixa do cartola sueco foi a expulsão de Jonas Thern: “Mereceria, sim, cartão amarelo, jamais vermelho”. O lance foi mesmo determinante para o resultado final. Houve na época quem considerasse que a expulsão foi rigorosa (e foi mesmo). Mas ninguém questiona o fato de o Brasil ter jogado melhor e ter merecido a vitória.

“Não seria exagero dizer que poderíamos ter vencido por goleada. O resultado justo seria 5 x 0. O goleiro deles pegou pra cacete. Se fossem três, quatro ou cinco, seria normal.” ― Ricardo Rocha

Na decisão do 3º lugar, a Sécia goleou uma desmotivada Bulgária por 4 x 0, com gols de Tomas Brolin, Håkan Mild, Henrik Larsson e Kennet Andersson.

Na final, o Brasil enfrentou a Itália, suportou bem os 120 minutos no calor infernal e venceu nos pênaltis por 3 a 2, após um empate sem gols no tempo normal e na prorrogação. É tetra! É tetra!


(Imagem: Conmebol)

FICHA TÉCNICA:

 

BRASIL 1 x 0 SUÉCIA

 

Data: 13/07/1994

Horário: 16h30 locais

Estádio: Rose Bowl

Público: 91.856

Cidade: Pasadena (Estados Unidos)

Árbitro: José Torres Cadena (Colômbia)

 

BRASIL (4-4-2):

SUÉCIA (4-4-2):

1  Taffarel (G)

1  Thomas Ravelli (G)

2  Jorginho

2  Roland Nilsson

13 Aldair

3  Patrik Andersson

15 Márcio Santos

4  Joachim Björklund

6  Branco

5  Roger Ljung

5  Mauro Silva

9  Jonas Thern (C)

8  Dunga (C)

18 Håkan Mild

17 Mazinho

8  Klas Ingesson

9  Zinho

11 Tomas Brolin

7  Bebeto

10 Martin Dahlin

11 Romário

19 Kennet Andersson

 

Técnico: Carlos Alberto Parreira

Técnico: Tommy Svensson

 

SUPLENTES:

 

 

12 Zetti (G)

12 Lars Eriksson (G)

22 Gilmar Rinaldi (G)

22 Magnus Hedman (G)

14 Cafu

13 Mikael Nilsson

3  Ricardo Rocha

15 Teddy Lučić

4  Ronaldão

14 Pontus Kåmark

16 Leonardo

6  Stefan Schwarz

10 Raí

20 Magnus Erlingmark

18 Paulo Sérgio

17 Stefan Rehn

19 Müller

16 Anders Limpar

21 Viola

21 Jesper Blomqvist

20 Ronaldo

7  Henrik Larsson

 

GOL: 80′ Romário (BRA)

 

CARTÕES AMARELOS:

3′ Zinho (BRA)

29′ Roger Ljung (SUE)

86′ Tomas Brolin (SUE)

 

CARTÃO VERMELHO: 63′ Jonas Thern (SUE)

 

SUBSTITUIÇÕES:

INTERVALO Mazinho (BRA) ↓

Raí (BRA) ↑

 

68′ Martin Dahlin (SUE) ↓

Stefan Rehn (SUE) ↑

Melhores momentos da partida:

Jogo completo:

… 19/06/1938 – Brasil 4 x 2 Suécia

Três pontos sobre…
… 19/06/1938 – Brasil 4 x 2 Suécia


(Imagem: CBF / Correio da Manhã)

● A bem da verdade, a Suécia chegou tão longe por causa dos “atalhos”. Foi sorteada na chave da Áustria, em jogo que não ocorreu (como contamos detalhadamente aqui). Nas quartas de final, enfrentou a inexpressiva seleção de Cuba e goleou por 8 a 0. E foi reprovada logo em seu primeiro teste, ao perder para a Hungria nas semifinais por 5 a 1. Assim, sem fazer força alguma, a Suécia estava entre os quatro melhores da Copa.

Por sua vez, a Seleção Brasileira só enfrentou adversários com alto grau de dificuldade. Nas oitavas, precisou da prorrogação para bater a Polônia por 6 a 5. Nas quartas, foram necessárias duas partidas para passar pela Tchecoslováquia (1 x 1 no primeiro duelo e 2 x 1 no jogo desempate). Na semi, não contou com Leônidas, mas mesmo assim vendeu caro a derrota por 2 a 1 para a então campeã Itália.

Confiante na vitória sobre a Itália, os dirigentes brasileiros já haviam comprado as passagens aéreas de Marselha a Paris, onde seria a final da Copa. Depois da derrota, tomados pela raiva, os brasileiros se recusaram a ceder as passagens aos italianos – que tiveram de fazer a viagem de trem. Também foi de trem a volta do Brasil para Bordeaux.

Aliás, certamente o Brasil foi a seleção mais prejudicada pelas viagens em toda a história das Copas. Jogou contra a Polônia em Estrasburgo. De lá, viajou 758 quilômetros até Bordeaux para enfrentar a Tchecoslováquia. Depois, andou mais 503 km até Marselha, onde enfrentou a Itália. E, pra encerrar, voltou até Bordeaux (mais 503 km). Ao todo foram 1.764 km, ou seja, quase dois dias em viagem de trem.

Assim, Brasil e Suécia se encontraram na partida que decidiu o 3º lugar da Copa de 1938. Curiosamente, esse jogo ocorreu simultaneamente à final, que foi disputada entre Itália e Hungria.

Leônidas não pôde jogar contra a Itália, mas se recuperou a tempo de atuar contra os suecos.


O Brasil atuava no sistema clássico, o 2-3-5, com muita fragilidade no sistema defensivo.


A Suécia também atuava no 2-3-5, como era comum na época, mas mais obediente taticamente do que o Brasil.

● O que mais chamava a atenção da imprensa estrangeira em relação à Seleção Brasileira na Copa de 1938 foi o abismo entre o alto nível técnico dos jogadores e a disposição tática rudimentar. As duas equipes eram escaladas no sistema clássico, mas a linha de meio-campo brasileira era mais estática, ao invés de ser mais combativa e focar na marcação. Afinal, no esquema 2-3-5, a defesa e o meio campo deveriam ser os responsáveis pela marcação da linha de frente adversária. Mas os médios brasileiros costumavam deixar os zagueiros muito expostos. Um pouco devido às características dos jogadores tupiniquins, mas também por causa da falta de entrosamento e da bagunça feita pelo técnico Ademar Pimenta.

A Suécia era uma equipe que passava muito longe de ter o talento brasileiro, mas era melhor distribuída em campo.

O confronto começou com certo equilíbrio, mas logo o Brasil começou a tomar conta do jogo. E desperdiçou várias oportunidades com Leônidas, Patesko e Roberto.

Aos 28′, Brandão errou o passe, Harry Andersson interceptou e lançou Sven Jonasson, que chutou forte para abrir o placar.

O escrete brasileiro tentou reagir, mas continuou errando muitos gols.

Os nórdicos aproveitaram para marcar o segundo, aos 38′. O perigoso Jonasson avançou pelo lado esquerdo e cruzou para Arne Nyberg, que driblou Machado e finalizou para notar o segundo tento de sua equipe.

No último minuto da etapa inicial, Zezé Procópio lançou Romeu, que driblou dois adversários e chutou para marcar. Esse gol aliviou um pouco a situação e permitiu que o Brasil fosse para o vestiário com menos peso sobre os ombros.

A Seleção voltou para o segundo tempo pressionando em busca do empate e teve a chance logo aos dois minutos. Domingos lançou para Romeu, que passou para Roberto. Ele invadiu a área e foi derrubado por Erik Almgren. O árbitro belga John Langenus assinalou o pênalti. Patesko foi o encarregado da cobrança, mas bateu por cima do gol.

O empate veio aos 18′. Zezé tocou para Romeu (o artífice da criação do ataque brasileiro), que cruzou para a área. Leônidas se antecipou e deu um toquinho para encobrir o goleiro Henock Abrahamsson.

A partir dali, o Brasil passou a ter o controle da partida e os brasileiros, enfim, conseguiram transformar a superioridade técnica em gols.

O terceiro saiu aos 29′. Leônidas fez uma triangulação com Roberto e Romeu pelo lado direito e, contrariando as suas características, chutou de longe para virar o jogo.

A dez minutos do fim, Romeu (sempre ele) trocou passes com Leônidas, que lançou Perácio. O atacante do Botafogo mandou uma bomba de fora da área, sem chances para o goleiro sueco.

Cabe ressaltar que esse foi o único jogo em que Domingos da Guia passou sem cometer algum pênalti. Ele havia cometido três nos três jogos anteriores – justamente pela falta de proteção à defesa.


(Imagem: Pinterest)

● Essa até hoje é a maior virada brasileira na história das Copas.

No fim, ambos os países estavam orgulhosos por terem emplacado suas melhores campanhas em Copas até então.

A classificação final fez nascer no Brasil inteiro um sentimento de orgulho pelo bom desempenho da Seleção.

A delegação chegou de volta ao Rio de Janeiro 15 dias depois e teve uma recepção “apoteótica”, segundo o cronista Thomas Mazzoni, de A Gazeta Esportiva. Antes, o navio Almanzora teve que fazer escalas em Recife e Salvador e a recepção foi igualmente frenética. Na Bahia, um torcedor chegou a roubar o sapato de Leônidas. No Rio, às 15h30 de 02 de julho, o navio iniciou as manobras para atracar no porto e a polícia teve dificuldades para manter o cordão de isolamento que impedia o público de se aproximar do cais.

Em seguida, os jogadores desfilaram em carros abertos pela Avenida Rio Branco. Leônidas era o mais assediado e precisou ser conduzido em um veículo de transportes de soldados do Corpo de Fuzileiros Navais, protegido por uma brigada inteira de militares. Ainda assim, o cortejo não se movia e a polícia teve que fazer uso de força para que o público deixasse o desfile acontecer. A alegria era tamanha que os torcedores esqueceram todas as críticas anteriores. Até o técnico foi aplaudido e carregado pela multidão.

Como sempre, as autoridades políticas fizeram questão de posar para fotos com os jogadores, especialmente os mais populares segundo um concurso feito na época pelo Cigarro Magnólia: Leônidas, Domingos da Guia e Romeu.

Leônidas da Silva foi o artilheiro do certame com sete gols, sendo o único brasileiro a marcar gols em todas as partidas que disputou em Copas (fez um gol também em 1934). Aproveitando-se da popularidade de Leônidas, a Lacta lançou a barra de chocolate “Diamante Negro”, em referência ao apelido que o craque tinha recebido dos uruguaios em 1932.


A multidão se aglomera para receber a delegação brasileira (Imagem: CBF / Correio da Manhã)

FICHA TÉCNICA:

 

BRASIL 4 x 2 SUÉCIA

 

Data: 19/06/1938

Horário: 17h00 locais

Estádio: Parc Lescure

Público: 12.000

Cidade: Bordeaux (França)

Árbitro: John Langenus (Bélgica)

 

BRASIL (2-3-5):

SUÉCIA (2-3-5):

Walter (G)

Henock Abrahamsson (G)

Domingos da Guia

Ivar Eriksson

Machado

Erik Nilsson

Zezé Procópio

Erik Almgren

Brandão

Arne Linderholm

Afonsinho

Kurt Svanström (C)

Roberto

Åke Andersson

Romeu Pellicciari

Sven Jonasson

Leônidas da Silva (C)

Arne Nyberg

Perácio

Harry Andersson

Patesko

Erik Persson

 

Técnico: Ademar Pimenta

Técnico: József Nagy

 

SUPLENTES:

 

 

Batatais (G)

Gustav Sjöberg (G)

Jaú

Olle Källgren

Nariz

Harry Nilsson

Britto

Sven Jacobsson

Martim Silveira

Karl-Erik Grahn

Argemiro

Curt Bergsten

Lopes

Lennart Bunke

Luisinho Mesquita de Oliveira

Knut Hansson

Niginho

Tore Keller

Tim

Sven Unger

Hércules

Gustav Wetterström

 

GOLS:

28′ Sven Jonasson (SUE)

38′ Arne Nyberg (SUE)

44′ Romeu Pellicciari (BRA)

63′ Leônidas da Silva (BRA)

74′ Leônidas da Silva (BRA)

80′ Perácio (BRA)

Imagens da partida:

… 05/06/1938 – Suécia W.O. Áustria

Três pontos sobre…
… 05/06/1938 – Suécia W.O. Áustria

“Anschluß”


Seleção sueca na Copa do Mundo de 1938 (Imagem: O Curioso do Futebol)

● O Grupo 1 das eliminatórias da Copa dava direito a duas vagas no torneio. A Alemanha venceu a Finlândia (2 x 0) e a Estônia (4 x 1). Por sua vez, a Suécia também bateu a Finlândia (4 a 0) e a Estônia (7 x 2). Assim, alemães e suecos já estavam classificados quando se enfrentaram em Hamburgo. A Suécia foi com o time reserva e acabou sendo goleada por 5 x 0. De qualquer forma, a vaga no Mundial já estava garantida antecipadamente. Na definição do chaveamento da Copa, a Suécia foi sorteada na chave que teria a Áustria. Aliás, “não teria” a Áustria.


“Wunderteam” austríaco dos anos ’30 (Imagem: Trivela)

● Contando com vários jogadores remanescentes do “Wunderteam” (“time maravilha”), a seleção austríaca conquistou sua vaga na Copa do Mundo de 1938, mas, na época do torneio, não tinha um país para representar.

A Áustria teve certa facilidade no Grupo 8 das eliminatórias para a Copa. Foi beneficiada com a vantagem de fazer uma única partida, em casa, contra o vencedor do duelo entre Letônia e Lituânia. Os letões venceram os lituanos nos dois jogos (4 x 2 Riga e 5 x 1 em Kaunas).

Prevendo facilidade na partida, os austríacos mandaram a campo uma seleção experimental (na prática, um time reserva). A Letônia abriu o placar com Iļja Vestermans logo aos 6′, mas os austríacos viraram ainda no primeiro tempo, com Camillo Jerusalem aos 15′ e Franz Binder aos 33′. Vencendo por 2 a 1, a Áustria passou o restante da partida sufocada pela modesta e entusiasmada Letônia, mas conseguiu se segurar e garantir a vaga no Mundial.


Multidão aplaude os nazistas em Viena (Imagem: Wikipédia)

● Na véspera do torneio, a Europa estava às portas da Segunda Guerra Mundial, que ocorreu oficialmente entre 1939 e 1945. E o conflito político interferiu diretamente no Mundial organizado pela França.

No dia 12 de março de 1938, pouco menos de três meses antes do início da Copa, a Alemanha nazista deu um choque no mundo. Os tanques de guerra de Adolf Hitler invadiram Viena. Sem precisar disparar nenhum tiro e não encontrando qualquer oposição, o exército germânico foi recebido entusiasticamente pela maioria da população austríaca, surpreendendo até os próprios alemães.

No dia seguinte, o Führer (que era austríaco de nascimento) decretou oficialmente o “Anschluß”, a anexação político-militar da Áustria por parte da Alemanha, que abrangeu todos os aspectos da vida do país. Assim, a Áustria deixou de ser um estado independente e foi convertido em uma província do Terceiro Reich, com o nome de Ostmark.

Em 10 de abril houve um referendo que avalizou a anexação com 99% de aprovação da população austríaca. Esse resultado claramente foi manipulado para legitimar o “Anschluß”, mas, de fato, existia um certo apoio a Hitler, especialmente das camadas mais pobres e menos esclarecidas – até porque toda a oposição clara era duramente reprimida.

O mundo assistiu a situação de forma passiva e só Reino Unido e França condenaram a invasão.


O Reich alemão, em rosa, e a Áustria, em vermelho (Imagem: Wikipédia)

Imediatamente, a Federação de Futebol Alemã comunicou à FIFA que a Áustria havia “deixado de existir como país” e os jogadores nascidos em seu território poderiam representar a nova pátria. Resumindo: o “Wunderteam” teria jogadores sendo obrigados a “prestar serviços” à seleção alemã no Mundial.

No dia 03 de abril foi realizado um último jogo amistoso entre Alemanha e Áustria para festejar a unificação. Foi o “Anschlussspiel” (“jogo de conexão”). O lema era “Ein Volk, ein Reich, ein Führer” (“Um povo, um império, um líder”). A partida estava empatada sem gols, em um ritmo morno, até que Matthias Sindelar fez o gol da vitória austríaca. O atacante comemorou como se esse tivesse sido o maior feito de sua vida – ele era um opositor claro ao regime nazista. Karl Sesta ainda anotou o segundo tento, com a partida finalizando em 2 x 0 para os “anexados” diante dos “anexadores”. Mas o foco permaneceu em Sindelar. Comemorando a vitória, ele ensaiou uma valsa em frente a tribuna das autoridades alemãs – que não esconderam seu desagrado.


Matthias Sindelar, “Der Papierene” (Imagem: Trivela)

Matthias Sindelar, conhecido como “Der Papierene” (“Homem de Papel”) pelo seu físico magro, leveza e mobilidade é considerado o melhor jogador de seu país em todos os tempos. Na época, ele já era veterano, aos 35 anos, e se recusou a defender a seleção da Alemanha. Juntando tudo isso, ele se tornou “persona non grata” para os nazistas. Sindelar faleceu asfixiado por monóxido de carbono em 23/01/1939, pouco depois de sua esposa. A versão oficial é que ele se matou. A história romântica diz que ele “foi suicidado” pelo regime nazista por ser judeu.

Pega de surpresa e com certo temor pelo expansionismo territorial teutônico, a FIFA reagiu sem nenhum rigor. Com a maior naturalidade possível e tentando contornar a situação, a entidade convidou a Inglaterra a ocupar a vaga austríaca, mas o English Team – sabiamente – declinou o convite. Então, a Letônia solicitou sua inclusão na Copa, invocando sua condição de vice-campeã do Grupo 8 das eliminatórias. Seria a saída mais lógica, mas a FIFA negou o pedido.

Com isso, a Copa teve 15 participantes ao invés dos 16 previstos.


Hitler anuncia o Anschluss na Heldenplatz (Praça dos Heróis), em Viena, dia 15 de março de 1938 (Imagem: AP Images / Britannica)

● Assim, a partida das oitavas de final entre Suécia e Áustria que estava marcada para ser jogada no estádio Gerland, em Lyon, no dia 05 de junho de 1938, não pôde ser realizada. De forma ridícula e passiva, a FIFA considerou que a Áustria “não havia comparecido para jogar” – embora vários atletas austríacos estivessem vestindo a camisa da seleção alemã contra a Suíça no dia anterior.

Sem time contra quem jogar, a Suécia passou automaticamente para as quartas de final.

Curiosamente, a sigla inglesa “W.O.” (“Walk Over”), que significa “segue adiante”, ainda não era utilizada na época. O que se falava era o termo francês “Forfeit” (“desistir”).

Até hoje esse é o único caso de W.O. da história das Copas.


Cédula de votação do referendo de 10 de abril de 1938, com o texto: “Você concorda com a unificação da Áustria com o Império Germânico sob o Führer Adolf Hitler? Sim/Não” (Imagem: Wikipédia)

● Beneficiada pelo sorteio, a Suécia enfrentou a fraca seleção de Cuba nas quartas de final e fez valer a goleada por 8 a 0. Nas semifinais, mostrou todas suas fragilidades e perdeu para a Hungria por 5 a 1. Na decisão do 3º lugar, abriu 2 a 0 de vantagem sobre o Brasil, mas a Seleção Brasileira virou para 4 a 2. A classificação final da Suécia em 4º lugar pode ser colocada na conta da sorte.

A Áustria só voltou a ser uma nação soberana ao final da Segunda Guerra Mundial.

A seleção austríaca ainda teve outros bons times, como o que conquistou o 3º lugar na Copa de 1954, mas nunca mais formou uma seleção de classe mundial como foi o “Wunderteam” da década de 1930 – destruído por Adolf Hitler e cia.


Hitler cruza a fronteira com a Áustria em março de 1938 (Imagem: Wikipédia)

FICHA TÉCNICA:

 

SUÉCIA W.O. ÁUSTRIA

 

Data: 05/06/1938

Estádio: Gerland

Cidade: Lyon (França)

… 09/07/1950 – Brasil 7 x 1 Suécia

Três pontos sobre…
… 09/07/1950 – Brasil 7 x 1 Suécia


(Imagem: Getty Images / FIFA)

● 7 a 1. Um placar familiar para um jogo de Copa no Brasil envolvendo os donos da casa.

Ainda está fresca na memória a maior derrota da história do Brasil em Copas: Brasil 1 x 7 Alemanha, em um dia 08 de julho, jogando em território brasileiro.

Curiosamente, a maior vitória brasileira em um Mundial foi em 09 de julho, também jogando em solo brasileiro, também na fase final da Copa, também por 7 x 1, mas sobre a Suécia.

E 7 a 1 foi pouco. O resultado só não foi ainda mais elástico porque o árbitro inglês Arthur Ellis anulou sem motivos um gol de Zizinho, ainda no primeiro tempo. Além disso, ainda marcou um pênalti inexistente para os suecos, em falta cometida por Bigode fora da área. E a Seleção Brasileira acertou três bolas na trave. Ou seja, se o placar fosse 11 a 0, não teria sido nenhum exagero.


(Imagem: AFP / Veja)

● A Copa do Mundo de 1950 foi a única que não teve uma final. O Mundial disputado no Brasil teve uma primeira fase com quatro grupos, com o vencedor de cada chave se classificando para um quadrangular final. Esse regulamento foi mantido apenas nessa edição, com o objetivo de ter mais jogos e maior lucro – em um torneio esvaziado devido ao pós-guerra.

E para a fase final, se classificaram duas seleções europeias e duas sul-americanas: Brasil (Grupo 1), Espanha (Grupo 2), Suécia (Grupo 3) e Uruguai (Grupo 4) disputariam o título jogando entre si, todos contra todos em um único turno.

Para as partidas da fase final, a direção do Maracanã fez um pedido curioso à polícia carioca: a proibição da venda de laranjas dentro do estádio e suas imediações. A justificativa foi as queixas de várias seleções que haviam sido vítimas dos “bombardeios” de laranjas atiradas por torcedores – algumas vezes até com violência.


(Imagem: Soccer, football or whatever)

● A seleção sueca não era uma equipe qualquer e merecia todo o respeito. Tinha um bom time, que havia conquistado a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Londres, em 1948. O mesmo time base ainda ganharia a medalha de bronze nas Olimpíadas de Helsinque, em 1952.

Com 34 anos, o zagueiro sueco Erik Nilsson era o capitão de sua equipe. Ele havia disputado o Mundial de 1938. Apenas Nilsson e o suíço Alfred Bickel disputaram uma edição de Copa antes e outra depois da Segunda Guerra Mundial.

Além de Nilsson, os principais destaques individuais eram o goleiro Kalle Svensson, o centromédio Knut Nordahl, o ponta esquerda Lennart Skoglund e o centroavante Hasse Jeppson. Curiosamente, Svensson e Skoglund estariam presentes também na Copa de 1958, quando a Suécia perdeu em casa para o Brasil de Pelé por 5 x 2.

Mas o técnico inglês George Raynor precisou montar o elenco sueco apenas com jogadores que atuavam no país e não pôde convocar seus principais destaques. O trio “Gre-No-Li”, formado pelos atacantes Gunnar Gren, Gunnar Nordahl e Nils Liedholm brilhava no Milan e não foi liberado pelos italianos para viajarem ao Brasil. Outros jogadores profissionais suecos impedidos de disputarem o Mundial foram: o zagueiro Kjell Rosén, os meias Bertil Nordahl, Åke Hjalmarsson, Ivar Eidefjäll, Pär Bengtsson e os atacantes Dan Ekner, Gunnar Andersson e Henry Carlsson. Certamente a Suécia teria um time ainda mais forte se pudesse ter contado com todos os seus melhores jogadores.

Pelo Grupo 3 da Copa do Mundo, a Suécia venceu a Itália de virada por 3 x 2, naquela que foi a primeira derrota dos italianos na história das Copas. A classificação sueca foi garantida com o empate por 2 x 2 contra o Paraguai.


(Imagem: Sem Firulas)

● Pelo Grupo 1, o Brasil goleou o México por 4 x 0 na estreia. A segunda partida foi a única que a Seleção saiu do Maracanã e foi jogar no Pacaembu. E o empate por 2 x 2 com a Suíça não escapou das tradicionais vaias paulistas. Na sequência, venceu a Iugoslávia por 2 x 0 e garantiu a classificação – já que um empate bastaria aos europeus, líderes da chave até aquele momento.

Na primeira fase, o técnico Flávio Costa utilizou 17 jogadores. Só não entraram em campo o goleiro Castilho, os zagueiros Nena e Nilton Santos, o atacante Adãozinho e o ponta esquerda Rodrigues Tatu.

A Seleção Brasileira começava a viver uma semana decisiva. Com sete dias de folga entre o fim da primeira fase e a primeira partida do quadrangular final, Flávio Costa pôde dar um pouco de descanso aos seus atletas e conseguiu definir de vez seu time titular. Pela primeira vez ele conseguia repetir uma escalação. E o treinador preferiu manter o sistema tática testado contra os iugoslavos: o WM.


A Seleção Brasileira jogou no sistema WM nos quatro últimos jogos da Copa de 1950.

Uma linha de três zagueiros, sendo o capitão Augusto aberto pela direita e Bigode pela esquerda, com Juvenal ao centro. No meio, Bauer pela direita e Danilo Alvim pela esquerda. Dois meias criativos: Zizinho e Jair Rosa Pinto. Dois pontas que entravam em diagonal e apareciam bem na área: Maneca pela direita e Chico pela esquerda. E Ademir de Menezes como um centroavante que se movimentava muito e não ficava fixo na área (ele era meia de origem).

A Seleção Brasileira jogou no sistema Diagonal nos dois primeiros jogos da Copa de 1950 e em toda a preparação, desde o meio da década de 1940. O sistema foi criado pelo próprio técnico Flávio Costa no Flamengo, com a finalidade de ter um homem a mais no sistema defensivo e um a mais na aproximação ao ataque.

O WM deixava a Seleção menos protegida do que o sistema Diagonal, pois ficavam apenas três na linha defensiva, enquanto no esquema anterior, Bauer jogava mais recuado, quase como um zagueiro de ofício mesmo. Mas se perdia na proteção defensiva, ganhava em talento e troca de passes no meio de campo e forçava o adversário a se resguardar um pouco mais.


A Suécia jogava no sistema WM.

● O início da partida foi equilibrado. Aos dez minutos de partida, o árbitro inglês Arthur Ellis anulou indevidamente um gol de Zizinho, alegando que a bola havia saído pela linha de fundo antes do cruzamento de Ademir.

Aos 14′ e aos 15′, um aviso premonitório: o rápido ponta direita sueco Stig Sundqvist venceu Bigode na corrida por duas vezes e em ambas o brasileiro não teve alternativa a não ser parar o adversário com falta, pois o zagueiro Juvenal não conseguiu chegar a tempo para fazer a cobertura.

No primeiro tempo, a Seleção Brasileira passou alguns pequenos sustos, pelo fato de o sistema defensivo não estar acostumado a atuar no WM, deixando muitos espaços entre os defensores. Mas o entrosamento do ataque fez o escrete nacional não dar chances para os suecos.

E o Brasil abriu o marcador aos 17′. Jair avançou e tocou para Ademir. Já dentro da área, ele girou o corpo e bateu rasteiro de pé esquerdo no canto direito e a bola passou por baixo do goleiro Kalle Svensson. Brasil, 1 a 0.

Os dois times continuaram atacando, mas sem alterar o placar. Maneca chutou uma bola na trave.

Aos 35′, novamente Sundqvist venceu Bigode na corrida e chutou cruzado. A bola passou pela pequena área e foi pela linha de fundo, deixando a torcida apreensiva. A Suécia estava perto do empate, mas no lance seguinte saiu o segundo gol brasileiro.

Em um lance um pouco parecido com o primeiro gol, Danilo tocou para Jair na meia-lua, que tocou por cima da marcação de primeira para Ademir invadir pelo meio da área e chutar forte no canto esquerdo. Brasil, 2 a 0.

Três minutos depois, Ademir deu a assistência para Chico, que infiltrou dentro da área, deu dois cortes em Lennart Samuelsson e chutou com força de pé esquerdo, no ângulo direito, para marcar o gol mais bonito da noite. Brasil 3 a 0.

Esse gol desmotivou totalmente os suecos. Nos seis minutos seguintes, o Brasil criaria outras três chances claras que não foram concretizadas em gols.

Quando o primeiro tempo acabou, era evidente os sinais de abatimento dos suecos.


(Imagem: Folhapress / Veja)

No início da etapa final, Ademir carimbou a trave.

Aos sete minutos, o Queixada marcou o seu “hat trick”. Zizinho fez o lançamento e o centroavante brasileiro invadiu a área sozinho, passou pelo goleiro Svensson e entrou no gol com bola e tudo. Brasil 4 a 0.

Pouco depois, Zizinho acertaria a trave sueca pela terceira vez na partida.

E o poker (quatro gols em um jogo) de Ademir saiu aos 13′. Jair cruzou, a defesa sueca não conseguiu cortar e o camisa 9 bateu de primeira no canto esquerdo do goleiro. Brasil 5 a 0.

Depois do quinto gol, Flávio Costa ordenou que os atletas tirassem o pé do acelerador para se pouparem para o próximo duelo, diante da Espanha.

“Não houve desinteresse espontâneo dos jogadores. Depois do quinto tento, lembrei-me de que quinta-feira teremos pela frente a seleção da Espanha. Era, portanto, necessário economizar energias. E foi por isso que dei instruções para que evitassem as jogadas mais difíceis, os lances em que fosse necessário o emprego do corpo.” ― Flávio Costa, em entrevista posterior ao Jornal dos Sports.

E a Suécia aproveitou para conseguir o gol de honra em um erro ridículo da arbitragem, aos 22′. Karl-Erik Palmér puxou um rápido contra-ataque e levou uma rasteira de Bigode, dois passos fora da área brasileira. O juiz estava muito distante da jogada e marcou pênalti. Sune Andersson bateu à meia altura e à esquerda de Barbosa, que acertou o canto, mas não conseguiu defender. Brasil 5 a 1.

No minuto seguinte, o ponta direita Maneca sentiu uma fisgada na coxa e ficou em campo apenas fazendo número, pois não eram permitidas as substituições à época. Só depois se saberia a gravidade da lesão de Maneca, que acabou por o tirar do restante da Copa.

Satisfeitos com o placar, os dois times se acomodaram no resultado e passaram vinte minutos sem se atacarem. Mas aos 40′, Chico arrancou pela ponta esquerda e cruzou pelo alto. Maneca, mesmo sentindo a séria contusão, conseguiu acertar um chute rasteiro de primeira, no canto esquerdo do goleiro. Brasil 6 a 1.

O placar foi mexido pela última vez a dois minutos do fim. Jair fez o lançamento para Chico, que conseguiu escapar da marcação de Samuelsson, avançou livre pela esquerda e tocou no canto esquerdo na saída do goleiro Svensson.

No fim da partida, aplausos para a atuação da Seleção Brasileira e para o cavalheirismo dos suecos, que, mesmo sendo goleados, não desistiram de jogar e não apelaram para a violência.

Ao todo, o Brasil teve 31 finalizações, contra 13 da Suécia.


(Imagem: Pinterest)

● Essa é até hoje a maior goleada aplicada pelo Brasil em uma Copa do Mundo.

Naquele momento, a Seleção Brasileira parecia ser imbatível. E essa sensação tomou conta da torcida do país inteiro, até mesmo dos que não ouviram a partida pelo rádio e só souberam o placar dias depois do jogo. A imprensa em geral, especialmente a brasileira, já apontava o Brasil como campeão antecipado.

O jornalista inglês Brian Glanville definiu o estilo brasileiro como “o futebol do futuro, quase surrealista”. Willy Meisl (irmão do mítico técnico austríaco Hugo Meisl), colunista do World Sport, classificou Zizinho como “um gênio próximo da perfeição”. Giordano Frattori, do italiano Gazzetta Dello Sport, também elogiou o brasileiro, o comparando a Leonardo da Vinci: “Zizinho cria obras-primas com os pés na imensa tela do gramado do Maracanã”. A imprensa brasileira também destacou a atuação de Bauer, o comparando com Domingos da Guia.

Essa partida causou um êxtase tão grande que ninguém se deu conta que a defesa brasileira era vulnerável, especialmente a atacantes velozes que avançavam pelo lado esquerdo do Brasil.

Nessa partida, Ademir de Menezes se tornou o primeiro e até hoje o único jogador brasileiro a marcar quatro vezes em uma partida de Copa e se tornaria o maior artilheiro brasileiro em uma única edição do Mundial, com nove gols.

Antes de Ademir, apenas o polonês Ernest Wilimowski havia marcado quatro vezes em um só jogo de Mundial, contra o Brasil em 1938. Depois deles, alcançaram a marca: o húngaro Sándor Kocsis (contra a Alemanha Ocidental em 1954), o francês Just Fontaine (contra a Alemanha Ocidental em 1958), o português Eusébio (contra a Coreia do Norte em 1966) e o espanhol Emilio Butragueño (contra a Dinamarca em 1986). Eles são superados apenas pelo russo Oleg Salenko, que marcou cinco gols sobre Camarões em 1994.

O Vasco era o clube mais forte do país, tanto que cedeu oito jogadores e até o técnico Flávio Costa para a Seleção. E nessa partida, todos os gols foram anotados por jogadores vascaínos: Ademir (4), Chico (2) e Maneca. Outros representantes cruz-maltinos foram o goleiro Barbosa, o zagueiro Augusto e o meio campo Danilo Alvim. No banco de reservas, Ely e Alfredo II também eram atletas do Gigante da Colina.

Curiosamente, o Brasil completava 12 jogos nas quatro Copas disputadas, ultrapassando a Itália (11 partidas em três Mundiais), como sendo a seleção com maior número de jogos. A primeira posição nesse ranking seria mantida durante quarenta anos, até 1990, quando o Brasil foi eliminado de forma prematura e foi ultrapassado pela Alemanha.

Cada jogador brasileiro recebeu 5 mil cruzeiros (equivalente a US$ 270,00 no câmbio da época) como prêmio por essa vitória, como havia sido determinado antes da Copa pela CBD. A premiação pela eventual conquista do título ainda não havia sido definida.

No dia seguinte, o PTB (Partido Trabalhista Brasileiro) do Rio de Janeiro anunciou oficialmente a candidatura do técnico Flávio Costa a vereador para as eleições marcadas para outubro. Mas, com uma inexpressiva votação (menos de dois mil votos), ele não seria eleito.

Curiosamente, os hinos nacionais dos países começaram a ser executados antes das partidas apenas no quadrangular final. A exceção havia sido o hino brasileiro na partida de abertura do Mundial. Em abril, a FIFA aceitou uma recomendação da CBD para que os hinos fossem suprimidos, para evitar que os apaixonados e extremos torcedores brasileiros vaiassem os hinos rivais. Contra os suecos, a maioria dos torcedores e todos os jogadores brasileiros ouviram o hino em silêncio, levando o Senado Federal a propor que os jornais iniciassem uma imediata campanha de incentivo ao canto e à divulgação da letra. Como o Hino Nacional só era apresentado em ocasiões solenes, era pouco conhecido pela grande maioria do povo.

Com o empate entre Uruguai e Espanha por 2 a 2, a Seleção já largava na liderança. Não havia nenhuma dúvida: o Brasil caminhava a passos largos rum ao tão sonhado título mundial. Na sequência, o escrete nacional massacrou a Espanha por 6 x 1, enquanto o Uruguai sofreu para vencer a Suécia por 3 x 2, com um gol nos minutos finais do capitão Obdulio Varela. Na rodada final, a Suécia garantiu o 3º lugar ao vencer a Espanha por 3 x 1. Na partida decisiva, o Brasil começou ganhando do Uruguai, mas sofreu a virada por 2 x 1, na partida que ficou para a história como Maracanazzo. O título mundial seria adiado por mais oito anos e seria conquistado na Suécia, diante dos donos da casa.


(Imagem: UOL)

FICHA TÉCNICA:

 

BRASIL 7 x 1 SUÉCIA

 

Data: 09/07/1950

Horário: 15h00 locais

Estádio: Maracanã

Público: 138.886

Cidade: Rio de Janeiro (Brasil)

Árbitro: Arthur Ellis (Inglaterra)

 

BRASIL (WM):

SUÉCIA (WM):

1  Barbosa (G)

1  Kalle Svensson (G)

2  Augusto (C)

2  Lennart Samuelsson

3  Juvenal

3  Erik Nilsson (C)

4  Bauer

4  Sune Andersson

5  Danilo Alvim

5  Knut Nordahl

6  Bigode

6  Ingvar Gärd

7  Maneca

7  Stig Sundqvist

8  Zizinho

8  Karl-Erik Palmér

9  Ademir de Menezes

9  Hasse Jeppson

10 Jair Rosa Pinto

10 Lennart Skoglund

11 Chico

11 Stellan Nilsson

 

Técnico: Flávio Costa

Técnico: George Raynor

 

SUPLENTES:

 

 

Castilho (G)

Torsten Lindberg (G)

Nena

Tore Svensson (G)

Nilton Santos

Ivan Bodin

Ely

Gunnar Johansson

Rui

Arne Månsson

Noronha

Olle Åhlund

Alfredo II

Egon Jönsson

Friaça

Börje Tapper

Baltazar

Bror Mellberg

Adãozinho

Ingvar Rydell

Rodrigues Tatu

Kurt Svensson

 

GOLS:

17′ Ademir de Menezes (BRA)

36′ Ademir de Menezes (BRA)

39′ Chico (BRA)

52′ Ademir de Menezes (BRA)

58′ Ademir de Menezes (BRA)

67′ Sune Andersson (SUE) (pen)

85′ Maneca (BRA)

88′ Chico (BRA)

Gols da partida:

● Ary Barroso já era consagrado como compositor de “Aquarela do Brasil” (1939) e transmitiu a Copa como locutor da Rádio Tupi do Rio. Sua mais nova música “O Brasil há de ganhar” foi gravada pela cantora Linda Batista em uma sexta-feira, dia 21 de abril do mesmo ano e lançada pela RCA Victor logo após o jogo contra os suecos, sob número de disco 80-0662-B, matriz S-092660. O disco chegaria às lojas no momento perfeito, logo após a nova goleada sobre a Espanha.

O Brasil há de ganhar (1950)

O Brasil há de ganhar, eh eh
Para se glorificar, eh eh
Bota a pelota no gramado
Palmas pro Selecionado
Deixa a moçada se espalhar, eh eh eh eh

É a raça brasileira
Numa festa altaneira
Mostrando que é boa e varonil
Quando o time aparecer
Gritaremos até morrer
Brasil! Brasil!”

… 23/06/2018 – Alemanha 2 x 1 Suécia

Três pontos sobre…
… 23/06/2018 – Alemanha 2 x 1 Suécia


(Imagem: FIFA.com)

● Quando a seleção campeã do mundo entra em campo, é sempre a favorita contra qualquer adversário. E como de costume, os alemães apostavam em um trabalho de longo prazo. O técnico Joachim Löw assumiu a Nationalelf após o Mundial de 2006 e levou o time a um 3º lugar em 2010 e ao título em 2014. Para a Copa da Rússia em 2018, jogadores históricos como Philipp Lahm, Bastian Schweinsteiger e Miroslav Klose já haviam pendurado as chuteiras. Mas a renovação foi muito bem feita e o elenco estava tão qualificado quanto o de quatro anos antes ou até mais.

Em 2017, venceu a Copa das Confederações com um time praticamente reserva, quando brilharam as estrelas de Marc-André ter Stegen, Antonio Rüdiger, Joshua Kimmich, Julian Brandt e Timo Werner. Para a Copa, se juntaram a eles medalhões como Manuel Neuer, Mats Hummels, Jérôme Boateng, Sami Khedira, Toni Kroos, Mesut Özil e Thomas Müller. O estilo permanecia o mesmo: marcação sob pressão, posse de bola, toques rápidos e movimentação intensa. A Alemanha chegava muito forte e era considerada a maior favorita à conquista quinto título mundial.

A Suécia era um time pragmático, que jogava um futebol “certinho”: sem muita técnica, mas também sem dar nenhuma facilidade ao rival. Suas duas linhas de quatro bem postadas foram responsáveis por deixar para trás a Holanda e a Itália nas eliminatórias. Desde a Eurocopa de 2016, não contava mais com Zlatan Ibrahimović, sua maior estrela. Ele chegou a ser cogitado para disputar o Mundial, mas foi preterido pelo técnico Janne Andersson, que preferiu apostar no coletivo. Era personificada pelo seu novo capitão, o experiente zagueiro Andreas Granqvist. Tecnicamente, o maior destaque era o meia pela esquerda Emil Forsberg, do RB Leipzig. O ponto fraco da seleção Blågult (azul e amarela) era o ataque, onde ninguém convencia: Ola Toivonen, Marcus Berg e John Guidetti eram voluntariosos e apenas medianos. No primeiro jogo, venceu a Coreia do Sul por 1 x 0, com um gol de pênalti de Granqvist.

Na primeira rodada, os alemães sofreram diante do México e perderam por 1 x 0. Tocavam a bola e não conseguiam entrar na defesa mexicana. Com um pouco mais de pontaria, o placar poderia ter sido de 3 x 0 para mais.


A Alemanha jogou no sistema 4-2-3-1.


A Suécia atuou no 4-4-2 tradicional, com duas linhas de quatro.

● Joachim Löw resolveu fazer quatro mudanças no time titular em relação à péssima partida contra o México. Mats Hummels estava com problemas físicos e deu lugar a Antonio Rüdiger. Jonas Hector voltou a ser titular depois de se recuperar de uma lesão, no lugar de Marvin Plattenhardt. As demais mudanças foram técnicas: saiu a dupla consagrada Sami Khedira e Mesut Özil, para a entrada de Sebastian Rudy e Marco Reus.

Já nos primeiros instantes, a Alemanha começou a pressionar demais. Mas não foi uma pressão de qualquer jeito. Foram jogadas trabalhadas, articuladas, de movimentação dos meia-atacantes. Coisa de quem sabe o que deve fazer em campo, sem desespero. Mas a defesa sueca estava muito bem postada, como em quase todos os momentos de todos os jogos.

E aos 12′, quando a partida ainda estava empatada sem gols, a Suécia foi claramente prejudicada pela arbitragem. Em uma bola roubada e contra-ataque rápido, Marcus Berg ficou cara a cara com o goleiro Neuer, mas Boateng o alcançou na velocidade e o deslocou com a mão no ombro, além de uma pequena alavanca com o pé. O time sueco inteiro reclamou, mas tanto o árbitro quando o VAR decidiram que era lance normal. Uma decisão bastante subjetiva e vergonhosa que beneficiou os alemães.

Mas a Suécia não se intimidou e abriu o placar aos 32′. O detalhe é que dos 25 aos 31, a Alemanha estava com um jogador a menos, devido a um choque casual entre a chuteira de Ola Toivonen e o nariz de Rudy. O jogador alemão foi atendido, mas com suspeita de fratura no nariz e sangramento contínuo, teve que deixar o campo. Mas enquanto Rudy era atendido, a Suécia pressionava. E no minuto seguinte da entrada de Gündogan, Toni Kroos errou um passe (ele também erra passe!). Berg recuperou a bola, passou para Viktor Claesson, que lançou no alto para Ola Toivonen dentro da área. O camisa 20 dominou bonito e tocou por cobertura sobre Manuel Neuer. A bola ainda desviou em Jérôme Boateng e tomou o caminho do gol.

Vencendo por 1 a 0, a Suécia passou a fechar a “casinha” ainda mais. E a Alemanha pressionava. No intervalo, Joachim Löw trocou o nulo Julian Draxler por Mario Gómez, homem de área. Aliás… era pouco inteligente a insistência de Löw em Draxler – um jogador superestimado. Incrivelmente fora dos convocados para o Mundial, Leroy Sané fazia muita falta ao plantel alemão.


(Imagem: FIFA.com)

E logo aos 3′ do segundo tempo, Timo Werner (que passou a jogar na ponta esquerda) chutou cruzado, Mario Gómez tentou alcançar a bola sem conseguir e Marco Reus finalizou do jeito que deu, um misto de joelho com canela. Pouco importa. Importante foi o gol de empate, que manteve as esperanças alemãs vivas.

E dá-lhe blitz para cima dos suecos. A pressão passou a ser ainda mais intensa. E a Suécia foi se cansando. Mesmo depois que Boateng foi expulso por receber justamente o segundo cartão amarelo, os suecos não conseguiam contra-atacar, tampouco atacar.

Toni Kroos chamava o jogo e arriscava bastante. Em um de seus cruzamentos da esquerda, Mario Gomez cabeceou com perigo e o goleiro Robin Olsen fez uma excelente defesa, embora a bola tenha vindo em cima dele.

Com pouco a fazer, Löw tirou o lateral Hector e colocou o meia-atacante Julian Brandt. Em um de seus primeiros lances, ele recebeu fora da área, cortou para a perna esquerda e bateu bem. A bola explodiu na trave. Na volta, Timo Werner estava impedido, mas nem assim acertou o gol.

A Alemanha ainda lutava, não se contentando com o empate. E aos 49′ do segundo tempo, Jimmy Durmaz fez uma falta sem sentido no lado direito de sua área. Uma bola que normalmente seria cruzada. Mas qual equipe no mundo possui um talento como Toni Kroos, que coloca a bola onde quer?! E foi isso que o jogador do Real Madrid fez. Em uma jogada de dois lances com Marco Reus, Kroos bateu bonito, com curva, no ângulo esquerdo do goleiro Olsen. Um gol e uma partida para ficar para a história.

Pode-se dizer que o bom goleiro Robin Olsen falhou no gol de Kroos. Mas o mais xingado foi o atacante Jimmy Durmaz, que cometeu a falta sem necessidade. Filho de imigrantes assírios turcos, ele recebeu graves ofensas raciais por parte dos mais exaltados. A Federação Sueca precisou prestar queixas à polícia por causa de ofensas recebidas pelo atleta nas redes sociais. No treinamento do dia seguinte, o elenco sueco se reuniu atrás de Durmaz, que fez um pronunciamento à imprensa. Ao fim, ele disse: “Somos a Suécia” e todos os jogadores responderam juntos: “Vá se foder, racismo!”


(Imagem: FIFA.com)

● Essa derrota deu forças à Suécia, que venceu o México com muita autoridade por 3 x 0 e garantiu o primeiro lugar no grupo no critério de saldo de gols. Nas oitavas de final, contou com um gol de Forsberg para eliminar a Suíça (1 x 0). Nas quartas, não conseguiu bater de frente com o jovem e bom time da Inglaterra e perdeu por 2 x 0, caindo de pé.

Na terceira rodada, a Alemanha só dependia de si para se classificar. Bastava vencer a já eliminada Coreia do Sul. Mas, com jogadores anêmicos como Neuer, Özil e Müller, ainda foi surpreendida nos minutos finais e perdeu por 2 x 0, com gols aos 48 e aos 51 minutos do segundo tempo. Provavelmente, esses foram os minutos mais desastrosos da história vitoriosa da Nationalelf.

Nas últimas cinco Copas do Mundo, por quatro vezes os campeões foram eliminados na fase de grupos no Mundial seguinte. Apenas o Brasil de 2006 seguiu até as quartas de final. Em 2002, a França de Zinédine Zidane deu vexame. Em 2010 o papelão foi da Itália. Em 2014, a Espanha passou vergonha. E em 2018 foi a vez da Alemanha cair na fase de grupos pela primeira vez em sua história.


(Imagem: FIFA.com)

FICHA TÉCNICA:

 

ALEMANHA 2 x 1 SUÉCIA

 

Data: 23/06/2018

Horário: 21h00 locais

Estádio: Olímpico de Fisht (Fisht Stadium)

Público: 44.287

Cidade: Sóchi (Rússia)

Árbitro: Szymon Marciniak (Polônia)

 

ALEMANHA (4-2-3-1):

SUÉCIA (4-4-2):

1  Manuel Neuer (G)(C)

1  Robin Olsen (G)

18 Joshua Kimmich

2  Mikael Lustig

16 Antonio Rüdiger

3  Victor Lindelöf

17 Jérôme Boateng

4  Andreas Granqvist (C)

3  Jonas Hector

6  Ludwig Augustinsson

19 Sebastian Rudy

17 Viktor Claesson

8  Toni Kroos

7  Sebastian Larsson

13 Thomas Müller

8  Albin Ekdal

7  Julian Draxler

10 Emil Forsberg

11 Marco Reus

20 Ola Toivonen

9  Timo Werner

9  Marcus Berg

 

Técnico: Joachim Löw

Técnico: Janne Andersson

 

SUPLENTES:

 

 

22 Marc-André ter Stegen (G)

12 Karl-Johan Johnsson (G)

12 Kevin Trapp (G)

23 Kristoffer Nordfeldt (G)

15 Niklas Süle

16 Emil Krafth

4  Matthias Ginter

18 Pontus Jansson

5  Mats Hummels

14 Filip Helander

2  Marvin Plattenhardt

5  Martin Olsson

6  Sami Khedira

13 Gustav Svensson

21 İlkay Gündoğan

15 Oscar Hiljemark

14 Leon Goretzka

19 Marcus Rohdén

10 Mesut Özil

21 Jimmy Durmaz

20 Julian Brandt

22 Isaac Kiese Thelin

23 Mario Gómez

11 John Guidetti

 

GOLS:

32′ Ola Toivonen (SUE)

48′ Marco Reus (ALE)

90+5′ Toni Kroos (ALE)

 

CARTÕES AMARELOS:

52′ Albin Ekdal (SUE)

71′ Jérôme Boateng (ALE)

90+7′ Sebastian Larsson (SUE)

 

CARTÃO VERMELHO: 82′ Jérôme Boateng (ALE)

 

SUBSTITUIÇÕES:

31′ Sebastian Rudy (ALE) ↓

İlkay Gündoğan (ALE) ↑

 

INTERVALO Julian Draxler (ALE) ↓

Mario Gómez (ALE) ↑

 

74′ Viktor Claesson (SUE) ↓

Jimmy Durmaz (SUE) ↑

 

78′ Ola Toivonen (SUE) ↓

John Guidetti (SUE) ↑

 

87′ Jonas Hector (ALE) ↓

Julian Brandt (ALE) ↑

 

90′ Marcus Berg (SUE) ↓

Isaac Kiese Thelin (SUE) ↑

Melhores momentos da partida:

… 27/05/1934 – Suécia 3 x 2 Argentina

Três pontos sobre…
… 27/05/1934 – Suécia 3 x 2 Argentina


(Imagem: Bob Thomas / Popperfoto / Getty Images)

Como já contamos anteriormente, após o sucesso da primeira Copa do Mundo, 32 nações se inscreveram em busca de uma das 16 vagas. Por isso, precisou-se disputar partidas qualificatórias.

A Suécia foi a vencedora do Grupo 1 das eliminatórias ao vencer a Estônia (6 x 2, em Estocolmo) e a Lituânia (2 x 0, em Kaunas).

A Argentina ficou com uma das duas vagas da América do Sul (juntamente com o Brasil), após a desistência do Chile.

Era a estreia dos suecos em Copas, enquanto a Argentina havia sido vice-campeã da primeira edição do Mundial, disputado quatro anos antes no Uruguai.


(Imagem: El Gráfico)

● A Argentina chegava bastante enfraquecida para a disputa do torneio, basicamente por dois motivos: a busca da Itália pelos oriundi mundo afora e o início do futebol profissional no país.

Liderada pelo ditador Benito Mussolini, a Itália queria mostrar a superioridade do fascismo e resolveu fortalecer sua seleção com os descendentes de italianos. O Brasil perdeu o ponta direita Filó (Anfilogino Guarisi). Mas os argentinos foram mais prejudicados, ao perderem talentos como o centromédio Luisito Monti, o atacante Attilio Demaría (ambos vice-campeões do mundo em 1930), o ponta direita Enrique Guaita e o ponta esquerda Raimundo Orsi.

Posteriormente, Guaita revelou que havia combinado com seus três companheiros no início da Copa que não entrariam em campo se tivessem de enfrentar a Argentina. Certamente enfrentariam a fúria do Duce, mas a fuga não foi necessária, graças à eliminação precoce dos portenhos.

Na época, o critério utilizado pela FIFA autorizava o jogador a representar outra seleção desde que estivesse morando em seu novo país há pelo menos três anos e não houvesse atuado pela antiga seleção nesse período. Mas Monti havia jogado pela Argentina em julho de 1931 e Guaita em 1933 – menos de três anos antes da Copa. A FIFA foi condescendente com a Itália, mas não fez o mesmo com o húngaro Iuliu Baratky, que só pôde jogar pela Romênia na Copa de 1938. Privilégios que eram conquistados graças à influência de Mussolini junto à entidade máxima do futebol.

Além desses importantes desfalques, os grandes clubes portenhos (River Plate, Boca Juniors e San Lorenzo) haviam aderido ao profissionalismo, formaram uma associação fora da tutela da FIFA e não cederam jogadores para a seleção. Com isso, nenhum atleta vice-campeão de 1930 pôde ir à Copa de 1934. Craques como Francisco Varallo, Carlos Peucelle e Manuel Ferreira não puderam exibir suas qualidades nos gramados do belpaese.

O mesmo aconteceu com o Brasil, já que a Confederação Brasileira de Desportos (CBD) era uma entidade amadora e teve dificuldades de reunir uma seleção competitiva.


Nos anos 1930, todas as equipes atuavam no ofensivo sistema “clássico” ou “pirâmide”, o 2-3-5.

● Mesmo com um time formado por amadores, os hermanos exigiram bastante da Suécia, que já era adepta ao profissionalismo sem problemas e estava composta pelos seus principais jogadores.

Mas quem abriu o placar foi o zagueiro argentino Ernesto Belis, aos 16 minutos de partida.

O centroavante sueco Sven Jonasson empatou aos 33′.

No início da segunda etapa, aos 4 minutos, Alberto Galateo deu mais esperanças aos albicelestes e fez 2 a 1.

O empate veio aos 22′, quando Jonasson fez seu segundo gol.

Os argentinos chegaram a ficar na frente do placar por duas vezes, mas a Suécia teve calma e ratificou sua superioridade técnica conquistando a vitória a dez minutos do fim, com o ponteiro esquerdo Knut Kroon.


(Imagem: Pinterest)

● Os suecos seriam eliminados logo na sequência pela Alemanha, nas quartas de final.

No dia 31/05/1934, os alemães venceram por 2 x 1, com dois gols de Karl Hohmann (Dunker diminuiu para os nórdicos).

FICHA TÉCNICA:

 

SUÉCIA 3 x 2 ARGENTINA

 

Data: 27/05/1934

Horário: 16h00 locais

Estádio: Littoriale

Público: 14.000

Cidade: Bologna (Itália)

Árbitro: Eugen Braun (Áustria)

 

SUÉCIA (2-3-5):

ARGENTINA (2-3-5):

Anders Rydberg (G)

Héctor Freschi (G)

Nils Axelsson

Juan Pedevilla

Sven Andersson

Ernesto Belis

Rune Carlsson

José Nehin

Nils Rosén (C)

Constantino Urbieta Sosa

Ernst Andersson

Arcadio López

Gösta Dunker

Francisco Rúa

Ragnar Gustavsson

Federico Wilde

Sven Jonasson

Alfredo Devincenzi (C)

Tore Keller

Alberto Galateo

Knut Kroon

Roberto Irañeta

 

Técnico: József Nagy

Técnico: Felipe Pascucci

 

SUPLENTES:

 

 

Eivar Widlund (G)

Ángel Grippa (G)

Otto Andersson

Ramón Astudillo

Victor Carlund

Enrique Chimento

Helge Liljebjörn

Ernesto Albarracín

Einar Snitt

Alfonso Lorenzo

Harry Lundahl

Luis Izzeta

Carl-Erik Holmberg

Francisco Pérez

Gunnar Jansson

 

Georg Johansson

 

Gunnar Olsson

 

Arvid Thörn

 

 

GOLS:

4′ Ernesto Belis (ARG)

9′ Sven Jonasson (SUE)

48′ Alberto Galateo (ARG)

67′ Sven Jonasson (SUE)

79′ Knut Kroon (SUE)

Veja alguns lances da partida:

… 12/06/2002 – Suécia 1 x 1 Argentina

Três pontos sobre…
… 12/06/2002 – Suécia 1 x 1 Argentina


(Imagem: UOL)

● A Argentina tentava se reerguer depois da pior crise econômica de sua história. Um dos raros alentos para o país era sua seleção, maior favorita para conquistar o título da Copa do Mundo de 2002 – juntamente com a França, então campeã da Europa e do mundo. Os portenhos fizeram a melhor campanha da história das eliminatórias sul-americanas, com 43 pontos, 13 vitórias, 4 empates e só uma derrota; foram 42 gols marcados e 15 sofridos (melhor ataque e melhor defesa). Terminou 12 pontos à frente do segundo colocado, o Equador. Estava invicta há 18 jogos, desde a derrota por 3 a 1 para o Brasil no Morumbi, em 26/07/2000. Mas, além de vencer, aquele time encantava em campo.

Muito bem treinada por Marcelo “El Loco” Bielsa, a albiceleste era armada em um 3-4-3 com ótima ocupação dos espaços. Era um time completo, com zagueiros fortes e de boa técnica (Pochettino, Samuel e Placente), os melhores laterais da história do país (Zanetti e Sorín), dois dínamos no meio campo (Simeone e Verón), dois pontas rápidos e habilidosos (Ortega e Kily González) e um goleador de respeito (Batistuta). Era uma base que jogava junta há muito tempo na seleção e contava com grande entrosamento.

Mas, justamente no Mundial, quando tudo deveria estar perfeito, o time desandou. No jogo de abertura do Grupo F, teve muito volume de jogo, mas venceu a Nigéria com um magro 1 a 0. Na partida seguinte, deu muitas brechas na defesa e perdeu para a Inglaterra por 1 a 0, com um gol de pênalti (e cheio de raiva) de David Beckham. Na rodada final, precisava vencer a Suécia para se classificar. Se empatasse, precisaria torcer para uma vitória por dois gols dos nigerianos sobre os ingleses.

Com dois técnicos, Lars Lagerbäck e Tommy Söderberg (coisa rara), a Suécia era uma equipe aplicada taticamente e composta de bons valores individuais. Havia um misto de experiência e juventude. Magnus Hedman, Patrik Andersson, Teddy Lučić e Henrik Larsson estavam presentes no elenco de 1994, que levou a seleção “Blågult” ao 3º lugar. E a jovem guarda era muito bem representada por um jovem reserva de 20 anos, chamado Zlatan Ibrahimović.

Nas duas primeiras rodadas, os suecos empataram com a Inglaterra (1 x 1) e venceram a Nigéria (2 x 1). Precisava de um empate contra os argentinos para se classificar.


A Argentina atuava no 3-4-3 consagrado por Marcelo “Loco” Bielsa. Dessa vez, com muitas mudanças na escalação.


A Suécia jogava no sistema 4-4-2 clássico, com muita aplicação tática.

● Insatisfeito com o rendimento dos jogos anteriores, “El Loco” Bielsa mudou quase meio time. Entraram Chamot, Almeyda, Pablo Aimar e Claudio López, nos lugares de Placente, Simeone, Verón e Kily González. Surpreendente mesmo foi a saída do capitão Verón, mesmo não atuando bem nas partidas anteriores.

O jogo começou com cautela de ambos os lados. Mas logo a Argentina começaria a demonstrar a sua superioridade técnica e a ditar o ritmo da partida. Mas os hermanos mostraram que não haviam aprendido com os erros da derrota anterior e continuaram insistindo nas jogadas pela linha de fundo. Até chegavam com perigo, mas erravam na finalização. Nos 90 minutos, foram 57 bolas erguidas na área sueca, consagrando a dupla de zaga Jakobsson e Mjällby.

Aos 13′, Zanetti foi à linha de fundo e cruzou da direita. Na pequena área, Sorín cabeceou o o goleiro Hedman espalmou.

Claudio López perdeu duas chances. Uma aos 29′, quando chutou para fora um cruzamento da direita. A outra foi pouco depois, ao receber na área e chutar de esquerda por cima.

Aimar tabelou com Ortega e deixou Batistuta livre para chutar cruzado. Ele encheu o pé, mas a bola foi para fora, assustando Hedman.

Próximo ao intervalo, o experiente atacante Claudio Caniggia xingou o bandeirinha e foi recebeu o cartão vermelho mesmo sem ter entrado em campo. Caniggia se tornou o primeiro jogador expulso do banco de reservas em toda a história das Copas. Foi praticamente uma viagem turística do veterano pela Ásia, já que não entrou em campo nem um minuto.


(Imagem: Tim De Waele / Getty Images)

O placar foi aberto aos 14 minutos do segundo tempo. Anders Svensson cobrou falta da intermediária com perfeição e acertou o canto direito. O goleiro Pablo Cavallero se esticou todo, chegou a tocar na bola, mas não conseguiu impedir o gol.

Aos 27, Verón (que entrou no lugar de Almeyda) cruzou na área, mas a bola passou por todo mundo.

Um pouco antes, Batistuta tinha dado lugar a Crespo. Uma das maiores críticas feitas a Bielsa e ao seu antecessor, Daniel Passarella, foi o fato de não deixarem Batistuta e Crespo em campo ao mesmo tempo em hipótese alguma. No primeiro tempo, joga Batigol; no segundo, entra “Valdanito”. Mesmo precisando fazer gols e contando com dois dos maiores goleadores do mundo na época, os treinadores não mantinham os dois centroavantes juntos em campo.

Sem a bola, os argentinos tinham dificuldade para retomá-la. Uma das ausências mais sentidas em campo foi do experiente zagueiro Roberto Ayala. Ele havia se lesionado no aquecimento contra a Nigéria e nem chegou a jogar durante o torneio.

Na necessidade de atacar a qualquer custo, a Argentina abriu a defesa. A Suécia respondeu nos contra-ataques em velocidade. Andreas Andersson cruzou rasteiro da esquerda. Pochettino tentou cortar e a bola explodiu no peito do goleiro Cavallero, evitando o gol contra.

Aos 32, Larsson partiu sozinho em um contragolpe e foi derrubado por Chamot. O árbitro Ali Bujsaim, dos Emirados Árabes Unidos, interpretou que o atacante sueco simulou a falta e lhe aplicou cartão amarelo. Foi um erro crasso. A falta aconteceu e resultaria na expulsão de Chamot, por ser o último defensor.

Mas a Argentina reagiu. Após cruzamento da esquerda, a zaga sueca afastou e Zanetti chutou forte da entrada da área. Hedman foi bem espalmou para fora.

Depois, Chamot invadiu a área pela direita e chutou de esquerda. A bola bateu no travessão, quicou na linha e não entrou.

Aos 39, Andersson penetrou na área portenha e tocou por cima na saída do goleiro. A bola tocou no travessão e não entrou.

A dois minutos do fim, Ortega entrou na área pela direita e se jogou na disputa com Mattias Jonson. O juiz marcou pênalti. O próprio Ortega bateu no canto esquerdo, Hedman defendeu e Hernán Crespo pegou o rebote para completar para o gol. O detalhe é que Crespo havia invadido a área antes da cobrança. Portanto o gol foi irregular – embora tenha sido validado pela arbitragem.

Mas não havia tempo para mais nada. Ex-favoritos, os argentinos choraram a eliminação ainda em campo.


(Imagem: FIFA)

● Como o jogo entre Inglaterra e Nigéria terminou sem gols, o empate garantiu a Suécia no primeiro lugar do “grupo da morte”.

Nas oitavas de final, a Suécia saiu na frente de Senegal, mas viu os africanos empatarem e vencerem na prorrogação (2 x 1) com um gol de ouro de Henri Camara. Foi uma campanha digna dos suecos. E uma vergonha a dos argentinos.

Marcelo Bielsa continuou como técnico da seleção argentina por mais dois anos e conquistou a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Atenas, em 2004, com um time que tinha Roberto Ayala, Javier Mascherano, Kily González, Javier Saviola, Carlos Tévez e outros ótimos nomes.


(Imagem: O Curioso do Futebol)

FICHA TÉCNICA:

 

SUÉCIA 1 x 1 ARGENTINA

 

Data: 12/06/2002

Horário: 15h30 locais

Estádio: Miyagi Stadium (atual Hitomebore Stadium Miyagi)

Público: 45.777

Cidade: Miyagi (Japão)

Árbitro: Ali Bujsaim (Emirados Árabes Unidos)

 

SUÉCIA (4-4-2):

ARGENTINA (3-4-3):

1  Magnus Hedman (G)

12 Pablo Cavallero (G)

2  Olof Mellberg

4  Mauricio Pochettino

15 Andreas Jakobsson

6  Walter Samuel

4  Johan Mjällby (C)

22 José Chamot

16 Teddy Lučić

8  Javier Zanetti

7  Niclas Alexandersson

5  Matías Almeyda

8  Anders Svensson

16 Pablo Aimar

6  Tobias Linderoth

3  Juan Pablo Sorín

17 Magnus Svensson

10 Ariel Ortega

10 Marcus Allbäck

Gabriel Batistuta (C)

11 Henrik Larsson

7  Claudio López

 

Técnicos: Lars Lagerbäck / Tommy Söderberg

Técnico: Marcelo “Loco” Bielsa

 

SUPLENTES:

 

 

23 Andreas Isaksson (G)

23 Roberto Bonano (G)

12 Magnus Kihlstedt (G)

1  Germán Burgos (G)

3  Patrik Andersson

2  Roberto Ayala

5  Michael Svensson

13 Diego Placente

13 Tomas Antonelius

14 Diego Simeone

14 Erik Edman

15 Claudio Husaín

20 Daniel Andersson

20 Marcelo Gallardo

19 Pontus Farnerud

11 Juan Sebastián Verón

18 Mattias Jonson

17 Gustavo López

9  Freddie Ljungberg

18 Kily González

22 Andreas Andersson

21 Claudio Caniggia

21 Zlatan Ibrahimović

19 Hernán Crespo

 

GOLS:

59′ Anders Svensson (SUE)

88′ Hernán Crespo (ARG)

 

CARTÕES AMARELOS:

55′ José Chamot (ARG)

58′ Matías Almeyda (ARG)

65′ Magnus Svensson (SUE)

75′ Kily González (ARG)

78′ Henrik Larsson (SUE)

 

CARTÃO VERMELHO: 45+2′ Claudio Caniggia (ARG)

 

SUBSTITUIÇÕES:

INTERVALO Marcus Allbäck (SUE) ↓

Andreas Andersson (SUE) ↑

 

58′ Gabriel Batistuta  (ARG) ↓

Hernán Crespo (ARG) ↑

 

63′ Matías Almeyda (ARG) ↓

Juan Sebastián Verón (ARG) ↑

 

63′ Juan Pablo Sorín (ARG) ↓

Kily González (ARG) ↑

 

68′ Anders Svensson (SUE) ↓

Mattias Jonson (SUE) ↑

 

78′ Henrik Larsson (SUE) ↓

Zlatan Ibrahimović (SUE) ↑


(Imagem: Mundo Albiceleste)

Melhores momentos da partida:

… 16/07/1994 – Suécia 4 x 0 Bulgária

Três pontos sobre…
… 16/07/1994 – Suécia 4 x 0 Bulgária


(Imagem: Getty Images)

● Na véspera da final da Copa do Mundo, três dias depois de perder nas semifinais, a Suécia retornou ao estádio Rose Bowl, em Pasadena, para enfrentar a Bulgária pela disputa do terceiro lugar. As duas seleções tinham se classificado para a Copa no mesmo grupo das Eliminatórias europeias, deixando a França de fora.

A Suécia empatou com Camarões na estreia por 2 a 2. Depois, venceu a Rússia por 3 a 1. Segurou o Brasil e empatou por 1 a 1. Nas oitavas de final, bateu a surpreendente Arábia Saudita por 3 a 1. Nas quartas de final, fez um jogo proibido para cardíacos, com muito equilíbrio, contra a Romênia, empatando por 1 a 1 no tempo normal, outro 1 a 1 na prorrogação, e vencendo por 5 a 4 nas penalidades máximas. Nas semifinais, parou no futuro campeão Brasil, caindo com um magro e digno 1 a 0.

A Bulgária estreou perdendo por 3 a 0 para a Nigéria. Depois, goleou a Grécia por 4 a 0 e surpreendeu vencendo a Argentina por 2 a 0. Nas oitavas, precisou dos pênaltis (3 x 1) para passar pelo México após o empate por 1 a 1. Nas quartas, eliminou a então campeã mundial, Alemanha, vencendo de virada por 2 a 1. Nas semi, vendeu caro a derrota por 2 a 1 para Itália de Roberto Baggio.

Apesar da igualdade de condições, suecos e búlgaros apresentavam ânimos diferentes para o confronto. Enquanto os nórdicos passavam a sensação de aceitação por terem perdido para a melhor equipe do torneio (Brasil), o selecionado do leste europeu parecia remoer o erro de arbitragem que resultou em sua desclassificação.

Na semifinal, quando a Itália já vencia a Bulgária por 2 a 1 e Roberto Baggio tinha sido substituído por lesão, Kostadinov pediu pênalti por um toque de mão do zagueiro Alessandro Costacurta na linha lateral da grande área. Porém, o trio de arbitragem mandou o jogo seguir. Foi um pênalti claro, que poderia ter mudado o rumo do jogo e até a história da competição. “Deus é búlgaro, mas o juiz é francês (Joël Quiniou). Estamos entre os quatro melhores do mundo, mas deixamos de jogar a final entre os dois melhores por causa do juiz”, disse Stoichkov, numa alusão à desclassificação da França diante da Bulgária nas Eliminatórias.


A Suécia jogava no 4-4-2 clássico, com muita marcação no meio de campo e velocidade com os atacantes.


A Bulgária jogava em um misto de 4-4-2 (quando se defendia) e 4-3-3 (quando atacava).

● Quem esperava um duelo equilibrado viu uma Bulgária apática e desmotivada.

Nesse cenário de terra devastada, a seleção do leste europeu não ofereceu nenhuma resistência e a Suécia abriu o placar aos oito minutos. Ingesson foi à linha de fundo e cruzou. Mikhailov e a defesa búlgara ficaram no meio do caminho e Tomas Brolin cabeceou para o gol aberto.

A seleção escandinava aproveitou a catarse búlgara e, vendo que os adversários não ofereciam resistência, começou a empilhar gols.

Com meia hora de jogo, Brolin sofreu falta. Ele cobrou rápido e tocou para Mild, que pegou a defesa desprevenida e tocou por cima do goleiro.

Sete minutos depois, Brolin, o melhor em campo, lançou nas costas da defesa. O rastafári Henrik Larsson ganhou de Ivanov na corrida, entrou na área, driblou o goleiro, parou a jogada deixando Ivanov no chão, e tocou para o gol vazio. Larsson teve sangue frio. Um belo gol.

Aos 40′, Schwarz ergueu a bola para a área da intermediária. Antes da marca do pênalti, o gigante Kennet Andersson ganhou no alto de Mikhailov, que saiu mal do gol. Era o quarto da Suécia, que transformava a apatia do oponente em goleada. A Bulgária já estava cansada depois de tantas batalhas.

Cada bola que os suecos lançavam para a área era sinônimo de tormento para o técnico búlgaro Dimitar Penev. Ele se irritou profundamente e queimou logo todas as substituições ainda antes do pontapé inicial do segundo tempo.

Trocou inclusive seu goleiro, tirando o capitão Borislav Mikhailov e colocando em campo o reserva Plamen Nikolov. Era a terceira vez na história das Copas que um goleiro foi substituído sem estar lesionado. A primeira foi Mwamba Kazadi, do Zaire, em 1974. No jogo contra a Iugoslávia, ele saiu aos 22 minutos, quando seu time perdia por 3 a 0. A partida terminou 9 a 0. A segunda vez foi em 1994 mesmo. O sul-coreano Choi In-young pediu pra ir embora no intervalo do confronto diante da Alemanha, quando sua equipe perdia por 3 a 0. No segundo tempo, com Lee Woon-jae no gol, os asiáticos reagiram e diminuíram para 3 a 2.

Um dos substituídos naquela partida, Trifon Ivanov, falou mais sobre isso: “Todo mundo jogou por si próprio na decisão do terceiro lugar da Copa. Eu pedi para o técnico para ser substituído no intervalo, mas ele não queria. Eu nunca vou me esquecer do gol de Larsson. Eu não consegui pará-lo. Então, disse que ou ele me substituía ou eu saía de campo. E finalmente ele me tirou”.

Os suecos, que abriram 4 a 0 em 45 minutos, sabiam que a medalha de bronze dificilmente escaparia, e deixaram passar o segundo tempo. Mas continuou criando chances. Kennet Andersson fez um lançamento de 40 metros, Larsson avançou sozinho (de novo), mas dessa vez Nikolov defendeu com os pés, impedindo um placar ainda mais elástico.

A Bulgária, sem forças, só tinha um objetivo: fazer de Hristo Stoichkov o artilheiro isolado da Copa, já que até então ele tinha os mesmos seis gols do russo Oleg Salenko. Assim, todas as jogadas eram preparadas para ele finalizar. Nenhuma deu resultado efetivo. Na chance mais clara, parou em boa defesa de Ravelli.

Além disso, Balakov ainda perdeu dois gols feitos, na pequena área. Em uma delas, Ravelli não conseguiu segurar um chute de longe e soltou a bola nos pés do camisa 20 que, incrivelmente, conseguiu acertar a trave de dentro da pequena área. Foi a melhor chance búlgara no jogo.

Sem contar que o árbitro Ali Bujsaim, dos Emirados Árabes Unidos, ainda anulou um gol de Emil Kostadinov por impedimento.

Faltando poucos minutos para o fim da partida, o goleiro sueco Thomas Ravelli fazia piruetas em campo. Enquanto sua seleção prendia a bola no campo de ataque, o arqueiro divertia a multidão com acrobacias.

(Imagem: Stephen Dunn / All Sports / Getty Images)

● Na entrevista, o técnico búlgaro Dimitar Penev resmungou: “Este jogo não deveria existir”, se referindo às decisões do terceiro e quarto lugar em uma Copa do Mundo.

Mas a Bulgária já estava no lucro por ter chegado tão longe, que nem parecia incomodada com a goleada sofrida. Estar entre os quatro melhores era muito mais do que poderiam sonhar. Em cinco participações anteriores e 16 partidas disputadas, nunca tinha vencido um único jogo em Copas do Mundo (10 derrotas e 6 empates). Mas restou o consolo de ter realizado sua melhor campanha em um Mundial. Além disso, emplacou Krasimir Balakov e Hristo Stoichkov na seleção do torneio. Pelo lado sueco, Tomas Brolin, o “Boneco Assassino”, também esteve entre os melhores da Copa.

Foi a melhor classificação sueca na história das Copas, depois do vice-campeonato de 1958, quando foram anfitriões. A goleada, além de render o terceiro lugar, deixou os Vikings com o melhor ataque de toda a Copa, com 15 gols marcados em sete jogos (média de 2,14 por partida), mais que os finalistas Brasil (11) e Itália (8).

Mesmo perdendo feio no último jogo, os integrantes da delegação búlgara foram recebidos como heróis na volta à pátria.

Um dos destaques da seleção escandinava, Martin Dahlin anotou quatro gols na Copa, mas não foi escalado na decisão do terceiro lugar. Além dos gols e do talento, o camisa 10 se destacava também por ser o único negro em uma equipe toda composta por loiros branquíssimos. Dan Martin Nathaniel Dahlin é filho de uma sueca e de um venezuelano.

O goleiro búlgaro Mikhailov foi notícia por utilizar uma peruca durante os jogos. Ele tinha prometido que, se a Bulgária superasse a Itália na semifinal, jogaria sua peruca para a torcida na comemoração. Mas a Itália venceu.

Dos 22 jogadores convocados pela Bulgária, apenas seis tinham nomes que não terminavam em “ov”: Kremenliev, Houbchev, Genchev, Iliev, Georgiev e Mikhtarski.


(Imagem: Getty Images)

FICHA TÉCNICA:

 

SUÉCIA 4 x 0 BULGÁRIA

 

Data: 16/07/1994

Horário: 12h30 locais

Estádio: Rose Bowl

Público: 91.500

Cidade: Pasadena (Estados Unidos)

Árbitro: Ali Bujsaim (Emirados Árabes Unidos)

 

SUÉCIA (4-4-2):

BULGÁRIA (4-4-2):

1  Thomas Ravelli (G)

1  Borislav Mikhailov (G)(C)

2  Roland Nilsson (C)

16 Iliyan Kiryakov

3  Patrik Andersson

3  Trifon Ivanov

4  Joachim Björklund

5  Petar Hubchev

14 Pontus Kåmark

4  Tsanko Tsvetanov

6  Stefan Schwarz

6  Zlatko Yankov

18 Håkan Mild

9  Yordan Letchkov

8  Klas Ingesson

20 Krasimir Balakov

11 Tomas Brolin

10 Nasko Sirakov

7  Henrik Larsson

8  Hristo Stoichkov

19 Kennet Andersson

7  Emil Kostadinov

 

Técnico: Tommy Svensson

Técnico: Dimitar Penev

 

SUPLENTES:

 

 

12 Lars Eriksson (G)

12 Plamen Nikolov (G)

22 Magnus Hedman (G)

2  Emil Kremenliev

13 Mikael Nilsson

15 Nikolay Iliev

5  Roger Ljung

11 Daniel Borimirov

15 Teddy Lučić

14 Boncho Genchev

20 Magnus Erlingmark

19 Georgi Georgiev

17 Stefan Rehn

13 Ivaylo Yordanov

9  Jonas Thern

17 Petar Mihtarski

16 Anders Limpar

18 Petar Aleksandrov

21 Jesper Blomqvist

21 Velko Yotov

10 Martin Dahlin

22 Ivaylo Andonov

 

GOLS:

8′ Tomas Brolin (SUE)

30′ Håkan Mild (SUE)

37′ Henrik Larsson (SUE)

40′ Kennet Andersson (SUE)

 

CARTÕES AMARELOS:

70′ Zlatko Yankov (BUL)

82′ Kennet Andersson (SUE)

 

SUBSTITUIÇÕES:

42′ Trifon Ivanov (BUL) ↓

Emil Kremenliev (BUL) ↑

 

INTERVALO Borislav Mikhailov (BUL) ↓

Plamen Nikolov (BUL) ↑

 

INTERVALO Nasko Sirakov (BUL) ↓

Ivaylo Yordanov (BUL) ↑

 

79′ Henrik Larsson (SUE) ↓

Anders Limpar (SUE) ↑

Melhores momentos da partida:

… 07/07/2018 – Suécia 0 x 2 Inglaterra

Três pontos sobre…
… 07/07/2018 – Suécia 0 x 2 Inglaterra


(Imagem: FIFA.com)

● Inglaterra e Suécia são duas das mais tradicionais escolas do futebol mundial. Ambas tentam recuperar o protagonismo de outras épocas.

Os suecos jogam um futebol extremamente tático e eficiente. Sofreu apenas dois gols, ambos na derrota para a Alemanha. E marcou seis gols, em todas as quatro partidas disputadas até então. E foi “comendo pelas beiradas” que a Suécia chegou nas quartas de final.

Os ingleses insistem que o jovem time deles está sendo preparado para a Copa de 2022, no Qatar. Mas já estão entre os semifinalistas, com grandes chances de chegar à decisão. Então, sonhar com o título não é loucura. O técnico Gareth Southgate conhece essa geração desde as divisões de base da seleção. Possui um sistema tático bem definido e que vem apresentando resultados satisfatórios. Outro fator fundamental é boa fase de jogadores importantes, como o capitão e artilheiro Harry Keane e o goleiro Jordan Pickford.

O retrospecto desse confronto é extremamente equilibrado. Em 24 partidas, foram oito vitórias ingleses, sete vitórias suecas e nove empates. Em Copas do Mundo, foram dois empates na fase de grupos: 1 x 1, em 2002, e 2 x 2, em 2006.


A Suécia atuou no 4-4-2 tradicional.


A Inglaterra, do técnico Gareth Southgate, foi ao campo no sistema 3-5-2.

● Aos doze minutos de bola rolando, Viktor Claesson arriscou da intermediária e a bola passou perto, assustando o goleiro inglês Jordan Pickford.

Aos 19′, Trippier tocou para Sterling, que avançou em alta velocidade até a meia lua. Harry Keane vinha na corrida e chuta rasteiro, mas a bola saiu à esquerda do gol. Curiosidade: esse foi a sétima finalização de Keane no Mundial e a primeira que não resultou em gol.

No trigésimo minuto, Ashley Young cobrou escanteio da esquerda na altura da marca do pênalti. Harry Maguire veio na corrida e cabeceou forte, sem chances para o goleiro Robin Olsen, para abrir o placar.

Aos 43′, Maguire recuperou a bola e passou para Keane. O capitão deixou com Lingard, que deixou Sterling na cara do gol. Ele chutou em cima do goleiro. Mas o jogo já estava parado, pois o bandeirinha tinha assinalado impedimento de Sterling.

Sterling voltou a perder um gol feito no minuto seguinte. Ele recebeu lançamento longo de Henderson, dominou na área e tentou driblar o goleiro Olsen, que tocou na bola. Na sobra, o camisa 10 inglês tentou finalizar, mas chutou em cima da defesa já recomposta. Sterling tem cansado de perder gols nessa Copa.

Nos primeiros instantes do segundo tempo, Augustinsson cruzou da esquerda e Marcus Berg apareceu na segunda trave para cabecear bem, mas Pickford fez um milagre e espalmou para o lado.

Aos nove minutos, Ashley Young cobrou falta para a área. Maguire subiu e cabeceou para o segundo pau. Sterling tentou a bicicleta, mas mandou em cima da zaga. A bola sobrou de novo para cabeçada de Maguire, mas Krafth aliviou o perigo tirando a bola da área.

Aos 14 min, Trippier foi à linha de fundo e tocou para trás. Lingard cruzou na cabeça de Dele Alli, que completou para o gol. Uma bela jogada construída com troca de passes, que resulta em bola aérea, especialidade britânica.

Três minutos depois, Claesson fez ótima jogada pela direita e Ola Toivonen cruzou rasteiro para Berg, que ajeitou para Claesson chutar rente ao chão. Pickford voou no cantinho direito e espalmou para o lado. Na sobra, Claesson tentou de novo, mas foi travado pela zaga. Nesse lance, Suécia mostrou toda sua qualidade, que a fez estar entre as oito melhores seleções do planeta. Só faltou o gol, negado pelo goleiro inglês.

Na metade do segundo tempo, Trippier cobrou escanteio da direita. Após um bate-rebate no meio da área, Maguire chutou forte de esquerda, mas a bola subiu demais.

Aos 27′, Guidetti cruzou da esquerda, Berg dominou e bateu alta, para nova defesaça de Pickford.


(Imagem: FIFA.com)

● Foi uma partida burocrática, em que ambas as equipes apostaram forte no jogo aéreo. A Inglaterra foi mais objetiva e conseguiu os gols. A Suécia não teve o mesmo ímpeto dos últimos jogos e não conseguiu ser incisiva. Quando conseguiu finalizar com perigo, o goleiro inglês Jordan Pickford fez os seus milagres.

Por mais que tenha sua tradição, a Suécia não era favorita nem para passar da primeira fase, em um grupo com Alemanha e México. Passou em primeiro da chave. Venceu a Coreia do Sul, vendeu caro a derrota para a Alemanha no último minuto e goleou o México. Venceu com tranquilidade a Suíça e fez uma partida razoável contra a Inglaterra. O saldo é muito positivo, se mostrando uma boa equipe. Dois jogadores suecos são cotados para a seleção da Copa: o zagueiro e capitão Andreas Granqvist (indiscutível) e o bom lateral esquerdo Ludwig Augustinsson. Destaque também para o meia direita Viktor Claesson, um dos poucos a buscar com frequência as jogadas individuais.

A Inglaterra conseguiu chegar nas semifinais pela terceira vez em sua história. Em 1966, venceu Portugal de Eusébio e seguiu rumo ao título. Em 1990, perdeu nos pênaltis para a Alemanha Ocidental e terminou em 4º lugar após perder também para a Itália.

O English Team já quebrou barreiras. Mas tem potencial para muito mais. Na próxima quarta-feira, encara a Croácia em busca de fazer história e disputar a final no dia 15, contra o vencedor de “França x Bélgica”.


(Imagem: FIFA.com)

FICHA TÉCNICA:

 

SUÉCIA 0 x 2 INGLATERRA

 

Data: 07/07/2018

Horário: 18h00 locais

Estádio: Cosmos Arena (Arena Samara)

Público: 39.991

Cidade: Samara (Rússia)

Árbitro: Björn Kuipers (Holanda)

 

SUÉCIA (4-4-2):

INGLATERRA (3-5-2):

1  Robin Olsen (G)

1  Jordan Pickford (G)

16 Emil Krafth

2  Kyle Walker

3  Victor Lindelöf

5  John Stones

4  Andreas Granqvist (C)

6  Harry Maguire

6  Ludwig Augustinsson

12 Kieran Trippier

7  Sebastian Larsson

20 Dele Alli

8  Albin Ekdal

8  Jordan Henderson

17 Viktor Claesson

7  Jesse Lingard

10 Emil Forsberg

18 Ashley Young

20 Ola Toivonen

10 Raheem Sterling

9  Marcus Berg

9  Harry Kane (C)

 

Técnico: Janne Andersson

Técnico: Gareth Southgate

 

SUPLENTES:

 

 

12 Karl-Johan Johnsson (G)

13 Jack Butland (G)

23 Kristoffer Nordfeldt (G)

23 Nick Pope (G)

2  Mikael Lustig (suspenso)

22 Trent Alexander-Arnold

14 Filip Helander

16 Phil Jones

5  Martin Olsson

15 Gary Cahill

18 Pontus Jansson

3  Danny Rose

13 Gustav Svensson

4  Eric Dier

15 Oscar Hiljemark

21 Ruben Loftus-Cheek

19 Marcus Rohdén

17 Fabian Delph

21 Jimmy Durmaz

14 Danny Welbeck

22 Isaak Kiese Thelin

19 Marcus Rashford

11 John Guidetti

11 Jamie Vardy

 

GOLS:

30′ Harry Maguire (ING)

59′ Dele Alli (ING)

 

CARTÕES AMARELOS:

87′ Harry Maguire (ING)

87′ John Guidetti (SUE)

90+4′ Sebastian Larsson (SUE)

 

SUBSTITUIÇÕES:

65′ Ola Toivonen (SUE) ↓

John Guidetti (SUE) ↑

 

65′ Emil Forsberg (SUE) ↓

Martin Olsson (SUE) ↑

 

77′ Dele Alli (ING)↓

Fabian Delph (ING) ↑

 

85′ Jordan Henderson (ING) ↓

Eric Dier (ING) ↑

 

85′ Emil Krafth (SUE) ↓

Pontus Jansson (SUE) ↑

 

90+1′ Raheem Sterling (ING) ↓

Marcus Rashford (ING) ↑

Melhores momentos da partida: