… 12/06/2002 – Suécia 1 x 1 Argentina

Três pontos sobre…
… 12/06/2002 – Suécia 1 x 1 Argentina


(Imagem: UOL)

● A Argentina tentava se reerguer depois da pior crise econômica de sua história. Um dos raros alentos para o país era sua seleção, maior favorita para conquistar o título da Copa do Mundo de 2002 – juntamente com a França, então campeã da Europa e do mundo. Os portenhos fizeram a melhor campanha da história das eliminatórias sul-americanas, com 43 pontos, 13 vitórias, 4 empates e só uma derrota; foram 42 gols marcados e 15 sofridos (melhor ataque e melhor defesa). Terminou 12 pontos à frente do segundo colocado, o Equador. Estava invicta há 18 jogos, desde a derrota por 3 a 1 para o Brasil no Morumbi, em 26/07/2000. Mas, além de vencer, aquele time encantava em campo.

Muito bem treinada por Marcelo “El Loco” Bielsa, a albiceleste era armada em um 3-4-3 com ótima ocupação dos espaços. Era um time completo, com zagueiros fortes e de boa técnica (Pochettino, Samuel e Placente), os melhores laterais da história do país (Zanetti e Sorín), dois dínamos no meio campo (Simeone e Verón), dois pontas rápidos e habilidosos (Ortega e Kily González) e um goleador de respeito (Batistuta). Era uma base que jogava junta há muito tempo na seleção e contava com grande entrosamento.

Mas, justamente no Mundial, quando tudo deveria estar perfeito, o time desandou. No jogo de abertura do Grupo F, teve muito volume de jogo, mas venceu a Nigéria com um magro 1 a 0. Na partida seguinte, deu muitas brechas na defesa e perdeu para a Inglaterra por 1 a 0, com um gol de pênalti (e cheio de raiva) de David Beckham. Na rodada final, precisava vencer a Suécia para se classificar. Se empatasse, precisaria torcer para uma vitória por dois gols dos nigerianos sobre os ingleses.

Com dois técnicos, Lars Lagerbäck e Tommy Söderberg (coisa rara), a Suécia era uma equipe aplicada taticamente e composta de bons valores individuais. Havia um misto de experiência e juventude. Magnus Hedman, Patrik Andersson, Teddy Lučić e Henrik Larsson estavam presentes no elenco de 1994, que levou a seleção “Blågult” ao 3º lugar. E a jovem guarda era muito bem representada por um jovem reserva de 20 anos, chamado Zlatan Ibrahimović.

Nas duas primeiras rodadas, os suecos empataram com a Inglaterra (1 x 1) e venceram a Nigéria (2 x 1). Precisava de um empate contra os argentinos para se classificar.


A Argentina atuava no 3-4-3 consagrado por Marcelo “Loco” Bielsa. Dessa vez, com muitas mudanças na escalação.


A Suécia jogava no sistema 4-4-2 clássico, com muita aplicação tática.

● Insatisfeito com o rendimento dos jogos anteriores, “El Loco” Bielsa mudou quase meio time. Entraram Chamot, Almeyda, Pablo Aimar e Claudio López, nos lugares de Placente, Simeone, Verón e Kily González. Surpreendente mesmo foi a saída do capitão Verón, mesmo não atuando bem nas partidas anteriores.

O jogo começou com cautela de ambos os lados. Mas logo a Argentina começaria a demonstrar a sua superioridade técnica e a ditar o ritmo da partida. Mas os hermanos mostraram que não haviam aprendido com os erros da derrota anterior e continuaram insistindo nas jogadas pela linha de fundo. Até chegavam com perigo, mas erravam na finalização. Nos 90 minutos, foram 57 bolas erguidas na área sueca, consagrando a dupla de zaga Jakobsson e Mjällby.

Aos 13′, Zanetti foi à linha de fundo e cruzou da direita. Na pequena área, Sorín cabeceou o o goleiro Hedman espalmou.

Claudio López perdeu duas chances. Uma aos 29′, quando chutou para fora um cruzamento da direita. A outra foi pouco depois, ao receber na área e chutar de esquerda por cima.

Aimar tabelou com Ortega e deixou Batistuta livre para chutar cruzado. Ele encheu o pé, mas a bola foi para fora, assustando Hedman.

Próximo ao intervalo, o experiente atacante Claudio Caniggia xingou o bandeirinha e foi recebeu o cartão vermelho mesmo sem ter entrado em campo. Caniggia se tornou o primeiro jogador expulso do banco de reservas em toda a história das Copas. Foi praticamente uma viagem turística do veterano pela Ásia, já que não entrou em campo nem um minuto.


(Imagem: Tim De Waele / Getty Images)

O placar foi aberto aos 14 minutos do segundo tempo. Anders Svensson cobrou falta da intermediária com perfeição e acertou o canto direito. O goleiro Pablo Cavallero se esticou todo, chegou a tocar na bola, mas não conseguiu impedir o gol.

Aos 27, Verón (que entrou no lugar de Almeyda) cruzou na área, mas a bola passou por todo mundo.

Um pouco antes, Batistuta tinha dado lugar a Crespo. Uma das maiores críticas feitas a Bielsa e ao seu antecessor, Daniel Passarella, foi o fato de não deixarem Batistuta e Crespo em campo ao mesmo tempo em hipótese alguma. No primeiro tempo, joga Batigol; no segundo, entra “Valdanito”. Mesmo precisando fazer gols e contando com dois dos maiores goleadores do mundo na época, os treinadores não mantinham os dois centroavantes juntos em campo.

Sem a bola, os argentinos tinham dificuldade para retomá-la. Uma das ausências mais sentidas em campo foi do experiente zagueiro Roberto Ayala. Ele havia se lesionado no aquecimento contra a Nigéria e nem chegou a jogar durante o torneio.

Na necessidade de atacar a qualquer custo, a Argentina abriu a defesa. A Suécia respondeu nos contra-ataques em velocidade. Andreas Andersson cruzou rasteiro da esquerda. Pochettino tentou cortar e a bola explodiu no peito do goleiro Cavallero, evitando o gol contra.

Aos 32, Larsson partiu sozinho em um contragolpe e foi derrubado por Chamot. O árbitro Ali Bujsaim, dos Emirados Árabes Unidos, interpretou que o atacante sueco simulou a falta e lhe aplicou cartão amarelo. Foi um erro crasso. A falta aconteceu e resultaria na expulsão de Chamot, por ser o último defensor.

Mas a Argentina reagiu. Após cruzamento da esquerda, a zaga sueca afastou e Zanetti chutou forte da entrada da área. Hedman foi bem espalmou para fora.

Depois, Chamot invadiu a área pela direita e chutou de esquerda. A bola bateu no travessão, quicou na linha e não entrou.

Aos 39, Andersson penetrou na área portenha e tocou por cima na saída do goleiro. A bola tocou no travessão e não entrou.

A dois minutos do fim, Ortega entrou na área pela direita e se jogou na disputa com Mattias Jonson. O juiz marcou pênalti. O próprio Ortega bateu no canto esquerdo, Hedman defendeu e Hernán Crespo pegou o rebote para completar para o gol. O detalhe é que Crespo havia invadido a área antes da cobrança. Portanto o gol foi irregular – embora tenha sido validado pela arbitragem.

Mas não havia tempo para mais nada. Ex-favoritos, os argentinos choraram a eliminação ainda em campo.


(Imagem: FIFA)

● Como o jogo entre Inglaterra e Nigéria terminou sem gols, o empate garantiu a Suécia no primeiro lugar do “grupo da morte”.

Nas oitavas de final, a Suécia saiu na frente de Senegal, mas viu os africanos empatarem e vencerem na prorrogação (2 x 1) com um gol de ouro de Henri Camara. Foi uma campanha digna dos suecos. E uma vergonha a dos argentinos.

Marcelo Bielsa continuou como técnico da seleção argentina por mais dois anos e conquistou a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Atenas, em 2004, com um time que tinha Roberto Ayala, Javier Mascherano, Kily González, Javier Saviola, Carlos Tévez e outros ótimos nomes.


(Imagem: O Curioso do Futebol)

FICHA TÉCNICA:

 

SUÉCIA 1 x 1 ARGENTINA

 

Data: 12/06/2002

Horário: 15h30 locais

Estádio: Miyagi Stadium (atual Hitomebore Stadium Miyagi)

Público: 45.777

Cidade: Miyagi (Japão)

Árbitro: Ali Bujsaim (Emirados Árabes Unidos)

 

SUÉCIA (4-4-2):

ARGENTINA (3-4-3):

1  Magnus Hedman (G)

12 Pablo Cavallero (G)

2  Olof Mellberg

4  Mauricio Pochettino

15 Andreas Jakobsson

6  Walter Samuel

4  Johan Mjällby (C)

22 José Chamot

16 Teddy Lučić

8  Javier Zanetti

7  Niclas Alexandersson

5  Matías Almeyda

8  Anders Svensson

16 Pablo Aimar

6  Tobias Linderoth

3  Juan Pablo Sorín

17 Magnus Svensson

10 Ariel Ortega

10 Marcus Allbäck

Gabriel Batistuta (C)

11 Henrik Larsson

7  Claudio López

 

Técnicos: Lars Lagerbäck / Tommy Söderberg

Técnico: Marcelo “Loco” Bielsa

 

SUPLENTES:

 

 

23 Andreas Isaksson (G)

23 Roberto Bonano (G)

12 Magnus Kihlstedt (G)

1  Germán Burgos (G)

3  Patrik Andersson

2  Roberto Ayala

5  Michael Svensson

13 Diego Placente

13 Tomas Antonelius

14 Diego Simeone

14 Erik Edman

15 Claudio Husaín

20 Daniel Andersson

20 Marcelo Gallardo

19 Pontus Farnerud

11 Juan Sebastián Verón

18 Mattias Jonson

17 Gustavo López

9  Freddie Ljungberg

18 Kily González

22 Andreas Andersson

21 Claudio Caniggia

21 Zlatan Ibrahimović

19 Hernán Crespo

 

GOLS:

59′ Anders Svensson (SUE)

88′ Hernán Crespo (ARG)

 

CARTÕES AMARELOS:

55′ José Chamot (ARG)

58′ Matías Almeyda (ARG)

65′ Magnus Svensson (SUE)

75′ Kily González (ARG)

78′ Henrik Larsson (SUE)

 

CARTÃO VERMELHO: 45+2′ Claudio Caniggia (ARG)

 

SUBSTITUIÇÕES:

INTERVALO Marcus Allbäck (SUE) ↓

Andreas Andersson (SUE) ↑

 

58′ Gabriel Batistuta  (ARG) ↓

Hernán Crespo (ARG) ↑

 

63′ Matías Almeyda (ARG) ↓

Juan Sebastián Verón (ARG) ↑

 

63′ Juan Pablo Sorín (ARG) ↓

Kily González (ARG) ↑

 

68′ Anders Svensson (SUE) ↓

Mattias Jonson (SUE) ↑

 

78′ Henrik Larsson (SUE) ↓

Zlatan Ibrahimović (SUE) ↑


(Imagem: Mundo Albiceleste)

Melhores momentos da partida:

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