… Técnicos da seleção da Alemanha: apenas dez na história

Três pontos sobre…
… Técnicos da seleção da Alemanha: apenas dez na história

Dentre todos os fatores responsáveis pelo sucesso da seleção da Alemanha de futebol desde sempre, um dos principais provavelmente seja a histórica manutenção dos técnicos.

Desde seu primeiro treinador, Otto Nerz, em 1926, o “Mannschaft” teve apenas outros nove, já contando com o atual, Joachim Löw.

Mesmo nas raras vezes em que os nomes mudaram, a filosofia continuou. E outro detalhe relevante é que esses dez nomes conhecem o futebol de dentro do campo, pois todos foram jogadores profissionais.

Desde o fim do século XIX já existia um “amontoado” de jogadores alemães que representavam o país, mas a seleção nacional só surgiu mesmo em 1908. Sua primeira partida oficial foi há quase 110 anos, em 05/04/1908, quando perdeu para a Suíça por 5 a 3. Até 1926, a “Nationalelf” não tinha um treinador. Eram os próprios dirigentes da Federação quem selecionavam os jogadores convocados e escolhiam os titulares nas partidas. Nesse período, foram 58 jogos, com 16 vitórias, 12 empates e 30 derrotas. O aproveitamento ruim deixou claro que era necessária uma maior organização. Assim, decidiram contratar o primeiro técnico.

1. Otto Nerz — De 31/10/1926 a 07/08/1936

(Imagem: Tennis Borussia)
Jogou entre 1910 e 1924 como meio-campista lateral do VfR Mannheim e do Tennis Borussia Berlin, mesmo time onde se tornou técnico. Em 1926 foi nomeado o primeiro técnico da história da seleção alemã de futebol. Na época, Nerz transformou uma equipe medíocre em uma camisa respeitada no futebol europeu. Seu maior mérito era estar sempre aberto a novas aprendizagens, estudando e absorvendo conhecimentos técnicos e táticos de lendas como James Hogan, Hugo Meisl e Vittorio Pozzo. Em dez anos, foram 70 partidas, com 42 vitórias, 10 empates, 18 derrotas, 192 gols marcados e 113 sofridos. Seu melhor resultado em competições oficiais foi o 3º lugar na Copa do Mundo de 1934.

2. Sepp Herberger — De 13/09/1936 a 07/06/1964

(Imagem: Alchetron)
Assim como seu antecessor, jogou no VfR Mannheim e encerrou a carreira de jogador (atacante) e começou a de técnico no Tennis Borussia Berlin. A partir de 1932, trabalhou quatro anos como auxiliar de Otto Nerz na “Nationalelf”. Em 1936, naturalmente se tornou o sucessor como treinador principal da seleção. Embora fosse filiado desde 1933 ao Partido Nacional Socialista Alemão dos Trabalhadores, sua real participação junto ao nazismo nunca pôde ser comprovada. Ficou na seleção até 1942, quando ela teve que ser dissolvida por causa da Segunda Guerra Mundial, ficando inativa até 1950. Em 1945, trabalhou rapidamente no Eintracht Frankfurt e a partir de 1950 voltou a treinar seleção alemã (que com o fim da Guerra passou a ser Alemanha Ocidental – a Alemanha Oriental era comunista e passou a ser outra equipe nacional diferente), ficando até 1964. Foi o principal responsável pelo primeiro título mundial alemão, o famoso “Milagre de Berna”, quando a Alemanha Ocidental venceu a fortíssima Hungria de virada por 3 a 2 na final da Copa do Mundo de 1954. Fez um bom papel também em 1958, levando seu país ao 4º lugar na Copa. No geral, foram 167 jogos, vencendo 94, empatando 27 e perdendo 46 vezes, anotando 435 gols e tomando 250.

3. Helmut Schön — De 04/11/1964 a 21/06/1978

(Imagem: DFB)
Era um bom atacante, que em 16 jogos pela seleção marcou 17 gols, mas foi prejudicado pelo advento da Segunda Guerra Mundial. Entre 1956 e 1964 foi assistente técnico de Sepp Herberger na “Nationalelf” e o sucedeu em 1964, ficando até 1978. Montou equipes com alma de campeão, além de contar com jogadores excepcionais à época, como Franz Beckenbauer, Sepp Maier, Gerd Müller, Uwe Seeler, Wolfgang Overath e outros. Provou seus conhecimentos táticos na final da Copa do Mundo de 1974, quando escalou o “carrapato” Berti Vogts para marcar individualmente o genial Johan Cruijff e a Alemanha Ocidental venceu a Holanda de virada por 2 a 1. Conquistou também a Eurocopa de 1972. Além disso, foi vice-campeão na Copa de 1966 e 3º lugar na Copa de 1970, além de vice na Euro de 1976. Foram 139 jogos, com 87 vitórias, 31 empates e 21 derrotas; 292 gols pró e 107 contra.

4. Jupp Derwall — De 11/10/1978 a 20/06/1984

(Imagem: UEFA)
Jogou como atacante nas décadas de 1940 e 1950. Foi assistente de Schön na seleção entre 1970 e 1978 e se tornou técnico principal logo depois. Ficou no cargo até 1984. Das 67 partidas, venceu 44, empatou 12 e perdeu 11, com 144 gols feitos e 60 tomados. Seu melhor resultado foi o título da Euro de 1980 e o vice da Copa de 1982.

5. Franz Beckenbauer — De 12/09/1984 a 08/07/1990

(Imagem: Soccer Blog)
O maior jogador e ídolo da história do país tinha acabado de pendurar as chuteiras e não tinha nenhuma experiência como técnico, mas foi contratado pela federação alemã em 1984. Em seis anos de trabalho, foram 66 jogos sob sua batuta, com 34 vitórias, 20 empates e 12 derrotas, marcando 107 vezes e sofrendo 61 gols. Além do vice-campeonato na Copa de 1986, conquistou a Copa do Mundo de 1990, se tornando o segundo a ser campeão como jogador e técnico (juntamente com Zagallo). É o único a ser campeão como capitão e técnico.

6. Berti Vogts — De 29/08/1990 a 05/09/1998

(Imagem: DFB)
Enorme como jogador, nem tanto como treinador. Assim como sucedeu Beckenbauer na braçadeira de capitão, também o fez como técnico na seleção. Após encerrar a carreira, treinou a seleção sub-21 (1979-1990) e foi assistente técnico da seleção principal (1986-1990). Depois, se tornou o técnico principal, ficando até 1998. Nesses oito anos, mesmo com bons jogadores (Lothar Matthäus, Jürgen Klinsmann, Thomas Häßler, Matthias Sammer e outros), sua equipe era muito pragmática, sempre praticando um futebol feio. Apesar dos vários fracassos, mesmo assim conseguiu ser campeão da Eurocopa em 1996 e vice em 1992. Nesses oito anos, foram 102 jogos, 66 vitórias, 24 empates e 12 derrotas, 206 gols marcados e 86 sofridos.

7. Erich Ribbeck — De 10/10/1998 a 20/06/2000

(Imagem: Fussball Sammler)
O ex-zagueiro de equipes pequenas na década de 1960 tinha muita experiência na prancheta. Mesmo com pouco sucesso, era técnico desde 1965 e já havia passado por sete clubes, além de ter sido auxiliar de Jupp Derwall na seleção entre 1978 e 1984. Dessa vez a federação alemã quebrou a tradição de investir em nomes emergentes para apostar em um “medalhão”. Foi um verdadeiro fiasco! A Alemanha caiu logo na primeira fase da Euro 2000 e Ribbeck foi demitido. Era uma transição entre gerações e os atletas disponíveis tinham um nível bem abaixo dos campeões de 1990. Tanto, que chegou a ponto de Ribbeck convocar o brasileiro Paulo Rink para compor seu ataque. Foram apenas 24 jogos, dos quais venceu 10, empatou 6 e perdeu 8; marcou 42 tentos e sofreu 31. Mas esses maus resultados foram importantes, pois foi a constação de que algo deveria mudar no futebol alemão, principiando pela formação dos atletas; ao invés de privilegiar a força física de sempre, passaram a focar em jogadores mais técnicos. Se não houvesse esse fiasco na Euro 2000, dificilmente veríamos destaques como Philipp Lahm, Mario Götze, Marco Reus…

8. Rudi Völler — De 16/08/2000 a 24/06/2004

(Imagem: Oliver Berg – DPA)
Assim a federação alemã voltou a apostar em ex-atletas com histórico campeão na seleção. Foi a vez de Rudi Völler, que tinha menos de seis meses de experiência como técnico no Bayer Leverkusen. Mas, aos trancos e barrancos, resgatou o respeito do mundo pela “Nationalelf”, levando uma equipe mediana à final da Copa do Mundo de 2002. Caiu na primeira fase da Euro 2004. Em 53 jogos, foram 29 vitórias, 11 empates e 13 derrotas, 109 gols marcados e 57 sofridos.

9. Jürgen Klinsmann — De 24/07/2004 a 08/07/2006

(Imagem: AFP)
Após a saída de Völler, ninguém queria assumir o “Mannschaft”. Por indicação de Berti Vogts, Jürgen Klinsmann foi convidado. Após se aposentar, o ex-atacante só queria paz e tranquilidade, morando na Califórnia. Mas aceitou essa duríssima missão. Como seu auxiliar, trabalhava um ex-meia do Freiburg, Joachim Löw. Já era o momento de começar a colher os frutos que estavam sendo plantados pela federação. A dupla rejuvenesceu o elenco, com jogadores como Philipp Lahm, Bastian Schweinsteiger, Per Mertesacker e Lukas Podolski. Klinsmann soube potencializar o fato de disputar uma Copa do Mundo em casa e conseguiu unir jogadores e torcida. O resultado final foi um belo 3º lugar, com uma nova mentalidade implantada na seleção alemã. Foram intensos 34 jogos, vencendo 20, empatando 8 e perdendo apenas 6; fez 81 gols e tomou 43.

10. Joachim Löw — De 16/08/2006 até hoje

(Imagem: DFB)
Conhecido mundialmente também pelos hábitos nada higiênicos, Löw deu sequência ao trabalho de Klinsmann e melhorou os resultados. Com (por enquanto) doze anos no cargo, já foram 168 partidas (até o momento), com 111 vitórias, 31 empates e 26 derrotas. Foi vice-campeão na Eurocopa de 2008, semifinalista nas Euros de 2012 e 2016; ficou em 3º lugar na Copa de 2010 e venceu o troféu da Copa das Confederações de 2017. Mas, a cereja do bolo foi realmente a conquista da Copa do Mundo de 2014, vencendo a Argentina na decisão, além do massacre sobre o anfitrião Brasil na semifinal, por 7 a 1. Mas, no momento atual, está em baixa, devido ao fiasco na Copa do Mundo de 2018, quando a seleção alemã foi eliminada ainda na primeira fase, com a pior campanha de sua história. Mesmo assim, Joachim Löw manteve a confiança da federação e seguirá no comando da Nationalelf.

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