… 09/07/1994 – Brasil 3 x 2 Holanda

Três pontos sobre…
… 09/07/1994 – Brasil 3 x 2 Holanda

Deu Branco: o “gol cala-boca”


(Imagem: FIFA.com)

● Programar uma partida para as duas e meia da tarde no calor infernal de Dallas foi realmente um desrespeito da FIFA aos atletas. Por isso, nos dias que antecederam à partida, só se falavam em dois assuntos na concentração da Seleção Brasileira: o calor e o substituto de Leonardo, fora da Copa do Mundo por ter sido suspenso pela FIFA por quatro partidas por conta de uma cotovelada em Tab Ramos, na dura vitória por 1 x 0 nas oitavas de final sobre os Estados Unidos, donos da casa.

Com um elenco versátil, a comissão técnica tinha várias possibilidades para a lateral esquerda. Uma delas era trazer Mazinho do meio e devolver Raí ao time titular. Outra seria deslocar Cafu para a esquerda. Uma opção mais defensiva seria improvisar o zagueiro Ronaldão. Mas o técnico Parreira fez o mais sensato e óbvio: escalou Branco, especialista da posição. O camisa 6 estava completamente recuperado de uma lesão crônica nas costas, mas ainda sentia falta de ritmo de jogo. Mas quando o preparador físico Moraci Sant’anna atestou sua condição para atuar os 90 minutos, era claro que seria titular. Além disso, Branco ainda teria uma das missões mais inglórias da Copa: marcar o veloz ponta direita holandês Marc Overmars, um dos destaques da competição até então. Mas o capitão Dunga já sabia por antecipação o antídoto contra o ponteiro holandês: “Não vamos deixar que ele seja lançado em velocidade e o Branco tem a experiência para correr atrás dele usando os atalhos.”

A boa notícia que chegava à concentração brasileira em Los Gatos era o nascimento de Mattheus, terceiro filho de Bebeto. Sua mulher, Denise, deu à luz o bebê às 14h20 do dia 07 de julho na Clínica São Vicente no Rio de Janeiro. O nome do rebento, escolhido pelo pai, era uma clara homenagem ao craque alemão Lothar Matthäus. Hoje com 24 anos, Mattheus de Andrade Gama de Oliveira é meia atacante e disputou a última temporada pelo Vitória de Guimarães, emprestado pelo Sporting, depois de ter sido revelado pelo Flamengo.

A Holanda nem de longe lembrava seus melhores momentos. Jogadores com espírito vencedor, como Ronald Koeman, Jan Wouters e Frank Rijkaard já haviam passado pela suas melhores fases. Marco van Basten e Ruud Gullit não estavam no elenco. Van Basten, pela recorrente lesão nos tornozelos. Gullit, por desavenças com o técnico Dick Advocaat.

Mesmo assim, os holandeses terminaram no primeiro lugar do Grupo F da primeira fase. Estreou vencendo com dificuldades a Arábia Saudita por 2 a 1. Depois, perdeu o clássico para a rival Bélgica por 1 a 0. Na terceira rodada, nova vitória por 2 a 1, desta vez sobre Marrocos. Nas oitavas de final, passou pela forte defesa da Irlanda venceu por 2 a 0.

O Brasil foi líder do Grupo B com sete pontos: derrotou a Rússia por 2 a 0, engoliu Camarões por 3 a 0 e empatou com a Suécia por 1 a 1. Nas oitavas de final, uma vitória duríssima (1 x 0) contra os anfitriões Estados Unidos, justamente no dia 04 de julho, data da independência do país. Mas agora brasileiros e holandeses se enfrentariam nas quartas de final.


O Brasil atuava no 4-4-2. O sistema do técnico Parreira consistia em manter a maior posse de bola possível e dar o bote no momento certo. A figura símbolo desse estilo de jogo era o meia Zinho, apelidado de “Enceradeira” por girar com a bola de um lado para outro, sem agressividade.


Pela Orange, o técnico Dick Advocaat optou por retornar ao 4-3-3, com: Ed de Goey; Aron Winter, Stan Valcks, Ronald Koeman e Rob Witschge; Jan Wouters, Frank Rijkaard e Wim Jonk; Marc Overmars, Dennis Bergkamp e Peter Van Vossen.

● Como já era marca registrada, o Brasil entrou em campo de mãos dadas no estádio Cotton Bowl, em Dallas. Naquele momento, a temperatura era surpreendentemente amena para os padrões do verão no Texas. Os brasileiros eram maioria dos 63.500 expectadores.

Curiosamente, tanto a Seleção Canarinho quanto a Laranja Mecânica atuaram com seus respectivos uniformes reservas por determinação da FIFA. A entidade observava o fato de que mais da metade dos televisores do planeta ainda tinham imagem em preto e branco. Assim, para dar maior contraste, o Brasil vestiu camisa azul com golas e punhos brancos, calção branco e meiões azuis. A Holanda usou camisa branca, calção laranja e meias brancas.

E a bola rolou. Foi só isso que ela fez naquele insosso primeiro tempo. Seria um jogo de paciência e os dois lados sabiam disso.

A Holanda começou o jogo com o ataque marcando a saída de bola brasileira. Apesar da pressão, o escrete brasileiro conseguia encontrar espaços e seu futebol começou a fluir como ainda não tinha sido visto no torneio.

Branco e Koeman eram artilharia pesada no que dizia respeito a cobranças de falta. Antes dos dez minutos de partida, Branco assustou De Goeij com um tiro que passou perto do ângulo e Koeman mandou um torpedo que nocauteou Jorginho na barreira.

Mas além de levar perigo nas bolas paradas, Ronald Koeman era muito mais que um zagueiro. Era o verdadeiro líbero, cumprindo muito bem a função de armar sua equipe vindo de trás, acionando diretamente o trio de ataque com seus lançamentos. Quando ele avançava e saía para o jogo, Wouters era o responsável por recuar para compor a defesa com Valckx. Na prática, em diversos momentos a Holanda se esquematizava em um 3-4-3, sistema que não funcionou bem na primeira fase.

Enquanto isso, Branco conseguir marcar bem o impetuoso Overmars, contando com a cobertura impecável de Márcio Santos e Mauro Silva. O volante do Deportivo La Coruña se multiplicava em campo, cobrindo os dois lados da defesa e ratificando sua qualidade como o maior ladrão de bolas da Seleção. Com Mauro Silva, Dunga e Mazinho, o meio campo brasileiro marcava muito. Por outro lado, Zinho novamente era burocrático.

A marcação holandesa era toda encaixada: Wouters em Bebeto, Valckx em Romário e Koeman na sobra. Winter cercava Zinho e Witschge vigiava Mazinho; Rijkaard e Jonk colavam em Dunga e Mauro Silva. Até os pontas Overmars e Van Vossen acompanhavam as subidas dos laterais Branco e Jorginho. Com isso, eventuais avanços de Mauro Silva ou de um dos zagueiros brasileiros sempre pegavam a defesa holandesa desprevenida.

O zagueiro Stan Valckx foi o melhor amigo que Romário fez no período em que jogou no PSV, a ponto de o holandês vir visitar o Rio de Janeiro a convite do Baixinho. Agora no Barcelona, Romário dividia o vestiário com Ronald Koeman. Mas o brasileiro não tinha papas na língua e deixava claro seus pensamentos: “Dentro de campo não tenho amigos”.

Mas em um primeiro tempo em que a Holanda teve 52% de posse de bola, as melhores chances foram brasileiras. Na melhor delas, Romário, Zinho e Aldair tabelaram na entrada da área rival, mas o zagueiro chutou muito mal à esquerda do gol de De Goeij. Se alguém tivesse que estar vencendo, seriam os sul-americanos.


(Imagem: Getty Images)

● O segundo tempo seria alucinante e dramático. Começou com o Brasil sendo mais incisivo no ataque, buscando abrir o placar. Zinho acordou nos primeiros minutos, participou de uma jogada de contra-ataque e quase fez o gol.

Logo em seguida, aos oito minutos, Frank Rijkaard começou o contragolpe holandês e fez o passe longo. Aldair se antecipou e interceptou. Com a bola dominada, o camisa 13 fez um lançamento perfeito para Bebeto em velocidade na ponta esquerda. Ele dominou e cruzou para o meio da área, onde onde Romário chegava em disparada. O cruzamento foi um pouco mais alto do que o ideal, mas o Baixinho era o mestre das finalizações. De sem pulo, com os dois pés no alto, como se fosse um bailarino, ele finalizou de primeira e inaugurou o marcador. Era o quarto gol de Romário na Copa.

A vantagem fez a Seleção Brasileira recuar naturalmente, para tentar explorar os avanços do aversário, que atacava e abusava da tática do impedimento, com sua defesa muito alta.

Lesionado, Van Vossen deu lugar a Bryan Roy. Mas nada inibia Jorginho, que criava boas oportunidades. Em uma delas, ele tabelou com Mazinho e deu um passe vertical pela direita para Bebeto. Dentro da área, o camisa 7 chuta cruzado e a bola chega a tocar de leve na trave.

Mas aos 18 minutos, o goleiro De Goeij repôs a bola em jogo com um chutão, Branco escorou de cabeça e devolveu a bola para a intermediária ofensiva. Percebendo que estava em impedimento, Romário abandonou a jogada e passou a andar calmamente rumo ao seu próprio campo, no claro objetivo de mostrar que não participava do lance. O assistente Yousif Abdulla Al Ghattan, do Bahrein, percebeu o impedimento passivo do camisa 11 e não levantou a bandeira. A defesa holandesa se distraiu e Bebeto veio de trás, em posição legal, acelerando em direção à bola. O zagueiro Valckx se atira tentando parar o brasileiro a qualquer custo, mas Bebeto saiu livre, driblou De Goeij e tocou para o fundo do gol.

Os holandeses choram o gol impedido até hoje e afirmam que Romário participou da jogada, prendendo a atenção da defesa.

Na comemoração, Bebeto correu à linha lateral, posicionou os braços como quem carrega uma criança e passou a embalá-los para os lados. Romário e Mazinho o acompanharam na coreografia. Bebeto, assim, homenageava o filho recém-nascodo Mattheus. Estava criada a comemoração “nana-neném”, até hoje copiada mundo afora.

A Seleção Brasileira, enfim, começou a jogar um futebol rápido e envolvente e, pela primeira vez nessa Copa, empolgou sua torcida. Bebeto e Romário, a “Dupla BR”, colocava o Brasil em boa vantagem.

A torcida holandesa, também em bom número no Cotton Bowl, já estava desanimando, mas a resposta tardou apenas um minuto. O Brasil já comemorava, mas ninguém contava com a genialidade e esperteza de Dennis Bergkamp. Witschge cobrou o lateral e Aldair deixou Bargkamp entrar na área com a bola. O craque holandês ganhou a dividida com Márcio Santos e, na pequena área, deu um toque de bico sutil, tirando o alcance de Taffarel. Uma enorme falta de atenção do sistema defensivo brasileiro.

A Holanda se animou depois do primeiro gol. Faltava muito tempo ainda para se jogar. Para dar mais criatividade ao seu meio campo, o técnico Dick Advocaat tirou o apagado Rijkaard e colocou Ronald de Boer como centroavante, recuando Bergkamp. Essa mudança acuou o Brasil e a Holanda passou a mandar mais ainda no jogo.

Winter chutou rasteiro, mas Taffarel espalmou para o lado. A pressão holandesa era terrível.

Na cobrança de escanteio, Overmars levantou para a área e o próprio Winter se antecipou à defesa, desviando de cabeça para o gol. Estava tudo igual no placar. A Holanda retomava o sonho de ser semifinalista pela primeira vez desde 1978, quando foi vice-campeã. Mesmo sentindo falta de Gullit e Van Basten, aquele time tinha suas qualidades.

“Foram duas falhas incríveis da defesa. Todo mundo falhou, inclusive o Taffarel. Tomamos um gol que começou um lateral, uma coisa inacreditável para a categoria e a consistência daquele time. Aí conseguimos marcar o terceiro naquela falta cobrada pelo Branco, recuperamos o domínio do jogo e fomos em frente.” — Carlos Alberto Parreira

“Aquela seleção só tomou três gols. E dois naquele jogo. Ali, por algums minutos, ficou a sensação de que todo esse esforço, todo o sacrifício daquele grupo seria em vão.” — Mauro Silva

O empate fez a Seleção voltar a jogar.

O jogo fica dramático e Branco se agiganta. A dez minutos do fim, ele partiu para o campo de ataque acossado por Overmars e lhe deu um safanão no rosto, mas o juiz mandou o jogo seguir. O lateral brasileiro avançou pelo meio e foi “ensanduichado” por Jonk e Winter e, depois de caído, foi chutado sem bola por Koeman. Houve um princípio de confusão, com os holandeses reclamando do tapa recebido por Overmars e os brasileiros se queixando da agressão de Koeman.

Branco ajeitou a bola com carinho e cobrou com muito efeito. A curva colocada foi incrível, saindo da barreira. Atento, Romário se contorceu para desviar da bola, que passou raspando em suas costas. Provavelmente a presença de Romário interferiu na visão de De Goeij, mas é fato que o goleiro holandês poderia ter chegado melhor à bola. Ela chegou a tocar no pé da trave antes de entrar. Os holandeses até hoje lamentam a falha do goleiro De Goeij no chute de Branco.

Branco, às lágrimas, correu em direção ao banco de reservas e apontou para o Dr. Lídio Toledo, médico responsável por bancar sua permanência entre os convocados, e o massagista Nocaute Jack, que o acompanhou durante toda sua recuperação.

Com certeza aquele foi o gol mais importante da carreira de Branco, que o fez protagonista da melhor partida da Copa do Mundo.

Logo na saída, Raí entrou no lugar de Mazinho, dando fôlego novo ao meio campo.

Mais perto do fim, Parreira trocou o exausto Branco por Cafu.

Até o fim, o Brasil catimbou muito e deixou o tempo correr. Mauro Silva valorizou bastante uma falta recebida de Bergkamp e chegou a ficar quase três minutos no campo até sair para receber atendimento. Branco, antes de deixar o campo, quis cumprimentar todos jogadores que via pela frente.

O árbitro costarriquenho Rodrigo Badilla foi firme e deu cinco minutos de acréscimo.

A Seleção Brasileira suportou a pressão holandesa até os 50 minutos e depois comemorou a classificação às semifinais.


(Imagem: Pinterest)

● Pela primeira vez desde 1978, o Brasil estava entre os quatro melhores de uma Copa do Mundo de futebol.

Zagallo deu seu depoimento mais marcante naquele Mundial: “Só faltam dois! Só faltam dois! Só faltam dois jogos! E nós vamos ser tetra!”

Ainda no gramado, o herói Branco foi à forra: “Mas e aí? Cadê o tal ponta da Holanda? Fiz o gol cala-boca! Foi o mais importante da minha carreira e serviu para calar a boca de quem achava que eu estava acabado. Mostrei a todos que vale a pena acreditar, mesmo nos momentos mais difíceis”.

O sempre crítico Romário dessa vez estava confiante: “Quem não gosta de espetáculo? Acredito que começamos a mostrar nesta grande vitória sobre a Holanda o futebol-arte. Enfim, mostramos um futebol digno de campeão do mundo”.

A comemoração “nana-neném”, feita por Bebeto (ao marcar um gol contra Camarões em homenagem a Lucas – filho de Leonardo, que nasceu dia 21/06 – e depois contra a Holanda, em homenagem ao próprio filho) ficou famosa, mas não foi uma invenção sua. Em 1971, Rivellino fez a mesma comemoração no jogo Corinthians 1 x 1 Santos, pela ocasião do nascimento de sua filha Roberta.

Na semifinal, novamente a Suécia fez uma partida imensa, mas a Seleção Brasileira venceu por 1 a 0, com um gol de cabeça do baixinho Romário. Enfim, depois de 24 anos, o Brasil estava em uma final de Copa do Mundo. Na decisão, enfrentaria justamente a Itália, assim como em 1970.


(Imagem: Pinterest)

FICHA TÉCNICA:

 

BRASIL 3 x 2 HOLANDA

 

Data: 09/07/1994

Horário: 14h30 locais

Estádio: Cotton Bowl

Público: 63.500

Cidade: Dallas (Estados Unidos)

Árbitro: Rodrigo Badilla (Costa Rica)

 

BRASIL (4-4-2):

HOLANDA (4-3-3):

1  Taffarel (G)

1  Ed de Goeij (G)

2  Jorginho

20 Aron Winter

13 Aldair

18 Stan Valckx

15 Márcio Santos

4  Ronald Koeman (C)

6  Branco

5  Rob Witschge

5  Mauro Silva

6  Jan Wouters

8  Dunga (C)

3  Frank Rijkaard

17 Mazinho

8  Wim Jonk

9  Zinho

7  Marc Overmars

7  Bebeto

10 Dennis Bergkamp

11 Romário

19 Peter van Vossen

 

Técnico: Carlos Alberto Parreira

Técnico: Dick Advocaat

 

SUPLENTES:

 

 

12 Zetti (G)

13 Edwin van der Sar (G)

22 Gilmar Rinaldi (G)

22 Theo Snelders (G)

14 Cafu

15 Danny Blind

3  Ricardo Rocha

14 Ulrich van Gobbel

4  Ronaldão

21 John de Wolf

16 Leonardo

16 Arthur Numan

10 Raí

2  Frank de Boer

18 Paulo Sérgio

9  Ronald de Boer

19 Müller

17 Gaston Taument

21 Viola

11 Bryan Roy

20 Ronaldo

12 John Bosman

 

GOLS:

53′ Romário (BRA)

63′ Bebeto (BRA)

64′ Dennis Bergkamp (HOL)

76′ Aron Winter (HOL)

81′ Branco (BRA)

 

CARTÕES AMARELOS:

40′ Aron Winter (HOL)

74′ Dunga (BRA)

89′ Jan Wouters (HOL)

 

SUBSTITUIÇÕES:

54′ Peter van Vossen (HOL) ↓

Bryan Roy (HOL) ↑

 

65′ Frank Rijkaard (HOL) ↓

Ronald de Boer (HOL) ↑

 

81′ Mazinho (BRA) ↓

Raí (BRA) ↑

 

90′ Branco (BRA) ↓

Cafu (BRA) ↑

Gols da partida:

Reportagem da TV Globo sobre o jogo:

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