Um Diamante Preso e o Derrame das Certidões Militares Falsas

Um Diamante Preso e o Derrame das Certidões Militares Falsas
Por José Renato Sátiro Santiago

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Nascido no bairro de São Cristovão no Rio de Janeiro em 6 de setembro de 1913, Leonidas da Silva era filho de Manoel Nunes da Silva e Maria da Silva. Desde muito cedo o futebol se tornou a principal paixão do menino, que diante a impossibilidade de ter uma bola de couro, costumava roubar as meias da irmã, Aristotelina, para usa-las como bola e jogar pela casa. Por possuir certa aversão aos estudos e ter o costume de fugir das aulas, não era raro que levasse muitas palmadas de sua mãe. Os tempos eram difíceis para a família Silva e se tornou quase insustentável, com a morte de seu pai, Manoel. Graças a Mário Pinto de Sá, despachante de uma loja de cristais finos que criara sua mãe, Maria, desde pequena, e em cuja casa ela prestava serviços como arrumadeira e cozinheira, a família pode sobreviver dignamente. Na verdade, Leonidas e a irmã passaram a ter Mário, como pai de criação. Em 1926, ao se aposentar, Mário resolveu partir para novas atividades e arrendou o bar localizado na sede do São Cristovão Futebol Clube. Esta proximidade com o futebol acabou contribuindo muito para que Leonidas concretizasse o seu sonho de se tornar jogador de futebol, ainda que a contragosto de “Seo” Mário, que queria vê-lo médico, e de sua mãe, que sonhava em ter um filho advogado. Em 19 de outubro de 1927, com apenas 14 anos, começou a trabalhar como ajudante geral na Light, cujas oficinas se localizavam na frente da casa onde morava. A morte da irmã, com apenas 18 anos foi mais um doloroso golpe sofrido pela família.

Naquele tempo, os habitantes da cidade do Rio de Janeiro costumavam formar equipes, nas ruas onde moravam que se enfrentavam em partidas muito disputadas. Foi desta forma que o futebol de Leonidas passou a encantar a muitos aficionados pelo esporte, entre eles, um dirigente do Sírio e Libanês, clube da pequena colônia síria, com sede no bairro da Tijuca, e que participava do campeonato carioca de futebol. Leonidas ainda não tinha 17 anos quando estreou em 1930, no terceiro quadro da equipe. Seu começo foi fulminante e embora o futebol ainda fosse considerado amador naquela época, passou a receber uma ajuda de custo para jogar. O emprego da Light foi deixado para trás. Com o fechamento do clube da Tijuca, foi contratado pelo Bonsucesso, equipe pelo qual atuou no campeonato carioca e que defendia quando foi convocado pela primeira vez para atuar pela seleção brasileira, em partida realizada em 27 de novembro de 1932 frente a equipe do Andarahy. Considerado a maior revelação do futebol brasileiro em 1932, logo passou a ser titular da seleção brasileira, sendo contratado pelo Peñarol do Uruguai e a seguir pelo Vasco da Gama, onde conquistaria o titulo estadual de 1934. Convocado para a Copa do Mundo daquele ano, na Itália, foi dele a autoria do gol brasileiro, na derrota por 3 a 1 frente à seleção espanhola, na única partida do Brasil, em 27 de maio. Ao retornar ao país, Leonidas tinha 21 anos de idade e já tinha o status de ser o melhor jogador brasileiro em atividade. Confirmou sua fama ao ser campeão e artilheiro do campeonato carioca de 1935, atuando pelo Botafogo. Juntamente com os amigos Zezé Moreira, também atleta, e Antonio Lins, repórter do Diários Associados, Leonidas era um assíduo frequentador do famoso Café Nice, na Avenida Rio Branco. Ainda que estivesse vivendo um grande momento no futebol, achava que apenas um emprego público poderia servir de garantia para o seu futuro e para consegui-lo, precisava providenciar o seu certificado militar. Naquela época, aos 18 anos, os homens se apresentavam ao Centro de Recrutamento e esperavam pela convocação ou dispensa militar. Leonidas e seus amigos acabaram conhecendo o Sargento Condoru, que se prontificou a ajudá-los com certas facilidades nos trâmites legais. O caso de Leonidas era ainda mais critico pelo fato dele ser arrimo de família. Após apresentar alguns documentos, duas fotografias e assinar um requerimento, Leonidas ainda gratificou o militar com 500 mil réis por um certificado de primeira categoria, entregue aqueles que estão habilitados a desempenhar funções nas Forças Armadas. A carreira no futebol acabou mostrando um futuro sólido para Leonidas e o sonho do emprego público logo foi deixado de lado. Contratado pelo Flamengo em 1936 e artilheiro da Copa do Mundo de 1938, com 7 gols, na espetacular campanha da seleção brasileira que alcançou uma honrosa terceira colocação, passou a ser chamado de “homem de borracha”, por sua grande habilidade com a bola nos pés, e por “Diamante Negro”, apelido pelo qual passou a ser conhecido mundialmente no futebol. Campeão Carioca pela equipe rubro negra em 1939 e brasileiro pela seleção do Distrito Federal, o Rio de Janeiro em 1940, ao mesmo tempo em que era idolatrado pela torcida, vivia situações conflituosas com dirigentes da equipe carioca.

Nada, no entanto, tão relevante na sua vida, quando, nos primeiros meses de 1941, Leonidas foi chamado para depor em inquérito instaurado no Centro de Recrutamento Militar por conta de um escândalo relacionado a um derrame de falsos certificados militares. Orientado a se alistar novamente e requerer um certificado de terceira categoria, o de dispensa militar, indicado por ser arrimo de família, Leonidas e seus amigos foram acusados de conivência com o crime do Sargento Condoru e condenados a oito meses de prisão, em pena a ser cumprida no I Regimento da Vila Militar do Rio de Janeiro. O país viveu momentos de grande apreensão ao ver seu principal jogador de futebol, preso. Para Leonidas, no entanto, o período na prisão não foi tão ruim, afinal, por conta da sua fama era tratado como um hospede, com privilégios bancados pelos oficiais que admiravam seu futebol. Além disso, conseguira autorização do comandante para tratar adequadamente do joelho, que o fizera sofrer tanto no último ano. Em 24 de março de 1942, os oficiais da Vila Militar ofereceram um almoço de despedida para comemorar a sua liberdade. Os problemas com os dirigentes do Flamengo, no entanto, não foram esquecidos e na tarde do dia 10 de abril de 1942, quase 10 mil pessoas se espremiam na Estação do Norte, no bairro do Brás, para receber o novo reforço do São Paulo Futebol Clube, onde Leonidas se tornaria um dos principais nomes da história do clube, sendo campeão estadual em 1943, 1945, 1946, 1948 e 1949.


Sobre o autor:
José Renato Sátiro Santiago Júnior é autor do livro “Almanaque do São Paulo – 90 anos de glórias” – que pode ser comprado diretamente na página: https://www.facebook.com/almanaquedosaopaulo/. É consultor e Professor, atua e escreve sobre temas relacionados a Gestão do Conhecimento, Inovação, Pessoas, Projetos e Lições Aprendidas. Veja mais textos dele no link: https://jrsantiagojr.medium.com/

… Atuação da Anvisa no “Brasil x Argentina”

Três pontos sobre…
… Atuação da Anvisa no “Brasil x Argentina”


(Imagem: Marcello Zambrana / AGIF / Agência de Fotografia / Estadão)

Concordando ou não, a Anvisa tem não apenas o direito, mas o dever de retirar de campo os jogadores argentinos que deveriam cumprir quarentena ao entrar em território brasileiro ao chegarem do Reino Unido, Índia e África do Sul.

A princípio, isso tentou ser feito pela Polícia Federal antes de ser necessário se fazer ao vivo em uma emissora de TV de alcance nacional.

Mas, pelo que parece, os argentinos bateram de frente com as autoridades brasileiras, com a conivência da CBF e da Conmebol, e mandaram a campo três dos quatro jogadores que deveriam ter cumprido a tal quarentena.

Por algo semelhante – mas por restrições do governo britânico – a Seleção Brasileira precisou desconvocar nove jogadores e fez isso.

Seguindo as leis sanitárias e desportivas, a Argentina deveria fazer as três alterações e ser obrigada a voltar ao jogo. Por muito menos, os brasileiros foram obrigados a voltar a campo na Copa América de 1946, após Chico ser desmaiado de tanto apanhar pela polícia argentina. Deveria ter jogo sem esses jogadores. Simples assim.

Mas sabemos como são os argentinos, como ganharam duas Copas do Mundo e várias Copas Américas: na marra.

(Imagem: R7)

Nunca se viu uma pandemia como essa e todos os protocolos deveriam e deverão ser respeitados.

Pouca coisa é mais importante que o futebol. A vida é uma delas. E já são mais de 580 mil vidas perdidas apenas no Brasil.

Independente do posicionamento político, todos já perdemos amigos, familiares ou conhecidos por essa maldita pandemia.

Não se trata de política, nunca foi e nunca será. Se trata das regras e elas têm que ser cumpridas por quem quer que seja. Ninguém está imune a elas, nem o futebol.

Independentemente de gostar ou não da CBF, da Seleção Brasileira ou dos jogadores que lá estão, a Anvisa agiu certo. A seleção argentina agiu errado.

Ou voltam a campo com três alterações ou deveriam perder o jogo por ter abandonado a partida. Simples assim. Regras são regras.


(Imagem: Gazeta do Povo)

… Messi fora do Barcelona

Três pontos sobre…
… Messi fora do Barcelona


(Imagem: Marc González Aloma / Imago / One Football)

O fim de uma das histórias mais vitoriosas do futebol.

Lionel Messi, um dos maiores jogadores da história, mudaria qualquer clube de patamar. E ele conseguiu elevar um clube gigante, o F.C. Barcelona.

Messi sai do Barça como o maior jogador do clube em todos os tempos, o maior artilheiro, o que mais jogou e o que mais venceu.

O pequeno Messi é gigante e só saberemos o tamanho dessa grandeza no fim de sua carreira.

Particularmente, eu nunca imaginei vê-lo com outra camisa. Mas agora ele deve se provar em outra liga, com outros parceiros – como se precisasse.

Já seu ex-clube, sofrerá como nunca a falta de seu maior ícone.

“Bar-sem-lona”?

… 31/07/1996 – Nigéria 4 x 3 Brasil

Três pontos sobre…
… 31/07/1996 – Nigéria 4 x 3 Brasil


“Kanu é perigoso. Entrou, bateu… Acabou… Terminoooouu…” (Imagem: Aoi Football)

● Durante muitos anos a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos foi uma obsessão para o futebol brasileiro.

E várias foram as oportunidades. Em oito edições disputadas anteriormente (1952, 1960, 1964, 1968, 1972, 1976, 1984 e 1988), o Brasil havia conseguido apenas duas medalhas de prata (1984 e 1988).

No Torneio Pré-Olímpico de 1992, o Brasil nem conseguiu a qualificação para as Olimpíadas, mesmo contando com grandes jogadores como Cafu, Roberto Carlos, Márcio Santos, Dener, Élber, Elivélton e Marcelinho Carioca.

Mas tudo mudou na preparação para 1996 – menos os craques em abundância. Roberto Carlos agora tinha a companhia de Dida, Zé Maria, Amaral, Flávio Conceição, Juninho Paulista e Sávio. Com cinco vitórias e dois empates, a classificação veio sem sustos.

Para as Olimpíadas de Atlanta, o veterano técnico Zagallo pôde contar com uma equipe de altíssimo nível. Além dos destaques do Pré-Olímpico, Ronaldo Fenômeno também estava no elenco. Os jogadores maiores de 23 anos foram o zagueiro Aldair, o meia Rivaldo e o atacante Bebeto – capitão da equipe.

O Brasil foi o líder do Grupo D. Na estreia, um susto ao perder para o Japão por 1 x 0, com o gol saindo em uma trapalhada de Aldair e Dida. No segundo jogo o Brasil venceu a Hungria por 3 x 1. Na terceira rodada, um gol de Ronaldo deu a vitória sobre a Nigéria por 1 x 0. Nas quartas de final, novo triunfo brasileiro, dessa vez sobre Gana, por 4 x 2. As semifinais previam um aguardado reencontro com os nigerianos.

Treinada pelo holandês Jo Bonfrère, a Nigéria contava com alguns dos grandes nomes de sua história, como o zagueiro Taribo West, o lateral Celestine Babayaro, os meias Sunday Oliseh, Garba Lawal e Jay-Jay Okocha, além dos atacantes Emmanuel Amunike, Tijani Babangida, Victor Ikpeba, Daniel Amokachi e Nwankwo Kanu. Os jogadores maiores de 23 anos foram o zagueiro Uche Okechukwu, além de Amunike e Amokachi.

Na primeira fase, as Super Águias venceram Hungria (1 x 1) e Japão (2 x 0), antes da derrota para o Brasil. Nas quartas, bateram o México do goleiro Jorge Campos por 2 x 0.


O técnico Jo Bonfrère escalou a Nigéria com um esquema ofensivo, com um grande número de atacantes de origem. Se o sistema defensivo ficava desguarnecido, o ataque era fulminante.


Zagallo preferiu sacar Rivaldo e escalar o time com três volantes. Juninho era o responsável pela armação.

● Zagallo foi acertando o time titular ao longo da competição. Na segunda partida ele já havia trocado Amaral por Zé Elias, além de sacar Sávio para a entrada de Ronaldo.

Para a semifinal, o técnico tirou Rivaldo para a volta de Amaral. Rivaldo não estava bem na competição, mas escalar o time com três volantes acabaria se provando um erro por deixar Juninho sobrecarregado na criação das jogadas ofensivas.

A partida foi disputada na cidade de Athens, no estado da Geórgia.

A Seleção Brasileira era franca favorita e começou justificando tal favoritismo.

Pouco depois do apito inicial, Amunike fez falta em Bebeto. Falta frontal na intermediária ofensiva. Uma cobrança no lugar perfeito para Roberto Carlos, certo? Mas quem cobrou foi Flávio Conceição. A bola foi forte e rasteira, desviou na barreira e tirou o goleiro Joseph Dosu da jogada. Brasil, 1 a 0.

A Nigéria começou uma série incessante de ataques, com muita movimentação na linha de frente, principalmente de Amokachi. A defesa brasileira batia cabeça e não sabia como marcar.

O empate das Super Águias veio aos 20 minutos. Da direita, Mobi Oparaku virou o jogo de pé trocado. Babayaro dominou dentro da área, passou pela marcação de Zé Maria e chutou cruzado. A bola iria para fora, mas Roberto Carlos se precipitou e pôs o pé, desviando para o gol. Gol contra. Brasil 1, Nigéria 1.

Aos 28′, quando a Nigéria parecia mais próxima da virada, o Brasil passou à frente novamente. Ronaldo ganhou de West pela direita e, mesmo tendo Bebeto desmarcado dentro da área, o “Fenômeno” bateu para o gol. Dosu defendeu, mas soltou a bola nos pés do artilheiro Bebeto, que só escorou para o gol. Brasil, 2 a 1.

A vantagem foi ampliada aos 37′. Bebeto voltou para armar o jogo e fez um lançamento para a entrada da área. Juninho escorou com o peito para a infiltração de Flávio Conceição, que invadiu a área e tocou na saída do goleiro.


Taribo West na marcação de Ronaldo. Eles jogaram juntos na Inter de Milão (Imagem: Rádio Globo)

Aos 15′ do segundo tempo, Flávio Conceição derrubou Amokachi dentro da área brasileira. Okocha bateu o pênalti quase no meio do gol, pouco mais para a esquerda, à meia altura. Dida acertou o canto e defendeu com a perna direita.

A vitória parecia certa. Com o jogo nas mãos, Zagallo começou a poupar seus melhores jogadores, pensando na final contra a Argentina – que já havia vencido Portugal por 2 x 0.

Aos 22′, Juninho saiu para a entrada de Rivaldo.

“Juninho estava cansado, precisávamos de ter mais força no meio-campo.” ― Zagallo

“Estou desapontado porque ainda me sentia muito bem.” ― Juninho Paulista

Aos 33′, o Brasil teve um contra-ataque para matar o jogo, mas Rivaldo prendeu demais e perdeu a bola para West, que ligou novo contragolpe. A bola chegou a Amokachi, que deu um passe na medida para Ikpeba vir da esquerda e chegar chutando forte de primeira. A bola foi no canto esquerdo, sem chances de defesa para Dida. Brasil 3, Nigéria 2.

Mas o jogo já estava praticamente decidido. A cinco minutos do fim, saiu Ronaldo para a entrada de Sávio.

“Ronaldo tinha uma contusão no joelho e dores musculares.” ― Zagallo

Nos segundos finais, Amokachi (o melhor em campo) brigou pela bola e conseguiu um lateral. Okocha fez um arremesso longo para a área, Teslim Fatusi recebeu livre e tocou a frente. A bola bateu de leve em Aldair e sobrou para Kanu dentro da pequena área. Com extremo sangue frio, ele dominou levantando a bola e, ao mesmo tempo, tirando Dida da jogada, e já virou batendo para o gol. Incrível! A Nigéria foi buscar um inacreditável empate! Brasil 3, Nigéria 3.

A Seleção Brasileira entrou muito nervosa e sem confiança na prorrogação.

Na época, existia a regra da “morte súbita”, “gol de ouro” ou “golden goal”, em que vencia quem marcasse o primeiro gol na prorrogação.

E o favoritismo brasileiro “morreu” logo aos quatro minutos.

Wilson Oruma fez um lançamento longo, a bola bateu nas costas de Ikpeba e sobrou para Kanu. Ele dominou cortando Aldair e bateu cruzado de perna esquerda, fazendo o “gol de ouro”.

“Marquei muitos assim pelo meu clube, o Ajax. Vi que os zagueiros estavam virados para mim, por isso driblei e finalizei.” ― Nwankwo Kanu


Roberto Carlos foi um dos que sofreram para marcar o imparável Nwankwo Kanu (Imagem: Papo de Homem)

● Provavelmente esse foi o maior jogo de futebol nos Jogos Olímpicos de todos os tempos.

E essa partida acabou se tornando o maior trauma do futebol olímpico brasileiro.

Alguns anos depois, Zagallo afirmou em uma entrevista que o jogo contra a Nigéria foi a maior decepção de sua carreira – mais até do que a final da Copa do Mundo de 1998.

“É incrível, tivemos tantas oportunidades. Estávamos na frente na semifinal contra a Nigéria, por 3 a 1. Faltando dez minutos para o final do jogo, sofremos um apagão. E acabamos perdendo por 4 a 3.” ― Ronaldo

“Viemos aqui ganhar o ouro, e agora apenas podemos ficar com o bronze. Para o Brasil não é grande coisa.” ― Juninho Paulista

Na decisão do 3º lugar, o Brasil goleou Portugal de Nuno Gomes por 5 x 0, com três gols de Bebeto, garantindo o lugar no pódio com a medalha de bronze.

Na final, a Nigéria enfrentou a poderosa Argentina de Ayala, Chamot, Sensini, Zanetti, Almeyda, Simeone, Gallardo, Ortega, Marcelo Delgado, Claudio López e Hernán Crespo. As Super Águias estiveram em desvantagem novamente por duas vezes, mas viraram para 3 x 2, com um gol de Amunike no minuto final da partida.

Com esse resultado, a Nigéria se tornou o primeiro país africano e o primeiro não-europeu ou não-sul-americano a conquistar a medalha de ouro olímpica no futebol. Foi afirmação do futebol africano em uma competição de alto nível.

“Isto significa tudo para a Nigéria. O futebol é a única coisa que nos une. Para o povo do meu país é o dia mais feliz das suas vidas.” ― Jay-Jay Okocha

“Garanto que no momento em que falo agora toda a África está celebrando. Ninguém vai dormir esta noite, todo mundo está feliz. O título é para todos os países africanos.” ― Sunday Oliseh


Seleção nigeriana campeã olímpica em Atlanta 1996 (Imagem: Twitter @essediafoilouco)

FICHA TÉCNICA:

 

NIGÉRIA 4 x 3 BRASIL

 

Data: 31/07/1996

Horário: 18h00 locais

Estádio: Sanford Stadium

Público: 78.587

Cidade: Athens (Estados Unidos)

Árbitro: José María García-Aranda (Espanha)

 

NIGÉRIA (4-4-2):

BRASIL (4-4-2):

18 Dosu Joseph (G)

1  Dida (G)

17 Mobi Oparaku

2  Maria

5  Uche Okechukwu

3  Aldair

3  Taribo West

4  Ronaldo Guiaro

2  Celestine Babayaro

6  Roberto Carlos

10 Jay-Jay Okocha

15 Zé Elias

13 Garba Lawal

8  Amaral

6  Emmanuel Amunike

5  Flávio Conceição

4  Nwankwo Kanu (C)

9  Juninho Paulista

7  Tijani Babangida

7  Bebeto (C)

14 Daniel Amokachi

18 Ronaldo

 

Técnico: Jo Bonfrère

Técnico: Zagallo

 

SUPLENTES:

 

 

1  Emmanuel Babayaro (G)

12 Danrlei (G)

12 Abiodun Obafemi

13 Narciso

16 Kingsley Obiekwu

14 André Luiz

15 Sunday Oliseh

16 Marcelinho Paulista

8  Wilson Oruma

10 Rivaldo

9  Teslim Fatusi

11 Sávio

11 Victor Ikpeba

17 Luizão

 

GOLS:

1′ Flávio Conceição (BRA)

20′ Roberto Carlos (NIG) (gol contra)

28′ Bebeto (BRA)

38′ Flávio Conceição (BRA)

78′ Victor Ikpeba (NIG)

90′ Nwankwo Kanu (NIG)

94′ Nwankwo Kanu (NIG) (gol de ouro)

 

CARTÕES AMARELOS:

23′ Roberto Carlos (BRA)

31′ Mobi Oparaku (NIG)

39′ Tijani Babangida (NIG)

53′ Garba Lawal (NIG)

73′ Rivaldo (BRA)

86′ Ronaldo (BRA)

87′ Daniel Amokachi (NIG)

 

SUBSTITUIÇÕES:

INTERVALO Emmanuel Amunike (NIG) ↓

Victor Ikpeba (NIG) ↑

 

67′ Tijani Babangida (NIG) ↓

Teslim Fatusi (NIG) ↑

 

67′ Juninho Paulista (BRA) ↓

Rivaldo (BRA) ↑

 

82′ Mobi Oparaku (NIG) ↓

Wilson Oruma (NIG) ↑

 

85′ Ronaldo (BRA) ↓

Sávio (BRA) ↑

Jogo completo:

Melhores momentos (Rede Globo):

“Kanu é perigoso. Entrou, bateu… Acabou… Terminoooouu…”:

… 23/07/1966 – Alemanha Ocidental 4 x 0 Uruguai

Três pontos sobre…
… 23/07/1966 – Alemanha Ocidental 4 x 0 Uruguai

● Depois da vitória da Inglaterra sobre a Argentina por 1 x 0, o duelo entre alemães e uruguaios era o segundo capítulo da novela “arbitragem vs. países sul-americanos”.

A Alemanha Ocidental foi a líder do Grupo 2 na primeira fase. Goleou a Suíça por 5 x 0, empatou sem gols com a Argentina e venceu a Espanha por 2 x 1.

O Uruguai estreou empatando sem gols com a Inglaterra, dona da casa. Na segunda partida, venceu a França por 2 x 1. No terceiro jogo, o empate por 0 x 0 com o México valeu a classificação em segundo lugar do Grupo 1.

O Uruguai tinha em seu elenco vários personagens que teriam passagem pelo futebol brasileiro. O goleiro Ladislao Mazurkiewicz jogou no Atlético Mineiro entre 1971 e 1974. O lateral direito Pablo Forlán atuou pelo São Paulo F.C. entre 1970 e 1976. O atacante Héctor Silva passou pelo Palmeiras (1970-1971) e Portuguesa (1972-1973). O craque Pedro Rocha se tornou ídolo do São Paulo F.C., onde jogou entre 1970 e 1977, além de ter passagens por Palmeiras (1978), Coritiba (1979) e Bangu (1979). Após encerrar a carreira, Pedro Rocha treinou doze clubes brasileiros, sendo o Internacional o de maior expressão.

Além dos atletas, o técnico da Celeste Olímpica já tinha sua história marcada no futebol brasileiro. Entre as décadas de 1930 e 1960, Ondino Viera foi vitorioso treinando clubes como Fluminense, Vasco da Gama, Botafogo, Bangu, Palmeiras e Atlético Mineiro.


As duas seleções atuavam no sistema 4-2-4.

● Mais de 40 mil pessoas estiveram presentes no estádio Hillsborough, em Sheffield.

O Uruguai começou melhor e deu o primeiro susto logo aos 4′. Julio César Cortés aproveitou um rebote e chutou de longe, mas a bola explodiu no travessão. O goleiro Hans Tilkowski pegou o rebote. Mas Héctor Silva, que já tinha derrubado Willi Schulz no lance, passou pelo goleiro alemão e lhe deixou o joelho na cabeça – já mostrando um pouco do nervosismo charrua.

Dois minutos depois veio a primeira decisão controversa do juiz. Pedro Rocha cabeceou para o gol, a bola passou pelo goleiro Tilkowski e desviou na mão de Karl-Heinz Schnellinger. Era um lance em que comumente se apitava pênalti, mas o árbitro inglês Jim Finney deixou o lance seguir sem nada marcar.

Os uruguaios se convenceram que seria algo premeditado e começaram a perder a cabeça.

Para piorar, os alemães abriram o placar aos 11′. Sigfried Held chutou de fora da área. No meio do caminho, a bola desviou em Helmut Haller e enganou Ladislao Mazurkiewicz, entrando no canto direito.

No resto do primeiro tempo, o Uruguai bateu, a Alemanha revidou e o juiz não coibiu a violência.

Wolfgang Overath avançou sem marcação e chutou de esquerda, da entrada da área. A bola quicou e Mazurka segurou bem.

Héctor Salva chutou de fora da área e Tilkowski fez uma ponte para segurar. A bola ia no ângulo direito.

Wolfgang Weber avança e Cortés lhe dá um carrinho por trás. O árbitro inglês Jim Finney contemporizou e avisou ao uruguaio que seria a última.

De muito longe, Franz Beckenbauer bateu a falta de três dedos. A bola ia no ângulo, mas Mazurkiewicz espalmou para escanteio.

Ao invés de esfriar os ânimos, os uruguaios voltaram mais acesos.

Aos quatro minutos da etapa final, o capitão charrua Horacio Troche foi expulso por dar um pontapé sem bola em Lothar Emmerich. Quando estava saindo de campo, Troche passou por Uwe Seeler e lhe deu um tapa no rosto.

Os uruguaios perderam de vez a cabeça cinco minutos depois. Silva foi expulso por atingir Haller. Na saída do atacante celeste, houve até certo desentendimento entre alguns uruguaios e os policiais britânicos.

Com nove homens em campo, o Uruguai só conseguiu resistir por mais quinze minutos.

Com dois homens a mais, a Alemanha foi cada vez mais soberana. Haller avançou sozinho da direita e cruzou para o meio da área. Uwe Seeler não dominou bem, perdeu o tempo de bola e não conseguiu finalizar. Seeler foi muito bem marcado durante a partida.

Aos 25′, Beckenbauer recebeu de Uwe Seeler na área, passou fácil pela marcação, driblou o goleiro e tocou para o gol vazio. Alemanha: 2 a 0.

Aos 30′, Emmerich avançou pela esquerda, tocou para Held, que virou o jogo para Uwe Seeler. Sem marcação, o capitão alemão dominou, avançou e bateu da entrada da área, no ângulo esquerdo de Mazurkiewcz. Alemanha: 3 a 0.

O placar foi fechado aos 38′. Dentro da área, Haller passou por um adversário e tocou rasteiro de pé esquerdo na saída do goleiro. A bola morreu no canto direito. Final: Alemanha 4, Uruguai 0.

● Na saída de campo, Cortés deu um pontapé no árbitro – o que resultaria em uma suspensão por seis jogos internacionais.

As duas seleções saíram de campo reclamando da arbitragem. O técnico alemão Helmut Schön disse que o juiz acertou nas suas decisões, mas demorou demais para expulsar os “violentos jogadores uruguaios”. Ondino Viera foi mais equilibrado, dizendo que “as arbitragens foram, no mínimo, defeituosas”. Mas seguiu dizendo que o árbitro deu um presente para os alemães: “A exibição do filme do jogo dará razão aos uruguaios sobre o penal não apitado no início do encontro”.

Diego Lucero, decano jornalista da Argentina, resumiu a situação pela ótica dos não-europeus: “Se um sul-americano se classificasse para as semifinais, seríamos todos mortos”.

Na semifinal, a Alemanha Ocidental venceu a União Soviética por 2 x 1. Na decisão, conseguiu o empate por 2 x 2 diante da Inglaterra em Wembley, mas, em uma decisão controversa da arbitragem (como detalhamos aqui) acabou perdendo por 4 x 2 na prorrogação.


(Imagem: Impromptuinc)

FICHA TÉCNICA:

 

ALEMANHA OCIDENTAL 4 x 0 URUGUAI

 

Data: 23/07/1966

Horário: 15h00 locais

Estádio: Hillsborough

Público: 40.007

Cidade: Sheffield (Inglaterra)

Árbitro: Jim Finney (Inglaterra)

 

ALEMANHA OCIDENTAL (4-2-4):

URUGUAI (4-2-4):

1  Hans Tilkowski (G)

1  Ladislao Mazurkiewicz (G)

2  Horst-Dieter Höttges

15 Luis Ubiña

5  Willi Schulz

2  Horacio Troche (C)

6  Wolfgang Weber

3  Jorge Manicera

3  Karl-Heinz Schnellinger

6  Omar Caetano

4  Franz Beckenbauer

5  Néstor Gonçalves

12 Wolfgang Overath

17 Héctor Salva

8  Helmut Haller

7  Julio César Cortés

9  Uwe Seeler (C)

19 Héctor Silva

10 Sigfried Held

10 Pedro Rocha

11 Lothar Emmerich

11 Domingo Pérez

 

Técnico: Helmut Schön

Técnico: Ondino Viera

 

SUPLENTES:

 

 

22 Sepp Maier (G)

12 Roberto Sosa (G)

21 Günter Bernard (G)

22 Walter Taibo (G)

14 Friedel Lutz

4  Pablo Forlán

15 Bernd Patzke

13 Nelson Díaz

17 Wolfgang Paul

14 Emilio Álvarez

18 Klaus-Dieter Sieloff

16 Eliseo Álvarez

7  Albert Brülls

20 Luis Ramos

16 Max Lorenz

18 Milton Viera

19 Werner Krämer

21 Víctor Espárrago

13 Heinz Hornig

8  José Urruzmendi

20 Jürgen Grabowski

9  José Sasía

 

GOLS:

11′ Helmut Haller (ALE)

70′ Franz Beckenbauer (ALE)

75′ Uwe Seeler (ALE)

83′ Helmut Haller (ALE)

 

ADVERTÊNCIAS:

20′ Héctor Silva (URU)

86′ Wolfgang Weber (ALE)

 

EXPULSÕES:

49′ Horacio Troche (URU)

54′ Héctor Silva (URU)

Melhores momentos da partida:

 

… 20/07/1966 – União Soviética 2 x 1 Chile

Três pontos sobre…
… 20/07/1966 – União Soviética 2 x 1 Chile


(Imagem: Getty Images / PA Images)

● O Chile se classificou para a Copa do Mundo de 1966 através do Grupo 12 das eliminatórias. Teoricamente seria uma chave fácil, com os fragilizados Colômbia e Equador.

Os colombianos até haviam disputado o Mundial anterior, mas houve uma cisão no futebol do país na época. Os clubes mais fortes e ricos formaram uma liga à parte, considerada “pirata”, pois não era filiada à federação nacional e tampouco à FIFA. Por isso, apenas um jogador da liga pirata atuou pela seleção – o atacante Antonio Rada.

Algo semelhante aconteceu com o Equador: houve um conflito entre as ligas de Guayaquil e Quito, com os times da capital se recusando a fornecer jogadores para a seleção equatoriana.

A seleção chilena era forte e contava com nove jogadores que tinham alcançado o 3º lugar na Copa de 1962: o goleiro Adán Godoy, os defensores Luis Eyzaguirre e Humberto Cruz, o meia Alberto Fouillioux e os atacantes Jaime Ramírez, Armando Tobar, Carlos Campos, Honorino Landa e Leonel Sánchez.

E o Chile começou bem, goleando a Colômbia por 7 x 2 em casa. Depois, perdeu fora para os mesmos colombianos por 2 x 0 (dois gols de Rada). Os dois jogos contra o Equador resultaram em um empate fora (2 x 2) e uma vitória em casa (3 x 1).

Com chilenos e equatorianos empatados em número de pontos, a vaga foi decidida em uma partida desempate, em Lima, no Peru. Leonel Sánchez e Rubén Marcos marcaram para o Chile e Romulo Gómez descontou para o Equador. Com esse resultado, o Chile estava de volta à disputa de uma Copa do Mundo.


(Imagem: Alamy)

● Por sua vez, a União Soviética conseguiu a sua vaga facilmente no Grupo 7 do qualificatório. Em seis partidas, foram cinco vitórias (3 x 1 e 4 x 1 na Grécia; 6 x 0 e 3 x 1 na Dinamarca; e 2 x 1 sobre o País de Gales) e apenas uma derrota (1 x 2 para os galeses, em Cardiff).

O lendário treinador Gavriil Kachalin, campeão olímpico em 1956 e europeu em 1960, deu lugar a Nikolai Petrovich Morozov, do Torpedo Moscou. Ele deixou de lado o famoso “futebol científico” – liderado pelo meia Igor Netto e pelo atacante Valentin Ivanov – e simplificou o estilo de jogo. E fez testes, utilizando 24 jogadores diferentes nos seis jogos das eliminatórias.

Mas a base do time ainda era a mesma, com o histórico goleiro Lev Yashin, os defensores Albert Shesternyov e Leonīds Ostrovskis, os meias Valery Voronin, Viktor Serebryanikov e Yozhef Sabo, além dos atacantes Slava Metreveli, Igor Chislenko e Galimzyan Khusainov.


As duas seleções jogavam no sistema 4-2-4.

● Nas duas primeiras rodadas da Copa, pelo Grupo 4, o Chile perdeu para a Itália por 2 x 0 e empatou com a Coreia do Norte por 1 x 1. Na defesa da seleção chilena já se destacava um garoto de 19 anos que viria a fazer história no futebol: Elías Figueroa.

Por sua vez, a URSS já estava classificada com quatro pontos, com vitórias por 3 x 0 sobre a Coreia do Norte e 1 x 0 em cima da Itália.

No dia anterior, a Coreia do Norte tinha vencido a Itália por 2 x 1, em uma das maiores zebras da história das Copas. Os chilenos tinham 01 ponto, contra 03 dos norte-coreanos. Com esse resultado, bastava uma vitória de 1 x 0 sobre a URSS para o Chile se classificar pelo critério do goal average. Isso já havia acontecido nas quartas de final do Mundial anterior (vitória chilena por 2 x 1).

O técnico soviético até deu uma certa ajuda para que isso acontecesse, escalando um time bem alternativo, poupando vários titulares. Mas o time reserva da URSS tinha bons jogadores, que queriam provar que poderiam seguir no time principal e jogaram como se fosse uma decisão.

O Chile pressionou o jogo inteiro. Mas foi a URSS que abriu o placar aos 28′ em um contra-ataque. Valery Voronin chutou, a bola bateu no peito de Aldo Valentini e sobrou para Valeriy Porkujan mandar no ângulo esquerdo do goleiro Juan Olivares.

O Chile empatou quatro minutos depois. O capitão Leonel Sánchez bateu falta, Anzor Kavazashvili deu rebote e Valentini cabeceou na trave. A bola voltou e Guillermo Yávar chutou. Rubén Marcos apareceu na pequena área, se antecipou ao goleiro e mandou para o gol.

Os sul-americanos continuavam em busca do gol que lhes dariam a classificação. Chegaram a ter um gol anulado pelo árbitro norte-irlandês John Adair, em lance que Honorino Landa fez falta no goleiro antes de marcar de cabeça.

O golpe final veio a cinco minutos do fim. Kavazashvili despachou a bola para a frente. Ela quicou, enganou a defesa e chegou até Porkujan, que tocou por cobertura e fechou o placar em 2 x 1 a favor dos soviéticos.


(Imagem: Alamy)

● Com esse resultado, o Chile estava eliminado na primeira fase. A Coreia do Norte ficou com a outra vaga do grupo.

A União Soviética venceu a Hungria por 2 x 1 nas quartas de final, mas perdeu pelo mesmo placar para a Alemanha Ocidental na semifinal. Na decisão do 3º lugar, perdeu para Portugal de Eusébio também por 2 x 1. De qualquer forma, o 4º lugar foi a melhor classificação da URSS em todas as sete Copas disputadas.

FICHA TÉCNICA:

 

UNIÃO SOVIÉTICA 2 x 1 CHILE

 

Data: 20/07/1966

Horário: 19h30 locais

Estádio: Roker Park

Público: 16.027

Cidade: Sunderland (Inglaterra)

Árbitro: John Adair (Irlanda do Norte)

 

UNIÃO SOVIÉTICA (4-2-4):

CHILE (4-2-4):

21 Anzor Kavazashvili (G)

13 Juan Olivares (G)

9  Viktor Getmanov

20 Aldo Valentini

6  Albert Shesternyov (C)

4  Humberto Cruz

13 Alexey Korneyev

7  Elías Figueroa

3  Leonīds Ostrovskis

21 Hugo Villanueva

5  Valentin Afonin

14 Ignacio Prieto

12 Valery Voronin

12 Rubén Marcos

16 Slava Metreveli

1  Pedro Araya

2  Viktor Serebryanikov

22 Guillermo Yávar

20 Eduard Markarov

11 Honorino Landa

17 Valeriy Porkujan

17 Leonel Sánchez (C)

 

Técnico: Nikolai Petrovich Morozov

Técnico: Luis Álamos

 

SUPLENTES:

 

 

1  Lev Yashin (G)

9  Adán Godoy (G)

22 Viktor Bannikov (G)

6  Luis Eyzaguirre

4  Vladimir Ponomaryov

2  Hugo Berly

7  Murtaz Khurtsilava

3  Carlos Campos

10 Vasiliy Danilov

5  Humberto Donoso

8  Yozhef Sabo

10 Roberto Hodge

14 Giorgi Sichinava

19 Francisco Valdés

15 Galimzyan Khusainov

8  Alberto Fouilloux

11 Igor Chislenko

15 Jaime Ramírez

18 Anatoliy Banishevskiy

16 Orlando Ramírez

19 Eduard Malofeyev

18 Armando Tobar

 

GOLS:

28′ Valeriy Porkujan (URSS)

32′ Rubén Marcos (CHI)

85′ Valeriy Porkujan (URSS)

Gols da partida:

… 19/07/1930 – Chile 1 x 0 França

Três pontos sobre…
… 19/07/1930 – Chile 1 x 0 França


(Imagem: commons.wikimedia.org)

● A primeira Copa do Mundo foi realizada no Uruguai. Eram dois os principais motivos das ausências das principais seleções da Europa. Um deles foi a distância e as dificuldades para atravessar o Atlântico. O outro era a grave crise econômica que ainda afetava toda a Europa. Por isso, apenas dois dos sete países fundadores da FIFA participaram do Mundial: França e Bélgica.

O Chile tinha certa experiência internacional por ter participado das primeiras edições da Copa América. As maiores esperanças eram os meias-atacantes Guillermo Subiabre e Carlos Vidal.

O forte da França era a defesa, com destaque para o goleiro Alexis Thépot e o zagueiro Étienne Mattler. O desfalque era o atacante Manuel Anatol – um basco/espanhol naturalizado francês, que jogou por Athletic Bilbao, Atlético de Madrid, Real Madrid e, na época, atuava no Racing Paris.

Ambos estavam no Grupo A da Copa. No jogo inaugural, a França venceu o México por 4 a 1. Depois, perdeu para a Argentina por 1 a 0, em um jogo duríssimo, que só foi resolvido a nove minutos do fim.

Na primeira rodada, o Chile havia vencido o México por 3 x 0. Em seu segundo jogo, precisava vencer a França para ter esperanças de passar para a fase seguinte.


Nos anos 1930, todas as equipes atuavam no ofensivo sistema “clássico” ou “pirâmide”, o 2-3-5.

● Oficialmente o público foi de 2.000 pessoas, mas a quantidade real de expectadores foi muito maior. Não foi pelo prestígio de Chile ou França, mas porque eles fizeram a preliminar da partida entre Argentina x México. Os portenhos atravessaram em massa o Rio da Prata e invadiram Montevidéu para prestigiar sua seleção.

A França era favorita, mas não conseguiu provar isso em campo.

O primeiro pênalti da história das Copas foi anotado pelo árbitro uruguaio Anibal Tejada, aos 35 minutos do primeiro tempo. E esse também foi o primeiro pênalti perdido. O chileno Carlos “Zorro” Vidal bateu para fora.

Aos 19′ da segunda etapa, o capitão Carlos Schneeberger tocou para Vidal, que chutou de esquerda, de fora da área. O goleiro Thépot espalmou e Subiabre marcou de cabeça o gol que eliminou a França e colocou o Chile de vez na briga pela vaga nas semifinais.


(Imagem: Moviolagol / deviantart.com)

● Na sequência, o Chile perdeu para a Argentina por 3 x 1 e também estava eliminado. Terminou em um honroso 5º lugar.

O capitão francês no Mundial foi Alexandre Villaplane. O talentoso centromédio disputou as três partidas de sua seleção. Mas ele teria um fim trágico. Durante a Segunda Guerra Mundial, ele cooperou com o nazismo, sendo um dos líderes da Brigada do Norte Africano – uma organização criminosa composta por imigrantes do norte da África (Villaplane era nascido em Argel), que colaborou com os nazistas através de atividades de anti-resistência. Ele foi condenado a morte em 01/12/1944 por participação direta em pelo menos dez assassinatos. Foi fuzilado 26 dias depois.


(Imagem: historiasdelfutbol.com)

FICHA TÉCNICA:

 

CHILE 1 x 0 FRANÇA

 

Data: 19/07/1930

Horário: 12h50 locais

Estádio: Centenário

Público: 2.000

Cidade: Montevidéu (Uruguai)

Árbitro: Anibal Tejada (Uruguai)

 

CHILE (2-3-5):

FRANÇA (2-3-5):

Roberto Cortés (G)

Alexis Thépot (G)

Ernesto Chaparro

Étienne Mattler

Guillermo Riveros

Marcel Capelle

Arturo Torres

Alexandre Villaplane (C)

Guillermo Saavedra

Marcel Pinel

Casimiro Torres

Augustin Chantrel

Tomás Ojeda

Ernest Libérati

Guillermo Subiabre

Edmond Delfour

Eberardo Villalobos

Célestin Delmer

Carlos Vidal

Émile Veinante

Carlos Schneeberger (C)

Marcel Langiller

 

Técnico: György Orth

Técnicos: Raoul Caudron / Gaston Barreau

 

SUPLENTES:

 

 

César Espinoza (G)

André Tassin (G)

Ulises Poirier

Numa Andoire

Víctor Morales

Jean Laurent

Arturo Coddou

André Maschinot

Humberto Elgueta

Lucien Laurent

Horacio Muñoz

 

Guillermo Arellano

 

Juan Aguilera

 

 

GOL: 64′ Guillermo Subiabre (CHI)

Imagens da partida:

… 16/07/1950 – Suécia 3 x 1 Espanha

Três pontos sobre…
… 16/07/1950 – Suécia 3 x 1 Espanha


Suécia no Mundial de 1950 (Imagem: Wikipédia)

● A Copa do Mundo de 1950 foi a única que não teve uma final. O Mundial disputado no Brasil teve uma primeira fase com quatro grupos, com o vencedor de cada chave se classificando para um quadrangular final. Esse regulamento foi mantido apenas nessa edição, com o objetivo de ter mais jogos e maior lucro – em um torneio esvaziado devido ao pós-guerra.

E para a fase final, se classificaram duas seleções europeias e duas sul-americanas: Brasil (Grupo 1), Espanha (Grupo 2), Suécia (Grupo 3) e Uruguai (Grupo 4) disputariam o título jogando entre si, todos contra todos em um único turno.

A Espanha chegou forte. Os maiores destaques eram o zagueiro José Parra, o ponta direita Estanislau Basora e o centroavante Telmo Zarra. O ponto fraco eram os goleiros: nenhum entre Antoni Ramallets, Ignacio Eizaguirre e Juan Acuña inspirava confiança.

A Fúria convenceu ao vencer os três jogos pelo Grupo 2 da primeira fase. Bateu os Estados Unidos por 3 a 1, o Chile por 2 a 0 e a poderosa Inglaterra por 1 x 0 – no primeiro Mundial que o English Team aceitou disputar.

No quadrangular decisivo os espanhóis, empataram com o Uruguai por 2 x 2 e foram goleados pelo Brasil por 6 x 1.


(Imagem: Pinterest)

● A seleção sueca não era uma equipe qualquer e merecia todo o respeito. Tinha um bom time, que havia conquistado a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Londres, em 1948. O mesmo time base ainda ganharia a medalha de bronze nas Olimpíadas de Helsinque, em 1952.

Com 34 anos, o zagueiro sueco Erik Nilsson era o capitão de sua equipe. Ele havia disputado o Mundial de 1938. Apenas Nilsson e o suíço Alfred Bickel disputaram uma edição de Copa antes e outra depois da Segunda Guerra Mundial.

Além de Nilsson, os principais destaques individuais eram o goleiro Kalle Svensson, o centromédio Knut Nordahl, o ponta esquerda Lennart Skoglund e o centroavante Hasse Jeppson. Curiosamente, Svensson e Skoglund estariam presentes também na Copa de 1958, quando a Suécia perdeu a final em casa para o Brasil de Pelé por 5 x 2.

Para o Mundial de 1950, o técnico inglês George Raynor precisou montar o elenco sueco apenas com jogadores que atuavam no país e não pôde convocar seus principais destaques. O trio “Gre-No-Li”, formado pelos atacantes Gunnar Gren, Gunnar Nordahl e Nils Liedholm brilhava no Milan e não foi liberado pelos italianos para viajarem ao Brasil. Outros jogadores profissionais suecos impedidos de disputarem o Mundial foram: o zagueiro Kjell Rosén, os meias Bertil Nordahl, Åke Hjalmarsson, Ivar Eidefjäll, Pär Bengtsson e os atacantes Dan Ekner, Gunnar Andersson e Henry Carlsson. Certamente a Suécia teria um time ainda mais forte se pudesse ter contado com todos os seus melhores jogadores.

Pelo Grupo 3 da Copa, a Suécia venceu a Itália de virada por 3 x 2, naquela que foi a primeira derrota dos italianos na história das Copas. A classificação sueca foi garantida com o empate por 2 x 2 contra o Paraguai. A chave tinha três seleções, já que a Índia havia desistido de disputar a competição em protesto contra uma decisão da FIFA que proibia jogar descalço, como era comum no país.

Na fase final, a Suécia foi massacrada pela Seleção Brasileira por 7 x 1 e perdeu para o Uruguai por 3 x 2.


As duas seleções jogavam no sistema WM.

● No dia 16 de julho aconteceu a última rodada da fase final da Copa do Mundo de 1950. As duas partidas ocorreram simultaneamente.

Suécia e Espanha disputaram o 3º lugar no estádio Pacaembu para apenas 11.227 pessoas – em sua maioria, membros da colônia espanhola em São Paulo. Os paulistanos preferiam ficar em casa e acompanhar pelo rádio a transmissão de Brasil x Uruguai. Enquanto isso, enquanto o Maracanã tinha mais gente do que cabia (algumas fontes indicam mais de 200 mil expectadores).

Os espanhóis eram considerados amplamente favoritos e só precisavam de um empate para ficar com o bronze.

A Fúria deu o pontapé inicial e teve a primeira chance.

José Juncosa escapou pela ponta esquerda, mas foi travado em uma dividida com o goleiro Kalle Svensson e o zagueiro Lennart Samuelsson, que vinha por trás.

Com mais calma e entusiasmo, logo a Suécia passou a ter o domínio de jogo. Os suecos já haviam absorvido a goleada sofrida para os brasileiros (7 x 1) e os espanhóis ainda estavam remoendo a sua difícil derrota (6 x 1).

Aos 15′, Ingvar Gärd conduziu pelo meio, livre de marcação, e tocou para Karl-Erik Palmér. Ele dominou e bateu de fora da área. O goleiro Ignacio Eizaguirre espalmou mal e Stig Sundqvist finalizou no canto direito. Suécia 1 a 0.

Nervosos, os jovens defensores espanhóis ficaram discutindo entre si e ninguém foi tirar a bola do fundo do gol. Todos esperavam a nova saída, mas o bate-boca não cessava. O árbitro holandês Karel van der Meer precisou ir até a área, acalmar os ânimos, pegar a bola no fundo da rede e levá-la para o centro do campo.

A Espanha tentou reagir, mas sofreu o segundo gol no contra-ataque aos 33 minutos. Sundqvist cruzou da direita e Bror Mellberg apareceu na segunda trave para escorar para o gol.

Os suecos quase marcaram o terceiro. Palmér mandou um voleio do bico direito da área e a bola bateu no travessão. No rebote, Eizaguirre saiu nos pés de Rydell para impedir a finalização.

Depois do intervalo, os espanhóis passaram a agredir mais a defesa sueca, que precisou se fechar.

Juncosa cruzou da esquerda e Svensson tirou de soco.

Rosendo Hernández foi travado na hora do chute pelo capitão Erik Nilsson. Na sobra, Estanislau Basora cruzou para a área, mas Samuelsson cabeceou para escanteio.

Mas, a dez minutos do fim, foi o time nórdico quem fez o terceiro e esfriou as esperanças dos ibéricos. Em outro contragolpe, Gunnar Johansson cruzou da direita e Palmér chegou batendo de esquerda, da marca do pênalti.

Dois minutos depois, Telmo Zarra diminuiu para a Fúria, em um cruzamento da esquerda de Juncosa.


(Imagem: Pinterest)

● Mesmo perdendo, essa foi a melhor classificação final da seleção espanhola em Copas do Mundo até o título de 2010.

Para a Suécia, a terceira colocação estava muito além das expectativas iniciais.

Contudo, o sucesso nos gramados brasileiros teve um efeito devastador para a Suécia: 10 dos 11 titulares foram imediatamente contratados por clubes italianos – em efeito semelhante ao que já havia acontecido dois anos antes, quando venceram as Olimpíadas.

E o primeiro craque quase ficou pelo Brasil. No dia 06/07, o São Paulo F.C. fez uma proposta de 170 mil cruzeiros (cerca de 10 mil dólares na época) pelo ponta esquerda Lennart Skoglund. do AIK de Gotemburgo. O negócio não deu certo, pois o valor foi considerado baixo por um dirigente do clube, que acompanhava a delegação do país. Menos de um mês depois, Skoglund foi contratado pela Inter de Milão por um valor cinco vezes maior.


(Imagem: Pinterest)

FICHA TÉCNICA:

 

SUÉCIA 3 x 1 ESPANHA

 

Data: 16/07/1950

Horário: 15h00 locais

Estádio: Pacaembu

Público: 11.227

Cidade: São Paulo (Brasil)

Árbitro: Karel van der Meer (Holanda)

 

SUÉCIA (WM):

ESPANHA (WM):

1  Kalle Svensson (G)

1  Ignacio Eizaguirre (G)

2  Lennart Samuelsson

2  Vicente Asensi

3  Erik Nilsson (C)

3  Gabriel Alonso

4  Sune Andersson

5  José Parra

5  Gunnar Johansson

4  Alfonso Silva

6  Ingvar Gärd

6  Antonio Puchades

7  Stig Sundqvist

7  Estanislau Basora

8  Karl-Erik Palmér

8  Rosendo Hernández

9  Ingvar Rydell

9  Telmo Zarra (C)

10 Bror Mellberg

10 José Luis Panizo

11 Egon Jönsson

11 José Juncosa

 

Técnico: George Raynor

Técnico: Guillermo Eizaguirre

 

SUPLENTES:

 

 

Torsten Lindberg (G)

Antoni Ramallets (G)

Tore Svensson (G)

Juan Acuña (G)

Ivan Bodin

José Gonzalvo II

Knut Nordahl

Mariano Gonzalvo III

Arne Månsson

Francisco Antúnez

Olle Åhlund

Rafael Lesmes II

Stellan Nilsson

Nando

Börje Tapper

Silvestre Igoa

Lennart Skoglund

César

Hasse Jeppson

Luis Molowny

Kurt Svensson

Agustín Gaínza

 

GOLS:

15′ Stig Sundqvist (SUE)

33′ Bror Mellberg (SUE)

80′ Karl-Erik Palmér (SUE)

82′ Telmo Zarra (ESP)

Lances da partida:

… 15/07/1966 – Hungria 3 x 1 Brasil

Três pontos sobre…
… 15/07/1966 – Hungria 3 x 1 Brasil


(Imagem: Pinterest)

● Como já contamos aqui, a preparação da Seleção Brasileira para a Copa do Mundo de 1966 foi uma bagunça homérica, com 47 jogadores convocados. Após várias bizarrices, o escrete canarinho acabou se tornou uma mescla mal feita entre alguns craques bicampeões nas duas Copas anteriores, com Gylmar, Djalma Santos, Bellini, Orlando, Zito, Garrincha e Pelé, além de jogadores que viriam a encantar o mundo em 1970, como Brito, Gérson, Tostão e Jairzinho. Várias unanimidades ficaram fora da lista final, como Carlos Alberto Torres, Djalma Dias, Roberto Dias, Servílio e outros.

Em termos de qualidade, a Hungria não ficava atrás. No qualificatório europeu, terminou com três vitórias e um empate, deixando para trás a Alemanha Oriental e a Áustria. Com esse mesmo time base, havia conquistado a medalha de bronze nas Olimpíadas de Roma, em 1960. Depois, terminou em 3º lugar na Eurocopa de 1964 e ficou com a medalha de ouro dos Jogos Olímpicos de Tóquio, também em 1964. Os maiores destaques eram o defensor Kálmán Mészöly, o ponta direita Ferenc Bene e o atacante Flórián Albert, que seria eleito o Bola de Ouro de 1967.

A Hungria perdeu para Portugal por 2 x 1 na primeira partida.

O Brasil começou bem, vencendo uma frágil Bulgária por 2 a 0, na última partida de Pelé e Garrincha juntos pela Seleção. Eles nunca perderam atuando juntos. Foram 40 partidas, com 36 vitórias e quatro empates. Curiosamente os dois gols contra os búlgaros foram em cobranças de falta diretas, um anotado pelo Rei e outro por Mané.


Ambas as equipes jogavam no sistema tático 4-2-4.

● Pelé havia levado tanta pancada no jogo contra a Bulgária, que não teve condições físicas de enfrentar a Hungria. Ele foi substituído por Tostão. No meio, saiu Denílson e entrou Gérson, com Lima recuado para a marcação.

Mesmo sem o Rei, o Brasil começou no ataque e dei um susto no goleiro húngaro logo no pontapé inicial. Tostão e Alcindo Bugre deram a saída de bola e rolaram para Gérson mais atrás. Ele passou para Tostão, que abriu na esquerda para Paulo Henrique, que deu um passe vertical para Jairzinho. O craque arrancou na diagonal da esquerda para o meio, deixou Benő Káposzta no chão e avançou até parar na marcação de Ferenc Sipos. Gérson pegou a sobra, atrasou para Lima, que abriu na direita para Djalma Santos. Ele avançou e devolveu para Lima na intermediária ofensiva. O coringa do Santos dominou e bateu com veneno de muito longe. A bola ia no ângulo, mas o goleiro József Gelei voou para espalmar para escanteio.

Mas na sequência retrucou. János Farkas chutou de longe e Gylmar voou no canto esquerdo baixo para mandar a bola para a linha de fundo.

O início do jogo estava muito acelerado. Ainda no segundo minuto, Ferenc Bene invadiu a área pelo lado direito, deixou Altair sentado, cortou a marcação de Bellini e bateu de perna esquerda no contrapé de Gylmar. Hungria, 1 a 0.

Mas o Brasil empatou aos 14′. Paulo Henrique fez o lançamento e Gyula Rákosi cortou com a mão. Falta da intermediária. Lima bateu forte e rasteira, a bola desviou em Sándor Mátrai e sobrou para Tostão na marca do pênalti. De primeira, o craque do Cruzeiro mandou no ângulo esquerdo. 1 a 1.

O escrete canarinho quase conseguiu a virada. Tostão cruzou da ponta esquerda, a bola passou pelo goleiro Gelei e bateu em Alcindo – que não conseguiu finalizar direito. A bola estava entrando no gol, mas o capitão Sipos tirou em cima da linha e impediu o gol certo.

Não era mesmo o dia de Alcindo. Ainda aos 20′ do primeiro tempo, ele torceu o tornozelo sozinho e se lesionou, perdendo a mobilidade e ficando estático em campo.

No segundo tempo, Flórián Albert abriu na direita e Bene fez o cruzamento para a área. A bola desviou na marcação e sobrou para Farkas. Dentro da área, ele bateu de primeira. A bola saiu à esquerda, mas assustou muito o goleiro Gylmar.

O Brasil escapou de Farkas uma vez, mas não escaparia da segunda. Aos 19′, Bene cruzou para a marca do pênalti e János Farkas emendou de primeira, sem deixar cair. A bola foi no canto esquerdo, sem chances para o goleiro brasileiro. Hungria, 2 a 1.

O gol animou os magiares e desorientou os brasileiros. A Hungria se aproveitou da situação para ampliar.

Aos 28′, Albert arrancou desde a sua intermediária, passou entre Gérson e Lima e abriu na direita para Bene. No bico da grande área, ele deixou Altair no chão e foi derrubado por Paulo Henrique. Kálmán Mészöly bateu o pênalti forte e rasteiro, no canto direito de Gylmar, que nem pulou. Hungria, 3 a 1.


(Imagem: MTI / LVB)

Aos 33′, Albert avançou a bola desde a intermediária até quase a pequena área. Farkas surgiu de trás, pela esquerda, e bateu de pé esquerdo, colocando a bola no ângulo do Gylmar. A defesa brasileira não reclamou, mas o bandeirinha peruano Arturo Yamasaki apontou o impedimento de Bene, fora do lance.

O Brasil tentou correr atrás do prejuízo. Garrincha cobrou falta da direita e Alcindo bateu de primeira, mas a bola foi em cima do goleiro húngaro, que espalmou para escanteio.

Pouco depois, Paulo Henrique cruzou para a área e Gelei mergulhou para segurar.

Mas a Hungria continuava assustando nos contra-ataques. Bene viu a infiltração de Albert e fez o passe. Ele passou fácil pelo lento Bellini. Gylmar saiu mal do gol. Albert finalizou, mas a bola bateu no pé da trave e foi para fora.

Ao contrário do futebol defensivo visto na Copa até então, Brasil e Hungria jogaram para frente o tempo todo. No total, foram 56 ataques dos dois times.

A desilusão dos brasileiros foi enorme quando o árbitro inglês Ken Dagnall apitou o fim do jogo. O Brasil perdeu a sua primeira partida em uma Copa do Mundo desde 1954, quando havia sido derrotado pela mesma Hungria na famigerada Batalha de Berna. Curiosamente, Djalma Santos participou dessas duas partidas contra os magiares.

Ao todo, foram doze anos e treze jogos de invencibilidade em Copas. Foi o início do fim da ex-imbatível Seleção Brasileira.

Foi também o último dos 58 jogos de Garrincha pela Seleção Brasileira e ele só perdeu um: exatamente esse.


(Imagem: Magyarfutball.hu)

● A derrota não estava nos planos da delegação brasileira. O clima entre os jogadores e comissão técnica já era ruim, mas piorou ainda mais. A falta de união e o despreparo psicológico fizeram a situação ficar insustentável.

Para a última rodada, contra Portugal, o técnico Vicente Feola trocou quase todo o time e trouxe de volta Pelé, que estava em péssimas condições físicas. A marcação portuguesa caçou o Rei em campo e o deixou definitivamente fora de combate. Eusébio liderou a seleção lusitana que venceu o Brasil por 3 x 1. Vergonhosamente, a Seleção Brasileira, bicampeã nos dois Mundiais anteriores, estava eliminada na primeira fase da Copa do Mundo de 1966.

A Hungria encerrou sua participação com o segundo lugar do Grupo 3, após vencer a Bulgária por 3 x 1. Nas quartas de final, a Hungria foi eliminada ao perder para a União Soviética por 2 x 1.


(Imagem: Getty Images / Popperfoto)

FICHA TÉCNICA:

 

HUNGRIA 3 x 1 BRASIL

 

Data: 15/07/1966

Horário: 19h30 locais

Estádio: Goodison Park

Público: 51.387

Cidade: Liverpool (Inglaterra)

Árbitro: Ken Dagnall (Inglaterra)

 

HUNGRIA (4-2-4):

BRASIL (4-2-4):

21 József Gelei (G)

1  Gylmar (G)

2  Benő Káposzta

2  Djalma Santos

3  Sándor Mátrai

4  Bellini (C)

5  Kálmán Mészöly

6  Altair

17 Gusztáv Szepesi

8  Paulo Henrique

13 Imre Mathesz

14 Lima

6  Ferenc Sipos (C)

11 Gérson

11 Gyula Rákosi

16 Garrincha

7  Ferenc Bene

18 Alcindo Bugre

9  Flórián Albert

20 Tostão

10 János Farkas

17 Jairzinho

 

Técnico: Lajos Baróti

Técnico: Vicente Feola

 

SUPLENTES:

 

 

1  Antal Szentmihályi (G)

12 Manga (G)

22 István Géczi (G)

3  Fidélis

4  Kálmán Sóvári

5  Brito

18 Kálmán Ihász

7  Orlando

14 István Nagy

9  Rildo

8  Zoltán Varga

13 Denílson

20 Antal Nagy

15 Zito

12 Máté Fenyvesi

22 Edu

15 Dezső Molnár

19 Silva Batuta

19 Lajos Puskás

10 Pelé

16 Lajos Tichy

21 Paraná

 

GOLS:

2′ Ferenc Bene (HUN)

14′ Tostão (BRA)

64′ János Farkas (HUN)

73′ Kálmán Mészöly (HUN) (pen)

Melhores momentos da partida:

… 13/07/1994 – Brasil 1 x 0 Suécia

Três pontos sobre…
… 13/07/1994 – Brasil 1 x 0 Suécia


(Imagem: Trivela)

● Na primeira fase da Copa do Mundo de 1994, o Brasil foi líder do Grupo B com sete pontos: derrotou a Rússia por 2 a 0 e venceu Camarões por 3 a 0. Já classificado para as oitavas de final, empatou em 1 x 1 com a Suécia. Nas oitavas, enfrentou o anfitrião Estados Unidos justamente no dia da independência americana. Com um homem a menos (Leonardo foi expulso), foi um jogo duríssimo, mas a Seleção venceu com um gol de Bebeto. Nas quartas de final, o melhor jogo da Copa: vitória sobre a Holanda por 3 a 2. Nas semifinais, um reencontro foi marcado com os suecos.

No mesmo Grupo, a Suécia se classificou em segundo lugar com cinco pontos. Empatou com Camarões na estreia por 2 a 2. Depois, venceu a Rússia por 3 a 1. Segurou o Brasil e empatou por 1 a 1. Nas oitavas de final, bateu a surpreendente Arábia Saudita por 3 a 1. Nas quartas de final, fez um jogo proibido para cardíacos, com muito equilíbrio, contra a Romênia, empatando por 1 a 1 no tempo normal, outro 1 a 1 na prorrogação, e vencendo por 5 a 4 nas penalidades máximas.

Chegando às semifinais, a Suécia já havia apagado o fisco do Mundial de 1990, quando caiu na primeira fase perdendo as três partidas (Brasil, Escócia e Costa Rica).

O técnico brasileiro Carlos Alberto Parreira manteve o mesmo time que venceu a Holanda, com Branco na lateral esquerda e pregou respeito ao adversário, alertando que os nórdicos haviam evoluído durante o torneio: “Não vai ser fácil entrar na defesa deles. A Suécia está marcando cada vez melhor, com grupos de quatro jogadores incansáveis”.


Na teoria, o Brasil jogava no sistema 4-4-2, com dois volantes e dois meias. Mas essa partida foi diferente na prática. Mauro Silva começou jogando mais recuado, quase na mesma linha dos zagueiros. Com isso, Jorginho e Branco foram liberados para apoiar. Quando o time tinha a bola, o esquema era 3-5-2, com superioridade numérica no meio de campo.


A Suécia atuava no sistema 4-4-2 clássico. Brolin jogava aberto da direita e atacava mais, enquanto Ingesson ficava aberto pela esquerda e fazia mais o papel da recomposição.

● Brasil e Suécia voltaram a se enfrentar 15 depois do empate na última rodada da primeira fase. Mas, dessa vez, a tensão era muito maior. Eram as duas únicas equipes invictas na Copa.

As duas equipes entraram no estádio Rose Bowl, em Pasadena, com seus uniformes reservas, já que ambas as seleções usavam camisas amarelas no fardamento principal. Pela primeira vez, a Seleção Brasileira jogou toda de azul, com camisa e meia sendo do uniforme reserva e o calção do uniforme principal – uma combinação estranha de tons de azul. A Suécia jogou toda de branco, com pequenos detalhes em azul e amarelo – cores da bandeira do país.

O jogo todo foi de total pressão brasileira, com os suecos se defendendo com sorte e competência.

A primeira chance foi de Branco, em uma de suas típicas cobranças de falta da intermediária. Patrik Andersson derrubou Bebeto. Branco cobrou a falta ao seu estilo, mas a bola perdeu força e Thomas Ravelli fez a defesa em dois tempos.

A Suécia respondeu com Håkan Mild, que levou a bola pelo meio e arriscou de longe. Taffarel defendeu bem. A Suécia, que até então era quem mais finalizava na Copa, deu apenas esse chute ao gol.

Diferentemente das outras partidas, Zinho parecia mais seguro e entrou ligado no jogo, arriscando nos passes em profundidade e se apresentando para as tabelas. Talvez tenha sido a melhor partida do meia com a camisa da Seleção Brasileira. Aos 13′, o camisa 9 fez boa jogada pela esquerda e passou para Romário pelo meio. Ele fez o passe vertical para Bebeto, que tocou para a infiltração do próprio Zinho pela esquerda da área. Mas, na hora de “tirar o 10”, o meia palmeirense não conseguiu virar o pé e chutou para fora.

Tomas Brolin tocou para Martin Dahlin na esquerda. Ele cortou Aldair e cruzou para a área, mas Brolin não conseguiu alcançar. Os dois – Brolin e Dahlin – estavam jogando em más condições físicas, sentindo dores.


(Imagem: Getty Images / Mark Leech / Offside)

O Brasil dominava amplamente a partida. Aos 25′, Branco tocou para o meio e Zinho fez o corta luz para Romário. O genial “Baixinho” se livrou do carrinho de Brolin, passou entre Joachim Björklund e Roger Ljung, driblou Ravelli e finalizou fraco. Patrik Andersson tirou em cima da linha. Mazinho pegou o rebote e, mesmo sem goleiro, chutou para fora de forma bisonha. Um gol que não se pode perder. Não era força, era jeito. Desolado, Mazinho foi se abraçar à trave.

Aos 32′, Dunga fez um lançamento ao seu estilo para Bebeto. Da esquerda, ele tocou de primeira para Romário, que perdeu o tempo e se embaraçou na bola antes de chutar em cima de Ravelli.

O time azul seguia no ataque. Romário arrancou e tentou o passe para Bebeto. A zaga sueca cortou e Zinho chutou firme, mas Ravelli espalmou por cima do gol.

Os suecos não conseguiam atacar. No segundo tempo, o panorama não mudou.

No intervalo, Parreira trocou o inoperante Mazinho pelo aceso Raí, tornando o time mais ofensivo e subindo a média de altura do time. Foram os melhores 45 minutos de Raí com a camisa da Seleção Brasileira. E o camisa 10 foi o autor da primeira finalização da etapa final, quando bateu desequilibrado e Ravelli pegou.

Aos 17′, em um lance fortuito no meio de campo, o capitão sueco Jonas Thern errou o tempo de bola, foi por cima e acertou Dunga. O árbitro colombiano José Torres Cadena mostrou o cartão vermelho para o sueco. Thern não foi tão terno, mas Dunga enfeitou um bocado na queda. Expulsão contestável, mas justa.


(Imagem: Alamy)

Para recompor suas linhas, o técnico sueco trocou o baleado Dahlin pelo volante Stefan Rehn, deixando somente Kennet Andersson no comando de ataque. Se formou um 4-4-1.

Sem ter a quem marcar, Mauro Silva se soltou e passou a se apresentar mais à frente. Raí também se soltou e passou a ser presença constante na área rival, quase como um terceiro atacante.

A imponência brasileira era tão grande que até os zagueiros Aldair e Márcio Santos passaram a frequentar a intermediária ofensiva.

Jorginho tocou para Bebeto. Pelo meio, ele escorou para Romário, que cortou o marcador e chutou da entrada da área. Ravelli espalmou para frente e Zinho não conseguiu pegar o rebote.

Ao ir pegar a bola que havia saído, Thomas Ravelli olhou para a câmera, estatalou os olhos e abriu um sorriso forçado, como um palhaço. Foi uma cena clássica e inesquecível da história das Copas.

Mauro Silva chutou de longe, mas a bola fez a curva contrária e saiu à esquerda de Ravelli.

O Brasil só quebrou a resistência nórdica aos 35′. Bebeto abriu com Jorginho na direita. Ele dominou, levantou a cabeça e cruzou com perfeição. Bem posicionado e livre no meio da área, Romário (1,68 m) apareceu entre os zagueiros Patrik Andersson (1,83 m) e Roland Nilsson (1,79 m), nem precisou subir muito e cabeceou para baixo. A bola tocou no chão e entrou no canto esquerdo de Ravelli, sem chance para o goleiro. O baixinho comemorou ao seu estilo, abrindo os braços.

Nos minutos finais, o Brasil ainda teve chance de aumentar. Raí tocou para Bebeto no meio. Ele teve tempo de ajeitar, girar e bater colocado. A bola triscou no travessão e saiu.

Em um tiro de meta cobrado por Ravelli, Dunga cabeceou para cima, Raí ganhou no alto escorando para Romário, que bateu de esquerda, mas a bola saiu à direita do goleiro sueco.

Fim de jogo! Brasil e Itália se reencontrariam na final mais uma vez, 24 anos depois. Quem vencesse se tornaria o primeiro tetracampeão mundial.


(Imagem: Alambrado)

● O dirigente sueco Lennart Johansson, ex-presidente da UEFA, fez uma reclamação pertinente 14 anos depois. Ele considerava estranha a escalação de um árbitro sul-americano para dirigir o confronto entre Brasil e Suécia. Segundo ele, o fato teria sido armação do então presidente da FIFA, o brasileiro João Havelange. A principal queixa do cartola sueco foi a expulsão de Jonas Thern: “Mereceria, sim, cartão amarelo, jamais vermelho”. O lance foi mesmo determinante para o resultado final. Houve na época quem considerasse que a expulsão foi rigorosa (e foi mesmo). Mas ninguém questiona o fato de o Brasil ter jogado melhor e ter merecido a vitória.

“Não seria exagero dizer que poderíamos ter vencido por goleada. O resultado justo seria 5 x 0. O goleiro deles pegou pra cacete. Se fossem três, quatro ou cinco, seria normal.” ― Ricardo Rocha

Na decisão do 3º lugar, a Sécia goleou uma desmotivada Bulgária por 4 x 0, com gols de Tomas Brolin, Håkan Mild, Henrik Larsson e Kennet Andersson.

Na final, o Brasil enfrentou a Itália, suportou bem os 120 minutos no calor infernal e venceu nos pênaltis por 3 a 2, após um empate sem gols no tempo normal e na prorrogação. É tetra! É tetra!


(Imagem: Conmebol)

FICHA TÉCNICA:

 

BRASIL 1 x 0 SUÉCIA

 

Data: 13/07/1994

Horário: 16h30 locais

Estádio: Rose Bowl

Público: 91.856

Cidade: Pasadena (Estados Unidos)

Árbitro: José Torres Cadena (Colômbia)

 

BRASIL (4-4-2):

SUÉCIA (4-4-2):

1  Taffarel (G)

1  Thomas Ravelli (G)

2  Jorginho

2  Roland Nilsson

13 Aldair

3  Patrik Andersson

15 Márcio Santos

4  Joachim Björklund

6  Branco

5  Roger Ljung

5  Mauro Silva

9  Jonas Thern (C)

8  Dunga (C)

18 Håkan Mild

17 Mazinho

8  Klas Ingesson

9  Zinho

11 Tomas Brolin

7  Bebeto

10 Martin Dahlin

11 Romário

19 Kennet Andersson

 

Técnico: Carlos Alberto Parreira

Técnico: Tommy Svensson

 

SUPLENTES:

 

 

12 Zetti (G)

12 Lars Eriksson (G)

22 Gilmar Rinaldi (G)

22 Magnus Hedman (G)

14 Cafu

13 Mikael Nilsson

3  Ricardo Rocha

15 Teddy Lučić

4  Ronaldão

14 Pontus Kåmark

16 Leonardo

6  Stefan Schwarz

10 Raí

20 Magnus Erlingmark

18 Paulo Sérgio

17 Stefan Rehn

19 Müller

16 Anders Limpar

21 Viola

21 Jesper Blomqvist

20 Ronaldo

7  Henrik Larsson

 

GOL: 80′ Romário (BRA)

 

CARTÕES AMARELOS:

3′ Zinho (BRA)

29′ Roger Ljung (SUE)

86′ Tomas Brolin (SUE)

 

CARTÃO VERMELHO: 63′ Jonas Thern (SUE)

 

SUBSTITUIÇÕES:

INTERVALO Mazinho (BRA) ↓

Raí (BRA) ↑

 

68′ Martin Dahlin (SUE) ↓

Stefan Rehn (SUE) ↑

Melhores momentos da partida:

Jogo completo: