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… 28/06/1998 – França 1 x 0 Paraguai

Três pontos sobre…
… 28/06/1998 – França 1 x 0 Paraguai


(Imagem: Thomas Kienzle / AP Photo)

● O estádio Félix-Bollaert tinha capacidade para 41 mil pessoas e a cidade onde é situado, Lens, tem apenas 35 mil habitantes. É a menor cidade a receber um jogo de Copa do Mundo. Nessa partida das oitavas de final, recebeu 31.800 expectadores.

Dona da casa, a França foi a líder do Grupo C com 100% de aproveitamento. Venceu a África do Sul por 3 x 0, a Arábia Saudita por 4 x 0 e a Dinamarca por 2 x 1.

O Paraguai teve mais trabalho para se classificar no segundo lugar do Grupo D. Empatou sem gols com a Bulgária e com a Espanha. Na terceira rodada, venceu a Nigéria por 3 x 1 – os nigerianos já estavam garantidos como primeiros do grupo e jogaram com um time reserva.

Na semana da partida pelas oitavas de final, o maior jornal esportivo francês, L’Équipe, perguntou com certo menosprezo: “Onde fica o Paraguai?”

O excelente goleiro José Luis Chilavert liderava o forte sistema defensivo paraguaio, que tinha os bons zagueiros Celso Ayala e Pedro Sarabia, além do excepcional Carlos Gamarra. Na ala direita, Francisco Arce se destacava pelos cruzamentos e bolas paradas. Na esquerda, Jorge Luis Campos era um meia adaptado à função de ala, que apoiava mais que Arce. Como volantes, Julio César Enciso e Carlos Paredes faziam a proteção. O argentino naturalizado Roberto Acuña fazia a ligação com o ataque. O baixinho Miguel Ángel Benítez era mais arisco e veloz, enquanto José Cardozo era o homem de área.


(Imagem: UOL)

● Na França, Zidane estava ausente, cumprindo o segundo jogo de suspensão por ter sido expulso ao pisar propositalmente em Mohammed Al-Khilaiwi, na vitória sobre a Arábia Saudita.

Bernard Diomède foi o substituto de Zizou, mas com funções diferentes. Youri Djorkaeff foi o armador central, com Henry fazendo o lado direito e Diomède pela esquerda. O ponta do AJ Auxerre tinha estrado pela seleção naquele mesmo ano. Era muito impetuoso e tinha pouca técnica, mas seria importante para prender Chiqui Arce e evitar as subidas do ótimo lateral paraguaio.

Sem Zidane, Djorkaeff seria a luz de criatividade no time, dando objetividade e velocidade quando necessário. Os laterais Thuram e Lizarazu pouco apoiariam. A jovem dupla de ataque David Trezeguet e Thierry Henry não funcionaria.


A França jogou em um misto de 4-4-2 e 4-2-3-1. Aimé Jacquet escalou Les Bleus com Djorkaeff armando por dentro, Henry fazendo o lado direito e Diomède pela esquerda, com Trezeguet como centroavante.


Com a bola, o Paraguai jogava no 3-5-2. Sem a bola, se fechava no 5-3-2 e, por vezes, até no 5-4-1 com o recuo de Benítez.

● A primeira chance foi francesa. Youri Djorkaeff bateu com perigo à esquerda do gol.

Pouco depois, Djorkaeff tocou para Emmanuel Petit, que rolou no meio para Diomède chutar, mas ele bateu mascado e mandou para fora.

O Paraguai teve sua melhor chance em um passe longo de Toro Acuña para Cardozo emendar o chute, mas Fabien Barthez defendeu bem.

Paredes tentou cruzar da esquerda e a bola quase encobriu o goleiro francês.

Chiqui Arce também tentou um cruzamento da intermediária direita e a bola chegou a assustar o carequinha Barthez, que agarrou firme antes que ela tomasse o caminho de seu ângulo direito.


(Imagem: Pinterest)

Um novo lançamento de Acuña colocou Miguel Ángel Benítez para correr. Ele avançou e foi travado por Marcel Desailly na hora do chute. Benítez ainda pegou a sobra e tocou para Cardozo no meio, mas ele não conseguiu dominar e Lizarazu tirou o perigo.

Diomède chutou de direita da entrada da área. A bola bateu na defesa paraguaia, que não conseguiu afastar e Trezeguet finalizou com perigo à esquerda de Chilavert.

Novamente Diomède arriscou de esquerda da entrada da área e Chilavert se esticou todo para espalmar para escanteio.

Lizarazu interceptou uma bola na defesa e lançou para Thierry Henry partir em velocidade de seu próprio campo. Sarabia tentou cortar e chutou para cima. E Henry ganhou na velocidade de Ayala e Gamarra e tocou na saída de Chilavert. Caprichosa, a bola bateu na trave e não entrou.

Djorkaeff passou por Enciso e chutou. A bola desviou em Gamarra e passou perto do travessão.

Djorkaeff bateu escanteio e Desailly subiu mais que todo mundo para cabecear, mas Chilavert segurou firme sem dar rebote.

Robert Pirès tocou na área para Stéphane Guivarc’h fazer o pivô. Trezeguet deixou Gamarra no chão e bateu de esquerda, rente à trave direita do Paraguai.

A França reclamou pênalti de Gamarra em Djorkaeff, mas o árbitro Ali Bujsaim viu como lance normal (e foi).


(Imagem: Pinterest)

No final da partida, Gamarra sofreu uma lesão na clavícula, foi atendido fora de campo e voltou para o jogo com o braço em uma tipoia, lembrando o grande Franz Beckenbauer na semifinal da Copa do Mundo de 1970.

Ao fim do tempo normal, Chilavert beijou a medalhinha que carregava o tempo todo e deixava atrás da trave esquerda.

Já na prorrogação, Djorkaeff bateu falta, a bola desviou na barreira e Chilavert fez um milagre, mandando para escanteio com a ponta dos dedos.

A seleção paraguaia não se intimidou com a torcida contra e catimbou o quanto pôde. Se fechou na defesa e ganhou tempo sempre que possível. Chilavert ganhou cartão amarelo por retardar um tiro de meta ainda no começo do jogo. Arce recebeu a mesma advertência por parar uma cobrança de escanteio para amarrar as chuteiras.

O técnico Carpegiani já estava escalando seus cobradores de pênaltis. A seleção guarani apostava que se classificaria nas penalidades. Além de excelentes cobradores, tinha um grande goleiro, experiente nesse tipo de decisão. Mas…

A seis minutos do fim, bola na área da defesa paraguaia e Ayala escorou de cabeça. Pirès pegou o rebote pelo lado direito, entrou na grande área e centrou para a marca do pênalti. O heroico Gamarra não teve forças para subir e Trezeguet foi perfeito ao escorar para o bico direito da pequena área para Laurent Blanc fuzilar Chilavert. O goleiro tentou fechar o ângulo e ainda tocou na bola. Mas ela entrou. Era o primeiro gol de ouro da história dos Mundiais.

Ao término da partida, Chilavert, um líder nato, ainda tentou consolar e animar seus companheiros. O Paraguai caiu de pé e lembrou ao mundo onde fica.


(Imagem: Yahoo)

● As duas seleções tiveram as melhores defesas da Copa, sofrendo apenas dois gols. Porém, ambas sofriam com seus ataques. Na França, os jovens Thierry Henry e David Trezeguet não rendiam como esperado. No Paraguai, Miguel Ángel Benítez e José Cardozo tinham ainda menos poder de fogo que os gauleses. Então, nada mais marcante do que um zagueiro – Laurent Blanc – marcar o gol do jogo.

Essa foi a primeira partida da história das Copas do Mundo decidida na “morte súbita”. Também chamado de “gol de ouro”, era uma novidade daquela edição do Mundial. Se um jogo de mata-mata terminasse empatado, vencia a equipe que fizesse o primeiro gol na prorrogação.

“O Carpegiani não me deixou sair de campo. Disse que precisava de mim.” ― Carlos Gamarra

“Antes da prorrogação, o Gamarra me disse que estava mal [do ombro] e eu podia trocá-lo pelo [Catalino] Rivarola, que era um zagueiro experiente e bom no jogo aéreo. Só que eu precisava fazer outra troca tática no ataque. Disse que a responsabilidade era toda minha da permanência dele. No dia seguinte, quando fez a radiografia, vimos que tinha dois centímetros de desvio da clavícula. E foi em cima dele que perdemos o jogo, porque a bola veio na cabeça do Trezeguet e ele não subiu junto… Tínhamos grandes possibilidades de fazer o crime naquele jogo. Só que paguei esse preço alto porque a jogada do gol foi em cima do Gamarra, que estava machucado. Estivesse em campo o Rivarola, ótimo no jogo aéreo, quem sabe até onde poderíamos ter chegado…” ― Paulo César Carpegiani

José Luis Chilavert e Carlos Gamarra foram escolhidos para a seleção do Mundial. Eles não se bicavam, mas se uniram para fazerem parte de um dos mais memoráveis sistemas defensivos da história das Copas. Em 384 minutos disputados de quatro partidas na Copa de 1998, Gamarra fez inúmeros desarmes não cometeu nenhuma falta sequer.

Na sequência, a França empatou sem gols com a Itália e venceu por 4 x 3 nos pênaltis, na volta de Zidane. Nas semifinais, Thuram foi o herói ao marcar duas vezes contra a Croácia na vitória de virada por 2 x 1. Na decisão, a França jogou melhor e venceu o Brasil por 3 x 0 e conquistou seu primeiro título da Copa do Mundo de Futebol.


(Imagem: Lance!)

FICHA TÉCNICA:

 

FRANÇA 1 X 0 PARAGUAI

 

Data: 28/06/1998

Horário: 16h30 locais

Estádio: Stade Félix-Bollaert (atual Stade Bollaert-Delelis)

Público: 31.800

Cidade: Lens (França)

Árbitro: Ali Bujsaim (Emirados Árabes Unidos)

 

FRANÇA (4-2-3-1):

PARAGUAI (3-5-2):

16 Fabien Barthez (G)

1  José Luis Chilavert (G)(C)

15 Lilian Thuram

5  Celso Ayala

5  Laurent Blanc

4  Carlos Gamarra

8  Marcel Desailly

11 Pedro Sarabia

3  Bixente Lizarazu

2  Francisco Arce

7  Didier Deschamps (C)

16 Julio César Enciso

17 Emmanuel Petit

13 Carlos Paredes

13 Bernard Diomède

10 Roberto Acuña

6  Youri Djorkaeff

21 Jorge Luis Campos

20 David Trezeguet

15 Miguel Ángel Benítez

12 Thierry Henry

9  José Cardozo

 

Técnico: Aimé Jacquet

Técnico: Paulo César Carpegiani

 

SUPLENTES:

 

 

1  Bernard Lama (G)

12 Danilo Aceval (G)

22 Lionel Charbonnier (G)

22 Rubén Ruiz Díaz (G)

18 Frank Leboeuf

3  Catalino Rivarola

2  Vincent Candela

14 Ricardo Rojas

19 Christian Karembeu

20 Denis Caniza

14 Alain Boghossian

6  Edgar Aguilera

4  Patrick Vieira

19 Carlos Morales

11 Robert Pirès

8  Arístides Rojas

10 Zinedine Zidane

18 César Ramírez

21 Christophe Dugarry

7  Julio César Yegros

9  Stéphane Guivarc’h

17 Hugo Brizuela

 

GOL: 114′ Laurent Blanc (FRA)

 

CARTÕES AMARELOS:

19′ José Luis Chilavert (PAR)

23′ Miguel Ángel Benítez (PAR)

32′ Julio César Enciso (PAR)

84′ Francisco Arce (PAR)

99′ Arístides Rojas (PAR)

 

SUBSTITUIÇÕES:

55′ Jorge Luis Campos (PAR) ↓

Julio César Yegros (PAR) ↑

 

64′ Thierry Henry (FRA) ↓

Robert Pirès (FRA) ↑

 

69′ Emmanuel Petit (FRA) ↓

Alain Boghossian (FRA) ↑

 

75′ Carlos Paredes (PAR) ↓

Denis Caniza (PAR) ↑

 

76′ Bernard Diomède (FRA) ↓

Stéphane Guivarc’h (FRA) ↑

 

INÍCIO DA PRORROGAÇÃO José Cardozo (PAR) ↓

Arístides Rojas (PAR) ↑

Melhores momentos da partida:

Jogo completo:

… 27/06/2006 – França 3 x 1 Espanha

Três pontos sobre…
… 27/06/2006 – França 3 x 1 Espanha


(Imagem: SoccerMuseum)

● A Espanha não chegou à Alemanha com a mesma confiança de outros Mundiais. Não tinha mais a experiência e liderança de Fernando Hierro. Raúl já estava em declínio técnico e não era mais o jogador extraclasse que havia sido. A esperança de gols era Fernando “El Niño” Torres. Treinada por Luis Aragonés desde o fim da Eurocopa de 2004, foi deixando aos poucos de ser “La Fúria” e se tornando “La Roja”. O que isso significava? Que não bastava tentar vencer na base da imposição, a todo custo (como em seu histórico), mas isso era feito com inteligência e muita posse de bola.

Muitos afirmam que foi Pep Guardiola quem implantou no Barcelona o estilo “tiki-taka” que teria sido copiado por Vicente Del Bosque para a seleção que venceu as Eurocopas de 2008 e 2012 e a Copa do Mundo de 2010. Porém, Guardiola chegou ao Barça na temporada 2008/09, logo na sequência do título espanhol na Euro. La Roja ainda era treinada por Aragonés, que usava Xavi e Iniesta como peças principais de uma troca de passes incessante.

Para 2006, era um time muito renovado em comparação com quatro anos antes, com destaques para Cesc Fàbregas (19 anos), Sergio Ramos (20), Fernando Torres (22), Andréa Iniesta (22), José Antonio Reyes (23) e David Villa (25) – que superaria Raúl como o maior goleador da história da seleção espanhola. Desde que Aragonés assumiu o comando, a Espanha não havia perdido nenhum dos últimos 25 jogos.


(Imagem: IFDB)

Como já contamos, a França chegou cheia de expectativas e passou vergonha na Copa do Mundo de 2002. O técnico Raymond Domenech havia treinado a seleção sub-21 da França por onze anos e conhecia bem o potencial daquela geração. Desde 2004 na seleção principal, ele tinha a responsabilidade de recuperar a autoestima do povo em relação à equipe nacional.

A França estava passando apuros para se qualificar para o Mundial. Mas, a quatro partidas do fim, teve a volta de três expoentes. Zinedine Zidane, Lilian Thuram e Claude Makélélé haviam se aposentado da seleção após a Euro 2004, mas voltaram na reta final das eliminatórias europeias para garantir a classificação dos Bleus. O grupo foi tão equilibrado em um festival de empates, que a França ficou apenas três pontos a frente da Irlanda, quarta colocada (França, Suíça e Israel terminaram invictos).

Zidane chegou na Copa aposentado. Ele tinha mais um ano de contrato com o Real Madrid, mas anunciou que penduraria as chuteiras após a Copa. Então, cada jogo na competição poderia ser o último da carreira de Zidane. E isso inflamou os franceses a se doarem mais em campo em prol de seu capitão. E causou uma enorme expectativa nos telespectadores e no público em geral.

A seleção francesa contava com seis veteranos campeões do mundo em 1998: o goleiro Fabien Barthez, o defensor Lilian Thuram, os meio-campistas Patrick Vieira e Zinedine Zidane, além dos atacantes David Trezeguet e Thierry Henry. Já no fim de sua gloriosa passagem pelo Arsenal, o meia Robert Pirès foi preterido pelo técnico Domenech; segundo o jogador, ele teria ficado de fora das convocações por ser do signo de escorpião, incomodando o místico treinador. Djibril Cissé era dado como certo até como titular, mas fraturou a perna uma semana antes do Mundial, em um amistoso contra a China; para seu lugar foi convocado o experiente Trezeguet.


(Imagem: BBC)

● A Espanha foi a líder do Grupo H, com 100% de aproveitamento. Na estreia, goleou a debutante Ucrânia, de Andriy Shevchenko, por 4 x 0. Na sequência, bateu a Tunísia por 3 X 1. Já classificada, jogou com um time reserva e venceu a Arábia Saudita com um magro 1 X 0.

Mas magra mesmo foi a campanha da França no Grupo G. Na primeira partida, empate sem gols com a Suíça. Na segunda, outro empate com a Coreia do Sul, dessa vez por 1 X 1. E o sinal de alerta foi ligado, porque no terceiro jogo, a França precisaria vencer a seleção de Togo, de Emmanuel Adebayor, por dois gols de diferença para depender apenas de si – e sem contar com Zinedine Zidane e Éric Abidal, ambos suspensos com o segundo cartão amarelo. Mas Les Bleus venceram sua ex-colônia africana pelo placar necessário de 2 x 0.

Nas oitavas de final, a França tinha que melhorar muito para desbancar a favorita Espanha. A Espanha era freguesa da França em jogos oficiais (quatro derrotas e um empate em cinco jogos até então). Essa foi a única partida em Copas do Mundo mas o duelo havia se repetido três vezes na Eurocopa. Na decisão de 1984, Michel Platini comandou Les Bleus ao título com vitória sobre a Fúria por 2 x 0. Em 1996, empate por 1 x 1 na fase de grupos. Em 2000, nova vitória francesa nas quartas de final por 2 x 1.


A França atuava no esquema 4-2-3-1.


A Espanha jogou no sistema 4-3-3.

● Na AWD Arena, em Hanover, a partida foi um jogo de xadrez, entre os estrategistas Raymond Domenech e Luis Aragonés. O jogo começou cadenciado, com as duas equipes se arriscando pouco no ataque. A Espanha mantinha a posse de bola e a França buscava roubar e sair em rápidos contragolpes.

Com os sistemas defensivos bem postados, a primeira chance do jogo só ocorreu na metade do primeiro tempo. Zidane lançou Henry na ponta direita e ele chegou cruzando para a pequena área. A bola passou por Franck Ribéry e Patrick Vieira, que não conseguiram alcançá-la e desperdiçaram a chance.

Thierry Henry era o único homem de frente dos Bleus (que jogaram de branco) e invariavelmente era pego em impedimento, pois a defesa espanhola atuava em linha. Os franceses também não davam espaço ao trio de ataque espanhol. Com isso, os gols só podiam sair de erros cometidos pelas defesas.

Aos 28′, Mariano Pernía (lateral esquerdo argentino naturalizado espanhol) bateu escanteio e a defesa francesa cortou mal. Xabi Alonso pegou o rebote e tocou para o meio. Se aventurando no ataque, o zagueiro Pablo Ibáñez tentou dominar dentro da área e Thuram pisou em seu tornozelo. Pênalti para a Espanha. Raúl estava completando 29 anos exatamente naquele dia. O craque merengue tinha desperdiçado uma penalidade no fim do jogo contra a França na Euro 2000 e não foi para a cobrança. David Villa se encarregou e bateu com perfeição, quase no pé da trave direita de Barthez, que até acertou o canto, mas não conseguiu pegar. A Espanha abriu o placar.

A França teve que tomar mais a iniciativa, passou a dominar o jogo e a merecer o empate. E ele veio aos 41′. Franck Ribéry deixou com Vieira, que devolveu com perfeição para o Scarface escapar sem marcação nas costas da defesa ibérica, driblar Iker Casillas e completar para o gol.


(Imagem: BBC)

Tudo igual no intervalo. O jogo estava aberto e as expectativas para a etapa final eram as melhores possíveis.

O jogo voltou a ficar equilibrado, mas em ritmo mais lento. Nenhum dos dois times conseguiam criar chances claras de gol. O ataque espanhol era inócuo e o técnico fez duas mudanças no time aos oito minutos: saíram os atacantes Raúl e David Villa e entraram os pontas Luis García e Joaquín. Os jogadores que entraram auxiliavam mais na recomposição defensiva.

A Espanha tinha mais posse de bola (61%). Mas a França tinha Zinedine Zidane. E ele começou a jogar. Não queria se despedir do futebol dessa maneira e estava determinado a mudar a sorte de sua equipe. E estava no auge da sua magia. Com seu maestro orquestrando as jogadas, a França passou a merecer a virada. E ela veio quando faltavam apenas sete minutos para o fim do jogo.

Aos 38′ da etapa final, Zidane cobrou falta da intermediária direita para a área espanhola. Xabi Alonso cortou mal e Patrick Vieira cabeceou quase da linha de fundo. A bola bateu em Sergio Ramos e tirou Casillas da jogada. Era a virada francesa.

A Fúria não tinha alternativas e tentou partir com tudo para cima nos minutos finais, dando contra-ataques para os franceses e acabou por sofrer o golpe fatal. Já nos acréscimos, Cesc Fàbregas foi cercado por três franceses em seu campo de defesa e perdeu a bola. Sylvain Wiltord lançou Zidane na esquerda. O gênio invadiu a área, cortou Puyol e chutou no contrapé de Casillas. Um golaço que colocou ponto final no duelo.


(Imagem: BBC)

● Placar final: 3 x 1 e classificação francesa garantida. Um placar sem sombra de dúvidas sobre quem era melhor.

Melhor ainda: Zidane estendia a carreira ao menos por mais noventa minutos.

Patrick Vieira era até então o mais importante jogador francês no Mundial, com dois gols e duas assistências.

A Espanha continuava sua sina de amarelar em jogos decisivos.

Nas quartas de final, a França enfrentaria a Seleção Brasileira, do temível “Quadrado Mágico”: Kaká, Ronaldinho Gaúcho, Adriano e Ronaldo. Mas sobre essa partida vamos falar no dia 01/07.


(Imagem: BBC)

FICHA TÉCNICA:

 

FRANÇA 3 x 1 ESPANHA

 

Data: 27/06/2006

Horário: 21h00 locais

Estádio: AWD Arena (atual HDI Arena)

Público: 43.000

Cidade: Hanover (Alemanha)

Árbitro: Roberto Rosetti (Itália)

 

FRANÇA (4-2-3-1):

ESPANHA (4-3-3):

16 Fabien Barthez (G)

1  Iker Casillas (G)

19 Willy Sagnol

15 Sergio Ramos

15 Lilian Thuram

5  Carles Puyol

5  William Gallas

22 Pablo Ibáñez

3  Éric Abidal

3  Mariano Pernía

6  Claude Makélélé

14 Xabi Alonso

4  Patrick Vieira

8  Xavi

22 Franck Ribéry

18 Cesc Fàbregas

10 Zinedine Zidane (C)

21 David Villa

7  Florent Malouda

9  Fernando Torres

12 Thierry Henry

7  Raúl (C)

 

Técnico: Raymond Domenech

Técnico: Luis Aragonés

 

SUPLENTES:

 

 

23 Grégory Coupet (G)

19 Santiago Cañizares (G)

1  Mickaël Landreau (G)

23 Pepe Reina (G)

2  Jean-Alain Boumsong

2  Míchel Salgado

17 Gaël Givet

4  Carlos Marchena

13 Mikaël Silvestre

20 Juanito

21 Pascal Chimbonda

12 Antonio López

18 Alou Diarra

6  David Albelda

8  Vikash Dhorasoo

16 Marcos Senna

9  Sidney Govou

13 Andrés Iniesta

11 Sylvain Wiltord

17 Joaquín

14 Louis Saha

10 José Antonio Reyes

20 David Trezeguet

11 Luis García

 

GOLS:

28′ David Villa (ESP) (pen)

41′ Franck Ribéry (FRA)

83′ Patrick Vieira (FRA)

90+2′ Zinedine Zidane (FRA)

 

CARTÕES AMARELOS:

68′ Patrick Vieira (FRA)

82′ Carles Puyol (ESP)

87′ Franck Ribéry (FRA)

90+1′ Zinedine Zidane (FRA)

 

SUBSTITUIÇÕES:

54′ David Villa (ESP) ↓

Joaquín (ESP) ↑

 

54′ Raúl (ESP) ↓              

Luis García (ESP) ↑

 

72′ Xavi (ESP) ↓

Marcos Senna (ESP) ↑

 

74′ Florent Malouda (FRA) ↓

Sidney Govou (FRA) ↑

 

88′ Thierry Henry (FRA) ↓

Sylvain Wiltord (FRA) ↑

Gols da partida:

… 21/06/1986 – Brasil 1 x 1 França

Três pontos sobre…
… 21/06/1986 – Brasil 1 x 1 França


(Imagem: Trivela)

● Das quatro partidas das quartas de final, essa era a mais aguardada. Havia Argentina vs. Inglaterra, envolvidas recentemente em uma guerra. Mas, em âmbito esportivo, Brasil e França tinham uma qualidade técnica conjunta muito maior. Para muitos, era o encontro entre os dois melhores times da Copa de 1982. Mas agora, estavam envelhecidos quatro anos e com os elencos parcialmente renovados.

O futebol francês vivia o melhor momento até então, causando uma euforia sem precedentes. Tinha um estilo de jogo moderno para a época e havia amadurecido com as derrotas de 1978 e 1982. Michel Platini, Dominique Rocheteau e Maxime Bossis eram os remanescentes das duas Copas anteriores.

O técnico era Henri Michel, titular do meio campo francês em 1978. Ele foi o comandante do time que conquistou a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de 1984 – curiosamente, sobre o Brasil na final. Fiel seguidor de seu antecessor Michel Hidalgo, ele pouco modificou o sistema tático usado nas Copas anteriores.

Tinha um time muito forte, semifinalista da Copa de 1982 e campeã da Eurocopa de 1984. O maestro Michel Platini vivia o auge da forma. Craque de bola, ele era ao mesmo tempo um armador e um finalizador. Era o arco e a flecha. Foi eleito o Bola de Ouro nos três anos anteriores (1983, 1984 e 1985) pela revista France Football, como melhor jogador da Europa.

Na estreia, a França venceu o Canadá por 1 x 0. Depois, empatou com a União Soviética por 1 x 1 e bateu a Hungria por 3 x 0. Se classificou em 2º lugar no Grupo C, atrás da URSS no saldo de gols (+4, contra +8 dos soviéticos). Nas oitavas de final, venceu a Itália, então campeã do mundo, derrubando uma invencibilidade de sessenta anos dos italianos diante dos franceses.

O Brasil tinha um bom time. Mas o futebol que encantou o mundo em 1982, apareceu apenas em lampejos quatro anos depois. Era o fim de uma geração talentosa, mas já próxima de seu fim. Sócrates começava seu declínio, enquanto Zico estava há um ano sem jogar e Falcão era reserva e já estava nos últimos dias de sua carreira. Na primeira fase, venceu Espanha e Argélia no sufoco, ambas por 1 x 0. Depois, houve uma ingênua impressão de evolução quando venceu a Irlanda do Norte por 3 a 0. Mas mesmo terminando na liderança de seu grupo, com 100% de aproveitamento e sem sofrer gols, a Seleção não empolgou em momento algum. Nas oitavas de final, um alento: goleada sobre a boa seleção polonesa por 4 a 0.


O Brasil atuou no 4-4-2. Júnior e Sócrates eram dois dínamos no meio campo. Os volantes e os laterais também apoiavam com frequência.


A França também jogava no 4-4-2. O destaque era seu quarteto de meio campo, com muita qualidade técnica: Fernández, Tigana, Giresse e Platini.

● O Brasil já começou perdendo no sorteio para escolher campo ou bola e começou atacando para a esquerda das cabines de televisão – ao contrário das quatro partidas anteriores no estádio Jalisco, em Guadalajara, quando começava atacando para a direita. Mas a superstição não entrava em campo.

O primeiro tempo foi de altíssimo nível. A França atacou primeiro. Luis Fernández cruzou e a zaga brasileira rebateu. Platini recolheu, tabelou com Alain Giresse e chutou. A bola foi desviada e sobrou para Manuel Amoros encher o pé de esquerda. Passou bem perto da meta de Carlos.

O Brasil logo reagiu. Müller tocou para Careca no meio e ele deixou Sócrates em condição de finalizar. Cara a cara com o goleiro Bats, o Doutor chutou forte de esquerda, mas o arqueiro francês fechou bem o ângulo. Sócrates apanhou o rebote e lançou Branco na área, mas Jöel Bats dividiu e segurou firme.

Aos 17′, o goleiro Bats chutou a bola para a frente, Josimar recuperou a bola e deixou com Sócrates, que tocou para Elzo. O volante abriu na direita com Josimar. Vários jogadores participam da jogada, com dez trocas de passes precisas, abrindo espaço na defesa francesa, até culminar em uma envolvente tabela entre Müller e Júnior, que passou na medida para Careca sozinho na meia-lua. Ele bateu de primeira e colocou a bola no ângulo esquerdo de Bats.

Era o quinto gol de Careca no Mundial. Ele chegava com tudo para brigar pela artilharia com o inglês Gary Lineker.


(Imagem: Hipólito Pereira / O Globo)

O placar fazia justiça ao futebol apresentado pelo Brasil, que continuou no ataque. Houve um certo domínio e a impressão que venceria com facilidade. Aos 32 minutos, Sócrates lançou para Careca na ponta esquerda. Ele passou por Bossis e, da linha de fundo, cruzou para Müller. O chute do atacante sãopaulino explodiu na trave de Bats. Müller tinha vinte anos e havia sido a revelação do Campeonato Paulista de 1985. Tomou a vaga de Casagrande no time titular a partir da terceira partida, a vitória sobre a Irlanda do Norte por 3 x 0.

A França escapou do nocaute e acabou levando o Brasil para as cordas. Aos poucos, Les Bleus começaram a se arriscar mais no ataque. Não era uma equipe de intensidade física, mas trocava passes com muita inteligência.

Aos 40′, Manuel Amoros avançou e tocou para o meio. Alain Giresse abriu na ponta direita com Dominique Rocheteau, que cruzou rasteiro para a área. A bola desviou em Edinho e passou entre Carlos e Yannick Stopyra, sobrando mansinha para Platini, que só teve o trabalho de completar para o gol vazio, antes da chegada de Josimar. Platini completava 31 anos naquele dia. Foi o primeiro e seria o único gol sofrido por Carlos na Copa.

O equilíbrio e o nível técnico do jogo aumentaram ainda mais no segundo tempo, quando as duas equipes tiveram boas oportunidades para desempatar.

Aos 19′, Tigana tabelou com Rocheteau, invadiu a área e tentou encobrir Carlos, mas o goleiro brasileiro impediu o gol.

Na sequência desse lance houve o contragolpe brasileiro. E Sócrates avançou e entregou para Júnior, que encheu o pé da entrada da área, mas Bats fez a defesa espalmando para frente do jeito que deu.

O calor e a agilidade do jogo começam a cansar os franceses.

Aos 25′, Josimar fez um cruzamento perfeito e Careca cabeceou forte no travessão. Pela segunda fez, a França era salva pela trave.

Com o jogo cada vez mais acelerado, Telê Santana decide usar a carta que tinha na manga e coloca Zico em campo aos 26′. Depois de um ano se recuperando de uma lesão no joelho, o craque do Flamengo voltou a vestir a camisa da Seleção Brasileira. Dois minutos depois de entrar, ele fez um lançamento preciso e precioso para Branco invadir a grande área e ser derrubado por Bats.

Pênalti para o Brasil. Zico não esperava bater. O cobrador oficial era Sócrates, que, na euforia, deixou a incumbência para o Galinho, que ainda estava frio e totalmente sem ritmo de jogo. Aos 33 anos, Zico sabia que aquela seria a sua última chance de conquistar uma Copa e ele não queria desperdiçá-la. E pegou a bola sem tanta confiança. Mas, ao contrário de dezenas de pênaltis que converteu em sua bela carreira, dessa vez ele bateu mal, à meia altura e entre o meio do gol e a trave esquerda: o local mais propício para defesa do goleiro e foi o que aconteceu. Bats saltou e defendeu. Um erro incomum na carreira do Galinho. Certamente foi o pênalti mais dolorido que Zico perdeu na vida. Platini consolou o colega da camisa 10 brasileira.


(Imagem: Sérgio Sade / Veja)

Mas Zico ainda teve outra oportunidade de ouro para matar o jogo aos 43′. Josimar fez mais um cruzamento perfeito da direita e Zico, livre, cabeceou nas mãos de Bats.

O goleiro Bats vivia seu dia de glória. Quatro anos antes, ele lutou e venceu um câncer nos testículos. A poesia foi o refúgio no qual ele encontrou forças para suportar e tratar a doença.

No último minuto, mais uma chance para o Brasil, mas o chute de Josimar passou por cima.

A decisão foi mesmo para a prorrogação. Seriam necessários mais trinta minutos debaixo de um sol escaldante.


(Imagem: Sérgio Sade / Veja)

● E o jogo recomeçou com a França no ataque. Aos 7, Rocheteau arrancou em disparada desde o círculo central, passou por três brasileiros e foi travado por Júlio César. Stopyra pegou a sobra, mas também chutou em cima da defesa. Uma bela jogada de Rocheteau, em sua terceira Copa do Mundo.

O ritmo foi ficando mais lento, favorecendo a troca de passes dos Bleus. Platini passou a aparecer mais no jogo e de seus pés saíam as melhores jogadas francesas.

Aos 11′ do segundo tempo da prorrogação, ele fez um lançamento genial para Bruno Bellone arrancar sozinho e em posição legal. Mas, no desespero, Carlos saiu da área e segurou o atacante francês, que ainda tentou seguir na bola, mas se desequilibrou. Júlio César apareceu e afastou o perigo. O juiz deveria ter expulsado Carlos, mas sequer marcou a falta (que ocorreu fora da área), indicando que havia concedido uma duvidosa lei da vantagem – que acabou não ocorrendo, claro.

Um minuto depois, Careca cruzou rasteiro da ponta direita e a bola passou por Sócrates, dentro da pequena área e com o gol vazio à sua frente. O Doutor perdeu um gol feito. Foi a última oportunidade de um jogo repleto delas.

Mas o destino de Brasil e França seria decido nos tiros livres da marca do pênalti.


(Image: Hipólito Pereira / O Globo)

● O Brasil ganhou o sorteio e começou batendo. Completamente esgotado, Sócrates bateu de forma quase displicente, tomando pouca distância e ensaiando uma paradinha. Mas Bats não se moveu e Sócrates cobrou mal, à meia altura no canto direito, facilitando o trabalho do goleiro francês.

Os cobradores seguintes foram impecáveis. Stopyra bateu alto, no meio do gol e converteu para a França. Alemão bateu no canto esquerdo e fez para o Brasil. Amoros também chutou no canto esquerdo e anotou para a França. Zico se redimiu e marcou o seu: contrariando seu estilo clássico, chutou com raiva, forte, quase no meio do gol – 2 a 2 no placar.

Bruno Bellone contou com a sorte. Sua cobrança bateu no pé da trave esquerda, voltou nas costas do goleiro Carlos foi para o gol. Se Carlos tivesse ficado parado, a França teria desperdiçado a cobrança. Mas o goleiro brasileiro acertou o canto. E a bola, ao voltar da trave, bateu em seu ombro e tomou o rumo do gol.

Os brasileiros discutiram a validade do gol, achando que não valia. Mas foi válido. A FIFA explicaria depois: o cobrador tem direito a um único toque na bola e a cobrança termina quando a bola entra ou não no gol, sendo ou não tocada pelo goleiro – a trave era neutra.

Branco encheu o pé esquerdo e estufou as redes, batendo do meio para direita de Bats.

Platini beijou a bola. Em sua carreira, ele já havia convertido muitos penais em situações decisivas. Mas dessa vez ele errou, mandando a bola por cima. Tudo igual de novo.

O ótimo zagueiro Júlio César (eleito para a Seleção do Mundial, junto com o lateral Josimar) tinha a chance de colocar o Brasil à frente. Ele disparou um canhão, com toda força contida em seu pé direito, mas a bola explodiu na trave.

Luis Fernandéz teve a maior responsabilidade de sua carreira. E ele converteu com enorme categoria, no cantinho direito de Carlos, decretando a eliminação brasileira.

O Brasil, que sofreu apenas um gol em cinco partidas, terminava a Copa invicto e eliminado. Pela segunda vez consecutiva, a França estava nas semifinais.


(Imagem: Trivela)

● Certamente essa foi a melhor partida da Copa de 1986, cumprindo as expectativas. As duas equipes mostraram um futebol refinado, técnico e leal – tanto, que o árbitro não precisou apresentar nenhum cartão nos 120 minutos de bola rolando. “Os dois mereciam ganhar”, afirmou o jornal ABC de Madri.

Assim como em 1978, a Seleção foi eliminada mesmo terminando a competição invicta. No cômputo geral, ficou na 5ª posição.

Carlos ficou com fama de azarado pelo pênalti, mas foi o goleiro menos vazado da competição.

Essa foi a única partida que a Seleção não venceu em Copas disputadas no México. Somando 1970 e 1986, foram 11 jogos, com 10 vitórias e um empate com sabor de derrota.

“Escolhi o Júlio César porque era o melhor nos treinos. E Careca bate mal.” ― Telê Santana, explicando a opção pelo zagueiro nas cobranças de pênaltis.

“Em 1982, eu acertei, mas a França perdeu. Hoje, eu errei, mas nos classificamos. Prefiro assim.” ― Michel Platini.

“Se a Copa do Mundo tivesse sido disputada anualmente entre 1982 e 1986, a França ganharia duas ou três vezes.” ― Michel Platini

Após passar pelo Brasil nas quartas de final, a França perdeu para a Alemanha Ocidental por 2 x 0 nas semifinais. Na decisão do 3º lugar, venceu a Bélgica por 4 x 2.


(Imagem: Pedro Martinelli / Veja)

FICHA TÉCNICA:

 

BRASIL 1 x 1 FRANÇA

 

Data: 21/06/1986

Horário: 12h00 locais

Estádio: Jalisco

Público: 65.000

Cidade: Guadalajara (México)

Árbitro: Ioan Igna (Romênia)

 

BRASIL (4-4-2):

FRANÇA (4-4-2):

1  Carlos (G)

1  Joël Bats (G)

13 Josimar

2  Manuel Amoros

14 Júlio César

4  Patrick Battiston

4  Edinho (C)

6  Maxime Bossis

17 Branco

8  Thierry Tusseau

19 Elzo

9  Luis Fernández

15 Alemão

14 Jean Tigana

6  Júnior

12 Alain Giresse

18  Sócrates

10 Michel Platini (C)

7  Müller

18 Dominique Rocheteau

9  Careca

19 Yannick Stopyra

 

Técnico: Telê Santana

Técnico: Henri Michel

 

SUPLENTES:

 

 

12 Paulo Vítor (G)

22 Albert Rust (G)

22 Leão (G)

21 Philippe Bergeroo (G)

2  Édson Boaro

5  Michel Bibard

3  Oscar

7  Yvon Le Roux

16 Mauro Galvão

3  William Ayache

5  Falcão

15 Philippe Vercruysse

20 Silas

13 Bernard Genghini

21 Valdo

11 Jean-Marc Ferreri

10 Zico

16 Bruno Bellone

11 Edivaldo

20 Daniel Xuereb

8  Casagrande

17 Jean-Pierre Papin

 

GOLS:

17′ Careca (BRA)

40′ Michel Platini (FRA)

 

SUBSTITUIÇÕES:

71′ Müller (BRA) ↓

Zico (BRA) ↑

 

84′ Alain Giresse (FRA) ↓

Jean-Marc Ferreri (FRA) ↑

 

INÍCIO DA PRORROGAÇÃO Júnior (BRA) ↓

Silas (BRA) ↑

 

99′ Dominique Rocheteau (FRA) ↓

Bruno Bellone (FRA) ↑

 

DECISÃO POR PÊNALTIS:

BRASIL 3

FRANÇA 4

Sócrates (perdeu, à direita, defendido por Joël Bats)

Yannick Stopyra (gol, no alto, no meio do gol)

Alemão (gol, no canto esquerdo)

Manuel Amoros (gol, no canto esquerdo)

Zico (gol, forte, no meio do gol)

Bruno Bellone (gol, na trave esquerda, voltou nas costas do goleiro Carlos e foi para o gol)

Branco (gol, forte, no meio do gol, um pouco à direita de Bats)

Michel Platini (perdeu, por cima do ângulo esquerdo)

Júlio César (perdeu, na trave direita)

Luis Fernández (gol, no canto direito)


(Imagem: Sérgio Sade / Veja)

Melhores momentos da partida:

Jogo completo:

… 11/06/2002 – Dinamarca 2 x 0 França

Três pontos sobre…
… 11/06/2002 – Dinamarca 2 x 0 França


(Imagem: Pinterest)

● A França era a então campeã mundial e a maior favorita ao título, junto com a Argentina. Estava em uma sequência de títulos, com a Copa do Mundo de 1998, a Eurocopa de 2000 e a Copa das Confederações de 2001. E estavam ainda mais fortes do que quatro anos antes, mais experientes, com opções melhores no meio campo e no ataque.

Se o que faltava para a França em 1998 eram atacantes decisivos, de classe mundial, esse problema não existia mais em 2002. Thierry Henry e David Trezeguet formavam uma dupla de frente letal, que poderia ter a companhia de Sylvain Wiltord – sem contar Nicolas Anelka, que nem foi convocado. A dupla de volantes se completava. Claude Makélélé destruía e Patrick Vieira construía. Robert Pires foi uma ausência bastante sentida, ao ficar fora do Mundial por lesão nos ligamentos do joelho.

Mas o problema maior era a envelhecida defesa. Ainda permaneciam os mesmos nomes que venceram o Brasil na final em 1998: Barthez, Thuram, Lebœuf, Desailly e Lizarazu. Laurent Blanc se aposentou, mas a renovação foi fraca e Frank Lebœuff se tornou titular.

Mas o astro principal ainda era Zinédine Zidane, melhor jogador do mundo no ano anterior. Ele havia sido recém campeão da UEFA Champions League pelo Real Madrid, inclusive fazendo um gol histórico e decisivo na final, em vitória sobre o Bayer Leverkusen por 2 x 1. Pelo seu momento e pelo seu histórico decisivo em Copas, todas as expectativas francesas giravam em torno dele. Porém, como uma peça pregada pelo destino, Zizou se contundiu em um amistoso contra a Coreia do Sul, a quatro dias da estreia na Copa.


(Imagem: Whoateallthepies.tv)

● Os dinamarqueses estavam em sua terceira Copa, sendo a segunda consecutiva. Haviam chegado nas quartas de final em 1998, quando venderam caro a derrota de 3 a 2 para o Brasil. No Grupo 3 das eliminatórias europeias, se classificou invicta em um grupo que contava ainda com a Tchéquia e a Bulgária.

Não tinha mais suas referências históricas, como o goleiro Peter Schmeichel e os irmãos Brian e Michael Laudrup – aposentados. Mesmo assim, tinha a confiança da torcida e da imprensa de seu país. Apesar de não ter grandes estrelas, o time era mais equilibrado do que o de quatro anos antes.

O goleiro Thomas Sørensen substituiu Schmeichel com qualidade. Contava com a bola aérea e com o faro de gol do atacante Ebbe Sand, artilheiro da Bundesliga na temporada 2000/01. Seu parceiro de ataque era o ardiloso Jon Dahl Tomasson. O técnico era Morten Olsen, líbero da grande “Dinamáquina” de 1986. Michael Laudrup era seu auxiliar.


O técnico Morten Olsen armou o time no sistema 4-3-2-1, com um homem a mais no meio para fechar os espaços. O time tinha muita velocidade pelas pontas e jogadas aéreas.


A França jogava em um 4-2-3-1 bem compacto, com liberdade total para os ponteiros e para o maestro Zidane.

● Na partida de abertura do Mundial de 2002, a França foi surpreendida por Senegal – sua ex-colônia – e perdeu por 1 x 0. No jogo seguinte, uma partida sem gols com o Uruguai. Ambas sem Zidane.

Por ser uma situação bastante delicada, Zizou acelerou sua volta, mesmo sentindo dores, para jogar contra os dinamarqueses. Ele entrou em campo e jogou no sacrifício, pois ainda se recuperava de lesão na coxa. Mesmo sentindo dores e estando muito longe de apresentar uma forma física razoável, Zidane ainda seria o melhor da França em campo.

Se Les Bleus vencessem por uma diferença de dois gols, estariam classificados. E exatamente por isso os dois técnicos fizeram mudanças importantes em suas respectivas equipes.

O francês Roger Lemerre mudou sua tradicional defesa, deslocando Lilian Thuram para a zaga e colocando Vincent Candela na lateral direita. Christophe Dugarry ficou com a vaga de Thierry Henry, expulso contra o Uruguai. Zidane entrou na posição de Youri Djorkaeff.

Morten Olsen preferiu rechear seu meio campo para dificultar a criação francesa, com marcação especial em Zidane. Ele tirou seu artilheiro nas eliminatórias, o grandalhão Ebbe Sand, e colocou o jovem volante Christian Poulsen. Niclas Jensen dava juventude e fôlego na lateral esquerda, ao invés do veterano Jan Heintze. Martin Jørgensen era a experiência na ponta, no lugar de Jesper Grønkjær.

O primeiro ataque perigoso foi da França. Wiltord puxou contragolpe rápido e deixou para Trezeguet. Ele invadiu a área pela direita, cortou a marcação do zagueiro (que passou lotado no carrinho) e chutou com a perna boa, a esquerda. Mas Sørensen defendeu bem.

Mas a Dinamarca era mais perigosa com seu jogo vertical e velocidade pelas pontas.

Aos 22 minutos do primeiro tempo, Stig Tøfting cobrou o lateral para a área. A zaga rebateu e Tøfting cruzou na segunda trave. Dennis Rommedahl apareceu sozinho, livre nas costas da marcação para finalizar de primeira, sem qualquer chance para o goleiro Fabien Barthez. Dinamarca 1, França 0.

Logo na sequência, Zidane quase fez um golaço. Ele roubou uma bola na intermediária ofensiva e emendou de primeira. A bola passou muito próxima ao travessão, quase no ângulo.

Depois, Dugarry cruzou da esquerda e Trezeguet cabeceou bem, para o chão, como manda o figurino. Mas Sørensen defendeu de novo.

Os franceses sempre buscavam Zidane, para carimbar as jogadas de ataque. Mas ele estava muito bem marcado, além de estar longe de 100% fisicamente.

Zidane cobrou escanteio e Marcel Desailly cabeceou no travessão.

Aos 22′ da etapa final, Thomas Gravesen fez um belo passe em profundidade para Gronkjaer na ponta esquerda, que cruzou rasteiro de primeira para a área para Tomasson emendar para o gol. Tomasson segurou a camisa de Desailly, mas o árbitro não viu a falta. Com isso, o camisa 9 da Dinamarca apareceu livre na risca da pequena área e bateu de primeira no canto direito do goleiro. Dinamarca 2 a 0.

Mais próximo ao fim da partida, Bixente Lizarazu deixou com Wiltord que avançou e cruzou rasteiro da esquerda para Trezeguet chutar de primeira. A bola explodiu no travessão e não entrou.

Les Bleus criaram algumas chances de gol, mas não acabou fazendo nenhum.

Ficou para a posteridade a imagem de Zidane completamente frustrado e decepcionado com a eliminação.


(Imagem: Trivela)

● Na primeira rodada, a Dinamarca venceu o Uruguai por 2 x 1. Depois, empatou com Senegal por 1 x 1. Confirmou sua classificação em primeiro do grupo ao derrotar a França (2 x 0). Nas oitavas de final, não foi páreo para a Inglaterra e foi eliminada com a derrota por 3 a 0.

A França protagonizou o maior vexame de um campeão na Copa seguinte à da conquista da taça. Foi a pior campanha de um detentor de título mundial em toda a história, além de ser a primeira e única vez que uma seleção então campeã do mundo foi eliminada sem marcar sequer um mísero golzinho na competição.

FICHA TÉCNICA:

 

DINAMARCA 2 x 0 FRANÇA

 

Data: 11/06/2002

Horário: 15h30 locais

Estádio: Incheon Munhak Stadium

Público: 48.100

Cidade: Incheon (Coreia do Sul)

Árbitro: Vítor Melo Pereira (Portugal)

 

DINAMARCA (4-3-2-1):

FRANÇA (4-2-3-1):

1  Thomas Sørensen (G)

16 Fabien Barthez (G)

6  Thomas Helveg

2  Vincent Candela

4  Martin Laursen

15 Lilian Thuram

3  René Henriksen (C)

8  Marcel Desailly (C)

12 Niclas Jensen

3  Bixente Lizarazu

2  Stig Tøfting

4  Patrick Vieira

17 Christian Poulsen

7  Claude Makélélé

7  Thomas Gravesen

11 Sylvain Wiltord

19 Dennis Rommedahl

10 Zinedine Zidane

10 Martin Jørgensen

21 Christophe Dugarry

9  Jon Dahl Tomasson

20 David Trezeguet

 

Técnico: Morten Olsen

Técnico: Roger Lemerre

 

SUPLENTES:

 

 

16 Peter Kjær (G)

23 Grégory Coupet (G)

22 Jesper Christiansen (G)

1  Ulrich Ramé (G)

20 Kasper Bøgelund

19 Willy Sagnol

13 Steven Lustü

18 Frank Lebœuf

5  Jan Heintze

5  Philippe Christanval

23 Brian Steen Nielsen

13 Mikaël Silvestre

15 Jan Michaelsen

14 Alain Boghossian

14 Claus Jensen

17 Emmanuel Petit

8  Jesper Grønkjær

22 Johan Micoud

21 Peter Madsen

6  Youri Djorkaeff

18 Peter Løvenkrands

9  Djibril Cissé

11 Ebbe Sand

12 Thierry Henry

 

GOLS:

22′ Dennis Rommedahl (DIN)

67′ Jon Dahl Tomasson (DIN)

 

CARTÕES AMARELOS:

8′ Christophe Dugarry (FRA)

27′ Christian Poulsen (DIN)

71′ Niclas Jensen (DIN)

 

SUBSTITUIÇÕES:

INTERVALO Martin Jørgensen (DIN) ↓

Jesper Grønkjær (DIN) ↑

 

54′ Christophe Dugarry (FRA) ↓

Djibril Cissé (FRA) ↑

 

71’Patrick Vieira (FRA) ↓

Johan Micoud (FRA) ↑

 

76′ Christian Poulsen (DIN) ↓

Kasper Bøgelund (DIN) ↑

 

79′ Stig Tøfting (DIN) ↓

Brian Steen Nielsen (DIN) ↑

 

83′ Sylvain Wiltord (FRA) ↓

Youri Djorkaeff (FRA) ↑

Melhores momentos da partida:

… 08/06/1958 – França 7 x 3 Paraguai

Três pontos sobre…
… 08/06/1958 – França 7 x 3 Paraguai


(Imagem: Imortais do Futebol)

● Na primeira partida das eliminatórias europeias para a Copa do Mundo de 1958, a França logo tratou de mostrar suas credenciais. Em Paris, goleou sua maior concorrente, a Bélgica, por 6 x 3, com cinco gols do centroavante Thadée Cisowski, polonês naturalizado francês. O empate sem gols no jogo da volta, em Bruxelas, garantiu a liderança do Grupo 2 (que também tinha a Islândia) e a vaga no Mundial. Nessa partida, os destaques foram o goleiro Claude Abbes e o zagueiro Mustapha Zitouni. Porém, Zitouni, que era argelino, abandonou Les Bleus antes da Copa para se juntar à seleção da FLN – Frente de Libertação Nacional –, que era um grupo de guerrilheiros que vinham travando combates contra o domínio francês desde 1954 e lutando pela independência da Argélia – o que só viria a ocorrer em 1962. As ações da FLN ganharam maior força em 1958. Outros três argelinos deixaram a seleção francesa e voltaram para seu país natal: os meias Rachid Mekloufi e Abdelaziz Ben Tifour, além do ponta direita Said Brahimi. O atacante Célestin Oliver, também argelino, permaneceu na seleção francesa.

Se já não bastasse o problema da deserção, ainda houve a lesão de Cisowski, que fraturou a perna jogando pelo Racing de Paris. Para piorar, René Bliard, outro atacante, lesionou o tornozelo em jogo-treino contra um clube sueco, a poucos dias do Mundial. Essas ausências acabaram abrindo brecha para a convocação de Just Fontaine. Ele era outro imigrante, nascido no Marrocos, mas seu país de nascimento já era independente desde 1956 e ele já estava radicado na França há cinco anos. Fontaine era um atacante de enorme poder de finalização, como seria provado durante o Mundial.

Assim, o técnico Albert Batteux não conseguiu formar seu time ideal e teve que remontar sua lista de convocados. O treinador optou pelo entrosamento, ao chamar seis jogadores do Stade de Reims, multicampeão nacional e duas vezes vice-campeão da Copa dos Campeões Europeus (atual UEFA Champions League).

Raymond Kopa não esteve presente nas eliminatórias, mas pôde fortalecer o elenco bleu no Mundial. O meia jogava no Real Madrid desde 1956 e, como a Espanha não se qualificou para a Copa, os dirigentes do Real Madrid concordaram em sua liberação.


(Imagem: Pinterest)

● No Grupo 3 do qualificatório sul-americano, o Uruguai jogava pelo empate, mas o Paraguai surpreendeu. Com a lesão do ponta esquerda Genaro Benítez (único da equipe que jogava no exterior, no Millonarios, da Colômbia), o jovem Florencio Amarilla estreou na seleção albirroja e marcou um “hat trick” na goleada de 5 x 0 sobre a Celeste Olímpica, que garantiu o Paraguai na liderança da chave e, consequentemente, a vaga para a Copa.

O time na Suécia era praticamente o das eliminatórias. Não pôde contar com alguns dos melhores jogadores nascidos em seu território: o já citado Genaro Benítez, o zagueiro Heriberto Herrera (do Atlético de Madrid) e o atacante Eulogio Martínez (do Barcelona). Ambos haviam se naturalizado e vestiram a camisa da seleção espanhola. Certamente esses três elevariam muito o nível técnico da aguerrida equipe guarani, treinada por Aurelio González, ex-atacante do Olimpia e da seleção.


Como praticamente todas as seleções da Copa de 1958, o sistema defensivo francês ainda estava disposto no WM, mas já indicava uma transição para uma formação com quatro defensores. Armand Penverne era o meia defensivo pela direita, mas recuava com frequência quase como se fosse um quarto zagueiro. Kopa era mais armador e Piantoni avançava como um ponta de lança.


O Paraguai jogava duro e cometia muitas faltas. Atuava em tática semelhante, mais parecido ao sistema WM Diagonal criado pelo técnico brasileiro Flávio Costa. Salvador Villalba era o meia defensivo que jogava mais recuado. José Parodi fazia o balanço no meio, enquanto Cayetano Ré (que seria artilheiro no Barcelona na década seguinte) avançava para completar o quarteto de ataque.

● No domingo, dia 08/06/1958, mais de 16 mil pessoas estiveram no estádio Idrottsparken, na cidade de Norrköping, no sudoeste da Suécia. Cercada de expectativas, a França estreou contra o Paraguai. Os expectadores puderam presenciar uma partida incrível, com três viradas e dez gols marcados.

Aos 21 minutos de jogo, o centroavante Jorge Lino Romero foi derrubado dentro da área. Amarilla converteu e abriu o placar.

Quatro minutos depois, Fontaine recebeu de Kopa dentro da área e finalizou da marca do pênalti, empatando a partida.

A primeira virada foi francesa. Aos 30′, novamente Kopa fez o passe e Fontaine finalizou de dentro da área, vencendo o goleiro Ramón Mayeregger e fazendo 2 x 1. Foram dois passes geniais de Kopa e dois gols quase idênticos de Fontaine.

Mas os paraguaios estavam ligados em uma tomada de 220 volts e não se deram por vencidos. Como o time francês era muito ofensivo, oferecia espaços entre as linhas, especialmente na defesa. Amarilla, de novo, empatou no finalzinho do primeiro tempo. Ele recebeu na entrada da área e chutou no angulo esquerdo do goleiro François Remetter.

Mais uma virada ocorreu aos cinco minutos da etapa final, quando Amarilla lançou para Romero finalizar. Paraguai 3, França 2.

Logo na sequência, o jogo mudaria drasticamente. O meia José Parodi levou a pior em um choque de cabeças com Jean-Jacques Marcel e ficou praticamente desacordado. Ele teve que sair de campo e deixou os guaranis com um a menos, já que não haviam substituições na época.

Foi o que precisava para começar o show do avassalador ataque francês. Aos 7, o ponta de lança Roger Piantoni finalizou sem defesa para o goleiro Ramón Mayeregger: 3 a 3.

Maryan Wisnieski fez boa jogada individual e marcou aos 17′, na derradeira e definitiva virada desse memorável jogo: 4 x 3.

O quinto gol saiu aos 21′. Piantoni cruzou para a pequena área. Fontaine ganhou a dividida com o goleiro e marcou seu “hat trick”.

Kopa fez o seu aos 25′, avançando com a bola dominada e chutando sem chances para o goleiro paraguaio.

A seis minutos do apito final, o marcador foi fechado pelo ponta esquerda Jean Vincent, que recebeu de Kopa e arrematou no canto, fechando o jogo em absurdos 7 x 3.


(Imagem: Europe1.fr)

● Quem viu apenas o resultado não imagina o quanto a partida foi difícil. Foi um duelo muito equilibrado, em que a linha ofensiva dos bleus estava imparável e, comandada por Fontaine, fez toda a diferença para a goleada exagerada.

O placar elástico surpreendeu o público e a imprensa, assim como o outro resultado do grupo, o empate por 1 x 1 entre Iugoslávia e Escócia – pois os iugoslavos eram amplamente favoritos.

O Paraguai caiu na primeira fase, mas teve uma despedida honrada, ao vencer a Escócia por 3 x 2 e empatar com a Iugoslávia por 3 x 3.

Por sua vez, a França perdeu para a Iugoslávia por 3 a 2 e venceu a Escócia por 2 a 1, se classificando como líder do Grupo 2, com quatro pontos. Nas quartas de final, goleou a Irlanda do Norte por 4 a 0. Nas semifinais, não foi páreo para o Brasil de Didi e Pelé e perdeu por 5 a 2. Na decisão do 3º lugar, massacrou a Alemanha Ocidental por 6 a 3, com quatro gols de Fontaine, artilheiro do Mundial com 13 gols em 6 partidas. Até hoje ele é o maior goleador em uma única edição de Copa do Mundo.


Fontaine é festejado pelos companheiros de seleção (Imagem: Getty Images / FIFA)

● Quando se fala em seleção francesa de futebol, logo se pensa nos campeões do mundo de 1998 e 2018. O que essas grandes equipes tem em comum? As três cores principais da bandeira estão mais para “black, blanc, beur” (uma alusão aos negros, brancos e árabes) do que azul, branco e vermelho. Os imigrantes sempre foram a principal força do futebol no país, desde seus primórdios. Se em 1998, 13 dos jogadores possuíam alguma ligação ou origem estrangeira, no time de 2018 eram 20 dos 23. A primeira equipe francesa de destaque, que ficou com o 3º lugar na Copa do Mundo de 1958, também tinha “pé de obra” importado. Além dos argelinos que deixaram Les Bleus para atuarem pela FLN e de Thadée Cisowski, nascido na Polônia, o destaque foi o artilheiro do Mundial com 13 gols: o marroquino Just Fontaine. O grande craque era Raymond Kopaszewski, o Kopa, de família polonesa, assim como Maryan Wisnieski. Por sua vez, o ponta direita era amigo de infância de Roger Piantoni, de ascendência italiana, assim como o arqueiro Dominique Colonna e o meia Bernard Chiarelli. O atacante Célestin Oliver nasceu na Argélia. O goleiro Claude Abbes era filho de um agricultor espanhol. Já os familiares de Kazimir Hnatow deixou a região onde fica a atual Ucrânia antes que o atleta nascesse.


Em pé: Kaelbel, Penverne, Jonquet, Marcel, Remetter e Lerond. Sentados: Wisnieski, Fontaine, Kopa, Piantoni e Vincent. (Imagem: Imortais do Futebol)

FICHA TÉCNICA:

 

FRANÇA 7 x 3 PARAGUAI

 

Data: 08/06/1958

Horário: 19h00 locais

Estádio: Idrottsparken

Público: 16.518

Cidade: Norrköping (Suécia)

Árbitro: Juan Gardeazábal Garay (Espanha)

 

FRANÇA (WM):

PARAGUAI (WM):

3  François Remetter (G)

1  Ramón Mayeregger (G)

4  Raymond Kaelbel

2  Edelmiro Arévalo

10 Robert Jonquet (C)

3  Juan Vicente Lezcano

5  André Lerond

17 Agustín Miranda

13 Armand Penverne

5  Salvador Villalba

12 Jean-Jacques Marcel

4  Ignacio Achúcarro

22 Maryan Wisnieski

7  Juan Bautista Agüero (C)

20 Roger Piantoni

8  José Parodi

17 Just Fontaine

9  Jorge Lino Romero

18 Raymond Kopa

21 Cayetano

21 Jean Vincent

11 Florencio Amarilla

 

Técnico: Albert Batteux

Técnico: Aurelio González

 

SUPLENTES:

 

 

1  Claude Abbes (G)

12 Samuel Aguilar (G)

2  Dominique Colonna (G)

13 Luis Gini

6  Roger Marche

14 Darío Segovia

7  Robert Mouynet

6  Eligio Echagüe

11 Maurice Lafont

19 Eliseo Insfrán

8  Bernard Chiarelli

15 Luis Santos Silva

9  Kazimir Hnatow

16 Claudio Lezcano

14 Raymond Bellot

18 Benigno Gilberto Penayo

15 Stéphane Bruey

20 José Raúl Aveiro

16 Yvon Douis

10 Óscar Aguilera

19 Célestin Oliver

22 Eligio Antonio Insfrán

 

GOLS:

20′ Florencio Amarilla (PAR)

24′ Just Fontaine (FRA)

30′ Just Fontaine (FRA)

44′ Florencio Amarilla (PAR) (pen)

50′ Jorge Lino Romero (PAR)

52′ Roger Piantoni (FRA)

61′ Maryan Wisnieski (FRA)

67′ Just Fontaine (FRA)

70′ Raymond Kopa (FRA)

83′ Jean Vincent (FRA)

Veja os gols da partida:

 

… 06/06/1978 – Argentina 2 x 1 França

Três pontos sobre…
… 06/06/1978 – Argentina 2 x 1 França


(Imagem: AFP / Folha)

● Após 48 anos, a Copa do Mundo voltou a ser disputada às margens do Rio da Prata. A primeira vez foi no Uruguai. Em 1978 foi a vez da Argentina ser o maior palco do futebol mundial. Os portenhos já tinham pleiteado o direito de sediar o torneio em outras ocasiões, mas só tiveram sucesso em 1966, quando foi escolhida como anfitriã para a competição que seria disputada doze anos depois.

Dois anos antes, uma junta militar foi responsável por dar um golpe de estado e tirar do poder Isabelita Perón, viúva do mítico presidente Juan Domingo Perón. Autodenominada “Processo de Reorganização Nacional”, a junta foi constituída pelos comandantes das três forças armadas: Jorge Rafael Videla (exército), Emilio Massera (marinha) e Orlando Agosti (força aérea). Logo na sequência, o general Videla assumiu a presidência e governou por cinco anos com mão de ferro.

E foi nesse período, em meio a um turbilhão de acontecimentos na política e na sociedade argentina, que o Mundial ocorreu: bem no período mais crítico da ditadura militar. A tortura e os métodos de combate aos opositores geravam controvérsia internacional e houve até boatos de boicote em massa à competição.

Era um país sem confiança e baixa autoestima. E, assim como em outros países sul-americanos, o futebol era tido como um eficiente meio de propaganda do país ao mundo e uma forma de distração para o povo.

Realizar a Copa do Mundo com êxito se tornou fundamental. Foram construídos três estádios (nas cidades de Córdoba, Mendoza e Mar del Plata) e outros três foram reformados (Gigante de Arroyito – em Rosário; Monumental de Núñez e El Fortín de Liniers – em Buenos Aires). Na capital, foi construído em tempo recorde o mais bem equipado centro de imprensa da América do Sul. Ironicamente, os pobres hermanos só podiam assistir ao torneio em preto e branco, enquanto as imagens mais sofisticadas da época eram transmitidas mundo afora.

César Luis Menotti (ex-jogador do Santos de Pelé) se tornou técnico da seleção há quatro anos. Nesse último ciclo, armou um time limitado, mas voluntarioso e competitivo. Tinha a difícil missão de consertar a imagem arranhada da qual os portenhos saíram dos últimos Mundiais, voltando ao tempo em que sua seleção era mais conhecida pela prática do bom futebol do que pelas jogadas ríspidas. Para isso, contava com o ótimo meia-atacante Mario Kempes, o único de seus convocados que jogava no exterior – no Valencia, da Espanha.

Menotti preferiu prescindir do talento de um genial e genioso menino de apenas 17 anos chamado Diego Armando Maradona. Ele havia estreado na albiceleste no início do ano anterior, mas foi um dos três cortados de última hora. O treinador julgou que o mancebo não tinha a experiência necessária para lidar com a enorme pressão que a torcida exercia (veja mais abaixo).


(Imagem: AFP)

● A França voltava a disputar uma Copa do Mundo após doze anos. Tendo como time-base o bom time do Saint-Étienne, tricampeão francês na década de 1970 (Christian Lopez, Dominique Bathenay e Dominique Rocheteau eram titulares de Les Bleus), possuía uma geração inexperiente em nível internacional, mas de enorme talento, com destaques para Michel Platini, Dominique Rocheteau e Didier Six. O calcanhar de aquiles era o sistema defensivo, embora contasse com o bons nomes como Marius Trésor e Maxime Bossis.

Os franceses venceram o Grupo 5 das eliminatórias europeias com cinco pontos. Na última rodada, Les Bleus precisavam vencer os búlgaros em Paris e venceram por 3 x 1. Na ocasião, a Bulgária não conseguiu ser a “asa negra” da França, como havia sido em 1961 e seria ainda mais em 1993 – mas esse é um delicioso assunto para outra hora.

A seleção francesa tentou boicotar a sua ida para a Copa em resposta ao assassinato de freiras francesas pelo regime militar argentino, mas não tiveram êxito no boicote.


A Argentina atuava no 4-3-3, com Kempes chegando sempre ao ataque.


A França também jogava no 4-3-3, com Platini tendo liberdade para criar e com muita movimentação dos pontas.

● O Grupo 1 era bastante equilibrado, com a dona da casa e favorita Argentina, a sempre poderosa Itália, além da rejuvenescida França e do bom time da Hungria. Na primeira rodada, a Squadra Azzurra venceu Les Bleus por 2 x 1 e os albicelestes bateram os magiares pelo mesmo placar.

Uma segunda vitória praticamente garantia a dona da casa no quadrangular semifinal. Assim, mais de 70 mil expectadores lotaram o mítico estádio Monumental de Núñez. Vestidos de azul e branco, os fanáticos torcedores argentinos jogavam junto com o time, enchendo o campo de muita serpentina e papel picado quando sua seleção entrava em campo.

A primeira chance do jogo foi argentina. René Houseman entrou na área pelo lado esquerdo e deixou com Kempes na entrada da área. O camisa 10 encheu a perna esquerda de primeira, mas a bola foi na trave.

O primeiro tempo estava prestes a terminar sem gols, mas o árbitro suíço Jean Dubach marcou um pênalti a favor dos hermanos. Após uma boa jogada de Kempes, Luque chutou cruzado e Trésor tentou cortar, mas, já caído, a bola desviou em seu braço dentro da área. Toda a Argentina reclamou. O volante Américo Gallego perseguiu o juiz desde o meio de campo até a conversa com o bandeira. Deu a impressão de ter ganhado no grito, mas a penalidade existiu mesmo. O capitão Daniel Passarella cobrou o pênalti com força no canto esquerdo e converteu, fazendo a festa de seus compatriotas. No último minuto do primeiro tempo, a Argentina abriu o placar.

Aos dez minutos da segunda etapa, Luque chutou da intermediária e a bola subiu. O goleiro francês Bertrand-Demanes espalmou por cima, mas, na queda, sofreu o choque da trave no meio das costas. O arqueiro não conseguiu continuar em campo e foi substituído por Dominique Baratelli.

A França lutou e conseguiu a reação aos 15′. Battiston lançou por cima da defesa platina. Bernard Lacombe recebeu na direita e tentou encobrir Fillol, mas a bola foi no travessão. O próprio Lacombe dominou o rebote e deixou para Platini, que vinha de frente, encher a perna esquerda para a baliza desprotegida e empatar o jogo, marcando o seu primeiro gol em Copas.

A França mantinha a pressão e se inspirava no jovem Michel Platini, então camisa 15, que estava prestes a completar 23 anos. Ele estava sempre no centro das melhores jogadas. Com a visão de jogo de um veterano, ele avançou desde sua intermediária defensiva, viu uma brecha na defesa adversária e achou Didier Six livre. O ponta esquerda passou por Tarantini e tocou na saída de Fillol. Caprichosamente, a bola passou rente à trave e foi para fora.

Como diz aquele velho ditado: “quem não faz…” O erro custou caro à França, que deixou passar seu melhor momento no jogo.

Aos 28′, Ardiles tocou para Luque na entrada da área. Ele teve tempo e espaço para dominar sozinho, deixar a bola quicar e chutar para o gol. A bola vadia de Luque desviou no meio do caminho, traiu o goleiro Baratelli e tomou o rumo do gol.

Leopoldo Luque foi o melhor em campo, sendo fundamental nos dois gols. Mesmo com uma luxação no ombro, após uma dividida com o zagueiro francês Christian Lopez, o camisa 14 continuou firme em campo. O que ele não sabia é que seu irmão Oscar tinha falecido após sofrer um acidente naquela manhã. Seus pais só lhe informaram do acontecimento no dia seguinte.

Esse havia sido o melhor jogo da Copa até aquele momento. A Argentina estava classificada. A França, mesmo com um dos melhores times do campeonato, era eliminada após apenas dois jogos.


Luque marca o segundo gol da albiceleste (Imagem: Pinterest)

● Com a vitória da Itália sobre a Hungria por 3 x 1, italianos e argentinos já estavam classificados quando se enfrentaram na terceira rodada. A Itália ganhou de 1 x 0 na Argentina, enquanto a França (jogando com uma equipe mista e o uniforme listrado em verde e branco, do time do Kimberley, da terceira divisão) venceu a Hungria por 3 x 1, e ambas ficaram na primeira fase.

No quadrangular semifinal, a Argentina venceu a Polônia por 2 x 0 e empatou sem gols com o Brasil. Na terceira rodada (como explicamos aqui), precisava vencer o Peru por quatro ou mais gols de diferença para chegar à final. E em uma partida no mínimo estranha, venceu por 6 x 0. Na final, continuou contando com a sorte e venceu a Holanda por 3 x 1 na prorrogação.

Essa foi o último Mundial em que 16 participaram da fase final. A partir de 1982, na Espanha, seriam 24 seleções.

Curiosamente, essa foi a primeira Copa do Mundo em que a Argentina usou o famoso uniforme com o escudo da AFA (Asociación del Fútbol Argentino). Nas edições anteriores, a camisa albiceleste ainda não tinha o escudo.

A numeração dos jogadores da Argentina era feita pela ordem alfabética dos sobrenomes, independentemente da posição. Assim, o volante Norberto Alonso ficou com a camisa 1, enquanto o goleiro titular Ubaldo Fillol jogou com a 5. Coincidências da vida, o maior craque, Mario Kempes, ficou mesmo com a 10 – o que lhe cabia tão bem.

Em 27/02/1977, com apenas 16 anos, Diego Armando Maradona estreou pela seleção argentina principal em um amistoso com a Hungria. Apenas alguns dias depois, em 03/04, estreou na seleção sub-17 no Sul-Americano, onde não teve bons resultados. Foi pré-convocado para a Copa de 1978, mas mesmo com clamor do público e da mídia, o treinador César Luis Menotti decidiu não convocá-lo. O técnico explicaria: “Ele ainda é um garoto e precisa amadurecer. Mas sem dúvida ele pode mais que os outros e ainda vai brilhar muito no futebol”. Diego não guarda mágoas de Menotti e o considera o melhor treinador que já teve. O ex-craque Omar Sívori também o consolou: “Me escute, garoto… você tem a verdade do futebol dentro de si e toda uma vida para mostrá-la”. Mesmo decepcionado, Diego enviaria um telegrama aos jogadores, desejando sorte, e assistiu in loco dois jogos (contra a Itália e a final contra a Holanda).


(Imagem: Pinterest)

FICHA TÉCNICA:

 

ARGENTINA 2 x 1 FRANÇA

 

Data: 06/06/1978

Horário: 19h15 locais

Estádio: Monumental Antonio Vespucio Liberti (Monumental de Núñez)

Público: 71.666

Cidade: Buenos Aires (Argentina)

Árbitro: Jean Dubach (Suíça)

 

ARGENTINA (4-3-3):

FRANÇA (4-3-3):

5  Ubaldo Fillol (G)

21 Jean-Paul Bertrand-Demanes (G)

15 Jorge Olguín

2  Patrick Battiston

7  Luis Galván

6  Christian Lopez

19 Daniel Passarella (C)

8  Marius Trésor (C)

20 Alberto Tarantini

3  Maxime Bossis

6  Américo Gallego

9  Dominique Bathenay

2  Osvaldo Ardiles

11 Henri Michel

21 José Daniel Valencia

15 Michel Platini

10 Mario Kempes

18 Dominique Rocheteau

9  René Houseman

17 Bernard Lacombe

14 Leopoldo Luque

19 Didier Six

 

Técnico: César Luis Menotti

Técnico: Michel Hidalgo

 

SUPLENTES:

 

 

3  Héctor Baley (G)

1  Dominique Baratelli (G)

13 Ricardo La Volpe (G)

22 Dominique Dropsy (G)

18 Rubén Pagnanini

4  Gérard Janvion

11 Daniel Killer

5  François Bracci

8  Rubén Galván

7  Patrice Rio

12 Omar Larrosa

10 Jean-Marc Guillou

17 Miguel Oviedo

12 Claude Papi

1  Norberto Alonso

13 Jean Petit

16 Oscar Alberto Ortiz

14 Marc Berdoll

4  Daniel Bertoni

16 Christian Dalger

22 Ricardo Villa

20 Olivier Rouyer

 

GOLS:

45′ Daniel Passarella (ARG) (pen)

60′ Michel Platini (FRA)

73′ Leopoldo Luque (ARG)

 

CARTÃO AMARELO: 88′ Didier Six (FRA)

 

SUBSTITUIÇÕES:

55′ Jean-Paul Bertrand-Demanes (FRA) ↓

Dominique Baratelli (FRA)

 

64′ José Daniel Valencia (ARG) ↓

Norberto Alonso (ARG) ↑

 

71′ Norberto Alonso (ARG) ↓

Oscar Alberto Ortiz (ARG) ↑

Melhores momentos da partida:

… 27/05/1934 – Áustria 3 x 2 França

Três pontos sobre…
… 27/05/1934 – Áustria 3 x 2 França


(Imagem: Pinterest)

Como já contamos aqui, após o sucesso da primeira Copa do Mundo, 32 nações se inscreveram em busca de uma das 16 vagas. Por isso, precisou-se disputar partidas qualificatórias.

A Áustria terminou em segundo lugar do Grupo 4, embora tenha jogado apenas uma partida e goleado a Bulgária por 6 x 1.

Da mesma forma, a França também foi 2º, mas no Grupo 8. No único jogo, venceu Luxemburgo por 6 a 1.


(Imagem: Imortais do Futebol)

● Desde aquela época, a França já era tão “plural” e miscigenada como é atualmente. Dois atletas nasceram em cidades que à época pertenciam à Alemanha (Fritz Keller, em Estrasburgo, e Émile Veinante, em Metz). Outros dois nasceram na Argélia, então colônia francesa (Joseph Alcazar e Joseph Gonzales). Além disso, o atacante Roger Courtois nasceu na Suíça.

“Les Bleus” contavam também com veteranos da Copa de 1930. Dos 22 convocados, seis disputaram o primeiro Mundial, com destaque para o goleiro Alex Thépot e o zagueiro Étienne Mattler. Mas a esperança de gols estava depositada mesmo em Jean Nicolas, centroavante do FC Rouen, de apenas 20 anos.


Hugo Meisl, com a pasta na mão (Imagem: Imortais do Futebol)

● O técnico austríaco Hugo Meisl foi um dos que solidificaram o sistema tático 2-3-5 na Europa Central. Seus times eram conhecidos pela movimentação constante de seus jogadores do meio para a frente, sempre com rápidas trocas de passes. Essa característica ficou ainda mais incisiva quando Meisl trocou um centroavante estático por Matthias Sindelar, que flutuava entre as linhas e armava os ataques do time.

Até o início do Mundial de 1934, a Áustria havia vencido ou empatado 28 dos 31 jogos que disputou nos três anos anteriores. Havia vencido adversários fortes, como Suécia, Suíça, Itália, Hungria, Alemanha e outras. Não era simplesmente resultado. O time dava show. Tanto, que ganhou o apelido de “Der Wunderteam” (“time maravilha”). Possuía uma verdadeira legião de craques como o já citado Sindelar (maior gênio do futebol do país), Josef Bican (um dos maiores artilheiros da história), e o centromédio e capitão Josef Smistik.

Com tudo isso, e por possuir o melhor retrospecto entre todas as seleções, era impossível que a Áustria não fosse apontada como a maior favorita ao título da segunda Copa do Mundo.


No 2-3-5 de Meisl, os meio-campistas tinham liberdade para armar, embora suas maiores preocupações fossem as defensivas. Sindelar flutuava pelas linhas adversárias em busca de espaço.


O técnico inglês Sid Kimpton também escalava a seleção da França no 2-3-5 ou sistema pirâmide.

● Era o jogo mais esperado da primeira fase e correspondeu às expectativas.

Jean Nicolas abriu o placar para a França aos 18 minutos de jogo.

Os franceses conseguiam fazer uma boa marcação sobre Sindelar. Mas, em uma única brecha que teve, o craque austríaco empatou a partida aos 44′.

O empate no tempo regulamentar levou o jogo para o tempo extra. Essa foi a primeira prorrogação da história das Copas. Eram necessários mais trinta minutos para ser definido o vencedor.

Mais inteira e melhor fisicamente, a Áustria se sobressaiu e marcou dois gols. Anton Schall anotou o seu aos 3′ do 1º e Josef Bican aos 4′ do 2º tempo.

A quatro minutos do fim, Georges Verriest cobrou pênalti e descontou. Mas era tarde para mudar o resultado.

A França estava eliminada logo nas oitavas de final. A Áustria estava classificada para as quartas de final, para enfrentar sua maior rival, a Hungria, que havia vencido o Egito por 4 x 2.


(Imagem: Popper Foto / FIFA)

FICHA TÉCNICA:

 

ÁUSTRIA 3 x 2 FRANÇA

 

Data: 27/05/1934

Horário: 16h30 locais

Estádio: Benito Mussolini

Público: 16.000

Cidade: Turim (Itália)

Árbitro: Johannes van Moorsel (Holanda)

 

ÁUSTRIA (2-3-5):

FRANÇA (2-3-5):

Peter Platzer (G)

Alex Thépot (G)(C)

Franz Cisar

Jacques Mairesse

Karl Sesta

Étienne Mattler

Franz Wagner

Edmond Delfour

Josef Smistik (C)

Georges Verriest

Johann Urbanek

Noël Liétaer

Karl Zischek

Fritz Keller

Josef Bican

Joseph Alcazar

Matthias Sindelar

Jean Nicolas

Anton Schall

Roger Rio

Rudolf Viertl

Alfred Aston

 

Técnico: Hugo Meisl

Técnico: George “Sid” Kimpton

 

SUPLENTES:

 

 

Friederich Franzl (G)

Robert Défossé (G)

Rudolf Raftl (G)

René Llense (G)

Anton Janda

Joseph Gonzales

Willibald Schmaus

Jules Vandooren

Leopold Hofmann

Georges Beaucourt

Josef Hassmann

Célestin Delmer

Matthias Kaburek

Louis Gabrillargues

Josef Stroh

Roger Courtois

Hans Walzhofer

Lucien Laurent

Johann Horvath

Pierre Korb

Georg Braun

Émile Veinante

 

GOLS:

18′ Jean Nicolas (FRA)

44′ Matthias Sindelar (AUT)

93′ Anton Schall (AUT)

109′ Josef Bican (AUT)

116′ Georges Verriest (FRA) (pen)

Veja alguns lances da partida:

… 20/07/1966 – Inglaterra 2 x 0 França

Três pontos sobre…
… 20/07/1966 – Inglaterra 2 x 0 França


(Imagem: Getty Images)

● A Inglaterra estreou com um horrível empate sem gols com o Uruguai. Depois, bateu o México por 2 a 0 em uma partida fraca, com um futebol previsível e pouca inspiração ofensiva. Um empate contra os franceses garantiria o primeiro lugar do Grupo A.

Por sua vez, a França estreou empatando com o México por 1 a 1, na primeira vez que os mexicanos não estrearam perdendo em uma Copa do Mundo. Na sequência, os franceses perderam para o Uruguai por 2 a 1, de virada. Agora, precisariam vencer os donos da casa para ter chances de avançar.

Para os ingleses, não bastava organizar a Copa do Mundo. Era preciso conquistá-la para reafirmar sua “supremacia”. Os “inventores do futebol” ainda procuravam a melhor formação de seu ataque. Martin Peters já havia conquistado sua vaga na ponta esquerda, no lugar de John Connelly. Mas na ponta direita, o técnico Alf Ramsey estava na terceira tentativa, dessa vez sacando Terry Paine e colocando Ian Callaghan (ainda hoje quem mais vestiu a camisa do Liverpool, com 857 jogos em 18 anos).

Mas aquela linha de frente só duraria essa partida. Mais ofensivo que Paine, Callaghan fez tudo que um ponta deveria fazer à época: avançar, driblar, ir à linha de fundo e cruzar. Mas era pouco para o técnico Alf Ramsey. Ele queria pontas que fizessem a recomposição no meio de campo, quando o time não tivesse a posse de bola. Por mais que a França não ameaçaria em momento algum, a partida foi usada para observações. Quis o destino que esse fosse o jogo certo para o English Team definir de uma vez seus onze titulares.


O técnico Alf Ramsey ainda insistia em utilizar o sistema 4-3-3, em sua terceira tentativa. Dessa vez, Ian Callaghan foi escalado na ponta direita, mas não fez uma boa partida.


Henri Guérin escalou a França no sistema 4-2-4.

● Como diria Mauro Beting no livro “As Melhores seleções estrangeiras de todos os tempos”, assim como o confronto bélico entre ingleses e franceses que ocorreu entre 1337 e 1453, essa partida “lembrou a Guerra dos Cem Anos: muita luta e desinteligência (mas sem deslealdade). E pareceu levar um longo tempo para acabar…”

A seleção francesa era fraca tecnicamente. Talvez uma das piores de sua história. Precisava da vitória para tentar a classificação, mas entrou em campo sem Néstor Combin, ainda machucado. Para piorar, o meia Robert Herbin se lesionou logo nos primeiros minutos e foi fazer número no ataque, já que não eram permitidas substituições à época. Les Bleus teriam que segurar os ingleses em Wembley com um jogador a menos.

A Inglaterra era muito melhor, mas confundia velocidade com afobação.

Aos 28 minutos de jogo, Jimmy Greaves chegou a mandar a bola para as redes, mas o assistente tcheco Karol Galba anulou o gol.

Esse mesmo bandeirinha seria fundamental para que o placar fosse aberto em Wembley. Aos 38 do primeiro tempo, Nobby Stiles disputa a bola na área. A zaga afasta nos pés de Jimmy Greaves, que cruza de primeira. Jack Charlton cabeceia livre no segundo pau, a bola bate na trave e sobra para Roger Hunt mandar para as redes. Os zagueiros Marcel Artelesa e Robert Budzynski reclamam veementemente de impedimento, mas o árbitro peruano confirmou o gol.

Curiosamente, Jack, o irmão mais velho do craque Bobby Charlton só chegou à seleção inglesa aos 30 anos, um ano antes dessa Copa. Jogou por 21 anos no Leeds United. Era veloz, ofensivo e aproveitava muito bem seu 1,91 m de altura. Do irmão mais novo, só tinha a fisionomia e a falta de cabelo. Com a bola nos pés, eram completamente desiguais. Não se combinavam fora de campo. Mas os dois foram fundamentais para a caminhada dos Three Lions no Mundial em casa.

Aos 16′ do segundo tempo, outro gol inglês anulado. Em jogada muito bem treinada, a bola alta na segunda trave encontrou Hunt, que ajeitou de cabeça para Bobby Charlton vir de trás e finalizar. Dessa vez, um impedimento absurdo, anotado pelo assistente búlgaro Dimitar Rumenchev.

Os ingleses ampliaram o marcador naturalmente, aos 30 minutos da etapa final. Bobby Charlton (mais uma vez o melhor em campo), desarmou o lateral rival e cruzou para a área. A defesa francesa bateu cabeça e Callaghan cruzou para Roger Hunt cabecear sozinho na pequena área. A cabeçada foi em cima do goleiro Marcel Aubour, que não conseguiu segurar. Dois gols de Roger Hunt, ainda hoje o segundo maior goleador da história do Liverpool, com 286 gols.

Os franceses contestaram também esse segundo gol, pois pediam que o jogo fosse paralisado para atendimento médico a Jacques Simon, duramente atingido por Nobby Stiles. Foi realmente uma entrada criminosa. Tanto, que a FIFA lhe deu uma advertência e o técnico Ramsey recebeu uma mensagem de sua federação questionando se “era mesmo necessário continar escalando Stiles”. Por uma questão de princípios, evitando interferência externa, e também porque sabia da importância do volante do Manchester United, o treinador ameaçou se demitir no meio do Mundial. Stiles era fundamental e continuaria sendo.

É completamente injusta a história de que a Copa estava “arranjada” para que a Inglaterra a conquistasse. Por diversas vezes naquele Mundial (principalmente na primeira fase), os ingleses foram duramente prejudicados por decisões equivocadas dos árbitros. Assim, chegamos à conclusão de que não era a intenção de beneficiar a seleção local: a arbitragem era realmente péssima, errando para todos os lados. Nessa partida mesmo, foram validados dois gols duvidosos e anulados dois gols legítimos.

Nos 90 minutos, a Inglaterra mandou no jogo. Criou nove chances de gol e a França apenas quatro. O placar só ficou em 2 a 0 porque a Inglaterra era um time que tinha pressa, mas não pensava.


(Imagem: Scoopnest)

● A França terminou em último lugar do grupo, com um empate e duas derrotas.

A vitória classificou o English Team como primeiros colocados do Grupo A. Enfrentariam a boa seleção da Argentina, que também estava invicta e tinha sido segunda colocada no Grupo B, atrás da Alemanha Ocidental apenas nos critérios de desempate.

Mas Alf Ramsey queria que o time rendesse mais. A equipe estava jogando pouco e se achando muito. Para se consolidar como favorita, precisava jogar mais bola.

Com a recuperação do lesionado Alan Ball e a manutenção de Martin Peters como titular, Ramsey teria pontas que fazem a recomposição, como ele tanto queria. Assim, contra a Argentina nas quartas de final, o técnico teria seu “4-4-2 ideal”. Mas, como uma providência divina, o astro Jimmy Greaves se machucou. Ele era o queridinho da imprensa e torcida. Era talentoso, mas não ajudava taticamente a equipe. Seu substituto seria Geoff Hurst, que até então só tinha cinco jogos pelos Three Lions. Era menos espetacular que Greaves, mas era mais forte fisicamente e mais capacitado para ganhar as disputas pelo alto, segurar a bola e fazer o papel de pivô. Como veremos no próximo dia 30/07, essa simples mudança alterou os rumos da história do futebol mundial.


(Imagem: Scoopnest)

FICHA TÉCNICA:

 

INGLATERRA 2 x 0 FRANÇA

 

Data: 20/07/1966

Horário: 19h30 locais

Estádio: Wembley

Público: 98.270

Cidade: Londres (Inglaterra)

Árbitro: Arturo Yamasaki (Peru)

 

INGLATERRA (4-3-3):

FRANÇA (4-2-4):

1  Gordon Banks (G)

1  Marcel Aubour (G)

2  George Cohen

2  Marcel Artelesa (C)

5  Jack Charlton

5  Bernard Bosquier

6  Bobby Moore (C)

6  Robert Budzynski

3  Ray Wilson

12 Jean Djorkaeff

4  Nobby Stiles

16 Robert Herbin

9  Bobby Charlton

4  Joseph Bonnel

20 Ian Callaghan

13 Philippe Gondet

8  Jimmy Greaves

15 Yves Herbet

21 Roger Hunt

20 Jacques Simon

16 Martin Peters

14 Gérard Hausser

 

Técnico: Alf Ramsey

Técnico: Henri Guérin

 

SUPLENTES:

 

 

12 Ron Springett (G)

21 Georges Carnus (G)

13 Peter Bonetti (G)

22 Johnny Schuth (G)

14 Jimmy Armfield

7  André Chorda

18 Norman Hunter

18 Jean-Claude Piumi

15 Gerry Byrne

11 Gabriel De Michèle

17 Ron Flowers

17 Lucien Muller

7  Alan Ball

10 Héctor De Bourgoing

22 George Eastham

3  Edmond Baraffe

19 Terry Paine

8  Néstor Combin

11 John Connelly

9  Didier Couécou

10 Geoff Hurst

19 Laurent Robuschi

 

GOLS:

38′ Roger Hunt (ING)

75′ Roger Hunt (ING)

 

ADVERTÊNCIA:
Nobby Stiles (ING)


(Imagem: Scoopnest)

Gols e alguns lances da partida:

… 15/07/2018 – França 4 x 2 Croácia

Três pontos sobre…
… 15/07/2018 – França 4 x 2 Croácia


(Imagem: FIFA.com)

● No início da Copa do Mundo de 2018, a França era uma das seleções que chegava como favorita. Em momento algum encantou. Na estreia, sofreu para vencer a Austrália por 2 x 1, com um pênalti marcado pelo VAR e um gol contra. Depois, jogou bem apenas no primeiro tempo e venceu o Peru por 1 x 0. E, com os reservas, decepcionou ao não querer jogar contra a Dinamarca, no único 0 x 0 desse Mundial. Em compensação, fez brilhar os olhos dos amantes do futebol, quando o mancebo Kylian Mbappé destruiu a Argentina e o 4 x 3 foi um placar magro pelo que foi a partida. Nas quartas de final, Les Bleus foram cirúrgicos ao bater o Uruguai por 2 x 0. Nas semi, precisou de um gol de escanteio para vencer a Bélgica por 1 x 0. Na final, claramente era muito mais time que o adversário e era a grande favorita.

Mas a Croácia já havia dado várias mostras de sua superação em campo. Estreou vencendo a Nigéria por 2 x 0 em um jogo modorrento. Na sequência, arrasou a Argentina com um chocolate de 3 x 0. Na terceira rodada, usou os reservas e venceu a Islândia por 2 x 1. E depois começou o festival de prorrogações. Nas oitavas de final, empatou com a Dinamarca por 1 x 1 e venceu nos pênaltis. Nas quartas, empatou com a Rússia por 2 x 2 e, novamente, se classificou nos pênaltis. Nas semi, empatou com a Inglaterra no tempo normal e só venceu na prorrogação, por 2 x 1. Com isso, os croatas acabaram jogando mais 90 minutos a mais que os franceses, além de terem um dia a menos de descanso – pois jogaram na quarta, enquanto a França jogou na terça.


Didier Deschamps escalou a França com seus onze considerados titulares, no sistema 4-2-3-1.


Mesmo com o time esgotado fisicamente, Zlatko Dalić mandou seu time a campo no 4-2-3-1 e manteve a escalação da última partida.

● Logo aos 17 minutos de jogo, Antoine Griezmann emula Neymar, dobra as pernas ridiculamente e cai. O árbitro Néstor Pitana enxergou o que não houve e marcou a falta, mesmo com a grande pressão dos croatas – que estavam certos. Griezmann alçou a bola para a área e Mandžukić teve o azar de desviá-la de cabeça para o gol.

Com um gol proveniente de uma falta não existente, a França abriu o placar. Mario Mandžukić marcou o primeiro gol contra em uma final de Copa do Mundo, em toda a história. Esse Mundial dos gols contra, teve seu 12º marcado na final – o dobro do recorde anterior, que era de seis em 1998.

Luka Modrić cobrou uma falta para a área, mas Vida cabeceou por cima.

Em nova cobrança de falta, dessa vez do meio campo, aos 28 min, Modrić lançou na direita. Vrsaljko cabeceou para o meio da área. Mandžukić ganhou de Pogba pelo alto, Lovren desviou de cabeça e Vida tocou para trás. Perišić estava na meia lua e já dominou cortando para a perna esquerda, invadindo a área e enchendo o pé para o gol. A bola ainda desviou de leve em Varane antes de entrar. A Croácia ainda estava viva na decisão!

Seis minutos depois, Griezmann cobrou escanteio fechado, Matuidi cabeceou e a bola tocou na mão de Perišić, que estava com o braço aberto. Os franceses correram para cima do árbitro para reclamar o toque. E a Copa do VAR foi decidida também pelo VAR. O italiano Massimiliano Irrati, que nunca marca nada, que sempre vê as infrações dentro da área como “normais”, dessa vez chamou a atenção de Pitana e o convidou para ver o lance no vídeo. E o argentino, mesmo vendo e revendo o lance, aparentemente ainda em dúvida, assinalou corretamente o pênalti. A primeira intervenção do VAR em uma final de Copa foi certeira e fatal.


(Imagem: FIFA.com)

Griezmann partiu para a cobrança. O goleiro Subašić se mostrou na competição um exímio especialista em defesas de pênaltis, mas caiu um pouco antes para seu lado esquerdo e deixou o outro lado livre para o camisa 7 francês deslocá-lo.

Após cobrança de escanteio, Vida desviou de cabeça para fora.

No segundo tempo, Rakitić tocou para Rebić, que bateu de esquerda e Lloris espalmou para escanteio.

Mbappé foi lançado em velocidade, passou por Vida e chutou. Mas Subašić se antecipou, diminuindo o ângulo e fazendo a defesa.

Pouco depois, quatro pessoas invadiram o campo…

Aos 14′, Paul Pogba começou a jogada lançando Mbappé na ponta direita. O garoto passou por Strinić, foi à linha de fundo e cruzou para trás. Griezmann dominou e deixou com Pogba que emendou de primeira. Lovren rebateu e a bola voltou para o próprio Pogba chutar colocada de esquerda e marcar o terceiro gol. Subašić nem pulou.

Faltava o gol do prodígio Mbappé, que marcou aos vinte minutos. Lucas Hernández fez boa jogada pela esquerda e tocou para o camisa 10. Ele dominou na entrada da área e chutou rasteiro. Novamente o goleiro croata nem pulou. Com 19 anos e meio, Kylian Mbappé se tornou o segundo jogador mais jovem a marcar gol em uma final – só perde para Pelé, que tinha 17 anos e oito meses quando marcou na decisão de 1958.

Ainda deu tempo de o goleiro e capitão Hugo Lloris fazer uma bobagem. Aos 24′, ele recebeu de Umtiti e tentou driblar Mandžukić, que vinha na corrida. Mas o croata foi mais esperto, deixou o pé e diminuiu o placar. Um gol oriundo de uma das falhas mais bisonhas da história das finais de Copa. Sorte que sua equipe estava com boa diferença no placar. Faltou concentração e sobrou soberba a Lloris.


(Imagem: FIFA.com)

● Algumas observações precisam ser feitas. A França claramente mereceu vencer, mas… no lance do primeiro gol, Antoine Griezmann não sofreu falta. Ele buscou o contato e dobrou as pernas. O mundo inteiro que critica Neymar por exagerar quando sofre falta, é o mesmo mundo que aplaude Griezmann por ter “cavado” uma falta inexistente. Curiosamente, o árbitro escalado para a final nasceu na mesma Argentina que foi massacrada pela Croácia na primeira fase. Se a FIFA quisesse um árbitro isento, poderia ter escalado outro, como, por exemplo, o brasileiro Sandro Meira Ricci. Néstor Pitana, mesmo vendo o lance do pênalti no vídeo, ainda hesitou algumas vezes antes de assinalá-lo. E deve ter engolido seco.

Bola parada não ganha apenas jogo: ganha Copa do Mundo! Segundo a FIFA, dos 169 gols marcados no torneio, 71 foram originados em bola parada (cobranças de faltas diretas ou indiretas, escanteio e pênaltis).

Antoine Griezmann foi eleito discutivelmente pela FIFA o melhor jogador da partida. Kylian Mbappé praticamente não teve concorrentes para ser o melhor jogador jovem. Luka Modrić recebeu o prêmio de melhor jogador do torneio. Com muita técnica e disposição, capitão croata liderou sua seleção à final e mereceu o título. Modrić sempre foi um jogador que potencializa o futebol de seus companheiros. Agora, termina a Copa de 2018 como uma lenda.


(Imagem: FIFA.com)

Essa Croácia fica na história por não jogar com um meio campista originalmente defensivo. Quem fez essa função na maioria das vezes foi Marcelo Brozović, que na Internazionale é um meia de transição. Outras vezes, o meia mais defensivo era Ivan Rakitić, que de vez em quando faz essa função no Barcelona. Méritos do ofensivo treinador Zlatko Dalić, que em alguns jogos escalou juntos os atacantes Mario Mandžukić, Ante Rebić e Andrej Kramarić. (Enquanto isso, Nikola Kalinić deve estar jogando sinuca em algum lugar…)

Mas Zlatko Dalić deve ser questionado pelo excesso de confiança em seus titulares e a falta dela nos reservas. Milan Badelj fez uma partida formidável contra a Islândia e não recebeu mais oportunidades. Mateo Kovačić é um multifuncional e sempre incisivo quando entra, independentemente da função em campo, mas só entrava nos minutos finais das partidas. E, em uma final de Copa, precisando ir em busca do resultado, Dalić fez apenas duas alterações. Contestável.

Danijel Subašić foi um dos destaques da Croácia na Copa do Mundo, mas seu final não condiz com o que apresentou durante a competição. Ele atua no clube francês Monaco desde 2012. E seus adversários dessa noite se aproveitaram por conhecer a má fama que o goleiro tem de não se dar bem em chutes de longe. Com certeza Subašić poderia ter feito melhor nos chutes de Pogba e Mbappé que resultaram nos dois últimos gols franceses. Além disso, ainda caiu antes no pênalti cobrado por Griezmann.

A França se valeu de uma defesa muito forte, com o que há de melhor em Real Madrid (Raphaël Varane) e Barcelona (Samuel Umtiti), além da sempre ótima proteção de N’Golo Kanté e de dois zagueiros nas laterais (Benjamin Pavard e Lucas Hernández). Venceu essa Copa nos contra-ataques e nas bolas paradas. Pode até ser um estilo de jogo chato, mas é mortal e eficiente, principalmente com a jovialidade e a velocidade de Mbappé. Mesmo tendo sua convocação bastante contestada no início, Deschamps tem todos os méritos do mundo ao utilizar o máximo potencial de sua equipe e levá-la ao título. Foi justíssimo.


(Imagem: FIFA.com)

Didier Deschamps entra definitivamente para a história. É o terceiro na história a vencer a Copa do Mundo como jogador e técnico. Antes dele, somente o brasileiro Zagallo e o alemão Franz Beckenbauer haviam conseguido o feito. E somente o alemão e o francês o fizeram como capitão, o que é ainda mais raro.

Raphaël Varane também entrou para um seleto grupo de atletas que venceram a UEFA Champions League e a Copa do Mundo no mesmo ano. Os alemães Franz Beckenbauer, Gerd Muller, Paul Breitner, Sepp Maier, Uli Hoeneß, Hans-Georg Schwarzenbeck e Jupp Kapellmann venceram a UCL pelo Bayern de Munique em 1974. O francês Christian Karembeu jogava no Real Madrid em 1998, assim como o brasileiro Roberto Carlos em 2002 e o alemão Sami Khedira em 2014.


(Imagem: FIFA.com)

FICHA TÉCNICA:

 

FRANÇA 4 x 2 CROÁCIA

 

Data: 15/07/2018

Horário: 18h00 locais

Estádio: Olímpico Luzhniki

Público: 78.011

Cidade: Moscou (Rússia)

Árbitro: Néstor Pitana (Argentina)

 

FRANÇA (4-2-3-1):

CROÁCIA (4-2-3-1):

1  Hugo Lloris (G)(C)

23 Danijel Subašić (G)

2  Benjamin Pavard

2  Šime Vrsaljko

4  Raphaël Varane

6  Dejan Lovren

5  Samuel Umtiti

21 Domagoj Vida

21 Lucas Hernández

3  Ivan Strinić

13 N’Golo Kanté

11 Marcelo Brozović

6  Paul Pogba

7  Ivan Rakitić

14 Blaise Matuidi

10 Luka Modrić (C)

10 Kylian Mbappé

4  Ivan Perišić

7  Antoine Griezmann

18 Ante Rebić

9  Olivier Giroud

17 Mario Mandžukić

 

Técnico: Didier Deschamps

Técnico: Zlatko Dalić

 

SUPLENTES:

 

 

16 Steve Mandanda (G)

12 Lovre Kalinić (G)

23 Alphonse Areola (G)

1  Dominik Livaković (G)

19 Djibril Sidibé

13 Tin Jedvaj

3  Presnel Kimpembe

5  Vedran Ćorluka

17 Adil Rami

15 Duje Ćaleta-Car

22 Benjamin Mendy

22 Josip Pivarić

15 Steven Nzonzi

14 Filip Bradarić

12 Corentin Tolisso

19 Milan Badelj

8  Thomas Lemar

8 Mateo Kovačić

18 Nabil Fekir

20 Marko Pjaca

20 Florian Thauvin

9 Andrej Kramarić

11 Ousmane Dembélé

16 Nikola Kalinić (dispensado da delegação)

 

GOLS:

18′ Mario Mandžukić (FRA) (gol contra)

28′ Ivan Perišić (CRO)

38′ Antoine Griezmann (FRA) (pen)

59′ Paul Pogba (FRA)

65′ Kylian Mbappé (FRA)

69′ Mario Mandžukić (CRO)

 

CARTÕES AMARELOS:

27′ N’Golo Kanté (FRA)

41′ Lucas Hernández (FRA)

90+2′ Šime Vrsaljko (CRO)

 

SUBSTITUIÇÕES:

55′ N’Golo Kanté (FRA) ↓

Steven Nzonzi (FRA) ↑

 

71′ Ante Rebić (CRO) ↓

Andrej Kramarić (CRO) ↑

 

73′ Blaise Matuidi (FRA) ↓

Corentin Tolisso (FRA) ↑

 

81′ Olivier Giroud (FRA) ↓

Nabil Fekir (FRA) ↑

 

81′ Ivan Strinić (CRO) ↓

Marko Pjaca (CRO) ↑

(Imagem: Shaun Botterill / Getty Images)

Gols da decisão:

… 10/07/2018 – França 1 x 0 Bélgica

Três pontos sobre…
… 10/07/2018 – França 1 x 0 Bélgica


(Imagem: FIFA.com)

● Dois tabus foram quebrados na primeira partida semifinal da Copa do Mundo de 2018 entre França e Bélgica. Até essa edição do Mundial, em toda a história das semifinais sempre tivemos pelo menos uma dessas seleções: Brasil, Alemanha, Itália ou Argentina. Mas 2018 rompeu essa lógica.

Outra escrita mais recente que não foi mantida é que, desde 1990, toda seleção que elimina o Brasil chega na final. Mas a “ótima geração belga” não conseguiu atuar no mesmo nível dos jogos anteriores, foi inferior e eliminada.

Um dos principais motivos da eliminação belga foi o nível mediano do futebol apresentado por Kevin De Bruyne na partida de hoje. Ele, que costuma ser o “motor” do meio campo e ataque dos “Diables Rouges”, não funcionou.

A Bélgica sentiu falta também do ala direito Thomas Meunier. Sem ele, Nacer Chadli foi para a direita e ninguém foi escalado na esquerda. Com isso, Vertonghen ficava sem alguém para dar o primeiro combate na marcação a intrépido Mbappé.


Didier Deschamps escalou a França no 4-3-3. Sem a bola, Mbappé e Griezmann recuavam e o sistema se transformava no 4-2-3-1.


O técnico espanhol Roberto Martínez armou a Bélgica no 3-4-3. Com a ausência de Thomas Meunier, suspenso, Dembélé foi titular no meio campo. Com isso, Chadli foi jogar na ala direita e ninguém jogou na esquerda. Nas ações ofensivas, Hazard caía pelo lado esquerdo. Mas quando precisava se defender, não havia alguém que auxiliasse Vertonghen.

● A França começou pressionando e trocando muitos passes nos primeiros segundos. A Bélgica só tocou pela primeira vez na bola com dois minutos e quarenta segundos. Depois, começou o equilíbrio de parte a parte, com a Bélgica dominando mais a posse de bola.

A primeira chance criada foi pelos franceses, aos 12 minutos, em um lançamento rasteiro de Pogba para Mbappé. Mas a bola correu mais que o garoto e Courtois saiu para ficar com ela.

Aos 15. Dembélé ganhou de cabeça no meio e De Bruyne achou Hazard dentro da área. O capitão belga bateu cruzado, com muito perigo, mas a bola foi para fora.

Aos 17′, Matuidi pegou a sobra na entrada da área e encheu o pé. Mas o goleiro Courtois segurou em dois tempos.

No minuto seguinte, Hazard cortou da esquerda para o meio e bateu. A bola tinha endereço, mas Varane desviou de cabeça para escanteio.

Após cobrança de escanteio aos 21′, Alderweireld bateu de esquerda e Lloris espalmou para fora. Uma grande defesa!

Aos 30′, Pavard cruzou à meia altura e Mbappé desviou para fora.

Pouco depois, Mbappé recebeu lançamento na direita e cruzou de primeira para dentro da área. Olivier Giroud não conseguiu finalizar.

Aos 39′, Mbappé avançou na diagonal partindo da direita. Ao entrar na área, ele tocou para a infiltração de Pavard. O lateral bateu cruzado, mas Courtois fez um milagre ao fechar o ângulo e defender com a perna direita.

No último lance antes do intervalo, Hazard cruzou da direita Umtiti furou, mas Lukaku não esperava a bola, que bateu nele e saiu.

Foi um primeiro tempo muito limpo, tanto que a primeira falta do jogo foi só aos 16:39. Mas o jogo esquentaria um pouquinho na etapa final.

Logo no segundo minuto, Witsel cruzou da direita, mas Lukaku cabeceou por cima.


(Imagem: FIFA.com)

Aos 5’34”, Griezmann cobrou escanteio fechado e Umtiti saiu da marcação de Alderweireld, se antecipou ao gigante Fellaini e desviou para o gol.

Em 61 partidas, esse foi o 59º gol oriundo de bola parada, do total de 158 tentos anotados. Bola parada decide não só uma partida, mas também um campeonato. Talvez até a história.

Aos 10, um lance de puro talento de Mbappé. Ele recebeu de Matuidi e, de costas para o gol, tocou de calcanhar para Giroud finalizar. Mas o centroavante foi travado por Dembélé na “hora H”.

Depois, Lukaku abriu na direita para Mertens cruzar. A zaga escorou de cabeça, mas De Bruyne não aproveitou a sobra e chutou mascado.

A chance mais clara para sair o gol belga foi aos 19 minutos. Mertens cruzou da direita e ganhou de Pogba pelo alto, mas cabeceou para fora. Essa bola passou muito perto da trave esquerda de Lloris.

Depois, não vimos mais aquele ótimo toque de bola que essa “ótima geração belga” nos acostumou. Passaram a alçar bolas na área a qualquer custo, mas nenhuma resultou em conclusão.

E a França foi deixando o jogo passar. E ainda perdeu chances de aumentar o placar. No finalzinho, Tolisso teve chance de marcar, mas Courtois fez uma bela defesa.


(Imagem: FIFA.com)

● A Bélgica terá que esperar mais quatro anos para tentar conquistar seu primeiro título mundial.

Com todos os méritos, a França está de volta à final após 12 anos. Didier Deschamps tentará ser o terceiro a conquistar a Copa como jogador e técnico, juntamente com Zagallo e Franz Beckenbauer (o segundo como capitão e treinador, juntamente com o “Kaiser”).

Embora tenha sido criticado (até exageradamente) pela convocação, Deschamps fez uma frança ao seu molde. As qualidades francesas são claras: solidez defensiva, meio campo combativo e criativo, além de ataque e contra-ataque rápido. Porém, seu maior craque, que deveria ser Antoine Griezmann pouco brilhou nessa Copa do Mundo. Hoje, ficou eclipsado no meio dos volantes belgas. Raramente apareceu como uma estrela de sua grandeza deveria fazer.

O outro finalista será decidido amanhã, no confronto entre “Inglaterra x Croácia”. Independente de quem for o adversário, a França é claramente favorita. Mas favoritismo não significa que conquistará o título.

Aguardamos ansiosamente o próximo domingo, para sabermos quem será o campeão mundial de futebol pelos próximos quatro anos.


(Imagem: FIFA.com)

FICHA TÉCNICA:

 

FRANÇA 1 x 0 BÉLGICA

 

Data: 10/07/2018

Horário: 21h00 locais

Estádio: Krestovsky Stadium (Saint Petesburg Stadium)

Público: 64.286

Cidade: São Petesburgo (Rússia)

Árbitro: Andrés Cunha (Uruguai)

 

FRANÇA (4-2-3-1):

BÉLGICA (3-5-2):

1  Hugo Lloris (G)(C)

1  Thibaut Courtois (G)

2  Benjamin Pavard

2  Toby Alderweireld

4  Raphaël Varane

4  Vincent Kompany

5  Samuel Umtiti

5  Jan Vertonghen

21 Lucas Hernández

22 Nacer Chadli

13 N’Golo Kanté

8  Marouane Fellaini

6  Paul Pogba

6  Axel Witsel

14 Blaise Matuidi

19 Mousa Dembélé

10 Kylian Mbappé

7  Kevin De Bruyne

7  Antoine Griezmann

10 Eden Hazard (C)

9  Olivier Giroud

9  Romelu Lukaku

 

Técnico: Didier Deschamps

Técnico: Roberto Martínez

 

SUPLENTES:

 

 

16 Steve Mandanda (G)

12 Simon Mignolet (G)

23 Alphonse Areola (G)

13 Koen Casteels (G)

19 Djibril Sidibé

23 Leander Dendoncker

3  Presnel Kimpembe

20 Dedryck Boyata

17 Adil Rami

3  Thomas Vermaelen

22 Benjamin Mendy

15 Thomas Meunier (suspenso)

15 Steven Nzonzi

17 Youri Tielemans

12 Corentin Tolisso

11 Yannick Ferreira Carrasco

8  Thomas Lemar

16 Thorgan Hazard

18 Nabil Fekir

18 Adnan Januzaj

20 Florian Thauvin

14 Dries Mertens

11 Ousmane Dembélé

21 Michy Batshuayi

 

GOL: 51′ Samuel Umtiti (FRA)

 

CARTÕES AMARELOS:

51′ Eden Hazard (BEL)

71′ Toby Alderweireld (BEL)

87′ N’Golo Kanté (FRA)

90+3′ Kylian Mbappé (FRA)

90+4′ Jan Vertonghen (BEL)

 

SUBSTITUIÇÕES:

60′ Mousa Dembélé (BEL) ↓

Dries Mertens (BEL) ↑

 

80′ Marouane Fellaini (BEL) ↓

Yannick Ferreira Carrasco (BEL) ↑

 

85′ Olivier Giroud (FRA) ↓

Steven Nzonzi (FRA) ↑

 

86′ Blaise Matuidi (FRA) ↓

Corentin Tolisso (FRA) ↑

 

90+1′ Nacer Chadli (BEL) ↓

Michy Batshuayi (BEL) ↑

Melhores momentos da partida: