… 03/04/1957 – Argentina 3 x 0 Brasil

Três pontos sobre…
… 03/04/1957 – Argentina 3 x 0 Brasil


Em pé: Giménez, Guillermo Stábila (técnico), Domínguez, Dellacha, Néstor Rossi, Schandlein e Vairo. Agachados: Corbatta, Maschio, Angelillo, Sívori e Cruz. (Imagem: Soccer Nostalgia)

● Depois da derrota para o Paraguai na decisão do Campeonato Sul-Americano de 1953, o Brasil não enviou delegação para a disputa do torneio em 1955, no Chile. No ano seguinte, terminou em quarto lugar, no Uruguai. Em 1957, tinha um time realmente muito bom, com grandes chances de conquistar o título. Aquela já era a base que conquistaria o mundo um ano depois, com Gylmar, Castilho, Djalma Santos, Nílton Santos, Bellini, Zózimo, Oreco, Zito, Dino Sani, Joel, Garrincha, Pepe e Didi. Mas nem essas lendas impediram mais uma “amarelada” brasileira em competições longe de casa.

A Argentina enviou uma equipe bastante renovada. Como o sindicato de jogadores impedia a convocação de aletas que atuavam no exterior, o mítico técnico Guillermo Stábile teve que convocar muitos jovens. A linha de frente era composta por alguns meninos: Omar Corbatta (21 anos), Humberto Maschio (24), Antonio Valentín Angelillo (19), Omar Sívori (21) e Osvaldo Héctor Cruz (25 – futuro jogador do Palmeiras). Esse quinteto ficou conhecido como “Los Carasucias de Lima” (“Cara-sujas” é uma gíria para “moleques” no país hermano).

Outros destaques eram o goleiro Rogelio Domínguez (futuro multicampeão pelo Real Madrid, que encerraria a carreira no Flamengo) e o maestro Néstor Rossi, o “Patrão da América”, veterano (31 anos) remanescente das grandes conquistas nos anos 1940.

“Los Carasucias de Lima”: Corbatta, Maschio, Angelillo, Sívori e Cruz (Imagem: Futebol Portenho)

Na penúltima rodada, a Argentina teria a chance de ser campeã por antecipação se vencesse o Brasil. Os portenhos vinham de quatro vitórias (8 x 2 contra Colômbia, 3 x 0 no Equador, 4 x 0 no rival Uruguai e 6 x 2 no Chile). Por sua vez, os brasileiros tinham um jogo a mais, e haviam vencido quatro jogos (4 a 2 sobre o Chile, 7 a 1 no Equador, 9 a 0 na Colômbia – partida na qual Evaristo de Macedo marcou cinco gols, recorde de um jogador na Seleção Brasileira até hoje – e 1 a 0 contra o Peru) e perdido uma partida (3 a 2 para o Uruguai).

Para ter alguma chance se sonhar com o título, a Seleção Canarinho não podia sofrer gols e tinha que vencer por pelo menos dois, para igualarem a pontuação e passar à frente no critério de desempate, o goal average (divisão do número de gols marcados pelo número de gols sofridos).


Treinada pelo mito Guillermo Stábile, a seleção argentina jogava no esquema tático WM


O Brasil de Osvaldo Brandão também atuava no sistema WM, mas já ensaiava uma mudança para o 4-2-4 que se concretizou no ano seguinte com Vicente Feola

● Os primeiros minutos foram muito equilibrados. A Argentina teve a primeira chance em uma cobrança de falta de Schandlein, bem defendida por Gylmar. O Brasil apareceu assustando com Didi emendando uma falta de Joel. Sívori tentou por cobertura, mas Zózimo salvou. Evaristo se lesionou logo aos 10′ e foi substituído por Índio.

Aos poucos os albicelestes começaram a tomar conta do jogo e o placar foi aberto aos 23 minutos. Schandlein lançou do campo defensivo para Cruz na ponta esquerda. Ele cruzou rasteiro e Sívori chutou. A bola bateu em Djalma Santos e sobrou limpa para Angelillo mandar para o gol.

Maschio quase ampliou em seguida, mas Gylmar salvou “como um gato” e mandou para escanteio. Pepe teve a chance de empatar, mas Domínguez também fez grande defesa e espalmou para fora. Joel chegou a marcar aos 39′, mas o árbitro inglês Robert Turner anulou o tento por entender que houve falta do ponta direita. Sívori ainda perdeu uma boa chance ao isolar a bola.

No intervalo, o técnico Osvaldo Brandão trocou os goleiros: saiu Gylmar e entrou Castilho. Pouco depois do reinício, o mestre Zizinho (anulado por Néstor Rossi) foi sacado para dar lugar a Dino Sani.

A Argentina dominava. Os dez jogadores de linha atuavam no campo canarinho. O centroavante Angelillo chegou aumentar a vantagem, mas o gol foi anulado por impedimento. Ainda assim, quase o empate brasileiro aconteceu, em um sem-pulo de Índio que raspou a trave.

A cinco minutos do fim, o Brasil já estava todo bagunçado e não conseguia organizar um ataque sequer. E ficou ainda pior.

Aos 43′, Néstor Rossi passou por dois brasileiros, deixou com Angelillo, que passou para Maschio. O craque argentino encobriu Castilho para fazer o segundo gol de seu escrete.

Já nos acréscimos, Dino Sani perdeu a cabeça e empurrou Vairo. Na cobrança de falta, Maschio passou para Angelillo encher o pé. A bola foi na trave e sobrou para Cruz, que não perdoou e decretou o 3 a 0 e o título argentino por antecipação.

Na rodada final, a Argentina jogou sem interesse algum e perdeu para o Peru, dono da casa. Não mudava nada. A Argentina já havia se sagrado campeã do Campeonato Sul-Americano pela 11ª vez.


(Imagem: Los Andes)

FICHA TÉCNICA:

 

ARGENTINA 3 x 0 BRASIL

 

Data: 03/04/1957

Estádio: Nacional

Público: 55.000

Cidade: Lima (Peru)

Árbitro: Robert Turner (Inglaterra)

 

ARGENTINA (WM):

BRASIL (WM):

Rogelio Domínguez (G)

1  Gylmar (G)

Pedro Dellacha (C)

4  Djalma Santos

Ángel Schandlein

2  Édson

Cacho Giménez

3  Olavo

Néstor Rossi

5  Zózimo

Federico Vairo

6  Roberto Belangero

Oreste Omar Corbatta

7  Joel

Humberto Maschio

8  Zizinho (C)

Antonio Valentín Angelillo

9  Evaristo de Macedo

Omar Sívori

10 Didi

Osvaldo Héctor Cruz

11 Pepe

 

Técnico: Guillermo Stábile

Técnico: Osvaldo Brandão

 

SUPLENTES:

 

 

Antonio Roma (G)

Castilho (G)

David Iñigo

Édgar (G)

Federico Pizarro

Bellini

Jorge Benegas

Paulinho de Almeida

Juan Héctor Guidi

Nílton Santos

Oscar Mantegari

Oreco

Héctor De Bourgoing

Zito

José Sanfilippo

Dino Sani

Roberto Brookes

Cláudio Christovam de Pinho

Juan Castro

Garrincha

Miguel Juárez

Índio

 

GOLS:

23′ Antonio Valentín Angelillo (ARG)

87′ Humberto Maschio (ARG)

90′ Osvaldo Héctor Cruz (ARG)

 

SUBSTITUIÇÕES:

Gylmar (BRA) ↓

Castilho (BRA) ↑

 

Zizinho (BRA) ↓

Dino Sani (BRA) ↑

 

Evaristo de Macedo (BRA) ↓

Índio (BRA) ↑

Elenco da Seleção Brasileira no Sul-Americano de 1957. Em pé: Joel, Garrincha, Índio, Paulinho, Djalma Santos, Evaristo, Dino Sani, Pepe e Didi. Agachados: Zózimo, Belini, Castilho, Oreco, Edson e Olavo. (Imagem: Álbum dos Esportes)

5 pensou em “… 03/04/1957 – Argentina 3 x 0 Brasil

  1. Pingback: ... 04/04/1959 - Argentina 1 x 1 Brasil - Três Pontos

  2. Pingback: ... 30/05/1962 - Argentina 1 x 0 Bulgária - Três Pontos

  3. Pingback: ... 06/06/1978 - Argentina 2 x 1 França - Três Pontos

  4. neuberbs

    Obrigado Nivaldo!
    Continue conosco!
    Temos muitas recordações legais e inéditas para os próximo dias.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *