O Uruguai estreou empatando sem gols com a Inglaterra, dona da casa. Na segunda partida, venceu a França por 2 x 1. No terceiro jogo, o empate por 0 x 0 com o México valeu a classificação em segundo lugar do Grupo 1.
O Uruguai tinha em seu elenco vários personagens que teriam passagem pelo futebol brasileiro. O goleiro Ladislao Mazurkiewicz jogou no Atlético Mineiro entre 1971 e 1974. O lateral direito Pablo Forlán atuou pelo São Paulo F.C. entre 1970 e 1976. O atacante Héctor Silva passou pelo Palmeiras (1970-1971) e Portuguesa (1972-1973). O craque Pedro Rocha se tornou ídolo do São Paulo F.C., onde jogou entre 1970 e 1977, além de ter passagens por Palmeiras (1978), Coritiba (1979) e Bangu (1979). Após encerrar a carreira, Pedro Rocha treinou doze clubes brasileiros, sendo o Internacional o de maior expressão.
Além dos atletas, o técnico da Celeste Olímpica já tinha sua história marcada no futebol brasileiro. Entre as décadas de 1930 e 1960, Ondino Viera foi vitorioso treinando clubes como Fluminense, Vasco da Gama, Botafogo, Bangu, Palmeiras e Atlético Mineiro.
As duas seleções atuavam no sistema 4-2-4.
● Mais de 40 mil pessoas estiveram presentes no estádio Hillsborough, em Sheffield.
O Uruguai começou melhor e deu o primeiro susto logo aos 4′. Julio César Cortés aproveitou um rebote e chutou de longe, mas a bola explodiu no travessão. O goleiro Hans Tilkowski pegou o rebote. Mas Héctor Silva, que já tinha derrubado Willi Schulz no lance, passou pelo goleiro alemão e lhe deixou o joelho na cabeça – já mostrando um pouco do nervosismo charrua.
Dois minutos depois veio a primeira decisão controversa do juiz. Pedro Rocha cabeceou para o gol, a bola passou pelo goleiro Tilkowski e desviou na mão de Karl-Heinz Schnellinger. Era um lance em que comumente se apitava pênalti, mas o árbitro inglês Jim Finney deixou o lance seguir sem nada marcar.
Os uruguaios se convenceram que seria algo premeditado e começaram a perder a cabeça.
Para piorar, os alemães abriram o placar aos 11′. Sigfried Held chutou de fora da área. No meio do caminho, a bola desviou em Helmut Haller e enganou Ladislao Mazurkiewicz, entrando no canto direito.
No resto do primeiro tempo, o Uruguai bateu, a Alemanha revidou e o juiz não coibiu a violência.
Wolfgang Overath avançou sem marcação e chutou de esquerda, da entrada da área. A bola quicou e Mazurka segurou bem.
Héctor Salva chutou de fora da área e Tilkowski fez uma ponte para segurar. A bola ia no ângulo direito.
Wolfgang Weber avança e Cortés lhe dá um carrinho por trás. O árbitro inglês Jim Finney contemporizou e avisou ao uruguaio que seria a última.
De muito longe, Franz Beckenbauer bateu a falta de três dedos. A bola ia no ângulo, mas Mazurkiewicz espalmou para escanteio.
Ao invés de esfriar os ânimos, os uruguaios voltaram mais acesos.
Aos quatro minutos da etapa final, o capitão charrua Horacio Troche foi expulso por dar um pontapé sem bola em Lothar Emmerich. Quando estava saindo de campo, Troche passou por Uwe Seeler e lhe deu um tapa no rosto.
Os uruguaios perderam de vez a cabeça cinco minutos depois. Silva foi expulso por atingir Haller. Na saída do atacante celeste, houve até certo desentendimento entre alguns uruguaios e os policiais britânicos.
Com nove homens em campo, o Uruguai só conseguiu resistir por mais quinze minutos.
Com dois homens a mais, a Alemanha foi cada vez mais soberana. Haller avançou sozinho da direita e cruzou para o meio da área. Uwe Seeler não dominou bem, perdeu o tempo de bola e não conseguiu finalizar. Seeler foi muito bem marcado durante a partida.
Aos 25′, Beckenbauer recebeu de Uwe Seeler na área, passou fácil pela marcação, driblou o goleiro e tocou para o gol vazio. Alemanha: 2 a 0.
Aos 30′, Emmerich avançou pela esquerda, tocou para Held, que virou o jogo para Uwe Seeler. Sem marcação, o capitão alemão dominou, avançou e bateu da entrada da área, no ângulo esquerdo de Mazurkiewcz. Alemanha: 3 a 0.
O placar foi fechado aos 38′. Dentro da área, Haller passou por um adversário e tocou rasteiro de pé esquerdo na saída do goleiro. A bola morreu no canto direito. Final: Alemanha 4, Uruguai 0.
● Na saída de campo, Cortés deu um pontapé no árbitro – o que resultaria em uma suspensão por seis jogos internacionais.
As duas seleções saíram de campo reclamando da arbitragem. O técnico alemão Helmut Schön disse que o juiz acertou nas suas decisões, mas demorou demais para expulsar os “violentos jogadores uruguaios”. Ondino Viera foi mais equilibrado, dizendo que “as arbitragens foram, no mínimo, defeituosas”. Mas seguiu dizendo que o árbitro deu um presente para os alemães: “A exibição do filme do jogo dará razão aos uruguaios sobre o penal não apitado no início do encontro”.
Diego Lucero, decano jornalista da Argentina, resumiu a situação pela ótica dos não-europeus: “Se um sul-americano se classificasse para as semifinais, seríamos todos mortos”.
Três pontos sobre… … 20/07/1966 – União Soviética 2 x 1 Chile
(Imagem: Getty Images / PA Images)
● O Chile se classificou para a Copa do Mundo de 1966 através do Grupo 12 das eliminatórias. Teoricamente seria uma chave fácil, com os fragilizados Colômbia e Equador.
Os colombianos até haviam disputado o Mundial anterior, mas houve uma cisão no futebol do país na época. Os clubes mais fortes e ricos formaram uma liga à parte, considerada “pirata”, pois não era filiada à federação nacional e tampouco à FIFA. Por isso, apenas um jogador da liga pirata atuou pela seleção – o atacante Antonio Rada.
Algo semelhante aconteceu com o Equador: houve um conflito entre as ligas de Guayaquil e Quito, com os times da capital se recusando a fornecer jogadores para a seleção equatoriana.
A seleção chilena era forte e contava com nove jogadores que tinham alcançado o 3º lugar na Copa de 1962: o goleiro Adán Godoy, os defensores Luis Eyzaguirre e Humberto Cruz, o meia Alberto Fouillioux e os atacantes Jaime Ramírez, Armando Tobar, Carlos Campos, Honorino Landa e Leonel Sánchez.
E o Chile começou bem, goleando a Colômbia por 7 x 2 em casa. Depois, perdeu fora para os mesmos colombianos por 2 x 0 (dois gols de Rada). Os dois jogos contra o Equador resultaram em um empate fora (2 x 2) e uma vitória em casa (3 x 1).
Com chilenos e equatorianos empatados em número de pontos, a vaga foi decidida em uma partida desempate, em Lima, no Peru. Leonel Sánchez e Rubén Marcos marcaram para o Chile e Romulo Gómez descontou para o Equador. Com esse resultado, o Chile estava de volta à disputa de uma Copa do Mundo.
(Imagem: Alamy)
● Por sua vez, a União Soviética conseguiu a sua vaga facilmente no Grupo 7 do qualificatório. Em seis partidas, foram cinco vitórias (3 x 1 e 4 x 1 na Grécia; 6 x 0 e 3 x 1 na Dinamarca; e 2 x 1 sobre o País de Gales) e apenas uma derrota (1 x 2 para os galeses, em Cardiff).
O lendário treinador Gavriil Kachalin, campeão olímpico em 1956 e europeu em 1960, deu lugar a Nikolai Petrovich Morozov, do Torpedo Moscou. Ele deixou de lado o famoso “futebol científico” – liderado pelo meia Igor Netto e pelo atacante Valentin Ivanov – e simplificou o estilo de jogo. E fez testes, utilizando 24 jogadores diferentes nos seis jogos das eliminatórias.
Mas a base do time ainda era a mesma, com o histórico goleiro Lev Yashin, os defensores Albert Shesternyov e Leonīds Ostrovskis, os meias Valery Voronin, Viktor Serebryanikov e Yozhef Sabo, além dos atacantes Slava Metreveli, Igor Chislenko e Galimzyan Khusainov.
As duas seleções jogavam no sistema 4-2-4.
● Nas duas primeiras rodadas da Copa, pelo Grupo 4, o Chile perdeu para a Itália por 2 x 0 e empatou com a Coreia do Norte por 1 x 1. Na defesa da seleção chilena já se destacava um garoto de 19 anos que viria a fazer história no futebol: Elías Figueroa.
Por sua vez, a URSS já estava classificada com quatro pontos, com vitórias por 3 x 0 sobre a Coreia do Norte e 1 x 0 em cima da Itália.
No dia anterior, a Coreia do Norte tinha vencido a Itália por 2 x 1, em uma das maiores zebras da história das Copas. Os chilenos tinham 01 ponto, contra 03 dos norte-coreanos. Com esse resultado, bastava uma vitória de 1 x 0 sobre a URSS para o Chile se classificar pelo critério do goal average. Isso já havia acontecido nas quartas de final do Mundial anterior (vitória chilena por 2 x 1).
O técnico soviético até deu uma certa ajuda para que isso acontecesse, escalando um time bem alternativo, poupando vários titulares. Mas o time reserva da URSS tinha bons jogadores, que queriam provar que poderiam seguir no time principal e jogaram como se fosse uma decisão.
O Chile pressionou o jogo inteiro. Mas foi a URSS que abriu o placar aos 28′ em um contra-ataque. Valery Voronin chutou, a bola bateu no peito de Aldo Valentini e sobrou para Valeriy Porkujan mandar no ângulo esquerdo do goleiro Juan Olivares.
O Chile empatou quatro minutos depois. O capitão Leonel Sánchez bateu falta, Anzor Kavazashvili deu rebote e Valentini cabeceou na trave. A bola voltou e Guillermo Yávar chutou. Rubén Marcos apareceu na pequena área, se antecipou ao goleiro e mandou para o gol.
Os sul-americanos continuavam em busca do gol que lhes dariam a classificação. Chegaram a ter um gol anulado pelo árbitro norte-irlandês John Adair, em lance que Honorino Landa fez falta no goleiro antes de marcar de cabeça.
O golpe final veio a cinco minutos do fim. Kavazashvili despachou a bola para a frente. Ela quicou, enganou a defesa e chegou até Porkujan, que tocou por cobertura e fechou o placar em 2 x 1 a favor dos soviéticos.
(Imagem: Alamy)
● Com esse resultado, o Chile estava eliminado na primeira fase. A Coreia do Norte ficou com a outra vaga do grupo.
Três pontos sobre… … 19/07/1930 – Chile 1 x 0 França
(Imagem: commons.wikimedia.org)
● A primeira Copa do Mundo foi realizada no Uruguai. Eram dois os principais motivos das ausências das principais seleções da Europa. Um deles foi a distância e as dificuldades para atravessar o Atlântico. O outro era a grave crise econômica que ainda afetava toda a Europa. Por isso, apenas dois dos sete países fundadores da FIFA participaram do Mundial: França e Bélgica.
O Chile tinha certa experiência internacional por ter participado das primeiras edições da Copa América. As maiores esperanças eram os meias-atacantes Guillermo Subiabre e Carlos Vidal.
O forte da França era a defesa, com destaque para o goleiro Alexis Thépot e o zagueiro Étienne Mattler. O desfalque era o atacante Manuel Anatol – um basco/espanhol naturalizado francês, que jogou por Athletic Bilbao, Atlético de Madrid, Real Madrid e, na época, atuava no Racing Paris.
Na primeira rodada, o Chile havia vencido o México por 3 x 0. Em seu segundo jogo, precisava vencer a França para ter esperanças de passar para a fase seguinte.
Nos anos 1930, todas as equipes atuavam no ofensivo sistema “clássico” ou “pirâmide”, o 2-3-5.
● Oficialmente o público foi de 2.000 pessoas, mas a quantidade real de expectadores foi muito maior. Não foi pelo prestígio de Chile ou França, mas porque eles fizeram a preliminar da partida entre Argentina x México. Os portenhos atravessaram em massa o Rio da Prata e invadiram Montevidéu para prestigiar sua seleção.
A França era favorita, mas não conseguiu provar isso em campo.
O primeiro pênalti da história das Copas foi anotado pelo árbitro uruguaio Anibal Tejada, aos 35 minutos do primeiro tempo. E esse também foi o primeiro pênalti perdido. O chileno Carlos “Zorro” Vidal bateu para fora.
Aos 19′ da segunda etapa, o capitão Carlos Schneeberger tocou para Vidal, que chutou de esquerda, de fora da área. O goleiro Thépot espalmou e Subiabre marcou de cabeça o gol que eliminou a França e colocou o Chile de vez na briga pela vaga nas semifinais.
O capitão francês no Mundial foi Alexandre Villaplane. O talentoso centromédio disputou as três partidas de sua seleção. Mas ele teria um fim trágico. Durante a Segunda Guerra Mundial, ele cooperou com o nazismo, sendo um dos líderes da Brigada do Norte Africano – uma organização criminosa composta por imigrantes do norte da África (Villaplane era nascido em Argel), que colaborou com os nazistas através de atividades de anti-resistência. Ele foi condenado a morte em 01/12/1944 por participação direta em pelo menos dez assassinatos. Foi fuzilado 26 dias depois.
Três pontos sobre… … 16/07/1950 – Suécia 3 x 1 Espanha
Suécia no Mundial de 1950 (Imagem: Wikipédia)
● A Copa do Mundo de 1950 foi a única que não teve uma final. O Mundial disputado no Brasil teve uma primeira fase com quatro grupos, com o vencedor de cada chave se classificando para um quadrangular final. Esse regulamento foi mantido apenas nessa edição, com o objetivo de ter mais jogos e maior lucro – em um torneio esvaziado devido ao pós-guerra.
E para a fase final, se classificaram duas seleções europeias e duas sul-americanas: Brasil (Grupo 1), Espanha (Grupo 2), Suécia (Grupo 3) e Uruguai (Grupo 4) disputariam o título jogando entre si, todos contra todos em um único turno.
A Espanha chegou forte. Os maiores destaques eram o zagueiro José Parra, o ponta direita Estanislau Basora e o centroavante Telmo Zarra. O ponto fraco eram os goleiros: nenhum entre Antoni Ramallets, Ignacio Eizaguirre e Juan Acuña inspirava confiança.
A Fúria convenceu ao vencer os três jogos pelo Grupo 2 da primeira fase. Bateu os Estados Unidos por 3 a 1, o Chile por 2 a 0 e a poderosa Inglaterra por 1 x 0 – no primeiro Mundial que o English Team aceitou disputar.
● A seleção sueca não era uma equipe qualquer e merecia todo o respeito. Tinha um bom time, que havia conquistado a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Londres, em 1948. O mesmo time base ainda ganharia a medalha de bronze nas Olimpíadas de Helsinque, em 1952.
Com 34 anos, o zagueiro sueco Erik Nilsson era o capitão de sua equipe. Ele havia disputado o Mundial de 1938. Apenas Nilsson e o suíço Alfred Bickel disputaram uma edição de Copa antes e outra depois da Segunda Guerra Mundial.
Além de Nilsson, os principais destaques individuais eram o goleiro Kalle Svensson, o centromédio Knut Nordahl, o ponta esquerda Lennart Skoglund e o centroavante Hasse Jeppson. Curiosamente, Svensson e Skoglund estariam presentes também na Copa de 1958, quando a Suécia perdeu a final em casa para o Brasil de Pelé por 5 x 2.
Para o Mundial de 1950, o técnico inglês George Raynor precisou montar o elenco sueco apenas com jogadores que atuavam no país e não pôde convocar seus principais destaques. O trio “Gre-No-Li”, formado pelos atacantes Gunnar Gren, Gunnar Nordahl e Nils Liedholm brilhava no Milan e não foi liberado pelos italianos para viajarem ao Brasil. Outros jogadores profissionais suecos impedidos de disputarem o Mundial foram: o zagueiro Kjell Rosén, os meias Bertil Nordahl, Åke Hjalmarsson, Ivar Eidefjäll, Pär Bengtsson e os atacantes Dan Ekner, Gunnar Andersson e Henry Carlsson. Certamente a Suécia teria um time ainda mais forte se pudesse ter contado com todos os seus melhores jogadores.
Pelo Grupo 3 da Copa, a Suécia venceu a Itália de virada por 3 x 2, naquela que foi a primeira derrota dos italianos na história das Copas. A classificação sueca foi garantida com o empate por 2 x 2 contra o Paraguai. A chave tinha três seleções, já que a Índia havia desistido de disputar a competição em protesto contra uma decisão da FIFA que proibia jogar descalço, como era comum no país.
● No dia 16 de julho aconteceu a última rodada da fase final da Copa do Mundo de 1950. As duas partidas ocorreram simultaneamente.
Suécia e Espanha disputaram o 3º lugar no estádio Pacaembu para apenas 11.227 pessoas – em sua maioria, membros da colônia espanhola em São Paulo. Os paulistanos preferiam ficar em casa e acompanhar pelo rádio a transmissão de Brasil x Uruguai. Enquanto isso, enquanto o Maracanã tinha mais gente do que cabia (algumas fontes indicam mais de 200 mil expectadores).
Os espanhóis eram considerados amplamente favoritos e só precisavam de um empate para ficar com o bronze.
A Fúria deu o pontapé inicial e teve a primeira chance.
José Juncosa escapou pela ponta esquerda, mas foi travado em uma dividida com o goleiro Kalle Svensson e o zagueiro Lennart Samuelsson, que vinha por trás.
Com mais calma e entusiasmo, logo a Suécia passou a ter o domínio de jogo. Os suecos já haviam absorvido a goleada sofrida para os brasileiros (7 x 1) e os espanhóis ainda estavam remoendo a sua difícil derrota (6 x 1).
Aos 15′, Ingvar Gärd conduziu pelo meio, livre de marcação, e tocou para Karl-Erik Palmér. Ele dominou e bateu de fora da área. O goleiro Ignacio Eizaguirre espalmou mal e Stig Sundqvist finalizou no canto direito. Suécia 1 a 0.
Nervosos, os jovens defensores espanhóis ficaram discutindo entre si e ninguém foi tirar a bola do fundo do gol. Todos esperavam a nova saída, mas o bate-boca não cessava. O árbitro holandês Karel van der Meer precisou ir até a área, acalmar os ânimos, pegar a bola no fundo da rede e levá-la para o centro do campo.
A Espanha tentou reagir, mas sofreu o segundo gol no contra-ataque aos 33 minutos. Sundqvist cruzou da direita e Bror Mellberg apareceu na segunda trave para escorar para o gol.
Os suecos quase marcaram o terceiro. Palmér mandou um voleio do bico direito da área e a bola bateu no travessão. No rebote, Eizaguirre saiu nos pés de Rydell para impedir a finalização.
Depois do intervalo, os espanhóis passaram a agredir mais a defesa sueca, que precisou se fechar.
Juncosa cruzou da esquerda e Svensson tirou de soco.
Rosendo Hernández foi travado na hora do chute pelo capitão Erik Nilsson. Na sobra, Estanislau Basora cruzou para a área, mas Samuelsson cabeceou para escanteio.
Mas, a dez minutos do fim, foi o time nórdico quem fez o terceiro e esfriou as esperanças dos ibéricos. Em outro contragolpe, Gunnar Johansson cruzou da direita e Palmér chegou batendo de esquerda, da marca do pênalti.
Dois minutos depois, Telmo Zarra diminuiu para a Fúria, em um cruzamento da esquerda de Juncosa.
(Imagem: Pinterest)
● Mesmo perdendo, essa foi a melhor classificação final da seleção espanhola em Copas do Mundo até o título de 2010.
Para a Suécia, a terceira colocação estava muito além das expectativas iniciais.
Contudo, o sucesso nos gramados brasileiros teve um efeito devastador para a Suécia: 10 dos 11 titulares foram imediatamente contratados por clubes italianos – em efeito semelhante ao que já havia acontecido dois anos antes, quando venceram as Olimpíadas.
E o primeiro craque quase ficou pelo Brasil. No dia 06/07, o São Paulo F.C. fez uma proposta de 170 mil cruzeiros (cerca de 10 mil dólares na época) pelo ponta esquerda Lennart Skoglund. do AIK de Gotemburgo. O negócio não deu certo, pois o valor foi considerado baixo por um dirigente do clube, que acompanhava a delegação do país. Menos de um mês depois, Skoglund foi contratado pela Inter de Milão por um valor cinco vezes maior.
Três pontos sobre… … 15/07/1966 – Hungria 3 x 1 Brasil
(Imagem: Pinterest)
● Como já contamos aqui, a preparação da Seleção Brasileira para a Copa do Mundo de 1966 foi uma bagunça homérica, com 47 jogadores convocados. Após várias bizarrices, o escrete canarinho acabou se tornou uma mescla mal feita entre alguns craques bicampeões nas duas Copas anteriores, com Gylmar, Djalma Santos, Bellini, Orlando, Zito, Garrincha e Pelé, além de jogadores que viriam a encantar o mundo em 1970, como Brito, Gérson, Tostão e Jairzinho. Várias unanimidades ficaram fora da lista final, como Carlos Alberto Torres, Djalma Dias, Roberto Dias, Servílio e outros.
Em termos de qualidade, a Hungria não ficava atrás. No qualificatório europeu, terminou com três vitórias e um empate, deixando para trás a Alemanha Oriental e a Áustria. Com esse mesmo time base, havia conquistado a medalha de bronze nas Olimpíadas de Roma, em 1960. Depois, terminou em 3º lugar na Eurocopa de 1964 e ficou com a medalha de ouro dos Jogos Olímpicos de Tóquio, também em 1964. Os maiores destaques eram o defensor Kálmán Mészöly, o ponta direita Ferenc Bene e o atacante Flórián Albert, que seria eleito o Bola de Ouro de 1967.
A Hungria perdeu para Portugal por 2 x 1 na primeira partida.
O Brasil começou bem, vencendo uma frágil Bulgária por 2 a 0, na última partida de Pelé e Garrincha juntos pela Seleção. Eles nunca perderam atuando juntos. Foram 40 partidas, com 36 vitórias e quatro empates. Curiosamente os dois gols contra os búlgaros foram em cobranças de falta diretas, um anotado pelo Rei e outro por Mané.
Ambas as equipes jogavam no sistema tático 4-2-4.
● Pelé havia levado tanta pancada no jogo contra a Bulgária, que não teve condições físicas de enfrentar a Hungria. Ele foi substituído por Tostão. No meio, saiu Denílson e entrou Gérson, com Lima recuado para a marcação.
Mesmo sem o Rei, o Brasil começou no ataque e dei um susto no goleiro húngaro logo no pontapé inicial. Tostão e Alcindo Bugre deram a saída de bola e rolaram para Gérson mais atrás. Ele passou para Tostão, que abriu na esquerda para Paulo Henrique, que deu um passe vertical para Jairzinho. O craque arrancou na diagonal da esquerda para o meio, deixou Benő Káposzta no chão e avançou até parar na marcação de Ferenc Sipos. Gérson pegou a sobra, atrasou para Lima, que abriu na direita para Djalma Santos. Ele avançou e devolveu para Lima na intermediária ofensiva. O coringa do Santos dominou e bateu com veneno de muito longe. A bola ia no ângulo, mas o goleiro József Gelei voou para espalmar para escanteio.
Mas na sequência retrucou. János Farkas chutou de longe e Gylmar voou no canto esquerdo baixo para mandar a bola para a linha de fundo.
O início do jogo estava muito acelerado. Ainda no segundo minuto, Ferenc Bene invadiu a área pelo lado direito, deixou Altair sentado, cortou a marcação de Bellini e bateu de perna esquerda no contrapé de Gylmar. Hungria, 1 a 0.
Mas o Brasil empatou aos 14′. Paulo Henrique fez o lançamento e Gyula Rákosi cortou com a mão. Falta da intermediária. Lima bateu forte e rasteira, a bola desviou em Sándor Mátrai e sobrou para Tostão na marca do pênalti. De primeira, o craque do Cruzeiro mandou no ângulo esquerdo. 1 a 1.
O escrete canarinho quase conseguiu a virada. Tostão cruzou da ponta esquerda, a bola passou pelo goleiro Gelei e bateu em Alcindo – que não conseguiu finalizar direito. A bola estava entrando no gol, mas o capitão Sipos tirou em cima da linha e impediu o gol certo.
Não era mesmo o dia de Alcindo. Ainda aos 20′ do primeiro tempo, ele torceu o tornozelo sozinho e se lesionou, perdendo a mobilidade e ficando estático em campo.
No segundo tempo, Flórián Albert abriu na direita e Bene fez o cruzamento para a área. A bola desviou na marcação e sobrou para Farkas. Dentro da área, ele bateu de primeira. A bola saiu à esquerda, mas assustou muito o goleiro Gylmar.
O Brasil escapou de Farkas uma vez, mas não escaparia da segunda. Aos 19′, Bene cruzou para a marca do pênalti e János Farkas emendou de primeira, sem deixar cair. A bola foi no canto esquerdo, sem chances para o goleiro brasileiro. Hungria, 2 a 1.
O gol animou os magiares e desorientou os brasileiros. A Hungria se aproveitou da situação para ampliar.
Aos 28′, Albert arrancou desde a sua intermediária, passou entre Gérson e Lima e abriu na direita para Bene. No bico da grande área, ele deixou Altair no chão e foi derrubado por Paulo Henrique. Kálmán Mészöly bateu o pênalti forte e rasteiro, no canto direito de Gylmar, que nem pulou. Hungria, 3 a 1.
(Imagem: MTI / LVB)
Aos 33′, Albert avançou a bola desde a intermediária até quase a pequena área. Farkas surgiu de trás, pela esquerda, e bateu de pé esquerdo, colocando a bola no ângulo do Gylmar. A defesa brasileira não reclamou, mas o bandeirinha peruano Arturo Yamasaki apontou o impedimento de Bene, fora do lance.
O Brasil tentou correr atrás do prejuízo. Garrincha cobrou falta da direita e Alcindo bateu de primeira, mas a bola foi em cima do goleiro húngaro, que espalmou para escanteio.
Pouco depois, Paulo Henrique cruzou para a área e Gelei mergulhou para segurar.
Mas a Hungria continuava assustando nos contra-ataques. Bene viu a infiltração de Albert e fez o passe. Ele passou fácil pelo lento Bellini. Gylmar saiu mal do gol. Albert finalizou, mas a bola bateu no pé da trave e foi para fora.
Ao contrário do futebol defensivo visto na Copa até então, Brasil e Hungria jogaram para frente o tempo todo. No total, foram 56 ataques dos dois times.
A desilusão dos brasileiros foi enorme quando o árbitro inglês Ken Dagnall apitou o fim do jogo. O Brasil perdeu a sua primeira partida em uma Copa do Mundo desde 1954, quando havia sido derrotado pela mesma Hungria na famigerada “Batalha de Berna“. Curiosamente, Djalma Santos participou dessas duas partidas contra os magiares.
Ao todo, foram doze anos e treze jogos de invencibilidade em Copas. Foi o início do fim da ex-imbatível Seleção Brasileira.
Foi também o último dos 58 jogos de Garrincha pela Seleção Brasileira e ele só perdeu um: exatamente esse.
(Imagem: Magyarfutball.hu)
● A derrota não estava nos planos da delegação brasileira. O clima entre os jogadores e comissão técnica já era ruim, mas piorou ainda mais. A falta de união e o despreparo psicológico fizeram a situação ficar insustentável.
Para a última rodada, contra Portugal, o técnico Vicente Feola trocou quase todo o time e trouxe de volta Pelé, que estava em péssimas condições físicas. A marcação portuguesa caçou o Rei em campo e o deixou definitivamente fora de combate. Eusébio liderou a seleção lusitana que venceu o Brasil por 3 x 1. Vergonhosamente, a Seleção Brasileira, bicampeã nos dois Mundiais anteriores, estava eliminada na primeira fase da Copa do Mundo de 1966.
A Hungria encerrou sua participação com o segundo lugar do Grupo 3, após vencer a Bulgária por 3 x 1. Nas quartas de final, a Hungria foi eliminada ao perder para a União Soviética por 2 x 1.
Três pontos sobre… … 13/07/1994 – Brasil 1 x 0 Suécia
(Imagem: Trivela)
● Na primeira fase da Copa do Mundo de 1994, o Brasil foi líder do Grupo B com sete pontos: derrotou a Rússia por 2 a 0 e venceu Camarões por 3 a 0. Já classificado para as oitavas de final, empatou em 1 x 1 com a Suécia. Nas oitavas, enfrentou o anfitrião Estados Unidos justamente no dia da independência americana. Com um homem a menos (Leonardo foi expulso), foi um jogo duríssimo, mas a Seleção venceu com um gol de Bebeto. Nas quartas de final, o melhor jogo da Copa: vitória sobre a Holanda por 3 a 2. Nas semifinais, um reencontro foi marcado com os suecos.
No mesmo Grupo, a Suécia se classificou em segundo lugar com cinco pontos. Empatou com Camarões na estreia por 2 a 2. Depois, venceu a Rússia por 3 a 1. Segurou o Brasil e empatou por 1 a 1. Nas oitavas de final, bateu a surpreendente Arábia Saudita por 3 a 1. Nas quartas de final, fez um jogo proibido para cardíacos, com muito equilíbrio, contra a Romênia, empatando por 1 a 1 no tempo normal, outro 1 a 1 na prorrogação, e vencendo por 5 a 4 nas penalidades máximas.
Chegando às semifinais, a Suécia já havia apagado o fisco do Mundial de 1990, quando caiu na primeira fase perdendo as três partidas (Brasil, Escócia e Costa Rica).
O técnico brasileiro Carlos Alberto Parreira manteve o mesmo time que venceu a Holanda, com Branco na lateral esquerda e pregou respeito ao adversário, alertando que os nórdicos haviam evoluído durante o torneio: “Não vai ser fácil entrar na defesa deles. A Suécia está marcando cada vez melhor, com grupos de quatro jogadores incansáveis”.
Na teoria, o Brasil jogava no sistema 4-4-2, com dois volantes e dois meias. Mas essa partida foi diferente na prática. Mauro Silva começou jogando mais recuado, quase na mesma linha dos zagueiros. Com isso, Jorginho e Branco foram liberados para apoiar. Quando o time tinha a bola, o esquema era 3-5-2, com superioridade numérica no meio de campo.
A Suécia atuava no sistema 4-4-2 clássico. Brolin jogava aberto da direita e atacava mais, enquanto Ingesson ficava aberto pela esquerda e fazia mais o papel da recomposição.
● Brasil e Suécia voltaram a se enfrentar 15 depois do empate na última rodada da primeira fase. Mas, dessa vez, a tensão era muito maior. Eram as duas únicas equipes invictas na Copa.
As duas equipes entraram no estádio Rose Bowl, em Pasadena, com seus uniformes reservas, já que ambas as seleções usavam camisas amarelas no fardamento principal. Pela primeira vez, a Seleção Brasileira jogou toda de azul, com camisa e meia sendo do uniforme reserva e o calção do uniforme principal – uma combinação estranha de tons de azul. A Suécia jogou toda de branco, com pequenos detalhes em azul e amarelo – cores da bandeira do país.
O jogo todo foi de total pressão brasileira, com os suecos se defendendo com sorte e competência.
A primeira chance foi de Branco, em uma de suas típicas cobranças de falta da intermediária. Patrik Andersson derrubou Bebeto. Branco cobrou a falta ao seu estilo, mas a bola perdeu força e Thomas Ravelli fez a defesa em dois tempos.
A Suécia respondeu com Håkan Mild, que levou a bola pelo meio e arriscou de longe. Taffarel defendeu bem. A Suécia, que até então era quem mais finalizava na Copa, deu apenas esse chute ao gol.
Diferentemente das outras partidas, Zinho parecia mais seguro e entrou ligado no jogo, arriscando nos passes em profundidade e se apresentando para as tabelas. Talvez tenha sido a melhor partida do meia com a camisa da Seleção Brasileira. Aos 13′, o camisa 9 fez boa jogada pela esquerda e passou para Romário pelo meio. Ele fez o passe vertical para Bebeto, que tocou para a infiltração do próprio Zinho pela esquerda da área. Mas, na hora de “tirar o 10”, o meia palmeirense não conseguiu virar o pé e chutou para fora.
Tomas Brolin tocou para Martin Dahlin na esquerda. Ele cortou Aldair e cruzou para a área, mas Brolin não conseguiu alcançar. Os dois – Brolin e Dahlin – estavam jogando em más condições físicas, sentindo dores.
(Imagem: Getty Images / Mark Leech / Offside)
O Brasil dominava amplamente a partida. Aos 25′, Branco tocou para o meio e Zinho fez o corta luz para Romário. O genial “Baixinho” se livrou do carrinho de Brolin, passou entre Joachim Björklund e Roger Ljung, driblou Ravelli e finalizou fraco. Patrik Andersson tirou em cima da linha. Mazinho pegou o rebote e, mesmo sem goleiro, chutou para fora de forma bisonha. Um gol que não se pode perder. Não era força, era jeito. Desolado, Mazinho foi se abraçar à trave.
Aos 32′, Dunga fez um lançamento ao seu estilo para Bebeto. Da esquerda, ele tocou de primeira para Romário, que perdeu o tempo e se embaraçou na bola antes de chutar em cima de Ravelli.
O time azul seguia no ataque. Romário arrancou e tentou o passe para Bebeto. A zaga sueca cortou e Zinho chutou firme, mas Ravelli espalmou por cima do gol.
Os suecos não conseguiam atacar. No segundo tempo, o panorama não mudou.
No intervalo, Parreira trocou o inoperante Mazinho pelo aceso Raí, tornando o time mais ofensivo e subindo a média de altura do time. Foram os melhores 45 minutos de Raí com a camisa da Seleção Brasileira. E o camisa 10 foi o autor da primeira finalização da etapa final, quando bateu desequilibrado e Ravelli pegou.
Aos 17′, em um lance fortuito no meio de campo, o capitão sueco Jonas Thern errou o tempo de bola, foi por cima e acertou Dunga. O árbitro colombiano José Torres Cadena mostrou o cartão vermelho para o sueco. Thern não foi tão terno, mas Dunga enfeitou um bocado na queda. Expulsão contestável, mas justa.
(Imagem: Alamy)
Para recompor suas linhas, o técnico sueco trocou o baleado Dahlin pelo volante Stefan Rehn, deixando somente Kennet Andersson no comando de ataque. Se formou um 4-4-1.
Sem ter a quem marcar, Mauro Silva se soltou e passou a se apresentar mais à frente. Raí também se soltou e passou a ser presença constante na área rival, quase como um terceiro atacante.
A imponência brasileira era tão grande que até os zagueiros Aldair e Márcio Santos passaram a frequentar a intermediária ofensiva.
Jorginho tocou para Bebeto. Pelo meio, ele escorou para Romário, que cortou o marcador e chutou da entrada da área. Ravelli espalmou para frente e Zinho não conseguiu pegar o rebote.
Ao ir pegar a bola que havia saído, Thomas Ravelli olhou para a câmera, estatalou os olhos e abriu um sorriso forçado, como um palhaço. Foi uma cena clássica e inesquecível da história das Copas.
Mauro Silva chutou de longe, mas a bola fez a curva contrária e saiu à esquerda de Ravelli.
O Brasil só quebrou a resistência nórdica aos 35′. Bebeto abriu com Jorginho na direita. Ele dominou, levantou a cabeça e cruzou com perfeição. Bem posicionado e livre no meio da área, Romário (1,68 m) apareceu entre os zagueiros Patrik Andersson (1,83 m) e Roland Nilsson (1,79 m), nem precisou subir muito e cabeceou para baixo. A bola tocou no chão e entrou no canto esquerdo de Ravelli, sem chance para o goleiro. O baixinho comemorou ao seu estilo, abrindo os braços.
Nos minutos finais, o Brasil ainda teve chance de aumentar. Raí tocou para Bebeto no meio. Ele teve tempo de ajeitar, girar e bater colocado. A bola triscou no travessão e saiu.
Em um tiro de meta cobrado por Ravelli, Dunga cabeceou para cima, Raí ganhou no alto escorando para Romário, que bateu de esquerda, mas a bola saiu à direita do goleiro sueco.
Fim de jogo! Brasil e Itália se reencontrariam na final mais uma vez, 24 anos depois. Quem vencesse se tornaria o primeiro tetracampeão mundial.
(Imagem: Alambrado)
● O dirigente sueco Lennart Johansson, ex-presidente da UEFA, fez uma reclamação pertinente 14 anos depois. Ele considerava estranha a escalação de um árbitro sul-americano para dirigir o confronto entre Brasil e Suécia. Segundo ele, o fato teria sido armação do então presidente da FIFA, o brasileiro João Havelange. A principal queixa do cartola sueco foi a expulsão de Jonas Thern: “Mereceria, sim, cartão amarelo, jamais vermelho”. O lance foi mesmo determinante para o resultado final. Houve na época quem considerasse que a expulsão foi rigorosa (e foi mesmo). Mas ninguém questiona o fato de o Brasil ter jogado melhor e ter merecido a vitória.
“Não seria exagero dizer que poderíamos ter vencido por goleada. O resultado justo seria 5 x 0. O goleiro deles pegou pra cacete. Se fossem três, quatro ou cinco, seria normal.” ― Ricardo Rocha
Na decisão do 3º lugar, a Sécia goleou uma desmotivada Bulgária por 4 x 0, com gols de Tomas Brolin, Håkan Mild, Henrik Larsson e Kennet Andersson.
Três pontos sobre… … 12/07/1966 – Alemanha Ocidental 5 x 0 Suíça
● O lendário técnico alemão Sepp Herberger se aposentou depois da Copa do Mundo de 1962, passando o comando para Helmut Schön – que era seu auxiliar nos oito anos anteriores.
A Alemanha não começou tão bem no Grupo 2 das eliminatórias europeias, empatando em casa com a Suécia (1 x 1) – em uma chave que também tinha o modestíssimo Chipre. Mas foi buscar o placar no campo do adversário e venceu os suecos por 2 x 1 em Estocolmo. Nesse jogo, Schön escalou pela primeira vez um jovem volante de 19 anos do Bayern de Munique chamado Franz Beckenbauer. No processo de renovação, o técnico também tinha apontado em outro talentoso meia do FC Köln: Wolfgang Overath. A partir de então, Beckenbauer e Overath passaram a formar uma sólida dupla de meio campo – uma das melhores, senão melhor, já produzida no país.
Pelo Grupo 5 do qualificatório europeu, as prévias diziam que a decisão ficaria entre Suíça e Irlanda do Norte, do genial George Best, de 19 anos, estrela do Manchester United. Os demais concorrentes não assustavam: a Holanda ainda tinha um futebol semiprofissional e a Albânia era um país linha dura, que parou no tempo durante a ditadura socialista de Enver Hoxha (1944-1991) – cuja seleção possuía um sistema defensivo forte e tomava poucos gols. A Suíça venceu quatro jogos (duas vezes a Albânia, Irlanda do Norte em casa e Holanda em casa), empatou um (0 x 0 com a Holanda) e uma derrota (2 x 1 para a Irlanda do Norte, em Belfast, na estreia). Os norte-irlandeses tinham campanha parecida e precisavam vencer a Albânia em Tirana para forçar um jogo desempate com a Suíça. Mas ficaram no empate por 1 x 1, dando a classificação aos helvéticos.
A Alemanha Ocidental jogou no esquema 4-2-4.
A Suíça atuou no sistema 4-3-3.
● O técnico da Suíça, o ex-zagueiro italiano Alfredo Foni, campeão do mundo em 1938, tinha problemas para escalar o time para o primeiro jogo. O goleiro Léo Eichmann, o zagueiro Werner Leimgruber e o meio-campista Köbi Kuhn foram punidos por indisciplina e não jogaram.
Sem eles, o treinador recuou um dos meia atacantes e armou a Suíça no sistema 4-3-3, sistema considerado defensivo demais para a época, que pouco era utilizado.
Mas a nova versão do antigo “ferrolho suíço” não funcionou.
A Alemanha tinha uma defesa sólida, um meio campo consistente e um ataque demolidor. E tratou de provar isso.
O placar foi aberto aos 15′. Sigfried Held passou por três adversários e cruzou para Helmut Haller finalizar. O goleiro Karl Elsener defendeu, mas Held pegou o rebote e marcou. 1 x 0.
Cinco minutos depois, Haller arrancou com a bola dominada ainda em seu campo, ganhou na velocidade de seus marcadores e bateu à esquerda, na saída do goleiro. 2 x 0.
Aos 39′, Beckenbauer tabelou com Uwe Seeler, recebeu de volta e tocou de bico, à direita de Elsener. 3 x 0.
Aos sete minutos do segundo tempo, Haller lançou Beckenbauer, que passou por Heinz Schneiter e André Grobéty e finalizou na saída do goleiro. 4 x 0.
Beckenbauer era um caso a parte. Ao contrário dos volantes da época, que eram responsáveis apenas pelo desarme e pela proteção à defesa, o Kaiser partia de seu campo com a bola dominada e seguia rumo ao ataque. Despreparados para lidar com alguém como Beckenbauer, a defesa suíça sofreu e acabou tomando dois gols do craque alemão.
O último gol veio aos 32′. Seeler entrou na área e foi derrubado por Richard Dürr. Haller bateu o pênalti no canto esquerdo e converteu. 5 x 0.
O placar dilatado ainda ficou barato. A Alemanha perdeu pelo menos outras quatro chances claras de gol.
● A Suíça acabou eliminada na primeira fase, com três derrotas em três jogos. Depois da derrota para o alemães, os helvéticos ainda perderam para espanhóis ( 1 x 2) e argentinos (0 x 2).
A Alemanha Ocidental foi a líder do Grupo 2 na primeira fase. Depois da vitória sobre a Suíça, empatou sem gols com a Argentina e venceu a Espanha por 2 x 1. Nas quartas de final, goleou o Uruguai por 4 x 0. Na semifinal, venceu a União Soviética por 2 x 1. Na decisão, conseguiu o empate por 2 x 2 diante da Inglaterra em Wembley, mas, em uma decisão controversa da arbitragem (como detalhamos aqui) acabou perdendo por 4 x 2 na prorrogação.