… 27/05/1934 – Áustria 3 x 2 França

Três pontos sobre…
… 27/05/1934 – Áustria 3 x 2 França


(Imagem: Pinterest)

Como já contamos aqui, após o sucesso da primeira Copa do Mundo, 32 nações se inscreveram em busca de uma das 16 vagas. Por isso, precisou-se disputar partidas qualificatórias.

A Áustria terminou em segundo lugar do Grupo 4, embora tenha jogado apenas uma partida e goleado a Bulgária por 6 x 1.

Da mesma forma, a França também foi 2º, mas no Grupo 8. No único jogo, venceu Luxemburgo por 6 a 1.


(Imagem: Imortais do Futebol)

● Desde aquela época, a França já era tão “plural” e miscigenada como é atualmente. Dois atletas nasceram em cidades que à época pertenciam à Alemanha (Fritz Keller, em Estrasburgo, e Émile Veinante, em Metz). Outros dois nasceram na Argélia, então colônia francesa (Joseph Alcazar e Joseph Gonzales). Além disso, o atacante Roger Courtois nasceu na Suíça.

“Les Bleus” contavam também com veteranos da Copa de 1930. Dos 22 convocados, seis disputaram o primeiro Mundial, com destaque para o goleiro Alex Thépot e o zagueiro Étienne Mattler. Mas a esperança de gols estava depositada mesmo em Jean Nicolas, centroavante do FC Rouen, de apenas 20 anos.


Hugo Meisl, com a pasta na mão (Imagem: Imortais do Futebol)

● O técnico austríaco Hugo Meisl foi um dos que solidificaram o sistema tático 2-3-5 na Europa Central. Seus times eram conhecidos pela movimentação constante de seus jogadores do meio para a frente, sempre com rápidas trocas de passes. Essa característica ficou ainda mais incisiva quando Meisl trocou um centroavante estático por Matthias Sindelar, que flutuava entre as linhas e armava os ataques do time.

Até o início do Mundial de 1934, a Áustria havia vencido ou empatado 28 dos 31 jogos que disputou nos três anos anteriores. Havia vencido adversários fortes, como Suécia, Suíça, Itália, Hungria, Alemanha e outras. Não era simplesmente resultado. O time dava show. Tanto, que ganhou o apelido de “Der Wunderteam” (“time maravilha”). Possuía uma verdadeira legião de craques como o já citado Sindelar (maior gênio do futebol do país), Josef Bican (um dos maiores artilheiros da história), e o centromédio e capitão Josef Smistik.

Com tudo isso, e por possuir o melhor retrospecto entre todas as seleções, era impossível que a Áustria não fosse apontada como a maior favorita ao título da segunda Copa do Mundo.


No 2-3-5 de Meisl, os meio-campistas tinham liberdade para armar, embora suas maiores preocupações fossem as defensivas. Sindelar flutuava pelas linhas adversárias em busca de espaço.


O técnico inglês Sid Kimpton também escalava a seleção da França no 2-3-5 ou sistema pirâmide.

● Era o jogo mais esperado da primeira fase e correspondeu às expectativas.

Jean Nicolas abriu o placar para a França aos 18 minutos de jogo.

Os franceses conseguiam fazer uma boa marcação sobre Sindelar. Mas, em uma única brecha que teve, o craque austríaco empatou a partida aos 44′.

O empate no tempo regulamentar levou o jogo para o tempo extra. Essa foi a primeira prorrogação da história das Copas. Eram necessários mais trinta minutos para ser definido o vencedor.

Mais inteira e melhor fisicamente, a Áustria se sobressaiu e marcou dois gols. Anton Schall anotou o seu aos 3′ do 1º e Josef Bican aos 4′ do 2º tempo.

A quatro minutos do fim, Georges Verriest cobrou pênalti e descontou. Mas era tarde para mudar o resultado.

A França estava eliminada logo nas oitavas de final. A Áustria estava classificada para as quartas de final, para enfrentar sua maior rival, a Hungria, que havia vencido o Egito por 4 x 2.


(Imagem: Popper Foto / FIFA)

FICHA TÉCNICA:

 

ÁUSTRIA 3 x 2 FRANÇA

 

Data: 27/05/1934

Horário: 16h30 locais

Estádio: Benito Mussolini

Público: 16.000

Cidade: Turim (Itália)

Árbitro: Johannes van Moorsel (Holanda)

 

ÁUSTRIA (2-3-5):

FRANÇA (2-3-5):

Peter Platzer (G)

Alex Thépot (G)(C)

Franz Cisar

Jacques Mairesse

Karl Sesta

Étienne Mattler

Franz Wagner

Edmond Delfour

Josef Smistik (C)

Georges Verriest

Johann Urbanek

Noël Liétaer

Karl Zischek

Fritz Keller

Josef Bican

Joseph Alcazar

Matthias Sindelar

Jean Nicolas

Anton Schall

Roger Rio

Rudolf Viertl

Alfred Aston

 

Técnico: Hugo Meisl

Técnico: George “Sid” Kimpton

 

SUPLENTES:

 

 

Friederich Franzl (G)

Robert Défossé (G)

Rudolf Raftl (G)

René Llense (G)

Anton Janda

Joseph Gonzales

Willibald Schmaus

Jules Vandooren

Leopold Hofmann

Georges Beaucourt

Josef Hassmann

Célestin Delmer

Matthias Kaburek

Louis Gabrillargues

Josef Stroh

Roger Courtois

Hans Walzhofer

Lucien Laurent

Johann Horvath

Pierre Korb

Georg Braun

Émile Veinante

 

GOLS:

18′ Jean Nicolas (FRA)

44′ Matthias Sindelar (AUT)

93′ Anton Schall (AUT)

109′ Josef Bican (AUT)

116′ Georges Verriest (FRA) (pen)

Veja alguns lances da partida:

… 26/05/1999 – Manchester United 2 x 1 Bayern de Munique

Três pontos sobre…
… 26/05/1999 – Manchester United 2 x 1 Bayern de Munique


(Imagem: Getty Images)

● Essa partida é histórica e conhecida até mesmo por quem não assistiu. É um enredo que aparece em qualquer lista dos grandes épicos da história esportiva. Os três minutos finais desse jogo talvez sejam os mais fantásticos da história da UEFA Champions League.

O Bayern de Munique voltava à uma final após doze anos. Com um esquadrão liderado por Franz Beckenbauer, havia vencido o tricampeonato consecutivo em 1973/74, 1974/75 e 1975/76. Com um time mais limitado, foi vice em 1981/82 e 1987/88.

O Manchester United tinha uma história menor e um jejum muito maior no torneio. Havia conquistado a única final que disputou, em 1967/68, impulsionado pela “trindade” George Best, Bobby Charlton e Denis Law. Esse foi o primeiro título inglês e o segundo britânico na competição. Mas o incômodo jejum mancuniano já durava 31 anos. Pior ainda, os ingleses estavam ausentes da decisão desde 1984/85, quando ocorreu a “Tragédia de Heysel”.

O Bayern era comandado por Ottmar Hitzfeld, campeão pelo Borussia Dortmund em 1996/97. O United era dirigido pelo escocês Alex Ferguson, que já era e se tornaria ainda mais uma verdadeira lenda em Old Trafford.

Ambos os times atuaram desfalcados de jogadores fundamentais. O Manchester United não pôde contar com seus meio campistas centrais, Paul Scholes e o capitão Roy Keane. David Beckham atuou centralizado, ao lado de Nicky Butt. Com isso, Ryan Giggs foi deslocado para a direita e Jesper Blonqvist jogou na esquerda. O norueguês Henning Berg também foi ausência na zaga, substituído pelo seu compatriota Ronny Johnsen.

O Bayern sofreu a ausência do ótimo lateral esquerdo Bixente Lizarazu e de seu grande artilheiro, o brasileiro Giovane Élber. Foram substituídos por Michael Tarnat e Alexander Zickler, respectivamente.

Guardando as metas de ambos os times, dois dos maiores goleiros da história. Ambos capitães de seus clubes naquele dia. De um lado, o dinamarquês Peter Schmeichel. Do outro, Oliver Kahn.

Assim, dia 26 de maio de 1999, ambos se enfrentaram no estádio Camp Nou, em Barcelona.


O Manchester United de Alex Ferguson jogava no 4-4-2. Como não pôde contar com Keane e Scholes, escalou Beckham para o meio e deslocou Giggs para a direita, colocando Blomqvist na esquerda. No ataque, a dupla Yorke e Cole era infernal.


Ottmar Hitzfeld era um adepto do sistema com três zagueiros centrais, sendo um líbero. Sem Élber, preferiu a experiência de Basler e Zickler para fazerem companhia a Jancker. No meio, Effenberg era o dínamo da equipe.

● O primeiro tempo foi fraco. O placar foi inaugurado pelos alemães logo aos seis minutos. Johnsen derrubou Carsten Jancker quase na entrada da área. Mario Basler cobrou a falta e Markus Babbel fez o corta luz, para a bola que morreu rasteira, no canto esquerdo do goleiro. Um péssimo início para o Manchester, que tinha vários jogadores brilhando na Premier League, mas não conseguiam se afirmar em nível continental.

Embora até tivessem ímpeto ofensivo, os times não conseguiam criar chances de gols.

Na segunda etapa, Blomqvist se antecipou à marcação e perdeu uma clara oportunidade na pequena área, aos dez minutos. Era a chance do empate.

Mas foi o Bayern quem voltou melhor do intervalo e passou a exercer uma pressão enorme e quase anotou alguns dos maiores golaços das finais da Champions.

Basler arriscou do meio campo e quase encobriu Schmeichel, que sempre jogava adiantado. Seria um gol antológico.

Depois, Stefan Effenberg finalizou com um belo voleio, mas o goleiro dinamarquês espalmou por cima, com a ponta dos dedos.

Aos 33′, Mehmet Scholl tentou uma linda cavadinha, mas a bola bateu na trave e não entrou.

Cinco minutos depois, Carsten Jancker deu uma bicicleta, mas a bola explodiu no travessão.

O Bayern perdia chances de matar o jogo. O placar poderia estar elástico a favor dos alemães. Mas o destino tinha outros planos.


(Imagem: Getty Images)

● O Bayern tinha uma consistência defensiva muito grande, liderada pelo veterano líbero Lothar Matthäus. Já perto do fim, tentando dar fôlego para o time suportar a pressão, Hitzfeld trocou Matthäus por Thorsten Fink e Basler por Hasan Salihamidžić. O Bayern perdeu entrosamento na defesa e o Manchester soube se aproveitar dessa falta de organização.

Em busca do empate, Ferguson já tinha feito duas alterações. No meio do segundo tempo, havia trocado Blonqvist por Teddy Sheringham – um típico centroavante inglês: forte, ótimo nas jogadas aéreas (embora não fosse um gigante, com 1,83 m), experiente e goleador. Aos 36′, uma troca simples de atacantes: saiu Andy Cole e entrou o norueguês Ole Gunnar Solskjær. Ambos seriam os personagens principais do milagre.

Aos 45 minutos do segundo tempo, o United já estava no desespero. Mestre das bolas paradas, David Beckham cobrou um escanteio da esquerda ao seu estilo. O goleirão Schmeichel (que marcou 13 gols durante toda sua carreira e estava na área rival) subiu para cabecear. A defesa alemã tentou afastar, mas Ryan Giggs bateu de primeira. A bola sobrou macia para Sheringham só completar para as redes. Fatal! Dramático! Esse gol levaria a partida para a prorrogação.

Levaria. O Bayern sentia os efeitos de estar deixando escapar o título que esteve em suas mãos por quase todos os 90 minutos. E o Manchester, depois de estar nas cordas, agora estava de novo no jogo. A vitória psicológica já era dos Red Devils. Faltava o placar.

Dois minutos depois, quando todos ainda estavam sob os efeitos do gol, surgiu outro escanteio para o United. Parecia replay. Outra vez cobrado por David Beckham, de forma magistral. Sheringham desviou na primeira trave e a bola sairia. Mas Solskjær “honrou” o apelido. O “Baby-faced Assassin” (“Assassino com cara de bebê”) destruiu os sonhos dos bávaros, completando para o gol.

Nem o mais otimista dos torcedores mancunianos poderiam imaginar um final mais épico. Todos estavam incrédulos, desde os 90.245 presentes no Camp Nou, até os expectadores amantes de futebol de todo o mundo, independente de para qual time torcem.


(Imagem: UOL)

● E essa final de 1998/99 ganhou um capítulo emocionante e eternamente especial na história da UEFA Champions League.

Foi o auge do “Fergie Time”, fama que já corria há alguns anos, desde o início da Premier League, pelo fato de o Manchester United marcar constantemente muitos gols nos acréscimos.

O Manchester United é até hoje o único clube inglês a conquistar a “Tríplice Coroa”, vencendo a Champions, o Campeonato Inglês e a Copa da Inglaterra na mesma temporada.

No fim, uma bela cena foi a atitude do árbitro italiano Pierluigi Collina tentando levantar os jogadores do Bayern do gramado, derrotados no placar, física e psicologicamente. Certamente essa derrota foi importante para moldar o gigante de Munique para as temporadas seguintes, quando conquistou a Liga dos Campeões de 2000/01 ao derrotar o Valencia nos pênaltis.


(Imagem: UOL)

FICHA TÉCNICA:

 

MANCHESTER UNITED 2 x 1 BAYERN DE MUNIQUE

 

Data: 26/05/1999

Horário: 20h45 locais

Estádio: Camp Nou

Público: 90.245

Cidade: Barcelona (Espanha)

Árbitro: Pierluigi Collina (Itália)

 

MANCHESTER UNITED (4-4-2):

BAYERN DE MUNIQUE (5-3-2):

1  Peter Schmeichel (G)(C)

1  Oliver Kahn (G)(C)

2  Gary Neville

2  Markus Babbel

5  Ronny Johnsen

25 Thomas Linke

6  Jaap Stam

10 Lothar Matthäus

3  Denis Irwin

4  Samuel Kuffour

8  Nicky Butt

18 Michael Tarnat

15 Jesper Blomqvist

11 Stefan Effenberg

7  David Beckham

16 Jens Jeremies

11 Ryan Giggs

14 Mario Basler

19 Dwight Yorke

19 Carsten Jancker

9  Andy Cole

21 Alexander Zickler

 

Técnico: Sir Alex Ferguson

Técnico: Ottmar Hitzfeld

 

SUPLENTES:

 

 

17 Raimond van der Gouw (G)

22 Bernd Dreher (G)

4  David May

5  Thomas Helmer

12 Phil Neville

17 Thorsten Fink

30 Wes Brown

20 Hasan Salihamidžić

34 Jonathan Greening

7  Mehmet Scholl

10 Teddy Sheringham

8  Thomas Strunz

20 Ole Gunnar Solskjær

24 Ali Daei

 

GOLS:

6′ Mario Basler (BAY)

90+1′ Teddy Sheringham (MAN)

90+3′ Ole Gunnar Solskjær (MAN)

 

CARTÃO AMARELO: 60′ Stefan Effenberg (BAY)

 

SUBSTITUIÇÕES:

67′ Jesper Blomqvist (MAN) ↓

Teddy Sheringham (MAN) ↑

 

71′ Alexander Zickler (BAY) ↓

Mehmet Scholl (BAY) ↑

 

80′ Lothar Matthäus (BAY) ↓

Thorsten Fink (BAY) ↑

 

81′ Andy Cole (MAN) ↓

Ole Gunnar Solskjær (MAN) ↑

 

87′ Mario Basler (BAY) ↓

Hasan Salihamidžić (BAY) ↑

Melhores momentos da partida:

Últimos três minutos do jogo, filmados da beira do gramado:

Peter Schmeichel e Oliver Kahn assistiram à partida e cornetaram Ottmar Hitzfeld (em inglês):

… 11/05/1949 – Brasil 7 x 0 Paraguai

Três pontos sobre…
… 11/05/1949 – Brasil 7 x 0 Paraguai


(Imagem: Esporte Ilustrado)

Em 1946, o Brasil foi escolhido como sede da Copa do Mundo de 1950. Então, nada mais justo que o Campeonato Sul-Americano de Futebol voltasse a ser sediado no Brasil após um longo hiato de 27 anos. Nas outras duas edições em que foi a dona da casa, a Seleção Brasileira havia se sagrado campeã: em 1919 e 1922.

O técnico Flávio Costa era unanimidade, um verdadeiro estrategista, criador do sistema “Diagonal”, utilizado pela Seleção desde 1944. A geração de craques era prolífica, se destacando o trio Zizinho, Ademir de Menezes e Jair Rosa Pinto.

Por tudo isso e muito mais, a Seleção Brasileira era a grande favorita. Se já não bastasse, esse protagonismo ficou mais latente com a ausência da Argentina (que estava com relações futebolísticas cortadas com o Brasil desde a Copa América de 1946). Por sua vez, o Uruguai mandou uma equipe repleta de amadores, que ficou em 6º entre os oito participantes. Cabe ressaltar que os dois países vizinhos viviam na época a maior greve da história do futebol sul-americano.


Flávio Costa: estrategista (Imagem: O Globo)

A fragilidade dos demais adversários era clara. O Brasil estreou massacrando Equador (9 x 1) e Bolívia (10 x 1). Depois, venceu o Chile por 2 x 1 com tranquilidade – por mais que o placar não mostre isso. Voltou às goleadas com 5 a 0 sobre a Colômbia, 7 a 1 no Peru e 5 a 1 no Uruguai. Na última rodada, bastando empatar para ficar com o título, perdeu de virada para o Paraguai por 2 x 1. (Seria premonição, sobre o que poderia vir na Copa do Mundo, contra outro rival sul-americano muito mais forte?)

O Paraguai terminou empatado em pontos com o Brasil (12 para cada), com seis vitórias (3 x 0 na Colômbia, 1 x 0 no Equador, 3 x 1 no Peru, 4 x 2 no Chile, 7 x 0 sobre a Bolívia) e uma derrota (2 x 1 para o Uruguai).

Com isso, agora seria necessária a disputa da partida desempate, novamente entre Brasil e Paraguai. Era uma verdadeira final.


O Brasil atuava no sistema “Diagonal”, criado pelo técnico Flávio Costa. Partindo do WM, Flávio teve a ideia de criar um losango no meio de campo, com um vértice mais avançado e outro mais recuado. Os vértices laterais eram os armadores. Era quase a origem do 4-2-4 que a Hungria consagraria quatro anos depois.


A Seleção Paraguaia jogava no tradicional WM.

A derrota começou a causar desconfiança na torcida e, especialmente na imprensa carioca. Mas, em um estádio São Januário lotado com mais de 55 mil expectadores, se alguém tinha dúvida sobre capacidade do escrete nacional, ela começou a se dissipar aos 17 minutos, quando Ademir de Menezes, o “Queixada” abriu o placar.

Ele mesmo aumentou dez minutos depois.

O título já estava encaminhado. A vantagem já era enorme no intervalo. Tesourinha havia feito o terceiro aos 43′.

Logo no reinício, aos três, Ademir fazia seu “hat trick” ou “tripleta”, como se fala na América Latina.

O Paraguai não teve mais forças.

Tesourinha fez outro aos 70. Jair Rosa Pinto fechou o placar aos 72′ e aos 89′.


Trio fantástico: Zizinho, Ademir e Jair (Imagem: Os Gigantes da Colina)

Foi um troco com sobras! Um massacre por 7 a 0!

Zizinho deu um show! Ademir de Menezes foi eleito o melhor da competição. Jair Rosa Pinto foi o artilheiro, com nove gols.

Mesmo com a goleada sofrida, o goleiro Sinforiano García se destacou e foi contratado pelo Flamengo logo depois do torneio. O rubro-negro da Gávea também assinaria com o atacante Jorge Benítez em 1952. Após o título do Paraguai na edição de 1953 (e a vingança sobre a Seleção Brasileira), o Flamengo completou seu trio de guaranis contratando o técnico Fleitas Solich, por indicação do escritor José Lins do Rêgo.


(Imagem: Ficha do Jogo)

A 21ª edição do Campeonato Sul-Americano teve o número recorde de 135 gols, sendo 46 deles marcados pelo Brasil. Em 29 jogos, a absurda média de gols ficou em 4,66 por partida.

A expectativa era de que a Copa América fosse uma espécie de preparação para a Seleção Brasileira, que disputaria a Copa do Mundo em casa no ano seguinte. A fragilidade dos adversários (principalmente pelo “time B” do Uruguai) enganou a todos quanto ao nível da equipe. Na Copa, o Brasil passou com tranquilidade contra o México (4 x 0), empatou com a Suíça (2 x 2) e sofreu para ganhar da Iugoslávia (2 x 0). No quadrangular final, goleou Espanha (6 x 1) e Suécia (7 x 1), mas perdeu de virada (2 x 1) para o Uruguai na última partida.

FICHA TÉCNICA:

 

BRASIL 7 x 0 PARAGUAI

 

Data: 11/05/1949

Horário: 21h00 locais

Estádio: São Januário

Público: 55.000

Cidade: Rio de Janeio (Brasil)

Árbitro: Cyril Jack Barrick (Inglaterra)

 

BRASIL (WM Diagonal):

PARAGUAI (WM):

Barbosa (G)

Sinforiano García (G)

Augusto (C)

Alberto González Gonzalito

Mauro

Casiano Céspedes

Ely

Manuel Gavilán

Danilo Alvim

Pedro Nardelli

Noronha

Sixto Castor Cantero

Tesourinha

Pedro Fernández

Zizinho

César López Fretes (C)

Ademir de Menezes

Dionisio Arce

Jair Rosa Pinto

Jorge Duilio Benítez

Simão

Félix Vázquez

 

Técnico: Flávio Costa

Técnico: Manuel Fleitas Solich

 

SUPLENTES:

 

 

Osvaldo Baliza (G)

Dionisio Maciel (G)

Wilso

Antonio Cabrera

Nílton Santos

Francisco Calonga

Bauer

Armando González

Rui

Rogelio Negri

Bigode

César Santomé

Cláudio Christovam de Pinho

Enrique Ávalos

Nininho

Sixto Noceda

Octávio Moraes

Santiago Rivas

Orlando Pingo de Ouro

Marcial Barrios

Canhotinho

Estanislao Romero

 

GOLS:

17′ Ademir de Menezes (BRA)

27′ Ademir de Menezes (BRA)

43′ Tesourinha (BRA)

48′ Ademir de Menezes (BRA)

70′ Tesourinha (BRA)

72′ Jair Rosa Pinto (BRA)

89′ Jair Rosa Pinto (BRA)

 

SUBSTITUIÇÕES:

Pedro Fernández ↓

Marcial Barrios ↑

 

Félix Vázquez ↓

Estanislao Romero ↑

… 04/04/1959 – Argentina 1 x 1 Brasil

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… 04/04/1959 – Argentina 1 x 1 Brasil


Argentina campeã da Copa América 1959 (Imagem: Goal)

● Na edição anterior do Campeonato Sul-Americano, a Argentina conquistou o título, embalada por jovens atletas, conhecidos como “Los Carasucias de Lima”. Agora, dois anos depois, o escrete albiceleste tinha que se refazer mais uma vez. Já não tinha mais Guillermo Stábile como técnico depois do fiasco de ter sido eliminado Copa do Mundo de 1958 (com direito a sofrer a maior goleada de sua história, um 6 x 1 para a Tchecoslováquia). Vários craques agora vestiam a camisa da seleção italiana, como Omar Sívori, Humberto Maschio e Antonio Valentín Angelillo. Assim, o país anfitrião da 26ª Copa América foi representado por jogadores com menos fama até então, como Jorge Griffa, Juan José Pizzuti, Héctor Sosa e Raúl Belén.

O grande favorito ao título era a Seleção Brasileira, que havia conquistado a Copa do Mundo na Suécia menos de um ano antes e viajou com força máxima. Dirigida por Vicente Feola, a base era a mesma: Gylmar, Castilho, Djalma Santos, Bellini, Orlando, Mauro, Nílton Santos, Zito, Dino Sani, Zagallo, Didi, Garrincha e Pelé. Como novidades, dentre outros, apareciam nomes como os vascaínos Coronel (lateral esquerdo) e Almir Pernambuquinho (ponta de lança), o botafoguense Paulo Valentim (atacante) e o palmeirense Chinesinho (ponta esquerda).


Linha de frente de Seleção Brasileira: Garrincha, Pelé, Paulo Valentim, Didi e Zagallo. Na final, Chinesinho ocupou a ponta esquerda no lugar de Zagallo. (Imagem: Youtube)

● Mas o escrete canarinho começou mal, ao empatar com o Peru por 2 a 2. Depois, as quatro vitórias consecutivas voltaram a dar esperanças para o Brasil (3 a 0 sobre o Chile, 4 a 2 na Bolívia, 3 a 1 no Uruguai e 4 a 1 no Paraguai). Precisava vencer a Argentina em pleno Munumental de Núñez abarrotado por 85 mil hinchas.

Os donos da casa estavam com 100% de aproveitamento. Haviam vencido o Chile (6 x 1), a Bolívia (2 x 0), o Peru (3 x 1), o Paraguai (3 x 1) e o Uruguai (4 x 1). No torneio de pontos corridos, bastaria um empate com o Brasil para conquistar seu 12º título. E ele veio.


A comissão técnica formada por José Barreiro, José Della Torre e Victorio Spinetto escalou a Argentina no tradicional sistema WM.


O esquema tático implementado pelo treinador Vicente Feola foi o 4-2-4.

A Argentina abriu o placar com o meia direita Juan José Pizzuti aos 40 minutos de jogo.

Aos 13′ da etapa final, Pelé marcou e empatou a partida.

O garoto Pelé, já campeão do mundo e consagrado Rei, ainda tinha 18 anos. Foi o artilheiro da Copa América na única edição que disputou, anotando oito gols em seis jogos.

Foi pouco.

O empate por 1 x 1 e o título foi um consolo para os hermanos, ainda ressentidos pelo vexame de 1958.


Pelé marcou contra a Argentina, mas o Brasil não conseguiu vencer (Imagem: AFA)

● Ainda em 1959, a cidade equatoriana de Guayaquil inaugurou um novo estádio e solicitou a permissão da CONMEBOL para organizar um novo Campeonato Sul-Americano. A entidade concordou e, pela primeira e única vez em toda a história, houve duas edições da Copa América no mesmo ano. O torneio ganhou o status de “Campeonato Sul-Americano Extraordinário” e ocorreu de 05 a 25 de dezembro. O Uruguai se sagrou campeão, com a Argentina como vice e o Brasil com o 3º lugar. O detalhe é que a Seleção Brasileira foi representada pela Seleção Pernambucana, vice-campeã do antigo Campeonato Brasileiro de Seleções Estaduais no mesmo ano de 1959.


Festa argentina pelo título conquistado em casa (Imagem: Impedimento)

FICHA TÉCNICA:

 

ARGENTINA 1 x 1 BRASIL

 

Data: 04/04/1959

Estádio: Monumental de Núñez

Público: 85.000

Cidade: Buenos Aires (Argentina)

Árbitro: Carlos Robles (Chile)

 

ARGENTINA (WM):

BRASIL (4-2-4):

Osvaldo Negri (G)

1  Gylmar (G)

Jorge Griffa

2  Djalma Santos

Juan Carlos Murúa

3  Bellini (C)

Juan Francisco Lombardo

6  Orlando

Eliseo Mouriño

4  Coronel

Vladislao Cap

5  Dino Sani

Ángel Nardiello

8  Didi

Juan José Pizzuti

7  Garrincha

Héctor Sosa

9  Paulo Valentim

Eugenio Callá

10 Pelé

Raúl Belén

11 Chinesinho

 

Técnicos: José Barreiro / José Della Torre / Victorio Spinetto

Técnico: Vicente Feola

 

SUPLENTES:

 

 

Juan Bertoldi (G)

Castilho (G)

Luis Cardoso

Mauro

Julio Nuín

Chico Formiga

Carlos Griguol

Paulinho de Almeida

Carmelo Simeone

Nílton Santos

José Varacka

Zito

Oreste Corbatta

Décio Esteves

Roberto Brookes

Dorval

Osvaldo Güenzatti

Almir Pernambuquinho

Pedro Manfredini

Henrique

Juan José Rodríguez

Zagallo

 

 

 

GOLS:

40′ Juan José Pizzuti (ARG)

58′ Pelé (BRA)

 

SUBSTITUIÇÕES:

Juan Francisco Lombardo (ARG) ↓

Carmelo Simeone (ARG) ↑

 

Jorge Griffa (ARG) ↓

Luis Cardoso (ARG) ↑

 

Eugenio Callá (ARG) ↓

Juan José Rodríguez (ARG) ↑

 

Paulo Valentim (BRA) ↓

Almir Pernambuquinho (BRA) ↑

… 03/04/1957 – Argentina 3 x 0 Brasil

Três pontos sobre…
… 03/04/1957 – Argentina 3 x 0 Brasil


Em pé: Giménez, Guillermo Stábila (técnico), Domínguez, Dellacha, Néstor Rossi, Schandlein e Vairo. Agachados: Corbatta, Maschio, Angelillo, Sívori e Cruz. (Imagem: Soccer Nostalgia)

● Depois da derrota para o Paraguai na decisão do Campeonato Sul-Americano de 1953, o Brasil não enviou delegação para a disputa do torneio em 1955, no Chile. No ano seguinte, terminou em quarto lugar, no Uruguai. Em 1957, tinha um time realmente muito bom, com grandes chances de conquistar o título. Aquela já era a base que conquistaria o mundo um ano depois, com Gylmar, Castilho, Djalma Santos, Nílton Santos, Bellini, Zózimo, Oreco, Zito, Dino Sani, Joel, Garrincha, Pepe e Didi. Mas nem essas lendas impediram mais uma “amarelada” brasileira em competições longe de casa.

A Argentina enviou uma equipe bastante renovada. Como o sindicato de jogadores impedia a convocação de aletas que atuavam no exterior, o mítico técnico Guillermo Stábile teve que convocar muitos jovens. A linha de frente era composta por alguns meninos: Omar Corbatta (21 anos), Humberto Maschio (24), Antonio Valentín Angelillo (19), Omar Sívori (21) e Osvaldo Héctor Cruz (25 – futuro jogador do Palmeiras). Esse quinteto ficou conhecido como “Los Carasucias de Lima” (“Cara-sujas” é uma gíria para “moleques” no país hermano).

Outros destaques eram o goleiro Rogelio Domínguez (futuro multicampeão pelo Real Madrid, que encerraria a carreira no Flamengo) e o maestro Néstor Rossi, o “Patrão da América”, veterano (31 anos) remanescente das grandes conquistas nos anos 1940.

“Los Carasucias de Lima”: Corbatta, Maschio, Angelillo, Sívori e Cruz (Imagem: Futebol Portenho)

Na penúltima rodada, a Argentina teria a chance de ser campeã por antecipação se vencesse o Brasil. Os portenhos vinham de quatro vitórias (8 x 2 contra Colômbia, 3 x 0 no Equador, 4 x 0 no rival Uruguai e 6 x 2 no Chile). Por sua vez, os brasileiros tinham um jogo a mais, e haviam vencido quatro jogos (4 a 2 sobre o Chile, 7 a 1 no Equador, 9 a 0 na Colômbia – partida na qual Evaristo de Macedo marcou cinco gols, recorde de um jogador na Seleção Brasileira até hoje – e 1 a 0 contra o Peru) e perdido uma partida (3 a 2 para o Uruguai).

Para ter alguma chance se sonhar com o título, a Seleção Canarinho não podia sofrer gols e tinha que vencer por pelo menos dois, para igualarem a pontuação e passar à frente no critério de desempate, o goal average (divisão do número de gols marcados pelo número de gols sofridos).


Treinada pelo mito Guillermo Stábile, a seleção argentina jogava no esquema tático WM


O Brasil de Osvaldo Brandão também atuava no sistema WM, mas já ensaiava uma mudança para o 4-2-4 que se concretizou no ano seguinte com Vicente Feola

● Os primeiros minutos foram muito equilibrados. A Argentina teve a primeira chance em uma cobrança de falta de Schandlein, bem defendida por Gylmar. O Brasil apareceu assustando com Didi emendando uma falta de Joel. Sívori tentou por cobertura, mas Zózimo salvou. Evaristo se lesionou logo aos 10′ e foi substituído por Índio.

Aos poucos os albicelestes começaram a tomar conta do jogo e o placar foi aberto aos 23 minutos. Schandlein lançou do campo defensivo para Cruz na ponta esquerda. Ele cruzou rasteiro e Sívori chutou. A bola bateu em Djalma Santos e sobrou limpa para Angelillo mandar para o gol.

Maschio quase ampliou em seguida, mas Gylmar salvou “como um gato” e mandou para escanteio. Pepe teve a chance de empatar, mas Domínguez também fez grande defesa e espalmou para fora. Joel chegou a marcar aos 39′, mas o árbitro inglês Robert Turner anulou o tento por entender que houve falta do ponta direita. Sívori ainda perdeu uma boa chance ao isolar a bola.

No intervalo, o técnico Osvaldo Brandão trocou os goleiros: saiu Gylmar e entrou Castilho. Pouco depois do reinício, o mestre Zizinho (anulado por Néstor Rossi) foi sacado para dar lugar a Dino Sani.

A Argentina dominava. Os dez jogadores de linha atuavam no campo canarinho. O centroavante Angelillo chegou aumentar a vantagem, mas o gol foi anulado por impedimento. Ainda assim, quase o empate brasileiro aconteceu, em um sem-pulo de Índio que raspou a trave.

A cinco minutos do fim, o Brasil já estava todo bagunçado e não conseguia organizar um ataque sequer. E ficou ainda pior.

Aos 43′, Néstor Rossi passou por dois brasileiros, deixou com Angelillo, que passou para Maschio. O craque argentino encobriu Castilho para fazer o segundo gol de seu escrete.

Já nos acréscimos, Dino Sani perdeu a cabeça e empurrou Vairo. Na cobrança de falta, Maschio passou para Angelillo encher o pé. A bola foi na trave e sobrou para Cruz, que não perdoou e decretou o 3 a 0 e o título argentino por antecipação.

Na rodada final, a Argentina jogou sem interesse algum e perdeu para o Peru, dono da casa. Não mudava nada. A Argentina já havia se sagrado campeã do Campeonato Sul-Americano pela 11ª vez.


(Imagem: Los Andes)

FICHA TÉCNICA:

 

ARGENTINA 3 x 0 BRASIL

 

Data: 03/04/1957

Estádio: Nacional

Público: 55.000

Cidade: Lima (Peru)

Árbitro: Robert Turner (Inglaterra)

 

ARGENTINA (WM):

BRASIL (WM):

Rogelio Domínguez (G)

1  Gylmar (G)

Pedro Dellacha (C)

4  Djalma Santos

Ángel Schandlein

2  Édson

Cacho Giménez

3  Olavo

Néstor Rossi

5  Zózimo

Federico Vairo

6  Roberto Belangero

Oreste Omar Corbatta

7  Joel

Humberto Maschio

8  Zizinho (C)

Antonio Valentín Angelillo

9  Evaristo de Macedo

Omar Sívori

10 Didi

Osvaldo Héctor Cruz

11 Pepe

 

Técnico: Guillermo Stábile

Técnico: Osvaldo Brandão

 

SUPLENTES:

 

 

Antonio Roma (G)

Castilho (G)

David Iñigo

Édgar (G)

Federico Pizarro

Bellini

Jorge Benegas

Paulinho de Almeida

Juan Héctor Guidi

Nílton Santos

Oscar Mantegari

Oreco

Héctor De Bourgoing

Zito

José Sanfilippo

Dino Sani

Roberto Brookes

Cláudio Christovam de Pinho

Juan Castro

Garrincha

Miguel Juárez

Índio

 

GOLS:

23′ Antonio Valentín Angelillo (ARG)

87′ Humberto Maschio (ARG)

90′ Osvaldo Héctor Cruz (ARG)

 

SUBSTITUIÇÕES:

Gylmar (BRA) ↓

Castilho (BRA) ↑

 

Zizinho (BRA) ↓

Dino Sani (BRA) ↑

 

Evaristo de Macedo (BRA) ↓

Índio (BRA) ↑

Elenco da Seleção Brasileira no Sul-Americano de 1957. Em pé: Joel, Garrincha, Índio, Paulinho, Djalma Santos, Evaristo, Dino Sani, Pepe e Didi. Agachados: Zózimo, Belini, Castilho, Oreco, Edson e Olavo. (Imagem: Álbum dos Esportes)

… 01/04/1953 – Paraguai 3 x 2 Brasil

Três pontos sobre…
… 01/04/1953 – Paraguai 3 x 2 Brasil


(Imagem: Lance)

● O Brasil entrou como favorito à conquista do Campeonato Sul-Americano de 1953. Era o então detentor da taça (foi campeão no Maracanã, em 1949 – história que contaremos no dia 11 de maio). Contava com vários remanescentes da Copa do Mundo de 1950, na qual, se não conquistou o título, encantou o mundo.

O elenco mesclava a experiência de Barbosa, Danilo Alvim, Bauer, Zizinho e Ademir de Menezes, com jovens como Julinho Botelho e Pinheiro, e até alguns futuros campeões do mundo cinco anos depois: Castilho, Gylmar, Djalma Santos, Nílton Santos e Didi. O técnico era Zezé Moreira, o “inventor” da marcação por zona no futebol brasileiro (e irmão de Aymoré Moreira, treinador que ganhou a Copa de 1962).

A missão brasileira ficou relativamente mais “fácil” com nova ausência da Argentina e a tentativa de renovação da seleção uruguaia, que enviou uma equipe muito jovem e inexperiente.

Havia “apenas” uma grande ameaça ao título: o Brasil nunca havia vencido uma Copa América fora de seu país. Já tinha três títulos, mas sempre jogando em casa: 1919, 1922 e 1949.

Até então, o único troféu ganho no exterior havia sido o Campeonato Pan-Americano de Futebol de 1952, em Santiago, capital do Chile. E esse título que fez o Brasil deixar de ser um “amarelão” fora de casa foi conquistado por basicamente o mesmo elenco da Copa América de 1953.


Tanto Paraguai quanto Brasil jogavam no sistema tático WM.

● O torneio foi disputado no formato de pontos corridos e foi uma intensa batalha. Ao fim de seis partidas para cada, Brasil e Paraguai terminaram empatados com 8 pontos, o que obrigou a disputa de um jogo desempate.

O Brasil havia vencido quatro jogos (8 a 1 na Bolívia, 2 a 0 no Equador, 1 a 0 no Uruguai e 3 a 2 no Chile) e perdido dois (1 a 0 para o Peru e 2 a 1 para o Paraguai).

O Paraguai tinha vencido três (3 x 0 sobre o Chile, 2 x 1 na Bolívia e 2 x 1 no Brasil), empatado dois (0 x 0 com o Equador e 2 x 2 com o Uruguai) e perdido um (empatou por 2 x 2 com o Peru, mas foi punido com a derrota nos tribunais, devido ao comportamento anti-desportivo por ter feito uma alteração além das permitidas e pelo fato de um atleta ter chutado o árbitro). Ou seja, se o resultado de campo fosse mantido, o Paraguai teria sido campeão sem precisar do jogo extra.

Mas ele ocorreu. Mais de 35 mil pessoas encheram o estádio Nacional, de Lima, para assistir à decisão.

E os paraguaios foram implacáveis na etapa inicial.

Aos 14 minutos de jogo, Atilio López inaugurou o marcador.

A vantagem foi ampliada três minutos depois, por Manuel Gavilán.

No fim do primeiro tempo, aos 41′, Rubén Fernández fez o terceiro. Parecia que estava tudo decidido.

Mas o Brasil não se deu por vencido e diminuiu com dois gols de Baltazar, o “Cabecinha de Ouro”, aos 56′ e aos 65′.

Mas foi só. Foi o primeiro título da história do futebol do Paraguai, com gosto de revanche sobre a Seleção Brasileira, que o havia goleado na decisão quatro anos antes.

Mais uma vez o Brasil não conquistava o torneio fora de casa.

Pouco depois do torneio, o técnico Manuel Fleitas Solich foi contratado pelo Flamengo, por indicação do escritor rubro-negro José Lins do Rêgo. No mesmo ano, conquistou com o clube o primeiro título dentro do Maracanã e emendou logo um tricampeonato carioca (1953/54/55). Depois, Fleitas Solich ainda conquistaria a atual UEFA Champions League pelo Real Madrid em 1959/60 (e outras dezenas de títulos por onde passou).


Fleitas Solich marcou época como técnico da seleção paraguaia e do Flamengo (Imagens localizadas no Google)

FICHA TÉCNICA:

 

PARAGUAI 3 x 2 BRASIL

 

Data: 01/04/1953

Estádio: Nacional

Público: 35.000

Cidade: Lima (Peru)

Árbitro: Charles Dean (Inglaterra)

 

PARAGUAI (WM):

BRASIL (WM):

Adolfo Riquelme (G)

Castilho (G)

Melanio Olmedo

Djalma Santos

Heriberto Herrera

Haroldo

Ireneo Hermosilla

Nílton Santos

Manuel Gavilán

Brandãozinho

Victoriano Leguizamón

Bauer (C)

Ángel Berni

Julinho Botelho

Atilio López

Didi

Rubén Fernández

Baltazar

Juán Ángel Romero

Pinga

Antonio Ramón Gómez

Cláudio Christovam de Pinho

 

Técnico: Manuel Fleitas Solich

Técnico: Zezé Moreira

 

 

 

 

Rubén Noceda (G)

Barbosa (G)

Antonio Cabrera

Gylmar (G)

Robustiano Maciel

Pinheiro

Domingo Martínez

Ely

Alejandro Arce

Danilo Alvim

Derlis Molinas

Noronha

Milner Ayala

Alfredo II

Inocencio González

Zizinho

Luis Lacasa

Ademir de Menezes

Pablo León

Ipojucã

Silvio Parodi

Rodrigues Tatu

 

GOLS:

14′ Atilio López (PAR)

17′ Manuel Gavilán (PAR)

41′ Rubén Fernández (PAR)

56′ Baltazar (BRA)

65′ Baltazar (BRA)

 

SUBSTITUIÇÕES:

Atilio López (PAR) ↓

Silvio Parodi (PAR) ↑

 

Juán Ángel Romero (PAR) ↓

Luis Lacasa (PAR) ↑

 

Antonio Ramón Gómez (PAR) ↓

Inocencio González (PAR) ↑

 

Nílton Santos (BRA) ↓

Alfredo II (BRA) ↑

 

Pinga (BRA) ↓

Ipojucã (BRA) ↑

… 31/03/1963 – Bolívia 5 x 4 Brasil

Três pontos sobre…
… 31/03/1963 – Bolívia 5 x 4 Brasil


Em pé: Max Ramírez, Eduardo Espinoza, Wilfredo Camacho, Roberto Caínzo, Eulogio Vargas e Arturo López. Sentados: Ramiro Blacut, Máximo Alcócer, Víctor Agustín Ugarte, Ausberto García e Fortunato Castillo (Imagem: historiadoresdosesportes.com)

● A Copa América teve sua primeira edição em 1916. Desde então, ela passou a ser disputada com frequência, mas de forma intermitente. Entre 1916 e 1929, a competição só não ocorreu em 1918 e 1928. Voltaria em 1935 de forma bianual, mas continuaria irregular até 1967. Tanto, que em 1959 houve dois torneios.

Em 1963, a Bolívia foi sede do torneio pela primeira vez. Os bolivianos não tinham uma grande tradição no futebol. Haviam participado apenas de nove das 27 edições anteriores do torneio. Disputou a Copa do Mundo de 1930 (perdeu para a Iugoslávia e para o Brasil, ambos por 4 x 0).

Mas para compreender melhor as circunstâncias dessa partida histórica, precisamos voltar até a fatídica Copa do Mundo de 1950, sediada no Brasil. A seleção boliviana ganhou a vaga de presente após a desistência dos argentinos, que estavam com relações futebolísticas cortadas com o Brasil na época. A Bolívia foi sorteada no Grupo D, juntamente com Uruguai, França e Portugal. Franceses e portugueses desistiram antes mesmo de viajarem e a FIFA não preencheu suas vagas na competição. Ou seja: a Copa teria quatro grupos de quatro seleções, mas o Grupo C teve três (a Índia desistiu) e o Grupo D contou apenas com Uruguai e Bolívia. Ambos se enfrentaram em 02/07/1950, no estádio Independência, em Belo Horizonte, com massacre dos charruas por 8 a 0.


O povo boliviano ficou em festa com o título (Imagem: historiadelfutbolboliviano.com)

● Treze anos depois, a Bolívia sediaria o Campeonato Sul-Americano. Tinha um elenco fraco, mas contava com seu grande aliado desde sempre: a altitude – maior fator histórico do pouco sucesso das equipes boliviana e até mesmo de sua seleção. Os atletas locais, mais adaptados a jogar no mítico estádio Hernando Siles, na capital La Paz, a 3.600 metros acima do mar, costumam ter vantagem por sofrer menos com o ar rarefeito e seus impactos, como falta de ar, dor de cabeça e cansaço excessivo.

As três potências do continente se revoltaram por disputar a competição na altitude. O Uruguai desistiu e nem enviou sua delegação. A Argentina enviou uma equipe de jovens inexperientes. O Brasil, então bicampeão do mundo, optou por poupar seus principais atletas e convocou uma lista de jogadores de pouco prestígio até mesmo em seu próprio país. Os mais “famosos” eram o zagueiro Procópio, do Atlético-MG, e o atacante Flávio Minuano, do Inter.


Danilo Alvim, “O Príncipe” (Imagem: tardesdepacaembu.wordpress.com)

O técnico da Bolívia também nos faz recordar a Copa de 1950. Era o brasileiro Danilo Alvim, apelidado de “O Príncipe” pelo seu estilo refinado de jogo. Era um jogador muito técnico, mesmo sendo um volante marcador. Foi um dos pilares do CR Vasco da Gama das décadas de 1940 e 1950, que ficou conhecido como “Expresso da Vitória”.

Danilo foi um dos criticados após o Maracanazzo. Pendurou as chuteiras em 1956, no nosso amado Uberaba Sport Club e já emendou a carreira de técnico no clube mineiro, onde durou um ano. Mesmo sem experiência na função, foi descoberto e convidado pela Federação Boliviana de Futebol para ser o comandante da seleção anfitriã na Copa América de 1963. Discípulo do uruguaio Ondino Vieira (que o treinou no Vasco), Danilo armou o time no sistema tático WM – bastante ofensivo e desprotegido, se comparado com o 4-2-4 que já tinha virado moda desde o início da década.

A dona da casa contava com a liderança de Víctor Agustín Ugarte, “El Maestro”, que estava prestes a completar 37 anos e era remanescente da Copa de 1950. Citado por muitos como o maior jogador da história do país, já não tinha um rendimento físico e técnico como os companheiros e adversários, mas compensava com inteligência e bom posicionamento.


Víctor Agustín Ugarte, “El Maestro”, encerrou a carreira nos braços de seu povo (Imagem: historiadelfutbolboliviano.com)

● Mas a Bolívia não começou bem o torneio, ao empatar com o Equador por 4 x 4. Depois, com direito a catimba e retranca, virou sobre a Colômbia por 2 x 1. Na sequência, venceu o Peru por 3 x 2 e o Paraguai por 2 x 0. O sonho ficou mais próximo de se tornar realidade ao vencer a combalida Argentina por 3 x 2.

O formato do torneio era de pontos corridos. Àquela altura, na última rodada, bastava uma vitória diante do Brasil para garantir a taça. Mas a Bolívia foi além. Danilo teve todos méritos ao conter a empolgação de seus comandados, não os deixando levar pela torcida e pela imprensa. Nada estava decidido.

Três equipes tinham chances de título ou de forçar o jogo extra. A Bolívia tinha 9 pontos, o Paraguai 8, e o Brasil 7. A Bolívia dependia apenas de si precisava vencer o Brasil para ser campeã. O Paraguai necessitava vencer a Argentina e torcer por uma vitória (seria campeão) ou empate (forçaria o jogo extra) do Brasil sobre a Bolívia. O Brasil tinha que vencer a Bolívia para forçar o jogo extra, mas só se a Argentina derrotasse o Paraguai. Se isso acontecesse, Brasil, Argentina e Paraguai disputariam um triangular final – e a Bolívia estaria eliminada.

Contudo, na partida preliminar no estádio Hernando Siles, o Paraguai empatou com a Argentina no mesmo dia 31/03 e deixou os donos da casa a um empate do título.


A Bolívia jogou no já defasado sistema tático WM. Enquanto a defesa ficava desguarnecida, o ataque era fortalecido.


O Brasil, de Amyoré Moreira, foi escalado no seu já tradicional 4-2-4 – sistema tático que lhe rendeu as duas últimas Copas do Mundo.

● Sabendo do que precisava, a Bolívia começou com tudo. Abriu o placar com o ídolo Víctor Agustín Ugarte, aos 15 minutos de jogo.

O talismã Wilfredo Camacho ampliou aos 25′. Na partida anterior, contra a Argentina, Camacho tinha feito um gol de pura persistência, que deu origem à expressão “futebol camachista“, desde então usada para denominar a raça e entrega dos bolivianos durante uma partida.

O Brasil diminuiu logo na sequência, com Marco Antônio, que jogava no Comercial, de Ribeirão Preto.

Dois minutos depois, a Seleção Canarinho voltou a ter esperanças ao empatar, com gol de Almir, atleta do Taubaté.

Mas, aos 13 min do 2º tempo, o ídolo Ugarte frustrou os brasileiros e fez o terceiro dos locais. Ele não tinha feito nenhum gol na competição. Quando precisou, no jogo decisivo, fez logo dois. O camisa 10 se consagrou definitivamente como o maior mito do futebol local e encerrou a carreira ali mesmo.

Ausberto García ampliou aos 17′.

Flávio Minuano fez dois gols, aos 63′ e aos 66′ e deixou tudo igual novamente. Flávio era realmente muito bom e merecia ter disputado a Copa do Mundo de 1966, se não houvesse aquela bagunça generalizada na organização.

O placar se tornou definitivo em 5 x 4 a quatro minutos do fim, com o gol do ponta direita Máximo Alcócer, artilheiro boliviano no torneio com cinco gols.


(Imagem: historiadoresdosesportes.com)

● Com o resultado, a Bolívia (e sua altitude) conquistou o título da Copa América de 1963 de forma invicta, com cinco vitórias e um empate, marcando 19 gols e sofrendo 13. O sistema hiper-ofensivo de Danilo deu o resultado, embora sofresse na defesa.

A conquista rendeu aos heróis bolivianos uma pensão vitalícia garantida pelo Congresso Nacional do país.

O Paraguai foi o vice-campeão. O centroavante local Ramiro Blacut foi eleito o melhor jogador e o equatoriano Carlos Raffo foi o artilheiro, com seis gols marcados.

O Brasil terminou com o 4º lugar, com duas vitórias (1 x 0 no Peru e 5 x 1 na Colômbia), um empate (2 x 2 com o Equador) e três derrotas (2 x 0 para o Paraguai, 3 x 0 para a Argentina e os 5 x 4 para a Bolívia).


Os heróis do título reunidos em 2011 (Imagem: Jornal La Patria)

● A Copa América seguinte foi disputada no Uruguai, em 1967. A seleção boliviana, então detentora do troféu, terminou em último lugar, com um empate e quatro derrotas.

Desde então, a melhor classificação foi o vice-campeonato em 1997, quando voltou a jogar em casa. Perdeu a decisão para o Brasil de Ronaldo por 3 x 1.

Talvez essa geração da década de 1990 tenha sido a melhor do país em todos os tempos. Em 1994, jogadores como Erwin “Platini” Sánchez, Marco “El Diablo” Etcheverry e Julio César Baldivieso levaram a Bolívia de volta a uma Copa do Mundo. Nos EUA, perdeu para a Alemanha (1 x 0), empatou com a Coreia do Sul (0 x 0) e perdeu para a Espanha (3 x 1). Erwin Sánchez marcou o único gol dos bolivianos na história das Copas.


Seleção boliviana na Copa do Mundo de 1994 (Imagem: soccerfootballwhatever.blogspot.com)

FICHA TÉCNICA:

 

BOLÍVIA 5 x 4 BRASIL

 

Data: 31/03/1963

Estádio: Félix Capriles

Público: 25.000

Cidade: Cochabamba (Bolívia)

Árbitro: Ovidio Orrego (Colômbia)

 

BOLÍVIA (WM):

BRASIL (4-2-4):

Arturo López (G)

Silas (G)

Roberto Caínzo

Jorge

Eduardo Espinoza

Cláudio Danni

Eulogio Vargas

Procópio Cardoso (C)

Max Ramírez

Geraldino

Wilfredo Camacho

Ílton Vaccari

Máximo Alcócer

Marco Antônio

Ausberto García

Almir

Ramiro Blacut

Tião Macalé

Víctor Agustín Ugarte

Flávio Minuano

Fortunato Castillo

Oswaldo

 

Técnico: Danilo Alvim

Técnico: Aymoré Moreira

 

SUPLENTES:

 

 

Isaac Álvarez (G)

Marcial (G)

Hugo Palenque

Massinha

Alberto Torres Vargas

Amáury Horta

Osvaldo Villarroel

Mário Tito

Carlos Cárdenas

Ary

Jesús Herbas

William

Mario Zabalaga

Píter

Atilio Aguirre

Ílton Chaves

Abdul Aramayo

Altamiro

Jaime Herbas

Amauri Silva

Renan López

Fernando

Edgar Quinteros

 

 

GOLS:

15′ Víctor Agustín Ugarte (BOL)

25′ Wilfredo Camacho (BOL)

26′ Marco Antônio (BRA)

28′ Almir (BRA)

58′ Víctor Agustín Ugarte (BOL)

62′ Ausberto García (BOL)

63′ Flávio Minuano (BRA)

66′ Flávio Minuano (BRA)

86′ Máximo Alcócer (BOL)

 

SUBSTITUIÇÕES:

Jorge ↓

Massinha

 

Máximo Alcócer

Renan López

… Evolução tática e regressão técnica do futebol brasileiro

Três pontos sobre…
… Evolução tática e regressão técnica do futebol brasileiro


(Imagem: Pedro Nunes / Reuters / Veja)

Historicamente, desde os primórdios, os torcedores brasileiros sempre questionaram o atraso tático do futebol tupiniquim em relação aos europeus, argentinos e uruguaios.

Essa crítica foi muito pesada em alguns momentos em especial. Na Copa do Mundo de 1938, a defesa composta por Domingos da Guia e Machado sofria sem a cobertura dos médios, ficando sempre em inferioridade quando era atacada. Tanto, que Domingos cometeu três pênaltis em quatro partidas.

No fatídico jogo decisivo da Copa de 1950, o buraco no lado esquerdo da defesa brasileira, entre Juvenal e Bigode, permitiu os dois gols uruguaios, que resultou no “Maracanazzo”.

Em 1982, a técnica dos homens de meio da Seleção Canarinho era tanta, que pouco se importava em fechar os espaços. A confiança era do tamanho das brechas que deram para Paolo Rossi fazer os três gols.

Em 1994, Carlos Alberto Parreira mudou essa rotina de fracassos táticos. “Fechou a casinha” e manteve a posse de bola o quanto pode. Deu certo, porque tinha a técnica de Bebeto e Romário lá na frente.

Em 2006, todos pensavam que o “quadrado mágico” iria resolver qualquer parada. Mas Kaká, Ronaldinho Gaúcho, Adriano e Ronaldo não cumpriram as expectativas. Os laterais já mais velhos e em má fase e um meio campo que mais cercava do que marcava, deixava a zaga desguarnecida.

A partir de 2010, Dunga (um monstro tático quando jogava), preferiu jogadores à sua imagem e semelhança: tecnicamente medianos, mas cumpridores de funções.

O Brasil, mais do que nunca, cada vez mais cedo exporta “pé de obra” para o exterior. O jovem jogador vai atuar no futebol da Ucrânia, Rússia, Holanda, França, Turquia, etc… E se forma como atleta e até como ser humano, com características do país onde terminou sua formação.

O brasileiro, sempre elogiado e tendo como principais armas a técnica, habilidade, velocidade de pensamento e poder de decisão, perde um pouco disso. Aprende a marcar, a recompor o meio para ajudar na marcação, a fechar os espaços, mas, perde muito do improviso, da ginga – que é seu principal diferencial.

Por isso o futebol mundial está tão equilibrado, principalmente nos últimos 15 anos. Com a exportação em massa de jogadores jovens no mundo todo, o futebol internacional está nivelado taticamente. E, se o brasileiro não mantém seu diferencial, se nivela também.

Assistimos várias partidas se arrastando, sem que se consiga criar chances de gols – que saem, em grande parte, de bolas paradas. É muito mais fácil destruir do que construir.

É uma crise de identidade. Deixamos de ser nós mesmos para sermos mais dos outros.

Falando nisso, hoje o Brasil empatou com o Panamá por 1 x 1.


(Imagem: Pedro Nunes / Reuters / Veja)

… CR7, Coutinho e Eurico

Três pontos sobre…
… CR7, Coutinho e Eurico


(Imagem: Getty Images)

● Cristiano Ronaldo decide e elimina o Atlético de Madrid.

Não se pode dizer que o técnico colchonero Diego Simeone foi covarde em Turim. Apenas jogou com as cartas que tinha na manga. E nenhuma delas foi capaz de parar CR7. E, pela primeira vez em sua história, o Atlético foi eliminado em um mata-mata da UEFA Champions League após vencer o primeiro jogo.

Por falar em história da Champions, ela se confunde com a de Cristiano Ronaldo. O português é o detentor de quase todos os recordes:

– mais gols;
– mais gols em casa;
– mais gols fora de casa;
– mais gols na fase de grupos;
– mais gols na fase de mata-mata;
– mais gols em finais;
– mais gols de falta;
– mais gols de pênalti;
– mais gols de cabeça;
– mais dobletes;
– mais hat trick;
– mais assistências.

E, com cinco títulos, só perde para Paco Gento, que ganhou seis com o Real Madrid. Tem chances de igualar esse ano. A Juventus é a maior favorita. Muito por causa dele.


Coutinho, à esquerda, ao lado do Rei Pelé (Imagem: Santos / R7)

● Em tempo: fica aqui nossa homenagem a Coutinho, o eterno parceiro de Pelé, que, nessa segunda-feira (11/03/2019), aos 75 anos, foi morar com Deus.


(Imagem: IG Esportes)

● Faleceu nesta terça feira (12/03/2019), o ex-presidente do Vasco, Eurico Miranda, aos 74 anos. Amado por muitos e odiado por muitos outros, teve sua importância na cartolagem brasileira nos últimos anos.

Nossos pesares a todos os familiares e fãs dos dois.

… Por que amo o Real Madrid?

Três ponto sobre…
… Por que amo o Real Madrid?

Uma das formações do Real Madrid na temporada 1992/93 (Imagem: Football Memories / @footballmemorys)

Buyo; Chendo, Sanchís, Hierro e Nando; Martín Vázquez, Míchel, Luis Enrique e Prosinečki; Butragueño e Zamorano.

Esse era o time base do “poderoso” Real Madrid em meados de 1993, quando eu comecei a amar esse time. Por que? Não sei.

Seria muito mais fácil torcer para o Barcelona, bem treinado por Johan Cruijff, que ainda tinha no ataque o genioso Stoichkov e o genial Romário – ídolo de qualquer brasileiro na época.

Mas não! Foi amor à primeira vista! Me hipnotizei pelo uniforme branco, pelo símbolo com uma coroa, pelos gols de Butragueño e Zamorano, pelos lançamentos de Hierro, pela liderança de Sanchíz, pela raça de Chendo, pela história de Míchel.

O Barça tinha sido campeão da UEFA Champions League pouco antes e emendaria quatro títulos espanhóis na sequência. Eu nem sabia o que era a Champions e nem a Liga. Queria ver o Real Madrid jogar nas transmissões da TV Bandeirantes, ou então os gols do time no Esporte Total, também da Band.


Nunca será Raúl González Blanco: para sempre Raúl “Madrid” (Imagem: ESPN)

E esse carinho aumentou com a chegada dos brasileiros Roberto Carlos e Sávio. Antes, já tinha torcido para os madridistas na Copa de 1994. Quanta raiva me deu ao ver Luis Enrique (aquele mesmo, ingrato! – jogava no Real) sangrando após uma cotovelada do italiano Tassotti, e a minha Espanha sendo eliminada pelos “Baggios” Roberto e Dino.

Vi nascer, crescer e se agigantar Raúl González! O meu maior ídolo no futebol. Vi alguns melhores, mas não vi nenhum amar e honrar tanto esse manto blanco.

Veio o título da Champions de 1998, com Mijatović. Depois, em 2000, com um menino de 19 anos no gol: Iker Casillas. Em 2002, o auge dos galácticos, com o monstro Zinedine Zidane. “Ano sim, ano não, o Madrid é campeão!”


Gol de “Peđa” Mijatović, na final da Champions 1997/98 (Imagem: Doentes por Futebol)

E, logo depois, houve um longo e tenebroso inverno. Não havia quem desse jeito. Ronaldo Fenômeno, David Beckham, Michael Owen, Ruud van Nistelrooy, Vanderlei Luxemburgo e sua legião de brasileiros, Fabio Capello… era vergonha atrás de vergonha em nível europeu. Conquistava uma Liga aqui, outra ali… mas, quem, de verdade, liga para La Liga?!

Enquanto isso, o rival da Catalunha doutrinava e ensinava o que era futebol, começando a se colocar de vez na história – coisa que o Real já tinha feito 50 anos antes…

Eis que Carlo Ancelotti trouxe o brio vencedor ao nosso time. Mas que, fala a verdade, só venceu porque tinha o azarado Atlético de Madrid do outro lado (talvez um dos times mais azarados do mundo). Sergio Ramos e seu minuto 93 ficou cravado na história. Era a tão sonhada La Décima.


Sergio Ramos e o lendário minuto 93 (Imagem: HTE Sports)

Em 2015, caiu na semifinal para a Juventus com um gol da “cria” Morata. Impediu uma histórica final com o Barça, do trio MSN. Francamente: creio que perderíamos. Foi melhor assim.

Melhor ainda, foi a temporada seguinte, a undécima, em nova vitória diante do Atlético. Dessa vez nos pênaltis. Seria a volta do “Ano sim, ano não, o Madrid é campeão!”? Não! Vencemos também em 2017 goleando a Juventus (outro time azarado) e em 2018, batendo um grande Liverpool.

Em 2018/19, a temporada acabou em março – dois meses antes. E daí?! Já não estamos no lucro? Três Champions seguidas, igualando os grandes Ajax (1971-1973) e Bayern de Munique (1974-1976), só atrás do próprio Madrid, que venceu cinco entre 1956 e 1960.


Gareth Bale “pedalou” na final da Champions 2017/18 (Imagem: UOL)

Acontece. Falta de planejamento e reposição, excesso de confiança, decadência de algumas “estrelas”… Aconteceu.

Comecei a amar esse clube em uma época de seca, sem títulos… Não é um ano infrutífero (depois de ótimas colheitas) que muda algo nesse amor.

Chendo, Amavisca, Sanz, Redondo, Panucci, Šuker, Seedorf, Zé Roberto, Illgner, Karanka, Guti, Morientes, Helguera, Salgado, McManaman, Makélélé, Figo, Beckham, Cristiano Ronaldo, Navas, Reguilón…

Não importa quem vista essa linda camisa branca. O nome Real Madrid e esse escudo pesa muito. Principalmente para os adversários. Com um pouquinho de juízo e maiores gastos da direção, vamos disputar firmes todos os títulos. É a nossa natureza. É Real Madrid.

Parabéns pelos seus 117 anos de histórias, Real Madrid C.F.!