… 26/05/1999 – Manchester United 2 x 1 Bayern de Munique

Três pontos sobre…
… 26/05/1999 – Manchester United 2 x 1 Bayern de Munique


(Imagem: Getty Images)

● Essa partida é histórica e conhecida até mesmo por quem não assistiu. É um enredo que aparece em qualquer lista dos grandes épicos da história esportiva. Os três minutos finais desse jogo talvez sejam os mais fantásticos da história da UEFA Champions League.

O Bayern de Munique voltava à uma final após doze anos. Com um esquadrão liderado por Franz Beckenbauer, havia vencido o tricampeonato consecutivo em 1973/74, 1974/75 e 1975/76. Com um time mais limitado, foi vice em 1981/82 e 1987/88.

O Manchester United tinha uma história menor e um jejum muito maior no torneio. Havia conquistado a única final que disputou, em 1967/68, impulsionado pela “trindade” George Best, Bobby Charlton e Denis Law. Esse foi o primeiro título inglês e o segundo britânico na competição. Mas o incômodo jejum mancuniano já durava 31 anos. Pior ainda, os ingleses estavam ausentes da decisão desde 1984/85, quando ocorreu a “Tragédia de Heysel”.

O Bayern era comandado por Ottmar Hitzfeld, campeão pelo Borussia Dortmund em 1996/97. O United era dirigido pelo escocês Alex Ferguson, que já era e se tornaria ainda mais uma verdadeira lenda em Old Trafford.

Ambos os times atuaram desfalcados de jogadores fundamentais. O Manchester United não pôde contar com seus meio campistas centrais, Paul Scholes e o capitão Roy Keane. David Beckham atuou centralizado, ao lado de Nicky Butt. Com isso, Ryan Giggs foi deslocado para a direita e Jesper Blonqvist jogou na esquerda. O norueguês Henning Berg também foi ausência na zaga, substituído pelo seu compatriota Ronny Johnsen.

O Bayern sofreu a ausência do ótimo lateral esquerdo Bixente Lizarazu e de seu grande artilheiro, o brasileiro Giovane Élber. Foram substituídos por Michael Tarnat e Alexander Zickler, respectivamente.

Guardando as metas de ambos os times, dois dos maiores goleiros da história. Ambos capitães de seus clubes naquele dia. De um lado, o dinamarquês Peter Schmeichel. Do outro, Oliver Kahn.

Assim, dia 26 de maio de 1999, ambos se enfrentaram no estádio Camp Nou, em Barcelona.


O Manchester United de Alex Ferguson jogava no 4-4-2. Como não pôde contar com Keane e Scholes, escalou Beckham para o meio e deslocou Giggs para a direita, colocando Blomqvist na esquerda. No ataque, a dupla Yorke e Cole era infernal.


Ottmar Hitzfeld era um adepto do sistema com três zagueiros centrais, sendo um líbero. Sem Élber, preferiu a experiência de Basler e Zickler para fazerem companhia a Jancker. No meio, Effenberg era o dínamo da equipe.

● O primeiro tempo foi fraco. O placar foi inaugurado pelos alemães logo aos seis minutos. Johnsen derrubou Carsten Jancker quase na entrada da área. Mario Basler cobrou a falta e Markus Babbel fez o corta luz, para a bola que morreu rasteira, no canto esquerdo do goleiro. Um péssimo início para o Manchester, que tinha vários jogadores brilhando na Premier League, mas não conseguiam se afirmar em nível continental.

Embora até tivessem ímpeto ofensivo, os times não conseguiam criar chances de gols.

Na segunda etapa, Blomqvist se antecipou à marcação e perdeu uma clara oportunidade na pequena área, aos dez minutos. Era a chance do empate.

Mas foi o Bayern quem voltou melhor do intervalo e passou a exercer uma pressão enorme e quase anotou alguns dos maiores golaços das finais da Champions.

Basler arriscou do meio campo e quase encobriu Schmeichel, que sempre jogava adiantado. Seria um gol antológico.

Depois, Stefan Effenberg finalizou com um belo voleio, mas o goleiro dinamarquês espalmou por cima, com a ponta dos dedos.

Aos 33′, Mehmet Scholl tentou uma linda cavadinha, mas a bola bateu na trave e não entrou.

Cinco minutos depois, Carsten Jancker deu uma bicicleta, mas a bola explodiu no travessão.

O Bayern perdia chances de matar o jogo. O placar poderia estar elástico a favor dos alemães. Mas o destino tinha outros planos.


(Imagem: Getty Images)

● O Bayern tinha uma consistência defensiva muito grande, liderada pelo veterano líbero Lothar Matthäus. Já perto do fim, tentando dar fôlego para o time suportar a pressão, Hitzfeld trocou Matthäus por Thorsten Fink e Basler por Hasan Salihamidžić. O Bayern perdeu entrosamento na defesa e o Manchester soube se aproveitar dessa falta de organização.

Em busca do empate, Ferguson já tinha feito duas alterações. No meio do segundo tempo, havia trocado Blonqvist por Teddy Sheringham – um típico centroavante inglês: forte, ótimo nas jogadas aéreas (embora não fosse um gigante, com 1,83 m), experiente e goleador. Aos 36′, uma troca simples de atacantes: saiu Andy Cole e entrou o norueguês Ole Gunnar Solskjær. Ambos seriam os personagens principais do milagre.

Aos 45 minutos do segundo tempo, o United já estava no desespero. Mestre das bolas paradas, David Beckham cobrou um escanteio da esquerda ao seu estilo. O goleirão Schmeichel (que marcou 13 gols durante toda sua carreira e estava na área rival) subiu para cabecear. A defesa alemã tentou afastar, mas Ryan Giggs bateu de primeira. A bola sobrou macia para Sheringham só completar para as redes. Fatal! Dramático! Esse gol levaria a partida para a prorrogação.

Levaria. O Bayern sentia os efeitos de estar deixando escapar o título que esteve em suas mãos por quase todos os 90 minutos. E o Manchester, depois de estar nas cordas, agora estava de novo no jogo. A vitória psicológica já era dos Red Devils. Faltava o placar.

Dois minutos depois, quando todos ainda estavam sob os efeitos do gol, surgiu outro escanteio para o United. Parecia replay. Outra vez cobrado por David Beckham, de forma magistral. Sheringham desviou na primeira trave e a bola sairia. Mas Solskjær “honrou” o apelido. O “Baby-faced Assassin” (“Assassino com cara de bebê”) destruiu os sonhos dos bávaros, completando para o gol.

Nem o mais otimista dos torcedores mancunianos poderiam imaginar um final mais épico. Todos estavam incrédulos, desde os 90.245 presentes no Camp Nou, até os expectadores amantes de futebol de todo o mundo, independente de para qual time torcem.


(Imagem: UOL)

● E essa final de 1998/99 ganhou um capítulo emocionante e eternamente especial na história da UEFA Champions League.

Foi o auge do “Fergie Time”, fama que já corria há alguns anos, desde o início da Premier League, pelo fato de o Manchester United marcar constantemente muitos gols nos acréscimos.

O Manchester United é até hoje o único clube inglês a conquistar a “Tríplice Coroa”, vencendo a Champions, o Campeonato Inglês e a Copa da Inglaterra na mesma temporada.

No fim, uma bela cena foi a atitude do árbitro italiano Pierluigi Collina tentando levantar os jogadores do Bayern do gramado, derrotados no placar, física e psicologicamente. Certamente essa derrota foi importante para moldar o gigante de Munique para as temporadas seguintes, quando conquistou a Liga dos Campeões de 2000/01 ao derrotar o Valencia nos pênaltis.


(Imagem: UOL)

FICHA TÉCNICA:

 

MANCHESTER UNITED 2 x 1 BAYERN DE MUNIQUE

 

Data: 26/05/1999

Horário: 20h45 locais

Estádio: Camp Nou

Público: 90.245

Cidade: Barcelona (Espanha)

Árbitro: Pierluigi Collina (Itália)

 

MANCHESTER UNITED (4-4-2):

BAYERN DE MUNIQUE (5-3-2):

1  Peter Schmeichel (G)(C)

1  Oliver Kahn (G)(C)

2  Gary Neville

2  Markus Babbel

5  Ronny Johnsen

25 Thomas Linke

6  Jaap Stam

10 Lothar Matthäus

3  Denis Irwin

4  Samuel Kuffour

8  Nicky Butt

18 Michael Tarnat

15 Jesper Blomqvist

11 Stefan Effenberg

7  David Beckham

16 Jens Jeremies

11 Ryan Giggs

14 Mario Basler

19 Dwight Yorke

19 Carsten Jancker

9  Andy Cole

21 Alexander Zickler

 

Técnico: Sir Alex Ferguson

Técnico: Ottmar Hitzfeld

 

SUPLENTES:

 

 

17 Raimond van der Gouw (G)

22 Bernd Dreher (G)

4  David May

5  Thomas Helmer

12 Phil Neville

17 Thorsten Fink

30 Wes Brown

20 Hasan Salihamidžić

34 Jonathan Greening

7  Mehmet Scholl

10 Teddy Sheringham

8  Thomas Strunz

20 Ole Gunnar Solskjær

24 Ali Daei

 

GOLS:

6′ Mario Basler (BAY)

90+1′ Teddy Sheringham (MAN)

90+3′ Ole Gunnar Solskjær (MAN)

 

CARTÃO AMARELO: 60′ Stefan Effenberg (BAY)

 

SUBSTITUIÇÕES:

67′ Jesper Blomqvist (MAN) ↓

Teddy Sheringham (MAN) ↑

 

71′ Alexander Zickler (BAY) ↓

Mehmet Scholl (BAY) ↑

 

80′ Lothar Matthäus (BAY) ↓

Thorsten Fink (BAY) ↑

 

81′ Andy Cole (MAN) ↓

Ole Gunnar Solskjær (MAN) ↑

 

87′ Mario Basler (BAY) ↓

Hasan Salihamidžić (BAY) ↑

Melhores momentos da partida:

Últimos três minutos do jogo, filmados da beira do gramado:

Peter Schmeichel e Oliver Kahn assistiram à partida e cornetaram Ottmar Hitzfeld (em inglês):

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