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… Roberto Carlos, “la zurda sinistra”

Três pontos sobre…
… Roberto Carlos, “la zurda sinistra”

(Imagem: Acredite ou não)

Roberto Carlos da Silva Rocha nasceu em Garça, cidade do interior paulista, em 10 de abril de 1973.

Roberto Carlos nunca se limitou a marcar, mesmo sendo um lateral esquerdo – responsável por compor o sistema defensivo.

Com o advento do sistema 4-4-2 em meados da década de 1980, os antigos pontas praticamente tiveram seu fim decretado. Com isso, os laterais passaram a ser fundamentais no apoio, criação de jogadas, aproximação, cruzamentos.

Por mais que escola brasileira sempre tenha sido vanguardeira nesse sentido (com Nílton Santos, Carlos Alberto Torres e outros), ela se estabeleceu e fez sucesso na Seleção e no futebol europeu com o surgimento de laterais como Branco, Jorginho, Cafu e do próprio Roberto Carlos.


(Imagem: Band)

Aos 16 anos, Roberto já era titular do União São João. Disputou sua primeira partida pela Seleção Brasileira principal em 1992, aos 18 anos, ainda jogando pelo clube de Araras/SP.


(Imagem: Terceiro Tempo)

No mesmo ano teve um curto período de empréstimo ao Atlético Mineiro, que perdeu todas suas cinco partidas em uma excursão na Europa. RC não conseguiu mostrar todo seu potencial e acabou voltando ao União São João.


(Imagem: Grupo Opinião)

Mas em 1993 foi uma das primeiras estrelas das inúmeras contratações da Parmalat para o Palmeiras. E se tornou lenda no Parque Antártica. Em pouco mais de dois anos, foi bicampeão paulista (1993 e 1994), bicampeão brasileiro (1993 e 1994), além de campeão do Torneio Rio-São Paulo de 1993.


(Imagem: Calciopédia)

Despertou o interesse da Inter de Milão, onde passou a jogar como ala pela esquerda, meia e até ponta. Disputou apenas uma temporada com a camisa interista, a de 1995/96. Foram sete gols em 34 jogos – insuficientes para convencer o então presidente Massimo Moratti, que o trocou com o Real Madrid pelo já veterano atacante chileno Iván “Bam-Bam” Zamorano.


(Imagem: Getty Images)

Em Madrid, foram onze anos vestindo a camisa merengue e se tornou lenda. Logo em sua primeira temporada, marcou cinco gols e conquistou La Liga. No fim do ano de 1997, foi eleito o segundo melhor jogador do mundo pela FIFA, atrás apenas do fenômeno Ronaldo.

Nesse mesmo ano, marcou o gol de falta contra a França, que a bola fez uma curva que fez os físicos estudarem essa batida na bola.

Em 21/02/1998, marcou sobre o Tenerife um dos gols mais impressionantes da história, chamado de “gol impossível”. No início do segundo tempo, em uma bola esticada rumo à linha de fundo, Roberto disparou, alcançou e mandou um canhão para dentro da área. Inicialmente parecia ser um cruzamento, já que não havia nenhum ângulo para o chute direto. Mas a bola fez uma curva memorável e entrou no ângulo oposto. O gol mais espírita de todos os “gols espíritas”.

O sucesso permaneceu e o lado esquerdo do Madrid permanecia sendo responsável pela grande maioria dos gols do time – que continuou enfileirando títulos: UEFA Champions League (1997/98, 1999/00 e 2001/02), Copa Intercontinental (1998 e 2002), Campeonato Espanhol (1996/97, 2000/01, 2002/03 e 2006/07), Supercopa da Europa (2002) e Supercopa da Espanha (1997, 2001 e 2003).


(Imagem: Fenerbahçe)

Saiu do clube pela porta da frente e foi campeão da Supercopa da Turquia de 2007 pelo Fenerbahçe. Depois, até teve um bom ano pelo Corinthians em 2010, mas fez parte do time que passou a vergonha história caindo na pré-Libertadores para o Tolima em 2011. Logo depois, foi atuar no futebol russo, pelo Anzhi Makhachkala. Anunciou sua aposentadoria dos gramados em 2012 e se tornou auxiliar técnico do time russo. Na sequência, foi técnico dos turcos Sivasspor (2013/14) e Akhisar Belediyespor (2015). Ainda em 2015, foi desbravar o incipiente futebol da Índia, onde foi jogador-treinador do Delhi Dynamos FC em 2015/16 e encerrou definitivamente a carreira.


(Imagem: eotimedopovo.com.br)

Pela Seleção Brasileira, foram 126 jogos e onze gols. Disputou três Copas do Mundo: 1998, 2002 e 2006. Foi vice-campeão e muito criticado em 1998. Se tornou campeão e fundamental no time de 2002. Foi considerado o principal vilão em 2006 (contamos melhor toda a história aqui). Conquistou também os títulos da Copa América de 1997 e 1999, a Copa das Confederações de 1997, a Copa Umbro de 1995 e foi medalhe de bronze nos Jogos Olímpicos de 1996.

É considerado um dos melhores laterais esquerdos de todos os tempos – discutivelmente, para muitos ele é o maior. Recentemente foi nomeado para o segundo time do “Dream Team” histórico da Bola de Ouro da revista France Football.

Roberto Carlos é uma lenda. É história, títulos, gols, explosão, raiva, tudo ao mesmo tempo.

Parabéns pelo seu aniversário, Roberto!


(Imagem: Esportes Online)

… Hino do Real Madrid

Três pontos sobre…
… Hino do Real Madrid

Exatamente hoje, dia 06 de março, o Real Madrid completa 119 anos de fundação.

Como homenagem ao maior clube do mundo, contamos aqui um pouquinho da história do hino merengue.

O primeiro hino foi feito logo em 1903, um pasodoble criado pelo agrônomo Luis María de Segovia. Depois, existiram vários hinos madridistas, sendo os mais conhecidos o “Hino do Centenário” e o “Hino de La Décima“.

Mas o hino oficial, reconhecido mundialmente pelo refrão “Hala Madrid”, foi composto em 08 de março de 1952, como comemoração do aniversário de 50 anos do clube.

E esse hino surgiu de forma curiosa, dentro de um trem que viajava de Madrid a Aranjuez.

Marino García, sua esposa Mercedes Amor, Antonio Villena e o maestro Indalecio Cisneros estavam nessa viagem. Sem papel disponível, as primeiras notas foram escritas em guardanapos do restaurante La Rana Verde.

Pouco depois, o hino foi gravado pelo cantor José de Aguilar, na Columbia Discos, sob a direção e aprovação do maestro Cisneros e acompanhamento de 32 músicos da Orquestra Nacional da Espanha.

Santiago Bernabéu, presidente do clube na época, estava presente na gravação e foi trolado por Cisneros.

Bernabéu perguntou ao maestro se ele era madridista e o músico respondeu que não, que era colchonero. A cara de surpresa e desdém do presidente foi tamanha que o maestro logo desmentiu e disse que era uma piada. Disse, também, que já tinha tentado ser sócio do clube, mas nunca havia conseguido uma cota.

Rapidamente, Bernabéu procurou um telefone, ligou pra sede do clube e, em apenas meia hora, apareceu um funcionário com a carteirinha de sócio do maestro Cisneros.

Veja no vídeo o hino completo, com legenda em castelhano original e em português do Brasil.

… Real Madrid 2 x 0 Atlético de Madrid

Três pontos sobre…
… Real Madrid 2 x 0 Atlético de Madrid


(Imagens: Twitter @realmadrid)

● E tudo voltou a ser mais do mesmo no clássico de Madri: venceu o maior.

Embora tenha criado algumas chances e feito dois gols oriundos de bola parada, o Real controlou o jogo do primeiro ao último minuto e saiu vencedor da partida no estádio Alfredo Di Stéfano.

O Atlético criou apenas uma chance de gol perdida por Thomas Lemar.

Casemiro abriu o placar em uma cabeçada após cobrança de escanteio logo aos 15′.

O segundo gol merengue veio aos 18′ do segundo tempo. Carvajal pegou o rebote da defesa colchonera após uma cobrança de falta, dominou no peito e arriscou da intermediária. O chutaço explodiu na trave, bateu nas costas do goleiro Jan Oblak e foi para o gol (a “la Carlos”, na Copa de 1986).

● Simeone escalou seu time no sistema 3-5-2, que mais parecia um 5-3-1-1. No segundo tempo, foi para o 4-4-2 com dois meias abertos e ofensivos. Mas logo logo tirou seus dois atacantes (João Félix e Luisito Suárez) e recheou o meio campo, para não sofrer mais gols.

Aliás… dizem que não tinha público no estádio, mas Luis Suárez assistiu o jogo de dentro do campo. Foi notado apenas ao ser substituído por Geoffrey Kondogbia aos 28′ da etapa final.

O Atlético de Madrid que tinha sofrido míseros dois gols na Liga em 10 jogos, sofreu os mesmos dois gols nos noventa minutos de hoje.

E o Real Madrid engatou três vitórias consecutivas contra Sevilla, Borussia Mönchengladbach e Atlético. Eram considerados jogos duros, mas o time de Zinédine Zidane soube levar até com certa tranquilidade.

Vale a pena ressaltar que nas três vitórias o trio de meio campo foi o histórico tricampeão continental, com Casemiro, Toni Kroos e Luka Modrić.

Chegou o campeão? Tudo voltou ao “normal”? Ou é apenas uma boa fase momentânea? É o que veremos no decorrer da temporada.

Melhores momentos:

… Fernando Giudicelli: primeiro brasileiro a jogar pelo Real Madrid

Três pontos sobre…
… Fernando Giudicelli: primeiro brasileiro a jogar pelo Real Madrid


Seleção Brasileira que entrou em campo para sua primeira partida em Copas do Mundo, na derrota para a Iugoslávia por 2 x 1. Em pé: Píndaro de Carvalho (técnico), Brilhante, Fausto, Hermógenes, Itália, Joel e Fernando (em destaque). Agachados: Poly, Nilo, Araken, Preguinho e Teóphilo. (Imagem: Terceiro Tempo)

● Filho de pais italianos, Fernando Rubens Pasi Giudicelli nasceu no Rio de Janeiro em 01/03/1906 e faleceu na mesma cidade em 28/12/1968. Assim como várias personalidades do início do século XX, há controvérsias sobre sua data de nascimento. Luis Miguel González (jornalista especializado na história do Real Madrid) afirma que Giudicelli nasceu em 01/01/1906.

Mais conhecido simplesmente como Fernando, o talentoso meio-campista de origem italiana começou sua carreira no tradicional América Futebol Clube, do Rio de Janeiro, onde jogou de 1924 a 1926. Era conhecido por jogar usando um boné de marinheiro.

Segundo nosso leitor Fabiano Gouvêa, em 1927 Fernando defendeu o Jequiá, da Ilha do Governador, na Liga Graphica.

Em 1927, Fernando se transferiu para o Fluminense, ficando até junho de 1931. Pelo Tricolor Carioca, ele jogou 94 vezes, vencendo 51, empatando 16 e perdendo 27, com 5 gols marcados.

Estreou pela Seleção Brasileira em plena Copa do Mundo de 1930, sendo um dos poucos atletas a participarem dos dois jogos do Brasil no Mundial: derrota para a Iugoslávia por 2 x 1 e vitória sobre a Bolívia por 4 x 0.

Ainda em agosto de 1930, jogou um amistoso pela Seleção contra a Iugoslávia, vencido por 4 x 1 no Estádio São Januário (então melhor estádio da América do Sul, até a construção do Estádio Centenário), no Rio de Janeiro (essa partida não foi considerada oficial pela Federação Iugoslava de Futebol). Foram essas três as suas únicas partidas com a então camisa branca da Seleção Brasileira.

Entre junho e agosto de 1931, Fernando e vários jogadores do Botafogo, como Nilo e Carvalho Leite, reforçaram o Vasco da Gama em uma excursão para a Europa (apenas a segunda viagem feita por um clube brasileiro para a Europa desde o Clube Atlético Paulistano, em 1925). Em amistosos disputados em Portugal e na Espanha (contra fortes adversários, como Barcelona, Benfica, Sporting e Porto), o combinado que representava o Vasco venceu oito dos doze jogos.

Por ter se destacado, Fernando Giudicelli permaneceu na Europa para se tornar profissional (o esporte no Brasil ainda era amador na época) e atuar no Torino. Ele poderia fazer isso, pois era considerado “oriundo”, ou seja, um emigrante italiano que estava retornando para casa, aproveitando a abertura dada pelo “Duce” Benito Mussolini.

Fernando foi um dos primeiros a se transferir para o futebol europeu em busca de enriquecimento. Já sabendo que não voltaria ao Brasil, em sua última partida pelo Fluminense ele surpreendeu a todos e espancou dentro de campo o juiz, chamado Leandro Carnaval, se vingando da arbitragem carioca.


                                                  (Imagem: pesmitidelcalcio.com)

● Seu início no Torino foi bom, a ponto de ser elogiado pelo técnico da Azzurra, Vittorio Pozzo, que o queria como substituto de Luisito Monti na seleção italiana.

Mas ao mesmo tempo em que sua qualidade técnica era reconhecida, sua falta de espírito competitivo era extremamente criticada e ele não conseguiu ter vida longa no Calcio italiano da época, que tinha um estilo muito mais aguerrido (como quase sempre).

Mesmo assim, ficou em Turim de setembro de 1931 a abril de 1933. Na primeira temporada, o Toro terminou em 8º na Série A e Fernando disputou 28 partidas, anotando um gol. Já em 1932/33, o Torino ficou em 7º e Fernando jogou apenas 12 vezes. Sem o desempenho esperado, Fernando foi dispensado pelo clube italiano.

Entre as temporadas de 1931/32 e 1932/33, passou um tempo no Rio e acabou por se tornar um dos primeiros agentes de jogadores. Convenceu Demósthenes Magalhães (seu sucessor no meio campo do Fluminense) a se juntar a ele no Torino. Demósthenes mudou seu nome para Demostene Bertini e, assim, obteve a cidadania italiana, mesmo de forma muito controversa.

Também no intervalo entre as temporadas seguintes, Fernando recrutava jogadores sul-americanos para clubes europeus. O centroavante Attilio Bernasconi, do time argentino All Boys, se transferiu também para o Torino em 1933 por iniciativa de Giudicelli.

Fontes afirmam que, após ser dispensado do Torino, em 1933, Fernando recebeu proposta do River Plate. Mas, querendo ficar na Europa, ele assinou com o Young Fellows Zürich (clube onde também jogava Fausto dos Santos, seu parceiro de Seleção na Copa de 1930).

No inverno, Fernando retornou ao Rio tentando recrutar jogadores para o futebol suíço. Mas o próprio Fernando não voltou para Zurique e voltou a jogar rapidamente no América-RJ, ao lado de Heitor Canalli (que começou a temporada 1933/34 no Torino, mas ficou apenas nove jogos e voltou ao Rio, reclamando que o clima do norte italiano era uma “tortura”).

Passou a temporada 1934/35 no Bordeaux, da França. Ao fim da temporada, voltou novamente ao Brasil e convenceu o goleiro Jaguaré (então no Corinthians) e o zagueiro Vianinha (do Paulista) a irem jogar na Itália. Mas ao fazer escala em Lisboa, os jogadores brasileiros ficaram sabendo do início da Segunda Guerra Ítalo-Abissínia. Assim, preferiram ficar em Portugal e jogar no Sporting, onde foram os primeiros brasileiros na história do clube.

Mas Fernando jogou apenas duas partidas pelo clube sportinguista: uma amistosa e uma pelo Campeonato de Lisboa, onde foi expulso após discussão com o árbitro. Posteriormente ele afirmou que não ficou no Sporting porque o futebol português ainda era amador.


                                                                        (Imagem: As)

● Então Fernando se transferiu para o Real Madrid, se tornando o primeiro brasileiro da história do clube. A bem da verdade, na época o time era “apenas” Madrid C.F., pois havia perdido o título de Real na época da Segunda República Espanhola (1931-1939).

Ainda que fosse um jogador muito bom tecnicamente e com um ótimo passe, Fernando era considerado frio e lento, que não combinava bem com o estilo de velocidade que se jogava no futebol espanhol.

As dúvidas sobre o futebol do craque, juntamente com sua vontade de assinar por apenas uma temporada, fizeram com que os merengues desistissem dele.

Sabendo que o Madrid não aceitaria suas condições contratuais, Giudicelli pediu à diretoria do clube para atuar em, pelo menos, uma partida, para provar suas qualidades e mostrar que suas exigências valiam a pena.

Assim, aceitaram lhe dar uma chance de jogar. E então Fernando vestiu o manto branco naquela mesma noite. Ficou combinado que se a diretoria o considerasse útil para o time, deveriam aceitar suas condições. Caso contrário, ele sairia da Espanha no mesmo dia.

E então, no dia 15/12/1935, Fernando vestiu pela única vez a camisa do Real Madrid em confronto com o Racing Santander, em partida válida pela Liga Espanhola, no Estádio Chamartín.

Teve a sua chance. Mesmo sem condições físicas, discutivelmente substituiu Antonio Bonet na escalação.

O técnico Francisco “Paco” Bru escalou a equipe com: Gyula Alberty; Ciriaco e Jacinto Quincoces; Pedro Regueiro, Fernando Giudicelli e Leoncito; Fernando Sañudo, Méndez Vigo, Simón Lecue, Luis Regueiro e Emilín.

Pelo Racing, jogaram: Pedrosa; Ceballos e Illardía; Rioja, Farcía e Germán; Chas, Cuca, Larrinaga, Milucho e Pombo. O árbitro foi Armengol.

A equipe do Racing venceu por 4 a 2. O Real sempre esteve atrás no placar, chegando a empatar a partida por duas vezes. Milucho abriu o placar aos 12′ e Emilín empatou aos 35′. Pombo fez o segundo do Santander aos 43′, mas Luis Regueiro empatou para o Madrid aos 70′. Chas fez o terceiro e Milucho, de novo, fez o quarto gol do Racing, fechando o placar.

A partida foi vibrante, rápida, “lá e cá”. Um jornal local escreveu que foi um jogo próprio de uma “final de campeonato”. Fernando deu mostras de sua qualidade técnica, mas não demonstrou ter “sangue” quente o suficiente para um confronto com as características dessa partida e foi criticado pelo técnico Paco Bru. O Madrid não perdia em Chamartín havia um ano, quando tinha perdido para o Sevilla por 1 x 0. E essa invencibilidade perdida caiu em cima de Fernando, que não conseguiu dar o ritmo necessário em um duelo tão intenso. Para piorar, a derrota fez o time madridista perder a liderança da liga para o Athletic.

Depois da partida, o meio-campista carioca se declarou “incapaz” de jogar no Madrid, já que todas as partidas eram jogadas como se fossem uma final de Copa. Em janeiro de 1936, Giudicelli viajou para França e muito se especulou sobre reuniões com o time do Lille, mas acabou acertando com o FC Antibes, onde jogou até o fim da temporada 1936/37, quando encerrou a carreira.

Mas não saiu do meio do futebol. Continuou trabalhando como agente de jogadores e instigou uma série de transferências desses atletas da América do Sul para a Europa.

Fernando, que tinha talento para se tornar uma lenda do futebol, acabou não conseguindo desfilar todo seu talento nos gramados mundo afora. De qualquer forma, entrou para a história por ser o primeiro brasileiro a vestir a gloriosa camisa do Real Madrid.


Parte do elenco da Seleção Brasileira em 1930. Em pé: Brilhante, Fernando, Hermógenes, Nilo, Carvalho Leite, Itália, Fausto dos Santos e Santana. Agachados: Teóphilo, Benevenuto, Benedito, Velloso, Doca, Russinho e Preguinho. (Imagem: Terceiro Tempo)

● Clubes que Fernando defendeu durante sua carreira:

– 1924-1927 América Football Club (RJ)
– 1927-1931 Fluminense Football Club (RJ)
– 1931-1933 Torino Football Club (Itália)
– 1933 FC Young Fellows Zürich (Suíça)
– 1934 América Football Club (RJ)
– 1934-1935 FC Girondins de Bordeaux (França)
– 1935 Sporting Clube de Portugal (Portugal)
– 1935 Real Madrid Club de Fútbol (Espanha)
– 1936-1937 Football Club Antibes (França)

… Por que amo o Real Madrid?

Três ponto sobre…
… Por que amo o Real Madrid?

Uma das formações do Real Madrid na temporada 1992/93 (Imagem: Football Memories / @footballmemorys)

Buyo; Chendo, Sanchís, Hierro e Nando; Martín Vázquez, Míchel, Luis Enrique e Prosinečki; Butragueño e Zamorano.

Esse era o time base do “poderoso” Real Madrid em meados de 1993, quando eu comecei a amar esse time. Por que? Não sei.

Seria muito mais fácil torcer para o Barcelona, bem treinado por Johan Cruijff, que ainda tinha no ataque o genioso Stoichkov e o genial Romário – ídolo de qualquer brasileiro na época.

Mas não! Foi amor à primeira vista! Me hipnotizei pelo uniforme branco, pelo símbolo com uma coroa, pelos gols de Butragueño e Zamorano, pelos lançamentos de Hierro, pela liderança de Sanchíz, pela raça de Chendo, pela história de Míchel.

O Barça tinha sido campeão da UEFA Champions League pouco antes e emendaria quatro títulos espanhóis na sequência. Eu nem sabia o que era a Champions e nem a Liga. Queria ver o Real Madrid jogar nas transmissões da TV Bandeirantes, ou então os gols do time no Esporte Total, também da Band.


Nunca será Raúl González Blanco: para sempre Raúl “Madrid” (Imagem: ESPN)

E esse carinho aumentou com a chegada dos brasileiros Roberto Carlos e Sávio. Antes, já tinha torcido para os madridistas na Copa de 1994. Quanta raiva me deu ao ver Luis Enrique (aquele mesmo, ingrato! – jogava no Real) sangrando após uma cotovelada do italiano Tassotti, e a minha Espanha sendo eliminada pelos “Baggios” Roberto e Dino.

Vi nascer, crescer e se agigantar Raúl González! O meu maior ídolo no futebol. Vi alguns melhores, mas não vi nenhum amar e honrar tanto esse manto blanco.

Veio o título da Champions de 1998, com Mijatović. Depois, em 2000, com um menino de 19 anos no gol: Iker Casillas. Em 2002, o auge dos galácticos, com o monstro Zinedine Zidane. “Ano sim, ano não, o Madrid é campeão!”


Gol de “Peđa” Mijatović, na final da Champions 1997/98 (Imagem: Doentes por Futebol)

E, logo depois, houve um longo e tenebroso inverno. Não havia quem desse jeito. Ronaldo Fenômeno, David Beckham, Michael Owen, Ruud van Nistelrooy, Vanderlei Luxemburgo e sua legião de brasileiros, Fabio Capello… era vergonha atrás de vergonha em nível europeu. Conquistava uma Liga aqui, outra ali… mas, quem, de verdade, liga para La Liga?!

Enquanto isso, o rival da Catalunha doutrinava e ensinava o que era futebol, começando a se colocar de vez na história – coisa que o Real já tinha feito 50 anos antes…

Eis que Carlo Ancelotti trouxe o brio vencedor ao nosso time. Mas que, fala a verdade, só venceu porque tinha o azarado Atlético de Madrid do outro lado (talvez um dos times mais azarados do mundo). Sergio Ramos e seu minuto 93 ficou cravado na história. Era a tão sonhada La Décima.


Sergio Ramos e o lendário minuto 93 (Imagem: HTE Sports)

Em 2015, caiu na semifinal para a Juventus com um gol da “cria” Morata. Impediu uma histórica final com o Barça, do trio MSN. Francamente: creio que perderíamos. Foi melhor assim.

Melhor ainda, foi a temporada seguinte, a undécima, em nova vitória diante do Atlético. Dessa vez nos pênaltis. Seria a volta do “Ano sim, ano não, o Madrid é campeão!”? Não! Vencemos também em 2017 goleando a Juventus (outro time azarado) e em 2018, batendo um grande Liverpool.

Em 2018/19, a temporada acabou em março – dois meses antes. E daí?! Já não estamos no lucro? Três Champions seguidas, igualando os grandes Ajax (1971-1973) e Bayern de Munique (1974-1976), só atrás do próprio Madrid, que venceu cinco entre 1956 e 1960.


Gareth Bale “pedalou” na final da Champions 2017/18 (Imagem: UOL)

Acontece. Falta de planejamento e reposição, excesso de confiança, decadência de algumas “estrelas”… Aconteceu.

Comecei a amar esse clube em uma época de seca, sem títulos… Não é um ano infrutífero (depois de ótimas colheitas) que muda algo nesse amor.

Chendo, Amavisca, Sanz, Redondo, Panucci, Šuker, Seedorf, Zé Roberto, Illgner, Karanka, Guti, Morientes, Helguera, Salgado, McManaman, Makélélé, Figo, Beckham, Cristiano Ronaldo, Navas, Reguilón…

Não importa quem vista essa linda camisa branca. O nome Real Madrid e esse escudo pesa muito. Principalmente para os adversários. Com um pouquinho de juízo e maiores gastos da direção, vamos disputar firmes todos os títulos. É a nossa natureza. É Real Madrid.

Parabéns pelos seus 117 anos de histórias, Real Madrid C.F.!