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… 15/06/1986 – Bélgica 4 x 3 União Soviética

Três pontos sobre…
… 15/06/1986 – Bélgica 4 x 3 União Soviética


O capitão Jan Ceulemans é perseguido pela marcação soviética (Imagem: Pinterest)

● Era uma tarde de sol escaldante no estádio Nou Camp, em León, estado mexicano de Guanajuato. Mais quente ainda seria a partida das quartas de final entre Bélgica e União Soviética.

As duas seleções vinham cumprindo papéis distintos no Mundial. Na primeira fase, os belgas ficaram em terceiro lugar no grupo B, com uma derrota (2 a 0 para o México), uma vitória (2 a 1 sobre o Iraque) e um empate (2 a 2 com o Paraguai). Foi um desempenho fraco, para quem ainda tinha como base a equipe vice-campeã da Eurocopa em 1980. Não era o time dos sonhos, mas aquela foi a primeira “ótima geração belga”. Aliando experiência e juventude, os destaques eram Eric Gerets, Stéphane Demol, Jan Ceulemans, Jean-Marie Pfaff (eleito melhor goleiro da Copa) e o prodígio Enzo Scifo (então com 20 anos).

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Por outro lado, a União Soviética sempre foi uma equipe dura de ser batida. Terminaram a primeira fase como líderes do grupo C, com vitórias sobre a Hungria (goleada por 6 a 0) e Canadá (2 a 0), além de um empate com a fortíssima França (1 a 1). Com a base do Dínamo de Kiev, campeão da Recopa Europeia, o técnico Valeriy Lobanovs’kyi tinha em seu time destaques como Igor Belanov, Aleksandr Zavarov, o ótimo goleiro Rinat Dasayev (que tinha completado 29 anos dois dias antes) e o veterano Oleg Blokhin (Bola de Ouro em 1975).

Esses resultados colocavam a URSS amplamente favorita a passar para as quartas de final. O retrospecto histórico ainda era favorável, com quatro vitórias soviéticas em quatro jogos disputados entre eles.


A Bélgica era escalada no 3-5-2, com Ceulemans coordenando as ações entre o meio e o ataque.


A URSS jogava no 4-5-1, com um líbero atrás da linha de três defensores. Os meias laterais tinham muita habilidade e apoiavam Belanov no ataque.

● A partida começou com belas e contínuas trocas de passes entre os soviéticos. Mesmo pressionando, eles demoraram 27 minutos a abrirem o placar. Com uma ótima jogada, Zavarov encontrou Belanov entre as linhas e ele chutou forte da entrada da área para inaugurar o marcador.

Os soviéticos tentaram ampliar, mas Pfaff estava exuberante no gol.

No começo do segundo tempo, aos 11 minutos, a Bélgica foi para cima e Scifo (em posição duvidosa) finalizou com muita tranquilidade um cruzamento de Vercauteren.

O empate se seguiu até os 25 minutos, quando Ceulemans perdeu a bola na intermediária defensiva e, novamente, o ótimo Zavarov deu uma excelente assistência para Belanov marcar o segundo, chutando cruzado na saída de Pfaff.

Sete minutos depois, Demol faz um longo lançamento e Ceulemans (em posição de impedimento) dominou no peito, girou e finalizou ao gol. Era o empate.

No minuto final do tempo regulamentar, Dasayev faz uma defesa monumental em cabeçada de Ceulemans.

No tempo normal, empate em 2 a 2. Em uma partida em que a Bélgica jogava no contra-ataque e a URSS esbarrava em Pfaff, a prorrogação se tornou um caminho natural.

Os soviéticos saíram de campo pregados e reclamando bastante dos lances irregulares. A verdade é que a URSS foi prejudicada pela arbitragem em dois lances vitais na partida.

Além do bom preparo físico, os belgas voltaram com outra mentalidade e passaram a ter mais posse de bola. E foi assim que os “Diabos Vermelhos” começaram a criar suas chances.

Aos 12 minutos do tempo extra, Vercauteren cobra um escanteio curto e Gerets fez um cruzamento precioso na cabeça do zagueiro Demol, que apareceu como um foguete e cabeceou no ângulo.

Aos 5 do segundo tempo, a Bélgica ampliou. Após ótima jogada de Ceulemans, Lei Clijsters (pai da tenista Kim Clijsters) e Claesen tabelam pelo miolo da área. A bola sobe e Claesen, de primeira, acerta o canto direito.

O resto da partida foi toda de Pfaff.

Um minuto depois, Belanov é empurrado por Gerets dentro da área. O próprio Belanov cobrou, chutando forte, alto e no meio do gol.

A URSS continuou em busca do empate, mas sem sucesso.

Apesar da quantidade de gols, os dois goleiros foram protagonistas na partida.


Sergey Aleynikov tenta driblar o menino Scifo (Imagem: Pinterest)

● Esse jogo contra os soviéticos provavelmente foi o momento mais importante da história do futebol belga, pois foi o início de uma campanha histórica, que colocou de vez a Bélgica no hall das grandes seleções mundiais.

Na sequência, os embalados “Diabos Vermelhos” eliminaram a Espanha nos pênaltis (5 a 4, após um empate por 1 a 1 no tempo normal e prorrogação). Nas semifinais, caíram de pé para a Argentina (2 a 0), com um inspirado Maradona, autor dos dois gols.

Na decisão do 3º lugar, ainda perderiam para a França de Michel Platini na prorrogação por 4 a 2. Não faz mal. Já havia feito história.

Como curiosidade, a seleção soviética tinha onze jogadores que atuavam no Dínamo de Kiev, cidade a pouco mais de 100 km de Chernobyl, que sofreu um gravíssimo acidente nuclear menos de dois meses antes do desembarque da equipe no México.

A delegação belga repetiu o que os ingleses fizeram em 1970 e levaram mantimentos próprios para evitar o “mal de Montezuma“, que causa intoxicação alimentar em alguns estrangeiros no México. Dessa vez, no entanto, os mexicanos não se sentiram ofendidos com essa atitude (diferentemente de 1970, em relação à Inglaterra).

Igor Belanov, destaque da URSS e do Dínamo de Kiev, foi o segundo jogador em Copas do Mundo a fazer um “hat trick” (três gols no mesmo jogo) e sua equipe perder. [Falaremos do primeiro caso no dia 26/06.] No fim do ano de 1986, Belanov seria eleito Bola de Ouro pela revista France Football.


Vladimir Bessonov rouba a bola de Ceulemans (Imagem: Pinterest)

FICHA TÉCNICA:

 

BÉLGICA 4 X 3 UNIÃO SOVIÉTICA

 

Data: 15/06/1986

Horário: 16h00 locais

Estádio: Nou Camp

Público: 32.277

Cidade: León (México)

Árbitro: Erik Fredriksson (Suécia)

 

BÉLGICA (4-4-2):

UNIÃO SOVIÉTICA (4-5-1):

1  Jean-Marie Pfaff (G)

1  Rinat Dasayev (G)

2  Eric Gerets

2  Vladimir Bessonov

13 Georges Grün

10 Oleg Kuznetsov

5  Michel Renquin

21 Vasiliy Rats

22 Patrick Vervoort

5  Anatoliy Dem’yanenko (C)

21 Stéphane Demol

12 Andriy Bal

11 Jan Ceulemans (C)

20 Sergey Aleynikov

8  Enzo Scifo

7  Ivan Yaremchuk

6  Franky Vercauteren

8  Pavel Yakovenko

16 Nico Claesen

9  Aleksandr Zavarov

18 Daniel Veyt

19 Igor Belanov

 

Técnico: Guy Thys

Técnico: Valeriy Lobanovs’kyi

 

SUPLENTES:

 

 

12 Jacky Munaron (G)

16 Viktor Chanov (G)

20 Gilbert Bodart (G)

22 Sergey Krakovs’kyi (G)

14 Lei Clijsters

3  Aleksandr Chivadze

19 Hugo Broos

4  Gennady Morozov

4  Michel De Wolf

6  Aleksandr Bubnov

3  Franky Van der Elst

15 Nikolay Larionov

15 Leo Van der Elst

13 Gennadiy Litovchenko

7  René Vandereycken

17 Vadim Yevtushenko

10 Philippe Desmet

14 Sergey Rodionov

17 Raymond Mommens

18 Oleg Protasov

9  Erwin Vandenbergh

11 Oleg Blokhin

 

GOLS:

27′ Igor Belanov (URSS)

56′ Enzo Scifo (BEL)

70′ Igor Belanov (URSS)

77′ Jan Ceulemans (BEL)

102′ Stéphane Demol (BEL)

110′ Nico Claesen (BEL)

111′ Igor Belanov (URSS) (pen)

 

CARTÃO AMARELO: 65′ Michel Renquin (BEL)

 

SUBSTITUIÇÕES:

72′ Aleksandr Zavarov (URSS) ↓

Sergey Rodionov (URSS) ↑

 

79′ Pavel Yakovenko (URSS) ↓

Vadim Yevtushenko (URSS) ↑

 

99′ Georges Grün (BEL) ↓

Lei Clijsters (BEL) ↑

 

112′ Eric Gerets (BEL) ↓

Leo Van der Elst (BEL) ↑

 Seguem os gols da partida:

… 14/06/1970 – Alemanha Ocidental 3 x 2 Inglaterra

Três pontos sobre…
… 14/06/1970 – Alemanha Ocidental 3 x 2 Inglaterra


Gerd Müller marca o gol da virada alemã (Imagem: Daily Mail)

● Prejudicada por ter caído no grupo do Brasil, a Inglaterra ficou em segundo lugar na primeira fase. Por isso, nas quartas de final, teve que enfrentar logo de cara a Alemanha Ocidental. Era a reedição da decisão de quatro anos antes, mas dessa vez os ingleses não jogaram em casa. Muito pelo contrário. Para os mexicanos, a Inglaterra era inimiga.

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… Gerd Müller: o maior bombardeiro alemão
… Uwe Seeler: o professor dos centroavantes alemães
… Berti Vogts: o homem-carrapato

Os ingleses tinham medo do chamado “mal de Montezuma“, uma intoxicação alimentar que ataca alguns estrangeiros no México. Por isso, levaram quilos de comida e toda a água que consumiriam no país. Um jornalista local descobriu o fato e logo a manchete estava estampada: “Sua majestade nos chamou de porcos!” Esse fato revoltou a população local. Os mexicanos passaram a fazer barulho em frente os hotéis em que a delegação inglesa se hospedava, para atrapalhar o sono dos atletas. E em todas as partidas, a Inglaterra era vaiada do início ao fim.

Mesmo com todos esses “cuidados”, por ironia do destino, o lendário goleiro Gordon Banks teve uma diarreia e não disputou a partida contra os alemães. Em seu lugar jogou o irregular (para não falar ruim) Peter Bonetti, do Chelsea.

Mesmo sem Banks, a partida tinha onze remanescentes a decisão de 1966.


Alemanha jogava no 4-2-4, com Beckenbauer como volante à frente da defesa.


A Inglaterra atuava no seu 4-4-2 clássico, com duas linhas de quatro.

● Nos primeiros segundos, Franz Beckenbauer, o “Kaiser” (imperador), avançou e chutou de perna esquerda, da intermediária, mas a bola foi para fora.

Os campeões do mundo abriram o placar aos 31 minutos de partida. O lateral Keith Newton rolou da direita para a pequena área e o volante Alan Mullery se antecipou a um adversário, desviando para o gol.

O primeiro tempo terminou assim, para alegria dos poucos torcedores britânicos em León. Apesar do calor, a Inglaterra demonstrou melhor preparo físico.

Aos 4 minutos do segundo tempo, Alan Ball rouba a bola e inicia o contra-ataque. Geoff Hurst recebe e toca para Newton. De novo o lateral inglês cruza da direita, no segundo pau. Peters aparece à frente de um zagueiro e, na pequena área, escora para o gol. Sepp Maier nada pode fazer. Inglaterra, 2 a 0. Tudo caminhava para uma vitória categórica dos “Three Lions“.

Aos 23, Beckenbauer recebe de Overath, dribla Mullery fora da área e chuta no canto direito de Bonetti, diminuindo o marcador. Os ingleses reclamaram que havia um jogador caído (o “catimbeiro” Francis Lee) e os alemães não tiveram fair play. Mas o fato é que o gol valeu.

Logo em seguida, o técnico Alf Ramsey cometeu o mesmo erro de sempre: tirou o maestro Bobby Charlton e se fechou na defesa. Como consequência, Beckenbauer, livre da tarefa de marcá-lo, estava livre para reinar em campo.

A Alemanha continuou trabalhando e, a oito minutos do fim, Schnellinger ergue a bola para a área. O capitão Uwe Seeler, marcado e de costas para o gol, consegue desviar de cabeça, encobrindo Bonetti. Um lance lindo, de quem conhece bem o caminho do gol. Seeler, Pelé, Miroslav Klose e Cristiano Ronaldo são os únicos jogadores a marcarem em quatro Mundiais diferentes.

No tempo normal, mesmo placar da decisão de 1966.

A Inglaterra começa o tempo extra com jogadas agudas. Logo nos primeiros segundos, Colin Bell cruza e Hurst cabeceia para fora. Pouco depois, o próprio Hurst marcou um gol ilegal (como em 1966), mas dessa vez a arbitragem anulou. O moral do “English Team” estava baixo, enquanto o do “Nationalelf” estava lá em cima.

O momento decisivo veio pouco depois, aos três minutos do segundo tempo da prorrogação, quando Grabowski arranca pela direita e cruza para a segunda trave, Löhr escora de cabeça para a pequena área e Gerd Müller, sozinho, manda de voleio para o fundo das redes.


Bobby Charlton sempre bem marcado por Franz Beckenbauer (Imagem: Pinterest)

● O público delira. Os gritos demonstram sua antipatia pela Inglaterra. O campeão perde o trono. Virada e vingança da Alemanha. O fantasma de Wembley estava definitivamente enterrado e a história foi outra.

A então campeã, Inglaterra, se despedia da Copa precocemente, nas quartas de final, após uma primeira fase com vitórias por 1 a 0 sobre Romênia e Tchecoslováquia, além de derrota para o Brasil pelo mesmo placar.

Curiosamente, a Inglaterra foi a primeira seleção a utilizar três camisas diferentes em uma Copa do Mundo. Vestiu uma camisa vermelha contra a Alemanha, jogou de branco contra Brasil e Romênia e utilizou um uniforme azul claro contra a Tchecoslováquia. Como o uniforme dos tchecos era todo branco, a imagem na TV preto e branco ficou terrível, pois a tonalidade dos dois uniformes era semelhante.

A Alemanha Ocidental se classificou para as semifinais e jogaria contra a Itália, três dias depois.


Capitães, Bobby Moore e Uwe Seeler se cumprimentam antes da partida (Imagem: Pinterest) 

FICHA TÉCNICA:

 

ALEMANHA OCIDENTAL 3 x 2 INGLATERRA

 

Data: 14/06/1970

Horário: 12h00 locais

Estádio: León

Público: 23.357

Cidade: León (México)

Árbitro: Ángel Norberto Coerezza (Argentina)

 

ALEMANHA OCIDENTAL (4-2-4):

INGLATERRA (4-4-2):

1  Sepp Maier (G)

12 Peter Bonetti (G)

7  Berti Vogts

2  Keith Newton

11 Klaus Fichtel

5  Brian Labone

3  Karl-Heinz Schnellinger

6  Bobby Moore (C)

2  HorstDieter Höttges

3  Terry Cooper

4  Franz Beckenbauer

4  Alan Mullery

12 Wolfgang Overath

9  Bobby Charlton

14 Stan Libuda

8  Alan Ball

9  Uwe Seeler (C)

10 Geoff Hurst

13 Gerd Müller

7  Francis Lee

17 Hannes Löhr

11 Martin Peters

 

Técnico: Helmut Schön

Técnico: Alf Ramsey

 

SUPLENTES:

 

 

21 Manfred Manglitz (G)

1 Gordon Banks (G)

22 Horst Wolter (G)

13 Alex Stepney (G)

5  Willi Schulz

14 Tommy Wright

6  Wolfgang Weber

17 Jack Charlton

15 Bernd Patzke

18 Norman Hunter

18 Klaus-Dieter Sieloff

16 Emlyn Hughes

16 Max Lorenz

15 Nobby Stiles

19 Peter Dietrich

19 Colin Bell

8  Helmut Haller

20 Peter Osgood

10 Sigfried Held

21 Allan Clarke

20 Jürgen Grabowski

22 Jeff Astle

 

GOLS:

31′ Alan Mullery (ING)

49′ Martin Peters (ING)

68′ Franz Beckenbauer (ALE)

82′ Uwe Seeler (ALE)

108′ Gerd Müller (ALE)

 

CARTÕES AMARELOS:

Gerd Müller (ALE)

Francis Lee (ING)

 

SUBSTITUIÇÕES:

INTERVALO Horst-Dieter Höttges (ALE) ↓

Willi Schulz (ALE) ↑

 

55′ Stan Libuda (ALE) ↓

Jürgen Grabowski (ALE) ↑

 

70′ Bobby Charlton (ING) ↓

Colin Bell (ING) ↑

 

81′ Martin Peters (ING) ↓

Norman Hunter (ING) ↑ 

Gols do jogo:

Melhores momentos da partida:

 

… 13/06/1998 – Nigéria 3 x 2 Espanha

Três pontos sobre…
… 13/06/1998 – Nigéria 3 x 2 Espanha


Sunday Oliseh marca o gol contra a Espanha, em 1998 (Imagem: AP Photo / Remy de la Mauviniere)

● A Nigéria fez uma boa Copa do Mundo em 1994, caindo nas oitavas de final para a Itália de Roberto Baggio. Nos Jogos Olímpicos de 1996, surpreendeu a todos e conquistou a medalha de ouro. Mais amadurecido, era um time forte, com vários destaques no cenário europeu, como, dentre outros, Taribo West (Inter de Milão), Celestine Babayaro (Chelsea), Sunday Oliseh (Ajax), Jay-Jay Okocha (Fenerbahçe), Nwankwo Kanu (Inter de Milão). Como principal desfalque, o ponta esquerda Emmanuel Amunike, reserva do Barcelona.

Os nigerianos tiveram uma preparação conturbada. O técnico Bora Milutinović quase foi demitido do comando por não ter a simpatia do presidente do país, o general Sami Abacha. O general queria o holandês Jo Bonfrere, que levou o time ao Ouro nas Olimpíadas de Atlanta. Para sorte de Milutinović, três dias antes da estreia, Abacha foi vítima de um ataque cardíaco e faleceu.

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Apesar de todos os problemas, o objetivo das “Superáguias” era provar que um time africano poderia ser campeão do mundo pela primeira vez.

A Espanha era cabeça de chave e chegava forte na Copa do Mundo de 1998, recheada de bons jogadores, como o goleiro Zubizarreta, o zagueiro/volante Hierro, os meia-atacantes Luis Enrique e Raúl, além dos atacantes Kiko, Alfonso e Morientes. Sentia falta do volante Guardiola, cortado por lesão. Nesta partida, o objetivo principal da Fúria era estrar com vitória, o que não acontecia desde 1950.


A Nigéria jogou todas suas partidas no 3-5-2, exceto essa. Na estreia, atuou no 4-4-2, com um meio campo em losango e Finidi como atacante aberto pela direita.


Ao contrário da Nigéria, a Espanha jogou as demais partidas no 4-4-2, mas contra os africanos, o técnico Javier Clemente optou pelo 3-5-2. O destaque eram os meias Luis Enrique e Raúl, atacantes em seus clubes. Na prática, a Espanha tinha quatro atacantes, com recomposição defensiva ruim.

● A Espanha começou melhor, pressionando e quase abriu o placar com duas cabeçadas de Raúl. Na primeira, o “goleiro-príncipe” Peter Rufai defendeu. Na segunda, a bola foi por cima do gol.

Mas o gol sairia aos 21 minutos, em uma bela cobrança de falta de Fernando Hierro, a 10 metros da área. Rufai deu um pequeno passo para o lado direito e a bola foi em seu canto esquerdo.

Mas os nigerianos não se abateram e buscaram o empate. Quatro minutos depois, Garba Lawal cobrou escanteio da direita para a pequena área, Mutiu Adepoju subiu mais do que Kiko e marcou de cabeça.

Na volta do intervalo, Hierro fez um lançamento perfeito de 40 metros, para linda conclusão de Raúl, de voleio. Um golaço, que esfriou os ânimos dos africanos.

A partida seguiu equilibrada e com chances para os dois lados.

Mas o destino foi cruel com o grande goleiro Andoni Zubizarreta, em sua quarta Copa. Aos 36 anos, ele era o então recordista de partidas pela seleção de seu país, com 126 jogos disputados e já havia anunciado a aposentadoria para logo depois do torneio.

Em contra-ataque nigeriano, aos 28 minutos, Yekini puxa jogada pelo meio e abre o jogo para Lawal. Ele recebeu a bola pelo lado esquerdo, entrou na área, driblou Iván Campo e cruzou para a área. Era um chute fechado e fraco, sem levar perigo algum, mas Zubizarreta desviou contra as próprias redes. Uma cena rara na carreira do seguro e veterano goleiro.

A Espanha acusou o golpe. O empate recolocou a Nigéria no jogo.

A virada veio aos 33 minutos do segundo tempo. Oliseh aproveitou uma rebatida da zaga espanhola e acertou um belo e potente chute de 116 km/h no canto direito de Zubizarreta, que chegou a tocar na bola, mas não impediu o gol.

Os minutos finais foram de pressão espanhola, mas a defesa nigeriana resistiu e conquistou a vitória.


O capitão Zubizarreta lamenta o segundo gol da Nigéria (Imagem: Ian Waldie / Reuters)

● Foi a primeira partida entre as duas seleções na história.

A Espanha foi eliminada na primeira fase da Copa. Após a estreia, empatou sem gols com o retrancado Paraguai e goleou a envelhecida Bulgária por 6 a 1. Foi a maior goleada da Copa, mas de nada adiantou. Encerrou o grupo D com 4 pontos, atrás dos nigerianos (6 pontos) e paraguaios (5 pontos).

A Nigéria venceu a Bulgária por 1 a 0 e perdeu para o Paraguai por 2 a 1 (com uma equipe mista, com apenas 4 titulares). Despediu-se do Mundial nas oitavas de final, ao perder para a Dinamarca dos irmãos Laudrup por 4 a 1.


Raúl passa por West. Raúl foi um dos destaques da partida (Imagem: Shaun Botterill / Getty Images / Veja)

FICHA TÉCNICA:

 

NIGÉRIA 3 X 2 ESPANHA

 

Data: 13/06/1998

Horário: 14h30 locais

Estádio: Stade de la Beaujoire  – Louis Fonteneau

Público: 35.500

Cidade: Nantes (França)

Árbitro: Esfandiar Baharmast (Estados Unidos)

 

NIGÉRIA (4-4-2):

ESPANHA (3-5-2):

1  Peter Rufai (G)

1  Andoni Zubizarreta (G)(C)

2  Mobi Oparaku

14 Iván Campo

5  Uche Okechukwu (C)

20 Miguel Ángel Nadal

6  Taribo West

4  Rafael Alkorta

3 Celestine Babayaro

2 Albert Ferrer

8  Mutiu Adepoju

6  Fernando Hierro

15 Sunday Oliseh

21 Luis Enrique

10 Jay-Jay Okocha

10 Raúl

11 Garba Lawal

12 Sergi

7  Finidi George

11 Alfonso

20 Victor Ikpeba

19 Kiko

 

Técnico: Bora Milutinović

Técnico: Javier Clemente

 

SUPLENTES:

 

 

12 William Okpara (G)

13 Santiago Cañizares (G)

22 Abiodun Baruwa (G)

22 José Francisco Molina (G)

16 Uche Okafor

15 Juan Carlos Aguilera

21 Godwin Okpara

5  Abelardo

17 Augustine Eguavoen

3  Agustín Aranzábal

19 Benedict Iroha

16 Albert Celades

18 Wilson Oruma

18 Guillermo Amor

4  Nwankwo Kanu

8  Julen Guerrero

13 Tijani Babangida

17 Joseba Etxeberria

14 Daniel Amokachi

9  Juan Antonio Pizzi

9  Rashidi Yekini

7  Fernando Morientes

 

GOLS:

21′ Fernando Hierro (ESP)

24′ Mutiu Adepoju (NIG)

47′ Raúl (ESP)

73′ Andoni Zubizarreta (NIG) (gol contra)

78′ Sunday Oliseh (NIG)

 

CARTÕES AMARELOS:

56′ Guillermo Amor (ESP)

59′ Miguel Ángel Nadal (ESP)

62′ Uche Okechukwu (NIG)

75′ Iván Campo (ESP)

 

SUBSTITUIÇÕES:

INTERVALO Albert Ferrer (ESP) ↓

Guillermo Amor (ESP) ↑

 

58′ Alfonso (ESP) ↓

Joseba Etxeberria (ESP) ↑

 

70′ Mobi Oparaku (NIG) ↓

Rashidi Yekini (NIG) ↑

 

77′ Miguel Ángel Nadal (ESP) ↓

Albert Celades (ESP) ↑

 

83′ Victor Ikpeba (NIG) ↓

Tijani Babangida (NIG) ↑

 

90+3′ Garba Lawal (NIG) ↓

Godwin Okpara (NIG) ↑

Melhores momentos da partida:

… 12/06/2014 – Brasil 3 x 1 Croácia

Três pontos sobre…
… 12/06/2014 – Brasil 3 x 1 Croácia


Jogadores comemoram o terceiro gol brasileiro (Imagem: Jefferson Bernardes)

● Era um momento gigantesco: a primeira partida do Brasil em uma Copa do Mundo em seu território desde o “Maracanazzo“, exatos 63 anos, 10 meses e 26 dias depois. A Seleção começada credenciada como favorita ao hexacampeonato também por ter vencido sem contestações a Copa das Confederações no ano anterior, com direito a 3 a 0 sobre a Espanha na final.

As duas equipes já tinham se enfrentado em uma estreia de Copa, com vitória brasileira em 2006 por 1 a 0, gol de Kaká.

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O hino nacional cantado “à capela” por todo estádio tem seus efeitos. Se por um lado emociona, inflama e motiva aos jogadores, por outro lado assusta. Os mais emotivos chegaram a chorar, como Júlio César, Thiago Silva e David Luiz.


O Brasil atuou no sistema 4-2-3-1, mas um pouco diferente do usual. Talvez para surpreender o adversário, os três jogadores de meio atrás de Fred foram escalados fora de sua posição habitual (com Hulk pela direita, Oscar pelo meio e Neymar pela esquerda). Nesta partida, Hulk foi deslocado para a esquerda e apareceu pouco. Oscar jogou aberto pela direita e Neymar circulou pelo meio.


A Croácia também foi escalada no 4-2-3-1, com um meio campo muito técnico e boa recomposição defensiva de toda a equipe.

● O jogo começou com os brasileiros nervosos, perdidos e mal posicionados em campo, principalmente os laterais Daniel Alves e Marcelo. Os primeiros 20 minutos da Copa foram da Croácia, que criou chances desde o início.

Aos 6 minutos, Perišić cruzou da direita e Ivica Olić, sozinho, cabeceia rente à trave do goleiro Júlio César.

A Croácia começou dominando e abriu o placar aos 11 minutos de partida. Olić recebeu lançamento nas costas de Daniel Alves, avançou livre pela esquerda e cruzou rasteiro. Nikica Jelavić erra o chute e a bola bate no pé de Marcelo, que vinha na corrida e acaba desviando para o gol. Foi o primeiro gol contra da história da Seleção Brasileira em Copas do Mundo. Também foi a primeira vez que o primeiro gol de uma edição de Copa foi um gol contra.

O gol permitiu à Croácia jogar mais recuada, dificultando a tentativa de pressão brasileira.

Mas logo o Brasil criaria a primeira chance. Oscar cruzou da direita e a bola passa direto por Fred e Neymar. Pouco depois, Paulinho aparece como homem surpresa e chuta no meio do gol, para a defesa do goleiro croata.

Na sequência, Neymar recebe na direita, invade a área e cruza para trás. A zaga enxadrezada rebateu e Oscar chutou forte de perna esquerda, para uma boa defesa de Pletikosa.

O empate veio aos 29 minutos. Oscar ganha de três marcadores e toca para Neymar, que chuta de fora da área, fraco e torto. Mesmo sem ter pegado bem na bola, ela desvia levemente na zaga e engana o goleiro Pletikosa, morrendo fraca, no cantinho esquerdo dele.

O jogo foi se arrastando de forma difícil para o Brasil até os 26 minutos do segundo tempo, quando Fred recebe na área e desaba sem ser tocado. Só o árbitro japonês Yuichi Nishimura enxergou esse pênalti. Neymar bate mal, à meia altura, no canto direito do goleiro, que chegou a tocar na bola, mas não impediu a virada brasileira.

Pouco depois, Oscar cruza na cabeça de David Luiz, que finaliza por cima.

A Croácia teve um gol anulado logo em seguida, após a arbitragem marcar uma falta duvidosa em cima do goleiro Júlio César.

Já nos acréscimos, Ramires roubou a bola no meio de campo, Oscar avançou sozinho em contra-ataque e chutou da meia-lua, de pé trocado, coroando sua grande atuação nesta partida. Foi o melhor jogo de Oscar pela Seleção Brasileira.


Oscar se livra de três marcadores, no lance do gol de empate (Imagem: UOL)

● Foi uma estreia pouco convincente do Brasil, mas essa tensão era esperada. No fim, valeu pela vitória.

Por mais que Oscar tenha feito uma partida gigante, Neymar foi imprescindível, assumindo a responsabilidade que carregava, como a grande esperança do Brasil na Copa. Ele decidiu com dois gols, que acalmaram um pouco a Seleção e deu tranquilidade para trabalhar mais as jogadas.

A Croácia foi bem em seu setor defensivo. A linha de meio (Modrić, Rakitić e Kovačić) é muito combativa e criativa. Os três homens mais avançados também jogaram bem, inclusive na marcação da saída de bola brasileira. Mas é nítida a falta que fez seu melhor jogador, Mario Mandžukić, que não jogou a estreia por cumprir suspensão por ter sido expulso na última partida das eliminatórias.

Nas demais partidas que disputou, a Croácia goleou Camarões por 4 a 0 e perdeu para o México por 3 a 1, terminando em 3º lugar do grupo A, sem se classificar à próxima fase.


Fred vai ao chão, no lance que originou o pênalti da virada (AP Photo/Thanassis Stavrakis)

FICHA TÉCNICA:

 

BRASIL 3 x 1 CROÁCIA

 

Data: 12/06/2014

Horário: 17h00 locais

Estádio: Arena Corinthians

Público: 62.103

Cidade: São Paulo (Brasil)

Árbitro: Yuichi Nishimura (Japão)

 

BRASIL (4-2-3-1):

CROÁCIA (4-2-3-1):

12 Júlio César (G)

1  Stipe Pletikosa (G)

2 Daniel Alves

11 Darijo Srna (C)

3 Thiago Silva (C)

5  Vedran Ćorluka

4  David Luiz

6  Dejan Lovren

6 Marcelo

2  Šime Vrsaljko

17 Luiz Gustavo

10 Luka Modrić

8  Paulinho

7  Ivan Rakitić

7  Hulk

4  Ivan Perišić

11 Oscar

20 Mateo Kovačić

10 Neymar Jr

18 Ivica Olić

9  Fred

9  Nikica Jelavić

 

Técnico: Luiz Felipe Scolari

Técnico: Niko Kovač

 

SUPLENTES:

 

 

1  Jefferson (G)

23 Danijel Subašić (G)

22 Victor (G)

12 Oliver Zelenika (G)

23 Maicon

3  Danijel Pranjić

15 Henrique

13 Gordon Schildenfeld

13 Dante

21 Domagoj Vida

14 Maxwell

8  Ognjen Vukojević

5  Fernandinho

14 Marcelo Brozović

18 Hernanes

15 Milan Badelj

16 Ramires

19 Sammir

19 Willian

22 Eduardo da Silva

20 Bernard

16 Ante Rebić

21 Jô

17 Mario Mandžukić

 

GOLS:

11′ Marcelo (CRO) (gol contra)

29′ Neymar (BRA)

71′ Neymar (BRA) (pen)

90’+ 1′ Oscar (BRA)

 

CARTÕES AMARELOS:

25′ Neymar (BRA)

64′ Vedran Ćorluka (CRO)

73′ Dejan Lovren (CRO)

90′ Luiz Gustavo (BRA)

 

SUBSTITUIÇÕES:

60′ Mateo Kovačić (CRO) ↓

Marcelo Brozović (CRO) ↑

 

62′ Paulinho (BRA) ↓

Hernanes (BRA) ↑

 

68′ Hulk (BRA) ↓

Bernard (BRA) ↑

 

78′ Nikica Jelavić (CRO) ↓

Ante Rebić (CRO) ↑

 

88′ Neymar (BRA) ↓

Ramires (BRA) ↑

Melhores momentos da partida:

… 11/06/2002 – Senegal 3 x 3 Uruguai

Três pontos sobre…
… 11/06/2002 – Senegal 3 x 3 Uruguai


Partida foi bastante disputada, do início ao fim (Imagem: Pinterest)

● Uruguai e Senegal travaram uma disputa direta pelo segundo lugar do grupo A. A Celeste precisaria vencer, enquanto o empate bastaria aos “Leões da Teranga” (“hospitalidade”, lema nacional, em wolof, idioma africano).

Enquanto a surpresa da Copa mantinha o mesmo time-base, os sul-americanos mudaram a estrutura tática, avançando a equipe, que partiu para cima desde o início. O grande problema era o contra-ataque do adversário, sua especialidade.


Senegal era quase um “futebol total”, em que os jogadores largavam suas posições em busca do contra-ataque. No papel, era um 4-5-1.


O Uruguai era um 4-4-2 quando se defendia e um 3-3-4 quando acatava, com o apoio de Darío Rodríguez pela esquerda e os avanços constantes de Varela e Recoba.

● Aos 20 minutos da primeira etapa, Paolo Montero atrasou mal, Diouf lhe roubou a bola e caiu na área antes de ser tocado pelo goleiro Carini. Pênalti inexistente, convertido por Fadiga, que bateu à meia altura do canto direito.

Precisando atacar, o Uruguai foi duramente castigado. Seis minutos depois, Henri Camara se impõe na velocidade pelo lado esquerdo, em um contra-ataque, e rola para Papa Bouba Diop, que chuta de primeira, da entrada da área e a bola vai no ângulo.

Veja mais:
… 31/05/2002 – França 0 x 1 Senegal
… 01/06/2002 – Dinamarca 2 x 1 Uruguai

Aos 38, Camara ergue a bola na área e Bouba Diop, de novo, surge nas costas da zaga e encobre o goleiro Carini. A bola ainda bate na trave, mas cai dentro do gol. Os uruguaios reclamaram de impedimento, mas o lance foi legal.

O segundo tempo parecia outra partida. Vencendo por 3 a 0, os africanos esbanjavam firulas, toques para o lado e jogadas de efeito. Enquanto isso, a Celeste foi muito mais efetiva, mais na base da raça do que na técnica. E raça nunca faltou aos Charruas.

Logo no primeiro minuto, Darío Silva recebeu na área e chutou cruzado. O goleiro Sylva deu rebote e Richard Morales diminuiu o placar para 3 a 1.

Aos 24, Álvaro Recoba cobrou falta, a zaga afastou o perigo e Diego Forlán dominou no peito e chutou com efeito antes da bola cair, de fora da área, fazendo um lindo gol, encobrindo o goleiro. 3 a 2.

A dois minutos do fim do tempo regulamentar, Morales dominou a bola na esquerda, protegeu com o corpo, ganhou da zaga, entrou na área e é derrubado por Habib Beye. Outro pênalti “mandrake”. Recoba cobrou no canto direito e igualou o marcador. Empate heroico.

A virada que parecia impossível quase aconteceu no último lance do jogo, em uma bola que rebateu na defesa e sobrou para o grandalhão Richard Morales dentro da pequena área, já sem goleiro. Era um lance fácil, mas ele cabeceou para fora, jogando um balde de água fria nos ânimos de todos uruguaios.


Richard Morales marca o primeiro do Uruguai (Imagem: Pinterest)

● Assim, o Uruguai encerrou sua participação sem vencer nenhuma partida no torneio. Já havia perdido para a Dinamarca por 2 a 1 e empatado sem gols com a França.

Já o Senegal continuou fazendo bonito. Após vencerem os franceses na estreia (1 x 0) e empatarem com Dinamarca (1 x 1) e Uruguai (3 x 3), os senegaleses venceram a Suécia (que havia sido a primeira colocada no “grupo da morte”, inclusive eliminando a Argentina) por 2 a 1, na prorrogação. Já nas quartas de final, mesmo fazendo um jogo parelho com a Turquia, caiu no início da prorrogação, com um gol de Ilhan Mansiz.


Morales e Diouf discutem durante a partida (Imagem: Tenfield)

FICHA TÉCNICA:

 

SENEGAL 3 x 3 URUGUAI

 

Data: 11/06/2002

Horário: 15h30 locais

Estádio: Suwon World Cup Stadium

Público: 33.681

Cidade: Suwon (Coreia do Sul)

Árbitro: Jan Wegereef (Holanda)

 

SENEGAL (4-1-4-1):

URUGUAI (4-4-2):

1  Tony Sylva (G)

1 Fabián Carini (G)

17 Ferdinand Coly

3 Alejandro Lembo

13 Lamine Diatta

14 Gonzalo Sorondo

4  Pape Malick Diop

4  Paolo Montero (C)

2  Omar Daf

6  Darío Rodríguez

6  Aliou Cissé (C)

5  Pablo García

5  Alassane N’Dour

16 Marcelo Romero

19 Papa Bouba Diop

8  Gustavo Varela

10 Khalilou Fadiga

20 Álvaro Recoba

7  Henri Camara

9  Darío Silva

11 El Hadji Diouf

13 Sebastián “Loco” Abreu

 

Técnico: Bruno Metsu

Técnico: Víctor Púa

 

SUPLENTES:

 

 

16 Omar Diallo (G)

12 Gustavo Munúa (G)

22 Kalidou Cissokho (G)

23 Federico Elduayen (G)

21 Habib Beye

2  Gustavo Méndez

3  Pape Sarr

19 Joe Bizera

20 Sylvain N’Diaye

22 Gonzalo de los Santos

12 Amdy Faye

7  Gianni Guigou

15 Salif Diao

10 Fabián O’Neill

23 Makhtar N’Diaye

17 Mario Regueiro

14 Moussa N’Diaye

15 Nicolás Olivera

18 Pape Thiaw

21 Diego Forlán

8  Amara Traoré

11 Federico Magallanes

9  Souleymane Camara

18 Richard Morales

 

GOLS:

20′ Khalilou Fadiga (SEN) (pen)

26′ Papa Bouba Diop (SEN)

38′ Papa Bouba Diop (SEN)

46′ Richard Morales (URU)

69′ Diego Forlán (URU)

88′ Álvaro Recoba (URU) (pen)

 

CARTÕES AMARELOS:

2′ Henri Camara (SEN)

4′ Omar Daf (SEN)

8′ Marcelo Romero (URU)

19′ Fabián Carini (URU)

35′ Pablo García (URU)

39′ Ferdinand Coly (SEN)

40′ Darío Rodríguez (URU)

69′ Papa Bouba Diop (SEN)

82′ Paolo Montero (URU)

82′ El Hadji Diouf (SEN)

87′ Habib Beye (SEN)

87′ Khalilou Fadiga (SEN)

 

SUBSTITUIÇÕES:

32′ Gonzalo Sorondo (URU) ↓

Mario Regueiro (URU) ↑

 

INTERVALO Marcelo Romero (URU) ↓

Diego Forlán (URU) ↑

 

INTERVALO Sebastián “Loco” Abreu (URU) ↓

Richard Morales (URU) ↑

 

63′ Ferdinand Coly (SEN) ↓

Habib Beye (SEN) ↑

 

67′ Henri Camara (SEN) ↓

Moussa N’Diaye (SEN) ↑

 

76′ Alassane N’Dour (SEN) ↓

Amdy Faye (SEN) ↑ 

Gols da partida:

Gol perdido por Richard Morales:

… 10/06/1934 – Itália 2 x 1 Tchecoslováquia

Três pontos sobre…
… 10/06/1934 – Itália 2 x 1 Tchecoslováquia


Jogadores italianos fazem saudação fascista antes da final (Imagem: FIFA)

● A Itália de Benito Mussolini lutava para deixar a marca do regime fascista no mundo e a Copa era um meio de alcançar esse objetivo. Jogando em casa, o Duce queria a Itália campeã a qualquer custo e abriu as portas para descendentes de italianos que se dispusessem a defender a Azzurra. Eram os chamados “oriundi“. Com isso, cinco jogadores nascidos fora da Velha Bota se sagraram campeões do mundo em 1934: o centromédio Luisito Monti (argentino vice-campeão da Copa de 1930), o atacante Attilio Demaría (argentino que também jogou a Copa anterior), o ponta direita Enrique Guaita (argentino), o ponta esquerda Raimundo Orsi (argentino) e o ponta direita Anfilogino Guarisi (brasileiro). Nascido em São Paulo e revelado pela Portuguesa, Amphilóquio Guarisi Marques, Filó, teve destaque no Corinthians e na Lazio e se tornou o primeiro brasileiro campeão do mundo, mesmo atuando apenas no jogo de estreia.

Diz a lenda que antes da final contra a Tchecoslováquia, o alto escalão da FIFA e o árbitro sueco Ivan Eklind (que já havia apitado a semifinal entre italianos e austríacos) foram convidados a jantar com Mussolini. O encontro nunca foi oficialmente confirmado, mas antes da partida, Eklind e os dois auxiliares (Louis Baert, belga, e Mihaly Ivancsis, húngaro) fizeram a saudação fascista ao Duce, que assistia à partida na tribuna de honra. Na hora, poucos estranharam. Mas em campo, a arbitragem usou a sua arma para aniquilar qualquer pretensão dos tchecos: o apito.

Veja mais:
… 27/05/1934 – Itália 7 x 1 Estados Unidos
… 31/05/1934 – Itália 1 x 1 Espanha
… 03/06/1934 – Itália 1 x 0 Áustria

O retrospecto anterior já credenciava a Itália como favorita ao título. As duas seleções se enfrentaram em um amistoso em 03/05/1929, com vitória dos italianos por 4 a 2. Desde essa data até o início do mundial, a Itália entrou em campo 32 vezes, com 20 vitórias, 6 empates e 6 derrotas, 79 gols marcados e 38 sofridos. Já os tchecos, em 41 jogos, venceram 17 vezes, com 11 empates e 13 revezes, marcando 83 gols e sofrendo 72.

Para chegar à final, os tchecos tinham vencido a Romênia (2 a 1), a Suíça (3 a 2) e a Alemanha (3 a 1).

Já a Itália, passou pelos Estados Unidos (7 a 1) e pela fortíssima Espanha (em duas partidas, 1 a 1 na primeira e 1 a 0 no jogo desempate), além de bater a boa seleção da Áustria (apelidada de Wunderteam, “time maravilha”) na semifinal por 1 a 0.

A Itália jogava em uma adaptação do sistema 2-3-5 chamada “Metodo”, que consistia no ligeiro recuo de dois atacantes, deixando o ataque em uma espécie de “W”, com dois meia-atacantes, dois pontas bem abertos e um centroavante.


A Tchecoslováquia jogava em uma adaptação do 2-3-5 chamada “Sistema Danubiano”, que consistia na maior aproximação dos homens do ataque, com muitas tabelas e toques rápidos.

● Um fato raro: os capitães de ambas as equipes eram os goleiros: Giampiero Combi (Itália) e František Plánička (Tchecoslováquia). E foram eles os destaques do primeiro tempo, com várias defesas difíceis, impedindo os gols adversários. Plánička teve que se esforçar mais. Mas a melhor oportunidade foi dos tchecos, com uma bola na trave. A Itália tinha maior velocidade, enquanto a Tchecoslováquia tinha um melhor toque de bola.

A partida continuou equilibrada até os 31 minutos da etapa final, quando Jiří Sobotka avançou e tocou para Antonín Puč, na esquerda do ataque. O ponta chutou de primeira, no canto direito, surpreendendo o goleiro Combi, que não conseguiu chegar na bola. Curiosamente, Puč havia sofrido uma contusão e deixado o campo para ser atendido três minutos antes. Em seu primeiro toque na bola após retornar ao gramado, ele abriu o placar.

Faltando pouco tempo para acabar a partida, o desespero tomou conta dos 55 mil torcedores no estádio romano. Quase piorou quando František Svoboda chutou uma bola na trave.

Mas logo depois, aos 36 minutos, Giovanni Ferrari dominou a bola no peito e tocou para Raimundo Orsi. De costas para o gol, ele girou em torno de Josef Košťálek e chutou com efeito, no canto direito de Plánička, empatando a decisão. Os tchecos reclamaram de irregularidade, alegando que Ferrari tinha dominado a bola com o braço, mas o árbitro confirmou o gol após consultar o auxiliar. E o empate forçou a prorrogação da final.

Durante o período de descanso, os torcedores estavam apreensivos com um eventual desgaste do time. Os anfitriões, além de terem uma média de idade em torno dos 30 anos, haviam jogado 120 minutos a mais que o adversário, devido ao duríssimo jogo desempate com a Espanha nas quartas de final. Mas foi nesse momento que valeu a pena o período de três meses de treino intenso na Suíça, obtido graças a insistência do técnico Vittorio Pozzo.

Os italianos mostraram mais preparo físico que o adversário e conseguiram virar o marcador logo aos cinco minutos, quando Giuseppe Meazza ergueu a bola na área, Enrique Guaita dominou e a ela sobrou mansa para Angelo Schiavio, que chutou a gol. A finalização acabou prensada em um zagueiro e a bola encobriu Plánička. 2 a 1, de virada.

Os italianos se trancaram na defesa e os tchecos não mostraram forças para reagir.

Ao fim do tempo extra, a Itália se sagrou campeã do mundo.


Italianos festejam o título (Imagem: FIFA)

● O grande craque da Copa foi Giuseppe Meazza, de apenas 23 anos. Nascido em 23/08/1910, ele iniciou a carreira aos 17 anos, na Ambrosiana (atual Inter de Milão) e estreou na seleção aos 20 anos. Pela Azzurra, marcou 33 gols em 53 jogos. Era o maior artilheiro da seleção até os anos 1970, quando foi ultrapassado por Luigi Riva.

Além da Taça Jules Rimet, os campeões do mundo foram agraciados com medalhas de bronze estampadas com a efígie de Mussolini, entregues aos jogadores no gramado pelo próprio ditador.

Diversas fontes afirmam que esse resultado salvou a vida de jogadores e comissão técnica, pois seria difícil aplacar um provável e mortal acesso de ira de Benito Mussolini em uma eventual derrota.

Todos temiam ao Duce. Após o título, o técnico Vittorio Pozzo fez uma declaração cheia de apologias ao regime fascista, ao comentar sobre os adversários:

“A partida mais difícil de todas foi contra a Espanha. Precisamos passar por 210 minutos de jogo para vencer. Nenhum outro time nos exigiu tanto. Com tal valor se comportaram os espanhóis naquelas duas partidas em Florença, que foram necessários homens de têmpera especial para batê-los, homens fortes e confiantes como só o fascismo pode criar.”

FICHA TÉCNICA:

 

ITÁLIA 2 x 1 TCHECOSLOVÁQUIA

 

Data: 10/06/1934

Horário: 17h00 locais

Estádio: Nazionale PNF

Público: 55.000

Cidade: Roma (Itália)

Árbitro: Ivan Eklind (Suécia)

 

ITÁLIA (2-3-5):

TCHECOSLOVÁQUIA (2-3-5):

Giampiero Combi (G)(C)

František Plánička (G)(C)

Eraldo Monzeglio

Ladislav Ženíšek

Luigi Allemandi

Josef Čtyřoký

Luigi Bertolini

Josef Košťálek

Luis Monti

Štefan Čambal

Attilio Ferraris IV

Rudolf Krčil

Enrique Guaita

František Junek

Giuseppe Meazza

František Svoboda

Angelo Schiavio

Jiří Sobotka

Giovanni Ferrari

Oldřich Nejedlý

Raimundo Orsi

Antonín Puč

 

Técnico: Vittorio Pozzo

Técnico: Karel Petrů

 

SUPLENTES:

 

 

Guido Masetti (G)

Ehrenfried Patzel (G)

Giuseppe Cavanna (G)

Jaroslav Burgr

Umberto Caligaris

Ferdinand Daučík

Virginio Rosetta

Jaroslav Bouček

Armando Castellazzi

Vlastimil Kopecký

Mario Pizziolo

Adolf Šimperský

Mario Varglien I

Erich Srbek

Pietro Arcari

František Šterc

Felice Borel II

Antonín Vodička

Anfilogino Guarisi

Géza Kalocsay

Attilio Demaría

Josef Silný

 

GOLS:

76′ Antonín Puč (TCH)

81′ Raymundo Orsi (ITA)

95′ Angelo Schiavio (ITA) 

Lances e gols da final:

… 09/06/2002 – Japão 1 x 0 Rússia

Três pontos sobre…
… 09/06/2002 – Japão 1 x 0 Rússia


Japones comemoram o gol de Inamoto (Imagem: Stu Forster/Getty Images)

● A rivalidade política entre Japão e Rússia é secular. Os dois países disputam a posse das Ilhas Sakhalinas, que ficam ao norte japonês e no leste russo. Na Segunda Guerra Mundial, eles também estiveram em lados opostos, com o Japão pertencendo ao “Eixo” (juntamente com Alemanha e Itália) e a União Soviética lutando pelos “Aliados” (ao lado de Estados Unidos e Reino Unido).

Veja mais:
… 04/06/2002 – Japão 2 x 2 Bélgica

A Rússia disputava sua segunda Copa do Mundo após a dissolução da União Soviética. Contava com bons nomes, com histórico no futebol espanhol, como o zagueiro Viktor Onopko e os meias Valeri Karpin e Aleksandr Mostovoi.

O Japão era o então campeão da Copa da Ásia e estava em sua segunda Copa. Perdeu os três jogos em 1998, mas agora jogava em casa e tinha obrigação de fazer um bom papel, treinado pelo francês Philippe Troussier.


Os japoneses foram escalados em um 3-5-2 com muita velocidade e intensidade.


Os russos foram armados no 4-1-4-1, com boa ocupação dos espaços.

● Para essa partida, a Rússia teve o retorno de Smertin, mas ainda não contava com Mostovoi (lesionado). Sem ele, a criatividade da equipe caía vertiginosamente.

O Japão, empurrado por 66 mil torcedores, se saiu melhor. O ponto ganho contra a Bélgica encheu os japoneses de confiança. Inamoto começou com tudo e logo aos cinco minutos avançou e chutou forte, mas a bola foi para fora.

O capitão Tsuneyasu Miyamoto (com sua máscara protetora preta) tira de cabeça duas bolas perigosas do ataque russo.

O veterano zagueiro russo Viktor Onopko (em seu 100º jogo pela seleção) usou toda sua experiência para cortar um ótimo lançamento de Inamoto para o atacante loirinho Suzuki.

A partida estava em um ritmo alucinante. Aos 16 minutos, o garoto Marat Izmailov chutou entre a trave e o goleiro Narazaki, que conseguiu fazer a defesa, fazendo a torcida gelar.

Apesar do ritmo, as duas defesas estavam muito seguras. Mas aos 27 minutos, Kōji Nakata passou por Solomatin e cruzou à meia altura. O goleiro Nigmatullin rebateu para o meio da área e Hidetoshi Nakata, livre na meia-lua, chutou forte por cima do gol.

Na sequência, Narazaki mergulhou nos pés de Pimenov e Yegor Titov não conseguiu pegar o rebote.

Aos 35, Titov passa por Kōji Nakata e entra na área, mas Toda tira de Solomatin e desvia para escanteio.

No fim do primeiro tempo, Toda fez pênalti claro em Semshov, ignorado pelo árbitro alemão Markus Merk.

Pouco antes do intervalo, o zagueiro Yuri Nikiforov teve a chance de finalizar, mas Narazaki fez a defesa.

Mas foram os co-anfitriões que abriram o placar aos 6 minutos do segundo tempo, com um belo gol. Hidetoshi Nakata arremata de fora da área, torto. Yanagisawa, no meio do caminho, dá um toque na bola e deixa Inamoto livre para dominar e chutar no alto do gol. Foi o segundo gol do meia do Arsenal na Copa. Já havia marcado no empate contra a Bélgica, por 2 a 2. Os russos pediram impedimento, mas o gol foi legal. Os nipônicos foram ao delírio.

Aos 12 minutos, Beschastnykh entra em campo no lugar de Smertin. Em seu primeiro toque na bola, ele dominou sozinho dentro da área, driblou o goleiro, mas chutou para fora. Era um gol feito.

As lacunas começaram a aparecer em ambas as defesas. Yanagisawa recebeu um lançamento de Hidetoshi Nakata e chutou para fora.

Aos 26, Hidetoshi Nakata (o melhor em campo) chutou de fora da área e a bola explodiu na trave.


Hidetoshi Nakata e Izmailov disputam a bola (Imagem: GES/Augenklick)

● Os japoneses, mais bem postados em campo, mereceram a vitória. O gol de Junichi Inamoto deu ao Japão a sua primeira vitória em Copas do Mundo. Foi comemorado não só no estádio, mas por todo o país, onde os torcedores se reuniam para assistir ao jogo nos telões.

O Japão foi líder do grupo H na primeira fase, empatando com a Bélgica (2 x 2), vencendo a Rússia (1 x 0) e a Tunísia (2 x 0). Caiu nas oitavas de final, em derrota para a forte Turquia por 1 a 0, com um gol de Ümit Davala. Muitos culparam a chuva, que teria prejudicado o toque de bola japonês e beneficiado a maior força física dos turcos.

A Rússia (como sempre, depois do fim da União Soviética) ficou na primeira fase. Mesmo vencendo a Tunísia (2 x 0) em jogo anterior ao dos japoneses, perdeu o confronto direto para a Bélgica por 3 x 2.

FICHA TÉCNICA:

 

JAPÃO 1 x 0 RÚSSIA

 

Data: 09/06/2002

Horário: 20h30 locais

Estádio: International Stadium Yokohama (atual Nissan Stadium)

Público: 66.108

Cidade: Yokohama (Japão)

Árbitro: Markus Merk (Alemanha)

 

JAPÃO (3-5-2):

RÚSSIA (4-1-4-1):

12 Seigo Narazaki (G)

1  Ruslan Nigmatullin (G)

3  Naoki Matsuda

5 Andrei Solomatin

17 Tsuneyasu Miyamoto (C)

3  Yuriy Nikiforov

16 Kōji Nakata

7  Viktor Onopko

20 Tomokazu Myojin

2  Yuri Kovtun

21 Kazuyuki Toda

8  Valeri Karpin

7 Hidetoshi Nakata

4  Alexey Smertin

5  Junichi Inamoto

9  Yegor Titov

18 Shinji Ono

20 Marat Izmailov

11 Takayuki Suzuki

6  Igor Semshov

13 Atsushi Yanagisawa

19 Ruslan Pimenov

 

Técnico: Philippe Troussier

Técnico: Oleg Romantsev

 

SUPLENTES:

 

 

1  Yoshikatsu Kawaguchi (G)

23 Aleksandr Filimonov (G)

23 Hitoshi Sogahata (G)

12 Stanislav Cherchesov (G)

2  Yutaka Akita

13 Vyacheslav Dayev

4  Ryuzo Morioka

14 Igor Chugainov

22 Daisuke Ichikawa

18 Dmitri Sennikov

6  Toshihiro Hattori

17 Sergei Semak

19 Mitsuo Ogasawara

21 Dmitri Khokhlov

15 Takashi Fukunishi

15 Dmitri Alenichev

14 Alex Santos

10 Aleksandr Mostovoi

8  Hiroaki Morishima

22 Dmitri Sychev

9  Akinori Nishizawa

11 Vladimir Beschastnykh

10 Masashi Nakayama

16 Aleksandr Kerzhakov

 

GOL: 51′ Junichi Inamoto (JAP)

 

CARTÕES AMARELOS:

13′ Ruslan Pimenov (RUS)

15′ Tsuneyasu Miyamoto (JAP)

38′ Andrei Solomatin (RUS)

42′ Kōji Nakata (JAP)

60′ Dmitri Khokhlov (RUS)

90+1′ Masashi Nakayama (JAP)

 

SUBSTITUIÇÕES:

INTERVALO Ruslan Pimenov (RUS) ↓

Dmitri Sychev (RUS) ↑

 

52′ Marat Izmailov (RUS) ↓

Dmitri Khokhlov (RUS) ↑

 

57′ Alexey Smertin (RUS) ↓

Vladimir Beschastnykh (RUS) ↑

 

72′ Takayuki Suzuki (JAP) ↓

Masashi Nakayama (JAP) ↑

 

75′ Shinji Ono (JAP) ↓

Toshihiro Hattori (JAP) ↑

 

85′ Junichi Inamoto (JAP) ↓

Takashi Fukunishi (JAP) ↑ 

Melhores momentos da partida:

… 08/06/1986 – Dinamarca 6 x 1 Uruguai

Três pontos sobre…
… 08/06/1986 – Dinamarca 6 x 1 Uruguai


Elkjær, Laudrup e Andersen comemoram um dos gols (Imagem: Futebol Marketing)

● A Dinamarca já havia encantado o mundo dois anos antes durante a Eurocopa, quando chegou às semifinais e perdeu para a Espanha apenas nos pênaltis.

O técnico Sepp Piontek revolucionou, montando sua equipe no sistema 3-5-2. Era um tempo em que quase todos os times do mundo jogavam com quatro homens no meio e apenas dois atacantes. Se era necessário um zagueiro para marcar cada atacante e outro na sobra, então era desnecessária a escalação do quarto defensor. Assim, ele daria lugar a um jogador de meio. O futebol sempre foi decidido no jogo de meio de campo. Se uma equipe tem um homem a mais nessa área do gramado, a tendência é estar sempre em superioridade numérica, vencendo a maior parte dos duelos. É a teoria.

Veja mais:
… 04/06/1986 – Dinamarca 1 x 0 Escócia
… 13/06/1986 – Dinamarca 2 x 0 Alemanha Ocidental
… 18/06/1986 – Espanha 5 x 1 Dinamarca
… 04/06/1986 – Alemanha Ocidental 1 x 1 Uruguai

Mas o auge do estilo de jogo dos dinamarqueses foi no dia 8 de junho de 1986. Nunca se viu um jogo igual àquele. Justificou o apelido de “Dinamáquina”.

No papel, o time uruguaio não era tão fraco, pois contava com Darío Pereyra (do São Paulo, que não atuou nessa partida), Rubén Paz (do Inter, que também não jogou), Víctor Diogo (do Palmeiras) e, principalmente, Enzo Francescoli (do River Plate).

Mas, por outro lado, a Dinamarca não era só o sistema tático. Tinha seus craques, como o jovem Michael Laudrup, que aos 22 anos já vestia a camisa da Juventus. Havia também Preben Elkjær Larsen, que havia liderado o surpreendente Verona campeão italiano da temporada 1984/85. Elkjær era um fumante inveterado, que chegava a consumir de 20 a 30 cigarros por dia, muitas vezes escondido do treinador no vestiário.


A Dinamarca jogava em um inédito 3-5-2, com muita movimentação de todos seus jogadores, quase como um “futebol total”.


O Uruguai atuava no 4-4-2, com um jogador na sobra na defesa (como era mania na época).

● Aos 11 minutos de partida, Laudrup dribla dois uruguaios e serve Elkjær, que chuta na saída do goleiro Álvez.

Oito minutos depois, o volante uruguaio Miguel Bossio (que já tinha recebido cartão amarelo seis minutos antes) foi expulso de campo. O Uruguai ficou escancarado e virou presa fácil para tomar a goleada, que tinha apenas começado.

Aos 41, Elkjær cruza da direita e Lerby aproveita-se de indecisão da defesa e manda para dentro.

No último instante da etapa inicial, Francescoli cobra pênalti no canto esquerdo, deslocando o goleiro Rasmussen.

Aos 7 da etapa complementar, o gol mais bonito do jogo. Laudrup recebe na entrada da área, dribla dois uruguaios, passa pelo goleiro e marca.

Aos 22, Laudrup (sempre ele) entra na área, ganha duas divididas com os zagueiros, fica na cara do gol e tenta encobrir Álvez. Ele defende parcialmente e Elkjær (de novo) dá o último toque antes de a bola entrar.

Aos 35, os uruguaios vão para cima e estão todos no campo de ataque. Molby toma a bola e lança Elkjær, que parte sem marcação ainda em seu campo, invade a área, dribla o goleiro e toca para o gol.

A dois minutos do fim, Elkjær avança pela direita e cruza para Jesper Olsen, que bate por baixo do goleiro, concluindo o massacre na cidade de Nezahualcóyotl.


Laudrup dribla Diogo (Imagem: Peter Robinson/EMPICS Sport)

● Foi a maior goleada sofrida pelo Uruguai em Copas. A Celeste (que nesse dia jogou de branco) ainda passaria à segunda fase graças aos empates com Alemanha (que seria vice-campeã da Copa) e Escócia (treinada por Alex Ferguson). Mas cairia nas oitavas de final, em derrota por 1 a 0 para a futura campeã Argentina, no clássico sul-americano.

Assim, revolucionando e encantando, a Dinamarca terminou a primeira fase como líder do “grupo da morte”, com 100% de aproveitamento, três vitórias em três jogos, sobre Escócia (1 x 0), Uruguai (6 x 1) e Alemanha Ocidental (2 x 0); anotou nove gols e sofreu apenas um, de pênalti.

Nas oitavas de final, perdeu-se o encanto e a Dinamarca foi goleada pela Espanha por 5 a 1 (com quatro gols de Emilio Butragueño) e deu adeus à Copa.

FICHA TÉCNICA:

 

DINAMARCA 6 x 1 URUGUAI

 

Data: 08/06/1986

Horário: 16h00 locais

Estádio: Neza 86

Público: 26.500

Cidade: Nezahualcóyotl (México)

Árbitro: Antonio Márquez Ramírez (Mexico)

 

DINAMARCA (3-5-2):

URUGUAI (4-3-3):

1  Troels Rasmussen (G)

12 Fernando Álvez (G)

3  Søren Busk

4  Víctor Diogo

4 Morten Olsen (C)

2  Nelson Gutiérrez

5  Ivan Nielsen

3  Eduardo Mario Acevedo (C)

12 Jens Jørn Bertelsen

6  José Batista

15 Frank Arnesen

5  Miguel Bossio

6  Søren Lerby

16 Mario Saralegui

9  Klaus Berggreen

11 Sergio Santín

21 Henrik Andersen

10 Enzo Francescoli

11 Michael Laudrup

9  Jorge Orosmán da Silva

10 Preben Elkjær Larsen

7  Antonio Alzamendi

 

Técnico: Sepp Piontek

Técnico: Omar Borrás

 

SUPLENTES:

 

 

16 Ole Qvist (G)

1  Rodolfo Rodríguez (G)

22 Lars Høgh (G)

22 Celso Otero (G)

2  John Sivebæk

13 César Veja

17 Kent Nielsen

14 Darío Pereyra

7  Jan Mølby

15 Eliseo Rivero

13 Per Frimann

8  Jorge Barrios

20 Jan Bartram

17 José Zalazar

8  Jesper Olsen

18 Rubén Paz

14 Allan Simonsen

19 Venancio Ramos

18 Flemming Christensen

20 Carlos Aguilera

19 John Eriksen

21 Wilmar Cabrera

 

GOLS:

11′ Preben Elkjær Larsen (DIN)

41′ Søren Lerby (DIN)

45′ Enzo Francescoli (URU) (pen)

52′ Michael Laudrup (DIN)

67′ Preben Elkjær Larsen (DIN)

80′ Preben Elkjær Larsen (DIN)

88′ Jesper Olsen (DIN)

 

CARTÕES AMARELOS:

7′ Ivan Nielsen (DIN)

35′ Jorge Orosmán da Silva (URU)

13′ Miguel Bossio (URU)

 

CARTÃO VERMELHO: 19′ Miguel Bossio (URU)

 

SUBSTITUIÇÕES:

57′ Sergio Santín (URU) ↓

José Zalazar (URU) ↑

 

57′ Antonio Alzamendi (URU) ↓

Venancio Ramos (URU) ↑

 

57′ Jens Jørn Bertelsen (DIN) ↓

Jan Mølby (DIN) ↑

 

81′ Michael Laudrup (DIN) ↓

Jesper Olsen (DIN) ↑ 

Melhores momentos da partida:

… 07/06/1970 – Brasil 1 x 0 Inglaterra

Três pontos sobre…
… 07/06/1970 – Brasil 1 x 0 Inglaterra


(Imagem: UOL Esporte)

● A Inglaterra era apontada como favorita por 15 dos 18 técnicos entrevistados pela revista Placar antes da Copa. O English Team chegou ao México com o favoritismo de quem havia vencido a última Copa, em 1966. Trazia a fama de um futebol duro, com uma defesa fechadíssima, muito difícil de ser batida. Tinha uma estratégia bem definida: abusava da inteligência e da técnica de Bobby Charlton; se não desse resultado ou se ele cansasse, apelava para o tradicional “chuveirinho”. Assim, com esse futebol competitivo, venceu a Romênia na estreia por 1 a 0.

Leia mais:
… 03/06/1970 – Brasil 4 x 1 Tchecoslováquia
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… 14/06/1970 – Alemanha Ocidental 3 x 2 Inglaterra

Para tornar a missão ainda mais difícil para o Brasil, o meia Gérson se lesionou contra a Tchecoslováquia e desfalcou o Brasil. Rivellino foi recuado para o meio e Paulo Cézar Caju entrou na ponta.


Na ausência de Gérson, o Brasil atuou no 4-2-4, com Paulo Cézar voltando um pouco mais para fechar o lado esquerdo.


A Inglaterra jogava em um pioneiro 4-4-2, que lhe valeu o título no Mundial de 1966.

● No primeiro tempo houve muito equilíbrio e poucas chances de gol. Os brasileiros, muito cuidadosos na defesa, permitiram que os ingleses tivessem domínio territorial. Eles marcavam, corriam, criavam, mas… não chutavam a gol.

Já os brasileiros tocavam a bola de pé em pé, sem se desgastar, enquanto os ingleses corriam atrás dela e perdiam o fôlego, o que lhes seria fatal no segundo tempo.

Aos 11 minutos de jogo, ocorreu aquela que é considerada a maior defesa de todas as Copas, uma obra prima completa. O único jogador em campo capaz de um corte em altíssima velocidade pela direita e fazer o cruzamento antes da bola sair era o Furacão Jairzinho. A única pessoa do mundo que poderia cabecear a bola daquele jeito, impulsionando-a com ainda mais força, de cima para baixo, era Pelé. Direcionou o tiro certeiro no chão. Na certa seria gol! Mas não!!! O único goleiro do universo que poderia parar Pelé naquele momento era Gordon Banks. Ele saltou no canto direito e deu um tapa por baixo da bola, colocando-a sobre o travessão. Foi um lance maravilhoso, em todo o contexto.

Aos 15, o ponta direita Francis Lee fez uma falta violenta e desleal em Everaldo.

Pouco depois, o próprio Lee quase marcou de cabeça, mas Félix defendeu bem. Na sequência, o inglês chutou a cabeça do goleiro brasileiro, tentando fazer o gol em uma bola perdida.

Diz a lenda que Carlos Alberto chamou Pelé e disse: “Pega esse cara!” Pelé, precavido, respondeu: “Não dá, eu sou muito visado e o juiz vai me expulsar”. Carlos Alberto resolveu ele mesmo o problema: na primeira bola que Lee pegou, o Capita deixou sua posição, foi até a intermediária e deu um tranco pesado no inglês, que a partir daí sumiu em campo.

(Imagem: FIFA)

● No intervalo, os brasileiros demoraram para voltar, deixando os ingleses “torrando” por cinco minutos em um calor de quase 40º C de Guadalajara.

Na segunda etapa, o talento individual brasileiro fez a diferença, principalmente dos homens de meio de campo, que passaram a apoiar mais o ataque. E aos 15 minutos do segundo tempo, prevaleceu o talento sobre o atleta.

Tostão recebe de Carlos Alberto, tenta o chute e acerta um zagueiro. Ele fica com a sobra, tabela com Paulo Cézar, entra na área, dribla um adversário, é combatido por mais dois, mas gira em torno de si mesmo, livra-se dos três (com direito a bola entre as pernas do capitão Bobby Moore) e, de costas para o gol, dá de curva, de pé direito, para Pelé. Sem olhar para o lado e com um leve e magistral toque, o Rei tira outros dois adversários e deixa Jairzinho cara a cara com Banks. Jair chuta com violência, balança as redes e sacode milhões de brasileiros, definindo a dramática vitória de sua equipe.

Após o gol, faltou uma cabeça pensante e genial como a de Gérson para cadenciar mais o jogo, segurando um pouco a correria dos ingleses. Mas em âmbito geral, Paulo Cézar esteve muito bem em campo e fez um dos melhores (senão o melhor) jogo de sua vida.

Na sequência, o técnico Alf Ramsey abdicou de vez da categoria individual, substituindo Lee e Bobby Charlton (já extenuado, mas o melhor em campo no primeiro tempo). Com a entrada de dois atacantes, os ingleses abdicaram do jogo inteligente e passaram e centrar bolas na área. Mas a defesa brasileira se manteve segura.

Os minutos finais são de apreensão. Aos 38, Félix falha numa saída, mas Bell chuta para fora.

Aos 40, Clodoaldo vira o jogo para a esquerda, mas Banks defende o chute de Roberto.

Aos 42, Félix sai bem do gol, mas não alivia o perigo. Astle não consegue cabecear e Brito afasta de vez. Foi o melhor jogo de Félix na Copa. Brito é outro que merece elogios pela segurança nessa partida.

Veja o gol da partida desde sua origem:

● Esse confronto bem que poderia ser a grande final da Copa, mas os “deuses do futebol” quiseram que protagonizassem esse duelo na segunda rodada da fase de grupos.

Diante de 66.843 expectadores, o clássico entre os dois últimos campeões foi a partida mais tensa, equilibrada e sofria dentre todas disputadas pela Seleção Brasileira em 1970. Foi o único jogo em que o Brasil fez apenas um gol e foi também o único gol que a Inglaterra sofreu na primeira fase (venceu Romênia e Tchecoslováquia, ambas por 1 x 0).

FICHA TÉCNICA:

 

BRASIL 1 x 0 INGLATERRA

 

Data: 07/06/1970

Horário: 12h00 locais

Estádio: Jalisco

Público: 66.843

Cidade: Guadalajara (México)

Árbitro: Abraham Klein (Israel)

 

BRASIL (4-3-3):

INGLATERRA (4-4-2):

1  Félix (G)

1  Gordon Banks (G)

4  Carlos Alberto Torres (C)

14 Tommy Wright

2  Brito

5  Brian Labone

3  Wilson Piazza

6  Bobby Moore (C)

16 Everaldo

3  Terry Cooper

5  Clodoaldo

4  Alan Mullery

11 Rivellino

9  Bobby Charlton

7  Jairzinho

8  Alan Ball

9  Tostão

10 Geoff Hurst

10 Pelé

7  Francis Lee

18 Paulo Cézar Caju

11 Martin Peters

 

Técnico: Zagallo

Técnico: Alf Ramsey

 

SUPLENTES:

 

 

12 Ado (G)

12 Peter Bonetti (G)

22 Leão (G)

13 Alex Stepney (G)

21 Zé Maria

2  Keith Newton

15 Fontana

17 Jack Charlton

14 Baldocchi

18 Norman Hunter

17 Joel Camargo

16 Emlyn Hughes

6  Marco Antônio

15 Nobby Stiles

8  Gérson

19 Colin Bell

13 Roberto

20 Peter Osgood

20 Dadá Maravilha

21 Allan Clarke

19 Edu

22 Jeff Astle

 

GOL: 59′ Jairzinho (BRA)

 

CARTÃO AMARELO: Francis Lee (ING)

 

SUBSTITUIÇÕES:

63′ Bobby Charlton (ING) ↓

Colin Bell (ING) ↑

 

63′ Francis Lee (ING) ↓

Jeff Astle (ING) ↑

 

68′ Tostão (BRA) ↓

Roberto (BRA) ↑

… 06/06/1962 – Brasil 2 x 1 Espanha

Três pontos sobre…
… 06/06/1962 – Brasil 2 x 1 Espanha


Paco Gento e Mauro se cumprimentam antes da partida (Imagem: Pinterest)

● Havia uma dúvida muito grande para o confronto entre Brasil e Espanha: quem seria o substituto de Pelé? O Rei se lesionou aos 27 minutos do primeiro tempo da partida anterior, o empate sem gols contra a Tchecoslováquia três dias antes. Com uma distensão no músculo adutor da coxa esquerda, ele estava definitivamente fora do Mundial.

Várias hipóteses foram aventadas: a entrada de Coutinho, passando Vavá mais para a esquerda; a formação de um quadrado no meio-campo, com Zito, Didi, Mengálvio e Zagallo, ficando Garrincha e Vavá no ataque; ou simplesmente a escalação do reserva imediato de Pelé, o botafoguense Amarildo.

Veja mais:
… 30/05/1962 – Brasil 2 x 0 México
… 02/06/1962 – Brasil 0 x 0 Tchecoslováquia
… 10/06/1962 – Brasil 3 x 1 Inglaterra
… 13/06/1962 – Brasil 4 x 2 Chile

Sabiamente, o técnico Aymoré Moreira optou pela solução mais natural: a entrada de Amarildo, apelidado pelo dramaturgo Nelson Rodrigues de “O Possesso”.

A Espanha contava com uma legião estrangeira naturalizada: José Emilio Santamaría, zagueiro uruguaio; Eulogio Martínez, atacante paraguaio; Alfredo Di Stéfano, atacante argentino, que chegou à Copa lesionado e não disputou nenhuma partida; e Ferenc Puskás, atacante húngaro, com experiência anterior na Copa de 1954 pela vice-campeã Hungria. Mas desses, apenas Puskás jogou (e muito bem) contra o Brasil.


O Brasil atuava como em 1958, em um falso 4-2-4, se transformando em um 4-3-3 com o recuo voluntário de Zagallo


A Espanha jogava em um misto de WM e 4-2-4

● Foi um jogo muito difícil. O Brasil entrou em campo nervoso e com Zagallo recuado além da conta. A Espanha sufocou e saiu na frente aos 35 minutos do primeiro tempo. Adelardo tabela com Puskás e chuta rasteiro antes da chegada de Zito, da meia-lua, no canto direito de Gylmar.

Apesar da boa movimentação de Amarildo, a Seleção sentia falta de Pelé (e quem não sentiria?!). Mas além da disposição e bom futebol de Amarildo, Garrincha também brilhava, infernizando os espanhóis pela ponta direita.

No segundo tempo, as coisas poderiam ter se complicado de vez para o Brasil. O espanhol Enrique Collar driblou Nilton Santos e foi derrubado pelo lateral brasileiro, dentro da área. Experiente e “malandro”, Nilton deu dois passos para frente, indicando ao árbitro chileno Sergio Bustamante que a infração teria ocorrido fora da área. O juiz foi na dele e marcou falta ao invés de pênalti. Entretanto, na cobrança dessa mesma falta, Puskás cruzou, Zózimo errou o tempo de bola e Joaquin Peiró marcou um golaço de bicicleta. Novamente o árbitro beneficiou o Brasil e anulou o gol, alegando não se sabe o quê – não houve impedimento e nem jogo perigoso, pois Peiró estava a um metro e meio de Zózimo.

Reanimado, o Brasil começou a dominar a partida e foi para cima. Aos 27 minutos do segundo tempo, Zito passa para Zagallo, que cruza da esquerda, rasteiro, e Amarildo emenda de primeira, com violência, marcando o gol de empate.

O Brasil virou aos 41 minutos, quando Garrincha fez das suas jogadas individuais pela direita, passou por dois marcadores e cruzou da linha de fundo, na cabeça de Amarildo, que cabeceou bem, sem chances para o goleiro Araquistáin.


Seleção Brasileira campeã da Copa do Mundo de 1962, no Chile (Imagem: UOL Esporte)
Em pé: Djalma Santos, Zito, Gylmar, Zózimo, Nilton Santos e Mauro.
Agachados: Garrincha, Didi, Vavá, Amarildo e Zagallo.

● Com duas vitórias e um empate, o Brasil estava classificado para as quartas de final em primeiro lugar do grupo 3. Tão importante quanto a classificação, foi o acerto na escalação de Amarildo.

Antes da partida, o técnico da Espanha, o franco-argentino Helenio Herrera, disse que o Brasil ficava muito fraco sem Pelé e chegou a perguntar quem era Amarildo. E “O Possesso” deu seu cartão de visitas a Herrera, anotando os dois gols.

Após a vitória, Pelé se emocionou e entrou de roupa e tudo debaixo do chuveiro para abraçar Amarildo, seu substituto e herói brasileiro na partida. Amarildo teve um “dia de Pelé”.

Se a Espanha vencesse, seria líder do grupo, com 4 pontos e o Brasil poderia ser eliminado (dependendo do resultado entre México x Tchecoslováquia). Como a Espanha perdeu e o México venceu, a Espanha acabou eliminada e em último lugar no grupo, o que impediu que Don Alfredo Di Stefano entrasse em campo em uma Copa do Mundo. A lenda do Real Madrid estava machucado e só poderia disputar a fase seguinte.

FICHA TÉCNICA:

 

BRASIL 2 x 1 ESPANHA

 

Data: 06/06/1962

Horário: 15h00 locais

Estádio: Sousalito

Público: 18.715

Cidade: Viña del Mar (Chile)

Árbitro: Sergio Bustamante (Chile)

 

BRASIL (4-2-4):

ESPANHA (WM):

1  Gylmar (G)

1  José Araquistáin (G)

2  Djalma Santos

17 Rodri

3  Mauro (C)

7  Luis María Echeberría

5  Zózimo

10 Sígfrid Gràcia

6  Nilton Santos

22 Martí Vergés

4  Zito

13 Pachín

8  Didi

4 Enrique Collar (C)

7  Garrincha

12 Joaquín Peiró

19 Vavá

14 Ferenc Puskás

20 Amarildo

18 Adelardo

21 Zagallo

9 Francisco Gento

 

Técnico: Aymoré Moreira

Técnico: Helenio Herrera

 

SUPLENTES:

 

 

22  Castilho (G)

3  Carmelo (G)

12 Jair Marinho

2  Salvador Sadurní (G)

13 Bellini

8  Jesús Garay

14 Jurandir

11 Feliciano Rivilla

15 Altair

19 José Emilio Santamaría

16 Zequinha

16 Severino Reija

17 Mengálvio

20 Joan Segarra

18 Jair da Costa

5  Luis del Sol

9  Coutinho

15 Eulogio Martínez

10 Pelé

21 Luis Suárez

11 Pepe

6  Alfredo Di Stéfano

 

GOLS:

35′ Adelardo (ESP)

72′ Amarildo (BRA)

86′ Amarildo (BRA) 

Melhores momentos da partida:

Jogo completo:

● Posteriormente, o Brasil venceria a Inglaterra nas quartas de final (3 x 1), o anfitrião Chile nas semifinais (4 x 2) e a Tchecoslováquia na final (3 x 1), se sagrando bicampeão do mundo.

A média de idade do Brasil de 1962, com 30 anos e seis meses é a mais alta de uma seleção campeã mundial. A Itália de 2006 vem em segundo, com 29 anos e dois meses.

A Seleção Brasileira de 1962 foi o campeão que utilizou menos jogadores em uma Copa do Mundo. Foram apenas doze. A única substituição foi justamente Amarildo no lugar de Pelé.

“Em 1962, com a contusão de Pelé, descobriu-se um outro Garrincha. De repente, parou de brincar, ficou sério, compenetrado de que a conquista da Copa dependia dele. Quase sozinho, ganhou a Copa. Fez o que nunca tinha feito. Gols de cabeça, pé esquerdo, folha-seca. E driblou como um endiabrado, endoidando os adversários.” ― Sandro Moreyra, jornalista, botafoguense e amigo do Mané.