… Roberto Rivellino, a “Patada Atômica”

Três pontos sobre…
… Roberto Rivellino, a “Patada Atômica”


(Imagem: Instagram oficial do Estádio Maracanã)

O gênio da bola nasceu no primeiro dia do ano de 1946 e faz 72 anos hoje. Como homenagem, reproduzimos abaixo partes de algumas de suas respostas em entrevista para outro craque, Maurício Noriega (esse jornalista também é um dos meus ídolos), publicada no livro “Rivellino” ¹*:

● “Nunca pensei assim: ‘Sou craque’. Mas eu sabia que era bom e ia para cima mesmo.”

● “Para cabecear, eu era horrível. Marcar? No meu tempo, o craque nunca marcava. O principal era a ocupação de espaço, pois eu sabia que uma hora a bola chegaria para mim. O pé direito eu poderia ter treinado mais. O Gérson enxergava o jogo mais do que eu. Quem joga mais atrás tem mais visão de jogo, eu era mais ofensivo, queria sempre chutar para o gol.”

● “Nunca tive contusão séria, lesão muscular. Nunca levantei um peso na minha vida. Tive minhas lesões, mas por pancada, a maioria nos tornozelos, porém nada sério. Tive meus problemas disciplinares, claro. Fui muito expulso porque achavam que eu estava reclamando quando eu estava orientando. É do meu temperamento. Mas eu sei que era tinhoso. Se eu pudesse tirar o cara do jogo, tirava. Se eu tirasse o Dudu do Palmeiras, facilitava para mim. Ele era chato, marcava muito bem. O Pelé, quando jogava contra o Dudu, a primeira coisa que ele fazia era dar uma caneta nele para deixá-lo nervoso. Era competitividade. Não gosto de perder. Era perfeccionista, me cobrava demais, achava que tinha que acertar tudo.”

● “Eu cavava muita falta perto da área. Tinha juiz que não dava, achava que era manha minha. O futebol de salão me ajudou muito nisso. Eu tinha a intuição, sabia que iam me pegar, sabia cair, escorar. E antigamente os caras sabiam dar porrada. O Paraná [ponta que fez fama no São Paulo] só dava no tornozelo, pô. Eu me defendia. Quebrei a perna de um garoto, também chamado Roberto, da Portuguesa. Dominei e toquei, pegou sem querer. Não foi maldade. Às vezes você toma uma porrada e não acontece nada. Em outras, uma jogada despretenciosa quebra.”

● “Além do Dino Sani, que jogava muito, mas também era danado para bater, tinha que ficar esperto com o Fontana. Moisés [zagueiro que cunhou a famosa frase ‘zagueiro que se preza não ganha Belfort Duarte’, que era um prêmio para jogadores disciplinados] era terrível. A primeira ele dava pra valer; dizia que na primeira o juiz nunca expulsava. Com o Forlán [Pablo, uruguaio que jogou no São Paulo, pai do Diego Forlán] não podia bobear, jogava duro; se pudesse dar pra tirar, ele dava. O Paranhos quase me arrebentou; já o Pelé, quando dava, era para se defender. Não tinha tanta câmera de TV naquela época, então o couro comia. Hoje quem tem habilidade tem a vantagem do cartão. Ele se aproveitava do fato de antes de 1970 não ter cartão amarelo no futebol.”

● “Em 1969, disputamos um jogo com a seleção em Manaus. Acertei o zagueiro do time adversário, e ele saiu do jogo. Em um amistoso contra a Tunísia, em 1973, dei uma varada que quebrou o braço do cara. O Fischer, do Botafogo, uma vez estava na barreira contra o Corinthians, coitado, teve que sair de campo. Mas de sacanagem eu fiz apenas uma vez. Foi contra o Tiradentes. O cara fez uma falta em mim, foi para a barreira e disse: ‘Você não é metido a chutar forte? Então chuta no meu peito’. Pedi a Deus que me ajudasse, caprichei na mira e a bola foi em direção do peito dele. Mas ele abriu a barreira, tirou o corpo e a bola foi para o gol. Aí eu não aguentei e provoquei: ‘Por que você não ficou?’ Levei cartão amarelo.”

¹* Bibliografia:
NORIEGA, Maurício. Rivellino. São Paulo: Contexto, 2015. p. 186-189.

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