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… 11/07/1998 – Croácia 2 x 1 Holanda

Três pontos sobre…
… 11/07/1998 – Croácia 2 x 1 Holanda


(Imagem: Liverpool Echo)

● Normalmente a decisão do terceiro lugar é um jogo desanimado. Em 1998, a Croácia jogou pela honra. A Holanda só estava lá para cumprir tabela.

A Holanda era a cabeça de chave no Grupo E. Na primeira fase, empatou por 0 x 0 com a vizinha Bélgica, goleou a Coreia do Sul por 5 x 0 e empatou por 2 x 0 com o bom time do México. Nas oitavas de final, venceu a Iugoslávia por 2 x 1 com um gol de Edgar Davids no apagar das luzes. Nas quartas, contou com um gol fenomenal de Dennis Bergkamp no último lance da partida para eliminar a ótima seleção argentina pelo placar de 2 x 1. Na semifinal, jogou melhor que o Brasil, saiu atrás e buscou o empate no fim da partida. Na decisão dos pênaltis, Taffarel defendeu as cobranças de Ronald de Boer e Phillip Cocu, colocando o Brasil na decisão.

Na primeira fase, Croácia venceu a Jamaica por 3 x 1 e o Japão por 1 x 0. Já classificada, perdeu para a Argentina por 1 x 0, se classificando em segundo lugar do Grupo H. Nas oitavas, eliminou a Romênia com uma vitória por 1 x 0. Nas quartas, goleou a Alemanha por 3 x 0, demonstrando seu poderio ofensivo. Na semifinal, perdeu de virada para a França por 2 x 1.

Antes da semifinal contra a França, alguns jogadores croatas foram levados pela vaidade e mexeram no cabelo. Os alas Mario Stanić e Robert Jarni descoloriram o cabelo. O capitão Zvonimir Boban desenhou o número 10 em vermelho na parte de trás do cabelo. Tudo isso ajudou a desconcentrar o time.

O técnico Miroslav Blažević, que fora gereral da reserva do Exército Croata durante a guerra separatista nos anos 1990, afastou o craque Prosinečki dos jogos contra alemães e franceses. O artilheiro Šuker e o capitão Boban entraram em conflito com o treinador – o que pode ter atrapalhado internamente o bom time axadrezado. Prosinečki voltou a ser titular contra os holandeses.


A Croácia jogou no sistema 3-6-1, povoando o meio de campo.


A Holanda atuou no 4-4-2.

● Os croatas demonstravam o mesmo empenho das semifinais e saíram na frente logo aos 13 minutos. Robert Jarni avançou da esquerda para o meio e rolou para Robert Prosinečki no lado direito da grande área. Mesmo cercado por três adversários, ele dominou, girou e bateu cruzado. A bola passou entre as pernas de Arthur Numan e entrou à direita do goleiro Edwin van der Sar.

Mesmo desinteressada, a Holanda empatou apenas oito minutos depois em uma das raras investidas ofensivas. Boudewijn Zenden avançou desde seu campo, se livrou de Jarni e, ao “estilo Arjen Robben”, entrou em diagonal da direita para o meio e disparou da meia lua. A bola pegou efeito, fez uma cruva incrível e enganou o goleiro Dražen Ladić, que chegou a tocar na bola antes dela entrar. Uma falha do veterano goleiro croata.

Mas a Croácia passou à frente aos 35′. Aljoša Asanović conduziu a bola e deixou atrás para Zvonimir Boban. Da entrada da área, o camisa 10 rolou de primeira para Davor Šuker chutar rasteiro e cruzado, no cantinho esquerdo do goleiro.

No segundo tempo, bastou que a Croácia segurasse a vantagem e comemorar a terceira colocação – uma posição melhor que a Iugoslávia, com nove Copas no currículo.


(Imagem: Michel Lipchitz / AP Photo)

“Vocês fizeram mais pelo país do que os diplomatas.” ― Franjo Tuđman, primeiro presidente da Croácia independente e presidente do país na ocasião, disse ao receber a delegação.

Robert Prosinečki entrou para a história como o primeiro jogador a marcar gols por duas seleções diferentes. Ele havia marcado em 1990 pela Iugoslávia na vitória por 4 x 1 sobre os Emirados Árabes Unidos. Em 1998, marcou pela Croácia na vitória por 3 x 1 sobre a Jamaica e voltou a marcar na decisão do 3º lugar, na vitória diante da Holanda por 2 x 1.

Com o gol anotado nessa partida, Davor Šuker chegou a seis gols marcados no torneio e se tornou artilheiro isolado da Copa do Mundo de 1998. Mas ele foi muito mais do que isso: Šuker seria eleito o segundo melhor jogador do Mundial (atrás de Ronaldo), o segundo melhor do mundo no prêmio Bola de Ouro da revista France Football (atrás de Zinedine Zidane) e o terceiro melhor do mundo pela FIFA (atrás de Zidane e Ronaldo).


(Imagem: Alamy)

FICHA TÉCNICA:

 

CROÁCIA 2 X 1 HOLANDA

 

Data: 11/07/1998

Horário: 21h00 locais

Estádio: Parc de Princes

Público: 45.500

Cidade: Paris (França)

Árbitro: Epifanio González (Paraguai)

 

CROÁCIA (3-6-1):

HOLANDA (4-4-2):

1  Dražen Ladić (G)

1  Edwin van der Sar (G)

14 Zvonimir Soldo

5  Arthur Numan

6  Slaven Bilić

3  Jaap Stam

4  Igor Štimac

4  Frank de Boer (C)

13 Mario Stanić

11 Phillip Cocu

17 Robert Jarni

6  Wim Jonk

21 Krunoslav Jurčić

16 Edgar Davids

7  Aljoša Asanović

10 Clarence Seedorf

8  Robert Prosinečki

12 Boudewijn Zenden

10 Zvonimir Boban (C)

8  Dennis Bergkamp

9  Davor Šuker

9  Patrick Kluivert

 

Técnico: Miroslav Blažević

Técnico: Guus Hiddink

 

 

 

 

12 Marjan Mrmić (G)

18 Ed de Goey (G)

22 Vladimir Vasilj (G)

22 Ruud Hesp (G)

20 Dario Šimić

2  Michael Reiziger

5  Goran Jurić

13 André Ooijer

15 Igor Tudor

15 Winston Bogarde

18 Zoran Mamić

19 Giovanni van Bronckhorst

3  Anthony Šerić

20 Aron Winter

11 Silvio Marić

7  Ronald de Boer

2  Petar Krpan

14 Marc Overmars

16 Ardian Kozniku

17 Pierre van Hooijdonk

19 Goran Vlaović

21 Jimmy Floyd Hasselbaink

 

GOLS:

14′ Robert Prosinečki

22′ Boudewijn Zenden

36′ Davor Šuker

 

CARTÕES
AMARELOS:

34′ Krunoslav Jurčić (CRO)

52′ Igor Štimac (CRO)

69′ Aljoša Asanović (CRO)

74′ Mario Stanić (CRO)

89′ Wim Jonk (HOL)

89′ Edgar Davids (HOL)

 

SUBSTITUIÇÕES:

INTERVALO Phillip Cocu (HOL) ↓

Marc Overmars (HOL) ↑

 

58′ Dennis Bergkamp (HOL) ↓

Pierre van Hooijdonk (HOL) ↑

 

79′ Robert Prosinečki (CRO) ↓

Goran Vlaović (CRO) ↑

 

86′ Zvonimir Boban (CRO) ↓

Igor Tudor (CRO) ↑

Gols da partida:

… 03/07/1974 – Holanda 2 x 0 Brasil

Três pontos sobre…
… 03/07/1974 – Holanda 2 x 0 Brasil


(Imagem: World Football Index)

● Depois de 36 anos ausentes dos grandes palcos, a Holanda voltou como protagonista. Com a melhor geração de sua história, os times do país conquistaram a Copa dos Campeões da Europa por quatro anos consecutivos – o Feyenoord em 1970 e o Ajax tricampeão entre 1971 e 1973.

Com uma equipe de grande qualidade técnica e uma revolução tática, o “Carrossel Holandês” massacrou o Uruguai na estreia. O placar baixo (2 x 0) não representou em nada o que foi a partida. No segundo jogo veio o empate sem gols diante da Suécia, em uma tarde sem inspiração. No jogo seguinte, goleada sobre a Bulgária por 4 x 1.

A segunda fase da Copa de 1974 não era composta por oitavas ou quartas de final em partidas eliminatórias (o famoso mata-mata), mas sim uma nova fase de grupos, que classificaria o vencedor para a final. Nessa fase, pelo Grupo A, a Holanda estraçalhou a Argentina em uma goleada por 4 x 0 (que ficou até barata). Depois, venceu a Alemanha Oriental por 2 x 0.

Na última rodada, os holandeses jogavam por um empate contra o Brasil para chegar à sua primeira final de Copa.


(Imagem: Pinterest)

● O Brasil era o atual campeão e queria manter o título. Na caminhada rumo à Copa de 1974, a Seleção Brasileira foi perdendo boa parte dos craques do tricampeonato, como Pelé, Tostão, Gérson, Carlos Alberto e Clodoaldo.

O Brasil começou mal na Copa, com dois empates sem gols, com Iugoslávia e Escócia, respectivamente. A vitória por 3 x 0 sobre o Zaire foi minimamente suficiente para que a Seleção superasse a fraca Escócia apenas no saldo de gols. Na segunda fase, venceu a Alemanha Oriental por 1 x 0 e a Argentina por 2 x 1, na primeira vez que os dois rivais se enfrentaram em Copas do Mundo.

Brasil e Holanda chegaram à última rodada do grupo com duas vitórias, mas de forma bem diferente. Enquanto o escrete canarinho vencia jogando aquém de suas possibilidades, a “Laranja Mecânica” brilhava e encantava o mundo.

Os jogadores brasileiros não tinham nenhum conhecimento sobre a seleção holandesa. Não sabiam que o revolucionário time de Rinus Michels atacava e marcava em bloco. “Nós fomos jogar contra a Holanda sem ter visto nenhum jogo”, disse Marinho Peres em 2011, em entrevista ao Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil, da Fundação Getúlio Vargas. “Não é como hoje, que você fala: ‘Olha, eles apoiam mais pela direita, pela esquerda, fazem linha de impedimento’. Quer dizer, não se sabia nada.”

O preparador físico Paulo Amaral foi olheiro de Zagallo em 1974 e tinha como missão identificar como jogavam os adversários brasileiros. Ao assistir o jogo entre holandeses e argentinos, ele identificou dois fatores preponderantes: 1. a marcação argentina foi feita de forma individual e a movimentação dos holandeses deixou a defesa albiceleste desguarnecida; 2. os deslocamentos do holandeses foram tantos que era impossível identificar as variações.

Zagallo optou por manter Paulo Cézar Caju como titular, mesmo escalando Dirceu. Ambos jogavam na mesma posição – um ponta esquerda que recua ou um meia esquerda que avança. O treinador brasileiro descartou Edu, ponta veloz e bastante agudo que poderia aproveitar os espaços deixados pelo lateral direito holandês Wim Suurbier.


Devido à alta rotação de posições, é quase impossível definir o “Futebol Total” do “Carrossel Holandês”, mas teoricamente era um 4-3-3.


O Brasil de Zagallo jogou no 4-3-3.

● O Brasil sempre se destacou pelo futebol técnico, habilidoso e leal. A Holanda de 1974 brilhava pelo futebol ofensivo, com muita movimentação. Assim, o encontro entre essas duas equipes tinha tudo para ser um espetáculo dos dois times. Mas aconteceu justamente o contrário.

Aos 4′, Zé Maria deu uma solada violenta em Cruijff. A Holanda respondeu com Johnny Rep revidando no mesmo Zé Maria.

No minuto seguinte, em menos de 20 segundos, três entradas horríveis: uma sola com os dois pés de Zé Maria, uma pegada e Carpegiani no tornozelo de Johnny Rep e duas entradas feias por trás de Luís Pereira em Willem van Hanegem.

Johnny Rep cruzou da ponta direita. Luís Pereira subiu, mas não afastou. A bola bateu em Zé Maria e sobrou para Johan Cruijff. Ele emendou de esquerda e Leão defendeu à queima roupa. Segundo Cruijff, essa foi a maior defesa que ele já viu. Uma das maiores defesas de todas as Copas.

Valdomiro deu um chapéu longo em Arie Haan e se desequilibrou ao entrar na área. O goleiro Jan Jongbloed já saía para abafar o lance. Na sobra, Ruud Krol dominou a bola e saiu com tranquilidade.

Aos 16′, Marinho Peres salvou o Brasil de sofrer o primeiro gol, quando sete holandeses estavam dentro da área brasileira.

O Brasil equilibrou um pouco as ações a partir dos 20 minutos. Rivellino recuou para armar e lançar. Paulo Cézar se mexeu mais, buscando o lado esquerdo – sempre com Van Hanegem na cola dele.

Foi Caju quem perdeu a melhor oportunidade do escrete canarinho, ao chutar em cima de Jongbloed quando estava cara a cara com o goleiro.

Aos 28′, Jairzinho prendeu demais a bola e perdeu. Wim Jansen tocou na esquerda para Rob Rensenbrink. Ele deixou mais atrás novamente para Jansen, que viu a infiltração de Wim Suurbier na ponta esquerda, nas costas da zaga. Ele chegou chutando, mas Leão espalmou. Luís Pereira dominou o rebote, mas Suurbier chegou de carrinho e o atingiu no tornozelo. Luís Pereira, Rivelino, Marinho Peres e Valdomiro foram para cima do holandês.

Wim Jansen avançou em velocidade e o capitão Marinho Peres colocou o corpo na frente para impedir a progressão do holandês.

O jogo estava pegado. Os brasileiros pareciam nervosos e os holandeses respondiam na mesma moeda.

O primeiro tempo terminou sem gols. O jogo estava igual, tanto na bola quanto na pancadaria.

Mas a Holanda tratou de mudar isso logo aos cinco minutos do segundo tempo.


(Imagem: Jornalheiros)

Próximo ao círculo central, Willem van Hanegem bateu falta rápida para Johan Neeskens já na intermediária ofensiva e ele abriu para Johan Cruijff na direita. O camisa 14 apareceu nas costas de Marinho Chagas (a “Avenida Marinho Chagas”), dominou e cruzou rasteiro na marca do pênalti, onde o camisa 13 se infiltrava. Neeskens se antecipou à zaga brasileira e acertou um voleio que encobriu Leão.

O empate classificava a Holanda para a decisão. O Brasil precisava atacar em busca da virada.

Claramente, a Holanda tinha o ataque como seu ponto mais forte. Mas, defensivamente, o time também era muito seguro. Havia sofrido apenas um gol em toda a Copa até então.

Dirceu recuava demais. Rivellino estava muito atrás, sem poder explorar seus chutes de longe.

Aos 14′, Zagallo tirou Paulo Cézar e escalou Mirandinha no comando de ataque, com Jairzinho jogando mais recuado.

Aos 17′, Luís Pereira teve sua segunda investida no ataque e tinha chance de fazer o gol, mas o árbitro se antecipou e marcou impedimento inexistente, em lance que seria do bandeirinha.

Aos 20′, Wim Jansen abriu para Ruud Krol na esquerda. Ele tabelou com Rob Rensenbrink, recebeu na frente e cruzou para o centro da área. Johan Cruijff apareceu na primeira trave e desviou a bola para o canto direito de Emerson Leão. Foi o terceiro gol de Cruijff na Copa. De forma desplicente, os brasileiros pararam no início da jogada pedindo impedimento de Rensenbrink.

A Holanda estava muito perto de quebrar uma invencibilidade de 19 jogos da Seleção Brasileira.

A partir daí o Brasil virou uma bagunça. Luís Pereira se mandou de vez, Marinho Chagas nem voltava mais, Carpegiani estava sobrecarregado pela marcação no meio…

Aos 22′, Michels teve que tirar Rob Rensenbrink, que sentiu a coxa direita.

Marinho Chagas avançou pela esquerda e foi derrubado por Wim Suurbier. Ao cair, o brasileiro deixou a sola da chuteira no rosto do holandês. A sorte foi que o árbitro alemão Kurt Tschenscher não viu o lance. E enquanto o juiz falava com Marinho Chagas, Valdomiro deu um chute por trás em Ruud Krol. O escrete canarinho estava tenso e começava a perder a mão.


(Imagem: Twitter @OldFootball11)

Jairzinho deu um “chega pra lá” sem bola em Wim Jansen. Na sequência do lance, Johan Neeskens devolveu na mesma moeda em Rivellino. O camisa 10 do Brasil seguiu com a bola, mas foi derrubado por Arie Haan. Uma sequência de lances muito violentos. Se tirassem a bola, os jogadores nem perceberiam. Só estavam preocupados em se atacarem mutuamente.

Sem bola, Johnny Rep deu uma cotovelada feia em Rivellino, que estava na marcação do holandês.

Rep cruzou da esquerda. Luís Pereira se antecipou a Cruijff e tentou fazer o que fazia bem com a camisa do Palmeiras. O Luís Chevrolet arrancou, deixou Neeskens no chão depois de um carrinho malsucedido, passou pela linha do meio de campo, deixou com Rivellino e se mandou para a área. Riva abriu com Valdomiro na direita, que cruzou. A bola passou por Jairzinho, bateu em Haan e sobrou na entrada da área. Marinho Chagas dominou de chaleira já tocando para a frente, mas adiantou demais. Jongbloed saiu e se atrapalhou, quase perdendo a bola, mas caiu no chão e ficou com ela.

Lamentavelmente, os brasileiros perderam a cabeça. A seis minutos do apito final, Neeskens carregou a bola pelo lado esquerdo e Luís Pereira deu uma voadora no holandês. Foi expulso diretamente.

Se o árbitro não fosse um “bananão” e fosse mais rigoroso, o cartão vermelho teria sido mostrado mais vezes. Muita gente fez por merecê-lo: Willem van Hanegem, Rivellino, Suurbier, Cruijff, Rep, Valdomiro, Zé Maria e Marinho Chagas.

Luís Pereira saiu de campo apoiado por Jairzinho, Rivellino e Marinho Peres. Vaiado pela torcida alemã, o zagueiro fez o sinal de “3” com os dedos, fazendo todos lembrarem dos três títulos de Copa do Mundo da Seleção Brasileira. Uma cena melancólica que marcou a eliminação brasileira.

Com a vitória, a Holanda se classificou pela primeira vez para uma final de Copa do Mundo.


(Imagem: Alamy)

● A Holanda se tornou a única seleção a vencer os três gigantes sul-americanos em uma mesma edição de Copa: Uruguai, Argentina e Brasil.

“Foi nosso jogo mais difícil. Estávamos com medo dos brasileiros nos primeiros 15 minutos. Depois fizemos nossa partida.” ― Johan Cruijff

“Eles aqueceram do nosso lado. Víamos a preocupação com nosso time antes do jogo. Estavam com medo e demoraram quase um tempo para se assentar no jogo.” ― Émerson Leão

“Até esta partida, o símbolo do jogo bonito era o Brasil. Tudo mudou depois: os brasileiros bateram mais que os argentinos. Aliás, eles foram piores que os uruguaios.” ― Johan Neeskens

“O Zagallo foi vê-los jogar e voltou preocupado demais. Não deixou transparecer, mas nós ficamos sabendo.” ― Paulo César Carpegiani

“A Holanda era um puta time. Eu não conhecia e ninguém conhecia. Se a gente tivesse enfrentado a Holanda no primeiro jogo, estaríamos ferrados, como aconteceu com o Uruguai. Era um futebol totalmente diferente. Só fomos ver na Copa. Eu não sabia como eles jogavam, não conhecia o Cruyff, fui conhecer na Copa. Eu me perguntava: ‘Quem é esse cara? Como joga!’. O time girava em torno dele. Pegaram o Ajax e adaptaram à seleção. Merecia ser campeã, apesar do grande time da Alemanha. Diziam que a Alemanha perdeu da Alemanha Oriental para não pegar o Brasil. Mesmo assim, fizemos um bom jogo. Colocaram a partida num campo pequeno, apertado, em Hannover [Nota჻ O jogo foi em Dortmund, não em Hannover, como afirmou Rivellino.] Jogamos de igual para igual no primeiro tempo, perdemos duas grandes chances e, depois que a Holanda fez 1 a 0, nosso time se perdeu. Quarto lugar foi bom pra gente. Alemanha, Holanda e Polônia tinham belos times. Não adiantava apenas ter grandes jogadores. Em 1970, treinamos dois meses com o time que jogou a Copa, em Guanajuato. Em 1974, houve uma mudança, uma aposta em jogadores que não estavam bem.”Roberto Rivellino, em sua biografia contada pelo jornalista Maurício Noriega.

Anteriormente, Zagallo já havia qualificado a seleção de Rinus Michels de forma depreciativa, como dona de um “futebol alegrinho”. Antes da partida, Zagalo provocou: “A Holanda é muito tico-tico-no-fubá, que nem o América dos anos 50”. Às vésperas da partida, o técnico brasileiro continuou alfinetando, dizendo que os holandeses não tinham tradição em Copas e isso pesava contra eles. “Nós somos tricampeões, eles é que têm que ter medo da gente. A Holanda não me preocupa. Estou pensando na final com a Alemanha.” Após o jogo, Zagallo reconheceu a força dos holandeses: “Perdemos para uma grande equipe”.

O bandeirinha escocês Bob Davidson viu uma agressão de Marinho Peres em Johan Neeskens e não comunicou ao árbitro alemão Kurt Tschenscher. Alguns dias depois, Marinho foi contratado pelo Barcelona e foi recebido no aeroporto por Neeskens, que já atuava pelo clube catalão. O holandês ainda estava com a marca da agressão sofrida. Jogando juntos, os dois logo se tornariam amigos.

Na decisão do 3º lugar, o Brasil perdeu para a Polônia por 1 x 0, terminando em uma decepcionante 4ª colocação geral.

Na final da Copa, a Holanda começou com tudo e abriu o placar logo no primeiro lance. Mas sucumbiu à força da Alemanha Ocidental e levou a virada, perdendo por 2 x 1. Um vice-campeão do mundo tão lembrado quanto (ou até mais que) o próprio campeão, por ousar criar uma nova e encantadora forma de praticar futebol.


(Imagem: Twitter @OldFootball11)

FICHA TÉCNICA:

 

HOLANDA 2 x 0 BRASIL

 

Data: 03/07/1974

Horário: 19h30 locais

Estádio: Westfalenstadion (atual Signal Iduna Park)

Público: 53.700

Cidade: Dortmund (Alemanha Ocidental)

Árbitro: Kurt Tschenscher (Alemanha Ocidental)

 

HOLANDA (4-3-3?):

BRASIL (4-3-3):

8  Jan Jongbloed (G)

1  Leão (G)

20 Wim Suurbier

4  Maria

17 Wim Rijsbergen

2  Luís Pereira

2  Arie Haan

3  Marinho Peres (C)

12 Ruud Krol

6  Marinho Chagas

6  Wim Jansen

17 Paulo César Carpegiani

13 Johan Neeskens

10 Rivellino

3  Willem van Hanegem

11 Paulo Cézar Caju

16 Johnny Rep

13 Valdomiro

14 Johan Cruijff (C)

7  Jairzinho

15 Rob Rensenbrink

21 Dirceu

 

Técnico: Rinus Michels

Técnico: Zagallo

 

SUPLENTES:

 

 

18 Piet Schrijvers (G)

12 Renato (G)

21 Eddy Treijtel (G)

22 Waldir Peres (G)

4  Kees van Ierssel

14 Nelinho

5  Rinus Israël

15 Alfredo Mostarda

19 Pleun Strik

16 Marco Antônio

22 Harry Vos

5  Wilson Piazza

7  Theo de Jong

18 Ademir da Guia

1  Ruud Geels

8  Leivinha

11 Willy van de Kerkhof

20 Edu

10 René van de Kerkhof

19 Mirandinha

9  Piet Keizer

9  César Maluco

 

GOLS:

50′ Johan Neeskens (HOL)

65′ Johan Cruijff (HOL)

 

CARTÕES AMARELOS:

29′ Wim Suurbier (HOL)

29′ Luís Pereira (BRA)

37′ Maria (BRA)

44′ Marinho Peres (BRA)

69′ Johnny Rep (HOL)

 

CARTÃO VERMELHO: 84′ Luís Pereira (BRA)

 

SUBSTITUIÇÕES:

61′ Paulo Cézar Caju (BRA) ↓

Mirandinha (BRA) ↑

 

67′ Rob Rensenbrink (HOL) ↓

Theo de Jong (HOL) ↑

 

85′ Johan Neeskens (HOL) ↓

Rinus Israël (HOL) ↑

Melhores momentos da partida (Canal 100):

Jogo completo:

… 02/07/2010 – Holanda 2 x 1 Brasil

Três pontos sobre…
… 02/07/2010 – Holanda 2 x 1 Brasil


Felipe Melo tirou a bola das mãos de Júlio César no primeiro gol holandês (Imagem: abc.net.au)

● Em campo, eram dois dos favoritos ao título, que chegaram invictas às quartas de final.

Até então, o retrospecto entre Brasil e Holanda era de igualdade. A Holanda venceu em 1974 (2 x 0), o Brasil venceu em 1994 (3 x 2) e houve um empate em 1998 (1 x 1, com vitória brasileira nos pênaltis).

Eram duas das mais tradicionais escolas de futebol, com um estilo historicamente vistoso efetivo. Mas não foi bem isso que elas mostraram na África do Sul.

Treinada pelo ex-capitão Dunga, a Seleção Brasileira jogava à sua imagem e semelhança. Embora tivesse jogadores tecnicamente acima da média, como Kaká e Robinho, a Seleção de 2010 estava mais para uma equipe de operários do que de artistas. Mas inegavelmente era um bom conjunto. O principal mérito do treinador foi dar um padrão tático à equipe, potencializando suas duas armas letais: o contra-ataque e as bolas paradas. Mas o time sofria sofria quando enfrentava retrancas bem montadas.

Júlio César era considerado o melhor goleiro do mundo na época, campeão da UEFA Champions League com a Internazionale na temporada 2009/10. Assim como o lateral Maicon, de muita força física e bom no apoio. O experiente capitão Lúcio também era outro destaque da Inter de Milão e continuava em ótima fase – como nos últimos oito anos. Juan complementava a zaga com muita classe, elegância e eficiência. Uma das surpresas foi Michel Bastos, que era meia no Lyon e jogava na Seleção como lateral esquerdo (sua posição de origem). No meio, Felipe Melo aliava raça, marcação e ótima transição na saída defensiva. Gilberto Silva era a experiência na meia cancha. Daniel Alves estava improvisado na meia direita, substituindo o lesionado Elano. Kaká, melhor jogador do mundo três anos antes, era o grande craque do time, mas chegou à Copa com problemas físicos. Robinho era a habilidade e eficiência, jogando melhor pela Seleção do que nos clubes. Luís Fabiano era a certeza de gols e explosão – no bom e no mau sentido.

No banco, jogadores como o zagueiro Thiago Silva, o lateral esquerdo Gilberto, os meio-campistas Josué, Ramires (que estava suspenso por ter recebido o segundo cartão amarelo contra o Chile) e Júlio Baptista e os atacantes Grafite e Nilmar. E convocações inexplicáveis, como o goleiro Doni e o meia Kléberson – que claramente não era o mesmo de 2002 e muitas vezes ficava na reserva do Flamengo.

Foi uma convocação contestada, embora coerente do ponto de vista do trabalho realizado. As principais ausências – que fomentam discussões até os dias atuais – foram a do atacante Adriano (que havia levado o Flamengo ao título do Brasileirão de 2009) e os jovens Neymar e Paulo Henrique Ganso (destaques em um Santos que encantou o Brasil e seguiria encantando até o ano seguinte).

Um ano antes, o Brasil havia conquistado a Copa das Confederações no sufoco. Depois de uma primeira fase tranquila, venceu a África do Sul nas semifinais com um gol de falta de Daniel Alves a dois minutos do fim. Na decisão, saiu perdendo por 0 x 2 para os Estados Unidos (que eliminaram a poderosa Espanha nas semi), mas conseguiu reverter o placar no segundo tempo para 3 x 2, com um gol do capitão Lúcio nos minutos finais. Antes, em 2007, havia conquistado o título da Copa América com tranquilidade, vencendo a Argentina na final por 3 x 0.

Mas a Seleção chegou nervosa demais à Copa do Mundo. Na primeira partida, o Brasil sofreu demais para vencer a frágil Coreia do Norte por 2 x 1. Na segunda partida, venceu uma guerra contra a Costa do Marfim por 3 x 1 – com lesão séria de Elano e expulsão de Kaká. Na terceira partida, um insípido empate sem gols com Portugal garantiu o primeiro lugar do Grupo G. Nas oitavas de final, vitória fácil sobre o Chile de Marcelo Bielsa por 3 x 0.

Dunga nunca teve uma relação boa com a imprensa, principalmente depois da Copa de 1990. Mas tudo só piorou em 2010. Em entrevista coletiva após a partida contra a Costa do Marfim, o técnico ofendeu o jornalista da Globo Alex Escobar, o chamando de “cagão” e de “merda”. Escobar ficou sem entender o motivo. De acordo com algumas pessoas presentes, Dunga respondia às perguntas quando olhou na direção do jornalista, que falava ao telefone com o apresentador Tadeu Schmidt e balançava a cabeça, o que irritou o treinador. Segundo o jornalista, ele havia balançado a cabeça discordando dos colegas de profissão que pediam a saída de Luís Fabiano do time titular. Dunga não entendeu assim e partiu para a ofensa gratuita.


Robinho fez um belo gol em excelente passe de Felipe Melo (Imagem: UOL)

● A Holanda estava invicta desde 2008, mas o futebol pragmático era alvo de críticas. O técnico Bert van Marwijk fez tudo totalmente diferente do que prega a escola holandesa, cujos maiores símbolos são Rinus Michels e Johan Cruijff. Historicamente a seleção holandesa tinha o sistema tático “4-3-3 à holandesa” quase como uma regra: com uma linha de quatro na defesa, um volante e dois meias armadores, dois pontas bem abertos e velozes e um centroavante goleador. Mas Van Marwij – sogro do volante Mark van Bommel – preferiu mandar seu time a campo no 4-2-3-1, um esquema mais atual, que permitia um maior número de estrelas em campo e potencializava o talento delas – principalmente pela liberdade dada a Sneijder.

A Oranje já não contava mais com Edwin van der Sar e Clarence Seedorf, que ainda jogavam em alto nível, mas haviam aposentado da seleção.

No gol, o gigante Maarten Stekelenburg estava em seu auge. Nas laterais, Gregory van der Wiel compria bem o seu papel e o capitão Gio van Bronckhorst era a experiência e liderança em campo. No miolo de zaga, a impetuosidade de John Heitinga era compensada pela segurança de Joris Mathijsen. Van Bommel era responsável por dar qualidade na saída de bola e era duro na marcação. Nigel de Jong só batia, mas batia bem. Mas o destaque mesmo era o quarteto de ataque. Pela esquerda, o operário-padrão Dirk Kuyt. Na direita, Arjen Robben, toda sua habilidade e sua jogada “manjada” de cortar da direita para o meio – mas que ninguém conseguia marcar. Como armador, Wesley Sneijder, campeão da Champions pela Inter de Milão e, discutivelmente, o melhor jogador do mundo no ano (embora Lionel Messi tenha sido injustamente eleito pela FIFA). No comando de ataque, o habilidoso goleador Robin van Persie.

No banco de reservas, toda a qualidade do meia Rafael van der Vaart e o faro de gol de Klaas-Jan Huntelaar. Curiosamente, Van der Vaart, Sneijder, Robben e Huntelaar jogaram todos juntos no Real Madrid em 2009.

A Oranje estava com 100% de aproveitamento. Pelo Grupo E da primeira fase, venceu Dinamarca (2 x 0), Japão (1 x 0) e Camarões (2 x 1). Nas oitavas, bateu a surpreendente Eslováquia por 2 x 1.


A Holanda não honrou a tradição do 4-3-3. O pragmático técnico Bert van Marwijk preferia o sistema 4-2-3-1, com muita força física no meio campo e o talento de seus quatro homens mais avançados.


O Brasil também jogou no esquema 4-2-3-1. Pela direita, Daniel Alves era mais um meia de recomposição, enquanto Robinho era mais um atacante pela esquerda.

● Eram duas seleções que chegaram invictas nas quartas de final – a Holanda com 100% de aproveitamento. O mínimo que se poderia esperar era um grande jogo. E essa expectativa foi cumprida.

Já no aquecimento, o zagueiro holandês Mathijsen sentiu uma lesão e não foi para o jogo, sendo substituído pelo experiente André Ooijer.

O jogo começou aberto, com os dois times procurando o gol.

O Brasil começou melhor. Chegou a balançar as redes logo aos sete minutos de jogo, quando Luís Fabiano passou para Daniel Alves, que tocou para Robinho marcar. Mas a arbitragem, liderada pelo japonês Yuichi Nishimura, viu corretamente o impedimento de Daniel.

Mas apenas dois minutos depois, a torcida pôde soltar de verdade o grito de gol. Do círculo central, Felipe Melo mostrou sua melhor versão. Com uma visão de jogo impressionante, ele fez um lançamento perfeito em profundidade para Robinho. O camisa 11 surgiu livre por trás da zaga holandesa, em condição legal e, da meia lua, bateu de primeira na saída do goleiro. Um belo gol, não só pela finalização, mas principalmente pela precisão cirúrgica do lançamento rasteiro de 40 metros de Felipe Melo.

No restante do primeiro tempo, os holandeses não conseguiram passar pela marcação defensiva brasileira, enquanto o goleiro Stekelenburg impediu que o Brasil ampliasse a vantagem no marcador.

Mas os holandeses também levaram perigo. Júlio César espalmou para escanteio uma bola chutada de longe por Kuyt.

Aos 24′, a defesa holandesa afastou mal depois de um escanteio, Daniel Alves cruzou à meia altura e Juan finalizou por cima do gol.

Aos 30′, Kaká bateu colocado da intermediária e obrigou Stekelenburg a fazer uma bela defesa. Seria um golaço.

O Brasil dominava o jogo, mas não conseguia ampliar o placar. Os holandeses estavam irritados, pois não conseguiam criar diante da boa marcação brasileira.


Wesley Sneijder fez o primeiro gol de cabeça de sua carreira (Imagem: Flickr)

Mas no intervalo tudo mudou. A Holanda voltou mais organizada e conseguindo passar mais tempo no campo de ataque.

Aos oito minutos, Michel Bastos deu um carrinho violento em Robben. O árbitro foi conivente e não mostrou o segundo cartão amarelo ao lateral brasileiro. Na cobrança dessa falta, Sneijder recebeu e ergueu a bola para a área. Felipe Melo atrapalhou Júlio César ao tentar cortar pelo alto, a bola tocou na cabeça do volante e entrou no canto direito. Faltou comunicação da defesa brasileira. O gol foi inicialmente registrado como gol contra de Felipe Melo, mas a FIFA logo creditaria o gol a Sneijder.

A partir daí, o Brasil se perdeu de vez. Os europeus continuaram com mais volume de jogo, mas não chegaram a dominar a partida, como os sul-americanos fizeram nos primeiros 45 minutos. Mesmo assim, a Oranje estava mais perto da virada.

E ela veio Aos 23′. Robben bateu escanteio da direita, Kuyt desviou na primeira trave e Sneijder (de 1,70 m) não foi incomodado pela marcação de Felipe Melo (1,83 m) e cabeceou no ângulo direito de Júlio César, marcando seu primeiro gol de cabeça na carreira.

E as coisas se inverteram totalmente. A tensão que antes era dos holandeses, passou a ser dos brasileiros, que perderam o controle emocional.

Com medo de ficar com um homem a menos, Dunga já havia trocado o lateral esquerdo, tirando o perdido Michel Bastos para colocar o experiente Gilberto. Mas quem foi expulso foi Felipe Melo. Ele fez uma falta dura em Robben e ainda deu um pisão na perna do holandês. O árbitro japonês estava de olhos abertos e expulsou corretamente o brasileiro.

Felipe Melo foi o maior protagonista da partida, com uma bela assistência, um gol contra, a falha na marcação do segundo gol e a expulsão.

Sem nenhuma estratégia, a Seleção Brasileira partiu para o desespero. Estranhamente, Dunga tirou Luís Fabiano para a entrada de Nilmar, justamente quando precisava de um homem de área para as jogadas aéreas.

E o técnico “morreu” com uma substituição por fazer. A contestada convocação provou mesmo a sua falta de opções, quando o treinador olhou para o banco e não viu ninguém capaz de mudar a partida. “Morreu” pelas suas convicções e gratidão por jogadores comuns como Kléberson, Ramires, Júlio Baptista, Grafite e companhia muito limitada.

Com a desvantagem no placar e no número de homens em campo, o Brasil não resistiu. No fim, ainda escapou de levar pelo menos dois gols em contra-ataques.

Pela segunda Copa do Mundo consecutiva, o Brasil se despedia da competição nas quartas de final.


Felipe Melo deu um pisão irresponsável em Arjen Robben (Imagem: Twitter @Canelada_FC)

● Essa derrota foi apenas a terceira de vidada da Seleção Brasileira em toda a história das Copas. As duas anteriores foram para o Uruguai em 1950 e para a Noruega em 1998, ambas por 2 x 1.

Duas celebridades ficaram em foco nessa partida. A socialite Paris Hilton foi pega fumando maconha dentro do estádio Nelson Mandela Bay, em Port Elizabeth, mas foi liberada depois de prestar depoimento. Mas quem foi condenado pelas redes sociais foi o Rolling Stone Mick Jagger, que ganhou fama de pé frio durante o Mundial. Nos três jogos que ele esteve presente no estádio, os times para os quais ele torcia foram derrotados. No jogo das oitavas de final entre Estados Unidos e Gana, ele sentou nas arquibancadas ao lado do ex-presidente americano Bill Clinton e viu os EUA perderem por 2 x 1. Depois, viu seu país natal, a Inglaterra, perder na mesma fase para a Alemanha por 2 x 1. Para completar de vez a infame fama, ele estava na torcida para o Brasil diante da Holanda, nas quartas de final.

Após a partida, Dunga assumiu a responsabilidade pela derrota brasileira e confirmou que deixaria a Seleção ao término de seu contrato – que havia se iniciado em 2006 e tinha validade de quatro anos.

Bert van Marwijk atacou a Seleção Brasileira, alegando que o pisão de Felipe Melo em Robben o deixou “envergonhado pelo futebol brasileiro”.

Júlio César deu entrevista chorando e dizendo que se sentia culpado pelo primeiro gol sofrido. Ele e Felipe Melo disseram que a comunicação entre ambos foi dificultada por causa do barulho das vuvuzelas – uma corneta utilizada pelos torcedores sul-africanos, que faz parte da cultura do futebol no país desde os anos 1950.

Ainda fora da realidade, Felipe Melo tentou desmentir a imagem da TV dizendo que a falta com pisão em Robben foi lance normal de jogo e que não deveria resultar em expulsão.

Com o cartão vermelho de Felipe Melo, o Brasil se tornou a seleção com maior número de expulsões na história das Copas: 11, à frente da Argentina, com 10.

Nas semifinais, a Holanda eliminou o Uruguai em um jogaço e vitória por 3 x 2. Na decisão, teve as melhores oportunidades, mas não conseguiu aproveitar. Na prorrogação, o gol solitário de Andrés Iniesta garantiu o título para a Espanha. A Holanda se tornava a única seleção três vezes vice-campeã (1974, 1978 e 2010) sem nunca ter conquistado uma Copa do Mundo.


Felipe Melo foi corretamente expulso pelo pisão em Robben (Imagem: UOL)

FICHA TÉCNICA:

 

HOLANDA 2 x 1 BRASIL

 

Data: 02/07/2010

Horário: 16h00 locais

Estádio: Nelson Mandela Bay Stadium

Público: 40.186

Cidade: Port Elizabeth (África do Sul)

Árbitro: Yuichi Nishimura (Japão)

 

HOLANDA (4-2-3-1):

BRASIL (4-2-3-1):

1  Maarten Stekelenburg (G)

1  Júlio César (G)

2  Gregory van der Wiel

2  Maicon

3  John Heitinga

3  Lúcio (C)

13 André Ooijer

4  Juan

5  Giovanni van Bronckhorst (C)

6  Michel Bastos

6  Mark van Bommel

5  Felipe Melo

8  Nigel de Jong

8  Gilberto Silva

11 Arjen Robben

13 Daniel Alves

10 Wesley Sneijder

10 Kaká

7  Dirk Kuyt

11 Robinho

9  Robin van Persie

9  Luís Fabiano

 

Técnico: Bert van Marwijk

Técnico: Dunga

 

SUPLENTES:

 

 

16 Michel Vorm (G)

12 Gomes (G)

22 Sander Boschker (G)

22 Doni (G)

12 Khalid Boulahrouz

14 Luisão

4  Joris Mathijsen

15 Thiago Silva

15 Edson Braafheid

16 Gilberto

14 Demy de Zeeuw

17 Josué

18 Stijn Schaars

20 Kléberson

23 Rafael van der Vaart

18 Ramires

20 Ibrahim Afellay

7  Elano

17 Eljero Elia

19 Júlio Baptista

19 Ryan Babel

21 Nilmar

21 Klaas-Jan Huntelaar

23 Grafite

 

GOLS:

10′ Robinho (BRA)

53′ Wesley Sneijder (HOL)

68′ Wesley Sneijder (HOL)

 

CARTÕES AMARELOS:

14′ John Heitinga (HOL)

37′ Michel Bastos (BRA)

47′ Gregory van der Wiel (HOL)

64′ Nigel de Jong (HOL)

76′ André Ooijer (HOL)

 

CARTÃO VERMELHO:
73′ Felipe Melo (BRA)

 

SUBSTITUIÇÕES:

62′ Michel Bastos (BRA) ↓

Gilberto (BRA) ↑

 

77′ Luís Fabiano (BRA) ↓

Nilmar (BRA) ↑

 

85′ Robin van Persie (HOL) ↓

Klaas-Jan Huntelaar (HOL) ↑

Melhores momentos da partida:

Jogo completo:

… 29/06/1998 – Holanda 2 x 1 Iugoslávia

Três pontos sobre…
… 29/06/1998 – Holanda 2 x 1 Iugoslávia


(Imagem: Getty Images / Stu Forster / Allsport)

● A Holanda não tinha mais a geração de Ronald Koeman, Frank Rijkaard, Ruud Gullit e Marco van Basten, mas havia craques em todas as posições do campo. E o clima interno era bom – bem diferente da Eurocopa de 1996, quando surgiram sérios problemas racistas, que culminaram na dispensa de Davids da delegação.

Treinada por Guus Hiddink, a Holanda era uma equipe muito ofensiva. O goleiro era o excepcional Edwin van der Sar. Os laterais Michael Reiziger e Arthur Numan marcavam e apoiavam com eficiência. Jaap Stam era forte na marcação e tinha bom tempo de bola. O capitão Frank de Boer tinha mais técnica, ótimo posicionamento e era um líder em campo. Clarence Seedorf e Edgar Davids eram completos: marcavam, armavam e se apresentavam à frente. Ronald de Boer era o meia pela direita, ótimo nos passes e perfeito cruzamentos. Phillip Cocu era o meia pela esquerda, também muito técnico e de boa chegada ao ataque. Marc Overmars era habilidade, técnica, velocidade e inteligência. No ataque, Dennis Bergkamp era a própria excelência, com lances geniais e gols incríveis. No banco, ótimos nomes como o volante Wim Jonk e o ponta Boudewijn Zenden. A ausência era o centroavante Patrick Kluivert, que cumpria sua terceira e última partida de suspensão, após ter sido expulso na estreia por agredir Lorenzo Staelens no empate sem gols com a Bélgica.

A Holanda foi a cabeça de chave do Grupo E. Na primeira fase, empatou por 0 x 0 com a vizinha Bélgica, goleou a Coreia do Sul por 5 x 0 e empatou por 2 x 2 com o bom time do México.


(Imagem: Getty Images / Ben Radford / Allsport)

● A Iugoslávia estava longe das competições internacionais desde 1992, quando foi excluída da Eurocopa por causa dos conflitos étnicos e da guerra civil que culminou com o desmembramento do país. Da República Socialista Federativa da Iugoslávia, surgiram os países: República Federal da Iugoslávia (essa que disputou o Mundial – que era formada pelas repúblicas da Sérvia e Montenegro, além das províncias autônomas Voivodina e Kosovo), Croácia, Eslovênia, Bósnia e Herzegovina e Macedônia do Norte.

Esse desmembramento enfraqueceu a seleção iugoslava. A maioria dos melhores jogadores do antigo país agora pertencia à Croácia – tanto que o país foi 3º colocado na Copa de 1998 em sua primeira participação.

Em 1998 a seleção “Plavi” (“azuis”, em sérvio) contou apenas com atletas nascidos na Sérvia e em Montenegro.

Os destaques eram os zagueiros Siniša Mihajlović (Sampdoria) e Miroslav Đukić (Deportivo La Coruña – não jogou por estar lesionado), os meias Vladimir Jugović (Lazio), Dejan Stanković (Estrela Vermelha – depois jogaria na Lazio e faria história na Internazionale), Ljubinko Drulović (Porto), Dejan Savićević (Milan), o capitão Dragan Stojković (Nagoya Grampus Eight, do Japão) e os atacantes Savo Milošević (Aston Villa), Darko Kovačević (Real Sociedad) e Predrag Mijatović (Real Madrid – fez o gol do título da UEFA Champions League da temporada 1997/98 na final sobre a Juventus).

Na primeira fase, a Iugoslávia estreou vencendo o Irã por 1 x 0, com um gol de falta de Siniša Mihajlović. Na segunda partida, abriu 2 x 0 com gols de Predrag Mijatović e Dragan Stojković, mas permitiu o empate da Alemanha por 2 x 2. No terceiro jogo, um gol de cabeça do zagueiro Slobodan Komljenović logo no início garantiu a vitória por 1 x 0. Assim, a Iugoslávia se classificou com o segundo lugar do Grupo F, com o mesmo número de pontos dos alemães, mas com um saldo de gols menor (+4 para a Nationalelf e +2 para os Plavi).


A Holanda jogava no 4-4-2, com muita aproximação dos homens de meio campo.


A Iugoslávia jogou no sistema 4-5-1, com liberdade para o capitão Dragan Stojković criar.

● O duelo entre Holanda e Iugoslávia, válido pelas oitavas de final da Copa do Mundo de 1998, foi muito equilibrado.

A Holanda era tida como favorita para o duelo e dominou o jogo durante o primeiro tempo.

O placar foi aberto aos 38 minutos. Desde seu campo de defesa, o capitão Frank de Boer fez um de seus lançamentos espetaculares. Dennis Bergkamp ganhou no corpo de Zoran Mirković, dominou e finalizou. A bola passou por baixo do goleiro Ivica Kralj, que quase pegou, mas ela acabou indo rumo ao gol. Esse foi o segundo gol do genial Bergkamp na Copa.

O empate iugoslavo foi aos três minutos da segunda etapa. O capitão Dragan Stojković cobrou falta pelo lado esquerdo, quase na linha lateral da grande área. A bola foi na segunda trave e Slobodan Komljenović subiu bem, ganhou no alto de Phillip Cocu e cabeceou para o gol. Foi também o segundo gol de Komljenović no Mundial.

E a Iugoslávia poderia ter virado o jogo três minutos depois. Vladimir Jugović sofreu pênalti de Jaap Stam. Predrag Mijatović, maior artilheiro das eliminatórias de 1998 com 14 gols em 12 jogos, foi para a cobrança. Ele bateu firme no meio do gol. A bola subiu demais e explodiu no travessão. Peđa Mijatović diria posteriormente que aquele foi o pior momento de sua carreira.

Esse foi o único pênalti desperdiçado dos 17 marcados na Copa de 1998. Esse erro interrompeu uma série de 39 cobranças bem sucedidas. Antes de Mijatović, o último a perder uma penalidade durante o tempo regulamentar havia sido o italiano Gianluca Vialli, contra os Estados Unidos em 1990. Depois foram convertidos mais dez na Copa de 1990, 15 na Copa de 1994 e 14 na Copa de 1994 até o erro do iugoslavo.

Sem confiança, os holandeses tiveram que se arriscar mais no ataque. E foram recompensados.

No segundo minuto dos acréscimos da partida, Edgar Davids pegou rebote próximo à grande área. Ele teve tempo para dominar, ajeitar o corpo e soltar a bola. Com muita gente na frente, a bola ainda desviou no meio do caminho e dificultou para o goleiro Kralj, que ainda tocou na bola antes dela morrer no cantinho esquerdo.

Pouco antes, Davids havia sentido cãibras e pediu para ser substituído. Mas o técnico Guus Hiddink manteve o camisa 16 em campo e foi recompensado.


(Imagem: Getty Images / Stu Forster / Allsport)

● Oficialmente essa foi a última partida da Iugoslávia em uma Copa do Mundo – uma das mais tradicionais seleções europeias na história dos Mundiais, que sempre praticou um futebol com técnica apurada. Tanto, que recebeu o apelido de “Brasileiros do Leste Europeu”. O maior estádio do país, em Belgrado, é chamado de “Marakana”. Ao todo, foram nove Copas disputadas, sendo a melhor campanha o 4º lugar em 1962. Foram 37 partidas com 16 vitórias, oito empates e 13 derrotas, 60 gols marcados e 46 sofridos.

A Iugoslávia deixou de existiu como um país em 2003, quando se tornou “Sérvia e Montenegro” – países de se separariam de vez em 2006. A Sérvia é considerada pela FIFA como a herdeira legítima da Iugoslávia no futebol.

O meia Dejan Stanković disputou três Copas do Mundo, por três países diferentes. Ele representou a Iugoslávia em 1998, a Sérvia e Montenegro em 2006 e a Sérvia em 2010.

Discutivelmente, Edgar Davids foi o melhor e mais consistente jogador da Copa de 1998. Além do ótimo futebol, ele se notabilizou também por jogar com um óculos moderno. Porém, na única Copa em que atuou, ele jogou sem óculos. Vale ressaltar que as regras da FIFA não proíbem o uso de óculos, mas o jogador que deles se utilizar deve ter consciência que joga sob sua responsabilidade e risco.

A comemoração dessa vitória levou a imprensa holandesa a especular sobre novos problemas entre brancos e negros no elenco da Oranje. Logo após o apito final no Stade de Toulouse, todos os jogadores se abraçaram no meio do campo. Por trás, Winston Bogarde e Cocu abraçaram Van der Sar. O goleiro se incomodou e deu um soco no zagueiro, que devolveu olhando feio. Em sua biografia, lançada em 2011, Van der Sar explicou o que houve: “Na comemoração, veio um braço direto em minha garganta. Eu não conseguia respirar e dei um soco no braço. Parecia o braço de Bogarde e eu realmente fui para cima dele. Só notei depois que era o braço de Pierre van Hooijdonk. Aí, na zona mista, os jornalistas começaram a dar ênfase nisso. Virou assunto. Quando um repórter começou com a história de problemas étnicos, eu fiquei furioso: ‘Que problemas de raça? Não tem nada disso atualmente!” E de fato não tinha mesmo. Foi uma das seleções holandesas mais unidas de todos os tempos. Provavelmente, a mais talentosa e equilibrada.

Nas quartas de final, a Holanda contou com um gol fenomenal de Dennis Bergkamp no último lance da partida para eliminar a ótima seleção argentina pelo placar de 2 x 1. Com essa vitória, a Oranje se garantia novamente entre os quatro primeiros após vinte anos. Na semifinal, enfrentou o Brasil. Jogou melhor. Saiu atrás no placar, mas buscou o empate no fim da partida. Na decisão dos pênaltis, Taffarel defendeu as cobranças de Ronald de Boer e Phillip Cocu, colocando o Brasil na decisão. Na decisão do 3º lugar, a Holanda jogou sem motivação nenhuma e perdeu para a Croácia de Davor Šuker por 2 x 1.


(Imagem: Alamy)

FICHA TÉCNICA:

 

HOLANDA 2 X 1 IUGOSLÁVIA

 

Data: 29/06/1998

Horário: 21h00 locais

Estádio: Stade de Toulouse

Público: 33.500

Cidade: Toulouse (França)

Árbitro: José María García-Aranda (Espanha)

 

HOLANDA (4-4-2):

IUGOSLÁVIA (4-5-1):

1  Edwin van der Sar (G)

1  Ivica Kralj (G)

2  Michael Reiziger

2  Zoran Mirković

3  Jaap Stam

13 Slobodan Komljenović

4  Frank de Boer (C)

11 Siniša Mihajlović

5  Arthur Numan

3  Goran Đorović

16 Edgar Davids

4  Slaviša Jokanović

10 Clarence Seedorf

6  Branko Brnović

7  Ronald de Boer

16 Željko Petrović

11 Phillip Cocu

7  Vladimir Jugović

14 Marc Overmars

10 Dragan Stojković (C)

8  Dennis Bergkamp

9  Predrag Mijatović

 

Técnico: Guus Hiddink

Técnico: Slobodan Santrač

 

 

 

 

18 Ed de Goey (G)

12 Dragoje Leković (G)

22 Ruud Hesp (G)

5  Miroslav Đukić

13 André Ooijer

14 Niša Saveljić

15 Winston Bogarde

18 Dejan Govedarica

19 Giovanni van Bronckhorst

19 Miroslav Stević

20 Aron Winter

20 Dejan Stanković

6  Wim Jonk

8  Dejan Savićević

12 Boudewijn Zenden

15 Ljubinko Drulović

17 Pierre van Hooijdonk

21 Perica Ognjenović

21 Jimmy Floyd Hasselbaink

22 Darko Kovačević

9  Patrick Kluivert

17 Savo Milošević

 

GOLS:

38′ Dennis Bergkamp (HOL)

48′ Slobodan Komljenović (IUG)

90+2′ Edgar Davids (HOL)

 

CARTÕES AMARELOS:

38′ Dragan Stojković (IUG)

52′ Zoran Mirković (IUG)

73′ Goran Đorović (IUG)

 

SUBSTITUIÇÕES:

57′ Dragan Stojković

Dejan Savićević

 

78′ Siniša Mihajlović

Niša Saveljić

Melhores momentos da partida (Band):

… 13/06/2021 – O melhor do terceiro dia da Euro

Três pontos sobre…
… 13/06/2021 – O melhor do terceiro dia da Euro


(Imagem: UEFA)

A Inglaterra venceu pela primeira vez no jogo de abertura da Euro, a Áustria conseguiu sua primeira vitória na história do torneio e a Holanda venceu a Ucrânia no melhor jogo até o momento.

… Inglaterra 1 x 0 Croácia


(Imagem: UEFA)

● Foi a reedição da semifinal da última Copa do Mundo.

Sem poder contar com o zagueiro Harry Maguire, o técnico Gareth Southgate optou por desfazer de seu tradicional 3-5-2. Mandou seu time a campo no 4-3-3, improvisando Trippier na lateral esquerda.

Jogando em casa, no mítico estádio Wembley, a Inglaterra começou o jogo pressionando e teve a primeira chance logo aos cinco minutos. Phil Foden (com o cabelo descolorido que lembra um pouco Paul Gasgoigne) invadiu a área pelo lado direito e bateu de perna esquerda. A bola passou pelo goleiro Dominik Livaković, mas bateu na trave.

Ainda houve duas outras chances, com Sterling perdendo o tempo de bola pelo lado esquerdo e um chute de fora da área de Kalvin Phillips, que Livaković pegou.

A Inglaterra dominava. Mas, no meio do primeiro tempo, a Croácia compactou as linhas de marcação e passou a impedir a criação do English Team. Com isso, os croatas começaram a ficar mais com a bola no pé. Na melhor das jogadas, Vrsaljko cruzou da direita, Kramarić fez o corta luz e Ivan Perišić bateu por cima, longe do gol.

O segundo tempo começou como uma continuação do primeiro. Luka Modrić, mais apagado que o normal, chutou de longe e Pickford segurou.

Aos 12, o único gol do jogo. Kalvin Phillips apareceu como opção na meia direita, cortou a marcação e tocou na medida para a infiltração de Raheem Sterling, que finalizou de dentro da área. A bola ainda tocou no goleiro antes de entrar.

A sequência da partida foi uma batalha no meio de campo, em que ninguém se sobressaiu. E o jogo terminou assim.

Foi a primeira derrota da Croácia em uma estreia de Euro. Antes, eram quatro vitórias e um empate.

Por sua vez, foi a primeira vitória inglesa na primeira partida de uma Eurocopa. Anteriormente, eram cinco empates e quatro derrotas.

… Áustria 3 x 1 Macedônia do Norte


(Imagem: UEFA)

● Pelo histórico das duas seleções no futebol, muitos esperavam um jogo fácil. Mas não foi.

A Áustria abriu o placar aos 18′. Marcel Sabitzer fez um lançamento sensacional da lateral esquerda. O ala Stefan Lainer apareceu na segunda trave e emendou para o gol.

Mas a Macedônia do Norte empatou o jogo aos dez minutos depois, em uma falha da defesa austríaca. A bola acabou sobrando livre para o melhor jogador macedônio fazer o primeiro gol da história de seu país em uma grande competição. Prestes a completar 38 anos, Goran Pandev é o capitão, camisa 10, mais talentoso do time e com histórico mais vencedor. É um simbolismo enorme ele ter sido o autor do gol.

De forma incoerente, o treinador Franco Foda preferiu escalar David Alaba no centro de uma linha de três zagueiros. Mais técnico de sua seleção, ele dava muita qualide à saída de bola, mas suas características poderiam ser utilizadas melhor na criação das jogadas. Assim, Sabitzer e Konrad Laimer – a dupla do RB Leipzig – tentava fazer sua seleção jogar.

Quando a Macedônia do Norte estava mais confortável em campo e parecia até mais perto da virada, a Áustria fez o segundo gol.

Aos 33′ do segundo tempo, Alaba se projetou pela lateral esquerda e cruzou para Michael Gregoritsch desviar para o gol, antes da chegada do goleiro Dimitrievski.

O terceiro gol saiu a um minuto do fim. Laimer deu um toque de calcanhar, Marko Arnautović dominou, invadiu a área e driblou o goleiro antes de chutar para o gol.

Essa foi a primeira vitória da Áustria na história da Eurocopa. Nas duas participações anteriores (2008 e 2016), haviam sido dois empates e quatro derrotas – e queda na primeira fase em ambos.

… Holanda 3 x 2 Ucrânia


(Imagem: UEFA)

● Andriy Shevchenko mandou a Ucrânia a campo no sistema 4-1-4-1, com muita liberdade para os meias laterais avançarem ao ataque.

Frank de Boer escalou a Holanda no mesmo esquema 5-3-2 que fez a Oranje obter o 4º lugar na Copa de 2014.

No primeiro tempo, as duas seleções jogaram pra ganhar, com muito toque de bola e intensidade. Mas faltou o gol. A Holanda chegou mais perto disso, com chutes de fora da área de Wijnaldum e finalizações imprecisas de Weghorst e Dumfries.

Aos 7′ da etapa final, lançamento em profundidade pela direita do ataque holandês, Mykolenko errou o corte e Dumfries cruzou rasteiro. O goleiro Bushchan ainda tirou da área, mas Georginio Wijnaldum aproveitou o rebote e mandou no alto para abrir o placar.

A Laranja marcou o segundo seis minutos depois, em nova falha do lateral esquerdo ucraniano Vitaliy Mykolenko. Frenkie de Jong tocou para Dumfries dentro da área. Mykolenko caiu na dividida, a zaga tentou tirar e Wout Weghorst emendou de primeira para o gol. Bushchan ainda tentou pegar, mas a bola entrou.

A Holanda tinha controle do jogo, mas a Ucrânia não se deu por vencida e diminuiu aos 30′. Vestindo a camisa 7 que era de seu treinador, Andriy Yarmolenko fez um golaço. Ele tabelou com Yaremchuk, cortou da direita para o centro, ajeitou e bateu de perna esquerda, encobrindo o gigante Stekelenburg.

O empate ucraniano saiu quatro minutos depois. Malinovskyi cobrou falta da esquerda e Roman Yaremchuk apareceu sozinho na entrada da pequena área e cabeceou no canto esquerdo do goleiro.

Quando parecia que a Ucrânia tinha mais moral e estava mais próxima da virada, a Holanda resolveu o jogo a seu favor, com um gol de Denzel Dumfries, o melhor em campo, marcando um gol e participando dos outros dois.

Aos 40′, o zagueiro Nathan Aké cruzou da esquerda e Dumfries se antecipou à marcação de Zinchenko e cabeceou forte no canto esquerdo, sem chances para o goleiro ucraniano.

Final, 3 a 2 para a Holanda.

Um jogaço, o melhor dessa Eurocopa até aqui.

… 11/06/1978 – Escócia 3 x 2 Holanda

Três pontos sobre…
… 11/06/1978 – Escócia 3 x 2 Holanda


Da esquerda para a direita: Hartford, Donachie, Buchan, Forsyth, Jordan, Souness, Dalglish, Gemmill, Kennedy, Rough e Rioch. (Imagem: Colorsport / Shutterstock / The Guardian)

● A seleção da Escócia viajou à Argentina numa onda exagerada de otimismo. Deixou boa impressão em 1974, quando terminou invicta e foi eliminada pela Seleção Brasileira apenas no saldo de gols. Era apontada pelo presidente da FIFA, o brasileiro João Havelange, como uma das possíveis finalistas.

O técnico Ally MacLeod tinha bons jogadores que eram destaques no futebol inglês, como Joe Jordan (Leeds United), Kenny Dalglish (Liverpool) e Graeme Souness (que chegaria ao Liverpool depois da Copa para se tornar uma lenda).

O nacionalismo escocês estava aceso como poucas vezes no século XX e o maior pecado do time foi o excesso de autoconfiança.

Contra o Peru, na estreia, a Escócia abriu o placar e sofreu a virada por 3 a 1. Para piorar, o ponta de lança Willie Johnston foi pego no teste antidoping, que acusou a presença do estimulante proibido fencamfamina.

No empate por 1 x 1 diante do Irã, a Escócia entrou bem diferente. A confiança havia desaparecido e a Escócia acabou não marcando nem seu próprio gol (foi de Andranik Eskandarian, contra).

Por tudo isso, o jogo contra a Holanda, em Mendoza, seria decisivo às pretensões dos escoceses. O treinador fez alterações decisivas no time. O capitão Bruce Rioch voltou ao time e o meia Graeme Souness foi titular pela primeira vez na competição.

Para passar de fase pela primeira vez em uma Copa do Mundo, a Escócia teria que vencer a Holanda por três gols de diferença.


(Imagem: Pinterest)

● A poderosa Holanda não contava mais com o genial Johan Cruijff e nem com o técnico Rinus Michels. Mas a base ainda era a mesma. Todos os titulares haviam estado no Mundial anterior, com destaque para o novo capitão Ruud Krol, Wim Jansen, Arie Haan, Johan Neeskens, Johnny Rep e Rob Rensenbrink, que seria a maior estrela do time na ausência de Cruijff. O treinador agora era Ernst Happel, austríaco linha dura.

A principal ausência, além de Cruijff, foi Willem van Hanegem. A duas semanas do Mundial, o jogador fez um ultimato a Happel: ou lhe garantia seu lugar no onze inicial, ou deixaria o grupo. O treinador não garantiu a titularidade e o meia deixou a delegação holandesa.

Na estreia, os holandeses venceram o Irã por 3 x 0 no “piloto automático”, sem a menor vontade e esforço. Na segunda partida, o empate sem gols com o bom time do Peru ficou de bom tamanho. Bastava segurar a Escócia para se classificar.


A Escócia jogava no 4-3-3, com Graeme Souness como responsável pela armação.


A Holanda atuou no 4-3-3, com Ruud Krol como líbero, tendo liberdade para avançar e iniciar as jogadas.

● Graeme Souness era o grande líder dos escoceses no meio de campo, sendo o responsável pela criação das jogadas mais perigosas. Em uma delas, cruzou da direita e Rioch apareceu livre na pequena área, mas cabeceou na trave.

Ficava cada vez mais incompreensível a ausência de Souness nos jogos anteriores.

Aos 10′, Rioch cobrou uma falta de esquerda com força, mas ficou na barreira. A bola sobrou para Archie Gemmill e Johan Neeskens foi disputá-la com um carrinho. O holandês levou a pior. Ele já vinha sofrendo com problemas físicos e teve que sair para dar lugar a Johan Boskamp. A Holanda perdia seu cérebro no meio de campo logo no princípio.

O primeiro tempo foi mais amarrado. A Escócia tentava o ataque sem conseguir abrir o placar e a Holanda não conseguia criar, principalmente devido à ausência de Neeskens e pela ótima marcação escocesa sobre Rob Rensenbrink.

Aos 33′, Johnny Rep avançou sozinho e foi derrubado dentro da área por Stuart Kennedy. O árbitro austríaco Erich Linemayr apontou a penalidade. Rob Rensenbrink assumiu a responsabilidade e bateu com segurança, rasteiro, no canto direito do goleiro Alan Rough – que até acertou o canto, mas não conseguiu pegar.

Com esse pênalti, Rob Rensenbrink marcou o milésimo gol da história das Copas.

Após o gol, a Holanda conseguia se organizar melhor. Por duas vezes o goleiro Rough precisou sair do gol para dividir com Rep e evitar o segundo tento holandês.

Mas a Escócia não se intimidava. Gemmill criava as jogadas mais incisivas e era parado de qualquer forma – na bola ou na pancada.

Kenny Dalglish chegou a marcar um golaço, com um toquinho por cobertura sobre o goleiro, mas o juiz anulou por uma suposta falta do atacante em um defensor holandês.

Mas Dalglish não se deu por vencido e empatou um minuto antes do intervalo. Após cruzamento da esquerda, a defesa holandesa tirou e a bola sobrou para Souness. Ele cruzou da esquerda para a segunda trave, Jordan fez o pivô e escorou de cabeça para o meio e Dalglish, sozinho, acertou um voleio no ângulo esquerdo. Um belo gol.

A virada da Tartan Army veio logo no primeiro minuto do segundo tempo. Souness foi derrubado na área. Gemmill bateu fraco e rasteiro no canto esquerdo. O goleiro Jan Jongbloed foi na bola, mas não conseguiu pegar.

Aos 23′, Dalglish ficou na marcação de dois adversários. Gemmill pegou o rebote pela direita, escapou do carrinho de Wim Jansen, driblou Ruud Krol, passou a bola entre as pernas de Jan Poortvliet e, do bico da pequena área, tocou por cima do goleiro Jongbloed. Um verdadeiro golaço.

A Escócia começou a acreditar e partiu para cima. Como o placar estava 3 x 1, os britânicos precisavam apenas de mais um gol para conseguirem o milagre da classificação.

Mas não foi o que aconteceu. Aos 26′, Johnny Rep matou as esperanças dos escoceses. Ele recebeu de Krol e chutou de longe, acertando o ângulo direito do goleiro Rough, que chegou a tocar na bola, mas não impediu o gol.

A Holanda garantia a classificação em segundo lugar do Grupo 4, atrás do Peru, contrariando os prognósticos.


(Imagem: bleacherreport.com)

● Os escoceses estavam eliminados, mas caíram de cabeça erguida. Até hoje a Escócia nunca passou de fase em uma Copa do Mundo.

Pelo Grupo A da segunda fase, a Holanda lembrou um pouco o já distante “Carrossel Holandês” e goleou a Áustria por 5 x 1. Na sequência, na reedição da final anterior, Holanda e Alemanha Ocidental empataram por 2 x 2 em um bom jogo. Na última rodada, os holandeses venceram os italianos por 2 x 1 e se garantiram na decisão. Mesmo dominando o jogo por parte do tempo, a Oranje foi batida novamente pelos donos da casa. Dessa vez, a Argentina venceu por 3 x 1 na prorrogação e se coroou campeã mundial pela primeira vez, deixando a Holanda com um amargo bi-vice.


Kenny Dalglish também fez o seu golaço (Imagem: The Print Collector / Alamy / The Guardian)

FICHA TÉCNICA:

 

ESCÓCIA 3 x 2 HOLANDA

 

Data: 11/06/1978

Horário: 16h45 locais

Estádio: Malvinas Argentinas

Público: 35.130

Cidade: Mendoza (Argentina)

Árbitro: Erich Linemayr (Áustria)

 

ESCÓCIA (4-3-3):

HOLANDA (4-3-3):

1  Alan Rough (G)

8  Jan Jongbloed (G)

13 Stuart Kennedy

20 Wim Suurbier

14 Tom Forsyth

17 Wim Rijsbergen

4  Martin Buchan

2  Jan Poortvliet

3  Willie Donachie

5  Ruud Krol (C)

6  Bruce Rioch (C)

6  Wim Jansen

18 Graeme Souness

13 Johan Neeskens

10 Asa Hartford

11 Willy van de Kerkhof

15 Archie Gemmill

10 René van de Kerkhof

8  Kenny Dalglish

16 Johnny Rep

9  Joe Jordan

12 Rob Rensenbrink

 

Técnico: Ally MacLeod

Técnico: Ernst Happel

 

SUPLENTES:

 

 

12 Jim Blyth (G)

1  Piet Schrijvers (G)

20 Bobby Clark (G)

19 Pim Doesburg (G)

2  Sandy Jardine

7  Piet Wildschut

5  Gordon McQueen

22 Ernie Brandts

17 Derek Johnstone

4  Adrie van Kraaij

22 Kenny Burns

15 Hugo Hovenkamp

7  Don Masson

9  Arie Haan

16 Lou Macari

3  Dick Schoenaker

11 Willie Johnston

14 Johan Boskamp

19 John Robertson

18 Dick Nanninga

21 Joe Harper

21 Harry Lubse

 

GOLS:

34′ Rob Rensenbrink (HOL) (pen)

45′ Kenny Dalglish (ESC)

46′ Archie Gemmill (ESC) (pen)

68′ Archie Gemmill (ESC)

71′ Johnny Rep (HOL)

 

CARTÃO AMARELO: 35′ Archie Gemmill (ESC)

 

SUBSTITUIÇÕES:

10′ Johan Neeskens (HOL) ↓

Johan Boskamp (HOL) ↑

 

44′ Wim Rijsbergen (HOL) ↓

Piet Wildschut (HOL) ↑

Golaço marcado por Archie Gemmill:

Jogo completo (em inglês):

Gols da partida (em portugês):

● Sequência de fotos do golaço de Archie Gemmill:


Ele escapou de Win Jansen… (Imagem: Colorsport / Shutterstock / The Guardian)


… passou por Ruud Krol… (Imagem: Colorsport / Shutterstock / The Guardian)


… colocou a bola entre as pernas de Jan Poortvliet… (Imagem: Colorsport / Shutterstock / The Guardian)


… e deu um toque por cima do goleiro Jan Jongbloed (Imagem: Mirrorpix / Getty Images / The Guardian)

(Imagem: Colorsport / Shutterstock / The Guardian)

… 07/07/1998 – Brasil 1 x 1 Holanda

Três pontos sobre…
… 07/07/1998 – Brasil 1 x 1 Holanda

(Imagem: Paul Popper / Popperfoto / Getty Images)

● Mesmo com os problemas internos já citados, a Seleção Brasileira continuava entrando em campo de mãos dadas, tentando reviver o espírito vencedor de 1994.

Pelo Grupo A, o Brasil venceu a Escócia por 2 x 1 no jogo de abertura do Mundial. Depois, venceu o Marrocos por 3 x 0 e perdeu para a Noruega de virada por 2 x 1, sofrendo os gols nos últimos minutos. Na sequência, venceu o Chile de Salas e Zamorano por 4 x 1 nas oitavas de final. Nas quartas, venceu por 3 x 2 o ótimo time da Dinamarca, do goleiro Peter Schmeichel e dos irmãos Laudrup.

A Holanda era a cabeça de chave no Grupo E. Na primeira fase, empatou por 0 x 0 com a vizinha Bélgica, goleou a Coreia do Sul por 5 x 0 e empatou por 2 x 2 com o bom time do México. Nas oitavas de final, venceu por 2 x 1 com um gol de Edgar Davids no apagar das luzes. Nas quartas, contou com um gol fenomenal de Dennis Bergkamp no último lance da partida para eliminar a ótima seleção argentina pelo placar de 2 x 1.

Para a semifinal diante do Brasil, Arthur Numan estava suspenso por ter sido expulso diante da Argentina. Seu substituto imediato, Winston Bogarde, sofreu uma fratura no tornozelo em um treino no dia 05 de julho. André Ooijer, terceira opção, também estava machucado. E ao invés de escalar Giovanni van Bronckhorst na posição, o técnico Guus Hiddink preferiu improvisar Phillip Cocu como lateral esquerdo e colocar Boudewijn Zenden como titular na ponta, aproveitando a ausência de Cafu.

O Brasil apostava no talento dos jogadores de frente e nos apoios dos laterais. Jogava no 4-3-1-2. Rivaldo era o “número 1”, fazendo a ligação entre meio e ataque, no sistema de Zagallo. Zé Carlos substituiu Cafu, suspenso.

Sem a bola, a Holanda se fechava no 4-4-2. Com a bola, Zendem avançava e se tornava um 4-3-3.

● Cerca de 54 mil pessoas lotaram o estádio Vélodrome de Marselha para ver duas das seleções mais técnicas da Copa do Mundo.

O primeiro tempo foi de muito respeito de ambas as partes. A Holanda tentava controlar o jogo com a posse de bola, mas o Brasil assustava mais nas poucas vezes em que chegava ao ataque.

Ronaldo estava em noite inspirada e ameaçou por várias vezes o gol de Edwin Van der Sar. Em seu primeiro lance, ele arrancou e foi travado por Jaap Stam na hora do chute.

A Oranje respondeu. Ronald de Boer chutou de fora da área e a bola passou assustando Taffarel, que mandou para escanteio. Wim Jonk cobrou o córner e Phillip Cocu cabeceou para fora com perigo.

Cocu abriu com Zenden na esquerda. O camisa 12 cruzou e Kluivert cabeceou perto do gol, mas a bola foi por cima.

De novo Zenden cruzou da esquerda com perigo, mas Bergkamp não alcançou a bola.

A Seleção Brasileira passava seus sustos quando o arisco Zenden partia para cima de Zé Carlos. Com quase 30 anos, o lateral direito do São Paulo FC fazia sua segunda partida pela Seleção Brasileira. A primeira havia sido o empate por 1 x 1 em um amistoso não-oficial contra o Athletic Bilbao dez dias antes da Copa. Ficou cinquenta dias animando a imprensa e a delegação brasileira fazendo imitações de animais e outros sons. Um ano antes do Mundial, disputava a Série A2 do Campeonato Paulista pela Matonense. E naquele 07 de julho, teve a incumbência de substituir Cafu, que estava suspenso por ter levado o segundo cartão amarelo. Zé Carlos não conseguiu imitar bem um lateral direito e era o “mapa da mina” para os rápidos ataques holandeses.

Wim Jonk lançou nas costas da defesa, Kluivert cruzou e Bergkamp novamente passou da bola, que foi alta demais. Roberto Carlos apenas recuou com o peito para Taffarel.

Novamente Wim Jonk cruzou para a área, Kluivert ganhou de Júnior Baiano pelo alto e cabeceou por cima.

Patrick Kluivert se movimentou constantemente entre os zagueiros e deu trabalho à defesa brasileira.

E os primeiros 45 minutos terminaram sem gols.

(Imagem: Fritz The Flood)

● No primeiro minuto do segundo tempo, Aldair abriu na esquerda para Roberto Carlos, que deixou com Rivaldo no meio. Genial, o camisa 10 viu a infiltração de Ronaldo pela diagonal e fez um lançamento perfeito para o Fenômeno se desvencilhar da marcação implacável de Frank de Boer, ganhar na velocidade de Cocu (seu ex-companheiro de PSV) e tocar de esquerda entre as pernas de Van der Sar.

Em desvantagem no marcador, a Holanda precisou ser mais incisiva no ataque e começou a apostar ainda mais nas jogadas de bola aérea.

Aos 7′, Kluivert desviou uma cobrança de escanteio para o meio e Bergkamp finalizou à queima-roupa, mas Taffarel fez uma defesa sensacional.

O Brasil reagiu e Ronaldo chutou da direita para a defesa de Van der Sar.

Kluivert tabelou com Bergkamp na entrada da área e chutou forte, mas Taffarel segurou sem dar rebote.

Aos 27′, Rivaldo recebeu de Denílson e lançou Ronaldo, que partiu em velocidade de trás da linha de impedimento holandesa. Já dentro da área, na hora de chutar, o camisa 9 brasileiro foi travado por Edgar Davids na hora H, em uma arrancada impressionante do holandês. A bola ainda saiu pela linha de fundo, quase beliscando a trave.

Denílson pedalou para cima de Aron Winter e cruzou para a área. Rivaldo cai e, mesmo caído, tentou chutar, mas Van der Sar abafou e ficou com a bola. O Brasil perdia chances de matar a partida, mas seria duramente castigado.

Aos 34′, Kluivert tabelou com Pierre van Hooijdonk, mas chutou por cima do gol. A defesa brasileira dava calafrios em qualquer um.

A três minutos do fim, Ronald de Boer cruzou com precisão da direita. Kluivert subiu entre Aldair e Júnior Baiano (que ficaram parados) e cabeceou para baixo, sem dar a mínima chance de defesa a Taffarel.

O gol fez justiça ao placar pelo que os dois times haviam criado, especialmente no segundo tempo.

O lance mais reclamado pelos holandeses até hoje aconteceu nos acréscimos. Van Hooijdonk recebeu um cruzamento da direita e caiu na área após disputa com Júnior Baiano, mas o árbitro Ali Bujsaim, dos Emirados Árabes Unidos, não viu o suposto pênalti.

(Imagem: New York Times)

● E foi só no tempo extra que começou um dos maiores jogos dos últimos tempos. Diferente das grandes prorrogações da história das Copas, esta tinha “morte súbita” ou “gol de ouro”, ou seja, o jogo terminaria assim que houvesse um gol, sem chance de recuperação para o adversário. E nos 30 minutos que se seguiram, o que se viu foi um jogo aberto e eletrizante, não recomendável para cardíacos.

Ronaldo estava inspirado e em grande fase, conseguindo dar suas perigosas arrancadas. Roberto Carlos passou a avançar quase como um ponta pela esquerda e Dunga coordenou as ações no meio de campo.

Aos três minutos, Roberto Carlos recebeu de Denílson na esquerda e cruzou da linha de fundo. Van der Sar espalmou para cima e Ronaldo tentou uma bicicleta, mas Frank de Boer tirou em cima da linha.

No minuto seguinte, Ronaldo driblou Frank de Boer e chutou de fora da área para uma boa defesa de Van der Sar.

Aos 6′, Van Hooijdonk bateu uma falta com efeito (uma das suas especialidades), mas Taffarel fez a defesa em dois tempos.

Aos doze, Kluivert recebeu nas costas de Zé Carlos, invadiu a área e chutou cruzado, mas a bola tocou de leve na trave e foi para fora.

No início da etapa final do tempo extra, Ronaldo deu mais uma de suas arrancadas características, ganhou na velocidade de Frank de Boer e deu um toque entre as pernas de Stam, mas o capitão holandês se recuperou e travou o brasileiro para evitar o gol.

Após o apito final, as duas equipes receberam os merecidos aplausos dos extasiados torcedores.

Certamente foi a melhor prorrogação que a Seleção Brasileira já jogou. Em 30 minutos, fez tudo que não havia feito nos 90 anteriores. Criou pelo menos oito chances claras de gol, contra uma única dos holandeses.

(Imagem: Rede Globo)

● Mas o gol decisivo não saiu e a vaga foi decidida nos pênaltis.

Ronaldo foi o primeiro a cobrar e bateu alta, no canto direito de Van der Sar. Brasil, 1 a 0.

Frank de Boer bateu firme, à meia altura, no canto direito de Taffarel. Empate em 1 a 1.

Rivaldo deslocou o arqueiro holandês e bateu no canto esquerdo: 2 a 1 Brasil.

Bergkamp bateu no cantinho esquerdo de Taffarel, que se esticou todo, mas não conseguiu chegar na bola: 2 a 2.

Emerson tinha entrado no lugar de Leonardo aos 40′ do segundo tempo. Como Leonardo era um dos cobradores oficiais, Zagallo estranhamente manteve seu substituto entre os batedores, ao invés de escolher outro jogador mais experiente. Mas Emerson bateu bem, no canto direito alto e converteu. Brasil 3, Holanda 2.

Cocu bateu à meia altura no canto esquerdo e Taffarel pulou certo para pegar. Permanecia 3 a 2.

Dunga bateu no canto direito e Van der Sar quase pegou, mas a bola foi para o gol: 4 a 2.

Ronald de Boer bateu no cantinho direito, mas… “Sai que é sua, Taffarel!” O goleiro brasileiro voou e pegou mais um.

Placar final: Brasil 4 x 2 Holanda.

(Imagem: CBF)

● Taffarel sofreu muito com as críticas após o tetra, bastante contestado por suas atuações pelo Clube Atlético Mineiro. Mas ele tinha a confiança do técnico Zagallo. E provou que deveria sempre ter tido a do povo brasileiro. Ele acertou o canto dos quatro pênaltis e só não defendeu o de dois craques: Frank de Boer e Dennis Bergkamp.

“Essa decisão por pênaltis foi ótima para o Taffarel. Ele já tinha sido muito criticado.” ― Zagallo

“Hoje ganhamos a batalha, mas a guerra não está vencida.” ― Taffarel

O Brasil havia superado seu trauma na decisão por pênaltis após o a conquista do título da Copa do Mundo de 1994. Por sua vez, a Holanda só se livraria desse trauma seis anos mais tarde, na Eurocopa de 2004, quando superou a Suécia e pela primeira vez venceu uma decisão por penalidades. Antes, já haviam sido derrotados pela Dinamarca na Euro de 1992, pela França na Euro de 1996 e pela Itália na Euro de 2000.

Na decisão do 3º lugar, a Holanda não teve ânimo algum e perdeu para a Croácia de Davor Šuker por 2 x 1.

O Brasil estava na final pela segunda Copa do Mundo consecutiva. E também pela segunda vez seguida, eliminava a Holanda.

Na decisão, a Seleção Brasileira enfrentou a França e perdeu por 3 x 0, em partida que ficou marcada pela convulsão de Ronaldo horas antes da partida e os dois gols de cabeça de Zinedine Zidane. Emmanuel Petit completou o placar.

(Imagem: Alexandre Battibugli / Placar / Dedoc)

FICHA TÉCNICA:

BRASIL 1 X 1 HOLANDA

Data: 07/07/1998

Horário: 21h00 locais

Estádio: Stade Vélodrome (atual Orange Vélodrome)

Público: 54.000

Cidade: Marselha (França)

Árbitro: Ali Bujsaim (Emirados Árabes Unidos)

BRASIL (4-4-2):

HOLANDA (4-4-2):

1 Taffarel (G)

1 Edwin van der Sar (G)

13 Zé Carlos

2 Michael Reiziger

4 Júnior Baiano

3 Jaap Stam

3 Aldair

4 Frank de Boer (C)

6 Roberto Carlos

11 Phillip Cocu

5 César Sampaio

6 Wim Jonk

8 Dunga (C)

16 Edgar Davids

18 Leonardo

7 Ronald de Boer

10 Rivaldo

12 Boudewijn Zenden

20 Bebeto

8 Dennis Bergkamp

9 Ronaldo

9 Patrick Kluivert

Técnico: Zagallo

Técnico: Guus Hiddink

12 Carlos Germano (G)

18 Ed de Goey (G)

22 Dida (G)

22 Ruud Hesp (G)

2 Cafu

13 André Ooijer

14 Gonçalves

15 Winston Bogarde

15 André Cruz

5 Arthur Numan

16 Zé Roberto

19 Giovanni van Bronckhorst

17 Doriva

20 Aron Winter

11 Emerson

10 Clarence Seedorf

7 Giovanni

14 Marc Overmars

19 Denílson

17 Pierre van Hooijdonk

21 Edmundo

21 Jimmy Floyd Hasselbaink

GOLS:

46′ Ronaldo (BRA)

87′ Patrick Kluivert (HOL)

CARTÕES AMARELOS:

31′ Zé Carlos (BRA)

45′ César Sampaio (BRA)

48′ Michael Reiziger (HOL)

60′ Edgar Davids (HOL)

90′ Pierre van Hooijdonk (HOL)

119′ Clarence Seedorf (HOL)

SUBSTITUIÇÕES:

56′ Michael Reiziger (HOL) ↓

Aron Winter (HOL) ↑

70′ Bebeto (BRA) ↓

Denílson (BRA) ↑

75′ Boudewijn Zenden (HOL) ↓

Pierre van Hooijdonk (HOL) ↑

85′ Leonardo (BRA) ↓

Emerson (BRA) ↑

111′ Wim Jonk (HOL) ↓

Clarence Seedorf (HOL) ↑

DECISÃO POR PÊNALTIS:

BRASIL 4

HOLANDA 2

Ronaldo (gol, no ângulo direito)

Frank de Boer (gol, à meia altura, à direita)

Rivaldo (gol, no canto esquerdo)

Dennis Bergkamp (gol, no canto esquerdo)

Emerson (gol, no alto do gol, à direita)

Phillip Cocu (perdeu, à esquerda, defendido por Taffarel)

Dunga (gol, no ângulo direito)

Ronald de Boer (perdeu, à direita, defendido por Taffarel)

Melhores momentos (Rede Globo):

Melhores momentos (FIFA.com):

… 05/07/2014 – Holanda 0 x 0 Costa Rica

Três pontos sobre…
… 05/07/2014 – Holanda 0 x 0 Costa Rica


(Imagem: Reuters)

● A Costa Rica viajou ao Brasil para disputar a sua quarta Copa do Mundo com a intenção de não passar vergonha. Afinal, teoricamente teria poucas chances em um grupo com três campeões mundiais: Uruguai, Itália e Inglaterra.

E justamente por terem nada a perder, surpreendeu o mundo a o se classificar em primeiro lugar do grupo. Primeiro venceu o Uruguai por 3 x 1. Depois foi a vez da Itália: 1 x 0. Assegurou a liderança ao empatar sem gols com a Inglaterra. Nas oitavas de final, enfrentou a Grécia. Vencia por 1 x 1 até o último minuto de jogo, mas sofreu o empate. E garantiu a vitória nos pênaltis por 5 x 3. A Costa Rica era a sensação do campeonato e foi adotada pela torcida brasileira como seu segundo time.

A Holanda vinha com 100% de aproveitamento. Na primeira fase, goleou a campeã do mundo Espanha por 5 x 1 e se vingou da final de 2010. Na sequência, bateu a Austrália por 3 x 2 e o Chile por 2 x 0. Nas oitavas, de forma polêmica, venceu o México de virada por 2 x 1 nos acréscimos.


A Holanda se defendia no 5-2-3 e atacava no 3-4-3.


A Costa Rica jogava no sistema 5-4-1. Johnny Acosta entrou na zaga, substituindo Óscar Duarte, que foi expulso contra a Grécia.

● A Arena Fonte Nova tinha se acostumado às goleadas (especialmente “Holanda 5 x 1 Espanha” e “Alemanha 4 x 0 Portugal”) e ótimas partidas (como “Bélgica 2 x 1 Estados Unidos”). Mas assistiu ao melhor ataque da Copa até então, a Holanda, com 12 gols marcados, parar na melhor defesa, da Costa Rica, que só sofreu dois. E só foi ver a rede balançar na disputa das penalidades máximas.

Os primeiros 45 minutos foram todos da Holanda, que trocava passes com paciência. No jogo todo, foram 64% de posse de bola da Oranje, com 20 finalizações a gol, contra apenas seis dos Ticos.

O técnico Louis van Gaal escalou um time muito técnico, sem nenhum volante. Georginio Wijnaldum e Wesley Sneijder eram os meias centrais. O atacante Dirk Kuyt foi escalado na ala direita. No ataque, Memphis Depay fez companhia a Arjen Robben e Robin van Persie.

A Costa Rica se defendia com uma linha de cinco homens na defesa e outros quatro no meio campo. Apenas o capitão Bryan Ruiz ficava no ataque.

Aos 20′, após troca de passes em velocidade pela direita, Robben deixou com Kuyt, que achou Van Persie livre na área pela esquerda. O camisa 9 bateu cruzado e Navas pegou. No rebote, Sneijder chutou e Navas defendeu de novo.

Sete minutos depois, Bryan Ruiz saiu jogando errado e o contragolpe dos laranjas pegou a defesa costarriquenha desprevenida. Van Persie abriu com Depay na ponta esquerda e ele chutou de primeira, forte e rasteiro, mas Navas defendeu bem com o pé direito.

A Costa Rica estava acuada e não conseguia nem contra-atacar. A melhor chance foi no minuto 33, quando Christian Bolaños cobrou falta da direita, Celso Borges tocou para o meio e Johnny Acosta tentou de meia bicicleta. Van Persie ajudava a defesa e tirou em cima da linha.

Aos 39 min, Sneijder cobrou falta com perfeição por cima da barreira, mas Navas foi buscar no ângulo.


(Imagem: Goal)

O segundo tempo começou em um ritmo mais lento, mas logo a Holanda retomou a pressão.

Nos dez minutos finais, Robben sofreu falta no bico esquerdo da grande área. Sneijder bateu com categoria e a bola explodiu na trave direita de Navas.

Aos 38′, Van Persie obrigou Navas a fazer uma excelente defesa em um chute à queima-roupa.

Dois minutos depois, Sneijder cruzou, mas Van Persie furou de forma bisonha na pequena área.

Já nos acréscimos, após cruzamento da esquerda, a bola passou por três holandeses e Van Persie finalizou. A bola passou por Navas, mas o volante Yeltsin Tejeda salvou em cima da linha e a bola ainda tocou no travessão.

No tempo extra, o bombardeio holandês continuou e a Costa Rica se safou de sofrer o gol.

Os Ticos apostavam no contra-ataque e reclamaram de pênalti em jogada que Ureña foi derrubado por Vlaar, mas não havia VAR e o árbitro Ravshan Irmatov do Uzbequistão mandou o jogo seguir.

Na prorrogação, a Holanda tentou encurralar a Costa Rica. Para os últimos 15 minutos, Van Gaal trocou o zagueiro Bruno Martins Indi pelo centroavante Klaas-Jan Huntelaar. Mas o time ficou meio bagunçado e acabou dando um contragolpe que quase resultou na vitória da Costa Rica.

Aos 11′ do segundo tempo da prorrogação, Ureña fez boa jogada individual e chutou rasteiro, mas Cillessen defendeu com os pés.

Dois minutos depois, Sneijder bateu de fora da área e acertou o travessão de Navas.

E faltando 30 segundos para o fim da prorrogação veio o momento mais marcante dessa partida. O técnico Louis van Gaal fez uma alteração inédita até hoje em Copas do Mundo: trocou o goleiro titular Jasper Cillessen por Tim Krul. Cillessen é um bom goleiro e foi o titular durante todo o tempo, mas era conhecido por nunca ter defendido um pênalti em sua carreira até então. Mais alto, com 1,96 m, Tim Krul também não era famoso por pegar penalidades, mas era melhor nos treinamentos desse fundamento. O camisa 1 deixou o gramado revoltado com a decisão do treinador.

Mas, conhecendo Van Gaal, essa mudança foi mais psicológica, para encher seu time de confiança e abalar a moral do adversário. O técnico foi ousado, fez uma aposta arriscada, mas que se mostraria acertada.


(Imagem: Reuters)

● Nas cobrança de pênaltis, Celso Borges abriu a contagem, batendo com categoria à esquerda. Costa Rica, 1 a 0.

Robin van Persie bateu da mesma forma e empatou.

Bryan Ruiz bateu no canto esquerdo e Tim Krul fez a defesa.

Arjen Robben bateu no ângulo direito de Navas. Holanda, 2 a 1.

Krul provocou Giancarlo González antes da batida, mas o zagueiro converteu, batendo à meia altura, no canto esquerdo: 2 a 2.

Wesley Sneijder bateu no canto direito e converteu. Holanda, 3 a 2.

Christian Bolaños bateu com categoria e colocou no alto à direita: 3 a 3.

Dirk Kuyt tinha a experiência a seu favor e bateu à direita. Holanda 4 a 3.

O zagueiro Michael Umaña bateu no canto esquerdo e Tim Krul voou para pegar e decidir a partida.

Final: Holanda 4 x 3 Costa Rica.

Tim Krul acertou o lado de todas as cobranças e pegou duas. Afinal, ele entrou para isso: para decidir.


(Imagem: Reuters)

● A Costa Rica foi eliminada, mas caiu de cabeça em pé, chegando pela primeira vez até as quartas de final da Copa do Mundo. Se despediu de forma invicta, com três empates e duas vitórias. Terminou com a melhor defesa do torneio e a honrosa oitava colocação no geral.

Com todos os méritos, a Holanda se classificou para a semifinal, onde enfrentou a Argentina. A partida também não teve gols e foi decidida nos pênaltis. Mas, dessa vez, não teve Tim Krul e a Argentina se classificou para a final ao vencer por 4 x 2. Na decisão do 3º lugar, a Holanda aproveitou a decadência e falta de estímulo da Seleção Brasileira e venceu fácil por 3 x 0.

(Imagem: Goal)

FICHA TÉCNICA:

 

HOLANDA 0 x 0 COSTA RICA

 

Data: 05/07/2014

Horário: 17h00 locais

Estádio: Arena Fonte Nova

Público: 51.179

Cidade: Salvador (Brasil)

Árbitro: Ravshan Irmatov (Uzbequistão)

 

HOLANDA (5-2-3):

COSTA RICA (5-4-1):

1  Jasper Cillessen (G)

1  Keylor Navas (G)

15 Dirk Kuyt

16 Cristian Gamboa

2  Ron Vlaar

2  Johnny Acosta

3  Stefan de Vrij

3  Giancarlo González

4  Bruno Martins Indi

4  Michael Umaña

5  Daley Blind

15 Júnior Díaz

20 Georginio Wijnaldum

17 Yeltsin Tejeda

10 Wesley Sneijder

5  Celso Borges

21 Memphis Depay

7  Christian Bolaños

11 Arjen Robben

10 Bryan Ruiz (C)

9  Robin van Persie (C)

9  Joel Campbell

 

Técnico: Louis van Gaal

Técnico: Jorge Luis Pinto

 

SUPLENTES:

 

 

23 Tim Krul (G)

18 Patrick Pemberton (G)

22 Michel Vorm (G)

23 Daniel Cambronero (G)

12 Paul Verhaegh

6  Óscar Duarte (suspenso)

13 Joël Veltman

8  David Myrie

14 Terence Kongolo

19 Roy Miller (lesionado)

7  Daryl Janmaat

12 Waylon Francis

6  Nigel de Jong (lesionado)

13 Óscar Granados

8  Jonathan de Guzmán

22 José Miguel Cubero

16 Jordy Clasie

11 Michael Barrantes

18 Leroy Fer (lesionado)

20 Diego Calvo

17 Jeremain Lens

14 Randall Brenes

19 Klaas-Jan Huntelaar

21 Marco Ureña

 

CARTÕES AMARELOS:

37′ Júnior Díaz (COS)

52′ Michael Umaña (COS)

64′ Bruno Martins Indi (HOL)

81′ Giancarlo González (COS)

107′ Johnny Acosta (COS)

111′ Klaas-Jan Huntelaar (HOL)

 

SUBSTITUIÇÕES:

66′ Joel Campbell (COS) ↓

Marco Ureña (COS) ↑

 

76′ Memphis Depay (HOL) ↓

Jeremain Lens (HOL) ↑

 

79′ Cristian Gamboa (COS) ↓

David Myrie (COS) ↑

 

97′ Yeltsin Tejeda (COS) ↓

José Miguel Cubero (COS) ↑

 

106′ Bruno Martins Indi (HOL) ↓

Klaas-Jan Huntelaar (HOL) ↑

 

120+1′ Jasper Cillessen (HOL) ↓

Tim Krul (HOL) ↑

 

DECISÃO POR PÊNALTIS:

HOLANDA 4

COSTA RICA 3

Robin van Persie (gol, à esquerda)

Celso Borges (gol, à esquerda)

Arjen Robben (gol, no ângulo direito)

Bryan Ruiz (perdeu, à esquerda, defendido por Tim Krul)

Wesley Sneijder (gol, à meia altura, à direita)

Giancarlo González (gol, à meia altura, à esquerda)

Dirk Kuyt (gol, à direita)

Christian Bolaños (gol, alta, à direita)

 

Michael Umaña (perdeu, à esquerda, defendido por Tim Krul)

Melhores momentos da partida:

… 04/07/1998 – Holanda 2 x 1 Argentina

Três pontos sobre…
… 04/07/1998 – Holanda 2 x 1 Argentina


(Imagem: UOL)

● O técnico Daniel Passarella sonhava em repetir o feito de Zagallo e Franz Beckenbauer, que conquistaram a Copa do Mundo como jogador e treinador. Ele havia sido o capitão da seleção campeã em 1978 e também compunha o elenco de 1986. Mas Passarella era muito cabeça dura. Ele baixou um estranho decreto para a equipe: quem tivesse o cabelo comprido não seria convocado para a Copa. Segundo ele, um jogador com cabelo curto passa a mão na cabeça seis vezes por jogo, enquanto um cabeludo faz a mesma coisa de 60 a 90 vezes. A maioria se dobrou à vontade de Passarella, como Ariel Ortega e Gabriel Batistuta. Mas os craques Fernando Redondo e Claudio Caniggia se rebelaram, permaneceram cabeludos e viram o Mundial pela TV. Caniggia se lesionou pouco antes da Copa, mas o genial Redondo ficou de fora por opção do treinador.

Passarella gostava de armar seu time com três zagueiros. A frente do goleiro Carlos Roa, ficavam Roberto Sensini mais pela direita, José Chamot mais pela esquerda e Roberto Ayala na sobra. Javier Zanetti fazia a ala direita. Torto, o capitão Diego Simeone fazia a ala esquerda, caindo pelo meio em muitas vezes. Essa função limitava Simeone a uma faixa do campo, mas o liberava para aparecer mais no ataque, o que fazia muito bem. Matías Almeyda era o responsável pela proteção no meio de campo. A criatividade estava a cargo de Juan Sebastián Verón. Ariel Ortega era o meia-atacante que pendia para a direita. Claudio López era o atacante de lado que caía para a esquerda. Todos jogando em função de um dos atacantes mais prolíficos da década: Gabriel Batistuta. No banco, Marcelo Gallardo era da mesma posição de Ortega e Hernán Crespo fazia a função de Batistuta. Não a toa, nenhum técnico seleção albiceleste colocou Crespo e Batistuta para jogarem juntos.

Na primeira fase, pelo Grupo H, a Argentina suou para vencer o Japão por 1 x 0, na estreia dos nipônicos em Copas do Mundo. Depois, goleou a Jamaica por 5 x 0 e assegurou a liderança ao vencer a Croácia por 1 x 0. Nas oitavas de final, fez o “Clássico das Malvinas” com a Inglaterra e venceu nos pênaltis por 4 x 3, após empate por 2 x 2 com a bola rolando.


(Imagem: Michael Steele / Empics / Getty Images)

● A Holanda era a cabeça de chave no Grupo E. Na primeira fase, empatou por 0 x 0 com a vizinha Bélgica, goleou a Coreia do Sul por 5 x 0 e empatou por 2 x 0 com o bom time do México. Nas oitavas de final, venceu por 2 x 1 com um gol de Edgar Davids no apagar das luzes.

A Oranje não tinha mais a geração de Ronald Koeman, Frank Rijkaard, Ruud Gullit e Marco van Basten, mas havia craques em todas as posições do campo. E o clima interno era bom – bem diferente da Eurocopa de 1996, quando surgiram sérios problemas racistas, que culminaram na dispensa de Davids da delegação.

Treinada por Guus Hiddink, a Holanda era uma equipe muito ofensiva. O goleiro era o excepcional Edwin van der Sar. Os laterais Michael Reiziger e Arthur Numan marcavam e apoiavam com eficiência. Jaap Stam era forte na marcação e tinha bom tempo de bola. O capitão Frank de Boer tinha mais técnica, ótimo posicionamento e era um líder em campo. Wim Jonk era um volante que batia muito bem na bola e sabia jogar. Edgar Davids era seu parceiro no meio e sempre se apresentava à frente – talvez tenha sido o melhor jogador do Mundial de 1998. Ronald de Boer era o meia pela direita, ótimo nos passes e perfeito cruzamentos. Phillip Cocu era o meia pela esquerda, também muito técnico e de boa chegada ao ataque. No ataque, Dennis Bergkamp era a própria excelência, com lances geniais e gols incríveis. Patrick Kluivert era pura explosão em todos os sentidos. No banco, ótimos nomes como o meia Clarence Seedorf e os pontas Marc Overmars e Boudewijn Zenden.

Explosão essa que fez Kluivert ficar suspenso de três partidas, após ter sido expulso na estreia por agredir Lorenzo Staelens no empate sem gols com a Bélgica.


A Holanda jogava no 4-4-2, com muita aproximação dos homens de meio campo.


A Argentina jogava no 3-5-2, com liberdade para Verón armar o jogo e aproximação de Ortega ao ataque.

● A partida foi um espetáculo assistido por 55 mil expectadores no estádio Vélodrome, em Marselha. Os noventa minutos foram tensos e de ótimos momentos do início ao fim.

Logo no início, a Holanda já adiantou a marcação, pressionando e roubando bolas no campo adversário e começando os contragolpes mais a frente do normal. Logo aos seis minutos, Wim Jonk chutou uma bola na trave.

Aos 12 minutos de jogo, Ronald de Boer fez uma boa jogada na direita e lançou na entrada. Genial, Bergkamp escorou de cabeça para o meio da área. Kluivert apareceu entre os zagueiros e tocou a saída do goleiro Roa. Foi o primeiro gol de Kluivert no Mundial.

Cinco minutos depois, a Holanda errou na linha de impedimento, Verón lançou nas costas da defesa e Claudio López apareceu livre. Os holandeses ficaram parados pedindo um impedimento inexistente (Reiziger deu condições). Enquanto isso, Piojo López escapou e ficou cara a cara com Van der Sar e teve tranquilidade para tocar entre as pernas do goleiro. (Nunca vi um goleiro tomar tanto gol entre as pernas como Van der Sar. Provavelmente é por causa do tamanho delas…) Na comemoração de seu primeiro gol na Copa, López exibiu uma camiseta com a mensagem de feliz aniversário para seu pai.

As duas equipes tiveram boas chances para tirar a igualdade do placar. Ortega e Batistuta foram parados pela trave. A cabeçada de Kluivert parou em uma ótima defesa de Roa.

A partida se equilibrou. A Holanda tentava tabelas e jogadas individuais. A Argentina recuava a apostava nos contragolpes.

Davids deu uma arrancada ao seu estilo desde o meio campo, entrou na área e quase fez um golaço. Pouco tempo depois, seu chute de longe parou na defesa de Roa.


(Imagem: Pinterest)

Aos 31′ do segundo tempo, Davids fez falta em Verón e, com o jogo já parado, Numan deixou a sola em Simeone, que saiu rolando e valorizando a jogada. O árbitro Arturo Brizio Carter corretamente aplicou o segundo cartão amarelo e expulsou o lateral esquerdo holandês.

Os argentinos se lançaram à frente e começaram a ter mais espaço.

Dez minutos depois, Ortega tentou cavar um pênalti e atrasou a passada, deixando a perna para ser tocada por Stam. O juiz mexicano não caiu na dele e lhe deu amarelo. Van der Sar foi reclamar da cena com o argentino e levou uma cabeçada do descontrolado e imaturo camisa 10, que foi expulso pelo árbitro pela agressão.

A igualdade numérica fez a Holanda ressurgir e o golaço decisivo saiu no último minuto do tempo regulamentar.

Do lado esquerdo de sua intermediária defensiva, o lançamento de Frank de Boer foi preciso e percorreu 40 metros em dois segundos. Quase na pequena área, Dennis Bergkamp dominou com a ponta da chuteira, deu um toque entre as pernas de Ayala e finalizou com o lado externo do pé, no ângulo do goleiro Roa.


(Imagem: AFP / Getty Images / Daily Mail)

● Um dos gols mais lindos da história das Copas e um dos mais lindos e marcantes que eu já vi. Não precisam me narrar esse gol. Ele sempre está fresco na memória.

Uma das maiores curiosidades sobre o genial Dennis Bergkamp é o medo de voar de avião. Enquanto a delegação da Holanda voava de cidade em cidade nos jogos da Copa, ele seguia de carro com um membro da comissão técnica.

A Holanda eliminava a Argentina e se vingava pela derrota na final da Copa de 1978.

Das quatro seleções semifinalistas, três nunca haviam ganhado a Copa do Mundo (França, Croácia e Holanda – apenas o Brasil já tinha conquistado o título).

Com a vitória sobre a Argentina, a Holanda se garantia novamente entre os quatro primeiros após vinte anos. Na semifinal, enfrentaria o Brasil. Contaremos essa história no dia 07/07.


(Imagem: AP / Daily Mail)

FICHA TÉCNICA:

 

HOLANDA 2 X 1 ARGENTINA

 

Data: 04/07/1998

Horário: 16h30 locais

Estádio: Stade Vélodrome (atual Orange Vélodrome)

Público: 55.000

Cidade: Marselha (França)

Árbitro: Arturo Brizio Carter (México)

 

HOLANDA (4-4-2):

ARGENTINA (3-5-2):

1  Edwin van der Sar (G)

1  Carlos Roa (G)

2  Michael Reiziger

6  Roberto Sensini

3  Jaap Stam

2  Roberto Ayala

4  Frank de Boer (C)

3  José Chamot

5  Arthur Numan

22 Javier Zanetti

6  Wim Jonk

5  Matías Almeyda

16 Edgar Davids

8  Diego Simeone (C)

7  Ronald de Boer

11 Juan Sebastián Verón

11 Phillip Cocu

10 Ariel Ortega

8  Dennis Bergkamp

7  Claudio López

9  Patrick Kluivert

9  Gabriel Batistuta

 

Técnico: Guus Hiddink

Técnico: Daniel Passarella

 

 

 

 

18 Ed de Goey (G)

12 Germán Burgos (G)

22 Ruud Hesp (G)

17 Pablo Cavallero (G)

13 André Ooijer

14 Nelson Vivas

15 Winston Bogarde

13 Pablo Paz

19 Giovanni van Bronckhorst

4  Mauricio Pineda

20 Aron Winter

15 Leonardo Astrada

10 Clarence Seedorf

16 Sergio Berti

12 Boudewijn Zenden

20 Marcelo Gallardo

14 Marc Overmars

21 Marcelo Delgado

17 Pierre van Hooijdonk

18 Abel Balbo

21 Jimmy Floyd Hasselbaink

19 Hernán Crespo

 

GOLS:

12′ Patrick Kluivert (HOL)

17′ Claudio López (ARG)

90′ Dennis Bergkamp (HOL)

 

CARTÕES AMARELOS:

10′ Jaap Stam (HOL)

17′ Arthur Numan (HOL)

22′ José Chamot (ARG)

60′ Roberto Sensini (ARG)

86′ Ariel Ortega (ARG)

 

CARTÕES VERMELHOS:

76′ Arthur Numan (HOL)

87′ Ariel Ortega (ARG)

 

SUBSTITUIÇÕES:

64′ Ronald de Boer (HOL) ↓

Marc Overmars (HOL) ↑

 

68′ Matías Almeyda (ARG) ↓

Mauricio Pineda (ARG) ↑

 

89′ José Chamot (ARG) ↓

Abel Balbo (ARG) ↑


(Imagem: Veja)

Gol decisivo de Bergkamp, narrado em holandês por Jack van Gelder – uma das narrações mais enlouquecidas de todos os tempos:

Gols da partida (em português), narrados pelo inesquecível Luciano do Valle:

Gols da partida (em inglês, do canal FIFATV):

… 26/06/1974 – Holanda 4 x 0 Argentina

Três pontos sobre…
… 26/06/1974 – Holanda 4 x 0 Argentina


(Imagem: Sergio Sade / Veja)

● Não existia uma seleção holandesa até duas semanas antes da Copa do Mundo de 1974. No princípio de tudo, era um grupo rachado, formado pela base de dois times multicampeões: o Ajax, tricampeão europeu (1970/71, 1971/72 e 1972/73) e o Feyenoord, campeão europeu em 1969/70. Com a rivalidade à flor da pele, os jogadores desses dois times não se combinavam fora e nem dentro de campo. Coube ao grande técnico do século XX transformar esse amontoado de bons jogadores em um time inesquecível.

Rinus Michels era o arquiteto daquele Ajax encantador. Depois do primeiro título europeu, foi treinar o Barcelona, tirando o time de uma fila de 14 anos sem títulos nacionais. Ele ainda era treinador dos Culés quando foi treinar a seleção holandesa, a apenas três meses da Copa. E Michels contou com a liderança do capitão Johan Cruijff para implementar um novo estilo de jogo.

Resumindo rapidamente, o “Futebol Total” se trata de um sistema em que todos os jogadores são capazes de defender e atacar (às vezes até ao mesmo tempo), sempre avançando em “triângulos”. Ou seja, o jogador que está com a bola sempre tem (pelo menos) duas opções de passe progressivo, uma de cada lado.

A escalação titular que se tornou célebre só foi jogar junta, nas mesmas posições, apenas na Copa do Mundo, na estreia contra o Uruguai. Aliás, que estreia! O “Carrossel Holandês” surpreendeu a todos (e até a si mesmo) e venceu os experientes uruguaios, 4º colocados no Mundial anterior. O placar foi 2 a 0, mas poderia ter sido 7, se não fosse o ótimo goleiro Ladislao Mazurkiewicz.

Na segunda rodada, um empate em 0 x 0 com a Suécia provou que uma partida não precisa ter gols para ser excelente; zero no placar e nota dez para o futebol de ambos. O último jogo da primeira fase foi uma goleada por 4 x 1 sobre a Bulgária. Mas foi na segunda fase que começou o grande espetáculo da “Laranja Mecânica”.


(Imagem: Pinterest)

● O primeiro confronto pelo Grupo A da segunda fase foi entre Holanda e Argentina. Um mês antes, as duas seleções haviam disputado um amistoso em Amsterdã, com goleada dos laranjas por 4 x 1. Já era um aviso do que viria em Gelsenkirchen.

A Argentina tinha bons jogadores, como o zagueiro e capitão Roberto Perfumo (do Cruzeiro), e os atacantes René Houseman e Héctor Yazalde (Chuteira de Ouro da Europa na temporada 1973/74 com 46 gols, jogando pelo Sporting, de Portugal). Mas o técnico Vladislao Cap (ex-zagueiro da Copa de 1962) não conseguiu formar um bom conjunto.

Na primeira fase, a Argentina perdeu para a Polônia por 3 x 2. Depois, empatou com a Itália em 1 x 1. No terceiro jogo, venceu o Haiti por 4 x 1. A Polônia foi líder com 100% de aproveitamento. Argentina e Itália empataram na segunda colocação e os hermanos se classificaram por terem um gol a mais de saldo que os italianos, eliminando a Azzurra do Mundial.

Para o duelo diante dos holandeses, o treinador da albiceleste resolveu fortalecer seu meio de campo, trocando Carlos Babington (mais ofensivo e criativo) por Carlos Squeo (mais defensivo). Trocou também o jovem Mario Kempes pelo mais experiente Agustín Balbuena. Foi corajoso ao manter um trio de ataque não auxiliava na marcação: René Houseman, Rubén Ayala e Héctor Yazalde.


Devido à alta rotação de posições, é quase impossível definir o “Futebol Total” do “Carrossel Holandês”, mas teoricamente era um 4-3-3.


A Argentina atuava no 4-3-3.

● Os primeiros dez minutos tiveram algum equilíbrio, mesmo com a primeira chance sendo dos europeus. Aos três minutos, Johan Cruijff passou para Rob Rensenbrink chutar rente ao travessão.

Aos 11′, Wim Rijsbergen fez falta não marcada em Yazalde. Na sequência, Willem van Hanegem deu um passe em elevação para Cruijff dentro da área. A defesa argentina parou alegando um impedimento que não existiu. O genial camisa 14 dominou, driblou o goleiro Daniel Carnevali e tocou para as redes.

E com o placar a seu favor, começou a girar o “Carrossel Holandês”. Onde a bola estivesse, a Oranje sempre estaria com três ou quatro jogadores, em superioridade numérica.

Aos 17′, Van Hanegem teve a chance de ampliar, mas demorou a chutar. Na sequência do lance, Wim Jansen chutou e Quique Wolff evitou o gol com o peito.

Dois minutos depois aconteceu o lance que melhor representa o “Futebol Total”. Sete holandeses estavam na barreira em uma cobrança de falta de Wolff e a bola espirrou para a linha latera. Incrivelmente, cinco homens de camisa laranja saíram na pressão sobre Ramón Heredia e um sexto partiu sobre um argentino que escapava pela direita. É um lance do célebre arrastão laranja, que intimidava e desgastava qualquer adversário – mas também a própria equipe de Rinus Michels.

Pouco depois, Johan Neeskens driblou Carnevali e cruzou para a área. Jansen errou o carrinho e o capitão albiceleste Roberto Perfumo recuou para o goleiro.

Aos 25′, se repetiu um lance semelhante, com Carnevali saindo para impedir Neeskens e mandou pela linha de fundo. O próprio Neeskens bateu o escanteio e Carnevali tirou de soco para a entrada da área. Ruud Krol pegou a sobra e emendou de primeira uma bomba que estufou as redes, entrando bem próximo à trave direita. Já estava 2 a 0.

O jogo já estava definido, mas a Argentina foi valente e tentou reagir. E apareceu uma característica da defesa holandesa que seria mais vista ainda no duelo diante do Brasil: as entradas duras nos tornozelos dos rivais. Ayala foi vítima de uma delas e ficou mancando. Wolff não teve a mesma sorte e precisou sair no intervalo após um carrinho de Neeskens, sendo substituído por Rubén Glaria. Por decisão técnica, René Houseman deu lugar a Mario Kempes – que não entrou bem novamente.

Com um toque de bola impressionante, Cuijff e companhia nada limitada fez o seu melhor primeiro tempo da competição e arrasou os argentinos, que se limitavam a tentar afastar a bola de sua área de qualquer maneira.


(Imagem: Peter Robinson / Empics Sport)

Na volta para o segundo tempo, um temporal caiu sobre o Parkstadion.

Com o campo pesado, a “Laranja Mecânica” diminuiu o ritmo e controlou a partida, ao mesmo tempo que queria ampliar o saldo de gols – que poderia vir a ser critério de desempate por uma vaga na final. Aos oito minutos, mesmo perseguido por Roberto Telch, Cruijff arrancou e chutou para uma ótima defesa de Carnevali, esticando o pé esquerdo no reflexo.

O árbitro escocês Robert Davidson não marcou pênalti sobre Rensenbrink, aos 13 minutos.

Como sempre jogando sem luvas, o goleiro Jan Jongbloed não precisou fazer nenhuma defesa durante a partida. Curiosamente, o arqueiro holandês já era veterano, usava lentes de contato por ser míope e nunca jogou em um clube grande.

E a “Laranja Mecânica” fazia a pobre Argentina dançar no ritmo de “Singin’ in the Rain”, de Gene Kelly – eternizado pelo infame personagem Alex, do filme de Stanley Kubrick.

O terceiro gol veio aos 28 min. Cruijff fez um cruzamento longo da esquerda (e de canhota) e a bola foi perfeita na segunda trave para Johnny Rep invadir a pequena área e cabecear para o gol.

A dez minutos do fim, Telch teve que deixar o campo lesionado e os hermanos tiveram que jogar com um a menos, porque já haviam feito as duas alterações permitidas. Squeo sentiu a coxa e teve que terminar o jogo mancando.

O técnico Rinus Michels fez uma única substituição, trocando o amarelado Wim Suurbier por Rinus Israël ao 39′.

A chuva apertava cada vez mais e as duas equipes só queriam que o jogo acabasse. Mas no último minuto de jogo, Van Hanegem tabelou com Jansen, entrou na área sem marcação e chutou em cima do goleiro argentino. A bola espirrou para a ponta esquerda onde estava Cruijff. Genial, ele emendou de primeira, mesmo sem nenhum ângulo, e marcou o quarto gol da partida.


(Imagem: Twitter @Netherlands1974)

“Os holandeses não têm especialistas. Existe um goleiro e dez jogadores que sabem fazer tudo. Ao mesmo tempo, estão muito perto de todos e muito longe uns dos outros. É uma vertigem total esse borrão de camisas laranjas. Os mais perigosos são os que não têm a bola, todos coordenados pelo Cruyff.” ― Ángel Bargas, zagueiro reserva da Argentina

“Nunca vi nada parecido. Meus jogadores jamais viram um time assim. É uma nova maneira de conceber o jogo. Eles são um rolo compressor.” ― Vladislao Cap

“Parecia que jogavam com 18 jogadores.” “O futebol deveria ser dividido assim: antes da Holanda e depois da Holanda.” ― Roberto Perfumo

Na sequência, a Argentina perdeu para a Seleção Brasileira de Zagallo por 2 x 1, na primeira vez que os dois rivais se enfrentaram em Copas do Mundo. E os hermanos encerraram sua participação em último lugar do grupo ao empatar em 1 x 1 com a Alemanha Oriental.

A Holanda seguiu firme, vencendo Alemanha Oriental e Brasil, ambos por 2 x 0. Na decisão, começou com tudo e abriu o placar logo no primeiro lance. Mas sucumbiu à força da Alemanha Ocidental e levou a virada, perdendo por 2 x 1. Um vice-campeão do mundo tão lembrado quanto (ou até mais que) o próprio campeão.


(Imagem: UOL)

FICHA TÉCNICA:

 

HOLANDA 4 x 0 ARGENTINA

 

Data: 26/06/1974

Horário: 19h30 locais

Estádio: Parkstadion

Público: 56.548

Cidade: Gelsenkirchen (Alemanha Ocidental)

Árbitro: Robert Davidson (Escócia)

 

HOLANDA (4-3-3?):

ARGENTINA (4-3-3):

8  Jan Jongbloed (G)

1  Daniel Carnevali (G)

20 Wim Suurbier

10 Ramón Heredia

17 Wim Rijsbergen

14 Roberto Perfumo (C)

2  Arie Haan

16 Francisco Pedro Sá

12 Ruud Krol

20 Enrique Wolff

6  Wim Jansen

17 Carlos Squeo

13 Johan Neeskens

18 Roberto Telch

3  Willem van Hanegem

4  Agustín Balbuena

16 Johnny Rep

2  Rubén Ayala

14 Johan Cruijff (C)

22 Héctor Yazalde

15 Rob Rensenbrink

11 René Houseman

 

Técnico: Rinus Michels

Técnico: Vladislao Cap

 

SUPLENTES:

 

 

18 Piet Schrijvers (G)

12 Ubaldo Fillol (G)

21 Eddy Treijtel (G)

21 Miguel Ángel Santoro (G)

4  Kees van Ierssel

5  Ángel Bargas

5  Rinus Israël

7  Jorge Carrascosa

19 Pleun Strik

9  Rubén Glaria

22 Harry Vos

19 Néstor Togneri

7  Theo de Jong

3  Carlos Babington

1  Ruud Geels

8  Enrique Chazarreta

11 Willy van de Kerkhof

6  Miguel Ángel Brindisi

10 René van de Kerkhof

15 Aldo Poy

9  Piet Keizer

13 Mario Kempes

 

GOLS:

11′ Johan Cruijff (HOL)

25′ Ruud Krol (HOL)

73′ Johnny Rep (HOL)

90′ Johan Cruijff (HOL)

 

CARTÕES AMARELOS:

22′ Johan Neeskens (HOL)

35′ Roberto Perfumo (ARG)

58′ Wim Suurbier (HOL)

 

SUBSTITUIÇÕES:

INTERVALO Enrique Wolff (ARG)

Rubén Glaria (ARG)

 

INTERVALO René Houseman (ARG)

Mario Kempes (ARG)

 

84′ Wim Suurbier (HOL)

Rinus Israël (HOL)

Melhores momentos da partida: