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… 29/06/1998 – Holanda 2 x 1 Iugoslávia

Três pontos sobre…
… 29/06/1998 – Holanda 2 x 1 Iugoslávia


(Imagem: Getty Images / Stu Forster / Allsport)

● A Holanda não tinha mais a geração de Ronald Koeman, Frank Rijkaard, Ruud Gullit e Marco van Basten, mas havia craques em todas as posições do campo. E o clima interno era bom – bem diferente da Eurocopa de 1996, quando surgiram sérios problemas racistas, que culminaram na dispensa de Davids da delegação.

Treinada por Guus Hiddink, a Holanda era uma equipe muito ofensiva. O goleiro era o excepcional Edwin van der Sar. Os laterais Michael Reiziger e Arthur Numan marcavam e apoiavam com eficiência. Jaap Stam era forte na marcação e tinha bom tempo de bola. O capitão Frank de Boer tinha mais técnica, ótimo posicionamento e era um líder em campo. Clarence Seedorf e Edgar Davids eram completos: marcavam, armavam e se apresentavam à frente. Ronald de Boer era o meia pela direita, ótimo nos passes e perfeito cruzamentos. Phillip Cocu era o meia pela esquerda, também muito técnico e de boa chegada ao ataque. Marc Overmars era habilidade, técnica, velocidade e inteligência. No ataque, Dennis Bergkamp era a própria excelência, com lances geniais e gols incríveis. No banco, ótimos nomes como o volante Wim Jonk e o ponta Boudewijn Zenden. A ausência era o centroavante Patrick Kluivert, que cumpria sua terceira e última partida de suspensão, após ter sido expulso na estreia por agredir Lorenzo Staelens no empate sem gols com a Bélgica.

A Holanda foi a cabeça de chave do Grupo E. Na primeira fase, empatou por 0 x 0 com a vizinha Bélgica, goleou a Coreia do Sul por 5 x 0 e empatou por 2 x 2 com o bom time do México.


(Imagem: Getty Images / Ben Radford / Allsport)

● A Iugoslávia estava longe das competições internacionais desde 1992, quando foi excluída da Eurocopa por causa dos conflitos étnicos e da guerra civil que culminou com o desmembramento do país. Da República Socialista Federativa da Iugoslávia, surgiram os países: República Federal da Iugoslávia (essa que disputou o Mundial – que era formada pelas repúblicas da Sérvia e Montenegro, além das províncias autônomas Voivodina e Kosovo), Croácia, Eslovênia, Bósnia e Herzegovina e Macedônia do Norte.

Esse desmembramento enfraqueceu a seleção iugoslava. A maioria dos melhores jogadores do antigo país agora pertencia à Croácia – tanto que o país foi 3º colocado na Copa de 1998 em sua primeira participação.

Em 1998 a seleção “Plavi” (“azuis”, em sérvio) contou apenas com atletas nascidos na Sérvia e em Montenegro.

Os destaques eram os zagueiros Siniša Mihajlović (Sampdoria) e Miroslav Đukić (Deportivo La Coruña – não jogou por estar lesionado), os meias Vladimir Jugović (Lazio), Dejan Stanković (Estrela Vermelha – depois jogaria na Lazio e faria história na Internazionale), Ljubinko Drulović (Porto), Dejan Savićević (Milan), o capitão Dragan Stojković (Nagoya Grampus Eight, do Japão) e os atacantes Savo Milošević (Aston Villa), Darko Kovačević (Real Sociedad) e Predrag Mijatović (Real Madrid – fez o gol do título da UEFA Champions League da temporada 1997/98 na final sobre a Juventus).

Na primeira fase, a Iugoslávia estreou vencendo o Irã por 1 x 0, com um gol de falta de Siniša Mihajlović. Na segunda partida, abriu 2 x 0 com gols de Predrag Mijatović e Dragan Stojković, mas permitiu o empate da Alemanha por 2 x 2. No terceiro jogo, um gol de cabeça do zagueiro Slobodan Komljenović logo no início garantiu a vitória por 1 x 0. Assim, a Iugoslávia se classificou com o segundo lugar do Grupo F, com o mesmo número de pontos dos alemães, mas com um saldo de gols menor (+4 para a Nationalelf e +2 para os Plavi).


A Holanda jogava no 4-4-2, com muita aproximação dos homens de meio campo.


A Iugoslávia jogou no sistema 4-5-1, com liberdade para o capitão Dragan Stojković criar.

● O duelo entre Holanda e Iugoslávia, válido pelas oitavas de final da Copa do Mundo de 1998, foi muito equilibrado.

A Holanda era tida como favorita para o duelo e dominou o jogo durante o primeiro tempo.

O placar foi aberto aos 38 minutos. Desde seu campo de defesa, o capitão Frank de Boer fez um de seus lançamentos espetaculares. Dennis Bergkamp ganhou no corpo de Zoran Mirković, dominou e finalizou. A bola passou por baixo do goleiro Ivica Kralj, que quase pegou, mas ela acabou indo rumo ao gol. Esse foi o segundo gol do genial Bergkamp na Copa.

O empate iugoslavo foi aos três minutos da segunda etapa. O capitão Dragan Stojković cobrou falta pelo lado esquerdo, quase na linha lateral da grande área. A bola foi na segunda trave e Slobodan Komljenović subiu bem, ganhou no alto de Phillip Cocu e cabeceou para o gol. Foi também o segundo gol de Komljenović no Mundial.

E a Iugoslávia poderia ter virado o jogo três minutos depois. Vladimir Jugović sofreu pênalti de Jaap Stam. Predrag Mijatović, maior artilheiro das eliminatórias de 1998 com 14 gols em 12 jogos, foi para a cobrança. Ele bateu firme no meio do gol. A bola subiu demais e explodiu no travessão. Peđa Mijatović diria posteriormente que aquele foi o pior momento de sua carreira.

Esse foi o único pênalti desperdiçado dos 17 marcados na Copa de 1998. Esse erro interrompeu uma série de 39 cobranças bem sucedidas. Antes de Mijatović, o último a perder uma penalidade durante o tempo regulamentar havia sido o italiano Gianluca Vialli, contra os Estados Unidos em 1990. Depois foram convertidos mais dez na Copa de 1990, 15 na Copa de 1994 e 14 na Copa de 1994 até o erro do iugoslavo.

Sem confiança, os holandeses tiveram que se arriscar mais no ataque. E foram recompensados.

No segundo minuto dos acréscimos da partida, Edgar Davids pegou rebote próximo à grande área. Ele teve tempo para dominar, ajeitar o corpo e soltar a bola. Com muita gente na frente, a bola ainda desviou no meio do caminho e dificultou para o goleiro Kralj, que ainda tocou na bola antes dela morrer no cantinho esquerdo.

Pouco antes, Davids havia sentido cãibras e pediu para ser substituído. Mas o técnico Guus Hiddink manteve o camisa 16 em campo e foi recompensado.


(Imagem: Getty Images / Stu Forster / Allsport)

● Oficialmente essa foi a última partida da Iugoslávia em uma Copa do Mundo – uma das mais tradicionais seleções europeias na história dos Mundiais, que sempre praticou um futebol com técnica apurada. Tanto, que recebeu o apelido de “Brasileiros do Leste Europeu”. O maior estádio do país, em Belgrado, é chamado de “Marakana”. Ao todo, foram nove Copas disputadas, sendo a melhor campanha o 4º lugar em 1962. Foram 37 partidas com 16 vitórias, oito empates e 13 derrotas, 60 gols marcados e 46 sofridos.

A Iugoslávia deixou de existiu como um país em 2003, quando se tornou “Sérvia e Montenegro” – países de se separariam de vez em 2006. A Sérvia é considerada pela FIFA como a herdeira legítima da Iugoslávia no futebol.

O meia Dejan Stanković disputou três Copas do Mundo, por três países diferentes. Ele representou a Iugoslávia em 1998, a Sérvia e Montenegro em 2006 e a Sérvia em 2010.

Discutivelmente, Edgar Davids foi o melhor e mais consistente jogador da Copa de 1998. Além do ótimo futebol, ele se notabilizou também por jogar com um óculos moderno. Porém, na única Copa em que atuou, ele jogou sem óculos. Vale ressaltar que as regras da FIFA não proíbem o uso de óculos, mas o jogador que deles se utilizar deve ter consciência que joga sob sua responsabilidade e risco.

A comemoração dessa vitória levou a imprensa holandesa a especular sobre novos problemas entre brancos e negros no elenco da Oranje. Logo após o apito final no Stade de Toulouse, todos os jogadores se abraçaram no meio do campo. Por trás, Winston Bogarde e Cocu abraçaram Van der Sar. O goleiro se incomodou e deu um soco no zagueiro, que devolveu olhando feio. Em sua biografia, lançada em 2011, Van der Sar explicou o que houve: “Na comemoração, veio um braço direto em minha garganta. Eu não conseguia respirar e dei um soco no braço. Parecia o braço de Bogarde e eu realmente fui para cima dele. Só notei depois que era o braço de Pierre van Hooijdonk. Aí, na zona mista, os jornalistas começaram a dar ênfase nisso. Virou assunto. Quando um repórter começou com a história de problemas étnicos, eu fiquei furioso: ‘Que problemas de raça? Não tem nada disso atualmente!” E de fato não tinha mesmo. Foi uma das seleções holandesas mais unidas de todos os tempos. Provavelmente, a mais talentosa e equilibrada.

Nas quartas de final, a Holanda contou com um gol fenomenal de Dennis Bergkamp no último lance da partida para eliminar a ótima seleção argentina pelo placar de 2 x 1. Com essa vitória, a Oranje se garantia novamente entre os quatro primeiros após vinte anos. Na semifinal, enfrentou o Brasil. Jogou melhor. Saiu atrás no placar, mas buscou o empate no fim da partida. Na decisão dos pênaltis, Taffarel defendeu as cobranças de Ronald de Boer e Phillip Cocu, colocando o Brasil na decisão. Na decisão do 3º lugar, a Holanda jogou sem motivação nenhuma e perdeu para a Croácia de Davor Šuker por 2 x 1.


(Imagem: Alamy)

FICHA TÉCNICA:

 

HOLANDA 2 X 1 IUGOSLÁVIA

 

Data: 29/06/1998

Horário: 21h00 locais

Estádio: Stade de Toulouse

Público: 33.500

Cidade: Toulouse (França)

Árbitro: José María García-Aranda (Espanha)

 

HOLANDA (4-4-2):

IUGOSLÁVIA (4-5-1):

1  Edwin van der Sar (G)

1  Ivica Kralj (G)

2  Michael Reiziger

2  Zoran Mirković

3  Jaap Stam

13 Slobodan Komljenović

4  Frank de Boer (C)

11 Siniša Mihajlović

5  Arthur Numan

3  Goran Đorović

16 Edgar Davids

4  Slaviša Jokanović

10 Clarence Seedorf

6  Branko Brnović

7  Ronald de Boer

16 Željko Petrović

11 Phillip Cocu

7  Vladimir Jugović

14 Marc Overmars

10 Dragan Stojković (C)

8  Dennis Bergkamp

9  Predrag Mijatović

 

Técnico: Guus Hiddink

Técnico: Slobodan Santrač

 

 

 

 

18 Ed de Goey (G)

12 Dragoje Leković (G)

22 Ruud Hesp (G)

5  Miroslav Đukić

13 André Ooijer

14 Niša Saveljić

15 Winston Bogarde

18 Dejan Govedarica

19 Giovanni van Bronckhorst

19 Miroslav Stević

20 Aron Winter

20 Dejan Stanković

6  Wim Jonk

8  Dejan Savićević

12 Boudewijn Zenden

15 Ljubinko Drulović

17 Pierre van Hooijdonk

21 Perica Ognjenović

21 Jimmy Floyd Hasselbaink

22 Darko Kovačević

9  Patrick Kluivert

17 Savo Milošević

 

GOLS:

38′ Dennis Bergkamp (HOL)

48′ Slobodan Komljenović (IUG)

90+2′ Edgar Davids (HOL)

 

CARTÕES AMARELOS:

38′ Dragan Stojković (IUG)

52′ Zoran Mirković (IUG)

73′ Goran Đorović (IUG)

 

SUBSTITUIÇÕES:

57′ Dragan Stojković

Dejan Savićević

 

78′ Siniša Mihajlović

Niša Saveljić

Melhores momentos da partida (Band):

… 18/06/1974 – Iugoslávia 9 x 0 Zaire

Três pontos sobre…
… 18/06/1974 – Iugoslávia 9 x 0 Zaire


(Imagem: Sem Firulas)

● Antes de falarmos sobre futebol, precisamos entender o contexto da época.

O Zaire foi o primeiro país da África subsaariana (África negra) e apenas o terceiro país de todo continente a disputar uma Copa do Mundo, após Egito em 1934 e Marrocos em 1970.

O nome do país Zaire (Zaïre, em francês) é derivado da língua portuguesa – originalmente uma má pronúncia do termo do idioma congo “nzere” ou “nzadi”, que significa “o rio que traga todos os rios”.

O país teve muitos nomes em sua história. Foi Estado Livre do Congo (1885-1908), Congo Belga (1908-1960), República do Congo (ou Congo-Léopoldville, 1964-1971) até passar a se chamar Zaire (1971-1997). Desde o fim da Primeira Guerra do Congo, em 17/05/1997, o país adotou o nome de República Democrática do Congo.

O Zaire era liderado com mão de ferro pelo ditador Mobutu Sese Seko, que, além de ter sido um dos mais poderosos e autoritários governantes da época, ficou marcado por ser um grande entusiasta do esporte e pelo uso de um gorro de pele de leopardo e uma bengala de madeira toda desenhada.

Em 1974, seu país era o centro mais importante do continente nos esportes. No fim daquele ano aconteceria na capital Kinshasa a “luta do século” (“The rumble in the jungle”“A luta na floresta”) no boxe entre Muhammad Ali e George Foreman. No futebol africano, o país também dava as cartas. O AS Vita Club foi o campeão da Copa Africana dos Campeões (atual Liga dos Campeões da CAF) de 1973. No início de 1974, a seleção conquistou segundo título da Copa Africana das Nações (o primeiro e único com o nome de Zaire).


(Imagem: Goal)

Empolgado, o presidente prometeu carros, casas e férias no exterior para os jogadores caso eles conseguissem a única vaga do continente para a Copa do Mundo de 1974. Nas eliminatórias, os “Leopardos” justificaram a supremacia continental. Na primeira fase, eliminou Togo por 4 x 0 no placar agregado. Na segunda fase, precisou do jogo extra para passar por Camarões (2 x 0). Na terceira fase, bateu Gana (4 x 2 ao todo). No triangular final, venceu todas as partidas diante de Zâmbia e Marrocos. O artilheiro foi Uba Kembo com seis gols.

O técnico dos Leopardos era o ex-goleiro iugoslavo Blagoje Vidinić, campeão olímpico pelo seu país em 1960. Ele havia sido o treinador do Marrocos na Copa de 1970. Vidinić era o responsável por treinar uma equipe inteiramente formada por jogadores que atuavam no próprio país – uma nação subdesenvolvida em um regime ditatorial.

Mas o Zaire tinha a melhor preparação possível: um técnico estrangeiro com experiência em Copa, treinamento adequado, promessas de premiações felpudas, além um uniforme que entraria para a história pela sua peculiaridade. A camisa usada pela seleção na competição quebrou todos os padrões da época, ao estampar a figura de um leopardo dentro de um círculo com a inscrição “Leopards” e o nome “Zaïre” logo abaixo, no centro da camisa.

Os principais destaques do time eram o goleiro Kazadi (melhor arqueiro da história do país), o zagueiro Bwanga (melhor jogador da África em 1973 e eleito pela IFFHS o melhor jogador zairense em todos os tempos – primo do goleiro Kazadi), o meia Ndaye (autor de nove gols na CAN de 1974) e o atacante Mayanga (apelidado de “brasileiro” pela sua habilidade).

Mas ainda era muito pouco para encarar as tarimbadas seleções do Grupo 2 do Mundial: Escócia, Iugoslávia e o tricampeão Brasil.

O Zaire até começou jogando bem contra a Escócia, mas acabou perdendo por 2 x 0. Após essa partida, os jogadores descobriram que haviam sido enganados. Os dirigentes do país embolsaram o dinheiro destinado à seleção e comunicaram que os prêmios não seriam mais pagos. Indignados e furiosos, os jogadores ameaçaram a entrar em greve. Apesar disso, a equipe entrou em campo para a segunda partida, diante dos iugoslavos. Mas seria melhor nem ter entrado.


(Imagem: China Daily)

● A Iugoslávia voltava a disputar uma Copa do Mundo depois de 12 anos. A última havia sido a ótima participação em 1962, no Chile, quando terminou em 4º lugar.

Em um grupo com Brasil, Escócia e Zaire, teoricamente os iugoslavos tinham boa chance de êxito.

Os Plavi (“azuis”, em sérvio) tinham bons jogadores, especialmente do meio para frente, como Dušan Bajević, Ivica Šurjak, Ilija Petković e, principalmente, Dragan Džajić.

E começou bem, empatando sem gols com o Brasil de Zagallo, que vinha de seis vitórias consecutivas em Mundiais e o título incontestável de 1970.

A segunda partida da Iugoslávia seria contra o Zaire.


O técnico Miljan Miljanić montou seu time no sistema 4-3-3 ofensivo, com muita chegada dos meias ao ataque.


Também iugoslavo, Blagoje Vidinić escalou o Zaire a campo em um 4-3-3 na teoria. Na prática, só se via a desorganização e o desespero em campo.

● As teorias da conspiração colocam o técnico Blagoje Vidinić como um dos principais vilões naquela noite. Estranhamente, o treinador deixou Mayanga no banco. O atacante tinha sido o melhor em campo diante dos escoceses. Uma das versões é que ele enfraqueceu seu time de forma deliberada para facilitar mais ainda para seu país de origem. Em outra, ele simplesmente obedeceu uma ordem expressa do presidente Mobutu exigindo a escalação de reservas que eram apoiadores do regime.

De qualquer forma, os iugoslavos precisavam vencer e trataram de liquidar logo o jogo. Os gols foram saindo com extrema facilidade.

Aos oito minutos jogados, Džajić avançou pelo lado esquerdo e cruzou para a pequena área. Bajević subiu e marcou de cabeça. 1 a 0.

Aos 14′, Džajić cobrou falta da entrada da área e acertou o ângulo esquerdo do goleiro. 2 a 0.

Quatro minutos depois, Jovan Aćimović lançou Šurjak, que recebeu dentro da área, girou e bateu cruzado de perna esquerda. 3 a 0.

Inexplicavelmente, aos 21′, o técnico Vidinić trocou o bom goleiro titular Kazadi pelo reserva Tubilandu, de apenas 1,68 m. Se seu time estava sofrendo um gol atrás do outro justamente pela deficiência defensiva na bola aérea, não tem sentido algum colocar um goleiro mais baixo, com menos qualidade e experiência do que o titular. Foi a primeira vez na história das Copas que um treinador trocou os goleiros sem ter havido uma contusão.

Tubilandu não havia nem se posicionado no gol ainda e já sofreu o quarto gol. Em uma cobrança de falta da direita, Ivan Buljan cruzou para a área. Josip Katalinski dominou livre na pequena área e bateu no alto. A defesa do Zaire parou pedindo um impedimento que não existia. 4 a 0.

Na reclamação após o gol, o lateral direito Mwepu tentou agredir com um chute o árbitro Omar Delgado. O juiz colombiano até conseguiu evitar o golpe, mas se confundiu quanto ao agressor e acabou expulsando outro jogador, Ndaye (o melhor do time). Mesmo Mwepu assumindo a responsabilidade pela agressão, Delgado manteve a expulsão equivocada.


(Imagem: Pinterest)

Perdendo por quatro gols e com um jogador a menos desde os 22 minutos, o Zaire se perdeu de vez.

Os iugoslavos impuseram ao reserva Tubilandu uma tarde ainda mais cruel do que já tinham imposto a Kazadi.

Aos 30′, Petković avançou pela direita e cruzou. Bajević subiu e cabeceou a direita, da linha da pequena área. 5 a 0.

Cinco minutos depois, Katalinski disputou com o goleiro pelo alto e a bola sobrou para Vladislav Bogićević, que tocou de cabeça para o gol. 6 a 0.

Só no intervalo, após estar perdendo por 6 x 0, que Vidinić mandou Mayanga a campo. Ele pouco conseguiu tocar na bola.

Aos 16′ do segundo tempo, Branko Oblak cobrou falta. Tubilandu tentou segurar, falhou feio e a bola entrou no canto direito. 7 a 0.

Após o sétimo gol, o responsável pelo controle do placar em Gelsenkirchen entrou em pânico, pois não havia espaço para exibir o nome do autor dos gols seguintes, caso houvessem. Assim, ele foi prático ao informar o placar e o número da camisa de quem fez o oitavo e o nono gol.


(Imagem: Twitter @SerbianFooty)

Quatro minutos depois, Aćimović foi desarmado na meia lua. A bola ficou com Petković, que dominou e bateu no canto. 8 a 0.

O placar foi fechado aos 36′. Džajić cruzou da esquerda e Aćimović escorou de cabeça para Bajević. Na pequena área, o camisa 19 chutou de primeira e marcou seu “hat trick”. 9 a 0.

O apito final do árbitro soou mais como misericórdia para os massacrados Leopardos.

“Estávamos estáticos em campo. Os zagueiros estavam nervosos, nossa marcação não encaixava e não conseguimos criar. Não tivemos oportunidades claras. Mostramos realmente o nosso amadorismo.” ― Mayanga Maku


(Imagem: Alamy)

● Esse placar igualou a maior goleada de todas as Copas até então, que havia sido Hungria 9 x 0 Coreia do Sul, em 1954. E só seria superado em 1982, quando a Hungria venceu El Salvador por 10 a 1. A bem da verdade, poderia ter sido mais humilhante se os iugoslavos não tivessem desacelerado no segundo tempo.

Na última rodada, a Iugoslávia empatou com a Escócia por 1 x 1 e se classificou em primeiro lugar do Grupo 2, deixando o Brasil em segundo no saldo de gols.

A segunda fase da Copa de 1974 não era composta por oitavas ou quartas de final em partidas eliminatórias (o famoso mata-mata), mas sim uma nova fase de grupos, que classificaria o vencedor para a final. Nessa fase, pelo Grupo B, a Iugoslávia acabou perdendo as três partidas: 2 x 0 para a Alemanha Ocidental, 2 x 1 para a Polônia e 2 x 1 para a Suécia. Acabou terminando a competição em 7º lugar.


(Imagem: Alamy)

● Ainda no vestiário, os jogadores receberam a visita de emissários do ditador Mobutu com uma ameaça: se sofressem quatro ou mais gols diante do Brasil, não voltariam vivos para casa. Felizmente, para os Leopardos, a derrota foi “apenas” por 3 a 0. O Zaire encerrou sua única participação na história das Copas com três derrotas em três jogos, nenhum gol marcado e 14 gols sofridos.

No retorno da delegação ao ao país africano, não havia ninguém para recebê-los no aeroporto de Kinshasa. A maioria dos atletas nunca mais voltaria à seleção. Nenhuma premiação prometida foi paga aos jogadores, que foram impedidos de jogar em clubes do exterior. Quase todos viveram o resto de suas vidas na pobreza. Pouco depois o governo parou de financiar o futebol do país. O Zaire nunca mais se classificou a uma Copa do Mundo.

Em nível de clubes, o país até tem certo destaque com o TP Mazembe, que é o segundo maior campeão da Champions Africana com cinco títulos e o vice-campeonato do Mundial de Clubes de 2010, quando eliminou o Internacional na semifinal.

Curiosamente, Rio Mavuba, jogador que defendeu a França na Copa de 2014, é filho de um dos jogadores daquela seleção do Zaire, Mafuila Mavuba, volante reserva. Filho de mãe angolana, Rio Mavuba era originalmente apátrida, pois nasceu em um bote em pleno alto mar, em águas internacionais, quando seus pais buscavam refúgio da Guerra Civil Angolana.

No histórico 7 x 1 da Alemanha sobre o Brasil, em 2014, a Seleção brasileira bateu um recorde negativo que pertencia ao Zaire em 1974. Os Leopardos haviam sofrido cinco gols nos primeiros 30 minutos. Os Canarinhos demoraram 29 minutos para sofrer o quinto gol.


(Imagem: Getty Images / FIFA)

FICHA TÉCNICA:

 

IUGOSLÁVIA 9 x 0 ZAIRE

 

Data: 18/06/1974

Horário: 19h30 locais

Estádio: Parkstadion

Público: 31.700

Cidade: Gelsenkirchen (Alemanha Ocidental)

Árbitro: Omar Delgado Gómez (Colômbia)

 

IUGOSLÁVIA (4-3-3):

ZAIRE (4-3-3):

1  Enver Marić (G)

1  Kazadi Mwamba (G)

2  Ivan Buljan

2  Mwepu Ilunga

5  Josip Katalinski

4  Bwanga Tshimen

6  Vladislav Bogićević

5  Lobilo Boba

3  Enver Hadžiabdić

3  Mwanza Mukombo

10 Jovan Aćimović

6  Kilasu Massamba

8  Branko Oblak

8  Mana Mamuwene

9  Ivica Šurjak

13 Ndaye Mulamba

7  Ilija Petković

9  Kembo Uba Kembo

19 Dušan Bajević

10 Kidumu Mantantu (C)

11 Dragan Džajić (C)

21 Kakoko Etepé

 

Técnico: Miljan Miljanić

Técnico: Blagoje Vidinić

 

SUPLENTES:

 

 

21 Ognjen Petrović (G)

12 Tubilandu Ndimbi (G)

22 Rizah Mešković (G)

22 Kalambay Otepa (G)

13 Miroslav Pavlović

16 Mwape Mialo

14 Luka Peruzović

11 Kabasu Babo

15 Kiril Dojčinovski

18 Mavuba Mafuila

4  Dražen Mužinić

15 Kibonge Mafu

16 Franjo Vladić

17 Kafula Ngoie

20 Vladimir Petrović

7  Kamunda Tshinabu

12 Jurica Jerković

19 Mbungu Ekofa

17 Danilo Popivoda

20 Jean Kalala N’Tumba

18 Stanislav Karasi

14 Mayanga Maku

 

GOLS:

8′ Dušan Bajević (IUG)

14′ Dragan Džajić (IUG)

18′ Ivica Šurjak (IUG)

22′ Josip Katalinski (IUG)

30′ Dušan Bajević (IUG)

35′ Vladislav Bogićević (IUG)

61′ Branko Oblak (IUG)

65′ Ilija Petković (IUG)

81′ Dušan Bajević (IUG)

 

CARTÃO AMARELO: 54′ Enver Hadžiabdić (IUG)

 

CARTÃO VERMELHO: 22′ Ndaye Mulamba (ZAI)

 

SUBSTITUIÇÕES:

21′ Kazadi Mwamba (ZAI) ↓

Tubilandu Ndimbi (ZAI) ↑

 

INTERVALO Kakoko Etepé (ZAI) ↓

Mayanga Maku (ZAI) ↑

Clique aqui para ver todos os gols da partida em português (Rede Globo):
https://globoesporte.globo.com/futebol/copa-do-mundo/video/em-1974-iugoslavia-goleia-o-zaire-por-9-a-0-na-copa-do-mundo-3485091.ghtml

… 16/06/2006 – Argentina 6 x 0 Sérvia e Montenegro

Três pontos sobre…
… 16/06/2006 – Argentina 6 x 0 Sérvia e Montenegro


(Imagem: UOL)

● A Argentina era um time forte, experiente, técnico, com muitas excelentes opções para a linha de frente: Hernán Crespo, Javier Saviola, Rodrigo Palacio, Julio Cruz, Carlitos Tévez e Lionel Messi.

Na primeira partida, a albiceleste havia vencido a estreante Costa do Marfim por 2 x 1. Sérvia e Montenegro tinha perdido para a Holanda por 1 x 0.

Como a FIFA considerava Sérvia e Montenegro a herdeira das estatísticas da antiga Iugoslávia, essa era a décima participação em Copas do Mundo.

Mas havia um péssimo ambiente interno. Sérvia e Montenegro se desmembraram em dois países distintos apenas treze dias antes da Copa. O país existiu com esse nome apenas de 04/02/2003 a 03/06/2006.

Apesar disso, a seleção havia chegado com moral na Copa, com uma defesa considerada entre as mais sólidas da Europa. Nas eliminatórias, sofreu apenas um gol em dez partidas. Mas, por lesão, não podiam contar com seu melhor zagueiro, Nemanja Vidić – que posteriormente se tornaria capitão e ídolo do Manchester United.

Havia uma pressão da torcida sérvia para que o técnico Ilija Petković convocasse o meia Dejan Petković (que não tinha nenhum parentesco com o treinador). Bastante conhecido no Brasil, “Pet” (como ainda hoje é carinhosamente chamado), estava em ótima fase pelo Fluminense. O próprio capitão da seleção, Savo Milošević, admitia que Pet poderia ter um lugar no time.

O técnico insistia que tinha um bom grupo e que não seria justo retirar alguém que fez parte do grupo que conquistou a classificação para a Copa para dar espaço a Pet. Mas ele teve a chance quando o atacante Mirko Vučinić precisou ser cortado por lesão. Vučinić era um dos dois montenegrinos do elenco – o outro era o goleiro Dragoslav Jevrić, que preferiu manter a cidadania sérvia após a cisão dos dois países.

Com o corte de Vučinić, o treinador convocou “D. Petković“. Muitos ligaram para Pet no Brasil para dar os parabéns, mas… não era ele! Era o zagueiro Dušan Petković, filho do técnico! Ele não era convocado desde 2004 e foi muito atacado pela mídia de seu país, tanto por terem considerado nepotismo quanto pelo fato de ter sido convocado um defensor para a vaga de um atacante.

O elenco se rebelou e Dušan Petković não aguentou a pressão, deixando a delegação antes de chegarem à Alemanha. “É muita pressão para mim, para meu pai e meus companheiros”, afirmou Dušan. Sua seleção acabou disputando a Copa com um jogador a menos.

No início das partidas, novo momento de constrangimento para os jogadores sérvio-montenegrinos. O hino tocado era o da fase comunista da antiga Iugoslávia, que não era cantado pelos jogadores e vaiado pela torcida.


Muito bem treinada por José Pekerman, a Argentina jogou no sistema 4-4-2 em losango, com Riquelme jogando como “enganche”.


A Sérvia e Montenego foi escalada no esquema 4-4-2, com duas linhas de quatro.

● Em Gelsenkirchen, a Argentina apresentou um espetáculo que ficou na memória.

O ataque argentino descobriu logo cedo a fórmula para se sobressair diante da defesa sérvia. Sem deixar o adversário respirar, abusou dos passes rápidos e movimentação constante, especialmente de Javier Saviola.

Logo aos seis minutos, o próprio Saviola avançou pela esquerda e rolou para o meio da área. Maxi Rodríguez bateu deslocando o goleiro Dragoslav Jevrić e abriu o placar.

O segundo gol saiu apenas aos 31′, em uma troca de passes envolvente que se tornou uma verdadeira obra de arte. A jogada começou com Maxi Rodríguez roubando a bola no campo defensivo. A bola passou por Cambiasso, Riquelme, Sorín, girou da direita para a esquerda e voltou da esquerda para a direita, até que Saviola tocou para Cambiasso, que deu de primeira para Hernán Crespo, que devolveu de calcanhar. Esteban Cambiasso mandou para o gol. Desde a roubada de bola até a conclusão, foram 26 passes precisos – um símbolo do estilo de jogo argentino. Foi um gol que, pela dinâmica e pela finalização, lembrou um pouco o último gol de Maradona em Copas, diante da Grécia, em 1994. 2 a 0.

Com uma marcação frágil no meio e uma defesa pesada, os sérvios foram colocados literalmente na roda pelas tabelas envolventes dos albicelestes.

Dez minutos depois, o terceiro. Com uma falta não marcada pelo árbitro italiano Roberto Rosetti, Saviola roubou a bola de Mladen Krstajić, entrou na área e chutou cruzado. Jevrić espalmou para o canto, mas Maxi Rodríguez apareceu na segunda trave e completou para o gol. A bola ainda bateu na trave e no pé do zagueiro Goran Gavrančić antes de entrar. 3 a 0.

Após virar o intervalo vencendo por 3 a 0, os hermanos tiraram o pé e diminuíram o ritmo na etapa final.

Mateja Kežman foi expulso aos 20′ da segunda etapa, facilitando mais ainda o controle de jogo argentino.


(Imagem: 90 min)

Aos 29 minutos do segundo tempo, pouca gente se deu conta de que estava ocorrendo um momento histórico no futebol. Com a camisa 19, foi esse o momento que Lionel Messi pisou no gramado da Arena AufSchalke, em Gelsenkirchen. Era sua estreia em Copas do Mundo. Com 18 anos, Messi já começava a ganhar espaço no excelente time titular do Barcelona, que havia conquistado a UEFA Champions League da temporada 2005/06. No ano seguinte já se tornaria protagonista e três anos mais tarde seria eleito o melhor jogador do mundo.

Três minutos depois de entrar, em sua primeira jogada, Messi driblou um adversário, foi até a linha de fundo e cruzou rasteiro da ponta esquerda. Crespo apareceu na segunda trave, se antecipou a um adversário e marcou. 4 a 0.

O quinto tento veio seis minutos depois. Riquelme lançou Carlitos Tévez, que passou a bola entre as pernas de Gavrančić, cortou a marcação de Igor Duljaj e tocou rasteiro na saída do goleiro Jevrić. 5 a 0.

O último prego no caixão servo-montenegrino foi aos 43′. Juan Román Riquelme tocou para Tévez, que tabelou com Crespo e recebeu de volta. Ele enxergou a infiltração de Messi e deu o passe na medida. Messi dominou e bateu cruzado de pé direito, marcando seu primeiro gol em Copas do Mundo.

Com esse placar esmagador, o status de favorito ficou ainda mais estampado na albiceleste.

Essa vitória igualou a maior goleada aplicada pela Argentina em Copas do Mundo (a maior até então havia sido o “famoso” 6 a 0 sobre o Peru na Copa de 1978).


(Imagem: Goal)

● Na sequência, a Argentina empatou sem gols com a Holanda e assegurou a liderança do Grupo C no saldo de gols. Nas oitavas de final, precisou de um golaço ouro de Maxi Rodríguez para eliminar o México na prorrogação de virada por 2 x 1. Nas quartas de final, depois de um jogo duríssimo diante da anfitriã Alemanha, acabou caindo na decisão por pênaltis por 4 x 2, após empate por 1 x 1 no tempo normal.

Por sua vez, a Sérvia e Montenegro perdeu para a Costa do Marfim por 3 x 2 e terminou com três derrotas em três jogos. Na classificação geral, foi a última dentre as 32º seleções do Mundial.

Após a Copa, cinco jogadores sérvios foram punidos pela federação do país por terem cometido alguma indisciplina durante a competição: Mateja Kežman, Ognjen Koroman, Danijel Ljuboja, Zvonimir Vukić e Albert Nađ. Este último até jogou contra a Costa do Marfim, mas os outros quatro foram criticados por terem deixado a Alemanha antes do restante da delegação.

Embora Dušan Petković nem tenha jogado, o caso dele é um dos raros em que um pai atuou por uma seleção e o filho por outra, já que Ilija Petković havia jogado pela Iugoslávia em 1974. Outro caso que envolve dissolução de países foi o de Vladimír Weiss, que jogou pela Tchecoslováquia em 1990 e seu filho, de mesmo nome, atuou pela Eslováquia em 2010. O último caso envolve imigração: Martín Ventolrá jogou a Copa de 1934 pela Espanha e seu filho, José Vantolrá, atuou pelo México em 1970.

O meia Dejan Stanković disputou três Copas do Mundo, por três países diferentes. Ele representou a Iugoslávia em 1998, a Sérvia e Montenegro em 2006 e a Sérvia em 2010.


(Imagem: Twitter @OptaJoe)

FICHA TÉCNICA:

 

ARGENTINA 6 x 0 SÉRVIA E MONTENEGRO

 

Data: 16/06/2006

Horário: 15h00 locais

Estádio: Arena AufSchalke (atual Veltins-Arena)

Público: 52.000

Cidade: Gelsenkirchen (Alemanha)

Árbitro: Roberto Rosetti (Itália)

 

ARGENTINA (4-3-1-2):

SÉRVIA E MONTENEGRO (4-4-2):

1  Roberto Abbondanzieri (G)

1  Dragoslav Jevrić (G)

21 Nicolás Burdisso

4  Igor Duljaj

2  Roberto Ayala

6  Goran Gavrančić

6  Gabriel Heinze

20 Mladen Krstajić

3  Juan Pablo Sorín (C)

15 Milan Dudić

8  Javier Mascherano

7  Ognjen Koroman

22 Lucho González

17 Albert Nađ

18 Maxi Rodríguez

10 Dejan Stanković

10 Juan Román Riquelme

11 Predrag Đorđević

7  Javier Saviola

9  Savo Milošević (C)

9  Hernán Crespo

8  Mateja Kežman

 

Técnico: José Pékerman

Técnico: Ilija Petković

 

SUPLENTES:

 

 

12 Leo Franco (G)

23 Vladimir Stojković (G)

23 Óscar Ustari (G)

12 Oliver Kovačević (G)

4  Fabricio Coloccini

14 Nenad Đorđević

17 Leandro Cufré

5  Nemanja Vidić

15 Gabriel Milito

16 Dušan Petković (cortado da
delegação)

13 Lionel Scaloni

3  Ivica Dragutinović

5  Esteban Cambiasso

13 Dušan Basta

16 Pablo Aimar

2  Ivan Ergić

19 Lionel Messi

18 Zvonimir Vukić

14 Rodrigo Palacio

22 Saša Ilić

11 Carlos Tevez

21 Danijel Ljuboja

20 Julio Cruz

19 Nikola Žigić

 

GOLS:

6′ Maxi Rodríguez (ARG)

31′ Esteban Cambiasso (ARG)

41′ Maxi Rodríguez (ARG)

78′ Hernán Crespo (ARG)

84′ Carlos Tevez (ARG)

88′ Lionel Messi (ARG)

 

CARTÕES AMARELOS:

7′ Ognjen Koroman (SER)

27′ Albert Nađ (SER)

36′ Hernán Crespo (ARG)

42′ Mladen Krstajić (SER)

 

CARTÃO VERMELHO:
65′ Mateja Kežman (SER)

 

SUBSTITUIÇÕES:

17′ Lucho González (ARG) ↓

Esteban Cambiasso (ARG) ↑

 

INTERVALO Albert Nađ (SER) ↓

Ivan Ergić (SER) ↑

 

50′ Ognjen Koroman (SER) ↓

Danijel Ljuboja (SER) ↑

 

59′ Javier Saviola (ARG) ↓

Carlos Tevez (ARG) ↑

 

70′ Savo Milošević (SER) ↓

Zvonimir Vukić (SER) ↑

 

75′ Maxi Rodríguez (ARG) ↓

Lionel Messi (ARG) ↑

Gols da partida:

… 13/06/1962 – Tchecoslováquia 3 x 1 Iugoslávia

Três pontos sobre…
… 13/06/1962 – Tchecoslováquia 3 x 1 Iugoslávia


Kadraba prepara o chute, em lance que antecedeu o primeiro gol da Tchecoslováquia (Imagem: Reprodução / FIFA)

● Muitas partidas tiveram poucos expectadores no Chile. Mas não foi pela falta de entusiasmo, mas de dinheiro, o que acabou afastando o público dos estádios. Não era possível adquirir o ingresso de um jogo só. A venda era feita em pacotes que eram muito caros. A solução encontrada pelo público local foi assistir de graça pelas TVs nas ruas.

Por isso, apenas 5.890 pessoas compareceram ao estádio Sousalito, em Viña del Mar, para assistir à semifinal entre Tchecoslováquia e Iugoslávia – curiosamente, dois países que não existem mais desde o início da década de 1990. Foi o menor público da Copa. No mesmo horário, a TV chilena transmitia ao vivo a outra semifinal, entre Brasil x Chile – que jogavam para 80 mil pessoas em Santiago. As duas semifinais foram jogadas simultaneamente.

A Iugoslávia chegava como favorita pelos bons resultados nas últimas competições oficiais. Havia conquistado a medalha de ouro dos Jogos Olímpicos de 1960, em Roma, além de ter sido vice-campeã da primeira Copa das Nações Europeias (atual Eurocopa), também em 1960, quando perdeu a final para a União Soviética apenas no segundo tempo da prorrogação. Os maiores destaques eram o ponta de lança e capitão Milan Galić, do Partizan, o forte centroavante Dražan Jerković, do Dinamo Zagreb e o ponta esquerda Josip Skoblar, do OFK Belgrado (que viria a ser um dos maiores nomes da história do Olympique de Marseille).

A Iugoslávia passou em segundo lugar do Grupo 1. Na estreia, perdeu para a URSS por 2 x 0. Depois, venceu o Uruguai por 3 x 1 e goleou a Colômbia por 5 x 0. Nas quartas de final, encontrou a Alemanha Ocidental pela terceira vez consecutiva. Nas duas primeiras vezes a Alemanha venceu: 2 x 0 em 1954 e 1 x 0 em 1958 – ambas com o gol decisivo sendo anotado por Helmut Rahn. Mas dessa vez Rahn não estava e Petar Radaković marcou um belo gol a cinco minutos do fim, o único gol da partida que levou os iugoslavos para a segunda semifinal de sua história em Copas o Mundo, a primeira desde 1930.

A Tchecoslováquia também se classificou na segunda posição de sua chave, o forte Grupo 3, com uma vitória (1 x 0 sobre a poderosa Espanha), um empate (0 x 0 com o Brasil, com Pelé se lesionando durante o jogo) e uma derrota (3 x 1 para o México, na primeira vitória dos astecas em Copas). Nas quartas de final, vitória sobre o bom time da Hungria por 1 x 0.

Curiosamente, as quartas de final da Copa de 1962 foram tão equilibradas que, dos quatro vencedores dos grupos da primeira fase, só o Brasil passou para as semifinais. Além da derrota da Alemanha Ocidental para a Iugoslávia e da Hungria para a Tchecoslováquia, a União Soviética também perdeu para o Chile por 2 a 1.


A Tchecoslováquia jogava no esquema 4-2-4


A Iugoslávia foi escalada no sistema tático W-M

● O jogo começou acelerado e duro, com muitas faltas e jogadas com uma virilidade desnecessária. Percebendo que a partida descambava para a violência, o árbitro suíço Gottfried Dienst paralisou a partida aos dez minutos de jogo, chamou todos os 22 jogadores e deu uma advertência formal e generalizada: a próxima falta mais pesada resultaria em expulsão. Essa conversa fez bem e os dois times começaram a se preocupar mais com o futebol.

Mas o primeiro tempo foi fraco tecnicamente, não sendo criada nenhuma chance clara ou remota de gol. E o placar permaneceu zerado até o intervalo. O segundo tempo seria melhor.

Logo no terceiro minuto, Milan Galić perdeu a bola na meia direita. Andrej Kvašňák deu um passe vertical para Tomáš Pospíchal. Ele entrou em velocidade pelo meio e deixou com Adolf Scherer, que se livrou da marcação e, de perna esquerda, abriu na ponta direita. Na linha de fundo, Jan Lála deu um chapéu em um adversário e cortou para dentro. Josef Kadraba chegou chutando cruzado, o goleiro Milutin Šoškić espalmou para frente e o próprio Kadraba mergulhou para emendar de cabeça para o gol. Tchecoslováquia, 1 a 0.

Depois desse gol, os tchecos passaram a jogar de forma mais defensiva. E os iugoslavos pressionaram sem cessar nos vinte minutos seguintes. Seguro, o goleiro tcheco Viliam Schrojf estava tendo uma exibição irretocável até aquele momento.

Da linha central, Vladica Popović fez um lançamento longo para a área tcheca. Milan Galić escorou de cabeça e Josip Skoblar chutou de primeira. Viliam Schrojf espalmou para o lado e a defesa afastou o perigo.


Jerković sobre mais que o goleiro Schrojf para empatar o jogo (Imagem: Reprodução / FIFA)

Pouco depois, aos 24 minutos, novo lançamento longo, dessa vez de Petar Radaković. Schrojf saiu mal do gol. Jerković ganhou da marcação, se antecipou ao goleiro e só deu uma “casquinha” na bola para desviar do goleiro e empatar o jogo. De bicicleta, Ján Popluhár tentou evitar o gol, mas só conseguiu rasgar a rede – que foi remendada às pressas. Com cinco gols marcados, Dražan Jerković terminaria a Copa como artilheiro.

A correria em busca do empate custou caro, os iugoslavos estavam esgotados fisicamente e não tiveram forças para evitar dois contra-ataques fatais.

A dez minutos do fim, o capitão tcheco Ladislav Novák retomou a bola em seu campo de defesa e fez um lançamento longo. Masopust avançou, atraiu a marcação e tocou na medida para Scherer aparecer livre, dominar e bater por baixo do goleiro Šoškić. 2 a 1.

Logo depois do gol, um cachorro entrou no gramado pelo meio de campo e correu até a linha de fundo, saindo por lá mesmo. Outra cena bastante comum nos gramados do Chile durante o Mundial.

Tentando prender a bola no campo de ataque, os tchecos acabaram conseguindo o terceiro gol.

A seis minutos do apito final, Pospíchal tabelou com Scherer e invadiu a área pela direita. Vlatko Marković pulou, perdeu o tempo de bola e tocou com a mão dentro da área. Pênalti, que Scherer bateu com segurança, no canto esquerdo do goleiro, que nem se mexeu.


Scherer toca por baixo do goleiro Šoškić para fazer o segundo gol tcheco (Imagem: Reprodução / FIFA)

● Na decisão do 3º lugar, a Iugoslávia foi derrotada pelo anfitrião Chile com um gol no último minuto da partida, marcado por Eladio Rojas.

Na final da Copa, a Tchecoslováquia chegou a sair na frente com um gol de Josef Masopust, mas a Seleção Brasileira virou o jogo, com gols de Amarildo, Zito e Vavá, para conquistar o bicampeonato mundial. Assim, a Tchecoslováquia se tornava vice-campeã pela segunda vez em uma Copa do Mundo (1934 e 1962).


Scherer se prepara para bater o pênalti, que seria o terceiro gol tcheco (Imagem: Reprodução / FIFA)

FICHA TÉCNICA:

 

TCHECOSLOVÁQUIA 3 x 1 IUGOSLÁVIA

 

Data: 13/06/1962

Horário: 14h30 locais

Estádio: Sousalito

Público: 5.890

Cidade: Viña del Mar (Chile)

Árbitro: Gottfried Dienst (Suíça)

 

TCHECOSLOVÁQUIA (4-2-4):

IUGOSLÁVIA (W-M):

1  Viliam Schrojf (G)

1  Milutin Šoškić (G)

2  Jan Lála

2  Vladimir Durković

5  Svatopluk Pluskal

5  Vlatko Marković

3  Ján Popluhár

3  Fahrudin Jusufi

4  Ladislav Novák (C)

4  Petar Radaković

19 Andrej Kvašňák

6  Vladica Popović

6  Josef Masopust

14 Vasilije Šijaković

17 Tomáš Pospíchal

8  Dragoslav Šekularac

8  Adolf Scherer

9  Dražan Jerković

18 Josef Kadraba

10 Milan Galić (C)

11 Josef Jelínek

11 Josip Skoblar

 

Técnico: Rudolf Vytlačil

Técnicos: Ljubomir Lovrić / Prvoslav Mihajlović

 

SUPLENTES:

 

 

22 Pavel Kouba (G)

12 Srboljub Krivokuća (G)

21 Jozef Bomba

19 Mirko Stojanović (G)

12 Jiří Tichý

13 Slavko Svinjarević

13 František Schmucker

15 Željko Matuš

15 Vladimír Kos

20 Žarko Nikolić

16 Titus Buberník

17 Vojislav Melić

7  Jozef Štibrányi

7  Andrija Anković

9  Pavol Molnár

21 Nikola Stipić

20 Jaroslav Borovička

16 Muhamed Mujić

10 Jozef Adamec

18 Vladica Kovačević

14 Václav Mašek

22 Aleksandar Ivoš

 

GOLS:

48′ Josef Kadraba (TCH)

69′ Dražan Jerković (IUG)

80′ Adolf Scherer (TCH)

84′ Adolf Scherer (TCH) (pen)

Melhores momentos da partida:


Membro da comissão organizadora conserta a rede após o lance do gol iugoslavo (Imagem: Reprodução / FIFA)

… 10/06/1990 – Alemanha Ocidental 4 x 1 Iugoslávia

Três pontos sobre…
… 10/06/1990 – Alemanha Ocidental 4 x 1 Iugoslávia


Seleção alemã na partida de estreia (Imagem: Impromptuinc)

● A Alemanha Ocidental vinha de duas derrotas em finais de Copa do Mundo. Em 1982, perdeu para a Itália por 3 x 1. Em 1986, foi derrotada pela Argentina de Diego Maradona por 3 x 2. Agora, em 1990, era um time muito mais forte e pronto para conquistar o seu terceiro título mundial.

O técnico ainda era Franz Beckenbauer, que mesclava experiência e juventude. Se o Kaiser já não podia mais contar com Harald Schumacher, Hans-Peter Briegel e Karl-Heinz Rummenigge, ainda mantinha na equipe os experientes Pierre Littbarski, Lothar Matthäus, Guido Buchwald, Andreas Brehme, Thomas Berthold e Rudi Völler. E a nova geração alemã era ainda mais talentosa, com os jovens Jürgen Klinsmann, Thomas Häßler, Andreas Möller, Stefan Reuter e Jürgen Kohler.

Era um time forte fisicamente, rápido, homogêneo e de alto nível técnico. Era praticamente perfeita em todos os setores do campo, a começar pelo gol, onde Bodo Illgner estava em seu auge. Era muito bem protegido por uma defesa compacta, liderada pelo experiente líbero Klaus Augenthaler. Na ala esquerda, Brehme era fundamental no time na marcação e no constante apoio. No meio campo, o capitão Matthäus fazia de tudo: destruía, criava e finalizava. Com habilidade e velocidade, o baixinho Häßler infernizava as defesas. E a dupla de ataque costumava fazer os gols. Völler mantinha a tradição do centroavante alemão forte e brigador, enquanto Klinsmann era rápido, oportunista, talentoso e matador.

A Alemanha Ocidental claramente era favorita no Grupo D. Mas teve em sua estreia um adversário que tinha tudo para fazer uma boa campanha.


Seleção iugoslava no primeiro jogo da Copa (Imagem: Impromptuinc)

● Se não estava entre as principais cotadas para o título, a Iugoslávia era apontada por muitos como a possível maior surpresa do Mundial.

A Copa de 1990 foi o “canto do cisne” da seleção iugoslava. Um time forte, com jogadores de altíssimo nível.

O craque era o temperamental e criativo meia Dragan Stojković. No auge de seus 25 anos, Stojković era considerado um dos melhores jogadores de toda a Europa. Tinha acabado de ser vendido pelo Estrela Vermelha ao Olympique de Marselha por US$ 10 milhões, em uma acirrada disputa com outros grandes clubes europeus.

Outro grande destaque do time era Srečko Katanec, da Sampdoria. Ele era um “faz tudo”. Mal comparando, era uma espécie de “Matthäus iugoslavo“: ajudava a defesa, marcava no meio, apoiava o ataque e marcava seus gols – a maioria de cabeça.

As principais ausências foram por motivo de indisciplina ou rebeldia. O meia Mehmed Baždarević foi suspenso por um ano após cuspir no rosto do árbitro em um jogo contra a Noruega pelas eliminatórias. O também meia Zvonimir Boban foi um dos principais personagens em uma briga campal entre os ultras do Estrela Vermelha (sérvio) e o seu Dinamo Zagreb (croata) que ocorreu um mês antes do Mundial. Boban deu uma voadora em um policial sérvio que estava agredindo um torcedor croata. O atleta foi punido pela federação iugoslava e acabou ficando fora da Copa.

Mesmo sem Boban, o elenco dos Plavi (azuis, em sérvio) contava com outros quatro campeões do Mundial Sub-20 de 1987: Dragoje Leković, Robert Jarni, Robert Prosinečki e Davor Šuker.

Essa seleção era a cara daquela Iugoslávia. Embora os sérvios sempre tivessem a supremacia política do país, isso não se refletia no futebol. Os croatas e bósnios eram maioria. Eram oito croatas (Ivković, Jozić, Vulić, Panadić, Bokšić, Jarni, Prosinečki e Šuker – sendo que os três últimos representaram a Croácia na Copa de 1998); cinco nascidos na Bósnia e Herzegovina (Omerović, Hadžibegić, Baljić, Sušić e Vujović – o capitão do time); três eram sérvios (Spasić, Leković e Stojković – sendo que os dois últimos jogaram pela Iugoslávia em 1998); três eram de Montenegro (Brnović, Šabanadžović e Savićević – apenas este último jogou pela Iugoslávia em 1998); dois da Macedônia do Norte (Stanojković e Pančev) e um da Eslovênia (Katanec). Uma verdadeira salada étnica.


O Kaiser Franz Beckenbauer escalou sua equipe no sistema 3-5-2.


O técnico Ivica Osim – um adepto de equipes rápidas e técnicas – também mandou seu time a campo no 3-5-2.

● Se a Alemanha Ocidental teve o melhor ataque da Copa de 1990, tudo começou diante da Iugoslávia, quando os alemães mostraram um poder de fogo incomum. De todos os considerados favoritos, a Nationalelf foi quem mais impressionou. Com tabelas rápidas pelo meio e o constante apoio de Brehme pela esquerda, os teutônicos envolveram os iugoslavos o tempo todo.

O placar foi aberto aos 28 minutos de jogo. Matthäus recebeu de Reuter próximo à meia lua, limpou a marcação de Davor Jozić e bateu de pé esquerdo. A bola entrou no cantinho direito do goleiro Tomislav Ivković.

Aos 39′, Brehme cruzou da esquerda para a pequena área. Klinsmann voou para mergulhar e deu uma casquinha na bola, que entrou no canto esquerdo. 2 a 0.

Aos 10′ do segundo tempo, a Iugoslávia deu sinal de reação ao diminuir o placar. Stojković ergueu a bola na área e Jozić desviou de cabeça. A bola foi no ângulo direito, sem chances para o goleiro Illgner.

Mas a Alemanha tratou de matar o jogo dez minutos depois. Matthäus recebeu a bola na intermediária, avançou pelo meio, deixou Jozić no chão, ajeitou o corpo e bateu rasteiro de fora da área, no canto direito do goleiro.

Com dois gols em chutes de fora da área, Matthäus já despontava como o craque da Copa.

A goleada se foi completada seis minutos depois. Na ponta esquerda, Brehme puxou para o meio, invadiu a área e bateu de direita. Ivković não conseguiu segurar e soltou a bola no pé de Ruud Völler, que se esticou para dividir com o goleiro e mandar para o gol.


Klinsmann mergulha e marca o segundo gol alemão (Imagem: Impromptuinc)

● Na segunda partida, a Iugoslávia venceu por 1 x 0 o confronto direto com a Colômbia de René Higuita, Carlos Valderrama e Freddy Rincón. No terceiro jogo, goleada sobre os Emirados Árabes Unidos por 4 x 1. Nas oitavas, venceu a Espanha por 2 x 1. Nas quartas de final, após empate sem gols, parou nas mãos de Sergio Goycochea, o tapa penales, que defendeu duas cobranças na decisão por pênaltis que a Argentina venceu por 3 a 2.

Na sequência da primeira fase, a Alemanha goleou os Emirados Árabes Unidos por 5 x 1. Na derradeira partida, empatou com a Colômbia por 1 x 1. O primeiro lugar do Grupo D trouxe aos alemães mais ônus do que bônus. Nas oitavas de final, uma batalha épica e vitória sobre a poderosa Holanda – de Ronald Koeman, Frank Rijkaard, Ruud Gullit e Marco van Basten – por 2 x 1. Nas quartas, vitória magra por 1 x 0 sobre o bom time da Tchecoslováquia. Nas semifinais, empate por 1 x 1 com a Inglaterra e vitória nos pênaltis por 4 a 3. Na decisão, um pênalti polêmico convertido por Brehme trouxe o terceiro título mundial para os alemães, diante da Argentina de Diego Maradona.


Völler se estica e faz o quarto gol alemão (Imagem: Impromptuinc)

FICHA TÉCNICA:

 

ALEMANHA OCIDENTAL 4 x 1 IUGOSLÁVIA

 

Data: 10/07/1990

Horário: 21h00 locais

Estádio: Giuseppe Meazza / San Siro

Público: 74.765

Cidade: Milão (Itália)

Árbitro: Peter Mikkelsen (Dinamarca)

 

ALEMANHA OCIDENTAL (3-5-2):

IUGOSLÁVIA (3-5-2):

1  Bodo Illgner (G)

1  Tomislav Ivković (G)

14 Thomas Berthold

d 6  Davor Jozić

5  Klaus Augenthaler

4  Zoran Vulić

6  Guido Buchwald

3  Predrag Spasić

2  Stefan Reuter

5  Faruk Hadžibegić

8  Thomas Häßler

18 Mirsad Baljić

10 Lothar Matthäus (C)

13 Srečko Katanec

15 Uwe Bein

10 Dragan Stojković

3  Andreas Brehme

8  Safet Sušić

9  Rudi Völler

19 Dejan Savićević

18 Jürgen Klinsmann

11 Zlatko Vujović (C)

 

Técnico: Franz Beckenbauer

Técnico: Ivica Osim

 

SUPLENTES:

 

 

12 Raimond Aumann (G)

12 Fahrudin Omerović (G)

22 Andreas Köpke (G)

22 Dragoje Leković (G)

4  Jürgen Kohler

2  Vujadin Stanojković

16 Paul Steiner

21 Andrej Panadić

19 Hans Pflügler

17 Robert Jarni

20 Olaf Thon

16 Refik Šabanadžović

21 Günter Hermann

7  Dragoljub Brnović

17 Andreas Möller

15 Robert Prosinečki

11 Frank Mill

14 Alen Bokšić

7  Pierre Littbarski

20 Davor Šuker

13 Karl-Heinz Riedle

9  Darko Pančev

 

GOLS:

28′ Lothar Matthäus (ALE)

39′ Jürgen Klinsmann (ALE)

64′ Lothar Matthäus (ALE)

70′ Rudi Völler (ALE)

 

CARTÃO AMARELO:
5′
Andreas Brehme (ALE)

 

SUBSTITUIÇÕES:

55′ Safet Sušić (IUG) ↓

Dragoljub Brnović (IUG) ↑

 

55′ Dejan Savićević (IUG) ↓

Robert Prosinečki (IUG) ↑

 

74′ Thomas Häßler (ALE) ↓

Andreas Möller (ALE) ↑

 

74′ Uwe Bein (ALE) ↓

Pierre Littbarski (ALE) ↑

Gols da partida:

… 17/07/1930 – Iugoslávia 4 x 0 Bolívia

Três pontos sobre…
… 17/07/1930 – Iugoslávia 4 x 0 Bolívia


(Imagem: Mantos do Futebol)

● Três dias antes, a Iugoslávia tinha vencido por 2 a 1 o “amontoado” de jogadores cariocas, que representavam a Seleção Brasileira na primeira Copa do Mundo. Assim, só precisava vencer a Bolívia na segunda rodada para garantir a classificação para as semifinais.

Antes da partida, a Bolívia tentou ganhar a simpatia e o apoio da torcida uruguaia. Cada jogador trazia uma letra gigante costurada na camisa e quando fizessem a formação do time para a clássica foto antes do jogo, seria escrita a frase “Viva Uruguay”. A ideia era que os quatro atletas agachados formassem a palavra “VIVA” e os sete dispostos em pé formassem “URUGUAY”.

Todavia, no momento de entrar em campo, um dos três que portavam a letra “U” teve uma indisposição gástrica e ficou um tempo a mais no vestiário.

Mesmo assim a foto foi tirada, mostrando seis bolivianos em pé e a palavra “URUGAY. Na época, foi um fato pitoresco. Se fosse atualmente, talvez aquele “gay” resultasse em um incidente diplomático.

Pouco depois foi feita a fotografia com a formação completa.


Nos anos 1930, todas as equipes atuavam no ofensivo sistema “clássico” ou “pirâmide”, o 2-3-5.

● Apesar da gafe, a Bolívia começou bem a partida, resistindo à qualidade do ataque da Iugoslávia. Mas, no final do primeiro tempo, com a partida ainda empatada sem gols, o ponta direita Gumersindo Gómez, o melhor do time, fraturou a perna direita.

Jogando toda a segunda etapa com dez, os sul-americanos foram massacrados. Além de sofrerem quatro gols, ainda viram a bola bater quatro vezes em suas traves.

Aos 15 minutos, Ivan Bek fez o primeiro. Aos 20′, Blagoje Marjanović ampliou. Dois minutos depois, Bek fez seu segundo no jogo e o terceiro dos europeus. O placar foi fechado a cinco minutos do fim, com gol de Đorđe Vujadinović.


(Imagem: Mantos do Futebol)

● Três dias depois, a Bolívia perdeu para o Brasil por 4 a 0 e morreram abraçados. A Iugoslávia, que já havia vencido o Brasil por 2 a 1, se classificou para as semifinais, mas foi goleada pelos anfitriões uruguaios por 6 a 1. Não houve disputa pelo 3º lugar e Iugoslávia e Estados Unidos dividiram essa colocação.

Curiosamente, o técnico da seleção boliviana, Ulises Saucedo (que era treinador na Inglaterra) também trabalhou árbitro na Copa. Ele apitou Argentina 6 x 3 México. Outro técnico, Constantin “Costel”, da Romênia, foi bandeirinha na mesma partida e também no jogo entre Argentina 1 x 0 França.


(Imagem: Mantos do Futebol)

FICHA TÉCNICA:

 

IUGOSLÁVIA 4 x 0 BOLÍVIA

 

Data: 17/07/1930

Horário: 12h45 locais

Estádio: Parque Central

Público: 18.306

Cidade: Montevidéu (Uruguai)

Árbitro: Francisco Mateucci (Uruguai)

 

IUGOSLÁVIA (2-3-5):

BOLÍVIA (2-3-5):

Milovan Jakšić (G)

Jesús Bermúdez (G)

Milutin Ivković (C)

Casiano José Chavarría

Dragan Mihajlović

Segundo Durandal

Milorad Arsenijević

Diógenes Lara

Ljubiša Stefanović

Jorge Luis Valderrama

Momčilo Đokić

Juan Argote

Aleksandar Tirnanić

Gumersindo Gómez

Blagoje Marjanović

José Bustamante

Ivan Bek

Mario Alborta

Đorđe Vujadinović

Rafael Méndez (C)

Dragutin Najdanović

René Fernández

 

Técnico: Boško Simonović

Técnico: Ulises Saucedo

 

SUPLENTES:

 

 

Milan Stojanović (G)

Miguel Murillo (G)

Dušan Marković

Luis Reyes Peñaranda

Dragomir Tošić

Renato Sáinz

Teofilo Spasojević

Miguel Brito

Branislav Hrnjiček

Constantino Noya

Branislav Sekulić

Eduardo Reyes Ortíz

 

GOLS:

60′ Ivan Bek (IUG)

65′ Blagoje Marjanović (IUG)

67′ Ivan Bek (IUG)

85′ Đorđe Vujadinović (IUG)

Imagens da partida:

… Estrela Vermelha, campeão do mundo em 1991

Três pontos sobre…
… Estrela Vermelha, campeão do mundo em 1991


(Imagem localizada no Google)

● Hoje o título mundial do Estrela Vermelha, da antiga Iugoslávia, completa mais um aniversário. O único título da Copa Intercontinental conquistado pelo Leste Europeu.

Na verdade, Estrela Vermelha e Colo Colo eram duas zebras. Na América do Sul, o mais forte naquele ano era o Boca Juniors, que sucumbiu nas semifinais ao poder do “Cacique” (apelido do Colo Colo). O então campeão Olimpia também não foi páreo e o Colo Colo de 1991 se tornou o primeiro (e até hoje único) time chileno a vencer a Copa Libertadores da América.

Já o Estrela Vermelha (Crvena Zvezda, no idioma local) era uma equipe excelente, mas jamais seria a favorita para vencer a Copa dos Clubes Campeões Europeus (atual UEFA Champions League). No Velho Continente, quem mandava era o Milan (último bicampeão do torneio 1989/90 e 1990/91). O Napoli (de Maradona), o Real Madrid e o Spartak Moscou eram muito fortes. Mas tudo estava preparado para o primeiro título europeu do Olympique de Marseille. O time francês vinha atropelando todos os adversários (bateu até o temido Milan). O Estrela Vermelha tinha uma campanha mais modesta, mas sem maiores sustos.

Na decisão, o Estrela enfrentaria seu maior ídolo, que tinha se mudado nesta temporada para o próprio Marseille: Dragan Stojković. O meia saiu do banco já na prorrogação, mas nada pôde (ou não quis) fazer. Na decisão, um empate sem gols levou a decisão para os pênaltis. Dizem as más línguas que Stojković se recusou a bater. Logo na primeira cobrança do OM, o excelente Manuel Amoros perdeu. Ninguém mais errou e o time iugoslavo se tornou campeão da Copa dos Campeões de 1991. Destaque para o zagueiro romeno Miodrag Belodedici, que converteu um dos pênaltis. Ele se tornou o primeiro jogador a vencer o maior torneio da Europa por dois clubes diferentes. Mas o caso de Belodedici é muito mais especial, pois ele venceu a competição também pelo Steaua Bucareste em 1986, ou seja, ainda é o único a vencer por dois clubes do Leste Europeu – curiosamente, ambas conquistas na decisão por pênaltis (marca que dificilmente será batida em um futuro próximo).


(Imagem: Imortais do Futebol)

● Assim, dia 08/12/1991, se enfrentaram no Estádio Nacional, de Tóquio, Estrela Vermelha x Colo Colo. O clube sul-americano era curiosamente treinado por um Iugoslavo: Mirko Jozić. Aos 19 minutos de jogo, o craque Vladimir Jugović tirou o zero do marcador. No fim do primeiro tempo, Dejan Savićević é expulso. Mesmo com um a menos, o time europeu continuou a dominar o jogo, se materializando em gols com o mesmo Jugović no 13º minuto da etapa complementar e com o centro-avante Darko Pančev no minuto 27.

Com o 3 a 0, o mundo era vermelho. O Estrela Vermelha era campeão europeu e mundial, eternizando no Olimpo do futebol o clube e craques como Stevan Stojanović, Miodrag Belodedici, Siniša Mihajlović, Vladimir Jugović, Robert Prosinečki, Dejan Savićević e Darko Pančev.

● No ano seguinte, a Iugoslávia começou a se esfacelar em múltiplas nações e o próprio sucesso de seu maior clube fez com que aumentasse o êxodo dessas figuras históricas. Nunca mais nenhum clube da Europa Oriental chegou à decisão da UEFA Champions League. Mas fica a história de uma equipe espetacular, que dominou o ano de 1991.

… Zvonimir Boban: o guerreiro croata

Três pontos sobre…
… Zvonimir Boban: o guerreiro croata

● Está fazendo aniversário hoje um dos maiores craques recentes do Leste Europeu, o croata Zvonimir Boban. Nascido na antiga Iugoslávia, começou sua carreira no Dinamo Zagreb (IUG), passando pelo Bari (ITA), Milan (ITA) e encerrando no Celta de Vigo (ESP). No Milan, venceu, dentre outros títulos, quatro scudetti (campeonatos italianos) e a UEFA Champions League de 1994. Boban foi titular na final da UCL contra o Barcelona de Romário e Hristo Stoichkov, na qual o Milan venceu os catalães por incisivos 4 x 0.

● Por seleções, Boban foi campeão mundial sub-20 com a Iugoslávia, em um time que tinha, dentre outros destaques, Robert Jarni, Igor Stimac, Robert Prosinecki, Davor Suker e Pedrag Mijatovic, inclusive eliminando o Brasil nas quartas de final. Pela seleção principal, jogou 7 jogos pela Iugoslávia e 51 pela Croácia, após a independência desta. Com a camisa quadriculada, disputou a Euro de 1996 e a Copa de 1998, na qual a Croácia foi 3º lugar e Boban foi um dos destaques individuais.

● No meio do confronto separatista, em 1990, em um jogo em casa entre o poderoso Estrela Vermelha (sérvio) e o seu Dinamo Zagreb (croata), os ultras dos dois lados começaram a se atacar fora do estádio e a rixa continuou na hora do jogo. Os sérvios, conduzidos pelo ultranacionalista Arkan, começou a provocar os croatas, ameaçando-os de morte e atirando bancos e facas nos adversários. os torcedores locais também protestavam, clamando inflamados pela independência de sua nação. Parte da torcida, mais rebelde, derreteu com ácido as grades do alambrado e começou uma batalha campal entre os ultras dos dois lados. A polícia, para variar, partiu para uma violência sem igual apenas contra os croatas, praticamente auxiliando aos sérvios no massacre. Boban, vendo um torcedor croata sendo agredido, deu uma voadora em um policial. Apanhou bastante, mas foi protegido por sua torcida. Esse episódio o fez perder a Copa de 1990 pela Iugoslávia, pois foi suspenso por seis meses pela federação. Boban virou um dos heróis da independência croata. Certa vez, declarou sobre o eposódio: “Aqui estava eu, um cara público, preparado para arriscar minha vida, minha carreira, e tudo o que a fama poderia ter trazido, por causa de um ideal”.


(Imagem localizada no Google)