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… 11/06/1978 – Escócia 3 x 2 Holanda

Três pontos sobre…
… 11/06/1978 – Escócia 3 x 2 Holanda


Da esquerda para a direita: Hartford, Donachie, Buchan, Forsyth, Jordan, Souness, Dalglish, Gemmill, Kennedy, Rough e Rioch. (Imagem: Colorsport / Shutterstock / The Guardian)

● A seleção da Escócia viajou à Argentina numa onda exagerada de otimismo. Deixou boa impressão em 1974, quando terminou invicta e foi eliminada pela Seleção Brasileira apenas no saldo de gols. Era apontada pelo presidente da FIFA, o brasileiro João Havelange, como uma das possíveis finalistas.

O técnico Ally MacLeod tinha bons jogadores que eram destaques no futebol inglês, como Joe Jordan (Leeds United), Kenny Dalglish (Liverpool) e Graeme Souness (que chegaria ao Liverpool depois da Copa para se tornar uma lenda).

O nacionalismo escocês estava aceso como poucas vezes no século XX e o maior pecado do time foi o excesso de autoconfiança.

Contra o Peru, na estreia, a Escócia abriu o placar e sofreu a virada por 3 a 1. Para piorar, o ponta de lança Willie Johnston foi pego no teste antidoping, que acusou a presença do estimulante proibido fencamfamina.

No empate por 1 x 1 diante do Irã, a Escócia entrou bem diferente. A confiança havia desaparecido e a Escócia acabou não marcando nem seu próprio gol (foi de Andranik Eskandarian, contra).

Por tudo isso, o jogo contra a Holanda, em Mendoza, seria decisivo às pretensões dos escoceses. O treinador fez alterações decisivas no time. O capitão Bruce Rioch voltou ao time e o meia Graeme Souness foi titular pela primeira vez na competição.

Para passar de fase pela primeira vez em uma Copa do Mundo, a Escócia teria que vencer a Holanda por três gols de diferença.


(Imagem: Pinterest)

● A poderosa Holanda não contava mais com o genial Johan Cruijff e nem com o técnico Rinus Michels. Mas a base ainda era a mesma. Todos os titulares haviam estado no Mundial anterior, com destaque para o novo capitão Ruud Krol, Wim Jansen, Arie Haan, Johan Neeskens, Johnny Rep e Rob Rensenbrink, que seria a maior estrela do time na ausência de Cruijff. O treinador agora era Ernst Happel, austríaco linha dura.

A principal ausência, além de Cruijff, foi Willem van Hanegem. A duas semanas do Mundial, o jogador fez um ultimato a Happel: ou lhe garantia seu lugar no onze inicial, ou deixaria o grupo. O treinador não garantiu a titularidade e o meia deixou a delegação holandesa.

Na estreia, os holandeses venceram o Irã por 3 x 0 no “piloto automático”, sem a menor vontade e esforço. Na segunda partida, o empate sem gols com o bom time do Peru ficou de bom tamanho. Bastava segurar a Escócia para se classificar.


A Escócia jogava no 4-3-3, com Graeme Souness como responsável pela armação.


A Holanda atuou no 4-3-3, com Ruud Krol como líbero, tendo liberdade para avançar e iniciar as jogadas.

● Graeme Souness era o grande líder dos escoceses no meio de campo, sendo o responsável pela criação das jogadas mais perigosas. Em uma delas, cruzou da direita e Rioch apareceu livre na pequena área, mas cabeceou na trave.

Ficava cada vez mais incompreensível a ausência de Souness nos jogos anteriores.

Aos 10′, Rioch cobrou uma falta de esquerda com força, mas ficou na barreira. A bola sobrou para Archie Gemmill e Johan Neeskens foi disputá-la com um carrinho. O holandês levou a pior. Ele já vinha sofrendo com problemas físicos e teve que sair para dar lugar a Johan Boskamp. A Holanda perdia seu cérebro no meio de campo logo no princípio.

O primeiro tempo foi mais amarrado. A Escócia tentava o ataque sem conseguir abrir o placar e a Holanda não conseguia criar, principalmente devido à ausência de Neeskens e pela ótima marcação escocesa sobre Rob Rensenbrink.

Aos 33′, Johnny Rep avançou sozinho e foi derrubado dentro da área por Stuart Kennedy. O árbitro austríaco Erich Linemayr apontou a penalidade. Rob Rensenbrink assumiu a responsabilidade e bateu com segurança, rasteiro, no canto direito do goleiro Alan Rough – que até acertou o canto, mas não conseguiu pegar.

Com esse pênalti, Rob Rensenbrink marcou o milésimo gol da história das Copas.

Após o gol, a Holanda conseguia se organizar melhor. Por duas vezes o goleiro Rough precisou sair do gol para dividir com Rep e evitar o segundo tento holandês.

Mas a Escócia não se intimidava. Gemmill criava as jogadas mais incisivas e era parado de qualquer forma – na bola ou na pancada.

Kenny Dalglish chegou a marcar um golaço, com um toquinho por cobertura sobre o goleiro, mas o juiz anulou por uma suposta falta do atacante em um defensor holandês.

Mas Dalglish não se deu por vencido e empatou um minuto antes do intervalo. Após cruzamento da esquerda, a defesa holandesa tirou e a bola sobrou para Souness. Ele cruzou da esquerda para a segunda trave, Jordan fez o pivô e escorou de cabeça para o meio e Dalglish, sozinho, acertou um voleio no ângulo esquerdo. Um belo gol.

A virada da Tartan Army veio logo no primeiro minuto do segundo tempo. Souness foi derrubado na área. Gemmill bateu fraco e rasteiro no canto esquerdo. O goleiro Jan Jongbloed foi na bola, mas não conseguiu pegar.

Aos 23′, Dalglish ficou na marcação de dois adversários. Gemmill pegou o rebote pela direita, escapou do carrinho de Wim Jansen, driblou Ruud Krol, passou a bola entre as pernas de Jan Poortvliet e, do bico da pequena área, tocou por cima do goleiro Jongbloed. Um verdadeiro golaço.

A Escócia começou a acreditar e partiu para cima. Como o placar estava 3 x 1, os britânicos precisavam apenas de mais um gol para conseguirem o milagre da classificação.

Mas não foi o que aconteceu. Aos 26′, Johnny Rep matou as esperanças dos escoceses. Ele recebeu de Krol e chutou de longe, acertando o ângulo direito do goleiro Rough, que chegou a tocar na bola, mas não impediu o gol.

A Holanda garantia a classificação em segundo lugar do Grupo 4, atrás do Peru, contrariando os prognósticos.


(Imagem: bleacherreport.com)

● Os escoceses estavam eliminados, mas caíram de cabeça erguida. Até hoje a Escócia nunca passou de fase em uma Copa do Mundo.

Pelo Grupo A da segunda fase, a Holanda lembrou um pouco o já distante “Carrossel Holandês” e goleou a Áustria por 5 x 1. Na sequência, na reedição da final anterior, Holanda e Alemanha Ocidental empataram por 2 x 2 em um bom jogo. Na última rodada, os holandeses venceram os italianos por 2 x 1 e se garantiram na decisão. Mesmo dominando o jogo por parte do tempo, a Oranje foi batida novamente pelos donos da casa. Dessa vez, a Argentina venceu por 3 x 1 na prorrogação e se coroou campeã mundial pela primeira vez, deixando a Holanda com um amargo bi-vice.


Kenny Dalglish também fez o seu golaço (Imagem: The Print Collector / Alamy / The Guardian)

FICHA TÉCNICA:

 

ESCÓCIA 3 x 2 HOLANDA

 

Data: 11/06/1978

Horário: 16h45 locais

Estádio: Malvinas Argentinas

Público: 35.130

Cidade: Mendoza (Argentina)

Árbitro: Erich Linemayr (Áustria)

 

ESCÓCIA (4-3-3):

HOLANDA (4-3-3):

1  Alan Rough (G)

8  Jan Jongbloed (G)

13 Stuart Kennedy

20 Wim Suurbier

14 Tom Forsyth

17 Wim Rijsbergen

4  Martin Buchan

2  Jan Poortvliet

3  Willie Donachie

5  Ruud Krol (C)

6  Bruce Rioch (C)

6  Wim Jansen

18 Graeme Souness

13 Johan Neeskens

10 Asa Hartford

11 Willy van de Kerkhof

15 Archie Gemmill

10 René van de Kerkhof

8  Kenny Dalglish

16 Johnny Rep

9  Joe Jordan

12 Rob Rensenbrink

 

Técnico: Ally MacLeod

Técnico: Ernst Happel

 

SUPLENTES:

 

 

12 Jim Blyth (G)

1  Piet Schrijvers (G)

20 Bobby Clark (G)

19 Pim Doesburg (G)

2  Sandy Jardine

7  Piet Wildschut

5  Gordon McQueen

22 Ernie Brandts

17 Derek Johnstone

4  Adrie van Kraaij

22 Kenny Burns

15 Hugo Hovenkamp

7  Don Masson

9  Arie Haan

16 Lou Macari

3  Dick Schoenaker

11 Willie Johnston

14 Johan Boskamp

19 John Robertson

18 Dick Nanninga

21 Joe Harper

21 Harry Lubse

 

GOLS:

34′ Rob Rensenbrink (HOL) (pen)

45′ Kenny Dalglish (ESC)

46′ Archie Gemmill (ESC) (pen)

68′ Archie Gemmill (ESC)

71′ Johnny Rep (HOL)

 

CARTÃO AMARELO: 35′ Archie Gemmill (ESC)

 

SUBSTITUIÇÕES:

10′ Johan Neeskens (HOL) ↓

Johan Boskamp (HOL) ↑

 

44′ Wim Rijsbergen (HOL) ↓

Piet Wildschut (HOL) ↑

Golaço marcado por Archie Gemmill:

Jogo completo (em inglês):

Gols da partida (em portugês):

● Sequência de fotos do golaço de Archie Gemmill:


Ele escapou de Win Jansen… (Imagem: Colorsport / Shutterstock / The Guardian)


… passou por Ruud Krol… (Imagem: Colorsport / Shutterstock / The Guardian)


… colocou a bola entre as pernas de Jan Poortvliet… (Imagem: Colorsport / Shutterstock / The Guardian)


… e deu um toque por cima do goleiro Jan Jongbloed (Imagem: Mirrorpix / Getty Images / The Guardian)

(Imagem: Colorsport / Shutterstock / The Guardian)

… 10/06/1998 – Brasil 2 x 1 Escócia

Três pontos sobre…
… 10/06/1998 – Brasil 2 x 1 Escócia


(Imagem: BBC)

● A Seleção Brasileira vinha de uma sequência inédita de títulos: Copa do Mundo de 1994, Copa América de 1997 (primeira conquista do torneio fora do território nacional) e Copa das Confederações de 1997. Qualquer pessoa que acompanhasse o futebol se encantava com os torpedos de Roberto Carlos, o fôlego interminável de Cafu, a liderança de Dunga, os dribles de Denílson, o poder decisivo de Rivaldo e o encanto da dupla de ataque: Romário e Ronaldo.

Com apenas 21 anos, Ronaldo jogava na Internazionale de Milão e vivia seu auge físico e técnico. Tinha sido eleito o melhor jogador do mundo nos dois anos anteriores. Era chamado na Itália de “Il Fenomeno”.

Por tudo isso, havia uma certeza inquebrantável: era só esperar o dia 12 de julho e ouvir Galvão Bueno gritar pelo penta.

Mas, como sabemos, não seria bem assim.


(Imagem: BBC)

● O maior adversário da Seleção Brasileira no jogo de abertura da Copa do Mundo de 1998 não foi a Escócia: foram os problemas internos. O Château de Grande Romaine, nos arredores de Paris, onde a delegação ficou concentrada, era uma bomba atômica pronta para explodir.

Como na maioria das vezes, a Seleção Brasileira viajou para a Copa do Mundo de 1998 com diversas questões a serem resolvidas. Nos quinze dias que antecederam a partida, treinou pouco e mal. A discórdia foi semeada no plantel e teve problemas médicos com diagnósticos tardios e equivocados. O técnico Zagallo insistiu em variações táticas que não aproveitaram o melhor de seus craques.

Zagallo queria o time com um meio campo em losango, com Dunga mais recuado, César Sampaio ajudando e fechar os espaços e avançando pela direita, e Rivaldo fazendo esse espelho pela esquerda. Sampaio sofria para atacar e Rivaldo para defender. O time até voltou ao 4-4-2 em quadrado, com dois volantes e dos meias armadores. Mas o técnico ainda insistia com o seu famoso “número 1” (veja mais abaixo).


(Imagem: AP)

● Na tentativa de minimizar esses problemas internos, Zico foi contratado para ser o coordenador técnico, uma espécie de elo entre a CBF, a comissão técnica e os jogadores. O Galinho de Quintino usou toda sua experiência e coerência para impor suas ideias e tentar dar o sentido de união necessário para a disputa de um Mundial.

O pior dos obstáculos foi o corte de Romário. A oito dias antes da estreia na Copa, Zico foi o responsável por informar a Romário que ele estava sendo cortado da Seleção. Zico era favorável a manter uma seleção sem jogadores lesionados, com todos inteiros e à disposição. Ele teve o apoio de Ricardo Teixeira, então presidente da CBF, e ganhou a queda de braço com Zagallo e o Dr. Lídio Toledo. O treinador e o médico queriam manter o Baixinho no grupo. Clinicamente, o craque estaria apto para jogar as fases de mata-mata. Ele garantia que conseguiria suportar as dores na panturrilha e culpou Zico pela sua dispensa. O atacante Romário foi substituído pelo meio campista Emerson.


(Imagem: BBC)

E sem Romário, o caminho da titularidade estava aberto para Edmundo. O Animal estava na grande fase de sua carreira e foi discutivelmente um dos melhores jogadores do mundo no ano anterior, quando “comeu a bola” e levou o Vasco da Gama ao título do Campeonato Brasileiro. Mas Zagallo preferia apostar na experiência de Bebeto, mesmo em uma fase não tão prolífica. Edmundo não suportou a ideia de treinar com o colete dos reservas e, no primeiro coletivo, quase rachou a perna de Júnior Baiano. Após o amistoso com o Athletic Bilbao, bateu boca no vestiário com Ronaldo e com Leonardo. A turma do “deixa-disso” entrou em ação, mas um zagueiro resumiu o pensamento da maioria do elenco: “Não deviam ter trazido esse cara”. A discussão ganhou as páginas dos jornais. Cinco dias antes do jogo, Edmundo deu uma entrevista por telefone na qual afirmou que estava melhor fisicamente e tecnicamente do que Bebeto. Zico entrou na questão e fez o atacante se retratar com todo o grupo.

Além da ausência de Romário, as lesões obrigaram a outras modificações no elenco original. Juninho Paulista nem chegou a estar na lista final por não estar em plena forma física após se recuperar de contusão. André Cruz foi convocado para a vaga de Márcio Santos. O lateral direito Zé Carlos substituiu Flávio Conceição, que seria um coringa como volante e lateral.


O Brasil apostava no talento dos jogadores de frente e nos apoios dos laterais. Jogava no 4-3-1-2. Giovanni era o “número 1”, fazendo a ligação entre meio e ataque, no sistema de Zagallo.


A Escócia jogou no 3-4-3. Sem a bola, Dailly fechava como lateral esquerdo e Jackson fazia o quarto homem de meio campo, em um falso 4-4-2.

● Foi no meio desse turbilhão que o Brasil estreou na Copa. Oitenta mil pessoas lotaram o novíssimo Stade de France, em Saint-Denis, e viram os jogadores brasileiros entrarem em campo de mãos dadas, tentando emular 1994. O time de 1998 tinha mais talento que o do tetra, mas não tinha conjunto. O espírito era outro.

A Escócia não tinha nenhum jogador fora de série, como chegou a ter antigamente, com Denis Law e Kenny Dalglish. Mas possuía muita força física e um meio campo até criativo para os padrões do país.

O jogo mal tinha começado e, logo aos cinco minutos, Bebeto cobrou escanteio na primeira trave. César Sampaio se antecipou à marcação do desdentado Craig Burley e cabeceou meio de têmpora, meio de pescoço, meio de ombro… mas mandou a bola para o gol.

As estreias são naturalmente tensas e difíceis, mas o gol deixou o time brasileiro relaxado. Durante a partida, por varias vezes Ronaldo chamou o capitão escocês Colin Hendry para dançar. Mas Hendry era duro demais e ruim de dança.

Mas a técnica refinada dos brasileiros não conseguia disfarçar os problemas táticos. Giovanni era um grande jogador, mas não se adaptou à função do “número 1” de Zagallo. Os laterais Cafu e Roberto Carlos avançavam muito e os volantes Dunga e César Sampaio, já trintões, não tinham o fôlego o suficiente e demoravam na cobertura.

E em uma dessas falhas na cobertura, Sampaio derrubou Kevin Gallacher na área. Aos 38′, John Collins cobrou pênalti de pé esquerdo e mandou no cantinho direito, sem chance alguma de defesa para Taffarel – que até acertou o canto.

O empate não estava nos planos de Zagallo. Vendo a ineficácia de Giovanni, o técnico aceitou rever seus conceitos e fez o que não tinha costume, mudando tudo no intervalo.


(Imagem: Pinterest)

Aqui cabe um parêntese. Quando Zagallo reassumiu a Seleção Brasileira, após a conquista do tetra, anunciou uma “grande revolução tática de sua autoria” (sic), o sistema 4-3-1-2. Esse jogador chamado por ele de “número 1” não era um meia comum, nem um volante ou atacante, nem o ponta de lança das antigas e muito menos o ponta tradicional. Ele seria um “elo de ligação entre meio campo e ataque”, capaz de ajudar na marcação, na transição ofensiva, aparecer em todos os lugares do campo para trocar passes, servir o ataque e atacar. Nas palavras do técnico, esse jogador seria o “elo de ligação entre o meio campo e o ataque”. Foram testados na “posição”: Djalminha, Leonardo, Amoroso, Denílson, Zinho e Rivaldo. Por motivos diferentes, nenhum passou no teste. O que chegou mais próximo foi Juninho Paulista, que não se recuperou de lesão. Giovanni foi o dono da posição nos primeiros 45 minutos do Mundial. Mas o “número 1” era pura teoria e não sobreviveu à prancheta de Zagallo. No segundo tempo, o treinador trocou Giovanni por Leonardo e o sistema 4-3-1-2 pelo tradicional 4-4-2. Nessa formação, o Brasil atacava menos. Mas o “Velho Lobo” tinha certo apreço por Leonardo, que possuía a mesma disciplina tática de Zagallo quando jogador.

Mas não houve chances para a zebra e o gol da vitória veio aos 28 minutos da etapa complementar. Dunga lançou Cafu nas costas da defesa. Ele entrou na pequena área e tentou encobrir Leighton, mas a bola explodiu no peito do goleiro, que fechou bem o ângulo. O zagueiro Tom Boyd vinha na corrida, a bola bateu em seu peito e tomou o caminho do gol. Um gol contra claro. Mas que teve comemoração efusiva de Cafu, com direito a cambalhota.

As estatísticas históricas contam um início de Copa com o pé direito. Mas o que não está escrito um lugar algum é o quanto os fatores externos afetaram o rendimento do time em campo. Um gol contra da Escócia salvou os três pontos.


(Imagem: The Scottish Sun)

● Essa partida marcou a vitória de número 50 da Seleção Brasileira na história das Copas do Mundo.

O Brasil se tornou a primeira seleção a marcar mais de um gol na primeira partida da Copa desde 1966, quando o “jogo de abertura” foi instituído oficialmente.

Na segunda rodada, a Escócia empatou com a Noruega por 1 x 1. Na última rodada, os escoceses se classificariam se vencesse o Marrocos e a Noruega não vencesse o Brasil. Aconteceu tudo ao contrário. Os nórdicos venceram. E os escoceses foram goleados pelos marroquinos por 3 x 0. Com oito participações no currículo (1954, 1958, 1974, 1978, 1982, 1986, 1990 e 1998), a Escócia nunca passou de fase em uma Copa do Mundo.

Na sequência, o Brasil venceu o Marrocos por 3 x 0. Já classificado em primeiro lugar na chave, perdeu para a Noruega – sua asa negra – por 2 x 1, levando dois gols nos últimos sete minutos. Nas oitavas de final, venceu o Chile de Zamorano e Salas por 4 x 1. Nas quartas, suou para passar pela Dinamarca (3 x 2), que tinha goleado a ardilosa Nigéria. Nas semifinais, um jogo histórico contra a Holanda (1 x 1), com vitória nos pênaltis (4 x 3) graças a Taffarel. Na final, perdeu para a França por 3 x 0, com dois gols de Zidane e um de Petit.


(Imagem: By Jeff J. Mitchell / Reuters / IFDB)

FICHA TÉCNICA:

 

BRASIL 2 X 1 ESCÓCIA

 

Data: 10/06/1998

Horário: 17h30 locais

Estádio: Stade de France

Público: 80.000

Cidade: Saint-Denis (França)

Árbitro: José María García-Aranda (Espanha)

 

BRASIL (4-3-1-2):

ESCÓCIA (3-4-3):

1  Taffarel (G)

1  Jim Leighton (G)

2  Cafu

4  Colin Calderwood

4  Júnior Baiano

5  Colin Hendry (C)

3  Aldair

3  Tom Boyd

6 Roberto Carlos

14 Paul Lambert

5  César Sampaio

8  Craig Burley

8  Dunga (C)

22 Christian Dailly

7  Giovanni

11 John Collins

10 Rivaldo

10 Darren Jackson

20 Bebeto

7  Kevin Gallacher

9  Ronaldo

9  Gordon Durie

 

Técnico: Zagallo

Técnico: Craig Brown

 

SUPLENTES:

 

 

12 Carlos Germano (G)

12 Neil Sullivan (G)

22 Dida (G)

21 Jonathan Gould (G)

13 Zé Carlos

2  Jackie McNamara

14 Gonçalves

6  Tosh McKinlay

15 André Cruz

16 David Weir

16 Zé Roberto

18 Matt Elliott

17 Doriva

19 Derek Whyte

11 Emerson

15 Scot Gemmill

18 Leonardo

17 Billy McKinlay

19 Denílson

13 Simon Donnelly

21 Edmundo

20 Scott Booth

 

GOLS:

5′ César Sampaio (BRA)

38′ John Collins (ESC) (pen)

74′ Tom Boyd (BRA) (gol contra)

 

CARTÕES AMARELOS:

25′ Darren Jackson (ESC)

37′ César Sampaio (BRA)

45+2′ Aldair (BRA)

 

SUBSTITUIÇÕES:

INTERVALO Giovanni (BRA) ↓

Leonardo (BRA) ↑

 

72′ Bebeto (BRA) ↓

Denílson (BRA) ↑

 

78′ Darren Jackson (ESC) ↓

Billy McKinlay (ESC) ↑

 

84′ Christian Dailly (ESC) ↓

Tosh McKinlay (ESC) ↑

(Imagem: EPA – Daily Mail)

Melhores momentos da partida:

Veja o primeiro tempo e o segundo tempo completos, com transmissão da Rede Globo, nos respectivos links:
1º tempo: https://www.dailymotion.com/video/x5viwgf
2º tempo: https://www.dailymotion.com/video/x5w1jqh


(Imagem: Pinterest)

… 04/06/1986 – Dinamarca 1 x 0 Escócia

Três pontos sobre…
… 04/06/1986 – Dinamarca 1 x 0 Escócia


(Imagem: David Cannon / All Sport / Getty Images)

● A Dinamarca foi uma das pioneiras na prática do futebol. Conquistou as medalhas de prata nos Jogos Olímpicos de 1908 e 1912, o bronze em 1948 e novamente a prata em 1960. Em uma fase eliminatória altamente favorável (Malta, Albânia e Luxemburgo), alcançou a semifinal da Eurocopa de 1964. Mas o futebol local só começou a crescer de fato após a regulamentação do profissionalismo no país, a partir de 1978. O patrocínio da cervejaria Calsberg possibilitou a contratação do alemão Sepp Piontek como técnico da seleção nacional a partir de 1979.

A cultura do amadorismo levavam os atletas a serem naturalmente indisciplinados. Eram jogadores que gostavam e estar juntos e se divertirem. Era um conjunto de mulherengos, bêbados e fumantes inveterados. Destaque do time, Preben Elkjær Larsen chegava a consumir de 20 a 30 cigarros por dia, muitas vezes escondido do treinador no vestiário.

A primeira medida adotada pelo técnico foi o afastamento do goleiro titular, Birger Jensen. Foi quase um sacrifício simbólico, de forma a deixar claro que a partir de então, os atletas deveriam respeitar regras – e os dinamarqueses não costumavam respeitar nenhuma, por mais que elas nem fossem tão rígidas.


(Imagem: FourFourTwo)

● O principal motivo de sucesso dos dinamarqueses naquela década foi justamente a falta de expectativas. Como era a primeira boa seleção formada no país, não haviam críticos resmungando sobre as “glórias do passado”. Não existia pressão alguma. Havia mais uma certa incredulidade sobre até onde poderiam chegar. E é aí que começa a semelhança com a seleção holandesa da década de 1970.

De certa forma, foi a Dinamarca de 1986 quem chegou mais perto de emular o futebol total da Laranja Mecânica de 1974: linha de impedimento alta, marcação pressão, ocupação de espaço, movimentação constante, criatividade no passe e velocidade com a bola. E a Holanda tinha que ser mesmo a inspiração para o estilo de jogo dinamarquês: Frank Arnesen, Søren Lerby, Jesper Olsen e Jan Mølby jogaram no Ajax entre 1975 e 1982 e, consequentemente, sofreram a influência do “Carrossel” de Johan Cruijff e companhia (i)limitada.

Mas, à medida que amadurecia, a Dinamarca foi assumindo um caráter próprio. E a principal diferença entre os modelos de jogo estava no estilo. Enquanto a Holanda tinha o enfoque na trocação, com passes rápidos e constantes, a Dinamarca era um time que carregava muito bem a bola em velocidade, especialmente com Arnesen, Michael Laudrup, Elkjær e os dois Olsens (Jesper e Morten).

O 3-5-2 da “Dinamáquina” é derivado do “1-3-3-3” do “Futebol Total”. Mas foi a excepcional noção de posicionamento do experiente líbero e capitão Morten Olsen que permitiu o radicalismo tático. Para Piontek, seu time foi o primeiro na Europa a adotar o sistema 3-5-2. “O motivo foi que eu tinha ótimos jogadores de meio de campo. Eram sete ou oito. Mas eu não tinha muitos defensores bons. Naquela época, os adversários jogavam com dois ou apenas um homem no ataque, então por que eu deveria manter quatro atletas na defesa? E, se eles fossem ofensivos, acabariam tendo de correr oitenta metros para a frente e oitenta metros para trás, o que é bem cansativo. Onde se trabalha mais em uma partida de futebol? No meio de campo, que está envolvido no ataque e na defesa. Eu jogava com dois marcadores [Nielsen e Busk] muito fortes, bons pelo ar, e Morten [Olsen] era o terceiro, atrás. Às vezes, ele saía com a bola e, se fosse necessário, alguém do meio de campo recuava. Era um sistema muito bom, e a Alemanha foi campeã mundial usando esse sistema em 1990. Era econômico também. Sempre era possível mudar quem ia para o ataque. Um descansava enquanto o outro descia.”


(Imagem: FourFourTwo)

● Na Eurocopa de 1984, a Dinamarca estreou perdendo para os franceses, donos da casa, por 1 a 0. Em seguida, goleou de forma empolgante a Iugoslávia por 5 a 0 e venceu a Bélgica de virada por 3 a 2. Na semifinal, empatou com a Espanha por 1 a 1 e só perdeu nos pênaltis por 5 a 4.

Poucos acreditavam que o sucesso seria sustentável, especialmente sem Allan Simonsen. Mesmo em seu ocaso, ele era o nome mais famoso, eleito melhor jogador da Europa em 1977 e vencedor de duas Copas da UEFA pelo Borussia Mönchengladbach e de uma Recopa Europeia pelo Barcelona. Simonsen praticamente deixou de jogar em alto nível quando quebrou a perna na primeira partida da Euro 1984.

Mas o time conseguiu ficar ainda melhor. Com apenas 22 anos, o jovem Michael Laudrup já vestia a camisa da Juventus. Mas o principal destaque era Preben Elkjær Larsen, que havia liderado o surpreendente Verona campeão italiano da temporada 1984/85.

Tecnicamente brilhante, a consistência nunca foi o forte da Dinamarca, principalmente pela vulnerabilidade de sua maneira de jogar. Era um risco assumido. Era um time capaz de impor goleadas (5 a 1 na Noruega e 4 a 1 na Irlanda, pelas rodadas finais das eliminatórias para a Copa de 1986) e sofrer outras (6 a 0 para a Holanda e 4 a 0 para a Alemanha Oriental, ambas em amistosos). Na Copa, Piontek não estava disposto a mudar. “No México, devemos atacar, como sempre fizemos”, prometeu e cumpriu.


Sir Alex Ferguson, ao lado do seu auxiliar técnico Walter Smith)

● A Escócia ainda estava de luto pela perda do maior treinador da história do país até então. Jock Stein liderou o Celtic no mítico título da Taça dos Campeões Europeus (atual UEFA Champions League) de 1966/67 e ao vice-campeonato de 1969/70. Foi o primeiro time britânico a conquistar o torneio (antes de qualquer clube inglês). Já havia dirigido a seleção escocesa no Mundial de 1982, quando foi eliminado na primeira fase no critério de saldo de gols após perder para o Brasil (4 x 1), empatar com a União Soviética (2 x 2) e vencer a Nova Zelândia (5 x 2). Foi o mais próximo que a “Tartan Army” chegou de passar de fase em uma Copa do Mundo.

Em 10/09/1985, a seleção escocesa jogou contra o País de Gales na casa do adversário, valendo uma vaga na repescagem para a Copa do ano seguinte. Essa partida foi um verdadeiro “teste para cardíacos”. E o coração de Jock Stein foi reprovado nesse teste. Ele teve um infarto fulminante ainda dentro de campo e caiu morto após a partida, aos 62 anos de idade. Com melhor saldo de gols, o empate em 1 a 1 foi suficiente para a Escócia seguir à repescagem – onde eliminou a Austrália.

Depois da morte de Stein, a Escócia passou a ser treinada pelo então auxiliar técnico Alex Ferguson (que se tornaria um dos maiores gênios do banco que o futebol conheceu). Cinco meses e dois dias depois, Ferguson assumiria o comando do Manchester United, onde reinaria por 26 anos ininterruptos.

Mas aquele elenco escocês carecia de talento. Os principais destaques era o experiente trio de meio-campistas: Graeme Souness (líder e capitão), Gordon Strachan e Steve Nicol, além do atacante Steve Archibald (que atuava no Barcelona). O time sentiu muita falta de sua estrela e maior ídolo, Kenny Dalglish, que havia lesionado o joelho antes do torneio.


Sepp Piontek escalou a Dinamarca no futurista sistema 3-5-2. Søren Busk e Ivan Nielsen eram os dois defensores centrais e Morten Olsen era o líbero. Jens Jørn Bertelsen fazia o balanço defensivo, voltando para jogar entre os zagueiros se necessário. Søren Lerby e Klaus Berggreen eram meias que marcavam e criavam. Os alas Frank Arnesen e Jesper Olsen eram meias de origem e tinham como maior característica a velocidade com a bola. Michael Laudrup e Elkjær era uma dupla de ataque de muita movimentação.


A Escócia atuava no esquema tático 4-4-2 britânico clássico. Na ausência de Kenny Dalglish, Graeme Souness liderava o time.

● O sorteio foi cruel e colocou os vikings realmente à prova. O Grupo C era o “da morte”, com Alemanha Ocidental, Uruguai e Escócia. Os holofotes estavam na força dos alemães e na tradição dos uruguaios. Mas ninguém ousava duvidar do potencial dos vikings.

Sepp Piontek exigia seriedade e concentração dos seus atletas, com preleções táticas de três horas. Já no México, a preparação incluía treinos na altitude com o uso se máscaras de oxigênio, em sessões que chegavam a durar das oito horas da manhã às onze e meia da noite.

Na estreia, frente aos escoceses, a Dinamarca mostrou amplo domínio territorial durante todos os noventa minutos. Porém, faltou tranquilidade e sobrou preciosismo no momento de definir a maioria dos lances.

Michael Laudrup carregou pelo meio, passou por dois marcadores e chutou por cima.

A Escócia respondeu. Após cobrança de escanteio, Richard Gough cabeceou por cima.

Gordon Strachan percebeu a penetração de Gough pelo meio e deixou o lateral na cara do gol. Ele dribla o goleiro Troels Rasmussen, finaliza de esquerda por cima. A Dinamarca deixava brechas defensivas.

Laudrup lançou para Eljkjær na área. O camisa 10 tirou de Leighton, mas perdeu o ângulo na hora do chute, mandando a bola na rede pelo lado de fora.

Charlie Nicholas fez ótima jogada pela esquerda e rolou na meia-lua para Graeme Souness, que chutou rasteiro para fora.

Elkjær recebeu, dominou e finalizou por cima.

Laudrup deixou com Elkjær, que chutou de primeira, à esquerda de Leighton.

E uma partida fácil se tornou tensa.

O solitário gol da vitória dos nórdicos saiu apenas aos doze minutos do segundo tempo. Após uma bela troca de passes simples pelo meio do campo, Frank Arnesen deixou com Elkjær perto da área. Ele driblou um marcador, invadiu a área e finalizou antes da chegada do goleiro Jim Leighton, que saía para fechar o ângulo. A bola tocou na trave antes de tomar o caminho do gol.


(Imagem: Lance!)

● Na sequência, os escoceses perderam para a Alemanha Ocidental (2 a 1) e empataram sem gols com o Uruguai. Foram os últimos colocados do Grupo E, com apenas um ponto. Curiosamente, em oito Copas do Mundo disputadas, a Escócia nunca passou da primeira fase.

Com um jeito ofensivo e alegre de jogar, a Dinamarca se tornou o segundo time favorito de todo o mundo. Era admirada por sua coragem e seu estilo como nenhuma outra seleção desde então. E os nórdicos terminaram a primeira fase como líderes do “grupo da morte”, com 100% de aproveitamento, três vitórias em três jogos. Venceram ainda Uruguai (6 x 1) e Alemanha Ocidental (2 x 0). Anotaram nove gols e sofreram apenas um, de pênalti. Enfrentaria a Espanha nas oitavas de final no dia 18 de junho.


(Imagem: Seen Sport Images)

FICHA TÉCNICA:

 

DINAMARCA 1 x 0 ESCÓCIA

 

Data: 04/06/1986

Horário: 16h00 locais

Estádio: Neza 86

Público: 18.000

Cidade: Nezahualcóyotl (México)

Árbitro: Lajos Németh (Hungria)

 

DINAMARCA (3-5-2):

ESCÓCIA (4-4-2):

1  Troels Rasmussen (G)

1  Jim Leighton (G)

3  Søren Busk

2  Richard Gough

4  Morten Olsen (C)

5  Alex McLeish

5  Ivan Nielsen

6  Willie Miller

15 Frank Arnesen

3  Maurice Malpas

9  Klaus Berggreen

7  Gordon Strachan

12 Jens Jørn Bertelsen

8  Roy Aitken

6  Søren Lerby

4  Graeme Souness (C)

8  Jesper Olsen

13 Steve Nicol

11 Michael Laudrup

19 Charlie Nicholas

10 Preben Elkjær Larsen

20 Paul Sturrock

 

Técnico: Sepp Piontek

Técnico: “Sir” Alex Ferguson

 

SUPLENTES:

 

 

16 Ole Qvist (G)

12 Andy Goram (G)

22 Lars Høgh (G)

22 Alan Rough (G)

2  John Sivebæk

14 David Narey

17 Kent Nielsen

15 Arthur Albiston

7  Jan Mølby

10 Jim Bett

13 Per Frimann

11 Paul McStay

20 Jan Bartram

16 Frank McAvennie

21 Henrik Andersen

21 Davie Cooper

14 Allan Simonsen

9  Eamonn Bannon

18 Flemming Christensen

18 Graeme Sharp

19 John Eriksen

17 Steve Archibald

 

GOL: 57′ Preben Elkjær Larsen (DIN)

 

CARTÃO AMARELO: 84′ Klaus Berggreen (DIN)

 

SUBSTITUIÇÕES:

61′ Paul Sturrock (ESC) ↓

Frank McAvennie (ESC) ↑

 

74′ Gordon Strachan (ESC) ↓

Eamonn Bannon (ESC) ↑

 

74′ Frank Arnesen (DIN) ↓

John Sivebæk (DIN) ↑

 

80′ Jesper Olsen (DIN) ↓

Jan Mølby (DIN) ↑

(Imagem: FourFourTwo)

Melhores momentos da partida (Rede Globo):

Veja o gol da partida desde o início da jogada:

… Sir Alex Ferguson: um centroavante de respeito

Três pontos sobre…
… Sir Alex Ferguson: um centroavante de respeito


(Imagem: Verminosos Por Futebol)

● O melhor técnico de futebol da história também foi um centroavante implacável.

Alexander Chapman Ferguson nasceu em Glasgow, mas cresceu na cidade de Govan, mais ao sudoeste. Iniciou sua carreira no Queen’s Park, clube de sua cidade natal. Jogando como atacante, fez sua estreia no time de cima aos 16 anos, jogando como atacante e inclusive fazendo um dos gols na vitória de sua equipe sobre o Stranraer por 2 a 1. Como o clube era amador, ele também trabalhou nos estaleiros de River Clyde, como aprendiz de ferramenteiro e depois como vendedor na loja do sindicato.

O jogo que mais o marcou pelo Queen’s Park foi a goleada sofrida para o Queen of the South por 7 a 1 fora de casa em 1959. Encerrou sua passagem pelo clube com 20 gols em 31 jogos, onde atuou de 1957 a 1960.

Se transferiu para o St. Johnstone em 1960, ficando até 1964 e, mesmo marcando gols regularmente, não conseguia manter a titularidade e teve sua transferência solicitada por várias vezes. Mesmo com o clube liberando sua saída (Fergusou cogitou até ir para o Canadá), o técnico o relacionou para uma partida contra o Rangers, na qual ele marcou um hat-trick em uma vitória surpreendente sobre o gigante.

● No verão de 1964, Ferguson se tornou jogador profissional em tempo integral, assinando com o Dunfermline. Seu novo clube lutou bravamente pelo título da Liga Escocesa da temporada 1964/65, mas ficou um ponto atrás do Kilmarnock. Na final da Copa da Escócia, perdeu pro Celtic por 3 a 2. Já na temporada seguinte, 1965/66, Ferguson terminou com 45 gols em 51 jogos, dividindo a artilharia da Liga com Joe McBride, do Celtic, com 31 gols. Deixou o Dunfermline com 66 tentos anotados em 89 partidas.

Foi contratado pelo gigante Rangers em 1967, por £ 65.000, um valor recorde para transferências entre dois clubes escoceses. Jogou no clube entre 1967 e 1969, com 41 jogos e 25 gols. Mas mesmo com esse bom número, Alex Ferguson foi um fracasso no clube de Glasgow. Foi considerado responsável pelo gol sofrido na final da Copa da Escócia de 1969, em um jogo no qual foi orientado a marcar Billy McNeill, capitão do rival Celtic. Assim, foi despromovido para jogar ao lado dos juniores até o fim de seu contrato. Mas ele afirma que não foi esse o motivo. O fato causador de discórdias teria sido seu casamento com uma católica, Cathy, em uma rivalidade religiosa que transcende o clássico entre Rangers (protestante) x Celtic (católico).

Em outubro de 1969, o Nottingham Forest de interessa pelo seu futebol, mas a esposa Kathy não estava disposta a se mudar para a Inglaterra naquele momento. Assim, assinou com o Falkirk, onde se tornou jogador-treinador em por um tempo, no ano de 1973. Assim que contrataram o novo técnico, John Prentice, Ferguson voltou a ser apenas jogador e não gostou, pedindo para ser transferido. Saiu do clube com 36 gols em 95 jogos e foi para o Ayr United (9 gols em 24 partidas, em apenas uma temporada).

● Ferguson encerrou a carreira como jogador aos 32 anos de idade e 181 gols marcados em 326 jogos. Pela seleção da Escócia, fez 9 gols em apenas 7 partidas amistosas em 1967.

Começou a prodigiosa carreira de técnico ainda em 1974, no modestíssimo East Stirlingshire (que nem goleiro tinha). A evolução do time e a já existente fama de disciplinador, fez outros clubes querer contratá-lo. Apesar de ser fiel ao East Stirlingshire, aceitou a proposta do St. Mirren após conselhos da lenda Jock Stein, ainda em 1974. Ficou no clube até 1978, inclusive promovendo o time à primeira divisão em 1977. Mas desacordos com o presidente o levaram a perder o emprego. Foi o único clube do qual saiu demitido. Depois, se tornou treinador do Aberdeen (1978-1986), seleção da Escócia (1985-1986) e Manchester United (1986-2013), se consagrando como um mito, o maior técnico de futebol de todos os tempos. Em 1999 se tornou Cavaleiro do Império Britânico, Sir Alex Ferguson.


(Imagem: Daily Mail)

… Jock Stein, o homem que teve o coração “reprovado” no teste

Três pontos sobre…
… Jock Stein, o homem que teve o coração “reprovado” no teste


(Imagem: www.celticminded.com)

● Por que falar nessa figura tão desconhecida pelos amantes superficiais da bola? Hoje ele estaria fazendo 94 anos. Então quem foi ele? Sabiam que um time inglês demorou 13 anos para ganhar a então Taça dos Campeões Europeus (atual UEFA Champions League)? Sabiam que o primeiro britânico a vencê-la foi o escocês Celtic? Pois é… os católicos de Glasgow foram campeões da temporada 1966/67 sob o comando de Jock Stein, que ganhou uma estátua de bronze na entrada do Celtic Park. A equipe ainda foi vice-campeã europeia em 1969/70, perdendo apenas na prorrogação para o Feyenoord Rotterdam.

● Como jogador, era um zagueiro esforçado, mas uma lesão no tornozelo o obrigou a pendurar as chuteiras cedo demais. Após um bom início como treinador, foi contratado pelo gigante Celtic. Como técnico do time, ele venceu “apenas” 10 campeonatos nacionais, 08 Copas da Escócia, 06 Copas da Liga, além do título europeu já citado. Em 1978 foi contratado pela seleção da Escócia, levando a equipe para a Copa de 1982.

● Apesar de ser um técnico que sempre soube “tirar leite de pedras”, sua fama maior não é apenas por isso. Em 10/09/1985, a Escócia jogou contra o País de Gales na casa do adversário, valendo uma vaga na repescagem para a Copa de 1986. Um verdadeiro teste para cardíacos, no qual o coração de Jock foi reprovado. Ele teve um infarto fulminante ainda dentro de campo e caiu morto após a partida, aos 62 anos de idade. O empate em 1 a 1 foi suficiente para a Escócia seguir à repescagem e, posteriormente, para a Copa, abrindo caminho para ser treinada pelo então auxiliar técnico Alex Ferguson, um dos maiores gênios do banco que o futebol conheceu, mas este é assunto para outro dia.