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… 19/07/1930 – Chile 1 x 0 França

Três pontos sobre…
… 19/07/1930 – Chile 1 x 0 França


(Imagem: commons.wikimedia.org)

● A primeira Copa do Mundo foi realizada no Uruguai. Eram dois os principais motivos das ausências das principais seleções da Europa. Um deles foi a distância e as dificuldades para atravessar o Atlântico. O outro era a grave crise econômica que ainda afetava toda a Europa. Por isso, apenas dois dos sete países fundadores da FIFA participaram do Mundial: França e Bélgica.

O Chile tinha certa experiência internacional por ter participado das primeiras edições da Copa América. As maiores esperanças eram os meias-atacantes Guillermo Subiabre e Carlos Vidal.

O forte da França era a defesa, com destaque para o goleiro Alexis Thépot e o zagueiro Étienne Mattler. O desfalque era o atacante Manuel Anatol – um basco/espanhol naturalizado francês, que jogou por Athletic Bilbao, Atlético de Madrid, Real Madrid e, na época, atuava no Racing Paris.

Ambos estavam no Grupo A da Copa. No jogo inaugural, a França venceu o México por 4 a 1. Depois, perdeu para a Argentina por 1 a 0, em um jogo duríssimo, que só foi resolvido a nove minutos do fim.

Na primeira rodada, o Chile havia vencido o México por 3 x 0. Em seu segundo jogo, precisava vencer a França para ter esperanças de passar para a fase seguinte.


Nos anos 1930, todas as equipes atuavam no ofensivo sistema “clássico” ou “pirâmide”, o 2-3-5.

● Oficialmente o público foi de 2.000 pessoas, mas a quantidade real de expectadores foi muito maior. Não foi pelo prestígio de Chile ou França, mas porque eles fizeram a preliminar da partida entre Argentina x México. Os portenhos atravessaram em massa o Rio da Prata e invadiram Montevidéu para prestigiar sua seleção.

A França era favorita, mas não conseguiu provar isso em campo.

O primeiro pênalti da história das Copas foi anotado pelo árbitro uruguaio Anibal Tejada, aos 35 minutos do primeiro tempo. E esse também foi o primeiro pênalti perdido. O chileno Carlos “Zorro” Vidal bateu para fora.

Aos 19′ da segunda etapa, o capitão Carlos Schneeberger tocou para Vidal, que chutou de esquerda, de fora da área. O goleiro Thépot espalmou e Subiabre marcou de cabeça o gol que eliminou a França e colocou o Chile de vez na briga pela vaga nas semifinais.


(Imagem: Moviolagol / deviantart.com)

● Na sequência, o Chile perdeu para a Argentina por 3 x 1 e também estava eliminado. Terminou em um honroso 5º lugar.

O capitão francês no Mundial foi Alexandre Villaplane. O talentoso centromédio disputou as três partidas de sua seleção. Mas ele teria um fim trágico. Durante a Segunda Guerra Mundial, ele cooperou com o nazismo, sendo um dos líderes da Brigada do Norte Africano – uma organização criminosa composta por imigrantes do norte da África (Villaplane era nascido em Argel), que colaborou com os nazistas através de atividades de anti-resistência. Ele foi condenado a morte em 01/12/1944 por participação direta em pelo menos dez assassinatos. Foi fuzilado 26 dias depois.


(Imagem: historiasdelfutbol.com)

FICHA TÉCNICA:

 

CHILE 1 x 0 FRANÇA

 

Data: 19/07/1930

Horário: 12h50 locais

Estádio: Centenário

Público: 2.000

Cidade: Montevidéu (Uruguai)

Árbitro: Anibal Tejada (Uruguai)

 

CHILE (2-3-5):

FRANÇA (2-3-5):

Roberto Cortés (G)

Alexis Thépot (G)

Ernesto Chaparro

Étienne Mattler

Guillermo Riveros

Marcel Capelle

Arturo Torres

Alexandre Villaplane (C)

Guillermo Saavedra

Marcel Pinel

Casimiro Torres

Augustin Chantrel

Tomás Ojeda

Ernest Libérati

Guillermo Subiabre

Edmond Delfour

Eberardo Villalobos

Célestin Delmer

Carlos Vidal

Émile Veinante

Carlos Schneeberger (C)

Marcel Langiller

 

Técnico: György Orth

Técnicos: Raoul Caudron / Gaston Barreau

 

SUPLENTES:

 

 

César Espinoza (G)

André Tassin (G)

Ulises Poirier

Numa Andoire

Víctor Morales

Jean Laurent

Arturo Coddou

André Maschinot

Humberto Elgueta

Lucien Laurent

Horacio Muñoz

 

Guillermo Arellano

 

Juan Aguilera

 

 

GOL: 64′ Guillermo Subiabre (CHI)

Imagens da partida:

… 10/07/1982 – Polônia 3 x 2 França

Três pontos sobre…
… 10/07/1982 – Polônia 3 x 2 França


(Imagem: Bob Thomas / Getty Images)

● Na estreia, a França sofreu com problemas internos (como detalhamos aqui) e perdeu para a Inglaterra por 3 x 1. Na segunda partida, goleou o Kuwait do técnico Carlos Alberto Parreira por 4 x 1 – em jogo em que um xeique do país árabe invadiu o campo e obrigou o árbitro a anular um gol legítimo dos gauleses. Na sequência, a França empatou com a Tchecoslováquia por 1 x 1 e se classificou em segundo lugar no Grupo D. A segunda fase foi mais tranquila. Venceu a Áustria por 1 x 0 e a Irlanda do Norte por 4 x 1. Nas semifinais, um duelo histórico com a Alemanha Ocidental, empate por 1 x 1 no tempo normal, 2 x 2 na prorrogação e perdeu por 5 x 4 na decisão por pênaltis – em uma partida que foi claramente prejudicada pela arbitragem que nada marcou em um lance que o goleiro Toni Schumacher deu uma voadora dentro da área no peito de Battiston, que o deixou desmaiado.

A Polônia tinha uma ótima seleção, com jogadores como os veteranos de 1974 Władysław Żmuda, Grzegorz Lato, Andrzej Szarmach e os de 1978 Janusz Kupcewicz e Zbigniew Boniek. Na primeira fase, foi líder em um grupo muito equilibrado. Empatou sem gols os dois primeiros jogos, com Itália e Camarões, e goleou o Peru por 5 x 1 na terceira partida. Na segunda fase, venceu a Bélgica por 3 x 0 e empatou com a União Soviética por 0 x 0. Na semifinal, perdeu para a Itália por 2 x 0 – dois gols de Paolo Rossi.


As duas equipes jogaram no sistema 4-3-3, com aproximação dos homens de meio.

● Depois da frustrante derrota para a Alemanha Ocidental, os franceses estavam totalmente desmotivados para a decisão do 3º lugar. Michel Platini nem foi para o jogo e suas palavras davam o tom da partida: “Não me importo de terminar em terceiro”.

O técnico Michel Hidalgo escalou apenas quatro jogadores que haviam enfrentado os alemães: Manuel Amoros, Marius Trésor, Gérard Janvion e Jean Tigana.

Mas Les Bleus queriam terminar a Copa com dignidade e abriram o placar aos 13′. Pela esquerda, Bruno Bellone passou entre Lato e Boniek e tocou no meio para Tigana, que deixou mais atrás para René Girard. Ele dominou, avançou e bateu fraco e rasteiro, mas a bola foi no cantinho direito do goleiro e tocou na trave antes de entrar.

O técnico polonês Antoni Piechniczek deu uma chance a Andrzej Szarmach, o escalando como titular contra a França depois de deixá-lo o torneio inteiro no banco de reservas. E o experiente camisa 17 retribuiu a confiança de seu treinador, empatando a partida aos 40′. Boniek avançou pelo meio e deu um passe por elevação para Szarmach nas costas de Trésor. Ele surgiu atrás da defesa e, já dentro da área, deixou a bola quicar e chutou cruzado. Ela ainda bateu na trave antes de entrar. Um golaço, desde a construção até a definição da jogada. Zbigniew Boniek fez muita falta na semifinal diante da Itália, quando cumpriu suspensão.


(Imagem: Przegląd Sportowy / DPA / PAP)

No último minuto do primeiro tempo, Kupcewicz bateu escanteio. O goleiro francês Jean Castaneda saiu muito mal e não conseguiu cortar – ele calculou mal a saída do gol. Stefan Majewski apareceu atrás dele para mandar para o gol vazio. Era o segundo gol e a virada polaca. Um presente de Castaneda.

A Polônia aproveitou a empolgação logo no início do segundo tempo e fez o terceiro gol em apenas seis minutos. Logo depois da volta do intervalo, Janvion fez falta em Boniek no lado esquerdo do ataque, próximo à área. Mesmo sem muito ângulo, Kupcewicz bateu a falta direto para o gol. O goleiro tentou adivinhar, esperando o cruzamento, mas a bola foi no cantinho direito, no pé da trave, e Castaneda não conseguiu alcançar. Duas falhas clamorosas do goleiro Jean Castaneda.

A França ainda tentou reagir e diminuiu o placar aos 27′. Christian Lopez, que havia entrado no lugar de Janvion, iniciou a jogada. Philippe Mahut encontrou o incansável Tigana na meia direita. E ele fez um lançamento perfeito, encontrando Alain Couriol dentro da área, na segunda trave. Ele só dominou e tocou por baixo do goleiro Józef Młynarczyk.

Derrotada, a França não conseguiu igualar seu melhor desempenho em Copas do Mundo até então, quando ganhou o bronze em 1958. Mesmo com a derrota, os franceses receberam o maior prêmio em dinheiro entre todas as seleções do Mundial, pago por sua federação.

Por sua vez, a Polônia repetia o brilhante 3º lugar do Mundial de 1974.


(Imagem: Pinterest)

FICHA TÉCNICA:

 

POLÔNIA 3 x 2 FRANÇA

 

Data: 10/07/1982

Horário: 20h00 locais

Estádio: José Rico Pérez

Público: 28.000

Cidade: Alicante (Espanha)

Árbitro: António Garrido (Portugal)

 

POLÔNIA (4-3-3):

FRANÇA (4-3-3):

1  Józef Młynarczyk (G)

21 Jean Castaneda (G)

2  Marek Dziuba

2  Manuel Amoros

9  Władysław Żmuda

7  Philippe Mahut

5  Paweł Janas

8  Marius Trésor (C)

10 Stefan Majewski

5  Gérard Janvion

13 Andrzej Buncol

14 Jean Tigana

8  Waldemar Matysik

11 René Girard

3  Janusz Kupcewicz

13 Jean-François Larios

16 Grzegorz Lato

16 Alain Couriol

20 Zbigniew Boniek

15 Bruno Bellone

17 Andrzej Szarmach

20 Gérard Soler

 

Técnico: Antoni Piechniczek

Técnico: Michel Hidalgo

 

SUPLENTES:

 

 

22 Piotr Mowlik (G)

22 Jean-Luc Ettori (G)

21 Jacek Kazimierski (G)

1  Dominique Baratelli (G)

4  Tadeusz Dolny

4  Maxime Bossis

12 Roman Wójcicki

3  Patrick Battiston

6  Piotr Skrobowski

6  Christian Lopez

7  Jan Jałocha

9  Bernard Genghini

14 Andrzej Pałasz

12 Alain Giresse

15 Włodzimierz Ciołek

10 Michel Platini

18 Marek Kusto

17 Bernard Lacombe

19 Andrzej Iwan

18 Dominique Rocheteau

11 Włodzimierz Smolarek

19 Didier Six

 

GOLS:

13′ René Girard (FRA)

40′ Andrzej Szarmach (POL)

44′ Stefan Majewski (POL)

46′ Janusz Kupcewicz (POL)

72′ Alain Couriol (FRA)

 

CARTÕES AMARELOS:

62′ Andrzej Buncol (POL)

71′ Roman Wójcicki (POL)

79′ Gérard Soler (FRA)

 

SUBSTITUIÇÕES:

INTERVALO Waldemar Matysik (POL) ↓

Roman Wójcicki (POL) ↑

 

65′ Gérard Janvion (FRA) ↓

Christian Lopez (FRA) ↑

 

82′ Jean Tigana (FRA) ↓

Didier Six (FRA) ↑

Gols da partida:

 

… 08/07/1998 – França 2 x 1 Croácia

Três pontos sobre…
… 08/07/1998 – França 2 x 1 Croácia


(Imagem: World Today News)

● Mesmo contando com bons jogadores como Jean-Pierre Papin, Éric Cantona e David Ginola, a França não conseguiu se qualificar para os Mundiais de 1990 e 1994. Mas esse problema foi resolvido para 1998: Les Bleus eram os donos da casa.

Na primeira fase, pelo Grupo C, os franceses venceram África do Sul por 3 x 0, Arábia Saudita por 4 x 0 e Dinamarca por 2 x 1. Nas oitavas de final, contaram com o gol de ouro do zagueiro Laurent Blanc para vencer o Paraguai (1 x 0). Nas quartas, venceram a Itália por 4 x 3 na decisão por pênaltis depois de um empate sem gols.

Depois da dissolução da antiga Iugoslávia, essa era a primeira Copa do Mundo da Croácia como nação independente. E acabou surpreendendo o mundo do futebol, não apenas por ter uma seleção fortíssima, mas também pelo uniforme bem diferente do convencional: um xadrez de branco e vermelho.

Na primeira fase, a seleção vatreni venceu a Jamaica por 3 x 1 e o Japão por 1 x 0. Já classificada, perdeu para a Argentina por 1 x 0, se classificando em segundo lugar do Grupo H. Nas oitavas, eliminou a Romênia com uma vitória por 1 x 0. Nas quartas, goleou a Alemanha por 3 x 0, demonstrando seu poderio ofensivo.

A França estava aliviada pela vitória da Croácia sobre a Alemanha. Em 1982 e 1986, Les Bleus enfrentaram Die Mannschaft justamente nas semifinais e perderam ambas, mesmo jogando melhor, com um futebol vistoso e ofensivo.

Antes da partida, vários sentimentos distintos. O experiente zagueiro francês Marcel Desailly queria libertar seu país das amarras dos fracassos antigos: “Não aguento mais ouvir falar das glórias e das derrotas das gerações passadas. Precisamos fazer a nossa história. Queremos ir ainda mais longe que Michel Platini, Alain Giresse e Jean Tigana”.

O técnico croata Miroslav Blažević queria estragar a festa dos anfitriões e viu um ponto fraco onde não existia, na tentativa de desestabilizar o adversário: “Não acredito que a França tenha essa defesa toda que dizem”.

Do outro lado, o treinado francês Aimé Jacquet pregava o respeito: “Os croatas podem não ter a força e a camisa dos alemães. Mas têm alguns jogadores que podem definir um jogo”.


A França jogou no sistema 4-5-1, fechando os espaços no meio e com Zidane e Djorkaeff se aproximando do ataque.


A Croácia atuou no esquema 3-5-2, com o constante avanço dos alas e aproximação dos meias.

● Era enorme a expectativa por um grande jogo. A torcida da francesa era um espetáculo no Stade de France, em Saint-Denis.

A França começou no ataque. Youri Djorkaeff avançou pela direita e cruzou para a área. Stéphane Guivarc’h tocou de calcanhar e Zinedine Zidane chutou, mas o goleiro Dražen Ladić segurou sem dar rebote.

Laurent Blanc fez um lançamento longo da direita para a área. Guivarc’h escorou de cabeça para trás e Zidane bateu de primeira. A bola passou perto da trave esquerda do goleiro croata.

Os franceses perderam oportunidades que não podem ser desperdiçadas. O nervosismo era latente nos donos da casa, que não fizeram um bom primeiro tempo e viram a Croácia assustar com um chute de Aljoša Asanović dentro da área.

E foram os croatas quem abriram o placar no primeiro minuto da etapa final.

Davor Šuker recebeu na direita e foi entrando em diagonal pelo meio. Ele deixou com Asanović, que ganhou da marcação e devolveu por elevação para a infiltração de Šuker, no ponto futuro. Dentro da área, o centroavante dominou e bateu rápido por baixo de Fabien Barthez. Os franceses pediram impedimento no lance, mas Thuram errou a linha e deu condições ao camisa 9 da Croácia. Os franceses ficavam em desvantagem no placar pela primeira vez no Mundial. Mas durou pouco.


(Imagem: The42)

Mas Lilian Thuram se redimiu um minuto depois. Ele avançou pela direita e tentou tocar mais a frente para Thierry Henry. Robert Jarni cortou e, próximo à sua área, Zvonimir Boban deu um giro e demorou a decidir o que fazer. Thuram veio por trás e lhe tomou a bola. Djorkaeff recebeu e devolveu para Thuram, já dentro da área. Sem cacoete para finalização, o zagueiro-lateral bateu na bola meio sem jeito, já caindo, mas a bola foi para o gol.

Thuram parecer ter tomado gosto pelo ataque. Zidane virou o jogo na direita para o camisa 15. Ele avançou e tocou para Henry, que foi travado pela marcação. A bola sobrou para Jarni, que demorou demais para se desfazer da bola. Thuram tomou dele e bateu de esquerda de fora da área. A bola quicou e foi morrer no canto esquerdo do goleiro Ladić.

Mas quatro minutos depois, a França ficou com um homem a menos. Henry tocou para Zidane no meio e Zizou abriu na esquerda para o apoio de Bixente Lizarazu. O lateral basco avançou até sofrer falta de Mario Stanić. Zidane cobrou a falta para a área e, na busca por espaço, Blanc empurrou o rosto de Slaven Bilić. O árbitro entendeu como agressão e expulsou o zagueiro francês.


(Imagem: Sportskeeda)

Com um jogador a mais, a Croácia partiu para o ataque em busca do empate.

Jarni cruzou da esquerda. Na segunda trave, Šuker dominou no peito tirando a marcação de Lizarazu e bateu forte de direita. Desailly chegou travando e impediu o que seria o gol de empate.

Zvonimir Soldo cruzou da direita. Silvio Marić fez o corta luz e Goran Vlaović chutou de longe. A bola desviou no meio do caminho e foi descaindo. Ela tinha o rumo do ângulo direito, mas Barthez voou e mandou para escanteio.

Robert Prosinečki cobrou escanteio à meia altura. Igor Štimac desviou de cabeça para trás, mas a bola não chegou a Šuker. Desailly chutou para o alto e afastou o perigo.

Enquanto isso, a torcida francesa cantava o hino nacional, “La Marseillaise”, em plenos pulmões. E explodiu em êxtase após o apito final.


(Imagem: Sportsnet)

● Nascido no dia 01/01/1972 em Guadalupe – um departamento ultramarino da França no Caribe – Ruddy Lilian Thuram-Ulien jogou 142 partidas pela seleção francesa, de 1994 a 2008, e marcou apenas dois gols. Justamente os dois que levaram a França para sua primeira final de Copa.

Após três derrotas em semifinais de Copas do Mundo (1958, 1982 e 1986), finalmente a França chegou à final.

“Eu não acredito. Estamos na final!” ― Emmanuel Petit

“Não faço gols nem nos treinamentos. Numa semifinal de Copa, marquei dois. Não sei o que dizer.” ― Lilian Thuram

“Agora, vamos enfrentar os mestres do futebol.” ― Aimé Jacquet

Na decisão, a França jogou melhor e venceu o Brasil por 3 x 0 e conquistou seu primeiro título da Copa do Mundo de Futebol.


(Imagem: Soccer Museum)

FICHA TÉCNICA:

 

FRANÇA 2 x 1 CROÁCIA

 

Data: 08/07/1998

Horário: 21h00 locais

Estádio: Stade de France

Público: 76.000

Cidade: Saint-Denis (França)

Árbitro: José María García-Aranda (Espanha)

 

FRANÇA (4-5-1):

CROÁCIA (3-5-2):

16 Fabien Barthez (G)

1  Dražen Ladić (G)

15 Lilian Thuram

4  Igor Štimac

5  Laurent Blanc

20 Dario Šimić

8  Marcel Desailly

6  Slaven Bilić

3  Bixente Lizarazu

13 Mario Stanić

7  Didier Deschamps (C)

17 Robert Jarni

19 Christian Karembeu

14 Zvonimir Soldo

17 Emmanuel Petit

7  Aljoša Asanović

10 Zinedine Zidane

10 Zvonimir Boban (C)

6  Youri Djorkaeff

19 Goran Vlaović

9  Stéphane Guivarc’h

9  Davor Šuker

 

Técnico: Aimé Jacquet

Técnico: Miroslav Blažević

 

SUPLENTES:

 

 

1  Bernard Lama (G)

12 Marjan Mrmić (G)

22 Lionel Charbonnier (G)

22 Vladimir Vasilj (G)

18 Frank Leboeuf

5  Goran Jurić

2  Vincent Candela

15 Igor Tudor

14 Alain Boghossian

18 Zoran Mamić

4  Patrick Vieira

3  Anthony Šerić

11 Robert Pirès

21 Krunoslav Jurčić

13 Bernard Diomède

8  Robert Prosinečki

21 Christophe Dugarry

11 Silvio Marić

12 Thierry Henry

2  Petar Krpan

20 David Trezeguet

16 Ardian Kozniku

 

GOLS:

46′ Davor Šuker (CRO)

47′ Lilian Thuram (FRA)

70′ Lilian Thuram (FRA)

 

CARTÕES AMARELOS:

45′ Aljoša Asanović (CRO)

75′ Mario Stanić (CRO)

88′ Dario Šimić (CRO)

 

CARTÃO VERMELHO:
74′ Laurent Blanc (FRA)

 

SUBSTITUIÇÕES:

31′ Christian Karembeu (FRA) ↓

Thierry Henry (FRA) ↑

 

65′ Zvonimir Boban (CRO) ↓

Silvio Marić (CRO) ↑

 

68′ Stéphane Guivarc’h (FRA) ↓

David Trezeguet (FRA) ↑

 

77′ Youri Djorkaeff (FRA) ↓

Frank Leboeuf (FRA) ↑

 

89′ Mario Stanić (CRO) ↓

Robert Prosinečki (CRO) ↑

Melhores momentos da partida:

Jogo completo:

… 05/07/2006 – França 1 x 0 Portugal

Três pontos sobre…
… 05/07/2006 – França 1 x 0 Portugal


(Imagem: Reprodução / FIFA)

● Depois da decepcionante Europa de 2004, vários ícones resolveram se aposentar da seleção francesa: Marcel Desailly, Bixente Lizarazu, Lilian Thuram, Claude Makélélé e Zinedine Zidane. Mas os três últimos voltaram aos Bleus um ano depois, para ajudar nas eliminatórias para o Mundial de 2006 – onde a França estava passando dificuldades.

A França começou mal na Copa do Mundo de 2006. Nas duas primeiras partidas, foram dois empates: 0 x 0 com a Suíça e 1 x 1 com a Coreia do Sul. A classificação em segundo lugar no Grupo G (atrás dos suíços) veio com uma vitória sobre Togo por 2 x 0 – sem Zidane, suspenso. Nas oitavas de final, a França venceu a Espanha por 3 x 1, com um golaço marcado por Zidane nos acréscimos. Na quartas de final, um show solo de Zidane e vitória sobre o Brasil por 1 x 0.

O elenco francês ainda tinha alguns campeões do mundo em 1998, como o goleiro Fabien Barthez, o zagueiro Lilian Thuram, o capitão Zinedine Zidane e os atacantes David Trezeguet e Thierry Henry.

Zidane tinha mais um ano de contrato com o Real Madrid, mas já havia anunciado sua aposentadoria definitiva para depois da Copa. Ou seja: cada jogo do Mundial poderia ser a despedida de Zizou do futebol.

Com o corte de Djibril Cissé por fratura na perna, o time passou a jogar com apenas um atacante de ofício e com uma receita de jogo: longas trocas de passes, uma defesa sólida e experiente e dois craques que decidem: Zidane e Henry.


(Imagem: Ben Radford / Getty Images)

● O técnico brasileiro Luiz Felipe Scolari levou seu país natal ao título da Copa de 2002. Depois da conquista do penta, ele assumiu um enorme desafio na seleção portuguesa.

Portugal havia disputado apenas três Copas do Mundo, sendo um sucesso (o 3º lugar em 1966) e dois fracassos, quando caiu na primeira fase em 1986 e 2002.

Aos poucos, Scolari reformulando o elenco luso. Ao mesmo tempo que deu oportunidades jogadores como o luso-brasileiro Deco e o jovem Cristiano Ronaldo, ele teve que ir tirando do time estrelas nacionais como o goleiro Vítor Baía, os zagueiros Fernando Couto e Abel Xavier, os meias Rui Costa e Sérgio Conceição, além do atacante João Pinto.

O capitão Luís Figo havia trocado o Real Madrid pela Inter de Milão um ano antes. Ele seguia sendo a maior estrela, exercendo sua importante liderança dentro de fora de campo.

Portugal sediou a Eurocopa de 2004 e chegou na final, mas perdeu de forma amarga para a surpreendente Grécia por 1 x 0.

Mas o time ganhou conjunto e se fortaleceu para a disputa do Mundial na Alemanha.

A maior ausência por lesão foi do zagueiro Jorge Andrade, do Deportivo La Coruña. Ele quebrou a perna três meses antes da Copa.

Os Tugas terminaram a primeira fase do Mundial com 100% de aproveitamento, com vitórias sobre Angola (1 x 0), Irã (2 x 0) e México (2 x 1). Nas oitavas de final, venceu a batalha campal diante da Holanda por 1 x 0. Nas quartas, vitória sobre a Inglaterra nos pênaltis por 3 x 1, depois de um empate sem gols.


As duas equipes jogavam no sistema 4-2-3-1.

● Em Munique, uma semifinal que criou muitas expectativas.

Os astros Luís Figo e Zinedine Zidane, ex-companheiros de Real Madrid, eram os capitães das duas seleções.

O técnico francês Raymond Domenech apostou nos mesmos titulares que começaram a partida contra o Brasil.

Les Bleus apostaram na mesma estratégia que deu certo contra o escrete canarinho, mas com uma enorme diferença: os lusos não jogaram de forma apática, acomodada e fria como os brasileiros quatro dias antes.

A partida começa com muito equilíbrio. Os jogadores mais criativos das duas seleções não conseguem espaços para criar e oferecer perigo. A maior parte do tempo, o jogo fica amarrado no meio campo. Quando os atacantes conseguiam finalizar, se limitavam a chutes de longa distância.

Quando caía pela esquerda, Thierry Henry dava muito trabalho para Miguel. Em um lance, ele driblou o lateral português por três vezes antes de chutar cruzado, para boa defesa do goleiro Ricardo.

Do outro lado, o jovem Cristiano Ronaldo apostava na velocidade e em um enorme repertório de dribles.

Em uma dessas jogadas, “CR17” arrancou pela esquerda e tocou para Deco no meio. O luso-brasileiro chutou de fora da área, mas a bola foi fraca. Barthez espalmou e Thuram afastou o perigo.

Também bem postado em campo, o time treinado por Luiz Felipe Scolari era firme na marcação e levou perigo em chutes de longe. Figo chutou de esquerda de fora da área e Barthez segurou bem.

Cristiano Ronaldo deixou de calcanhar para Maniche, que ajeitou e chutou de longe. A bola saiu por cima, mas assustou bastante o goleiro Barthez, passando muito perto da trave.


(Imagem: Alamy)

Com pouco mais de meia hora de jogo, a França encontrou uma brecha na defesa portuguesa.

Makélélé trocou passes com Zidane e deixou no meio para Florent Malouda. Ele passou por Deco e tocou para Henry. O camisa 12 entrou na área, cortou para o meio e foi derrubado por Ricardo Carvalho, em um carrinho irresponsável. Henry forçou um pouco a queda, mas o pênalti aconteceu.

Zinedine Zidane bateu firme, no cantinho direito do goleiro Ricardo, que até acertou o lado, mas não conseguiu alcançar a bola.

Ricardo voltou a aparecer em duas defesas difíceis no início do segundo tempo, nas últimas chances da França.

Depois disso, só deu Portugal.

Embora o goleiro Barthez tenha mostrado insegurança, soltando algumas bolas, a defesa francesa manteve a solidez, comandada pela experiência de Lilian Thuram.

No fim, até o goleiro Ricardo foi para a área francesa tentar o cabeceio, sem sucesso.

Pela segunda vez em sua história, Portugal caía nas semifinais da Copa.

Por sua vez, a França chegava à sua segunda final de Copa, a segunda em oito anos.


(Imagem: Ssbg)

● Mesmo caindo na semifinal, o técnico de Portugal, o brasileiro Luiz Felipe Scolari, já havia conquistado o recorde de doze jogos seguidos de invencibilidade, sendo sete pela Seleção Brasileira campeã do mundo em 2002 e outros cinco pela seleção portuguesa. Outra marca histórica de Scolari é a de onze vitórias consecutivas nesse mesmo período.

Apesar de inseguro em vários lances na partida, o goleiro careca Fabien Barthez alcançou um belo recorde: dez jogos sem tomar gols em Copas do Mundo. O índice é superior ao de arqueiros consagrados como Lev Yashin, Sepp Maier, Gordon Banks, Ladislao Mazurkiewicz, Rinat Dassaev, Ubaldo Fillol, Dino Zoff e Cláudio Taffarel – e igual apenas ao inglês Peter Shilton.

Nunca Les Bleus (“Os Azuis”, em francês – como são chamados os jogadores da seleção nacional) foram tão pouco azuis em uma Copa do Mundo. Isso se deve às superstições do técnico Raymond Domenech. Ele achou que o uniforme todo branco deu sorte nas oitavas de final contra a Espanha e fez o time repetir o fardamento nos jogos seguintes até a final.

Na final, um jogo de muito equilíbrio. A França saiu na frente com uma cobrança de pênalti de cavadinha convertido por Zidane, mas a Itália empatou com Marco Materazzi de cabeça. Ambos foram protagonistas em um lance histórico na prorrogação: Zidane foi provocado e deu uma cabeçada em Materazzi. O derradeiro momento de um gênio tão vencedor como Zinedine Zidane no futebol foi o cartão vermelho. Na decisão por pênaltis, David Trezeguet mandou na trave e a Itália se sagrou tetracampeã mundial. Zizou ainda foi eleito o melhor jogador do torneio, em escolha feita antes da final. Um adeus melancólico para um dos maiores jogadores da história.

Na decisão do 3º lugar, Portugal perdeu por 3 x 1 para a Alemanha, dona da casa. De qualquer forma, essa foi a segunda melhor campanha portuguesa em Copas do Mundo em todos os tempos, ficando atrás apenas do histórico 3º lugar da Copa de 1966.


(Imagem: Twitter @Football__Tweet)

FICHA TÉCNICA:

 

FRANÇA 1 x 0 PORTUGAL

 

Data: 05/07/2006

Horário: 21h00 locais

Estádio: Allianz Arena

Público: 66.000

Cidade: Munique (Alemanha)

Árbitro: Jorge Larrionda (Uruguai)

 

FRANÇA (4-2-3-1):

PORTUGAL (4-2-3-1):

16 Fabien Barthez (G)

1  Ricardo (G)

19 Willy Sagnol

13 Miguel

15 Lilian Thuram

5  Fernando Meira

5  William Gallas

16 Ricardo Carvalho

3  Éric Abidal

14 Nuno Valente

6  Claude Makélélé

6  Costinha

4  Patrick Vieira

18 Maniche

22 Franck Ribéry

7  Luís Figo (C)

10 Zinedine Zidane (C)

20 Deco

7  Florent Malouda

17 Cristiano Ronaldo

12 Thierry Henry

9  Pauleta

 

Técnico: Raymond Domenech

Técnico: Luiz Felipe Scolari

 

SUPLENTES:

 

 

23 Grégory Coupet (G)

12 Quim (G)

1  Mickaël Landreau (G)

22 Paulo Santos (G)

2  Jean-Alain Boumsong

2  Paulo Ferreira

17 Gaël Givet

3  Marco Caneira

13 Mikaël Silvestre

4  Ricardo Costa

21 Pascal Chimbonda

8  Petit

18 Alou Diarra

19 Tiago Mendes

8  Vikash Dhorasoo

10 Hugo Viana

9  Sidney Govou

11 Simão Sabrosa

11 Sylvain Wiltord

15 Luís Boa Morte

14 Louis Saha

23 Hélder Postiga

20 David Trezeguet

21 Nuno Gomes

 

GOL: 33′ Zinedine Zidane (FRA) (pen)

 

CARTÕES AMARELOS:

83′ Ricardo Carvalho (POR)

87′ Louis Saha (FRA)

 

SUBSTITUIÇÕES:

62′ Miguel (POR) ↓

Paulo Ferreira (POR) ↑

 

68′ Pauleta (POR) ↓

Simão Sabrosa (POR) ↑

 

69′ Florent Malouda (FRA) ↓

Sylvain Wiltord (FRA) ↑

 

72′ Franck Ribéry (FRA) ↓

Sidney Govou (FRA) ↑

 

75′ Costinha (POR) ↓

Hélder Postiga (POR) ↑

 

85′ Thierry Henry (FRA) ↓

Louis Saha (FRA) ↑

Melhores momentos da partida:

… 12/06/1938 – Itália 3 x 1 França

Três pontos sobre…
… 12/06/1938 – Itália 3 x 1 França


(Imagem: Calciopédia)

● Como tradicionalmente acontece, a seleção francesa era majoritariamente formada por “estrangeiros”. Havia um jogador nascido na Guiana Francesa, mas origem senegalesa (Raoul Diagne), um nascido em Luxemburgo (Julien Darui), um uruguaio (Hector Cazenave), um austríaco (Auguste Jordan), um suíço (Roger Courtois), quatro alemães (Oscar Heisserer, Émile Veinante, César Povolny e Ignace Kowalczyk) e cinco argelinos (Jean Bastien, Abdelkader Ben Bouali, Lucien Jasseron, Michel Brusseaux e Mario Zatelli).

O técnico Gaston Barreau também apostava muito na experiência de atletas que já haviam disputado as Copas anteriores. Eram três remanescentes de 1930 e 1934 (Étienne Mattler, Edmond Delfour e Veinante) e cinco de 1934 (Alfred Aston, Jean Nicolas, René Llense, Jules Vandooren e Courtois).

O ponto forte de Les Bleus era a defesa, com o goleiro Laurent Di Lorto e os zagueiros Cazenave e o capitão Mattler. O sistema defensivo era chamado de “Linha Maginot” – uma linha de fortificações e de defesa construída pela França ao longo de suas fronteiras com a Alemanha e a Itália entre 1930 e 1936.

Na estreia, nas oitavas de final, a França venceu a Bélgica por 3 a 1. Nas quartas, a adversária era a fortíssima Itália.


(Imagem: Wikipédia)

● Como não poderia deixar de ser, a Squadra Azzurra era a maior favorita ao título. Campeã em 1934, a seleção do técnico Vittorio Pozzo vinha bastante renovada e ainda melhor do que quatro anos antes. Com um time mais leve e mais técnico, apenas Giuseppe Meazza e Giovanni Ferrari permaneciam como titulares.

O principal craque do time era Silvio Piola, um centroavante de muita mobilidade, capaz de criar e concluir as jogadas. Ele estava em seu auge técnico e mostrou todas suas qualidades no Mundial.

O ditador Benito Mussolini, “Il Duce”, ainda era o principal catalisador para que os atletas italianos jogassem como se fossem o último dia de suas vidas. Às vésperas da Segunda Guerra Mundial, ainda permanecia o lema “vitória ou morte”.

O primeiro obstáculo foi a Noruega. E os italianos suaram bastante para vencer os nórdicos por 2 x 1 na prorrogação.


A Itália jogava em uma adaptação do sistema 2-3-5 chamada “Metodo”, que consistia no ligeiro recuo de dois atacantes, deixando o ataque em uma espécie de “W”, com dois meia-atacantes, dois pontas bem abertos e um centroavante.


A França atuava no sistema W-M, que já começava a ser o mais usual entre os europeus.

● Com 58.455 expectadores, esse foi o jogo com o maior público da Copa de 1938. O público excedeu em 15% a capacidade do estádio olímpico de Colombes – sem contar as outras dez mil pessoas ficaram do lado de fora.

As seleções tinham empatado sem gols em março, em um amistoso disputado em Paris. Esse resultado deu certa esperança aos franceses. Mas dessa vez os italianos não deram chances aos rivais.

Aproveitando que os franceses tradicionalmente também jogavam de camisa azul, a Itália aproveitou para fazer outro agrado a Mussolini: entrou em campo com o uniforme todo preto, a cor símbolo oficial do fascismo e das fardas de seu exército. A “Squadra Azzurra” se transformou em “Squadra Nera”.

Ao entrar em campo, os italianos cumprimentaram as tribunas com a tradicional saudação fascista: braço direito estendido e a mão espalmada para baixo. A reação da torcida não poderia ter sido outra: vaias e mais vaias, que duraram muitos minutos.

Mas o novo fardamento fez bem ao time, que estava mais solto que na partida anterior.

O goleiro francês Laurent Di Lorto já havia feito duas boas intervenções ainda no início do jogo.

Mas o placar foi aberto logo aos nove minutos de jogo, com um dos gols mais cômicos de todas as Copas. O ponta esquerda Gino Colaussi deu um chute de média distância, a bola subiu muito e desceu de repente. O goleiro Di Lorto foi surpreendido e tentou fazer a defesa, mas se chocou com a trave direita enquanto a bola caía para dentro do gol. Falha feia. E 1 a 0 no placar para os italianos.

Os franceses não se deixaram abater e empataram no minuto seguinte, com Oscar Heisserer.

Mas, no segundo tempo, Silvio Piola resolveu o jogo para a Itália e marcou dois gols: aos 6′ e aos 26′.


(Imagem: Pinterest)

● Placar final: atual campeã e maior favorita 3, dona da casa e eliminada 1.

Com a eliminação de sua seleção, a torcida local elegeu outro time para torcer: o Brasil.

Na semifinal, a Itália teve na Seleção Brasileira um adversário duríssimo, mas venceu por 2 x 1 com um pênalti polêmico.

Na decisão, a Azzurra venceu a Hungria por 4 x 2 e se tornou o primeiro bicampeão mundial.


Sorteio e cumprimentos iniciais entre o trio de arbitragem e os capitães Giuseppe Meazza e Étienne Mattler (Imagem: AFP / Getty Images)

FICHA TÉCNICA:

 

ITÁLIA 3 x 1 FRANÇA

 

Data: 12/06/1938

Horário: 17h00 locais

Estádio: Olympique de Colombes

Público: 58.455

Cidade: Colombes (França)

Árbitro: Louis Baert (Bélgica

 

ITÁLIA (2-3-5):

FRANÇA (W-M):

Aldo Olivieri (G)

Laurent Di Lorto (G)

Alfredo Foni

Hector Cazenave

Pietro Rava

Étienne Mattler (C)

Pietro Serantoni

Jean Bastien

Michele Andreolo

Auguste Jordan

Ugo Locatelli

Raoul Diagne

Amedeo Biavati

Alfred Aston

Giuseppe Meazza (C)

Oscar Heisserer

Silvio Piola

Jean Nicolas

Giovanni Ferrari

Edmond Delfour

Gino Colaussi

Émile Veinante

 

Técnico: Vittorio Pozzo

Técnico: Gaston Barreau

 

SUPLENTES:

 

 

Guido Masetti (G)

René Llense (G)

Carlo Ceresoli (G)

Julien Darui (G)

Eraldo Monzeglio

Abdelkader Ben Bouali

Bruno Chizzo

César Povolny

Aldo Donati

Jules Vandooren

Renato Olmi

François Bourbotte

Mario Genta

Lucien Jasseron

Mario Perazzolo

Michel Brusseaux

Sergio Bertoni

Roger Courtois

Pietro Ferraris

Ignace Kowalczyk

Pietro Pasinati

Mario Zatelli

 

GOLS:

9′ Gino Colaussi (ITA)

10′ Oscar Heisserer (FRA)

51′ Silvio Piola (ITA)

72′ Silvio Piola (ITA)

Imagens da partida:

… 09/06/1986 – França 3 x 0 Hungria

Três pontos sobre…
… 09/06/1986 – França 3 x 0 Hungria


(Imagem: AFP)

● A seleção francesa mantinha o mesmo time base de 1978 e 1982, mas estava ainda mais forte. O “quadrado mágico” do meio de campo ganhou mais qualidade com Luis Fernández fazendo companhia a Jean Tigana, Alain Giresse e Michel Platini.

Platini era, ao mesmo tempo, o arco e a flecha. Era o armador das melhores jogadas e o principal finalizado também. Com extraordinária habilidade, era o maestro de uma grande orquestra. Ele vivia o auge de sua forma técnica, sendo eleito o Bola de Ouro da revista France Football por três anos consecutivos – 1983, 1984 e 1985. Com nove gols em cinco jogos, foi também o craque do título da Eurocopa de 1984 – primeiro título relevante da história da seleção francesa. Além disso, foi também o jogador mais importante do primeiro título da Juventus na Copa dos Campeões da Europa, na temporada 1984/85.

O técnico era Henri Michel, ex-meio campista da seleção francesa. Ele foi o treinador da equipe que conquistou a medalha de ouro dos Jogos Olímpicos de 1984, em Los Angeles. Michel levou para a seleção principal alguns dos campeões olímpicos, como o goleiro Albert Rust, o zagueiro Michel Bibard, o lateral Ayache (que logo se tornou titular), e os pontas Daniel Xuereb e José Touré. Mas Touré precisou ser cortado por ter os ligamentos do joelho rompidos em uma partida do Nantes na antiga Copa da UEFA. Para seu lugar foi convocado Jean-Pierre Papin, do Club Brugge, da Bélgica.

Por tudo isso, uma euforia sem precedentes tomou conta dos torcedores franceses. Eles se consideravam prontos para entrar para a história com o título mundial.


(Imagem: Agence France Presse)

● Em um grupo com franceses e soviéticos, a Hungria corria por fora. O histórico credenciava os magiares, com melhor retrospecto: dois vice-campeonatos mundiais (1938 e 1954) e três títulos olímpicos (1952, 1964 e 1968).

Além dos números, contava a seu favor o respeito ao futebol técnico, vistoso e bem jogado – algumas vezes até taxado de não ser competitivo por priorizar o jogo vistoso, muitas vezes de forma irresponsável.

Os destaques da seleção húngara eram o goleiro Péter Disztl, o lateral direito baixinho Sándor Sallai e o veloz Márton Esterházy. Mas o craque do time era o ponta de lança Lajos Détári, dono de ótima visão de jogo, rápido, inteligente, habilidoso e artiheiro. O desfalque foi o experiente meia Tibor Nyilasi, machucado.

Era considerada a melhor seleção húngara desde 1966.


Treinada por Henri Michel, a França atuava no sistema tático 4-4-2. O destaque era seu quarteto de meio campo, com muita qualidade técnica: Fernández, Tigana, Giresse e Platini.


A Hungria jogava no 4-4-2 clássico, com Lajos Détári carimbando todas as jogadas do time pelo meio.

● A vitória sobre o Canadá (1 x 0) e o empate com a União Soviética (1 x 1) deixou a França em boa situação no Grupo C. Bastaria um empate com a Hungria na última rodada para garantir a classificação.

A Hungria havia sido goleada na estreia pela URSS por 6 x 0. Se recuperou na segunda partida ao vencer o Canadá por 2 x 0. Contra os franceses, era tudo ou nada para os húngaros.

O primeiro tempo foi equilibrado, com um futebol vistoso e leve predomínio da França.

O placar foi aberto após 29 minutos jogados. Ayache recebeu lançamento e cruzou da direita. Yannick Stopyra apareceu sem marcação na segunda trave e cabeceou firme no ângulo do goleiro Péter Disztl.

Aos poucos o time do técnico Henri Michel começava a encontrar a sua melhor forma técnica. Principalmente após a saída do inoperante Papin para a entrada do experiente e participativo Dominique Rocheteau.

Aos 17′ do segundo tempo, Tigana avançou em velocidade desde seu próprio campo. Passou para Rocheteau, que antes da entrada da área, girou em cima de um marcador e devolveu. Tigana recebeu livre e ajeitou o corpo para bater firme de esquerda, no canto direito do goleiro. O segundo gol praticamente garantiu a vitória.

A Hungria chegou a mandar uma bola na trave no segundo tempo. Mas isso foi o máximo que conseguiu fazer diante de uma França imponente.

O terceiro gol dos gauleses saiu a seis minutos do apito final. Joël Bats repôs a bola em jogo com um chutão para frente. Platini deixou ela quicar e e dominou pelo lado esquerdo da grande área. Com uma visão de jogo incrível – que só os gênios têm –, ele viu a chegada de Rocheteau na segunda trave e cruzou de pé trocado. Rocheteau apareceu nas costas de um zagueiro e só teve o trabalho de dar um toquinho por cima do goleiro.


(Imagem: Eurosport)

● Com esses resultados, a França terminou em segundo lugar da chave, atrás da União Soviética no saldo de gols. Esse mesmo critério (saldo de gols de -7) foi o que impediu a Hungria de se classificar como um dos melhores terceiros.

Na sequência, a França eliminou a atual campeã Itália nas oitavas de final, com uma vitória por 2 a 0.

Nas quartas, outro duelo gigante, com a Seleção Brasileira, de Sócrates, Júnior, Zico, Müller, Careca, Edinho, Branco e outros grandes jogadores. Empate em 1 x 1 no tempo normal (com direito a pênalti perdido de Zico). Na decisão por penalidades, “Les Bleus” tiveram mais sorte e venceram por 4 a 3.

Na semifinal, a França enfrentou sua “asa negra”, a Alemanha Ocidental. Perdeu por 2 x 0, naquele que foi o “canto do cisne” daquela geração.

Encerrou a Copa conquistando o 3º lugar ao vencer a surpreendente Bélgica por 4 x 2. Essa campanha igualou a melhor classificação final da história francesa até então – já havia chegado em 3º em 1958.


(Imagem: Bob Thomas / Getty Images)

FICHA TÉCNICA:

 

FRANÇA 3 x 0 HUNGRIA

 

Data: 09/06/1986

Horário: 12h00 locais

Estádio: Nou Camp

Público: 31.420

Cidade: León (México)

Árbitro: Carlos Silva Valente (Portugal)

 

FRANÇA (4-4-2):

HUNGRIA (4-4-2):

1  Joël Bats (G)

1  Péter Disztl (G)

2  Manuel Amoros

2  Sándor Sallai

4  Patrick Battiston

3  Antal Róth

6  Maxime Bossis

6 Imre Garaba (C)

3  William Ayache

4  József Varga

9  Luis Fernández

5  József Kardos

14 Jean Tigana

9  László Dajka

12 Alain Giresse

15 Péter Hannich

10 Michel Platini (C)

10 Lajos Détári

17 Jean-Pierre Papin

20 Kálmán Kovács

19 Yannick Stopyra

11 Márton Esterházy

 

Técnico: Henri Michel

Técnico: György Mezey

 

SUPLENTES:

 

 

22 Albert Rust (G)

18 József Szendrei (G)

21 Philippe Bergeroo (G)

22 József Andrusch (G)

5  Michel Bibard

14 Zoltán Péter

7  Yvon Le Roux

12 József Csuhay

8  Thierry Tusseau

13 László Disztl

15 Philippe Vercruysse

8  Antal Nagy

13 Bernard Genghini

16 József Nagy

11 Jean-Marc Ferreri

17 Győző Burcsa

16 Bruno Bellone

21 Gyula Hajszán

20 Daniel Xuereb

19 György Bognár

18 Dominique Rocheteau

7  József Kiprich

 

GOLS:

29′ Yannick Stopyra (FRA)

62′ Jean Tigana (FRA)

84′ Dominique Rocheteau (FRA)

 

CARTÕES
AMARELOS:

41′ William Ayache (FRA)

69′ Dominique Rocheteau (FRA)

 

SUBSTITUIÇÕES:

INTERVALO Péter Hannich (HUN) ↓

Antal Nagy (HUN) ↑

 

61′ Jean-Pierre Papin (FRA) ↓

Dominique Rocheteau (FRA) ↑

 

65′ Kálmán Kovács (HUN) ↓

György Bognár (HUN) ↑

 

71′ Yannick Stopyra (FRA) ↓

Jean-Marc Ferreri (FRA) ↑

Gols da partida:

… 15/07/2018 – França 4 x 2 Croácia

Três pontos sobre…
… 15/07/2018 – França 4 x 2 Croácia


(Imagem: FIFA.com)

● A França chegou ao Mundial como uma das favoritas, mas não chegou a encantar em momento algum. Na estreia, sofreu para vencer a Austrália por 2 x 1, com um pênalti marcado pelo VAR e um gol contra. Depois, jogou bem apenas no primeiro tempo e venceu o Peru por 1 x 0. E, com os reservas, decepcionou ao não querer jogar contra a Dinamarca, no único 0 x 0 desse Mundial. Em compensação, fez brilhar os olhos dos amantes do futebol, quando o mancebo Kylian Mbappé destruiu a Argentina e o 4 x 3 foi um placar magro pelo que foi a partida. Nas quartas de final, Les Bleus foram cirúrgicos ao bater o Uruguai por 2 x 0. Nas semi, precisou de um gol de escanteio para vencer a “ótima geração belga” por 1 x 0. Na final, claramente era muito mais time que o adversário e era a grande favorita.

Mas a Croácia já havia dado várias mostras de sua superação em campo. Estreou vencendo a Nigéria por 2 x 0 em um jogo modorrento. Na sequência, arrasou a Argentina com um chocolate de 3 x 0. Na terceira rodada, usou os reservas e venceu a Islândia por 2 x 1. E depois começou o festival de prorrogações. Nas oitavas de final, empatou com a Dinamarca por 1 x 1 e venceu nos pênaltis. Nas quartas, empatou com a Rússia por 2 x 2 e, novamente, se classificou nos pênaltis. Nas semi, empatou com a Inglaterra no tempo normal e só venceu na prorrogação, por 2 x 1. Com isso, os croatas acabaram jogando mais 90 minutos a mais que os franceses, além de terem um dia a menos de descanso – pois jogaram na quarta, enquanto a França jogou na terça.

Separada da Iugoslávia desde 1991, a Croácia chegava à sua primeira final de Copa. Já tinha a sensação de ter cumprido seu papel, superado as expectativas e o que viesse seria lucro.

A França tinha uma equipe melhor tecnicamente e estava em melhor condição física. Era a terceira final de Copa do Mundo em seis edições disputadas. Na primeira delas, em 1998, Zinedine Zidane liderou Les Bleus na vitória por 3 x 0 sobre o Brasil. Na segunda, ainda sob a batuta de Zizou, a França perdeu para a Itália nos pênaltis em 2006. Contra os croatas, era amplamente favorita.

Mas esse mesmo time base já havia falhado em momentos decisivos, especialmente na final da Eurocopa de 2016, quando jogou em casa e perdeu na prorrogação por 1 x 0 para Portugal, que tinha uma equipe inferior tecnicamente. Esse raio ruim não poderia cair duas vezes no mesmo lugar.


Didier Deschamps escalou a França com seus onze considerados titulares, no sistema 4-2-3-1.


Mesmo com o time esgotado fisicamente, Zlatko Dalić mandou seu time a campo no 4-2-3-1 e manteve a escalação da semifinal.

● No início da partida, a Croácia tratou de pressionar a saída de bola, tentando resolver logo o jogo. Mas o cansaço e o esgotamento chegaram antes do gol.

Logo aos 17 minutos de jogo, Antoine Griezmann emulou Neymar, dobrou as pernas ridiculamente e caiu. O árbitro Néstor Pitana enxergou o que não houve e marcou a falta, mesmo com a grande pressão dos croatas – que estavam certos. Griezmann alçou a bola para a área e Mandžukić teve o azar de desviá-la de cabeça para o gol.

Com um gol proveniente de uma falta não existente, a França abriu o placar. Mario Mandžukić marcou o primeiro gol contra em uma final de Copa do Mundo, em toda a história. Esse Mundial dos gols contra, teve seu 12º marcado na final – o dobro do recorde anterior, que era de seis em 1998.

Depois, Luka Modrić cobrou uma falta para a área, mas o zagueiro Domagoj Vida cabeceou por cima.


(Imagem: FIFA.com)

Em nova cobrança de falta, dessa vez do meio campo, aos 28 min, Modrić lançou na direita. Šime Vrsaljko cabeceou para o meio da área. Mandžukić ganhou de Pogba pelo alto, Dejan Lovren desviou de cabeça e Vida tocou para trás. Ivan Perišić estava na meia lua e já dominou cortando para a perna esquerda, invadindo a área e enchendo o pé para o gol. A bola ainda desviou de leve em Varane antes de entrar. A seleção vatreni ainda estava viva na decisão!

Seis minutos depois, Griezmann cobrou escanteio fechado, Matuidi cabeceou e a bola tocou na mão de Perišić, que estava com o braço aberto. Os franceses correram para cima do árbitro para reclamar o toque. E a Copa do VAR foi decidida também pelo VAR. O italiano Massimiliano Irrati, que nunca marca nada, que sempre vê as infrações dentro da área como “normais”, dessa vez chamou a atenção de Pitana e o convidou para ver o lance no vídeo. E o argentino, mesmo vendo e revendo o lance, aparentemente ainda em dúvida, assinalou corretamente o pênalti. A primeira intervenção do VAR em uma final de Copa foi certeira e fatal.

Griezmann partiu para a cobrança. O goleiro Danijel Subašić se mostrou na competição um exímio especialista em defesas de pênaltis, mas caiu um pouco antes para seu lado esquerdo e deixou o outro lado livre para o camisa 7 francês deslocá-lo.

Após cobrança de escanteio, Vida desviou de cabeça para fora.

No segundo tempo, Ivan Rakitić tocou para Ante Rebić, que bateu de esquerda e Lloris espalmou para escanteio.

Mbappé foi lançado em velocidade, passou por Vida e chutou. Mas Subašic se antecipou, diminuindo o ângulo e fazendo a defesa.


(Imagem: FIFA.com)

Pouco depois, quatro pessoas invadiram o campo…

Aos 14′, Paul Pogba começou a jogada lançando Mbappé na ponta direita. O garoto passou por Ivan Strinić, foi à linha de fundo e cruzou para trás. Griezmann dominou e deixou com Pogba que emendou de primeira. Lovren rebateu e a bola voltou para o próprio Pogba chutar colocada de esquerda e marcar o terceiro gol. Subašic nem pulou.

Faltava o gol do prodígio Mbappé, que marcou aos vinte minutos. Lucas Hernández fez boa jogada pela esquerda e tocou para o camisa 10. Ele dominou na entrada da área e chutou rasteiro. Novamente o goleiro croata nem pulou. Com 19 anos e meio, Kylian Mbappé se tornou o segundo jogador mais jovem a marcar gol em uma final – só perde para Pelé, que tinha 17 anos e oito meses quando marcou na decisão de 1958.

Ainda deu tempo de o goleiro e capitão Hugo Lloris fazer uma bobagem. Aos 24′, ele recebeu de Umtiti e tentou driblar Mandžukić, que vinha na corrida. Mas o croata foi mais esperto, deixou o pé e diminuiu o placar. Um gol oriundo de uma das falhas mais bisonhas da história das finais de Copa. Sorte que sua equipe estava com boa diferença no placar. Faltou concentração e sobrou soberba a Lloris.

Mas foi ele, o goleiro e capitão Hugo Lloris, o responsável por levantar a taça no estádio Olímpico Luzhniki, em Moscou.


(Imagem: FIFA.com)

● As seleções europeias venceram os quatro últimos Mundiais, a maior sequência de uma confederação em toda a história.

Algumas observações merecem ser feitas. A França claramente mereceu vencer, mas… no lance do primeiro gol, Antoine Griezmann não sofreu falta. Ele buscou o contato e dobrou as pernas. O mundo inteiro que criticava Neymar por exagerar quando sofre falta, era o mesmo mundo que aplaude Griezmann por ter “cavado” uma falta inexistente. Curiosamente, o árbitro escalado para a final nasceu na mesma Argentina que foi massacrada pela Croácia na primeira fase. Se a FIFA quisesse um árbitro isento, poderia ter escalado outro, como, por exemplo, o brasileiro Sandro Meira Ricci. Néstor Pitana, mesmo vendo o lance do pênalti no vídeo, ainda hesitou algumas vezes antes de assinalá-lo. E deve ter engolido seco.

Bola parada não ganha apenas jogo: ganha Copa do Mundo! Segundo a FIFA, dos 169 gols marcados no torneio, 71 foram originados em bola parada (cobranças de faltas diretas ou indiretas, escanteio e pênaltis). Foi a Copa com o maior número de pênaltis na história, com 29.

A Copa de 2018 bateu o recorde de partidas consecutivas com gol. O primeiro 0 x 0 só aconteceu na 38ª partida, entre França e Dinamarca – um “jogo de compadres” que garantiu ambas seleções nas oitavas de final. Foi o único jogo sem gols no Mundial. Essa marca superou os 26 jogos seguidos sem 0 x 0 da Copa de 1954.

O centroavante Olivier Giroud foi fundamental no estilo de jogo francês. Além do papel de pivô, com sua constante movimentação, ele era o principal responsável para abrir espaços nas defesas adversárias para a infiltração de seus companheiros. Porém, ele terminou o Mundial sem marcar nenhum gol e, pior ainda: sem acertar nenhum chute no alvo.

Antoine Griezmann foi eleito discutivelmente pela FIFA o melhor jogador da partida. Kylian Mbappé praticamente não teve concorrentes para ser o melhor jogador jovem.

Luka Modrić foi o jogador que mais tempo ficou em campo durante a Copa: 694 minutos. Merecidamente, ele recebeu o prêmio de melhor jogador do torneio. Com muita técnica e disposição, o capitão croata liderou sua seleção à final e mereceu o título. Modrić sempre foi um jogador que potencializa o futebol de seus companheiros. E terminou a Copa de 2018 com status de estrela. No fim do ano, seria eleito o melhor jogador do mundo, tanto com a Bola de Ouro da revista France Football, quanto com o prêmio The Best da FIFA. Modrić quebrou uma longa sequência de dez anos em que a premiação era dividida entre Messi e Cristiano Ronaldo.


(Imagem: FIFA.com)

Esse time da Croácia ficou marcado também por não jogar com um meio campista originalmente defensivo. Quem fez essa função na maioria das vezes foi Marcelo Brozović, que na Internazionale era um meia de transição. Outras vezes, o meia mais defensivo era Ivan Rakitić, que de vez em quando fazia essa função no Barcelona. Méritos do ofensivo treinador Zlatko Dalić, que em alguns jogos escalou juntos os atacantes Mario Mandžukić, Ante Rebić e Andrej Kramarić.

Mas Zlatko Dalić deve ser questionado pelo excesso de confiança em seus titulares e a falta dela nos reservas. Milan Badelj fez uma partida formidável contra a Islândia e não recebeu mais oportunidades. Mateo Kovacic é um multifuncional e sempre incisivo, independentemente da função em campo, mas só entrava nos minutos finais das partidas. E, em uma final de Copa, precisando ir em busca do resultado, Dalić fez apenas duas alterações. Contestável.

Danijel Subašic foi um dos destaques da Croácia na Copa do Mundo, mas seu final não refletiu o que apresentou durante a competição. Ele atuava no clube francês Monaco desde 2012. E seus adversários se aproveitaram por conhecer a má fama que o goleiro tem de não se dar bem em chutes de longe. Com certeza Subašic poderia ter feito melhor nos chutes de Pogba e Mbappé que resultaram nos dois últimos gols franceses. Além disso, ainda caiu antes no pênalti cobrado por Griezmann.

A França se valeu de uma defesa muito forte, com o que havia de melhor na época no Real Madrid (Raphaël Varane) e no Barcelona (Samuel Umtiti), além da sempre ótima proteção de N’Golo Kanté e de dois zagueiros nas laterais (Benjamin Pavard e Lucas Hernández). Venceu essa Copa nos contra-ataques e nas bolas paradas. Pode até ser um estilo de jogo chato, mas é mortal e eficiente, principalmente com a jovialidade e a velocidade de Mbappé. Mesmo tendo sua convocação bastante contestada no início, Deschamps tem todos os méritos do mundo ao utilizar o máximo potencial de sua equipe. Ele soube extrair o melhor de seu elenco, montando uma defesa sólida, um meio campo dinâmico e um ataque rápido, direto e efetivo. A conquista do título foi justíssima.


(Imagem: FIFA.com)

Didier Deschamps entrou definitivamente para a história, como o terceiro a vencer a Copa do Mundo como jogador e técnico. Antes dele, somente o brasileiro Zagallo e o alemão Franz Beckenbauer haviam conseguido o feito. E somente o alemão e o francês o fizeram como capitão, o que é ainda mais raro.

Raphaël Varane também entrou para um seleto grupo de atletas que venceram a UEFA Champions League e a Copa do Mundo no mesmo ano. Os alemães Franz Beckenbauer, Gerd Muller, Paul Breitner, Sepp Maier, Uli Hoeneß, Hans-Georg Schwarzenbeck e Jupp Kapellmann venceram a UCL pelo Bayern de Munique em 1974. O francês Christian Karembeu jogava no Real Madrid em 1998, assim como o brasileiro Roberto Carlos em 2002 e o alemão Sami Khedira em 2014.

Se em 1998, 13 dos jogadores do elenco campeão pela França possuíam alguma ligação ou origem estrangeira, no time de 2018, eram vinte dos 23 atletas convocados. Era o auge da França do “black, blanc, beur” (uma alusão aos negros, brancos e árabes), um verdadeiro mapa-múndi do futebol. Apenas Benjamin Pavard, Olivier Giroud e Florian Thauvin eram genuinamente franceses. Samuel Umtiti nasceu em Camarões, Steve Mandanda na República Democrática do Congo e Thomas Lemar em Guadalupe, possessão ultramarina da França. O capitão Hugo Lloris é filho de um banqueiro espanhol. N’Golo Kanté, Ousmane Dembélé e Djibril Sidibé são filho de pais nascidos em Mali. Alphonse Areola é filho de filipinos. Os pais de Raphaël Varane são da Martinica. Kylian Mbappé filho de uma ex-jogadora de handebol argelina e pai camaronês. Paul Pogba é filho de pai congolês e mãe guineense. As famílias de Steven Nzonzi e Presnel Kimpembe têm origem no Congo. Corentin Tolisso tem ascendência em Togo e Nabil Fekir na Argélia. Lucas Hernández descendente de espanhóis. Antoine Griezmann é de origem alemã e portuguesa. Benjamin Mendy descende de senegaleses. Adil Rami é de família marroquina. Blaise Matuidi é descendente de congoleses e angolanos.


(Imagem: FIFA.com)

FICHA TÉCNICA:

 

FRANÇA 4 x 2 CROÁCIA

 

Data: 15/07/2018

Horário: 18h00 locais

Estádio: Olímpico Luzhniki

Público: 78.011

Cidade: Moscou (Rússia)

Árbitro: Néstor Pitana (Argentina)

 

FRANÇA (4-2-3-1):

CROÁCIA (4-2-3-1):

1  Hugo Lloris (G)(C)

23 Danijel Subašić (G)

2  Benjamin Pavard

2  Šime Vrsaljko

4  Raphaël Varane

6  Dejan Lovren

5  Samuel Umtiti

21 Domagoj Vida

21 Lucas Hernández

3  Ivan Strinić

13 N’Golo Kanté

11 Marcelo Brozović

6  Paul Pogba

7  Ivan Rakitić

14 Blaise Matuidi

10 Luka Modrić (C)

10 Kylian Mbappé

4  Ivan Perišić

7  Antoine Griezmann

18 Ante Rebić

9  Olivier Giroud

17 Mario Mandžukić

 

Técnico: Didier Deschamps

Técnico: Zlatko Dalić

 

SUPLENTES:

 

 

16 Steve Mandanda (G)

12 Lovre Kalinić (G)

23 Alphonse Areola (G)

1  Dominik Livaković (G)

19 Djibril Sidibé

13 Tin Jedvaj

3  Presnel Kimpembe

5  Vedran Ćorluka

17 Adil Rami

15 Duje Ćaleta-Car

22 Benjamin Mendy

22 Josip Pivarić

15 Steven Nzonzi

14 Filip Bradarić

12 Corentin Tolisso

19 Milan Badelj

8  Thomas Lemar

8 Mateo Kovačić

18 Nabil Fekir

20 Marko Pjaca

20 Florian Thauvin

9 Andrej Kramarić

11 Ousmane Dembélé

16 Nikola Kalinić (dispensado da delegação)

 

GOLS:

18′ Mario Mandžukić (FRA) (gol contra)

28′ Ivan Perišić (CRO)

38′ Antoine Griezmann (FRA) (pen)

59′ Paul Pogba (FRA)

65′ Kylian Mbappé (FRA)

69′ Mario Mandžukić (CRO)

 

CARTÕES AMARELOS:

27′ N’Golo Kanté (FRA)

41′ Lucas Hernández (FRA)

90+2′ Šime Vrsaljko (CRO)

 

SUBSTITUIÇÕES:

55′ N’Golo Kanté (FRA) ↓

Steven Nzonzi (FRA) ↑

 

71′ Ante Rebić (CRO) ↓

Andrej Kramarić (CRO) ↑

 

73′ Blaise Matuidi (FRA) ↓

Corentin Tolisso (FRA) ↑

 

81′ Olivier Giroud (FRA) ↓

Nabil Fekir (FRA) ↑

 

81′ Ivan Strinić (CRO) ↓

Marko Pjaca (CRO) ↑

Gols da partida:

… 08/07/1982 – Alemanha Ocidental 3 x 3 França

Três pontos sobre…
… 08/07/1982 – Alemanha Ocidental 3 x 3 França

“A noite de Sevilha”


(Imagem: Pinterest)

● Depois da Seleção Brasileira, era a França quem tinha o futebol mais encantador do planeta. Les Bleus voltavam à uma semifinal após 1958. O destaque era o meio campo, com os “Três Mosqueteiros” franceses, que, como no livro, também eram quatro: Bernard Genghini, Jean Tigana, Alain Giresse e Michel Platini. Um meio campo leve, habilidoso, de ótimo toque de bola e visão de jogo. No ataque, dois pontas de origem, Didier Six e Dominique Rocheteau, abriam espaço nas defesas adversárias para o avanço dos meias.

Desde 1979, Michel Platini e Jean-François Larios eram companheiros de clube no Saint-Étienne e se tornaram bons amigos. Platini era casado com Christelle Bigoni desde 1977 – uma loira linda, muito atraente e de olhos azuis. Aconteceu de Larios ter um caso com a esposa de Platini e o assunto ter explodido às vésperas da derrota da França para a Inglaterra por 3 x 1 na estreia. Depois de todo o alvoroço feito pela imprensa, Platini deu o ultimato ao técnico Michel Hidalgo para que escolhesse entre um e outro. O treinador não tinha como fazer diferente e optou por manter seu capitão e camisa 10.

Sem Larios, a França goleou o Kuwait por 4 x 1 do técnico Carlos Alberto Parreira – em jogo em que um xeique do país árabe invadiu o campo e obrigou o árbitro a anular um gol legítimo dos gauleses. Na sequência, a França empatou com a Tchecoslováquia por 1 x 1 e se classificou em segundo lugar no Grupo D. A segunda fase foi mais tranquila. Venceu a Áustria por 1 x 0 e a Irlanda do Norte por 4 x 1. Nas semifinais, enfrentaria a Alemanha Ocidental.

A Alemanha Ocidental perdeu por 2 x 1 na estreia para a surpreendente Argélia, de Rabah Madjer e Lakhdar Belloumi. Se recuperou na rodada seguinte ao bater o Chile por 4 x 1. Na terceira partida, protagonizou o jogo mais vergonhoso da história das Copas, um jogo de compadres, ao vencer a Áustria por 1 x 0, no único placar possível para classificar as duas seleções e eliminar os argelinos. Essa partida ficou conhecida como “Jogo da Vergonha” ou “A Vergonha de Gijón”. Na fase seguinte, venceu a Espanha, dona da casa, por 2 x 1 e empatou sem gols com a Inglaterra. Foi o suficiente para se garantir entre os quatro primeiros do Mundial pela sétima vez em sua história.


A Alemanha Ocidental do técnico Jupp Derwall atuava em um falso 4-4-2 em um misto de 3-5-2. O lateral esquerdo Bernd Förster fazia o papel de um terceiro zagueiro, a fim de liberar o outro lateral, Kaltz, que apoiava um pouquinho mais pela direita, fazendo o contra-peso do meia esquerda Briegel. Paul Breitner era o “todo-campista” indo de área a área. Dremmler marcava para Magath armar as jogadas para o ponta Littbarski e o centroavante Klaus Fischer.


Treinada por Michel Hidalgo, a França atuava no sistema tático 4-4-2. O destaque era seu quarteto de meio campo, com muita qualidade técnica: Ghengini, Tigana, Giresse e Platini.

● Eleito pela revista France Football o Bola de Ouro como melhor jogador da Europa em 1980 e 1981, o craque alemão Karl-Heinz Rummenigge estava em más condições físicas e, por isso, começou no banco de reservas. A França colocou em campo o que tinha de melhor.

A Alemanha começou melhor e partiu logo para o ataque, com a intenção de marcar um gol logo e se fechar. Mas o primeiro chute a gol foi dos franceses, aos cinco minutos de jogo, mas o chute de Giresse foi para fora.

Em sua primeira Copa, Pierre Littbarski era o mais acionado no ataque alemão. Único remanescente da Copa de 1974, Paul Breitner era o líder no meio de campo. O líbero Uli Stielike comandava a defesa teutônica.

Três minutos depois, Littbarski cobrou uma falta e a bola bateu na trave.

Depois, Rocheteau ajeitou com o peito e Genghini chutou por cima.

A Alemanha Ocidental abriu o placar aos dezessete minutos. Paul Breitner recebeu a bola de Wolfgang Dremmler no meio entre três franceses e avançou e tocou para Klaus Fischer. O goleiro francês Jean-Luc Ettori saiu da meta e defendeu, mas a bola sobrou na linha da grande área para Littbarski emendar forte e rasteiro para o gol.

Aos 21′, Platini cabeceou para fora.

Seis minutos depois, Manfred Kaltz (capitão na ausência de Rummenigge) derrubou Genghini. Giresse cobrou a falta, Platini desviou de cabeça e Bernd Förster derrubou Rocheteau dentro da área. Platini bateu o pênalti com frieza, no canto direito do goleiro Harald Schumacher, que caiu para o lado esquerdo.


(Imagem: UOL)

Com o passar do tempo, o jogo foi ficando mais pegado. Manuel Amoros e Littbarski se estranharam. Dremmler derrubou Tigana em um lance em que mereceria pelo menos o cartão amarelo. Depois, Schumacher deixou o corpo em uma dividida com Platini. Mais adiante, Bernd Förster acertou as costas de Rocheteau com o joelho em um lance fora da área. Schumacher trombou com Six e deu um bruto empurrão no atacante francês.

Em uma partida com tanto contato físico, os alemães acabavam levando vantagem. O time francês era leve, sem nenhum volante de ofício. Giresse e Genghini foram obrigados a se desdobrarem na marcação e receberam cartão amarelo.

O jogo continuava aberto. Em um contra-ataque, Rocheteau serviu Platini, que não conseguiu virar o jogo.

Depois, o tanque Hans-Peter Briegel surgiu na área e finalizou de primeira, mas viu Ettori espalmar pela linha de fundo.

Ainda no primeiro tempo, o perigoso Littbarski cabeceou a queima-roupa depois de um cruzamento da direita.

No fim do primeiro tempo Platini chutou de primeira de fora da área, mas a bola foi pela linha de fundo.

Na volta do intervalo, o técnico Michel Hidalgo já pensava em dar mais mobilidade a seu time e mandou Patrick Battiston ir para o aquecimento. E ele entrou aos sete minutos no lugar de Genghini.

No início do segundo tempo, Rocheteau ganhou de Schumacher e fez o gol, mas o árbitro anulou por falta do gaulês.

Platini e Battiston chutaram por cima. A França estava mais perto do gol.


(Imagem: UOL)

● Um lance decisivo para os rumos da partida aconteceu aos doze minutos do segundo tempo.

Maxime Bossis roubou a bola de Dremmler e deixou com Platini na meia direita. O camisa 10 lançou para Battiston nas costas da defesa germânica, entre o goleiro Schumacher e o líbero Stielike. O volante francês chegou primeiro para tocar de esquerda na saída do goleiro alemão, mas a bola foi para fora. Schumacher tinha saído do gol com uma fúria desproporcional e voou com tudo para cima do francês, sem se importar com a bola e acertou o quadril no rosto de Battiston. Proposital ou não, o goleiro alemão levou o francês a nocaute. Desmaiado em campo, ficou desacordado por quase 30 minutos.

Atônito, Platini acompanhou Battiston até fora do campo e pensou que o colega havia morrido: “Não tinha pulso, estava pálido…”

De forma absurda e ridícula, o árbitro holandês Charles Corver não viu a falta e deixou o jogo seguir, não expulsou o goleiro alemão pela agressão e ainda demorou um longo tempo para permitir a entrada da maca.

E Schumacher observava tudo de longe, mascando um chiclete, como se não tivesse feito nada, querendo cobrar logo o tiro de meta. Tudo isso enquanto Battiston é atendido pela equipe médica com direito a balão de oxigênio. Foi necessário colocar uma rampa sobre o fosso para que a ambulância conseguisse entrar próxima ao gramado.

Levado ao hospital, Battiston entraria em coma, mas se recuperaria logo. Ele sofreu uma concussão, teve dois dentes quebrados, três costelas fraturadas, algumas vértebras danificadas e permaneceu seis meses sem jogar após o episódio. Vinte e cinco anos mais tarde, ele passou por um transplante de osso na mandíbula. E não parou de sofrer e de passar por cirurgias.

Quando disseram a Schumacher que o francês tinha perdido dois dentes, o alemão aumentou ainda mais o ódio do mundo contra ele ao dizer: “Se é só isso que está errado com ele digam-lhe que pago as coroas”. Um jornal francês fez uma enquete poucos dias depois e o resultado deixava claro o que pensavam: o goleiro era o segundo alemão mais odiado da história, atrás apenas de Adolf Hitler.

Anos depois, Schumacher se defendeu em sua autobiografia “Anpfiff” (“Apito”, em alemão), dizendo que não se aproximou para ver o estado de Battiston porque o francês estava rodeado de colegas que lhe faziam gestos ameaçadores.

“Pediu desculpa, perdoei, mas não quero falar mais disso. Não quero me encontrar com ele. Senti que ao longo dos anos ele ficou marcado por isso, mas acabou. Passou. Foi um acidente em campo, nunca saberemos se foi propositado ou não.” ― Patrick Battiston, anos depois.

E Battiston, que havia acabado de entrar, teve que sair dez minutos depois para a entrada de Christián López.


(Imagem: Mais Futebol)

● E depois de uma queda após o atendimento a Battiston, o ritmo do jogo voltou a acelerar. Aos 27′, o pouco inspirado Felix Magath deu lugar a Hrubesch, “Das Kopfball-Ungeheuer” (“A Besta Cabeceadora”).

López anhou no alto de Schumacher, mas mandou por cima.

Aos 35′, Six chutou e Schumacher pegou.

A Alemanha respondeu, com Ettori pegando o chute de Briegel.

Fischer e Littbarski cruzaram com perigo, mas sem ninguém para aproveitar.

Rocheteau chutou com perigo, mas Schumacher evitou o gol.

Com o tempo regulamentar próximo do fim, o jogo estava aberto. Os franceses controlavam o ritmo e os alemães investiam em ataques em velocidade.

Aos 45′ do segundo tempo, Amoros chutou de fora da área e a bola foi no travessão.

Breitner também chutou de fora da área, Ettori espalmou para o lado e mergulhou para evitar o rebote de Fischer. Uma defesaça!


(Imagem: Pinterest)

● Na prorrogação o jogo pegou fogo de vez.

Logo no segundo minuto do tempo extra, Didier Six cobrou escanteio e a defesa alemã tirou. Platini ficou com o rebote na ponta direita e foi derrubado por Hans-Peter Briegel. Giresse cobrou a falta, a bola desviou na barreira e sobrou na marca do pênalti, na medida para Marius Trésor emendar um voleio indefensável para o gol.

Littbarski, um dos melhores em campo, chutou e Ettori pegou.

Até os alemães estavam torcendo para a França. Mas se Schumacher era o vilão, Karl-Heinz Rummenigge era o anti-herói. Mesmo em más condições físicas, Rummenigge foi para o jogo aos sete minutos e seria decisivo. O melhor jogador do mundo no ano anterior era o único capaz de carregar sua equipe mesmo sem estar no seu melhor. Mas antes, veria a Mannschaft tomar o terceiro gol.

No minuto seguinte, Dominique Rocheteau puxou contragolpe pela direita. Da meia-lua, Platini viu Didier Six sozinho na esquerda da área. Ele segurou, percebeu a aproximação de Giresse e rolou para o baixinho emendar bonito, da risca da grande área. A bola ainda bateu na trave antes de ir morrer no fundo das redes.

Sem sorte, a Alemanha respondeu com um chute na trave de Fischer.

Aos 12′, Uli Stielike ganhou uma dividida com Bossis. Rummenigge passou para Littbarski na esquerda, recebeu de volta e deixou para Stielike abrir de novo para Littbarski invadir a área e cruzar da esquerda. Rummenigge se antecipou à marcação de Trésor e desviou de costas para o gol.

A presença de Rummenigge desorientava a defesa francesa. Aos três minutos do segundo tempo, o craque tocou de três dedos para Bernd Förster, que abriu na esquerda para Littbarski. O ponta alemão continuava impressionante. Ele foi à linha de fundo e cruzou da esquerda para a segunda trave. Hrubesch subiu e escorou de cabeça para a entrada da pequena área e Klaus Fischer virou uma linda bicicleta e mandou para o gol.

O jogo continuou intenso até o apito final, mas sem grandes chances de nenhum lado.

E assim foi necessária a primeira decisão por pênalti da história dos Mundiais.


(Imagem: These Football Times)

● Tudo igual em 120 minutos e a partida foi decidida nos pênaltis.

A França bateu o primeiro. Giresse pôs o time na frente, batendo rasteiro à direita, deslocando Schumacher.

Manfred Kaltz empatou, cobrando à esquerda, quase no meio do gol. Ettori caiu para o lado direito.

Manuel Amoros cobrou com calma, à meia altura e à esquerda, enquando o goleiro alemão foi para o outro canto.

Paul Breitner mandou alto e no meio do gol. Ettori foi surpreendido e ficou parado, sem reação.

Rocheteau foi o cobrador seguinte. Bateu à esquerda, deslocando o arqueiro alemão.

Uli Stielike, jogador do Real Madrid, bateu mal, à meia altura e à direita e o goleiro Ettori defendeu. O alemão se ajoelhou e chorou, até ser conduzido por Littbarski para receber o consolo dos demais colegas de equipe.

Mas Didier Six retribuiu e bateu da mesma forma e Schumacher pegou.

Littbarski empatou em 3 a 3. Ele mandou no ângulo esquerdo, sem chances para o goleiro.

Platini converteu o seu, batendo à esquerda, enquanto o arqueiro alemão pulou para o lado contrário.

Rummenigge bateu rasteiro à esquerda e o goleiro ficou parado.

Maxime Bossis foi um dos melhores em campo e foi um dos grandes defensores de sua geração. Ele foi o primeiro a bater nas cobranças alternadas. Chutou rasteiro e à direita, mas Schumacher voou para pegar. O goleiro que deveria ter sido expulso e banido do esporte por um longo tempo era o vilão do futebol e o heróis dos alemães.

Com uma frieza incrível, Horst Hrubesch bateu no canto esquerdo e Ettori ficou parado no meio. Gol da classificação: 5 a 4 para a Alemanha Ocidental. Com a vitória, todos vão comemorar com Stielike, que ainda estava desolado.


(Imagem: Mais Futebol)

● Uma partida dramática, uma das maiores semifinais da história das Copas.

A Nationalelf se garantia em mais uma decisão de Mundial, enquanto os franceses estavam inconsoláveis. Uma das derrotas mais doídas numa semifinal de Copa do Mundo.

“Foi meu jogo mais bonito. O que aconteceu naquelas duas horas reuniu todos os sentimentos da própria vida. Nenhum filme, nenhuma peça, conseguiria capturar tantas contradições e emoções. Foi completo. Tão forte. Fabuloso.” ― Michel Platini

Na decisão do 3º lugar, a França perdeu para a Polônia por 3 x 2. Mas dois anos depois, Michel Platini estava exuberante e liderou Les Bleus na conquista da Eurocopa de 1984. Na Copa do Mundo de 1986, a França eliminou o Brasil e chegou novamente às semifinais, mas caiu mais uma vez diante da Alemanha Ocidental. Ficou em 3º lugar ao bater a Bélgica por 4 x 2 na prorrogação. O título mundial só veio em 1998, na geração comandada por Zinedine Zidane.

Em quatro decisões por pênaltis somando todos os Mundiais, a Alemanha sempre foi vencedora. Incrivelmente, a cobrança de Uli Stielike contra a França em 1982 é a única penalidade perdida até hoje pela Alemanha nesse tipo de disputa.

Na final, a Alemanha Ocidental enfrentaria a Itália. Contaremos a história dessa partida no dia 11 de julho.


(Imagem: Getty Images)

FICHA TÉCNICA:

 

ALEMANHA OCIDENTAL 3 x 3 FRANÇA

 

Data: 08/07/1982

Horário: 21h00 locais

Estádio: Ramón Sánchez Pizjuán

Público: 70.000

Cidade: Sevilha (Espanha)

Árbitro: Charles Corver (Holanda)

 

ALEMANHA OCIDENTAL (4-4-2):

FRANÇA (4-4-2):

1  Harald Schumacher (G)

22 Jean-Luc Ettori (G)

20 Manfred Kaltz (C)

4  Maxime Bossis

4  Karlheinz Förster

8  Marius Trésor

15 Uli Stielike

5  Gérard Janvion

5  Bernd Förster

2  Manuel Amoros

6  Wolfgang Dremmler

9  Bernard Genghini

2  Hans-Peter Briegel

14 Jean Tigana

3  Paul Breitner

12 Alain Giresse

14 Felix Magath

10 Michel Platini (C)

7  Pierre Littbarski

18 Dominique Rocheteau

8  Klaus Fischer

19 Didier Six

 

Técnico:
Jupp Derwall

Técnico: Michel Hidalgo

 

SUPLENTES:

 

 

21 Bernd Franke (G)

1  Dominique Baratelli (G)

22 Eike Immel (G)

21 Jean Castaneda (G)

12 Wilfried Hannes

3  Patrick Battiston

19 Holger Hieronymus

6  Christian Lopez

17 Stephan Engels

7  Philippe Mahut

18 Lothar Matthäus

11 René Girard

10 Hansi Müller

13 Jean-François Larios

13 Uwe Reinders

15 Bruno Bellone

16 Thomas Allofs

16 Alain Couriol

9  Horst Hrubesch

17 Bernard Lacombe

11 Karl-Heinz Rummenigge

20 Gérard Soler

 

GOLS:

17′ Pierre Littbarski (ALE)

27′ Michel Platini (FRA) (pen)

92′ Marius Trésor (FRA)

98′ Alain Giresse (FRA)

102′ Karl-Heinz Rummenigge (ALE)

108′ Klaus Fischer (ALE)

 

CARTÕES AMARELOS:

35′ Alain Giresse (FRA)

40′ Bernard Genghini (FRA)

46′ Bernd Förster (ALE)

 

SUBSTITUIÇÕES:

50′ Bernard Genghini (FRA) ↓

Patrick Battiston (FRA) ↑

 

60′ Patrick Battiston (FRA) ↓

Christian Lopez (FRA) ↑

 

73′ Felix Magath (ALE) ↓

Horst Hrubesch (ALE) ↑

 

97′ Hans-Peter Briegel (ALE) ↓

Karl-Heinz Rummenigge (ALE) ↑

 

DECISÃO POR PÊNALTIS:

ALEMANHA 5

FRANÇA 4

Manfred Kaltz (gol, no meio do gol)

Alain Giresse (gol, à direita)

Paul Breitner (gol, alto, no meio do gol)

Manuel Amoros (gol, à esquerda)

Uli Stielike (perdeu, à direita, defendido por Ettori)

Dominique Rocheteau (gol, à esquerda)

Pierre Littbarski (gol, no ângulo esquerdo)

Didier Six (perdeu, à direita, defendido por Schumacher)

Karl-Heinz Rummenigge (gol, com curva, no canto esquerdo)

Michel Platini (gol, no canto esquerdo)

Horst Hrubesch (gol, à esquerda)

Maxime Bossis (perdeu, à direita, defendido por Schumacher)

Gols da partida (Rede Globo):

Melhores momentos (FIFA):

Reportagem e entrevistas com Schumacher e Battiston (FIFA):

… 01/07/2006 – França 1 x 0 Brasil

Três pontos sobre…
… 01/07/2006 – França 1 x 0 Brasil


Zizou desfilou em campo (Imagem: UOL)

● Podemos começar lembrando das eliminatórias sul-americanas, onde Ronaldo foi o artilheiro e o Brasil o líder geral. Ou podemos mudar o foco para a empolgação causada pelo título da Copa das Confederações de 2005, quando convenceu ao golear a Argentina por 4 x 1 na decisão. Pode ser que o resultado final tenha sido condicionado pela catastrófica preparação desde a chegada à cidade suíça de Weggis. Pode ter sido a exaltação ao fantástico “quadrado mágico”, que não rendeu o esperado quando deveria. Foi a magia de Zizou ou será que a culpa a eliminação brasileira foi de Roberto Carlos e seu meião?

Oito anos depois de ter sido o carrasco brasileiro na final da Copa do Mundo de 1998, Zinedine Zidane estava em seus últimos dias de carreira. Ele carregava consigo a tristeza pela lesão e a eliminação precoce, ainda na fase de grupos do Mundial de 2002. E em 2006, a França estava sem confiança alguma após fazer uma primeira fase medíocre. Ganhou força e confiança ao vencer a forte Espanha por 3 x 1 de virada.

Por sua vez, a Seleção Brasileira obteve 100% de aproveitamento na primeira fase e venceu Gana por 3 x 0 nas oitavas de final, com Ronaldo se tornando o maior artilheiro da história das Copas, com 15 gols. Mesmo não jogando bem, o excesso de confiança era algo que nunca se viu igual, até para os exagerados críticos brasileiros. Era impossível não enxergar que as peças não se encaixavam e que o futebol de teoria não se aplicava na prática. Falando mais didaticamente: o quadrado. Não só a figura geométrica, mas tudo que o envolvia.


Os vencedores da Copa do Mundo e o espelho da pirâmide. Na geometria, o Brasil venceria a Copa de 2006.

● Independentemente nível apresentado pela Seleção Brasileira, o torcedor tinha plena convicção na vitória e no título. Ingênuo, eu acreditei na “Pirâmide das Copas” (veja a figura acima). E era impossível não vencer com aquele esquadrão. No papel, é certamente uma das mais fortes do país em todos os tempos, com todos os titulares sendo destaque nos grandes clubes europeus.

Dida é um dos maiores goleiros da história do país e estava em plena forma. A dupla de zaga, com Lúcio e Juan, era bem entrosada e não comprometia. E no restante da escalação começam os problemas… Os dois lendários laterais, Cafu e Roberto Carlos, estavam mais para lendas mesmo, pois já começavam a entrar em declínio em suas vitoriosas carreiras. Emerson já não tinha o físico de outrora, mas, mesmo no auge, jamais conseguiria marcar sozinho no meio campo e cobrir os avanços dos laterais. Zé Roberto foi o destaque brasileiro na competição, mas seu forte não era a marcação e não conseguiu criar para todos os demais. O quadrado era composto por Kaká, Ronaldinho Gaúcho, Adriano e Ronaldo. Kaká não conseguiu render o seu melhor por causa de uma lesão. Melhor jogador do mundo nos dois anos anteriores, R10 estava no auge e começou a despencar exponencialmente justamente no Mundial. Adriano era o menos famoso, mas talvez tenha sido, dos quatro, o que mais rendeu no torneio. E Ronaldo, embora fosse a esperança de reviver 2002, já começava a perder a luta para a balança.


O técnico Raymond Domenech organizou Les Bleus no sistema tático 4-2-3-1, com liberdade total para Zidane na armação.


Para essa partida, Parreira escalou a Seleção Brasileira no esquema 4-3-2-1, com Juninho Pernambucano entrando no meio para dar mais suporte a Gilberto Silva e Zé Roberto. Adriano foi sacrificado.

● Contra os franceses, o pragmático Carlos Alberto Parreira desmanchou o “quadrado” e escalou Juninho Pernambucano para preencher mais o meio de campo. O “Reizinho de São Januário” era o melhor jogador do futebol francês, reinando no Olympique Lyon. Mas não teve inteligência emocional e chorou no hino nacional. Não conseguiu render em campo. Gilberto Silva substituiu o lesionado Emerson e não conseguiu ver a sombra de Zidane.

Aos 23′, Lúcio fez sua primeira falta na Copa – três minutos após superar o recorde de Carlos Gamarra em 1998.

Mas naquele dia, Zizou era o dono da bola, ou um menino maior brincando com os menores: estava tão acima dos demais, que parecia flutuar sobre o gramado. A bola grudava em seus pés e ele se tornava um bailarino em um festival de Frankfurt. Pouco antes do gol solitário, presenteou seu amigo Ronaldo com um belo chapéu.

Aos doze minutos do segundo tempo, Florent Malouda sofreu falta de Cafu na esquerda. Zidane cobrou a falta no segundo pau e Henry completou sozinho para o gol.

Ficou a história narrada por Galvão Bueno para o Brasil inteiro: enquanto Zizou se preparava para cobrar a falta, Roberto Carlos arrumava seu meião na entrada da área. A bola foi batida no segundo pau e Thierry Henry escapou da posição inicial de Roberto e completou para o gol.

Mas era improvável pensar que o camisa 6 do Brasil era o responsável por acompanhar o francês nas jogadas de bola parada. Henry: 1,88 m; Roberto: 1,68 m. A diferença entre ambos era aparentemente bem maior do que os 20 cm. Henry vinha de frente e tinha faro de gol.


Parreira voltou ao sistema 4-2-2-2, com o retorno de Adriano no lugar de Juninho Pernambucano.

Logo após sofrer o gol, Parreira desfez o sistema tático e voltou ao “quadrado mágico”, trocando Juninho por Adriano.

Ridiculamente, o Brasil só acertou o primeiro chute a gol no último minuto da partida: Ronaldo chutou de fora da área e Fabien Barthez defendeu.

Era impossível que a Seleção Brasileira não fosse mais vencer essa Copa. Como a pirâmide estaria errada? Culpa do quadrado mágico? Até hoje eu não consegui compreender. Mas nunca fui bom em matemática mesmo…

Zidane repetiu o feito de oito anos antes: destruiu os sonhos de um título brasileiro já ganho de véspera. Mas o futebol é resolvido em campo. E em campo, quem mandou novamente naquele dia foi Zidane.

E essa derrota interrompeu uma série de 11 vitórias consecutivas da Seleção Brasileira em Copas. Curiosamente, essa sequência começou após uma derrota para a França de Zidane. E terminou com derrota para a França de Zidane.


Henry se posicionou bem e, livre de marcação, fez o gol da partida (Imagem: UOL)

● Naquele dia 01/07/2006, eu seria padrinho de casamento de um primo, em uma cidade bem pequenina no interior de Minas Gerais. O enlace matrimonial estava marcado para as 19h00 e essa partida começou às 17h00. Eu tinha certeza que o Brasil venceria e que chegaríamos a tempo. Mas quando Henry marcou o gol, só fiquei pensando sobre como estaríamos na cerimônia se houvesse prorrogação. E questionei meu pai: “Será que vamos chegar atrasados?” E com a sabedoria de meio século vivido, meu pai me diz: “Não se preocupe. Nem o padre vai estar na igreja até o jogo acabar”. Infelizmente não houve prorrogação e a igreja foi se enchendo com o passar dos minutos.


Roberto Carlos ficou tachado injustamente como vilão (Imagem: Getty Images)

FICHA TÉCNICA:

 

FRANÇA 1 x 0 BRASIL

 

Data: 01/07/2006

Horário: 21h00 locais

Estádio: Waldstadion (atual Commerzbank-Arena)

Público: 48.000

Cidade: Frankfurt (Alemanha)

Árbitro: Luis Medina Cantalejo (Espanha)

 

FRANÇA (4-2-3-1):

BRASIL (4-3-2-1):

16 Fabien Barthez (G)

1  Dida (G)

19 Willy Sagnol

2  Cafu (C)

15 Lilian Thuram

3  Lúcio

5  William Gallas

4  Juan

3  Éric Abidal

6  Roberto Carlos

6  Claude Makélélé

17 Gilberto Silva

4  Patrick Vieira

11 Zé Roberto

22 Franck Ribéry

19 Juninho Pernambucano

10 Zinedine Zidane (C)

8  Kaká

7  Florent Malouda

10 Ronaldinho Gaúcho

12 Thierry Henry

9  Ronaldo

 

Técnico: Raymond Domenech

Técnico: Carlos Alberto Parreira

 

SUPLENTES:

 

 

23 Grégory Coupet (G)

12 Rogério Ceni (G)

1  Mickaël Landreau (G)

22 Júlio César (G)

2  Jean-Alain Boumsong

13 Cicinho

17 Gaël Givet

14 Luisão

13 Mikaël Silvestre

15 Cris

21 Pascal Chimbonda

16 Gilberto

18 Alou Diarra

5  Emerson

8  Vikash Dhorasoo

18 Mineiro

9  Sidney Govou

20 Ricardinho

11 Sylvain Wiltord

23 Robinho

14 Louis Saha

21 Fred

20 David Trezeguet

7  Adriano

 

GOL: 57′ Thierry Henry (FRA)

 

CARTÕES AMARELOS:

25′ Cafu (BRA)

45′ Juan (BRA)

45+2′ Ronaldo (BRA)

47′ Lúcio (BRA)

74′ Willy Sagnol (FRA)

87′ Louis Saha (FRA)

88′ Lilian Thuram (FRA)

 

SUBSTITUIÇÕES:

63′ Juninho Pernambucano (BRA) ↓

Adriano (BRA) ↑

 

76′ Cafu (BRA) ↓

Cicinho (BRA) ↑

 

77′ Franck Ribéry (FRA) ↓

Sidney Govou (FRA) ↑

 

79′ Kaká (BRA) ↓

Robinho (BRA) ↑

 

81′ Florent Malouda (FRA) ↓

Sylvain Wiltord (FRA) ↑

 

86′ Thierry Henry (FRA) ↓

Louis Saha (FRA) ↑

Gol da partida:

Melhores momentos: