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… 19/06/1938 – Brasil 4 x 2 Suécia

Três pontos sobre…
… 19/06/1938 – Brasil 4 x 2 Suécia


(Imagem: CBF / Correio da Manhã)

● A bem da verdade, a Suécia chegou tão longe por causa dos “atalhos”. Foi sorteada na chave da Áustria, em jogo que não ocorreu (como contamos detalhadamente aqui). Nas quartas de final, enfrentou a inexpressiva seleção de Cuba e goleou por 8 a 0. E foi reprovada logo em seu primeiro teste, ao perder para a Hungria nas semifinais por 5 a 1. Assim, sem fazer força alguma, a Suécia estava entre os quatro melhores da Copa.

Por sua vez, a Seleção Brasileira só enfrentou adversários com alto grau de dificuldade. Nas oitavas, precisou da prorrogação para bater a Polônia por 6 a 5. Nas quartas, foram necessárias duas partidas para passar pela Tchecoslováquia (1 x 1 no primeiro duelo e 2 x 1 no jogo desempate). Na semi, não contou com Leônidas, mas mesmo assim vendeu caro a derrota por 2 a 1 para a então campeã Itália.

Confiante na vitória sobre a Itália, os dirigentes brasileiros já haviam comprado as passagens aéreas de Marselha a Paris, onde seria a final da Copa. Depois da derrota, tomados pela raiva, os brasileiros se recusaram a ceder as passagens aos italianos – que tiveram de fazer a viagem de trem. Também foi de trem a volta do Brasil para Bordeaux.

Aliás, certamente o Brasil foi a seleção mais prejudicada pelas viagens em toda a história das Copas. Jogou contra a Polônia em Estrasburgo. De lá, viajou 758 quilômetros até Bordeaux para enfrentar a Tchecoslováquia. Depois, andou mais 503 km até Marselha, onde enfrentou a Itália. E, pra encerrar, voltou até Bordeaux (mais 503 km). Ao todo foram 1.764 km, ou seja, quase dois dias em viagem de trem.

Assim, Brasil e Suécia se encontraram na partida que decidiu o 3º lugar da Copa de 1938. Curiosamente, esse jogo ocorreu simultaneamente à final, que foi disputada entre Itália e Hungria.

Leônidas não pôde jogar contra a Itália, mas se recuperou a tempo de atuar contra os suecos.


O Brasil atuava no sistema clássico, o 2-3-5, com muita fragilidade no sistema defensivo.


A Suécia também atuava no 2-3-5, como era comum na época, mas mais obediente taticamente do que o Brasil.

● O que mais chamava a atenção da imprensa estrangeira em relação à Seleção Brasileira na Copa de 1938 foi o abismo entre o alto nível técnico dos jogadores e a disposição tática rudimentar. As duas equipes eram escaladas no sistema clássico, mas a linha de meio-campo brasileira era mais estática, ao invés de ser mais combativa e focar na marcação. Afinal, no esquema 2-3-5, a defesa e o meio campo deveriam ser os responsáveis pela marcação da linha de frente adversária. Mas os médios brasileiros costumavam deixar os zagueiros muito expostos. Um pouco devido às características dos jogadores tupiniquins, mas também por causa da falta de entrosamento e da bagunça feita pelo técnico Ademar Pimenta.

A Suécia era uma equipe que passava muito longe de ter o talento brasileiro, mas era melhor distribuída em campo.

O confronto começou com certo equilíbrio, mas logo o Brasil começou a tomar conta do jogo. E desperdiçou várias oportunidades com Leônidas, Patesko e Roberto.

Aos 28′, Brandão errou o passe, Harry Andersson interceptou e lançou Sven Jonasson, que chutou forte para abrir o placar.

O escrete brasileiro tentou reagir, mas continuou errando muitos gols.

Os nórdicos aproveitaram para marcar o segundo, aos 38′. O perigoso Jonasson avançou pelo lado esquerdo e cruzou para Arne Nyberg, que driblou Machado e finalizou para notar o segundo tento de sua equipe.

No último minuto da etapa inicial, Zezé Procópio lançou Romeu, que driblou dois adversários e chutou para marcar. Esse gol aliviou um pouco a situação e permitiu que o Brasil fosse para o vestiário com menos peso sobre os ombros.

A Seleção voltou para o segundo tempo pressionando em busca do empate e teve a chance logo aos dois minutos. Domingos lançou para Romeu, que passou para Roberto. Ele invadiu a área e foi derrubado por Erik Almgren. O árbitro belga John Langenus assinalou o pênalti. Patesko foi o encarregado da cobrança, mas bateu por cima do gol.

O empate veio aos 18′. Zezé tocou para Romeu (o artífice da criação do ataque brasileiro), que cruzou para a área. Leônidas se antecipou e deu um toquinho para encobrir o goleiro Henock Abrahamsson.

A partir dali, o Brasil passou a ter o controle da partida e os brasileiros, enfim, conseguiram transformar a superioridade técnica em gols.

O terceiro saiu aos 29′. Leônidas fez uma triangulação com Roberto e Romeu pelo lado direito e, contrariando as suas características, chutou de longe para virar o jogo.

A dez minutos do fim, Romeu (sempre ele) trocou passes com Leônidas, que lançou Perácio. O atacante do Botafogo mandou uma bomba de fora da área, sem chances para o goleiro sueco.

Cabe ressaltar que esse foi o único jogo em que Domingos da Guia passou sem cometer algum pênalti. Ele havia cometido três nos três jogos anteriores – justamente pela falta de proteção à defesa.


(Imagem: Pinterest)

● Essa até hoje é a maior virada brasileira na história das Copas.

No fim, ambos os países estavam orgulhosos por terem emplacado suas melhores campanhas em Copas até então.

A classificação final fez nascer no Brasil inteiro um sentimento de orgulho pelo bom desempenho da Seleção.

A delegação chegou de volta ao Rio de Janeiro 15 dias depois e teve uma recepção “apoteótica”, segundo o cronista Thomas Mazzoni, de A Gazeta Esportiva. Antes, o navio Almanzora teve que fazer escalas em Recife e Salvador e a recepção foi igualmente frenética. Na Bahia, um torcedor chegou a roubar o sapato de Leônidas. No Rio, às 15h30 de 02 de julho, o navio iniciou as manobras para atracar no porto e a polícia teve dificuldades para manter o cordão de isolamento que impedia o público de se aproximar do cais.

Em seguida, os jogadores desfilaram em carros abertos pela Avenida Rio Branco. Leônidas era o mais assediado e precisou ser conduzido em um veículo de transportes de soldados do Corpo de Fuzileiros Navais, protegido por uma brigada inteira de militares. Ainda assim, o cortejo não se movia e a polícia teve que fazer uso de força para que o público deixasse o desfile acontecer. A alegria era tamanha que os torcedores esqueceram todas as críticas anteriores. Até o técnico foi aplaudido e carregado pela multidão.

Como sempre, as autoridades políticas fizeram questão de posar para fotos com os jogadores, especialmente os mais populares segundo um concurso feito na época pelo Cigarro Magnólia: Leônidas, Domingos da Guia e Romeu.

Leônidas da Silva foi o artilheiro do certame com sete gols, sendo o único brasileiro a marcar gols em todas as partidas que disputou em Copas (fez um gol também em 1934). Aproveitando-se da popularidade de Leônidas, a Lacta lançou a barra de chocolate “Diamante Negro”, em referência ao apelido que o craque tinha recebido dos uruguaios em 1932.


A multidão se aglomera para receber a delegação brasileira (Imagem: CBF / Correio da Manhã)

FICHA TÉCNICA:

 

BRASIL 4 x 2 SUÉCIA

 

Data: 19/06/1938

Horário: 17h00 locais

Estádio: Parc Lescure

Público: 12.000

Cidade: Bordeaux (França)

Árbitro: John Langenus (Bélgica)

 

BRASIL (2-3-5):

SUÉCIA (2-3-5):

Walter (G)

Henock Abrahamsson (G)

Domingos da Guia

Ivar Eriksson

Machado

Erik Nilsson

Zezé Procópio

Erik Almgren

Brandão

Arne Linderholm

Afonsinho

Kurt Svanström (C)

Roberto

Åke Andersson

Romeu Pellicciari

Sven Jonasson

Leônidas da Silva (C)

Arne Nyberg

Perácio

Harry Andersson

Patesko

Erik Persson

 

Técnico: Ademar Pimenta

Técnico: József Nagy

 

SUPLENTES:

 

 

Batatais (G)

Gustav Sjöberg (G)

Jaú

Olle Källgren

Nariz

Harry Nilsson

Britto

Sven Jacobsson

Martim Silveira

Karl-Erik Grahn

Argemiro

Curt Bergsten

Lopes

Lennart Bunke

Luisinho Mesquita de Oliveira

Knut Hansson

Niginho

Tore Keller

Tim

Sven Unger

Hércules

Gustav Wetterström

 

GOLS:

28′ Sven Jonasson (SUE)

38′ Arne Nyberg (SUE)

44′ Romeu Pellicciari (BRA)

63′ Leônidas da Silva (BRA)

74′ Leônidas da Silva (BRA)

80′ Perácio (BRA)

Imagens da partida:

… 18/06/1974 – Iugoslávia 9 x 0 Zaire

Três pontos sobre…
… 18/06/1974 – Iugoslávia 9 x 0 Zaire


(Imagem: Sem Firulas)

● Antes de falarmos sobre futebol, precisamos entender o contexto da época.

O Zaire foi o primeiro país da África subsaariana (África negra) e apenas o terceiro país de todo continente a disputar uma Copa do Mundo, após Egito em 1934 e Marrocos em 1970.

O nome do país Zaire (Zaïre, em francês) é derivado da língua portuguesa – originalmente uma má pronúncia do termo do idioma congo “nzere” ou “nzadi”, que significa “o rio que traga todos os rios”.

O país teve muitos nomes em sua história. Foi Estado Livre do Congo (1885-1908), Congo Belga (1908-1960), República do Congo (ou Congo-Léopoldville, 1964-1971) até passar a se chamar Zaire (1971-1997). Desde o fim da Primeira Guerra do Congo, em 17/05/1997, o país adotou o nome de República Democrática do Congo.

O Zaire era liderado com mão de ferro pelo ditador Mobutu Sese Seko, que, além de ter sido um dos mais poderosos e autoritários governantes da época, ficou marcado por ser um grande entusiasta do esporte e pelo uso de um gorro de pele de leopardo e uma bengala de madeira toda desenhada.

Em 1974, seu país era o centro mais importante do continente nos esportes. No fim daquele ano aconteceria na capital Kinshasa a “luta do século” (“The rumble in the jungle”“A luta na floresta”) no boxe entre Muhammad Ali e George Foreman. No futebol africano, o país também dava as cartas. O AS Vita Club foi o campeão da Copa Africana dos Campeões (atual Liga dos Campeões da CAF) de 1973. No início de 1974, a seleção conquistou segundo título da Copa Africana das Nações (o primeiro e único com o nome de Zaire).


(Imagem: Goal)

Empolgado, o presidente prometeu carros, casas e férias no exterior para os jogadores caso eles conseguissem a única vaga do continente para a Copa do Mundo de 1974. Nas eliminatórias, os “Leopardos” justificaram a supremacia continental. Na primeira fase, eliminou Togo por 4 x 0 no placar agregado. Na segunda fase, precisou do jogo extra para passar por Camarões (2 x 0). Na terceira fase, bateu Gana (4 x 2 ao todo). No triangular final, venceu todas as partidas diante de Zâmbia e Marrocos. O artilheiro foi Uba Kembo com seis gols.

O técnico dos Leopardos era o ex-goleiro iugoslavo Blagoje Vidinić, campeão olímpico pelo seu país em 1960. Ele havia sido o treinador do Marrocos na Copa de 1970. Vidinić era o responsável por treinar uma equipe inteiramente formada por jogadores que atuavam no próprio país – uma nação subdesenvolvida em um regime ditatorial.

Mas o Zaire tinha a melhor preparação possível: um técnico estrangeiro com experiência em Copa, treinamento adequado, promessas de premiações felpudas, além um uniforme que entraria para a história pela sua peculiaridade. A camisa usada pela seleção na competição quebrou todos os padrões da época, ao estampar a figura de um leopardo dentro de um círculo com a inscrição “Leopards” e o nome “Zaïre” logo abaixo, no centro da camisa.

Os principais destaques do time eram o goleiro Kazadi (melhor arqueiro da história do país), o zagueiro Bwanga (melhor jogador da África em 1973 e eleito pela IFFHS o melhor jogador zairense em todos os tempos – primo do goleiro Kazadi), o meia Ndaye (autor de nove gols na CAN de 1974) e o atacante Mayanga (apelidado de “brasileiro” pela sua habilidade).

Mas ainda era muito pouco para encarar as tarimbadas seleções do Grupo 2 do Mundial: Escócia, Iugoslávia e o tricampeão Brasil.

O Zaire até começou jogando bem contra a Escócia, mas acabou perdendo por 2 x 0. Após essa partida, os jogadores descobriram que haviam sido enganados. Os dirigentes do país embolsaram o dinheiro destinado à seleção e comunicaram que os prêmios não seriam mais pagos. Indignados e furiosos, os jogadores ameaçaram a entrar em greve. Apesar disso, a equipe entrou em campo para a segunda partida, diante dos iugoslavos. Mas seria melhor nem ter entrado.


(Imagem: China Daily)

● A Iugoslávia voltava a disputar uma Copa do Mundo depois de 12 anos. A última havia sido a ótima participação em 1962, no Chile, quando terminou em 4º lugar.

Em um grupo com Brasil, Escócia e Zaire, teoricamente os iugoslavos tinham boa chance de êxito.

Os Plavi (“azuis”, em sérvio) tinham bons jogadores, especialmente do meio para frente, como Dušan Bajević, Ivica Šurjak, Ilija Petković e, principalmente, Dragan Džajić.

E começou bem, empatando sem gols com o Brasil de Zagallo, que vinha de seis vitórias consecutivas em Mundiais e o título incontestável de 1970.

A segunda partida da Iugoslávia seria contra o Zaire.


O técnico Miljan Miljanić montou seu time no sistema 4-3-3 ofensivo, com muita chegada dos meias ao ataque.


Também iugoslavo, Blagoje Vidinić escalou o Zaire a campo em um 4-3-3 na teoria. Na prática, só se via a desorganização e o desespero em campo.

● As teorias da conspiração colocam o técnico Blagoje Vidinić como um dos principais vilões naquela noite. Estranhamente, o treinador deixou Mayanga no banco. O atacante tinha sido o melhor em campo diante dos escoceses. Uma das versões é que ele enfraqueceu seu time de forma deliberada para facilitar mais ainda para seu país de origem. Em outra, ele simplesmente obedeceu uma ordem expressa do presidente Mobutu exigindo a escalação de reservas que eram apoiadores do regime.

De qualquer forma, os iugoslavos precisavam vencer e trataram de liquidar logo o jogo. Os gols foram saindo com extrema facilidade.

Aos oito minutos jogados, Džajić avançou pelo lado esquerdo e cruzou para a pequena área. Bajević subiu e marcou de cabeça. 1 a 0.

Aos 14′, Džajić cobrou falta da entrada da área e acertou o ângulo esquerdo do goleiro. 2 a 0.

Quatro minutos depois, Jovan Aćimović lançou Šurjak, que recebeu dentro da área, girou e bateu cruzado de perna esquerda. 3 a 0.

Inexplicavelmente, aos 21′, o técnico Vidinić trocou o bom goleiro titular Kazadi pelo reserva Tubilandu, de apenas 1,68 m. Se seu time estava sofrendo um gol atrás do outro justamente pela deficiência defensiva na bola aérea, não tem sentido algum colocar um goleiro mais baixo, com menos qualidade e experiência do que o titular. Foi a primeira vez na história das Copas que um treinador trocou os goleiros sem ter havido uma contusão.

Tubilandu não havia nem se posicionado no gol ainda e já sofreu o quarto gol. Em uma cobrança de falta da direita, Ivan Buljan cruzou para a área. Josip Katalinski dominou livre na pequena área e bateu no alto. A defesa do Zaire parou pedindo um impedimento que não existia. 4 a 0.

Na reclamação após o gol, o lateral direito Mwepu tentou agredir com um chute o árbitro Omar Delgado. O juiz colombiano até conseguiu evitar o golpe, mas se confundiu quanto ao agressor e acabou expulsando outro jogador, Ndaye (o melhor do time). Mesmo Mwepu assumindo a responsabilidade pela agressão, Delgado manteve a expulsão equivocada.


(Imagem: Pinterest)

Perdendo por quatro gols e com um jogador a menos desde os 22 minutos, o Zaire se perdeu de vez.

Os iugoslavos impuseram ao reserva Tubilandu uma tarde ainda mais cruel do que já tinham imposto a Kazadi.

Aos 30′, Petković avançou pela direita e cruzou. Bajević subiu e cabeceou a direita, da linha da pequena área. 5 a 0.

Cinco minutos depois, Katalinski disputou com o goleiro pelo alto e a bola sobrou para Vladislav Bogićević, que tocou de cabeça para o gol. 6 a 0.

Só no intervalo, após estar perdendo por 6 x 0, que Vidinić mandou Mayanga a campo. Ele pouco conseguiu tocar na bola.

Aos 16′ do segundo tempo, Branko Oblak cobrou falta. Tubilandu tentou segurar, falhou feio e a bola entrou no canto direito. 7 a 0.

Após o sétimo gol, o responsável pelo controle do placar em Gelsenkirchen entrou em pânico, pois não havia espaço para exibir o nome do autor dos gols seguintes, caso houvessem. Assim, ele foi prático ao informar o placar e o número da camisa de quem fez o oitavo e o nono gol.


(Imagem: Twitter @SerbianFooty)

Quatro minutos depois, Aćimović foi desarmado na meia lua. A bola ficou com Petković, que dominou e bateu no canto. 8 a 0.

O placar foi fechado aos 36′. Džajić cruzou da esquerda e Aćimović escorou de cabeça para Bajević. Na pequena área, o camisa 19 chutou de primeira e marcou seu “hat trick”. 9 a 0.

O apito final do árbitro soou mais como misericórdia para os massacrados Leopardos.

“Estávamos estáticos em campo. Os zagueiros estavam nervosos, nossa marcação não encaixava e não conseguimos criar. Não tivemos oportunidades claras. Mostramos realmente o nosso amadorismo.” ― Mayanga Maku


(Imagem: Alamy)

● Esse placar igualou a maior goleada de todas as Copas até então, que havia sido Hungria 9 x 0 Coreia do Sul, em 1954. E só seria superado em 1982, quando a Hungria venceu El Salvador por 10 a 1. A bem da verdade, poderia ter sido mais humilhante se os iugoslavos não tivessem desacelerado no segundo tempo.

Na última rodada, a Iugoslávia empatou com a Escócia por 1 x 1 e se classificou em primeiro lugar do Grupo 2, deixando o Brasil em segundo no saldo de gols.

A segunda fase da Copa de 1974 não era composta por oitavas ou quartas de final em partidas eliminatórias (o famoso mata-mata), mas sim uma nova fase de grupos, que classificaria o vencedor para a final. Nessa fase, pelo Grupo B, a Iugoslávia acabou perdendo as três partidas: 2 x 0 para a Alemanha Ocidental, 2 x 1 para a Polônia e 2 x 1 para a Suécia. Acabou terminando a competição em 7º lugar.


(Imagem: Alamy)

● Ainda no vestiário, os jogadores receberam a visita de emissários do ditador Mobutu com uma ameaça: se sofressem quatro ou mais gols diante do Brasil, não voltariam vivos para casa. Felizmente, para os Leopardos, a derrota foi “apenas” por 3 a 0. O Zaire encerrou sua única participação na história das Copas com três derrotas em três jogos, nenhum gol marcado e 14 gols sofridos.

No retorno da delegação ao ao país africano, não havia ninguém para recebê-los no aeroporto de Kinshasa. A maioria dos atletas nunca mais voltaria à seleção. Nenhuma premiação prometida foi paga aos jogadores, que foram impedidos de jogar em clubes do exterior. Quase todos viveram o resto de suas vidas na pobreza. Pouco depois o governo parou de financiar o futebol do país. O Zaire nunca mais se classificou a uma Copa do Mundo.

Em nível de clubes, o país até tem certo destaque com o TP Mazembe, que é o segundo maior campeão da Champions Africana com cinco títulos e o vice-campeonato do Mundial de Clubes de 2010, quando eliminou o Internacional na semifinal.

Curiosamente, Rio Mavuba, jogador que defendeu a França na Copa de 2014, é filho de um dos jogadores daquela seleção do Zaire, Mafuila Mavuba, volante reserva. Filho de mãe angolana, Rio Mavuba era originalmente apátrida, pois nasceu em um bote em pleno alto mar, em águas internacionais, quando seus pais buscavam refúgio da Guerra Civil Angolana.

No histórico 7 x 1 da Alemanha sobre o Brasil, em 2014, a Seleção brasileira bateu um recorde negativo que pertencia ao Zaire em 1974. Os Leopardos haviam sofrido cinco gols nos primeiros 30 minutos. Os Canarinhos demoraram 29 minutos para sofrer o quinto gol.


(Imagem: Getty Images / FIFA)

FICHA TÉCNICA:

 

IUGOSLÁVIA 9 x 0 ZAIRE

 

Data: 18/06/1974

Horário: 19h30 locais

Estádio: Parkstadion

Público: 31.700

Cidade: Gelsenkirchen (Alemanha Ocidental)

Árbitro: Omar Delgado Gómez (Colômbia)

 

IUGOSLÁVIA (4-3-3):

ZAIRE (4-3-3):

1  Enver Marić (G)

1  Kazadi Mwamba (G)

2  Ivan Buljan

2  Mwepu Ilunga

5  Josip Katalinski

4  Bwanga Tshimen

6  Vladislav Bogićević

5  Lobilo Boba

3  Enver Hadžiabdić

3  Mwanza Mukombo

10 Jovan Aćimović

6  Kilasu Massamba

8  Branko Oblak

8  Mana Mamuwene

9  Ivica Šurjak

13 Ndaye Mulamba

7  Ilija Petković

9  Kembo Uba Kembo

19 Dušan Bajević

10 Kidumu Mantantu (C)

11 Dragan Džajić (C)

21 Kakoko Etepé

 

Técnico: Miljan Miljanić

Técnico: Blagoje Vidinić

 

SUPLENTES:

 

 

21 Ognjen Petrović (G)

12 Tubilandu Ndimbi (G)

22 Rizah Mešković (G)

22 Kalambay Otepa (G)

13 Miroslav Pavlović

16 Mwape Mialo

14 Luka Peruzović

11 Kabasu Babo

15 Kiril Dojčinovski

18 Mavuba Mafuila

4  Dražen Mužinić

15 Kibonge Mafu

16 Franjo Vladić

17 Kafula Ngoie

20 Vladimir Petrović

7  Kamunda Tshinabu

12 Jurica Jerković

19 Mbungu Ekofa

17 Danilo Popivoda

20 Jean Kalala N’Tumba

18 Stanislav Karasi

14 Mayanga Maku

 

GOLS:

8′ Dušan Bajević (IUG)

14′ Dragan Džajić (IUG)

18′ Ivica Šurjak (IUG)

22′ Josip Katalinski (IUG)

30′ Dušan Bajević (IUG)

35′ Vladislav Bogićević (IUG)

61′ Branko Oblak (IUG)

65′ Ilija Petković (IUG)

81′ Dušan Bajević (IUG)

 

CARTÃO AMARELO: 54′ Enver Hadžiabdić (IUG)

 

CARTÃO VERMELHO: 22′ Ndaye Mulamba (ZAI)

 

SUBSTITUIÇÕES:

21′ Kazadi Mwamba (ZAI) ↓

Tubilandu Ndimbi (ZAI) ↑

 

INTERVALO Kakoko Etepé (ZAI) ↓

Mayanga Maku (ZAI) ↑

Clique aqui para ver todos os gols da partida em português (Rede Globo):
https://globoesporte.globo.com/futebol/copa-do-mundo/video/em-1974-iugoslavia-goleia-o-zaire-por-9-a-0-na-copa-do-mundo-3485091.ghtml

… 16/06/2006 – Argentina 6 x 0 Sérvia e Montenegro

Três pontos sobre…
… 16/06/2006 – Argentina 6 x 0 Sérvia e Montenegro


(Imagem: UOL)

● A Argentina era um time forte, experiente, técnico, com muitas excelentes opções para a linha de frente: Hernán Crespo, Javier Saviola, Rodrigo Palacio, Julio Cruz, Carlitos Tévez e Lionel Messi.

Na primeira partida, a albiceleste havia vencido a estreante Costa do Marfim por 2 x 1. Sérvia e Montenegro tinha perdido para a Holanda por 1 x 0.

Como a FIFA considerava Sérvia e Montenegro a herdeira das estatísticas da antiga Iugoslávia, essa era a décima participação em Copas do Mundo.

Mas havia um péssimo ambiente interno. Sérvia e Montenegro se desmembraram em dois países distintos apenas treze dias antes da Copa. O país existiu com esse nome apenas de 04/02/2003 a 03/06/2006.

Apesar disso, a seleção havia chegado com moral na Copa, com uma defesa considerada entre as mais sólidas da Europa. Nas eliminatórias, sofreu apenas um gol em dez partidas. Mas, por lesão, não podiam contar com seu melhor zagueiro, Nemanja Vidić – que posteriormente se tornaria capitão e ídolo do Manchester United.

Havia uma pressão da torcida sérvia para que o técnico Ilija Petković convocasse o meia Dejan Petković (que não tinha nenhum parentesco com o treinador). Bastante conhecido no Brasil, “Pet” (como ainda hoje é carinhosamente chamado), estava em ótima fase pelo Fluminense. O próprio capitão da seleção, Savo Milošević, admitia que Pet poderia ter um lugar no time.

O técnico insistia que tinha um bom grupo e que não seria justo retirar alguém que fez parte do grupo que conquistou a classificação para a Copa para dar espaço a Pet. Mas ele teve a chance quando o atacante Mirko Vučinić precisou ser cortado por lesão. Vučinić era um dos dois montenegrinos do elenco – o outro era o goleiro Dragoslav Jevrić, que preferiu manter a cidadania sérvia após a cisão dos dois países.

Com o corte de Vučinić, o treinador convocou “D. Petković“. Muitos ligaram para Pet no Brasil para dar os parabéns, mas… não era ele! Era o zagueiro Dušan Petković, filho do técnico! Ele não era convocado desde 2004 e foi muito atacado pela mídia de seu país, tanto por terem considerado nepotismo quanto pelo fato de ter sido convocado um defensor para a vaga de um atacante.

O elenco se rebelou e Dušan Petković não aguentou a pressão, deixando a delegação antes de chegarem à Alemanha. “É muita pressão para mim, para meu pai e meus companheiros”, afirmou Dušan. Sua seleção acabou disputando a Copa com um jogador a menos.

No início das partidas, novo momento de constrangimento para os jogadores sérvio-montenegrinos. O hino tocado era o da fase comunista da antiga Iugoslávia, que não era cantado pelos jogadores e vaiado pela torcida.


Muito bem treinada por José Pekerman, a Argentina jogou no sistema 4-4-2 em losango, com Riquelme jogando como “enganche”.


A Sérvia e Montenego foi escalada no esquema 4-4-2, com duas linhas de quatro.

● Em Gelsenkirchen, a Argentina apresentou um espetáculo que ficou na memória.

O ataque argentino descobriu logo cedo a fórmula para se sobressair diante da defesa sérvia. Sem deixar o adversário respirar, abusou dos passes rápidos e movimentação constante, especialmente de Javier Saviola.

Logo aos seis minutos, o próprio Saviola avançou pela esquerda e rolou para o meio da área. Maxi Rodríguez bateu deslocando o goleiro Dragoslav Jevrić e abriu o placar.

O segundo gol saiu apenas aos 31′, em uma troca de passes envolvente que se tornou uma verdadeira obra de arte. A jogada começou com Maxi Rodríguez roubando a bola no campo defensivo. A bola passou por Cambiasso, Riquelme, Sorín, girou da direita para a esquerda e voltou da esquerda para a direita, até que Saviola tocou para Cambiasso, que deu de primeira para Hernán Crespo, que devolveu de calcanhar. Esteban Cambiasso mandou para o gol. Desde a roubada de bola até a conclusão, foram 26 passes precisos – um símbolo do estilo de jogo argentino. Foi um gol que, pela dinâmica e pela finalização, lembrou um pouco o último gol de Maradona em Copas, diante da Grécia, em 1994. 2 a 0.

Com uma marcação frágil no meio e uma defesa pesada, os sérvios foram colocados literalmente na roda pelas tabelas envolventes dos albicelestes.

Dez minutos depois, o terceiro. Com uma falta não marcada pelo árbitro italiano Roberto Rosetti, Saviola roubou a bola de Mladen Krstajić, entrou na área e chutou cruzado. Jevrić espalmou para o canto, mas Maxi Rodríguez apareceu na segunda trave e completou para o gol. A bola ainda bateu na trave e no pé do zagueiro Goran Gavrančić antes de entrar. 3 a 0.

Após virar o intervalo vencendo por 3 a 0, os hermanos tiraram o pé e diminuíram o ritmo na etapa final.

Mateja Kežman foi expulso aos 20′ da segunda etapa, facilitando mais ainda o controle de jogo argentino.


(Imagem: 90 min)

Aos 29 minutos do segundo tempo, pouca gente se deu conta de que estava ocorrendo um momento histórico no futebol. Com a camisa 19, foi esse o momento que Lionel Messi pisou no gramado da Arena AufSchalke, em Gelsenkirchen. Era sua estreia em Copas do Mundo. Com 18 anos, Messi já começava a ganhar espaço no excelente time titular do Barcelona, que havia conquistado a UEFA Champions League da temporada 2005/06. No ano seguinte já se tornaria protagonista e três anos mais tarde seria eleito o melhor jogador do mundo.

Três minutos depois de entrar, em sua primeira jogada, Messi driblou um adversário, foi até a linha de fundo e cruzou rasteiro da ponta esquerda. Crespo apareceu na segunda trave, se antecipou a um adversário e marcou. 4 a 0.

O quinto tento veio seis minutos depois. Riquelme lançou Carlitos Tévez, que passou a bola entre as pernas de Gavrančić, cortou a marcação de Igor Duljaj e tocou rasteiro na saída do goleiro Jevrić. 5 a 0.

O último prego no caixão servo-montenegrino foi aos 43′. Juan Román Riquelme tocou para Tévez, que tabelou com Crespo e recebeu de volta. Ele enxergou a infiltração de Messi e deu o passe na medida. Messi dominou e bateu cruzado de pé direito, marcando seu primeiro gol em Copas do Mundo.

Com esse placar esmagador, o status de favorito ficou ainda mais estampado na albiceleste.

Essa vitória igualou a maior goleada aplicada pela Argentina em Copas do Mundo (a maior até então havia sido o “famoso” 6 a 0 sobre o Peru na Copa de 1978).


(Imagem: Goal)

● Na sequência, a Argentina empatou sem gols com a Holanda e assegurou a liderança do Grupo C no saldo de gols. Nas oitavas de final, precisou de um golaço ouro de Maxi Rodríguez para eliminar o México na prorrogação de virada por 2 x 1. Nas quartas de final, depois de um jogo duríssimo diante da anfitriã Alemanha, acabou caindo na decisão por pênaltis por 4 x 2, após empate por 1 x 1 no tempo normal.

Por sua vez, a Sérvia e Montenegro perdeu para a Costa do Marfim por 3 x 2 e terminou com três derrotas em três jogos. Na classificação geral, foi a última dentre as 32º seleções do Mundial.

Após a Copa, cinco jogadores sérvios foram punidos pela federação do país por terem cometido alguma indisciplina durante a competição: Mateja Kežman, Ognjen Koroman, Danijel Ljuboja, Zvonimir Vukić e Albert Nađ. Este último até jogou contra a Costa do Marfim, mas os outros quatro foram criticados por terem deixado a Alemanha antes do restante da delegação.

Embora Dušan Petković nem tenha jogado, o caso dele é um dos raros em que um pai atuou por uma seleção e o filho por outra, já que Ilija Petković havia jogado pela Iugoslávia em 1974. Outro caso que envolve dissolução de países foi o de Vladimír Weiss, que jogou pela Tchecoslováquia em 1990 e seu filho, de mesmo nome, atuou pela Eslováquia em 2010. O último caso envolve imigração: Martín Ventolrá jogou a Copa de 1934 pela Espanha e seu filho, José Vantolrá, atuou pelo México em 1970.

O meia Dejan Stanković disputou três Copas do Mundo, por três países diferentes. Ele representou a Iugoslávia em 1998, a Sérvia e Montenegro em 2006 e a Sérvia em 2010.


(Imagem: Twitter @OptaJoe)

FICHA TÉCNICA:

 

ARGENTINA 6 x 0 SÉRVIA E MONTENEGRO

 

Data: 16/06/2006

Horário: 15h00 locais

Estádio: Arena AufSchalke (atual Veltins-Arena)

Público: 52.000

Cidade: Gelsenkirchen (Alemanha)

Árbitro: Roberto Rosetti (Itália)

 

ARGENTINA (4-3-1-2):

SÉRVIA E MONTENEGRO (4-4-2):

1  Roberto Abbondanzieri (G)

1  Dragoslav Jevrić (G)

21 Nicolás Burdisso

4  Igor Duljaj

2  Roberto Ayala

6  Goran Gavrančić

6  Gabriel Heinze

20 Mladen Krstajić

3  Juan Pablo Sorín (C)

15 Milan Dudić

8  Javier Mascherano

7  Ognjen Koroman

22 Lucho González

17 Albert Nađ

18 Maxi Rodríguez

10 Dejan Stanković

10 Juan Román Riquelme

11 Predrag Đorđević

7  Javier Saviola

9  Savo Milošević (C)

9  Hernán Crespo

8  Mateja Kežman

 

Técnico: José Pékerman

Técnico: Ilija Petković

 

SUPLENTES:

 

 

12 Leo Franco (G)

23 Vladimir Stojković (G)

23 Óscar Ustari (G)

12 Oliver Kovačević (G)

4  Fabricio Coloccini

14 Nenad Đorđević

17 Leandro Cufré

5  Nemanja Vidić

15 Gabriel Milito

16 Dušan Petković (cortado da
delegação)

13 Lionel Scaloni

3  Ivica Dragutinović

5  Esteban Cambiasso

13 Dušan Basta

16 Pablo Aimar

2  Ivan Ergić

19 Lionel Messi

18 Zvonimir Vukić

14 Rodrigo Palacio

22 Saša Ilić

11 Carlos Tevez

21 Danijel Ljuboja

20 Julio Cruz

19 Nikola Žigić

 

GOLS:

6′ Maxi Rodríguez (ARG)

31′ Esteban Cambiasso (ARG)

41′ Maxi Rodríguez (ARG)

78′ Hernán Crespo (ARG)

84′ Carlos Tevez (ARG)

88′ Lionel Messi (ARG)

 

CARTÕES AMARELOS:

7′ Ognjen Koroman (SER)

27′ Albert Nađ (SER)

36′ Hernán Crespo (ARG)

42′ Mladen Krstajić (SER)

 

CARTÃO VERMELHO:
65′ Mateja Kežman (SER)

 

SUBSTITUIÇÕES:

17′ Lucho González (ARG) ↓

Esteban Cambiasso (ARG) ↑

 

INTERVALO Albert Nađ (SER) ↓

Ivan Ergić (SER) ↑

 

50′ Ognjen Koroman (SER) ↓

Danijel Ljuboja (SER) ↑

 

59′ Javier Saviola (ARG) ↓

Carlos Tevez (ARG) ↑

 

70′ Savo Milošević (SER) ↓

Zvonimir Vukić (SER) ↑

 

75′ Maxi Rodríguez (ARG) ↓

Lionel Messi (ARG) ↑

Gols da partida:

… 15/06/2018 – Portugal 3 x 3 Espanha

Três pontos sobre…
… 15/06/2018 – Portugal 3 x 3 Espanha


(Imagem: FIFA.com)

● Desde o sorteio, as expectativas eram altíssimas para essa partida. E a espera se pagou, com um dos melhores jogos das últimas Copas.

A Espanha ainda sofria pelo fim da geração “tiki-taka”. Carles Puyol e Xabi Alonso haviam aposentado e outros ícones já não estavam no radar da seleção, como Iker Casillas, Cesc Fàbregas, David Villa e Fernando Torres. A renovação necessária foi muito bem feita pelo técnico Julen Lopetegui, dando maior protagonismo a jogadores como Koke, Isco, Thiago Alcântara e Marco Asensio. Mas eram os experientes remanescentes que ainda ditavam o ritmo: Sergio Ramos, Gerard Piqué, Sergio Busquets, Jordi Alba, David Silva e Andrés Iniesta.

Com essa junção de juventude e experiência, a Fúria foi dominante nas eliminatórias para o Mundial de 2018, com nove vitórias e apenas um empate (com a Itália, em Turim).

Mas uma bomba explodiu dois dias antes da estreia na Copa: o treinador Julen Lopetegui foi demitido pela divulgação da informação que ele havia acertado com o Real Madrid para depois do Mundial. No gigante espanhol, Lopetegui seria um fiasco e demitido ainda em outubro de 2018.

O ídolo madridista Fernando Hierro era coordenador técnico da seleção e assumiu como treinador às vésperas.


(Imagem: FIFA.com)

● Do outro lado, Portugal vinha credenciado pelo título da Eurocopa 2016, vencendo a França na final em pleno Stade de France.

O técnico Fernando Santos tinha um time com bons coadjuvantes, como o goleiro Rui Patrício, o zagueiro Pepe, o meia João Moutinho, além dos meia-atacantes Bernardo Silva, Gonçalo Guedes, Bruno Fernandes e Ricardo Quaresma. Mas, a bem da verdade, era um “exército de um homem só”: Cristiano Ronaldo.

CR7 já tinha sido eleito cinco vezes como o melhor jogador do mundo: 2008, 2013, 2014, 2016 e 2017. Estava em seu auge técnico, liderando o Real Madrid a quatro conquistas da UEFA Champions League nos últimos cinco anos – sendo as três últimas consecutivas (2016, 2017 e 2018).

Por tudo isso, se esperava muito de Portugal e, especialmente, de CR7. E ele não decepcionaria.


Portugal jogou no sistema 4-4-2. Sem a bola, era um 4-2-3-1.


A Espanha atuou no já tradicional 4-2-3-1.

● A Espanha nem teve tempo para impor seu ritmo, quando Cristiano Ronaldo pedalou para cima de Nacho dentro da área e sofreu pênalti discutível. Ele mesmo cobrou e converteu, após quatro minutos do apito inicial.

Depois, Gonçalo Guedes jogou fora duas chances claras para ampliar o marcador. Mas quem não faz…

Aos 24′, Diego Costa foi “Diego Costa”: em uma bola longa, foi sujo ao meter o braço na cara de Pepe (não é disputa por espaço, é agressão mesmo – normal, nas características de Diego). Na sequência, mostrou o que tem de melhor, chamando José Fonte para dançar, com dois belos cortes e o chute forte no cantinho direito de Rui Patrício. Um lindo gol, que não deveria ter sido validado pela equipe de arbitragem (e pelo VAR), já que houve a falta no início do lance.

A Espanha passou a jogar melhor e a controlar as ações. Mas, em um lance isolado, a bola sobrou para CR7 na meia lua. Do jeito que ela veio, ele chutou forte de esquerda, no meio do gol. Era uma defesa fácil para David de Gea, mas ele se desconcentrou, preferindo reclamar com o bandeirinha ao pedir um impedimento inexistente. Acabou engolindo um frango, inaceitável para quem era considerado um dos melhores goleiros do mundo na época.

A Fúria voltou melhor também no segundo tempo e empatou o jogo aos 10′, após uma cobrança de falta ensaiada. David Silva cobrou no segundo pau, Busquets escorou para o meio e Diego Costa completou para o gol em cima da linha.

A merecida virada veio três minutos depois, quando uma bola rebatida pela defesa lusa sobrou para Nacho. O zagueiro/lateral do Real Madrid emendou de primeira, na veia, mandando um torpedo com efeito para o gol. A bola ainda bateu nas duas traves antes de entrar. Discutivelmente o mais bonito dos belos gols dessa partida.

A Espanha mostrou variações que não tinha mostrado até então, com um gol oriundo de lançamento longo, um de cobrança de falta ensaiada e um em chute de fora da área.

O dérbi ibérico teve um choque de estilos. A Espanha dominou as ações com um futebol envolvente, enquanto Portugal era precisa nas suas oportunidades.

A dois minutos do fim do tempo regulamentar, a Espanha continuava tendo a posse de bola e chances para ampliar, quando CR7 dominou uma bola na meia lua e sofreu falta tola de Piqué. O capitão português cobrou com maestria, colocando a bola por cima da barreira e tirando do alcance de De Gea. Uma cobrança perfeita, com alto grau de dificuldade, por causa da proximidade do gol. Cristiano tem seus truques e mostrou isso ao fugir de suas características para marcar seu “hat trick”. Aos 33 anos, se tornou o jogador mais velho a marcar três gols em uma mesma partida de Copa do Mundo – superando o holandês Rob Rensenbrink que tinha 30 anos quando marcou um “hat trick” em 1978.

Ele chegou em seu melhor nível, descansando em vários jogos da temporada pelo Real Madrid. Com isso, entrou para a história dentre os jogadores que fizeram gols em quatro Copas do Mundo diferentes, igualando Pelé e os alemães Uwe Seeler e Miroslav Klose. O português havia marcado um gol em cada Copa que havia disputado (2006, 2010 e 2014). Agora, em uma partida já marca três e segue firme em busca da artilharia do Mundial. Outro feito importante foi ele ter marcado seu 84º gol pela seleção, se igualando ao húngaro Ferenc Puskás como o maior artilheiro de uma seleção europeia em todos os tempos. Posteriormente, ele ampliaria essa marca para 104 gols em 175 jogos (até esse dia 15/06/2021). Está bem próximo do recordista, o iraniano Ali Daei e seus 109 gols.


(Imagem: FIFA.com)

● Para uma das favoritas, a campanha da Espanha acabou sendo bem mediana. No segundo jogo, venceu o Irã com dificuldades por 1 x 0. No terceiro, empate na bacia das almas com o Marrocos por 2 x 2. A Fúria acabou sendo eliminada nas oitavas pela Rússia, dona da casa, nos pênaltis por 4 x 3, após empate por 1 x 1 no tempo normal.

Cristiano Ronaldo começou a Copa com tudo, pensando em recordes, artilharia e até sonhou em brigar pelo título com a humilde seleção portuguesa – assim como na Eurocopa de 2016. Mas não foi isso que aconteceu. CR7 até marcou o gol da vitória de Portugal por 1 x 0 sobre o Marrocos, mas seria só isso. No terceiro jogo, a Seleção das Quinas penou para empatar com o Irã por 1 x 1, CR7 perdeu pênalti e quase foi expulso por dar uma entrada feia sem bola. Nas oitavas de final, perdeu para o Uruguai por 2 x 1. Até hoje, Cristiano Ronaldo marcou sete gols em Copas do Mundo (01 em 2006, 01 em 2010, 01 em 2014 e 04 em 2018), mas nenhum na fase de mata-mata.


(Imagem: FIFA.com)

FICHA TÉCNICA:

 

PORTUGAL 3 x 3 ESPANHA

 

Data: 15/06/2018

Horário: 21h00 locais

Estádio: Fisht Olympic Stadium

Público: 43.866

Cidade: Sochi (Rússia)

Árbitro: Gianluca Rocchi (Itália)

 

PORTUGAL (4-2-3-1):

ESPANHA (4-2-3-1):

1  Rui Patrício (G)

1  David de Gea (G)

21 Cédric Soares

4  Nacho

3  Pepe

3  Gerard Piqué

6  José Fonte

15 Sergio Ramos (C)

5  Raphaël Guerreiro

18 Jordi Alba

14 William Carvalho

5  Sergio Busquets

8  João Moutinho

8  Koke

11 Bernardo Silva

21 David Silva

17 Gonçalo Guedes

22 Isco

16 Bruno Fernandes

6  Andrés Iniesta

7  Cristiano Ronaldo (C)

19 Diego Costa

 

Técnico: Fernando Santos

Técnico: Fernando Hierro

 

SUPLENTES:

 

 

12 Anthony Lopes (G)

13 Kepa Arrizabalaga (G)

22 Beto (G)

23 Pepe Reina (G)

15 Ricardo Pereira

2  Dani Carvajal

2  Bruno Alves

12 Álvaro Odriozola

13 Rúben Dias

14 César Azpilicueta

19 Mário Rui

16 Nacho Monreal

4  Manuel Fernandes

10 Thiago Alcântara

23 Adrien Silva

7  Saúl Ñíguez

10 João Mário

11 Lucas Vázquez

20 Ricardo Quaresma

20 Marco Asensio

18 Gelson Martins

17 Iago Aspas

9  André Silva

9  Rodrigo Moreno

 

GOLS:

4′ Cristiano Ronaldo (POR)

24′ Diego Costa (ESP)

44′ Cristiano Ronaldo (POR)

55′ Diego Costa (ESP)

58′ Nacho (ESP)

88′ Cristiano Ronaldo (POR)

 

CARTÕES AMARELOS:

17′ Sergio Busquets (ESP)

28′ Bruno Fernandes (POR)

 

SUBSTITUIÇÕES:

68′ Bruno Fernandes (POR) ↓

João Mário (POR) ↑

 

69′ Bernardo Silva (POR) ↓

Ricardo Quaresma (POR) ↑

 

70′ Andrés Iniesta (ESP) ↓

Thiago Alcântara (ESP) ↑

 

77′ Diego Costa (ESP) ↓

Iago Aspas (ESP) ↑

 

80′ Gonçalo Guedes (POR) ↓

André Silva (POR) ↑

 

86′ David Silva (ESP) ↓

Lucas Vázquez (ESP) ↑

Melhores momentos da partida:

Jogo completo:

… 14/06/2014 – Costa Rica 3 x 1 Uruguai

Três pontos sobre…
… 14/06/2014 – Costa Rica 3 x 1 Uruguai


(Imagem: Getty Images / FIFA)

● Em sua quarta Copa do Mundo (já havia disputado 1990, 2002 e 2006), a seleção da Costa Rica chegou totalmente sem expectativas. O único objetivo era não passar vergonha. Afinal, o que mais poderia esperar no “grupo da morte” – o único da história formado por três campeões mundiais: Uruguai, Inglaterra e Itália? A Costa Rica certamente serviria de sparring no Grupo D. E justamente por não ter nada a perder, daria tudo de si.

O técnico colombiano Jorge Luis Pinto montou um esquema tático teoricamente retranqueiro (5-4-1) e acabou forjando mesmo um sistema defensivo muito forte, liderado pelo goleiro Keylor Navas. Mas os Ticos sabiam como agredir o adversário, seja na técnica e no toque de bola, na bola parada, na velocidade contra-ataque ou nos chutes de longa distância.

Com muita velocidade e movimentação, o trio de ataque era muito perigoso, com os habilidosos Joel Campbell, Christian Bolaños e o capitão Bryan Ruiz. Os principais desfalques eram o lateral Bryan Oviedo e o atacante Álvaro Saborío, artilheiro do time nas eliminatórias da CONCACAF, com oito gols.


(Imagem: Getty Images / FIFA)

● No Mundial anterior, o Uruguai havia sido a melhor seleção sul-americana, com o quarto lugar. A evolução se seguiu e os charruas conquistaram a Copa América de 2011, quebrando um jejum de 16 anos.

Bem treinados pelo Maestro Óscar Tabárez, os charruas mantinham praticamente o mesmo elenco, com apenas seis modificações.

O forte dos uruguaios era o conjunto, mas alguns jogadores se destacavam pela qualidade técnica individual. A defesa era consistente, com os Diegos Godín e Lugano. O ataque estava em seu ápice, com Edison Cavani e Luis Suárez. Porém, nem tudo era maravilha. Faltava criatividade no meio e o goleiro Muslera nunca inspirou confiança.

E, se em 2014 estava quatro anos mais experiente e maduro (principalmente nos casos de Suárez e Cavani), também estava quatro anos mais envelhecido (casos de Lugano e Forlán – eleito o melhor jogador do Mundial de 2010).


O técnico colombiano Jorge Luis Pinto conseguiu armar uma defesa consistente, com cinco homens. No meio, se fechava com outra linha de quatro. E, quando esse paredão era vazado, ainda tinha outra muralha: o goleiro Keylor Navas.


Maestro Tabárez armou o Uruguai no sistema tático 4-4-2, com duas linha de quatro.

● Há uma ligação quase umbilical entre o futebol brasileiro e o uruguaio. Vários jogadores charruas são ídolos de clubes brasileiros. Até por isso, o ambiente no estádio Castelão era praticamente todo favorável ao Uruguai, com ampla maioria nas arquibancadas.

Mas, com o nível competitivo do futebol apresentado, a seleção da Costa Rica conquistou os brasileiros presentes – que costuma ter tendência a torcer para os mais fracos. Desde então a torcida brasileira passou a adotar a Costa Rica como segundo time.

O Uruguai tinha uma qualidade técnica muito superior ao seu adversário, mas não conseguiu transformar essa diferença em superioridade.

A principal estrela do duelo estava ausente. Luis Suárez estava se recuperando de uma cirurgia no joelho e não foi pro jogo. Ele foi poupado para os duelos teoricamente mais difíceis, contra Inglaterra e Itália. O time sentiu muito a ausência de seu camisa 9, pois faltou criatividade e poder de fogo.

Mas ainda assim conseguiu abrir o placar. Aos 23 minutos do primeiro tempo, Diego Forlán cobrou falta da esquerda e Diego Lugano foi agarrado por Júnior Díaz dentro da área e o árbitro alemão Felix Brych marcou a penalidade. Edinson Cavani bateu com segurança no canto esquerdo de Navas. O goleiro até acertou o canto, mas não conseguiu pegar.


(Imagem: Getty Images / FIFA)

Minutos depois, um atacante costarriquenho também foi agarrado na área uruguaia em um lance muito parecido, mas o juiz não marcou nada. Dois pesos, duas medidas.

O Uruguai seguiu um pouco melhor em campo. Cebolla Rodríguez arrancou pelo meio, passou por dois costarriquenhos e abriu na esquerda para Forlán. O camisa 10 bateu de canhota do bico da grande área, a bola desviou em Duarte e tinha o caminho das redes. Mas Navas deu um tapa por cima e evitou o gol. Uma defesa de alto grau de dificuldade.

O ataque dos Ticos sofria com a falta de inspiração no primeiro tempo. Mas voltou aceso para a etapa final e virou o jogo na bola aérea.

Mesmo tendo jogadores altos e fortes, como Lugano e Godín, a defesa celeste sofreu muito nas bolas altas. Qualquer levantamento para a área uruguaia era um “Deus nos acuda”. Os dois gols da virada vieram de erros de posicionamento dos defensores celestes.

O primeiro foi aos nove minutos. Bryan Ruiz deu um passe vertical na direita para Bolaños, que escorou de primeira para Cristian Gamboa cruzar da linha de fundo. Celso Borges dividiu no alto com Lugano e a bola sobrou dentro da área para Joel Campbell dominar no peito e chutar forte, sem chances para Muslera.

Apenas três minutos depois ocorreu a surpreendente virada. Bolaños bateu falta da intermediária central. Óscar Duarte se livrou da marcação de Cristhian Stuani e apareceu na segunda trave para cabecear de peixinho. A bola entrou no canto esquerdo do goleiro uruguaio.

O meio campo uruguaio errava muitos passes, especialmente Walter Gargano. Ele cometeu várias faltas e não conseguiu marcar Bryan Ruiz, o articulador das jogadas costarriquenhas.

Com pouca criatividade e muito desespero, o Uruguai se atirou ao ataque, mas parou no bloqueio defensivo do adversário.

O golpe fatal veio a seis minutos do fim, em um contra-ataque. Campbell recebeu na direita e lançou rasteiro para Marco Ureña dentro da área. O atacante, que tinha acabado de entrar, deu apenas um toque para tirar de Muslera e marcar o terceiro gol dos Ticos.

No minuto final, Campbell (o melhor em campo) dominou na ponta esquerda e prendeu a bola para ganhar tempo. Impaciente, Maxi Pereira lhe deu uma rasteira e foi corretamente expulso de campo.

A vitória costarriquenha por 3 x 1 acabou surpreendendo a todos.


(Imagem: Getty Images / FIFA)

● Na segunda partida, o Uruguai venceu a Inglaterra por 2 x 1, com dois gols de Luisito Suárez. No terceiro jogo, vitória sobre a Itália por 1 x 0 (gol de Godín), quando houve a famosa mordida de Suárez em Giorgio Chiellini. Nas oitavas de final, já sem poder contar com Suárez – suspenso pela FIFA –, o Uruguai perdeu para a Colômbia por 2 x 0, com dois gols de James Rodríguez.

A Costa Rica levou seu sonho mais adiante. Ficou em primeiro de seu grupo, vencendo a Itália por 1 x 0 e empatando por 0 x 0 com a Inglaterra. Nas oitavas, empatou por 1 x 1 com a Grécia e venceu nos pênaltis por 5 x 3. Nas quartas, empatou sem gols com a Holanda. E acordou para a realidade após ser eliminada nas penalidades por 5 x 3. No fim, terminou em um honroso oitavo lugar e a melhor defesa do torneio, com apenas dois gols sofridos. Acabou sendo muito mais do que os mais otimistas e ferrenhos torcedores esperavam. E o time de Keylor Navas, Bryan Ruiz e Joel Campbell entrou positivamente para os almanaques das Copas.


(Imagem: Getty Images / FIFA)

FICHA TÉCNICA:

 

COSTA RICA 3 x 1 URUGUAI

 

Data: 14/06/2014

Horário: 16h00 locais

Estádio: Castelão

Público: 58.679

Cidade: Fortaleza (Brasil)

Árbitro: Felix Brych (Alemanha)

 

COSTA RICA (5-4-1):

URUGUAI (4-4-2):

1  Keylor Navas (G)

1  Fernando Muslera (G)

16 Cristian Gamboa

16 Maxi Pereira

6  Óscar Duarte

2  Diego Lugano (C)

3  Giancarlo González

3  Diego Godín

4  Michael Umaña

22 Martín Cáceres

15 Júnior Díaz

17 Egidio Arévalo Ríos

17 Yeltsin Tejeda

5  Walter Gargano

5  Celso Borges

7  Cristian Rodríguez

7  Christian Bolaños

11 Cristhian Stuani

10 Bryan Ruiz (C)

10 Diego Forlán

9  Joel Campbell

21 Edinson Cavani

 

Técnico: Jorge Luis Pinto

Técnico: Óscar Tabárez

 

SUPLENTES:

 

 

18 Patrick Pemberton (G)

23 Martín Silva (G)

23 Daniel Cambronero (G)

12 Rodrigo Muñoz (G)

2  Johnny Acosta

4  Jorge Fucile

8  David Myrie

13 José Giménez

19 Roy Miller

19 Sebastián Coates

12 Waylon Francis

6  Álvaro Pereira

13 Óscar Granados

15 Diego Pérez

22 José Miguel Cubero

20 Álvaro González

11 Michael Barrantes

14 Nicolás Lodeiro

20 Diego Calvo

18 Gastón Ramírez

14 Randall Brenes

8  Abel Hernández

21 Marco Ureña

9  Luis Suárez

 

GOLS:

24′ Edinson Cavani (URU) (pen)

54′ Joel Campbell (COS)

57′ Óscar Duarte (COS)

84′ Marco Ureña (COS)

 

CARTÕES AMARELOS:

50′ Diego Lugano (URU)

56′ Walter Gargano (URU)

81′ Martín Cáceres (URU)

 

CARTÃO VERMELHO:
90+4′ Maxi Pereira (URU)

 

SUBSTITUIÇÕES:

60′ Walter Gargano (URU) ↓

Álvaro González (URU) ↑

 

60′ Diego Forlán (URU) ↓

Nicolás Lodeiro (URU) ↑

 

75′ Yeltsin Tejeda (COS) ↓

José Miguel Cubero (COS) ↑

 

76′ Cristian Rodríguez (URU) ↓

Abel Hernández (URU) ↑

 

83′ Bryan Ruiz (COS) ↓

Marco Ureña (COS) ↑

 

89′ Christian Bolaños (COS) ↓

Michael Barrantes (COS) ↑

Melhores momentos da partida:

… 13/06/1962 – Tchecoslováquia 3 x 1 Iugoslávia

Três pontos sobre…
… 13/06/1962 – Tchecoslováquia 3 x 1 Iugoslávia


Kadraba prepara o chute, em lance que antecedeu o primeiro gol da Tchecoslováquia (Imagem: Reprodução / FIFA)

● Muitas partidas tiveram poucos expectadores no Chile. Mas não foi pela falta de entusiasmo, mas de dinheiro, o que acabou afastando o público dos estádios. Não era possível adquirir o ingresso de um jogo só. A venda era feita em pacotes que eram muito caros. A solução encontrada pelo público local foi assistir de graça pelas TVs nas ruas.

Por isso, apenas 5.890 pessoas compareceram ao estádio Sousalito, em Viña del Mar, para assistir à semifinal entre Tchecoslováquia e Iugoslávia – curiosamente, dois países que não existem mais desde o início da década de 1990. Foi o menor público da Copa. No mesmo horário, a TV chilena transmitia ao vivo a outra semifinal, entre Brasil x Chile – que jogavam para 80 mil pessoas em Santiago. As duas semifinais foram jogadas simultaneamente.

A Iugoslávia chegava como favorita pelos bons resultados nas últimas competições oficiais. Havia conquistado a medalha de ouro dos Jogos Olímpicos de 1960, em Roma, além de ter sido vice-campeã da primeira Copa das Nações Europeias (atual Eurocopa), também em 1960, quando perdeu a final para a União Soviética apenas no segundo tempo da prorrogação. Os maiores destaques eram o ponta de lança e capitão Milan Galić, do Partizan, o forte centroavante Dražan Jerković, do Dinamo Zagreb e o ponta esquerda Josip Skoblar, do OFK Belgrado (que viria a ser um dos maiores nomes da história do Olympique de Marseille).

A Iugoslávia passou em segundo lugar do Grupo 1. Na estreia, perdeu para a URSS por 2 x 0. Depois, venceu o Uruguai por 3 x 1 e goleou a Colômbia por 5 x 0. Nas quartas de final, encontrou a Alemanha Ocidental pela terceira vez consecutiva. Nas duas primeiras vezes a Alemanha venceu: 2 x 0 em 1954 e 1 x 0 em 1958 – ambas com o gol decisivo sendo anotado por Helmut Rahn. Mas dessa vez Rahn não estava e Petar Radaković marcou um belo gol a cinco minutos do fim, o único gol da partida que levou os iugoslavos para a segunda semifinal de sua história em Copas o Mundo, a primeira desde 1930.

A Tchecoslováquia também se classificou na segunda posição de sua chave, o forte Grupo 3, com uma vitória (1 x 0 sobre a poderosa Espanha), um empate (0 x 0 com o Brasil, com Pelé se lesionando durante o jogo) e uma derrota (3 x 1 para o México, na primeira vitória dos astecas em Copas). Nas quartas de final, vitória sobre o bom time da Hungria por 1 x 0.

Curiosamente, as quartas de final da Copa de 1962 foram tão equilibradas que, dos quatro vencedores dos grupos da primeira fase, só o Brasil passou para as semifinais. Além da derrota da Alemanha Ocidental para a Iugoslávia e da Hungria para a Tchecoslováquia, a União Soviética também perdeu para o Chile por 2 a 1.


A Tchecoslováquia jogava no esquema 4-2-4


A Iugoslávia foi escalada no sistema tático W-M

● O jogo começou acelerado e duro, com muitas faltas e jogadas com uma virilidade desnecessária. Percebendo que a partida descambava para a violência, o árbitro suíço Gottfried Dienst paralisou a partida aos dez minutos de jogo, chamou todos os 22 jogadores e deu uma advertência formal e generalizada: a próxima falta mais pesada resultaria em expulsão. Essa conversa fez bem e os dois times começaram a se preocupar mais com o futebol.

Mas o primeiro tempo foi fraco tecnicamente, não sendo criada nenhuma chance clara ou remota de gol. E o placar permaneceu zerado até o intervalo. O segundo tempo seria melhor.

Logo no terceiro minuto, Milan Galić perdeu a bola na meia direita. Andrej Kvašňák deu um passe vertical para Tomáš Pospíchal. Ele entrou em velocidade pelo meio e deixou com Adolf Scherer, que se livrou da marcação e, de perna esquerda, abriu na ponta direita. Na linha de fundo, Jan Lála deu um chapéu em um adversário e cortou para dentro. Josef Kadraba chegou chutando cruzado, o goleiro Milutin Šoškić espalmou para frente e o próprio Kadraba mergulhou para emendar de cabeça para o gol. Tchecoslováquia, 1 a 0.

Depois desse gol, os tchecos passaram a jogar de forma mais defensiva. E os iugoslavos pressionaram sem cessar nos vinte minutos seguintes. Seguro, o goleiro tcheco Viliam Schrojf estava tendo uma exibição irretocável até aquele momento.

Da linha central, Vladica Popović fez um lançamento longo para a área tcheca. Milan Galić escorou de cabeça e Josip Skoblar chutou de primeira. Viliam Schrojf espalmou para o lado e a defesa afastou o perigo.


Jerković sobre mais que o goleiro Schrojf para empatar o jogo (Imagem: Reprodução / FIFA)

Pouco depois, aos 24 minutos, novo lançamento longo, dessa vez de Petar Radaković. Schrojf saiu mal do gol. Jerković ganhou da marcação, se antecipou ao goleiro e só deu uma “casquinha” na bola para desviar do goleiro e empatar o jogo. De bicicleta, Ján Popluhár tentou evitar o gol, mas só conseguiu rasgar a rede – que foi remendada às pressas. Com cinco gols marcados, Dražan Jerković terminaria a Copa como artilheiro.

A correria em busca do empate custou caro, os iugoslavos estavam esgotados fisicamente e não tiveram forças para evitar dois contra-ataques fatais.

A dez minutos do fim, o capitão tcheco Ladislav Novák retomou a bola em seu campo de defesa e fez um lançamento longo. Masopust avançou, atraiu a marcação e tocou na medida para Scherer aparecer livre, dominar e bater por baixo do goleiro Šoškić. 2 a 1.

Logo depois do gol, um cachorro entrou no gramado pelo meio de campo e correu até a linha de fundo, saindo por lá mesmo. Outra cena bastante comum nos gramados do Chile durante o Mundial.

Tentando prender a bola no campo de ataque, os tchecos acabaram conseguindo o terceiro gol.

A seis minutos do apito final, Pospíchal tabelou com Scherer e invadiu a área pela direita. Vlatko Marković pulou, perdeu o tempo de bola e tocou com a mão dentro da área. Pênalti, que Scherer bateu com segurança, no canto esquerdo do goleiro, que nem se mexeu.


Scherer toca por baixo do goleiro Šoškić para fazer o segundo gol tcheco (Imagem: Reprodução / FIFA)

● Na decisão do 3º lugar, a Iugoslávia foi derrotada pelo anfitrião Chile com um gol no último minuto da partida, marcado por Eladio Rojas.

Na final da Copa, a Tchecoslováquia chegou a sair na frente com um gol de Josef Masopust, mas a Seleção Brasileira virou o jogo, com gols de Amarildo, Zito e Vavá, para conquistar o bicampeonato mundial. Assim, a Tchecoslováquia se tornava vice-campeã pela segunda vez em uma Copa do Mundo (1934 e 1962).


Scherer se prepara para bater o pênalti, que seria o terceiro gol tcheco (Imagem: Reprodução / FIFA)

FICHA TÉCNICA:

 

TCHECOSLOVÁQUIA 3 x 1 IUGOSLÁVIA

 

Data: 13/06/1962

Horário: 14h30 locais

Estádio: Sousalito

Público: 5.890

Cidade: Viña del Mar (Chile)

Árbitro: Gottfried Dienst (Suíça)

 

TCHECOSLOVÁQUIA (4-2-4):

IUGOSLÁVIA (W-M):

1  Viliam Schrojf (G)

1  Milutin Šoškić (G)

2  Jan Lála

2  Vladimir Durković

5  Svatopluk Pluskal

5  Vlatko Marković

3  Ján Popluhár

3  Fahrudin Jusufi

4  Ladislav Novák (C)

4  Petar Radaković

19 Andrej Kvašňák

6  Vladica Popović

6  Josef Masopust

14 Vasilije Šijaković

17 Tomáš Pospíchal

8  Dragoslav Šekularac

8  Adolf Scherer

9  Dražan Jerković

18 Josef Kadraba

10 Milan Galić (C)

11 Josef Jelínek

11 Josip Skoblar

 

Técnico: Rudolf Vytlačil

Técnicos: Ljubomir Lovrić / Prvoslav Mihajlović

 

SUPLENTES:

 

 

22 Pavel Kouba (G)

12 Srboljub Krivokuća (G)

21 Jozef Bomba

19 Mirko Stojanović (G)

12 Jiří Tichý

13 Slavko Svinjarević

13 František Schmucker

15 Željko Matuš

15 Vladimír Kos

20 Žarko Nikolić

16 Titus Buberník

17 Vojislav Melić

7  Jozef Štibrányi

7  Andrija Anković

9  Pavol Molnár

21 Nikola Stipić

20 Jaroslav Borovička

16 Muhamed Mujić

10 Jozef Adamec

18 Vladica Kovačević

14 Václav Mašek

22 Aleksandar Ivoš

 

GOLS:

48′ Josef Kadraba (TCH)

69′ Dražan Jerković (IUG)

80′ Adolf Scherer (TCH)

84′ Adolf Scherer (TCH) (pen)

Melhores momentos da partida:


Membro da comissão organizadora conserta a rede após o lance do gol iugoslavo (Imagem: Reprodução / FIFA)

… 12/06/1938 – Itália 3 x 1 França

Três pontos sobre…
… 12/06/1938 – Itália 3 x 1 França


(Imagem: Calciopédia)

● Como tradicionalmente acontece, a seleção francesa era majoritariamente formada por “estrangeiros”. Havia um jogador nascido na Guiana Francesa, mas origem senegalesa (Raoul Diagne), um nascido em Luxemburgo (Julien Darui), um uruguaio (Hector Cazenave), um austríaco (Auguste Jordan), um suíço (Roger Courtois), quatro alemães (Oscar Heisserer, Émile Veinante, César Povolny e Ignace Kowalczyk) e cinco argelinos (Jean Bastien, Abdelkader Ben Bouali, Lucien Jasseron, Michel Brusseaux e Mario Zatelli).

O técnico Gaston Barreau também apostava muito na experiência de atletas que já haviam disputado as Copas anteriores. Eram três remanescentes de 1930 e 1934 (Étienne Mattler, Edmond Delfour e Veinante) e cinco de 1934 (Alfred Aston, Jean Nicolas, René Llense, Jules Vandooren e Courtois).

O ponto forte de Les Bleus era a defesa, com o goleiro Laurent Di Lorto e os zagueiros Cazenave e o capitão Mattler. O sistema defensivo era chamado de “Linha Maginot” – uma linha de fortificações e de defesa construída pela França ao longo de suas fronteiras com a Alemanha e a Itália entre 1930 e 1936.

Na estreia, nas oitavas de final, a França venceu a Bélgica por 3 a 1. Nas quartas, a adversária era a fortíssima Itália.


(Imagem: Wikipédia)

● Como não poderia deixar de ser, a Squadra Azzurra era a maior favorita ao título. Campeã em 1934, a seleção do técnico Vittorio Pozzo vinha bastante renovada e ainda melhor do que quatro anos antes. Com um time mais leve e mais técnico, apenas Giuseppe Meazza e Giovanni Ferrari permaneciam como titulares.

O principal craque do time era Silvio Piola, um centroavante de muita mobilidade, capaz de criar e concluir as jogadas. Ele estava em seu auge técnico e mostrou todas suas qualidades no Mundial.

O ditador Benito Mussolini, “Il Duce”, ainda era o principal catalisador para que os atletas italianos jogassem como se fossem o último dia de suas vidas. Às vésperas da Segunda Guerra Mundial, ainda permanecia o lema “vitória ou morte”.

O primeiro obstáculo foi a Noruega. E os italianos suaram bastante para vencer os nórdicos por 2 x 1 na prorrogação.


A Itália jogava em uma adaptação do sistema 2-3-5 chamada “Metodo”, que consistia no ligeiro recuo de dois atacantes, deixando o ataque em uma espécie de “W”, com dois meia-atacantes, dois pontas bem abertos e um centroavante.


A França atuava no sistema W-M, que já começava a ser o mais usual entre os europeus.

● Com 58.455 expectadores, esse foi o jogo com o maior público da Copa de 1938. O público excedeu em 15% a capacidade do estádio olímpico de Colombes – sem contar as outras dez mil pessoas ficaram do lado de fora.

As seleções tinham empatado sem gols em março, em um amistoso disputado em Paris. Esse resultado deu certa esperança aos franceses. Mas dessa vez os italianos não deram chances aos rivais.

Aproveitando que os franceses tradicionalmente também jogavam de camisa azul, a Itália aproveitou para fazer outro agrado a Mussolini: entrou em campo com o uniforme todo preto, a cor símbolo oficial do fascismo e das fardas de seu exército. A “Squadra Azzurra” se transformou em “Squadra Nera”.

Ao entrar em campo, os italianos cumprimentaram as tribunas com a tradicional saudação fascista: braço direito estendido e a mão espalmada para baixo. A reação da torcida não poderia ter sido outra: vaias e mais vaias, que duraram muitos minutos.

Mas o novo fardamento fez bem ao time, que estava mais solto que na partida anterior.

O goleiro francês Laurent Di Lorto já havia feito duas boas intervenções ainda no início do jogo.

Mas o placar foi aberto logo aos nove minutos de jogo, com um dos gols mais cômicos de todas as Copas. O ponta esquerda Gino Colaussi deu um chute de média distância, a bola subiu muito e desceu de repente. O goleiro Di Lorto foi surpreendido e tentou fazer a defesa, mas se chocou com a trave direita enquanto a bola caía para dentro do gol. Falha feia. E 1 a 0 no placar para os italianos.

Os franceses não se deixaram abater e empataram no minuto seguinte, com Oscar Heisserer.

Mas, no segundo tempo, Silvio Piola resolveu o jogo para a Itália e marcou dois gols: aos 6′ e aos 26′.


(Imagem: Pinterest)

● Placar final: atual campeã e maior favorita 3, dona da casa e eliminada 1.

Com a eliminação de sua seleção, a torcida local elegeu outro time para torcer: o Brasil.

Na semifinal, a Itália teve na Seleção Brasileira um adversário duríssimo, mas venceu por 2 x 1 com um pênalti polêmico.

Na decisão, a Azzurra venceu a Hungria por 4 x 2 e se tornou o primeiro bicampeão mundial.


Sorteio e cumprimentos iniciais entre o trio de arbitragem e os capitães Giuseppe Meazza e Étienne Mattler (Imagem: AFP / Getty Images)

FICHA TÉCNICA:

 

ITÁLIA 3 x 1 FRANÇA

 

Data: 12/06/1938

Horário: 17h00 locais

Estádio: Olympique de Colombes

Público: 58.455

Cidade: Colombes (França)

Árbitro: Louis Baert (Bélgica

 

ITÁLIA (2-3-5):

FRANÇA (W-M):

Aldo Olivieri (G)

Laurent Di Lorto (G)

Alfredo Foni

Hector Cazenave

Pietro Rava

Étienne Mattler (C)

Pietro Serantoni

Jean Bastien

Michele Andreolo

Auguste Jordan

Ugo Locatelli

Raoul Diagne

Amedeo Biavati

Alfred Aston

Giuseppe Meazza (C)

Oscar Heisserer

Silvio Piola

Jean Nicolas

Giovanni Ferrari

Edmond Delfour

Gino Colaussi

Émile Veinante

 

Técnico: Vittorio Pozzo

Técnico: Gaston Barreau

 

SUPLENTES:

 

 

Guido Masetti (G)

René Llense (G)

Carlo Ceresoli (G)

Julien Darui (G)

Eraldo Monzeglio

Abdelkader Ben Bouali

Bruno Chizzo

César Povolny

Aldo Donati

Jules Vandooren

Renato Olmi

François Bourbotte

Mario Genta

Lucien Jasseron

Mario Perazzolo

Michel Brusseaux

Sergio Bertoni

Roger Courtois

Pietro Ferraris

Ignace Kowalczyk

Pietro Pasinati

Mario Zatelli

 

GOLS:

9′ Gino Colaussi (ITA)

10′ Oscar Heisserer (FRA)

51′ Silvio Piola (ITA)

72′ Silvio Piola (ITA)

Imagens da partida:

… 11/06/1978 – Escócia 3 x 2 Holanda

Três pontos sobre…
… 11/06/1978 – Escócia 3 x 2 Holanda


Da esquerda para a direita: Hartford, Donachie, Buchan, Forsyth, Jordan, Souness, Dalglish, Gemmill, Kennedy, Rough e Rioch. (Imagem: Colorsport / Shutterstock / The Guardian)

● A seleção da Escócia viajou à Argentina numa onda exagerada de otimismo. Deixou boa impressão em 1974, quando terminou invicta e foi eliminada pela Seleção Brasileira apenas no saldo de gols. Era apontada pelo presidente da FIFA, o brasileiro João Havelange, como uma das possíveis finalistas.

O técnico Ally MacLeod tinha bons jogadores que eram destaques no futebol inglês, como Joe Jordan (Leeds United), Kenny Dalglish (Liverpool) e Graeme Souness (que chegaria ao Liverpool depois da Copa para se tornar uma lenda).

O nacionalismo escocês estava aceso como poucas vezes no século XX e o maior pecado do time foi o excesso de autoconfiança.

Contra o Peru, na estreia, a Escócia abriu o placar e sofreu a virada por 3 a 1. Para piorar, o ponta de lança Willie Johnston foi pego no teste antidoping, que acusou a presença do estimulante proibido fencamfamina.

No empate por 1 x 1 diante do Irã, a Escócia entrou bem diferente. A confiança havia desaparecido e a Escócia acabou não marcando nem seu próprio gol (foi de Andranik Eskandarian, contra).

Por tudo isso, o jogo contra a Holanda, em Mendoza, seria decisivo às pretensões dos escoceses. O treinador fez alterações decisivas no time. O capitão Bruce Rioch voltou ao time e o meia Graeme Souness foi titular pela primeira vez na competição.

Para passar de fase pela primeira vez em uma Copa do Mundo, a Escócia teria que vencer a Holanda por três gols de diferença.


(Imagem: Pinterest)

● A poderosa Holanda não contava mais com o genial Johan Cruijff e nem com o técnico Rinus Michels. Mas a base ainda era a mesma. Todos os titulares haviam estado no Mundial anterior, com destaque para o novo capitão Ruud Krol, Wim Jansen, Arie Haan, Johan Neeskens, Johnny Rep e Rob Rensenbrink, que seria a maior estrela do time na ausência de Cruijff. O treinador agora era Ernst Happel, austríaco linha dura.

A principal ausência, além de Cruijff, foi Willem van Hanegem. A duas semanas do Mundial, o jogador fez um ultimato a Happel: ou lhe garantia seu lugar no onze inicial, ou deixaria o grupo. O treinador não garantiu a titularidade e o meia deixou a delegação holandesa.

Na estreia, os holandeses venceram o Irã por 3 x 0 no “piloto automático”, sem a menor vontade e esforço. Na segunda partida, o empate sem gols com o bom time do Peru ficou de bom tamanho. Bastava segurar a Escócia para se classificar.


A Escócia jogava no 4-3-3, com Graeme Souness como responsável pela armação.


A Holanda atuou no 4-3-3, com Ruud Krol como líbero, tendo liberdade para avançar e iniciar as jogadas.

● Graeme Souness era o grande líder dos escoceses no meio de campo, sendo o responsável pela criação das jogadas mais perigosas. Em uma delas, cruzou da direita e Rioch apareceu livre na pequena área, mas cabeceou na trave.

Ficava cada vez mais incompreensível a ausência de Souness nos jogos anteriores.

Aos 10′, Rioch cobrou uma falta de esquerda com força, mas ficou na barreira. A bola sobrou para Archie Gemmill e Johan Neeskens foi disputá-la com um carrinho. O holandês levou a pior. Ele já vinha sofrendo com problemas físicos e teve que sair para dar lugar a Johan Boskamp. A Holanda perdia seu cérebro no meio de campo logo no princípio.

O primeiro tempo foi mais amarrado. A Escócia tentava o ataque sem conseguir abrir o placar e a Holanda não conseguia criar, principalmente devido à ausência de Neeskens e pela ótima marcação escocesa sobre Rob Rensenbrink.

Aos 33′, Johnny Rep avançou sozinho e foi derrubado dentro da área por Stuart Kennedy. O árbitro austríaco Erich Linemayr apontou a penalidade. Rob Rensenbrink assumiu a responsabilidade e bateu com segurança, rasteiro, no canto direito do goleiro Alan Rough – que até acertou o canto, mas não conseguiu pegar.

Com esse pênalti, Rob Rensenbrink marcou o milésimo gol da história das Copas.

Após o gol, a Holanda conseguia se organizar melhor. Por duas vezes o goleiro Rough precisou sair do gol para dividir com Rep e evitar o segundo tento holandês.

Mas a Escócia não se intimidava. Gemmill criava as jogadas mais incisivas e era parado de qualquer forma – na bola ou na pancada.

Kenny Dalglish chegou a marcar um golaço, com um toquinho por cobertura sobre o goleiro, mas o juiz anulou por uma suposta falta do atacante em um defensor holandês.

Mas Dalglish não se deu por vencido e empatou um minuto antes do intervalo. Após cruzamento da esquerda, a defesa holandesa tirou e a bola sobrou para Souness. Ele cruzou da esquerda para a segunda trave, Jordan fez o pivô e escorou de cabeça para o meio e Dalglish, sozinho, acertou um voleio no ângulo esquerdo. Um belo gol.

A virada da Tartan Army veio logo no primeiro minuto do segundo tempo. Souness foi derrubado na área. Gemmill bateu fraco e rasteiro no canto esquerdo. O goleiro Jan Jongbloed foi na bola, mas não conseguiu pegar.

Aos 23′, Dalglish ficou na marcação de dois adversários. Gemmill pegou o rebote pela direita, escapou do carrinho de Wim Jansen, driblou Ruud Krol, passou a bola entre as pernas de Jan Poortvliet e, do bico da pequena área, tocou por cima do goleiro Jongbloed. Um verdadeiro golaço.

A Escócia começou a acreditar e partiu para cima. Como o placar estava 3 x 1, os britânicos precisavam apenas de mais um gol para conseguirem o milagre da classificação.

Mas não foi o que aconteceu. Aos 26′, Johnny Rep matou as esperanças dos escoceses. Ele recebeu de Krol e chutou de longe, acertando o ângulo direito do goleiro Rough, que chegou a tocar na bola, mas não impediu o gol.

A Holanda garantia a classificação em segundo lugar do Grupo 4, atrás do Peru, contrariando os prognósticos.


(Imagem: bleacherreport.com)

● Os escoceses estavam eliminados, mas caíram de cabeça erguida. Até hoje a Escócia nunca passou de fase em uma Copa do Mundo.

Pelo Grupo A da segunda fase, a Holanda lembrou um pouco o já distante “Carrossel Holandês” e goleou a Áustria por 5 x 1. Na sequência, na reedição da final anterior, Holanda e Alemanha Ocidental empataram por 2 x 2 em um bom jogo. Na última rodada, os holandeses venceram os italianos por 2 x 1 e se garantiram na decisão. Mesmo dominando o jogo por parte do tempo, a Oranje foi batida novamente pelos donos da casa. Dessa vez, a Argentina venceu por 3 x 1 na prorrogação e se coroou campeã mundial pela primeira vez, deixando a Holanda com um amargo bi-vice.


Kenny Dalglish também fez o seu golaço (Imagem: The Print Collector / Alamy / The Guardian)

FICHA TÉCNICA:

 

ESCÓCIA 3 x 2 HOLANDA

 

Data: 11/06/1978

Horário: 16h45 locais

Estádio: Malvinas Argentinas

Público: 35.130

Cidade: Mendoza (Argentina)

Árbitro: Erich Linemayr (Áustria)

 

ESCÓCIA (4-3-3):

HOLANDA (4-3-3):

1  Alan Rough (G)

8  Jan Jongbloed (G)

13 Stuart Kennedy

20 Wim Suurbier

14 Tom Forsyth

17 Wim Rijsbergen

4  Martin Buchan

2  Jan Poortvliet

3  Willie Donachie

5  Ruud Krol (C)

6  Bruce Rioch (C)

6  Wim Jansen

18 Graeme Souness

13 Johan Neeskens

10 Asa Hartford

11 Willy van de Kerkhof

15 Archie Gemmill

10 René van de Kerkhof

8  Kenny Dalglish

16 Johnny Rep

9  Joe Jordan

12 Rob Rensenbrink

 

Técnico: Ally MacLeod

Técnico: Ernst Happel

 

SUPLENTES:

 

 

12 Jim Blyth (G)

1  Piet Schrijvers (G)

20 Bobby Clark (G)

19 Pim Doesburg (G)

2  Sandy Jardine

7  Piet Wildschut

5  Gordon McQueen

22 Ernie Brandts

17 Derek Johnstone

4  Adrie van Kraaij

22 Kenny Burns

15 Hugo Hovenkamp

7  Don Masson

9  Arie Haan

16 Lou Macari

3  Dick Schoenaker

11 Willie Johnston

14 Johan Boskamp

19 John Robertson

18 Dick Nanninga

21 Joe Harper

21 Harry Lubse

 

GOLS:

34′ Rob Rensenbrink (HOL) (pen)

45′ Kenny Dalglish (ESC)

46′ Archie Gemmill (ESC) (pen)

68′ Archie Gemmill (ESC)

71′ Johnny Rep (HOL)

 

CARTÃO AMARELO: 35′ Archie Gemmill (ESC)

 

SUBSTITUIÇÕES:

10′ Johan Neeskens (HOL) ↓

Johan Boskamp (HOL) ↑

 

44′ Wim Rijsbergen (HOL) ↓

Piet Wildschut (HOL) ↑

Golaço marcado por Archie Gemmill:

Jogo completo (em inglês):

Gols da partida (em portugês):

● Sequência de fotos do golaço de Archie Gemmill:


Ele escapou de Win Jansen… (Imagem: Colorsport / Shutterstock / The Guardian)


… passou por Ruud Krol… (Imagem: Colorsport / Shutterstock / The Guardian)


… colocou a bola entre as pernas de Jan Poortvliet… (Imagem: Colorsport / Shutterstock / The Guardian)


… e deu um toque por cima do goleiro Jan Jongbloed (Imagem: Mirrorpix / Getty Images / The Guardian)

(Imagem: Colorsport / Shutterstock / The Guardian)

… 10/06/1990 – Alemanha Ocidental 4 x 1 Iugoslávia

Três pontos sobre…
… 10/06/1990 – Alemanha Ocidental 4 x 1 Iugoslávia


Seleção alemã na partida de estreia (Imagem: Impromptuinc)

● A Alemanha Ocidental vinha de duas derrotas em finais de Copa do Mundo. Em 1982, perdeu para a Itália por 3 x 1. Em 1986, foi derrotada pela Argentina de Diego Maradona por 3 x 2. Agora, em 1990, era um time muito mais forte e pronto para conquistar o seu terceiro título mundial.

O técnico ainda era Franz Beckenbauer, que mesclava experiência e juventude. Se o Kaiser já não podia mais contar com Harald Schumacher, Hans-Peter Briegel e Karl-Heinz Rummenigge, ainda mantinha na equipe os experientes Pierre Littbarski, Lothar Matthäus, Guido Buchwald, Andreas Brehme, Thomas Berthold e Rudi Völler. E a nova geração alemã era ainda mais talentosa, com os jovens Jürgen Klinsmann, Thomas Häßler, Andreas Möller, Stefan Reuter e Jürgen Kohler.

Era um time forte fisicamente, rápido, homogêneo e de alto nível técnico. Era praticamente perfeita em todos os setores do campo, a começar pelo gol, onde Bodo Illgner estava em seu auge. Era muito bem protegido por uma defesa compacta, liderada pelo experiente líbero Klaus Augenthaler. Na ala esquerda, Brehme era fundamental no time na marcação e no constante apoio. No meio campo, o capitão Matthäus fazia de tudo: destruía, criava e finalizava. Com habilidade e velocidade, o baixinho Häßler infernizava as defesas. E a dupla de ataque costumava fazer os gols. Völler mantinha a tradição do centroavante alemão forte e brigador, enquanto Klinsmann era rápido, oportunista, talentoso e matador.

A Alemanha Ocidental claramente era favorita no Grupo D. Mas teve em sua estreia um adversário que tinha tudo para fazer uma boa campanha.


Seleção iugoslava no primeiro jogo da Copa (Imagem: Impromptuinc)

● Se não estava entre as principais cotadas para o título, a Iugoslávia era apontada por muitos como a possível maior surpresa do Mundial.

A Copa de 1990 foi o “canto do cisne” da seleção iugoslava. Um time forte, com jogadores de altíssimo nível.

O craque era o temperamental e criativo meia Dragan Stojković. No auge de seus 25 anos, Stojković era considerado um dos melhores jogadores de toda a Europa. Tinha acabado de ser vendido pelo Estrela Vermelha ao Olympique de Marselha por US$ 10 milhões, em uma acirrada disputa com outros grandes clubes europeus.

Outro grande destaque do time era Srečko Katanec, da Sampdoria. Ele era um “faz tudo”. Mal comparando, era uma espécie de “Matthäus iugoslavo“: ajudava a defesa, marcava no meio, apoiava o ataque e marcava seus gols – a maioria de cabeça.

As principais ausências foram por motivo de indisciplina ou rebeldia. O meia Mehmed Baždarević foi suspenso por um ano após cuspir no rosto do árbitro em um jogo contra a Noruega pelas eliminatórias. O também meia Zvonimir Boban foi um dos principais personagens em uma briga campal entre os ultras do Estrela Vermelha (sérvio) e o seu Dinamo Zagreb (croata) que ocorreu um mês antes do Mundial. Boban deu uma voadora em um policial sérvio que estava agredindo um torcedor croata. O atleta foi punido pela federação iugoslava e acabou ficando fora da Copa.

Mesmo sem Boban, o elenco dos Plavi (azuis, em sérvio) contava com outros quatro campeões do Mundial Sub-20 de 1987: Dragoje Leković, Robert Jarni, Robert Prosinečki e Davor Šuker.

Essa seleção era a cara daquela Iugoslávia. Embora os sérvios sempre tivessem a supremacia política do país, isso não se refletia no futebol. Os croatas e bósnios eram maioria. Eram oito croatas (Ivković, Jozić, Vulić, Panadić, Bokšić, Jarni, Prosinečki e Šuker – sendo que os três últimos representaram a Croácia na Copa de 1998); cinco nascidos na Bósnia e Herzegovina (Omerović, Hadžibegić, Baljić, Sušić e Vujović – o capitão do time); três eram sérvios (Spasić, Leković e Stojković – sendo que os dois últimos jogaram pela Iugoslávia em 1998); três eram de Montenegro (Brnović, Šabanadžović e Savićević – apenas este último jogou pela Iugoslávia em 1998); dois da Macedônia do Norte (Stanojković e Pančev) e um da Eslovênia (Katanec). Uma verdadeira salada étnica.


O Kaiser Franz Beckenbauer escalou sua equipe no sistema 3-5-2.


O técnico Ivica Osim – um adepto de equipes rápidas e técnicas – também mandou seu time a campo no 3-5-2.

● Se a Alemanha Ocidental teve o melhor ataque da Copa de 1990, tudo começou diante da Iugoslávia, quando os alemães mostraram um poder de fogo incomum. De todos os considerados favoritos, a Nationalelf foi quem mais impressionou. Com tabelas rápidas pelo meio e o constante apoio de Brehme pela esquerda, os teutônicos envolveram os iugoslavos o tempo todo.

O placar foi aberto aos 28 minutos de jogo. Matthäus recebeu de Reuter próximo à meia lua, limpou a marcação de Davor Jozić e bateu de pé esquerdo. A bola entrou no cantinho direito do goleiro Tomislav Ivković.

Aos 39′, Brehme cruzou da esquerda para a pequena área. Klinsmann voou para mergulhar e deu uma casquinha na bola, que entrou no canto esquerdo. 2 a 0.

Aos 10′ do segundo tempo, a Iugoslávia deu sinal de reação ao diminuir o placar. Stojković ergueu a bola na área e Jozić desviou de cabeça. A bola foi no ângulo direito, sem chances para o goleiro Illgner.

Mas a Alemanha tratou de matar o jogo dez minutos depois. Matthäus recebeu a bola na intermediária, avançou pelo meio, deixou Jozić no chão, ajeitou o corpo e bateu rasteiro de fora da área, no canto direito do goleiro.

Com dois gols em chutes de fora da área, Matthäus já despontava como o craque da Copa.

A goleada se foi completada seis minutos depois. Na ponta esquerda, Brehme puxou para o meio, invadiu a área e bateu de direita. Ivković não conseguiu segurar e soltou a bola no pé de Ruud Völler, que se esticou para dividir com o goleiro e mandar para o gol.


Klinsmann mergulha e marca o segundo gol alemão (Imagem: Impromptuinc)

● Na segunda partida, a Iugoslávia venceu por 1 x 0 o confronto direto com a Colômbia de René Higuita, Carlos Valderrama e Freddy Rincón. No terceiro jogo, goleada sobre os Emirados Árabes Unidos por 4 x 1. Nas oitavas, venceu a Espanha por 2 x 1. Nas quartas de final, após empate sem gols, parou nas mãos de Sergio Goycochea, o tapa penales, que defendeu duas cobranças na decisão por pênaltis que a Argentina venceu por 3 a 2.

Na sequência da primeira fase, a Alemanha goleou os Emirados Árabes Unidos por 5 x 1. Na derradeira partida, empatou com a Colômbia por 1 x 1. O primeiro lugar do Grupo D trouxe aos alemães mais ônus do que bônus. Nas oitavas de final, uma batalha épica e vitória sobre a poderosa Holanda – de Ronald Koeman, Frank Rijkaard, Ruud Gullit e Marco van Basten – por 2 x 1. Nas quartas, vitória magra por 1 x 0 sobre o bom time da Tchecoslováquia. Nas semifinais, empate por 1 x 1 com a Inglaterra e vitória nos pênaltis por 4 a 3. Na decisão, um pênalti polêmico convertido por Brehme trouxe o terceiro título mundial para os alemães, diante da Argentina de Diego Maradona.


Völler se estica e faz o quarto gol alemão (Imagem: Impromptuinc)

FICHA TÉCNICA:

 

ALEMANHA OCIDENTAL 4 x 1 IUGOSLÁVIA

 

Data: 10/07/1990

Horário: 21h00 locais

Estádio: Giuseppe Meazza / San Siro

Público: 74.765

Cidade: Milão (Itália)

Árbitro: Peter Mikkelsen (Dinamarca)

 

ALEMANHA OCIDENTAL (3-5-2):

IUGOSLÁVIA (3-5-2):

1  Bodo Illgner (G)

1  Tomislav Ivković (G)

14 Thomas Berthold

d 6  Davor Jozić

5  Klaus Augenthaler

4  Zoran Vulić

6  Guido Buchwald

3  Predrag Spasić

2  Stefan Reuter

5  Faruk Hadžibegić

8  Thomas Häßler

18 Mirsad Baljić

10 Lothar Matthäus (C)

13 Srečko Katanec

15 Uwe Bein

10 Dragan Stojković

3  Andreas Brehme

8  Safet Sušić

9  Rudi Völler

19 Dejan Savićević

18 Jürgen Klinsmann

11 Zlatko Vujović (C)

 

Técnico: Franz Beckenbauer

Técnico: Ivica Osim

 

SUPLENTES:

 

 

12 Raimond Aumann (G)

12 Fahrudin Omerović (G)

22 Andreas Köpke (G)

22 Dragoje Leković (G)

4  Jürgen Kohler

2  Vujadin Stanojković

16 Paul Steiner

21 Andrej Panadić

19 Hans Pflügler

17 Robert Jarni

20 Olaf Thon

16 Refik Šabanadžović

21 Günter Hermann

7  Dragoljub Brnović

17 Andreas Möller

15 Robert Prosinečki

11 Frank Mill

14 Alen Bokšić

7  Pierre Littbarski

20 Davor Šuker

13 Karl-Heinz Riedle

9  Darko Pančev

 

GOLS:

28′ Lothar Matthäus (ALE)

39′ Jürgen Klinsmann (ALE)

64′ Lothar Matthäus (ALE)

70′ Rudi Völler (ALE)

 

CARTÃO AMARELO:
5′
Andreas Brehme (ALE)

 

SUBSTITUIÇÕES:

55′ Safet Sušić (IUG) ↓

Dragoljub Brnović (IUG) ↑

 

55′ Dejan Savićević (IUG) ↓

Robert Prosinečki (IUG) ↑

 

74′ Thomas Häßler (ALE) ↓

Andreas Möller (ALE) ↑

 

74′ Uwe Bein (ALE) ↓

Pierre Littbarski (ALE) ↑

Gols da partida:

… 09/06/1986 – França 3 x 0 Hungria

Três pontos sobre…
… 09/06/1986 – França 3 x 0 Hungria


(Imagem: AFP)

● A seleção francesa mantinha o mesmo time base de 1978 e 1982, mas estava ainda mais forte. O “quadrado mágico” do meio de campo ganhou mais qualidade com Luis Fernández fazendo companhia a Jean Tigana, Alain Giresse e Michel Platini.

Platini era, ao mesmo tempo, o arco e a flecha. Era o armador das melhores jogadas e o principal finalizado também. Com extraordinária habilidade, era o maestro de uma grande orquestra. Ele vivia o auge de sua forma técnica, sendo eleito o Bola de Ouro da revista France Football por três anos consecutivos – 1983, 1984 e 1985. Com nove gols em cinco jogos, foi também o craque do título da Eurocopa de 1984 – primeiro título relevante da história da seleção francesa. Além disso, foi também o jogador mais importante do primeiro título da Juventus na Copa dos Campeões da Europa, na temporada 1984/85.

O técnico era Henri Michel, ex-meio campista da seleção francesa. Ele foi o treinador da equipe que conquistou a medalha de ouro dos Jogos Olímpicos de 1984, em Los Angeles. Michel levou para a seleção principal alguns dos campeões olímpicos, como o goleiro Albert Rust, o zagueiro Michel Bibard, o lateral Ayache (que logo se tornou titular), e os pontas Daniel Xuereb e José Touré. Mas Touré precisou ser cortado por ter os ligamentos do joelho rompidos em uma partida do Nantes na antiga Copa da UEFA. Para seu lugar foi convocado Jean-Pierre Papin, do Club Brugge, da Bélgica.

Por tudo isso, uma euforia sem precedentes tomou conta dos torcedores franceses. Eles se consideravam prontos para entrar para a história com o título mundial.


(Imagem: Agence France Presse)

● Em um grupo com franceses e soviéticos, a Hungria corria por fora. O histórico credenciava os magiares, com melhor retrospecto: dois vice-campeonatos mundiais (1938 e 1954) e três títulos olímpicos (1952, 1964 e 1968).

Além dos números, contava a seu favor o respeito ao futebol técnico, vistoso e bem jogado – algumas vezes até taxado de não ser competitivo por priorizar o jogo vistoso, muitas vezes de forma irresponsável.

Os destaques da seleção húngara eram o goleiro Péter Disztl, o lateral direito baixinho Sándor Sallai e o veloz Márton Esterházy. Mas o craque do time era o ponta de lança Lajos Détári, dono de ótima visão de jogo, rápido, inteligente, habilidoso e artiheiro. O desfalque foi o experiente meia Tibor Nyilasi, machucado.

Era considerada a melhor seleção húngara desde 1966.


Treinada por Henri Michel, a França atuava no sistema tático 4-4-2. O destaque era seu quarteto de meio campo, com muita qualidade técnica: Fernández, Tigana, Giresse e Platini.


A Hungria jogava no 4-4-2 clássico, com Lajos Détári carimbando todas as jogadas do time pelo meio.

● A vitória sobre o Canadá (1 x 0) e o empate com a União Soviética (1 x 1) deixou a França em boa situação no Grupo C. Bastaria um empate com a Hungria na última rodada para garantir a classificação.

A Hungria havia sido goleada na estreia pela URSS por 6 x 0. Se recuperou na segunda partida ao vencer o Canadá por 2 x 0. Contra os franceses, era tudo ou nada para os húngaros.

O primeiro tempo foi equilibrado, com um futebol vistoso e leve predomínio da França.

O placar foi aberto após 29 minutos jogados. Ayache recebeu lançamento e cruzou da direita. Yannick Stopyra apareceu sem marcação na segunda trave e cabeceou firme no ângulo do goleiro Péter Disztl.

Aos poucos o time do técnico Henri Michel começava a encontrar a sua melhor forma técnica. Principalmente após a saída do inoperante Papin para a entrada do experiente e participativo Dominique Rocheteau.

Aos 17′ do segundo tempo, Tigana avançou em velocidade desde seu próprio campo. Passou para Rocheteau, que antes da entrada da área, girou em cima de um marcador e devolveu. Tigana recebeu livre e ajeitou o corpo para bater firme de esquerda, no canto direito do goleiro. O segundo gol praticamente garantiu a vitória.

A Hungria chegou a mandar uma bola na trave no segundo tempo. Mas isso foi o máximo que conseguiu fazer diante de uma França imponente.

O terceiro gol dos gauleses saiu a seis minutos do apito final. Joël Bats repôs a bola em jogo com um chutão para frente. Platini deixou ela quicar e e dominou pelo lado esquerdo da grande área. Com uma visão de jogo incrível – que só os gênios têm –, ele viu a chegada de Rocheteau na segunda trave e cruzou de pé trocado. Rocheteau apareceu nas costas de um zagueiro e só teve o trabalho de dar um toquinho por cima do goleiro.


(Imagem: Eurosport)

● Com esses resultados, a França terminou em segundo lugar da chave, atrás da União Soviética no saldo de gols. Esse mesmo critério (saldo de gols de -7) foi o que impediu a Hungria de se classificar como um dos melhores terceiros.

Na sequência, a França eliminou a atual campeã Itália nas oitavas de final, com uma vitória por 2 a 0.

Nas quartas, outro duelo gigante, com a Seleção Brasileira, de Sócrates, Júnior, Zico, Müller, Careca, Edinho, Branco e outros grandes jogadores. Empate em 1 x 1 no tempo normal (com direito a pênalti perdido de Zico). Na decisão por penalidades, “Les Bleus” tiveram mais sorte e venceram por 4 a 3.

Na semifinal, a França enfrentou sua “asa negra”, a Alemanha Ocidental. Perdeu por 2 x 0, naquele que foi o “canto do cisne” daquela geração.

Encerrou a Copa conquistando o 3º lugar ao vencer a surpreendente Bélgica por 4 x 2. Essa campanha igualou a melhor classificação final da história francesa até então – já havia chegado em 3º em 1958.


(Imagem: Bob Thomas / Getty Images)

FICHA TÉCNICA:

 

FRANÇA 3 x 0 HUNGRIA

 

Data: 09/06/1986

Horário: 12h00 locais

Estádio: Nou Camp

Público: 31.420

Cidade: León (México)

Árbitro: Carlos Silva Valente (Portugal)

 

FRANÇA (4-4-2):

HUNGRIA (4-4-2):

1  Joël Bats (G)

1  Péter Disztl (G)

2  Manuel Amoros

2  Sándor Sallai

4  Patrick Battiston

3  Antal Róth

6  Maxime Bossis

6 Imre Garaba (C)

3  William Ayache

4  József Varga

9  Luis Fernández

5  József Kardos

14 Jean Tigana

9  László Dajka

12 Alain Giresse

15 Péter Hannich

10 Michel Platini (C)

10 Lajos Détári

17 Jean-Pierre Papin

20 Kálmán Kovács

19 Yannick Stopyra

11 Márton Esterházy

 

Técnico: Henri Michel

Técnico: György Mezey

 

SUPLENTES:

 

 

22 Albert Rust (G)

18 József Szendrei (G)

21 Philippe Bergeroo (G)

22 József Andrusch (G)

5  Michel Bibard

14 Zoltán Péter

7  Yvon Le Roux

12 József Csuhay

8  Thierry Tusseau

13 László Disztl

15 Philippe Vercruysse

8  Antal Nagy

13 Bernard Genghini

16 József Nagy

11 Jean-Marc Ferreri

17 Győző Burcsa

16 Bruno Bellone

21 Gyula Hajszán

20 Daniel Xuereb

19 György Bognár

18 Dominique Rocheteau

7  József Kiprich

 

GOLS:

29′ Yannick Stopyra (FRA)

62′ Jean Tigana (FRA)

84′ Dominique Rocheteau (FRA)

 

CARTÕES
AMARELOS:

41′ William Ayache (FRA)

69′ Dominique Rocheteau (FRA)

 

SUBSTITUIÇÕES:

INTERVALO Péter Hannich (HUN) ↓

Antal Nagy (HUN) ↑

 

61′ Jean-Pierre Papin (FRA) ↓

Dominique Rocheteau (FRA) ↑

 

65′ Kálmán Kovács (HUN) ↓

György Bognár (HUN) ↑

 

71′ Yannick Stopyra (FRA) ↓

Jean-Marc Ferreri (FRA) ↑

Gols da partida: