… 14/06/2014 – Costa Rica 3 x 1 Uruguai

Três pontos sobre…
… 14/06/2014 – Costa Rica 3 x 1 Uruguai


(Imagem: Getty Images / FIFA)

● Em sua quarta Copa do Mundo (já havia disputado 1990, 2002 e 2006), a seleção da Costa Rica chegou totalmente sem expectativas. O único objetivo era não passar vergonha. Afinal, o que mais poderia esperar no “grupo da morte” – o único da história formado por três campeões mundiais: Uruguai, Inglaterra e Itália? A Costa Rica certamente serviria de sparring no Grupo D. E justamente por não ter nada a perder, daria tudo de si.

O técnico colombiano Jorge Luis Pinto montou um esquema tático teoricamente retranqueiro (5-4-1) e acabou forjando mesmo um sistema defensivo muito forte, liderado pelo goleiro Keylor Navas. Mas os Ticos sabiam como agredir o adversário, seja na técnica e no toque de bola, na bola parada, na velocidade contra-ataque ou nos chutes de longa distância.

Com muita velocidade e movimentação, o trio de ataque era muito perigoso, com os habilidosos Joel Campbell, Christian Bolaños e o capitão Bryan Ruiz. Os principais desfalques eram o lateral Bryan Oviedo e o atacante Álvaro Saborío, artilheiro do time nas eliminatórias da CONCACAF, com oito gols.


(Imagem: Getty Images / FIFA)

● No Mundial anterior, o Uruguai havia sido a melhor seleção sul-americana, com o quarto lugar. A evolução se seguiu e os charruas conquistaram a Copa América de 2011, quebrando um jejum de 16 anos.

Bem treinados pelo Maestro Óscar Tabárez, os charruas mantinham praticamente o mesmo elenco, com apenas seis modificações.

O forte dos uruguaios era o conjunto, mas alguns jogadores se destacavam pela qualidade técnica individual. A defesa era consistente, com os Diegos Godín e Lugano. O ataque estava em seu ápice, com Edison Cavani e Luis Suárez. Porém, nem tudo era maravilha. Faltava criatividade no meio e o goleiro Muslera nunca inspirou confiança.

E, se em 2014 estava quatro anos mais experiente e maduro (principalmente nos casos de Suárez e Cavani), também estava quatro anos mais envelhecido (casos de Lugano e Forlán – eleito o melhor jogador do Mundial de 2010).


O técnico colombiano Jorge Luis Pinto conseguiu armar uma defesa consistente, com cinco homens. No meio, se fechava com outra linha de quatro. E, quando esse paredão era vazado, ainda tinha outra muralha: o goleiro Keylor Navas.


Maestro Tabárez armou o Uruguai no sistema tático 4-4-2, com duas linha de quatro.

● Há uma ligação quase umbilical entre o futebol brasileiro e o uruguaio. Vários jogadores charruas são ídolos de clubes brasileiros. Até por isso, o ambiente no estádio Castelão era praticamente todo favorável ao Uruguai, com ampla maioria nas arquibancadas.

Mas, com o nível competitivo do futebol apresentado, a seleção da Costa Rica conquistou os brasileiros presentes – que costuma ter tendência a torcer para os mais fracos. Desde então a torcida brasileira passou a adotar a Costa Rica como segundo time.

O Uruguai tinha uma qualidade técnica muito superior ao seu adversário, mas não conseguiu transformar essa diferença em superioridade.

A principal estrela do duelo estava ausente. Luis Suárez estava se recuperando de uma cirurgia no joelho e não foi pro jogo. Ele foi poupado para os duelos teoricamente mais difíceis, contra Inglaterra e Itália. O time sentiu muito a ausência de seu camisa 9, pois faltou criatividade e poder de fogo.

Mas ainda assim conseguiu abrir o placar. Aos 23 minutos do primeiro tempo, Diego Forlán cobrou falta da esquerda e Diego Lugano foi agarrado por Júnior Díaz dentro da área e o árbitro alemão Felix Brych marcou a penalidade. Edinson Cavani bateu com segurança no canto esquerdo de Navas. O goleiro até acertou o canto, mas não conseguiu pegar.


(Imagem: Getty Images / FIFA)

Minutos depois, um atacante costarriquenho também foi agarrado na área uruguaia em um lance muito parecido, mas o juiz não marcou nada. Dois pesos, duas medidas.

O Uruguai seguiu um pouco melhor em campo. Cebolla Rodríguez arrancou pelo meio, passou por dois costarriquenhos e abriu na esquerda para Forlán. O camisa 10 bateu de canhota do bico da grande área, a bola desviou em Duarte e tinha o caminho das redes. Mas Navas deu um tapa por cima e evitou o gol. Uma defesa de alto grau de dificuldade.

O ataque dos Ticos sofria com a falta de inspiração no primeiro tempo. Mas voltou aceso para a etapa final e virou o jogo na bola aérea.

Mesmo tendo jogadores altos e fortes, como Lugano e Godín, a defesa celeste sofreu muito nas bolas altas. Qualquer levantamento para a área uruguaia era um “Deus nos acuda”. Os dois gols da virada vieram de erros de posicionamento dos defensores celestes.

O primeiro foi aos nove minutos. Bryan Ruiz deu um passe vertical na direita para Bolaños, que escorou de primeira para Cristian Gamboa cruzar da linha de fundo. Celso Borges dividiu no alto com Lugano e a bola sobrou dentro da área para Joel Campbell dominar no peito e chutar forte, sem chances para Muslera.

Apenas três minutos depois ocorreu a surpreendente virada. Bolaños bateu falta da intermediária central. Óscar Duarte se livrou da marcação de Cristhian Stuani e apareceu na segunda trave para cabecear de peixinho. A bola entrou no canto esquerdo do goleiro uruguaio.

O meio campo uruguaio errava muitos passes, especialmente Walter Gargano. Ele cometeu várias faltas e não conseguiu marcar Bryan Ruiz, o articulador das jogadas costarriquenhas.

Com pouca criatividade e muito desespero, o Uruguai se atirou ao ataque, mas parou no bloqueio defensivo do adversário.

O golpe fatal veio a seis minutos do fim, em um contra-ataque. Campbell recebeu na direita e lançou rasteiro para Marco Ureña dentro da área. O atacante, que tinha acabado de entrar, deu apenas um toque para tirar de Muslera e marcar o terceiro gol dos Ticos.

No minuto final, Campbell (o melhor em campo) dominou na ponta esquerda e prendeu a bola para ganhar tempo. Impaciente, Maxi Pereira lhe deu uma rasteira e foi corretamente expulso de campo.

A vitória costarriquenha por 3 x 1 acabou surpreendendo a todos.


(Imagem: Getty Images / FIFA)

● Na segunda partida, o Uruguai venceu a Inglaterra por 2 x 1, com dois gols de Luisito Suárez. No terceiro jogo, vitória sobre a Itália por 1 x 0 (gol de Godín), quando houve a famosa mordida de Suárez em Giorgio Chiellini. Nas oitavas de final, já sem poder contar com Suárez – suspenso pela FIFA –, o Uruguai perdeu para a Colômbia por 2 x 0, com dois gols de James Rodríguez.

A Costa Rica levou seu sonho mais adiante. Ficou em primeiro de seu grupo, vencendo a Itália por 1 x 0 e empatando por 0 x 0 com a Inglaterra. Nas oitavas, empatou por 1 x 1 com a Grécia e venceu nos pênaltis por 5 x 3. Nas quartas, empatou sem gols com a Holanda. E acordou para a realidade após ser eliminada nas penalidades por 5 x 3. No fim, terminou em um honroso oitavo lugar e a melhor defesa do torneio, com apenas dois gols sofridos. Acabou sendo muito mais do que os mais otimistas e ferrenhos torcedores esperavam. E o time de Keylor Navas, Bryan Ruiz e Joel Campbell entrou positivamente para os almanaques das Copas.


(Imagem: Getty Images / FIFA)

FICHA TÉCNICA:

 

COSTA RICA 3 x 1 URUGUAI

 

Data: 14/06/2014

Horário: 16h00 locais

Estádio: Castelão

Público: 58.679

Cidade: Fortaleza (Brasil)

Árbitro: Felix Brych (Alemanha)

 

COSTA RICA (5-4-1):

URUGUAI (4-4-2):

1  Keylor Navas (G)

1  Fernando Muslera (G)

16 Cristian Gamboa

16 Maxi Pereira

6  Óscar Duarte

2  Diego Lugano (C)

3  Giancarlo González

3  Diego Godín

4  Michael Umaña

22 Martín Cáceres

15 Júnior Díaz

17 Egidio Arévalo Ríos

17 Yeltsin Tejeda

5  Walter Gargano

5  Celso Borges

7  Cristian Rodríguez

7  Christian Bolaños

11 Cristhian Stuani

10 Bryan Ruiz (C)

10 Diego Forlán

9  Joel Campbell

21 Edinson Cavani

 

Técnico: Jorge Luis Pinto

Técnico: Óscar Tabárez

 

SUPLENTES:

 

 

18 Patrick Pemberton (G)

23 Martín Silva (G)

23 Daniel Cambronero (G)

12 Rodrigo Muñoz (G)

2  Johnny Acosta

4  Jorge Fucile

8  David Myrie

13 José Giménez

19 Roy Miller

19 Sebastián Coates

12 Waylon Francis

6  Álvaro Pereira

13 Óscar Granados

15 Diego Pérez

22 José Miguel Cubero

20 Álvaro González

11 Michael Barrantes

14 Nicolás Lodeiro

20 Diego Calvo

18 Gastón Ramírez

14 Randall Brenes

8  Abel Hernández

21 Marco Ureña

9  Luis Suárez

 

GOLS:

24′ Edinson Cavani (URU) (pen)

54′ Joel Campbell (COS)

57′ Óscar Duarte (COS)

84′ Marco Ureña (COS)

 

CARTÕES AMARELOS:

50′ Diego Lugano (URU)

56′ Walter Gargano (URU)

81′ Martín Cáceres (URU)

 

CARTÃO VERMELHO:
90+4′ Maxi Pereira (URU)

 

SUBSTITUIÇÕES:

60′ Walter Gargano (URU) ↓

Álvaro González (URU) ↑

 

60′ Diego Forlán (URU) ↓

Nicolás Lodeiro (URU) ↑

 

75′ Yeltsin Tejeda (COS) ↓

José Miguel Cubero (COS) ↑

 

76′ Cristian Rodríguez (URU) ↓

Abel Hernández (URU) ↑

 

83′ Bryan Ruiz (COS) ↓

Marco Ureña (COS) ↑

 

89′ Christian Bolaños (COS) ↓

Michael Barrantes (COS) ↑

Melhores momentos da partida:

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