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… 04/07/2006 – Alemanha 0 x 2 Itália

Três pontos sobre…
… 04/07/2006 – Alemanha 0 x 2 Itália


(Imagem: FIFA.com)

● A Alemanha estava em festa. Sua desacreditada seleção estava a dois jogos de conquistar o título mundial em casa, feito que já havia alcançado em 1974.

A primeira semifinal ocorreria no Signal Iduna Park (antigo Westfalenstadion), em Dortmund, e seria um dos maiores clássicos do mundo. Alemanha e Itália já nos brindaram com diversas partidas memoráveis e essa seria mais uma delas.

O retrospecto italiano contra os alemães é ótimo, principalmente em fases decisivas. A Azzurra já tinha vencido nas semifinais em 1970 (4 x 3) e na final de 1982 (3 x 1), além de dois empates sem gols (em 1962 e 1978).

Na estreia de 2006, a Alemanha bateu a Costa Rica por 4 a 2. Na segunda partida, o gol da vitória (1 x 0) sobre a rival Polônia foi arrancado aos 46 minutos do segundo tempo. No terceiro jogo, completou os 100% de aproveitamento ao atropelar o Equador por 3 a 0. Nas oitavas de final, ganhou tranquilamente da Suécia por 2 a 0. Nas quartas, uma verdadeira batalha no clássico contra a Argentina: após empate por 1 a 1, venceu nos pênaltis por 4 a 2, com uma grande confusão no final. Na briga generalizada, o argentino Julio Cruz acertou um tapa no alemão Torsten Frings, que revidou com um soco. A FIFA suspendeu Frings por uma partida e o meia seria o grande desfalque da Alemanha na semifinal.

A Squadra Azzurra se classificou como líder na fase de grupos com sete pontos, vencendo Gana por 2 a 1, empatando com os Estados Unidos em 1 a 1 e vencendo a República Tcheca por 2 a 0. Nas oitavas de final, precisou de um pênalti duvidoso aos 50 minutos do segundo tempo para eliminar a Austrália. Nas quartas de final, passou sem sustos pela Ucrânia, com um convincente 3 a 0 – uma bela noite, na qual a torcida italiana lavava a alma, cantando “Un estate italiana”, tema da Copa de 1990. Se a Alemanha conquistou a Copa sediada na Itália, agora a Squadra Azzurra poderia se vingar se vencesse o Mundial em solo germânico.


(Imagem: Football Unites)

● As cores da bandeira alemã predominavam no estádio. A torcida local, que era claramente a maioria esmagadora dos 65.000 expectadores, acreditava plenamente que seu país estaria na decisão no próximo domingo, em Berlim.

Paulo Vinícius Coelho disse em seu livro “Os 55 maiores jogos das Copas do Mundo (2010)” que a empolgação dos torcedores italianos também era tamanha, que em determinado momentos eles gritavam a plenos pulmões: “Tutti a Berlino / Andiamo tutti a Berlino”, cantando no ritmo do sucesso cubano “Guantanamera”.

Era um confronto de dois técnicos completamente diferentes. Marcello Lippi, jogador mediano, treinador experiente e extremamente tático. Jürgen Klinsmann, um craque de bola, em seu primeiro trabalho como técnico. O ex-atacante alemão era um dos heróis de 1990, quando conquistaram a Copa pela última vez até então.

Klinsmann precisaria contar com uma noite inspirada de sua dupla de ataque, os poloneses naturalizados Lukas Podolski e Miroslav Klose.

A Itália não tinha mais que cinco mil torcedores no estádio, mas a seleção de Marcello Lippi era experiente e não se deixava intimidar. A única alteração em relação às quartas de final era o retorno de Marco Materazzi, que voltava de suspensão. Francesco Totti começou como titular, deixando Alessandro Del Piero no banco.


A Alemanha atuou no 4-4-2. As jogadas fluíam bem no meio de campo, com a qualidade de Schneider, Borowski e Ballack, apoiados pelas constantes subidas de Lahm ao ataque.


A Itália era composta no 4-4-1-1, se defendendo com duas linhas de quatro. Os dois meias laterais, Camoranesi e Perrotta apoiavam muito ao ataque. Totti jogava livre para criar.

● Foi um jogo morno, com poucas chances de gol para os dois lados. No primeiro tempo, os italianos tiveram mais chances e criaram a primeira oportunidade. Simone Perrotta adiantou demais a bola, Jens Lehmann saiu para a dividida e ficou com ela.

Depois, Totti cobrou falta com força e Lehmann agarrou firme.

Os alemães viram que a partida não seria tão fácil, mas se acalmaram e começaram a jogar melhor. Eles reclamaram em vão de um pênalti, quando a bola tocou no braço de Pirlo dentro da área.

Mas era muito difícil passar pela defesa da Squadra Azzurra, liderada pelo capitão Fabio Cannavaro. Se a bola passasse pela zaga, tinha uma muralha chamada Buffon para impedir o gol.

Em uma mostra disso, Klose passou pela defesa, mas adiantou demais e Buffon apareceu para tirar o perigo da área.

Os alemães perderam a melhor oportunidade. Em bela troca de passes no ataque, a bola sobra para Bernd Schneider, que chuta forte. Buffon desvia com a pontinha da luva e a bola vai por cima.

A Itália ameaçava com os passes precisos de Pirlo, criador da maioria das jogadas perigosas. Mas quase todas acabavam nas mãos do goleiro Lehmann.

No segundo tempo, os donos da casa pediram outro pênalti, de Cannavaro em Podolski, que o árbitro assinalou fora da área.

Fabio Grosso avança, mas para em Lehmann. Era um jogo para consagrar dois grandes goleiros.

Faltando 16 minutos para o final, a Itália remaneja o time em busca do gol. Alberto Gilardino substitui Luca Toni.

Perto do final, Totti faz o passe por cobertura para Perrotta, mas Lehmann sai de soco para tirar o perigo.

E os primeiros 90 minutos terminaram sem gols.


(Imagem: Martin Rose / Bongarts / Getty Images / Sportsnet)

● A partida ganhou emoção mesmo na prorrogação, tal qual aconteceu 36 anos antes, na semifinal da Copa do Mundo de 1970 (Itália 4 x 3 Alemanha Ocidental) – mas nem tanto dessa vez…

A Itália foi mais para cima ainda, com o atacante Iaquinta no lugar do meio campista Camoranesi.

Os lances de perigo foram mais frequentes a partir dos 3 minutos, quando Totti cobrou uma falta e assustou o goleiro Lehmann.

A Itália persiste no ataque. Gattuso fica sozinho no balanço defensivo, dando mais liberdade para Pirlo.

A Alemanha nunca havia perdido uma decisão por pênaltis na história das Copas, enquanto a Itália não tinha um bom retrospecto (tinha sido eliminada dessa forma em 1990, 1994 e 1998). Por isso, a Azzurra partia para decidir logo com a bola rolando.

A ousadia italiana rendeu duas bolas na trave em menos de um minuto.

Gilardino ganha disputa com Metzelder na direita, invade a área, chega na linha de fundo, passa por Ballack com um corte para o meio e, já dentro da pequena área, chuta fraco de esquerda e a bola bate na trave. Um lindo lance, que poderia ter decidido o jogo. Um pecado essa bola não ter entrado.

Zambrotta ameaça novamente com um chute no travessão. A Alemanha passava por maus bocados.


Na prorrogação, Marcello Lippi nem parecia italiano! Prendeu um pouco mais os laterais e deixou Gattuso como um cão de guarda, para liberar Pirlo. Totti continuava livre para criar. No ataque, Iaquinta abria pela direita e Del Piero na esquerda, deixando Gilardino flutuando pelo centro.

Marcello Lippi sente que é o momento de dar o golpe fatal. Ele opta por colocar outro atacante. A Itália não jogava com quatro no ataque desde o início da década de 1960. Alessandro Del Piero entrou para dar o último gás. Um dos jogadores mais talentosos e consagrados da Itália, Del Piero tinha se tornado recentemente o maior artilheiro de todos os tempos da Juventus, em sua 12ª temporada no time.

Mas essa vocação ofensiva mostrou a fragilidade defensiva dos italianos, permitindo o contra-ataque aos alemães.

Klinsmann troca o inoperante Klose por Oliver Neuville (outro naturalizado, nascido na Suíça).

Podolski chuta forte e Buffon espalma por cima.

Kehl chutou e a bola passou muito perto do gol de Buffon.

Os alemães, já sem pernas, foram se segurando. A Itália tinha mais posse de bola, com 57%. E seguia pressionando aos 29 minutos da prorrogação.

Quando (quase) todos davam o jogo por encerrado, esperando a disputa de pênaltis, a partida se resolveu.

Del Piero bate o escanteio e Friedrich desvia para a meia lua. Pirlo domina e vai puxando com calma para a direita. Com um passe açucarado, ele acha Fabio Grosso livre no meio dos zagueiros. O lateral esquerdo não “honrou” o sobrenome e bateu com estilo, com muita curva, e a bola morreu no canto direito de Lehmann.

A comemoração de Grosso lembra a de Marco Tardelli no gol da final do Mundial de 1982, contra a mesma Alemanha.

A Itália estava quase na final.

E os alemães partem para o tudo ou nada, se lançando à frente. Mas seriam castigados por isso.

No último lance do jogo, veio o tiro de misericórdia. Podolski erra um passe na intermediária. Cannavaro rouba a bola e deixa com Totti. Ele dá um ótimo passe para Gilardino, que faz muito bem o papel de pivô, segura a bola e toca na passagem de Del Piero na esquerda. O craque juventino, com uma tranquilidade monstra na finalização, deu um toque por cobertura e mandou a bola no ângulo, coroando uma jogada toda extraordinária. Depois de um contra-ataque fulminante de 80 metros, Del Piero coloca seu nome no panteão dos heróis das Copas do Mundo.

Um duro golpe para os alemães, que tentavam conquistar seu segundo título como anfitriões, 32 anos depois.

No fim, um doloroso silêncio na “Muralha Amarela” do Westfalenstadion, que naquela noite era toda branca. Agora, era luto.


(Imagem: Claudio Villa / Grazia Neri Agency / Goal.com)

● Como consolação, o alemão Lukas Podolski ganhou o prêmio de melhor jogador jovem da Copa.

Curiosamente, o atacante Alberto Gilardino, que foi fundamental nessa vitória na semifinal, completou 24 anos no dia seguinte a essa partida. Ele nasceu em 05/07/1982, poucos minutos depois que a Itália eliminou o Brasil na Copa do Mundo daquele ano.

Na decisão do 3º lugar, a Alemanha venceu Portugal por 3 a 1 e saiu de cabeça erguida.

A Itália estava na final contra a França, liderada por Zinédine Yazid Zidane.


(Imagem: Getty Images / Sportsnet)

FICHA TÉCNICA:

 

ALEMANHA 0 x 2 ITÁLIA

 

Data: 04/07/2006

Horário: 21h00 locais

Estádio: Signal Iduna Park (antigo Westfalenstadion)

Público: 65.000

Cidade: Dortmund (Alemanha)

Árbitro: Benito Archundia (México)

 

ALEMANHA (4-4-2):

ITÁLIA (4-4-1-1):

1  Jens Lehmann (G)

1  Gianluigi Buffon (G)

3  Arne Friedrich

19 Gianluca Zambrotta

17 Per Mertesacker

5  Fabio Cannavaro (C)

21 Christoph Metzelder

23 Marco Materazzi

16 Philipp Lahm

3  Fabio Grosso

19 Bernd Schneider

8  Gennaro Gattuso

5  Sebastian Kehl

21 Andrea Pirlo

13 Michael Ballack (C)

20 Simone Perrotta

18 Tim Borowski

16 Mauro Camoranesi

20 Lukas Podolski

10 Francesco Totti

11 Miroslav Klose

9  Luca Toni

 

Técnico: Jürgen Klinsmann

Técnico: Marcello Lippi

 

SUPLENTES:

 

 

12 Oliver Kahn (G)

12 Angelo Peruzzi (G)

23 Timo Hildebrand (G)

14 Marco Amelia (G)

4  Robert Huth

2  Cristian Zaccardo

6  Jens Nowotny

6  Andrea Barzagli

2  Marcell Jansen

13 Alessandro Nesta

8  Torsten Frings

22 Massimo Oddo

15 Thomas Hitzlsperger

4  Daniele De Rossi

7  Bastian Schweinsteiger

17 Simone Barone

22 David Odonkor

7  Alessandro Del Piero

14 Gerald Asamoah

15 Vincenzo Iaquinta

10 Oliver Neuville

11 Alberto Gilardino

9  Mike Hanke

18 Filippo Inzaghi

 

GOLS:

119′ Fabio Grosso (ITA)

120+1′ Alessandro Del Piero (ITA)

 

CARTÕES AMARELOS:

40′ Tim Borowski (ALE)

56′ Christoph Metzelder (ALE)

90′ Mauro Camoranesi (ITA)

 

SUBSTITUIÇÕES:

73′ Tim Borowski (ALE) ↓

Bastian Schweinsteiger (ALE) ↑

 

74′ Luca Toni (ITA) ↓

Alberto Gilardino (ITA) ↑

 

83′ Bernd Schneider (ALE) ↓

David Odonkor (ALE) ↑

 

COMEÇO DA PRORROGAÇÃO Mauro Camoranesi (ITA) ↓

Vincenzo Iaquinta (ITA) ↑

 

104′ Simone Perrotta (ITA) ↓

Alessandro Del Piero (ITA) ↑

 

111′ Miroslav Klose (ALE) ↓

Oliver Neuville (ALE) ↑

Reportagem da Rede Globo com os gols da partida:

Gols narrados pelo italiano Fabio Caressa:

… 29/06/1986 – Argentina 3 x 2 Alemanha Ocidental

Três pontos sobre…
… 29/06/1986 – Argentina 3 x 2 Alemanha Ocidental


(Imagem: Telegraph / AP)

● Na Argentina, ou se é “menottista” ou se é “bilardista”. Vencer com um futebol de toque de bola envolvente ou vencer a qualquer custo?

César Luis Menotti, fumante inverterado, gostava do jogo coletivo, baseado no “toco e me voy”, com tabelas e ultrapassagens.

Carlos Salvador Bilardo, técnico da seleção entre 1983 e 1990, era a antítese do treinador campeão mundial em 1978. Bilardo era meio campista do Estudiantes de La Plata, tricampeão da Taça Libertadores da América (1968, 1969 e 1970), um time em que a catimba e o jogo sujo prevalecia. Valia tudo para ser campeão, até espetar os adversários com um prego, como Bilardo era acusado de agir. Não que ele tenha usado essas artimanhas em sua vitoriosa passagem pela seleção de seu país. Ele só queria vencer e tinha uma equipe disposta a lhe proporcionar isso. Eram estilos antagônicos.

Sem Maradona nas eliminatórias, a Argentina perdia para o Peru no Monumental de Núñez por 2 x 1 até os 30 do segundo tempo. O vexame da eliminação foi evitado no fim da partida, com um gol de Ricardo Gareca (técnico que levou o Peru à Copa de 2018, após 36 anos).

Poucos dias depois de sofrer para se classificar ao Mundial, a revista El Gráfico perguntou ao técnico qual era a melhor equipe do mundo. Bilardo, em um misto de premonição com presunção, respondeu: “Vejo a Alemanha na final da Copa”. “E a Argentina?”, questionou o repórter. O treinador afirmou: “Eu a vejo campeã do mundo”.

De qualquer forma, Bilardo, um médico de 47 anos, era quase unanimidade em seu país: 80% dos argentinos não confiavam em seu trabalho. Foi duramente criticado pelo antecessor, Menotti, que o chamou de “uma piada”, e até pelo presidente do país, Raúl Alfonsín.


(Imagem: Telegraph / Rex)

● A decisão que Bilardo previa ocorre no dia 29 de junho de 1986. A 13ª final de Copa do Mundo reúne a Argentina, campeã em 1978, e a Alemanha Ocidental, bicampeã mundial (1954 e 1974) e vice da última Copa. O chanceler alemão, Helmut Kohl, está entre os quase 115 mil expectadores no belíssimo estádio Azteca, para assistir a um confronto de gigantes. Era a terceira final da Argentina e a quinta da Alemanha. Embora inegavelmente possuíssem bons times, ambas não estavam entre os principais favoritos à conquista do Mundial e chegaram à decisão de maneiras distintas.

A Argentina estava invicta. No Grupo A da primeira fase, venceu a Coreia do Sul (3 x 1), empatou com a Itália (1 x 1) e bateu a Bulgária (2 x 0). Nas oitavas de final, bateu o Uruguai por 1 a 0, no clássico sul-americano. Nas quartas de final, venceu a Inglaterra por 2 a 1, na vingança da “Guerra das Malvinas”. Nas semifinais, contou com a genialidade de Maradona para passar pela surpreendente Bélgica por 2 a 0.

Os alemães não podiam contar com Rummenigge em sua melhor forma e se arrastaram em quase toda a Copa, sofrendo muito para chegar à decisão. Na primeira fase, se classificou em segundo lugar no Grupo E, com três pontos: empatou com o Uruguai (1 x 1), venceu a Escócia (2 x 1) e perdeu para a Dinamarca (2 x 0). Nas oitavas, penou para passar pelo Marrocos (1 x 0). Nas quartas, passou sufoco, vencendo o México apenas nos pênaltis por 4 a 1, após um empate sem gols. Fez seu melhor jogo na semifinal, vencendo a favorita França por 2 a 0.

Por tudo isso, era muito difícil prever o desfecho final. Mas se as duas seleções e seus principais craques repetissem o futebol das partidas anteriores, a Argentina era favorita. Isso não ajudava em nada, pois nas finais anteriores a Alemanha Ocidental derrotou adversários muito melhores que ela (a Hungria, em 1954, e a Holanda, em 1974).


Na Copa em que a Dinamarca apresentou o 3-5-2 ao mundo como novidade tática, outras equipes utilizaram o mesmo sistema de forma mais discreta. Na Argentina, Bilardo começou o Mundial com o ofensivo e talentoso lateral direito Clausen, do Independiente. Mas já na segunda partida o trocou por Cuciuffo, um zagueiro improvisado como terceiro homem de defesa, a fim de liberar o outro lateral, Olarticoechea, pela esquerda. Não era um 3-5-2 tão ortodoxo, mas a verdade é que o lado direito marcava para o esquerdo atacar. Enquanto isso, o meio campista Giusti cobria o lado direito, enquanto Batista e Enrique cobriam o meio campo, fazendo o balanço defensivo e a transição para o ataque. Os mais talentosos, Maradona e Burruchaga, tinham liberdade total em campo. E a inteligência de Valdano era decisiva no ataque, liberando espaço para quem viesse de trás.


A Alemanha jogava no mesmo sistema, um falso 4-4-2 em um misto de 3-5-2. Mas, ao contrário dos argentinos, o lateral esquerdo era o marcador que fazia o terceiro zagueiro, Briegel. Do lado direito, Berthold apoiava um pouquinho mais, fazendo o contra-peso do meia esquerda Brehme. Matthäus era o “todo-campista” indo de área a área. Eder marcava para Magath armar as jogadas para o centroavante Klaus Allofs e para o craque Rummenigge.

Maradona entrou no gramado do estádio Azteca com seu ritual: fazendo o sinal da cruz e dando pulos sobre a perna direita, com a mágica perna esquerda encolhida.

Rummenigge e Klaus Allofs deram a saída.

Ciciuffo ficou preso na lateral direita, marcando Klaus Allofs. Ruggeri ficou à esquerda, colado em Rummenigge. Com a bola, Valdano demonstrava toda sua inteligência tática, abrindo espaço para os que vinham de trás. Sem a bola, ele era o encarregado de não deixar o gigante Briegel avançar.

Thomas Berthold retornava de suspensão e entrou no lugar de Wolfgang Rolff. Com isso, coube a Matthäus a responsabilidade de marcar Maradona individualmente, da mesma forma que seu técnico Franz Beckenbauer tinha feito em Bobby Charlton na final de 1966, e Berti Vogts tinha sido a sombra de Johan Cruijff na decisão de 1974. E até conseguiu parcialmente. Mas ele também neutralizou Mattthäus. Às vezes, Maradona avançava tanto e arrastava Matthäus, de forma que parecia que a Alemanha tinha quatro defensores centrais. Com isso, os alemães perderam a criatividade e Magath ficou isolado, participando pouco do jogo.

Mas, ao contrário do que se dizia, a Argentina era mais do que apenas Maradona, e não se deixou intimidar. Todavia, nos primeiros minutos, foram os alemães que tomaram a iniciativa da partida, mas sem assustar.

Mesmo mais comprometida defensivamente, a Argentina passou a ser melhor na partida e mais ofensiva. O primeiro susto para o goleiro Schumacher foi um escanteio cobrado por Maradona, que Burruchaga desviou na primeira trave.

A Alemanha respondeu rápido. Eder entregou a bola a Briegel, que literalmente se jogou na entrada da área. Só o árbitro brasileiro Romualdo Arppi Filho viu a falta e marcou. Rummenigge rolou para Brehme chutar para o gol, mas Pumpido encaixou a bola com segurança.

Enquanto isso, Maradona só reclamava sem parar. Romualdo controlou o jogo ao advertir o capitão argentino com o cartão amarelo logo aos 17′. O camisa 10 sofreu sete faltas em toda a partida, sem contar outras três não apitadas pelo juiz. Mas foi marcado de forma leal e implacável. “Matthäus me marcou sem dar espaços nem patadas”, diria Diego depois.

Logo depois, Maradona dá um passe perfeito para Burruchaga, mas Brehme estava firme na marcação. Ele deu um carrinho e impediu a bola de chegar em condições para o portenho. A Argentina continuou controlando a posse de bola.

Cuciuffo engana Rummenigge e passa a Maradona. O capitão devolve de calcanhar e é derrubado por trás. Romualdo dá a vantagem, mas Cuciuffo leva uma rasteira de Matthäus na sequência. E foi nesse lance que a Argentina inaugurou o marcador. Burruchaga cobrou a falta pela ponta direita, em direção à pequena área. A Alemanha tinha sete jogadores dentro da área, mais o goleiro, contra quatro da Argentina, sendo um deles o baixinho Maradona. Contra todas as expectativas, Schumacher saiu “catando borboletas” e deixou o gol aberto para a cabeçada fulminante de Brown. O sucessor do legendário Daniel Passarella põe a Argentina na frente. Depois, ele deu um beijo na bola e agradeceu Burruchaga pela assistência perfeita. A Argentina abre o placar aos 23 minutos de jogo.

Ainda no primeiro tempo, Maradona teve duas boas chances para marcar seu gol. A primeira surgiu em uma cobrança de falta, defendida pelo goleiro. A segunda foi quando ele recebeu a bola na cara do gol e Schumacher saiu bem e o desarmou, em uma dividida com os pés.

O esquema cauteloso da Alemanha não funcionava. Agora, com a derrota parcial, os germânicos tinham que atacar e a final seria um jogo mais aberto, do jeito que Maradona e Burruchaga gostavam.

Em um lance no campo de ataque, Berthold toca de cabeça, mas Rummenigge chega atrasado e Pumpido segura.

Até o intervalo, nota-se um padrão. A Alemanha Ocidental, que nos jogos anteriores recorreu à bola parada e à decisão por pênaltis para avançar, apela para a interrupção das jogadas, tentando parar Maradona de qualquer forma. Mas estava com a desvantagem no placar e não conseguia nenhum ataque efetivo ao gol argentino. Próximo ao intervalo, os alemães reclamaram de um pênalti, mas o árbitro apontou de forma correta que a infração foi 10 cm fora da grande área.

Após 45 minutos, a Argentina vencia por 1 a 0. Não foi um bom primeiro tempo, com muitas faltas e poucas jogadas bonitas. Mas, felizmente, o que veríamos na etapa final seria muito diferente.


(Imagem: UOL)

● Beckenbauer voltou com Rudi Völler no lugar de Klaus Allofs, que tinha sido engolido pela marcação de Cuciuffo.

A Argentina voltou ainda melhor para a segunda etapa, começou com tudo e fez 2 a 0 aos 10 minutos. Maradona toca para Héctor Enrique. “El Negro”, puxa a jogada pelo meio e lança na medida para Jorge Valdano, livre de marcação. O atacante recebe, avança pela esquerda, entra na área e toca mansinho, na saída do goleiro Schumacher, fazendo a alegria da maioria da torcida presente no estádio.

Jogando com muita confiança na defesa, os sul-americanos não dão espaço para os atacantes rivais e ainda criam oportunidades de contra-ataque. Jorge Valdano teve uma outra chance, mas a cabeçada foi para fora.

Na metade do segundo tempo, Enrique partiu livre para marcar o terceiro, mas o bandeirinha costarriquenho Berny Ulloa assinalou um dos impedimentos mais absurdos da história.

Depois, achando que a partida já estava ganha, os argentinos amoleceram. Mas nunca se deve subestimar os metódicos alemães. Maradona diria depois: “Até que recebam o atestado de óbito, os alemães não se entregam. Não temem nada. Na entrada dos times, nós acostumávamos a gritar, bater no peito. Isso metia medo em todos os rivais. Menos neles”.

E então Matthäus foi parcialmente dispensado de suas obrigações ofensivas e a Alemanha Ocidental começou a jogar, tentando reagir a qualquer custo. Aos 17′, Beckenbauer trocou o apagado meia Magath (que foi muito bem marcado por Giusti) pelo atacante Dieter Hoeneß, bom nas bolas altas.

As bolas aéreas deveriam ser a especialidade argentina. Bilardo se preocupava tanto com a bola parada defensiva que entrou no quarto de Oscar Ruggeri às quatro horas da manhã do dia da final e perguntou ao defensor, meio dormindo e desorientado, quem ele deveria marcar nos escanteios. Ruggeri respondeu: “Rummenigge”, provando ao técnico que ele estava suficientemente focado.

Porém, aos 29′, com Brown sentindo dores por uma pancada no ombro, Ruggeri não conseguiu cumprir sua função. Brehme bate um escanteio, Völler desvia de cabeça para a pequena área e Rummenigge aparece entre os zagueiros e completa de carrinho para as redes. Com 2 a 1 no marcador, o jogo ganha nova vida.

Dois minutos depois, Maradona domina a bola de chaleira, mas chuta sem direção. O “Pibe” tenta controlar mais a bola, mas Matthäus é a sua sombra. Rummenigge recua para o meio de campo, para armar as jogadas.

E o inimaginável acontece aos 35′. Matthäus avança e cruza na cabeça de Dieter Hoeneß, mas Pumpido espalma, cedendo novo escanteio. Brehme cobra e ergue para a área. Berthold apara pelo alto e Rudi Völler se antecipa a Pumpido e cabeceia para o gol. Völler, que já tinha sido fundamental no gol anterior, agora marcava o seu. Ele entrou no segundo tempo e mudou a partida.

A Alemanha empatou em duas cobranças de escanteio nas quais a zaga portenha serviu apenas de plateia.


(Imagem: Pinterest)

● A dez minutos do fim, o jogo estava empatado em 2 a 2 e havia no estádio o temor de que o melhor futebol não fosse premiado com a taça. Visivelmente desgastada pelo sol de rachar do México, a Alemanha tentava diminuir o ritmo. Maradona diria: “Até fiquei com receio da prorrogação depois do gol de empate. Mas quando olhei aquele touro do Briegel com as pernas vermelhas, falei pro Burruchaga que era só fazer a bola correr que a gente ganhava”.

A decisão se encaminhava para a prorrogação, mas, entusiasmados pela reação, os alemães afrouxaram a marcação e acabaram deixando espaço atrás de sua linha de defesa.

Aos 38′, Maradona recebeu a bola em seu próprio campo e, cercado por dois alemães, viu Burruchaga escapar em condição legal por trás da defesa alemã, que estava incrivelmente adiantada. Foi um belo lançamento do camisa 10. Burruchaga avançou, ganhou na velocidade do ex-decatla Briegel, e tocou com muito sangue frio para o gol, na lenta saída de Schumacher.

O camisa 7 Burruchaga emulou o Jairzinho de 16 anos antes, se ajoelhou para comemorar o gol e o título no estádio Azteca. “Foi o pique mais longo e emocionante de minha vida. Achei que não aguentaria. Mas tive a sorte de ver claramente o Schumacher, que estava todo de uniforme amarelo, brilhando. Vi o quanto estava longe da meta quando recebi a bola, e pude mais facilmente definir o lance. O plano era encobri-lo, mas acabei tocando entre suas pernas. Eu não vi que Valdano estava correndo ao meu lado pelo meio, nem ouvi Briegel atrás de mim. Estava esgotado demais para perceber tantas coisas.”

Era o gol do título! Era o gol da justiça com Maradona e com o próprio futebol.

Nos instantes finais, o talentoso trio Valdano, Maradona e Burruchaga ainda infernizava a vida dos alemães.

No finzinho, Maradona passa por dois adversários e é atingido por Schumacher dentro da área. Romualdo não marca pênalti, mas apenas falta para a Argentina. Maradona cobra forte, rasteiro, na esquerda do goleiro, que espalma para a lateral.

Burruchaga foi substituído para ser ovacionado pela torcida e festejar antes com os companheiros do banco.

A essa altura, tudo estava decidido. Oito anos depois de sua primeira conquista, os argentinos são novamente campeões do mundo. Dessa vez, de maneira incontestável.

A loucura toma conta do estádio Azteca, como 16 anos antes, no tricampeonato da Seleção Brasileira de Pelé. O gramado estava tão lotado, que Maradona e seus companheiros nem conseguiram dar a volta olímpica.

Enquanto todos os argentinos comemoravam, com a taça nas mãos, o perfeccionista Bilardo ficou horas chateado, se perguntando como seu time tinha levado dois gols de estanteio depois de treinar tanto.

Na tribuna, um cumprimento seco entre Maradona e João Havelange, o eterno presidente da FIFA. Diego recebeu a taça das mãos do presidente do México, Miguel de la Madrid, a beijou e a levantou para a posteridade.


(Imagem: Pinterest)

● O alemão Rummenigge é até hoje o único capitão de uma seleção nacional a perder duas finais de Copa, diante da Itália em 1982 e da Argentina em 1986.

O prêmio dos argentinos, campeões mundiais, foi de 50 mil dólares. Se ficassem com a taça, os brasileiros receberiam 130 mil dólares.

“Todos estavam contra a gente. O governo, muitos argentinos, os rivais. Éramos visitantes até no Estádio Azteca. A torcida era maior pelos alemães. No fim do jogo, só os argentinos no estádio berravam. Em nosso país, sabia que tínhamos virado o jogo. E os que mais nos criticavam seriam os primeiros a subir no carro da vitória na Argentina. Pena que um título mundial não baixe o preço do pão. Se pudéssemos resolver os problemas do nosso país com dribles…” — Maradona

Maradona foi fundamental para que a Argentina conquistasse o título. Muitos dizem que ele “ganhou o título sozinho”, o que é impossível em um esporte coletivo como o futebol. Mas é fato que nenhum jogador desequilibrou tanto em um Mundial desde Garrincha, que liderou o Brasil na conquista de 1962. Pela sua liderança e singularidade, com o título, Maradona entrou de vez no “Olimpo do futebol”.

Dieguito não teve desempenho semelhante nas outras três Copas que disputou. Não fez parte do elenco campeão em 1978, segundo o técnico Menotti, por ser “jovem demais” (tinha 17 anos e 7 meses). Em 1982, ainda um garoto, chegou com status de craque e decepcionou, sendo expulso depois de um coice no brasileiro Batista. Em 1990, liderou sua seleção até a final. Mas, com dores no tornozelo, esteve irregular e até perdeu um pênalti. Em 1994, fez duas belas partidas antes de ser flagrado em um exame antidoping.

O capitão da Copa de 1978, Daniel Passarella, estava presente no elenco campeão em 1986, mas ele prefere não colocar esse título no seu currículo, por não ter jogado um minuto sequer na campanha, devido à desavenças e conflito de egos com Maradona, que não queria sequer a convocação do desafeto. De qualquer forma, Passarella é o único jogador presente nos dois títulos mundiais dos portenhos.

A seleção argentina fez sua preparação em Tilcara, um povoado de seis mil habitantes, que fica na província de Jujuy, extremo norte do país, nas fronteiras com o Chile e com a Bolívia. O local foi escolhido por ser uma região de clima árido e altitude considerável, um pouco semelhante ao que veriam no México. Alguns jogadores fizeram uma promessa à Virgem de Punta Corral, padroeira do vilarejo: caso conquistassem o Mundial, esses atletas voltariam ao lugar para agradecer à santa. O título aconteceu, mas eles não cumpriram sua promessa. Alguns fanáticos creditam a seca atual de títulos da seleção ao não cumprimento da promessa.


(Imagem: UOL)

FICHA TÉCNICA:

 

ARGENTINA 3 x 2 ALEMANHA OCIDENTAL

 

Data: 29/06/1986

Horário: 12h00 locais

Estádio: Azteca

Público: 114.600

Cidade: Cidade do México (México)

Árbitro: Romualdo Arppi Filho (Brasil)

 

ARGENTINA (4-4-2):

ALEMANHA OCIDENTAL (4-4-2):

18 Nery Pumpido (G)

1  Harald Schumacher (G)

9  José Luis Cuciuffo

14 Thomas Berthold

19 Oscar Ruggeri

4  Karlheinz Förster

5  José Luis Brown

17 Ditmar Jakobs

16 Julio Olarticoechea

2  Hans-Peter Briegel

2  Sergio Batista

6  Norbert Eder

14 Ricardo Giusti

8  Lothar Matthäus

12 Héctor Enrique

3  Andreas Brehme

7  Jorge Burruchaga

10 Felix Magath

10 Diego Armando Maradona (C)

19 Klaus Allofs

11 Jorge Valdano

11 Karl-Heinz Rummenigge (C)

 

Técnico: Carlos Bilardo

Técnico: Franz Beckenbauer

 

SUPLENTES:

 

 

15 Luis Islas (G)

12 Uli Stein (G)

22 Héctor Zelada (G)

22 Eike Immel (G)

6  Daniel Passarella

15 Klaus Augenthaler

8  Néstor Clausen

5  Matthias Herget

13 Oscar Garré

16 Olaf Thon

20 Carlos Daniel Tapia

13 Karl Allgöwer

21 Marcelo Trobbiani

21 Wolfgang Rolff

3  Ricardo Bochini

18 Uwe Rahn

4  Claudio Borghi

7  Pierre Littbarski

17 Pedro Pasculli

20 Dieter Hoeneß

1  Sergio Omar Almirón

9  Rudi Völler

 

GOLS:

23′ José Luis Brown (ARG)

56′ Jorge Valdano (ARG)

74′ Karl-Heinz Rummenigge (ALE)

81′ Rudi Völler (ALE)

84′ Jorge Burruchaga (ARG)

 

CARTÕES AMARELOS:

17′ Diego Armando Maradona (ARG)

21′ Lothar Matthäus (ALE)

62′ Hans-Peter Briegel (ALE)

77′ Julio Olarticoechea (ARG)

81′ Héctor Enrique (ARG)

85′ Nery Pumpido (ARG)

 

SUBSTITUIÇÕES:

INTERVALO Klaus Allofs (ALE) ↓

Rudi Völler (ALE) ↑

 

62′ Felix Magath (ALE) ↓

Dieter Hoeneß (ALE) ↑

 

90′ Jorge Burruchaga (ARG) ↓

Marcelo Trobbiani (ARG) ↑


(Imagem: Imortais do Futebol)

Reportagem da TV Globo sobre a final:

Gols da partida:

Partida completa (em inglês):

… 27/06/2018 – O melhor do 14º dia da Copa

Três pontos sobre…
… 27/06/2018 – O melhor do 14º dia da Copa


(Imagem: FIFA.com)

A tetracampeã mundial Alemanha sucumbe e é eliminada na primeira fase.
Suécia mostra força ao golear o México.
Costa Rica marca seus primeiros gols na Copa.
Brasil vence Sérvia sem sustos.


… Coreia do Sul 2 x 0 Alemanha


(Imagem: FIFA.com)

Provavelmente aqueles foram os minutos mais desastrosos da história da vitoriosa seleção alemã. Nem vamos relembrar a derrota para o México e nem a vitória na bacia das almas sobre a Suécia. Bastava a Alemanha vencer a Coreia do Sul para se classificar. Uma tarefa claramente possível para os atuais campeões do mundo.

Como uma pequena mostra do que veríamos, a primeira chance foi sul-coreana, aos dezenove minutos. Jung Woo-young cobrou falta da intermediária, no meio do gol. Neuer espalmou para o meio da área e precisou dividir com Son Heung-min para evitar o gol.

Seis minutos depois, Lee Yong cruzou da direita, a zaga desviou e a bola sobrou para Son chutar por cima, muito perto da trave. A Alemanha precisava vencer, mas as duas primeiras chances foram dos asiáticos.

Somente aos 39′, os germânicos assustaram. Após cobrança de escanteio, a bola sobrou para Mats Hummels, mas o goleiro Cho Hyun-woo foi mais esperto e ficou com ela.

No início do segundo tempo, Kimmich levantou a bola para boa cabeçada de Goretzka, mas o goleiro foi buscar. Chance clara, que não deve ser desperdiçada em uma partida dessa importância.

Aos 6′, Özil tabelou com Reus, foi à linha de fundo e cruzou para trás. Timo Werner emendou um sem-pulo e a bola passou tirando tinta da trave.

A Alemanha tentava, mas não conseguia pressionar. Aos 42′ min, Özil cruzou e Hummels cabeceou por cima.

Aos 47 minutos do segundo tempo, Son cobrou escanteio rasteiro. Toni Kroos tentou afastar, mas deu a bola de presente para o zagueiro Kim Yong-gwon fazer o primeiro gol do jogo.

A incredulidade tomou conta de todos, mas ficaria ainda pior aos 51′. O goleiro, capitão e irresponsável Manuel Neuer tentou driblar na meia esquerda e perdeu a bola. Ju Se-jong chutou de esquerda, tentando marcar o gol de muito longe. Son Heung-min partiu em corrida de seu próprio campo, alcançou a bola e a conduziu ao gol.

Um verdadeiro fiasco da seleção alemã. De maior favorita a eliminada ainda na primeira fase, em um grupo que não parecia ser dos mais difíceis. É a primeira vez em toda a história que a Alemanha é eliminada na fase de grupos do Mundial.

A culpa pode e deve ser creditada ao técnico Joachin Löw. Ele se apegou à gratidão aos jogadores que lhe deram o título quatro anos atrás. Não adianta ter nome. Pra jogar em uma seleção de nível mundial, precisa estar na melhor forma física, técnica e psicológica. [Ouviu essa, Tite?!] Löw deu repetidas e infundadas chances a Sami Khedira, Mesut Özil e Thomas Müller. Enquanto isso, Leroy Sané ficou assistindo o Mundial do sofá de casa.

Mas isso não é exclusividade da Alemanha. Ele não é o primeiro técnico agarrado a medalhões campeões do mundo, que caíram na primeira fase da Copa seguinte. Isso aconteceu com a França em 2002, a Itália em 2010 e a Espanha em 2014.

Melhores momentos da partida:

● Ficha Técnica — Coreia do Sul 2 x 0 Alemanha
Data: 27/06/2018 — Horário: 17h00 locais
Estádio: Arena Kazan — Cidade: Kazan (Rússia)
Público: 41.835
Árbitro: Alireza Faghani (Irã)
Gols: 90+3′ Kim Yong-gwon (COR); 90+6′ Son Heung-min (COR)
Cartões Amarelos: 9′ Jung Woo-young (COR); 23′ Lee Jae-sung (COR); 48′ Moon Seon-min (COR); 65′ Son Heung-min (COR)
Coreia do Sul (4-2-3-1): 23.Cho Hyun-woo; 2.Lee Yong, 5.Yun Young-sun, 19.Kim Yong-gwon e 14.Hong Chul; 15.Jung Woo-young, 20.Jang Hyun-soo, 18.Moon Seon-min (8.Ju Se-jong ↑69′) e 17.Lee Jae-sung; 13.Koo Ja-cheol (11.Hwang Hee-chan ↑56′) (22.Go Yo-han ↑79′) e 7.Son Heung-min. Técnico: Shin Tae-yong
Alemanha (4-2-3-1): 1.Manuel Neuer (C); 18.Joshua Kimmich, 5.Mats Hummels, 15.Niklas Süle e 3.Jonas Hector (20.Julian Brandt ↑78′); 6.Sami Khedira (23.Mario Gómez ↑58′) e 8.Toni Kroos; 14.Leon Goretzka (13.Thomas Müller ↑63′), 10.Mesut Özil e 11.Marco Reus; 9.Timo Werner. Técnico: Joachim Löw

 

… México 0 x 3 Suécia


(Imagem: FIFA.com)

Com seis pontos nas duas primeiras rodadas e pelo bom futebol que havia apresentado, o México era favorito contra a Suécia. Só uma catástrofe tirava La Tri das oitavas de final. E ela quase aconteceu. De quase classificados, os mexicanos foram salvos pela incompetência da Alemanha.

Aos 17′, a Suécia errou a saída de bola e Lozano tocou para Vela chutar no canto esquerdo, mas a bola foi para fora, assustando o goleiro Olsen.

Aos 31′, após cobrança de escanteio, Lustig cruzou de voleio e Berg finalizou para boa intervenção do goleiro Ochoa.

A Suécia abriu o placar aos cinco minutos da etapa complementar. Larsson abriu na direita com Berg, que chutou cruzado. Claesson furou e Augustinsson emendou de esquerda, fuzilando Ochoa, que chegou a tocar na bola.

Cinco minutos depois, Berg avançou em contra-ataque e foi derrubado dentro da área. O capitão Granqvist cobrou o pênalti forte, no ângulo direito do goleiro mexicano.

Com 2 a 0 contra, o México seria eliminado caso a Alemanha vencesse a Coreia do Sul.

E tudo ficou pior aos 29′. Lustig arremessou o lateral dentro da área, Thelin desviou para trás e Toivonen tentou alcançar sem conseguir. Mas a bola bateu no braço do lateral Edson Álvarez e entrou no gol. Outro gol contra, na Copa dos gols contra.

Nos acréscimos, mesmo perdendo de 3 a 0, a torcida mexicana era só festa em Ecaterimburgo, comemorando os gols da Coreia do Sul contra a Alemanha.

Com esse resultado, a Suécia se classifica em primeiro lugar do grupo e enfrentará a Suíça. Com essa derrota, o México ficou no caminho do Brasil.

Melhores momentos da partida:

● Ficha Técnica — México 0 x 3 Suécia
Data: 27/06/2018 — Horário: 19h00 locais
Estádio: Estádio Central (Ekaterinburg Arena) — Cidade: Ecaterimburgo (Rússia)
Público: 33.061
Árbitro: Néstor Pitana (Argentina)
Gols: 50′ Ludwig Augustinsson (SUE); 62′ Andreas Granqvist (SUE)(pen); 74′ Edson Álvarez (SUE)(contra)
Cartões Amarelos: 16” Jesús Gallardo (MEX); 26′ Sebastian Larsson (SUE); 61′ Héctor Moreno (MEX); 86′ Miguel Layún (MEX); 88′ Mikael Lustig (SUE)
México (4-2-3-1): 13.Guillermo Ochoa; 21.Edson Álvarez, 3.Carlos Salcedo, 15.Héctor Moreno e 23.Jesús Gallardo (8.Marco Fabián ↑65′); 16.Héctor Herrera e 18.Andrés Guardado (C) (17.Jesús Manuel Corona ↑75′); 7.Miguel Layún (19.Oribe Peralta ↑89′), 11.Carlos Vela e 22.Hirving Lozano; 14.Javier “Chicharito” Hernández. Técnico: Juan Carlos Osorio
Suécia (4-4-2): 1.Robin Olsen; 2.Mikael Lustig, 3.Victor Lindelöf, 4.Andreas Granqvist (C) e 6.Ludwig Augustinsson; 7.Sebastian Larsson (13.Gustav Svensson ↑57′), 8.Albin Ekdal (15.Oscar Hiljemark ↑80′), 17.Viktor Claesson e 10.Emil Forsberg; 20.Ola Toivonen e 9.Marcus Berg (22.Isaak Kiese Thelin ↑68′). Técnico: Janne Andersson

 

… Suíça 2 x 2 Costa Rica


(Imagem: FIFA.com)

A Suíça estava praticamente classificada. A chance de ficar fora era meramente matemática. Por isso entrou em campo em ritmo lento, ao contrário dos costarriquenhos, que até então era a única seleção que não havia marcado gols nesse Mundial.

Aos seis minutos de jogo, Oviedo cruza da esquerda e Celso Borges cabeceia forte e rasteiro, no canto direito. Mas o goleiro suíço Yann Sommer faz um milagre para evitar o gol e a bola ainda toca na trave.

Quatro minutos depois, Colindres ganha disputa de bola com Shaqiri, entra na área e chuta bem, mas a bola toca no travessão e não entra.

A Costa Rica começou o jogo com tudo, querendo se despedir de forma honrosa. E o técnico da Suíça, Vladimir Petković, pedia calma para sua equipe, que não parecia ser a mesma das duas partidas anteriores, tamanha desconcentração.

Mas em seu primeiro ataque, a Suíça abriu o placar, aos 19 min. Lichtsteiner cruzou da direita, Embolo escorou de cabeça para o meio da área e Džemaili chutou forte para o fundo do gol.

Aos onze minutos do segundo tempo, Campbell cobrou escanteio na cabeça de Waston, que mandou para o gol.

Aos 33′, Embolo cruzou da ponta direita e Drmić cabeceou na trave.

A três minutos do fim, Zakaria cruzou rasteiro da direita e Drmić chegou chutando para o gol, no cantinho esquerdo de Keylor Navas.

Já nos acréscimos, aos 47′, Campbell avançou pela esquerda, entrou na área e foi derrubado por Zakaria. Pênalti claro. O capitão Bryan Ruiz cobrou, a bola foi no travessão, voltou nas costas do goleiro Sommer e entrou no gol. Gol contra.

Bryan contou com uma alta dose de sorte para dar o único ponto da Costa Rica na Copa de 2018.

Melhores momentos da partida:

● Ficha Técnica — Suíça 2 x 2 Costa Rica
Data: 27/06/2018 — Horário: 21h00 locais
Estádio: Nizhny Novgorod Stadium — Nizhny Novgorod (Rússia)
Público: 43.319
Árbitro: Clément Turpin (França)
Gols: 31′ Blerim Džemaili (SUI); 56′ Kendall Waston (COS); 88′ Josip Drmić (SUI); 90+3′ Yann Sommer (COS)(contra)
Cartões Amarelos: 11′ Cristian Gamboa (COS); 29′ Joel Campbell (COS); 37′ Stephan Lichtsteiner (SUI); 75′ Denis Zakaria (SUI); 83′ Fabian Schär (SUI); 89′ Kendall Waston (COS)
Suíça (4-2-3-1): 1.Yann Sommer; 2.Stephan Lichtsteiner (C), 22.Fabian Schär, 5.Manuel Akanji e 13.Ricardo Rodríguez; 11.Valon Behrami (17.Denis Zakaria ↑60′) e 10.Granit Xhaka; 23.Xherdan Shaqiri (6.Michael Lang ↑81′), 15.Blerim Džemaili e 7.Breel Embolo; 18.Mario Gavranović (19.Josip Drmić ↑69′). Técnico: Vladimir Petković
Costa Rica (4-5-1): 1.Keylor Navas; 16.Cristian Gamboa (4.Ian Smith ↑90+3′), 2. Johnny Acosta, 3. Giancarlo González, 19.Kendall Waston e 8.Bryan Oviedo; 20.David Guzmán (14.Randall Azofeifa ↑90+1′), 5. Celso Borges, 10.Bryan Ruiz (C) e 9.Daniel Colindres (13.Rodney Wallace ↑81′); 12.Joel Campbell. Técnico: Óscar Ramírez

 

… Brasil 2 x 0 Sérvia


(Imagem: FIFA.com)

Falamos especialmente sobre essa partida neste outro texto.

… 23/06/2018 – O melhor do décimo dia da Copa

Três pontos sobre…
… 23/06/2018 – O melhor do décimo dia da Copa


(Imagem: FIFA.com)

A Alemanha vence a Suécia com um gol aos 50 minutos do segundo tempo e se salva da eliminação precoce.
O México vence a Coreia do Sul e fica muito próximo das oitava de final.
A “ótima geração belga” dá novo show e goleia a Tunísia.

 

… Bélgica 5 x 2 Tunísia


(Imagem: FIFA.com)

Foi uma partida muito movimentada desde o início. A Bélgica partiu com tudo para fazer logo o placar. E conseguiu. Logo aos seis minutos de bola rolando, Eden Hazard é derrubado na linha da grande área. O árbitro marcou pênalti, ratificado pelo VAR. O próprio capitão belga converteu, marcando seu primeiro gol no Mundial.

Dez minutos depois, em um contragolpe, Dries Mertens abre para Romelu Lukaku na esquerda. Ele ajeita o corpo chuta cruzado, sem chances para o goleiro Ben Mustapha.

Quem esperava um jogo fácil, foi surpreendido logo na sequência. O capitão Wahbi Khazri (um dos melhores em campo) cobrou falta na cabeça de Dylan Bronn, que só testou para o gol.

Logo depois, a Tunísia começou a ter posse de bola e tentar atacar. Fazia uma falsa pressão, mas a defesa continuava falhando nas saídas de jogo. E começou o drama das lesões: dois defensores precisaram ser substituídos antes do intervalo, o que deixaria o time ainda mais fraco tecnicamente e “morto” fisicamente no segundo tempo.

Nos acréscimos da etapa inicial, a pressão alta fez a Bélgica roubar a bola no campo de ataque. Meunier ficou com ela, tabelou com De Bruyne e fez um passe genial, na medida para Lukaku tocar de direita por cima do goleiro. 3 a 1 no placar.

No início do segundo tempo, aos 6′, Toby Alderweireld lançou Eden Hazard em velocidade, pegando a defesa tunisiana desprevenida. O camisa 10 avançou, tirou do goleiro e tocou para o gol.

Com a partida resolvida, Roberto Martínez passa a poupar suas estrelas, substituindo o trio de ataque: Lukaku, Hazard e Mertens.

E começa a sina de Michy Batshuayi. Em 25 minutos em campo, foi o que mais chutou a gol em toda a partida. Ele queria seu gol de qualquer forma. E seria recompensado aos 45′, quando aproveitou um cruzamento de Tielemans e esticou a perna para completar para o gol.

Mesmo com a derrota elástica, a Tunísia não jogou mal. Foi surpreendente a postura de tentar pressionar a favorita Bélgica em diversos momentos. E o placar ficou mais justo quando Wahbi Khazri marcou seu gol nos últimos lances da partida, completando cruzamento de Nagguez.

Agora, falta só a confirmação matemática. Se a Inglaterra vencer o Panamá amanhã, os próprios panamenhos e a Tunísia estarão eliminados. Inglaterra e Bélgica estariam classificados e disputariam o primeiro lugar do grupo na próxima quinta-feira. Mas como o futebol não vive de hipóteses, vamos aguardar.

Enquanto não tem nenhum teste de verdade, a “ótima geração belga” segue dando show.

Melhores momentos da partida:

● Ficha Técnica — Bélgica 5 x 2 Tunísia
Data: 23/06/2018 — Horário: 15h00 locais
Estádio: Otkritie Arena (Spartak Stadium) — Cidade: Moscou (Rússia)
Público: 44.190
Árbitro: Jair Marrufo (Estados Unidos)
Gols: 6′ Eden Hazard (BEL)(pen); 16′ Romelu Lukaku (BEL); 18′ Dylan Bronn (TUN); 45+3′ Romelu Lukaku (BEL); 51′ Eden Hazard (BEL); 90′ Michy Batshuayi (BEL); 90+3′ Wahbi Khazri (TUN)
Cartão Amarelo: 14′ Ferjani Sassi (TUN)
Bélgica (3-4-3): 1.Thibaut Courtois; 2.Toby Alderweireld, 20.Dedryck Boyata e 5.Jan Vertonghen; 15.Thomas Meunier, 6.Axel Witsel , 7.Kevin De Bruyne e 11.Yannick Ferreira Carrasco; 14.Dries Mertens (17.Youri Tielemans ↑86′), 10.Eden Hazard (C) (21.Michy Batshuayi ↑68′) e 9.Romelu Lukaku (8.Marouane Fellaini ↑59′). Técnico: Roberto Martínez
Tunísia (4-2-3-1): 1.Farouk Ben Mustapha; 11.Dylan Bronn (21.Hamdi Nagguez ↑24′), 2.Syam Ben Youssef (3.Yohan Benalouane ↑41′), 4.Yassine Meriah e 12.Ali Maâloul; 17.Ellyes Skhiri e 13.Ferjani Sassi (23.Naïm Sliti ↑59′); 8.Fakhreddine Ben Youssef, 7.Saîf-Eddine Khaoui e 9.Anice Badri; 10.Wahbi Khazri (C). Técnico: Nabil Maâloul

 

… Coreia do Sul 1 x 2 México


(Imagem: FIFA.com)

Primeiramente vamos destacar o que foi mais lindo durante a partida. Os mexicanos sempre são um show à parte onde estiverem. Mas nesse sábado, a Arena Rostov parecia um “puxadinho” da Cidade do México. A torcida cantando a tradicional música “Cielito Lindo” foi impagável e ficará na memória, assim como foi na heroica vitória sobre os alemães.

Na vitória sobre a Alemanha, o México foi reativo durante quase toda a partida. Marcava bem e saía forte nos contra-ataques. Foi assim que fez o gol do jogo e cansou de perder vários. Mas dificilmente essa estratégia daria certo contra a Coreia do Sul. Por isso tudo mudou. Ao invés de esperar o adversário, o México teria que ser proativo. Teria que “propor o jogo” e fez isso muito bem.

Mesmo com a defesa sul-coreana fechada e sem dar espaços, La Tri tocava a bola, buscando o ataque. Em um lance isolado, aos 26′, Guardado tentou cruzar a bola da esquerda. Já dentro da área, o zagueiro Jang Hyun-soo tentou cortar, mas tocou com a mão na bola. E braço aberto dentro tocando dentro da área é pênalti. O árbitro nem titubeou e marcou sem precisar da confirmação do vídeo. Carlos Vela cobrou bem, deslocou o goleiro e marcou o primeiro do México.

Agora, a Coreia do Sul teria que sair para o ataque em busca do empate. E o México passou a jogar como gosta, com rápidas transições entre a defesa e o ataque. Com o perdão do trocadilho, Vela estava “aceso” no jogo. Mas o primeiro tempo terminou 1 a 0, nesta Copa que felizmente insiste em ter ao menos um gol por jogo.

Aos 21 minutos do segundo tempo, Hirving Lozano puxou o contragolpe com maestria, passou por dois marcadores e tocou para Chicharito na esquerda. E aí ele destilou o seu veneno: dominou, tirou o marcador e chutou de canela. A bola morreu no fundo do gol de Cho Hyun-woo.

Já nos acréscimos, só para estragar o meu palpite no bolão, Son Heung-min fez um lance de craque. Dominou já avançando na meia direita, cortou para a perna esquerda e bateu com curva, tirando qualquer chance do goleiro Ochoa.

Um Golaço, com “G maiúsculo”, próprio de um jogador como Son. Infelizmente o restante do time está bem abaixo do nível dele. Mas vale lembrar que a Coreia do Sul viajou à Rússia desfalcada por oito jogadores que estariam entre os 23. Não é desculpa e o time é ruim mesmo. Mas vale destacar a melhora de toda a equipe em comparação com a derrota para os suecos.

Melhores momentos da partida:

● Ficha Técnica — Coreia do Sul 1 x 2 México
Data: 23/06/2018 — Horário: 18h00 locais
Estádio: Arena Rostov — Cidade: Rostov-on-Don (Rússia)
Público: 43.472
Árbitro: Milorad Mažić (Sérvia)
Gols: 26′ Carlos Vela (MEX)(pen); 66′ Chicharito Hernández (MEX); 90+3′ Son Heung-min (COR)
Cartões Amarelos: 58′ Kim Yong-gwon (COR); 63′ Lee Yong (COR); 72′ Lee Seung-woo (COR); 80′ Jung Woo-young (COR)
Coreia do Sul (4-2-3-1): 23.Cho Hyun-woo; 2.Lee Yong, 20.Jang Hyun-soo, 19.Kim Yong-gwon e 12.Kim Min-woo (14.Hong Chul ↑84′); 16.Ki Sung-yueng (C) e 8.Ju Se-jong (10.Lee Seung-woo ↑64′); 18.Moon Seon-min (15.Jung Woo-young ↑77′), 11.Hwang Hee-chan e 17.Lee Jae-sung; 7.Son Heung-min. Técnico: Shin Tae-yong
México (4-3-3): 13.Guillermo Ochoa; 21.Edson Álvarez, 3.Carlos Salcedo, 15.Héctor Moreno e 23.Jesús Gallardo; 7.Miguel Layún, 16.Héctor Herrera e 18.Andrés Guardado (C) (4.Rafael Márquez ↑68′); 11.Carlos Vela (10.Giovani dos Santos ↑77′), 14.Javier “Chicharito” Hernández e 22.Hirving Lozano (17.Jesús Manuel Corona ↑71′). Técnico: Juan Carlos Osorio

 

… Alemanha 2 x 1 Suécia


(Imagem: FIFA.com)

E a Alemanha permanece mais viva que nunca na Copa do Mundo de 2018! Em um jogo não recomendado para cardíacos, a Nationalelf conseguiu a vitória de virada, já aos 50 min do segundo tempo.

Joachim Löw resolveu fazer quatro mudanças no time titular em relação à péssima partida contra o México. Mats Hummels estava com problemas físicos e deu lugar a Antonio Rüdiger. Jonas Hector voltou a ser titular depois de se recuperar de uma lesão, no lugar de Marvin Plattenhardt. As demais mudanças foram técnicas: saiu a dupla consagrada Sami Khedira e Mesut Özil, para a entrada de Sebastian Rudy e Marco Reus.

Já nos primeiros instantes, a Alemanha começou a pressionar demais. Mas não foi uma pressão de qualquer jeito. Foram jogadas trabalhadas, articuladas, de movimentação dos meia-atacantes. Coisa de quem sabe o que deve fazer em campo, sem desespero. Mas a defesa sueca estava muito bem postada, como em quase todos os momentos de todos os jogos.

E aos 12′, quando a partida ainda estava empatada sem gols, a Suécia foi claramente prejudicada pela arbitragem. Em uma bola roubada e contra-ataque rápido, Marcus Berg ficou cara a cara com o goleiro Neuer, mas Boateng o alcançou na velocidade e o deslocou com a mão no ombro, além de uma pequena alavanca com o pé. O time sueco inteiro reclamou, mas tanto o árbitro quando o VAR decidiram que era lance normal. Mas se eles assistirem novamente o lance, vão ficar com vergonha dessa decisão. Para que serve o VAR, se não para a revisão desses lances subjetivos?!

Mas a Suécia não se intimidou e abriu o placar aos 32′. O detalhe é que dos 25 aos 31, a Alemanha estava com um jogador a menos, devido a um choque casual entre a chuteira de Toivonen e o nariz de Rudy. O jogador alemão foi atendido, mas com suspeita de fratura no nariz e sangramento contínuo, teve que deixar o campo. Mas enquanto Rudy era atendido, a Suécia pressionava. E no minuto seguinte da entrada de Gündoğan, Toni Kroos errou um passe (ele também erra passe!). Berg recuperou a bola, passou para Claesson, que lançou no alto para Ola Toivonen dentro da área. O camisa 20 dominou bonito e tocou por cobertura sobre Manuel Neuer. A bola ainda desviou em Boateng e tomou o caminho do gol.

Depois, a Suécia passou a fechar a “casinha” ainda mais. E a Alemanha pressionava. No intervalo, Joachim Löw trocou o nulo Julian Draxler por Mario Gomez, homem de área. Aliás… é burra essa insistência em Draxler. Ele não resolvia no Schalke 04, no Wolfsburg e não resolve no PSG. Jogador superestimado. Leroy Sané está fazendo muita falta nessa Alemanha.

E logo aos 3′ do segundo tempo, Timo Werner (que passou a jogar na ponta esquerda) chutou cruzado, Mario Gomez tentou alcançar a bola sem conseguir e Marco Reus finalizou do jeito que deu, um misto de joelho com canela. Pouco importa. Importante foi o gol de empate.

E dá-lhe blitz para cima dos suecos. A pressão passou a ser mais intensa ainda. E a Suécia foi cansando. Mesmo depois que Boateng foi expulso por receber justamente o segundo cartão amarelo, a Suécia não conseguia contra-atacar, tampouco atacar.

Em um cruzamento de Kroos da esquerda, Mario Gomez cabeceou com perigo, mas o goleiro Olsen fez uma excelente defesa, embora a bola tenha vindo em cima dele.

Com pouco a fazer, Löw tirou o lateral Hector e colocou o meia-atacante Julian Brandt. Em um de seus primeiros lances, ele recebeu fora da área, cortou para a perna esquerda e bateu bem. A bola explodiu na trave. Na volta, Timo Werner estava impedido, mas nem assim acertou o gol.

A Alemanha ainda lutava, não se contentando com o empate. E aos 49′ do segundo tempo, Durmaz fez uma falta muito idiota no lado direito de sua área. Uma bola que normalmente seria cruzada. Mas qual equipe no mundo possui um talento como Toni Kroos, que coloca a bola onde quer?! E foi isso que o jogador do Real Madrid fez. Em uma jogada de dois lances com Marco Reus, Kroos bateu bonito, com curva, no ângulo esquerdo do goleiro Olsen. Um gol e uma partida para ficar para a história.

Agora, a Alemanha praticamente depende de si mesma para se classificar. Se vencer a Coreia do Sul, preferencialmente por um bom placar, dificilmente não se classifica.

Vamos nos preparar, meus amigos… estou sentindo cheiro de Brasil x Alemanha nas oitavas de final!

Melhores momentos da partida:

● Ficha Técnica — Alemanha 2 x 1 Suécia
Data: 23/06/2018 — Horário: 21h00 locais
Estádio: Olímpico de Fisht (Fisht Stadium) — Cidade: Sóchi (Rússia)
Público: 44.287
Árbitro: Szymon Marciniak (Polônia)
Gols: 32′ Ola Toivonen (SUE); 48′ Marco Reus (ALE); 90+5′ Toni Kroos (ALE)
Cartões Amarelos: 52′ Albin Ekdal (SUE); 71′ Jérôme Boateng (ALE); 90+7′ Sebastian Larsson (SUE)
Cartão Vermelho: 82′ Jérôme Boateng (ALE)
Alemanha (4-2-3-1): 1.Manuel Neuer (C); 18.Joshua Kimmich, 16.Antonio Rüdiger, 17.Jérôme Boateng e 3.Jonas Hector (20.Julian Brandt ↑87′); 19.Sebastian Rudy (21.İlkay Gündoğan ↑31′) e 8.Toni Kroos; 13.Thomas Müller, 7.Julian Draxler (23.Mario Gómez ↑INTERVALO) e 11.Marco Reus; 9.Timo Werner. Técnico: Joachim Löw
Suécia (4-4-2): 1.Robin Olsen; 2.Mikael Lustig, 3.Victor Lindelöf, 4.Andreas Granqvist (C) e 6.Ludwig Augustinsson; 7.Sebastian Larsson, 8.Albin Ekdal, 17.Viktor Claesson (21.Jimmy Durmaz ↑74′) e 10.Emil Forsberg; 20.Ola Toivonen (11.John Guidetti ↑78′) e 9.Marcus Berg (22.Isaak Kiese Thelin ↑90′). Técnico: Janne Andersson

… 17/06/2018 – O melhor do quarto dia da Copa

Três pontos sobre…
… 17/06/2018 – O melhor do quarto dia da Copa


(Imagem: FIFA.com)

Brasil e Alemanha decepcionam. Sérvia consegue sua primeira vitória.
Veja abaixo como foi o primeiro domingo da Copa do Mundo de 2018.

… Costa Rica 0 x 1 Sérvia


(Imagem: FIFA.com)

Foi uma partida sem muito brilho. Para falar a verdade, cumpriu as expectativas. E a Sérvia venceu uma estreia pela primeira vez com esse nome, após a separação das repúblicas da Iugoslávia. E a Costa Rica deixou claro que o espírito vencedor de 2014 não existe mais.

No primeiro tempo, embora os sérvios tenham ficado mais com a bola (62%) ninguém se arriscou. Foi morno.

Aos seis minutos da etapa final, Mitrović tabelou com Milinković-Savić, ficou na cara do gol e finalizou para excepcional defesa de Keylor Navas.

O goleiro do Real Madrid fechou o gol enquanto conseguiu, mas foi vazado aos 11′. O experiente Aleksandar Kolarov se valeu de sua especialidade: as cobranças de falta. Ele bateu no ângulo, sem chances para o arqueiro costarriquenho.

Depois, o técnico Ramírez até tentou deixar seu time mais ofensivo, lançando a campo os habilidosos Bolaños e Campbell, além do centroavante Colindres. Em vão. Embora equilibrasse e até passasse a ter mais posse de bola (53%), não conseguiu criar chances claras e muito menos empatar a partida.

Pelo que mostraram nesse confronto, nem Sérvia e nem Costa Rica serão páreos para Brasil e Suíça.

Melhores momentos da partida:

● Ficha Técnica — Costa Rica 0 x 1 Sérvia
Data: 17/06/2018 — Horário: 16h00 locais
Estádio: Cosmos Arena (Arena Samara) — Cidade: Samara (Rússia)
Público: 41.432
Árbitro: Malang Diedhiou (Senegal)
Gol: 56′ Aleksandar Kolarov (SER)
Cartões Amarelos: 22′ Francisco Calvo (COS); 56′ David Guzmán (COS); 59′ Branislav Ivanović (SER); 90+8′ Aleksandar Prijović (SER)
Costa Rica (4-5-1): 1.Keylor Navas; 16.Cristian Gamboa, 2. Johnny Acosta, 3. Giancarlo González, 6. Óscar Duarte e 15.Francisco Calvo; 20.David Guzmán (9.Daniel Colindres ↑73′), 5. Celso Borges, 10.Bryan Ruiz (C) e 11.Johan Venegas (7.Christian Bolaños ↑60′); 21.Marco Ureña (12.Joel Campbell ↑66′). Técnico: Óscar Ramírez
Sérvia (4-2-3-1): 1.Vladimir Stojković; 6.Branislav Ivanović, 15.Nikola Milenković, 3.Duško Tošić e 11.Aleksandar Kolarov (C); 4.Luka Milivojević e 21.Nemanja Matić; 10.Dušan Tadić (2.Antonio Rukavina ↑83′), 20.Sergej Milinković-Savić e 22.Adem Ljajić (17.Filip Kostić ↑70′); 9.Aleksandar Mitrović (8.Aleksandar Prijović ↑90′). Técnico: Mladen Krstajić

 

… Alemanha 0 x 1 México


(Imagem: FIFA.com)

Quando a seleção campeã do mundo entra em campo, é sempre a favorita contra qualquer adversário. Segundo a imprensa europeia, a equipe alemã atual é ainda melhor que a de 2014 e tem tudo para conquistar a Copa de 2018. Só esqueceram de combinar com o México.

Apesar da posse de bola alemã, desde o início os mexicanos passaram a arriscar de fora da área e tiveram vários contra-ataques. Em um deles, aos 35′, Chicharito segurou a bola e passou para Hirving Lozano, que cortou para o meio tirando a marcação e chutou com força, sem chances para Manuel Neuer. Segundo o instituto geológico do México, a comemoração do gol causou um pequeno terremoto na capital do país.

A torcida mexicana no estádio Luzhniki foi um espetáculo à parte, fundamental para catapultar seu país à vitória. Quando o placar ainda estava zerado, já gritavam “olé” a cada troca de passes.

A Alemanha pressionava, o México marcava bem, contra-atacava e perdia chances claras de ampliar (principalmente com Chicharito). Foi esse o roteiro do restante do jogo. O México esteve mais próximo de marcar o segundo gol do que a Alemanha de igualar o placar.

Quanto mais Joachim Löw colocava atacantes em campo, mais Juan Carlos Osorio lançava mão de volantes marcadores, para suportar a pressão. A Alemanha desesperada e desorganizada lutando pelo empate lembrou muito a seleção de antigamente, que vencia mas não convencia.

Discutivelmente, é a maior vitória do México em Copas do Mundo. A primeira em partidas oficiais sobre a Alemanha, que encaminha a classificação para as oitavas de final.

Melhores momentos da partida:

● Ficha Técnica — Alemanha 0 x 1 México
Data: 17/06/2018 — Horário: 18h00 locais
Estádio: Olímpico Luzhniki — Cidade: Moscou (Rússia)
Público: 78.011
Árbitro: Alireza Faghani (Irã)
Gol: 35′ Hirving Lozano (MEX)
Cartões Amarelos: 40′ Héctor Moreno (MEX); 83′ Thomas Müller (ALE); 84′ Mats Hummels (ALE); 90′ Héctor Herrera (MEX)
Alemanha (4-2-3-1): 1.Manuel Neuer (C); 18.Joshua Kimmich, 17.Jérôme Boateng, 5.Mats Hummels e 2.Marvin Plattenhardt (23.Mario Gómez ↑79′); 6.Sami Khedira (11.Marco Reus ↑60′) e 8.Toni Kroos; 13.Thomas Müller, 10.Mesut Özil e 7.Julian Draxler; 9.Timo Werner (20.Julian Brandt ↑86′). Técnico: Joachim Löw
México (4-2-3-1): 13.Guillermo Ochoa; 3.Carlos Salcedo, 2.Hugo Ayala, 15.Héctor Moreno e 23.Jesús Gallardo; 16.Héctor Herrera e 18.Andrés Guardado (C) (4.Rafael Márquez ↑74′); 7.Miguel Layún, 11.Carlos Vela (21.Edson Álvarez ↑58′) e 22.Hirving Lozano (9.Raúl Jiménez ↑66′); 14.Javier “Chicharito” Hernández. Técnico: Juan Carlos Osorio

 

… Brasil 1 x 1 Suíça


(Imagem: FIFA.com)

Falamos especialmente sobre essa partida neste outro texto.

… 09/06/2006 – Alemanha 4 x 2 Costa Rica

Três pontos sobre…
… 09/06/2006 – Alemanha 4 x 2 Costa Rica


A belíssima Allianz Arena, em Munique, foi inaugurada em maio de 2005, especialmente para abrigar jogos da Copa do Mundo de 2006, inclusive a abertura oficial da competição (Imagem: Foto-net / FIFA)

● Essa partida era o início do sonho alemão de repetir 1974 e conquistar a Copa do Mundo em casa. E Munique era o lugar certo para o jogo inaugural. Foi lá que Franz Beckenbauer tinha erguido a taça do mundo pela Alemanha Ocidental 32 anos antes.

O time treinado por Jürgen Klinsmann não suscitava grandes expectativas (leia mais abaixo). Os alemães vinham de resultados ruins. Caíram na primeira fase da Eurocopa de 2004 quando ainda era comandada por Rudi Völler. Depois, já dirigida por Klinsmann, tinha sido goleada pela Itália por 4 x 1 em um amistoso. Se já não bastasse tudo isso, Michael Ballack, o craque do time, estava lesionado e era dúvida para a competição – era certo que não jogaria na estreia.

A Costa Rica tinha uma equipe muito limitada. Mas apostava na famosa zebra que historicamente costumava aparecer no primeiro jogo dos Mundiais. Mas dessa vez, a seleção caribenha tinha chances mínimas de surpreender.


A Alemanha atuou no 4-4-2. As jogadas fluíam bem no meio de campo, com a  qualidade de Schneider, Frings, Borowski e Schweinsteiger, apoiados pelas constantes subidas de Lahm ao ataque.


O brasileiro naturalizado costarriquenho Alexandre Guimarães armou sua seleção no defensivo sistema 5-3-2, contando com as escapadas dos experientes atacantes Ronald Gómez e Paulo Wanchope.

● E as duas seleções contrariaram o histórico das partidas de abertura das Copas do Mundo, que geralmente têm placares econômicos.

A partida começou sem a típica cautela das estreias e com os donos da casa marcando pressão e criando diversas chances de gol a todo momento.

Com o apoio da torcida e os jogadores ligados, a Alemanha imprimiu um ritmo alucinante na partida.

Com apenas seis minutos, o placar foi aberto. Atuando na esquerda, o jovem lateral Philipp Lahm pegou a sobra da defesa, avançou pelo meio passando por dois adversários e chutou no ângulo.

Mas a vantagem que o ataque alemão produzia, a defesa ajudava a desfazer com erros de posicionamento. Aos 12′, a zaga falhou. Rónald Gómez lançou para Paulo Wanchope, que ficou cara a cara com o goleiro Lehmann e tocou no canto direito. Tudo igual no marcador.

Mas a pressão dos locais continuou e foi premiada cinco minutos depois. Bernd Schneider tentou a jogada pela direita e passou para Schweinsteiger, na área. O meia driblou um zagueiro e chutou cruzado. Miroslav Klose apareceu no meio do caminho e mandou para as redes. Festa e presente de aniversário para o camisa 11, que comemorava seus 28 anos naquele mesmo dia.

O ritmo foi menos intenso até os 16′ do segundo tempo, quando Lahm cruzou da esquerda, a zaga desviou mal e a bola ficou para Klose cabecear. O goleiro Porras salvou, mas o próprio atacante estava lá para aproveitar a sobra e fazer o gol.

Mas a defesa deu mole de novo para Wanchope aos 28′. Centeno tabelou com Gómez e deixou o camisa 9 na cara do gol, livre para tocar na saída de Lehmann. Os alemães pediram impedimento, em vão.

O placar se mexeu pela última vez aos 42′. Em uma falta na intermediária, Schweinsteiger rolou para Frings chutar de primeira no ângulo. Um verdadeiro golaço!


O jovem Philipp Lahm comemora o primeiro gol do torneio (Imagem: Kai Pfaffenbach / Reuters)

● A vitória memorável por 4 a 2, logo na abertura, é mais do que a Alemanha podia esperar e era um alerta aos futuros adversários, demonstrando a força da anfitriã.

Nas ruas, os torcedores foram à loucura. O desempenho alemão confundiu os críticos e deu um tom ao torneio. A febre da Copa do Mundo começava a contaminar todo o país.

Na segunda partida, o gol da vitória (1 x 0) da Alemanha sobre a rival Polônia foi arrancado aos 46 minutos do segundo tempo. No terceiro jogo, completou os 100% de aproveitamento ao atropelar o Equador por 3 a 0. Nas oitavas de final, ganhou tranquilamente da Suécia por 2 a 0. Nas quartas, uma verdadeira batalha no clássico contra a Argentina: após empate por 1 a 1, venceu nos pênaltis por 4 a 2, com uma grande confusão no final. Nas semifinais, perdeu para a Itália por 2 a 0, com gols nos dois últimos minutos da prorrogação. Na decisão do 3º lugar, venceu Portugal por 3 a 1 e saiu de cabeça erguida.

A Costa Rica foi a lanterna do grupo A, com três derrotas. Perdeu por 4 a 2 para a Alemanha, 3 a 0 para o Equador e 2 a 1 para a Polônia.


Paulo Wanchope deu trabalho para a defesa alemã (Imagem: Bongarts / Getty Images / Daily Mail)

● Pela sua importância naquela seleção da Alemanha, o técnico Jürgen Klinsmann merece um espaço a parte. E quem melhor escreveu sobre o tema foram Axel Torres e André Schön, no livro “Gol da Alemanha” (2016):

“Klinsmann [como técnico] não funcionou, mas é o símbolo da mudança. […] Fez todos entenderem que era preciso mudar, que era preciso procurar outra mentalidade.”

“Circulavam boatos pela internet de que o trabalho [em 2006] não fora de Klinsmann, mas daquele que seria seu sucessor, Joachim Löw. A tarefa de Klinsmann, diziam, consistia unicamente em motivar o time. Essas pessoas esqueciam o trabalho – sutil, porém colossal – que significava mudar tudo. Klinsmann desafiou o sistema e o ‘establishment’ do futebol alemão.”

“Ele morava na Califórnia… e apostava em um futebol ofensivo, confiando o futuro do país a garotos jovens; não era pragmático e dava pouca importância a valores tradicionais como a experiência, o trabalho e a ordem defensiva acima de tudo.”

“Quando o árbitro apitou o início de Alemanha x Costa Rica, jogo de abertura da Copa, a pressão sobre Klinsmann era máxima. […] O que aconteceu naquele jogo diante da seleção caribenha é digno de estudo. Nunca uma goleada tão previsível pela diferença de nível entre as duas seleções teve um impacto tão revolucionário. Jamais uma resultado tão normal ‘para quem era de fora’ mudou tanto a percepção das pessoas.”

“Dois meses antes do início da Copa, Klinsmann reuniu-se com [o goleiro Oliver] Kahn em um hotel […] para anunciar que ele seria convocado como reserva. Os jornais do dia seguinte publicaram a história e trataram-na quase como um sacrilégio. […] Mexer com uma ‘entidade’ como Kahn era inédito, mas Klinsmann bancou o risco. Inesperadamente e contra todos os prognósticos, seu time só parou aos catorze minutos do segundo tempo da prorrogação na semifinal contra a Itália, com um golaço do lateral esquerdo Fabio Grosso [e outro belo gol e Alessandro Del Piero, marcado em contra-ataque no último lance da partida].”

“Depois disso, a Alemanha não apenas fez as pazes com Jürgen Klinsmann, como o santificou. Na manhã seguinte àquela honrosa derrota, todo o país queria que ele continuasse no cargo. Até o ‘Bild’ elogiou. Mas Klinsmann deu por terminado seu ciclo na seleção, deixando toda a Alemanha com lágrimas nos olhos.”


Jürgen Klinsmann foi importantíssimo para quebra de paradigmas de um país conhecido pela sua rigidez nas tradições (Imagem: AFP)

FICHA TÉCNICA:

 

ALEMANHA 4 x 2 COSTA RICA

 

Data: 09/06/2006

Horário: 18h00 locais

Estádio: Allianz Arena

Público: 66.000

Cidade: Munique (Alemanha)

Árbitro: Horacio Elizondo (Argentina)

 

ALEMANHA (4-4-2):

COSTA RICA (5-3-2):

1  Jens Lehmann (G)

18 José Porras (G)

3  Arne Friedrich

5  Gilberto Martínez

17 Per Mertesacker

4  Michael Umaña

21 Christoph Metzelder

20 Douglas Sequeira

16 Philipp Lahm

3  Luis Marín

19 Bernd Schneider (C)

12 Leonardo González

8  Torsten Frings

6  Danny Fonseca

18 Tim Borowski

10 Walter Centeno

7  Bastian Schweinsteiger

8  Mauricio Solís

20 Lukas Podolski

11 Rónald Gómez

11 Miroslav Klose

9  Paulo Wanchope

 

Técnico: Jürgen Klinsmann

Técnico: Alexandre Guimarães

 

SUPLENTES:

 

 

12 Oliver Kahn (G)

1  Álvaro Mesén (G)

23 Timo Hildebrand (G)

23 Wardy Alfaro (G)

4  Robert Huth

2  Jervis Drummond

6  Jens Nowotny

17 Gabriel Badilla

2  Marcell Jansen

22 Michael Rodríguez

5  Sebastian Kehl

15 Harold Wallace

15 Thomas Hitzlsperger

14 Randall Azofeifa

13 Michael Ballack

16 Carlos Hernández

22 David Odonkor

7  Christian Bolaños

14 Gerald Asamoah

13 Kurt Bernard

10 Oliver Neuville

21 Víctor Núñez

9  Mike Hanke

19 Álvaro Saborío

 

GOLS:

6′ Philipp Lahm (ALE)

12′ Paulo Wanchope (COS)

17′ Miroslav Klose (ALE)

61′ Miroslav Klose (ALE)

73′ Paulo Wanchope (COS)

87′ Torsten Frings (ALE)

 

CARTÃO AMARELO: 30′ Danny Fonseca (COS)

 

SUBSTITUIÇÕES:

66′ Gilberto Martínez (COS)

Jervis Drummond (COS)

 

72′ Tim Borowski (ALE)

Sebastian Kehl (ALE)

 

78′ Mauricio Solís (COS) ↓

Christian Bolaños (COS) 

 

79′ Miroslav Klose (ALE) ↓

Oliver Neuville (ALE) 

 

90+1′ Bernd Schneider (ALE) ↓

David Odonkor (ALE)

 

90+1′ Rónald Gómez (COS) ↓

Randall Azofeifa (COS) 


Philipp Lahm puxa a bola para o meio, de onde sairia o chute que inaugurou as redes da Copa da 2006 (Imagem: Coub)

Gols da partida:

… 20/06/1954 – Hungria 8 x 3 Alemanha Ocidental

Três pontos sobre…
… 20/06/1954 – Hungria 8 x 3 Alemanha Ocidental


(Imagem: Sport Illustrated)

● É impossível falar na evolução tática do futebol sem falar na seleção da Hungria da década de 1950.

Com o completo estabelecimento do WM em praticamente todas as equipes do mundo, o centroavante ficava muito sobrecarregado, sendo o principal responsável pelo embate físico com o zagueiro central (o antigo centromédio). Mas o estilo de jogo dos países da Europa Central (como Hungria, Áustria e Tchecoslováquia) era de centroavantes rápidos e dribladores. Estes agora não tinham mais chances contra os fortes zagueiros centrais.

Veja mais:
… 27/06/1954 – Hungria 4 x 2 Brasil
… 30/06/1954 – Hungria 4 x 2 Uruguai
… 04/07/1954 – Alemanha Ocidental 3 x 2 Hungria
… Ferenc Puskás: 10 anos sem a lenda
… Ferenc Puskás e József Bozsik: amizade de uma vida inteira

Assim, a primeira coisa a fazer era moldar novos “camisas 9” mais pesados e fortes. Mas em 1948, Márton Bukovi, técnico do MTK (ou Vörös Lobogó, nome adotado após a nacionalização do time em 1949), não aceitou essa hipótese. Se ele não tinha um jogador com o perfil da posição, em vez de insistir em atletas inadequados, preferiu acabar com a função do centroavante em seu time. Inverteu o “W” do WM, desenvolvendo uma espécie de “MM“.

Gradualmente, à medida que o centroavante recuava mais e mais para se tornar um meio campista armador, os dois pontas foram avançando, de modo a criar uma linha de quatro atacantes. Com esse novo jogador no meio, sua posição acabava chocando com os outros dois meias. Assim, um deles inevitavelmente acabava recuando, passando a jogar praticamente na linha de defesa, enquanto o outro continuava posicionado no meio.

O primeiro jogador da “nova posição” foi Péter Palotás, um jogador muito inteligente. Mas logo essa função passou a ser ocupada por Nándor Hidegkuti, um jogador completo, verdadeiro craque, que se adaptou à posição apesar de seus mais de 30 anos de idade.

Dessa forma, os adversários da Hungria não sabiam como agir. Se o zagueiro central seguisse o centroavante recuado, ele deixaria um buraco no meio de sua defesa. Se não o seguisse, ele jogaria livre, leve e solto, conduzindo o jogo como quisesse.


A Hungria jogou em seu incipiente 4-2-4, com o recuo do centroavante Hidegkuti para armar o jogo e o consequente recuo de Zakariás para a linha defensiva.


A Alemanha Ocidental atuava no sistema WM. Nesta partida, com time misto e mais recuado, Eckel (que era meia defensivo) jogou como meia ofensivo. Posipal (que era zagueiro) jogou na primeira linha de meio.

● Foi dessa forma que a Hungria encantou o mundo, ficando invicta entre 1950 e 1954, com 31 partidas (27 vitórias e 4 empates, além de conquistar a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Helsinque, em 1952. Mas outros dois jogos se destacaram. O primeiro foi em 25/11/1953, quando venceu a prepotente Inglaterra por 6 a 3 em pleno estádio Wembley. Foi a primeira derrota inglesa em casa para seleções não-britânicas  em toda a história. Na revanche, em Budapeste, já em preparação para a Copa de 1954, os magiares aplicaram nova goleada nos “inventores do futebol”, com inapeláveis 7 a 1.

E foi com essa aura de imbatível que a Hungria foi a primeira seleção a desembarcar na Suíça, para se acostumar com o clima. Estreou na Copa do Mundo enfiando 9 a 0 na ingênua Coreia do Sul. Durante essa partida, a Hungria não fez nenhuma falta e a Coreia apenas cinco. Fato único, o de haver menos faltas do que gols. Três dias depois, enfrentaria a Alemanha Ocidental, que tinha batido a Turquia por 4 a 1.

Do lado alemão, mesmo com a vitória na estreia, o técnico Sepp Herberger continuava criticado pela imprensa alemã. E a reprovação foi ainda maior ao ver a escalação de sua equipe para enfrentar a poderosa Hungria. Seu time estava sem seis titulares: o goleiro Turek, o meia Mai e os atacantes Klodt, Morlock, Ottmar Walter e Schäfer. Além disso, Posipal e Eckel atuaram fora de suas posições. O que ninguém sabia é que essa escalação era parte dos planos de Herberger. Ele havia entendido muito bem o regulamento. Prevendo uma derrota para os magiares [na verdade, todos previam], ele poupou vários titulares para o jogo desempate, novamente contra a Turquia.


(Imagem: Pinterest)

● Contra o time misto da Alemanha, a Hungria fez o de sempre: abriu dois gols de diferença em menos de 20 minutos e foi empilhando gols com o passar do tempo. Parecia mais um amistoso ou um jogo treino. Os alemães demonstraram pouca resistência.

Logo aos três minutos, escanteio cobrado para a pequena área alemã. O goleiro Kwiatkowski cortou mal pelo alto e Kocsis pegou de primeira, acertando o ângulo direito.

Aos 17, Puskás avança, entrou na área pelo lado direito do ataque e tocou por baixo de Kwiatkowski.

Ainda aos 21, Puskás driblou um adversário e serviu Kocsis. Da marca do pênalti, o artilheiro finaliza de primeira, no contrapé do goleiro.

A Alemanha diminuiu aos 25 minutos do primeiro tempo. Pfaff recebeu dentro da área e tocou à esquerda de Grosics.

A Hungria voltou com tudo no segundo tempo. Aos cinco minutos, Puskás chutou, a bola rebateu na defesa alemã e sobrou para Hidegkuti, que chutou por baixo do goleiro.

Quatro minutos depois, de novo Hidegkuti. Ele recebeu na área, driblou Kohlmeyer e tocou no canto esquerdo de Kwiatkowski.

Aos 15 do segundo tempo, aconteceu um lance que mudaria a história da Copa. O zagueiro Werner Liebrich acertou Ferenc Puskás por trás e lesionou seriamente seu tornozelo esquerdo. O craque teve que ser retirado de campo e a Hungria ficou com dez homens em campo. Era a terceira tentativa de agressão sem bola de Liebrich em Puskás. A conivente arbitragem do inglês William Ling permitiu a “caçada” a Puskás.

Mas a Hungria não parava. Aos 22, Kocsis avançou absolutamente livre, entrou na área e tocou no canto direito. 6 a 1.

Aos 28 minutos, József Tóth arrancou pela direita e, mesmo marcado por Liebrich, chutou no ângulo esquerdo.

O segundo gol alemão veio aos 32, quando Helmut Rahn recebeu pela ponta direita. Grosics saiu como um louco e foi driblado por Rahn, perto da linha de fundo. Rahn ainda passou por Lantos e bateu por cobertura, fazendo um lindo gol e demonstrando toda sua qualidade.

No minuto seguinte, Kocsis desviou um cruzamento e a bola passou por baixo do goleiro.

O placar foi alterado pela última vez aos 36 minutos da segunda etapa. Lançamento para a área da Hungria. A bola passa por Grosics e Herrmann só complemente para o gol vazio.


(Imagem: Pinterest)

● Resultado final: o massacre de 8 a 3 da Hungria sobre a Alemanha só não foi maior do que a ausência do contundido capitão magiar Ferenc Puskás nas partidas seguintes. Muito provavelmente, ele estaria fora do restante da Copa.

No fim, a estratégia de Sepp Herberger deu certo. No jogo desempate, a Alemanha Ocidental goleou a Turquia por 7 a 2 e se classificou para as quartas de final, seguindo firme na disputa da Copa do Mundo.

Além da variação no sistema tático, outro fator de grande destaque na equipe húngara era a preparação física. Pouco antes das partidas, os jogadores faziam aquecimento, o que era inédito na época. Enquanto o oponente ainda estava frio, a Hungria começava seus jogos de forma arrasadora. Dos cinco jogos que disputou na Copa, em quatro os magiares abriram dois gols de vantagem nos primeiros vinte minutos (a exceção foi a semifinal contra o Uruguai, na qual marcou apenas um gol no início).

FICHA TÉCNICA:

 

HUNGRIA 8 x 3 ALEMANHA OCIDENTAL

 

Data: 20/06/1954

Horário: 16h50 locais

Estádio: St. Jakob

Público: 56.000

Cidade: Basileia (Suíça)

Árbitro: William Ling (Inglaterra)

 

HUNGRIA (4-2-4):

ALEMANHA (WM):

1  Gyula Grosics (G)

22 Heinz Kwiatkowski (G)

2  Jenő Buzánszky

4  Hans Bauer

3  Gyula Lóránt

10 Werner Liebrich

4  Mihály Lantos

3 Werner Kohlmeyer

5  József Bozsik

7  Josef Posipal

6  József Zakariás

9  Paul Mebus

7  József Tóth

12 Helmut Rahn

8  Sándor Kocsis

6  Horst Eckel

9  Nándor Hidegkuti

19 Alfred Pfaff

10 Ferenc Puskás (C)

16 Fritz Walter (C)

11 Zoltán Czibor

17 Richard Herrmann

 

Técnico: Gusztáv Sebes

Técnico: Sepp Herberger

 

SUPLENTES:

 

 

21 Sándor Gellér (G)

1  Toni Turek (G)

22 Géza Gulyás (G)

21 Heinz Kubsch (G)

12 Béla Kárpáti

5  Herbert Erhardt

13 Pál Várhidi

2  Fritz Laband

14 Imre Kovács

11 Karl-Heinz Metzner

15 Ferenc Szojka

8  Karl Mai

16 László Budai

14 Bernhard Klodt

17 Ferenc Machos

18 Ulrich Biesinger

18 Lajos Csordás

13 Max Morlock

19 Péter Palotás

15 Ottmar Walter

20 Mihály Tóth

20 Hans Schäfer

 

GOLS:

3′ Sándor Kocsis (HUN)

17′ Ferenc Puskás (HUN)

21′ Sándor Kocsis (HUN)

25′ Alfred Pfaff (ALE)

50′ Nándor Hidegkuti (HUN)

54′ Nándor Hidegkuti (HUN)

67′ Sándor Kocsis (HUN)

73′ József Tóth (HUN)

77′ Helmut Rahn (ALE)

78′ Sándor Kocsis (HUN)

81′ Richard Herrmann (ALE)

Lances da partida:

… 17/06/1970 – Itália 4 x 3 Alemanha Ocidental

Três pontos sobre…
… 17/06/1970 – Itália 4 x 3 Alemanha Ocidental

“O jogo do século”


(Imagem localizada no Google)

● As duas seleções chegavam às semifinais em situações opostas. Três dias antes, a Itália venceu com tranquilidade o México por 4 a 1. Em compensação, a Alemanha Ocidental sofria, ao precisar de uma dura prorrogação para passar pela Inglaterra por 3 a 2. Os alemães chegavam ainda cansados, com uma intensa fadiga muscular, impossível de ser recuperada em apenas três dias. Oito titulares contra os ingleses estavam entre os onze que enfrentariam os italianos.

Veja mais:
… 21/06/1970 – Brasil 4 x 1 Itália

… 14/06/1970 – Alemanha Ocidental 3 x 2 Inglaterra
… Gigi Riva: o “Estouro do Trovão”
… Gerd Müller: o maior bombardeiro alemão
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Completa, com todos seus titulares e fisicamente bem, a Itália era a favorita.


Ambas as equipes jogavam com líberos, mas em estilos diferentes. Se na Itália o líbero Pierluigi Cera jogava atrás de linha de zaga, na Alemanha Franz Beckenbauer jogava à frente da defesa.

● Comprovando o favoritismo inicial, logo aos oito minutos de jogo, Boninsegna tabelou com Gigi Riva na intermediária e, mesmo marcado, acertou um belo chute da entrada da área, no canto direito de Maier, inaugurando o marcador.

Parecia ser o começo de uma vitória fácil, pois o jogo estava nãos mãos dos italianos. Mas aconteceu o que ninguém até hoje entendeu: ao invés de abusar da velocidade e do talento de Sandro Mazzola e tentar ampliar o placar, a Itália recuou progressivamente e passou a tocar a bola. No intervalo, o erro crasso: o técnico retranqueiro Ferruccio Valcareggi trocou Mazzola por Gianni Rivera, para cadenciar ainda mais o jogo.

Com um ritmo mais lento, a Alemanha sentia menos o cansaço. O técnico Helmut Schön era uma raposa e mandou seu time para cima. Substituiu o ponta esquerda Löhr por Libuda, um atacante mais incisivo; trocou também Patzke (um meia defensivo) por Held (outro atacante). Com isso, os alemães pressionavam e a Itália se defendia.

Até acontecer o lance mais marcante da partida. Aos 25 minutos do segundo tempo, Beckenbauer foi derrubado por Cera na entrada da área e, na queda, deslocou seu ombro direito. Como eram permitidas somente duas substituições na época, ou ele sairia e deixaria sua seleção com dez homens, ou ele imobilizaria o braço e ficaria em campo para inspirar seus companheiros. Com o braço pregado ao corpo com ataduras e esparadrapos, ele voltou ao gramado. Mesmo com os movimentos restritos, o “Kaiser” continuou liderando a equipe de dentro de campo. Foi um dos gestos mais heroicos de todas as Copas (que seria repetido por Gamarra 28 anos depois).


Beckenbauer foi atendido pela equipe médica e voltou a campo com uma tipoia (Imagens localizadas no Google)

A Alemanha Ocidental foi premiada pela luta. Aos 47 minutos do segundo tempo, quando o péssimo árbitro peruano Arturo Yamasaki já olhava para o relógio, Grabowski cruzou da esquerda e o zagueiro Schnellinger (que já estava no ataque, no “tudo ou nada”), livre de marcação, finalizou de carrinho, dentro da pequena área. Empate alemão. A curiosidade é que Schnellinger atuava no Milan.

Seriam outra prorrogação extenuante para os alemães. Em três dias, era o segundo clássico duríssimo que os alemães iriam tentar vencer após 90 minutos. Esgotados, seria a maior prova do limite físico daqueles atletas, que já estavam na história dos Mundiais.

● Esses 30 minutos podem e merecem ser contados como uma história à parte.


A Itália mantinha a equipe compacta, apostando no talento de Rivera, Riva e Boninsegna. Já a Alemanha, já toda desfigurada e sem contar com Beckenbauer em suas melhores condições, estava com praticamente cinco atacantes, apostando em um estilo mais direto.

Aí começou a maior prorrogação da história do futebol, o que fez esse jogo ser considerado o maior o século XX. Foram 30 minutos eletrizantes, intensos e cheios de reviravoltas, como só a alma alemã e o drama italiano podem proporcionar. Mesmo debaixo de um calor terrível, os atletas fizeram um esforço homérico, deliciando os 102.444 presentes no estádio Azteca.

Aos quatro minutos, Libuda cobrou escanteio e Grabowski cabeceou fraco. O zagueiro Poletti ficou com a bola e recuou errado com o peito para o goleiro Albertosi. Mas Gerd Müller aproveitou, apareceu entre os dois e tocou mansamente para o fundo do gol. Era a virada alemã.

Atrás no placar, a Itália foi toda para o ataque. Aos oito minutos, Rivera cobra uma falta, Held se atrapalha ao tentar afastar a bola e ela sobra limpa para o lateral Burgnich encher o pé. 2 a 2. Os jornalistas italianos, críticos, diziam que essa foi a primeira investida ofensiva da carreira de Burgnich.

Aos 13, Domenghini avança pela esquerda e lança Riva. Ele demonstra toda sua qualidade ao driblar Schulz na entrada da área e acertar um chute bem no cantinho esquerdo do goleiro Sepp Maier. Nova virada, 3 a 2.

Aos 5 do segundo tempo, Overath cobra escanteio curto para Libuda, que ergue para a área. Uwe Seeler escora pelo alto e Gerd Müller, na pequena área, desvia de cabeça para o gol, empatando novamente. 3 a 3.

Era impossível prever o que viria. Não se sabia de onde os alemães tiravam forças para reagir. Mas… era a Alemanha!

Mas apenas um minuto depois, Facchetti lança Boninsegna na esquerda. Ele passa na corrida por Schulz e cruza para o meio da área. Rivera, livre, chutou rasteiro no contrapé de Sepp Maier. 4 a 3 para a Itália.

Mesmo lutando como sempre, os alemães não conseguiram chegar a um novo empate. Já havia feito mais do que todos esperavam. Caíram de pé e receberam os aplausos do mundo.

Quando o árbitro apitou pela última vez, todos sabiam que tinham assistido a um épico, à maior partida de todas as Copas e (talvez) a melhor da história do futebol.


Cera e Müller disputam a bola (Imagem localizada no Google)

● Se algum dia alguém perguntar o que é futebol, a melhor resposta seria um VT com os 30 minutos finais dessa semifinal. É a resposta mais fidedigna do que é futebol.

Todos estavam tão fascinados, que 23 presos fugiram de uma cadeia na cidade mexicana de Tixtla, perto de Acapulco, porque todos os guardas estavam assistindo à partida em um bar próximo.

Depois de 240 minutos disputados em três dias, a Alemanha mandou um time misto para decidir o 3º lugar contra o Uruguai, vencendo por 1 a 0. Esse mesmo time base se sagraria campeão da Copa de 1974, jogando em casa, como contamos aqui.


Os capitães Facchetti e Uwe Seeler se cumprimentam antes da partida (Imagem localizada no Google)

FICHA TÉCNICA:

 

ITÁLIA 4 x 3 ALEMANHA OCIDENTAL

 

Data: 17/06/1970

Horário: 16h00 locais

Estádio: Azteca

Público: 102.444

Cidade: Cidade do México (México)

Árbitro: Arturo Yamasaki (Peru)

 

ITÁLIA (4-2-4):

ALEMANHA OCIDENTAL (4-2-4):

1  Enrico Albertosi (G)

1  Sepp Maier (G)

2  Tarcisio Burgnich

7  Berti Vogts

5  Pierluigi Cera

5  Willi Schulz

8  Roberto Rosato

3  Karl-Heinz Schnellinger

3  Giacinto Facchetti (C)

15 Bernd Patzke

10 Mario Bertini

4  Franz Beckenbauer

16 Giancarlo De Sisti

12 Wolfgang Overath

15 Sandro Mazzola

17 Hannes Löhr

13 Angelo Domenghini

9  Uwe Seeler (C)

20 Roberto Boninsegna

13 Gerd Müller

11 Luigi Riva

20 Jürgen Grabowski

 

Técnico: Ferruccio Valcareggi

Técnico: Helmut Schön

 

SUPLENTES:

 

 

12 Dino Zoff (G)

21 Manfred Manglitz (G)

17 Lido Vieri (G)

22 Horst Wolter (G)

4  Fabrizio Poletti

11 Klaus Fichtel

6  Ugo Ferrante

6  Wolfgang Weber

7  Comunardo Niccolai

2  Horst-Dieter Höttges

9  Giorgio Puia

18 Klaus-Dieter Sieloff

21 Giuseppe Furino

16 Max Lorenz

14 Gianni Rivera

19 Peter Dietrich

18 Antonio Juliano

8  Helmut Haller

22 Pierino Prati

10 Sigfried Held

19 Sergio Gori

14 Stan Libuda

 

GOLS:

8′ Roberto Boninsegna (ITA)

90′ Karl-Heinz Schnellinger (ALE)

94′ Gerd Müller (ALE)

98′ Tarcisio Burgnich (ITA)

104′ Luigi Riva (ITA)

110′ Gerd Müller (ALE)

111′ Gianni Rivera (ITA)

 

CARTÕES AMARELOS:

Wolfgang Overath (ALE)

Roberto Rosato (ITA)

Gerd Müller (ALE)

Angelo Domenghini (ITA)

Giancarlo De Sisti (ITA)

 

SUBSTITUIÇÕES:

INTERVALO’ Sandro Mazzola (ITA) ↓

Gianni Rivera (ITA) ↑

 

52′ Hannes Löhr (ALE) ↓

Stan Libuda (ALE) ↑

 

66′ Bernd Patzke (ALE) ↓

Sigfried Held (ALE) ↑

 

INÍCIO DA PRORROGAÇÃO Roberto Rosato (ITA) ↓

Fabrizio Poletti (ITA) ↑

Melhores momentos da partida, com narração em português:

Todos os gols do jogo:

Partida completa:

… 14/06/1970 – Alemanha Ocidental 3 x 2 Inglaterra

Três pontos sobre…
… 14/06/1970 – Alemanha Ocidental 3 x 2 Inglaterra


Gerd Müller marca o gol da virada alemã (Imagem: Daily Mail)

● Prejudicada por ter caído no grupo do Brasil, a Inglaterra ficou em segundo lugar na primeira fase. Por isso, nas quartas de final, teve que enfrentar logo de cara a Alemanha Ocidental. Era a reedição da decisão de quatro anos antes, mas dessa vez os ingleses não jogaram em casa. Muito pelo contrário. Para os mexicanos, a Inglaterra era inimiga.

Veja mais:
… 30/07/1966 – Inglaterra 4 x 2 Alemanha Ocidental
… 17/06/1970 – Itália 4 x 3 Alemanha Ocidental

… 07/06/1970 – Brasil 1 x 0 Inglaterra
… Gordon Banks: o goleiro que parou Pelé
… Gerd Müller: o maior bombardeiro alemão
… Uwe Seeler: o professor dos centroavantes alemães
… Berti Vogts: o homem-carrapato

Os ingleses tinham medo do chamado “mal de Montezuma“, uma intoxicação alimentar que ataca alguns estrangeiros no México. Por isso, levaram quilos de comida e toda a água que consumiriam no país. Um jornalista local descobriu o fato e logo a manchete estava estampada: “Sua majestade nos chamou de porcos!” Esse fato revoltou a população local. Os mexicanos passaram a fazer barulho em frente os hotéis em que a delegação inglesa se hospedava, para atrapalhar o sono dos atletas. E em todas as partidas, a Inglaterra era vaiada do início ao fim.

Mesmo com todos esses “cuidados”, por ironia do destino, o lendário goleiro Gordon Banks teve uma diarreia e não disputou a partida contra os alemães. Em seu lugar jogou o irregular (para não falar ruim) Peter Bonetti, do Chelsea.

Mesmo sem Banks, a partida tinha onze remanescentes a decisão de 1966.


Alemanha jogava no 4-2-4, com Beckenbauer como volante à frente da defesa.


A Inglaterra atuava no seu 4-4-2 clássico, com duas linhas de quatro.

● Nos primeiros segundos, Franz Beckenbauer, o “Kaiser” (imperador), avançou e chutou de perna esquerda, da intermediária, mas a bola foi para fora.

Os campeões do mundo abriram o placar aos 31 minutos de partida. O lateral Keith Newton rolou da direita para a pequena área e o volante Alan Mullery se antecipou a um adversário, desviando para o gol.

O primeiro tempo terminou assim, para alegria dos poucos torcedores britânicos em León. Apesar do calor, a Inglaterra demonstrou melhor preparo físico.

Aos 4 minutos do segundo tempo, Alan Ball rouba a bola e inicia o contra-ataque. Geoff Hurst recebe e toca para Newton. De novo o lateral inglês cruza da direita, no segundo pau. Peters aparece à frente de um zagueiro e, na pequena área, escora para o gol. Sepp Maier nada pode fazer. Inglaterra, 2 a 0. Tudo caminhava para uma vitória categórica dos “Three Lions“.

Aos 23, Beckenbauer recebe de Overath, dribla Mullery fora da área e chuta no canto direito de Bonetti, diminuindo o marcador. Os ingleses reclamaram que havia um jogador caído (o “catimbeiro” Francis Lee) e os alemães não tiveram fair play. Mas o fato é que o gol valeu.

Logo em seguida, o técnico Alf Ramsey cometeu o mesmo erro de sempre: tirou o maestro Bobby Charlton e se fechou na defesa. Como consequência, Beckenbauer, livre da tarefa de marcá-lo, estava livre para reinar em campo.

A Alemanha continuou trabalhando e, a oito minutos do fim, Schnellinger ergue a bola para a área. O capitão Uwe Seeler, marcado e de costas para o gol, consegue desviar de cabeça, encobrindo Bonetti. Um lance lindo, de quem conhece bem o caminho do gol. Seeler, Pelé, Miroslav Klose e Cristiano Ronaldo são os únicos jogadores a marcarem em quatro Mundiais diferentes.

No tempo normal, mesmo placar da decisão de 1966.

A Inglaterra começa o tempo extra com jogadas agudas. Logo nos primeiros segundos, Colin Bell cruza e Hurst cabeceia para fora. Pouco depois, o próprio Hurst marcou um gol ilegal (como em 1966), mas dessa vez a arbitragem anulou. O moral do “English Team” estava baixo, enquanto o do “Nationalelf” estava lá em cima.

O momento decisivo veio pouco depois, aos três minutos do segundo tempo da prorrogação, quando Grabowski arranca pela direita e cruza para a segunda trave, Löhr escora de cabeça para a pequena área e Gerd Müller, sozinho, manda de voleio para o fundo das redes.


Bobby Charlton sempre bem marcado por Franz Beckenbauer (Imagem: Pinterest)

● O público delira. Os gritos demonstram sua antipatia pela Inglaterra. O campeão perde o trono. Virada e vingança da Alemanha. O fantasma de Wembley estava definitivamente enterrado e a história foi outra.

A então campeã, Inglaterra, se despedia da Copa precocemente, nas quartas de final, após uma primeira fase com vitórias por 1 a 0 sobre Romênia e Tchecoslováquia, além de derrota para o Brasil pelo mesmo placar.

Curiosamente, a Inglaterra foi a primeira seleção a utilizar três camisas diferentes em uma Copa do Mundo. Vestiu uma camisa vermelha contra a Alemanha, jogou de branco contra Brasil e Romênia e utilizou um uniforme azul claro contra a Tchecoslováquia. Como o uniforme dos tchecos era todo branco, a imagem na TV preto e branco ficou terrível, pois a tonalidade dos dois uniformes era semelhante.

A Alemanha Ocidental se classificou para as semifinais e jogaria contra a Itália, três dias depois.


Capitães, Bobby Moore e Uwe Seeler se cumprimentam antes da partida (Imagem: Pinterest) 

FICHA TÉCNICA:

 

ALEMANHA OCIDENTAL 3 x 2 INGLATERRA

 

Data: 14/06/1970

Horário: 12h00 locais

Estádio: León

Público: 23.357

Cidade: León (México)

Árbitro: Ángel Norberto Coerezza (Argentina)

 

ALEMANHA OCIDENTAL (4-2-4):

INGLATERRA (4-4-2):

1  Sepp Maier (G)

12 Peter Bonetti (G)

7  Berti Vogts

2  Keith Newton

11 Klaus Fichtel

5  Brian Labone

3  Karl-Heinz Schnellinger

6  Bobby Moore (C)

2  HorstDieter Höttges

3  Terry Cooper

4  Franz Beckenbauer

4  Alan Mullery

12 Wolfgang Overath

9  Bobby Charlton

14 Stan Libuda

8  Alan Ball

9  Uwe Seeler (C)

10 Geoff Hurst

13 Gerd Müller

7  Francis Lee

17 Hannes Löhr

11 Martin Peters

 

Técnico: Helmut Schön

Técnico: Alf Ramsey

 

SUPLENTES:

 

 

21 Manfred Manglitz (G)

1 Gordon Banks (G)

22 Horst Wolter (G)

13 Alex Stepney (G)

5  Willi Schulz

14 Tommy Wright

6  Wolfgang Weber

17 Jack Charlton

15 Bernd Patzke

18 Norman Hunter

18 Klaus-Dieter Sieloff

16 Emlyn Hughes

16 Max Lorenz

15 Nobby Stiles

19 Peter Dietrich

19 Colin Bell

8  Helmut Haller

20 Peter Osgood

10 Sigfried Held

21 Allan Clarke

20 Jürgen Grabowski

22 Jeff Astle

 

GOLS:

31′ Alan Mullery (ING)

49′ Martin Peters (ING)

68′ Franz Beckenbauer (ALE)

82′ Uwe Seeler (ALE)

108′ Gerd Müller (ALE)

 

CARTÕES AMARELOS:

Gerd Müller (ALE)

Francis Lee (ING)

 

SUBSTITUIÇÕES:

INTERVALO Horst-Dieter Höttges (ALE) ↓

Willi Schulz (ALE) ↑

 

55′ Stan Libuda (ALE) ↓

Jürgen Grabowski (ALE) ↑

 

70′ Bobby Charlton (ING) ↓

Colin Bell (ING) ↑

 

81′ Martin Peters (ING) ↓

Norman Hunter (ING) ↑ 

Gols do jogo:

Melhores momentos da partida:

 

… 01/06/2002 – Alemanha 8 x 0 Arábia Saudita

Três pontos sobre…
… 01/06/2002 – Alemanha 8 x 0 Arábia Saudita


Miroslav Klose, comemorando um dos seus três gols (Imagem: Kicker)

● Treinada pelo ex-centroavante Rudi Völler, a Alemanha chegou desacreditada no Mundial. Primeiro pelos vários desfalques, especialmente Mehmet Scholl e Sebastian Deisler. Além do mais, era um período de entressafra, pois a geração anterior, vencedora da Copa do Mundo de 1990 e da Eurocopa de 1996 já estava aposentada (Matthäus, Möller, Häßler, Klinsmann, dentre outros). Depois, pelos resultados ruins dos últimos anos (queda nas quartas de final da Copa de 1998 e na primeira fase da Euro 2000), inclusive nas eliminatórias, quando foi goleada pela Inglaterra por 5 a 1 em casa e precisou disputar a repescagem.

A Alemanha jogou o primeiro tempo em um 3-5-2 e o segundo em um 4-4-2, com a entrada de Jeremies no lugar de Ramelow.

Arábia Saudita se apresentou em um 4-4-2, mas a verdade é que a desorganização imperou no time.

● Difícil falar que um jogo de Copa é uma baba, mas era impossível um adversário melhor na estreia do que a Arábia Saudita. A equipe era frágil tecnicamente e fraca no jogo aéreo (ponto forte dos alemães). Cada bola que os alemães erguiam na área saudita era um pesadelo. Enquanto a marcação não encaixava e a zaga batia cabeça, a Alemanha foi empilhando gols no goleiro Al-Deayea.

Apesar de o primeiro gol ter saído apenas aos 20 minutos, foi bem assim mesmo: “quatro, vira; mais quatro, acaba”.

Dos oito gols, cinco foram de cabeça, sendo três marcados pelo coadjuvante Miroslav Klose (que seria vice artilheiro da competição com 5 gols, empatado com Rivaldo). Ballack, Jancker, Linke, Bierhoff (com um carrinho de fora da área) e Schneider completaram o placar.

Foi o único gol do veterano Thomas Linke pela seleção, em 43 partidas. Nada como um jogo fácil para toda a equipe ganhar moral.

Leia mais:
… 05/06/2002 – Alemanha 1 x 1 Irlanda
… 30/06/2002 – Brasil 2 x 0 Alemanha

● Essa é a quarta maior goleada da história das Copas, sendo a maior da Alemanha.

A Arábia Saudita perderia os dois jogos seguintes, para Camarões (1 x 0) e Irlanda (3 x 0), terminando como a pior seleção da Copa.

A Alemanha empataria com a Irlanda (1 x 1) e venceria Camarões (2 x 0), se classificando em primeiro do grupo. Passaria ainda pelo Paraguai (1 x 0, nas oitavas de final) e Estados Unidos (1 x 0, nas quartas). Na semifinal, venceu a co-anfitriã (e surpresa) Coreia do Sul também por 1 a 0 e chegou à final contra o Brasil (que veremos no próximo dia 30/06).

FICHA TÉCNICA:

 

ALEMANHA 8 x 0 ARÁBIA SAUDITA

 

Data: 01/06/2002

Horário: 20h30 locais

Estádio: Sapporo Dome

Público: 32.218

Cidade: Sapporo (Japão)

Árbitro: Ubaldo Aquino (Paraguai)

 

ALEMANHA (3-5-2):

ARÁBIA SAUDITA (4-4-2):

1 Oliver Kahn (G)(C)

1 Mohammed Al-Deayea (G)

2 Thomas Linke

12 Ahmed Dukhi Al-Dosari

5  Carsten Ramelow

3  Redha Tukar

21 Christoph Metzelder

4  Abdullah Zubromawi

22 Torsten Frings

13 Hussein Sulimani

19 Bernd Schneider

8  Mohammed Noor

8  Dietmar Hamann

16 Khamis Al-Dosari

13 Michael Ballack

17 Abdullah Al-Waked

6  Christian Ziege

18 Nawaf Al-Temyat

9 Carsten Jancker

20 Al Hasan Al-Yami

11 Miroslav Klose

9  Sami Al-Jaber (C)

 

Técnico: Rudi Völler

Técnico: Nasser Al-Johar

 

SUPLENTES:

 

 

12 Jens Lehmann (G)

21 Mabrouk Zaid (G)

23 Hans-Jörg Butt (G)

22 Mohammed Babkr Al-Khojali (G)

3  Marko Rehmer

2 Mohammed Al-Jahani

4  Frank Baumann

6  Fouzi Al-Shehri

15 Sebastian Kehl

5  Mohsin Harthi

16 Jens Jeremies

23 Mansour Al-Thagafi

17 Marco Bode

19 Omar Al-Ghamdi

18 Jörg Böhme

14 Abdulaziz Khathran

10 Lars Ricken

7 Ibrahim Al-Shahrani

14 Gerald Asamoah

10 Mohammad Al-Shalhoub

7 Oliver Neuville

15 Abdullah Jumaan Al-Dosari

20 Oliver Bierhoff

11 Obeid Al-Dosari

 

GOLS:

20′ Miroslav Klose (ALE)

25′ Miroslav Klose (ALE)

40′ Michael Ballack (ALE)

45+1′ Carsten Jancker (ALE)

70′ Miroslav Klose (ALE)

73′ Thomas Linke (ALE)

84′ Oliver Bierhoff (ALE)

90+1′ Bernd Schneider (ALE)

 

CARTÕES AMARELOS:

43′ Christian Ziege (ALE)

83′ Dietmar Hamann (ALE)

90+1′ Mohammed Noor (ARA)

 

SUBSTITUIÇÕES:

INTERVALO Carsten Ramelow (ALE) ↓

Jens Jeremies (ALE) ↑

 

INTERVALO Khamis Al-Dosari (ARA) ↓

Ibrahim Al-Shahrani (ARA) ↑

 

INTERVALO Nawaf Al-Temyat (ARA) ↓

Abdulaziz Khathran (ARA) ↑

 

67′ Carsten Jancker (ALE) ↓

Oliver Bierhoff (ALE) ↑

 

76′ Miroslav Klose (ALE) ↓

Oliver Neuville (ALE) ↑

 

77′ Al Hasan Al-Yami (ARA) ↓

Abdullah Jumaan Al-Dosari (ARA) ↑

 Veja os gols do massacre: