… 24/06/1978 – Brasil 2 x 1 Itália

Três pontos sobre…
… 24/06/1978 – Brasil 2 x 1 Itália


(Imagem: Pinterest)

● Em uma Copa do mundo, o jogo da decisão do 3º lugar é sempre frustrante. Em 1978 esse sentimento foi ainda maior.

A Itália perdeu a vaga na decisão de virada, depois de ter jogado muito bem nos primeiros 45 minutos. O Brasil ainda remoía a polêmica partida entre Argentina e Peru, cuja goleada a favor dos albicelestes classificou os donos da casa para a final no saldo de gols.

O Brasil tinha jogadores talentosos, como Rivellino, Zico, Reinaldo, Dirceu, Toninho Cerezo e Roberto Dinamite. Mas não conseguia engrenar. O técnico era Cláudio Coutinho, que havia sido o preparador físico da Seleção em 1970 e supervisor da comissão técnica em 1974. Ele foi o responsável por implantar os conceitos de “overlapping”, “ponto futuro” e “polivalência” na Seleção. A ignorância de Coutinho em não convocar Falcão e Marinho Chagas deixou a Seleção sem dois dos maiores craques da década de 1970.

O técnico Enzo Bearzot renovou boa parte do elenco italiano que foi um fiasco no Mundial de 1974, caindo na primeira fase. Ele preferiu não convocar jogadores como Giacinto Facchetti, Gianni Rivera, Roberto Boninsegna, Enrico Albertosi, Fabio Capello e Giorgio Chinaglia.

Na primeira fase, a Itália terminou com 100% de aproveitamento no difícil Grupo 1. Venceu a França por 2 x 1, a Hungria por 3 x 1 e a Argentina por 1 x 0. Na fase semifinal, no Grupo A, a Azzurra empatou sem gols com a Alemanha Ocidental, venceu a Áustria por 1 x 0 perdeu para a Holanda por 2 x 1.

Por sua vez, o Brasil mal “deu pro gasto” no Grupo 3 e acabou se classificando em segundo lugar da chave. Empatou os dois primeiros jogos, com Suécia (1 x 1) e Espanha (0 x 0). Depois de dois jogos sem vitória, foi instituído um “Comitê de Apoio” ao técnico Coutinho, liderado pelo presidente da CBD, o almirante Heleno Nunes. Esse “Comitê” serviria para ajudar o treinador a escalar o time que enfrentaria a Áustria. Traduzindo: era uma interferência direta da Confederação na escalação do time. O almirante, vascaíno de coração, forçou a entrada de Roberto Dinamite no lugar de Reinaldo, além de Rodrigues Neto e Jorge Mendonça nos lugares de Edinho e Zico. Coincidência ou não, o time conseguiu a vitória necessária sobre os austríacos por 1 x 0. Na segunda fase, pelo Grupo B, o Brasil venceu o Peru por 3 x 0, empatou sem gols com a Argentina e venceu a Polônia por 3 x 1.


O Brasil foi escalado 4-3-3, que se tornava um 4-4-2 com a boa recomposição de Dirceu.


A Itália jogava no chamado “4-3-3 italiano”, com um líbero atrás da defesa. O lateral esquerdo apoiava, enquanto o ponta direita recuava para fechar os espaços. Atacava no 3-4-3 e defendia no 4-4-2.

● Em um clima de “fim de festa”, a Itália dominou o primeiro tempo.

Giancarlo Antognoni cobrou falta da entrada da área, mas Leão espalmou. O capitão Emerson Leão tentava acalmar seus companheiros depois de um início de jogo tenso.

No primeiro ataque brasileiro, Dirceu chutou de fora da área e Zoff pulou no cantinho esquerdo para segurar.

Após escanteio cobrado por Nelinho, Dino Zoff segurou a bola em dois tempos e Oscar trombou com ele de forma desnecessária. Até o banco de reservas do Brasil se irritou com a atitude virulenta de Oscar.

A Itália saiu na frente aos 38′. Roberto perdeu a bola no ataque, Giancarlo Antognoni puxou o contragolpe, passou por Batista e abriu com Paolo Rossi na direita. O atacante cortou a marcação de Rodrigues Neto e cruzou para a pequena área. Sem marcação, Franco Causio apareceu na segunda trave e cabeceou no contrapé de Leão.

Esse gol iniciou uma sequência de bons ataques italianos, nos quais a Azzurra poderia ter ampliado o placar.

No lado esquerdo do ataque italiano, Antonio Cabrini driblou Nelinho e cruzou para a área, mas Amaral cortou. Antognoni pegou a sobra e chutou de primeira. A bola quicou, Leão não segurou e Oscar bobeou. Paolo Rossi chutou em cima de Leão e Roberto Bettega 18 passou da bola. Na sobra, após nova indecisão entre Franco Causio e Antonello Cuccureddu, a bola bateu em Nelinho e voltou para Causio chutar da marca do pênalti. A bola subiu e bateu no travessão. Um festival de horrores! Uma jogada confusa da defesa brasileira, que o ataque italiano não conseguiu aproveitar.

Em outro lance, Paolo Rossi driblou Leão e chutou. O goleiro brasileiro chegou a resvalar na bola antes dela tocar na trave e sair.

Esgotados, os dois times terminaram o primeiro tempo disputando desordenadamente a posse de bola. O ataque brasileiro pouco produziu. Roberto Dinamite estava perdido no meio da marcação da defesa italiana.


(Imagem: Michel Barrault / Onze / Icon Sport / Getty Images)

Na etapa final, a Seleção Brasileira ficou mais ofensiva com a entrada de Reinaldo no lugar de Gil. Jogando com dois centroavantes de ofício, a movimentação do ataque brasileiro começou a confundir a defesa italiana. Nessa formação, os jogadores canarinhos pareciam estar mais seguros e jogaram de forma mais solta.

No primeiro lance de perigo, Nelinho bateu escanteio, Zoff socou a bola para fora da área e Jorge Mendonça emendou de primeira para fora.

O Brasil manteve a pressão e conseguiu o empate aos 19′. Sem muito ângulo, Nelinho foi capaz de um chute de rara precisão, força e uma curva surreal. Zoff chegou a tocar na bola, mas ela só poderia ter um endereço: o fundo do gol. Em uma Copa do Mundo cheia de gols bonitos, com chutes de longe, esse foi o mais lindo de todos eles.

Na sequência, Cerezo deu lugar a Rivellino, em sua 120ª e última partida pela Seleção Brasileira. Ele ainda estava se recuperando da contusão sofrida no primeiro jogo da Copa.


(Imagem: Pinterest)

Roberto Rivellino, um artista do futebol que fazia sua despedida dos grandes palcos. Mesmo fora de forma, ele mal entrou e começou a desfilar seu talento, com várias jogadas de efeito no meio do campo. Parecia que o mágico queria fazer todos os seus truques no pouco tempo que teria. Ele transformou uma partida sem graça em uma ocasião especial. O camisa 10 fez de tudo: catimbou, dividiu, reclamou do juiz, ameaçou brigar, segurou a bola, chutou e fez alguns lançamentos, inclusive criando a jogada que resultou no gol da vitória.

Aos 26′, Rodrigues Neto avançou pela esquerda e deixou com Rivellino pelo meio. O craque fez o lançamento curto para a entrada da área. Jorge Mendonça escorou com o peito e deixou na medida para o chute de primeira de Dirceu. A bola foi de novo no canto direito de Zoff. Outro golaço. Dirceu certamente foi o melhor jogador brasileiro na Copa de 1978 – um dos melhores de todo o Mundial.

A última chance da Itália foi em uma cobrança de falta ensaiada. Causio cruzou para a marca do pênalti, Bettega subiu mais que Amaral, cabeceou firme, mas a bola explodiu no travessão e saiu por cima do gol.

Depois o jogo ficou feio, com pancadas distribuídas de lado a lado. Claudio Gentile não foi nada gentil e acertou Rodrigues Neto sem bola. Pouco depois, o mesmo Gentile deu um carrinho forte em Amaral. Patrizio Sala deixou o braço no rosto de Batista. Rivellino revidou e acertou Sala por trás e encarou catimbando.


(Imagem: Diego Goldberg / Sygma / Corbis)

● A vitória do Brasil foi justificada pelo bom futebol apresentado no segundo tempo.

Após a partida, o técnico Cláudio Coutinho declarou que o Brasil era “campeão moral” – mesma expressão usada pelos argentinos quando perderam para o Uruguai na final da Copa de 1930. O escrete canarinho foi o único invicto do Mundial.

A bem da verdade, principalmente para o brasileiro, o 3º lugar vale pouco. Se não for o campeão, todos os outros são derrotados. Se não for primeiro, tudo é último.

Apenas quatro jogadores brasileiros disputaram todos os minutos de todos os jogos: o goleiro Leão, os zagueiros Oscar e Amaral e o volante Batista. A rotatividade foi grande no escrete canarinho. Coutinho utilizou 17 dos 22 convocados. Apenas os goleiros Waldir Peres e Carlos, os zagueiros Abel Braga e Polozzi e o ponta Zé Sérgio não entraram em campo.

Curiosamente, essa foi a última partida de Copa do Mundo que a Seleção Brasileira utilizou o escudo da CBD (Confederação Brasileira de Desportos). Em 24/09/1979 foi criada a CBF (Confederação Brasileira de Futebol).


(Imagem: FIFA)

FICHA TÉCNICA:

 

BRASIL 2 x 1 ITÁLIA

 

Data: 24/06/1978

Horário: 15h00 locais

Estádio: Monumental Antonio Vespucio Liberti (Monumental de Núñez)

Público: 69.659

Cidade: Buenos Aires (Argentina)

Árbitro: Abraham Klein (Israel)

 

BRASIL (4-3-3):

ITÁLIA (4-3-3):

1  Leão (G)(C)

1  Dino Zoff (G)(C)

13 Nelinho

5  Claudio Gentile

3  Oscar

8  Gaetano Scirea

4  Amaral

4  Antonello Cuccureddu

16 Rodrigues Neto

3  Antonio Cabrini

17 Batista

6  Aldo Maldera

5  Toninho Cerezo

9  Giancarlo Antognoni

19 Jorge Mendonça

13 Patrizio Sala

18 Gil

16 Franco Causio

20 Roberto Dinamite

21 Paolo Rossi

11 Dirceu

18 Roberto Bettega

 

Técnico: Cláudio Coutinho

Técnico: Enzo Bearzot

 

SUPLENTES:

 

 

12 Carlos (G)

12 Paolo Conti (G)

22 Waldir Peres (G)

22 Ivano Bordon (G)

2  Toninho Baiano

2  Mauro Bellugi

14 Abel Braga

7  Lionello Manfredonia

15 Polozzi

14 Marco Tardelli

6  Edinho

15 Renato Zaccarelli

21 Chicão

17 Claudio Sala

10 Rivellino

10 Romeo Benetti

8  Zico

11 Eraldo Pecci

7  Sérgio

19 Francesco Graziani

9  Reinaldo

20 Paolo Pulici

 

GOLS:

38′ Franco Causio (ITA)

64′ Nelinho (BRA)

71′ Dirceu (BRA)

 

CARTÕES AMARELOS:

35′ Nelinho (BRA)

44′ Batista (BRA)

72′ Claudio Gentile (ITA)

 

SUBSTITUIÇÕES:

INTERVALO Gil (BRA) ↓

Reinaldo (BRA) ↑

 

64′ Toninho Cerezo (BRA) ↓

Rivellino (BRA) ↑

 

78′ Giancarlo Antognoni (ITA) ↓

Claudio Sala (ITA) ↑

Melhores momentos da partida:

… 23/06/1954 – Alemanha Ocidental 7 x 2 Turquia

Três pontos sobre…
… 23/06/1954 – Alemanha Ocidental 7 x 2 Turquia


Seleção alemã que entrou em campo para o jogo extra diante da Turquia. Da esquerda para a direita: Fritz Walter, Turek, Eckel, Laband, Posipal, Ottmar Walter, Klodt, Mai, Schäfer, Bauer e Morlock. (Imagem: Impromptuinc)

● A seleção alemã de futebol foi usada como uma importante arma de divulgação do governo de Adolf Hitler. Com a queda do nazismo e a derrota alemã na Segunda Guerra Mundial, em 1947 o país foi dividido em Alemanha Ocidental, Alemanha Oriental, Sarre e Áustria (que voltou a ser uma nação independente). As seleções de futebol, com exceção da invadida Áustria, ficaram impedidas de disputar qualquer competição internacional até 1950. Depois do fim dessa suspensão, a Alemanha Ocidental – que herdou o histórico esportivo da Alemanha unificada – tratou de reorganizar o futebol local e voltou a disputar jogos oficiais. Mas enquanto os alemães passearam nas eliminatórias, se qualificando facilmente no Grupo 1 e deixando para trás as fracas seleções de Sarre e Noruega, a vida dos turcos foi muito mais difícil.

O Grupo 6 tinha apenas Turquia e Espanha. A Fúria era amplamente favorita, contando com veteranos que ficaram em 4º lugar no Mundial de 1950 (Agustín Gaínza, Antonio Puchades e Mariano Gonzalvo), além do craque húngaro naturalizado László Kubala.

Em Madri, os espanhóis fizeram valer o favoritismo e venceram fácil por 4 x 1. Na volta, em Istambul, a Turquia venceu por 1 x 0. Como não havia o critério de saldo de gols, foi necessária uma partida extra, que foi jogada em Roma. Houve empate por 2 x 2 no tempo normal e na prorrogação. E, como previa o regulamento na época, o vencedor foi decidido por sorteio! De olhos vendados, um menino italiano de 14 anos cujo pai trabalhava no estádio, Luigi Franco Gemma, foi o responsável por sortear o nome da Turquia. É isso mesmo: a Turquia disputou sua primeira Copa do Mundo porque teve seu nome sorteado num pote. Mas nada disso mais importava. No Mundial, todos começavam “do zero”.

O regulamento da Copa de 1954 era mesmo muito estranho. Na primeira fase, em grupos compostos por quatro seleções, haviam dois cabeças de chave que não se enfrentavam. Eles enfrentariam diretamente apenas as duas seleções teoricamente mais fracas do grupo – que também não se enfrentariam. Dessa forma, cada seleção faria apenas dois jogos. Se os duelos da primeira fase terminassem empatados, seria jogada uma prorrogação; mas, caso essa prorrogação terminasse empatada, o resultado de empate seria mantido. Caso duas equipes terminassem empatadas em pontos no segundo lugar do grupo, a vaga seria decidida em um jogo extra entre ambos. E foi o que aconteceu: Alemanha Ocidental e Turquia terminaram iguais, com dois pontos (uma vitória e uma derrota).


Seleção turca que foi a campo na partida desempate contra a Alemanha Ocidental. (Imagem: Impromptuinc)

● Seis dias antes, essas mesmas seleções haviam jogado para 39 mil pessoas no estádio Wankdorf, em Berna. A Alemanha Ocidental venceu com propriedade por 4 a 1, com gols de Schäfer, Klodt, Ottmar Walter e Morlock.

Mesmo com a boa vitória na estreia, o técnico alemão Sepp Herberger seguia criticado pela imprensa alemã. E a reprovação foi ainda maior quando seu time perdeu por 8 x 3 para a poderosa Hungria. O que quase ninguém sabia é que a derrota fazia parte dos planos de Herberger – uma verdadeira raposa. Ele havia entendido muito bem o regulamento.

Prevendo uma derrota para os magiares [na verdade, todos previam], ele poupou seis titulares para o jogo desempate, novamente contra a Turquia. E, pior, deixou os húngaros sem saber como realmente jogava o time principal da Nationalelf. Melhor que isso, só a terrível lesão que Liebrich causou no húngaro Ferenc Puskás, praticamente tirando o craque do restante da Copa.


(Imagem: Impromptuinc)

● Em sua segunda partida, a Turquia encarou com seriedade os amadores da Coreia do Sul e venceu por 7 x 0.

Para o jogo desempate diante dos alemães, os dirigentes turcos convidaram o garoto talismã – Luigi Franco Gemma – para ir a Zurique. Mas dessa vez ele não conseguiu trazer a sorte necessária.

Em uma tentativa de surpreender os alemães, o técnico italiano Sandro Puppo fez várias alterações na equipe da Turquia, principalmente no ataque. O trio de frente (Suat, Feridun e Burhan) havia atuado bem nas eliminatórias e no jogo diante da Coreia do Sul, mas, embora tivessem mais técnica, tinha menos força física para encarar os gigantes zagueiros alemães – como o primeiro jogo entre ambos já havia mostrado.

Suat e Burhan eram os artilheiros da equipe na Copa com três gols cada. Sem poder de fogo, “Ay-Yıldızlılar” (“Estrelas da Lua”, em turco – apelido da seleção) foi presa fácil para os alemães.

Outra das principais alterações foi a troca dos goleiros. Saiu Turgay para a entrada de Şükrü.


As duas equipes jogavam no sistema tático W-M.

● Por ter vencido o primeiro duelo entre as duas seleções, Die Mannschaft era amplamente favorita. Vários titulares, que haviam ficado de fora contra os húngaros, estavam de volta ao time. Em compensação, foram poupados os zagueiros Werner Liebrich e Werner Kohlmeyer, além do ponta direita Helmut Rahn.

Mas o jogo foi mais fácil que o previsto. A Alemanha Ocidental começou a partida de forma avassaladora, pressionando muito a inexperiente seleção turca. E foi enfileirando gols com relativa facilidade.

O placar foi aberto logo aos sete minutos do primeiro tempo. Em uma transição rápida desde o círculo central, Horst Eckel passou na meia esquerda para Karl Mai, que abriu na esquerda para Hans Schäfer. O ponta foi até a linha de fundo e cruzou rasteiro. Ottmar Walter veio de frente, finalizou da marca do pênalti e mandou a bola para o fundo da rede.

Cinco minutos depois, Schäfer avançou pela esquerda sem marcação, invadiu a área e bateu para o gol, fazendo 2 a 0 para os alemães.

A Turquia manteve a esperança aos 17′. Após cruzamento de Coşkun da esquerda, Mustafa subiu sozinho e cabeceou no canto esquerdo do goleiro Toni Turek. Ele chegou a tocar na bola, mas não evitou o gol.

A Alemanha nem se incomodou e seguiu atacando. Eckel apareceu quase na pequena área e chutou. Şükrü defendeu bem e Rıdvan chutou para longe para afastar o perigo.

A situação dos turcos ficou muito mais complicada com a lesão no ombro do goleiro Şükrü, quando o placar estava em 2 x 1 para a Alemanha. Como não eram permitidas substituições na época, teve que continuar jogando.

E o 3 a 1 veio aos 31 minutos. Max Morlock aproveitou falha de Rober e finalizou de dentro da área, na saída do goleiro.


(Imagem: Impromptuinc)

No segundo tempo, a Alemanha não se deu por satisfeita. O instinto sanguinário fazia a “Die Adler” (“As Águias”, em alemão) querer trucidar o adversário.

Sem correr riscos na defesa e sem sofrer resistência no ataque, os alemães marcaram novamente aos 15′, quando Morlock anotou seu segundo tento na partida. Depois de um cruzamento rasteiro de Schäfer na esquerda, ele deu um carrinho quase em cima da linha e mandou para o gol. 4 a 1. Esse foi o gol de número 400 da história das Copas.

O quinto saiu segundos depois. Ottmar Walter rolou da esquerda e seu irmão Fritz Walter bateu da entrada da área no cantinho direito, sem chances para o combalido Şükrü.

Max Morlock chegou ao “hat trick” aos 32. Bernhard Klodt protegeu na área e rolou para trás. Morlock dominou e bateu da meia lua, no ângulo direito do goleiro turco.

O sétimo gol alemão foi marcado por Schäfer apenas dois minutos depois, completando um cruzamento de Fritz Walter.

A Turquia teve uma pequena alegria ao marcar o segundo, a seis minutos do fim. Após cruzamento da esquerda, Lefter dominou e bateu por baixo de Turek.

Final: Alemanha Ocidental 7, Turquia 2.


(Imagem: Impromptuinc)

● O presidente honorário da FIFA, Jules Rimet (que já dava nome à taça de campeão do mundo), foi assistir a essa partida. Na sua chegada, ele não teve entrada autorizada no estádio Hardturm, pois não estava portando seus documentos. Com paciência, ele explicou que seus documentos haviam ficado no hotel. Ele só teve sua entrada permitida quando um diretor da organização local o reconheceu e liberou seu ingresso.

Curiosamente, a Copa do Mundo de 1954 foi a primeira em que os jogadores atuaram com numeração fixa. Cada atleta tinha seu próprio número para ser usado na camisa durante todo o torneio, de 1 a 22.

No fim, a estratégia de Herberger acabou dando certo. Com a nova vitória diante dos turcos, a Alemanha se classificou para as quartas de final, onde venceu a Iugoslávia por 2 x 0. Nas semifinais, goleou a vizinha Áustria por 6 x 1. Na decisão, enfim Herberger escalou seu melhor time e venceu a Hungria de virada por 3 x 2, com a Alemanha conquistando o primeiro dos seus quatro títulos em Copas do Mundo. E esse primeiro troféu muito se deve à astúcia do técnico Sepp Herberger.


(Imagem: Impromptuinc)

FICHA TÉCNICA:

 

ALEMANHA OCIDENTAL 7 X 2 TURQUIA

 

Data: 23/06/1954

Horário: 18h00 locais

Estádio: Hardturm

Público: 17.000

Cidade: Zurique (Suíça)

Árbitro: Raymond Vincenti (França)

 

ALEMANHA (WM):

TURQUIA (WM):

1  Toni Turek (G)

12 Şükrü Ersoy (G)

2  Fritz Laband

2  Rıdvan Bolatlı

7  Josef Posipal

3  Basri Dirimlili

4  Hans Bauer

17 Naci Erdem

6  Horst Eckel

5  Çetin Zeybek

8  Karl Mai

6  Rober Eryol

14 Bernhard Klodt

7  Erol Keskin

13 Max Morlock

4  Mustafa Ertan

15 Ottmar Walter

d 20 Necmi Onarıcı

16 Fritz Walter (C)

11 Lefter Küçükandonyadis (C)

20 Hans Schäfer

22 Coşkun Taş

 

Técnico: Sepp Herberger

Técnico: Sandro Puppo

 

SUPLENTES:

 

 

22 Heinz Kwiatkowski (G)

1  Turgay Şeren (G)

21 Heinz Kubsch (G)

13 Bülent Eken

10 Werner Liebrich

14 Ali Beratlıgil

3  Werner Kohlmeyer

16 Nedim Günar

5  Herbert Erhardt

18 Akgün Kaçmaz

11 Karl-Heinz Metzner

19 Ahmet Berman

19 Alfred Pfaff

15 Mehmet Dinçer

12 Helmut Rahn

1 Kadri Aytaç

17 Richard Herrmann

8  Suat Mamat

18 Ulrich Biesinger

9  Feridun Buğeker

9  Paul Mebus

10 Burhan Sargun

 

GOLS:

7′ Ottmar Walter (ALE)

12′ Hans Schäfer (ALE)

17′ Mustafa Ertan (TUR)

31′ Max Morlock (ALE)

60′ Max Morlock (ALE)

62′ Fritz Walter (ALE)

77′ Max Morlock (ALE)

79′ Hans Schäfer (ALE)

84′ Lefter Küçükandonyadis (TUR)

 Gols da partida:

… 22/06/1994 – Estados Unidos 2 x 1 Colômbia

Três pontos sobre…
… 22/06/1994 – Estados Unidos 2 x 1 Colômbia


(Imagem: Action Images)

● Os Estados Unidos não eram muito chegados ao futebol. O desdém é tamanho que eles o chamam de “soccer”, enquanto o “football” deles é outro esporte jogado predominantemente com as mãos e uma bola oval. E lá o “soccer” é historicamente um esporte de minorias, especialmente latino-americanos, negros ou mulheres. Relegado a segundo plano, o “soccer” é o quinto esporte mais popular no país, atrás do futebol americano, beisebol, basquete e hóquei no gelo.

Em pesquisas nas ruas antes do Mundial, o povo americano em geral não fazia ideia que o país sediaria a Copa do Mundo. Especialistas dizem que o futebol não é popular no país porque os norte-americanos detestam jogos em que os pontos demoram a acontecer e costumam ser poucos ao fim de cada partida (quando eles acontecem). Além disso, eles não entendem o conceito de empate. Para eles, alguém sempre tem que vencer.

Mas se tem uma coisa que os ianques são bons é em sediar e organizar grandes eventos. Além de possuir uma fantástica infraestrutura hoteleira, turística e de transportes, haviam muitos estádios de grande porte que poderiam ser facilmente adaptados para receberem o torneio.

Na época, os ianques não possuíam um campeonato organizado ou uma liga de futebol em seu país. Os jogadores eram praticamente amadores em times mais amadores ainda. A Major League Soccer só começou a ser disputada em 1996.

O Mundial de 1994 era a quarta edição disputada pelos EUA. Eles haviam participado em 1930, 1950 e 1990.

O técnico era o experiente sérvio Bora Milutinović, que havia treinado o México em 1986 e a Costa Rica em 1990. Posteriormente, ele completaria cinco Copas, treinando a Nigéria em 1998 e a China em 2002.

O time estadunidense tinha jogadores folclóricos como o goleiro Tony Meola, os zagueiros Alexi Lalas e Marcelo Balboa e o meia Cobi Jones (que depois jogaria no Vasco).


(Imagem: Getty Images / Globo Esporte)

● A Colômbia também tinha pouca tradição em Mundiais. Era apenas a terceira vez que La Tri disputava o torneio (após 1962 e 1990). Apesar disso, os colombianos eram cotados como um dos candidatos ao título – inclusive pelo Rei Pelé.

A seleção era formada pela mais talentosa geração de jogadores já surgida no país e estava mais madura depois da Copa de 1990. Os destaque eram o goleiro Óscar Córdoba, os zagueiros Luis Carlos “Coroncoro” Perea e Andrés “El Caballero” Escobar, os meias Carlos “El Pibe” Valderrama e Freddy Rincón, além dos atacantes Faustino Asprilla (do Parma) e Adolfo “El Tren” Valencia (do Bayern de Munique).

O principal desfalque foi René Higuita, o goleiro espetáculo. Ele ficou preso por sete meses em 1993 acusado de participar de um sequestro. Ele acabaria inocentado, mas acabou ficando fora da Copa de 1994.

O técnico Francisco Maturana era um treinador à frente do seu tempo e trouxe uma disciplina tática que os colombianos não estavam acostumados. Ele havia levado o Atlético Nacional a conquistar a Copa Libertadores da América em 1989 – título inédito para o futebol colombiano. Quatro jogadores daquela equipe eram titulares na Copa de 1994: a dupla de zaga Perea e Escobar, o lateral esquerdo Luis Fernando “Chonta” Herrera e o meia Leonel Álvarez.

Nas eliminatórias, a Colômbia foi líder do Grupo A e terminou invicta, com quatro vitórias e dois empates (os dois contra o Paraguai, 0 x 0 em casa e 1 x 1 fora). Bateu o Peru por 1 x 0 em Lima e por 4 x 0 em Barranquilla. Na mesma cidade, venceu a Argentina por 2 x 1.

Mas a cereja do bolo foi mesmo o confronto direto contra a Argentina. Em pleno Monumental de Núñez, a Colômbia pôs os hermanos na roda e goleou por 5 x 0, fora o baile. Foram dois gols de Rincón, dois de Asprilla e um de Valencia. Esse resultado classificou a Colômbia para a Copa e empurrou os argentinos para a repescagem diante da Austrália.

Ao todo, foram 19 jogos de invencibilidade ao longo do ano de 1993.

Mas com certa soberba e muito salto alto, a realidade foi cruel aos cafeteros. Na primeira partida, a Colômbia não conseguiu suportar a dinâmica da Romênia, regida pelo maestro Gheorghe Hagi, e perdeu por 3 a 1.

E a situação ficou extremamente tensa nos dias que antecederam ao duelo com os Estados Unidos.


(Imagem: Getty Images / Globo Esporte)

● O irmão do defensor “Chonta” Herrera havia sido assassinado num acidente de carro suspeito. O time recebeu ameaças de morte na TV do hotel. Havia pressão externa para a escalação de certos jogadores e também ordens para outros não serem escalados.

O volante Gabriel “Barrabás” Gómez era um dos homens de confiança do técnico Francisco Maturana e titular absoluto do time. Ele era irmão do auxiliar técnico Hernán Darío Gómez. Muitos acreditavam que esse parentesco era a razão para a titularidade de “Barrabás” – até o narcotráfico colombiano. Foi por isso que antes da partida o aparelho de faz do hotel Marriott de Fullerton revelou uma ameaça de morte para o volante caso ele entrasse em campo diante dos Estados Unidos. Inicialmente, “Barrabás” pensou em ignorar o aviso, mas desistiu ao refletir que a ameaça também se estendia à sua família.

“Eu não podia colocar outra vida em perigo. Barrabás era um jogador chave, mas eles me venceram. Nós ligamos para casa, havia tiroteios, um caos completo e foi assim que entramos em campo naquele dia.” ― Francisco Maturana em entrevista ao jornal inglês Telegraph

“Ligaram para o hotel onde estávamos e nos fizeram ameaças de morte! Disseram que se Gabriel Gómez não fosse barrado, tanto ele quanto o ‘Profe’ (Francisco Maturana) seriam mortos. Sendo que Gómez era um dos jogadores fundamentais para nossa seleção. Nunca soubemos de onde vieram estas ameaças, quem fez, mas chegamos sob muita tensão na partida contra os Estados Unidos.” ― Luis Carlos Perea

Logicamente, Maturana preferiu não arriscar e escalou Hernán Gaviria no lugar de “Barrabás” Gómez.

Mas os colombianos entraram abalados em campo.


As duas equipes jogavam no sistema tático 4-4-2.

● Assim, às 16h30 daquele dia 22 de junho, 94 mil pessoas lotaram o estádio Rose Bowl, em Pasadena, Califórnia. Os donos da casa enfrentariam uma das seleções favoritas ao título.

Depois de um empate por 1 x 1 com a Suíça na primeira rodada, os Estados Unidos precisavam vencer para ficar mais próximo da classificação. Nunca um anfitrião havia caído na primeira fase e os ianques não queriam ser os primeiros. Eles corriam esse risco em um grupo muito equilibrado.

Empurrados pela empolgada torcida, os norte-americanos jogaram como nunca e partiram para o ataque dispostos a resolver logo o jogo.

Os colombianos estavam nervosos. Sentiam a pressão de terem que vencer de qualquer maneira.

No começo do jogo, Rincón cruzou da direita, Herrera tocou para o meio da área e Mike Sorber se atrapalha e mandou na própria trave. No rebote, o baixinho Antony de Ávila chutou, mas Marcelo Balboa tirou em cima da linha e Fernando Clavijo tirou de lá.

Os americanos começaram a encaixar contragolpes perigoso e criar mais chances claras de gol. Em uma delas, Balboa cabeceou para fora. Em outra, Eric Wynalda acertou a trave.

Aos 35′, Freddy Rincón perdeu uma bola que chegou até Thomas Dooley. Ele cruzou rasteiro da esquerda, Andrés Escobar tentou cortar de carrinho, mas acabou mandando contra as próprias redes, no contrapé do goleiro Óscar Córdoba, que nada pôde fazer. 1 a 0.

Escobar nunca assistiu a um replay sequer do lance.

“Depois da partida, lembro de ele estar muito triste por este gol contra. Lembro de ele me falar que nunca tinha marcado contra na sua vida, e foi acontecer justo em um Mundial.” ― Santiago Escobar, irmão de Andrés

Sem conseguir reagir, a Colômbia viu os EUA ampliar o marcador aos sete minutos do segundo tempo. Tab Ramos deu um passe por elevação e Earnie Stewart tocou na saída do goleiro. 2 a 0.

O placar poderia ser maior. O zagueiro roqueiro Alexi Lalas teve um gol mal anulado por impedimento e quase fez outro de cabeça, que Córdoba salvou.

No lance mais lindo da tarde, Tab Ramos cobrou escanteio da direita e o zagueiro Marcelo Balboa emendou uma bicicleta perfeita. A bola passou a poucos centímetros da trave direita do goleiro. Seria um golaço histórico.

Os cafeteros pareciam sentir o golpe. O time estava muito lento e oferecia pouco perigo. Só conseguiu marcar seu gol no minuto final, mas já era tarde demais. Rincón fez a jogada na área e chutou forte. Meola defendeu no susto, mas deu rebote. Valencia pegou a sobra e finalizou para o gol. 2 a 1.


(Imagem: Romeo Gacad / AFP / Getty Images)

● Pela primeira vez essa geração viu uma vitória dos norte-americanos em um jogo de Copa do Mundo. A última havia sido a “zebra” diante da Inglaterra em 1950.

Com a vitória por 2 x 1, os Estados Unidos festejaram a classificação para a segunda fase pela segunda vez em sua história – a primeira desde 1930.

Na última rodada, os colombianos mantinham uma remota chance de classificação. Para isso, precisaria vencer a Suíça e torcer para que os EUA vencessem a Romênia. Além disso, ainda dependiam dos resultados de outros grupos, na tentativa de ficar entre os quatro melhores terceiros colocados da fase de grupos. Apesar da ínfima possibilidade, Maturana chegou a pedir demissão, mas foi convencido a permanecer no cargo para a última rodada. Sem tanta pressão, a Colômbia venceu por 2 x 0, com gols de Hernán Gaviria (aos 44′) e John Harold Lozano (aos 90′). Mas a vitória foi insuficiente, já que a Romênia acabou vencendo os EUA por 1 x 0. Contrariando todas as previsões otimistas, a Colômbia foi eliminada na primeira fase.

Um dos maiores nomes daquela seleção era Freddy Rincón, que na época jogava no Palmeiras. Na volta a seu país, ele foi questionado pela sua esposa, Adriana, sobre o mau futebol da seleção na Copa. Freddy a agrediu com um chute na perna, o que ocasionou uma fratura na tíbia. Mas, para evitar escândalos, a mulher não levou o caso adiante e perdoou o jogador.

Nas oitavas de final, os EUA enfrentaram de igual para igual a Seleção Brasileira, mas Bebeto aproveitou ótima jogada de Romário e fez o único gol do jogo, eliminando os donos da casa.

Em 2013 foi ao ar na emissora colombiana TV Caracol uma novela sobre a geração da seleção da Colômbia na década de 1990, se tornando campeã de audiência no país. Com sessenta capítulos, os principais personagens eram os nomes mais conhecidos da seleção cafetera: Carlos Valderrama, Freddy Rincón, René Higuita e Faustino Asprilla.

Antes disso, em 2010, foi lançado o longa-metragem “The Two Escobars”, um documentário que mostra a relação estreita do narcotráfico (comandado pelo traficante Pablo Escobar) e o futebol (representado pelo jogador Andrés Escobar). Sem nenhum parentesco, apesar de terem o mesmo sobrenome, os dois foram assassinados com sete meses de diferença – Pablo no dia 02/12/1993 e Andrés em 02/07/1994.


(Imagem: AFP)

A morte de Andrés Escobar, “El Caballero”

O narcotráfico sempre manteve forte relação com o futebol, principalmente nas cidades de Medellín e Cali. O traficante Pablo Escobar era o principal responsável direto pelos bons resultados do esporte no país entre o meio dos anos 1980 e início dos anos 1990, ao financiar a contratação de estrelas com o dinheiro do crime. Andrés Escobar jogava em um dos clubes beneficiados pelo cartel, o Atlético Nacional.

O zagueiro Andrés Escobar vivia o auge de sua carreira. Havia conquistado a Copa Libertadores da América em 1989 e disputava sua segunda Copa do Mundo como titular, aos 27 anos. Segundo algumas fontes, ele estava negociando sua transferência com o Milan para depois do Mundial. Ele seria uma opção a Franco Baresi, que não demoraria a se aposentar.

Pelo seu estilo de jogo, era chamado de “El Caballero”.

“Era um extraordinário defensor que atuava pela esquerda. Muito técnico, tinha bom controle, passes curtos, sabendo jogar para seus laterais com tranquilidade. Sempre foi muito elegante para jogar. Quando davam liberdade, inclusive, ia para a área rival. Marcou 21 gols em sua carreira.” ― Santiago Escobar, irmão de Andrés

Mas o zagueiro foi apontado como um dos principais culpados pela queda prematura da seleção colombiana, principalmente por causa do gol contra diante dos EUA.

Depois da Copa, Andrés Escobar tinha planos de tirar umas férias com sua família na costa dos Estados Unidos. Mas ele preferiu voltar ao seu país, sair de casa e “mostrar a cara para o seu povo”, como ele disse a Maturana.

Na madrugada do dia 02 de julho, o zagueiro estava na saída do estacionamento da discoteca El Indio Bar, em Medellín, quando foi agredido verbalmente por três homens e uma mulher que protestavam por seu gol contra.

Escobar reagiu com um pedido de respeito, mas foi brutalmente assassinado com doze tiros à queima-roupa. O zagueiro morreu 45 minutos depois.

Humberto Muñoz Castro, que assumiu a autoria do crime, era guarda-costas e motorista dos irmãos Pedro e Juan Santiago Gallón Henao. Os dois, que eram traficantes de drogas, também foram suspeitos de estar no local da morte de Andrés Escobar.

Uma das versões da acusação aponta que os Gallón Henao teriam encomendado a morte de Escobar por terem perdido muito dinheiro em apostas no título da Colômbia. Já outra versão, menos romântica, diz que foi apenas uma discussão ocorrida na discoteca.

Muñoz Castro foi condenado a 43 anos de prisão, mas ganhou sua liberdade depois de 11 anos por bom comportamento.

Mas a impunidade dos irmãos Gallón Henao causou mais indignação. Os dois foram condenados inicialmente a 15 anos de prisão por acobertarem o crime, mas foram soltos de imediato mediante pagamento de fiança.

Depois da morte de Escobar, seus companheiros de seleção passaram a andar escoltados por segurança.

“Andrés estava em um lugar errado e na hora errada. Além disto, era um momento perigoso para qualquer jogador da Colômbia naquele momento estar na rua.” ― Luis Carlos Perea

“Tenho as melhores lembranças possíveis dele. Andrés foi um grande jogador e uma excelente pessoa. Nos mantínhamos na concentração, jogando cartas, e era muito divertido. Sempre gostava muito de conversar. Além disto, foi o melhor zagueiro com quem joguei. Para mim foi muito dura a morte dele. Cheguei a pensar até em me aposentar na época. Até hoje, sinto muito a falta dele.” ― Luis Fernando Herrera

“Um momento muito duro. Além da eliminação no Mundial, veio este marco, e justo com um bom amigo como o Escobar.” ― Faustino Asprilla

“Era um companheiro no qual tínhamos muita confiança. Era um cara muito legal, bastante divertido, sem contar tudo o que representava para nós na Colômbia, o “senhor” jogador que era. Um tipo de pessoa que está em extinção.” ― Freddy Rincón

“Se soubéssemos que o gol contra provocaria isso, preferiríamos ter perdido aquele jogo.” ― Thomas Dooley, volante norte-americano

Certamente essa foi uma das mais dolorosas páginas da história das Copas.


(Imagem: UOL)

FICHA TÉCNICA:

 

ESTADOS UNIDOS 2 x 1 COLÔMBIA

 

Data: 22/06/1994

Horário: 16h30 locais

Estádio: Rose Bowl

Público: 93.869

Cidade: Pasadena (Estados Unidos)

Árbitro: Fabio Baldas (Itália)

 

ESTADOS UNIDOS (4-4-2):

COLÔMBIA (4-4-2):

1  Tony Meola (G)(C)

1  Óscar Córdoba (G)

21 Fernando Clavijo

20 Wilson Pérez

17 Marcelo Balboa

15 Luis Carlos Perea

22 Alexi Lalas

2  Andrés Escobar

20 Paul Caligiuri

4  Luis Fernando Herrera

5  Thomas Dooley

14 Leonel Álvarez

6  John Harkes

5  Hernán Gaviria

9  Tab Ramos

10 Carlos Valderrama (C)

16 Mike Sorber

19 Freddy Rincón

11 Eric Wynalda

21 Faustino Asprilla

8  Earnie Stewart

7  Antony de Ávila

 

Técnico: Bora Milutinović

Técnico: Francisco Maturana

 

SUPLENTES:

 

 

18 Brad Friedel (G)

12 Faryd Mondragón (G)

12 Juergen Sommer (G)

22 José María Pazo (G)

2  Mike Lapper

3  Alexis Mendoza

3  Mike Burns

13 Néstor Ortiz

4  Cle Kooiman

18 Óscar Cortés

7  Hugo Pérez

17 Mauricio Serna

13 Cobi Jones

6  Gabriel “Barrabás” Gómez

19 Claudio Reyna

8  John Harold Lozano

10 Roy Wegerle

9  Iván Valenciano

14 Frank Klopas

11 Adolfo Valencia

15 Joe-Max Moore

16 Víctor Aristizábal

 

GOLS:

35′ Andrés Escobar (EUA) (gol contra)

52′ Earnie Stewart (EUA)

90′ Adolfo Valencia (COL)

 

CARTÕES AMARELOS:

24′ Antony de Ávila (COL)

48′ Alexi Lalas (EUA)

 

SUBSTITUIÇÕES:

INTERVALO Antony de Ávila (COL) ↓

Adolfo Valencia (COL) ↑

 

INTERVALO Faustino Asprilla (COL) ↓

Iván Valenciano (COL) ↑

 

61′ Eric Wynalda (EUA) ↓

Roy Wegerle (EUA) ↑

 

66′ Earnie Stewart (EUA) ↓

Cobi Jones (EUA) ↑

● Melhores momentos da partida:

… 21/06/1978 – Argentina 6 x 0 Peru

Três pontos sobre…
… 21/06/1978 – Argentina 6 x 0 Peru

“A vergonha de Rosário”


(Imagem: futbolargentino.com)

● Depois de quarenta anos de tentativa, enfim, a Argentina pôde realizar o sonho de sediar uma Copa do Mundo. Devido a uma crise política (que contamos melhor aqui), o evento tão aguardado correu risco de não ter acontecido. Mas uma junta militar, comandada pelo general Jorge Rafael Videla, tomou o país em 1976 e garantiu a realização do torneio em solo portenho. Assim como em outros países sul-americanos, o futebol era tido como um eficiente meio de propaganda do país ao mundo e uma forma de distração para o povo.

O técnico César Luis Menotti gostava do futebol ofensivo e bem jogado. E ele tinha uma equipe de boa qualidade técnica, se destacando o zagueiro e capitão Daniel Passarella, o meio campo Osvaldo Ardiles, e os atacantes Daniel Bertoni, Leopoldo Luque e, claro, Mario Kempes. Era ele o toque de classe daquela equipe batalhadora.

Menotti preferiu prescindir do talento de um genial e genioso menino de apenas 17 anos chamado Diego Armando Maradona. Ele havia estreado na albiceleste no início do ano anterior, mas foi um dos três cortados de última hora. O treinador julgou que o mancebo não tinha a experiência e maturidade necessária para lidar com a enorme pressão que a torcida exercia.

Na primeira fase, a a Argentina passou como segunda colocada do Grupo 1. Nos dois primeiros jogos, venceu a Hungria e a França por 2 x 1. Na terceira rodada, foi surpreendida pela Itália e perdeu por 1 x 0. Por isso, os donos da casa tiveram que sair de Buenos Aires para jogar em Rosário na segunda fase.

O Peru mantinha parte da equipe que chegou nas quartas de final da Copa de 1970, como o zagueiro e capitão Héctor Chumpitaz, o craque Teófilo Cubillas e o atacante Hugo Sotil. E havia feito uma bela campanha na primeira fase, terminando como líder o Grupo 4 e ficando à frente da poderosa Holanda. Venceu a Escócia na estreia por 3 x 1, empatou sem gols com os holandeses e bateu o Irã por 4 x 1.


(Imagem: Peter Robinson / Empics / Getty Images)

● Assim como em 1974, a segunda fase não era composta por oitavas ou quartas de final em partidas eliminatórias (o famoso mata-mata), mas sim uma nova fase de grupos, que classificaria o vencedor para a final.

Pelo Grupo B, o Peru foi derrotado por Brasil (3 x 0) e Polônia (1 x 0). Mas mesmo perdendo, a seleção peruana continuou apresentando um futebol organizado e aguerrido.

Os argentinos tinham vencido a Polônia por 2 x 0 e empatado sem gols com o Brasil. Assim, após duas rodadas, brasileiros e argentinos estavam empatados em números de pontos.

No Grupo A da fase semifinal, todas as partidas foram jogadas simultaneamente para evitar que uma seleção entrasse em campo já sabendo do resultado que precisaria. Já no Grupo B, a tabela era diferente, com a Argentina fazendo todos os seus jogos mais tarde.

Algumas horas antes, o Brasil havia derrotado a Polônia por 3 x 1. Assim, antes do jogo contra o Peru, a Argentina sabia que precisava vencer por, pelo menos, quatro gols de diferença, pois o Brasil tinha cinco gols de saldo e a Argentina apenas dois. O critério seguinte era gols marcados, que beneficiava o Brasil.

Já eliminados, os peruanos diziam que jogariam por sua própria honra. E vendo o futebol apresentado pelos incas até então, muitos acreditavam que eles poderiam dificultar a chegada da Argentina à final da Copa. Antes do jogo, o técnico brasileiro Cláudio Coutinho disse: “A Argentina não faz quatro gols no Peru. O Peru não tomou quatro gols de ninguém nessa Copa, não toma hoje”.

O técnico peruano Marcos Calderón concordou: “O Peru saberá jogar honesta, leal e honradamente, como o fazemos sempre em todas as partidas, em todos os lugares. Está em jogo, aqui, a nossa honra”.

O goleiro da seleção peruana era Ramón Quiroga, argentino de nascimento. Ele era nascido em Rosário e seus pais moravam a poucos quarteirões do estádio Gigante de Arroyito. Quiroga jogou no Rosario Central de 1968 a 1973 e saiu do clube tendo sido acusado de ter se vendido num jogo pelo campeonato local, o que provocou a sua saída do país. Depois, se transferiu para o Sporting Cristal e se naturalizou peruano.

Outro que estava praticamente em casa era Mario Kempes. Ele era ídolo do Rosario Central, onde jogou de 1973 a 1976, marcando 85 gols em 107 jogos.

E ambos acabaram sendo os personagens principais dessa partida.


A Argentina atuava no 4-3-3, com Kempes chegando sempre ao ataque.


O Peru também jogou no 4-3-3, com Cubillas recuando para armar. A bem da verdade, o time foi uma verdadeira bagunça.

● Com apenas dois minutos jogados, Juan José Muñante passou pela marcação e chutou por cima do goleiro Ubaldo Fillol. Caprichosamente, a bola foi na trave. Essa foi a primeira e última chance peruana durante os 90 minutos.

A partir daí, só deu Argentina.

Em um belo lance, Mario Kempes fez boa jogada pela direita e deixou com Daniel Bertoni. Ele cruzou rasteiro e a defesa peruana tentou tirar. Oscar Alberto Ortiz pegou o rebote e chegou batendo. A bola desviou na defesa e Quiroga espalmou para escanteio.

O placar foi aberto aos 21 minutos. Mario Kempes arrancou pelo meio, tabelou com Passarella e recebeu a bola na frente. O camisa 10 invadiu a área, passou fácil por Rodulfo Manzo o deixando no chão e tocou com classe no canto esquerdo do goleiro Ramón Quiroga. Foi o terceiro gol de Kempes no Mundial. Kempes mostrou nesse lance todo o talento que fez dele um dos melhores atacantes de sua geração. 1 a 0.

Com pressão contínua da Argentina, o segundo gol veio aos 43′. Bertoni cobrou escanteio da direita. O lateral esquerdo Alberto Tarantini apareceu livre na marca do pênalti e teve que se abaixar para cabecear. A bola quicou e entrou no canto esquerdo do goleiro peruano. 2 a 0.

Com a defesa peruana mais sonolenta que o normal, o goleiro Quiroga se desdobrava para evitar um placar maior. Em um lance, ele teve que disputar com Kempes fora da área e ainda ganhou o lance.

Em outra jogada de bola na área, Kempes ganhou no alto de Chumpitaz, mas cabeceou fraco. Quiroga pegou.

Em outro lance, Kempes bateu falta para a área e Quiroga disputou com Américo Gallego e Omar Larrosa. O goleiro peruano subiu mais alto que os dois argentinos e socou a bola por cima do gol.

A pressão era enorme sobre Quiroga. Do outro lado, Fillol era um mero expectador.

A Argentina chegou ao intervalo vencendo por 2 a 0, ou seja, com metade do placar construído.

O Peru já não estava jogando bem, mas o segundo tempo ridículo foi a origem da “teoria da conspiração”. Era impressionante a facilidade com a qual os donos da casa entravam na área adversária.

Jorge Olguín cobrou falta da direita para dentro da área. Na marca do pênalti, Kempes ajeitou com o peito, Bertoni devolveu e Kempes mandou para o gol, no canto direito do goleiro. 3 a 0.

Faltando ainda 40 minutos a serem jogados, a Argentina só precisava de mais um gol para chegar à decisão. Esse gol parecia inevitável e veio logo no minuto seguinte.

Na intermediária ofensiva, Kempes limpou a marcação e tocou para Omar Larrosa, que fez o corta luz para Tarantini. Ele cruzou da esquerda, Passarella escorou na segunda trave e Leopoldo Luque marcou de peixinho, quase dentro do gol. A defesa peruana reclamou um impedimento inexistente, mas o gol foi corretamente validado pelo árbitro francês Robert Wurtz. 4 a 0.

Com apenas cinco minutos do segundo tempo, a Argentina já estava com os pés na grande final. Bastava não sofrer gols. Ou marcar mais.

Quando o Peru começava a atacar, o técnico Marcos Calderón fazia sinais para que sua equipe recuasse. Babaca. Ridículo. Antiesportivo. Uma farsa.

Aos 22′, Kempes deixou com Ortiz, que avançou pela esquerda e cruzou rasteiro para a pequena área. A bola passou por Quiroga e René Houseman completou para o gol vazio. Houseman havia entrado no lugar de Bertoni três minutos antes. 5 a 0.

Na base da empolgação, a Argentina conseguiu o sexto gol aos 27′, em uma falha lamentável da defesa peruana, que deu a bola de presente. Chumpitaz bateu falta rápido para Raúl Gorriti, que perdeu a bola para Larrosa. Ele serviu Luque, que entrou na área e tocou na saída de Quiroga. Foi o segundo gol de Luque na partida e o quarto no Mundial. 6 a 0.

A seleção peruana havia tomado seis gols durante toda a Copa, mas sofreu seis gols apenas nessa partida.


(Imagem: Globo)

● Em uma Copa do Mundo, espera-se que as seleções entrem para dar tudo de si, superando com dedicação as deficiências técnicas. Em momento algum desse jogo o Peru jogou como se tivesse disputando uma Copa do Mundo. Era como uma presa que estava sendo engolida pelo predador, sem fazer nenhum esforço para se soltar. O Peru acabou sendo o principal responsável pela festa argentina pela classificação para a final em casa.

Ninguém do Peru compareceu à entrevista coletiva pós-jogo, nem o técnico e nem o capitão Chumpitaz.

“Llora Brasil! Llora Brasil! Argentina canta, llora Brasil!” Era uma música cantada a plenos pulmões pelas 42 mil pessoas que lotaral o estádio Gigante de Arroyito, em Rosário.

O polêmico resultado eliminou o Brasil e classificou a Argentina. Os albicelestes estavam de volta à decisão da Copa do Mundo 48 anos depois de sua única final, quando perderam para o Uruguai por 4 x 2 em 1930.

A vitória argentina coincidiu com a estreia do musical “Evita” em Londres, mas os únicos que choraram naquele dia foram os brasileiros.

Depois do jogo surgiram várias acusações de que o Peru havia entregado a partida. Em sua maioria, elas vinham de parte da imprensa e da delegação brasileira. Mas todas sem comprovação alguma. O técnico Cláudio Coutinho e Carlos Alberto Cavalheiro (membro da administração da CBD) convocaram uma entrevista para denunciar uma possível armação entre peruanos e argentinos. Coutinho declarou que o Brasil era o verdadeiro “campeão moral”.

A goleada motivou todo tipo de acusação contra Ramón Quiroga. Em uma delas, ele teria recebido US$ 10 mil para entregar o jogo. O goleiro sempre negou o suborno. Em uma entrevista, chegou a afirmar que havia percebido algo de errado, acusando de forma racista que os negros do elenco é que teriam aceitado o suborno. Realmente o goleiro não teve culpa nos gols, face à morosidade dos colegas. Quiroga tinha ido bem durante toda a Copa e chegou a defender um pênalti diante da Escócia.

O jornal inglês Sunday Times fez uma outra denúncia que nunca foi provada: que os argentinos fraudavam os testes antidoping, que a urina para os exames após a partida não eram fornecidas pelos jogadores – que teriam fortes doses de anfetaminas – mas por um homem que teria sido contratado só para ter sua urina colhida.

“Se me perguntam se a Junta Militar fez algo, vou dizer que não sei, mas essa gente estava preparada para absolutamente tudo. Tomara que não tenham feito nada, que o triunfo tenha sido simplesmente esportivo.” ― Osvaldo Ardiles, meia argentino.

Na decisão, a Argentina venceu a Holanda na prorrogação por 3 x 1 e conquistou seu primeiro título mundial.


(Imagem: Lance!)

“Teoria da conspiração”

Dez minutos antes de os jogadores peruanos entrarem em campo, eles receberam uma visita inusitada em pleno vestiário. Alguns deles estavam de cueca e outros nus quando o general argentino Jorge Rafael Videla entrou e fez ressoar sua voz metálica: “Irmãos latino-americanos!”

“Não sabia se terminava de me vestir, o que poderia ser interpretado como uma falta de educação, ou se o cumprimentava seminu”, disse um dos atletas peruanos ao escritor argentino Ricardo Gotta.

Com a companhia do diplomata dos EUA Henry Kissinger, Videla, “que era um especialista em toda demonstração mais ou menos explícita de intimidação”, segundo Gotta, seguiu discursando sobre a intensa “solidariedade” entre peruanos e argentinos.

Os jogadores peruanos entenderam o recado subliminar. Em seu interior, eles sabiam que, se o Peru vencesse, os militares argentinos poderiam assassiná-los depois da partida e colocar a culpa do “atentado” em algum grupo guerrilheiro. E os jogadores peruanos subiram ao campo tremendo.

“Aquele jogo não foi normal… foi esquisito”. “[A presença de Videla no vestiário] foi terrível… eu estava atrás de uma parede e ali fiquei. Não queria que isso interrompesse minha concentração” ― Juan Carlos Oblitas, em depoimento a Carlos del Frave, pesquisador esportivo de Rosário.

“[Videla era] um tipo que nos metia um pouco de medo”, disse anos depois o capitão peruano Héctor Chumpitaz.

Segundo Gotta, “a ditadura precisava chegar à final. E ganhar. Senão, teria sido um fracasso não somente esportivo, mas também político. O regime precisava da imagem de um país vencedor”.

O placar elástico gerou suspeitas por todo o mundo.

Ao retornarem ao seu país, os jogadores peruanos foram vaiados pela população. Ao descer do avião, em Lima, uma multidão atirou moedas aos jogadores.

Seguindo as considerações de Gotta, ele duvida que o goleiro Ramón Quiroga tenha sido o responsável pela derrota. “Ele defendeu muitíssimos ataques argentinos. Em torno de 13 a 15 jogadas que poderiam ter sido gol e não foram graças à sua habilidade. Mas a presença dos argentinos perto do arco era constante. Por isso, poderia suspeitar-se mais da atitude dos defensores peruanos [Jaime Duarte, Rodulfo Manzo, Roberto Rojas e Héctor Chumpitaz], que cometeram muitos erros.”

Apesar de tudo, Ramón Quiroga manteve uma boa imagem entre os peruanos, seguiu na seleção até 1985 e foi treinador de vários times do país nos anos seguintes. Em 2006, negou que ele ou seus pais (que sempre moraram em Rosário, a poucos quarteirões do estádio) haviam sido ameaçados pela ditadura.

Os outros jogadores peruanos suspeitos nunca exibiram sinais de riqueza nos anos seguintes. Um deles, Rodulfo Manzo, emigrou para a Itália onde se tornou caminhoneiro.

Em 2008, Mario “El Matador” Kempes, melhor jogador da Copa de 1978, afirmou que o jogo contra o Peru não teve menhum fator estranho ou anormal.

“Todos os jogos foram complicados. O primeiro, com a Hungria, foi suado, talvez por nossa falta de experiência. Outra grande seleção que enfrentamos, que custou muito esforço foi a França, com Platini na cabeça. A Itália, que nos venceu em Rosário. Os italianos são espetaculares, com seu poder ofensivo. E a seleção brasileira, que, seja lá quais forem seus jogadores, sempre impressionam positivamente. Mesmo na Copa dos Estados Unidos, em 1994, a seleção brasileira, que era ruim, foi campeã. Os brasileiros sempre, de algum modo, vão para a frente! E, no caso da Argentina com o Peru, foi um jogo normal. A seleção argentina havia ido ao Peru três meses antes da Copa e emplacado, se a memória não me falha, uns 3 gols a 0. Por isso, em 1978, a Argentina, precisando de quatro gols, foi ao ataque. A partir do primeiro gol tudo se normalizou. No segundo, começamos a acreditar que dava pra chegar à final. Para nós, tudo era esporte. Se houve algo por fora do futebol, eu não sei. Digo isso com a mão no coração: nós, no campo fomos superiores ao Peru. Não dá pra acusar nem o Oblitas, nem qualquer outro jogador peruano de qualquer coisa estranha. E muito menos o Quiroga, cujo arco metralhamos constantemente… Nunca será possível separar isso [a vitória polêmica sobre o Peru] de toda a Copa de 1978. Será uma mancha negra que teremos sobre as costas toda a vida. Nós fomos jogar futebol. Naquela época, somente as famílias dos desaparecidos, que sofreram horrores, é que sabiam o que estava ocorrendo. A imensa maioria dos argentinos não sabia de nada. Quando fomos jogar na Copa, fomos pelo futebol. Não fomos jogar para o Videla e sua cambada que estava no poder. Dentro de tudo isso, espero ter possibilitado minutos de felicidade – quem sabe – para essas pessoas que estavam sofrendo. Na época, não imaginávamos que posteriormente envolveriam os jogadores nessa questão política.” ― Mario Kempes.

“Investiguei todos os rumores sobre o jogo Peru x Argentina. A verdade é que ninguém tem provas. Mas, de toda forma, será o jogo ‘mais longo’ de toda a história mundial… pois parece que ainda não se concluiu. Nunca antes houve um embate em um estádio que seja tão comentado como esse, três décadas depois de ocorrido. E, além disso, os rumores crescem com o tempo. Acho que foi um jogo que a seleção argentina venceu justamente.” ― Pablo Llonto, jornalista argentino.


(Imagem: Lance!)

Teorias

São várias as teorias sobre o resultado da partida. Essas são as mais comuns:

― Videla teria subornado o governo peruano, comandado pelo general Francisco Morales Bermúdez, com um substancial carregamento de trigo argentino (14 mil toneladas, equivalente a US$ 100 milhões na época).

― A ditadura teria pago US$ 50 mil a todos os jogadores peruanos.

― A ditadura teria pago US$ 50 mil somente a alguns jogadores peruanos.

― A ditadura teria pago US$ 250 mil a integrantes da comissão técnica peruana.

― A ditadura teria utilizado um narcotraficante colombiano, Fernando Rodríguez Mondragón, do cartel de Cali, como intermediário para realizar um milionário suborno à Federação Peruana de Futebol. Essa história foi contada trinta anos depois no livro “El hijo del Ajedrecista 2”. De acordo com o livro, apenas quatro jogadores (de nomes não revelados), além do técnico Marcos Calderón, sabiam do esquema. O goleiro Quiroga (um dos principais suspeitos) aponta que teriam sido Rodulfo Manzo, Roberto Rojas e Raúl Gorriti – que entrou em campo quando o placar já apontava 4 a 0. Essa afirmação nunca foi provada.

― Tudo pode acontecer no futebol e o placar avantajado ocorreu por causas puramente esportivas, principalmente pela tarde inspirada de Mario Kempes. O Brasil também poderia ter vencido o Peru por um placar mais elástico ou até ter derrotado a Argentina, mas não o fez.


(Imagem: UOL)

FICHA TÉCNICA:

 

ARGENTINA 6 x 0 PERU

 

Data: 21/06/1978

Horário: 19h15 locais

Estádio: Gigante de Arroyito

Público: 37.315

Cidade: Rosário (Argentina)

Árbitro: Robert Wurtz (França)

 

ARGENTINA (4-3-3):

PERU (4-3-3):

5  Ubaldo Fillol (G)

21 Ramón Quiroga (G)

15 Jorge Olguín

2  Jaime Duarte

7  Luis Galván

3  Rodulfo Manzo

19 Daniel Passarella (C)

4  Héctor Chumpitaz (C)

20 Alberto Tarantini

22 Roberto Rojas

6  Américo Gallego

6  José Velásquez

12 Omar Larrosa

8  César Cueto

10 Mario Kempes

17 Alfredo Quesada

4  Daniel Bertoni

7  Juan José Muñante

14 Leopoldo Luque

10 Teófilo Cubillas

16 Oscar Alberto Ortiz

11 Juan Carlos Oblitas

 

Técnico: César Luis Menotti

Técnico: Marcos Calderón

 

SUPLENTES:

 

 

3  Héctor Baley (G)

1  Ottorino Sartor (G)

13 Ricardo La Volpe (G)

13 Juan Cáceres (G)

18 Rubén Pagnanini

5  Rubén Toribio Díaz

11 Daniel Killer

14 José Navarro

8  Rubén Galván

15 Germán Leguía

2  Osvaldo Ardiles

9  Percy Rojas

17 Miguel Oviedo

12 Roberto Mosquera

21 José Daniel Valencia

16 Raúl Gorriti

1  Norberto Alonso

18 Ernesto Labarthe

22 Ricardo Villa

19 Guillermo La Rosa

9  René Houseman

20 Hugo Sotil

 

GOLS:

21′ Mario Kempes (ARG)

43′ Alberto Tarantini (ARG)

49′ Mario Kempes (ARG)

50′ Leopoldo Luque (ARG)

67′ René Houseman (ARG)

72′ Leopoldo Luque (ARG)

 

CARTÕES AMARELOS:

36′ Alfredo Quesada (PER)

48′ José Velásquez (PER)

 

SUBSTITUIÇÕES:

51′ José Velásquez (PER) ↓

Raúl Gorriti (PER) ↑

 

64′ Daniel Bertoni (ARG) ↓

René Houseman (ARG) ↑

 

85′ Américo Gallego (ARG) ↓

Miguel Oviedo (ARG) ↑

Gols da partida (em inglês):

Gols do jogo e entrevista do general Videla à Rede Globo:

… 20/06/1998 – Bélgica 2 x 2 México

Três pontos sobre…
… 20/06/1998 – Bélgica 2 x 2 México


(Imagem: W Deportes)

● Historicamente, a seleção mexicana é participante contumaz das Copas do Mundo. Mas em certa época não foi bem assim. Em 1970 foi anfitrião, mas em 1974 deixou a vaga escapar para o Haiti. Foi ao Mundial de 1978, mas foi último colocado na classificação geral. Em 1982, ficou de fora caindo para Honduras e El Salvador. Em 1986, foi novamente o dono da casa. Em 1990, estava banido pela FIFA por dois anos por causa do “Escândalo dos Cachirules” (quando a seleção sub-20 jogou com vários jogadores com idade acima do permitido). Assim, de 1966 a 1994, a única vez que o México se classificou para uma Copa dentro de campo, havia sido em 1978. Mas a partir de 1994, os aztecas recuperaram o protagonismo em seu continente.

Nas eliminatórias de 1998, sofreram um pouco no Grupo 3 da terceira fase, após ficar em segundo lugar em uma chave com a líder Jamaica e apenas dois pontos à frente de Honduras. Mas no hexagonal final, conquistou a liderança com quatro vitórias e dois empates.

A defesa belga não tinha a consistência de outrora. Se antes podia contar com goleiros da estirpe de Jean-Marie Pfaff e Michel Preud’homme, Filip De Wilde não mantinha o mesmo nível – embora também não fosse ruim. A aposta era no ataque, com o maranhense naturalizado Luís Oliveira, o “Oliverrá”. Outro destaque era Luc Nilis, que havia sido grande parceiro de Ronaldo nos tempos de PSV. No banco, os irmãos Mbo e Émile Mpenza eram boas alternativas para o segundo tempo.

Na primeira rodada do Mundial, o México venceu a Coreia do Sul de virada por 3 x 1, com gols Ricardo Peláez e Luis Hernández (2).


(Imagem: Dusan Vranic / AP Photo)

● A seleção da Bélgica também é uma daquelas figurinhas carimbadas que costumam bater ponto nas Copas. Depois das ausências nas edições de 1974 e 1978, os Diables Rouges emendaram uma nova sequência a partir de 1982 – com destaque para 1986, no México, quando chegou às semifinais e terminou em quarto lugar. Em 1998 ainda haviam dois remanescentes da boa campanha de 1986: os meio-campistas Franky Van der Elst e Enzo Scifo.

No Grupo 7 das eliminatórias da UEFA, a Bélgica terminou em segundo lugar em seu grupo, apenas um ponto atrás da vizinha Holanda. Mas perdeu as duas partidas para os arquirrivais (0 x 3 em Bruxelas e 1 x 3 em Roterdã). E os belgas precisaram disputar o playoff dos segundos colocados em suas chaves. Após empate por 1 x 1 com a Irlanda em Dublin, venceu o jogo de volta por 2 x 1 no estádio Rei Balduíno. Ou seja: a Bélgica conseguiu sua vaga pela vantagem mínima e jogando o básico.

Campeão da Copa Ouro da CONCACAF em fevereiro, o técnico Manuel Lapuente tinha um forma curiosa de estimular seu elenco. Ele gostava de exibir filmes “que proporcionassem serenidade e gerassem confiança”. Em um desses filmes, os os jogadores tiveram de assistir ao voo de uma águia. Na convocação, ele deixou de fora os veteranos Benjamín Galindo e Carlos Hermosillo, que estavam em ótima fase jogando juntos pelo Cruz Azul.

Na partida de estreia da Copa, a Bélgica novamente enfrentou a Holanda. Dessa vez, o sistema defensivo montado pelo técnico Georges Leekens se sobressaiu e o jogo terminou sem gols.


A Bélgica jogou no sistema 4-4-2.


O México atuou no esquema 3-4-3.

● Se contra a rival Holanda a Bélgica não mostrou muita disposição para atacar, isso definitivamente mudou contra o México. O veterano Scifo voltava ao time titular, no lugar de Philippe Clement. Na defesa, Gordan Vidović ganhou a posição de Mike Verstraeten. Lesionado, o lateral direito Bertrand Crasson deu lugar a Éric Deflandre.

O técnico Manuel Lapuente mudou o sistema tático. O tradicional 4-4-2 deu lugar ao ofensivo e dinâmico 3-4-3. Saíram os meias Raúl Lara e Braulio Luna e entraram o zagueiro Joel Sánchez e o atacante Francisco Palencia.

Com a inteligência e experiência de Scifo no meio de campo, a Bélgica começou melhor.

Aos 17′, Danny Boffin precisou sair para a entrada de Gert Verheyen.

Aos 28′, Pavel Pardo foi expulso por jogada violenta.

O placar foi aberto apenas aos 42′. Oliveira cobrou escanteio da esquerda. A bola passou por todo mundo e chegou à segunda trave. Sem marcação, Marc Wilmots deixou a bola bater em sua barriga e ir para o gol. Ela ainda passou entre as pernas do goleiro Jorge Campos.

O próprio Wilmots ampliou a vantagem belga aos três minutos do segundo tempo. Ele avançou em velocidade, cortou a marcação de Davino, entrou na grande área, ganhou de Suárez na dividida e, mesmo caindo, teve tranquilidade para finalizar no canto esquerdo do goleiro. Um belo gol.


(Imagem: Pinterest)

Parecia que seria uma vitória tranquila os belgas, mas o México já tinha reagido diante da Coreia do Sul. E isso aconteceu novamente.

Com um homem a mais e dois gols de frente no placar, a Bélgica tinha o jogo na mão até os 10′ – momento em que Verheyen cometeu pênalti em Ramón Ramírez e foi expulso.

O capitão García Aspe diminuiu o placar cobrando a penalidade. Sem tomar distância, ele bateu firme de perna esquerda. A bola foi no canto esquerdo do goleiro Filip De Wilde, que até acertou o canto, mas não conseguiu pegar. A bola foi na “bochecha” da rede.

O gol deu fôlego para os aztecas, que empataram sete minutos depois. Ramón Ramírez recebeu lançamento pela esquerda, dominou e cruzou na segunda trave. Cuauhtémoc Blanco se esticou todo, de forma acrobática, e tocou com o pé esquerdo para mandar para a rede.

A Bélgica sentiu o gol de empate e pouco fez no restante da partida.

O México, esgotado por ter corrido tanto em busca do empate, também não tinha forças para algo a mais.


(Imagem: fmfstateofmind.com)

● No fim, pode se considerar que o México ganhou um ponto e que a Bélgica perdeu dois. Mas, mesmo com sabor amargo, o empate não foi um resultado totalmente ruim para os Diables Rouges. Bastava que eles vencessem a frágil Coreia do Sul por um bom placar na última rodada.

Por sua vez, pensando em classificação, o México precisava de um empate diante da Holanda ou então torcer para que a a Bélgica não vencesse a Coreia do Sul. E aconteceu tudo isso junto.

Na última rodada, a Bélgica saiu na frente, mas cedeu o empate aos sul-coreanos. Enquanto os mexicanos foram buscar o empate diante dos holandeses após estar perdendo por 2 x 0 novamente.

Embora tenha terminado a Copa invicta, a Bélgica caiu na primeira fase, com três empates em três partidas, com três gols marcados e três sofridos.

O México seguiu sua sina de cair nas oitavas de final (até 2018 são sete quedas consecutivas nessa fase). Dessa vez, perdeu de virada para a Alemanha por 2 x 1. Luis Hernández abriu o placar, marcando seu quarto gol na Copa. Mas a dupla alemã funcionou e fez dois gols, com Jürgen Klinsmann e Oliver Bierhoff – cada um marcando uma vez. Desde então, a o bordão clássico segue cada vez mais vivo: “O México jogou como nunca e perdeu como sempre”.


(Imagem: Acervo das Camisas)

Dentre vários uniformes lindos e inesquecíveis da Copa de 1998, com um festival de cores e excesso de detalhes, provavelmente o mais marcante seja o do México. Em um design deveras ousado, os mexicanos foram em busca de suas raízes e estamparam a imagem da “Pedra do Sol Asteca” em marca d’água nas suas duas camisas. O uniforme principal tinha camisa verde, calções brancos e meias vermelhas, justificando o apelido de El Tricolor. O fardamento reserva era todo branco. Cada qual mais lindo que o outro.

Naquela época, eu era um menino de doze anos e aquela seleção mexicana ficou em minha memória por vários motivos. Tanto pelo uniforme, quanto por jogar um futebol ofensivo no sistema 3-4-3, mas também pelos seus jogadores. Jorge Campos era um goleiro baixinho e espalhafatoso; Claudio Suárez era um zagueiro seguro que parecia um índio; Alberto García Aspe desfilava em campo com sua perna esquerda; Francisco Palencia era um atacante clássico que tinha um cabelo enorme com rabo de cavalo; Cuauhtémoc Blanco era muito habilidoso e inventou um drible chamado “cuauhtemiña” ou “canguru”, que ele segurava a bola com as duas pernas e pulava com ela sobre a marcação; e Luis Hernández, um centroavante clássico, de muito bom posicionamento e finalização, além do cabelo loiro sobre os ombros, muito característico e carismático. Era impossível não gostar desse time.


(Imagem: kitsclassicoswe10.blogspot.com)

FICHA TÉCNICA:

 

BÉLGICA 2 x 2 MÉXICO

 

Data: 20/06/1998

Horário: 17h30 locais

Estádio: Parc Lescure

Público: 31.800

Cidade: Bordeaux (França)

Árbitro: Hugh Dallas (Escócia)

 

BÉLGICA (4-4-2):

MÉXICO (3-4-3):

1  Filip De Wilde (G)

1  Jorge Campos (G)

22 Éric Deflandre

2  Claudio Suárez

3  Lorenzo Staelens

3  Joel Sánchez

4  Gordan Vidović

5  Duilio Davino

5  Vital Borkelmans

13 Pável Pardo

6  Franky Van der Elst (C)

20 Jaime Ordiales

14 Enzo Scifo

8  Alberto García Aspe (C)

21 Danny Boffin

7  Ramón Ramírez

7  Marc Wilmots

17 Francisco Palencia

8  Luís Oliveira

11 Cuauhtémoc Blanco

10 Luc Nilis

15 Luis Hernández

 

Técnico: Georges Leekens

Técnico: Manuel Lapuente

 

 

 

 

12 Philippe Vande Walle (G)

12 Oswaldo Sánchez (G)

13 Dany Verlinden (G)

22 Óscar Pérez (G)

2  Bertrand Crasson

18 Salvador Carmona

19 Eric Van Meir

16 Isaac Terrazas

15 Philippe Clement

4  Germán Villa

16 Glen De Boeck

6  Marcelino Bernal

17 Mike Verstraeten

14 Raúl Lara

11 Nico Van Kerckhoven

19 Braulio Luna

18 Gert Verheyen

21 Jesús Arellano

20 Émile Mpenza

10 Luis García

9  Mbo Mpenza

9  Ricardo Peláez

 

GOLS:

42′ Marc Wilmots (BEL)

47′ Marc Wilmots (BEL)

55′ Alberto García Aspe (MEX) (pen)

62′ Cuauhtémoc Blanco (MEX)

 

CARTÕES AMARELOS:

39′ Ramón Ramírez (MEX)

47′ Cuauhtémoc Blanco (MEX)

68′ Gordan Vidović (MEX)

 

CARTÕES VERMELHOS:

28′ Pável Pardo (MEX)

54′ Gert Verheyen (BEL)

 

SUBSTITUIÇÕES:

17′ Danny Boffin (BEL) ↓

Gert Verheyen (BEL) ↑

 

INTERVALO Francisco Palencia (MEX) ↓

Jesús Arellano (MEX) ↑

 

57′ Jaime Ordiales (MEX) ↓

Germán Villa (MEX) ↑

 

67′ Alberto García Aspe (MEX) ↓

Raúl Lara (MEX) ↑

 

67′ Franky Van der Elst (BEL) ↓

Glen De Boeck (BEL) ↑

 

77′ Luc Nilis (BEL) ↓

Émile Mpenza (BEL) ↑

Gols da partida:

… 19/06/1938 – Brasil 4 x 2 Suécia

Três pontos sobre…
… 19/06/1938 – Brasil 4 x 2 Suécia


(Imagem: CBF / Correio da Manhã)

● A bem da verdade, a Suécia chegou tão longe por causa dos “atalhos”. Foi sorteada na chave da Áustria, em jogo que não ocorreu (como contamos detalhadamente aqui). Nas quartas de final, enfrentou a inexpressiva seleção de Cuba e goleou por 8 a 0. E foi reprovada logo em seu primeiro teste, ao perder para a Hungria nas semifinais por 5 a 1. Assim, sem fazer força alguma, a Suécia estava entre os quatro melhores da Copa.

Por sua vez, a Seleção Brasileira só enfrentou adversários com alto grau de dificuldade. Nas oitavas, precisou da prorrogação para bater a Polônia por 6 a 5. Nas quartas, foram necessárias duas partidas para passar pela Tchecoslováquia (1 x 1 no primeiro duelo e 2 x 1 no jogo desempate). Na semi, não contou com Leônidas, mas mesmo assim vendeu caro a derrota por 2 a 1 para a então campeã Itália.

Confiante na vitória sobre a Itália, os dirigentes brasileiros já haviam comprado as passagens aéreas de Marselha a Paris, onde seria a final da Copa. Depois da derrota, tomados pela raiva, os brasileiros se recusaram a ceder as passagens aos italianos – que tiveram de fazer a viagem de trem. Também foi de trem a volta do Brasil para Bordeaux.

Aliás, certamente o Brasil foi a seleção mais prejudicada pelas viagens em toda a história das Copas. Jogou contra a Polônia em Estrasburgo. De lá, viajou 758 quilômetros até Bordeaux para enfrentar a Tchecoslováquia. Depois, andou mais 503 km até Marselha, onde enfrentou a Itália. E, pra encerrar, voltou até Bordeaux (mais 503 km). Ao todo foram 1.764 km, ou seja, quase dois dias em viagem de trem.

Assim, Brasil e Suécia se encontraram na partida que decidiu o 3º lugar da Copa de 1938. Curiosamente, esse jogo ocorreu simultaneamente à final, que foi disputada entre Itália e Hungria.

Leônidas não pôde jogar contra a Itália, mas se recuperou a tempo de atuar contra os suecos.


O Brasil atuava no sistema clássico, o 2-3-5, com muita fragilidade no sistema defensivo.


A Suécia também atuava no 2-3-5, como era comum na época, mas mais obediente taticamente do que o Brasil.

● O que mais chamava a atenção da imprensa estrangeira em relação à Seleção Brasileira na Copa de 1938 foi o abismo entre o alto nível técnico dos jogadores e a disposição tática rudimentar. As duas equipes eram escaladas no sistema clássico, mas a linha de meio-campo brasileira era mais estática, ao invés de ser mais combativa e focar na marcação. Afinal, no esquema 2-3-5, a defesa e o meio campo deveriam ser os responsáveis pela marcação da linha de frente adversária. Mas os médios brasileiros costumavam deixar os zagueiros muito expostos. Um pouco devido às características dos jogadores tupiniquins, mas também por causa da falta de entrosamento e da bagunça feita pelo técnico Ademar Pimenta.

A Suécia era uma equipe que passava muito longe de ter o talento brasileiro, mas era melhor distribuída em campo.

O confronto começou com certo equilíbrio, mas logo o Brasil começou a tomar conta do jogo. E desperdiçou várias oportunidades com Leônidas, Patesko e Roberto.

Aos 28′, Brandão errou o passe, Harry Andersson interceptou e lançou Sven Jonasson, que chutou forte para abrir o placar.

O escrete brasileiro tentou reagir, mas continuou errando muitos gols.

Os nórdicos aproveitaram para marcar o segundo, aos 38′. O perigoso Jonasson avançou pelo lado esquerdo e cruzou para Arne Nyberg, que driblou Machado e finalizou para notar o segundo tento de sua equipe.

No último minuto da etapa inicial, Zezé Procópio lançou Romeu, que driblou dois adversários e chutou para marcar. Esse gol aliviou um pouco a situação e permitiu que o Brasil fosse para o vestiário com menos peso sobre os ombros.

A Seleção voltou para o segundo tempo pressionando em busca do empate e teve a chance logo aos dois minutos. Domingos lançou para Romeu, que passou para Roberto. Ele invadiu a área e foi derrubado por Erik Almgren. O árbitro belga John Langenus assinalou o pênalti. Patesko foi o encarregado da cobrança, mas bateu por cima do gol.

O empate veio aos 18′. Zezé tocou para Romeu (o artífice da criação do ataque brasileiro), que cruzou para a área. Leônidas se antecipou e deu um toquinho para encobrir o goleiro Henock Abrahamsson.

A partir dali, o Brasil passou a ter o controle da partida e os brasileiros, enfim, conseguiram transformar a superioridade técnica em gols.

O terceiro saiu aos 29′. Leônidas fez uma triangulação com Roberto e Romeu pelo lado direito e, contrariando as suas características, chutou de longe para virar o jogo.

A dez minutos do fim, Romeu (sempre ele) trocou passes com Leônidas, que lançou Perácio. O atacante do Botafogo mandou uma bomba de fora da área, sem chances para o goleiro sueco.

Cabe ressaltar que esse foi o único jogo em que Domingos da Guia passou sem cometer algum pênalti. Ele havia cometido três nos três jogos anteriores – justamente pela falta de proteção à defesa.


(Imagem: Pinterest)

● Essa até hoje é a maior virada brasileira na história das Copas.

No fim, ambos os países estavam orgulhosos por terem emplacado suas melhores campanhas em Copas até então.

A classificação final fez nascer no Brasil inteiro um sentimento de orgulho pelo bom desempenho da Seleção.

A delegação chegou de volta ao Rio de Janeiro 15 dias depois e teve uma recepção “apoteótica”, segundo o cronista Thomas Mazzoni, de A Gazeta Esportiva. Antes, o navio Almanzora teve que fazer escalas em Recife e Salvador e a recepção foi igualmente frenética. Na Bahia, um torcedor chegou a roubar o sapato de Leônidas. No Rio, às 15h30 de 02 de julho, o navio iniciou as manobras para atracar no porto e a polícia teve dificuldades para manter o cordão de isolamento que impedia o público de se aproximar do cais.

Em seguida, os jogadores desfilaram em carros abertos pela Avenida Rio Branco. Leônidas era o mais assediado e precisou ser conduzido em um veículo de transportes de soldados do Corpo de Fuzileiros Navais, protegido por uma brigada inteira de militares. Ainda assim, o cortejo não se movia e a polícia teve que fazer uso de força para que o público deixasse o desfile acontecer. A alegria era tamanha que os torcedores esqueceram todas as críticas anteriores. Até o técnico foi aplaudido e carregado pela multidão.

Como sempre, as autoridades políticas fizeram questão de posar para fotos com os jogadores, especialmente os mais populares segundo um concurso feito na época pelo Cigarro Magnólia: Leônidas, Domingos da Guia e Romeu.

Leônidas da Silva foi o artilheiro do certame com sete gols, sendo o único brasileiro a marcar gols em todas as partidas que disputou em Copas (fez um gol também em 1934). Aproveitando-se da popularidade de Leônidas, a Lacta lançou a barra de chocolate “Diamante Negro”, em referência ao apelido que o craque tinha recebido dos uruguaios em 1932.


A multidão se aglomera para receber a delegação brasileira (Imagem: CBF / Correio da Manhã)

FICHA TÉCNICA:

 

BRASIL 4 x 2 SUÉCIA

 

Data: 19/06/1938

Horário: 17h00 locais

Estádio: Parc Lescure

Público: 12.000

Cidade: Bordeaux (França)

Árbitro: John Langenus (Bélgica)

 

BRASIL (2-3-5):

SUÉCIA (2-3-5):

Walter (G)

Henock Abrahamsson (G)

Domingos da Guia

Ivar Eriksson

Machado

Erik Nilsson

Zezé Procópio

Erik Almgren

Brandão

Arne Linderholm

Afonsinho

Kurt Svanström (C)

Roberto

Åke Andersson

Romeu Pellicciari

Sven Jonasson

Leônidas da Silva (C)

Arne Nyberg

Perácio

Harry Andersson

Patesko

Erik Persson

 

Técnico: Ademar Pimenta

Técnico: József Nagy

 

SUPLENTES:

 

 

Batatais (G)

Gustav Sjöberg (G)

Jaú

Olle Källgren

Nariz

Harry Nilsson

Britto

Sven Jacobsson

Martim Silveira

Karl-Erik Grahn

Argemiro

Curt Bergsten

Lopes

Lennart Bunke

Luisinho Mesquita de Oliveira

Knut Hansson

Niginho

Tore Keller

Tim

Sven Unger

Hércules

Gustav Wetterström

 

GOLS:

28′ Sven Jonasson (SUE)

38′ Arne Nyberg (SUE)

44′ Romeu Pellicciari (BRA)

63′ Leônidas da Silva (BRA)

74′ Leônidas da Silva (BRA)

80′ Perácio (BRA)

Imagens da partida:

… 18/06/1974 – Iugoslávia 9 x 0 Zaire

Três pontos sobre…
… 18/06/1974 – Iugoslávia 9 x 0 Zaire


(Imagem: Sem Firulas)

● Antes de falarmos sobre futebol, precisamos entender o contexto da época.

O Zaire foi o primeiro país da África subsaariana (África negra) e apenas o terceiro país de todo continente a disputar uma Copa do Mundo, após Egito em 1934 e Marrocos em 1970.

O nome do país Zaire (Zaïre, em francês) é derivado da língua portuguesa – originalmente uma má pronúncia do termo do idioma congo “nzere” ou “nzadi”, que significa “o rio que traga todos os rios”.

O país teve muitos nomes em sua história. Foi Estado Livre do Congo (1885-1908), Congo Belga (1908-1960), República do Congo (ou Congo-Léopoldville, 1964-1971) até passar a se chamar Zaire (1971-1997). Desde o fim da Primeira Guerra do Congo, em 17/05/1997, o país adotou o nome de República Democrática do Congo.

O Zaire era liderado com mão de ferro pelo ditador Mobutu Sese Seko, que, além de ter sido um dos mais poderosos e autoritários governantes da época, ficou marcado por ser um grande entusiasta do esporte e pelo uso de um gorro de pele de leopardo e uma bengala de madeira toda desenhada.

Em 1974, seu país era o centro mais importante do continente nos esportes. No fim daquele ano aconteceria na capital Kinshasa a “luta do século” (“The rumble in the jungle”“A luta na floresta”) no boxe entre Muhammad Ali e George Foreman. No futebol africano, o país também dava as cartas. O AS Vita Club foi o campeão da Copa Africana dos Campeões (atual Liga dos Campeões da CAF) de 1973. No início de 1974, a seleção conquistou segundo título da Copa Africana das Nações (o primeiro e único com o nome de Zaire).


(Imagem: Goal)

Empolgado, o presidente prometeu carros, casas e férias no exterior para os jogadores caso eles conseguissem a única vaga do continente para a Copa do Mundo de 1974. Nas eliminatórias, os “Leopardos” justificaram a supremacia continental. Na primeira fase, eliminou Togo por 4 x 0 no placar agregado. Na segunda fase, precisou do jogo extra para passar por Camarões (2 x 0). Na terceira fase, bateu Gana (4 x 2 ao todo). No triangular final, venceu todas as partidas diante de Zâmbia e Marrocos. O artilheiro foi Uba Kembo com seis gols.

O técnico dos Leopardos era o ex-goleiro iugoslavo Blagoje Vidinić, campeão olímpico pelo seu país em 1960. Ele havia sido o treinador do Marrocos na Copa de 1970. Vidinić era o responsável por treinar uma equipe inteiramente formada por jogadores que atuavam no próprio país – uma nação subdesenvolvida em um regime ditatorial.

Mas o Zaire tinha a melhor preparação possível: um técnico estrangeiro com experiência em Copa, treinamento adequado, promessas de premiações felpudas, além um uniforme que entraria para a história pela sua peculiaridade. A camisa usada pela seleção na competição quebrou todos os padrões da época, ao estampar a figura de um leopardo dentro de um círculo com a inscrição “Leopards” e o nome “Zaïre” logo abaixo, no centro da camisa.

Os principais destaques do time eram o goleiro Kazadi (melhor arqueiro da história do país), o zagueiro Bwanga (melhor jogador da África em 1973 e eleito pela IFFHS o melhor jogador zairense em todos os tempos – primo do goleiro Kazadi), o meia Ndaye (autor de nove gols na CAN de 1974) e o atacante Mayanga (apelidado de “brasileiro” pela sua habilidade).

Mas ainda era muito pouco para encarar as tarimbadas seleções do Grupo 2 do Mundial: Escócia, Iugoslávia e o tricampeão Brasil.

O Zaire até começou jogando bem contra a Escócia, mas acabou perdendo por 2 x 0. Após essa partida, os jogadores descobriram que haviam sido enganados. Os dirigentes do país embolsaram o dinheiro destinado à seleção e comunicaram que os prêmios não seriam mais pagos. Indignados e furiosos, os jogadores ameaçaram a entrar em greve. Apesar disso, a equipe entrou em campo para a segunda partida, diante dos iugoslavos. Mas seria melhor nem ter entrado.


(Imagem: China Daily)

● A Iugoslávia voltava a disputar uma Copa do Mundo depois de 12 anos. A última havia sido a ótima participação em 1962, no Chile, quando terminou em 4º lugar.

Em um grupo com Brasil, Escócia e Zaire, teoricamente os iugoslavos tinham boa chance de êxito.

Os Plavi (“azuis”, em sérvio) tinham bons jogadores, especialmente do meio para frente, como Dušan Bajević, Ivica Šurjak, Ilija Petković e, principalmente, Dragan Džajić.

E começou bem, empatando sem gols com o Brasil de Zagallo, que vinha de seis vitórias consecutivas em Mundiais e o título incontestável de 1970.

A segunda partida da Iugoslávia seria contra o Zaire.


O técnico Miljan Miljanić montou seu time no sistema 4-3-3 ofensivo, com muita chegada dos meias ao ataque.


Também iugoslavo, Blagoje Vidinić escalou o Zaire a campo em um 4-3-3 na teoria. Na prática, só se via a desorganização e o desespero em campo.

● As teorias da conspiração colocam o técnico Blagoje Vidinić como um dos principais vilões naquela noite. Estranhamente, o treinador deixou Mayanga no banco. O atacante tinha sido o melhor em campo diante dos escoceses. Uma das versões é que ele enfraqueceu seu time de forma deliberada para facilitar mais ainda para seu país de origem. Em outra, ele simplesmente obedeceu uma ordem expressa do presidente Mobutu exigindo a escalação de reservas que eram apoiadores do regime.

De qualquer forma, os iugoslavos precisavam vencer e trataram de liquidar logo o jogo. Os gols foram saindo com extrema facilidade.

Aos oito minutos jogados, Džajić avançou pelo lado esquerdo e cruzou para a pequena área. Bajević subiu e marcou de cabeça. 1 a 0.

Aos 14′, Džajić cobrou falta da entrada da área e acertou o ângulo esquerdo do goleiro. 2 a 0.

Quatro minutos depois, Jovan Aćimović lançou Šurjak, que recebeu dentro da área, girou e bateu cruzado de perna esquerda. 3 a 0.

Inexplicavelmente, aos 21′, o técnico Vidinić trocou o bom goleiro titular Kazadi pelo reserva Tubilandu, de apenas 1,68 m. Se seu time estava sofrendo um gol atrás do outro justamente pela deficiência defensiva na bola aérea, não tem sentido algum colocar um goleiro mais baixo, com menos qualidade e experiência do que o titular. Foi a primeira vez na história das Copas que um treinador trocou os goleiros sem ter havido uma contusão.

Tubilandu não havia nem se posicionado no gol ainda e já sofreu o quarto gol. Em uma cobrança de falta da direita, Ivan Buljan cruzou para a área. Josip Katalinski dominou livre na pequena área e bateu no alto. A defesa do Zaire parou pedindo um impedimento que não existia. 4 a 0.

Na reclamação após o gol, o lateral direito Mwepu tentou agredir com um chute o árbitro Omar Delgado. O juiz colombiano até conseguiu evitar o golpe, mas se confundiu quanto ao agressor e acabou expulsando outro jogador, Ndaye (o melhor do time). Mesmo Mwepu assumindo a responsabilidade pela agressão, Delgado manteve a expulsão equivocada.


(Imagem: Pinterest)

Perdendo por quatro gols e com um jogador a menos desde os 22 minutos, o Zaire se perdeu de vez.

Os iugoslavos impuseram ao reserva Tubilandu uma tarde ainda mais cruel do que já tinham imposto a Kazadi.

Aos 30′, Petković avançou pela direita e cruzou. Bajević subiu e cabeceou a direita, da linha da pequena área. 5 a 0.

Cinco minutos depois, Katalinski disputou com o goleiro pelo alto e a bola sobrou para Vladislav Bogićević, que tocou de cabeça para o gol. 6 a 0.

Só no intervalo, após estar perdendo por 6 x 0, que Vidinić mandou Mayanga a campo. Ele pouco conseguiu tocar na bola.

Aos 16′ do segundo tempo, Branko Oblak cobrou falta. Tubilandu tentou segurar, falhou feio e a bola entrou no canto direito. 7 a 0.

Após o sétimo gol, o responsável pelo controle do placar em Gelsenkirchen entrou em pânico, pois não havia espaço para exibir o nome do autor dos gols seguintes, caso houvessem. Assim, ele foi prático ao informar o placar e o número da camisa de quem fez o oitavo e o nono gol.


(Imagem: Twitter @SerbianFooty)

Quatro minutos depois, Aćimović foi desarmado na meia lua. A bola ficou com Petković, que dominou e bateu no canto. 8 a 0.

O placar foi fechado aos 36′. Džajić cruzou da esquerda e Aćimović escorou de cabeça para Bajević. Na pequena área, o camisa 19 chutou de primeira e marcou seu “hat trick”. 9 a 0.

O apito final do árbitro soou mais como misericórdia para os massacrados Leopardos.

“Estávamos estáticos em campo. Os zagueiros estavam nervosos, nossa marcação não encaixava e não conseguimos criar. Não tivemos oportunidades claras. Mostramos realmente o nosso amadorismo.” ― Mayanga Maku


(Imagem: Alamy)

● Esse placar igualou a maior goleada de todas as Copas até então, que havia sido Hungria 9 x 0 Coreia do Sul, em 1954. E só seria superado em 1982, quando a Hungria venceu El Salvador por 10 a 1. A bem da verdade, poderia ter sido mais humilhante se os iugoslavos não tivessem desacelerado no segundo tempo.

Na última rodada, a Iugoslávia empatou com a Escócia por 1 x 1 e se classificou em primeiro lugar do Grupo 2, deixando o Brasil em segundo no saldo de gols.

A segunda fase da Copa de 1974 não era composta por oitavas ou quartas de final em partidas eliminatórias (o famoso mata-mata), mas sim uma nova fase de grupos, que classificaria o vencedor para a final. Nessa fase, pelo Grupo B, a Iugoslávia acabou perdendo as três partidas: 2 x 0 para a Alemanha Ocidental, 2 x 1 para a Polônia e 2 x 1 para a Suécia. Acabou terminando a competição em 7º lugar.


(Imagem: Alamy)

● Ainda no vestiário, os jogadores receberam a visita de emissários do ditador Mobutu com uma ameaça: se sofressem quatro ou mais gols diante do Brasil, não voltariam vivos para casa. Felizmente, para os Leopardos, a derrota foi “apenas” por 3 a 0. O Zaire encerrou sua única participação na história das Copas com três derrotas em três jogos, nenhum gol marcado e 14 gols sofridos.

No retorno da delegação ao ao país africano, não havia ninguém para recebê-los no aeroporto de Kinshasa. A maioria dos atletas nunca mais voltaria à seleção. Nenhuma premiação prometida foi paga aos jogadores, que foram impedidos de jogar em clubes do exterior. Quase todos viveram o resto de suas vidas na pobreza. Pouco depois o governo parou de financiar o futebol do país. O Zaire nunca mais se classificou a uma Copa do Mundo.

Em nível de clubes, o país até tem certo destaque com o TP Mazembe, que é o segundo maior campeão da Champions Africana com cinco títulos e o vice-campeonato do Mundial de Clubes de 2010, quando eliminou o Internacional na semifinal.

Curiosamente, Rio Mavuba, jogador que defendeu a França na Copa de 2014, é filho de um dos jogadores daquela seleção do Zaire, Mafuila Mavuba, volante reserva. Filho de mãe angolana, Rio Mavuba era originalmente apátrida, pois nasceu em um bote em pleno alto mar, em águas internacionais, quando seus pais buscavam refúgio da Guerra Civil Angolana.

No histórico 7 x 1 da Alemanha sobre o Brasil, em 2014, a Seleção brasileira bateu um recorde negativo que pertencia ao Zaire em 1974. Os Leopardos haviam sofrido cinco gols nos primeiros 30 minutos. Os Canarinhos demoraram 29 minutos para sofrer o quinto gol.


(Imagem: Getty Images / FIFA)

FICHA TÉCNICA:

 

IUGOSLÁVIA 9 x 0 ZAIRE

 

Data: 18/06/1974

Horário: 19h30 locais

Estádio: Parkstadion

Público: 31.700

Cidade: Gelsenkirchen (Alemanha Ocidental)

Árbitro: Omar Delgado Gómez (Colômbia)

 

IUGOSLÁVIA (4-3-3):

ZAIRE (4-3-3):

1  Enver Marić (G)

1  Kazadi Mwamba (G)

2  Ivan Buljan

2  Mwepu Ilunga

5  Josip Katalinski

4  Bwanga Tshimen

6  Vladislav Bogićević

5  Lobilo Boba

3  Enver Hadžiabdić

3  Mwanza Mukombo

10 Jovan Aćimović

6  Kilasu Massamba

8  Branko Oblak

8  Mana Mamuwene

9  Ivica Šurjak

13 Ndaye Mulamba

7  Ilija Petković

9  Kembo Uba Kembo

19 Dušan Bajević

10 Kidumu Mantantu (C)

11 Dragan Džajić (C)

21 Kakoko Etepé

 

Técnico: Miljan Miljanić

Técnico: Blagoje Vidinić

 

SUPLENTES:

 

 

21 Ognjen Petrović (G)

12 Tubilandu Ndimbi (G)

22 Rizah Mešković (G)

22 Kalambay Otepa (G)

13 Miroslav Pavlović

16 Mwape Mialo

14 Luka Peruzović

11 Kabasu Babo

15 Kiril Dojčinovski

18 Mavuba Mafuila

4  Dražen Mužinić

15 Kibonge Mafu

16 Franjo Vladić

17 Kafula Ngoie

20 Vladimir Petrović

7  Kamunda Tshinabu

12 Jurica Jerković

19 Mbungu Ekofa

17 Danilo Popivoda

20 Jean Kalala N’Tumba

18 Stanislav Karasi

14 Mayanga Maku

 

GOLS:

8′ Dušan Bajević (IUG)

14′ Dragan Džajić (IUG)

18′ Ivica Šurjak (IUG)

22′ Josip Katalinski (IUG)

30′ Dušan Bajević (IUG)

35′ Vladislav Bogićević (IUG)

61′ Branko Oblak (IUG)

65′ Ilija Petković (IUG)

81′ Dušan Bajević (IUG)

 

CARTÃO AMARELO: 54′ Enver Hadžiabdić (IUG)

 

CARTÃO VERMELHO: 22′ Ndaye Mulamba (ZAI)

 

SUBSTITUIÇÕES:

21′ Kazadi Mwamba (ZAI) ↓

Tubilandu Ndimbi (ZAI) ↑

 

INTERVALO Kakoko Etepé (ZAI) ↓

Mayanga Maku (ZAI) ↑

Clique aqui para ver todos os gols da partida em português (Rede Globo):
https://globoesporte.globo.com/futebol/copa-do-mundo/video/em-1974-iugoslavia-goleia-o-zaire-por-9-a-0-na-copa-do-mundo-3485091.ghtml

… 16/06/2006 – Argentina 6 x 0 Sérvia e Montenegro

Três pontos sobre…
… 16/06/2006 – Argentina 6 x 0 Sérvia e Montenegro


(Imagem: UOL)

● A Argentina era um time forte, experiente, técnico, com muitas excelentes opções para a linha de frente: Hernán Crespo, Javier Saviola, Rodrigo Palacio, Julio Cruz, Carlitos Tévez e Lionel Messi.

Na primeira partida, a albiceleste havia vencido a estreante Costa do Marfim por 2 x 1. Sérvia e Montenegro tinha perdido para a Holanda por 1 x 0.

Como a FIFA considerava Sérvia e Montenegro a herdeira das estatísticas da antiga Iugoslávia, essa era a décima participação em Copas do Mundo.

Mas havia um péssimo ambiente interno. Sérvia e Montenegro se desmembraram em dois países distintos apenas treze dias antes da Copa. O país existiu com esse nome apenas de 04/02/2003 a 03/06/2006.

Apesar disso, a seleção havia chegado com moral na Copa, com uma defesa considerada entre as mais sólidas da Europa. Nas eliminatórias, sofreu apenas um gol em dez partidas. Mas, por lesão, não podiam contar com seu melhor zagueiro, Nemanja Vidić – que posteriormente se tornaria capitão e ídolo do Manchester United.

Havia uma pressão da torcida sérvia para que o técnico Ilija Petković convocasse o meia Dejan Petković (que não tinha nenhum parentesco com o treinador). Bastante conhecido no Brasil, “Pet” (como ainda hoje é carinhosamente chamado), estava em ótima fase pelo Fluminense. O próprio capitão da seleção, Savo Milošević, admitia que Pet poderia ter um lugar no time.

O técnico insistia que tinha um bom grupo e que não seria justo retirar alguém que fez parte do grupo que conquistou a classificação para a Copa para dar espaço a Pet. Mas ele teve a chance quando o atacante Mirko Vučinić precisou ser cortado por lesão. Vučinić era um dos dois montenegrinos do elenco – o outro era o goleiro Dragoslav Jevrić, que preferiu manter a cidadania sérvia após a cisão dos dois países.

Com o corte de Vučinić, o treinador convocou “D. Petković“. Muitos ligaram para Pet no Brasil para dar os parabéns, mas… não era ele! Era o zagueiro Dušan Petković, filho do técnico! Ele não era convocado desde 2004 e foi muito atacado pela mídia de seu país, tanto por terem considerado nepotismo quanto pelo fato de ter sido convocado um defensor para a vaga de um atacante.

O elenco se rebelou e Dušan Petković não aguentou a pressão, deixando a delegação antes de chegarem à Alemanha. “É muita pressão para mim, para meu pai e meus companheiros”, afirmou Dušan. Sua seleção acabou disputando a Copa com um jogador a menos.

No início das partidas, novo momento de constrangimento para os jogadores sérvio-montenegrinos. O hino tocado era o da fase comunista da antiga Iugoslávia, que não era cantado pelos jogadores e vaiado pela torcida.


Muito bem treinada por José Pekerman, a Argentina jogou no sistema 4-4-2 em losango, com Riquelme jogando como “enganche”.


A Sérvia e Montenego foi escalada no esquema 4-4-2, com duas linhas de quatro.

● Em Gelsenkirchen, a Argentina apresentou um espetáculo que ficou na memória.

O ataque argentino descobriu logo cedo a fórmula para se sobressair diante da defesa sérvia. Sem deixar o adversário respirar, abusou dos passes rápidos e movimentação constante, especialmente de Javier Saviola.

Logo aos seis minutos, o próprio Saviola avançou pela esquerda e rolou para o meio da área. Maxi Rodríguez bateu deslocando o goleiro Dragoslav Jevrić e abriu o placar.

O segundo gol saiu apenas aos 31′, em uma troca de passes envolvente que se tornou uma verdadeira obra de arte. A jogada começou com Maxi Rodríguez roubando a bola no campo defensivo. A bola passou por Cambiasso, Riquelme, Sorín, girou da direita para a esquerda e voltou da esquerda para a direita, até que Saviola tocou para Cambiasso, que deu de primeira para Hernán Crespo, que devolveu de calcanhar. Esteban Cambiasso mandou para o gol. Desde a roubada de bola até a conclusão, foram 26 passes precisos – um símbolo do estilo de jogo argentino. Foi um gol que, pela dinâmica e pela finalização, lembrou um pouco o último gol de Maradona em Copas, diante da Grécia, em 1994. 2 a 0.

Com uma marcação frágil no meio e uma defesa pesada, os sérvios foram colocados literalmente na roda pelas tabelas envolventes dos albicelestes.

Dez minutos depois, o terceiro. Com uma falta não marcada pelo árbitro italiano Roberto Rosetti, Saviola roubou a bola de Mladen Krstajić, entrou na área e chutou cruzado. Jevrić espalmou para o canto, mas Maxi Rodríguez apareceu na segunda trave e completou para o gol. A bola ainda bateu na trave e no pé do zagueiro Goran Gavrančić antes de entrar. 3 a 0.

Após virar o intervalo vencendo por 3 a 0, os hermanos tiraram o pé e diminuíram o ritmo na etapa final.

Mateja Kežman foi expulso aos 20′ da segunda etapa, facilitando mais ainda o controle de jogo argentino.


(Imagem: 90 min)

Aos 29 minutos do segundo tempo, pouca gente se deu conta de que estava ocorrendo um momento histórico no futebol. Com a camisa 19, foi esse o momento que Lionel Messi pisou no gramado da Arena AufSchalke, em Gelsenkirchen. Era sua estreia em Copas do Mundo. Com 18 anos, Messi já começava a ganhar espaço no excelente time titular do Barcelona, que havia conquistado a UEFA Champions League da temporada 2005/06. No ano seguinte já se tornaria protagonista e três anos mais tarde seria eleito o melhor jogador do mundo.

Três minutos depois de entrar, em sua primeira jogada, Messi driblou um adversário, foi até a linha de fundo e cruzou rasteiro da ponta esquerda. Crespo apareceu na segunda trave, se antecipou a um adversário e marcou. 4 a 0.

O quinto tento veio seis minutos depois. Riquelme lançou Carlitos Tévez, que passou a bola entre as pernas de Gavrančić, cortou a marcação de Igor Duljaj e tocou rasteiro na saída do goleiro Jevrić. 5 a 0.

O último prego no caixão servo-montenegrino foi aos 43′. Juan Román Riquelme tocou para Tévez, que tabelou com Crespo e recebeu de volta. Ele enxergou a infiltração de Messi e deu o passe na medida. Messi dominou e bateu cruzado de pé direito, marcando seu primeiro gol em Copas do Mundo.

Com esse placar esmagador, o status de favorito ficou ainda mais estampado na albiceleste.

Essa vitória igualou a maior goleada aplicada pela Argentina em Copas do Mundo (a maior até então havia sido o “famoso” 6 a 0 sobre o Peru na Copa de 1978).


(Imagem: Goal)

● Na sequência, a Argentina empatou sem gols com a Holanda e assegurou a liderança do Grupo C no saldo de gols. Nas oitavas de final, precisou de um golaço ouro de Maxi Rodríguez para eliminar o México na prorrogação de virada por 2 x 1. Nas quartas de final, depois de um jogo duríssimo diante da anfitriã Alemanha, acabou caindo na decisão por pênaltis por 4 x 2, após empate por 1 x 1 no tempo normal.

Por sua vez, a Sérvia e Montenegro perdeu para a Costa do Marfim por 3 x 2 e terminou com três derrotas em três jogos. Na classificação geral, foi a última dentre as 32º seleções do Mundial.

Após a Copa, cinco jogadores sérvios foram punidos pela federação do país por terem cometido alguma indisciplina durante a competição: Mateja Kežman, Ognjen Koroman, Danijel Ljuboja, Zvonimir Vukić e Albert Nađ. Este último até jogou contra a Costa do Marfim, mas os outros quatro foram criticados por terem deixado a Alemanha antes do restante da delegação.

Embora Dušan Petković nem tenha jogado, o caso dele é um dos raros em que um pai atuou por uma seleção e o filho por outra, já que Ilija Petković havia jogado pela Iugoslávia em 1974. Outro caso que envolve dissolução de países foi o de Vladimír Weiss, que jogou pela Tchecoslováquia em 1990 e seu filho, de mesmo nome, atuou pela Eslováquia em 2010. O último caso envolve imigração: Martín Ventolrá jogou a Copa de 1934 pela Espanha e seu filho, José Vantolrá, atuou pelo México em 1970.

O meia Dejan Stanković disputou três Copas do Mundo, por três países diferentes. Ele representou a Iugoslávia em 1998, a Sérvia e Montenegro em 2006 e a Sérvia em 2010.


(Imagem: Twitter @OptaJoe)

FICHA TÉCNICA:

 

ARGENTINA 6 x 0 SÉRVIA E MONTENEGRO

 

Data: 16/06/2006

Horário: 15h00 locais

Estádio: Arena AufSchalke (atual Veltins-Arena)

Público: 52.000

Cidade: Gelsenkirchen (Alemanha)

Árbitro: Roberto Rosetti (Itália)

 

ARGENTINA (4-3-1-2):

SÉRVIA E MONTENEGRO (4-4-2):

1  Roberto Abbondanzieri (G)

1  Dragoslav Jevrić (G)

21 Nicolás Burdisso

4  Igor Duljaj

2  Roberto Ayala

6  Goran Gavrančić

6  Gabriel Heinze

20 Mladen Krstajić

3  Juan Pablo Sorín (C)

15 Milan Dudić

8  Javier Mascherano

7  Ognjen Koroman

22 Lucho González

17 Albert Nađ

18 Maxi Rodríguez

10 Dejan Stanković

10 Juan Román Riquelme

11 Predrag Đorđević

7  Javier Saviola

9  Savo Milošević (C)

9  Hernán Crespo

8  Mateja Kežman

 

Técnico: José Pékerman

Técnico: Ilija Petković

 

SUPLENTES:

 

 

12 Leo Franco (G)

23 Vladimir Stojković (G)

23 Óscar Ustari (G)

12 Oliver Kovačević (G)

4  Fabricio Coloccini

14 Nenad Đorđević

17 Leandro Cufré

5  Nemanja Vidić

15 Gabriel Milito

16 Dušan Petković (cortado da
delegação)

13 Lionel Scaloni

3  Ivica Dragutinović

5  Esteban Cambiasso

13 Dušan Basta

16 Pablo Aimar

2  Ivan Ergić

19 Lionel Messi

18 Zvonimir Vukić

14 Rodrigo Palacio

22 Saša Ilić

11 Carlos Tevez

21 Danijel Ljuboja

20 Julio Cruz

19 Nikola Žigić

 

GOLS:

6′ Maxi Rodríguez (ARG)

31′ Esteban Cambiasso (ARG)

41′ Maxi Rodríguez (ARG)

78′ Hernán Crespo (ARG)

84′ Carlos Tevez (ARG)

88′ Lionel Messi (ARG)

 

CARTÕES AMARELOS:

7′ Ognjen Koroman (SER)

27′ Albert Nađ (SER)

36′ Hernán Crespo (ARG)

42′ Mladen Krstajić (SER)

 

CARTÃO VERMELHO:
65′ Mateja Kežman (SER)

 

SUBSTITUIÇÕES:

17′ Lucho González (ARG) ↓

Esteban Cambiasso (ARG) ↑

 

INTERVALO Albert Nađ (SER) ↓

Ivan Ergić (SER) ↑

 

50′ Ognjen Koroman (SER) ↓

Danijel Ljuboja (SER) ↑

 

59′ Javier Saviola (ARG) ↓

Carlos Tevez (ARG) ↑

 

70′ Savo Milošević (SER) ↓

Zvonimir Vukić (SER) ↑

 

75′ Maxi Rodríguez (ARG) ↓

Lionel Messi (ARG) ↑

Gols da partida:

… 15/06/2018 – Portugal 3 x 3 Espanha

Três pontos sobre…
… 15/06/2018 – Portugal 3 x 3 Espanha


(Imagem: FIFA.com)

● Desde o sorteio, as expectativas eram altíssimas para essa partida. E a espera se pagou, com um dos melhores jogos das últimas Copas.

A Espanha ainda sofria pelo fim da geração “tiki-taka”. Carles Puyol e Xabi Alonso haviam aposentado e outros ícones já não estavam no radar da seleção, como Iker Casillas, Cesc Fàbregas, David Villa e Fernando Torres. A renovação necessária foi muito bem feita pelo técnico Julen Lopetegui, dando maior protagonismo a jogadores como Koke, Isco, Thiago Alcântara e Marco Asensio. Mas eram os experientes remanescentes que ainda ditavam o ritmo: Sergio Ramos, Gerard Piqué, Sergio Busquets, Jordi Alba, David Silva e Andrés Iniesta.

Com essa junção de juventude e experiência, a Fúria foi dominante nas eliminatórias para o Mundial de 2018, com nove vitórias e apenas um empate (com a Itália, em Turim).

Mas uma bomba explodiu dois dias antes da estreia na Copa: o treinador Julen Lopetegui foi demitido pela divulgação da informação que ele havia acertado com o Real Madrid para depois do Mundial. No gigante espanhol, Lopetegui seria um fiasco e demitido ainda em outubro de 2018.

O ídolo madridista Fernando Hierro era coordenador técnico da seleção e assumiu como treinador às vésperas.


(Imagem: FIFA.com)

● Do outro lado, Portugal vinha credenciado pelo título da Eurocopa 2016, vencendo a França na final em pleno Stade de France.

O técnico Fernando Santos tinha um time com bons coadjuvantes, como o goleiro Rui Patrício, o zagueiro Pepe, o meia João Moutinho, além dos meia-atacantes Bernardo Silva, Gonçalo Guedes, Bruno Fernandes e Ricardo Quaresma. Mas, a bem da verdade, era um “exército de um homem só”: Cristiano Ronaldo.

CR7 já tinha sido eleito cinco vezes como o melhor jogador do mundo: 2008, 2013, 2014, 2016 e 2017. Estava em seu auge técnico, liderando o Real Madrid a quatro conquistas da UEFA Champions League nos últimos cinco anos – sendo as três últimas consecutivas (2016, 2017 e 2018).

Por tudo isso, se esperava muito de Portugal e, especialmente, de CR7. E ele não decepcionaria.


Portugal jogou no sistema 4-4-2. Sem a bola, era um 4-2-3-1.


A Espanha atuou no já tradicional 4-2-3-1.

● A Espanha nem teve tempo para impor seu ritmo, quando Cristiano Ronaldo pedalou para cima de Nacho dentro da área e sofreu pênalti discutível. Ele mesmo cobrou e converteu, após quatro minutos do apito inicial.

Depois, Gonçalo Guedes jogou fora duas chances claras para ampliar o marcador. Mas quem não faz…

Aos 24′, Diego Costa foi “Diego Costa”: em uma bola longa, foi sujo ao meter o braço na cara de Pepe (não é disputa por espaço, é agressão mesmo – normal, nas características de Diego). Na sequência, mostrou o que tem de melhor, chamando José Fonte para dançar, com dois belos cortes e o chute forte no cantinho direito de Rui Patrício. Um lindo gol, que não deveria ter sido validado pela equipe de arbitragem (e pelo VAR), já que houve a falta no início do lance.

A Espanha passou a jogar melhor e a controlar as ações. Mas, em um lance isolado, a bola sobrou para CR7 na meia lua. Do jeito que ela veio, ele chutou forte de esquerda, no meio do gol. Era uma defesa fácil para David de Gea, mas ele se desconcentrou, preferindo reclamar com o bandeirinha ao pedir um impedimento inexistente. Acabou engolindo um frango, inaceitável para quem era considerado um dos melhores goleiros do mundo na época.

A Fúria voltou melhor também no segundo tempo e empatou o jogo aos 10′, após uma cobrança de falta ensaiada. David Silva cobrou no segundo pau, Busquets escorou para o meio e Diego Costa completou para o gol em cima da linha.

A merecida virada veio três minutos depois, quando uma bola rebatida pela defesa lusa sobrou para Nacho. O zagueiro/lateral do Real Madrid emendou de primeira, na veia, mandando um torpedo com efeito para o gol. A bola ainda bateu nas duas traves antes de entrar. Discutivelmente o mais bonito dos belos gols dessa partida.

A Espanha mostrou variações que não tinha mostrado até então, com um gol oriundo de lançamento longo, um de cobrança de falta ensaiada e um em chute de fora da área.

O dérbi ibérico teve um choque de estilos. A Espanha dominou as ações com um futebol envolvente, enquanto Portugal era precisa nas suas oportunidades.

A dois minutos do fim do tempo regulamentar, a Espanha continuava tendo a posse de bola e chances para ampliar, quando CR7 dominou uma bola na meia lua e sofreu falta tola de Piqué. O capitão português cobrou com maestria, colocando a bola por cima da barreira e tirando do alcance de De Gea. Uma cobrança perfeita, com alto grau de dificuldade, por causa da proximidade do gol. Cristiano tem seus truques e mostrou isso ao fugir de suas características para marcar seu “hat trick”. Aos 33 anos, se tornou o jogador mais velho a marcar três gols em uma mesma partida de Copa do Mundo – superando o holandês Rob Rensenbrink que tinha 30 anos quando marcou um “hat trick” em 1978.

Ele chegou em seu melhor nível, descansando em vários jogos da temporada pelo Real Madrid. Com isso, entrou para a história dentre os jogadores que fizeram gols em quatro Copas do Mundo diferentes, igualando Pelé e os alemães Uwe Seeler e Miroslav Klose. O português havia marcado um gol em cada Copa que havia disputado (2006, 2010 e 2014). Agora, em uma partida já marca três e segue firme em busca da artilharia do Mundial. Outro feito importante foi ele ter marcado seu 84º gol pela seleção, se igualando ao húngaro Ferenc Puskás como o maior artilheiro de uma seleção europeia em todos os tempos. Posteriormente, ele ampliaria essa marca para 104 gols em 175 jogos (até esse dia 15/06/2021). Está bem próximo do recordista, o iraniano Ali Daei e seus 109 gols.


(Imagem: FIFA.com)

● Para uma das favoritas, a campanha da Espanha acabou sendo bem mediana. No segundo jogo, venceu o Irã com dificuldades por 1 x 0. No terceiro, empate na bacia das almas com o Marrocos por 2 x 2. A Fúria acabou sendo eliminada nas oitavas pela Rússia, dona da casa, nos pênaltis por 4 x 3, após empate por 1 x 1 no tempo normal.

Cristiano Ronaldo começou a Copa com tudo, pensando em recordes, artilharia e até sonhou em brigar pelo título com a humilde seleção portuguesa – assim como na Eurocopa de 2016. Mas não foi isso que aconteceu. CR7 até marcou o gol da vitória de Portugal por 1 x 0 sobre o Marrocos, mas seria só isso. No terceiro jogo, a Seleção das Quinas penou para empatar com o Irã por 1 x 1, CR7 perdeu pênalti e quase foi expulso por dar uma entrada feia sem bola. Nas oitavas de final, perdeu para o Uruguai por 2 x 1. Até hoje, Cristiano Ronaldo marcou sete gols em Copas do Mundo (01 em 2006, 01 em 2010, 01 em 2014 e 04 em 2018), mas nenhum na fase de mata-mata.


(Imagem: FIFA.com)

FICHA TÉCNICA:

 

PORTUGAL 3 x 3 ESPANHA

 

Data: 15/06/2018

Horário: 21h00 locais

Estádio: Fisht Olympic Stadium

Público: 43.866

Cidade: Sochi (Rússia)

Árbitro: Gianluca Rocchi (Itália)

 

PORTUGAL (4-2-3-1):

ESPANHA (4-2-3-1):

1  Rui Patrício (G)

1  David de Gea (G)

21 Cédric Soares

4  Nacho

3  Pepe

3  Gerard Piqué

6  José Fonte

15 Sergio Ramos (C)

5  Raphaël Guerreiro

18 Jordi Alba

14 William Carvalho

5  Sergio Busquets

8  João Moutinho

8  Koke

11 Bernardo Silva

21 David Silva

17 Gonçalo Guedes

22 Isco

16 Bruno Fernandes

6  Andrés Iniesta

7  Cristiano Ronaldo (C)

19 Diego Costa

 

Técnico: Fernando Santos

Técnico: Fernando Hierro

 

SUPLENTES:

 

 

12 Anthony Lopes (G)

13 Kepa Arrizabalaga (G)

22 Beto (G)

23 Pepe Reina (G)

15 Ricardo Pereira

2  Dani Carvajal

2  Bruno Alves

12 Álvaro Odriozola

13 Rúben Dias

14 César Azpilicueta

19 Mário Rui

16 Nacho Monreal

4  Manuel Fernandes

10 Thiago Alcântara

23 Adrien Silva

7  Saúl Ñíguez

10 João Mário

11 Lucas Vázquez

20 Ricardo Quaresma

20 Marco Asensio

18 Gelson Martins

17 Iago Aspas

9  André Silva

9  Rodrigo Moreno

 

GOLS:

4′ Cristiano Ronaldo (POR)

24′ Diego Costa (ESP)

44′ Cristiano Ronaldo (POR)

55′ Diego Costa (ESP)

58′ Nacho (ESP)

88′ Cristiano Ronaldo (POR)

 

CARTÕES AMARELOS:

17′ Sergio Busquets (ESP)

28′ Bruno Fernandes (POR)

 

SUBSTITUIÇÕES:

68′ Bruno Fernandes (POR) ↓

João Mário (POR) ↑

 

69′ Bernardo Silva (POR) ↓

Ricardo Quaresma (POR) ↑

 

70′ Andrés Iniesta (ESP) ↓

Thiago Alcântara (ESP) ↑

 

77′ Diego Costa (ESP) ↓

Iago Aspas (ESP) ↑

 

80′ Gonçalo Guedes (POR) ↓

André Silva (POR) ↑

 

86′ David Silva (ESP) ↓

Lucas Vázquez (ESP) ↑

Melhores momentos da partida:

Jogo completo:

… 14/06/2014 – Costa Rica 3 x 1 Uruguai

Três pontos sobre…
… 14/06/2014 – Costa Rica 3 x 1 Uruguai


(Imagem: Getty Images / FIFA)

● Em sua quarta Copa do Mundo (já havia disputado 1990, 2002 e 2006), a seleção da Costa Rica chegou totalmente sem expectativas. O único objetivo era não passar vergonha. Afinal, o que mais poderia esperar no “grupo da morte” – o único da história formado por três campeões mundiais: Uruguai, Inglaterra e Itália? A Costa Rica certamente serviria de sparring no Grupo D. E justamente por não ter nada a perder, daria tudo de si.

O técnico colombiano Jorge Luis Pinto montou um esquema tático teoricamente retranqueiro (5-4-1) e acabou forjando mesmo um sistema defensivo muito forte, liderado pelo goleiro Keylor Navas. Mas os Ticos sabiam como agredir o adversário, seja na técnica e no toque de bola, na bola parada, na velocidade contra-ataque ou nos chutes de longa distância.

Com muita velocidade e movimentação, o trio de ataque era muito perigoso, com os habilidosos Joel Campbell, Christian Bolaños e o capitão Bryan Ruiz. Os principais desfalques eram o lateral Bryan Oviedo e o atacante Álvaro Saborío, artilheiro do time nas eliminatórias da CONCACAF, com oito gols.


(Imagem: Getty Images / FIFA)

● No Mundial anterior, o Uruguai havia sido a melhor seleção sul-americana, com o quarto lugar. A evolução se seguiu e os charruas conquistaram a Copa América de 2011, quebrando um jejum de 16 anos.

Bem treinados pelo Maestro Óscar Tabárez, os charruas mantinham praticamente o mesmo elenco, com apenas seis modificações.

O forte dos uruguaios era o conjunto, mas alguns jogadores se destacavam pela qualidade técnica individual. A defesa era consistente, com os Diegos Godín e Lugano. O ataque estava em seu ápice, com Edison Cavani e Luis Suárez. Porém, nem tudo era maravilha. Faltava criatividade no meio e o goleiro Muslera nunca inspirou confiança.

E, se em 2014 estava quatro anos mais experiente e maduro (principalmente nos casos de Suárez e Cavani), também estava quatro anos mais envelhecido (casos de Lugano e Forlán – eleito o melhor jogador do Mundial de 2010).


O técnico colombiano Jorge Luis Pinto conseguiu armar uma defesa consistente, com cinco homens. No meio, se fechava com outra linha de quatro. E, quando esse paredão era vazado, ainda tinha outra muralha: o goleiro Keylor Navas.


Maestro Tabárez armou o Uruguai no sistema tático 4-4-2, com duas linha de quatro.

● Há uma ligação quase umbilical entre o futebol brasileiro e o uruguaio. Vários jogadores charruas são ídolos de clubes brasileiros. Até por isso, o ambiente no estádio Castelão era praticamente todo favorável ao Uruguai, com ampla maioria nas arquibancadas.

Mas, com o nível competitivo do futebol apresentado, a seleção da Costa Rica conquistou os brasileiros presentes – que costuma ter tendência a torcer para os mais fracos. Desde então a torcida brasileira passou a adotar a Costa Rica como segundo time.

O Uruguai tinha uma qualidade técnica muito superior ao seu adversário, mas não conseguiu transformar essa diferença em superioridade.

A principal estrela do duelo estava ausente. Luis Suárez estava se recuperando de uma cirurgia no joelho e não foi pro jogo. Ele foi poupado para os duelos teoricamente mais difíceis, contra Inglaterra e Itália. O time sentiu muito a ausência de seu camisa 9, pois faltou criatividade e poder de fogo.

Mas ainda assim conseguiu abrir o placar. Aos 23 minutos do primeiro tempo, Diego Forlán cobrou falta da esquerda e Diego Lugano foi agarrado por Júnior Díaz dentro da área e o árbitro alemão Felix Brych marcou a penalidade. Edinson Cavani bateu com segurança no canto esquerdo de Navas. O goleiro até acertou o canto, mas não conseguiu pegar.


(Imagem: Getty Images / FIFA)

Minutos depois, um atacante costarriquenho também foi agarrado na área uruguaia em um lance muito parecido, mas o juiz não marcou nada. Dois pesos, duas medidas.

O Uruguai seguiu um pouco melhor em campo. Cebolla Rodríguez arrancou pelo meio, passou por dois costarriquenhos e abriu na esquerda para Forlán. O camisa 10 bateu de canhota do bico da grande área, a bola desviou em Duarte e tinha o caminho das redes. Mas Navas deu um tapa por cima e evitou o gol. Uma defesa de alto grau de dificuldade.

O ataque dos Ticos sofria com a falta de inspiração no primeiro tempo. Mas voltou aceso para a etapa final e virou o jogo na bola aérea.

Mesmo tendo jogadores altos e fortes, como Lugano e Godín, a defesa celeste sofreu muito nas bolas altas. Qualquer levantamento para a área uruguaia era um “Deus nos acuda”. Os dois gols da virada vieram de erros de posicionamento dos defensores celestes.

O primeiro foi aos nove minutos. Bryan Ruiz deu um passe vertical na direita para Bolaños, que escorou de primeira para Cristian Gamboa cruzar da linha de fundo. Celso Borges dividiu no alto com Lugano e a bola sobrou dentro da área para Joel Campbell dominar no peito e chutar forte, sem chances para Muslera.

Apenas três minutos depois ocorreu a surpreendente virada. Bolaños bateu falta da intermediária central. Óscar Duarte se livrou da marcação de Cristhian Stuani e apareceu na segunda trave para cabecear de peixinho. A bola entrou no canto esquerdo do goleiro uruguaio.

O meio campo uruguaio errava muitos passes, especialmente Walter Gargano. Ele cometeu várias faltas e não conseguiu marcar Bryan Ruiz, o articulador das jogadas costarriquenhas.

Com pouca criatividade e muito desespero, o Uruguai se atirou ao ataque, mas parou no bloqueio defensivo do adversário.

O golpe fatal veio a seis minutos do fim, em um contra-ataque. Campbell recebeu na direita e lançou rasteiro para Marco Ureña dentro da área. O atacante, que tinha acabado de entrar, deu apenas um toque para tirar de Muslera e marcar o terceiro gol dos Ticos.

No minuto final, Campbell (o melhor em campo) dominou na ponta esquerda e prendeu a bola para ganhar tempo. Impaciente, Maxi Pereira lhe deu uma rasteira e foi corretamente expulso de campo.

A vitória costarriquenha por 3 x 1 acabou surpreendendo a todos.


(Imagem: Getty Images / FIFA)

● Na segunda partida, o Uruguai venceu a Inglaterra por 2 x 1, com dois gols de Luisito Suárez. No terceiro jogo, vitória sobre a Itália por 1 x 0 (gol de Godín), quando houve a famosa mordida de Suárez em Giorgio Chiellini. Nas oitavas de final, já sem poder contar com Suárez – suspenso pela FIFA –, o Uruguai perdeu para a Colômbia por 2 x 0, com dois gols de James Rodríguez.

A Costa Rica levou seu sonho mais adiante. Ficou em primeiro de seu grupo, vencendo a Itália por 1 x 0 e empatando por 0 x 0 com a Inglaterra. Nas oitavas, empatou por 1 x 1 com a Grécia e venceu nos pênaltis por 5 x 3. Nas quartas, empatou sem gols com a Holanda. E acordou para a realidade após ser eliminada nas penalidades por 5 x 3. No fim, terminou em um honroso oitavo lugar e a melhor defesa do torneio, com apenas dois gols sofridos. Acabou sendo muito mais do que os mais otimistas e ferrenhos torcedores esperavam. E o time de Keylor Navas, Bryan Ruiz e Joel Campbell entrou positivamente para os almanaques das Copas.


(Imagem: Getty Images / FIFA)

FICHA TÉCNICA:

 

COSTA RICA 3 x 1 URUGUAI

 

Data: 14/06/2014

Horário: 16h00 locais

Estádio: Castelão

Público: 58.679

Cidade: Fortaleza (Brasil)

Árbitro: Felix Brych (Alemanha)

 

COSTA RICA (5-4-1):

URUGUAI (4-4-2):

1  Keylor Navas (G)

1  Fernando Muslera (G)

16 Cristian Gamboa

16 Maxi Pereira

6  Óscar Duarte

2  Diego Lugano (C)

3  Giancarlo González

3  Diego Godín

4  Michael Umaña

22 Martín Cáceres

15 Júnior Díaz

17 Egidio Arévalo Ríos

17 Yeltsin Tejeda

5  Walter Gargano

5  Celso Borges

7  Cristian Rodríguez

7  Christian Bolaños

11 Cristhian Stuani

10 Bryan Ruiz (C)

10 Diego Forlán

9  Joel Campbell

21 Edinson Cavani

 

Técnico: Jorge Luis Pinto

Técnico: Óscar Tabárez

 

SUPLENTES:

 

 

18 Patrick Pemberton (G)

23 Martín Silva (G)

23 Daniel Cambronero (G)

12 Rodrigo Muñoz (G)

2  Johnny Acosta

4  Jorge Fucile

8  David Myrie

13 José Giménez

19 Roy Miller

19 Sebastián Coates

12 Waylon Francis

6  Álvaro Pereira

13 Óscar Granados

15 Diego Pérez

22 José Miguel Cubero

20 Álvaro González

11 Michael Barrantes

14 Nicolás Lodeiro

20 Diego Calvo

18 Gastón Ramírez

14 Randall Brenes

8  Abel Hernández

21 Marco Ureña

9  Luis Suárez

 

GOLS:

24′ Edinson Cavani (URU) (pen)

54′ Joel Campbell (COS)

57′ Óscar Duarte (COS)

84′ Marco Ureña (COS)

 

CARTÕES AMARELOS:

50′ Diego Lugano (URU)

56′ Walter Gargano (URU)

81′ Martín Cáceres (URU)

 

CARTÃO VERMELHO:
90+4′ Maxi Pereira (URU)

 

SUBSTITUIÇÕES:

60′ Walter Gargano (URU) ↓

Álvaro González (URU) ↑

 

60′ Diego Forlán (URU) ↓

Nicolás Lodeiro (URU) ↑

 

75′ Yeltsin Tejeda (COS) ↓

José Miguel Cubero (COS) ↑

 

76′ Cristian Rodríguez (URU) ↓

Abel Hernández (URU) ↑

 

83′ Bryan Ruiz (COS) ↓

Marco Ureña (COS) ↑

 

89′ Christian Bolaños (COS) ↓

Michael Barrantes (COS) ↑

Melhores momentos da partida: