Três pontos sobre…
… 31/05/1962 – Tchecoslováquia 1 x 0 Espanha
(Imagem: Getty Images)
● Cerca de 12.700 pessoas compareceram ao estádio Sousalito, em Viña del Mar. A expectativa era ver uma equipe praticamente desconhecida de um país comunista ser massacrada pelos vários astros do ataque espanhol.
A Tchecoslováquia chegava ao Mundial sem empolgar, apesar do 3º lugar no Campeonato Europeu de Seleções de 1960. A torcida estava desanimada, principalmente quando o sorteio colocou os tchecos num grupo com Espanha, Brasil e México. Mas os jogadores discordavam de sua torcida e estavam confiantes. Em 1959, o Dukla Praga (time base do selecionado tcheco, com cinco titulares) venceu o Santos por 4 x 3 em um torneio amistoso disputado no México.
O goleiro Viliam Schrojf dava segurança à meta, o capitão Ladislav Novák comandava a defesa, Josef Masopust era o maestro no meio e Adolf Scherer era o principal atacante.
O goleiro tcheco Schrojf vai ao chão cercado pelos companheiros de equipe Kvašňák, Novák e Popluhár e pelo espanhol Eulogio Martínez. (Imagem: Planet World Cup)
● A Espanha já havia decepcionado ao cair nas eliminatórias para a Copa de 1958, quando foi superada pela Escócia. Apesar dos maus resultados anteriores, a Fúria contava com um elenco de astros e a mídia europeia insistia em apontá-la como uma das favoritas ao título, justamente pelo talento individual de seus jogadores. Era esperado que o rígido técnico argentino Helenio Herrera fizesse o time jogar com mais sentido coletivo.
Real Madrid (pentacampeão da Copa dos Campeões Europeus) e Barcelona (ex-clube de Helenio Herrera) polarizavam a convocação da seleção espanhola, com sete jogadores cada. Da capital vinham o goleiro Araquistáin, o zagueiro uruguaio Santamaría, o defensor Pachín, o polivalente Del Sol, o genial húngaro Ferenc Puskás, o craque argentino Alfredo Di Stéfano e o “Mr. Títulos” Paco Gento.
Da Catalunha chegaram o arqueiro Sadurní, os defensores Rodri e Gràcia, os meio-campistas Joan Segarra, Martí Vergés e Jesús Garay, além do ponta paraguio Eulogio Martínez.
Completavam o elenco quatro ótimos jogadores do Atlético de Madrid (Rivilla, Collar, Joaquín Peiró e Adelardo), dois do Athletic Bilbao (Carmelo e Echeberría) e um do Zaragoza (o bom lateral esquerdo Severino Reija). Da Inter de Milão veio o cerebral meia Luis Suárez Miramontes, além do treinador Helenio Herrera (entre 1960 e 1962, o argentino treinou a Internazionale e a seleção espanhola ao mesmo tempo).
Assim, não tinha como não colocar a Espanha como uma das grandes favoritas. Mas seu principal jogador chegava ao Mundial fora de combate. Eleito o “Bola de Ouro” da revista France Football em 1957 e 1959, o gênio madridista Alfredo Di Stéfano só teria condições de jogo nas quartas de final, se a Fúria passasse de fase.
A Tchecoslováquia jogava no esquema da moda de então, o 4-2-4, com destaque para o craque Josef Masopust
A Espanha jogava em um misto de W-M e 4-2-4
● A Espanha acabou sendo tão confusa em campo quanto a numeração de suas camisas. A Fúria tinha um domínio territorial estéril, sem concluir as jogadas. Os tchecos se defendiam bem e contra-atacavam com entusiasmo.
Josef Masopust liderava o meio-campo tcheco. Em uma jogada criada por ele, Adamec fez o pivô e Jelínek bateu rasteiro de fora da área. A bola foi fraca e o goleiro espanhol Carmelo fez a defesa.
Mas o primeiro tempo terminou sem gols. A maioria dos ataques morreram sem conclusão antes de chegar à área rival.
A melhor chance dos ibéricos foi com uma bola lançada para a área tcheca, que a defesa cortou e Jesús Garay pegou o rebote para chutar de longe, por cima do gol.
A Tchecoslováquia conseguia se segurar firme na defesa, mas não ousava no ataque.
O gol decisivo só poderia sair em uma falha. E foi o que aconteceu.
A dez minutos do apito final, Reija e Santamaría se atrapalharam com a bola e Adolf Scherer fez um lançamento nas costas da defesa. Sozinho, Jozef Štibrányi arrancou em velocidade pelo meio, entrou na área e deu um toquinho por cobertura, na saída do goleiro Carmelo. A bola acabou entrando no cantinho direito.
Em uma Copa que os fotógrafos invadiam o campo para registrar tudo de perto, a maioria deles estavam atrás do gol tcheco. Poucos registraram o gol de Štibrányi.
A Espanha apresentou um futebol melhor e mais vistoso. Mas só vence a partida quem marca gols. E quem fez isso – uma mísera vez – foi a Tchecoslováquia.
(Imagem: Pinterest)
● O Grupo C acabou sendo o mais equilibrado da primeira fase da Copa do Mundo de 1962. E a Fúria fracassou mais uma vez.
No jogo seguinte, a Espanha venceu o México por 1 x 0, com um gol no último minuto de Joaquín Peiró. Na terceira rodada, um duelo entre Espanha e Brasil classificaria o vencedor e eliminaria o derrotado. Bastante prejudicada pela arbitragem, a Espanha acabou perdendo por 2 x 1 e voltando para casa de forma precoce.
Na segunda partida, a Tchecoslováquia segurou o ataque brasileiro (com Pelé lesionado durante o jogo) e empatou sem gols. Já classificada, perdeu para o México por 3 x 1, na primeira vitória dos astecas em Copas do Mundo. Nas quartas de final, vitória sobre o bom time da Hungria por 1 x 0. Na semi, venceu a forte Iugoslávia por 3 x 1. Na decisão, dessa vez não contou com a sorte e foi derrotada pelo Brasil por 3 x 1, gols de Amarildo, Zito e Vavá, com Masopust descontando para os tchecos.
(Imagem: Pinterest)
● FICHA TÉCNICA: |
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TCHECOSLOVÁQUIA 1 x 0 ESPANHA |
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Data: 31/05/1962 Horário: 15h00 locais Estádio: Sousalito Público: 12.700 Cidade: Viña del Mar (Chile) Árbitro: Carl Erich Steiner (Áustria) |
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TCHECOSLOVÁQUIA (4-2-4): |
ESPANHA (W-M): |
1 Viliam Schrojf (G) |
3 Carmelo (G) |
2 Jan Lála |
11 Feliciano Rivilla |
5 Svatopluk Pluskal |
19 José Emilio Santamaría |
3 Ján Popluhár |
16 Severino Reija |
4 Ladislav Novák (C) |
20 Joan Segarra (C) |
19 Andrej Kvašňák |
8 Jesús Garay |
6 Josef Masopust |
5 Luis del Sol |
7 Jozef Štibrányi |
15 Eulogio Martínez |
8 Adolf Scherer |
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10 Jozef Adamec |
21 Luis Suárez |
11 Josef Jelínek |
9 Francisco Gento |
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Técnico: Rudolf Vytlačil |
Técnico: Helenio Herrera |
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SUPLENTES: |
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22 Pavel Kouba (G) |
1 José Araquistáin (G) |
21 Jozef Bomba |
2 Salvador Sadurní (G) |
12 Jiří Tichý |
17 Rodri |
13 František Schmucker |
7 Luis María Echeberría |
15 Vladimír Koiš |
10 Sígfrid Gràcia |
16 Titus Buberník |
22 Martí Vergés |
17 Tomáš Pospíchal |
13 Pachín |
18 Josef Kadraba |
4 Enrique Collar |
9 Pavol Molnár |
12 Joaquín Peiró |
20 Jaroslav Borovička |
18 Adelardo |
14 Václav Mašek |
6 Alfredo Di Stéfano |
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GOL: 80′ Jozef Štibrányi (TCH) |
Melhores momentos da partida:
Jogo completo: