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… 02/06/1962 – Brasil 0 x 0 Tchecoslováquia

Três pontos sobre…
… 02/06/1962 – Brasil 0 x 0 Tchecoslováquia


Cumprimentos iniciais entre o trio de arbitragem e os capitães Mauro Ramos de Oliveira e Ladislav Novák (Imagem: Getty Images / FIFA)

● Assim como hoje, o segundo dia do mês de junho de 1962 era um sábado. O Brasil inteiro colou seus ouvidos nos transmissores de rádio para ouvir o jogo contra a forte Tchecoslováquia. Embora o som não fosse ainda totalmente ausente de ruídos, tinha melhorado muito se comparado à precariedade com que acompanhamos a Copa do Mundo de 1958.

A trajetória do Brasil em gramados chilenos começou no dia 30 de maio, enfrentando o México e vencendo por 2 a 0, em Viña del Mar.

A Tchecoslováquia também vinha para o jogo credenciada pela bela vitória por 1 a 0 sobre a Espanha de Puskas e Gento em sua estreia. Tinha jogadores respeitados em todo o mundo, como o goleiro Schrojf, os defensores Lála e Novák, além do grande meia Josef Masopust.

Aymoré Moreira mantinha o mesmo time brasileiro, com a esperança de que nessa segunda partida, o escrete canarinho mostrasse mais futebol do que na estreia.


O Brasil atuava como em 1958, em um falso 4-2-4, se transformando em um 4-3-3 com o recuo voluntário de Zagallo


A Tchecoslováquia também jogava no esquema da moda de então, o 4-2-4, com destaque para o craque Josef Masopust

● As duas equipes demoram um tempo para se acertar em campo. É um jogo equilibrado, com muitas faltas, muita correria e pouco futebol.

Os brasileiros dão a impressão de que perderam parte do brilho que o havia consagrado, jogando um futebol mais defensivo do que quatro anos antes. Mesmo assim, dá bastante trabalho a Schrojf.

Os tchecos também atacam, mas não chegam a incomodar a defesa brasileira.

A melhor chance do Brasil foi de Mané Garrincha. Ele arranca em diagonal, da direita para o meio e chuta da entrada da área. O ótimo goleiro Viliam Schrojf não consegue segurar e apenas desvia a bola, que ainda bate em sua trave direita.

Espera-se a qualquer momento a explosão do gênio Pelé, que é muito bem marcado por Masopust.

O lance que decide o jogo ocorre aos 27 minutos do primeiro tempo. Pelé recebe um passe de Djalma Santos, limpa a jogada e bate forte de pé esquerdo, da entrada da área. A bola passa por Schrojf e toca de leve na trave. Pelé faz careta, mas todos pensam ser apenas um lamento por não ter feito o gol. Mas, na sequência, o camisa 10 cai ao chão e coloca a mão na virilha esquerda. Todos os olhos do mundo se voltam apreensivos para o craque.


Pelé e Masopust: um duelo de respeito (Imagem: Getty Images / FIFA)

Ele é atendido fora do campo e, completamente sem condições de jogo, vai fazer número na ponta direita, já que as substituições não eram permitidas na época.

Assim, para melhor balanceamento no campo, o técnico Aymoré Moreira manda Garrincha fazer o papel de Pelé pelo meio. Mas depois de ver a equipe levar certo sufoco, Aymoré inverte: volta Garrincha para a ponta e pede para Zagallo recuar.

Pelé fica em campo, isolado. Mas em um determinado momento, passam-lhe a bola e ele domina com dificuldades. À sua frente, posta-se o severo, porém cavalheiro, Masopust. O craque tcheco fica esperando, respeitosamente, o que o Rei decidiria fazer com a bola, mas ele a tocou pela lateral. O gesto de respeito de Masopust foi elogiado no mundo inteiro.

“É muito triste se machucar no meio de uma Copa do Mundo, é uma frustração muito grande.” ― Pelé recordaria depois

Sem Pelé e com todos os jogadores preocupados com ele, a Seleção não consegue vencer a retranca dos europeus e a partida termina sem gols. De qualquer forma, um resultado mais do que justo.


Pelé se lesionou e não jogou mais na competição (Imagem: Pinterest)

● Se já não bastasse o inesperado empate, havia uma dúvida cruel: seria possível conquistar o bicampeonato mundial sem o Rei Pelé? A esperança de que ele voltasse contra a Espanha era pequena. No dia seguinte, ela foi soterrada pelo médico da delegação brasileira, o Dr. Hilton Gosling. Em meio a um batalhão de repórteres, ele deu o diagnóstico fatal: Pelé distendeu o músculo adutor da coxa esquerda. Em outras palavras: o Rei estava fora da Copa.

Incrivelmente, depois de apenas três dias de partidas no Mundial, já havia 34 jogadores machucados. No quarto dia, já eram 50. O balanço final dessa violenta Copa foi, além de incontáveis lesões musculares, três fraturas de pernas, uma de nariz e uma de quadril.

Infelizmente, essa foi a última vez em que atuaram juntos os craques da linha de frente que deram o primeiro título mundial ao Brasil, em 1958: Garrincha, Didi, Vavá, Pelé e Zagallo.

Para o lugar do ainda menino Pelé, seria escolhido outro jovem craque: Amarildo, atacante de 21 anos do Botafogo.

O último jogo da primeira fase seria contra a Espanha e o Brasil precisaria vencer para passar às quartas de final.


Garrincha, Didi, Pelé, Vavá e Zagallo: talvez o maior ataque da história (Imagem: 7M Sports)

FICHA TÉCNICA:

 

BRASIL 0 x 0 TCHECOSLOVÁQUIA

 

Data: 02/06/1962

Horário: 15h00 locais

Estádio: Sousalito

Público: 14.903

Cidade: Viña del Mar (Chile)

Árbitro: Pierre Schwinte (França)

 

BRASIL (4-2-4):

TCHECOSLOVÁQUIA (4-2-4):

1  Gylmar (G)

1  Viliam Schrojf (G)

2  Djalma Santos

2  Jan Lála

3  Mauro (C)

3  Ján Popluhár

5  Zózimo

4  Ladislav Novák (C)

6  Nilton Santos

5  Svatopluk Pluskal

4  Zito

6  Josef Masopust

8  Didi

7  Jozef Štibrányi

7  Garrincha

8  Adolf Scherer

19 Vavá

10 Jozef Adamec

10 Pelé

19 Andrej Kvašňák

21 Zagallo

11 Josef Jelínek

 

Técnico: Aymoré Moreira

Técnico: Rudolf Vytlačil

 

SUPLENTES:

 

 

22  Castilho (G)

22 Pavel Kouba (G)

12 Jair Marinho

21 Jozef Bomba

13 Bellini

12 Jiří Tichý

14 Jurandir

13 František Schmucker

15 Altair

15 Vladimír Kos

16 Zequinha

16 Titus Buberník

17 Mengálvio

17 Tomáš Pospíchal

18 Jair da Costa

18 Josef Kadraba

9  Coutinho

9  Pavol Molnár

20 Amarildo

20 Jaroslav Borovička

11 Pepe

14 Václav Mašek


Garrincha tenta passar pelo meia Andrej Kvašňák (Imagem: Planet World Cup)

Lances importantes da partida:

Algumas momentos da partida:

Crônica de Nelson Rodrigues sobre a contusão de Pelé:

… 21/06/1970 – Brasil 4 x 1 Itália

Três pontos sobre…
… 21/06/1970 – Brasil 4 x 1 Itália


(Imagem: Paste Magazine)

Tostão, o centroavante, acompanha o avanço pela direita do volante italiano De Sisti desde a intermediária adversária até o campo brasileiro, onde toma a bola com a ajuda do lateral esquerdo Everaldo. Tostão entrega a bola a Piazza, na frente da grande área brasileira, dando início a uma rápida e contínua troca de passes entre Clodoaldo, Pelé e Gérson, até encontrar novamente Clodoaldo. Cercado, o volante brasileiro dribla quatro italianos e passa para Rivellino, na altura da linha do meio campo, pelo lado esquerdo. O camisa 11 faz lançamento longo ao ponta direita Jairzinho, que está aberto pelo lado esquerdo (trazendo consigo a marcação de Facchetti). O Furacão traz a bola pelo meio e toca para Pelé, próximo à meia lua. O Rei, caprichosamente e sem olhar, apelas rola suavemente no espaço vazio para Carlos Alberto Torres. A bola sobe ligeiramente e o Capita enche o pé, com um chute cruzado forte e de primeira, e a bola vai morrer no fundo do gol de Albertosi.

É o quarto gol brasileiro, o gol definitivo. Nesse instante, a “Rede Unidas de Televisão e Rádio” já colocavam a música “Pra frente Brasil” (“Noventa milhões em ação / pra frente Brasil / salve a Seleção…”) como música de fundo, deixando ainda mais marcante aquele momento.


(Imagem: Pinterest)

● Naquele domingo, estava em jogo não apenas o título mundial, mas também a posse definitiva da Taça Jules Rimet, já que tanto o Brasil quanto a Itália eram bicampeões da Copa do Mundo e o regulamento da Fifa dizia que quem vencesse por três vezes ficaria de vez com a Taça. Com um regulamento “sem noção”, caso Brasil e Itália empatassem no tempo normal e na prorrogação, o campeão seria decidido em sorteio. Felizmente isso não aconteceu.

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… 17/06/1970 – Brasil 3 x 1 Uruguai
… 17/06/1970 – Itália 4 x 3 Alemanha Ocidental

A Itália estava invicta desde a conquista da Eurocopa em 1968. Por ter vencido a poderosa Alemanha Ocidental na semifinal (em um épico 4 x 3 na prorrogação), a confiança italiana era enorme, a ponto de o meia atacante Sandro Mazzola declarar antes da partida: “Podem preparar o champanhe”. Mas os jornalistas, técnicos e jogadores afirmavam que Inglaterra e Alemanha mereciam a vaga na final mais do que os italianos. Os críticos alegavam que a Itália chegou à decisão baseada em um estilo muito defensivo. A Squadra Azzurra estreou no torneio vencendo a Suécia por 1 a 0; depois, empatou sem gols com Uruguai e Israel. Nas quartas de final, despacharam os anfitriões mexicanos por 4 a 1. Na semifinal, protagonizou o “Jogo do Século“, vencendo a Alemanha, como já falamos.

O Brasil também tinha seus problemas, que foram se dissipando conforme avançava na competição. Pelé, no auge de sua forma física e técnica, liderou uma Seleção que chegou ao México com problemas de autoestima. Gérson era acusado pela torcida de não ter espírito competitivo. Tostão voltava de uma seríssima cirurgia no olho esquerdo, realizada em outubro do ano anterior nos Estados Unidos (ele teve deslocamento de retina causada por uma bola chutada pelo zagueiro Ditão, do Corinthians). O próprio técnico Zagallo era questionado por ter improvisado o volante Piazza na defesa e por escalar a equipe sem centroavante e ponta esquerda de ofício. Todos esses problemas foram relegados quando a Seleção chegou à decisão.

Os italianos eram bons, mas o Brasil era muito mais time. A torcida mexicana era praticamente toda para o Brasil.


O Brasil jogava em um 4-3-3, com Rivellino apoiando mais a esquerda e fechando pelo meio. No ataque, Tostão era o “falso 9” (criando tendências para o futuro), se revezando com Pelé – hora como atacante, hora como ponta-de-lança. O jogador mais avançado era Jairzinho, um ponta-direita que fechava pelo centro, abrindo espaços para os avanços constantes de Carlos Alberto.


A Itália atuava no chamado “4-3-3 italiano”, com um líbero atrás da defesa. O lateral esquerdo apoiava, enquanto o ponta direita recuava para fechar os espaços, tornando um 3-4-3.

● No início, a Itália assustou com um chute da intermediária, que Félix espalmou por cima. Logo depois, Carlos Alberto chutou cruzado para boa defesa de Albertosi.

Mas aos 18 minutos de partida, Tostão cobra lateral, Rivellino ergue a bola de primeira para a área e Pelé (1,72 m) subiu um palmo a mais que seu marcador, Tarcisio Burgnich (1,75 m) e testou forte para o chão, no canto esquerdo de Albertosi, inaugurando o marcador. Parecia que o Rei tinha parado no ar naquele momento. Foi o 100º gol brasileiro em Copas.

A partir do gol, a Seleção se soltou, mesmo com o lateral esquerdo Giacinto Facchetti grudado em marcação individual no ponta brasileiro Jairzinho, que era a principal opção de jogadas em velocidade. O Brasil continuou dominando o jogo, mas Itália não se abateu e seguiu com o mesmo padrão, apostando nos erros do adversário.

E uma única falha defensiva brasileira quase pôs tudo a perder. Ainda na etapa inicial, aos 37, Clodoaldo errou um passe de calcanhar para Everaldo na frente da área. Boninsegna interceptou, driblou Brito e Félix (que já tinha saído do gol todo estabanado e sem necessidade), e toca para o gol vazio, empatando a partida.

Aos 45 minutos, Pelé matou uma bola no peito e tocou no canto de Albertosi, mas o árbitro anulou o gol, alegando ter apitado o final do primeiro tempo antes da finalização do camisa 10.

No segundo tempo, o Brasil voltou com tudo, mostrando um futebol exuberante. Logo no início, Carlos Alberto vai à linha de fundo e rola para trás. Pelé, já sem goleiro, dá um carrinho e manda a bola para fora, de dentro da pequena área. Pouco depois, em uma falta em dois lances dentro da área, Gérson acertou a barreira. Do outro lado, Domenghini chutou uma bola na rede pelo lado de fora e a defesa brasileira sofria com a insegurança de Félix nas saídas do gol, em bolas aéreas.

Aos 21 minutos, o lance decisivo. Jairzinho tenta a jogada pelo meio e é desarmado por Facchetti, sua sombra. Gérson dominou, passou por um marcador e disparou de fora da área, no canto esquerdo. Foi seu único gol em Copas, mas fundamental para a caminhada rumo ao título.

O gol desnorteou os italianos, que quatro dias antes tiveram que passar por uma duríssima prorrogação na semifinal contra os alemães. O sol do meio dia também não ajudava. O gás acabou. O Brasil aproveitou o bom momento e passou a dominar as ações.

Três minutos depois, Pelé sofreu uma falta no meio campo, que rendeu dois minutos de discussão e empurra-empurra entre os jogadores. Gérson bateu a falta lançando para a área. Pelé (que já tinha saído de fininho da confusão) ajeitou de cabeça e Jarzinho tentou o domínio. Ele errou, mas seu desvio foi suficiente para tirar a marcação da jogada e empurrar a bola ao gol. Era o sétimo gol de Jair em seis jogos. Ele se tornou o primeiro e único jogador a marcar em todos os seis jogos de uma Copa e ver seu time campeão.

Uma Copa do Mundo recheada de grandes craques e ótimas seleções só poderia terminar com uma obra prima. A consagração definitiva de uma equipe singular veio aos 42 minutos do segundo tempo, no lance descrito no primeiro parágrafo, que contou com a participação de nove jogadores e terminou com uma pancada de Carlos Alberto no gol. Méritos do “espião” Aymoré Moreira, que assistiu a semifinal e orientou Zagallo para a marcação individual exercida pela Azzurra. Se Facchetti estava grudado em Jairzinho no meio, nenhum italiano estava na posição, abrindo espaços para as frequentes subidas ao ataque de Carlos Alberto, culminando com o quarto gol. Placar final: Brasil 4, Itália 1. Brasil, tricampeão do mundo!


Jairzinho, o “Furacão da Copa”, comemora seu gol (Imagem: Pinterest)

Ao fim da partida, a torcida invadiu o gramado e passou a festejar com os atletas. Não só isso: o povo queria um souvenir dos campeões. Levaram camisas, calções, meias e até chuteiras. Tostão ficou apenas de cueca. Rivellino desmaiou em campo e os fãs não desgrudaram dele nem durante o atendimento. Pelé foi carregado usando um sombrero. Até o zagueiro italiano Roberto Rosato, do Milan, correu alucinadamente atrás de uma lembrança. Ficou com a camisa 10 de Pelé.

Coube ao capitão Carlos Alberto Torres, o Capita, repetir o gesto de Bellini (em 1958) e Mauro (em 1962) de erguer a Taça Jules Rimet, que, com essa vitória e o terceiro título mundial, ficou de forma definitiva e eterna no Brasil (até ser roubada e derretida, mas essa é outra história).

Com esse título, Pelé se tornou o primeiro e (até hoje) único jogador tricampeão mundial.

Zagallo foi o primeiro a se sagrar campeão como jogador e treinador. Seria igualado pelo alemão Franz Beckenbauer, com títulos em 1974 (jogador) e 1990 (técnico).

Bom de “chute”, o Presidente da República, o general Emilio Garrastazu Médici deu um palpite certeiro: disse duas horas antes da final que o Brasil venceria a Itália por 4 a 1.

Curiosamente, os placares do primeiro e do último jogo da Seleção Brasileira foi o mesmo: 4 x 1 sobre Tchecoslováquia e Itália.

Com um desempenho irrepreensível, o Brasil venceu todas as suas seis partidas: Tchecoslováquia (4 x 1), Inglaterra (1 x 0), Romênia (3 x 2), Peru (4 x 2), Uruguai (3 x 1) e Itália (4 x 1). Sofreu sete gols e marcou 19. Desses 19, 14 gols foram marcados em contra-ataques. Era uma equipe evoluída, muito além do seu tempo. Tinha um estilo de século XXI em pleno século XX.

Era uma equipe com “cinco camisas 10“, pois toda a linha de frente chegou a usar essa camisa em seus respectivos clubes: Jairzinho no Botafogo, Gérson no São Paulo, Tostão no Cruzeiro, Pelé no Santos e Rivellino no Corinthians. Na seleção, a primazia coube ao Rei Pelé, claro. Mas na época da Copa, Tostão não era mais o 10 do Cruzeiro; ele usava a camisa 8, enquanto o 10 era (também genial) Dirceu Lopes.


(Imagem: Sportsnet)

FICHA TÉCNICA:

 

BRASIL 4 X 1 ITÁLIA

 

Data: 21/06/1970

Horário: 12h00 locais

Estádio: Azteca

Público: 107.412

Cidade: Cidade do México (México)

Árbitro: Rudi Glöckner (Alemanha Oriental)

 

BRASIL (4-3-3):

ITÁLIA (4-3-3):

1  Félix (G)

1  Enrico Albertosi (G)

4  Carlos Alberto Torres (C)

2  Tarcisio Burgnich

2  Brito

5  Pierluigi Cera

3  Wilson Piazza

8  Roberto Rosato

16 Everaldo

3  Giacinto Facchetti (C)

5  Clodoaldo

10 Mario Bertini

8  Gérson

16 Giancarlo De Sisti

7  Jairzinho

15 Sandro Mazzola

9  Tostão

13 Angelo Domenghini

10 Pelé

20 Roberto Boninsegna

11 Rivellino

11 Luigi Riva

 

Técnico: Zagallo

Técnico: Ferruccio Valcareggi

 

SUPLENTES:

 

 

12 Ado (G)

12 Dino Zoff (G)

22 Leão (G)

17 Lido Vieri (G)

21 Zé Maria

4  Fabrizio Poletti

15 Fontana

6  Ugo Ferrante

14 Baldocchi

7  Comunardo Niccolai

17 Joel Camargo

9  Giorgio Puia

6  Marco Antônio

21 Giuseppe Furino

18 Paulo Cézar Caju

14 Gianni Rivera

13 Roberto

18 Antonio Juliano

20 Dadá Maravilha

22 Pierino Prati

19 Edu

19 Sergio Gori

 

GOLS:

18′ Pelé (BRA)

37′ Roberto Boninsegna (ITA)

66′ Gérson (BRA)

71′ Jairzinho (BRA)

86′ Carlos Alberto Torres (BRA)

 

CARTÕES AMARELOS:

Rivellino (BRA)

Tarcisio Burgnich (ITA)

 

SUBSTITUIÇÕES:

75′ Mario Bertini (ITA) ↓

Antonio Juliano (ITA) ↑

 

84′ Roberto Boninsegna (ITA) ↓

Gianni Rivera (ITA) ↑

 Melhores momentos da partida:

Jogo completo:

… 07/06/1970 – Brasil 1 x 0 Inglaterra

Três pontos sobre…
… 07/06/1970 – Brasil 1 x 0 Inglaterra


(Imagem: UOL Esporte)

● A Inglaterra era apontada como favorita por 15 dos 18 técnicos entrevistados pela revista Placar antes da Copa. O English Team chegou ao México com o favoritismo de quem havia vencido a última Copa, em 1966. Trazia a fama de um futebol duro, com uma defesa fechadíssima, muito difícil de ser batida. Tinha uma estratégia bem definida: abusava da inteligência e da técnica de Bobby Charlton; se não desse resultado ou se ele cansasse, apelava para o tradicional “chuveirinho”. Assim, com esse futebol competitivo, venceu a Romênia na estreia por 1 a 0.

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… 21/06/1970 – Brasil 4 x 1 Itália
… 14/06/1970 – Alemanha Ocidental 3 x 2 Inglaterra

Para tornar a missão ainda mais difícil para o Brasil, o meia Gérson se lesionou contra a Tchecoslováquia e desfalcou o Brasil. Rivellino foi recuado para o meio e Paulo Cézar Caju entrou na ponta.


Na ausência de Gérson, o Brasil atuou no 4-2-4, com Paulo Cézar voltando um pouco mais para fechar o lado esquerdo.


A Inglaterra jogava em um pioneiro 4-4-2, que lhe valeu o título no Mundial de 1966.

● No primeiro tempo houve muito equilíbrio e poucas chances de gol. Os brasileiros, muito cuidadosos na defesa, permitiram que os ingleses tivessem domínio territorial. Eles marcavam, corriam, criavam, mas… não chutavam a gol.

Já os brasileiros tocavam a bola de pé em pé, sem se desgastar, enquanto os ingleses corriam atrás dela e perdiam o fôlego, o que lhes seria fatal no segundo tempo.

Aos 11 minutos de jogo, ocorreu aquela que é considerada a maior defesa de todas as Copas, uma obra prima completa. O único jogador em campo capaz de um corte em altíssima velocidade pela direita e fazer o cruzamento antes da bola sair era o Furacão Jairzinho. A única pessoa do mundo que poderia cabecear a bola daquele jeito, impulsionando-a com ainda mais força, de cima para baixo, era Pelé. Direcionou o tiro certeiro no chão. Na certa seria gol! Mas não!!! O único goleiro do universo que poderia parar Pelé naquele momento era Gordon Banks. Ele saltou no canto direito e deu um tapa por baixo da bola, colocando-a sobre o travessão. Foi um lance maravilhoso, em todo o contexto.

Aos 15, o ponta direita Francis Lee fez uma falta violenta e desleal em Everaldo.

Pouco depois, o próprio Lee quase marcou de cabeça, mas Félix defendeu bem. Na sequência, o inglês chutou a cabeça do goleiro brasileiro, tentando fazer o gol em uma bola perdida.

Diz a lenda que Carlos Alberto chamou Pelé e disse: “Pega esse cara!” Pelé, precavido, respondeu: “Não dá, eu sou muito visado e o juiz vai me expulsar”. Carlos Alberto resolveu ele mesmo o problema: na primeira bola que Lee pegou, o Capita deixou sua posição, foi até a intermediária e deu um tranco pesado no inglês, que a partir daí sumiu em campo.

(Imagem: FIFA)

● No intervalo, os brasileiros demoraram para voltar, deixando os ingleses “torrando” por cinco minutos em um calor de quase 40º C de Guadalajara.

Na segunda etapa, o talento individual brasileiro fez a diferença, principalmente dos homens de meio de campo, que passaram a apoiar mais o ataque. E aos 15 minutos do segundo tempo, prevaleceu o talento sobre o atleta.

Tostão recebe de Carlos Alberto, tenta o chute e acerta um zagueiro. Ele fica com a sobra, tabela com Paulo Cézar, entra na área, dribla um adversário, é combatido por mais dois, mas gira em torno de si mesmo, livra-se dos três (com direito a bola entre as pernas do capitão Bobby Moore) e, de costas para o gol, dá de curva, de pé direito, para Pelé. Sem olhar para o lado e com um leve e magistral toque, o Rei tira outros dois adversários e deixa Jairzinho cara a cara com Banks. Jair chuta com violência, balança as redes e sacode milhões de brasileiros, definindo a dramática vitória de sua equipe.

Após o gol, faltou uma cabeça pensante e genial como a de Gérson para cadenciar mais o jogo, segurando um pouco a correria dos ingleses. Mas em âmbito geral, Paulo Cézar esteve muito bem em campo e fez um dos melhores (senão o melhor) jogo de sua vida.

Na sequência, o técnico Alf Ramsey abdicou de vez da categoria individual, substituindo Lee e Bobby Charlton (já extenuado, mas o melhor em campo no primeiro tempo). Com a entrada de dois atacantes, os ingleses abdicaram do jogo inteligente e passaram e centrar bolas na área. Mas a defesa brasileira se manteve segura.

Os minutos finais são de apreensão. Aos 38, Félix falha numa saída, mas Bell chuta para fora.

Aos 40, Clodoaldo vira o jogo para a esquerda, mas Banks defende o chute de Roberto.

Aos 42, Félix sai bem do gol, mas não alivia o perigo. Astle não consegue cabecear e Brito afasta de vez. Foi o melhor jogo de Félix na Copa. Brito é outro que merece elogios pela segurança nessa partida.

Veja o gol da partida desde sua origem:

● Esse confronto bem que poderia ser a grande final da Copa, mas os “deuses do futebol” quiseram que protagonizassem esse duelo na segunda rodada da fase de grupos.

Diante de 66.843 expectadores, o clássico entre os dois últimos campeões foi a partida mais tensa, equilibrada e sofria dentre todas disputadas pela Seleção Brasileira em 1970. Foi o único jogo em que o Brasil fez apenas um gol e foi também o único gol que a Inglaterra sofreu na primeira fase (venceu Romênia e Tchecoslováquia, ambas por 1 x 0).

FICHA TÉCNICA:

 

BRASIL 1 x 0 INGLATERRA

 

Data: 07/06/1970

Horário: 12h00 locais

Estádio: Jalisco

Público: 66.843

Cidade: Guadalajara (México)

Árbitro: Abraham Klein (Israel)

 

BRASIL (4-3-3):

INGLATERRA (4-4-2):

1  Félix (G)

1  Gordon Banks (G)

4  Carlos Alberto Torres (C)

14 Tommy Wright

2  Brito

5  Brian Labone

3  Wilson Piazza

6  Bobby Moore (C)

16 Everaldo

3  Terry Cooper

5  Clodoaldo

4  Alan Mullery

11 Rivellino

9  Bobby Charlton

7  Jairzinho

8  Alan Ball

9  Tostão

10 Geoff Hurst

10 Pelé

7  Francis Lee

18 Paulo Cézar Caju

11 Martin Peters

 

Técnico: Zagallo

Técnico: Alf Ramsey

 

SUPLENTES:

 

 

12 Ado (G)

12 Peter Bonetti (G)

22 Leão (G)

13 Alex Stepney (G)

21 Zé Maria

2  Keith Newton

15 Fontana

17 Jack Charlton

14 Baldocchi

18 Norman Hunter

17 Joel Camargo

16 Emlyn Hughes

6  Marco Antônio

15 Nobby Stiles

8  Gérson

19 Colin Bell

13 Roberto

20 Peter Osgood

20 Dadá Maravilha

21 Allan Clarke

19 Edu

22 Jeff Astle

 

GOL: 59′ Jairzinho (BRA)

 

CARTÃO AMARELO: Francis Lee (ING)

 

SUBSTITUIÇÕES:

63′ Bobby Charlton (ING) ↓

Colin Bell (ING) ↑

 

63′ Francis Lee (ING) ↓

Jeff Astle (ING) ↑

 

68′ Tostão (BRA) ↓

Roberto (BRA) ↑

… 06/06/1962 – Brasil 2 x 1 Espanha

Três pontos sobre…
… 06/06/1962 – Brasil 2 x 1 Espanha


Paco Gento e Mauro se cumprimentam antes da partida (Imagem: Pinterest)

● Havia uma dúvida muito grande para o confronto entre Brasil e Espanha: quem seria o substituto de Pelé? O Rei se lesionou aos 27 minutos do primeiro tempo da partida anterior, o empate sem gols contra a Tchecoslováquia três dias antes. Com uma distensão no músculo adutor da coxa esquerda, ele estava definitivamente fora do Mundial.

Várias hipóteses foram aventadas: a entrada de Coutinho, passando Vavá mais para a esquerda; a formação de um quadrado no meio-campo, com Zito, Didi, Mengálvio e Zagallo, ficando Garrincha e Vavá no ataque; ou simplesmente a escalação do reserva imediato de Pelé, o botafoguense Amarildo.

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Sabiamente, o técnico Aymoré Moreira optou pela solução mais natural: a entrada de Amarildo, apelidado pelo dramaturgo Nelson Rodrigues de “O Possesso”.

A Espanha contava com uma legião estrangeira naturalizada: José Emilio Santamaría, zagueiro uruguaio; Eulogio Martínez, atacante paraguaio; Alfredo Di Stéfano, atacante argentino, que chegou à Copa lesionado e não disputou nenhuma partida; e Ferenc Puskás, atacante húngaro, com experiência anterior na Copa de 1954 pela vice-campeã Hungria. Mas desses, apenas Puskás jogou (e muito bem) contra o Brasil.


O Brasil atuava como em 1958, em um falso 4-2-4, se transformando em um 4-3-3 com o recuo voluntário de Zagallo


A Espanha jogava em um misto de WM e 4-2-4

● Foi um jogo muito difícil. O Brasil entrou em campo nervoso e com Zagallo recuado além da conta. A Espanha sufocou e saiu na frente aos 35 minutos do primeiro tempo. Adelardo tabela com Puskás e chuta rasteiro antes da chegada de Zito, da meia-lua, no canto direito de Gylmar.

Apesar da boa movimentação de Amarildo, a Seleção sentia falta de Pelé (e quem não sentiria?!). Mas além da disposição e bom futebol de Amarildo, Garrincha também brilhava, infernizando os espanhóis pela ponta direita.

No segundo tempo, as coisas poderiam ter se complicado de vez para o Brasil. O espanhol Enrique Collar driblou Nilton Santos e foi derrubado pelo lateral brasileiro, dentro da área. Experiente e “malandro”, Nilton deu dois passos para frente, indicando ao árbitro chileno Sergio Bustamante que a infração teria ocorrido fora da área. O juiz foi na dele e marcou falta ao invés de pênalti. Entretanto, na cobrança dessa mesma falta, Puskás cruzou, Zózimo errou o tempo de bola e Joaquin Peiró marcou um golaço de bicicleta. Novamente o árbitro beneficiou o Brasil e anulou o gol, alegando não se sabe o quê – não houve impedimento e nem jogo perigoso, pois Peiró estava a um metro e meio de Zózimo.

Reanimado, o Brasil começou a dominar a partida e foi para cima. Aos 27 minutos do segundo tempo, Zito passa para Zagallo, que cruza da esquerda, rasteiro, e Amarildo emenda de primeira, com violência, marcando o gol de empate.

O Brasil virou aos 41 minutos, quando Garrincha fez das suas jogadas individuais pela direita, passou por dois marcadores e cruzou da linha de fundo, na cabeça de Amarildo, que cabeceou bem, sem chances para o goleiro Araquistáin.


Seleção Brasileira campeã da Copa do Mundo de 1962, no Chile (Imagem: UOL Esporte)
Em pé: Djalma Santos, Zito, Gylmar, Zózimo, Nilton Santos e Mauro.
Agachados: Garrincha, Didi, Vavá, Amarildo e Zagallo.

● Com duas vitórias e um empate, o Brasil estava classificado para as quartas de final em primeiro lugar do grupo 3. Tão importante quanto a classificação, foi o acerto na escalação de Amarildo.

Antes da partida, o técnico da Espanha, o franco-argentino Helenio Herrera, disse que o Brasil ficava muito fraco sem Pelé e chegou a perguntar quem era Amarildo. E “O Possesso” deu seu cartão de visitas a Herrera, anotando os dois gols.

Após a vitória, Pelé se emocionou e entrou de roupa e tudo debaixo do chuveiro para abraçar Amarildo, seu substituto e herói brasileiro na partida. Amarildo teve um “dia de Pelé”.

Se a Espanha vencesse, seria líder do grupo, com 4 pontos e o Brasil poderia ser eliminado (dependendo do resultado entre México x Tchecoslováquia). Como a Espanha perdeu e o México venceu, a Espanha acabou eliminada e em último lugar no grupo, o que impediu que Don Alfredo Di Stefano entrasse em campo em uma Copa do Mundo. A lenda do Real Madrid estava machucado e só poderia disputar a fase seguinte.

FICHA TÉCNICA:

 

BRASIL 2 x 1 ESPANHA

 

Data: 06/06/1962

Horário: 15h00 locais

Estádio: Sousalito

Público: 18.715

Cidade: Viña del Mar (Chile)

Árbitro: Sergio Bustamante (Chile)

 

BRASIL (4-2-4):

ESPANHA (WM):

1  Gylmar (G)

1  José Araquistáin (G)

2  Djalma Santos

17 Rodri

3  Mauro (C)

7  Luis María Echeberría

5  Zózimo

10 Sígfrid Gràcia

6  Nilton Santos

22 Martí Vergés

4  Zito

13 Pachín

8  Didi

4 Enrique Collar (C)

7  Garrincha

12 Joaquín Peiró

19 Vavá

14 Ferenc Puskás

20 Amarildo

18 Adelardo

21 Zagallo

9 Francisco Gento

 

Técnico: Aymoré Moreira

Técnico: Helenio Herrera

 

SUPLENTES:

 

 

22  Castilho (G)

3  Carmelo (G)

12 Jair Marinho

2  Salvador Sadurní (G)

13 Bellini

8  Jesús Garay

14 Jurandir

11 Feliciano Rivilla

15 Altair

19 José Emilio Santamaría

16 Zequinha

16 Severino Reija

17 Mengálvio

20 Joan Segarra

18 Jair da Costa

5  Luis del Sol

9  Coutinho

15 Eulogio Martínez

10 Pelé

21 Luis Suárez

11 Pepe

6  Alfredo Di Stéfano

 

GOLS:

35′ Adelardo (ESP)

72′ Amarildo (BRA)

86′ Amarildo (BRA) 

Melhores momentos da partida:

Jogo completo:

● Posteriormente, o Brasil venceria a Inglaterra nas quartas de final (3 x 1), o anfitrião Chile nas semifinais (4 x 2) e a Tchecoslováquia na final (3 x 1), se sagrando bicampeão do mundo.

A média de idade do Brasil de 1962, com 30 anos e seis meses é a mais alta de uma seleção campeã mundial. A Itália de 2006 vem em segundo, com 29 anos e dois meses.

A Seleção Brasileira de 1962 foi o campeão que utilizou menos jogadores em uma Copa do Mundo. Foram apenas doze. A única substituição foi justamente Amarildo no lugar de Pelé.

“Em 1962, com a contusão de Pelé, descobriu-se um outro Garrincha. De repente, parou de brincar, ficou sério, compenetrado de que a conquista da Copa dependia dele. Quase sozinho, ganhou a Copa. Fez o que nunca tinha feito. Gols de cabeça, pé esquerdo, folha-seca. E driblou como um endiabrado, endoidando os adversários.” ― Sandro Moreyra, jornalista, botafoguense e amigo do Mané.

… 03/06/1970 – Brasil 4 x 1 Tchecoslováquia

Três pontos sobre…
… 03/06/1970 – Brasil 4 x 1 Tchecoslováquia


(Imagem: Multi Ciência)

● Como quase sempre, o Brasil chegou ao México sob grande desconfiança geral, trocando de treinador a três meses da competição – saiu o jornalista João Saldanha e entrou o inexperiente Zagallo. Com isso, várias “feras” ficaram de fora da convocação, como, por exemplo, Djalma Dias, Zé Carlos e Dirceu Lopes. O ponta-direita Rogério, do Botafogo, titular absoluto de Zagallo, teve que ser cortado por lesão (mas continuou na delegação com o cargo de “olheiro”, observando e analisando jogos dos adversários).

O comando da CBD entendeu que parte do fracasso de 1966 foi por falta de uma preparação física adequada. Por isso, dessa vez, os atletas sofreram bastante nas mãos do preparador físico Admildo Chirol e de seus auxiliares, Cláudio Coutinho e Carlos Alberto Parreira, que colocaram em prática um plano elaborado em conjunto com a Escola de Educação Física do Exército. Foi feito também um cuidadoso programa de treinamento para enfrentar a altitude mexicana. A equipe se concentrou inicialmente em Guanajuato (2.050 metros acima do nível do mar). O Brasil foi o primeiro time a chegar ao México, quase um mês antes do início do torneio. “Fomos os primeiros a chegar e seremos os últimos a ir embora”, dizia Zagallo. Com toda essa preparação, era visível o crescimento do Brasil no segundo tempo de cada jogo.

Leia mais:
… 07/06/1970 – Brasil 1 x 0 Inglaterra
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… 21/06/1970 – Brasil 4 x 1 Itália
… 06/06/1970 – Romênia 2 x 1 Tchecoslováquia

A expressão “grupo de morte” surgiu nessa Copa, para se referir ao grupo formado por Brasil (bicampeão em 1958 e 1962), Inglaterra (campeã em 1966), Tchecoslováquia (vice em 1962) e Romênia (com uma seleção muito técnica).

A Copa de 70 foi a primeira com transmissão ao vivo pela televisão, ainda em preto e branco. Nesse jogo (estreia brasileira no Mundial), às 19h00 do dia 3 de junho de 1970, foi registrado o recorde de audiência de um evento esportivo no Brasil. Todos os canais transmitiam a mesma imagem do jogo entre Brasil e Tchecoslováquia. Seria o equivalente hoje a 100 pontos no Ibope.

Duas revoluções nesse Mundial: além da estreia dos cartões amarelos e vermelhos, foi também a primeira Copa em que foram permitidas até duas substituições durante a partida.

 O Brasil jogava em um 4-3-3, com Rivellino apoiando mais a esquerda e fechando pelo meio. No ataque, Tostão era o “falso 9” (criando tendências para o futuro), se revezando com Pelé – hora como atacante, hora como ponta-de-lança. O jogador mais avançado era Jairzinho, um ponta-direita que fechava pelo centro, abrindo espaços para os avanços constantes de Carlos Alberto.

Tchecoslováquia jogava entre o 4-3-3 e o 4-2-4.

● Foi um jogo bonito, sem violência, com demonstração de habilidade dos dois lados, dribles, chances criadas (o time tcheco perdeu várias oportunidades) e gols.

Pelé era tido como um mito “velho e acabado” pelos mexicanos. E deu razão a eles quando perdeu um gol feito no começo do jogo: em cruzamento de Rivellino, o Rei chutou para fora, sozinho e sem goleiro. A situação ficaria pior logo depois. Aos 11 minutos de jogo, Brito bateu um impedimento para Clodoaldo, que estava de costas e perdeu a bola. Ladislav Petráš dominou, avançou em velocidade entre Carlos Alberto e Brito, tocando na saída do goleiro Félix. Petráš ajoelhou-se e fez o sinal-da-cruz para agradecer o gol aos céus. Foi um ato político contra o governo comunista (e ateu) de seu país, mas foi também um dos gestos mais lindos da Copa – que depois seria copiado por Jairzinho.

O empate chegou aos 24 minutos. Pelé foi derrubado por Migas na meia-lua. A barreira foi formada por sete tchecos e Jairzinho. Rivelino chutou no rumo de Jairzinho, que saiu da frente e a bola passou no espaço vazio, justo onde ele estaria. Com esse gol, Rivellino ganhou o apelido de “Patada Atômica” da imprensa mexicana.

Aos 15 minutos do segundo tempo, Gérson, o “Canhotinha de Ouro”, faz um lançamento de 40 metros para Pelé, que amacia a bola no peito, escolhe o canto e chuta para o fundo do gol. A Tchecoslováquia partiu com tudo para cima e ofereceu todo o espaço para o Brasil contra-atacar.

Três minutos depois, de novo Gérson de 40 metros, lança Jairzinho, o “Furacão da Copa”, que, sozinho, dá um chapéu no goleiro Viktor, deixa a bola bater no peito e estufa as redes. Foi o gol mais bonito dessa Copa.

Aos 25, Gérson teve uma forte distensão e teve que ser substituído por Paulo Cézar Caju. Sem saber se adiantava o time ou se protegia de tomar mais gols, os tchecos ficaram perdidos em campo.

No fim da partida, aos 38 minutos, configurou-se a goleada. Jairzinho domina na intermediária, dribla Hagara e Horváth, de novo Hagara e chuta cruzado, no canto.

 Jair encobre Viktor, no terceiro gol brasileiro (Imagem: El Universal)

● Apesar do placar elástico, o lance mais marcante da partida foi um “quase gol”. Aos 42 minutos da etapa inicial, percebendo o goleiro adversário adiantado, Pelé arriscou um chute de seu próprio campo, a bola encobriu o goleiro e acabou raspando o travessão, naquele que foi um lance surpreendente, demonstrando toda a genialidade do Rei. Além do mais, não foi contra qualquer goleiro. Ivo Viktor foi o 3º colocado na premiação da Bola de Ouro da Revista France Football em 1976 (a terceira melhor posição de um goleiro no prêmio – Lev Yashin foi o 1º em 1963 e Buffon o 2º em 2006). A transmissão da TV mostrou o desespero de Viktor tentando voltar, enquanto a bola passava a 40 centímetros da trave, em um lance até então inédito em Copas.

A Seleção Brasileira fazia sua estreia de forma arrasadora, dando mostras iniciais da altíssima qualidade de seu futebol naquela Copa.

Mesmo com uma equipe forte, a Tchecoslováquia caiu na fase de grupos, perdendo também os outros dois jogos (2 a 1 para a Romênia e 1 a 0 para a Inglaterra).

 Trio de ataque comemora um dos gols (Imagem: Alchetron)

FICHA TÉCNICA:

 

BRASIL 4 x 1 TCHECOSLOVÁQUIA

 

Data: 03/06/1970

Horário: 16h00 locais

Estádio: Jalisco

Público: 52.897

Cidade: Guadalajara (México)

Árbitro: Ramón Barreto (Uruguai)

 

BRASIL (4-3-3):

TCHECOSLOVÁQUIA (4-2-4):

1  Félix (G)

1  Ivo Viktor (G)

4  Carlos Alberto Torres (C)

2  Karol Dobiaš

2  Brito

3  Václav Migas

3  Wilson Piazza

5  Alexander Horváth (C)

16 Everaldo

4  Vladimír Hagara

5  Clodoaldo

16 Ivan Hrdlička

8  Gérson

9  Ladislav Kuna

7  Jairzinho

18 František Veselý

9  Tostão

8  Ladislav Petráš

10 Pelé

10 Jozef Adamec

11 Rivellino

11 Karol Jokl

 

Técnico: Zagallo

Técnico: Jozef Marko

 

SUPLENTES:

 

 

12 Ado (G)

13 Anton Flešár (G)

22 Leão (G)

22 Alexander Vencel (G)

21 Zé Maria

12 Ján Pivarník

15 Fontana

14 Vladimír Hrivnák

14 Baldocchi

15 Ján Zlocha

17 Joel Camargo

7  Bohumil Veselý

6  Marco Antônio

17 Jaroslav Pollák

18 Paulo Cézar Caju

6  Andrej Kvašňák

13 Roberto

19 Josef Jurkanin

20 Dadá Maravilha

20 Milan Albrecht

19 Edu

21 Ján Čapkovič

 

GOLS:

11′ Ladislav Petráš (TCH)

24′ Rivellino (BRA)

59′ Pelé (BRA)

61′ Jairzinho (BRA)

83′ Jairzinho (BRA)

 

CARTÕES AMARELOS:

Tostão (BRA)

Gérson (BRA)

Alexander Horváth (TCH)

 

SUBSTITUIÇÕES:

46′ Ivan Hrdlička (TCH) ↓

Andrej Kvašňák (TCH) ↑

 

62′ Gérson (BRA) ↓

Paulo Cézar Caju (BRA) ↑

 

75′ František Veselý (TCH) ↓

Bohumil Veselý (TCH) ↑

Melhores momentos da partida:

… Gordon Banks: o goleiro que parou Pelé

Três pontos sobre…
… Gordon Banks: o goleiro que parou Pelé


(Imagem localizada no Google)

● Jogavam na segunda rodada da primeira fase da Copa do Mundo de 1970 os dois últimos campeões mundiais. Era o tira-teima. O Brasil venceu a Inglaterra por 1 x 0, mas o goleiro Gordon Banks fez de tudo pra dificultar. Aos 10 minutos do primeiro tempo houve A jogada. O único jogador em campo capaz de um corte em altíssima velocidade pela direita e fazer o cruzamento antes da bola sair era o Furacão Jairzinho. A única pessoa do mundo que poderia cabecear a bola daquele jeito, praticamente parando no ar e impulsionando-a com ainda mais força, era Pelé. Direcionou o tiro certeiro no chão. Na certa seria gol! Mas não!!! O único goleiro do universo que poderia parar Pelé naquele momento era Banks. Foi um lance maravilhoso, em todo o contexto. Em uma entrevista, Banks disse que as pessoas se esquecem que ele venceu uma Copa do Mundo; todos só querem falar sobre como parou Pelé.

“Quando o Jairzinho cruzou, eu estava voltando em direção ao meio do gol. Ao ver a trajetória da bola, tive certeza que ninguém alcançaria. Foi aí que vi Pelé, saltando de uma maneira impressionante para alcançar a bola.” — Gordon Banks.

“Foi a defesa mais importante da minha vida. Eu estava na primeira trava e tive de pular o mais rápido possível. Ao mesmo tempo, tive de pensar a que altura a bola subiria depois de tocar no chão. Quando estiquei a mão e toquei na bola, não sabia onde ela ia parar. Achei que tinha sido gol, que tinha entrado no ângulo. Eu ouvi o Pelé gritar gol. Quando ele cabeceou a bola, acho que pensou que tinha sido gol, porque cabeceou muito bem.” — Gordon Banks .

“Banks foi o melhor goleiro da Copa de 1970 e talvez o melhor entre todos os jogadores de defesa.” — Pelé.

(Imagem: Lance!)

● Foram poucos os goleiros na história a se tornarem lendas, a ponto de serem chamados de craques, mas Banks certamente é um deles. Alto (1,88 m) e atlético, nasceu em Sheffield, no dia 30/12/1937. Começou sua carreira já tardiamente, com 19 anos, mas impressionando, sendo um dos destaques do Chesterfield, que perdeu na final da FA Youth Cup de 1956 para os “Busby Babes” do Man. Utd. Já em 1959, foi para o Leicester por £7.000. Nos “Foxes”, esperou com calma a sua chance e a agarrou quando apareceu. Em oito anos, foram 356 partidas. Em 1967, estava prestes a perder a titularidade no Leicester para o jovem Peter Shilton (outra lenda) e preferiu se transferir ao Stoke City. No Stoke, venceu apenas a Copa da Liga de 1972. Passou também por outros clubes, em empréstimos relâmpagos, mas sem maiores destaques: Cleveland Stokers (EUA, em 1967), Hellenic (África do Sul, em 1971) e St Patrick’s Athletic (Irlanda, em 1977).

Disputou seu primeiro jogo pela seleção inglesa em 1963, contra a Escócia. Foi o goleiro titular da Inglaterra campeã em casa na Copa do Mundo de 1966, com um time contestado, mas muito bom. No torneio, só foi sofrer o primeiro gol na quinta partida, na semifinal contra Portugal, em um pênalti convertido pelo craque Eusébio (442 minutos sem ser vazado). Na final, na vitória por 4 x 2 na prorrogação, não teve culpa em nenhum dos gols da Alemanha Ocidental. Na Copa seguinte, em 1970, mesmo contestado e em má fase, foi o titular de sua seleção, inclusive fazendo a “defesa do século” na cabeçada de Pelé. Mas estranhamente foi acometido pelo “Mal de Montezuma”, uma intoxicação alimentar que ataca alguns estrangeiros no México. Mesmo com os ingleses levando quilos de comidas e até água para consumo no México, o goleiro não conseguiu entrar em campo nas quartas de final contra a rival Alemanha Ocidental, por causa de uma diarreia. Sem ele, os ingleses perderam por 3 a 2 de virada e foram eliminados. Pelo English Team, entre 1963 e 1972, foram 73 partidas disputadas, com apenas nove derrotas e sofrendo apenas 57 gols (em 35 jogos não foi vazado). Virou algo comum na Inglaterra o apelido “Banks of England quando alguém se referia ao goleiro. A segurança do camisa 1 era comparada aos bancos do país.

Mas em outubro de 1972, Banks dirigia seu Ford Granada e tentou fazer uma curva acentuada, quando bateu de frente com um Austin A60. Acordou no hospital com mais de 200 pontos no rosto e sem a visão do olho direito, que não resistiu à gravidade do choque. Sem a visão de um olho, seus movimentos e reflexos se foram, assim como sua posição na seleção e em seu clube. Não houve outro jeito a não ser anunciar a aposentadoria em 1973, aos 35 anos.

Tempos depois, em 1977, aceitou o desafio de jogar nos Estados Unidos, no Fort Lauderdale Strikers, mas suas dificuldades na visão foram aumentando. Mesmo com um olho só, foi o melhor goleiro do campeonato. Decidiu pendurar as chuteiras e as luvas em 1978, sem ter defendido nenhuma grande equipe do futebol inglês e com raros títulos no currículo. Ironicamente, Peter Shilton sucedeu Gordon Banks no gol do Leicester City (1967), do Stoke City (1974) e da seleção inglesa (1972), mas não nos corações dos amantes do futebol.

Feitos e premiações de Gordon Banks:

Pela seleção da Inglaterra:
– Campeão da Copa do Mundo de 1966.
– 3º lugar na Eurocopa de 1968.
– Campeão do Campeonato Britânico de Seleções (British Home Championship) em 1964 (título dividido com Escócia e Irlanda do Norte), 1965, 1966, 1968, 1969, 1970 (título dividido com Escócia e País de Gales), 1971 e 1972.

Pelo Chesterfield:
– Vice-campeão da Copa da Inglaterra de Juniores (FA Youth Cup) em 1955/56.

Pelo Leicester City:
– Campeão da Copa da Liga Inglesa (EFL Cup) em 1963/64.
– Vice-campeão da Copa da Liga Inglesa (EFL Cup) em 1964/65.
– Vice-campeão da Copa da Inglaterra (FA Cup) em 1960/61 e 1962/63.

Pelo Stoke City:
– Campeão da Copa da Liga Inglesa (EFL Cup) em 1971/72.

Distinções e premiações individuais:
– Eleito o goleiro do ano pela FIFA em 1966, 1967, 1968, 1969, 1970 e 1971.
– Eleito para a Seleção da Copa do Mundo em 1966.
– Eleito o esportista do ano pelo jornal Daily Express em 1971 e 1972.
– Eleito o jogador do ano na Inglaterra pelos jornalistas em 1972.
– Eleito para o All-Star Team da NASL em 1977.
– Eleito um dos 1000 maiores esportistas do século XX pelo jornal The Sunday Times.
– Eleito o 21º maior jogador do século XX pela revista Placar em 1999.
– Eleito o 2º maior goleiro do século XX pela IFFHS.
– Nomeado para a lista “FIFA 100” (feita por Pelé, onde constam os 125 melhores jogadores da história que até então estavam vivos em 2004).
– Eleito o 14º maior jogador da história das Copas do Mundo pela revista Placar em 2006.
– Eleito para a seleção do século (1907-1976) pelos jogadores ingleses em 2007.
– Eleito para a lista dos 100 + do futebol inglês (Football League 100 Legends) em 1973.
– Membro do Hall da Fama do futebol inglês desde 2002.
– Membro da Ordem do Império Britânico (OBE – Oficial da Mais Excelente Ordem do Império Britânico) desde 1970.

(Imagem: PA Images / Getty Images)

Trecho extraído da obra:
GUILHERME, Paulo. Goleiros: Heróis e anti-heróis da camisa 1. São Paulo: Alameda Casa Editorial, 2006. p. 160.

Esse também foi o título de sua primeira autobiografia, publicada em 1980.

… Mengálvio: o motor do Santos de Pelé

Três pontos sobre…
… Mengálvio: o motor do Santos de Pelé


(Imagens localizadas no Google)

● Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe. Repetido diversas vezes, bem que poderia ser um mantra de vibrações positivas, mas é o ataque santista bicampeão mundial, uma das maiores linhas de ataque que o futebol conheceu. Jogaram juntos apenas 99 vezes, mas esses nomes falados todos juntos, parecem ser um só, o máximo que o futebol pode proporcionar. Nessas 99 partidas, foram 71 vitórias, 9 empates e 19 derrotas (aproveitamento de 76,6%), com 327 gols marcados (sendo 295 do quinteto – 90%) e 158 sofridos. Mengálvio foi o último desse ataque a chegar ao Santos, em 1960.

Do “quinteto mágico”, era ele quem menos brilhava, pois sua missão principal era auxiliar o capitão Zito na marcação e iniciar a transição para o ataque. Defendia e atacava com a mesma intensidade. Era um jogador de grande habilidade, criatividade, dinâmica, inteligência e um fôlego privilegiado.

Mengálvio Pedro Figueiró nasceu em 17/12/1939, na cidade de Laguna, no litoral sul de Santa Catarina. Foi revelado por uma equipe de sua cidade natal, chamado Barriga Verde FC (clube atualmente extinto), onde jogava como volante. Com 17 anos, foi jogar no Clube Esportivo Aimoré, de São Leopoldo-RS, onde esteve de 1957 a 1959, sendo vice-campeão gaúcho neste último ano, perdendo a final para o Grêmio. Foi contratado pelo Santos após o Pan-Americano por indicação do zagueiro Calvet, recém chegado ao Santos, com quem atuou nesse mesmo torneio. Estreou pelo Peixe em 19/04/1960, empatando com a Portuguesa em 2 a 2 pelo Torneio Rio São-Paulo, entrando no segundo tempo no lugar do meia Ney. Jogou pela primeira vez como titular dois dias depois, em empate por 1 a 1 com o São Paulo, pelo mesmo torneio.

Foi multi-campeão pelo Santos, com destaque para os títulos da Libertadores e Mundial em 1962 e 1963. No fim do ano 1968, recebeu o passe livre do Santos. Na ocasião, o presidente do clube, Athiê Jorge Coury, foi bastante feliz em suas palavras: “A liberação é um justo prêmio aos inestimáveis serviços que Mengálvio prestou à coletividade alvinegra, com dedicação, real valor e consciência profissional exemplar, tanto em campos brasileiros como no exterior. Seus feitos e a sua participação marcante a serviço do Santos e do glorioso futebol brasileiro permanecerão inolvidáveis, e aqui permanecerão amigos e admiradores que, nesta oportunidade, com estima, lhe desejam votos de toda sorte de felicidade e de sucesso ímpar em sua consagrada carreira.” Pelo Peixe, esteve em 371 partidas e marcou 28 gols. Foi emprestado ao Grêmio em 1968 e atuou no Millonarios, da Colômbia, em 1969, onde foi campeão do Torneio Finalización.

● Era o reserva de Didi na Seleção Brasileira que conquistou a Copa do Mundo de 1962, no Chile. Pela Seleção Brasileira, fez 14 jogos e anotou um gol, em 15/03/1960, abrindo o placar contra o México em vitória por 2 a 1 pelo Campeonato Pan-Americano, enquanto ainda jogava pelo Aimoré.

Por ser grande, molengão no andar e bochechas meio caídas, ganhou de Garrincha o apelido de “Pluto”, em referência ao simpático personagem da Disney. De acordo com o livro “Time dos Sonhos”, do jornalista Odir Cunha, Mengálvio era alvo constante de brincadeiras e zoação dos demais colegas de equipe, por ser meio bonachão e desligado. No mesmo livro, o ex-centro-avante Coutinho conta que certa vez Mengálvio chegou em um hotel bastante cansado e acabou adormecendo sobre as malas que levava no elevador, permanecendo dormindo dentro dele por muito tempo. São creditadas a ele várias histórias e citações hilárias, mas uma verdadeira é quando certa vez enviou um telegrama “secreto” aos seus familiares dizendo: “Chegarei de surpresa dia 15, às duas da tarde, vôo 619 da VARIG”.

Foi técnico interino do Santos rapidamente, em 1978. Quando deixou o futebol em 1969, Mengálvio trabalhou como supervisor de uma rede de cinemas no litoral paulista e posteriormente na cooperativa dos ex-atletas profissionais de São Paulo. Atualmente Mengálvio está aposentado e vive em situação modesta na cidade de Santos.

Era o chamado “falso lento”, que ao invés de correr com a bola, fazia a bola correr.

Feitos e premiações de Mengálvio:

Pela Seleção Brasileira:
– Campeão da Copa do Mundo de 1962.
– Campeão da Copa Roca em 1963.
– Campeão da Taça Oswaldo Cruz em 1962.
– Vice-campeão do Campeonato Pan-Americano em 1960.

Pelo Santos:
– Bicampeão da Copa Intercontinental em 1962 e 1963.
– Bicampeão da Taça Libertadores da América em 1962 e 1963.
– Pentacampeão da Taça Brasil em 1961, 1962, 1963, 1964 e 1965.
– Campeão do Torneio Rio-São Paulo em 1963, 1964 e 1966.
– Campeão do Campeonato Paulista em 1960, 1961, 1962, 1964, 1965 e 1967.
– Campeão da Supercopa dos Campeões Intercontinentais em 1968.
– Bicampeão do Torneio de Paris em 1960 e 1961.

Pelo Millonarios (Colômbia):
– Campeão do Torneio Finalización da Colômbia em 1969.

… Milésimo gol de Pelé

Três pontos sobre…
… Milésimo gol de Pelé


(Imagem: R7)

● No dia 14/11/1969, Edson Arantes do Nascimento marcava seu gol nº 999. Em vitória por 3 x 0 contra o Botafogo/PB, no estádio Governador José Américo de Almeida, em João Pessoa, aos 13 minutos do segundo tempo, Manoel Maria sofreu pênalti, convertido por Pelé. Aos 28 da etapa complementar, o goleiro Jair Estevão trombou com um adversário dentro da área e passou mal. Segundo a lenda, o técnico Antoninho escalou apenas um goleiro para a partida e pediu para ele simular uma contusão para o Rei ir para o gol, a fim de deixar o gol 1.000 para palcos mais famosos (Fonte Nova ou Maracanã).

No jogo seguinte, dia 16/11, Santos e Bahia empataram por 1 x 1, em uma Fonte Nova com 100 mil expectadores. Pelé ia marcando o milésimo, quando Pelé driblou o goleiro Jurandir e chutou. O zagueiro tricolor Nildo tirou a bola em cima da linha e foi substancialmente vaiado pela própria torcida. No fim do jogo, o Rei ainda acertaria uma bola no travessão. “Nunca tinha visto algo desse tipo. O beque do Bahia tirou a bola em cima da linha e foi vaiado pelo estádio inteiro”, contou Pelé.

● Era um dia 19/11/1969, quarta-feira, em um Maracanã com 65.157 pagantes, em um jogo sem grande importância na classificação do Torneio Roberto Gomes Pedrosa. O Santos empatava com o Vasco por 1 a 1. No segundo tempo, Clodoaldo lançou rasteiro para Pelé, que entrou na área e foi tocado pelo zagueiro Fernando. Os jogadores do Vasco cercaram o árbitro e reclamaram acintosamente. O lateral Fidélis pisou na marca do pênalti, tentando deixá-la irregular para dificultar a batida. Pelé se prepara para cobrar a penalidade máxima. O mundo inteiro aguardava com ansiedade. Um verdadeiro batalhão de fotógrafos e cinegrafistas se aglomera atrás do gol.

Aos 33 minutos do segundo tempo, exatamente às 23h23, Pelé estava com a mão na cintura, esperando a autorização do árbitro Manoel Amaro de Lima e levou o ombro ao rosto para secar o suor. Ficou de costas para a meta vascaína e, da meia-lua, olhou os jogadores do Santos perfilados no centro do gramado.

“Havia muita cobrança naquela época. Desde quando me aproximei do milésimo gol, a imprensa do mundo todo começou a seguir o Santos”, explicou Pelé ao Estadão quarenta anos depois. “Foi um momento muito especial. Quando olhei para trás, na hora de bater o pênalti, vi todos os jogadores do Santos abraçados no meio-campo. Putz, pensei… Se eu errar não vai ter ninguém para pegar o rebote… O Maracanã todo gritava ‘Pelé, Pelé’… Minhas pernas tremeram. Eu não podia perder aquele gol…”

O Rei correu para a bola, fez a contumaz paradinha e o resto é história. Bateu com o pé direito a meia altura, no canto esquerdo do goleiro Edgardo Norberto Andrada, que rezou para defender a cobrança e ainda tocou na bola, segundo ele próprio. Em vão. Pelé marca seu gol nº 1000 em treze anos de carreira. Ocorreu o que Andrada mais temia: foi esquecido como bom goleiro (que realmente era) chorou de tristeza por entrar para a história como o goleiro que levou o histórico gol de Pelé. “Ele não queria levar o milésimo gol de forma alguma”, lembra Pelé. No vestiário, por rádio, o argentino conversou com o Rei e lamentou o gol sofrido: “Você merece muito mais de mil gols, Pelé. Mas lamento que tenha sido eu o goleiro mil. Confesso que não queria de jeito algum que você fizesse esse gol em mim”. Em seguida, Pelé se relativizou: “Uma das coisas que gostei foi que você fez tudo para evitar o milésimo gol, o que o valorizou”.

Mas enquanto Andrada ficou socando o gramado de raiva, o Camisa 10 santista correu no fundo do gol, rodeado pelos repórteres que invadiram o campo, pegou a bola e a guardou, dizendo para a posteridade: “Pensem no Natal. Pensem nas
criancinhas.” “Pelo amor de Deus, minha gente! Agora que todos estão ouvindo, faço um apelo especial a todos: ajudem as crianças pobres, ajudem os desamparados. É o único apelo nesta hora muito especial para mim.”

Depois de ser carregado pelo goleiro santista Agnaldo e cumprimentado pelos outros colegas, Pelé vestiu uma camisa do Vasco com o número 1000 e deu a volta olímpica no estádio, com a torcida aplaudindo de pé, apesar de seu gol ter sido o da derrota do time da casa por 2 a 1. No vestiário, voltou a lembrar das crianças carentes: “Ajudemos às crianças desafortunadas, que precisam do pouco de quem tem muito”.

● Assim foi escrito um dos mais belos e importantes capítulos da história do futebol mundial.

Vasco 1 x 2 Santos
Data: 19/11/1969
Estádio: Jornalista Mário Filho (Maracanã)
Público: 65.157
Cidade: Rio de Janeiro (RJ)
Árbitro: Manoel Amaro de Lima

Vasco: Andrada; Fidélis, Moacir, Fernando e Eberval; Bougleaux, Renê, Acelino (Raimundinho) e Adílson; Benetti e Danilo Menezes (Silvinho). Técnico: Célio de Souza.

Santos: Aguinaldo; Carlos Alberto Torres, Ramos Delgado, Djalma Dias (Joel Camargo) e Rildo; Clodoaldo, Lima, Manoel Maria e Edu; Pelé (Jair Bala) e Abel. Técnico: Antoninho.

Gols: Benetti, aos 17 minutos do primeiro tempo; Renê (contra), aos 10; e Pelé (pênalti), aos 32 minutos do segundo tempo.

… Mané Garrincha: “Anjo de Pernas Tortas”

Três pontos sobre…
… Mané Garrincha: “Anjo de Pernas Tortas”


(Imagem: paixaocanarinha.com.br)

● Em 1958, em testes antes da Copa, foi diagnosticado como “retardado” por João Carvalhaes, psicólogo da delegação brasileira. Por ser considerado irresponsável, não foi escalado como titular nos dois primeiros jogos do Brasil, mas, após dois jogos fracos da equipe, se tornou titular. No terceiro jogo, contra a União Soviética, o técnico Vicente Feola deu a ordem para atacarem diretamente na saída de bola, pelo lado direito, com Garrincha. Ele recebeu a bola na direita, driblou três adversários e chutou cruzado na trave. Ainda com menos de um minuto, deu uma assistência para Pelé também acertar a trave. Aos 2 minutos, Didi deu uma linda assistência para o gol de Vavá, que abriu o Placar. O jogo terminou com 2 a 0. Segundo o jornalista francês Gabriel Hanot (idealizador da Liga dos Campeões da Europa), aqueles foram “os três melhores minutos da história do futebol”. Foi campeão do mundo com a camisa 11, pois a 7 foi vestida por Zagallo. (O Brasil não enviou a numeração oficial e a FIFA “jogou” os números de forma aleatória.)

● Quando Pelé se contundiu logo no segundo jogo da Copa de 1962, Garrincha “fez papel de Pelé” e conduziu o Brasil ao título. Ele deu show nas quartas de final, no 3 a 1 contra a Inglaterra, com um gol de cabeça e outro em chute central da entrada da área. Em determinado momento, um cachorro invadiu o gramado e “driblou” vários jogadores, inclusive Garrincha, mas foi capturado pelo atacante Jimmy Greaves (apesar de ter ensopado a camisa do inglês de xixi). Após o jogo, o cão foi sorteado por um oficial chileno entre os jogadores brasileiros e Garrincha ganhou e lhe deu o nome de “Bi”. Nas semifinais diante dos anfitriões chilenos, Mané fez mais dois gols: um de perna esquerda e um de cabeça. Aos 38 minutos do segundo tempo, reagiu a uma cusparada e a um tapa na cara e revidou com um chute na bunda do chileno Eládio Rojas e foi expulso. Mas o julgamento foi marcado apenas para depois do último jogo da Copa. Foi a única expulsão em sua carreira. Na final contra a Tchecoslováquia, mesmo ardendo em febre, Garrincha liderou sua equipe e conquistou o segundo título mundial consecutivo. Na Copa de 1966, já atuava no Corinthians e estava completamente fora de forma, sem ritmo de jogo e se recuperando de uma lesão no joelho. Marcou um gol de falta no 2 a 0 contra a Bulgária, na estreia. No jogo seguinte, sem Pelé (lesionado), perdeu sua única partida com a camisa canarinho, para a Hungria, por 3 a 1. Não jogou contra Portugal no terceiro jogo e o Brasil foi eliminado ainda na fase de grupos.

● – Foi homenageado pela Mangueira no desfile das escolas de samba no Carnaval de 1980. Ele participou do desfile, mas estava completamente dopado por um remédio, pois tinha acabado de sair de uma internação por causa do alcoolismo.

– Diz a lenda que em um clássico entre Botafogo x Fluminense, o zagueiro Pinheiro se chocou com o ponta Quarentinha, se lesionando. A bole sobrou para Garrincha fazer o gol, livre, diante do goleiro, mas ele jogou a bola pela lateral para que seu adversário fosse atendido. Essa é uma das primeiras ocasiões conhecidas de “fair play“.

– Garrincha criou o “olé” no futebol. Em história contada no livro “Histórias do Futebol”, João Saldanha diz que foi no México, em 1957, no Estádio Universitário, em um amistoso contra o River Plate (ARG), quando Mané fez gato e sapato do lateral esquerdo adversário, Vairo. Segundo Saldanha, “toda vez que Mané parava na frente de Vairo, os espectadores mantinham-se no mais profundo silêncio. Quando Mané dava aquele seu famoso drible e deixava Vairo no chão, um coro de cem mil pessoas exclamava: ‘Ô ô ô ô ô ô-lê!’ Foi ali, naquele dia, que surgiu a gíria do ‘olé’. As agências telegráficas enviaram longas mensagens sobre o acontecimento e deram grande destaque ao ‘olé’. As notícias repercutiram bastante no Rio e a torcida carioca consagrou o ‘olé’”.

– Garrincha costumava chamar todos seus marcadores de “João”. Isso porque certa vez um repórter perguntou quem era o lateral que iria lhe marcar. Ele não sabia e respondeu: “Escreve aí que é um tal de João”. Ficou a lenda. Provavelmente mais uma das histórias inventadas pelo jornalista Sandro Moreyra, muito amigo de Garrincha.

– Na Copa de 1958, na Suécia, Garrincha foi a uma loja com o dentista Mário Trigo e se apaixonou pelo rádio Telefunken. O craque estava maravilhado com o radinho de pilha, quando o massagista Mário Américo disse: “Esse rádio não funcionará no Brasil, ele só fala sueco! Façamos o seguinte: você pagou 180 coroas, te dou 90 para diminuir seu prejuízo.” Ciente de que tinha feito um bom negócio se desfazendo do rádio, Mané foi reclamar com o Dr. Mário Trigo. O dentista desfez a confusão e pegou mais 180 coroas com Paulo Machado de Carvalho (chefe da delegação) e comprar outro aparelho para o inocente Mané. Há várias versões dessa história, mas essa foi a confirmada pelo Dr. Mário Trigo.

– Certa vez o Botafogo foi fazer uma excursão em Madri e Garrincha sumiu logo na primeira noite. O técnico Zezé Moreira, conhecendo seu jogador, partiu em busca dele nas “casas de tolerância”. Chamou um táxi e começou a percorrer as barulhentas ruas da capital espanhola, cheias de mulheres de oferecendo. Quando avistou Garrincha, mandou o taxista parar. Já ia descendo do carro quando Mané, que também o viu, gritou, fazendo a maior festa: “Aí, hein, seu Zezé! O senhor também aqui na zona?” Zezé não soube o que fazer e partiu no mesmo táxi que o trouxe.

P.S.: Essas e outras histórias viraram folclore. Na verdade, nunca se soube o que era fato sobre o Mané e o que era exagero ou pura “criatividade” de seu amigo jornalista Sandro Moreyra.

… Rei Pelé: ministro, ator e sua saúde

Três pontos sobre…
… Rei Pelé: ministro, ator e sua saúde


(Imagem: Veja – Editora Abril)

● Em 1995, quando assumiu a Presidência da República, Fernando Henrique Cardoso criou o Ministério Extraordinário do Esporte, separando-o de outras áreas, como cultura e turismo. O segundo passo foi convidar para ministro desta pasta o Sr. Edson Arantes do Nascimento. Tomou posse em 03/01/1995 e deixou como legado uma lei que tem seu nome (nº 9.615/98), mas nos seus artigos não restaram quase nada do pensamento inicial. Aprovou o fim da lei do passe, o que foi marcante na história do futebol brasileiro. O principal intuito era a profissionalização dos clubes. Mas, no fim, o jogador deixou de ser escravo do clube para ser escravo de empresários. Essa nunca foi a intenção do trabalho do ministro e de sua equipe. Pelé deixou o cargo em maio de 1998. Com sua saída, o Presidente FHC extinguiu a pasta, novamente juntando com o turismo. O esporte só voltou a ter pasta separada com a expansão ministerial no início do mandato do Presidente Lula.

● Pelé também se tornou estrela da sétima arte. Atuou no cinema nos documentários “Isto é Pelé” (1974) e “Pelé Eterno” (2004). Esteve ao lado dos inesquecíveis Didi, Dedé, Mussum e Zacarias, no filme “Os Trapalhões e o Rei do Futebol” (1986). Fez parte também da produção “Os Trombadinhas” (“Pelé contra o crime”) (1979), com os saudosos Raul Cortez e Paulo Goulart. No “Pedro Mico” (1985) foi dublado por Milton Gonçalves, pois o som original ficou inaudível. Esteve também em “O Barão Otelo no Barato dos Bilhões” (1971). Mas foi em 1981 que Pelé se tornou estrela de Hollywood, protagonizando o filme Fuga para a Vitória. O elenco contava com Sylvester Stallone e Michael Caine, além dos craques Bobby Moore, Osvaldo Ardiles e Kazimierz Deyna. Curiosamente, neste filme Pelé interpretou o personagem futebolista de Trinidad e Tobago “Luis Fernandez”, cuja posição era a verdadeira obsessão do Rei: goleiro. Apareceu também nos créditos dos filmes “Solidão. Uma linda hitória de amor” (1989), “Hotshot” (1987), “A vitória do mais fraco” (1983), “A Marcha” (1972). Além do cinema, também teve participações em séries televisivas, dentre outras, “Sai de Baixo”, “A Família Trapo” e foi protagonista da novela “Os Estranhos” (1969), na TV Excelsior, contracenando com astros como Rosamaria Murtinho, Regina Duarte, Gianfrancesco Guarnieri, Carlos Zara e Stênio Garcia.

● Em 2014, quando Pelé contraiu uma infecção urinária, os médicos descobriram que ele não tinha um dos rins. Edson guardou esse segredo por quase 40 anos, mas confessou que precisou extrair o órgão nos Estados Unidos. Essa necessidade se originou de uma pancada tomada quando ainda jogava pelo Santos. Em uma das vezes que o Rei ficou internado, ele brincou: “Nunca tive medo de morrer. Sou um homem de três corações”, fazendo claro trocadilho com o nome da cidade onde nasceu. Pelé era o mais cotado para acender a pira olímpica na cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro, mas infelizmente teve que recusar o convite por problemas de saúde. Ele está com dificuldade dese locomover sem uma bengala, por dores crônicas no quadril, em um corpo que durante décadas foi atlético, mas também foi surrado e maltratado diversas pancadas e lesões.

P.S.: Nesta série sobre Pelé, preferimos não mencionar em momento algum as polêmicas, como o namoro de sete anos com a Xuxa, a filha Sandra que ele não reconheceu e que faleceu de câncer sem nenhuma ajuda do pai e o envolvimento com drogas de seu filho Edinho. Apesar de ser temas relevantes, é motivo apenas de vergonha não só para Pelé, mas também para todos os fãs.