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… 10/07/1982 – Polônia 3 x 2 França

Três pontos sobre…
… 10/07/1982 – Polônia 3 x 2 França


(Imagem: Bob Thomas / Getty Images)

● Na estreia, a França sofreu com problemas internos (como detalhamos aqui) e perdeu para a Inglaterra por 3 x 1. Na segunda partida, goleou o Kuwait do técnico Carlos Alberto Parreira por 4 x 1 – em jogo em que um xeique do país árabe invadiu o campo e obrigou o árbitro a anular um gol legítimo dos gauleses. Na sequência, a França empatou com a Tchecoslováquia por 1 x 1 e se classificou em segundo lugar no Grupo D. A segunda fase foi mais tranquila. Venceu a Áustria por 1 x 0 e a Irlanda do Norte por 4 x 1. Nas semifinais, um duelo histórico com a Alemanha Ocidental, empate por 1 x 1 no tempo normal, 2 x 2 na prorrogação e perdeu por 5 x 4 na decisão por pênaltis – em uma partida que foi claramente prejudicada pela arbitragem que nada marcou em um lance que o goleiro Toni Schumacher deu uma voadora dentro da área no peito de Battiston, que o deixou desmaiado.

A Polônia tinha uma ótima seleção, com jogadores como os veteranos de 1974 Władysław Żmuda, Grzegorz Lato, Andrzej Szarmach e os de 1978 Janusz Kupcewicz e Zbigniew Boniek. Na primeira fase, foi líder em um grupo muito equilibrado. Empatou sem gols os dois primeiros jogos, com Itália e Camarões, e goleou o Peru por 5 x 1 na terceira partida. Na segunda fase, venceu a Bélgica por 3 x 0 e empatou com a União Soviética por 0 x 0. Na semifinal, perdeu para a Itália por 2 x 0 – dois gols de Paolo Rossi.


As duas equipes jogaram no sistema 4-3-3, com aproximação dos homens de meio.

● Depois da frustrante derrota para a Alemanha Ocidental, os franceses estavam totalmente desmotivados para a decisão do 3º lugar. Michel Platini nem foi para o jogo e suas palavras davam o tom da partida: “Não me importo de terminar em terceiro”.

O técnico Michel Hidalgo escalou apenas quatro jogadores que haviam enfrentado os alemães: Manuel Amoros, Marius Trésor, Gérard Janvion e Jean Tigana.

Mas Les Bleus queriam terminar a Copa com dignidade e abriram o placar aos 13′. Pela esquerda, Bruno Bellone passou entre Lato e Boniek e tocou no meio para Tigana, que deixou mais atrás para René Girard. Ele dominou, avançou e bateu fraco e rasteiro, mas a bola foi no cantinho direito do goleiro e tocou na trave antes de entrar.

O técnico polonês Antoni Piechniczek deu uma chance a Andrzej Szarmach, o escalando como titular contra a França depois de deixá-lo o torneio inteiro no banco de reservas. E o experiente camisa 17 retribuiu a confiança de seu treinador, empatando a partida aos 40′. Boniek avançou pelo meio e deu um passe por elevação para Szarmach nas costas de Trésor. Ele surgiu atrás da defesa e, já dentro da área, deixou a bola quicar e chutou cruzado. Ela ainda bateu na trave antes de entrar. Um golaço, desde a construção até a definição da jogada. Zbigniew Boniek fez muita falta na semifinal diante da Itália, quando cumpriu suspensão.


(Imagem: Przegląd Sportowy / DPA / PAP)

No último minuto do primeiro tempo, Kupcewicz bateu escanteio. O goleiro francês Jean Castaneda saiu muito mal e não conseguiu cortar – ele calculou mal a saída do gol. Stefan Majewski apareceu atrás dele para mandar para o gol vazio. Era o segundo gol e a virada polaca. Um presente de Castaneda.

A Polônia aproveitou a empolgação logo no início do segundo tempo e fez o terceiro gol em apenas seis minutos. Logo depois da volta do intervalo, Janvion fez falta em Boniek no lado esquerdo do ataque, próximo à área. Mesmo sem muito ângulo, Kupcewicz bateu a falta direto para o gol. O goleiro tentou adivinhar, esperando o cruzamento, mas a bola foi no cantinho direito, no pé da trave, e Castaneda não conseguiu alcançar. Duas falhas clamorosas do goleiro Jean Castaneda.

A França ainda tentou reagir e diminuiu o placar aos 27′. Christian Lopez, que havia entrado no lugar de Janvion, iniciou a jogada. Philippe Mahut encontrou o incansável Tigana na meia direita. E ele fez um lançamento perfeito, encontrando Alain Couriol dentro da área, na segunda trave. Ele só dominou e tocou por baixo do goleiro Józef Młynarczyk.

Derrotada, a França não conseguiu igualar seu melhor desempenho em Copas do Mundo até então, quando ganhou o bronze em 1958. Mesmo com a derrota, os franceses receberam o maior prêmio em dinheiro entre todas as seleções do Mundial, pago por sua federação.

Por sua vez, a Polônia repetia o brilhante 3º lugar do Mundial de 1974.


(Imagem: Pinterest)

FICHA TÉCNICA:

 

POLÔNIA 3 x 2 FRANÇA

 

Data: 10/07/1982

Horário: 20h00 locais

Estádio: José Rico Pérez

Público: 28.000

Cidade: Alicante (Espanha)

Árbitro: António Garrido (Portugal)

 

POLÔNIA (4-3-3):

FRANÇA (4-3-3):

1  Józef Młynarczyk (G)

21 Jean Castaneda (G)

2  Marek Dziuba

2  Manuel Amoros

9  Władysław Żmuda

7  Philippe Mahut

5  Paweł Janas

8  Marius Trésor (C)

10 Stefan Majewski

5  Gérard Janvion

13 Andrzej Buncol

14 Jean Tigana

8  Waldemar Matysik

11 René Girard

3  Janusz Kupcewicz

13 Jean-François Larios

16 Grzegorz Lato

16 Alain Couriol

20 Zbigniew Boniek

15 Bruno Bellone

17 Andrzej Szarmach

20 Gérard Soler

 

Técnico: Antoni Piechniczek

Técnico: Michel Hidalgo

 

SUPLENTES:

 

 

22 Piotr Mowlik (G)

22 Jean-Luc Ettori (G)

21 Jacek Kazimierski (G)

1  Dominique Baratelli (G)

4  Tadeusz Dolny

4  Maxime Bossis

12 Roman Wójcicki

3  Patrick Battiston

6  Piotr Skrobowski

6  Christian Lopez

7  Jan Jałocha

9  Bernard Genghini

14 Andrzej Pałasz

12 Alain Giresse

15 Włodzimierz Ciołek

10 Michel Platini

18 Marek Kusto

17 Bernard Lacombe

19 Andrzej Iwan

18 Dominique Rocheteau

11 Włodzimierz Smolarek

19 Didier Six

 

GOLS:

13′ René Girard (FRA)

40′ Andrzej Szarmach (POL)

44′ Stefan Majewski (POL)

46′ Janusz Kupcewicz (POL)

72′ Alain Couriol (FRA)

 

CARTÕES AMARELOS:

62′ Andrzej Buncol (POL)

71′ Roman Wójcicki (POL)

79′ Gérard Soler (FRA)

 

SUBSTITUIÇÕES:

INTERVALO Waldemar Matysik (POL) ↓

Roman Wójcicki (POL) ↑

 

65′ Gérard Janvion (FRA) ↓

Christian Lopez (FRA) ↑

 

82′ Jean Tigana (FRA) ↓

Didier Six (FRA) ↑

Gols da partida:

 

… 09/07/1994 – Itália 2 x 1 Espanha

Três pontos sobre…
… 09/07/1994 – Itália 2 x 1 Espanha


(Imagem: Storie di Calcio)

● Na primeira fase, a Espanha se classificou em segundo lugar do Grupo C. Na primeira rodada, cedeu o empate para a Coreia do Sul por 2 x 2, depois de estar vencendo por 2 x 0 até os 40′ do segundo tempo. No jogo seguinte, empate por 1 x 1 com a então campeã mundial, a Alemanha. Na terceira partida, venceu a Bolívia por 3 x 1. Nas oitavas de final, vitória tranquila sobre a Suíça por 3 x 0.

O técnico espanhol Javier Clemente tinha fama de defensivo e provou isso com sua escalação. Além de não convocar Míchel e Emilio Butragueño, ele deixou no banco os três meio-campistas mais talentosos de seu elenco: Fernando Hierro (era volante na seleção nessa época), Pep Guardiola e Julen Guerrero, preferindo escalar o zagueiro Miguel Ángel Nadal como volante. Na defesa, seguiu com o revezamento e sacou Paco Camarasa para escalar Jorge Otero. Outra mudança importante foi a volta de José Luis Caminero (que cumpriu suspensão contra a Suíça). No ataque titular não havia nenhum atacante de ofício, mas os meias ofensivos Jon Andoni Goikoetxea e Luis Enrique.


(Imagem: Eurosport)

● A Itália sofreu um pouco no Grupo E. Perdeu na estreia por 1 x 0 para a Irlanda, venceu a Noruega por 1 x 0 e empatou com o México em 1 x 1. Esses placares, juntamente com os outros da mesma chave, resultou em uma situação inédita: pela primeira e única vez na história das Copas, um grupo terminou com as quatro seleções rigorosamente empatadas, tanto em pontos ganhos (quatro) como em saldo de gols (zero). O México ficou em primeiro lugar por ter tido o melhor ataque (três gols), a Irlanda ficou em segundo por ter vencido a Itália no confronto direto, a Itália se classificou na repescagem como um dos quatro melhores terceiros lugares e a Noruega ficou de fora por ter marcado menos gols (só um).

Depois do sufoco diante dos nigerianos nas oitavas de final (2 x 1 na prorrogação), o técnico Arrigo Sacchi escalou a Azzurra de forma mais cautelosa. O goleiro Gianluca Pagliuca voltou a ser titular depois de uma suspensão de dois jogos, ganhando a vaga de Luca Marchegiani. Na lateral direita, Roberto Mussi deu lugar ao experiente Mauro Tassotti. Na meia direita, saiu Antonio Conte e entrou Nicola Berti. Mas a alteração mais radical foi a saída do atacante Giuseppe Signori para a entrada do volante Dino Baggio. Com essa mudança, Roberto Baggio – que estava atuando como meia – passou a jogar como atacante. A ausência era o capitão Franco Baresi, que fez uma artroscopia depois do jogo com a Noruega.


A Itália jogava no 4-4-2. Arrigo Sacchi era adepto da marcação por pressão e da redução do campo a três quartos. Fazia isso adiantando sua linha de zagueiros e recuando os dois atacantes, dando pouco espaço entre suas linhas para que o adversário trabalhasse a bola.


A Espanha atuou no sistema 5-3-2, sem nenhum atacante de ofício e muita aproximação dos meias centrais.

● No dia 9 de julho de 1994, Itália e Espanha adentraram o gramado do Foxboro Stadium, na cidade de Foxborough, estado de Massachusetts, sob um calor de 36° C e 55% de umidade relativa do ar.

A Azzurra estava mais cansada depois de precisar da prorrogação para passar pela Nigéria.

A primeira chance foi italiana. Daniele Massaro avançou pela direita e cruzou para a área. Roberto Baggio não finalizou bem e chutou em cima de Albert Ferrer.

Pouco depois, Abelardo acertou uma solada horrível em Roberto Baggio, chegando por cima na dividida. O craque italiano teve que sair para ser atendido, mas logo retornou ao campo.

Pela primeira vez na Copa de 1994, a Itália dominou o início do jogo. Mas o gol só saiu aos 25′. Dino Baggio abriu na esquerda para Roberto Donadoni, que fez boa jogada e devolveu para o camisa 13. Ele teve tempo e espaço para dominar, ajeitar o corpo e encher o pé. Mesmo de longe, a bola fez uma curva e foi no ângulo esquerdo de Andoni Zubizarreta.

Aproveitando o bom momento no jogo, a Azzurra quase ampliou. Após passe de Dino Baggio, Massaro caiu na área em dividida com Abelardo, mas o árbitro húngaro Sándor Puhl não marcou pênalti. Uma jogada duvidosa.

Logo no terceiro minuto da etapa final, um lance polêmico e controverso. Goikoetxea cruzou da direita e Mauro Tassotti acertou uma cotovelada no rosto de Luis Enrique, que caiu em campo. Seria pênalti claro e expulsão do italiano, mas o juiz não viu o lance. Com o rosto ensanguentado, Luis Enrique se revoltou e partiu para cima de Tassotti. O árbitro separou a brica e nada marcou. Sem acreditar, Luis Enrique desabou no chão, impotente, após tamanha covardia. Posteriormente, Tassotti seria suspenso pela FIFA por quatro partidas por causa da agressão. Foi a primeira punição decretada pela entidade baseada em imagens de TV, sem o relato do árbitro na súmula.


(Imagem: Última Divisão)

A Fúria só empatou aos 13′ do segundo tempo. Giuseppe Signori errou o passe no campo de ataque. Jorge Otero interceptou e deixou com José Mari Bakero, que abriu na esquerda para Sergi. Ele avançou e tentou passar para Luis Enrique. Alessandro Costacurta cortou e a bola voltou para Sergi. O lateral cruzou da esquerda, a bola passou por Otero e sobrou para José Luis Caminero. Da entrada da área, ele bateu de esquerda. A bola desviou em Antonio Benarrivo e tirou Gianluca Pagliuca da jogada. Foi o terceiro gol de Caminero no Mundial. Ele foi o melhor jogador de seu país no torneio.

Luis Enrique cortou da esquerda para o meio, mas chutou para fora. A bola foi rasteira e saiu à direita de Pagliuca.

Goikoetxea bateu escanteio da esquerda e Pagliuca dividiu com Caminero dentro da pequena área, impedindo a virada.

Os espanhóis começaram a acreditar na vitória. A cinco minutos do fim, Fernando Hierro fez um lançamento excepcional do círculo central para Julio Salinas. O atacante estava sozinho dentro da área, mas esperou demais para definir a jogada, se afobou com a saída de Pagliuca e bateu fraco, em cima do goleiro. Um dos gols mais perdidos da Copa. No rebote, Caminero (sempre ele) tentou tirar a marcação de Costacurta, mas foi desarmado.

A Espanha insistiu. Hierrro chutou de longe. A bola tinha o endereço do ângulo, mas Pagliuca voou na bola e espalmou por cima.

O placar se resolveu a dois minutos do apito final. Da esquerda de sua defesa, Benarrivo tocou para Donadoni, que fez um passe vertical para Nicola Berti pelo meio. Ele viu a infiltração de Signori no ponto futuro e fez um passe por elevação. Signori chegou antes da marcação e só teu um toquinho para a direita onde estava Roberto Baggio. O craque recebeu livre, driblou Zubizarreta e, mesmo com pouco ângulo, mandou para o gol. Abelardo ainda tentou dar um carrinho para tirar, mas a bola acabou passando entre as suas pernas. Foi um passe perfeito de Signori e o terceiro gol de Baggio na Copa.

A Squadra Azzurra venceu por 2 x 1. Como é tradicional em sua rica história, mais uma vez os italianos estiveram a um passo da eliminação e novamente sobreviveram.

Sem nenhum parentesco entre si, os “Baggio Boys” – Roberto e Dino – levaram a Itália à mais uma semifinal de Copa do Mundo.

Aos 51′, o árbitro húngaro Sándor Puhl apitou o fim da partida.


(Imagem: Storie di Calcio)

● Na sequência, a Itália venceu a surpreendente Bulgária na semifinal por 2 x 1, com dois gols de Roberto Baggio. Na decisão, a Azzurra empatou sem gols com a Seleção Brasileira no tempo normal e na prorrogação. Na decisão por pênaltis, a Itália perdeu por 3 x 2 e seguia seu drama de perder na decisão por penalidades.

FICHA TÉCNICA:

 

ITÁLIA 2 x 1 ESPANHA

 

Data: 09/07/1994

Horário: 12h00 locais

Estádio: Foxboro Stadium

Público: 53.400

Cidade: Foxborough (Estados Unidos)

Árbitro: Sándor Puhl (Hungria)

 

ITÁLIA (4-4-2):

ESPANHA (5-3-2):

1  Gianluca Pagliuca (G)

1  Andoni Zubizarreta (G)(C)

9  Mauro Tassotti

2  Albert Ferrer

4  Alessandro Costacurta

3  Jorge Otero

5  Paolo Maldini (C)

5  Abelardo

3  Antonio Benarrivo

18 Rafael Alkorta

15 Antonio Conte

12 Sergi

11 Demetrio Albertini

20 Miguel Ángel Nadal

13 Dino Baggio

15 José Luis Caminero

16 Roberto Donadoni

10 José Mari Bakero

10 Roberto Baggio

7  Jon Andoni Goikoetxea

19 Daniele Massaro

21 Luis Enrique

 

Técnico: Arrigo Sacchi

Técnico: Javier Clemente

 

SUPLENTES:

 

 

12 Luca Marchegiani (G)

13 Santiago Cañizares (G)

22 Luca Bucci (G)

22 Julen Lopetegui (G)

2  Luigi Apolloni

17 Voro

6  Franco Baresi

4  Paco Camarasa

8  Roberto Mussi

6  Fernando Hierro

7  Lorenzo Minotti

9  Pep Guardiola

14 Nicola Berti

16 Felipe Miñambres

17 Alberigo Evani

8  Julen Guerrero

20 Giuseppe Signori

11 Txiki Begiristain

21 Gianfranco Zola

14 Juanele

18 Pierluigi Casiraghi

19 Julio Salinas

 

GOLS:

25′ Dino Baggio (ITA)

58′ José Luis Caminero (ESP)

88′ Roberto Baggio (ITA)

 

CARTÕES AMARELOS:

3′ Abelardo (ESP)

19′ José Luis Caminero (ESP)

 

SUBSTITUIÇÕES:

INTERVALO Demetrio Albertini (ITA) ↓

Giuseppe Signori (ITA) ↑

 

60′ Sergi (ESP) ↓

Julio Salinas (ESP) ↑

 

65′ José Mari Bakero (ESP) ↓

Fernando Hierro (ESP) ↑

 

66′ Antonio Conte (ITA) ↓

Nicola Berti (ITA) ↑

Melhores momentos da partida:

… 08/07/1998 – França 2 x 1 Croácia

Três pontos sobre…
… 08/07/1998 – França 2 x 1 Croácia


(Imagem: World Today News)

● Mesmo contando com bons jogadores como Jean-Pierre Papin, Éric Cantona e David Ginola, a França não conseguiu se qualificar para os Mundiais de 1990 e 1994. Mas esse problema foi resolvido para 1998: Les Bleus eram os donos da casa.

Na primeira fase, pelo Grupo C, os franceses venceram África do Sul por 3 x 0, Arábia Saudita por 4 x 0 e Dinamarca por 2 x 1. Nas oitavas de final, contaram com o gol de ouro do zagueiro Laurent Blanc para vencer o Paraguai (1 x 0). Nas quartas, venceram a Itália por 4 x 3 na decisão por pênaltis depois de um empate sem gols.

Depois da dissolução da antiga Iugoslávia, essa era a primeira Copa do Mundo da Croácia como nação independente. E acabou surpreendendo o mundo do futebol, não apenas por ter uma seleção fortíssima, mas também pelo uniforme bem diferente do convencional: um xadrez de branco e vermelho.

Na primeira fase, a seleção vatreni venceu a Jamaica por 3 x 1 e o Japão por 1 x 0. Já classificada, perdeu para a Argentina por 1 x 0, se classificando em segundo lugar do Grupo H. Nas oitavas, eliminou a Romênia com uma vitória por 1 x 0. Nas quartas, goleou a Alemanha por 3 x 0, demonstrando seu poderio ofensivo.

A França estava aliviada pela vitória da Croácia sobre a Alemanha. Em 1982 e 1986, Les Bleus enfrentaram Die Mannschaft justamente nas semifinais e perderam ambas, mesmo jogando melhor, com um futebol vistoso e ofensivo.

Antes da partida, vários sentimentos distintos. O experiente zagueiro francês Marcel Desailly queria libertar seu país das amarras dos fracassos antigos: “Não aguento mais ouvir falar das glórias e das derrotas das gerações passadas. Precisamos fazer a nossa história. Queremos ir ainda mais longe que Michel Platini, Alain Giresse e Jean Tigana”.

O técnico croata Miroslav Blažević queria estragar a festa dos anfitriões e viu um ponto fraco onde não existia, na tentativa de desestabilizar o adversário: “Não acredito que a França tenha essa defesa toda que dizem”.

Do outro lado, o treinado francês Aimé Jacquet pregava o respeito: “Os croatas podem não ter a força e a camisa dos alemães. Mas têm alguns jogadores que podem definir um jogo”.


A França jogou no sistema 4-5-1, fechando os espaços no meio e com Zidane e Djorkaeff se aproximando do ataque.


A Croácia atuou no esquema 3-5-2, com o constante avanço dos alas e aproximação dos meias.

● Era enorme a expectativa por um grande jogo. A torcida da francesa era um espetáculo no Stade de France, em Saint-Denis.

A França começou no ataque. Youri Djorkaeff avançou pela direita e cruzou para a área. Stéphane Guivarc’h tocou de calcanhar e Zinedine Zidane chutou, mas o goleiro Dražen Ladić segurou sem dar rebote.

Laurent Blanc fez um lançamento longo da direita para a área. Guivarc’h escorou de cabeça para trás e Zidane bateu de primeira. A bola passou perto da trave esquerda do goleiro croata.

Os franceses perderam oportunidades que não podem ser desperdiçadas. O nervosismo era latente nos donos da casa, que não fizeram um bom primeiro tempo e viram a Croácia assustar com um chute de Aljoša Asanović dentro da área.

E foram os croatas quem abriram o placar no primeiro minuto da etapa final.

Davor Šuker recebeu na direita e foi entrando em diagonal pelo meio. Ele deixou com Asanović, que ganhou da marcação e devolveu por elevação para a infiltração de Šuker, no ponto futuro. Dentro da área, o centroavante dominou e bateu rápido por baixo de Fabien Barthez. Os franceses pediram impedimento no lance, mas Thuram errou a linha e deu condições ao camisa 9 da Croácia. Os franceses ficavam em desvantagem no placar pela primeira vez no Mundial. Mas durou pouco.


(Imagem: The42)

Mas Lilian Thuram se redimiu um minuto depois. Ele avançou pela direita e tentou tocar mais a frente para Thierry Henry. Robert Jarni cortou e, próximo à sua área, Zvonimir Boban deu um giro e demorou a decidir o que fazer. Thuram veio por trás e lhe tomou a bola. Djorkaeff recebeu e devolveu para Thuram, já dentro da área. Sem cacoete para finalização, o zagueiro-lateral bateu na bola meio sem jeito, já caindo, mas a bola foi para o gol.

Thuram parecer ter tomado gosto pelo ataque. Zidane virou o jogo na direita para o camisa 15. Ele avançou e tocou para Henry, que foi travado pela marcação. A bola sobrou para Jarni, que demorou demais para se desfazer da bola. Thuram tomou dele e bateu de esquerda de fora da área. A bola quicou e foi morrer no canto esquerdo do goleiro Ladić.

Mas quatro minutos depois, a França ficou com um homem a menos. Henry tocou para Zidane no meio e Zizou abriu na esquerda para o apoio de Bixente Lizarazu. O lateral basco avançou até sofrer falta de Mario Stanić. Zidane cobrou a falta para a área e, na busca por espaço, Blanc empurrou o rosto de Slaven Bilić. O árbitro entendeu como agressão e expulsou o zagueiro francês.


(Imagem: Sportskeeda)

Com um jogador a mais, a Croácia partiu para o ataque em busca do empate.

Jarni cruzou da esquerda. Na segunda trave, Šuker dominou no peito tirando a marcação de Lizarazu e bateu forte de direita. Desailly chegou travando e impediu o que seria o gol de empate.

Zvonimir Soldo cruzou da direita. Silvio Marić fez o corta luz e Goran Vlaović chutou de longe. A bola desviou no meio do caminho e foi descaindo. Ela tinha o rumo do ângulo direito, mas Barthez voou e mandou para escanteio.

Robert Prosinečki cobrou escanteio à meia altura. Igor Štimac desviou de cabeça para trás, mas a bola não chegou a Šuker. Desailly chutou para o alto e afastou o perigo.

Enquanto isso, a torcida francesa cantava o hino nacional, “La Marseillaise”, em plenos pulmões. E explodiu em êxtase após o apito final.


(Imagem: Sportsnet)

● Nascido no dia 01/01/1972 em Guadalupe – um departamento ultramarino da França no Caribe – Ruddy Lilian Thuram-Ulien jogou 142 partidas pela seleção francesa, de 1994 a 2008, e marcou apenas dois gols. Justamente os dois que levaram a França para sua primeira final de Copa.

Após três derrotas em semifinais de Copas do Mundo (1958, 1982 e 1986), finalmente a França chegou à final.

“Eu não acredito. Estamos na final!” ― Emmanuel Petit

“Não faço gols nem nos treinamentos. Numa semifinal de Copa, marquei dois. Não sei o que dizer.” ― Lilian Thuram

“Agora, vamos enfrentar os mestres do futebol.” ― Aimé Jacquet

Na decisão, a França jogou melhor e venceu o Brasil por 3 x 0 e conquistou seu primeiro título da Copa do Mundo de Futebol.


(Imagem: Soccer Museum)

FICHA TÉCNICA:

 

FRANÇA 2 x 1 CROÁCIA

 

Data: 08/07/1998

Horário: 21h00 locais

Estádio: Stade de France

Público: 76.000

Cidade: Saint-Denis (França)

Árbitro: José María García-Aranda (Espanha)

 

FRANÇA (4-5-1):

CROÁCIA (3-5-2):

16 Fabien Barthez (G)

1  Dražen Ladić (G)

15 Lilian Thuram

4  Igor Štimac

5  Laurent Blanc

20 Dario Šimić

8  Marcel Desailly

6  Slaven Bilić

3  Bixente Lizarazu

13 Mario Stanić

7  Didier Deschamps (C)

17 Robert Jarni

19 Christian Karembeu

14 Zvonimir Soldo

17 Emmanuel Petit

7  Aljoša Asanović

10 Zinedine Zidane

10 Zvonimir Boban (C)

6  Youri Djorkaeff

19 Goran Vlaović

9  Stéphane Guivarc’h

9  Davor Šuker

 

Técnico: Aimé Jacquet

Técnico: Miroslav Blažević

 

SUPLENTES:

 

 

1  Bernard Lama (G)

12 Marjan Mrmić (G)

22 Lionel Charbonnier (G)

22 Vladimir Vasilj (G)

18 Frank Leboeuf

5  Goran Jurić

2  Vincent Candela

15 Igor Tudor

14 Alain Boghossian

18 Zoran Mamić

4  Patrick Vieira

3  Anthony Šerić

11 Robert Pirès

21 Krunoslav Jurčić

13 Bernard Diomède

8  Robert Prosinečki

21 Christophe Dugarry

11 Silvio Marić

12 Thierry Henry

2  Petar Krpan

20 David Trezeguet

16 Ardian Kozniku

 

GOLS:

46′ Davor Šuker (CRO)

47′ Lilian Thuram (FRA)

70′ Lilian Thuram (FRA)

 

CARTÕES AMARELOS:

45′ Aljoša Asanović (CRO)

75′ Mario Stanić (CRO)

88′ Dario Šimić (CRO)

 

CARTÃO VERMELHO:
74′ Laurent Blanc (FRA)

 

SUBSTITUIÇÕES:

31′ Christian Karembeu (FRA) ↓

Thierry Henry (FRA) ↑

 

65′ Zvonimir Boban (CRO) ↓

Silvio Marić (CRO) ↑

 

68′ Stéphane Guivarc’h (FRA) ↓

David Trezeguet (FRA) ↑

 

77′ Youri Djorkaeff (FRA) ↓

Frank Leboeuf (FRA) ↑

 

89′ Mario Stanić (CRO) ↓

Robert Prosinečki (CRO) ↑

Melhores momentos da partida:

Jogo completo:

… 07/07/2010 – Espanha 1 x 0 Alemanha

Três pontos sobre…
… 07/07/2010 – Espanha 1 x 0 Alemanha


(Imagem: Belfast Telegraph)

● Pela primeira vez, a Espanha chegou a uma Copa do Mundo como principal favorita. O título da Eurocopa de 2008 levantou a autoestima dos espanhóis e espantou o estigma de fracassar nas grandes competições. Mas, ao mesmo tempo que isso dava confiança ao time, trazia também mais pressão para que superasse a falta de tradição e conquistasse o Mundial.

O técnico Vicente Del Bosque assumiu a seleção depois do título da Euro 2008 e manteve o sistema tático e a forma de jogar que foi implementada pelo seu antecessor, Luis Aragonés. La Roja impressionava pelo ritmo de jogo, baseado na técnica e na posse de bola, estilo que ficou conhecido como “tiki-taka”. O ponto forte era o meio de campo, que contava com jogadores talentosos como Sergio Busquets, Xabi Alonso, Cesc Fàbregas, David Silva, Xavi e Andrés Iniesta.

A Espanha estava invicta havia 35 jogos e perdeu para os Estados Unidos na semifinal da Copa das Confederações de 2009, frustrando a expectativa de medir forças com o Brasil na final do torneio.

Na estreia do Mundial, a Fúria foi surpreendida com uma inesperada derrota para a Suíça por 1 x 0. Mas se recuperou ao vencer Honduras por 2 x 0 e Chile por 2 x 1. Nas fases de mata-mata, um festival de “1 x 0”. Com esse placar, La Roja venceu Portugal no clássico ibérico das oitavas de final e bateu Portugal nas quartas de final.

Para a semifinal, Vicente Del Bosque preferiu dar mais mobilidade ao seu ataque, sacando Fernando Torres para a entrada de Pedro.


(Imagem: Spox)

● A Alemanha seguia seu recomeço. Depois de fiascos nas Copas de 1994 e 1998, chegou à final de 2002 com um time que o destaque era o goleiro Oliver Kahn. Jogando em casa em 2006, a Nationalelf chegou em 3º lugar, com um time mais renovado e mais técnico.

Para o Mundial de 2010, perdeu por lesão o zagueiro Heiko Westermann e o capitão Michael Ballack pouco antes do torneio. Mas foi a ausência de Ballack que fez desabrochar o talento de Sami Khedira e Mesut Özil, além da liderança de Philipp Lahm. Os protagonistas eram Bastian Schweinsteiger, Thomas Müller, Łukasz Podolski e Miroslav Klose.

O técnico Joachim Löw também teve que se reinventar após a perda de seus goleiros principais. Robert Enke perdeu a luta contra a depressão e se matou sete meses antes do Mundial. René Adler se lesionou às vésperas da competição e não viajou para a África do Sul. Com isso, o treinador deu uma chance no time titular a Manuel Neuer, do Schalke 04.

Na Copa de 2010, a Alemanha estreou goleando a Austrália por 4 x 0. No segundo jogo, um pequeno deslize na derrota para a Sérvia por 1 x 0. Na terceira rodada, venceu Gana por 1 x 0. Nas oitavas de final, goleada sobre a rival Inglaterra por 4 x 1. Nas quartas, massacre sobre a Argentina por 4 x 0.

Para a semifinal, a Nationalelf não contava com Thomas Müller, suspenso pelo segundo cartão amarelo. O camisa 13 vinha sendo o principal jogador do time e fez muita falta aos teutônicos. Ele foi substituído por Piotr Trochowski, que, embora fosse bom jogador, não tinha as mesmas características.


A Espanha jogava em um sistema bastante móvel: era escalada no 4-2-3-1, mas atacava no 4-3-3 e se defendia no 4-5-1.


Joachim Löw armou a Alemanha no sistema 4-2-3-1.

● As duas seleções haviam se enfrentado na final da Eurocopa de 2008, com uma vitória da Espanha por 1 x 0 – gol de Fernando Torres aos 33′. O roteiro se repetiria.

Em campo, o jogo parecia uma tourada: a Espanha fazia o papel de toureiro e controlava o espetáculo, com “olé” no toque de bola incessante; a Alemanha foi o pobre touro, que não viu a cor da bola.

A primeira chance clara de gol veio depois de cinco minutos jogados. Gerard Piqué acionou Pedro na meia direita e ele deu o passe na medida para David Villa finalizar já dentro da área, mas Neuer saiu bem para fechar o ângulo e impedir o gol.

Aos 13′, após cobrança de escanteio ensaiada, Iniesta cruzou e Puyol cabeceou para fora com muito perigo. Parecia uma premonição.

Foi um jogo muito disputado, mas também muito leal. A primeira falta do jogo só foi acontecer aos 26′. O árbitro húngaro Viktor Kassai teve pouco trabalho e não teve que apresentar nenhum cartão amarelo.

Aos 29′, Xabi Alonso arriscou de longe e mandou à direita do gol.

A primeira finalização alemã veio dois minutos depois. Trochowski bateu rasteiro de longe e obrigou Casillas a espalmar para escanteio.


(Imagem: Halden Krog / EFE /)

No fim da etapa inicial, Pedro chutou forte da intermediária e Neuer segurou firme.

O segundo tempo continuou no mesmo ritmo: a Espanha amassava e a Alemanha tentava se defender.

Xabi Alonso tentou em chutes de fora da área que foram para fora, aos 3′ e aos 4′.

Aos 12′, Joan Capdevila tabelou com Iniesta pela esquerda e cruzou rasteiro para a área. Xabi Alonso ajeitou para trás e Pedro bateu de primeira, da meia-lua, mas Neuer espalmou para o lado. A Fúria ainda ficou com o rebote dentro da área e Xabi Alonso deixou de calcanhar com Iniesta que cruzou da esquerda. A bola passou por Villa, que chegou atrasado e não conseguiu finalizar com o gol vazio.

Na única chance da Alemanha, aos 23′, Özil avançou pela esquerda e tocou para Podolski já dentro da grande área. Ele cruzou pelo alto, a bola passou por Klose e Toni Kroos apareceu livre na segunda trave para bater de primeira para boa defesa de Iker Casillas.

O amplo domínio espanhol foi recompensado com superioridade no placar aos 28′ de uma maneira nada convencional para La Roja. Xavi cobrou escanteio para a área. Puyol chegou na área vindo na corrida, apareceu como um homem surpresa nas costas da defesa e cabeceou com força à esquerda de Neuer.

Depois do gol, a Espanha recuou naturalmente para segurar a vantagem e a Alemanha passou a ter mais um pouco de posse de bola, mas não conseguiu agredir o gol de Iker Casillas.


(Imagem: BBC)

● Em sua 13ª Copa do Mundo, enfim a Espanha conseguiu a vaga em sua primeira e tão desejada final de Copa do Mundo.

Após o fim da partida, houve uma festa dos jogadores espanhóis no vestiário do estádio Moses Mabhida Stadium, em Durban. Eis que de repente aparece na frente dos atletas a rainha Sofia da Espanha, que desceu das tribunas de honra para parabenizar pessoalmente os heróis da Fúria. Enquanto os jogadores tentaram disfarçar e organizar a bagunça, a monarca pediu para cumprimentar o autor do gol da vitória. Depois de um tempo, apareceu Carles Puyol quase pelado, apenas com uma toalha enrolada na cintura. Enquanto ele recebia o cumprimento real, os companheiros se acabavam em risos vendo a cena.

Na decisão do 3º lugar, a Alemanha conseguiu ficar com o Bronze após vencer o Uruguai por 3 x 2. Nessa partida, os germânicos atingiram a marca de 99 jogos em Copas do Mundo, superando o Brasil como a seleção que mais jogou em Mundiais.

Na decisão que consagraria um campeão inédito, venceu a azarada Holanda pelo placar de 1 x 0, com um gol de Andrés Iniesta aos 11 minutos do segundo tempo da prorrogação. Espanha, merecida e legítima campeã mundial de 2010!


(Imagem: Soccer – Football Scores)

FICHA TÉCNICA:

 

ESPANHA 1 x 0 ALEMANHA

 

Data: 07/07/2010

Horário: 20h30 locais

Estádio: Moses Mabhida Stadium

Público: 60.960

Cidade: Durban (África do Sul)

Árbitro: Viktor Kassai (Hungria)

 

ESPANHA (4-2-3-1):

ALEMANHA (4-2-3-1):

1  Iker Casillas (G)(C)

1  Manuel Neuer (G)

15 Sergio Ramos

16 Philipp Lahm (C)

3  Gerard Piqué

3  Arne Friedrich

5  Carles Puyol

17 Per Mertesacker

11 Joan Capdevila

20 Jérôme Boateng

16 Sergio Busquets

6  Sami Khedira

14 Xabi Alonso

7  Bastian Schweinsteiger

8  Xavi

15 Piotr Trochowski

6  Andrés Iniesta

8  Mesut Özil

18 Pedro

10 Łukasz Podolski

7  David Villa

11 Miroslav Klose

 

Técnico: Vicente del Bosque

Técnico: Joachim Löw

 

SUPLENTES:

 

 

12 Víctor Valdés (G)

12 Tim Wiese (G)

23 Pepe Reina (G)

22 Hans-Jörg Butt (G)

2  Raúl Albiol

14 Holger Badstuber

4  Carlos Marchena

5  Serdar Tasci

17 Álvaro Arbeloa

4  Dennis Aogo

20 Javi Martínez

2  Marcell Jansen

10 Cesc Fàbregas

18 Toni Kroos

13 Juan Mata

21 Marko Marin

21 David Silva

13 Thomas Müller

22 Jesús Navas

19 Cacau

19 Fernando Llorente

9  Stefan Kießling

9  Fernando Torres

23 Mario Gómez

 

GOL: 73′ Carles Puyol (ESP)

 

SUBSTITUIÇÕES:

52′ Jérôme Boateng (ALE) ↓

Marcell Jansen (ALE) ↑

 

62′ Piotr Trochowski (ALE) ↓

Toni Kroos (ALE) ↑

 

81′ Sami Khedira (ALE) ↓

Mario Gómez (ALE) ↑

 

81′ David Villa (ESP) ↓

Fernando Torres (ESP) ↑

 

86′ Pedro (ESP) ↓

David Silva (ESP) ↑

 

90+3′ Xabi Alonso (ESP) ↓

Carlos Marchena (ESP) ↑

Melhores momentos da partida:

… 06/07/1974 – Polônia 1 x 0 Brasil

Três pontos sobre…
… 06/07/1974 – Polônia 1 x 0 Brasil


(Imagem: Game of the People)

● A Polônia não disputava uma Copa do Mundo desde 1938, quando perdeu para o Brasil por 6 x 5 logo na partida de estreia. Mas, o país fez uma preparação de sete anos, revelou talentos, soube potencializar suas qualidades e colheu os frutos: a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de 1972, em Munique, e chegava para decidir o 3º lugar da Copa do Mundo de 1974.

O time polonês tinha como maiores qualidades o entrosamento e a disciplina tática, que permitia uma certa liberdade aos jogadores mais talentosos.

VEJA MAIS:
… Polônia e a breve história de sua seleção de futebol
… 03/07/1974 – Polônia 0 x 1 Alemanha Ocidental

Vários jogadores se destacavam, como o goleiro Jan Tomaszewski, o zagueiro Władysław Żmuda, o meia Kazimierz Deyna e o atacante Andrzej Szarmach. Mas o maior destaque era o ponta direita Grzegorz Lato.

O carequinha, que envergava a camisa de nº 16, não era conhecido pelas suas qualidades técnicas ou pelo oportunismo, mas por ser um jogador extremamente veloz para os padrões da época. Ele conseguia correr os 100 metros em 10s8, tempo que poderia habilitá-lo para disputar a prova dos 100 metros rasos nos Jogos Olímpicos de 1972.

A maior ausência nas “Białe Orły” (“As Águias Brancas”, em polonês) foi o atacante Włodzimierz Lubański, que ficou fora do Mundial por causa de uma fratura no pé.

Com uma campanha praticamente irrepreensível, a Polônia só perdeu uma partida no Mundial de 1974. Na primeira fase, 100% de aproveitamento, ao vencer a Argentina (3 x 2), Haiti (7 x 0) e Itália (2 x 1). Na segunda fase, bateu Suécia (1 x 0) e Iugoslávia (2 x 1). Na última rodada, na partida que valia vaga na final, perdeu para a Alemanha, a dona da casa, por 1 x 0.


(Imagem: Twitter @tphoto2005)

● Depois da derrota diante da Holanda, alguns jogadores brasileiros simularam contusões para não jogar a decisão do 3º lugar. Outros declararam que não entrariam em campo em nome de uma certa dignidade pessoal ou profissional.

O time que entrou em campo finalmente tinha Ademir da Guia como titular. Já veterano, o meia, considerado um dos maiores jogadores da história do Palmeiras, vinha sendo sistematicamente ignorado pelo treinador, não ficando nem no banco de reservas.

Sem poder contar com Luís Pereira, expulso contra a Holanda, Zagallo escalou Alfredo Mostarda na zaga.


As duas seleções jogavam no sistema 4-3-3. Mas enquanto os brasileiros eram estáticos, os poloneses jogavam com muita movimentação.

● A decisão do terceiro lugar, no estádio Olímpico de Munique. Aparentemente, nem Brasil, nem Polônia pareciam muito interessados.

Os poloneses sentiram muito o cansaço e diminuíram o ritmo de seu jogo, mas nem assim o Brasil conseguiu impor o seu estilo.

Como nas outras partidas, Jairzinho passou a maior parte do tempo tentando jogadas individuais e perdendo. Rivellino foi discreto e Dirceu recuava demais.

Na melhor jogada do Brasil, Valdomiro recebeu lançamento longo na ponta direita, ganhou da marcação e chutou cruzado. Tomaszewski espalmou para escanteio.

Desinteressada, a Polônia fazia sua pior partida na Copa. Mas, depois da saída de Ademir, os poloneses passaram a ter mais controle no meio de campo. O “Divino” era um dos melhores em campo, quando foi substituído por Mirandinha aos 21 minutos do segundo tempo. Em pouco mais de uma hora, Ademir mostrou que poderia ter sido titular durante o torneio.


(Imagem: Twitter @tphoto2005)

Em um lance, Mirandinha saiu em disparada com a bola quando foi agarrado por Henryk Kasperczak. Mesmo sendo fortemente seguro, Mirandinha ainda percorreu vinte metros até finalmente cair. O jornal alemão Bild definiu o lance como “a falta mais comprida da história das Copas”.

A 15 minutos do fim, Marinho Chagas prendeu demais a bola pelo lado esquerdo e deu um passe errado. Zygmunt Maszczyk acionou Lato na ponta direita, nas costas de Marinho. O carequinha arrancou sozinho com extrema velocidade, passou por Alfredo, invadiu a área e tocou cruzado na saída de Leão, mandando a bola no canto direito. Um contra-ataque letal.

Lato acabaria como artilheiro da Copa de 1974 com sete gols em sete partidas, média de um gol por jogo.

Ele ainda teve a chance de marcar mais um. Após uma dividida, a bola sobrou novamente para Lato arrancar em velocidade, ganhar na corrida de Marinho Chagas e finalizar. Mas Leão defendeu com o pé e impediu o gol.

Parabéns para a Polônia, que chegou brilhantemente ao terceiro lugar, com seis vitórias e apenas uma derrota, marcando 16 gols e sofrendo só cinco.


(Imagem: Pinterest)

● O Brasil de Zagallo foi castigado pelo excesso de cautela, apesar do talento disponível no elenco. Na prática, esse foi um dos piores desempenhos da Seleção em Copas do Mundo. Merecidamente, a Seleção Brasileira foi a pior entre as quatro finalistas.

Depois do jogo, nos vestiários, Leão teria dado um tapa em Marinho Chagas, o culpando pelo gol. Era o retrato do péssimo ambiente da Seleção Brasileira na Copa da Alemanha.

“Tiramos o quarto lugar? Ótimo. Está compatível com o futebol brasileiro do momento.” ― Rivellino, realista

“Pelo que o Brasil apresentou, o quarto lugar foi fenomenal. Eu sou um cara muito consciente. Isso pode até magoar alguns jogadores, mas é isso mesmo: só merecíamos um terceiro ou um quarto lugar.” ― Luís Pereira

“Para quem se preparou para o título, disputar o terceiro lugar não motiva”, disse Zagallo em forma de deboche. Por mais que isso seja verdade, quem pode ser terceiro e não faz nada para isso, não mereceria nunca nem sonhar em ser o primeiro.

Uma das desculpas pelo mau resultado foi a ação de empresários, que negociavam transferências de jogadores durante a Copa. Paulo Cézar foi acusado de “tirar o pé” nas divididas para não se machucar e atrapalhar sua transferência para o Olympique de Marselha.

O 3º lugar na Alemanha Ocidental em 1974 foi a melhor classificação geral da seleção da Polônia na história das Copas – que só foi igualada em 1982, na Espanha.

Ao marcar o gol de honra na derrota da Polônia por 3 x 1 contra o Brasil em 1978, Grzegorz Lato se tornou o único jogador que marcou gols no Brasil em Copas do Mundo diferentes.

A partir de 1974 a FIFA teve um presidente brasileiro. João Havelange derrotou o então mandatário Stanley Rous e se perpetuou no poder até 1998.


(Imagem: Pinterest)

FICHA TÉCNICA:

 

POLÔNIA 1 x 0 BRASIL

 

Data: 06/07/1974

Horário: 16h00 locais

Estádio: Olympiastadion

Público: 77.100

Cidade: Munique (Alemanha Ocidental)

Árbitro: Aurelio Angonese (Itália)

 

POLÔNIA (4-3-3):

BRASIL (4-3-3):

2  Jan Tomaszewski (G)

1  Leão (G)

4  Antoni Szymanowski

4  Maria

9  Władysław Żmuda

15 Alfredo Mostarda

6  Jerzy Gorgoń

3  Marinho Peres (C)

10 Adam Musiał

6  Marinho Chagas

12 Kazimierz Deyna (C)

17 Paulo César Carpegiani

14 Zygmunt Maszczyk

10 Rivellino

13 Henryk Kasperczak

18 Ademir da Guia

16 Grzegorz Lato

13 Valdomiro

17 Andrzej Szarmach

7  Jairzinho

18 Robert Gadocha

21 Dirceu

 

Técnico: Kazimierz Górski

Técnico: Zagallo

 

SUPLENTES:

 

 

1  Andrzej Fischer (G)

12 Renato (G)

3  Zygmunt Kalinowski (G)

22 Waldir Peres (G)

5  Zbigniew Gut

14 Nelinho

8  Mirosław Bulzacki

2  Luís Pereira

7  Henryk Wieczorek

16 Marco Antônio

11 Lesław Ćmikiewicz

5  Wilson Piazza

15 Roman Jakóbczak

11 Paulo Cézar Caju

20 Zdzisław Kapka

8  Leivinha

22 Marek Kusto

20 Edu

21 Kazimierz Kmiecik

19 Mirandinha

19 Jan Domarski

9  César Maluco

 

GOL: 76′ Grzegorz Lato (POL)

 

CARTÕES AMARELOS:

71′ Henryk Kasperczak (POL)

76′ Jairzinho (BRA)

 

SUBSTITUIÇÕES:

66′ Ademir da Guia (BRA) ↓

Mirandinha (BRA) ↑

 

73′ Henryk Kasperczak (POL) ↓

Lesław Ćmikiewicz (POL) ↑

 

75′ Andrzej Szarmach (POL) ↓

Zdzisław Kapka (POL) ↑

Melhores momentos da partida:

… 05/07/2006 – França 1 x 0 Portugal

Três pontos sobre…
… 05/07/2006 – França 1 x 0 Portugal


(Imagem: Reprodução / FIFA)

● Depois da decepcionante Europa de 2004, vários ícones resolveram se aposentar da seleção francesa: Marcel Desailly, Bixente Lizarazu, Lilian Thuram, Claude Makélélé e Zinedine Zidane. Mas os três últimos voltaram aos Bleus um ano depois, para ajudar nas eliminatórias para o Mundial de 2006 – onde a França estava passando dificuldades.

A França começou mal na Copa do Mundo de 2006. Nas duas primeiras partidas, foram dois empates: 0 x 0 com a Suíça e 1 x 1 com a Coreia do Sul. A classificação em segundo lugar no Grupo G (atrás dos suíços) veio com uma vitória sobre Togo por 2 x 0 – sem Zidane, suspenso. Nas oitavas de final, a França venceu a Espanha por 3 x 1, com um golaço marcado por Zidane nos acréscimos. Na quartas de final, um show solo de Zidane e vitória sobre o Brasil por 1 x 0.

O elenco francês ainda tinha alguns campeões do mundo em 1998, como o goleiro Fabien Barthez, o zagueiro Lilian Thuram, o capitão Zinedine Zidane e os atacantes David Trezeguet e Thierry Henry.

Zidane tinha mais um ano de contrato com o Real Madrid, mas já havia anunciado sua aposentadoria definitiva para depois da Copa. Ou seja: cada jogo do Mundial poderia ser a despedida de Zizou do futebol.

Com o corte de Djibril Cissé por fratura na perna, o time passou a jogar com apenas um atacante de ofício e com uma receita de jogo: longas trocas de passes, uma defesa sólida e experiente e dois craques que decidem: Zidane e Henry.


(Imagem: Ben Radford / Getty Images)

● O técnico brasileiro Luiz Felipe Scolari levou seu país natal ao título da Copa de 2002. Depois da conquista do penta, ele assumiu um enorme desafio na seleção portuguesa.

Portugal havia disputado apenas três Copas do Mundo, sendo um sucesso (o 3º lugar em 1966) e dois fracassos, quando caiu na primeira fase em 1986 e 2002.

Aos poucos, Scolari reformulando o elenco luso. Ao mesmo tempo que deu oportunidades jogadores como o luso-brasileiro Deco e o jovem Cristiano Ronaldo, ele teve que ir tirando do time estrelas nacionais como o goleiro Vítor Baía, os zagueiros Fernando Couto e Abel Xavier, os meias Rui Costa e Sérgio Conceição, além do atacante João Pinto.

O capitão Luís Figo havia trocado o Real Madrid pela Inter de Milão um ano antes. Ele seguia sendo a maior estrela, exercendo sua importante liderança dentro de fora de campo.

Portugal sediou a Eurocopa de 2004 e chegou na final, mas perdeu de forma amarga para a surpreendente Grécia por 1 x 0.

Mas o time ganhou conjunto e se fortaleceu para a disputa do Mundial na Alemanha.

A maior ausência por lesão foi do zagueiro Jorge Andrade, do Deportivo La Coruña. Ele quebrou a perna três meses antes da Copa.

Os Tugas terminaram a primeira fase do Mundial com 100% de aproveitamento, com vitórias sobre Angola (1 x 0), Irã (2 x 0) e México (2 x 1). Nas oitavas de final, venceu a batalha campal diante da Holanda por 1 x 0. Nas quartas, vitória sobre a Inglaterra nos pênaltis por 3 x 1, depois de um empate sem gols.


As duas equipes jogavam no sistema 4-2-3-1.

● Em Munique, uma semifinal que criou muitas expectativas.

Os astros Luís Figo e Zinedine Zidane, ex-companheiros de Real Madrid, eram os capitães das duas seleções.

O técnico francês Raymond Domenech apostou nos mesmos titulares que começaram a partida contra o Brasil.

Les Bleus apostaram na mesma estratégia que deu certo contra o escrete canarinho, mas com uma enorme diferença: os lusos não jogaram de forma apática, acomodada e fria como os brasileiros quatro dias antes.

A partida começa com muito equilíbrio. Os jogadores mais criativos das duas seleções não conseguem espaços para criar e oferecer perigo. A maior parte do tempo, o jogo fica amarrado no meio campo. Quando os atacantes conseguiam finalizar, se limitavam a chutes de longa distância.

Quando caía pela esquerda, Thierry Henry dava muito trabalho para Miguel. Em um lance, ele driblou o lateral português por três vezes antes de chutar cruzado, para boa defesa do goleiro Ricardo.

Do outro lado, o jovem Cristiano Ronaldo apostava na velocidade e em um enorme repertório de dribles.

Em uma dessas jogadas, “CR17” arrancou pela esquerda e tocou para Deco no meio. O luso-brasileiro chutou de fora da área, mas a bola foi fraca. Barthez espalmou e Thuram afastou o perigo.

Também bem postado em campo, o time treinado por Luiz Felipe Scolari era firme na marcação e levou perigo em chutes de longe. Figo chutou de esquerda de fora da área e Barthez segurou bem.

Cristiano Ronaldo deixou de calcanhar para Maniche, que ajeitou e chutou de longe. A bola saiu por cima, mas assustou bastante o goleiro Barthez, passando muito perto da trave.


(Imagem: Alamy)

Com pouco mais de meia hora de jogo, a França encontrou uma brecha na defesa portuguesa.

Makélélé trocou passes com Zidane e deixou no meio para Florent Malouda. Ele passou por Deco e tocou para Henry. O camisa 12 entrou na área, cortou para o meio e foi derrubado por Ricardo Carvalho, em um carrinho irresponsável. Henry forçou um pouco a queda, mas o pênalti aconteceu.

Zinedine Zidane bateu firme, no cantinho direito do goleiro Ricardo, que até acertou o lado, mas não conseguiu alcançar a bola.

Ricardo voltou a aparecer em duas defesas difíceis no início do segundo tempo, nas últimas chances da França.

Depois disso, só deu Portugal.

Embora o goleiro Barthez tenha mostrado insegurança, soltando algumas bolas, a defesa francesa manteve a solidez, comandada pela experiência de Lilian Thuram.

No fim, até o goleiro Ricardo foi para a área francesa tentar o cabeceio, sem sucesso.

Pela segunda vez em sua história, Portugal caía nas semifinais da Copa.

Por sua vez, a França chegava à sua segunda final de Copa, a segunda em oito anos.


(Imagem: Ssbg)

● Mesmo caindo na semifinal, o técnico de Portugal, o brasileiro Luiz Felipe Scolari, já havia conquistado o recorde de doze jogos seguidos de invencibilidade, sendo sete pela Seleção Brasileira campeã do mundo em 2002 e outros cinco pela seleção portuguesa. Outra marca histórica de Scolari é a de onze vitórias consecutivas nesse mesmo período.

Apesar de inseguro em vários lances na partida, o goleiro careca Fabien Barthez alcançou um belo recorde: dez jogos sem tomar gols em Copas do Mundo. O índice é superior ao de arqueiros consagrados como Lev Yashin, Sepp Maier, Gordon Banks, Ladislao Mazurkiewicz, Rinat Dassaev, Ubaldo Fillol, Dino Zoff e Cláudio Taffarel – e igual apenas ao inglês Peter Shilton.

Nunca Les Bleus (“Os Azuis”, em francês – como são chamados os jogadores da seleção nacional) foram tão pouco azuis em uma Copa do Mundo. Isso se deve às superstições do técnico Raymond Domenech. Ele achou que o uniforme todo branco deu sorte nas oitavas de final contra a Espanha e fez o time repetir o fardamento nos jogos seguintes até a final.

Na final, um jogo de muito equilíbrio. A França saiu na frente com uma cobrança de pênalti de cavadinha convertido por Zidane, mas a Itália empatou com Marco Materazzi de cabeça. Ambos foram protagonistas em um lance histórico na prorrogação: Zidane foi provocado e deu uma cabeçada em Materazzi. O derradeiro momento de um gênio tão vencedor como Zinedine Zidane no futebol foi o cartão vermelho. Na decisão por pênaltis, David Trezeguet mandou na trave e a Itália se sagrou tetracampeã mundial. Zizou ainda foi eleito o melhor jogador do torneio, em escolha feita antes da final. Um adeus melancólico para um dos maiores jogadores da história.

Na decisão do 3º lugar, Portugal perdeu por 3 x 1 para a Alemanha, dona da casa. De qualquer forma, essa foi a segunda melhor campanha portuguesa em Copas do Mundo em todos os tempos, ficando atrás apenas do histórico 3º lugar da Copa de 1966.


(Imagem: Twitter @Football__Tweet)

FICHA TÉCNICA:

 

FRANÇA 1 x 0 PORTUGAL

 

Data: 05/07/2006

Horário: 21h00 locais

Estádio: Allianz Arena

Público: 66.000

Cidade: Munique (Alemanha)

Árbitro: Jorge Larrionda (Uruguai)

 

FRANÇA (4-2-3-1):

PORTUGAL (4-2-3-1):

16 Fabien Barthez (G)

1  Ricardo (G)

19 Willy Sagnol

13 Miguel

15 Lilian Thuram

5  Fernando Meira

5  William Gallas

16 Ricardo Carvalho

3  Éric Abidal

14 Nuno Valente

6  Claude Makélélé

6  Costinha

4  Patrick Vieira

18 Maniche

22 Franck Ribéry

7  Luís Figo (C)

10 Zinedine Zidane (C)

20 Deco

7  Florent Malouda

17 Cristiano Ronaldo

12 Thierry Henry

9  Pauleta

 

Técnico: Raymond Domenech

Técnico: Luiz Felipe Scolari

 

SUPLENTES:

 

 

23 Grégory Coupet (G)

12 Quim (G)

1  Mickaël Landreau (G)

22 Paulo Santos (G)

2  Jean-Alain Boumsong

2  Paulo Ferreira

17 Gaël Givet

3  Marco Caneira

13 Mikaël Silvestre

4  Ricardo Costa

21 Pascal Chimbonda

8  Petit

18 Alou Diarra

19 Tiago Mendes

8  Vikash Dhorasoo

10 Hugo Viana

9  Sidney Govou

11 Simão Sabrosa

11 Sylvain Wiltord

15 Luís Boa Morte

14 Louis Saha

23 Hélder Postiga

20 David Trezeguet

21 Nuno Gomes

 

GOL: 33′ Zinedine Zidane (FRA) (pen)

 

CARTÕES AMARELOS:

83′ Ricardo Carvalho (POR)

87′ Louis Saha (FRA)

 

SUBSTITUIÇÕES:

62′ Miguel (POR) ↓

Paulo Ferreira (POR) ↑

 

68′ Pauleta (POR) ↓

Simão Sabrosa (POR) ↑

 

69′ Florent Malouda (FRA) ↓

Sylvain Wiltord (FRA) ↑

 

72′ Franck Ribéry (FRA) ↓

Sidney Govou (FRA) ↑

 

75′ Costinha (POR) ↓

Hélder Postiga (POR) ↑

 

85′ Thierry Henry (FRA) ↓

Louis Saha (FRA) ↑

Melhores momentos da partida:

… 04/07/1990 – Alemanha Ocidental 1 x 1 Inglaterra

Três pontos sobre…
… 04/07/1990 – Alemanha Ocidental 1 x 1 Inglaterra


(Imagem: The Guardian)

● Uma das semifinais da Copa do Mundo de 1990 foi um clássico do futebol mundial: Alemanha e Inglaterra.

Na primeira fase, a Alemanha Ocidental foi a primeira do Grupo D com cinco pontos. Começou goleando a Iugoslávia por 4 a 1 e os Emirados Árabes Unidos por 5 a 1. Na última rodada, empatou por 1 x 1 com a Colômbia. Nas oitavas de final, venceu a grande rival Holanda por 2 a 1, em uma verdadeira batalha. Nas quartas, vitória simples por 1 a 0 sobre a Tchecoslováquia.

Pelo Grupo F, a Inglaterra estreou empatando com a Irlanda (1 x 1) e a Holanda (0 x 0). Uma vitória simples (1 x 0) sobre o Egito garantiu o English Team no primeiro lugar da chave. Nas oitavas, um gol de David Platt no último minuto da prorrogação valeu a vitória sobre a Bélgica (1 x 0). Nas quartas, um jogo duríssimo e nova prorrogação para eliminar Camarões, os surpreendentes Leões Indomáveis, em uma vitória por 3 x 2.


O técnico Franz Beckenbauer escalou sua equipe no sistema 3-5-2.


Na teoria, o time escalado por Bobby Robson era um 3-5-2. Mas, na prática, se defendia no 5-4-1, deixando apenas Lineker na frente. Quando atacava, os alas se apresentavam bem, os meias apareciam no ataque e Beardsley e Waddle avançavam como pontas, formando um 3-4-3.

● Nas arquibancadas, algumas bandeiras da Inglaterra, mas várias do Reino Unido. Os hooligans estavam presentes. Assim como a barulhenta torcida alemã.

Logo nos primeiros minutos, Paul Gascoigne pegou o rebote de um escanteio e emendou de esquerda, da entrada da área, exigindo uma ótima defesa de Bodo Illgner, que espalmou para escanteio.

Chris Waddle aproveitou um erro da defesa alemã na saída de bola e, de sua intermediária, tentou surpreender Illgner. A bola tinha o rumo do gol, mas o goleiro se esticou todo e conseguiu espalmar para cima. A bola ainda tocou no travessão antes de sair. O árbitro brasileiro José Roberto Wright já havia marcado falta no início da jogada, mas esse lance foi o mais bonito do jogo.

David Platt abriu com Stuart Pearce na esquerda. Ele chegou cruzando rasteiro de primeira, mas Gary Lineker foi travado pela marcação e não conseguiu finalizar.

Em cobrança de falta da direita, a bola sobrevoou a área germânica e Thomas Berthold cabeceou para trás. A defesa alemã tirou e Gascoigne pegou o rebote e encheu o pé. Mas Illgner segurou sem dar rebote.

A Alemanha respondeu. Olaf Thon chutou de muito longe de perna esquerda, mas o veterano Peter Shilton segurou sem dar rebote.

Peter Beardsley tocou para Waddle, que cruzou para a área. Lineker desviou, Platt aparou na linha de fundo e rolou para trás. Pearce dominou de esquerda, cortou a marcação de Thon e bateu de direita. Mas o inglês foi travado pela marcação e a bola se perdeu pela linha de fundo.

Ainda no primeiro tempo, o técnico Franz Beckenbauer precisou substituir o lesionado Rudi Völler por Karl-Heinz Riedle.

Em cobrança de falta ensaiada na entrada da área, Andreas Brehme rolou para Klaus Augenthaler encher o pé. A bola foi forte e o goleiro Shilton espalmou por cima.


(Imagem: Alambrado)

A Alemanha Ocidental passou a se soltar mais no segundo tempo, lembrando a seleção brilhante do início do torneio. Lothar Matthäus e Thomas Häßler dominam as ações no meio de campo.

Thon avançou, cortou a marcação de Paul Parker e bateu de esquerda. A bola foi fraca e fácil para Shilton.

A Inglaterra respondeu. Gascoigne cobrou falta da esquerda. Pearce desviou na primeira trave e a bola passou assustando Illgner.

O gol da Nationalelf saiu em uma bola parada, aos 15′ do segundo tempo. Häßler avançou pela direita e foi derrubado por um carrinho de Pearce. Na cobrança da falta, Thon rolou para o ambidestro Brehme chutar de esquerda. A bola desviou em Paul Parker (que se adiantou) e encobriu Shilton, que havia saído do gol e estava mal colocado. Alemanha, 1 a 0.

Aos 21′, Häßler saiu para a entrada de Stefan Reuter.

Do lado inglês, o meia atacante Trevor Steven entrou no lugar do zagueiro e capitão Terry Butcher, aos 25′. Foi o último jogo de Butcher com a camisa do English Team.

Pearce – que era um bom ala – avançou em velocidade pela esquerda, passou por um adversário e foi derrubado por Berthold. Falta que Gascoigne rolou para Des Walker. Na hora do chute, ele foi prensado por um alemão. No rebote, a bola sobrou para Steven. Em seu primeiro toque na bola, o camisa 20 chutou de esquerda, mas a bola foi fácil para Illgner.

O English Team conseguiu o empate a dez minutos do fim. Da direita, Parker fez um lançamento longo para a área e Jürgen Kohler não conseguiu cortar. Lineker dominou cortando a marcação de Augenthaler e chutou cruzado de esquerda. A bola foi no pé da trave esquerda de Illgner. Inglaterra 1, Alemanha também 1.

Foi o quarto gol de Lineker no Mundial de 1990. Ele havia sido o artilheiro da Copa de 1986 com seis gols.

A igualdade no placar levou o jogo para a prorrogação.


(Imagem: The Guardian)

Foi o terceiro jogo entre alemães e ingleses em Copas do Mundo que ia para a prorrogação, assim como 1966 (final) e 1970 (quartas de final).

Nos minutos que antecedem ao tempo extra, uma cena inusitada para os dias atuais. Foi engraçado ver Gascoigne torcendo a própria camisa para retirar o suor e deixar a camisa sequinha para a prorrogação.

Brehme cruzou da esquerda, Jürgen Klinsmann cabeceou bem e Shilton espalmou. Uma bola perigosa.

Em uma jogada no meio campo, aos 9′, Gascoigne adiantou demais e deu um carrinho idiota em Berthold. A jogada lhe rendeu um cartão amarelo, que tiraria o inglês de uma eventual final. Era o segundo cartão amarelo de Gazza na competição, o que lhe garantiria uma suspensão na partida seguinte. O intenso meia inglês começou a chorar dentro de campo mesmo.

No finalzinho do primeiro tempo, Steven cruzou da esquerda para a área e a zaga alemã cortou. Lineker ganhou no alto de Berthold e a bola sobrou para Waddle. No lado esquerdo da grande área, o camisa 8 ajeitou e chutou cruzado de esquerda. A bola bateu no pé da trave esquerda.

Guido Buchwald recebeu pouco antes da meia lua, ajeitou a bateu. A bola quicou e passou por Shilton, mas também bateu no pé da trave.

Brehme deu um carrinho por trás em Gascoigne e ele se levantou rápido. Todos esperavam que ele fosse tirar satisfação com o alemão, mas ele só queria recomeçar logo o jogo. A Inglaterra estava ligeiramente melhor. Gazza logo aceitou as desculpas de Brehme (que recebeu o cartão amarelo) e voltaram para o jogo.

No último lance com a bola rolando, Platt cabeceou para o gol após uma cobrança de falta da direita, mas José Roberto Wright anulou o gol por impedimento do inglês.


(Imagem: UOL)

Com tudo igual também na prorrogação, o semifinalista teve que ser decidido nos pênaltis.

Os técnicos se cumprimentam cheios de sorrisos, orgulhosos das exibições de suas respectivas seleções.

O goleiro Dave Beasant, do Chelsea, foi convocado de última hora no lugar de David Seaman, que havia se machucado. Beasant não teve chances no torneio, mas posteriormente o Bobby Robson admitiu que pretendia colocá-lo no lugar de Shilton no último minuto da prorrogação, apenas para a disputa de pênaltis. Shilton tinha 1,83 m de altura e Beasant media dez centímetros a mais. Mas o treinador acabou não fazendo a alteração e manteve o titular.

Lineker bateu firme no canto direito, deslocando Illgner, que caiu para o esquerdo. Inglaterra, 1 a 0.

Brehme bateu com precisão, no canto direito. O goleiro acertou o lado, mas não conseguiu pegar. 1 a 1.

Beardsley bateu no canto esquerdo, no alto, quase no ângulo. Illgner foi no canto certo, mas não pegou. Inglaterra, 2 a 1.

Matthäus bateu com muita força no canto direito e Shilton pouco se mexeu. 2 a 2.

Platt bateu à meia altura no canto direito. Illgner chegou a tocar na bola, mas ela acabou entrando. Inglaterra 3 a 2.

Riedle mandou no ângulo esquerdo. Shilton acertou o canto, mas a cobrança foi bem feita. 3 a 3.

Pearce, o vilão inglês na partida, bateu muito mal. A bola foi rasteira e no meio do gol. Illgner, que caía para seu canto direito, defendeu com as pernas. Ainda 3 a 3.

Thon bateu colocado, no cantinho esquerdo do goleiro. Alemanha 4 a 3.

Waddle tinha que marcar para manter as chances da Inglaterra. Ele tentou acertar o ângulo direito, mas bateu alto e fora do rumo do gol.

Final: Alemanha Ocidental 4 x 3 Inglaterra.


(Imagem: AFP / Globo Esporte)

● Pela quinta vez, a Alemanha estava em uma final de Copa do Mundo – a terceira decisão seguida (1982, 1986 e 1990).

Após a partida, Gary Lineker deu uma declaração que se tornaria histórica e seria repetida inúmeras vezes desde então: O futebol é um esporte muito simples, no qual 22 homens correm atrás da bola, e a Alemanha sempre vence no final.

Com a vitória da Argentina diante da Itália, também nos pênaltis, a final da Copa de 1990 foi a reedição da decisão de 1986. Um pênalti polêmico convertido por Brehme trouxe o terceiro título mundial para os alemães, diante da Argentina de Diego Maradona.

A Inglaterra superou até as próprias expectativas e passou a ser mais respeitada. Na decisão do 3º lugar, perdeu por 2 x 1 para a anfitriã Itália.


(Imagem: Getty Images / Globo Esporte)

FICHA TÉCNICA:

 

ALEMANHA OCIDENTAL 1 x 1 INGLATERRA

 

Data: 04/07/1990

Horário: 20h00 locais

Estádio: Delle Alpi

Público: 62.628

Cidade: Turim (Itália)

Árbitro: José Roberto Wright (Brasil)

 

ALEMANHA
OCIDENTAL (3-5-2):

INGLATERRA (3-6-1):

1  Bodo Illgner (G)

1  Peter Shilton (G)

6  Guido Buchwald

5  Des Walker

5  Klaus Augenthaler

14 Mark Wright

4  Jürgen Kohler

6  Terry Butcher (C)

14 Thomas Berthold

12 Paul Parker

8  Thomas Häßler

17 David Platt

10 Lothar Matthäus (C)

19 Paul Gascoigne

20 Olaf Thon

3  Stuart Pearce

3  Andreas Brehme

8  Chris Waddle

9  Rudi Völler

9  Peter Beardsley

18 Jürgen Klinsmann

10 Gary Lineker

 

Técnico: Franz Beckenbauer

Técnico: Bobby Robson

 

SUPLENTES:

 

 

12 Raimond Aumann (G)

22 Dave Beasant (G)

[22 David Seaman (G)]

22 Andreas Köpke (G)

13 Chris Woods (G)

16 Paul Steiner

2  Gary Stevens

19 Hans Pflügler

15 Tony Dorigo

2  Stefan Reuter

4  Neil Webb

15 Uwe Bein

16 Steve McMahon

21 Günter Hermann

18 Steve Hodge

17 Andreas Möller

7  Bryan Robson

11 Frank Mill

20 Trevor Steven

7  Pierre Littbarski

21 Steve Bull

13 Karl-Heinz Riedle

11 John Barnes

 

GOLS:

60′ Andreas Brehme (ALE)

80′ Gary Lineker (ING)

 

CARTÕES AMARELOS:

66′ Paul Parker (ING)

99′ Paul Gascoigne (ING)

109′ Andreas Brehme (ALE)

 

SUBSTITUIÇÕES:

38′ Rudi Völler (ALE) ↓

Karl-Heinz Riedle (ALE) ↑

 

66′ Thomas Häßler (ALE) ↓

Stefan Reuter (ALE) ↑

 

70′ Terry Butcher (ING) ↓

Trevor Steven (ING) ↑

 

DECISÃO POR PÊNALTIS:

ALEMANHA OCIDENTAL 4

INGLATERRA 3

Andreas Brehme (gol, no canto direito de Shilton)

Gary Lineker (gol, no canto direito de Illgner)

Lothar Matthäus (gol, forte, no canto direito)

Peter Beardsley (gol, no ângulo esquerdo)

Karl-Heinz Riedle (gol, no ângulo esquerdo do goleiro inglês)

David Platt (gol, no canto direito do arqueiro alemão)

Olaf Thon (gol, no ângulo esquerdo)

Stuart Pearce (perdeu, no meio do gol e Illgner defendeu com as pernas)

 

Chris Waddle (perdeu, por cima do gol, à direita)

Melhores momentos da partida (Narração de Galvão Bueno):

Decisão por pênaltis (Narração de Silvio Luiz):

Melhores momentos (em inglês):

… 03/07/1974 – Holanda 2 x 0 Brasil

Três pontos sobre…
… 03/07/1974 – Holanda 2 x 0 Brasil


(Imagem: World Football Index)

● Depois de 36 anos ausentes dos grandes palcos, a Holanda voltou como protagonista. Com a melhor geração de sua história, os times do país conquistaram a Copa dos Campeões da Europa por quatro anos consecutivos – o Feyenoord em 1970 e o Ajax tricampeão entre 1971 e 1973.

Com uma equipe de grande qualidade técnica e uma revolução tática, o “Carrossel Holandês” massacrou o Uruguai na estreia. O placar baixo (2 x 0) não representou em nada o que foi a partida. No segundo jogo veio o empate sem gols diante da Suécia, em uma tarde sem inspiração. No jogo seguinte, goleada sobre a Bulgária por 4 x 1.

A segunda fase da Copa de 1974 não era composta por oitavas ou quartas de final em partidas eliminatórias (o famoso mata-mata), mas sim uma nova fase de grupos, que classificaria o vencedor para a final. Nessa fase, pelo Grupo A, a Holanda estraçalhou a Argentina em uma goleada por 4 x 0 (que ficou até barata). Depois, venceu a Alemanha Oriental por 2 x 0.

Na última rodada, os holandeses jogavam por um empate contra o Brasil para chegar à sua primeira final de Copa.


(Imagem: Pinterest)

● O Brasil era o atual campeão e queria manter o título. Na caminhada rumo à Copa de 1974, a Seleção Brasileira foi perdendo boa parte dos craques do tricampeonato, como Pelé, Tostão, Gérson, Carlos Alberto e Clodoaldo.

O Brasil começou mal na Copa, com dois empates sem gols, com Iugoslávia e Escócia, respectivamente. A vitória por 3 x 0 sobre o Zaire foi minimamente suficiente para que a Seleção superasse a fraca Escócia apenas no saldo de gols. Na segunda fase, venceu a Alemanha Oriental por 1 x 0 e a Argentina por 2 x 1, na primeira vez que os dois rivais se enfrentaram em Copas do Mundo.

Brasil e Holanda chegaram à última rodada do grupo com duas vitórias, mas de forma bem diferente. Enquanto o escrete canarinho vencia jogando aquém de suas possibilidades, a “Laranja Mecânica” brilhava e encantava o mundo.

Os jogadores brasileiros não tinham nenhum conhecimento sobre a seleção holandesa. Não sabiam que o revolucionário time de Rinus Michels atacava e marcava em bloco. “Nós fomos jogar contra a Holanda sem ter visto nenhum jogo”, disse Marinho Peres em 2011, em entrevista ao Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil, da Fundação Getúlio Vargas. “Não é como hoje, que você fala: ‘Olha, eles apoiam mais pela direita, pela esquerda, fazem linha de impedimento’. Quer dizer, não se sabia nada.”

O preparador físico Paulo Amaral foi olheiro de Zagallo em 1974 e tinha como missão identificar como jogavam os adversários brasileiros. Ao assistir o jogo entre holandeses e argentinos, ele identificou dois fatores preponderantes: 1. a marcação argentina foi feita de forma individual e a movimentação dos holandeses deixou a defesa albiceleste desguarnecida; 2. os deslocamentos do holandeses foram tantos que era impossível identificar as variações.

Zagallo optou por manter Paulo Cézar Caju como titular, mesmo escalando Dirceu. Ambos jogavam na mesma posição – um ponta esquerda que recua ou um meia esquerda que avança. O treinador brasileiro descartou Edu, ponta veloz e bastante agudo que poderia aproveitar os espaços deixados pelo lateral direito holandês Wim Suurbier.


Devido à alta rotação de posições, é quase impossível definir o “Futebol Total” do “Carrossel Holandês”, mas teoricamente era um 4-3-3.


O Brasil de Zagallo jogou no 4-3-3.

● O Brasil sempre se destacou pelo futebol técnico, habilidoso e leal. A Holanda de 1974 brilhava pelo futebol ofensivo, com muita movimentação. Assim, o encontro entre essas duas equipes tinha tudo para ser um espetáculo dos dois times. Mas aconteceu justamente o contrário.

Aos 4′, Zé Maria deu uma solada violenta em Cruijff. A Holanda respondeu com Johnny Rep revidando no mesmo Zé Maria.

No minuto seguinte, em menos de 20 segundos, três entradas horríveis: uma sola com os dois pés de Zé Maria, uma pegada e Carpegiani no tornozelo de Johnny Rep e duas entradas feias por trás de Luís Pereira em Willem van Hanegem.

Johnny Rep cruzou da ponta direita. Luís Pereira subiu, mas não afastou. A bola bateu em Zé Maria e sobrou para Johan Cruijff. Ele emendou de esquerda e Leão defendeu à queima roupa. Segundo Cruijff, essa foi a maior defesa que ele já viu. Uma das maiores defesas de todas as Copas.

Valdomiro deu um chapéu longo em Arie Haan e se desequilibrou ao entrar na área. O goleiro Jan Jongbloed já saía para abafar o lance. Na sobra, Ruud Krol dominou a bola e saiu com tranquilidade.

Aos 16′, Marinho Peres salvou o Brasil de sofrer o primeiro gol, quando sete holandeses estavam dentro da área brasileira.

O Brasil equilibrou um pouco as ações a partir dos 20 minutos. Rivellino recuou para armar e lançar. Paulo Cézar se mexeu mais, buscando o lado esquerdo – sempre com Van Hanegem na cola dele.

Foi Caju quem perdeu a melhor oportunidade do escrete canarinho, ao chutar em cima de Jongbloed quando estava cara a cara com o goleiro.

Aos 28′, Jairzinho prendeu demais a bola e perdeu. Wim Jansen tocou na esquerda para Rob Rensenbrink. Ele deixou mais atrás novamente para Jansen, que viu a infiltração de Wim Suurbier na ponta esquerda, nas costas da zaga. Ele chegou chutando, mas Leão espalmou. Luís Pereira dominou o rebote, mas Suurbier chegou de carrinho e o atingiu no tornozelo. Luís Pereira, Rivelino, Marinho Peres e Valdomiro foram para cima do holandês.

Wim Jansen avançou em velocidade e o capitão Marinho Peres colocou o corpo na frente para impedir a progressão do holandês.

O jogo estava pegado. Os brasileiros pareciam nervosos e os holandeses respondiam na mesma moeda.

O primeiro tempo terminou sem gols. O jogo estava igual, tanto na bola quanto na pancadaria.

Mas a Holanda tratou de mudar isso logo aos cinco minutos do segundo tempo.


(Imagem: Jornalheiros)

Próximo ao círculo central, Willem van Hanegem bateu falta rápida para Johan Neeskens já na intermediária ofensiva e ele abriu para Johan Cruijff na direita. O camisa 14 apareceu nas costas de Marinho Chagas (a “Avenida Marinho Chagas”), dominou e cruzou rasteiro na marca do pênalti, onde o camisa 13 se infiltrava. Neeskens se antecipou à zaga brasileira e acertou um voleio que encobriu Leão.

O empate classificava a Holanda para a decisão. O Brasil precisava atacar em busca da virada.

Claramente, a Holanda tinha o ataque como seu ponto mais forte. Mas, defensivamente, o time também era muito seguro. Havia sofrido apenas um gol em toda a Copa até então.

Dirceu recuava demais. Rivellino estava muito atrás, sem poder explorar seus chutes de longe.

Aos 14′, Zagallo tirou Paulo Cézar e escalou Mirandinha no comando de ataque, com Jairzinho jogando mais recuado.

Aos 17′, Luís Pereira teve sua segunda investida no ataque e tinha chance de fazer o gol, mas o árbitro se antecipou e marcou impedimento inexistente, em lance que seria do bandeirinha.

Aos 20′, Wim Jansen abriu para Ruud Krol na esquerda. Ele tabelou com Rob Rensenbrink, recebeu na frente e cruzou para o centro da área. Johan Cruijff apareceu na primeira trave e desviou a bola para o canto direito de Emerson Leão. Foi o terceiro gol de Cruijff na Copa. De forma desplicente, os brasileiros pararam no início da jogada pedindo impedimento de Rensenbrink.

A Holanda estava muito perto de quebrar uma invencibilidade de 19 jogos da Seleção Brasileira.

A partir daí o Brasil virou uma bagunça. Luís Pereira se mandou de vez, Marinho Chagas nem voltava mais, Carpegiani estava sobrecarregado pela marcação no meio…

Aos 22′, Michels teve que tirar Rob Rensenbrink, que sentiu a coxa direita.

Marinho Chagas avançou pela esquerda e foi derrubado por Wim Suurbier. Ao cair, o brasileiro deixou a sola da chuteira no rosto do holandês. A sorte foi que o árbitro alemão Kurt Tschenscher não viu o lance. E enquanto o juiz falava com Marinho Chagas, Valdomiro deu um chute por trás em Ruud Krol. O escrete canarinho estava tenso e começava a perder a mão.


(Imagem: Twitter @OldFootball11)

Jairzinho deu um “chega pra lá” sem bola em Wim Jansen. Na sequência do lance, Johan Neeskens devolveu na mesma moeda em Rivellino. O camisa 10 do Brasil seguiu com a bola, mas foi derrubado por Arie Haan. Uma sequência de lances muito violentos. Se tirassem a bola, os jogadores nem perceberiam. Só estavam preocupados em se atacarem mutuamente.

Sem bola, Johnny Rep deu uma cotovelada feia em Rivellino, que estava na marcação do holandês.

Rep cruzou da esquerda. Luís Pereira se antecipou a Cruijff e tentou fazer o que fazia bem com a camisa do Palmeiras. O Luís Chevrolet arrancou, deixou Neeskens no chão depois de um carrinho malsucedido, passou pela linha do meio de campo, deixou com Rivellino e se mandou para a área. Riva abriu com Valdomiro na direita, que cruzou. A bola passou por Jairzinho, bateu em Haan e sobrou na entrada da área. Marinho Chagas dominou de chaleira já tocando para a frente, mas adiantou demais. Jongbloed saiu e se atrapalhou, quase perdendo a bola, mas caiu no chão e ficou com ela.

Lamentavelmente, os brasileiros perderam a cabeça. A seis minutos do apito final, Neeskens carregou a bola pelo lado esquerdo e Luís Pereira deu uma voadora no holandês. Foi expulso diretamente.

Se o árbitro não fosse um “bananão” e fosse mais rigoroso, o cartão vermelho teria sido mostrado mais vezes. Muita gente fez por merecê-lo: Willem van Hanegem, Rivellino, Suurbier, Cruijff, Rep, Valdomiro, Zé Maria e Marinho Chagas.

Luís Pereira saiu de campo apoiado por Jairzinho, Rivellino e Marinho Peres. Vaiado pela torcida alemã, o zagueiro fez o sinal de “3” com os dedos, fazendo todos lembrarem dos três títulos de Copa do Mundo da Seleção Brasileira. Uma cena melancólica que marcou a eliminação brasileira.

Com a vitória, a Holanda se classificou pela primeira vez para uma final de Copa do Mundo.


(Imagem: Alamy)

● A Holanda se tornou a única seleção a vencer os três gigantes sul-americanos em uma mesma edição de Copa: Uruguai, Argentina e Brasil.

“Foi nosso jogo mais difícil. Estávamos com medo dos brasileiros nos primeiros 15 minutos. Depois fizemos nossa partida.” ― Johan Cruijff

“Eles aqueceram do nosso lado. Víamos a preocupação com nosso time antes do jogo. Estavam com medo e demoraram quase um tempo para se assentar no jogo.” ― Émerson Leão

“Até esta partida, o símbolo do jogo bonito era o Brasil. Tudo mudou depois: os brasileiros bateram mais que os argentinos. Aliás, eles foram piores que os uruguaios.” ― Johan Neeskens

“O Zagallo foi vê-los jogar e voltou preocupado demais. Não deixou transparecer, mas nós ficamos sabendo.” ― Paulo César Carpegiani

“A Holanda era um puta time. Eu não conhecia e ninguém conhecia. Se a gente tivesse enfrentado a Holanda no primeiro jogo, estaríamos ferrados, como aconteceu com o Uruguai. Era um futebol totalmente diferente. Só fomos ver na Copa. Eu não sabia como eles jogavam, não conhecia o Cruyff, fui conhecer na Copa. Eu me perguntava: ‘Quem é esse cara? Como joga!’. O time girava em torno dele. Pegaram o Ajax e adaptaram à seleção. Merecia ser campeã, apesar do grande time da Alemanha. Diziam que a Alemanha perdeu da Alemanha Oriental para não pegar o Brasil. Mesmo assim, fizemos um bom jogo. Colocaram a partida num campo pequeno, apertado, em Hannover [Nota჻ O jogo foi em Dortmund, não em Hannover, como afirmou Rivellino.] Jogamos de igual para igual no primeiro tempo, perdemos duas grandes chances e, depois que a Holanda fez 1 a 0, nosso time se perdeu. Quarto lugar foi bom pra gente. Alemanha, Holanda e Polônia tinham belos times. Não adiantava apenas ter grandes jogadores. Em 1970, treinamos dois meses com o time que jogou a Copa, em Guanajuato. Em 1974, houve uma mudança, uma aposta em jogadores que não estavam bem.”Roberto Rivellino, em sua biografia contada pelo jornalista Maurício Noriega.

Anteriormente, Zagallo já havia qualificado a seleção de Rinus Michels de forma depreciativa, como dona de um “futebol alegrinho”. Antes da partida, Zagalo provocou: “A Holanda é muito tico-tico-no-fubá, que nem o América dos anos 50”. Às vésperas da partida, o técnico brasileiro continuou alfinetando, dizendo que os holandeses não tinham tradição em Copas e isso pesava contra eles. “Nós somos tricampeões, eles é que têm que ter medo da gente. A Holanda não me preocupa. Estou pensando na final com a Alemanha.” Após o jogo, Zagallo reconheceu a força dos holandeses: “Perdemos para uma grande equipe”.

O bandeirinha escocês Bob Davidson viu uma agressão de Marinho Peres em Johan Neeskens e não comunicou ao árbitro alemão Kurt Tschenscher. Alguns dias depois, Marinho foi contratado pelo Barcelona e foi recebido no aeroporto por Neeskens, que já atuava pelo clube catalão. O holandês ainda estava com a marca da agressão sofrida. Jogando juntos, os dois logo se tornariam amigos.

Na decisão do 3º lugar, o Brasil perdeu para a Polônia por 1 x 0, terminando em uma decepcionante 4ª colocação geral.

Na final da Copa, a Holanda começou com tudo e abriu o placar logo no primeiro lance. Mas sucumbiu à força da Alemanha Ocidental e levou a virada, perdendo por 2 x 1. Um vice-campeão do mundo tão lembrado quanto (ou até mais que) o próprio campeão, por ousar criar uma nova e encantadora forma de praticar futebol.


(Imagem: Twitter @OldFootball11)

FICHA TÉCNICA:

 

HOLANDA 2 x 0 BRASIL

 

Data: 03/07/1974

Horário: 19h30 locais

Estádio: Westfalenstadion (atual Signal Iduna Park)

Público: 53.700

Cidade: Dortmund (Alemanha Ocidental)

Árbitro: Kurt Tschenscher (Alemanha Ocidental)

 

HOLANDA (4-3-3?):

BRASIL (4-3-3):

8  Jan Jongbloed (G)

1  Leão (G)

20 Wim Suurbier

4  Maria

17 Wim Rijsbergen

2  Luís Pereira

2  Arie Haan

3  Marinho Peres (C)

12 Ruud Krol

6  Marinho Chagas

6  Wim Jansen

17 Paulo César Carpegiani

13 Johan Neeskens

10 Rivellino

3  Willem van Hanegem

11 Paulo Cézar Caju

16 Johnny Rep

13 Valdomiro

14 Johan Cruijff (C)

7  Jairzinho

15 Rob Rensenbrink

21 Dirceu

 

Técnico: Rinus Michels

Técnico: Zagallo

 

SUPLENTES:

 

 

18 Piet Schrijvers (G)

12 Renato (G)

21 Eddy Treijtel (G)

22 Waldir Peres (G)

4  Kees van Ierssel

14 Nelinho

5  Rinus Israël

15 Alfredo Mostarda

19 Pleun Strik

16 Marco Antônio

22 Harry Vos

5  Wilson Piazza

7  Theo de Jong

18 Ademir da Guia

1  Ruud Geels

8  Leivinha

11 Willy van de Kerkhof

20 Edu

10 René van de Kerkhof

19 Mirandinha

9  Piet Keizer

9  César Maluco

 

GOLS:

50′ Johan Neeskens (HOL)

65′ Johan Cruijff (HOL)

 

CARTÕES AMARELOS:

29′ Wim Suurbier (HOL)

29′ Luís Pereira (BRA)

37′ Maria (BRA)

44′ Marinho Peres (BRA)

69′ Johnny Rep (HOL)

 

CARTÃO VERMELHO: 84′ Luís Pereira (BRA)

 

SUBSTITUIÇÕES:

61′ Paulo Cézar Caju (BRA) ↓

Mirandinha (BRA) ↑

 

67′ Rob Rensenbrink (HOL) ↓

Theo de Jong (HOL) ↑

 

85′ Johan Neeskens (HOL) ↓

Rinus Israël (HOL) ↑

Melhores momentos da partida (Canal 100):

Jogo completo:

… 02/07/2010 – Holanda 2 x 1 Brasil

Três pontos sobre…
… 02/07/2010 – Holanda 2 x 1 Brasil


Felipe Melo tirou a bola das mãos de Júlio César no primeiro gol holandês (Imagem: abc.net.au)

● Em campo, eram dois dos favoritos ao título, que chegaram invictas às quartas de final.

Até então, o retrospecto entre Brasil e Holanda era de igualdade. A Holanda venceu em 1974 (2 x 0), o Brasil venceu em 1994 (3 x 2) e houve um empate em 1998 (1 x 1, com vitória brasileira nos pênaltis).

Eram duas das mais tradicionais escolas de futebol, com um estilo historicamente vistoso efetivo. Mas não foi bem isso que elas mostraram na África do Sul.

Treinada pelo ex-capitão Dunga, a Seleção Brasileira jogava à sua imagem e semelhança. Embora tivesse jogadores tecnicamente acima da média, como Kaká e Robinho, a Seleção de 2010 estava mais para uma equipe de operários do que de artistas. Mas inegavelmente era um bom conjunto. O principal mérito do treinador foi dar um padrão tático à equipe, potencializando suas duas armas letais: o contra-ataque e as bolas paradas. Mas o time sofria sofria quando enfrentava retrancas bem montadas.

Júlio César era considerado o melhor goleiro do mundo na época, campeão da UEFA Champions League com a Internazionale na temporada 2009/10. Assim como o lateral Maicon, de muita força física e bom no apoio. O experiente capitão Lúcio também era outro destaque da Inter de Milão e continuava em ótima fase – como nos últimos oito anos. Juan complementava a zaga com muita classe, elegância e eficiência. Uma das surpresas foi Michel Bastos, que era meia no Lyon e jogava na Seleção como lateral esquerdo (sua posição de origem). No meio, Felipe Melo aliava raça, marcação e ótima transição na saída defensiva. Gilberto Silva era a experiência na meia cancha. Daniel Alves estava improvisado na meia direita, substituindo o lesionado Elano. Kaká, melhor jogador do mundo três anos antes, era o grande craque do time, mas chegou à Copa com problemas físicos. Robinho era a habilidade e eficiência, jogando melhor pela Seleção do que nos clubes. Luís Fabiano era a certeza de gols e explosão – no bom e no mau sentido.

No banco, jogadores como o zagueiro Thiago Silva, o lateral esquerdo Gilberto, os meio-campistas Josué, Ramires (que estava suspenso por ter recebido o segundo cartão amarelo contra o Chile) e Júlio Baptista e os atacantes Grafite e Nilmar. E convocações inexplicáveis, como o goleiro Doni e o meia Kléberson – que claramente não era o mesmo de 2002 e muitas vezes ficava na reserva do Flamengo.

Foi uma convocação contestada, embora coerente do ponto de vista do trabalho realizado. As principais ausências – que fomentam discussões até os dias atuais – foram a do atacante Adriano (que havia levado o Flamengo ao título do Brasileirão de 2009) e os jovens Neymar e Paulo Henrique Ganso (destaques em um Santos que encantou o Brasil e seguiria encantando até o ano seguinte).

Um ano antes, o Brasil havia conquistado a Copa das Confederações no sufoco. Depois de uma primeira fase tranquila, venceu a África do Sul nas semifinais com um gol de falta de Daniel Alves a dois minutos do fim. Na decisão, saiu perdendo por 0 x 2 para os Estados Unidos (que eliminaram a poderosa Espanha nas semi), mas conseguiu reverter o placar no segundo tempo para 3 x 2, com um gol do capitão Lúcio nos minutos finais. Antes, em 2007, havia conquistado o título da Copa América com tranquilidade, vencendo a Argentina na final por 3 x 0.

Mas a Seleção chegou nervosa demais à Copa do Mundo. Na primeira partida, o Brasil sofreu demais para vencer a frágil Coreia do Norte por 2 x 1. Na segunda partida, venceu uma guerra contra a Costa do Marfim por 3 x 1 – com lesão séria de Elano e expulsão de Kaká. Na terceira partida, um insípido empate sem gols com Portugal garantiu o primeiro lugar do Grupo G. Nas oitavas de final, vitória fácil sobre o Chile de Marcelo Bielsa por 3 x 0.

Dunga nunca teve uma relação boa com a imprensa, principalmente depois da Copa de 1990. Mas tudo só piorou em 2010. Em entrevista coletiva após a partida contra a Costa do Marfim, o técnico ofendeu o jornalista da Globo Alex Escobar, o chamando de “cagão” e de “merda”. Escobar ficou sem entender o motivo. De acordo com algumas pessoas presentes, Dunga respondia às perguntas quando olhou na direção do jornalista, que falava ao telefone com o apresentador Tadeu Schmidt e balançava a cabeça, o que irritou o treinador. Segundo o jornalista, ele havia balançado a cabeça discordando dos colegas de profissão que pediam a saída de Luís Fabiano do time titular. Dunga não entendeu assim e partiu para a ofensa gratuita.


Robinho fez um belo gol em excelente passe de Felipe Melo (Imagem: UOL)

● A Holanda estava invicta desde 2008, mas o futebol pragmático era alvo de críticas. O técnico Bert van Marwijk fez tudo totalmente diferente do que prega a escola holandesa, cujos maiores símbolos são Rinus Michels e Johan Cruijff. Historicamente a seleção holandesa tinha o sistema tático “4-3-3 à holandesa” quase como uma regra: com uma linha de quatro na defesa, um volante e dois meias armadores, dois pontas bem abertos e velozes e um centroavante goleador. Mas Van Marwij – sogro do volante Mark van Bommel – preferiu mandar seu time a campo no 4-2-3-1, um esquema mais atual, que permitia um maior número de estrelas em campo e potencializava o talento delas – principalmente pela liberdade dada a Sneijder.

A Oranje já não contava mais com Edwin van der Sar e Clarence Seedorf, que ainda jogavam em alto nível, mas haviam aposentado da seleção.

No gol, o gigante Maarten Stekelenburg estava em seu auge. Nas laterais, Gregory van der Wiel compria bem o seu papel e o capitão Gio van Bronckhorst era a experiência e liderança em campo. No miolo de zaga, a impetuosidade de John Heitinga era compensada pela segurança de Joris Mathijsen. Van Bommel era responsável por dar qualidade na saída de bola e era duro na marcação. Nigel de Jong só batia, mas batia bem. Mas o destaque mesmo era o quarteto de ataque. Pela esquerda, o operário-padrão Dirk Kuyt. Na direita, Arjen Robben, toda sua habilidade e sua jogada “manjada” de cortar da direita para o meio – mas que ninguém conseguia marcar. Como armador, Wesley Sneijder, campeão da Champions pela Inter de Milão e, discutivelmente, o melhor jogador do mundo no ano (embora Lionel Messi tenha sido injustamente eleito pela FIFA). No comando de ataque, o habilidoso goleador Robin van Persie.

No banco de reservas, toda a qualidade do meia Rafael van der Vaart e o faro de gol de Klaas-Jan Huntelaar. Curiosamente, Van der Vaart, Sneijder, Robben e Huntelaar jogaram todos juntos no Real Madrid em 2009.

A Oranje estava com 100% de aproveitamento. Pelo Grupo E da primeira fase, venceu Dinamarca (2 x 0), Japão (1 x 0) e Camarões (2 x 1). Nas oitavas, bateu a surpreendente Eslováquia por 2 x 1.


A Holanda não honrou a tradição do 4-3-3. O pragmático técnico Bert van Marwijk preferia o sistema 4-2-3-1, com muita força física no meio campo e o talento de seus quatro homens mais avançados.


O Brasil também jogou no esquema 4-2-3-1. Pela direita, Daniel Alves era mais um meia de recomposição, enquanto Robinho era mais um atacante pela esquerda.

● Eram duas seleções que chegaram invictas nas quartas de final – a Holanda com 100% de aproveitamento. O mínimo que se poderia esperar era um grande jogo. E essa expectativa foi cumprida.

Já no aquecimento, o zagueiro holandês Mathijsen sentiu uma lesão e não foi para o jogo, sendo substituído pelo experiente André Ooijer.

O jogo começou aberto, com os dois times procurando o gol.

O Brasil começou melhor. Chegou a balançar as redes logo aos sete minutos de jogo, quando Luís Fabiano passou para Daniel Alves, que tocou para Robinho marcar. Mas a arbitragem, liderada pelo japonês Yuichi Nishimura, viu corretamente o impedimento de Daniel.

Mas apenas dois minutos depois, a torcida pôde soltar de verdade o grito de gol. Do círculo central, Felipe Melo mostrou sua melhor versão. Com uma visão de jogo impressionante, ele fez um lançamento perfeito em profundidade para Robinho. O camisa 11 surgiu livre por trás da zaga holandesa, em condição legal e, da meia lua, bateu de primeira na saída do goleiro. Um belo gol, não só pela finalização, mas principalmente pela precisão cirúrgica do lançamento rasteiro de 40 metros de Felipe Melo.

No restante do primeiro tempo, os holandeses não conseguiram passar pela marcação defensiva brasileira, enquanto o goleiro Stekelenburg impediu que o Brasil ampliasse a vantagem no marcador.

Mas os holandeses também levaram perigo. Júlio César espalmou para escanteio uma bola chutada de longe por Kuyt.

Aos 24′, a defesa holandesa afastou mal depois de um escanteio, Daniel Alves cruzou à meia altura e Juan finalizou por cima do gol.

Aos 30′, Kaká bateu colocado da intermediária e obrigou Stekelenburg a fazer uma bela defesa. Seria um golaço.

O Brasil dominava o jogo, mas não conseguia ampliar o placar. Os holandeses estavam irritados, pois não conseguiam criar diante da boa marcação brasileira.


Wesley Sneijder fez o primeiro gol de cabeça de sua carreira (Imagem: Flickr)

Mas no intervalo tudo mudou. A Holanda voltou mais organizada e conseguindo passar mais tempo no campo de ataque.

Aos oito minutos, Michel Bastos deu um carrinho violento em Robben. O árbitro foi conivente e não mostrou o segundo cartão amarelo ao lateral brasileiro. Na cobrança dessa falta, Sneijder recebeu e ergueu a bola para a área. Felipe Melo atrapalhou Júlio César ao tentar cortar pelo alto, a bola tocou na cabeça do volante e entrou no canto direito. Faltou comunicação da defesa brasileira. O gol foi inicialmente registrado como gol contra de Felipe Melo, mas a FIFA logo creditaria o gol a Sneijder.

A partir daí, o Brasil se perdeu de vez. Os europeus continuaram com mais volume de jogo, mas não chegaram a dominar a partida, como os sul-americanos fizeram nos primeiros 45 minutos. Mesmo assim, a Oranje estava mais perto da virada.

E ela veio Aos 23′. Robben bateu escanteio da direita, Kuyt desviou na primeira trave e Sneijder (de 1,70 m) não foi incomodado pela marcação de Felipe Melo (1,83 m) e cabeceou no ângulo direito de Júlio César, marcando seu primeiro gol de cabeça na carreira.

E as coisas se inverteram totalmente. A tensão que antes era dos holandeses, passou a ser dos brasileiros, que perderam o controle emocional.

Com medo de ficar com um homem a menos, Dunga já havia trocado o lateral esquerdo, tirando o perdido Michel Bastos para colocar o experiente Gilberto. Mas quem foi expulso foi Felipe Melo. Ele fez uma falta dura em Robben e ainda deu um pisão na perna do holandês. O árbitro japonês estava de olhos abertos e expulsou corretamente o brasileiro.

Felipe Melo foi o maior protagonista da partida, com uma bela assistência, um gol contra, a falha na marcação do segundo gol e a expulsão.

Sem nenhuma estratégia, a Seleção Brasileira partiu para o desespero. Estranhamente, Dunga tirou Luís Fabiano para a entrada de Nilmar, justamente quando precisava de um homem de área para as jogadas aéreas.

E o técnico “morreu” com uma substituição por fazer. A contestada convocação provou mesmo a sua falta de opções, quando o treinador olhou para o banco e não viu ninguém capaz de mudar a partida. “Morreu” pelas suas convicções e gratidão por jogadores comuns como Kléberson, Ramires, Júlio Baptista, Grafite e companhia muito limitada.

Com a desvantagem no placar e no número de homens em campo, o Brasil não resistiu. No fim, ainda escapou de levar pelo menos dois gols em contra-ataques.

Pela segunda Copa do Mundo consecutiva, o Brasil se despedia da competição nas quartas de final.


Felipe Melo deu um pisão irresponsável em Arjen Robben (Imagem: Twitter @Canelada_FC)

● Essa derrota foi apenas a terceira de vidada da Seleção Brasileira em toda a história das Copas. As duas anteriores foram para o Uruguai em 1950 e para a Noruega em 1998, ambas por 2 x 1.

Duas celebridades ficaram em foco nessa partida. A socialite Paris Hilton foi pega fumando maconha dentro do estádio Nelson Mandela Bay, em Port Elizabeth, mas foi liberada depois de prestar depoimento. Mas quem foi condenado pelas redes sociais foi o Rolling Stone Mick Jagger, que ganhou fama de pé frio durante o Mundial. Nos três jogos que ele esteve presente no estádio, os times para os quais ele torcia foram derrotados. No jogo das oitavas de final entre Estados Unidos e Gana, ele sentou nas arquibancadas ao lado do ex-presidente americano Bill Clinton e viu os EUA perderem por 2 x 1. Depois, viu seu país natal, a Inglaterra, perder na mesma fase para a Alemanha por 2 x 1. Para completar de vez a infame fama, ele estava na torcida para o Brasil diante da Holanda, nas quartas de final.

Após a partida, Dunga assumiu a responsabilidade pela derrota brasileira e confirmou que deixaria a Seleção ao término de seu contrato – que havia se iniciado em 2006 e tinha validade de quatro anos.

Bert van Marwijk atacou a Seleção Brasileira, alegando que o pisão de Felipe Melo em Robben o deixou “envergonhado pelo futebol brasileiro”.

Júlio César deu entrevista chorando e dizendo que se sentia culpado pelo primeiro gol sofrido. Ele e Felipe Melo disseram que a comunicação entre ambos foi dificultada por causa do barulho das vuvuzelas – uma corneta utilizada pelos torcedores sul-africanos, que faz parte da cultura do futebol no país desde os anos 1950.

Ainda fora da realidade, Felipe Melo tentou desmentir a imagem da TV dizendo que a falta com pisão em Robben foi lance normal de jogo e que não deveria resultar em expulsão.

Com o cartão vermelho de Felipe Melo, o Brasil se tornou a seleção com maior número de expulsões na história das Copas: 11, à frente da Argentina, com 10.

Nas semifinais, a Holanda eliminou o Uruguai em um jogaço e vitória por 3 x 2. Na decisão, teve as melhores oportunidades, mas não conseguiu aproveitar. Na prorrogação, o gol solitário de Andrés Iniesta garantiu o título para a Espanha. A Holanda se tornava a única seleção três vezes vice-campeã (1974, 1978 e 2010) sem nunca ter conquistado uma Copa do Mundo.


Felipe Melo foi corretamente expulso pelo pisão em Robben (Imagem: UOL)

FICHA TÉCNICA:

 

HOLANDA 2 x 1 BRASIL

 

Data: 02/07/2010

Horário: 16h00 locais

Estádio: Nelson Mandela Bay Stadium

Público: 40.186

Cidade: Port Elizabeth (África do Sul)

Árbitro: Yuichi Nishimura (Japão)

 

HOLANDA (4-2-3-1):

BRASIL (4-2-3-1):

1  Maarten Stekelenburg (G)

1  Júlio César (G)

2  Gregory van der Wiel

2  Maicon

3  John Heitinga

3  Lúcio (C)

13 André Ooijer

4  Juan

5  Giovanni van Bronckhorst (C)

6  Michel Bastos

6  Mark van Bommel

5  Felipe Melo

8  Nigel de Jong

8  Gilberto Silva

11 Arjen Robben

13 Daniel Alves

10 Wesley Sneijder

10 Kaká

7  Dirk Kuyt

11 Robinho

9  Robin van Persie

9  Luís Fabiano

 

Técnico: Bert van Marwijk

Técnico: Dunga

 

SUPLENTES:

 

 

16 Michel Vorm (G)

12 Gomes (G)

22 Sander Boschker (G)

22 Doni (G)

12 Khalid Boulahrouz

14 Luisão

4  Joris Mathijsen

15 Thiago Silva

15 Edson Braafheid

16 Gilberto

14 Demy de Zeeuw

17 Josué

18 Stijn Schaars

20 Kléberson

23 Rafael van der Vaart

18 Ramires

20 Ibrahim Afellay

7  Elano

17 Eljero Elia

19 Júlio Baptista

19 Ryan Babel

21 Nilmar

21 Klaas-Jan Huntelaar

23 Grafite

 

GOLS:

10′ Robinho (BRA)

53′ Wesley Sneijder (HOL)

68′ Wesley Sneijder (HOL)

 

CARTÕES AMARELOS:

14′ John Heitinga (HOL)

37′ Michel Bastos (BRA)

47′ Gregory van der Wiel (HOL)

64′ Nigel de Jong (HOL)

76′ André Ooijer (HOL)

 

CARTÃO VERMELHO:
73′ Felipe Melo (BRA)

 

SUBSTITUIÇÕES:

62′ Michel Bastos (BRA) ↓

Gilberto (BRA) ↑

 

77′ Luís Fabiano (BRA) ↓

Nilmar (BRA) ↑

 

85′ Robin van Persie (HOL) ↓

Klaas-Jan Huntelaar (HOL) ↑

Melhores momentos da partida:

Jogo completo:

… 01/07/1990 – Inglaterra 3 x 2 Camarões

Três pontos sobre…
… 01/07/1990 – Inglaterra 3 x 2 Camarões

● A seleção de Camarões havia sido uma grande surpresa em 1982, quando debutou na Copa do Mundo e terminou invicta. Oito anos depois, voltava a disputar um Mundial. Quatro eram os atletas remanescentes: os goleiros Thomas N’Kono e Joseph-Antoine Bell, o zagueiro Emmanuel Kundé e o atacante Roger Milla.

Com 38 anos, o “velhinho” Milla havia se retirado da seleção em 1988 e estava à beira da aposentadoria. Mas recebeu um convite do presidente de Camarões, Paul Biya (seu amigo pessoal) e retornou à convocatória dos Leões Indomáveis para disputar o Mundial de 1990. Sem o mesmo fôlego dos garotos, Milla normalmente entrava nas partidas no início do segundo tempo. Ainda sim, anotou quatro gols durante a competição e se tornou um dos destaques da Copa.

Com o objetivo de profissionalizar a seleção, a federação camaronesa montou uma eficiente estrutura, além de trazer o técnico soviético Valery Nepomnyashchy, ex-auxiliar do treinador da URSS Valeriy Lobanovskyi. Apreciador dos métodos de seu mestre, Nepomnyashchy tratou de misturar o talento natural dos africanos a um sistema tático mais rigoroso, mas sem deixar de potencializar a técnica.

Camarões foi líder do difícil e equilibrado Grupo B. Estreou vencendo por 1 x 0 a campeã mundial Argentina, de Diego Maradona. Depois, bateu a Romênia, do maestro Gheorghe Hagi, por 2 x 1. Já classificado, foi goleado por 4 x 0 pela União Soviética, campeã olímpica dois anos antes. A Colômbia foi a adversária nas oitavas de final, em uma partida histórica. Roger Milla fez dois gols na prorrogação, um deles ao roubar a bola do goleiro René Higuita, que tentou sair driblando. O placar de 2 x 1 sobre os cafeteros garantiu Camarões como a primeira seleção africana da história a chegar às quartas de final da Copa do Mundo.

A seleção de Camarões era considerada o “segundo time” de todos os torcedores que assistiram à Copa do Mundo de 1990. Muito por ser novidade, mas mais ainda pelo futebol bonito que havia sido apresentado até então. Os otimistas acreditavam que os africanos pudessem surpreender o bom time da Inglaterra.

Embora jogasse bonito, os africanos também eram muito duros na marcação. Comumente, até apelavam para a violência. Por isso o time tinha quatro importantes desfalques para o duelo diante dos ingleses, todos por terem recebido o segundo cartão amarelo no Mundial: os zagueiros Victor N’Dip e Jules Onana, o volante André Kana-Biyik e o meia Émile Mbouh.

● A seleção inglesa chegava com uma grande invencibilidade pré-Copa – inclusive com uma vitória sobre o Brasil por 1 x 0. O experiente técnico Bobby Robson soube montar um time que acabou com a histórica desconfiança dos torcedores e era considerado um dos favoritos ao título.

Gary Lineker continuava sendo o responsável pelos gols, mas o grande queridinho da torcida era o meia Paul Gascoigne. Com tamanha elegância em campo, ele nem parecia um inglês. Mas Gazza não agradava totalmente ao técnico por usa indisciplina tática, embora compensasse com o seu talento. Ambos demonstravam na seleção o entrosamento que adquiriram jogando juntos no Tottenham.

Outro destaque era o meia driblador Chris Waddle, que atravessava excelente fase no Olympique de Marselha. A experiência em campo vinha do ótimo goleiro Peter Shilton e seus 40 anos. A surpresa na convocação foi o explosivo atacante Steve Bull, artilheiro do Wolverhampton, que estava na terceira divisão inglesa na época. A grande ausência era o capitão Bryan Robson, que ainda não havia se recuperado totalmente de uma cirurgia de hérnia.

Pelo Grupo F, a Inglaterra estreou empatando com a Irlanda (1 x 1) e a Holanda (0 x 0). Uma vitória simples (1 x 0) sobre o Egito garantiu o English Team no primeiro lugar da chave. Nas oitavas de final, um gol de David Platt no último minuto da prorrogação valeu a vitória sobre a Bélgica (1 x 0).

O English Team se preparou para as oitavas de final sabendo o perigo que corria ao enfrentar os fortes e arrojados camaroneses.


Na teoria, o time escalado por Bobby Robson era um 3-5-2. Mas, na prática, se defendia no 5-4-1, deixando apenas Lineker na frente. Quando atacava, os alas se apresentavam bem, os meias apareciam no ataque e Barnes e Waddle avançavam como pontas, formando um 3-4-3.


No papel, o técnico soviético Valery Nepomnyashchy escalou seu time em uma espécie de 4-4-2. Sem a bola, Emmanuel Kundé se transformava em líbero e o time se defendia no 4-5-1. Com a bola, os meias avançavam em velocidade e o time se formava no 4-3-3. No ataque, Omam-Biyik recebia a companhia de Roger Milla no segundo tempo de todas as partidas.

● Inglaterra e Camarões fizeram o melhor jogo da etapa das quartas de final da Copa do Mundo de 1990, na Itália.

Mais de 55 mil expectadores se fizeram presentes no estádio San Paolo, em Nápoles.

Camarões teve a chance de abrir o placar e só não o fez porque Shilton salvou um chute cara a cara com François Omam-Biyik.

Aos 25 minutos de jogo, David Platt abriu o placar. Stuart Pearce avançou pela esquerda e cruzou pelo alto. Platt apareceu sozinho na pequena área e cabeceou firme para baixo. A bola passou entre as pernas do goleiro Thomas N’Kono, que havia saltado para fechar o ângulo. Foi o segundo gol do camisa 17 na Copa de 1990.

Mas, como era de praxe, Roger Milla entrou no intervalo para mudar o rumo da partida. O “vovô” camaronês era a arma secreta – nem tão secreta assim.

Aos 16′ da etapa final, ele recebeu passe dentro da área, protegeu com o corpo e foi derrubado por Gascoigne. O líbero Emmanuel Kundé bateu com precisão e a bola foi no ângulo esquerdo de Peter Shilton – que até acertou o canto, mas não conseguiu pegar.

Quatro minutos depois, Milla viu a infiltração de Eugène Ekéké e fez o passe com precisão para o meio da área. Ekéké só deu um toque por cima para tirar o goleiro da jogada. Era a virada camaronesa.

Em sua ampla maioria, a torcida napolitana era para os azarões africanos.

Depois, os camaroneses passaram a abusar das firulas e jogadas de efeito, mas sem efetividade. “A bola pune”, como diria Muricy Ramalho.

A sete minutos do fim, Paul Parker interceptou um lançamento já na intermediária ofensiva e Mark Wright ajeitou para Gary Lineker. Dentro da área, o atacante inglês deu um corte em Benjamin Massing e foi derrubado. O próprio Lineker bateu o pênalti à meia altura no canto esquerdo, deslocando o goleiro Thomas N’Kono, que pulou para a direita.

Camarões ainda teve uma última chance. Ekéké tocou para Cyrille Makanaky. Ele invadiu a área, deixou Pearce no chão, mas foi travado em cima da hora por Trevor Steven.

Com o placar igual no tempo normal, o jogo foi definido na prorrogação.

O líbero Mark Wright se machucou em um choque de cabeça acidental com Roger Milla e voltou ao jogo com uma caixa amarrada na cabeça. Ele cortou o supercílio esquerdo.

Os Leões Indomáveis farejam sangue e foram para cima dos Three Lions. Makanaky fez boa jogada pelo lado direito, passou por Pearce e cruzou. Wright tirou a bola da cabeça de Ekéké. Ela subiu, François Omam-Biyik ganhou no alto de Des Walker e cabeceou, mas Shilton segurou firme.

No fim do primeiro tempo extra, Gascoigne fez um passe magistral. Lineker arrancou sozinho e foi derrubado dentro da área em dividida com Massing e N’Kono. Outra penalidade. Dessa vez, Lineker encheu o pé no meio do gol e N’Kono caiu para o lado esquerdo. Nova virada no marcador, dessa vez em definitivo, a favor dos ingleses.

De forma dramática, a Inglaterra segurou o 3 x 2 e se classificou.

O técnico Bobby Robson, que sempre tratou Paul Gascoigne como uma bomba relógio prestes a explodir – o que de fato era – se abraçou forte com o jogador após o apito final.

Com exceção dos ingleses, todos lamentavam a queda do time que ousou enfrentar seus adversários com criatividade e alegria – e uma pitada de irresponsabilidade, que acabou lhe custando a vaga nas semifinais.

Mas os camaroneses não se sentiram derrotados. Foram aplaudidos de pé e deram a volta olímpica no estádio San Paolo.

Roger Milla e seus companheiros já tinham entrado para a história das Copas.

● A arbitragem do mexicano Edgardo Codesal foi bastante elogiada pela imprensa internacional, principalmente pela coragem em marcar três pênaltis em um mesmo jogo (todos existentes), algo difícil de acontecer. Por causa dessa atuação, ele acabaria sendo indicado para apitar a final da Copa – quando não foi muito bem e apitou um pênalti bastante polêmico.

Na semifinal, a Inglaterra encontrou seus dois algozes que se tornariam históricos dali adiante: as decisões por pênaltis e a Alemanha Ocidental. O empate por 1 x 1 no tempo normal se manteve na prorrogação. Na decisão por penalidades, os erros de Stuart Pearce e Chris Waddle impediram que os britânicos voltassem a disputar uma final, com a derrota por 4 x 3. Na decisão do 3º lugar, a Inglaterra perdeu por 2 x 1 para a anfitriã Itália.

Curiosamente, o filho mais velho do goleiro italiano Gianluigi Buffon se chama Thomas, em homenagem ao goleiro camaronês Thomas N’Kono.

O antigo estádio San Paolo foi renomeado no fim de 2020 para estádio Diego Armando Maradona, maior ídolo da história do Napoli – clube que manda seus jogos no estádio.


(Imagens desse texto: Imortais do Futebol)

FICHA TÉCNICA:

 

INGLATERRA 3 x 2 CAMARÕES

 

Data: 01/07/1990

Horário: 21h00 locais

Estádio: San Paolo

Público: 55.205

Cidade: Nápoles (Itália)

Árbitro: Edgardo Codesal (México)

 

INGLATERRA (3-6-1):

CAMARÕES (4-2-3-1):

1  Peter Shilton (G)

16 Thomas N’Kono (G)

12 Paul Parker

14 Stephen Tataw (C)

5  Des Walker

6  Emmanuel Kundé

14 Mark Wright

4  Benjamin Massing

6  Terry Butcher (C)

5  Bertin Ebwellé

3  Stuart Pearce

15 Thomas Libiih

8  Chris Waddle

21 Emmanuel Maboang

17 David Platt

13 Jean-Claude Pagal

19 Paul Gascoigne

10 Louis-Paul M’Fédé

11 John Barnes

20 Cyrille Makanaky

10 Gary Lineker

7  François Omam-Biyik

 

Técnico: Bobby Robson

Técnico: Valery Nepomnyashchy

 

SUPLENTES:

 

 

13 Chris Woods (G)

22 Jacques Songo’o (G)

22 Dave Beasant (G)

[22 David Seaman (G)]

1  Joseph-Antoine Bell (G)

2  Gary Stevens

17 Victor N’Dip

15 Tony Dorigo

3  Jules Onana

4  Neil Webb

12 Alphonse Yombi

16 Steve McMahon

2  André Kana-Biyik

18 Steve Hodge

8  Émile Mbouh

7  Bryan Robson

19 Roger Feutmba

20 Trevor Steven

11 Eugène Ekéké

9  Peter Beardsley

18 Bonaventure Djonkep

21 Steve Bull

9  Roger Milla

 

GOLS:

25′ David Platt (ING)

61′ Emmanuel Kundé (CAM) (pen)

65′ Eugène Ekéké (CAM)

83′ Gary Lineker (ING) (pen)

105′ Gary Lineker (ING) (pen)

 

CARTÕES AMARELOS:

28′ Benjamin Massing (CAM)

70′ Stuart Pearce (ING)

104′ Thomas N’Kono (CAM)

120′ Roger Milla (CAM)

 

SUBSTITUIÇÕES:

INTERVALO John Barnes (ING) ↓

Peter Beardsley (ING)

 

INTERVALO Emmanuel Maboang (CAM) ↓

Roger Milla (CAM)

 

62′ Louis-Paul M’Fédé (CAM) ↓

Eugène Ekéké (CAM)

 

73′ Terry Butcher (ING) ↓

Trevor Steven (ING)

Melhores momentos da partida (Band):