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… 12/07/1966 – Alemanha Ocidental 5 x 0 Suíça

Três pontos sobre…
… 12/07/1966 – Alemanha Ocidental 5 x 0 Suíça

● O lendário técnico alemão Sepp Herberger se aposentou depois da Copa do Mundo de 1962, passando o comando para Helmut Schön – que era seu auxiliar nos oito anos anteriores.

A Alemanha não começou tão bem no Grupo 2 das eliminatórias europeias, empatando em casa com a Suécia (1 x 1) – em uma chave que também tinha o modestíssimo Chipre. Mas foi buscar o placar no campo do adversário e venceu os suecos por 2 x 1 em Estocolmo. Nesse jogo, Schön escalou pela primeira vez um jovem volante de 19 anos do Bayern de Munique chamado Franz Beckenbauer. No processo de renovação, o técnico também tinha apontado em outro talentoso meia do FC Köln: Wolfgang Overath. A partir de então, Beckenbauer e Overath passaram a formar uma sólida dupla de meio campo – uma das melhores, senão melhor, já produzida no país.

Pelo Grupo 5 do qualificatório europeu, as prévias diziam que a decisão ficaria entre Suíça e Irlanda do Norte, do genial George Best, de 19 anos, estrela do Manchester United. Os demais concorrentes não assustavam: a Holanda ainda tinha um futebol semiprofissional e a Albânia era um país linha dura, que parou no tempo durante a ditadura socialista de Enver Hoxha (1944-1991) – cuja seleção possuía um sistema defensivo forte e tomava poucos gols. A Suíça venceu quatro jogos (duas vezes a Albânia, Irlanda do Norte em casa e Holanda em casa), empatou um (0 x 0 com a Holanda) e uma derrota (2 x 1 para a Irlanda do Norte, em Belfast, na estreia). Os norte-irlandeses tinham campanha parecida e precisavam vencer a Albânia em Tirana para forçar um jogo desempate com a Suíça. Mas ficaram no empate por 1 x 1, dando a classificação aos helvéticos.


A Alemanha Ocidental jogou no esquema 4-2-4.


A Suíça atuou no sistema 4-3-3.

● O técnico da Suíça, o ex-zagueiro italiano Alfredo Foni, campeão do mundo em 1938, tinha problemas para escalar o time para o primeiro jogo. O goleiro Léo Eichmann, o zagueiro Werner Leimgruber e o meio-campista Köbi Kuhn foram punidos por indisciplina e não jogaram.

Sem eles, o treinador recuou um dos meia atacantes e armou a Suíça no sistema 4-3-3, sistema considerado defensivo demais para a época, que pouco era utilizado.

Mas a nova versão do antigo “ferrolho suíço” não funcionou.

A Alemanha tinha uma defesa sólida, um meio campo consistente e um ataque demolidor. E tratou de provar isso.

O placar foi aberto aos 15′. Sigfried Held passou por três adversários e cruzou para Helmut Haller finalizar. O goleiro Karl Elsener defendeu, mas Held pegou o rebote e marcou. 1 x 0.

Cinco minutos depois, Haller arrancou com a bola dominada ainda em seu campo, ganhou na velocidade de seus marcadores e bateu à esquerda, na saída do goleiro. 2 x 0.

Aos 39′, Beckenbauer tabelou com Uwe Seeler, recebeu de volta e tocou de bico, à direita de Elsener. 3 x 0.

Aos sete minutos do segundo tempo, Haller lançou Beckenbauer, que passou por Heinz Schneiter e André Grobéty e finalizou na saída do goleiro. 4 x 0.

Beckenbauer era um caso a parte. Ao contrário dos volantes da época, que eram responsáveis apenas pelo desarme e pela proteção à defesa, o Kaiser partia de seu campo com a bola dominada e seguia rumo ao ataque. Despreparados para lidar com alguém como Beckenbauer, a defesa suíça sofreu e acabou tomando dois gols do craque alemão.

O último gol veio aos 32′. Seeler entrou na área e foi derrubado por Richard Dürr. Haller bateu o pênalti no canto esquerdo e converteu. 5 x 0.

O placar dilatado ainda ficou barato. A Alemanha perdeu pelo menos outras quatro chances claras de gol.

● A Suíça acabou eliminada na primeira fase, com três derrotas em três jogos. Depois da derrota para o alemães, os helvéticos ainda perderam para espanhóis ( 1 x 2) e argentinos (0 x 2).

A Alemanha Ocidental foi a líder do Grupo 2 na primeira fase. Depois da vitória sobre a Suíça, empatou sem gols com a Argentina e venceu a Espanha por 2 x 1. Nas quartas de final, goleou o Uruguai por 4 x 0. Na semifinal, venceu a União Soviética por 2 x 1. Na decisão, conseguiu o empate por 2 x 2 diante da Inglaterra em Wembley, mas, em uma decisão controversa da arbitragem (como detalhamos aqui) acabou perdendo por 4 x 2 na prorrogação.


(Imagens: Impromptuinc)

FICHA TÉCNICA:

 

ALEMANHA OCIDENTAL 5 x 0 SUÍÇA

 

Data: 12/07/1966

Horário: 19h30 locais

Estádio: Hillsborough

Público: 36.127

Cidade: Sheffield (Inglaterra)

Árbitro: Hugh Phillips (Escócia)

 

ALEMANHA OCIDENTAL (4-2-4):

SUÍÇA (4-3-3):

1  Hans Tilkowski (G)

1  Karl Elsener (G)

2  Horst-Dieter Höttges

9  André Grobéty

5  Willi Schulz

18 Heinz Schneiter (C)

6  Wolfgang Weber

20 Ely Tacchella

3  Karl-Heinz Schnellinger

7  Hansruedi Führer

4  Franz Beckenbauer

4  Heinz Bäni

12 Wolfgang Overath

6  Richard Dürr

7  Albert Brülls

15 Karl Odermatt

8  Helmut Haller

10 Robert Hosp

9  Uwe Seeler (C)

13 Fritz Künzli

10 Sigfried Held

17 Jean-Claude Schindelholz

 

Técnico: Helmut Schön

Técnico: Alfredo Foni

 

SUPLENTES:

 

 

22 Sepp Maier (G)

12 Léo Eichmann (G)

21 Günter Bernard (G)

22 Mario Prosperi (G)

14 Friedel Lutz

2  Willy Allemann

15 Bernd Patzke

5  René Brodmann

17 Wolfgang Paul

14 Werner Leimgruber

18 Klaus-Dieter Sieloff

3  Kurt Armbruster

19 Werner Krämer

8  Vittore Gottardi

16 Max Lorenz

11 Köbi Kuhn

13 Heinz Hornig

16 René-Pierre Quentin

20 Jürgen Grabowski

19 Xavier Stierli

11 Lothar Emmerich

21 Georges Vuilleumier

 

GOLS:

16′ Sigfried Held (ALE)

21′ Helmut Haller (ALE)

40′ Franz Beckenbauer (ALE)

52′ Franz Beckenbauer (ALE)

77′ Helmut Haller (ALE) (pen)

Gols da partida:

… 04/07/1990 – Alemanha Ocidental 1 x 1 Inglaterra

Três pontos sobre…
… 04/07/1990 – Alemanha Ocidental 1 x 1 Inglaterra


(Imagem: The Guardian)

● Uma das semifinais da Copa do Mundo de 1990 foi um clássico do futebol mundial: Alemanha e Inglaterra.

Na primeira fase, a Alemanha Ocidental foi a primeira do Grupo D com cinco pontos. Começou goleando a Iugoslávia por 4 a 1 e os Emirados Árabes Unidos por 5 a 1. Na última rodada, empatou por 1 x 1 com a Colômbia. Nas oitavas de final, venceu a grande rival Holanda por 2 a 1, em uma verdadeira batalha. Nas quartas, vitória simples por 1 a 0 sobre a Tchecoslováquia.

Pelo Grupo F, a Inglaterra estreou empatando com a Irlanda (1 x 1) e a Holanda (0 x 0). Uma vitória simples (1 x 0) sobre o Egito garantiu o English Team no primeiro lugar da chave. Nas oitavas, um gol de David Platt no último minuto da prorrogação valeu a vitória sobre a Bélgica (1 x 0). Nas quartas, um jogo duríssimo e nova prorrogação para eliminar Camarões, os surpreendentes Leões Indomáveis, em uma vitória por 3 x 2.


O técnico Franz Beckenbauer escalou sua equipe no sistema 3-5-2.


Na teoria, o time escalado por Bobby Robson era um 3-5-2. Mas, na prática, se defendia no 5-4-1, deixando apenas Lineker na frente. Quando atacava, os alas se apresentavam bem, os meias apareciam no ataque e Beardsley e Waddle avançavam como pontas, formando um 3-4-3.

● Nas arquibancadas, algumas bandeiras da Inglaterra, mas várias do Reino Unido. Os hooligans estavam presentes. Assim como a barulhenta torcida alemã.

Logo nos primeiros minutos, Paul Gascoigne pegou o rebote de um escanteio e emendou de esquerda, da entrada da área, exigindo uma ótima defesa de Bodo Illgner, que espalmou para escanteio.

Chris Waddle aproveitou um erro da defesa alemã na saída de bola e, de sua intermediária, tentou surpreender Illgner. A bola tinha o rumo do gol, mas o goleiro se esticou todo e conseguiu espalmar para cima. A bola ainda tocou no travessão antes de sair. O árbitro brasileiro José Roberto Wright já havia marcado falta no início da jogada, mas esse lance foi o mais bonito do jogo.

David Platt abriu com Stuart Pearce na esquerda. Ele chegou cruzando rasteiro de primeira, mas Gary Lineker foi travado pela marcação e não conseguiu finalizar.

Em cobrança de falta da direita, a bola sobrevoou a área germânica e Thomas Berthold cabeceou para trás. A defesa alemã tirou e Gascoigne pegou o rebote e encheu o pé. Mas Illgner segurou sem dar rebote.

A Alemanha respondeu. Olaf Thon chutou de muito longe de perna esquerda, mas o veterano Peter Shilton segurou sem dar rebote.

Peter Beardsley tocou para Waddle, que cruzou para a área. Lineker desviou, Platt aparou na linha de fundo e rolou para trás. Pearce dominou de esquerda, cortou a marcação de Thon e bateu de direita. Mas o inglês foi travado pela marcação e a bola se perdeu pela linha de fundo.

Ainda no primeiro tempo, o técnico Franz Beckenbauer precisou substituir o lesionado Rudi Völler por Karl-Heinz Riedle.

Em cobrança de falta ensaiada na entrada da área, Andreas Brehme rolou para Klaus Augenthaler encher o pé. A bola foi forte e o goleiro Shilton espalmou por cima.


(Imagem: Alambrado)

A Alemanha Ocidental passou a se soltar mais no segundo tempo, lembrando a seleção brilhante do início do torneio. Lothar Matthäus e Thomas Häßler dominam as ações no meio de campo.

Thon avançou, cortou a marcação de Paul Parker e bateu de esquerda. A bola foi fraca e fácil para Shilton.

A Inglaterra respondeu. Gascoigne cobrou falta da esquerda. Pearce desviou na primeira trave e a bola passou assustando Illgner.

O gol da Nationalelf saiu em uma bola parada, aos 15′ do segundo tempo. Häßler avançou pela direita e foi derrubado por um carrinho de Pearce. Na cobrança da falta, Thon rolou para o ambidestro Brehme chutar de esquerda. A bola desviou em Paul Parker (que se adiantou) e encobriu Shilton, que havia saído do gol e estava mal colocado. Alemanha, 1 a 0.

Aos 21′, Häßler saiu para a entrada de Stefan Reuter.

Do lado inglês, o meia atacante Trevor Steven entrou no lugar do zagueiro e capitão Terry Butcher, aos 25′. Foi o último jogo de Butcher com a camisa do English Team.

Pearce – que era um bom ala – avançou em velocidade pela esquerda, passou por um adversário e foi derrubado por Berthold. Falta que Gascoigne rolou para Des Walker. Na hora do chute, ele foi prensado por um alemão. No rebote, a bola sobrou para Steven. Em seu primeiro toque na bola, o camisa 20 chutou de esquerda, mas a bola foi fácil para Illgner.

O English Team conseguiu o empate a dez minutos do fim. Da direita, Parker fez um lançamento longo para a área e Jürgen Kohler não conseguiu cortar. Lineker dominou cortando a marcação de Augenthaler e chutou cruzado de esquerda. A bola foi no pé da trave esquerda de Illgner. Inglaterra 1, Alemanha também 1.

Foi o quarto gol de Lineker no Mundial de 1990. Ele havia sido o artilheiro da Copa de 1986 com seis gols.

A igualdade no placar levou o jogo para a prorrogação.


(Imagem: The Guardian)

Foi o terceiro jogo entre alemães e ingleses em Copas do Mundo que ia para a prorrogação, assim como 1966 (final) e 1970 (quartas de final).

Nos minutos que antecedem ao tempo extra, uma cena inusitada para os dias atuais. Foi engraçado ver Gascoigne torcendo a própria camisa para retirar o suor e deixar a camisa sequinha para a prorrogação.

Brehme cruzou da esquerda, Jürgen Klinsmann cabeceou bem e Shilton espalmou. Uma bola perigosa.

Em uma jogada no meio campo, aos 9′, Gascoigne adiantou demais e deu um carrinho idiota em Berthold. A jogada lhe rendeu um cartão amarelo, que tiraria o inglês de uma eventual final. Era o segundo cartão amarelo de Gazza na competição, o que lhe garantiria uma suspensão na partida seguinte. O intenso meia inglês começou a chorar dentro de campo mesmo.

No finalzinho do primeiro tempo, Steven cruzou da esquerda para a área e a zaga alemã cortou. Lineker ganhou no alto de Berthold e a bola sobrou para Waddle. No lado esquerdo da grande área, o camisa 8 ajeitou e chutou cruzado de esquerda. A bola bateu no pé da trave esquerda.

Guido Buchwald recebeu pouco antes da meia lua, ajeitou a bateu. A bola quicou e passou por Shilton, mas também bateu no pé da trave.

Brehme deu um carrinho por trás em Gascoigne e ele se levantou rápido. Todos esperavam que ele fosse tirar satisfação com o alemão, mas ele só queria recomeçar logo o jogo. A Inglaterra estava ligeiramente melhor. Gazza logo aceitou as desculpas de Brehme (que recebeu o cartão amarelo) e voltaram para o jogo.

No último lance com a bola rolando, Platt cabeceou para o gol após uma cobrança de falta da direita, mas José Roberto Wright anulou o gol por impedimento do inglês.


(Imagem: UOL)

Com tudo igual também na prorrogação, o semifinalista teve que ser decidido nos pênaltis.

Os técnicos se cumprimentam cheios de sorrisos, orgulhosos das exibições de suas respectivas seleções.

O goleiro Dave Beasant, do Chelsea, foi convocado de última hora no lugar de David Seaman, que havia se machucado. Beasant não teve chances no torneio, mas posteriormente o Bobby Robson admitiu que pretendia colocá-lo no lugar de Shilton no último minuto da prorrogação, apenas para a disputa de pênaltis. Shilton tinha 1,83 m de altura e Beasant media dez centímetros a mais. Mas o treinador acabou não fazendo a alteração e manteve o titular.

Lineker bateu firme no canto direito, deslocando Illgner, que caiu para o esquerdo. Inglaterra, 1 a 0.

Brehme bateu com precisão, no canto direito. O goleiro acertou o lado, mas não conseguiu pegar. 1 a 1.

Beardsley bateu no canto esquerdo, no alto, quase no ângulo. Illgner foi no canto certo, mas não pegou. Inglaterra, 2 a 1.

Matthäus bateu com muita força no canto direito e Shilton pouco se mexeu. 2 a 2.

Platt bateu à meia altura no canto direito. Illgner chegou a tocar na bola, mas ela acabou entrando. Inglaterra 3 a 2.

Riedle mandou no ângulo esquerdo. Shilton acertou o canto, mas a cobrança foi bem feita. 3 a 3.

Pearce, o vilão inglês na partida, bateu muito mal. A bola foi rasteira e no meio do gol. Illgner, que caía para seu canto direito, defendeu com as pernas. Ainda 3 a 3.

Thon bateu colocado, no cantinho esquerdo do goleiro. Alemanha 4 a 3.

Waddle tinha que marcar para manter as chances da Inglaterra. Ele tentou acertar o ângulo direito, mas bateu alto e fora do rumo do gol.

Final: Alemanha Ocidental 4 x 3 Inglaterra.


(Imagem: AFP / Globo Esporte)

● Pela quinta vez, a Alemanha estava em uma final de Copa do Mundo – a terceira decisão seguida (1982, 1986 e 1990).

Após a partida, Gary Lineker deu uma declaração que se tornaria histórica e seria repetida inúmeras vezes desde então: O futebol é um esporte muito simples, no qual 22 homens correm atrás da bola, e a Alemanha sempre vence no final.

Com a vitória da Argentina diante da Itália, também nos pênaltis, a final da Copa de 1990 foi a reedição da decisão de 1986. Um pênalti polêmico convertido por Brehme trouxe o terceiro título mundial para os alemães, diante da Argentina de Diego Maradona.

A Inglaterra superou até as próprias expectativas e passou a ser mais respeitada. Na decisão do 3º lugar, perdeu por 2 x 1 para a anfitriã Itália.


(Imagem: Getty Images / Globo Esporte)

FICHA TÉCNICA:

 

ALEMANHA OCIDENTAL 1 x 1 INGLATERRA

 

Data: 04/07/1990

Horário: 20h00 locais

Estádio: Delle Alpi

Público: 62.628

Cidade: Turim (Itália)

Árbitro: José Roberto Wright (Brasil)

 

ALEMANHA
OCIDENTAL (3-5-2):

INGLATERRA (3-6-1):

1  Bodo Illgner (G)

1  Peter Shilton (G)

6  Guido Buchwald

5  Des Walker

5  Klaus Augenthaler

14 Mark Wright

4  Jürgen Kohler

6  Terry Butcher (C)

14 Thomas Berthold

12 Paul Parker

8  Thomas Häßler

17 David Platt

10 Lothar Matthäus (C)

19 Paul Gascoigne

20 Olaf Thon

3  Stuart Pearce

3  Andreas Brehme

8  Chris Waddle

9  Rudi Völler

9  Peter Beardsley

18 Jürgen Klinsmann

10 Gary Lineker

 

Técnico: Franz Beckenbauer

Técnico: Bobby Robson

 

SUPLENTES:

 

 

12 Raimond Aumann (G)

22 Dave Beasant (G)

[22 David Seaman (G)]

22 Andreas Köpke (G)

13 Chris Woods (G)

16 Paul Steiner

2  Gary Stevens

19 Hans Pflügler

15 Tony Dorigo

2  Stefan Reuter

4  Neil Webb

15 Uwe Bein

16 Steve McMahon

21 Günter Hermann

18 Steve Hodge

17 Andreas Möller

7  Bryan Robson

11 Frank Mill

20 Trevor Steven

7  Pierre Littbarski

21 Steve Bull

13 Karl-Heinz Riedle

11 John Barnes

 

GOLS:

60′ Andreas Brehme (ALE)

80′ Gary Lineker (ING)

 

CARTÕES AMARELOS:

66′ Paul Parker (ING)

99′ Paul Gascoigne (ING)

109′ Andreas Brehme (ALE)

 

SUBSTITUIÇÕES:

38′ Rudi Völler (ALE) ↓

Karl-Heinz Riedle (ALE) ↑

 

66′ Thomas Häßler (ALE) ↓

Stefan Reuter (ALE) ↑

 

70′ Terry Butcher (ING) ↓

Trevor Steven (ING) ↑

 

DECISÃO POR PÊNALTIS:

ALEMANHA OCIDENTAL 4

INGLATERRA 3

Andreas Brehme (gol, no canto direito de Shilton)

Gary Lineker (gol, no canto direito de Illgner)

Lothar Matthäus (gol, forte, no canto direito)

Peter Beardsley (gol, no ângulo esquerdo)

Karl-Heinz Riedle (gol, no ângulo esquerdo do goleiro inglês)

David Platt (gol, no canto direito do arqueiro alemão)

Olaf Thon (gol, no ângulo esquerdo)

Stuart Pearce (perdeu, no meio do gol e Illgner defendeu com as pernas)

 

Chris Waddle (perdeu, por cima do gol, à direita)

Melhores momentos da partida (Narração de Galvão Bueno):

Decisão por pênaltis (Narração de Silvio Luiz):

Melhores momentos (em inglês):

… 25/06/1982 – Alemanha Ocidental 1 x 0 Áustria

Três pontos sobre…
… 25/06/1982 – Alemanha Ocidental 1 x 0 Áustria

“A vergonha de Gijón”


(Imagem: Werek / DPA / Corbis)

● Esse jogo é conhecido no idioma alemão como “Nichtangriffspakt von Gijón” (“Pacto de não-agressão de Gijón”) ou “Schande von Gijón” (“Vergonha de Gijón”). No resto do mundo, basta falar “Jogo da Vergonha”.

Essa partida foi a última da terceira rodada do Grupo 2, pois Argélia e Chile haviam se enfrentado no dia anterior, com vitória dos argelinos por 3 x 2. Com isso, alemães e austríacos entraram em campo no dia 25/06/1982 sabendo antecipadamente do que precisariam para que ambas as equipes conseguissem a classificação.

A Argélia tinha 4 pontos e nenhum gol de saldo e isso não mudaria. A Áustria tinha 4 pontos e três gols de saldo. A Alemanha tinha dois pontos e dois gols de saldo. Como a vitória valia dois pontos, bastaria a Alemanha vencer por um ou dois gols de diferença que se classificaria juntamente com a Áustria justamente pelo critério de saldo de gols. Ou seja, bastaria que as duas seleções “combinassem” um placar que fosse bom para ambas. Conhecendo o histórico das “estratégias” dos alemães, é lógico que fariam algo assim.


(Imagem: Impromptuinc)

● As duas seleções estavam no mesmo Grupo nas eliminatórias europeias, juntamente com Bulgária, Albânia e Finlândia. A Alemanha Ocidental venceu as duas vezes: 2 x 0 em Hamburgo e 3 x 1 em Viena. A Alemanha terminou como líder, com 100% de aproveitamento, oito vitórias em oito jogos, 33 gols marcados e apenas três sofridos. A Áustria ficou em segundo no grupo, com dois pontos a mais que a Bulgária. Em oito partidas, os austríacos venceram cinco, empataram um (com a Bulgária, em Sófia) e perderam as duas vezes para os alemães. Marcaram 16 gols e sofreram seis.

Um mês depois de garantir a qualificação para o Mundial, a Federação Austríaca demitiu o técnico Karl Stotz e convidou para o cargo o então técnico do Hamburgo, o também austríaco Ernst Happel. Por ter contrato vigente com o clube alemão, ele precisava ser liberado pela Bundesliga para aceitar o convite. O presidente da Bundesliga disse então que se Alemanha e Áustria fossem sorteadas no mesmo grupo da Copa, o técnico não seria liberado. E foi justamente o que aconteceu. O assistente de Stotz, Georg Schmidt foi promovido como um dos técnicos da seleção, juntamente com Felix Latzke.

A Alemanha Ocidental vinha credenciada pelo título da Europa em 1980. Não contava com Bernd Schuster (que preferiu passar as férias com a esposa do que disputar o Mundial), mas tinha jogadores como o ex-lateral e agora meia Paul Breitner, o meia Felix Magath e o atacante Karl-Heinz Rummenigge.

A Áustria também tinha um bom time, com destaques para o goleiro Friedrich Koncilia, o zagueiro e capitão Erich Obermayer, o meia Herbert Prohaska e os atacantes Walter Schachner e Hans Krankl.


(Imagem: Futebol na Veia)

● Na ocasião, o equilíbrio entre os dois vizinhos era enorme. Em quatro confrontos, eram duas vitórias para cada lado. O primeiro jogo foi nos Jogos Olímpicos de 1912, em Estocolmo, e os austríacos venceram por 5 x 1. Os outros três duelos foram em Copas do Mundo. Na decisão do 3º lugar de 1934, a Alemanha venceu por 3 x 2. Nas seminais de 1954, goleada alemã por 6 x 1.

Na segunda fase do Mundial anterior, em 1978, a Áustria tinha feito um jogo duríssimo, vencendo a Alemanha Ocidental por 3 x 2, o que tirou de vez os germânicos da final da Copa. Assim, a rivalidade entre os dois países vizinhos teoricamente estava aflorada. Todos esperavam uma revanche, mas…

Tudo começou quando a Alemanha Ocidental perdeu na estreia para a Argélia por 2 x 1, com gols de Rabah Madjer e Lakhdar Belloumi. Foi a primeira vitória de uma seleção africana sobre uma europeia na história das Copas. Na segunda partida, a Nationalelf venceu o Chile por 4 x 1.

Em suas duas primeiras partidas, a Áustria venceu o Chile por 1 x 0 e a Argélia por 2 x 0. Estava praticamente classificada. Só seria eliminada em caso de derrota por três ou mais gols de diferença.


A Alemanha Ocidental jogou no esquema 4-3-3.


A Áustria foi escalada no sistema 4-4-2.

● Assim que rolou a bola, a Alemanha começou a pressionar em busca do gol.

E ele aconteceu logo aos 10′. Pierre Littbarski cruzou da esquerda e Horst Hrubesch se antecipou ao goleiro Koncilia e desviou para o gol.

A torcida vibrou pelo começo triunfal da Nationalelf. Pelo nível que os teutônicos impuseram no início, muitos esperavam até uma goleada.

Mas foi só isso. Com o placar resolvido e a classificação de ambos encaminhada, os dois times trataram de manter a posse de bola, trocando passes infrutíferos no meio de campo e na defesa até expirar o tempo regulamentar e o juiz dar o apito final.

Em certo momento, o árbitro escocês Bob Valentine parou o jogo para chamar os capitães dos dois times e pedir a eles que orientassem seus companheiro a jogarem futebol. Mas de nada adiantou o pedido do juiz.

Foram 80 minutos de pura procrastinação em campo.

O máximo que houve foram dois chutes ao gol, de Felix Magath e Karl-Heinz Rummenigge. Ambos resultaram em defesas fáceis do goleiro Friedrich Koncilia.

Pelo lado austríaco, Walter Schachner era o mais inquieto, mas não produziu chances de gol.

Não demorou para os 41 mil presentes no estádio El Molinón começasse a vaiar e a gritar “Argélia, Argélia”. Foram ouvidos também os gritos de “fora, fora” e “beija, beija” – como se as seleções dos dois países vizinhos fossem “namoradinhos”.

Enquanto isso, os argelinos sofriam com a sensação de impotência. Estavam vendo sua seleção ser eliminada em um “jogo de compadres” e nada podiam fazer. Alguns argelinos que estavam na arquibancada tentaram invadir o gramado diversas vezes, mas não tiveram sucesso.

Muitas pessoas, especialmente argelinos, também mostravam dinheiro para os atletas e até atiravam moedas.

Antes mesmo do apito final, já era possível ver dirigentes dos dois países comemorando a “vitória”.

Na TV, o comentarista alemão Eberhard Stanjek se recusou a seguir trabalhando na partida por mais tempo. Seu colega austríaco Robert Seeger lamentou o “espetáculo” e pediu aos telespectadores que desligassem seus televisores para não dar audiência àquela vergonha.

E houve uma cena marcante: torcedor alemão, inconformado com a postura dos atletas em campo, queimou a bandeira de seu país.


(Imagem: UOL)

● No dia seguinte, um jornal de Gijón publicou a crônica dessa partida nas páginas policiais e não nas esportivas. O jornal alemão Bild estampou em sua manchete: “Passamos, mas que vergonha” e no também alemão Der Spiegel a capa dizia tudo: “Alemanha e Áustria enganam o público”.

Os argelinos chegaram a entrar com pedido de anulação do resultado na FIFA, que nada fez.

Na segunda fase, pelo Grupo 4, a Áustria perdeu para a França por 1 x 0, empatou com a Irlanda do Norte por 2 x 2 e foi eliminada.

Classificada em primeiro lugar da chave na primeira fase, a Alemanha disputou a fase de quartas de final no Grupo 2. Empatou sem gols com a Inglaterra e venceu a Espanha por 2 x 1. Nas semifinais, em um jogo de altíssimo nível, intensidade e polêmica, venceu a ótima França de Platini por 5 x 4 nos pênaltis, depois de empate por 1 x 1 no tempo normal e 2 x 2 na prorrogação. Na final, perdeu para a Itália por 3 x 1 e ficou com o vice-campeonato.

Anos mais tarde, alguns jogadores falaram sobre a partida. O austríaco Walter Schachner comentou que não sabia porque seus companheiros não corriam para marcar e demoravam para passar a bola: “Eu mesmo só soube depois, quando reclamei com o técnico que ninguém me passava a bola”. O alemão Hans-Peter Briegel disse que após o gol os dois times combinaram de fazer um jogo leve para que ninguém se machucasse. O goleiro Harald Schumacher negou qualquer tipo de combinação.

A partir de então, a entidade máxima do futebol decidiu que as duas partidas da rodada final da fase de grupos seriam jogadas simultaneamente, para que não se repita nada semelhante à “Vergonha de Gijón”.


(Imagem: Twitter @lbertozzi)

FICHA TÉCNICA:

 

ALEMANHA OCIDENTAL 1 x 0 ÁUSTRIA

 

Data: 25/06/1982

Horário: 17h15 locais

Estádio: El Molinón

Público: 41.000

Cidade: Gijón (Espanha)

Árbitro: Bob Valentine (Escócia)

 

ALEMANHA OCIDENTAL (4-3-3):

ÁUSTRIA (4-4-2):

1  Harald Schumacher (G)

1  Friedrich Koncilia (G)

20 Manfred Kaltz

2  Bernd Krauss

15 Uli Stielike

3  Erich Obermayer (C)

4  Karlheinz Förster

5  Bruno Pezzey

2  Hans-Peter Briegel

4  Josef Degeorgi

6  Wolfgang Dremmler

19 Heribert Weber

3  Paul Breitner

10 Reinhold Hintermaier

14 Felix Magath

8  Herbert Prohaska

11 Karl-Heinz Rummenigge (C)

6  Roland Hattenberger

9  Horst Hrubesch

9  Hans Krankl

7  Pierre Littbarski

7  Walter Schachner

 

Técnico: Jupp Derwall

Técnicos: Felix Latzke / Georg Schmidt

 

SUPLENTES:

 

 

22 Eike Immel (G)

22 Klaus Lindenberger (G)

21 Bernd Franke (G)

21 Herbert Feurer (G)

12 Wilfried Hannes

12 Anton Pichler

19 Holger Hieronymus

13 Max Hagmayr

5  Bernd Förster

16 Gerald Messlender

17 Stephan Engels

17 Johann Pregesbauer

18 Lothar Matthäus

14 Ernst Baumeister

10 Hansi Müller

11 Kurt Jara

13 Uwe Reinders

15 Johann Dihanich

16 Thomas Allofs

18 Gernot Jurtin

8  Klaus Fischer

20 Kurt Welzl

 

GOL: 10′ Horst Hrubesch (ALE)

 

CARTÕES AMARELOS:

32′ Reinhold Hintermaier (AUT)

74′ Walter Schachner (AUT)

 

SUBSTITUIÇÕES:

66′ Karl-Heinz Rummenigge (ALE)

Lothar Matthäus (ALE) ↑

 

69′ Horst Hrubesch (ALE) ↓

Klaus Fischer (ALE) ↑

Gol da partida:

… 23/06/1954 – Alemanha Ocidental 7 x 2 Turquia

Três pontos sobre…
… 23/06/1954 – Alemanha Ocidental 7 x 2 Turquia


Seleção alemã que entrou em campo para o jogo extra diante da Turquia. Da esquerda para a direita: Fritz Walter, Turek, Eckel, Laband, Posipal, Ottmar Walter, Klodt, Mai, Schäfer, Bauer e Morlock. (Imagem: Impromptuinc)

● A seleção alemã de futebol foi usada como uma importante arma de divulgação do governo de Adolf Hitler. Com a queda do nazismo e a derrota alemã na Segunda Guerra Mundial, em 1947 o país foi dividido em Alemanha Ocidental, Alemanha Oriental, Sarre e Áustria (que voltou a ser uma nação independente). As seleções de futebol, com exceção da invadida Áustria, ficaram impedidas de disputar qualquer competição internacional até 1950. Depois do fim dessa suspensão, a Alemanha Ocidental – que herdou o histórico esportivo da Alemanha unificada – tratou de reorganizar o futebol local e voltou a disputar jogos oficiais. Mas enquanto os alemães passearam nas eliminatórias, se qualificando facilmente no Grupo 1 e deixando para trás as fracas seleções de Sarre e Noruega, a vida dos turcos foi muito mais difícil.

O Grupo 6 tinha apenas Turquia e Espanha. A Fúria era amplamente favorita, contando com veteranos que ficaram em 4º lugar no Mundial de 1950 (Agustín Gaínza, Antonio Puchades e Mariano Gonzalvo), além do craque húngaro naturalizado László Kubala.

Em Madri, os espanhóis fizeram valer o favoritismo e venceram fácil por 4 x 1. Na volta, em Istambul, a Turquia venceu por 1 x 0. Como não havia o critério de saldo de gols, foi necessária uma partida extra, que foi jogada em Roma. Houve empate por 2 x 2 no tempo normal e na prorrogação. E, como previa o regulamento na época, o vencedor foi decidido por sorteio! De olhos vendados, um menino italiano de 14 anos cujo pai trabalhava no estádio, Luigi Franco Gemma, foi o responsável por sortear o nome da Turquia. É isso mesmo: a Turquia disputou sua primeira Copa do Mundo porque teve seu nome sorteado num pote. Mas nada disso mais importava. No Mundial, todos começavam “do zero”.

O regulamento da Copa de 1954 era mesmo muito estranho. Na primeira fase, em grupos compostos por quatro seleções, haviam dois cabeças de chave que não se enfrentavam. Eles enfrentariam diretamente apenas as duas seleções teoricamente mais fracas do grupo – que também não se enfrentariam. Dessa forma, cada seleção faria apenas dois jogos. Se os duelos da primeira fase terminassem empatados, seria jogada uma prorrogação; mas, caso essa prorrogação terminasse empatada, o resultado de empate seria mantido. Caso duas equipes terminassem empatadas em pontos no segundo lugar do grupo, a vaga seria decidida em um jogo extra entre ambos. E foi o que aconteceu: Alemanha Ocidental e Turquia terminaram iguais, com dois pontos (uma vitória e uma derrota).


Seleção turca que foi a campo na partida desempate contra a Alemanha Ocidental. (Imagem: Impromptuinc)

● Seis dias antes, essas mesmas seleções haviam jogado para 39 mil pessoas no estádio Wankdorf, em Berna. A Alemanha Ocidental venceu com propriedade por 4 a 1, com gols de Schäfer, Klodt, Ottmar Walter e Morlock.

Mesmo com a boa vitória na estreia, o técnico alemão Sepp Herberger seguia criticado pela imprensa alemã. E a reprovação foi ainda maior quando seu time perdeu por 8 x 3 para a poderosa Hungria. O que quase ninguém sabia é que a derrota fazia parte dos planos de Herberger – uma verdadeira raposa. Ele havia entendido muito bem o regulamento.

Prevendo uma derrota para os magiares [na verdade, todos previam], ele poupou seis titulares para o jogo desempate, novamente contra a Turquia. E, pior, deixou os húngaros sem saber como realmente jogava o time principal da Nationalelf. Melhor que isso, só a terrível lesão que Liebrich causou no húngaro Ferenc Puskás, praticamente tirando o craque do restante da Copa.


(Imagem: Impromptuinc)

● Em sua segunda partida, a Turquia encarou com seriedade os amadores da Coreia do Sul e venceu por 7 x 0.

Para o jogo desempate diante dos alemães, os dirigentes turcos convidaram o garoto talismã – Luigi Franco Gemma – para ir a Zurique. Mas dessa vez ele não conseguiu trazer a sorte necessária.

Em uma tentativa de surpreender os alemães, o técnico italiano Sandro Puppo fez várias alterações na equipe da Turquia, principalmente no ataque. O trio de frente (Suat, Feridun e Burhan) havia atuado bem nas eliminatórias e no jogo diante da Coreia do Sul, mas, embora tivessem mais técnica, tinha menos força física para encarar os gigantes zagueiros alemães – como o primeiro jogo entre ambos já havia mostrado.

Suat e Burhan eram os artilheiros da equipe na Copa com três gols cada. Sem poder de fogo, “Ay-Yıldızlılar” (“Estrelas da Lua”, em turco – apelido da seleção) foi presa fácil para os alemães.

Outra das principais alterações foi a troca dos goleiros. Saiu Turgay para a entrada de Şükrü.


As duas equipes jogavam no sistema tático W-M.

● Por ter vencido o primeiro duelo entre as duas seleções, Die Mannschaft era amplamente favorita. Vários titulares, que haviam ficado de fora contra os húngaros, estavam de volta ao time. Em compensação, foram poupados os zagueiros Werner Liebrich e Werner Kohlmeyer, além do ponta direita Helmut Rahn.

Mas o jogo foi mais fácil que o previsto. A Alemanha Ocidental começou a partida de forma avassaladora, pressionando muito a inexperiente seleção turca. E foi enfileirando gols com relativa facilidade.

O placar foi aberto logo aos sete minutos do primeiro tempo. Em uma transição rápida desde o círculo central, Horst Eckel passou na meia esquerda para Karl Mai, que abriu na esquerda para Hans Schäfer. O ponta foi até a linha de fundo e cruzou rasteiro. Ottmar Walter veio de frente, finalizou da marca do pênalti e mandou a bola para o fundo da rede.

Cinco minutos depois, Schäfer avançou pela esquerda sem marcação, invadiu a área e bateu para o gol, fazendo 2 a 0 para os alemães.

A Turquia manteve a esperança aos 17′. Após cruzamento de Coşkun da esquerda, Mustafa subiu sozinho e cabeceou no canto esquerdo do goleiro Toni Turek. Ele chegou a tocar na bola, mas não evitou o gol.

A Alemanha nem se incomodou e seguiu atacando. Eckel apareceu quase na pequena área e chutou. Şükrü defendeu bem e Rıdvan chutou para longe para afastar o perigo.

A situação dos turcos ficou muito mais complicada com a lesão no ombro do goleiro Şükrü, quando o placar estava em 2 x 1 para a Alemanha. Como não eram permitidas substituições na época, teve que continuar jogando.

E o 3 a 1 veio aos 31 minutos. Max Morlock aproveitou falha de Rober e finalizou de dentro da área, na saída do goleiro.


(Imagem: Impromptuinc)

No segundo tempo, a Alemanha não se deu por satisfeita. O instinto sanguinário fazia a “Die Adler” (“As Águias”, em alemão) querer trucidar o adversário.

Sem correr riscos na defesa e sem sofrer resistência no ataque, os alemães marcaram novamente aos 15′, quando Morlock anotou seu segundo tento na partida. Depois de um cruzamento rasteiro de Schäfer na esquerda, ele deu um carrinho quase em cima da linha e mandou para o gol. 4 a 1. Esse foi o gol de número 400 da história das Copas.

O quinto saiu segundos depois. Ottmar Walter rolou da esquerda e seu irmão Fritz Walter bateu da entrada da área no cantinho direito, sem chances para o combalido Şükrü.

Max Morlock chegou ao “hat trick” aos 32. Bernhard Klodt protegeu na área e rolou para trás. Morlock dominou e bateu da meia lua, no ângulo direito do goleiro turco.

O sétimo gol alemão foi marcado por Schäfer apenas dois minutos depois, completando um cruzamento de Fritz Walter.

A Turquia teve uma pequena alegria ao marcar o segundo, a seis minutos do fim. Após cruzamento da esquerda, Lefter dominou e bateu por baixo de Turek.

Final: Alemanha Ocidental 7, Turquia 2.


(Imagem: Impromptuinc)

● O presidente honorário da FIFA, Jules Rimet (que já dava nome à taça de campeão do mundo), foi assistir a essa partida. Na sua chegada, ele não teve entrada autorizada no estádio Hardturm, pois não estava portando seus documentos. Com paciência, ele explicou que seus documentos haviam ficado no hotel. Ele só teve sua entrada permitida quando um diretor da organização local o reconheceu e liberou seu ingresso.

Curiosamente, a Copa do Mundo de 1954 foi a primeira em que os jogadores atuaram com numeração fixa. Cada atleta tinha seu próprio número para ser usado na camisa durante todo o torneio, de 1 a 22.

No fim, a estratégia de Herberger acabou dando certo. Com a nova vitória diante dos turcos, a Alemanha se classificou para as quartas de final, onde venceu a Iugoslávia por 2 x 0. Nas semifinais, goleou a vizinha Áustria por 6 x 1. Na decisão, enfim Herberger escalou seu melhor time e venceu a Hungria de virada por 3 x 2, com a Alemanha conquistando o primeiro dos seus quatro títulos em Copas do Mundo. E esse primeiro troféu muito se deve à astúcia do técnico Sepp Herberger.


(Imagem: Impromptuinc)

FICHA TÉCNICA:

 

ALEMANHA OCIDENTAL 7 X 2 TURQUIA

 

Data: 23/06/1954

Horário: 18h00 locais

Estádio: Hardturm

Público: 17.000

Cidade: Zurique (Suíça)

Árbitro: Raymond Vincenti (França)

 

ALEMANHA (WM):

TURQUIA (WM):

1  Toni Turek (G)

12 Şükrü Ersoy (G)

2  Fritz Laband

2  Rıdvan Bolatlı

7  Josef Posipal

3  Basri Dirimlili

4  Hans Bauer

17 Naci Erdem

6  Horst Eckel

5  Çetin Zeybek

8  Karl Mai

6  Rober Eryol

14 Bernhard Klodt

7  Erol Keskin

13 Max Morlock

4  Mustafa Ertan

15 Ottmar Walter

d 20 Necmi Onarıcı

16 Fritz Walter (C)

11 Lefter Küçükandonyadis (C)

20 Hans Schäfer

22 Coşkun Taş

 

Técnico: Sepp Herberger

Técnico: Sandro Puppo

 

SUPLENTES:

 

 

22 Heinz Kwiatkowski (G)

1  Turgay Şeren (G)

21 Heinz Kubsch (G)

13 Bülent Eken

10 Werner Liebrich

14 Ali Beratlıgil

3  Werner Kohlmeyer

16 Nedim Günar

5  Herbert Erhardt

18 Akgün Kaçmaz

11 Karl-Heinz Metzner

19 Ahmet Berman

19 Alfred Pfaff

15 Mehmet Dinçer

12 Helmut Rahn

1 Kadri Aytaç

17 Richard Herrmann

8  Suat Mamat

18 Ulrich Biesinger

9  Feridun Buğeker

9  Paul Mebus

10 Burhan Sargun

 

GOLS:

7′ Ottmar Walter (ALE)

12′ Hans Schäfer (ALE)

17′ Mustafa Ertan (TUR)

31′ Max Morlock (ALE)

60′ Max Morlock (ALE)

62′ Fritz Walter (ALE)

77′ Max Morlock (ALE)

79′ Hans Schäfer (ALE)

84′ Lefter Küçükandonyadis (TUR)

 Gols da partida:

… 10/06/1990 – Alemanha Ocidental 4 x 1 Iugoslávia

Três pontos sobre…
… 10/06/1990 – Alemanha Ocidental 4 x 1 Iugoslávia


Seleção alemã na partida de estreia (Imagem: Impromptuinc)

● A Alemanha Ocidental vinha de duas derrotas em finais de Copa do Mundo. Em 1982, perdeu para a Itália por 3 x 1. Em 1986, foi derrotada pela Argentina de Diego Maradona por 3 x 2. Agora, em 1990, era um time muito mais forte e pronto para conquistar o seu terceiro título mundial.

O técnico ainda era Franz Beckenbauer, que mesclava experiência e juventude. Se o Kaiser já não podia mais contar com Harald Schumacher, Hans-Peter Briegel e Karl-Heinz Rummenigge, ainda mantinha na equipe os experientes Pierre Littbarski, Lothar Matthäus, Guido Buchwald, Andreas Brehme, Thomas Berthold e Rudi Völler. E a nova geração alemã era ainda mais talentosa, com os jovens Jürgen Klinsmann, Thomas Häßler, Andreas Möller, Stefan Reuter e Jürgen Kohler.

Era um time forte fisicamente, rápido, homogêneo e de alto nível técnico. Era praticamente perfeita em todos os setores do campo, a começar pelo gol, onde Bodo Illgner estava em seu auge. Era muito bem protegido por uma defesa compacta, liderada pelo experiente líbero Klaus Augenthaler. Na ala esquerda, Brehme era fundamental no time na marcação e no constante apoio. No meio campo, o capitão Matthäus fazia de tudo: destruía, criava e finalizava. Com habilidade e velocidade, o baixinho Häßler infernizava as defesas. E a dupla de ataque costumava fazer os gols. Völler mantinha a tradição do centroavante alemão forte e brigador, enquanto Klinsmann era rápido, oportunista, talentoso e matador.

A Alemanha Ocidental claramente era favorita no Grupo D. Mas teve em sua estreia um adversário que tinha tudo para fazer uma boa campanha.


Seleção iugoslava no primeiro jogo da Copa (Imagem: Impromptuinc)

● Se não estava entre as principais cotadas para o título, a Iugoslávia era apontada por muitos como a possível maior surpresa do Mundial.

A Copa de 1990 foi o “canto do cisne” da seleção iugoslava. Um time forte, com jogadores de altíssimo nível.

O craque era o temperamental e criativo meia Dragan Stojković. No auge de seus 25 anos, Stojković era considerado um dos melhores jogadores de toda a Europa. Tinha acabado de ser vendido pelo Estrela Vermelha ao Olympique de Marselha por US$ 10 milhões, em uma acirrada disputa com outros grandes clubes europeus.

Outro grande destaque do time era Srečko Katanec, da Sampdoria. Ele era um “faz tudo”. Mal comparando, era uma espécie de “Matthäus iugoslavo“: ajudava a defesa, marcava no meio, apoiava o ataque e marcava seus gols – a maioria de cabeça.

As principais ausências foram por motivo de indisciplina ou rebeldia. O meia Mehmed Baždarević foi suspenso por um ano após cuspir no rosto do árbitro em um jogo contra a Noruega pelas eliminatórias. O também meia Zvonimir Boban foi um dos principais personagens em uma briga campal entre os ultras do Estrela Vermelha (sérvio) e o seu Dinamo Zagreb (croata) que ocorreu um mês antes do Mundial. Boban deu uma voadora em um policial sérvio que estava agredindo um torcedor croata. O atleta foi punido pela federação iugoslava e acabou ficando fora da Copa.

Mesmo sem Boban, o elenco dos Plavi (azuis, em sérvio) contava com outros quatro campeões do Mundial Sub-20 de 1987: Dragoje Leković, Robert Jarni, Robert Prosinečki e Davor Šuker.

Essa seleção era a cara daquela Iugoslávia. Embora os sérvios sempre tivessem a supremacia política do país, isso não se refletia no futebol. Os croatas e bósnios eram maioria. Eram oito croatas (Ivković, Jozić, Vulić, Panadić, Bokšić, Jarni, Prosinečki e Šuker – sendo que os três últimos representaram a Croácia na Copa de 1998); cinco nascidos na Bósnia e Herzegovina (Omerović, Hadžibegić, Baljić, Sušić e Vujović – o capitão do time); três eram sérvios (Spasić, Leković e Stojković – sendo que os dois últimos jogaram pela Iugoslávia em 1998); três eram de Montenegro (Brnović, Šabanadžović e Savićević – apenas este último jogou pela Iugoslávia em 1998); dois da Macedônia do Norte (Stanojković e Pančev) e um da Eslovênia (Katanec). Uma verdadeira salada étnica.


O Kaiser Franz Beckenbauer escalou sua equipe no sistema 3-5-2.


O técnico Ivica Osim – um adepto de equipes rápidas e técnicas – também mandou seu time a campo no 3-5-2.

● Se a Alemanha Ocidental teve o melhor ataque da Copa de 1990, tudo começou diante da Iugoslávia, quando os alemães mostraram um poder de fogo incomum. De todos os considerados favoritos, a Nationalelf foi quem mais impressionou. Com tabelas rápidas pelo meio e o constante apoio de Brehme pela esquerda, os teutônicos envolveram os iugoslavos o tempo todo.

O placar foi aberto aos 28 minutos de jogo. Matthäus recebeu de Reuter próximo à meia lua, limpou a marcação de Davor Jozić e bateu de pé esquerdo. A bola entrou no cantinho direito do goleiro Tomislav Ivković.

Aos 39′, Brehme cruzou da esquerda para a pequena área. Klinsmann voou para mergulhar e deu uma casquinha na bola, que entrou no canto esquerdo. 2 a 0.

Aos 10′ do segundo tempo, a Iugoslávia deu sinal de reação ao diminuir o placar. Stojković ergueu a bola na área e Jozić desviou de cabeça. A bola foi no ângulo direito, sem chances para o goleiro Illgner.

Mas a Alemanha tratou de matar o jogo dez minutos depois. Matthäus recebeu a bola na intermediária, avançou pelo meio, deixou Jozić no chão, ajeitou o corpo e bateu rasteiro de fora da área, no canto direito do goleiro.

Com dois gols em chutes de fora da área, Matthäus já despontava como o craque da Copa.

A goleada se foi completada seis minutos depois. Na ponta esquerda, Brehme puxou para o meio, invadiu a área e bateu de direita. Ivković não conseguiu segurar e soltou a bola no pé de Ruud Völler, que se esticou para dividir com o goleiro e mandar para o gol.


Klinsmann mergulha e marca o segundo gol alemão (Imagem: Impromptuinc)

● Na segunda partida, a Iugoslávia venceu por 1 x 0 o confronto direto com a Colômbia de René Higuita, Carlos Valderrama e Freddy Rincón. No terceiro jogo, goleada sobre os Emirados Árabes Unidos por 4 x 1. Nas oitavas, venceu a Espanha por 2 x 1. Nas quartas de final, após empate sem gols, parou nas mãos de Sergio Goycochea, o tapa penales, que defendeu duas cobranças na decisão por pênaltis que a Argentina venceu por 3 a 2.

Na sequência da primeira fase, a Alemanha goleou os Emirados Árabes Unidos por 5 x 1. Na derradeira partida, empatou com a Colômbia por 1 x 1. O primeiro lugar do Grupo D trouxe aos alemães mais ônus do que bônus. Nas oitavas de final, uma batalha épica e vitória sobre a poderosa Holanda – de Ronald Koeman, Frank Rijkaard, Ruud Gullit e Marco van Basten – por 2 x 1. Nas quartas, vitória magra por 1 x 0 sobre o bom time da Tchecoslováquia. Nas semifinais, empate por 1 x 1 com a Inglaterra e vitória nos pênaltis por 4 a 3. Na decisão, um pênalti polêmico convertido por Brehme trouxe o terceiro título mundial para os alemães, diante da Argentina de Diego Maradona.


Völler se estica e faz o quarto gol alemão (Imagem: Impromptuinc)

FICHA TÉCNICA:

 

ALEMANHA OCIDENTAL 4 x 1 IUGOSLÁVIA

 

Data: 10/07/1990

Horário: 21h00 locais

Estádio: Giuseppe Meazza / San Siro

Público: 74.765

Cidade: Milão (Itália)

Árbitro: Peter Mikkelsen (Dinamarca)

 

ALEMANHA OCIDENTAL (3-5-2):

IUGOSLÁVIA (3-5-2):

1  Bodo Illgner (G)

1  Tomislav Ivković (G)

14 Thomas Berthold

d 6  Davor Jozić

5  Klaus Augenthaler

4  Zoran Vulić

6  Guido Buchwald

3  Predrag Spasić

2  Stefan Reuter

5  Faruk Hadžibegić

8  Thomas Häßler

18 Mirsad Baljić

10 Lothar Matthäus (C)

13 Srečko Katanec

15 Uwe Bein

10 Dragan Stojković

3  Andreas Brehme

8  Safet Sušić

9  Rudi Völler

19 Dejan Savićević

18 Jürgen Klinsmann

11 Zlatko Vujović (C)

 

Técnico: Franz Beckenbauer

Técnico: Ivica Osim

 

SUPLENTES:

 

 

12 Raimond Aumann (G)

12 Fahrudin Omerović (G)

22 Andreas Köpke (G)

22 Dragoje Leković (G)

4  Jürgen Kohler

2  Vujadin Stanojković

16 Paul Steiner

21 Andrej Panadić

19 Hans Pflügler

17 Robert Jarni

20 Olaf Thon

16 Refik Šabanadžović

21 Günter Hermann

7  Dragoljub Brnović

17 Andreas Möller

15 Robert Prosinečki

11 Frank Mill

14 Alen Bokšić

7  Pierre Littbarski

20 Davor Šuker

13 Karl-Heinz Riedle

9  Darko Pančev

 

GOLS:

28′ Lothar Matthäus (ALE)

39′ Jürgen Klinsmann (ALE)

64′ Lothar Matthäus (ALE)

70′ Rudi Völler (ALE)

 

CARTÃO AMARELO:
5′
Andreas Brehme (ALE)

 

SUBSTITUIÇÕES:

55′ Safet Sušić (IUG) ↓

Dragoljub Brnović (IUG) ↑

 

55′ Dejan Savićević (IUG) ↓

Robert Prosinečki (IUG) ↑

 

74′ Thomas Häßler (ALE) ↓

Andreas Möller (ALE) ↑

 

74′ Uwe Bein (ALE) ↓

Pierre Littbarski (ALE) ↑

Gols da partida:

… 06/06/1978 – Alemanha Ocidental 6 x 0 México

Três pontos sobre…
… 06/06/1978 – Alemanha Ocidental 6 x 0 México


(Imagem: Impromptuinc)

● Na partida anterior, o México perdeu para a Tunísia por 3 x 1, naquela que foi a primeira vitória de uma seleção africana na história das Copas.

O time do México era fraco. Embora fosse presença frequente nos Mundiais, não era protagonista. Havia disputado oito das onze Copas disputadas até então e só havia passado de fase uma vez, quando foi sede, em 1970.

Não havia conseguido se qualificar para a Copa de 1974, caindo para o Haiti. Mas, quatro anos depois, conseguiu recuperar a supremacia em seu continente.

Os destaques do time eram o meia Leonardo Cuéllar e um jovem atacante de 19 anos chamado Hugo Sánchez – que viria a ser um dos maiores artilheiros do mundo no fim dos anos 1980 e se tornaria ídolo do Real Madrid.


(Imagem: Impromptuinc)

● No jogo de abertura, a Alemanha Ocidental empatou por 0 x 0 com a Polônia. O goleiro Sepp Maier foi um dos raros alemães salvos pela crítica.

O técnico Helmut Schön não gostou da forma que os alemães atuaram e fez mudanças drásticas na equipe. Ele escalou o zagueiro Bernard Dietz, o meia Dieter Müller e o atacante Karl-Heinz Rummenigge, sacando do time o meia Erich Beer e os atacantes Rüdiger Abramczik e Herbert Zimmermann.

As alterações conseguiram dar mais fluidez à equipe em relação à estreia e o placar acabou sendo construído com facilidade.


O técnico Helmut Schön escalou a Alemanha Ocidental no 4-3-3 com Rüssmann atuando como zagueiro na sobra.


O treinador José Antonio Roca mandou o México a campo no sistema 4-3-3.

● Na tentativa de angariar o apoio da torcida local, os jogadores mexicanos entraram em campo com a bandeira argentina. De fato, eles até tiveram certo apoio no início, mas não conseguiram corresponder. Nem toda a torcida do mundo seria páreo para o ataque germânico naquela tarde.

Diferentemente do jogo anterior, a Alemanha começou de forma agressiva. Não parecia só uma mudança de nomes, mas também de atitude e autoconfiança. Com isso, a Nationalelf tinha o controle do meio de campo e dominou totalmente a partida.

Na verdade, não houve disputa. Foi um massacre.

O primeiro gol saiu aos 15 minutos. Heinz Flohe dominou na ponta direita, tabelou com Berti Vogts e rolou para Dieter Müller encher o pé esquerdo de fora da área. A bola fez uma bela curva e morreu no ângulo esquerdo do goleiro mexicano. Esse foi o 101º gol alemão em Copas do Mundo.

Aos 30′, Flohe conduziu a bola da esquerda para o meio, se aproximou da área e tocou para Hansi Müller. Ele recebeu, cortou a marcação de Ayala e bateu cruzado no canto direito. 2 a 0.

Oito minutos depois, falta para o México. A bola foi chutada na barreira e ficou com o craque Karl Heiz Rummenigge. O ponta de lança do Bayern de Munique arrancou desde seu campo, em diagonal da direita para a esquerda, ganhou do adversário na velocidade, invadiu a área e tocou por baixo do goleiro José Reyes, que saía para tentar dividir a jogada. Foi o gol mais bonito daquela tarde na cidade de Córdoba.

Nesse lance, o goleiro Reyes se lesionou e precisou sair de maca. Pedro Soto entrou em seu lugar para sofrer os outros gols.


(Imagem: Impromptuinc)

O quarto saiu um minuto antes do intervalo. Falta para a Alemanha. Rainer Bonhof rolou a bola para a meia lua e Flohe pegou de primeira, acertando o ângulo do goleiro Soto.

O quinto até que demorou. Só veio aos 28′ do segundo tempo. Flohe cruzou da esquerda para a segunda trave, Hansi Müller escorou para o meio com um toque de calcanhar em pleno ar e Rummenigge chegou batendo também de primeira no canto direito. Outro belo gol.

Pouco depois, os mexicanos foram salvos pela trave duas vezes no mesmo lance. Flohe tabelou com Bonhof dentro da área, cortou a marcação de Ramos e bateu de direita. Caprichosamente, a bola bateu na trave esquerda, bateu na trave direita e não entrou. Martínez pegou o rebote e recuou para o goleiro.

O placar foi fechado no minuto final. Flohe recebeu de Fischer próximo à meia lua, gingou na frente de dois marcadores, levou para o pé esquerdo e chutou no ângulo direito.

“Fomos derrotados por um adversário que jogou como campeão do mundo que é.” ― José Antonio Roca, técnico da seleção mexicana.


(Imagem: Impromptuinc)

● Na sequência da primeira fase o México foi derrotado pela Polônia por 3 x 1 e ficou na lanterna da chave.

Por sua vez, a Alemanha empatou sem gols com a Tunísia – resultado que a classificou em segundo lugar do Grupo 2.

Na fase seguinte (semifinal), disputada em dois grupos de quatro seleções cada, a Alemanha Ocidental empatou por 0 x 0 com a Itália e por 2 x 2 com a Holanda. Precisando vencer para ter alguma chance de ir para a final, perdeu para a vizinha Áustria por 3 x 2 e o resultado foi a eliminação.


(Imagem: Impromptuinc)

FICHA TÉCNICA:

 

ALEMANHA OCIDENTAL 6 x 0 MÉXICO

 

Data: 06/06/1978

Horário: 16h45 locais

Estádio: Olímpico Chateau Carreras (atual Estadio Mario Alberto Kempes)

Público: 35.258

Cidade: Córdoba (Argentina)

Árbitro: Farouk Bouzo (Síria)

 

ALEMANHA OCIDENTAL (4-3-3):

MÉXICO (4-3-3):

1  Sepp Maier (G)

1  José Pilar Reyes (G)

2  Berti Vogts (C)

3  Alfredo Tena

5  Manfred Kaltz

4  Eduardo Ramos

4  Rolf Rüssmann

5  Arturo Vázquez Ayala (C)

3  Bernard Dietz

12 Jesús Martínez

6  Rainer Bonhof

6  Guillermo Mendizábal

10 Heinz Flohe

7  Antonio de la Torre

20 Hansi Müller

17 Leonardo Cuéllar

11 Karl-Heinz Rummenigge

8  Enrique López Zarza

14 Dieter Müller

9  Víctor Rangel

9  Klaus Fischer

11 Hugo Sánchez

 

Técnico: Helmut Schön

Técnico: José Antonio Roca

 

SUPLENTES:

 

 

21 Rudi Kargus (G)

22 Pedro Soto (G)

22 Dieter Burdenski (G)

15 Ignacio Flores

12 Hans-Georg Schwarzenbeck

2  Manuel Nájera

13 Harald Konopka

13 Rigoberto Cisneros

15 Erich Beer

14 Carlos Gómez

16 Bernhard Cullmann

16 Javier Cárdenas

18 Gerd Zewe

18 Gerardo Lugo

17 Bernd Hölzenbein

21 Raúl Isiordia

19 Ronald Worm

10 Cristóbal Ortega

7  Rüdiger Abramczik

19 Hugo René Rodríguez

8  Herbert Zimmermann

20 Mario Medina

 

GOLS:

15′ Dieter Müller (ALE)

30′ Hansi Müller (ALE)

38′ Karl-Heinz Rummenigge (ALE)

44′ Heinz Flohe (ALE)

73′ Karl-Heinz Rummenigge (ALE)

89′ Heinz Flohe (ALE)

 

CARTÕES AMARELOS:

43′ Rainer Bonhof (ALE)

44′ Arturo Vázquez Ayala (MEX)

 

SUBSTITUIÇÕES:

39′ José Pilar Reyes (MEX) ↓

Pedro Soto (MEX) ↑

 

INTERVALO Enrique López Zarza (MEX) ↓

Gerardo Lugo (MEX) ↑

Melhores momentos da partida:

… 01/06/1978 – Alemanha Ocidental 0 x 0 Polônia

Três pontos sobre…
… 01/06/1978 – Alemanha Ocidental 0 x 0 Polônia


(Imagem: Impromptuinc)

● Alemanha e Polônia haviam feito uma excelente partida na fase semifinal da Copa do Mundo de 1974, em um duelo de muito equilíbrio. Jogando em casa e com um time melhor, os alemães venceram.

Quatro anos depois, a Polônia mantinha praticamente o mesmo time que conquistou o 3º lugar na Copa anterior, com o belo acréscimo do meia-atacante Zbigniew Boniek e o retorno de Włodzimierz Lubański. O atacante polonês não havia disputado o Mundial anterior por ter se lesionado pouco antes, mas havia sido o maior destaque de sua seleção na conquista da medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de 1972, em Munique.

Portando a camisa 12 e a faixa de capitão, o meia Kazimierz Deyna ainda era o articulador criativo de sua seleção. A esperança de gols permanecia sendo o velocista Grzegorz Lato, artilheiro da Copa de 1974. O goleiro Jan Tomaszewski continuava dando segurança à defesa, assim como o zagueiro Władysław Żmuda. A ausência era o inteligente ponta esquerda Robert Gadocha.

Mas, se o elenco polaco era quatro anos mais experiente, também era quatro anos mais velho e cansado.


(Imagem: Impromptuinc)

● Por sua vez, a Alemanha Ocidental estava se renovando aos poucos. O goleador Gerd Müller agora dava lugar ao craque Karl-Heinz Rummenigge. O Kaiser Franz Beckenbauer também havia saído de cena, mas alguns importantes campeões do mundo continuavam na Mannschaft, como o agora capitão Berti Vogts, o goleiro Sepp Maier, Rainer Bonhof e outros.

Mas a Nationalelf estava sentindo falta de outros jogadores de alto nível, como Wolfgang Overath e Jürgen Grabowski. Um dos principais desfalques era o rebelde Paul Breitner, que estava em litígio com o veterano técnico Helmut Schön.


O técnico Helmut Schön escalou a Alemanha Ocidental no 4-3-3 com Rüssmann atuando como zagueiro na sobra.


O treinador Jacek Gmoch mandou a Polônia a campo no sistema 4-3-3.

● O jogo de abertura da Copa geralmente é truncado e sem graça. Mas todos esperavam um duelo elétrico como o de 1974. Ledo engano.

Não foi um bom presságio para quem esperava uma Copa com inovações táticas e jogadores de alto nível técnico, como quatro anos antes.

Um dos problemas era o campo. Alguém – não se sabe quem – teve a iluminada ideia de irrigar o gramado do estádio Monumental de Núñez com água do mar. Logicamente, a grama ficou arruinada e teve que ser substituída em cima da hora. Com isso, tufos de grama se soltavam a cada jogada, prejudicando o toque de bola.

Para piorar, alemães e poloneses preferiram jogar para evitar a derrota ao invés de partirem em busca da vitória. Não foi um bom jogo tecnicamente, com nenhuma chance clara ou remota de gol.

Com atuações bem abaixo do esperado, as duas seleções deixaram entediados e com sono os 67 mil expectadores.


(Imagem: Impromptuinc)

● Na sequência da primeira fase, a Polônia venceu a Tunísia (1 x 0) e o México (3 x 1). A Alemanha goleou o México por 6 a 0 e empatou sem gols com a Tunísia. Com esses resultados, os poloneses terminaram como líderes do Grupo 2, com os alemães se classificando em segundo lugar.

Assim como em 1974, a segunda fase não era composta por oitavas ou quartas de final em partidas eliminatórias (o famoso mata-mata), mas sim uma nova fase de grupos, que classificaria o vencedor para a final.

Nessa fase, pelo Grupo B, a Polônia perdeu para a Argentina por 2 x 0, venceu o Peru por 1 x 0 e se despediu perdendo para o Brasil por 3 x 1.

Pelo Grupo A, a Alemanha Ocidental empatou por 0 x 0 com a Itália e por 2 x 2 com a Holanda. Precisando vencer para ter alguma chance de ir para a final, perdeu para a vizinha Áustria por 3 x 2 e o resultado foi a eliminação.


(Imagem: Impromptuinc)

FICHA TÉCNICA:

 

ALEMANHA OCIDENTAL 0 x 0 POLÔNIA

 

Data: 01/06/1978

Horário: 16h00 locais

Estádio: Monumental de Nuñez (Estadio Antonio Vespucio Liberti)

Público: 67.579

Cidade: Buenos
Aires (Argentina)

Árbitro: Ángel Norberto Coerezza (Argentina)

 

ALEMANHA OCIDENTAL (4-3-3):

POLÔNIA (4-3-3):

1  Sepp Maier (G)

1  Jan Tomaszewski (G)

2  Berti Vogts (C)

4  Antoni Szymanowski

5  Manfred Kaltz

9  Władysław Żmuda

4  Rolf Rüssmann

6  Jerzy Gorgoń

15 Erich Beer

3  Henryk Maculewicz

6  Rainer Bonhof

5  Adam Nawałka

10 Heinz Flohe

11 Bohdan Masztaler

20 Hansi Müller

12 Kazimierz Deyna (C)

7  Rüdiger Abramczik

16 Grzegorz Lato

8  Herbert Zimmermann

17 Andrzej Szarmach

9  Klaus Fischer

19 Włodzimierz Lubański

 

Técnico: Helmut Schön

Técnico: Jacek Gmoch

 

SUPLENTES:

 

 

21 Rudi Kargus (G)

21 Zygmunt Kukla (G)

22 Dieter Burdenski (G)

22 Zdzisław Kostrzewa (G)

12 Hans-Georg Schwarzenbeck

14 Mirosław Justek

13 Harald Konopka

20 Roman Wójcicki

3  Bernard Dietz

13 Janusz Kupcewicz

16 Bernhard Cullmann

8  Henryk Kasperczak

18 Gerd Zewe

10 Wojciech Rudy

17 Bernd Hölzenbein

18 Zbigniew Boniek

19 Ronald Worm

2  Włodzimierz Mazur

14 Dieter Müller

7  Andrzej Iwan

11 Karl-Heinz Rummenigge

15 Marek Kusto

 

SUBSTITUIÇÕES:

79′ Włodzimierz Lubański (POL) ↓

Zbigniew Boniek (POL) ↑

 

84′ Bohdan Masztaler (POL) ↓

Henryk Kasperczak (POL) ↑

Melhores momentos da partida:

… Lothar Matthäus, o “Mr. Copa”

Três pontos sobre…
… Lothar Matthäus, o “Mr. Copa”


(Imagem: DFB)

Mesmo tendo pendurado as chuteiras há mais de vinte anos, ele ainda detém alguns dos recordes no futebol.

É o jogador que disputou mais partidas em Copas do Mundo (25).
É um dos poucos a disputarem cinco edições do Mundial (juntamente com os mexicanos Antonio Carbajal e Rafa Márquez e o italiano Gianluigi Buffon).
É o alemão que mais disputou partidas pela sua seleção (150 partidas, entre 1980 e 2000).
Foi eleito o melhor jogador do mundo pela FIFA na primeira edição do prêmio, em 1991.
Também eleito Bola de Ouro pela revista France Football em 1990.
Eleito em 2020 para o Dream Team da Bola de Ouro como um dos melhores meio-campistas defensivo da história.
Foi o capitão e líder da seleção alemã que levantou a taça da Copa de 1990.
Venceu quase todos os títulos possíveis. Só a UEFA Champions League lhe escapou (já nos acréscimos, em 1998/99).

Às vezes ele é subvalorizado pela mídia e pelos torcedores atuais, que pouco o viram jogar. Mas Matthäus era o jogador completo, vanguardeiro, um dos primeiros “box to box”, que liderava a marcação e o sistema defensivo, mas também aparecia no ataque para fazer seus vários gols – especialmente em chutes potentes e certeiros de fora da área.

Era um dos nomes mais impactantes de sua época. Tanto que é notável a quantidade exponencial de “Matheus” com menos de 35 anos. Homenagem mais do que justa.

Hoje esse craque completa 60 anos. Parabéns, capitão.


(Imagem: Twitter @BarcaUniversal)

… 20/07/1966 – Alemanha Ocidental 2 x 1 Espanha

Três pontos sobre…
… 20/07/1966 – Alemanha Ocidental 2 x 1 Espanha


(Imagem: Impromptuinc)

● O árbitro da partida foi o brasileiro Armando Marques. Então com 36 anos, ele era famoso no Brasil por sua mania de querer ser o centro do espetáculo. Mas não havia qualquer dúvida de que ele era o melhor árbitro do país na década de 1960. Seus famosos e folclóricos erros só viriam a acontecer nos anos 1970, como, por exemplo, o equívoco na contagem de pênaltis na decisão do Campeonato Paulista de 1973.

Ambas as seleções constavam no grupo das favoritas ao título. O Brasil era o candidato natural, por ter vencido as duas Copas anteriores (1958 e 1962). A Inglaterra era a dona da casa. A Espanha havia conquistado a Eurocopa de 1964. A Hungria havia ganhado a medalha de ouro do futebol nos Jogos Olímpicos de 1964. A União Soviética contava o goleiro Lev Yashin em seu auge. A Alemanha Ocidental tinha um bom elenco, onde brilhavam o veterano atacante Uwe Seeler e uma jovem dupla no meio campo: Franz Beckenbauer e Wolfgang Overath.

Após quase trinta anos, os alemães tinham um novo técnico. Em 1964, a “raposa” Sepp Herberger deu lugar ao não menos esperto Helmut Schön, que era seu auxiliar desde 1960.

Em sua primeira partida, a Nationalmannschaft goleou a Suíça por 5 x 0. Na segunda rodada, empatou sem gols com a Argentina. Com a vitória dos albicelestes sobre os suíços por 2 x 0 no dia anterior, a Alemanha jogava por uma vitória simples para ser a líder do Grupo B ou, na pior dar hipóteses, precisava de um empate para ficar com a segunda vaga da chave.


(Imagem: Impromptuinc)

● Em sua estreia, a Espanha perdeu para a Argentina por 2 x 1. Depois, venceu a Suíça pelo mesmo placar. No terceiro jogo, precisava vencer os alemães de qualquer jeito para se classificar.

Por isso, o técnico José Villalonga radicalizou geral. Ele aproveitou a lesão do meia Pirri e trocou praticamente todo o time do meio de campo para a frente. Só o ponta direita Amancio Amaro continuou no onze titular.

Foram barrados jogadores consagrados, como o ponta esquerda Paco Gento, do Real Madrid (jogador mais vezes campeão na história da UEFA Champions League, com seis títulos), o atacante Joaquín Peiró e o meia Luis Suárez, ambos da Inter de Milão (que havia vencido a Champions por duas vezes em anos anteriores) e o meia Luis del Sol, da Juventus.

Esses nomes de peso foram substituídos por jovens que estavam no elenco que ajudou a Espanha a se sagrar campeã da Eurocopa de 1964, como Josep Maria Fusté, Adelardo, Marcelino e Carlos Lapetra.

Porém, o certo é que os onze jogadores que pisaram no Villa Park naquele dia nunca haviam sequer treinado juntos.


Ambas as equipes jogavam no sistema tático 4-2-4.

● Os primeiros 30 minutos dessa partida foram os mais intensos dos espanhóis desde a Copa de 1950. Dominando as ações ofensivas, o time demonstrou uma vontade incomum e partiu para cima da Alemanha honrando o apelido de Fúria. Com um time menos talentoso, mas dedicado e esforçado, os espanhóis começaram pressionando e empurrando os teutônicos para o campo de defesa. Tamanho esforço e vigor só poderia ser recompensado com um gol.

Aos 23′, Emmerich deu um passe errado para Franz Beckenbauer. Josep Maria Fusté interceptou, abriu na esquerda com Marcelino e se infiltrou na área. A devolução foi perfeita para Fusté dominar no peito e tocar no canto direito, antes da chegada do goleiro Hans Tilkowski. Os alemães reclamaram que Fusté havia conduzido a bola com o braço, mas Armando Marques, como sempre, nem quis escutar.

Aos 39′, Sigfried Held cobrou um lateral rápido para Lothar Emmerich na ponta esquerda. Quase da linha de fundo, Emmerich soltou uma bomba que passou entre a trave direita e o goleiro José Ángel Iribar, morrendo no outro ângulo. Foi um verdadeiro “gol espírita”, um dos maiores de todas as Copas. O chute tomou o rumo do gol sem ter ângulo algum.

Esse gol ficou imortalizado na Alemanha. Desde então, quando um gol é marcado de um ângulo impossível, é chamado de “Emmerich Tor” (“gol Emmerich”) no jargão futebolístico alemão.

Um golaço, que foi considerado o gol mais bonito da história do estádio Villa Park até a época.

Era um verdadeiro castigo para o que os espanhóis estavam jogando. Não havia mais justiça no placar.

A Espanha retornou com menos confiança para o segundo tempo e só voltaria a equilibrar as ações a partir dos 20 minutos, mas sem a adrenalina da primeira etapa. A Fúria tentou o segundo gol a qualquer custo, mas o time cansou.

E a virada alemã aconteceu aos 39′. Held foi à linha de fundo e cruzou rasteiro da esquerda. Uwe Seeler dominou na linha da pequena área e bateu no canto esquerdo de Iribar.

Assim como o primeiro gol alemão, o segundo também ocorreu em um momento que abalou psicologicamente os espanhóis, que agora precisavam anotar dois gols em sete minutos.

E o nervosismo dos ibéricos ainda resultou em outras duas chances perdidas pelos germânicos. Em uma delas, Uwe Seeler roubou a bola de Severino Reija, entrou sozinho na área e driblou o goleiro Iribar, mas ficou sem ângulo para a finalização.


(Imagem: Impromptuinc)

● De forma melancólica, a Espanha deu adeus a mais uma Copa do Mundo. O zagueiro Gallego resumiu bem a partida: “Nós criamos as oportunidades e eles fizeram os gols”.

Curiosamente, a Espanha tinha em seu elenco um atacante que começou a carreira no Flamengo. Nascido em Pontevedra, na região da Galícia, José Armando Ufarte viveu a infância no Brasil e começou a carreira nas divisões de base do rubro-negro, antes de voltar ao seu país e jogar no Atlético de Madrid. Jogou também pelo Corinthians e pelo Racing Santander. Pelo Flamengo, conquistou o Campeonato Carioca em 1961 e o Tornio Rio-São Paulo em 1963.

Com a vitória, a Alemanha foi a líder de seu grupo graças ao critério do goal average (divisão do número de gols marcados pelo número de gols sofridos), furando a previsão de seu ex-técnico Sepp Herberger, campeão mundial em 1954 e jornalista em 1966. Ele havia afirmado que os alemães seriam eliminados ainda na primeira fase.

Nas quartas de final, a Alemanha Ocidental goleou o Uruguai por 4 x 0. Nas semifinais, venceu a forte União Soviética por 2 x 1. Na decisão, enfrentou a Inglaterra, dona da casa. Conseguiu um empate no tempo normal, mas, na prorrogação, sofreu um gol bastante polêmico (até hoje não existe um ângulo de qualquer imagem que tenha mostrado a bola dentro do gol) e perdeu por 4 x 2.


(Imagem: AP Photo / Bippa / Impromptuinc)

FICHA TÉCNICA:

 

ALEMANHA OCIDENTAL 2 x 1 ESPANHA

 

Data: 20/07/1966

Horário: 19h30 locais

Estádio: Villa Park

Público: 42.187

Cidade: Birmingham (Inglaterra)

Árbitro: Armando Marques (Brasil)

 

ALEMANHA OCIDENTAL (4-2-4):

ESPANHA (4-2-4):

1  Hans Tilkowski (G)

1  José Ángel Iribar (G)

2  Horst-Dieter Höttges

2  Manuel Sanchís

5  Willi Schulz

17 Gallego

6  Wolfgang Weber

5  Ignacio Zoco (C)

3  Karl-Heinz Schnellinger

15 Severino Reija

4  Franz Beckenbauer

6  Jesús Glaría

12 Wolfgang Overath

19 Josep Maria Fusté

19 Werner Krämer

21 Adelardo

9  Uwe Seeler (C)

8  Amancio Amaro

10 Sigfried Held

9  Marcelino

11 Lothar Emmerich

22 Carlos Lapetra

 

Técnico: Helmut Schön

Técnico: José Villalonga

 

SUPLENTES:

 

 

22 Sepp Maier (G)

12 Antonio Betancort (G)

21 Günter Bernard (G)

13 Miguel Reina (G)

14 Friedel Lutz

14 Feliciano Rivilla

15 Bernd Patzke

16 Ferran Olivella

17 Wolfgang Paul

3  Eladio

18 Klaus-Dieter Sieloff

18 Pirri

7  Albert Brülls

4  Luis del Sol

16 Max Lorenz

20 Joaquín Peiró

8  Helmut Haller

10 Luis Suárez Miramontes

13 Heinz Hornig

7  José Armando Ufarte

20 Jürgen Grabowski

11 Francisco Gento

 

GOLS:

23′ Josep Maria Fusté (ESP)

39′ Lothar Emmerich (ALE)

84′ Uwe Seeler (ALE)

 

ADVERTÊNCIAS:

Wolfgang Overath (ALE)

Jesús Glaría (ESP)


(Imagem: DPA / Report+++ / Impromptuinc)

Gols da partida:

… 11/07/1982 – Itália 3 x 1 Alemanha Ocidental

Três pontos sobre…
… 11/07/1982 – Itália 3 x 1 Alemanha Ocidental


(Imagem: Getty Images)

● A decisão da Copa do Mundo de 1982 foi entre as bicampeãs Itália e Alemanha Ocidental. Quem vencesse, se tornaria tricampeão e igualaria o número de títulos da Seleção Brasileira.

Havia também uma disputa particular pela artilharia, já que Paolo Rossi e Karl-Heinz Rummenigge tinham cinco gols cada.

O árbitro brasileiro Arnaldo Cezar Coelho se tornou o primeiro não-europeu a apitar uma final de Copa do Mundo.


(Imagem: Imortais do Futebol)

● Na estreia, a Alemanha Ocidental perdeu por 2 x 1 para a surpreendente Argélia, de Rabah Madjer e Lakhdar Belloumi. Se recuperou na rodada seguinte ao bater o Chile por 4 x 1. Na terceira partida, protagonizou o jogo mais vergonhoso da história das Copas, um jogo de compadres, ao vencer a Áustria por 1 x 0, no único placar possível para classificar as duas seleções e eliminar os argelinos. Essa partida ficou conhecida como “Jogo da Vergonha” ou “A Vergonha de Gijón”. Na fase seguinte, venceu a Espanha, dona da casa, por 2 x 1 e empatou sem gols com a Inglaterra – o suficiente para garantir a vaga entre os quatro primeiros. Na semifinal, esteve perto de perder da França na prorrogação mas, após empate por 3 x 3, venceu nos pênaltis por 5 x 4. Mais uma de muitas decisões para os alemães.

Com esse mesmo time base, a Alemanha havia conquistado o título da Eurocopa de 1980. A principal ausência era o meia Bernd Schuster, do Barcelona. Com apenas 20 anos, era talentoso, mas sua presença dividia o elenco. Ele pediu dispensa da delegação pouco antes da Copa de 1982. Só depois se soube o motivo: ele preferiu passar mais tempo de férias com a esposa Gaby Lehman, dez anos mais velha que ele e famosa por ter pousado nua para a revista Stern. Schuster se aposentaria de vez da Nationalelf em 1984, com apenas 25 anos.


(Imagem: Bob Thomas / Getty Images / FIFA)

● Na fase de grupos, a Itália se classificou como segunda colocada do Grupo 1, com três empates: Polônia (0 x 0), Peru (1 x 1) e Camarões (1 x 1). Só se classificou porque fez um gol a mais que Camarões (que também empatou três vezes). Na primeira partida do grupo C das quartas de final, veio a primeira vitória: sobre a então campeã mundial Argentina por 2 a 1. Na sequência, derrubou o favorito Brasil por 3 a 2. Nas semifinais, venceu por 2 a 0 a forte Polônia, desfalcada de Zbigniew Boniek – suspenso pelo segundo cartão amarelo.

Enzo Bearzot não podia contar com Giancarlo Antognoni, o cérebro do time no meio campo. As opções seriam o reserva imediato Giuseppe Dossena, mas ele ainda não havia estreado na Copa e estava sem ritmo. Franco Causio mexeria muito no ataque e Bruno Conti acabaria sacrificado por jogar por dentro. A escolha mais natural era escalar o volante Gianpiero Marini e adiantar Marco Tardelli para ser o armador do time. Mas, Claudio Gentile de volta ao time e o jovem zagueiro Giuseppe Bergomi, de 18 anos, normalmente voltaria ao banco de reservas. Surpreendentemente, o treinador preferiu manter Bergomi no time, fortalecendo o sistema defensivo para liberar mais o meio de campo como um todo.

Havia também uma mudança de visual. Gentile não havia atuado na semifinal diante da Polônia e entrou em campo sem seu vasto bigode, raspado na véspera. Como tinha feito em toda a fase final, ele era responsável pela marcação individual no craque adversário – no caso, em Rummenigge. Curiosamente, Gentile era nascido na Líbia, uma ex-colônia italiana.


A Itália jogava no “4-4-2 italiano”, com um líbero atrás da defesa. O lateral esquerdo apoiava, enquanto o ponta direita recuava para fechar os espaços. Atacava no 3-4-3 e se defendia no 4-5-1.

A Itália fazia a chamada “zona mista”, combinando a marcação individual na defesa e a marcação por zona no meio de campo. O sistema era uma espécie de 4-4-2 adaptado e era imutável, rígido há alguns anos.

O time era formado por quatro defensores: um líbero (Scirea) atrás de dois zagueiros mais centralizados (Gentile, o centrale, mais à direita, e Collovati, o stopper, mais à esquerda) e um lateral mais ofensivo (chamado terzino fluidificante, que era Cabrini, pela esquerda, com liberdade para avançar. O meio de campo tinha outras quatro funções: o mediano (uma espécie de volante, que normalmente era Oriali, mas nessa partida foi Bergomi); o centrocampista centrale (que marcava e armava, uma espécie de box-to-box, que geralmente era Tardelli, mas que na decisão foi Oriali); o regista ou fantasista (o meia mais criativo, que era a função de Antognoni, mas na decisão foi de Tardelli) e o ala tornante que jogada do lado contrário do lateral ofensivo (era uma espécia de ponta que voltava para ajudar a marcação e organização ofensiva, que era Bruno Conti, pela direita). Dois eram os homens de ataque: o centravanti (homem de área, Paolo Rossi) e o seconda punta (que voltava para marcar o lateral rival, função de Graziani).


A Alemanha Ocidental do técnico Jupp Derwall atuava em um falso 4-4-2 em um misto de 3-5-2. O lateral esquerdo Bernd Förster fazia o papel de um terceiro zagueiro, a fim de liberar o outro lateral, Kaltz, que apoiava um pouquinho mais pela direita, fazendo o contra-peso do meia esquerda Briegel. Dremmler ficava mais na marcação e Paul Breitner era o “todo-campista” indo de área a área. Littbarski ocupava as pontas e o centroavante era Klaus Fischer. O craque Rummenigge tinha liberdade para flutuar no ataque.

● O rei Juan Carlos I, da Espanha, era o convidado de honra dentre os 90 mil presentes no estádio Santiago Bernabéu, em Madrid, para a 12ª final de Copa do Mundo. Pela sexta vez na história, era uma final com duas seleções europeias.

A Itália chegava com muita moral, após eliminar Argentina e Brasil, os dois principais favoritos ao título. Os alemães chegavam bem desgastados depois de uma difícil prorrogação diante da França. E historicamente, o time italiano sempre foi carrasco dos alemães no futebol.

O técnico alemão Jupp Derwall escalou um time mais ofensivo. Tirou o apagado Felix Magath e trouxe de volta o capitão Karl-Heinz Rummenigge, mesmo em más condições físicas. Ele não poderia prescindir de seu craque em um momento decisivo.

O início do jogo foi truncado, um verdadeiro duelo tático entre ambas as equipes.

Logo nos primeiros minutos, Littbarski escapou dos carrinhos de Gentile e Tardelli, tocou para Klaus Fischer fazer o pivô, cortar a marcação de Collovati e tocar para o meio. Na meia-lua, Littbarsli dominou com a direita e bateu de esquerda, mas Dino Zoff agarrou a bola sem dar rebote.

Paul Breitner lançou a bola para a área, Rumennigge dominou e girou, mas mandou para fora.

Ainda no começo do jogo, Francesco Graziani caiu sobre o ombro direito que havia lesionado durante a semifinal e teve que sair logo aos sete minutos de partida para a entrada de Alessandro Altobelli.

Bergomi chutou de longe, mas a bola foi por cima, sem assustar o goleiro Schumacher.

Aos 25,’ Marco Tardelli abriu na esquerda para Antonio Cabrini, que deixou para Altobelli cruzar na área. Briegel subiu empurrando Bruno Conti e Arnaldo marcou pênalti. Cabrini bateu cruzado no canto esquerdo de Schumacher, mas mandou para fora. Esse foi o terceiro pênalti marcado na história das finais de Copa e até hoje é o único desperdiçado.

“Mudei de ideia no último momento e cometi um erro. Olhei para o lado esquerdo, mas o goleiro pendeu nesse sentido. Bati mais aberto e fui mal.” ― Antonio Cabrini

Oriali foi derrubado por Uli Stielike na entrada da área. Bruno Conti cobrou a falta e chutou forte, mas no centro do gol, facilitando a defesa para Schumacher.

Rummenigge dominou pelo alto e ajeitou para Dremmler, mas ele chutou por cima do gol.

No intervalo, Bearzot tentou levantar a moral de sua equipe, que estava sem Antognoni e Graziani e ainda havia perdido um pênalti. A insegurança não podia tomar conta da Azzurra naquele momento.


(Imagem: Imortais do Futebol)

● O início do segundo tempo foi muito pegado, com os dois times parando muito o jogo com seguidas faltas.

Aos 12 minutos do segundo tempo, Rummenigge fez falta em Gabriele Oriali. Marco Tardelli cobrou rápido com Claudio Gentile na direita e ele cruzou à meia altura para a área. A bola passou por Altobelli, mas Paolo Rossi se antecipou a Kaltz e completou de joelho para o gol. Era o sexto gol de Il Bambino d’Oro na Copa de 1982. Os milhares de tifosi começaram a sonhar com o tricampeonato.

A Alemanha Ocidental buscava o empate e o treinador mandou seu time ao ataque, trocando o volante Wolfgang Dremmler pelo gigante atacante Horst Hrubesch.

Em cobrança de falta da direita, Kaltz cruzou e Zoff saiu catando borboletas, mas Briegel não conseguiu aproveitar.

Briegel passou por Bruno Conti e cruzou da esquerda. A bola bateu em Collovati dentro da pequena área, mas o goleiro Zoff pegou firme.

Aos 24′, Rummenigge tocou para Paul Breitner pelo meio, mas Rossi roubou a bola e o grande Gaetano Scirea avançou em velocidade na transição, como se deve fazer um líbero de verdade. Ele deixou com Bruno Conti, que cortou da direita para o meio. Rossi abriu na direita para Scirea que caiu pela ponta. Ele tocou de calcanhar para Bergomi, recebeu de volta e rolou para Marco Tardelli na entrada da área. O camisa 14 não dominou bem e deixou a bola escapar, mas, mesmo caindo, chutou forte de esquerda, no canto esquerdo do goleiro Harald Schumacher. Tardelli marcou e saiu comemorando em delírio. Uma das imagens mais marcantes de todas as Copas.


(Imagem: Getty Images / FIFA)

“A sensação de fazer um gol como aquele não tem como contar. Apenas sentir. Aquele grito que apareceu na televisão foi como uma libertação. Era um sonho marcar numa final. Também me senti libertado de certas pessoas, que sempre nos criticavam. Foi como se estivéssemos em guerra contra eles. Mas ganhamos no final. E todos tiveram de celebrar com a gente. Gritaram como eu. E devem ter ficado sem ar como eu também quase fiquei.” ― Marco Tardelli

“O protocolo mandava ficar sentado na cadeira, no máximo batendo palmas. Era o que estava fazendo o rei da Espanha ao meu lado, e ao lado do chanceler alemão, todo triste. Mas como eu iria me segurar com um gol daquele? Eu tinha mais é de levantar e comemorar como qualquer italiano estava fazendo!” ― Sandro Pertini, presidente da Itália, que vibrou bastante nas tribunas.

A velocidade italiana foi demais para os desgastados alemães. Logo depois do gol, o técnico Jupp Derwall tirou o baleado Rummenigge para colocar em campo Hansi Müller e sua habilidosa perna esquerda.

O líbero Uli Stielike puxou contra-ataque e foi derrubado por trás por Oriali. Stielike levantou desorientado e partiu para cima do italiano. Arnaldo deu um cartão amarelo justo a Orialli, mas nada sossegou o alemão, que ficou o jogo todo tentando intimidar o árbitro brasileiro.

Aos 36′, a Squadra Azzurra fez o terceiro gol e praticamente matou o jogo e definiu o título. Em um contra-ataque, Bruno Conti avançou sozinho pela direita, entrou na área e rolou para a marca do pênalti. Altobelli dominou, driblou o afobado goleiro Schumacher, que saiu aos seus pés, e chutou de esquerda, já caindo. Um belo gol de Altobelli, seu primeiro e único no Mundial.

Na saída de bola Littbarski cruzou da direita e Hrubesch cabeceou fraco em cima de Zoff.

Os alemães descontaram dois minutos depois. Manfred Kaltz deixou com Uli Stielike pelo meio e ele abriu com Hans-Peter Briegel na esquerda. O Panzer (tanque de guerra alemão) ganhou no corpo de Bruno Conti, o acertando de forma involuntária com o cotovelo, e o italiano respondeu com um carrinho por trás no alemão. Falta do lado esquerdo da área, quase um mini escanteio para a Alemanha. Hansi Müller cruzou para a área, a bola passou por Collovati e Gentile afastou mal, para o meio da área. Paul Breitner emendou um voleio cruzado, de primeira, e mandou no cantinho direito de Zoff.

Breitner se tornou um dos raros jogadores a marcar gols em duas finais de Copas diferentes, pois já havia marcado de pênalti na decisão de 1974, em vitória por 2 x 1 sobre a Holanda de Johan Cruijff. Apenas Vavá, Pelé e Zinedine Zidane repetiram o feito.

Mas o alemão nem comemorou esse gol. A partida estava no fim e a vantagem italiana era muito grande até para os alemães.

Bearzot ainda teve tempo para homenagear Franco Causio, um de seus jogadores prediletos e um dos líderes do elenco. Ele entrou em campo no lugar de Altobelli, que já tinha entrado no início da partida.

E a Squadra Azzurra terminou a partida tocando a bola sob o ritmo tradicional do olé espanhol.

No fim da partida, o árbitro Arnaldo Cezar Coelho se meteu no meio de um passe dos italianos, agarrou a bola e a levantou antes de apitar, como se fosse um troféu. O brasileiro teve uma das melhores arbitragens de uma final de Copa até hoje. A bola do jogo é considerada por ele como seu maior troféu.


(Imagem: Getty Images / FIFA)

● A Itália se sagrava tricampeã do mundo, vencendo 44 anos depois de seu último título. A Azzurra tinha erguido duas vezes a antiga Taça Jules Rimet e agora levantava com justiça o novo troféu da Copa do Mundo. O time treinado por Enzo Bearzot tinha jogadores de alto nível, mas o maior destaque nesse título foi o espírito de luta dos italianos.

Para Enzo Bearzot, o resultado era uma vitória pessoal. Durante anos ele vinha tentando tirar a sua seleção de campanhas medianas e agora a colocou de volta ao topo do mundo.

Por incrível que pareça, era a ressurreição de dois heróis italianos. O goleiro e capitão Dino Zoff havia sido bastante criticado não só pela idade elevada, mas por ter tomado um gol de Nelinho na decisão do 3º lugar da Copa de 1978, diante do Brasil. Zoff se tornou o jogador mais velho a conquistar uma Copa do Mundo, com 40 anos e 133 dias.

Já Paolo Rossi, estava há dois anos sem jogar. Envolvido no escândalo da loteria esportiva italiana, em 1980, ele foi suspenso por três anos, mas teve a pena revogada em abril de 1982. Ou seja, ele voltou a jogar apenas dois meses antes do Mundial. Para piorar mais o clima, a imprensa italiana criou o boato que ele e Antonio Cabrini tinham uma relação homossexual, que fez os atletas romperem de vez com os veículos de comunicação e não darem mais entrevistas. Mas o atacante foi bancado pelo técnico Bearzot mesmo fora de forma e abaixo do peso. Ele passou os quatro primeiro jogos sem marcar gols, mas desencantou contra o Brasil com três, fez dois diante da Polônia e abriu o placar contra os alemães. Paolo Rossi conseguiu um feito que jamais foi repetido: foi campeão, artilheiro e eleito o melhor jogador da competição.

Curiosamente, apenas a Itália de 1938 e 1982 e a Alemanha Ocidental em 1990 foram campeãs do mundo sem ficar em nenhum momento atrás no marcador, em nenhuma partida.

“Vai ser difícil explicar como uma seleção tão ruim foi campeã.” ― Bruno Conti, ironizando os críticos da Azzurra.

“Estávamos totalmente convencidos de que poderíamos chegar até a final e sair de campo vencedores. Jogamos tranquilos a decisão em Madri. O mérito disso é de Enzo Bearzot, homem extraordinário e um talentoso treinador. Ele nos ensinou como perseverar e seguir um objetivo.” ― Dino Zoff

“Nós não éramos presunçosos, e, sim, confiantes. No futebol, não vence quem é forte – forte é quem vence. Tínhamos certeza que ganharíamos a Copa depois de passar pela Polônia. Estávamos tão certos porque estávamos em ótima forma física e mental. A Alemanha, em contrapartida, não estava tão bem. Vinha cansada da prorrogação contra a França.” ― Claudio Gentile

“A vitória contra o Brasil criou uma aura em torno da equipe. Sentíamos que éramos os melhores.” ― Paolo Rossi


(Imagem: Getty Images / FIFA)

FICHA TÉCNICA:

 

ITÁLIA 3 x 1 ALEMANHA OCIDENTAL

 

Data: 11/07/1982

Horário: 20h00 locais

Estádio: Santiago Bernabéu

Público: 90.000

Cidade: Madri (Espanha)

Árbitro: Arnaldo Cézar Coelho (Brasil)

 

ITÁLIA (4-4-2):

ALEMANHA OCIDENTAL (4-4-2):

1  Dino Zoff (G)(C)

1  Harald Schumacher (G)

6  Claudio Gentile

20 Manfred Kaltz

5  Fulvio Collovati

4  Karlheinz Förster

7  Gaetano Scirea

15 Uli Stielike

4  Antonio Cabrini

5  Bernd Förster

3  Giuseppe Bergomi

6  Wolfgang Dremmler

13 Gabriele Oriali

2  Hans-Peter Briegel

14 Marco Tardelli

3  Paul Breitner

16 Bruno Conti

7  Pierre Littbarski

20 Paolo Rossi

8  Klaus Fischer

19 Francesco Graziani

11 Karl-Heinz Rummenigge (C)

 

Técnico: Enzo Bearzot

Técnico: Jupp Derwall

 

SUPLENTES:

 

 

12 Ivano Bordon (G)

21 Bernd Franke (G)

22 Giovanni Galli (G)

22 Eike Immel (G)

2  Franco Baresi

12 Wilfried Hannes

8  Pietro Vierchowod

19 Holger Hieronymus

10 Giuseppe Dossena

17 Stephan Engels

11 Gianpiero Marini

18 Lothar Matthäus

9  Giancarlo Antognoni

14 Felix Magath

15 Franco Causio

10 Hansi Müller

21 Franco Selvaggi

13 Uwe Reinders

17 Daniele Massaro

16 Thomas Allofs

18 Alessandro Altobelli

9  Horst Hrubesch

 

GOLS:

57′ Paolo Rossi (ITA)

69′ Marco Tardelli (ITA)

81′ Alessandro Altobelli (ITA)

83′ Paul Breitner (ALE)

 

CARTÕES AMARELOS:

31′ Bruno Conti (ITA)

61′ Wolfgang Dremmler (ALE)

73′ Uli Stielike (ALE)

73′ Gabriele Oriali (ITA)

88′ Pierre Littbarski (ALE)

 

SUBSTITUIÇÕES:

7′ Francesco Graziani (ITA) ↓

Alessandro Altobelli (ITA) ↑

 

62′ Wolfgang Dremmler (ALE) ↓

Horst Hrubesch (ALE) ↑

 

70′ Karl-Heinz Rummenigge (ALE) ↓

Hansi Müller (ALE) ↑

 

89′ Alessandro Altobelli (ITA) ↓

Franco Causio (ITA) ↑


(Imagem: O Globo)

Melhores momentos da partida, na narração de Luciano do Valle:

Gols italianos na decisão (FIFA TV):