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… 25/06/2018 – O melhor do 12º dia da Copa

Três pontos sobre…
… 25/06/2018 – O melhor do 12º dia da Copa


(Imagem: FIFA.com)

O choro iraniano pela eliminação precoce diante do empate com Portugal.
O sufoco espanhol com a correria dos marroquinos.
O show do Uruguai contra a Rússia.
O recorde de jogador mais velho de todas as Copas, quebrado pelo goleiro egípcio Essam El-Hadary (que ainda defendeu pênalti).


… Uruguai 3 x 0 Rússia


(Imagem: FIFA.com)

Desde o apito inicial, o Uruguai se impôs como um campeão mundial deve fazer. Mesmo atuando contra os donos da casa, não passou sufoco em momento algum e se classificou em primeiro lugar do Grupo A, com 100% de aproveitamento.

A esperança da torcida russa por um bom resultado se foi logo aos dez minutos, quando Betancur sofreu uma falta quase na linha da grande área. Luisito Suárez cobrou com muita força, no canto do goleiro. Podemos colocar um pouquinho da culpa em Akinfeev, já que um goleiro não deveria sofrer um gol de falta no canto que ele próprio está cobrindo, do outro lado da barreira. Como atenuantes, a proximidade da bola e a força do chute.

Logo na sequência, Akinfeev fez um lançamento quase de área a área. Dzyuba fez o pivô escorando de cabeça e Cheryshev chutou de direita (o pé ruim) da entrada da área, mas o goleiro Muslera defendeu e Godín chutou o rebote para longe.

O segundo gol foi aos 23′. Diego Laxalt pegou a sobra de um escanteio e chutou de esquerda. No meio do caminho a bola desviou em Cheryshev e tirou qualquer chance do goleiro Akinfeev.

Cinco minuto depois, Suárez deixou Bentancur na cara do gol, mas ele chutou em cima do goleiro russo. Na sobra, Zobnin chegou antes de Cavani para aliviar o perigo.

Aos 36′, Igor Smolnikov foi expulso ao receber o segundo cartão amarelo, dessa vez por um duro carrinho por trás em Laxalt. Se o jogo já estáva fácil para os uruguaios, agora a vitória seria questão de tempo.

Aos 45 min do segundo tempo, Cristian “Cebolla” Rodríguez chutou forte de fora da área, mas Akinfeev estava atento para espalmar por cima.

Na cobrança desse escanteio, Godín subiu mais alto que os adversários e cabeceou firme no canto, mas o arqueiro foi buscar. Mas na sobra, Cavani foi mais esperto e completou para o gol.

Um placar de 3 a 0 com muita autoridade, que deixa o Uruguai com um leve favoritismo contra Portugal nas oitavas de final.

Em seu primeiro teste de respeito, a Rússia foi reprovada. Agora, enfrentará a Espanha, uma das favoritas à conquista do título. Os anfitriões terão que jogar mais do que hoje, se quiserem sonhar com as quartas de final.

Melhores momentos da partida:

● Ficha Técnica — Uruguai 3 x 0 Rússia
Data: 25/06/2018 — Horário: 18h00 locais
Estádio: Cosmos Arena (Arena Samara) — Cidade: Samara (Rússia)
Público: 41.970
Árbitro: Malang Diedhiou (Senegal)
Gols: 10′ Luis Suárez (URU); 23′ Denis Cheryshev (URU)(contra); 90′ Edinson Cavani (URU)
Cartões Amarelos: 9′ Yury Gazinsky (RUS); 27′ Igor Smolnikov (RUS); 59′ Rodrigo Bentancur (URU)
Cartão Vermelho: 36′ Igor Smolnikov (RUS)
Uruguai (4-4-2): 1.Fernando Muslera; 22.Martín Cáceres, 19.Sebastián Coates, 3.Diego Godín (C) e 17.Diego Laxalt; 8.Nahitan Nández (7.Cristian Rodríguez ↑73′), 15.Matías Vecino, 14.Lucas Torreira e 6.Rodrigo Bentancur (10.Giorgian De Arrascaeta ↑63′); 21.Edinson Cavani (18.Maxi Gómez ↑90+3′) e 9.Luis Suárez. Técnico: Óscar Tabárez
Rússia (4-2-3-1): 1.Igor Akinfeev (C); 23.Igor Smolnikov, 3.Ilya Kutepov, 4.Sergei Ignashevich e 13.Fyodor Kudryashov; 8.Yury Gazinsky (7.Daler Kuzyayev ↑INTERVALO) e 11.Roman Zobnin; 19.Aleksandr Samedov, 15.Aleksei Miranchuk (10.Fyodor Smolov ↑60′) e 6.Denis Cheryshev (2.Mário Fernandes ↑38′); 22.Artem Dzyuba. Técnico: Stanislav Cherchesov

 

… Arábia Saudita 2 x 1 Egito


(Imagem: UOL)

Essa partida ficou marcada na história das Copas. Aos 45 anos e 5 meses, o goleiro egípcio Essam El-Hadary se tornou o jogador mais velho a disputar um Mundial. E, como veremos, ele não se limitou a ser coadjuvante no jogo. Ele não entrou em campo apenas para bater o recorde. Ele, que estreou na seleção em 1996, ainda mantém um bom nível técnico, que o faz ser um dos melhores de seu país e, merecidamente, ser convocado. Inclusive, tinha sido titular em cinco dos oito jogos do Egito nas eliminatórias no ano passado.

Seu time começou vencendo. Aos 22 minutos de jogo, Abdalla Said fez um lindo lançamento para Mohamed Salah. O atacante do Liverpool dominou e tocou por cobertura sobre o goleiro saudita. Um lindo gol, no estilo Mo Salah que nos acostumamos a ver na temporada recém terminada.

A partida começava com “cheiro” de goleada egípcia, porque a jogada se repetiu logo no minuto seguinte. Salah recebeu passe ao se deslocar por trás da zaga e fez uma linda enfiada para o camisa 10. Sozinho, ele novamente tocou por cima do goleiro Yasser Al-Mosailem, mas a bola caprichosamente foi para fora. Um pecado!

Aos 39′, Yasser Al-Shahrani tentou cruzar na área e Ahmed Fathi tocou com a mão na bola. Pênalti para a Arábia Saudita. Fahad Al-Muwallad bateu forte no canto direito, mas a bola foi à meia altura, possibilitando a defesa de El Hadary. A bola ainda explodiu no travessão antes de ser tirada pela defesa.

Já nos acréscimos, uma nova penalidade para “Os Falcões Verdes”. Ali Gabr segurou Al-Muwallad na área. O VAR ratificou a marcação do árbitro colombiano Wilmar Roldán. Dessa vez a cobrança ficou a cargo de Salman Al-Faraj, que bateu rasteiro no canto esquerdo, deslocou o goleiro e empatou a partida.

No segundo tempo, aos 25 min, Al-Faraj fez um belo lançamento da intermediária e Al-Mogahwi cabeceou bem, à queima roupa, mas El Hadary fez um novo milagre.

Nos acréscimos, a Arábia Saudita tocava a bola esperando o apito final. E foi tocando a bola, trabalhando até a área, quando Abdullah Otayf tocou para Salem Al-Dawsari chutar cruzado, quase sem ângulo. A bola tocou no pé da trave e entrou. Era a virada saudita no último ato da partida!

O Egito era cotado para ser uma das surpresas do Mundial. Possui um técnico experiente (Héctor Cúper), um dos melhores jogadores do mundo atualmente (Mo Salah), além de bons coadjuvantes. Mas foi uma decepção. Cair na primeira fase era possível e até provável. Mas não da forma como foi, sem conseguir somar pontos nem contra a frágil rival de hoje.

Na Arábia Saudita, os méritos totais dessa vitória podem recair sobre o técnico argentino/espanhol Juan Antonio Pizzi. Foi ele quem introduziu no time a paciência e o toque de bola, que envolveu os egípcios hoje.

Melhores momentos da partida:

● Ficha Técnica — Arábia Saudita 2 x 1 Egito
Data: 25/06/2018 — Horário: 17h00 locais
Estádio: Arena Volgogrado — Cidade: Volgogrado (Rússia)
Público: 36.823
Árbitro: Wilmar Roldán (Colômbia)
Gols: 22′ Mohamed Salah (EGI); 45+6′ Salman Al-Faraj (ARA)(pen); 90+5′ Salem Al-Dawsari (ARA)
Cartões Amarelos: 45+5′ Ali Gabr (EGI); 86′ Ahmed Fathi (EGI)
Arábia Saudita (4-5-1): 21.Yasser Al-Mosailem; 6.Mohammed Al-Breik, 3.Osama Hawsawi (C), 23.Motaz Hawsawi e 13.Yasser Al-Shahrani; 14.Abdullah Otayf, 7.Salman Al-Faraj, 16.Housain Al-Mogahwi, 18.Salem Al-Dawsari e 9.Hattan Bahebri (20.Muhannad Assiri ↑65′); 19.Fahad Al-Muwallad (8.Yahya Al-Shehri ↑79′). Técnico: Juan Antonio Pizzi
Egito (4-2-3-1): 1.Essam El Hadary (C); 7.Ahmed Fathi (C), 2.Ali Gabr, 6.Ahmed Hegazy e 13.Mohamed Abdel Shafy; 8.Tarek Hamed e 17.Mohamed Elneny; 19.Abdalla Said (22.Amr Ward ↑45+7′), 21.Trezeguet (11.Kahraba ↑81′) e 10.Mohamed Salah; 9.Marwan Mohsen (14.Ramadan Sobhi ↑64′). Técnico: Héctor Cúper

 

… Espanha 2 x 2 Marrocos


(Imagem: FIFA.com)

Não sei se é só a mudança de treinadores ou se é mérito dos adversários. Mas a Espanha não vem confirmando seu favoritismo em campo. Fez um ótimo jogo e mereceu vencer Portugal. Depois, contou com a sorte contra o Irã e sofreu para empatar com Marrocos. Mesmo assim, terminou como líder do Grupo B.

Aos 14 minutos de jogo, a Espanha fazia sua troca de passes característica, quando Iniesta e Sergio Ramos “esqueceram da bola”. O centroavante marroquino Khalid Boutaïb ficou com ela, correu a metade do campo em alta velocidade e tocou de esquerda, no meio das pernas de De Gea.

Cinco minuto depois, Isco começa a jogada na intermediária ofensiva e Diego Costa abre com Iniesta na ponta esquerda. O ídolo espanhol avança e toca para trás. Dentro da pequena área, Isco domina e fuzila, sem chances para o goleiro Munir El Kajoui. Um gol no melhor estilo espanhol.

Aos 25′, em cobrança de lateral rápida, Boutaïb correu sozinho e ficou cara a cara gol o goleiro (de novo), mas adiantou demais e chutou em cima de De Gea.

Aos dez minutos do segundo tempo, Nordin Amrabat chutou forte quase do bico direito da área. A bola fez uma curva, tocou no travessão e quicou sobre a linha, mas não entrou no gol.

Aos 36′, após cobrança de escanteio, Youssef En-Nesyri subiu mais que todo mundo, ganhou de Sergio Ramos e testou forte para dentro do gol.

Aos 46 minutos da etapa final, Carvajal bateu cruzado e Iago Aspas mandou de letra para o gol. O bandeirinha levantou seu instrumento no mesmo instante e o árbitro uzbeque Ravshan Irmatov assinalou o impedimento. Mas o VAR entrou em ação e confirmou a legalidade do gol. No momento do passe, Aspas estava na mesma linha de Boussoufa, o penúltimo defensor.

A Espanha precisa jogar mais bola. E tem um potencial enorme para isso, talvez o maior da competição. Só que o que vale são os gols e as vitórias. Contra uma Rússia empurrada pela torcida, vai ter que provar que a primeira fase foi um ponto fora da curva e que essa curva é ascendente.

Marrocos sai com a cabeça erguida. O técnico Hervé Renard tinha prometido que iria dificultar as coisas para a Fúria. Prometeu e cumpriu. E quase venceu a partida. Ameaçou mais e esteve mais perto da vitória do que os espanhóis. Talvez tenha merecido.

Melhores momentos da partida:

● Ficha Técnica — Espanha 2 x 2 Marrocos
Data: 25/06/2018 — Horário: 20h00 locais
Estádio: Arena Baltika (Kaliningrado Stadium) — Cidade: Kaliningrado (Rússia)
Público: 33.973
Árbitro: Ravshan Irmatov (Uzbequistão)
Gols: 14′ Khalid Boutaïb (MAR); 19′ Isco (ESP); 81′ Youssef En-Nesyri (MAR); 90+1′ Iago Aspas (ESP)
Cartões Amarelos: 21′ Karim El Ahmadi (MAR); 29′ Nordin Amrabat (MAR); 31′ Manuel da Costa (MAR); 31′ Mbark Boussoufa (MAR); 88′ Munir El Kajoui (MAR); 90+3′ Achraf Hakimi (MAR)
Espanha (4-2-3-1): 1.David de Gea; 2.Dani Carvajal, 3.Gerard Piqué, 15.Sergio Ramos (C) e 18.Jordi Alba; 5.Sergio Busquets e 10.Thiago (20.Marco Asensio ↑74′); 21.David Silva (9.Rodrigo Moreno ↑84′), 22.Isco e 6.Andrés Iniesta; 19.Diego Costa (17.Iago Aspas ↑74′). Técnico: Fernando Hierro
Marrocos (4-1-4-1): 12.Munir El Kajoui; 17.Nabil Dirar, 4.Manuel da Costa, 6.Romain Saïss e 2.Achraf Hakimi; 8.Karim El Ahmadi; 14.Mbark Boussoufa, 16.Nordin Amrabat, 10.Younès Belhanda (11.Fayçal Fajr ↑63′) e 7.Hakim Ziyech (20.Aziz Bouhaddouz ↑85′); 13.Khalid Boutaïb (19.Youssef En-Nesyri ↑72′). Técnico: Hervé Renard

 

… Irã 1 x 1 Portugal


(Imagem: UOL)

Foi um sufoco, mas Portugal está classificado para as oitavas de final da Copa do Mundo de 2018. O Irã teve sua melhor atuação na competição e poderia ter vencido.

Portugal passou toda a etapa inicial trocando passes, tentando ultrapassar a barreira defensiva iraniana.

E só conseguiu no último minuto da etapa inicial. Ricardo Quaresma tabelou com Adrien Silva e chutou de trivela, uma jogada muito característica dele. A bola encobriu o goleiro Beiranvand e morreu no fundo das redes.

Aos cinco minutos do segundo tempo, Cristiano Ronaldo invade a área e é derrubado. O árbitro Enrique Cáceres esperou a confirmação do VAR para apitar o pênalti. CR7 bateu mal, à meia altura, facilitando para a defesa goleiro iraniano em dois tempos. Cristiano repetia Messi e também perdia um pênalti na Copa 2018.

Para piorar, aos 38′, Cristiano Ronaldo revidou uma provocação e poderia ter sido expulso, mas o juiz paraguaio “amarelou” e só mostrou mesmo o cartão amarelo ao craque.

Já nos acréscimos, em bola na área portuguesa, o árbitro á avisado pelo VAR que uma bola cabeceada por Azmoun tocou no braço aberto de Cédric dentro da área. O experiente Ansarifard bateu no ângulo esquerdo, sem chances de defesa para Rui Patrício.

Depois, o Irã ainda perdeu uma chance clara de virar o jogo e se classificar. Após lançamento longo, Azmoun desviou de cabeça, Ghoddos teve o chute desviado e a bola cobrou limpa para Mehdi Taremi. O camisa 17 finalizou de esquerda e a bola balançou as redes pelo lado de fora. Uma oportunidade claríssima, que não pode ser desperdiçada em uma Copa do Mundo.

Com o gol de empate da Espanha diante de Marrocos saindo quase simultaneamente ao gol do Irã contra Portugal, a classificação mudou. A Espanha ficou com o primeiro lugar do grupo, para enfrentar a Rússia. Com isso, Portugal vai enfrentar o Uruguai, em um duelo imprevisível.

Todos os méritos da boa competição do Irã devem ir para o técnico português Carlos Queiroz. Já são sete anos treinando os persas. Ele conseguiu estruturar um sistema defensivo muito consistente, um time participativo e até criativo, com muitas opções de ataque. É a melhor seleção da Ásia atualmente e, talvez, uma das melhores de todos os tempos no continente.

No fim, o choro. O choro de Taremi que errou o gol da classificação. O choro emblemático de vários jogadores e torcedores – em especial o da foto de capa dessa matéria. O choro de quem sabe que podia ir mais longe, impedido por detalhes.

Melhores momentos da partida:

● Ficha Técnica — Irã 1 x 1 Portugal
Data: 25/06/2018 — Horário: 21h00 locais
Estádio: Arena Mordovia — Cidade: Saransk (Rússia)
Público: 41.685
Árbitro: Enrique Cáceres (Paraguai)
Gols: 45′ Ricardo Quaresma (POR); 90+3′ Karim Ansarifard (IRA)(pen)
Cartões Amarelos: 33′ Raphaël Guerreiro (POR); 52′ Ehsan Haj Safi (IRA); 54′ Sardar Azmoun (IRA); 64′ Ricardo Quaresma (POR); 83′ Cristiano Ronaldo (POR); PÓS-JOGO Cédric (POR)
Irã (4-1-4-1): 1.Alireza Beiranvand; 23.Ramin Rezaeian, 19.Majid Hosseini, 8.Morteza Pouraliganji e 3.Ehsan Haj Safi (C) (5.Milad Mohammadi ↑56′); 6.Saeid Ezatolahi (10.Karim Ansarifard ↑76′); 17.Mehdi Taremi, 18.Alireza Jahanbakhsh (14.Saman Ghoddos ↑70′), 9.Omid Ebrahimi e 11.Vahid Amiri; 20.Sardar Técnico: Carlos Queiroz
Portugal (4-4-2): 1.Rui Patrício; 21.Cédric, 3.Pepe, 6.José Fonte e 5.Raphaël Guerreiro; 14.William Carvalho, 23.Adrien Silva, 10.João Mário (8.João Moutinho ↑84′) e 20.Ricardo Quaresma (11.Bernardo Silva ↑70′); 9.André Silva (17.Gonçalo Guedes ↑90+6′) e 7.Cristiano Ronaldo (C). Técnico: Fernando Santos

… 20/06/2018 – O melhor do sétimo dia da Copa

Três pontos sobre…
… 20/06/2018 – O melhor do sétimo dia da Copa


(Imagem: FIFA.com)

Cristiano Ronaldo marca seu quarto gol na Copa e Portugal vence a brava seleção do Marrocos.
Luis Suárez aproveita o vacilo do goleiro e marca o Uruguai vence a Arábia Saudita em um jogo burocrático.
Diego Costa conta com a sorte e a Espanha derrota o bom time do Irã.
Três partidas que terminaram 1 x 0, mas o futebol é muito mais do que o gol.

… Portugal 1 x 0 Marrocos


(Imagem: UOL)

No começo, parecia que seria um massacre e, quiçá, um novo “hat-trick” de Cristiano Ronaldo. Logo aos quatro minutos, após escanteio curto, João Moutinho cruzou a bola para a área e CR7 apareceu como um foguete para fuzilar o goleiro Munir El Kajoui. Foi uma cabeçada fulminante e o quarto gol do capitão português na Copa – artilheiro isolado até agora.

Cinco minutos depois, Guerreiro avançou pelo meio e tocou para CR7 dentro da área. Ele puxou para o pé direito e chutou mascado à esquerda do gol.

Logo depois, Ziyech cobrou escanteio e Benatia cabeceou no chão com perigo para boa defesa de Rui Patrício.

Aos 39′, Ronaldo deixou Gonçalo Guedes na cara do gol, mas ele chutou em cima do goleiro marroquino. Gonçalo está se destacando por perder esse tipo de gol. Já tinham sido duas ocasiões desperdiçadas contra a Espanha. Por tudo que fez nas eliminatórias, André Silva deveria ser o titular.

No segundo tempo, aos 10′, Belhanda chutou forte da entrada da área, mas Rui Patrício segurou firme.

Dois minutos depois, Ziyech cobrou falta, Belhanda cabeceou e a bola ainda desviou em Cristiano Ronaldo. Rui Patrício voou como um gato (como diria Tadeu Schmidt no “Fantástico”) e buscou a bola no cantinho. Espetacular defesa! Talvez a mais difícil da Copa até agora.

Na sequência, foram dois lances muito parecidos. Duas faltas cobradas da intermediária para a área, com o capitão Benatia dominando bem e enchendo o pé, mandando a bola por cima do gol. Parecia replay, mas não era. Marrocos estava pressionando bastante nessas cobranças de falta.

Após um início promissor, Portugal foi completamente dominado por Marrocos. Não existe justiça em futebol, mas o placar mais justo seria (pelo menos) o empate. Se os lusos jogarem como hoje, talvez tenham dificuldade para se classificar diante do bravo Irã, treinado pelo patrício Carlos Queiroz.

Assim como na partida diante dos iranianos, Marrocos foi melhor que o adversário, mas pecou na bola parada defensiva e não conseguiu concretizar as oportunidades. Mesmo sendo o primeiro eliminado por antecipação, sai do Mundial de cabeça erguida após vinte anos da última participação.

Melhores momentos da partida:

● Ficha Técnica — Portugal 1 x 0 Marrocos
Data: 20/06/2018 — Horário: 15h00 locais
Estádio: Olímpico Luzhniki — Cidade: Moscou (Rússia)
Público: 78.011
Árbitro: Mark Geiger (Estados Unidos)
Gol: 4′ Cristiano Ronaldo (POR)
Cartões Amarelos: 40′ Mehdi Benatia (MAR); 90+2′ Adrien Silva (POR)
Portugal (4-2-3-1): 1.Rui Patrício; 21.Cédric, 3.Pepe, 6.José Fonte e 5.Raphaël Guerreiro; 14.William Carvalho e 8.João Moutinho (23.Adrien Silva ↑89′); 10.João Mário (16.Bruno Fernandes ↑70′), 11.Bernardo Silva (18.Gelson Martins ↑59′) e 17.Gonçalo Guedes; 7.Cristiano Ronaldo (C). Técnico: Fernando Santos
Marrocos (4-1-4-1): 12.Munir El Kajoui; 17.Nabil Dirar, 5.Medhi Benatia (C), 4.Manuel da Costa e 2.Achraf Hakimi; 8.Karim El Ahmadi (11.Fayçal Fajr ↑86′); 14.Mbark Boussoufa, 16.Nordin Amrabat, 10.Younès Belhanda (23.Mehdi Carcela ↑75′) e 7.Hakim Ziyech; 13.Khalid Boutaïb (9.Ayoub El Kaabi ↑70′). Técnico: Hervé Renard

 

… Uruguai 1 x 0 Arábia Saudita


(Imagem: FIFA.com)

O Uruguai foi protocolar em seu compromisso contra a Arábia Saudita. Fez o básico, venceu e se classificou para as oitavas de final. Mas em momento algum empolgou ninguém. Aliás, em duas partidas, foram duas vitórias por 1 x 0 e dois jogos chatos. O que se prometia, não está se cumprindo. É uma equipe chata, entediante, enfadonho…

O único gol do jogo saiu aos 23 minutos do primeiro tempo. Carlos Sánchez cobrou o escanteio e o goleiro Al-Owais saiu de soco, mas não conseguiu acertar a bola. E ela caiu justamente no pé esquerdo de um dos maiores artilheiros do mundo, “El Pistolero”, Luisito Suárez. O camisa 9 só completou para o gol.

Depois, o Uruguai diminuiu o ritmo. Ficou devagar, quase parando, só esperando o jogo acabar.

A Arábia Saudita mostrou que também sabe atacar, mesmo com suas muitas limitações. O lateral esquerdo Al-Shahrani foi à linha de fundo e cruzou para a área. Bahebri apareceu na pequena área, mas chutou por cima.

O restante do jogo foi ruim.

Aos seis minutos do segundo tempo, Luis Suárez cobrou falta da intermediária, a bola veio quicando, mas Al-Owais espalmou bem.

Aos 23′, Sánchez cruzou uma falta na área e Martín Cáceres cabeceou por cima.

A dez minutos do fim, Torreira chutou da intermediária, a bola desviou em Edinson Cavani e quase matou o goleiro saudita, mas foi para fora.

Pouco depois, Cavani arrancou, mas perdeu a bola para a zaga. Como o atacante mostrou sua garra ao insistir na jogada, roubar a bola e chutar cruzado. Mas o goleiro saiu bem e fechou o ângulo, defendendo com os pés.

Foi o sexto gol de Suárez em Copas, se tornando também o primeiro uruguaio a marcar em três Copas diferentes (2010, 2014 e 2018). Em 100 partidas, marcou 52 vezes e é o maior goleador da história da Celeste. Além disso, com 423 gols, se igualou a Fernando Morena como o maior artilheiro do futebol uruguaio em todos os tempos.

Melhores momentos da partida:

● Ficha Técnica — Uruguai 1 x 0 Arábia Saudita
Data: 20/06/2018 — Horário: 18h00 locais
Estádio: Arena Rostov — Rostov-on-Don (Rússia)
Público: 42.678
Árbitro: Clément Turpin (França)
Gol: 23′ Luis Suárez (URU)
Uruguai (4-4-2): 1.Fernando Muslera; 4.Guillermo Varela, 2.José Giménez, 3.Diego Godín (C) e 22.Martín Cáceres; 6.Rodrigo Bentancur, 15.Matías Vecino (14.Lucas Torreira ↑59′), 5.Carlos Sánchez (8.Nahitan Nández ↑82′) e 7.Cristian Rodríguez (17.Diego Laxalt ↑59′); 21.Edinson Cavani e 9.Luis Suárez. Técnico: Óscar Tabárez
Arábia Saudita (4-5-1): 22.Mohammed Al-Owais; 6.Mohammed Al-Breik, 3.Osama Hawsawi (C), 4.Ali Al-Bulaihi e 13.Yasser Al-Shahrani; 14.Abdullah Otayf, 7.Salman Al-Faraj, 17.Taisir Al-Jassim (16.Housain Al-Mogahwi ↑44′), 18.Salem Al-Dawsari e 9.Hattan Bahebri (12.Mohamed Kanno ↑75′); 19.Fahad Al-Muwallad (10.Mohammad Al-Sahlawi ↑78′). Técnico: Juan Antonio Pizzi

 

… Irã 0 x 1 Espanha


(Imagem: FIFA.com)

Era sabido que o Irã tem uma defesa muito bem postada e seria muito difícil de ser vazada. Mas, do outro lado havia a seleção espanhola, uma das melhores do mundo em furar retrancas, sempre com muita paciência.

O mesmo roteiro foi repetido durante todo a primeira etapa: os espanhóis tocavam a bola e os iranianos fechavam os espaços.

A primeira chance da Fúria só apareceu nos acréscimos do primeiro tempo, quando David Silva chutou de fora da área, mas a bola foi desviada pela zaga.

Aos 3′ da etapa final, Isco foi à linha de fundo e cruzou. A defesa afastou mal, Busquets chutou forte e o goleiro Beiranvand defendeu. Na sobra, Lucas Vázquez dividiu com o goleiro de forma faltosa.

Pouco depois, Amiri cobrou o lateral na área e a bola sobrou para Ansarifard chutar forte, na rede pelo lado de fora. Passou muito perto.

Aos nove minutos, o magistral Andrés Iniesta encontrou Diego Costa na área. O brasileiro se enrolou, mas teve sorte em uma dividida na qual a bola bateu nele e foi para o gol. Um gol chorado, que retrata bem como foi a partida.

Aos 17′, após cobrança de falta para a área, Ezatolahi recebe sozinho e empata para o Irã. Porém, o árbitro de vídeo participou bem ao anular o tento dos persas. Realmente, Ezatolahi estava impedido tanto no lançamento, quanto no desvio do companheiro de equipe dentro da área.

No minuto 25′, Isco cobrou o escanteio rasteiro para dentro da área, David Silva rolou para trás, mas Sergio Ramos não pegou em cheio na finalização.

A oito minutos do fim, Amiri passou a bola por baixo das pernas de Piqué e cruzou na segunda trave, mas Taremi cabeceou por cima, perdendo a chance mais clara do jogo.

O empate realmente seria mais justo, pelo que os iranianos jogaram. Agora, para se classificarem, jogam por uma vitória contra Portugal. Não é impossível.

Melhores momentos da partida:

● Ficha Técnica — Irã 0 x 1 Espanha
Data: 20/06/2018 — Horário: 21h00 locais
Estádio: Arena Kazan — Cidade: Kazan (Rússia)
Público: 42.718
Árbitro: Andrés Cunha (Uruguai)
Gol: 54′ Diego Costa (ESP)
Cartões Amarelos: 79′ Vahid Amiri (IRA); 90+2′ Omid Ebrahimi (IRA)
Irã (4-1-4-1): 1.Alireza Beiranvand; 23.Ramin Rezaeian, 19.Majid Hosseini, 8.Morteza Pouraliganji e 3.Ehsan Haj Safi (C) (5.Milad Mohammadi ↑69′); 6.Saeid Ezatolahi; 9.Omid Ebrahimi, 11.Vahid Amiri, 10.Karim Ansarifard (18.Alireza Jahanbakhsh ↑74′) e 17.Mehdi Taremi (14.Saman Ghoddos ↑86′); 20.Sardar Azmoun. Técnico: Carlos Queiroz
Espanha (4-1-4-1): 1.David de Gea; 2.Dani Carvajal, 3.Gerard Piqué, 15.Sergio Ramos (C) e 18.Jordi Alba; 5.Sergio Busquets; 11.Lucas Vázquez (20.Marco Asensio ↑79′), 6.Andrés Iniesta (8.Koke ↑71′), 21.David Silva e 22.Isco; 19.Diego Costa (9.Rodrigo Moreno ↑89′). Técnico: Fernando Hierro

… 15/06/2018 – O melhor do segundo dia da Copa

Três pontos sobre…
… 15/06/2018 – O melhor do segundo dia da Copa


(Imagem: O Jogo)

Duas partidas que tiveram seus respectivos vencedores conhecidos praticamente no último lance. Um jogaço, no qual ninguém perdeu e quem ganhou foi o espectador. Veja como foi o “Dia de Copa”.


… Egito 0 x 1 Uruguai


(Imagem: FIFA.com)

Houve uma evolução clara no nível técnico do meio campo uruguaio. Bentacur, Vecino, Nández e De Arrascaeta, além de jovens, possuem uma característica diferente, de mais qualidade na criação de jogadas, se comparados aos colegas que ocuparam a mesma posição em Mundiais anteriores (Diego Pérez, Arévalo Ríos, Walter Gargano, Álvaro González e outros).

Mas, embora tenham mantido a posse de bola com boas trocas de passes, esses meias não foram criativos o suficiente para levar os charruas à vitória. Tudo dependia da ótima dupla de frente: Luis Suárez e Edinson Cavani. Mas enquanto Luisito errou tudo o que tentou, o atacante do PSG parou nas mãos do goleiro El-Shenawy e, especialmente, na trave em cobrança de falta, na etapa final.

Quando parecia que persistiria o empate sem gols, a Celeste precisou se valer do que tem de melhor: a bola aérea. Foi na raça, na vontade e no bom cruzamento em cobrança de falta de Carlos Sánchez, que o zagueiro José Giménez subiu no terceiro andar e cabeceou no ângulo do goleiro egípcio, marcando o único gol do jogo.

O Egito foi valente e até tentou mostrar suas armas, principalmente a boa transição da defesa para o ataque, mas ficou nítido o quanto é dependente do talento e da ótima fase de Mohamed Salah. Ainda se recuperando de lesão sofrida na final da UEFA Champions League, o craque do Liverpool fez muita falta à sua seleção. Mas os Faraós mostraram um bom futebol. Tanto, que vamos profetizar: o Egito vencerá Rússia e Arábia Saudita, e se classificará para as oitavas de final.

Melhores momentos da partida:

● Ficha Técnica — Egito 0 x 1 Uruguai
Data: 15/06/2018 — Horário: 17h00 locais
Estádio: Estádio Central (Ekaterinburg Arena) — Cidade: Ecaterimburgo (Rússia)
Público: 27.015
Árbitro: Björn Kuipers (Holanda)
Gol: 89′ José Giménez (URU)
Cartões Amarelos: 90+6′ Ahmed Hegazy (EGI)
Egito (4-2-3-1): 23.Mohamed El-Shenawy; 7.Ahmed Fathi (C), 2.Ali Gabr, 6.Ahmed Hegazy e 13.Mohamed Abdel Shafy; 8.Tarek Hamed (5.Sam Morsy ↑50′) e 17.Mohamed Elneny; 22.Amr Warda (14.Ramadan Soby ↑82′), 19.Abdalla Said e 21.Trezeguet; 9.Marwan Mohsen (11.Kahraba ↑63′). Técnico: Héctor Cúper
Uruguai (4-4-2): 1.Fernando Muslera; 4.Guillermo Varela, 3.Diego Godín (C), 2.José Giménez e 22.Martín Cáceres; 6.Rodrigo Bentancur, 15.Matías Vecino (14.Lucas Torreira ↑87′), 8.Nahitan Nández (5.Carlos Sánchez ↑58′) e 10.Giorgian De Arrascaeta (7.Cristian Rodríguez ↑59′); 21.Edinson Cavani e 9.Luis Suárez. Técnico: Óscar Tabárez

 

… Marrocos 0 x 1 Irã


(Imagem: FIFA.com)

Possuir melhores jogadores nem sempre significa ter a melhor equipe e muito menos é garantia de vitória. Comparados aos iranianos, os atletas marroquinos são mais técnicos e possuem mais experiência no futebol europeu. E começaram a partida mostrando isso, dominando as ações e pressionando o adversário, mas sem conseguir chegar ao gol. E a melhor chance no primeiro tempo foi dos persas, em um belo contragolpe, quando Azmoun finalizou para uma grande defesa de El Kajoui – que ainda pegou o rebote de Jahanbakhsh.

Depois, o jogo esfriou até Belhanda preparar de cabeça para o chute de Ziyech de fora da área, mas o goleiro Beiranvand voou no canto direito para espalmar a bola.

Aos 49 minutos do segundo tempo, Haj Safi cobrou falta pela esquerda e Bouhaddouz foi infeliz ao cabecear para o próprio gol. No fim, não existe gol feio. Lindo, foi ver o Irã comemorar como um título mundial a sua segunda vitória na história das Copas. Em nove partidas até então, tinha vencido apenas o arqui-inimigo Estados Unidos, por 2 a 1, em 1998.

O Irã venceu a “sua Copa” paralela. Nenhuma dessas duas seleções devem ser páreo para Portugal e Espanha na sequência do grupo.

Melhores momentos da partida:

● Ficha Técnica — Marrocos 0 x 1 Irã
Data: 15/06/2018 — Horário: 18h00 locais
Estádio: Krestovsky Stadium (Saint Petesburg Stadium) — Cidade: São Petesburgo (Rússia)
Público: 62.548
Árbitro: Cüneyt Çakır (Turquia)
Gol: 90+5′ Aziz Bouhaddouz (IRA)(gol contra)
Cartões Amarelos: 10′ Masoud Shojaei (IRA); 34′ Karim El Ahmadi (MAR); 47′ Alireza Jahanbakhsh (IRA); 90+2′ Karim Ansarifard (IRA)
Marrocos (4-1-4-1): 12.Munir El Kajoui; 16.Nordin Amrabat (21.Sofyan Amrabat ↑76′), 5.Medhi Benatia (C), 6. Romain Saïss e 2.Achraf Hakimi; 8.Karim El Ahmadi; 14.Mbark Boussoufa, 10.Younès Belhanda, 7.Hakim Ziyech e 18.Amine Harit (4.Manuel da Costa ↑82′); 9.Ayoub El Kaabi (20.Aziz Bouhaddouz ↑77′). Técnico: Hervé Renard
Irã (4-1-4-1): 1.Alireza Beiranvand; 23.Ramin Rezaeian, 8.Morteza Pouraliganji, 4.Rouzbeh Cheshmi e 3.Ehsan Haj Safi; 9.Omid Ebrahimi (19.Majid Hosseini ↑81′); 7.Masoud Shojaei (C) (17.Mehdi Taremi ↑68′), 11.Vahid Amiri, 10.Karim Ansarifard e 18.Alireza Jahanbakhsh (14.Saman Ghoddos ↑85′); 20.Sardar Azmoun. Técnico: Carlos Queiroz

… Portugal 3 x 3 Espanha


(Imagem: FIFA.com)

Desde o sorteio, as expectativas eram altíssimas para essa partida. E a espera se pagou, com um dos melhores jogos das últimas Copas.

A Espanha nem teve tempo para impor seu ritmo, quando Cristiano Ronaldo pedalou para cima de Nacho dentro da área e sofreu pênalti discutível. Ele mesmo cobrou e converteu, após quatro minutos do apito inicial.

Depois, Gonçalo Guedes jogou fora duas chances claras para ampliar o marcador. Mas quem não faz…

Aos 24′, Diego Costa foi “Diego Costa”: em uma bola longa, foi sujo ao meter o braço na cara de Pepe (não é disputa por espaço, é agressão mesmo – normal, nas características de Diego). Na sequência, mostrou o que tem de melhor, chamando José Fonte para dançar, com dois belos cortes e o chute forte no cantinho direito de Rui Patrício. Um lindo gol, que não deveria ter sido validado pela equipe de arbitragem (e pelo VAR), já que houve a falta no início do lance.

A Espanha passou a jogar melhor e a controlar as ações. Mas, em um lance isolado, a bola sobrou para CR7 na meia lua. Do jeito que ela veio, ele chutou forte de esquerda, no meio do gol. Era uma defesa fácil para De Gea, mas ele se desconcentrou, preferindo reclamar com o bandeirinha ao pedir um impedimento inexistente. Acabou engolindo um frango, inaceitável para um dos melhores goleiros do mundo.

A Fúria voltou melhor também no segundo tempo e empatou o jogo aos 10′, após uma cobrança de falta ensaiada. David Silva cobrou no segundo pau, Busquets escorou para o meio e Diego Costa completou para o gol em cima da linha.

A merecida virada veio três minutos depois, quando uma bola rebatida pela defesa lusa sobrou para Nacho. O zagueiro/lateral do Real Madrid emendou de primeira, na veia, mandando um torpedo com efeito para o gol. A bola ainda bateu nas duas traves antes de entrar. Discutivelmente o mais bonito dos belos gols dessa partida.

A dois minutos do fim do tempo regulamentar, a Espanha continuava tendo a posse de bola e chances para ampliar, quando CR7 dominou uma bola na meia lua e sofreu falta tola de Piqué. O capitão português cobrou com maestria, colocando a bola por cima da barreira e tirando do alcance de De Gea. Uma cobrança perfeita, com alto grau de dificuldade, por causa da proximidade do gol. Cristiano tem seus truques e mostrou isso ao fugir de suas características para marcar seu “hat-trick”.

Ele chegou em seu melhor nível, descansando em vários jogos da temporada pelo Real Madrid. Com isso, entrou para a história dentre os jogadores que fizeram gols em quatro Copas do Mundo diferentes, igualando Pelé e os alemães Uwe Seeler e Miroslav Klose. O português havia marcado um gol em cada Copa que havia disputado (2006, 2010 e 2014). Agora, em uma partida já marca três e segue firme em busca da artilharia do Mundial. Outro feito importante foi ele ter marcado seu 84º gol pela seleção, se igualando ao húngaro Ferenc Puskás como o maior artilheiro de uma seleção européia em todos os tempos. Ambos perdem apenas para o iraniano Ali Daei e seus 109 gols.

Enquanto Portugal deixa claro que depende muito de seu maior craque, a Espanha mostra variações que não tinha mostrado até então, com um gol oriundo de lançamento longo, um de cobrança de falta ensaiada e um em chute de fora da área. Será que podemos falar em méritos de Fernando Hierro, estreando como técnico pela seleção? Muito cedo para isso, mas, se controlar o caldeirão dos vestiários, a Fúria deve seguir como uma das favoritas ao título da Copa de 2018.

Gols da partida:

● Ficha Técnica — Portugal 3 x 3 Espanha
Data: 15/06/2018 — Horário: 21h00 locais
Estádio: Olímpico de Fisht (Fisht Stadium) — Cidade: Sóchi (Rússia)
Público: 43.866
Árbitro: Gianluca Rocchi (Itália)
Gols: 4′ Cristiano Ronaldo (POR)(pen); 24′ Diego Costa (ESP); 44′ Cristiano Ronaldo (POR); 55′ Diego Costa (ESP); 58′ Nacho (ESP); 88′ Cristiano Ronaldo (POR)
Cartões Amarelos: 17′ Sergio Busquets (ESP); 28′ Bruno Fernandes (POR)
Portugal (4-2-3-1): 1.Rui Patrício; 21.Cédric, 3.Pepe, 6.José Fonte e 5.Raphaël Guerreiro; 14.William Carvalho e 8.João Moutinho; 16.Bruno Fernandes (10.João Mário), 11.Bernardo Silva (20.Ricardo Quaresma) e 17.Gonçalo Guedes (9.André Silva); 7.Cristiano Ronaldo (C). Técnico: Fernando Santos
Espanha (4-2-3-1): 1.David de Gea; 4.Nacho, 3.Gerard Piqué, 15.Sergio Ramos (C) e 18.Jordi Alba; 5.Sergio Busquets e 8.Koke; 6.Andrés Iniesta (10.Thiago), 21.David Silva (11.Lucas Vázquez) e 22.Isco; 19.Diego Costa (17.Iago Aspas). Técnico: Fernando Hierro

… 13/06/2014 – Holanda 5 x 1 Espanha

Três pontos sobre…
… 13/06/2014 – Holanda 5 x 1 Espanha


Arjen Robben liderou a Oranje até as semifinais. Discutivelmente, foi o melhor jogador da Copa de 2014 (Imagem: UOL)

● Quis o destino que a terceira partida da Copa do Mundo de 2014 fosse a reedição da final de 2010. Era o jogo mais esperado da primeira fase. Espanha e Holanda não haviam se enfrentado desde então. Mas as situações das duas seleções estavam muito diferentes de quatro anos antes.

Após o título de 2010, a Espanha entrou para o grupo das grandes seleções do planeta, conquistando o respeito que tanto buscou ao longo das décadas. E continuou dominando o continente ao vencer a Eurocopa de 2012 (goleando a Itália na final por 4 x 0). Aliás, o futebol nunca tinha visto antes uma supremacia tão grande, com a Roja vencendo a Euro 2008, o Mundial de 2010 e a Euro 2012. Desde a Copa de 2010, a Espanha havia jogado 52 vezes, com 38 vitórias, 8 empates e 6 derrotas.

O técnico Vicente Del Bosque se manteve agarrado aos seus medalhões e seguiu leal àqueles que levaram a Fúria às glórias, mesmo com a evidente queda de nível. O estilo de jogo manjado permanecia, mas sem a mesma objetividade de antes. Ainda assim, era difícil de ser batido. Mesmo com uma geração envelhecida, era novamente uma das favoritas para continuar com a taça de campeã do mundo. A equipe jogava por música, com o tiki-taka regido pelos maestros Xavi e Iniesta.

Era um time experiente. Contava com seu capitão Iker Casillas, que havia conquistado a UEFA Champions League pelo Real Madrid vinte dias antes, assim como Sergio Ramos e Xabi Alonso. O time base ainda era o Barcelona, de Xavi, Andrés Iniesta, Gerard Piqué, Sergio Busquets, Jordi Alba e Pedro. O Atlético de Madrid também estava em alta, cedendo Juanfran, Koke, David Villa e Diego Costa.

Eram poucas as diferenças entre os titulares 2010 e 2014. Sérgio Ramos passou para a zaga, no lugar do lesionado Carles Puyol, abrindo vaga para César Azpilicueta na lateral direita. Jordi Alba ocupou a lateral esquerda, no lugar do veterano Joan Capdevila. No ataque, David Villa perdeu a vaga para Diego Costa.

Mas Del Bosque mudou completamente as características do time titular ao inserir Diego Costa no ataque. O brasileiro estava em excelente fase e é um jogador de muita qualidade, mas com virtudes diferentes do restante da equipe. Era (e ainda é) um atacante de força para concluir as jogadas criadas pelo meio campo altamente técnico. Ou daria muito certo, ou daria tudo errado.


A Espanha ainda era considerada a melhor seleção do mundo. Era a favorita destacada, juntamente com o Brasil, dono da casa (Imagem: UOL)

● Por sua vez, a seleção holandesa não vivia uma fase tão boa e raramente era citada no noticiário internacional. Desde a final de 2010, disputou 46 partidas, vencendo 27, empatando 11 e perdendo 8.

O técnico Bert van Marwijk tinha sido demitido após a equipe cair na primeira fase, perder os três jogos e ficar em penúltimo lugar na Euro 2012 (a frente apenas da Irlanda no saldo de gols). Louis van Gaal foi chamado para liderar a Oranje nas eliminatórias para a Copa de 2014, o que conseguiu com sucesso. Sua missão era renovar o elenco e fazer a Laranja voltar a praticar um futebol vistoso.

A renovação foi feita. Eram apenas quatro remanescentes de 2010: Nigel de Jong, Wesley Sneijder, Arjen Robben e Robin van Persie – que era o capitão e, nesse ciclo, se tornou o maior goleador da história de sua seleção.

A linha de frente consagrada seguia a mesma, mas continuava faltando talento nas demais posições. A Oranje estava sob desconfiança. Para atrapalhar ainda mais, dois jogadores importantes no meio campo foram cortados por lesão: Kevin Strootman e o experiente Rafael Van der Vaart.

Na parte final da preparação para a competição, Van Gaal passou a testar uma variação do sistema 5-3-2, quase um 5-4-1. Uma heresia, se comparado ao tradicional e enraizado 4-3-3 holandês. Mas, na prática, além de fortalecer o sistema defensivo, o esquema passou a distribuir melhor os jogadores dentro de campo, de forma que ocupassem o máximo de espaços possíveis.


A Espanha entrou em campo com seu 4-3-3 tradicional, com Iniesta e David Silva nas pontas e Diego Costa se movimentando muito para tentar fazer o pivô.


Van Gaal escalou a Holanda em um inóspito 5-3-2, que havia sido ensaiado desde a lesão de Strootman. Com isso, deu liberdade total a Robben e Van Persie.

● Assim, “Espanha x Holanda” se tornou o primeiro de vários grandes jogos que veríamos na Arena Fonte Nova, em Salvador, pela Copa do Mundo de 2014.

A Espanha entrou em campo pensando em uma vitória protocolar. A Holanda entrou com sangue nos olhos.

No primeiro tempo, a Espanha manteve seu estilo de jogo. O toque de bola envolvente era o mesmo, mas faltava a aproximação do gol adversário. Com a bola nos pés, a Holanda parecia realmente não ser uma adversária à altura. Mas marcava forte, tentando encurtar os espaços no meio e fechando as laterais.

De ambos os lados, as chances apareciam em chutes da intermediária e em bolas cruzadas na área, sem causar maiores ameaças. Mas, no sétimo minuto, a Holanda assustou. Robben deu um passe perfeito, mas Sneijder finalizou em cima de Casillas.

Aos 27 minutos, o eterno maestro Xavi fez um lançamento da intermediária para Diego Costa. O brasileiro dominou dentro da área e deixou o pé para ser tocado pelo carrinho de De Vrij. Costa foi um belo ator e o árbitro italiano Nicola Rizzoli assinalou o pênalti. Na cobrança, Xabi Alonso bateu no canto. Cillessen acertou o lado, mas não conseguiu alcançar a bola. Era o início perfeito para que a hegemonia espanhola se perpetuasse.


Diego Costa cai na área e o árbitro marca pênalti inexistente (Imagem: AP Photo / Wong Maye-E / UOL)

O jogo seguiu e a Holanda não encontrava brechas para tentar o empate. Pelo contrário, corria chances de levar mais. Aos 43′, a Espanha teve uma grande chance para ampliar. O sempre genial Iniesta deu um passe primoroso para David Silva ficar cara do gol, mas ele tentou encobrir Cillessen e o goleiro salvou com a ponta dos dedos.

Como diz um velho ditado: “Quem não faz, leva”. E a Espanha levaria.

No minuto seguinte, Blind recebeu pela esquerda, viu Casillas adiantado e Van Persie se projetando para a área no costado da zaga. O camisa 5 fez um lançamento justo e perfeito para o centroavante, que voou ao encontro da bola, mergulhando em pleno relvado da Arena Fonte Nova, deixando pasmos os 48.173 expectadores. A bola encobriu o goleiro espanhol e morreu no fundo das redes. Uma verdadeira obra de arte.

Um dos gols mais bonitos de todos os Mundiais, que derrubou a invencibilidade de 476 minutos de Casillas sem tomar gols em Copas do Mundo. O último gol que o capitão espanhol havia sofrido tinha sido contra o Chile (2 x 1) ainda na primeira fase da Copa de 2010. Se ele tivesse se mantido sem sofrer gols, bateria o recorde histórico do italiano Walter Zenga, que ficou 517 minutos invicto em 1990.


Robin van Persie e seu lindo mergulho para empatar a partida (Imagem: Giffer.com)

● Esse golaço deu um novo ânimo à Oranje. A Espanha mostrou não ser imbatível. Mas poucos esperavam o que se seguiria depois do intervalo. A Holanda cresceu, se postando mais firme na defesa, pressionando a saída de bola, trocando passes com precisão e aproveitando a velocidade do ataque.

Aos oito minutos, a redenção do craque. Sneijder dominou no meio do campo e abriu para Blind na esquerda. Um novo lançamento perfeito, dessa vez para Arjen Robben. Dentro da área, mesmo cercado, ele faz uma das suas jogadas características. Dominou com a perna esquerda cortando para o meio, passou com facilidade por Piqué e chutou forte para virar o placar e exorcizar o fantasma que lhe assombrou desde o gol feito que errou na final do Mundial quatro anos antes.

A Espanha sentiu o golpe. E a Holanda ainda estava sedenta por gols e vingança. Não bastava vencer. Nessa partida, a Holanda pareceu recordar levemente a “Laranja Mecânica”, aquela de 40 anos antes, que esmagava seus adversários sem dar qualquer chance.

Aos 15′, um contra-ataque de manual iniciado por Janmaat, que passou para Sneijder e partiu para o ataque. Sneijder deixou com Robben, que avançou em velocidade e devolveu para Janmaat, na entrada da área. O lateral ajeitou bonito e Van Persie chutou forte de perna direita. A bomba acertou o travessão e foi para fora.

Aos 19′, Sneijder cobrou falta da ponta esquerda, cruzando para a área. Casillas saiu mal do gol, se chocando com Van Persie e pedindo, em vão, a falta que não existiu. No segundo pau, De Vrij aproveitou a sobra e cabeceou para anotar o terceiro gol.

Pensando em um novo gás no ataque e em tentar voltar para o jogo, Del Bosque colocou Pedro e Fernando Torres no ataque. Mas o que já era uma dolorida derrota, ficaria ainda pior. Os ibéricos tentaram sair com tudo para o ataque e ofereceram o contra-golpe aos holandeses – seu maior ponto forte. Com um espaço enorme entre o meio campo e a defesa adversária, Robben e Van Persie deitaram e rolaram.


Arjen Robben deixa Casillas no chão antes de marcar o último gol do jogo (Imagem: Folha / UOL)

No minuto 27, Janmaat cobrou um arremesso lateral, Sérgio Ramos recuperou a bola e a recuou para Casillas. O goleiro dominou errado e perdeu a dividida com Van Persie. O capitão holandês só empurrou para o gol vazio, marcando o quarto.

Enquanto a Espanha torcia pelo final da partida, a Holanda queria ainda mais. E ainda faltavam longos 18 minutos. Três gols atrás, a Fúria atacava desordenadamente e deixava espaços na marcação.

Aos 35, Arjen Robben (sempre ele) bateria o último dos cinco pregos no caixão do campeão do mundo. Após um roubo de bola no meio campo, Sneijder fez um lançamento em profundidade para Robben. O camisa 11 ganhou em velocidade de Sergio Ramos, dominou já deixando Casillas no chão, cortou de volta para o meio e bateu de esquerda. Nessa arrancada, Robben bateu o recorde de velocidade de um jogador em Copas do Mundo, com 37 km/h. A marca anterior era de Theo Walcott, com 35,7 km/h. Mas não bastava apenas marcar o gol. Antes, era preciso humilhar Casillas, com uma sequência de dribles em cima do capitão espanhol, que ficou estatelado no chão. Era a vingança pessoal de Robben contra o mesmo Casillas que lhe negou o gol do título quatro anos antes.

Mas o placar só não foi mais amplo, porque no final da partida, os holandeses preferiram lances de efeito ao invés de qualquer nova tentativa de gol. Ainda assim, Casillas fez duas ótimas defesas impedindo um vexame ainda maior.


O consagrado Iker Casillas dessa vez não se deu muito bem contra a Espanha (Imagem: UOL)

● A Bahia é a terra da alegria, que dessa vez foi holandesa. Aos espanhóis, apenas a perplexidade de não saber nem o que estava acontecendo. Foi emblemático o momento em que Del Bosque passou a mão sobre a cabeça de todos os seus reservas, incrédulos, com lágrimas nos olhos.

A vitória esmagadora sobre a campeã do mundo fez a seleção holandesa recuperar a confiança. A equipe que era cotada para sofrer um vexame, dava ela própria uma surra em um grande rival. Difícil falar em vingança de 2010, já que não valeu o título mundial. Mas valeu a desforra.

A humilhação estava completa. Em toda a história, essa foi a maior derrota sofrida por uma seleção que ostentava o título de campeã mundial. E a derrota por 5 a 1 ficou até barata. Poderiam ter sido pelo menos 7 a 1 – placar que viríamos mais tarde entre duas outras favoritas.

A Espanha perdeu toda sua motivação e a aura de invencível. Na sequência, foi derrotada pelo bravo Chile por 2 a 0. Já eliminada, venceu a Austrália por 3 x 0. Voltar para casa mais cedo não estava nos planos dos espanhóis, mas serviu para trazê-los de volta à realidade.

O bom resultado embalou a Oranje na competição. Teve trabalho para bater a Austrália por 3 x 2, mas venceu o Chile por 2 x 0 e garantiu o primeiro lugar do Grupo B. Nas oitavas de final, vitória controversa sobre o México por 2 x 1, com um gol de pênalti (inexistente) nos últimos minutos. Nas quartas de final, parou no paredão da Costa Rica e venceu nos pênaltis. Nas semifinais, após novo empate sem gols, perdeu nas penalidades para a Argentina. Mas saiu do torneio em alta, após terminar em 3º lugar, ao derrotar o anfitrião Brasil por 3 x 0. Era mais do que esperavam no início do Mundial, mas menos do que seu potencial demonstrou na competição.


Louis van Gaal conseguiu “espremer a laranja” e tirou o melhor de sua equipe na partida (Imagem: UOL)

FICHA TÉCNICA:

 

HOLANDA 5 x 1 ESPANHA

 

Data: 13/06/2014

Horário: 16h00 locais

Estádio: Arena Fonte Nova

Público: 48.173

Cidade: Salvador (Brasil)

Árbitro: Nicola Rizzoli (Itália)

 

HOLANDA (5-3-2):

ESPANHA (4-2-3-1):

1  Jasper Cillessen (G)

1  Iker Casillas (G)(C)

7  Daryl Janmaat

22 César Azpilicueta

2  Ron Vlaar

3  Gerard Piqué

3  Stefan de Vrij

15 Sergio Ramos

4  Bruno Martins Indi

18 Jordi Alba

5  Daley Blind

16 Sergio Busquets

6  Nigel de Jong

14 Xabi Alonso

8  Jonathan de Guzmán

8  Xavi

10 Wesley Sneijder

6  Andrés Iniesta

11 Arjen Robben

21 David Silva

9  Robin van Persie (C)

19 Diego Costa

 

Técnico: Louis van Gaal

Técnico: Vicente del Bosque

 

SUPLENTES:

 

 

23 Tim Krul (G)

12 David de Gea (G)

22 Michel Vorm (G)

23 Pepe Reina (G)

12 Paul Verhaegh

2  Raúl Albiol

13 Joël Veltman

5  Juanfran

14 Terence Kongolo

4  Javi Martínez

16 Jordy Clasie

17 Koke

18 Leroy Fer

10 Cesc Fàbregas

20 Georginio Wijnaldum

20 Santi Cazorla

17 Jeremain Lens

13 Juan Mata

15 Dirk Kuyt

11 Pedro

21 Memphis Depay

7  David Villa

19 Klaas-Jan Huntelaar

9  Fernando Torres

 

GOLS:

27′ Xabi Alonso (ESP) (pen)

44′ Robin van Persie (HOL)

53′ Arjen Robben (HOL)

64′ Stefan de Vrij (HOL)

72′ Robin van Persie (HOL)

80′ Arjen Robben (HOL)

 

CARTÕES AMARELOS:

25′ Jonathan de Guzmán (HOL)

41′ Stefan de Vrij (HOL)

65′ Iker Casillas (ESP)

66′ Robin van Persie (HOL)

 

SUBSTITUIÇÕES:

62′ Diego Costa (ESP) ↓

Fernando Torres (ESP) ↑

 

62′ Xabi Alonso (ESP) ↓

Pedro (ESP) ↑

 

62′ Jonathan de Guzmán (HOL) ↓

Georginio Wijnaldum (HOL) ↑

 

77′ Stefan de Vrij (HOL) ↓

Joël Veltman (HOL) ↑

 

78′ David Silva (ESP) ↓

Cesc Fàbregas (ESP) ↑

 

79′ Robin van Persie (HOL) ↓

Jeremain Lens (HOL) ↑


As manchetes dos principais jornais espanhóis foram tão cruéis quanto a goleada sofrida (Imagem: El Universo)

Gols da partida:

… 01/06/1986 – Brasil 1 x 0 Espanha

Três pontos sobre…
… 01/06/1986 – Brasil 1 x 0 Espanha


Casagrande lutando pela bola contra a zaga espanhola (Imagem: Futebol Nostálgico)

● Em 1983, alegando dificuldades econômicas, a Colômbia passou ao México a honra e a responsabilidade de sediar a Copa do Mundo de 1986. Assim, dezesseis anos depois, o México se tornou o primeiro país a receber duas edições do torneio. No Brasil, o sentimento era de nostalgia e superstição. Todos confiavam que a Seleção reencontraria o espírito vencedor de 1970, quando conquistou o tricampeonato no mesmo solo mexicano.

Após a derrota na Espanha em 1982, Telê Santana pediu demissão no fim daquele ano. Para substituí-lo, foi contratado Carlos Alberto Parreira, depois Edu Coimbra (irmão de Zico) e, por último, Evaristo de Macedo. Como nenhum deles alcançou os resultados esperados, a CBF atendeu aos apelos da torcida e convidou Telê para ser técnico novamente, às vésperas das eliminatórias.

Telê jamais teve o time definido, sob o pretexto de que sua equipe ideal ainda não estava completa. Ele ainda confiava no elenco de 1982, que, claramente, já não era mais o mesmo de antes. Seu time ideal era: Carlos; Leandro, Oscar, Edinho e Júnior; Cerezo, Falcão, Zico e Sócrates; Renato e Casagrande. Dirceu era o 12º homem.

Devido à indefinição da recuperação física de alguns atletas, foram 29 jogadores convocados para os treinamentos na Toca da Raposa, em Belo Horizonte, com muita briga por posição. Foram pouco menos de quatro meses de treinamentos, com dezenas de times escalados sem que se definisse o time titular. Essa forte concorrência e a convivência por tanto tempo resultou em brigas, discussões, fuga para as baladas, desencontros dentro e fora de campo.


Sócrates, Casagrande e Careca: esperanças de gol da Seleção Canarinho em 1986 (Imagem: Pedro Martinelli / Veja)

Em uma noite de folga da concentração, oito jogadores estenderam a diversão madrugada adentro. No retorno, seis deles pularam o muro da Toca da Raposa e não foram flagrados. Mas o lateral Leandro era o mais embriagado e não conseguiu voltar, entrando pela porta da frente carregado por Renato Gaúcho. Três meses depois, na hora de definir os cortes finais no elenco, Renato foi excluído por Telê, enquanto Leandro foi perdoado. Em solidariedade ao companheiro, Leandro decidiu abandonar a seleção no dia do embarque para o México. Zico e Júnior ainda foram à sua casa e tentaram fazê-lo mudar de ideia, mas ele já estava decidido a não ir. Mas o motivo alegado por Leandro é que ele estava atuando como zagueiro no Flamengo e não queria atuar mais como lateral direito, pois esta posição exigia um maior esforço físico que seu corpo não conseguia mais realizar.

Com a saída de Renato Gaúcho, todos os pontas da delegação acabaram cortados: além de Renato, não viajaram Marinho, Éder e Sídnei. Como crítica, ficou famoso o bordão “Bota ponta, Telê!”, criado por Jô Soares em seu personagem “Zé da Galera” no programa “Viva o Gordo”, na TV Globo.

Havia ainda a incerteza em torno das condições físicas de Zico. Foi lhe dado tempo para se recuperar durante o Mundial, mas Dirceu e Toninho Cerezo foram cortados, o que foi traumático para o grupo.

A desconfiança com o escrete canarinho era tão grande, que dois meses antes da Copa, Pelé, então com 45 anos de idade, declarou à revista Veja: “Posso ajudar o Brasil. Se o Telê me der tempo para me preparar, eu jogo pelo menos 45 minutos”.

Por sua vez, a Espanha estava em grande fase, invicta a oito jogos. Contava com uma boa geração, que tinha sido vice-campeã da Eurocopa de 1984. Além disso, na época em que eram mais raros jogadores estrangeiros em times europeus, os craques locais provavam sua qualidade ao emplacarem três times entre os finalistas das três competições mais importantes do continente: o Barcelona foi vice-campeão da Copa da Europa (atual UEFA Champions League), o Real Madrid foi campeão da Copa da UEFA (atual UEFA Europa League) e o Atlético de Madrid foi vice-campeão da Recopa Europeia (torneio extinto em 1999).

Além de bons jogadores como o goleiro Zubizarreta, o defensor Camacho, o meia Míchel e os atacantes Julio Salinas e Butragueño, o apelido de “Fúria” se justificava também por outros “atributos” muito bem simbolizados pelo zagueiro Andoni Goikoetxea. O jogador do Athletic ganhou o apelido de “Açougueiro de Bilbao” depois de romper os ligamentos do tornozelo de Diego Armando Maradona em 1983, quando este jogava pelo Barcelona. Dois anos antes, Goikoetxea quase encerrou a carreira do meia alemão Bernd Schuster, também do Barça.


O Brasil atuou no 4-4-2. Júnior e Sócrates eram dois dínamos no meio campo. Os volantes e os laterais também apoiavam com frequência.


Miguel Muñoz escalou a Espanha em uma formação 4-4-2, quase com duas linhas de 4 e os avanços dos meias Míchel e Julo Alberto. No ataque, contava com o faro de gol de Julio Salinas e Butragueño. Na defesa, destaque para o jovem goleiro Zubizarreta e para o capitão Camacho.

● Curiosamente, nos protocolos iniciais dessa partida, ao invés de executar o Hino Nacional Brasileiro, foi tocado o Hino à Bandeira.

No onze inicial, à exceção de Edinho, Sócrates e Júnior, a Seleção Brasileira era praticamente estreante em Copas do Mundo e a torcida temia que os atletas sentissem a pressão. Assim, pouco antes do jogo, o técnico Telê Santana cogitou sacar o goleiro Carlos e o zagueiro Júlio César, para entrar os mais experientes Leão e Oscar. Felizmente isso não foi feito.

Júlio César, de apenas 23 anos, anulou o badalado atacante Emilio Butragueño, destaque do Real Madrid. Carlos se agigantou no México e se tornou um dos melhores goleiros do Mundial.

Depois de um primeiro tempo equilibrado e sem grandes chances para nenhum dos dois lados, o Brasil levou um grande susto aos sete minutos da etapa final. O meia Francisco chutou de fora da área, a bola bateu no travessão e claramente cruzou a linha do gol, mas o árbitro australiano Christopher Bambridge e o bandeirinha holandês Jan Keizer não viram o gol legítimo e não validaram o lance.


No chute de Francisco, a bola claramente entrou no gol brasileiro (Imagem: Sebastião Marinho / O Globo)

Mas o travessão não ajudou o Brasil apenas na defesa. Foi fundamental também no ataque.

Aos 16 minutos do segundo tempo, Júnior conduziu a bola pela direita, entrou pelo meio e rolou para Careca. O camisa 9 limpou o lance e chutou com força, de dentro da área. A bola explodiu no travessão, tirando o goleiro Zubizarreta e toda a defesa espanhola da jogada, sobrando limpa para Sócrates, que só teve o trabalho de escorar de cabeça para o gol.

Depois da partida, o técnico espanhol Miguel Muñoz foi ácido ao dizer: “Este Brasil é inferior ao de 1982, porém mais aplicado taticamente. Marca melhor, atira-se com mais vitalidade à luta e pode ter em Sócrates um comandante mais livre para criar. Vai melhorar quando Zico se juntar a Sócrates. Aí vocês terão um grande time. Por enquanto é apenas razoável. Mas os juízes gostam”.

Foi uma atuação muito nervosa e sem inspiração do Brasil. Mas valeu pela estreia com vitória.


Sócrates aproveita o rebote e marca o gol da partida (Imagem: ESPN)

● Esses mesmos problemas se repetiram nas demais partidas. Contra a Argélia, foi um time desorganizado após a lesão que tirou o lateral direito Édson Abobrão da Copa, possibilitando uma pressão argelina na etapa final, até que Careca marcasse o gol da vitória por 1 a 0. Na terceira partida houve uma ingênua impressão de evolução, ao bater a Irlanda do Norte por 3 a 0, incluindo o fabuloso gol de Josimar (substituto de Édson). Mas mesmo terminando na liderança de seu grupo, com 100% de aproveitamento e sem sofrer gols, a Seleção não empolgou em momento algum.

Nas oitavas de final, um alento: goleada sobre a boa seleção polonesa por 4 a 0. Nas quartas de final, o Brasil fez sua melhor partida na Copa, mas empatou com a França, de Michel Platini, por 1 a 1 e perdeu nos pênaltis (4 x 3). Nessa partida, Zico teve a chance de cobrar um pênalti a 17 minutos do fim, logo depois de entrar em campo. O Galo bateu no canto esquerdo e o goleiro francês Joël Bats espalmou. O tetra seria adiado mais uma vez. Assim como em 1978, o Brasil terminou a Copa invicto, mas sem o título.

A Espanha ficou com a segunda vaga do Grupo D, vencendo a Irlanda do Norte por 2 a 1 e a Argélia por 3 a 0. Nas oitavas de final, a Espanha atropelou a surpreendente Dinamarca por 5 a 1. Parou nas quartas, nos pênaltis, após empatar com a Bélgica por 1 a 1 no tempo normal.

Curiosamente, os mexicanos apresentaram a “olla” ao mundo no dia 03 de junho de 1986, na vitória dos anfitriões sobre a Bélgica por 2 x 1. “Olla” significa “onda” em espanhol. Criada pelos mexicanos e hoje praticada pelo mundo afora, é uma coreografia coletiva em que a torcida levanta o corpo e os braços de modo sincronizado, fazendo uma onda “varrer” as arquibancadas. Embora tenha se popularizado no México, seria uma invenção dos americanos.


Seleção Brasileira em formação para foto oficial na partida contra a Espanha (Imagem: CBN)


Seleção espanhola em formação para foto oficial na partida contra o Brasil (Imagem: Efeito Fúria)

FICHA TÉCNICA:

 

BRASIL 1 x 0 ESPANHA

 

Data: 01/06/1986

Horário: 12h00 locais

Estádio: Jalisco

Público: 35.748

Cidade: Guadalajara (México)

Árbitro: Christopher Bambridge (Austrália)

 

BRASIL (4-4-2):

ESPANHA (4-4-2):

1  Carlos (G)

1  Andoni Zubizarreta (G)

2  Édson Boaro

2  Tomás

14 Júlio César

4  Antonio Maceda

4  Edinho (C)

8  Andoni Goikoetxea

17 Branco

3  José Antonio Camacho (C)

19 Elzo

5  Víctor Muñoz

15 Alemão

17 Francisco

6  Júnior

21 Míchel

18  Sócrates

11 Julio Alberto

8  Casagrande

19 Julio Salinas

9  Careca

9  Emilio Butragueño

 

Técnico: Telê Santana

Técnico: Miguel Muñoz

 

SUPLENTES:

 

 

12 Paulo Vítor (G)

13 Javier Urruticoechea (G)

22 Leão (G)

22 Juan Carlos Ablanedo (G)

13 Josimar

15 Chendo

3  Oscar

6  Rafael Gordillo

16 Mauro Galvão

7  Juan Antonio Señor

5  Falcão

14 Ricardo Gallego

20 Silas

18 Ramón María Calderé

21 Valdo

12 Quique Setién

10 Zico

10 Francisco José Carrasco

11 Edivaldo

16 Hipólito Rincón

7  Müller

20 Eloy

 

GOL: 62′ Sócrates (BRA)

 

CARTÕES AMARELOS:

4′ Julio Alberto (ESP)

82′ Branco (BRA)

 

SUBSTITUIÇÕES:

66′ Casagrande (BRA) ↓

Müller (BRA) ↑

 

79′ Júnior (BRA) ↓

Falcão (BRA) ↑

 

82′ Francisco (ESP) ↓

Juan Antonio Señor (ESP) ↑

Melhores momentos:

Partida completa:

… 31/05/1934 – Itália 1 x 1 Espanha

Três pontos sobre…
… 31/05/1934 – Itália 1 x 1 Espanha

“A Batalha de Florença”


(Imagem: Soccer Nostalgia)

● No jogo inaugural da segunda Copa do Mundo de futebol, a Itália havia massacrado os Estados Unidos com impiedosos 7 x 1. Enquanto isso, a Espanha venceu o Brasil com tranquilidade, por 3 x 1. Quis o sorteio feito quatro meses antes que as duas favoritas se encontrassem já nas quartas de final.

Era a partida mais aguardada do campeonato até então. Talvez uma final antecipada. Mas o cenário não era dos mais favoráveis aos espanhóis, já que os italianos jogavam diante de sua torcida e sob o olhar atento do ditador Benito Mussolini, “Il Duce”. Eram mais de 35 mil expectadores ansiosos para ver a vitória do regime fascista sobre qualquer que fosse o adversário. Mas o que assistiram foi mais uma guerra do que um jogo de futebol.


A Itália jogava em uma adaptação do sistema 2-3-5 chamada “Metodo”, que consistia no ligeiro recuo de dois atacantes, deixando o ataque em uma espécia de “W”, com dois meia-atacantes, dois pontas bem abertos e um centroavante.


Nos anos 1930, praticamente todas as equipes atuavam no ofensivo sistema “clássico” ou “pirâmide”, o 2-3-5.

● Segundo Paulo Vinícius Coelho, autor do livro “Os 55 maiores jogos das Copas do Mundo” (2010), “em vez de súmula, o clássico Itália e Espanha poderia ter um boletim de ocorrência, com os nomes das vítimas”.

Em um duelo muito equilibrado, os espanhóis foram superiores técnica e psicologicamente, não dando ouvidos às arquibancadas do estádio Giovanni Berta, que entoavam o slogan fascista “Vitória ou morte”.

A Fúria abriu o placar aos 30 minutos de jogo, com o atacante Luis Regueiro.

Amedrontado, o árbitro belga Louis Baert não teve coragem de expulsar nenhum italiano – apesar muitos merecerem. Especialmente o ótimo centromédio Luisito Monti, que não se furtou a utilizar os mais baixos artifícios e abriu sua “caixa de ferramentas”.

Além disso, o gol italiano foi irregular: o atacante Angelo Schiavio tirou o goleiro espanhol Zamora do lance com uma cotovelada, enquanto a bola ficava livre para Giovanni Ferrari marcar o tento que igualou o placar, a um minuto do intervalo. O juiz fez vista grossa. Esse foi o primeiro e indiscutível grande roubo na história das Copas. Mas a Itália de Mussolini tinha que vencer a qualquer preço.

Na etapa final, a Itália distribuiu pancadas e a Espanha se segurou na defesa, graças ao machucado Zamora e à dupla de zaga Ciriaco e Quincoces (todos do Real Madrid).


Seleção italiana na primeira partida contra a Espanha na Copa do Mundo de 1934 (Imagem: La Nazionale Italiana, 1978 / Soccer Nostalgia)
Em pé: Combi, Monti, Guaita, Schiavio, Allemandi, Ferrari e Castellazzi;
Agachados: Pizziolo, Monzeglio, Meazza e Orsi.


Seleção espanhola na primeira partida contra a Itália na Copa do Mundo de 1934 (Imagem: Todo Sobre La Selección Española, 2006 / Soccer Nostalgia)
Em pé: Iraragorri, Ramón “Moncho” Encinas (assistente técnico), Quincoces, Zamora, Cilaurren, Fede, Lafuente e Regueiro;
Agachados: Ciriaco, Gorostiza e Muguerza.

● Já veterano, o lendário capitão Ricardo “El Divino” Zamora era considerado o melhor goleiro do mundo na época. Ainda hoje ele dá nome à premiação do goleiro menos vazado em cada edição do Campeonato Espanhol. A história conta que ele defendeu cinco bolas praticamente dentro do gol, impedindo a vitória italiana contra os bravos espanhóis.

O placar de 1 x 1 permaneceu no tempo normal. Na prorrogação, o máximo que as equipes conseguiram foi uma bola na trave para cada lado, obrigando a disputa de um jogo extra.


(Imagem: Pinterest)

FICHA TÉCNICA:

 

ITÁLIA 1 X 1 ESPANHA

 

Data: 31/05/1934

Horário: 16h30 locais

Estádio: Giovanni Berta

Público: 35.000

Cidade: Florença (Itália)

Árbitro: Louis Baert (Bélgica)

 

ITÁLIA (2-3-5):

ESPANHA (2-3-5):

Giampiero Combi (G)(C)

Ricardo Zamora (G)(C)

Eraldo Monzeglio

Ciriaco Errasti

Luigi Allemandi

Jacinto Quincoces

Mario Pizziolo

Leonardo Cilaurren

Luis Monti

José Muguerza

Armando Castellazzi

Fede

Enrique Guaita

Ramón de Lafuente

Giuseppe Meazza

José “Chato” Iraragorri

Angelo Schiavio

Isidro Lángara

Giovanni Ferrari

Luis Regueiro

Raimundo Orsi

Guillermo Gorostiza

 

Técnico: Vittorio Pozzo

Técnico: Amadeo García Salazar

 

SUPLENTES:

 

 

Guido Masetti (G)

Juan José Nogués (G)

Giuseppe Cavanna (G)

Ramón Zabalo

Umberto Caligaris

Hilario

Virginio Rosetta

Pedro Solé

Luigi Bertolini

Luis Martín

Attilio Ferraris IV

Martín Marculeta

Mario Varglien I

Chacho

Pietro Arcari

Campanal

Felice Borel II

Crisanto Bosch

Anfilogino Guarisi

Martí Ventolrà

Attilio Demaría

Simón Lecue

 

GOLS:

30′ Luis Regueiro (ESP)

44′ Giovanni Ferrari (ITA)


… 01/06/1934 – Itália 1 x 0 Espanha (Partida de Desempate)


(Imagem: Guerin Sportivo I Mondiali del 1934 / Soccer Nostalgia)

● A partida de desempate, marcada para apenas 24 horas depois, no mesmo estádio, começou com o resultado decidido. Era mera formalidade.

Desgastados pela partida anterior, os dois times estavam bem modificados. A Itália vinha com quatro alterações. A Espanha teve sete atletas “feridos”, já que em guerras não há lesionados (como disse Edgardo Martolio no livro “Glória Roubada”): Ciriaco, Fede, Lafuente, Iraragorri, Gorostiza, Lángara e Zamora, o mais machucado deles, com duas costelas fraturadas após uma didivida na qual o juiz belga nem falta marcou.

Agora havia um outro árbitro em campo, mas Mussolini continuava mandando no apito. Se não fosse capaz de vencer na bola, a “Azzurra” teria toda a ajuda “externa” possível.


A Itália teve quatro alterações em relação ao jogo anterior, mas permaneciam com as peças chave para seu estilo de jogo, especialmente o meia-atacante Giuseppe Meazza e os pontas Enrique Guaita e “Mumo” Orsi.


A seleção espanhola foi obrigada a fazer sete alterações em relação aos atletas que atuaram um dia antes. O sistema tático permaneceu o mesmo, o 2-3-5.

● Quem definiu o resultado foi o juiz suíço René Mercet. Ele deixou a pancadaria rolar solta. Ainda na primeira etapa, o ponta espanhol Crisanto Bosch foi violentamente atingido por Luisito Monti. Como as substituições não eram permitidas na época, ele permaneceu em campo apenas para fazer número.

O substituto de Zamora, Juan José Nogués, que jogava no Barcelona, era um goleiro valoroso, mas não imbatível como o titular. Ele não comprometeu, já que o gol de Giuseppe Meazza, marcado aos 11 minutos do primeiro tempo, foi indefensável. Enquanto Meazza marcava o gol, o argentino Demaría segurava Nogués, impedindo que ele pudesse ir na bola. Era uma artimanha muito utilizada pelos italianos, que não era coibida pela arbitragem.

O árbitro suíço, além de validar o gol irregular do italiano, ainda anulou dois tentos legítimos dos espanhóis no segundo tempo: um de Campanal, após marcar impedimento de Regueiro, que não estava no lance, e outro do próprio Regueiro, depois de ter voltado atrás em uma vantagem e apitado falta para a Espanha depois que a bola já estava nas redes. Dessa vez o roubo foi tão evidente que a FIFA e a federação suíça expulsaram o juiz de seus quadros. Mas nada modificaria a vitória italiana.

Apesar da derrota, os espanhóis foram recebidos como heróis em seu país. A população considerou que seus atletas foram bravos e valentes, enquanto os italianos venceram graças a um jogo sujo. Houve, inclusive, quem contribuísse para que os jogadores recebessem uma medalha de ouro e uma premiação em dinheiro como reconhecimento pelo bela competição que fizeram.


Seleção italiana na partida desempate contra a Espanha na Copa do Mundo de 1934 (Imagem: La Nazionale Italiana, 1978 / Soccer Nostalgia)
Em pé: Vittorio Pozzo (técnico), Combi, Ferraris IV, Allemandi, Monti, Guaita e Carlo Carcano (assistente técnico);
Agachados: Bertolini, Orsi, Monzeglio, Meazza, Borel II e Demaría.


Seleção espanhola na partida desempate contra a Itália na Copa do Mundo de 1934 (Imagem: Todo Sobre La Selección Española, 2006 / Soccer Nostalgia)
Em pé: Campanal, Vantoira, Nogués, Bosch, Zabalo, Muguerza, Chacho, Lecue, Cilaurren;
Agachados: Regueiro e Quincoces.

● Em 1934, a Itália se tornou a única seleção que disputou três jogos de Copa do Mundo em apenas quatro dias. Em 31/05/1934, empatou com a Espanha por 1 x 1. No dia seguinte, venceu o jogo desempate por 1 x 0. No dia 03/06, venceu a Áustria por 1 x 0 na semifinal – quando a arbitragem voltou a favorecer o time local.

Na decisão, outra vitória bastante controversa contra a Tchecoslováquia, de virada, por 2 x 1.

Benito Mussolini levou sua Itália fascista ao título da segunda Copa do Mundo. Festa para os “tifosi” (torcedores) e para “Il Duce”.

Todos temiam ao “Duce”. Após o título, o técnico Vittorio Pozzo fez uma declaração cheia de apologias ao regime fascista, ao comentar sobre os adversários:

“A partida mais difícil de todas foi contra a Espanha. Precisamos passar por 210 minutos de jogo para vencer. Nenhum outro time nos exigiu tanto. Com tal valor se comportaram os espanhóis naquelas duas partidas em Florença, que foram necessários homens de têmpera especial para batê-los, homens fortes e confiantes como só o fascismo pode criar.”


(Imagem: Guerin Sportivo I Mondiali del 1934 / Soccer Nostalgia)

FICHA TÉCNICA:

 

ITÁLIA 1 X 0 ESPANHA

 

Data: 01/06/1934

Horário: 16h30 locais

Estádio: Giovanni Berta

Público: 43.000

Cidade: Florença (Itália)

Árbitro: René Mercet (Suíça)

 

ITÁLIA (2-3-5):

ESPANHA (2-3-5):

Giampiero Combi (G)(C)

Juan José Nogués (G)

Eraldo Monzeglio

Ramón Zabalo

Luigi Allemandi

Jacinto Quincoces (C)

Attilio Ferraris IV

Leonardo Cilaurren

Luis Monti

José Muguerza

Luigi Bertolini

Simón Lecue

Enrique Guaita

Martí Ventolrà

Giuseppe Meazza

Luis Regueiro

Felice Borel II

Campanal

Attilio Demaría

Chacho

Raimundo Orsi

Crisanto Bosch

 

Técnico: Vittorio Pozzo

Técnico: Amadeo García Salazar

 

SUPLENTES:

 

 

Guido Masetti (G)

Ricardo Zamora (G)

Giuseppe Cavanna (G)

Ciriaco Errasti

Umberto Caligaris

Hilario

Virginio Rosetta

Pedro Solé

Armando Castellazzi

Luis Martín

Mario Pizziolo

Martín Marculeta

Mario Varglien I

Fede

Pietro Arcari

Isidro Lángara

Angelo Schiavio

Guillermo Gorostiza

Anfilogino Guarisi

Ramón de Lafuente

Giovanni Ferrari

José “Chato” Iraragorri

 

GOL: 11′ Giuseppe Meazza (ITA)

Resumo rápido da partida:

Algumas imagens da partida:

… 13/06/1998 – Nigéria 3 x 2 Espanha

Três pontos sobre…
… 13/06/1998 – Nigéria 3 x 2 Espanha


Sunday Oliseh marca o gol contra a Espanha, em 1998 (Imagem: AP Photo / Remy de la Mauviniere)

● A Nigéria fez uma boa Copa do Mundo em 1994, caindo nas oitavas de final para a Itália de Roberto Baggio. Nos Jogos Olímpicos de 1996, surpreendeu a todos e conquistou a medalha de ouro. Mais amadurecido, era um time forte, com vários destaques no cenário europeu, como, dentre outros, Taribo West (Inter de Milão), Celestine Babayaro (Chelsea), Sunday Oliseh (Ajax), Jay-Jay Okocha (Fenerbahçe), Nwankwo Kanu (Inter de Milão). Como principal desfalque, o ponta esquerda Emmanuel Amunike, reserva do Barcelona.

Os nigerianos tiveram uma preparação conturbada. O técnico Bora Milutinović quase foi demitido do comando por não ter a simpatia do presidente do país, o general Sami Abacha. O general queria o holandês Jo Bonfrere, que levou o time ao Ouro nas Olimpíadas de Atlanta. Para sorte de Milutinović, três dias antes da estreia, Abacha foi vítima de um ataque cardíaco e faleceu.

Veja mais:
… Julen Guerrero: o Rei Leão de Bilbao
… Daniel Amokachi: lenda do Winning Eleven

Apesar de todos os problemas, o objetivo das “Superáguias” era provar que um time africano poderia ser campeão do mundo pela primeira vez.

A Espanha era cabeça de chave e chegava forte na Copa do Mundo de 1998, recheada de bons jogadores, como o goleiro Zubizarreta, o zagueiro/volante Hierro, os meia-atacantes Luis Enrique e Raúl, além dos atacantes Kiko, Alfonso e Morientes. Sentia falta do volante Guardiola, cortado por lesão. Nesta partida, o objetivo principal da Fúria era estrar com vitória, o que não acontecia desde 1950.


A Nigéria jogou todas suas partidas no 3-5-2, exceto essa. Na estreia, atuou no 4-4-2, com um meio campo em losango e Finidi como atacante aberto pela direita.


Ao contrário da Nigéria, a Espanha jogou as demais partidas no 4-4-2, mas contra os africanos, o técnico Javier Clemente optou pelo 3-5-2. O destaque eram os meias Luis Enrique e Raúl, atacantes em seus clubes. Na prática, a Espanha tinha quatro atacantes, com recomposição defensiva ruim.

● A Espanha começou melhor, pressionando e quase abriu o placar com duas cabeçadas de Raúl. Na primeira, o “goleiro-príncipe” Peter Rufai defendeu. Na segunda, a bola foi por cima do gol.

Mas o gol sairia aos 21 minutos, em uma bela cobrança de falta de Fernando Hierro, a 10 metros da área. Rufai deu um pequeno passo para o lado direito e a bola foi em seu canto esquerdo.

Mas os nigerianos não se abateram e buscaram o empate. Quatro minutos depois, Garba Lawal cobrou escanteio da direita para a pequena área, Mutiu Adepoju subiu mais do que Kiko e marcou de cabeça.

Na volta do intervalo, Hierro fez um lançamento perfeito de 40 metros, para linda conclusão de Raúl, de voleio. Um golaço, que esfriou os ânimos dos africanos.

A partida seguiu equilibrada e com chances para os dois lados.

Mas o destino foi cruel com o grande goleiro Andoni Zubizarreta, em sua quarta Copa. Aos 36 anos, ele era o então recordista de partidas pela seleção de seu país, com 126 jogos disputados e já havia anunciado a aposentadoria para logo depois do torneio.

Em contra-ataque nigeriano, aos 28 minutos, Yekini puxa jogada pelo meio e abre o jogo para Lawal. Ele recebeu a bola pelo lado esquerdo, entrou na área, driblou Iván Campo e cruzou para a área. Era um chute fechado e fraco, sem levar perigo algum, mas Zubizarreta desviou contra as próprias redes. Uma cena rara na carreira do seguro e veterano goleiro.

A Espanha acusou o golpe. O empate recolocou a Nigéria no jogo.

A virada veio aos 33 minutos do segundo tempo. Oliseh aproveitou uma rebatida da zaga espanhola e acertou um belo e potente chute de 116 km/h no canto direito de Zubizarreta, que chegou a tocar na bola, mas não impediu o gol.

Os minutos finais foram de pressão espanhola, mas a defesa nigeriana resistiu e conquistou a vitória.


O capitão Zubizarreta lamenta o segundo gol da Nigéria (Imagem: Ian Waldie / Reuters)

● Foi a primeira partida entre as duas seleções na história.

A Espanha foi eliminada na primeira fase da Copa. Após a estreia, empatou sem gols com o retrancado Paraguai e goleou a envelhecida Bulgária por 6 a 1. Foi a maior goleada da Copa, mas de nada adiantou. Encerrou o grupo D com 4 pontos, atrás dos nigerianos (6 pontos) e paraguaios (5 pontos).

A Nigéria venceu a Bulgária por 1 a 0 e perdeu para o Paraguai por 2 a 1 (com uma equipe mista, com apenas 4 titulares). Despediu-se do Mundial nas oitavas de final, ao perder para a Dinamarca dos irmãos Laudrup por 4 a 1.


Raúl passa por West. Raúl foi um dos destaques da partida (Imagem: Shaun Botterill / Getty Images / Veja)

FICHA TÉCNICA:

 

NIGÉRIA 3 X 2 ESPANHA

 

Data: 13/06/1998

Horário: 14h30 locais

Estádio: Stade de la Beaujoire  – Louis Fonteneau

Público: 35.500

Cidade: Nantes (França)

Árbitro: Esfandiar Baharmast (Estados Unidos)

 

NIGÉRIA (4-4-2):

ESPANHA (3-5-2):

1  Peter Rufai (G)

1  Andoni Zubizarreta (G)(C)

2  Mobi Oparaku

14 Iván Campo

5  Uche Okechukwu (C)

20 Miguel Ángel Nadal

6  Taribo West

4  Rafael Alkorta

3 Celestine Babayaro

2 Albert Ferrer

8  Mutiu Adepoju

6  Fernando Hierro

15 Sunday Oliseh

21 Luis Enrique

10 Jay-Jay Okocha

10 Raúl

11 Garba Lawal

12 Sergi

7  Finidi George

11 Alfonso

20 Victor Ikpeba

19 Kiko

 

Técnico: Bora Milutinović

Técnico: Javier Clemente

 

SUPLENTES:

 

 

12 William Okpara (G)

13 Santiago Cañizares (G)

22 Abiodun Baruwa (G)

22 José Francisco Molina (G)

16 Uche Okafor

15 Juan Carlos Aguilera

21 Godwin Okpara

5  Abelardo

17 Augustine Eguavoen

3  Agustín Aranzábal

19 Benedict Iroha

16 Albert Celades

18 Wilson Oruma

18 Guillermo Amor

4  Nwankwo Kanu

8  Julen Guerrero

13 Tijani Babangida

17 Joseba Etxeberria

14 Daniel Amokachi

9  Juan Antonio Pizzi

9  Rashidi Yekini

7  Fernando Morientes

 

GOLS:

21′ Fernando Hierro (ESP)

24′ Mutiu Adepoju (NIG)

47′ Raúl (ESP)

73′ Andoni Zubizarreta (NIG) (gol contra)

78′ Sunday Oliseh (NIG)

 

CARTÕES AMARELOS:

56′ Guillermo Amor (ESP)

59′ Miguel Ángel Nadal (ESP)

62′ Uche Okechukwu (NIG)

75′ Iván Campo (ESP)

 

SUBSTITUIÇÕES:

INTERVALO Albert Ferrer (ESP) ↓

Guillermo Amor (ESP) ↑

 

58′ Alfonso (ESP) ↓

Joseba Etxeberria (ESP) ↑

 

70′ Mobi Oparaku (NIG) ↓

Rashidi Yekini (NIG) ↑

 

77′ Miguel Ángel Nadal (ESP) ↓

Albert Celades (ESP) ↑

 

83′ Victor Ikpeba (NIG) ↓

Tijani Babangida (NIG) ↑

 

90+3′ Garba Lawal (NIG) ↓

Godwin Okpara (NIG) ↑

Melhores momentos da partida:

… 06/06/1962 – Brasil 2 x 1 Espanha

Três pontos sobre…
… 06/06/1962 – Brasil 2 x 1 Espanha


Paco Gento e Mauro se cumprimentam antes da partida (Imagem: Pinterest)

● Havia uma dúvida muito grande para o confronto entre Brasil e Espanha: quem seria o substituto de Pelé? O Rei se lesionou aos 27 minutos do primeiro tempo da partida anterior, o empate sem gols contra a Tchecoslováquia três dias antes. Com uma distensão no músculo adutor da coxa esquerda, ele estava definitivamente fora do Mundial.

Várias hipóteses foram aventadas: a entrada de Coutinho, passando Vavá mais para a esquerda; a formação de um quadrado no meio-campo, com Zito, Didi, Mengálvio e Zagallo, ficando Garrincha e Vavá no ataque; ou simplesmente a escalação do reserva imediato de Pelé, o botafoguense Amarildo.

Veja mais:
… 30/05/1962 – Brasil 2 x 0 México
… 02/06/1962 – Brasil 0 x 0 Tchecoslováquia
… 10/06/1962 – Brasil 3 x 1 Inglaterra
… 13/06/1962 – Brasil 4 x 2 Chile

Sabiamente, o técnico Aymoré Moreira optou pela solução mais natural: a entrada de Amarildo, apelidado pelo dramaturgo Nelson Rodrigues de “O Possesso”.

A Espanha contava com uma legião estrangeira naturalizada: José Emilio Santamaría, zagueiro uruguaio; Eulogio Martínez, atacante paraguaio; Alfredo Di Stéfano, atacante argentino, que chegou à Copa lesionado e não disputou nenhuma partida; e Ferenc Puskás, atacante húngaro, com experiência anterior na Copa de 1954 pela vice-campeã Hungria. Mas desses, apenas Puskás jogou (e muito bem) contra o Brasil.


O Brasil atuava como em 1958, em um falso 4-2-4, se transformando em um 4-3-3 com o recuo voluntário de Zagallo


A Espanha jogava em um misto de WM e 4-2-4

● Foi um jogo muito difícil. O Brasil entrou em campo nervoso e com Zagallo recuado além da conta. A Espanha sufocou e saiu na frente aos 35 minutos do primeiro tempo. Adelardo tabela com Puskás e chuta rasteiro antes da chegada de Zito, da meia-lua, no canto direito de Gylmar.

Apesar da boa movimentação de Amarildo, a Seleção sentia falta de Pelé (e quem não sentiria?!). Mas além da disposição e bom futebol de Amarildo, Garrincha também brilhava, infernizando os espanhóis pela ponta direita.

No segundo tempo, as coisas poderiam ter se complicado de vez para o Brasil. O espanhol Enrique Collar driblou Nilton Santos e foi derrubado pelo lateral brasileiro, dentro da área. Experiente e “malandro”, Nilton deu dois passos para frente, indicando ao árbitro chileno Sergio Bustamante que a infração teria ocorrido fora da área. O juiz foi na dele e marcou falta ao invés de pênalti. Entretanto, na cobrança dessa mesma falta, Puskás cruzou, Zózimo errou o tempo de bola e Joaquin Peiró marcou um golaço de bicicleta. Novamente o árbitro beneficiou o Brasil e anulou o gol, alegando não se sabe o quê – não houve impedimento e nem jogo perigoso, pois Peiró estava a um metro e meio de Zózimo.

Reanimado, o Brasil começou a dominar a partida e foi para cima. Aos 27 minutos do segundo tempo, Zito passa para Zagallo, que cruza da esquerda, rasteiro, e Amarildo emenda de primeira, com violência, marcando o gol de empate.

O Brasil virou aos 41 minutos, quando Garrincha fez das suas jogadas individuais pela direita, passou por dois marcadores e cruzou da linha de fundo, na cabeça de Amarildo, que cabeceou bem, sem chances para o goleiro Araquistáin.


Seleção Brasileira campeã da Copa do Mundo de 1962, no Chile (Imagem: UOL Esporte)
Em pé: Djalma Santos, Zito, Gylmar, Zózimo, Nilton Santos e Mauro.
Agachados: Garrincha, Didi, Vavá, Amarildo e Zagallo.

● Com duas vitórias e um empate, o Brasil estava classificado para as quartas de final em primeiro lugar do grupo 3. Tão importante quanto a classificação, foi o acerto na escalação de Amarildo.

Antes da partida, o técnico da Espanha, o franco-argentino Helenio Herrera, disse que o Brasil ficava muito fraco sem Pelé e chegou a perguntar quem era Amarildo. E “O Possesso” deu seu cartão de visitas a Herrera, anotando os dois gols.

Após a vitória, Pelé se emocionou e entrou de roupa e tudo debaixo do chuveiro para abraçar Amarildo, seu substituto e herói brasileiro na partida. Amarildo teve um “dia de Pelé”.

Se a Espanha vencesse, seria líder do grupo, com 4 pontos e o Brasil poderia ser eliminado (dependendo do resultado entre México x Tchecoslováquia). Como a Espanha perdeu e o México venceu, a Espanha acabou eliminada e em último lugar no grupo, o que impediu que Don Alfredo Di Stefano entrasse em campo em uma Copa do Mundo. A lenda do Real Madrid estava machucado e só poderia disputar a fase seguinte.

FICHA TÉCNICA:

 

BRASIL 2 x 1 ESPANHA

 

Data: 06/06/1962

Horário: 15h00 locais

Estádio: Sousalito

Público: 18.715

Cidade: Viña del Mar (Chile)

Árbitro: Sergio Bustamante (Chile)

 

BRASIL (4-2-4):

ESPANHA (WM):

1  Gylmar (G)

1  José Araquistáin (G)

2  Djalma Santos

17 Rodri

3  Mauro (C)

7  Luis María Echeberría

5  Zózimo

10 Sígfrid Gràcia

6  Nilton Santos

22 Martí Vergés

4  Zito

13 Pachín

8  Didi

4 Enrique Collar (C)

7  Garrincha

12 Joaquín Peiró

19 Vavá

14 Ferenc Puskás

20 Amarildo

18 Adelardo

21 Zagallo

9 Francisco Gento

 

Técnico: Aymoré Moreira

Técnico: Helenio Herrera

 

SUPLENTES:

 

 

22  Castilho (G)

3  Carmelo (G)

12 Jair Marinho

2  Salvador Sadurní (G)

13 Bellini

8  Jesús Garay

14 Jurandir

11 Feliciano Rivilla

15 Altair

19 José Emilio Santamaría

16 Zequinha

16 Severino Reija

17 Mengálvio

20 Joan Segarra

18 Jair da Costa

5  Luis del Sol

9  Coutinho

15 Eulogio Martínez

10 Pelé

21 Luis Suárez

11 Pepe

6  Alfredo Di Stéfano

 

GOLS:

35′ Adelardo (ESP)

72′ Amarildo (BRA)

86′ Amarildo (BRA) 

Melhores momentos da partida:

Jogo completo:

● Posteriormente, o Brasil venceria a Inglaterra nas quartas de final (3 x 1), o anfitrião Chile nas semifinais (4 x 2) e a Tchecoslováquia na final (3 x 1), se sagrando bicampeão do mundo.

A média de idade do Brasil de 1962, com 30 anos e seis meses é a mais alta de uma seleção campeã mundial. A Itália de 2006 vem em segundo, com 29 anos e dois meses.

A Seleção Brasileira de 1962 foi o campeão que utilizou menos jogadores em uma Copa do Mundo. Foram apenas doze. A única substituição foi justamente Amarildo no lugar de Pelé.

“Em 1962, com a contusão de Pelé, descobriu-se um outro Garrincha. De repente, parou de brincar, ficou sério, compenetrado de que a conquista da Copa dependia dele. Quase sozinho, ganhou a Copa. Fez o que nunca tinha feito. Gols de cabeça, pé esquerdo, folha-seca. E driblou como um endiabrado, endoidando os adversários.” ― Sandro Moreyra, jornalista, botafoguense e amigo do Mané.

… 30/05/1962 – Brasil 2 x 0 México

Três pontos sobre…
… 30/05/1962 – Brasil 2 x 0 México

Cumprimentos iniciais dos capitães e arbitragem (Imagem: FIFA)

● A Seleção Brasileira era a então campeã do mundo e, por isso, não precisou disputar as eliminatórias, já tendo vaga assegurada na Copa.

A superstição era tão grande que o presidente da CBD, João Havelange, resolveu repetir tudo que havia funcionado quatro anos antes, inclusive o fato de ele próprio não viajar com a equipe. Escolheu novamente como chefe da delegação o “Marechal da Vitória”, Paulo Machado de Carvalho (fundador da Rede Record de Televisão). O próprio Doutor Paulo partilhava dessas ideias e usou o mesmo terno marrom que lhe serviu de amuleto na Suécia. Convidou o mesmo comandante Guilherme Bungner para pilotar a mesma aeronave DC-8 da Panair. Superstição levada ao extremo, tanto que Bungner deixou o cavanhaque crescer para ficar com a mesma cara de 1958.

A imprensa não ficou de fora: depois da vitória contra o México na estreia, a CBD obrigou todos os jornalistas a trabalharem sempre com a roupa daquele primeiro jogo; quem mudasse qualquer peça, era impedido de entrar na tribuna da imprensa.

Veja mais:
… 02/06/1962 – Brasil 0 x 0 Tchecoslováquia
… 06/06/1962 – Brasil 2 x 1 Espanha
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Na comissão técnica, duas alterações: a extinção do cargo de psicólogo, já que o Brasil tinha superado o “complexo de vira-lata”. Outra (e mais importante) foi o técnico. Vicente Feola estava enfermo, com problemas cardíacos crônicos, e recebeu um cargo apenas simbólico de supervisor. O treinador escolhido foi Aymoré Moreira, primeiro ex-jogador da Seleção Brasileira a dirigir o país em uma Copa (Aymoré foi goleiro e jogou três partidas pela Seleção na década de 1930).

Foram mantidos 14 jogadores campeões de 1958. A equipe titular tinha a mesma base, com alterações apenas na defesa: Djalma Santos, Mauro e Zózimo entraram no lugar de De Sordi, Bellini e Orlando. Mauro, inclusive, se tornou o capitão, sucedendo Bellini. Se alguns jogadores estavam mais velhos, não menos verdade, se tornaram mais experientes. Novos valores estavam despontando e outros se firmando no cenário mundial, caso específico do Rei Pelé, que estava em seu auge.

 O Brasil atuava como em 1958, em um falso 4-2-4, se transformando em um 4-3-3 com o recuo voluntário de Zagallo

 O México atuava como quase todos, em um 4-2-4, com seus meias recuando bastante para marcar

● A estreia era aguardada com imensa expectativa. O povo brasileiro esperava uma goleada sobre os mexicanos, como as estreias de 1950 e 1954. Mas não contavam com uma atuação inspiradíssima do goleiro Carbajal, em sua quarta Copa do Mundo (disputaria cinco: 1950, 1954, 1958, 1962 e 1966). Ele fechou a meta no primeiro tempo e o placar zerado foi comemorado por sua equipe no intervalo. Foi uma decepção para os expectadores.

O poderoso ataque com Garrincha, Didi, Vavá, Pelé e Zagallo só conseguiu funcionar no segundo tempo, graças a duas jogadas do Rei Pelé. Aos 11 minutos, ele cruza da direita a meia altura e Zagallo mergulha e cabeceia rente ao chão, abrindo o placar. Esperava-se que os mexicanos se lançassem ao ataque em busca do empate, mas eles preferiram continuar jogando na defesa. Assim, somente aos 28 minutos saiu o segundo gol. Pelé domina na direita, passa por dois marcadores com um só toque, ganha dividida contra outro adversário, dribla Cárdenas ao entrar na área e chuta de pé esquerdo, no canto direito do goleiro.

Garrincha dribla, sob olhar atento de Pelé (Imagem: Remezcla)

● Curiosamente, o treino do Brasil antes da primeira partida na Copa teve mais público do que a própria estreia. Como a entrada para os treinamentos era gratuita, cerca de 11 mil pessoas foram ao estádio. Já na vitória por 2 a 0 sobre o México, 10.484 torcedores assistiram ao jogo.

Esse seria o único gol de Pelé na Copa de 1962, pois se lesionou no jogo seguinte, um empate sem gols com a Tchecoslováquia, e sem condições físicas, não voltou a atuar na competição.

Apesar do placar sem sobressaltos, o desempenho gerou dúvidas quanto à possibilidade do bicampeonato.

O Brasil acompanhou esta partida, assim como todas as outras, pelas ondas do rádio. As imagens de televisão só seriam exibidas dois ou três dias depois, em videoteipe, gravados graças aos esforços da Televisa, maior TV do México.

Por fim, o México seria eliminado ainda na fase de grupos, mas com resultados honrosos: derrota para a Espanha por 1 x 0 e vitória contra a futura vice-campeã Tchecoslováquia por 3 x 1. Foi a primeira vitória do México em Copas do Mundo, em 13 jogos (12 derrotas e um empate).

FICHA TÉCNICA:

 

BRASIL 2 x 0 MÉXICO

 

Data: 30/05/1962

Horário: 15h00 locais

Estádio: Sousalito

Público: 10.484

Cidade: Viña del Mar (Chile)

Árbitro: Gottfried Dienst (Suíça)

 

BRASIL (4-2-4):

MÉXICO (4-2-4):

1  Gylmar (G)

1 Antonio Carbajal (G)(C)

2  Djalma Santos

2  Jesús del Muro

3  Mauro (C)

5  Raúl Cárdenas

5  Zózimo

3 Guillermo Sepúlveda

6  Nilton Santos

4  José Villegas

4  Zito

6  Pedro Nájera

8  Didi

8 Salvador Reyes

7  Garrincha

7 Alfredo del Águila

19 Vavá

9  Héctor Hernández

10 Pelé

19 Antonio Jasso

21 Zagallo

11 Isidoro Díaz

 

Técnico: Aymoré Moreira

Técnico: Ignacio Trelles

 

SUPLENTES:

 

 

22  Castilho (G)

12 Jaime Gómez (G)

12 Jair Marinho

22 Antonio Mota (G)

13 Bellini

13 Arturo Chaires

14 Jurandir

15 Ignacio Jáuregui

15 Altair

14 Pedro Romero

16 Zequinha

16 Salvador Farfán

17 Mengálvio

18 Alfredo Hernández

18 Jair da Costa

20 Mario Velarde

9  Coutinho

10 Guillermo Ortiz

20 Amarildo

17 Felipe Ruvalcaba

11 Pepe

21 Alberto Baeza

 

GOLS:

56′ Zagallo (BRA)

73′ Pelé (BRA)

 Reportagem sobre o jogo Brasil x México:

Jogo completo:

… 27/05/1934 – Espanha 3 x 1 Brasil

Três pontos sobre…
… 27/05/1934 – Espanha 3 x 1 Brasil


Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 1934 (Imagem: UOL)

● Como veremos no próximo dia 14/07, os cartolas brasileiros não aprenderam a lição. Se em 1930 a discórdia era entre cariocas e paulistas, para a Copa de 1934 a briga foi entre amadores e profissionais. O profissionalismo no futebol nacional foi regulamentado em 1933 e a CBD (Confederação Brasileira de Desportos, atual CBF) era adepta ao amadorismo (atrasada desde sempre…).

Com apenas 17 atletas, o fato é que a Seleção Brasileira foi montada com um “catado” de nove jogadores do Botafogo (único time forte que ainda era filiado a uma liga amadora), reforçado por um ou outro jogador profissional, como Luisinho, Patesko e o jovem Leônidas da Silva. Se o técnico oficial era Luiz Vinhais, quem fez a “convocação”, escalou e mandou em tudo era mesmo o cartola botafoguense Carlito Rocha.

Foram doze dias de viagem no navio Conte de Biancamano, onde os jogadores treinavam no convés do jeito que dava. Ao desembarcar na Itália, os brasileiros não sabiam que enfrentariam uma das melhores seleções do mundo na época. Os espanhóis tinham uma das defesas mais entrosadas da história, com Zamora, Ciriaco e Quincoces, todos do Real Madrid há mais de três anos.

Nos anos 1930, todas as equipes atuavam no ofensivo sistema “clássico” ou “pirâmide”, o 2-3-5.

● Com os jogadores fora de forma e sem inspiração, o Brasil começou mal. Logo nos primeiros minutos, era claro que a Espanha estava melhor no jogo, enquanto os brasileiros dependiam do talento individual de Leônidas e Waldemar de Brito. Porém, a Fúria abriu 3 a 0 antes da primeira meia hora de jogo, com dois gols de Iraragorri e um de Langara, mas acabou sendo beneficiada por um grave erro de arbitragem: Quincoces evitou um gol com o braço em cima da linha quando o Brasil perdia por 1 a 0. Poderia ser o gol de empate, mas a arbitragem não viu.

No segundo tempo, a Espanha tentou segurar e o Brasil foi para cima, diminuindo o prejuízo com Leônidas, aos 11 minutos. Aos 15, Luisinho marcou o segundo, mas o árbitro anulou por impedimento, gerando grande reclamação dos sul-americanos. Dois minutos depois, Waldemar de Brito trombou com Ciriaco na área e o árbitro assinalou pênalti. O próprio Waldemar bateu e Zamora defendeu no canto esquerdo, enterrando de vez as esperanças brasileiras.

Veja mais:
… 31/05/1934 – Itália 1 x 1 Espanha

● Ricardo Zamora estava com 33 anos e já era um mito em seu país. Por lá, ele é considerado o maior goleiro do mundo em todos os tempos. Tanto, que o troféu do goleiro menos vazado do Campeonato Espanhol leva seu nome. Reza a lenda que ele tinha um olhar hipnótico, que desconcentrava os batedores de pênaltis. Dizem também que em 1930, o Real Madrid o contratou junto ao Espanyol por uma quantia suficiente para comprar cinco times inteiros.

Ricardo Zamora (Imagem: Alchetron)

Waldemar de Brito ficou marcado como o primeiro jogador a perder um pênalti pela Seleção Brasileira em uma Copa do Mundo. Ele entraria na história também alguns anos depois, quando era técnico do Bauru Atlético Clube (o Baquinho) em 1954 e descobriu um garoto de 14 anos. Dois anos depois, resolveu levá-lo para o Santos. O garoto era simplesmente Pelé.

Apesar do preço elevado dos ingressos, o público da partida foi considerado excelente. Além disso, as colinas e os telhados das casas nas imediações do Estádio Comunale Marassi também estavam repletos de pessoas.

A Copa de 1934 (assim como a de 1938) foi no formato eliminatório, começando direto nas oitavas de final. Ou seja, com a derrota, o Brasil foi eliminado logo na primeira partida, terminando em 14º lugar entre 16 seleções.

A Espanha foi eliminada na fase seguinte para a anfitriã (e futura campeã) Itália em uma batalha sangrenta de 210 minutos (um jogo com prorrogação e um jogo desempate), com um gol decisivo do mítico Giuseppe Meazza.

FICHA TÉCNICA:

 

ESPANHA 3 X 1 BRASIL

 

Data: 27/05/1934

Horário: 16h30 locais

Estádio: Comunale Marassi (atual Luigi Ferraris)

Público: 21.000

Cidade: Gênova (Itália)

Árbitro: Alfred Birlem (Alemanha)

 

ESPANHA (2-3-5):

BRASIL (2-3-5):

Ricardo Zamora (G)(C)

Roberto Gomes Pedrosa (G)

Ciriaco Errasti

Sylvio Hoffmann

Jacinto Quincoces

Luís Luz

Leonardo Cilaurren

Tinoco

José Muguerza

Martim
Silveira (C)

Martín Marculeta

Canalli

Ramón de Lafuente

Luisinho Mesquita de Oliveira

José “Chato” Iraragorri

Waldemar de Brito

Isidro Lángara

Leônidas da Silva

Simón Lecue

Armandinho

Guillermo Gorostiza

Patesko

 

Técnico: Amadeo García Salazar

Técnico: Luiz Augusto Vinhais

 

SUPLENTES:

 

 

Juan José Nogués (G)

Germano (G)

Ramón Zabalo

Octacílio

Hilario

Ariel

Pedro Solé

Waldyr

Luis Regueiro

Áttila

Luis Martín

Carvalho Leite

Fede

 

Chacho

 

Campanal

 

Crisanto Bosch

 

Martí Ventolrà

 

 

GOLS:

18′ José Iraragorri (ESP) (pen)

25′ José Iraragorri (ESP)

29′ Isidro Lángara (ESP)

54′ Leônidas da Silva (BRA)

Reportagem da TV Cultura sobre a participação brasileira na Copa de 1934: