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… 16/07/1994 – Suécia 4 x 0 Bulgária

Três pontos sobre…
… 16/07/1994 – Suécia 4 x 0 Bulgária


(Imagem: Getty Images)

● Na véspera da final da Copa do Mundo, três dias depois de perder nas semifinais, a Suécia retornou ao estádio Rose Bowl, em Pasadena, para enfrentar a Bulgária pela disputa do terceiro lugar. As duas seleções tinham se classificado para a Copa no mesmo grupo das Eliminatórias europeias, deixando a França de fora.

A Suécia empatou com Camarões na estreia por 2 a 2. Depois, venceu a Rússia por 3 a 1. Segurou o Brasil e empatou por 1 a 1. Nas oitavas de final, bateu a surpreendente Arábia Saudita por 3 a 1. Nas quartas de final, fez um jogo proibido para cardíacos, com muito equilíbrio, contra a Romênia, empatando por 1 a 1 no tempo normal, outro 1 a 1 na prorrogação, e vencendo por 5 a 4 nas penalidades máximas. Nas semifinais, parou no futuro campeão Brasil, caindo com um magro e digno 1 a 0.

A Bulgária estreou perdendo por 3 a 0 para a Nigéria. Depois, goleou a Grécia por 4 a 0 e surpreendeu vencendo a Argentina por 2 a 0. Nas oitavas, precisou dos pênaltis (3 x 1) para passar pelo México após o empate por 1 a 1. Nas quartas, eliminou a então campeã mundial, Alemanha, vencendo de virada por 2 a 1. Nas semi, vendeu caro a derrota por 2 a 1 para Itália de Roberto Baggio.

Apesar da igualdade de condições, suecos e búlgaros apresentavam ânimos diferentes para o confronto. Enquanto os nórdicos passavam a sensação de aceitação por terem perdido para a melhor equipe do torneio (Brasil), o selecionado do leste europeu parecia remoer o erro de arbitragem que resultou em sua desclassificação.

Na semifinal, quando a Itália já vencia a Bulgária por 2 a 1 e Roberto Baggio tinha sido substituído por lesão, Kostadinov pediu pênalti por um toque de mão do zagueiro Alessandro Costacurta na linha lateral da grande área. Porém, o trio de arbitragem mandou o jogo seguir. Foi um pênalti claro, que poderia ter mudado o rumo do jogo e até a história da competição. “Deus é búlgaro, mas o juiz é francês (Joël Quiniou). Estamos entre os quatro melhores do mundo, mas deixamos de jogar a final entre os dois melhores por causa do juiz”, disse Stoichkov, numa alusão à desclassificação da França diante da Bulgária nas Eliminatórias.


A Suécia jogava no 4-4-2 clássico, com muita marcação no meio de campo e velocidade com os atacantes.


A Bulgária jogava em um misto de 4-4-2 (quando se defendia) e 4-3-3 (quando atacava).

● Quem esperava um duelo equilibrado viu uma Bulgária apática e desmotivada.

Nesse cenário de terra devastada, a seleção do leste europeu não ofereceu nenhuma resistência e a Suécia abriu o placar aos oito minutos. Ingesson foi à linha de fundo e cruzou. Mikhailov e a defesa búlgara ficaram no meio do caminho e Tomas Brolin cabeceou para o gol aberto.

A seleção escandinava aproveitou a catarse búlgara e, vendo que os adversários não ofereciam resistência, começou a empilhar gols.

Com meia hora de jogo, Brolin sofreu falta. Ele cobrou rápido e tocou para Mild, que pegou a defesa desprevenida e tocou por cima do goleiro.

Sete minutos depois, Brolin, o melhor em campo, lançou nas costas da defesa. O rastafári Henrik Larsson ganhou de Ivanov na corrida, entrou na área, driblou o goleiro, parou a jogada deixando Ivanov no chão, e tocou para o gol vazio. Larsson teve sangue frio. Um belo gol.

Aos 40′, Schwarz ergueu a bola para a área da intermediária. Antes da marca do pênalti, o gigante Kennet Andersson ganhou no alto de Mikhailov, que saiu mal do gol. Era o quarto da Suécia, que transformava a apatia do oponente em goleada. A Bulgária já estava cansada depois de tantas batalhas.

Cada bola que os suecos lançavam para a área era sinônimo de tormento para o técnico búlgaro Dimitar Penev. Ele se irritou profundamente e queimou logo todas as substituições ainda antes do pontapé inicial do segundo tempo.

Trocou inclusive seu goleiro, tirando o capitão Borislav Mikhailov e colocando em campo o reserva Plamen Nikolov. Era a terceira vez na história das Copas que um goleiro foi substituído sem estar lesionado. A primeira foi Mwamba Kazadi, do Zaire, em 1974. No jogo contra a Iugoslávia, ele saiu aos 22 minutos, quando seu time perdia por 3 a 0. A partida terminou 9 a 0. A segunda vez foi em 1994 mesmo. O sul-coreano Choi In-young pediu pra ir embora no intervalo do confronto diante da Alemanha, quando sua equipe perdia por 3 a 0. No segundo tempo, com Lee Woon-jae no gol, os asiáticos reagiram e diminuíram para 3 a 2.

Um dos substituídos naquela partida, Trifon Ivanov, falou mais sobre isso: “Todo mundo jogou por si próprio na decisão do terceiro lugar da Copa. Eu pedi para o técnico para ser substituído no intervalo, mas ele não queria. Eu nunca vou me esquecer do gol de Larsson. Eu não consegui pará-lo. Então, disse que ou ele me substituía ou eu saía de campo. E finalmente ele me tirou”.

Os suecos, que abriram 4 a 0 em 45 minutos, sabiam que a medalha de bronze dificilmente escaparia, e deixaram passar o segundo tempo. Mas continuou criando chances. Kennet Andersson fez um lançamento de 40 metros, Larsson avançou sozinho (de novo), mas dessa vez Nikolov defendeu com os pés, impedindo um placar ainda mais elástico.

A Bulgária, sem forças, só tinha um objetivo: fazer de Hristo Stoichkov o artilheiro isolado da Copa, já que até então ele tinha os mesmos seis gols do russo Oleg Salenko. Assim, todas as jogadas eram preparadas para ele finalizar. Nenhuma deu resultado efetivo. Na chance mais clara, parou em boa defesa de Ravelli.

Além disso, Balakov ainda perdeu dois gols feitos, na pequena área. Em uma delas, Ravelli não conseguiu segurar um chute de longe e soltou a bola nos pés do camisa 20 que, incrivelmente, conseguiu acertar a trave de dentro da pequena área. Foi a melhor chance búlgara no jogo.

Sem contar que o árbitro Ali Bujsaim, dos Emirados Árabes Unidos, ainda anulou um gol de Emil Kostadinov por impedimento.

Faltando poucos minutos para o fim da partida, o goleiro sueco Thomas Ravelli fazia piruetas em campo. Enquanto sua seleção prendia a bola no campo de ataque, o arqueiro divertia a multidão com acrobacias.

(Imagem: Stephen Dunn / All Sports / Getty Images)

● Na entrevista, o técnico búlgaro Dimitar Penev resmungou: “Este jogo não deveria existir”, se referindo às decisões do terceiro e quarto lugar em uma Copa do Mundo.

Mas a Bulgária já estava no lucro por ter chegado tão longe, que nem parecia incomodada com a goleada sofrida. Estar entre os quatro melhores era muito mais do que poderiam sonhar. Em cinco participações anteriores e 16 partidas disputadas, nunca tinha vencido um único jogo em Copas do Mundo (10 derrotas e 6 empates). Mas restou o consolo de ter realizado sua melhor campanha em um Mundial. Além disso, emplacou Krasimir Balakov e Hristo Stoichkov na seleção do torneio. Pelo lado sueco, Tomas Brolin, o “Boneco Assassino”, também esteve entre os melhores da Copa.

Foi a melhor classificação sueca na história das Copas, depois do vice-campeonato de 1958, quando foram anfitriões. A goleada, além de render o terceiro lugar, deixou os Vikings com o melhor ataque de toda a Copa, com 15 gols marcados em sete jogos (média de 2,14 por partida), mais que os finalistas Brasil (11) e Itália (8).

Mesmo perdendo feio no último jogo, os integrantes da delegação búlgara foram recebidos como heróis na volta à pátria.

Um dos destaques da seleção escandinava, Martin Dahlin anotou quatro gols na Copa, mas não foi escalado na decisão do terceiro lugar. Além dos gols e do talento, o camisa 10 se destacava também por ser o único negro em uma equipe toda composta por loiros branquíssimos. Dan Martin Nathaniel Dahlin é filho de uma sueca e de um venezuelano.

O goleiro búlgaro Mikhailov foi notícia por utilizar uma peruca durante os jogos. Ele tinha prometido que, se a Bulgária superasse a Itália na semifinal, jogaria sua peruca para a torcida na comemoração. Mas a Itália venceu.

Dos 22 jogadores convocados pela Bulgária, apenas seis tinham nomes que não terminavam em “ov”: Kremenliev, Houbchev, Genchev, Iliev, Georgiev e Mikhtarski.


(Imagem: Getty Images)

FICHA TÉCNICA:

 

SUÉCIA 4 x 0 BULGÁRIA

 

Data: 16/07/1994

Horário: 12h30 locais

Estádio: Rose Bowl

Público: 91.500

Cidade: Pasadena (Estados Unidos)

Árbitro: Ali Bujsaim (Emirados Árabes Unidos)

 

SUÉCIA (4-4-2):

BULGÁRIA (4-4-2):

1  Thomas Ravelli (G)

1  Borislav Mikhailov (G)(C)

2  Roland Nilsson (C)

16 Iliyan Kiryakov

3  Patrik Andersson

3  Trifon Ivanov

4  Joachim Björklund

5  Petar Hubchev

14 Pontus Kåmark

4  Tsanko Tsvetanov

6  Stefan Schwarz

6  Zlatko Yankov

18 Håkan Mild

9  Yordan Letchkov

8  Klas Ingesson

20 Krasimir Balakov

11 Tomas Brolin

10 Nasko Sirakov

7  Henrik Larsson

8  Hristo Stoichkov

19 Kennet Andersson

7  Emil Kostadinov

 

Técnico: Tommy Svensson

Técnico: Dimitar Penev

 

SUPLENTES:

 

 

12 Lars Eriksson (G)

12 Plamen Nikolov (G)

22 Magnus Hedman (G)

2  Emil Kremenliev

13 Mikael Nilsson

15 Nikolay Iliev

5  Roger Ljung

11 Daniel Borimirov

15 Teddy Lučić

14 Boncho Genchev

20 Magnus Erlingmark

19 Georgi Georgiev

17 Stefan Rehn

13 Ivaylo Yordanov

9  Jonas Thern

17 Petar Mihtarski

16 Anders Limpar

18 Petar Aleksandrov

21 Jesper Blomqvist

21 Velko Yotov

10 Martin Dahlin

22 Ivaylo Andonov

 

GOLS:

8′ Tomas Brolin (SUE)

30′ Håkan Mild (SUE)

37′ Henrik Larsson (SUE)

40′ Kennet Andersson (SUE)

 

CARTÕES AMARELOS:

70′ Zlatko Yankov (BUL)

82′ Kennet Andersson (SUE)

 

SUBSTITUIÇÕES:

42′ Trifon Ivanov (BUL) ↓

Emil Kremenliev (BUL) ↑

 

INTERVALO Borislav Mikhailov (BUL) ↓

Plamen Nikolov (BUL) ↑

 

INTERVALO Nasko Sirakov (BUL) ↓

Ivaylo Yordanov (BUL) ↑

 

79′ Henrik Larsson (SUE) ↓

Anders Limpar (SUE) ↑

Melhores momentos da partida:

… 15/07/2018 – França 4 x 2 Croácia

Três pontos sobre…
… 15/07/2018 – França 4 x 2 Croácia


(Imagem: FIFA.com)

● No início da Copa do Mundo de 2018, a França era uma das seleções que chegava como favorita. Em momento algum encantou. Na estreia, sofreu para vencer a Austrália por 2 x 1, com um pênalti marcado pelo VAR e um gol contra. Depois, jogou bem apenas no primeiro tempo e venceu o Peru por 1 x 0. E, com os reservas, decepcionou ao não querer jogar contra a Dinamarca, no único 0 x 0 desse Mundial. Em compensação, fez brilhar os olhos dos amantes do futebol, quando o mancebo Kylian Mbappé destruiu a Argentina e o 4 x 3 foi um placar magro pelo que foi a partida. Nas quartas de final, Les Bleus foram cirúrgicos ao bater o Uruguai por 2 x 0. Nas semi, precisou de um gol de escanteio para vencer a Bélgica por 1 x 0. Na final, claramente era muito mais time que o adversário e era a grande favorita.

Mas a Croácia já havia dado várias mostras de sua superação em campo. Estreou vencendo a Nigéria por 2 x 0 em um jogo modorrento. Na sequência, arrasou a Argentina com um chocolate de 3 x 0. Na terceira rodada, usou os reservas e venceu a Islândia por 2 x 1. E depois começou o festival de prorrogações. Nas oitavas de final, empatou com a Dinamarca por 1 x 1 e venceu nos pênaltis. Nas quartas, empatou com a Rússia por 2 x 2 e, novamente, se classificou nos pênaltis. Nas semi, empatou com a Inglaterra no tempo normal e só venceu na prorrogação, por 2 x 1. Com isso, os croatas acabaram jogando mais 90 minutos a mais que os franceses, além de terem um dia a menos de descanso – pois jogaram na quarta, enquanto a França jogou na terça.


Didier Deschamps escalou a França com seus onze considerados titulares, no sistema 4-2-3-1.


Mesmo com o time esgotado fisicamente, Zlatko Dalić mandou seu time a campo no 4-2-3-1 e manteve a escalação da última partida.

● Logo aos 17 minutos de jogo, Antoine Griezmann emula Neymar, dobra as pernas ridiculamente e cai. O árbitro Néstor Pitana enxergou o que não houve e marcou a falta, mesmo com a grande pressão dos croatas – que estavam certos. Griezmann alçou a bola para a área e Mandžukić teve o azar de desviá-la de cabeça para o gol.

Com um gol proveniente de uma falta não existente, a França abriu o placar. Mario Mandžukić marcou o primeiro gol contra em uma final de Copa do Mundo, em toda a história. Esse Mundial dos gols contra, teve seu 12º marcado na final – o dobro do recorde anterior, que era de seis em 1998.

Luka Modrić cobrou uma falta para a área, mas Vida cabeceou por cima.

Em nova cobrança de falta, dessa vez do meio campo, aos 28 min, Modrić lançou na direita. Vrsaljko cabeceou para o meio da área. Mandžukić ganhou de Pogba pelo alto, Lovren desviou de cabeça e Vida tocou para trás. Perišić estava na meia lua e já dominou cortando para a perna esquerda, invadindo a área e enchendo o pé para o gol. A bola ainda desviou de leve em Varane antes de entrar. A Croácia ainda estava viva na decisão!

Seis minutos depois, Griezmann cobrou escanteio fechado, Matuidi cabeceou e a bola tocou na mão de Perišić, que estava com o braço aberto. Os franceses correram para cima do árbitro para reclamar o toque. E a Copa do VAR foi decidida também pelo VAR. O italiano Massimiliano Irrati, que nunca marca nada, que sempre vê as infrações dentro da área como “normais”, dessa vez chamou a atenção de Pitana e o convidou para ver o lance no vídeo. E o argentino, mesmo vendo e revendo o lance, aparentemente ainda em dúvida, assinalou corretamente o pênalti. A primeira intervenção do VAR em uma final de Copa foi certeira e fatal.


(Imagem: FIFA.com)

Griezmann partiu para a cobrança. O goleiro Subašić se mostrou na competição um exímio especialista em defesas de pênaltis, mas caiu um pouco antes para seu lado esquerdo e deixou o outro lado livre para o camisa 7 francês deslocá-lo.

Após cobrança de escanteio, Vida desviou de cabeça para fora.

No segundo tempo, Rakitić tocou para Rebić, que bateu de esquerda e Lloris espalmou para escanteio.

Mbappé foi lançado em velocidade, passou por Vida e chutou. Mas Subašić se antecipou, diminuindo o ângulo e fazendo a defesa.

Pouco depois, quatro pessoas invadiram o campo…

Aos 14′, Paul Pogba começou a jogada lançando Mbappé na ponta direita. O garoto passou por Strinić, foi à linha de fundo e cruzou para trás. Griezmann dominou e deixou com Pogba que emendou de primeira. Lovren rebateu e a bola voltou para o próprio Pogba chutar colocada de esquerda e marcar o terceiro gol. Subašić nem pulou.

Faltava o gol do prodígio Mbappé, que marcou aos vinte minutos. Lucas Hernández fez boa jogada pela esquerda e tocou para o camisa 10. Ele dominou na entrada da área e chutou rasteiro. Novamente o goleiro croata nem pulou. Com 19 anos e meio, Kylian Mbappé se tornou o segundo jogador mais jovem a marcar gol em uma final – só perde para Pelé, que tinha 17 anos e oito meses quando marcou na decisão de 1958.

Ainda deu tempo de o goleiro e capitão Hugo Lloris fazer uma bobagem. Aos 24′, ele recebeu de Umtiti e tentou driblar Mandžukić, que vinha na corrida. Mas o croata foi mais esperto, deixou o pé e diminuiu o placar. Um gol oriundo de uma das falhas mais bisonhas da história das finais de Copa. Sorte que sua equipe estava com boa diferença no placar. Faltou concentração e sobrou soberba a Lloris.


(Imagem: FIFA.com)

● Algumas observações precisam ser feitas. A França claramente mereceu vencer, mas… no lance do primeiro gol, Antoine Griezmann não sofreu falta. Ele buscou o contato e dobrou as pernas. O mundo inteiro que critica Neymar por exagerar quando sofre falta, é o mesmo mundo que aplaude Griezmann por ter “cavado” uma falta inexistente. Curiosamente, o árbitro escalado para a final nasceu na mesma Argentina que foi massacrada pela Croácia na primeira fase. Se a FIFA quisesse um árbitro isento, poderia ter escalado outro, como, por exemplo, o brasileiro Sandro Meira Ricci. Néstor Pitana, mesmo vendo o lance do pênalti no vídeo, ainda hesitou algumas vezes antes de assinalá-lo. E deve ter engolido seco.

Bola parada não ganha apenas jogo: ganha Copa do Mundo! Segundo a FIFA, dos 169 gols marcados no torneio, 71 foram originados em bola parada (cobranças de faltas diretas ou indiretas, escanteio e pênaltis).

Antoine Griezmann foi eleito discutivelmente pela FIFA o melhor jogador da partida. Kylian Mbappé praticamente não teve concorrentes para ser o melhor jogador jovem. Luka Modrić recebeu o prêmio de melhor jogador do torneio. Com muita técnica e disposição, capitão croata liderou sua seleção à final e mereceu o título. Modrić sempre foi um jogador que potencializa o futebol de seus companheiros. Agora, termina a Copa de 2018 como uma lenda.


(Imagem: FIFA.com)

Essa Croácia fica na história por não jogar com um meio campista originalmente defensivo. Quem fez essa função na maioria das vezes foi Marcelo Brozović, que na Internazionale é um meia de transição. Outras vezes, o meia mais defensivo era Ivan Rakitić, que de vez em quando faz essa função no Barcelona. Méritos do ofensivo treinador Zlatko Dalić, que em alguns jogos escalou juntos os atacantes Mario Mandžukić, Ante Rebić e Andrej Kramarić. (Enquanto isso, Nikola Kalinić deve estar jogando sinuca em algum lugar…)

Mas Zlatko Dalić deve ser questionado pelo excesso de confiança em seus titulares e a falta dela nos reservas. Milan Badelj fez uma partida formidável contra a Islândia e não recebeu mais oportunidades. Mateo Kovačić é um multifuncional e sempre incisivo quando entra, independentemente da função em campo, mas só entrava nos minutos finais das partidas. E, em uma final de Copa, precisando ir em busca do resultado, Dalić fez apenas duas alterações. Contestável.

Danijel Subašić foi um dos destaques da Croácia na Copa do Mundo, mas seu final não condiz com o que apresentou durante a competição. Ele atua no clube francês Monaco desde 2012. E seus adversários dessa noite se aproveitaram por conhecer a má fama que o goleiro tem de não se dar bem em chutes de longe. Com certeza Subašić poderia ter feito melhor nos chutes de Pogba e Mbappé que resultaram nos dois últimos gols franceses. Além disso, ainda caiu antes no pênalti cobrado por Griezmann.

A França se valeu de uma defesa muito forte, com o que há de melhor em Real Madrid (Raphaël Varane) e Barcelona (Samuel Umtiti), além da sempre ótima proteção de N’Golo Kanté e de dois zagueiros nas laterais (Benjamin Pavard e Lucas Hernández). Venceu essa Copa nos contra-ataques e nas bolas paradas. Pode até ser um estilo de jogo chato, mas é mortal e eficiente, principalmente com a jovialidade e a velocidade de Mbappé. Mesmo tendo sua convocação bastante contestada no início, Deschamps tem todos os méritos do mundo ao utilizar o máximo potencial de sua equipe e levá-la ao título. Foi justíssimo.


(Imagem: FIFA.com)

Didier Deschamps entra definitivamente para a história. É o terceiro na história a vencer a Copa do Mundo como jogador e técnico. Antes dele, somente o brasileiro Zagallo e o alemão Franz Beckenbauer haviam conseguido o feito. E somente o alemão e o francês o fizeram como capitão, o que é ainda mais raro.

Raphaël Varane também entrou para um seleto grupo de atletas que venceram a UEFA Champions League e a Copa do Mundo no mesmo ano. Os alemães Franz Beckenbauer, Gerd Muller, Paul Breitner, Sepp Maier, Uli Hoeneß, Hans-Georg Schwarzenbeck e Jupp Kapellmann venceram a UCL pelo Bayern de Munique em 1974. O francês Christian Karembeu jogava no Real Madrid em 1998, assim como o brasileiro Roberto Carlos em 2002 e o alemão Sami Khedira em 2014.


(Imagem: FIFA.com)

FICHA TÉCNICA:

 

FRANÇA 4 x 2 CROÁCIA

 

Data: 15/07/2018

Horário: 18h00 locais

Estádio: Olímpico Luzhniki

Público: 78.011

Cidade: Moscou (Rússia)

Árbitro: Néstor Pitana (Argentina)

 

FRANÇA (4-2-3-1):

CROÁCIA (4-2-3-1):

1  Hugo Lloris (G)(C)

23 Danijel Subašić (G)

2  Benjamin Pavard

2  Šime Vrsaljko

4  Raphaël Varane

6  Dejan Lovren

5  Samuel Umtiti

21 Domagoj Vida

21 Lucas Hernández

3  Ivan Strinić

13 N’Golo Kanté

11 Marcelo Brozović

6  Paul Pogba

7  Ivan Rakitić

14 Blaise Matuidi

10 Luka Modrić (C)

10 Kylian Mbappé

4  Ivan Perišić

7  Antoine Griezmann

18 Ante Rebić

9  Olivier Giroud

17 Mario Mandžukić

 

Técnico: Didier Deschamps

Técnico: Zlatko Dalić

 

SUPLENTES:

 

 

16 Steve Mandanda (G)

12 Lovre Kalinić (G)

23 Alphonse Areola (G)

1  Dominik Livaković (G)

19 Djibril Sidibé

13 Tin Jedvaj

3  Presnel Kimpembe

5  Vedran Ćorluka

17 Adil Rami

15 Duje Ćaleta-Car

22 Benjamin Mendy

22 Josip Pivarić

15 Steven Nzonzi

14 Filip Bradarić

12 Corentin Tolisso

19 Milan Badelj

8  Thomas Lemar

8 Mateo Kovačić

18 Nabil Fekir

20 Marko Pjaca

20 Florian Thauvin

9 Andrej Kramarić

11 Ousmane Dembélé

16 Nikola Kalinić (dispensado da delegação)

 

GOLS:

18′ Mario Mandžukić (FRA) (gol contra)

28′ Ivan Perišić (CRO)

38′ Antoine Griezmann (FRA) (pen)

59′ Paul Pogba (FRA)

65′ Kylian Mbappé (FRA)

69′ Mario Mandžukić (CRO)

 

CARTÕES AMARELOS:

27′ N’Golo Kanté (FRA)

41′ Lucas Hernández (FRA)

90+2′ Šime Vrsaljko (CRO)

 

SUBSTITUIÇÕES:

55′ N’Golo Kanté (FRA) ↓

Steven Nzonzi (FRA) ↑

 

71′ Ante Rebić (CRO) ↓

Andrej Kramarić (CRO) ↑

 

73′ Blaise Matuidi (FRA) ↓

Corentin Tolisso (FRA) ↑

 

81′ Olivier Giroud (FRA) ↓

Nabil Fekir (FRA) ↑

 

81′ Ivan Strinić (CRO) ↓

Marko Pjaca (CRO) ↑

(Imagem: Shaun Botterill / Getty Images)

Gols da decisão:

… 14/07/2018 – Bélgica 2 x 0 Inglaterra

Três pontos sobre…
… 14/07/2018 – Bélgica 2 x 0 Inglaterra


(Imagem: FIFA.com)

● Há quem defenda que não deveria existir o jogo que decide o terceiro e o quarto lugar em uma Copa do Mundo. Para ter a “chance” de disputar essa partida, a equipe tem que perder na semifinal. Normalmente os tims entram em campo desmotivados, sem a mínima vontade de disputar o pódio. Alguns técnicos escalam até mesmo times reservas ou jogadores que ainda não atuaram no torneio.

O técnico búlgaro Dimitar Penev, ao ver sua seleção perder por 4 a 0 no primeiro tempo, em 1994, foi taxativo: “Este jogo não deveria existir”.

O holandês Louis Van Gaal disse isso antes mesmo de sua equipe vencer o Brasil por 3 a 0 em 2014: “Acho que esse jogo nunca deveria ser jogado. Falo isso há dez, quinze anos. O que é pior é que existe a possibilidade de perder duas vezes seguidas. Em um torneio em que fizemos partidas maravilhosas, poderemos voltar para casa como perdedores”.

Mas o 3º lugar foi o primeiro grande resultado histórico da Seleção Brasileira, em 1938, imortalizando Domingos da Guia, Leônidas da Silva e outros craques da época.

E essa partida, entre os bons garotos ingleses e a “ótima geração belga” foi mais modorrento que o jogo entre ambas na primeira fase. Só não foi pior do que o insosso 0 a 0 entre França e Dinamarca, a única partida sem gols da Copa de 2018.

O técnico Roberto Martínez escalou a Bélgica no ofensivo 3-4-3, com Witsel e Tielemans fechando o meio e De Bruyne mais próximo do ataque.


A Inglaterra, do técnico Gareth Southgate, foi ao campo no sistema 3-5-2, com cinco alterações em relação ao time habitual.

● Assim como na derradeira partida do Grupo H, belgas e ingleses foram a campo com algumas alterações em relação às escalações habituais.

Ambas seleções mantiveram os seus respectivos sistemas táticos. Roberto Martínez deu chance ao meiocampista Youri Tielemans no onze titular. Gareth Southgate mexeu na defesa, com Phil Jones no lugar de Kyle Walker, e no meio, sacando Jordan Henderson, Dele Alli, Jesse Lingard e Ashley Young, escalando Eric Dier, Ruben Loftus-Cheek, Fabian Delph e Danny Rose.

Até por isso ficou claro que a Bélgica dava um pouco mais de importância para a partida.

Logo aos quatro minutos, a bola saiu do goleiro Courtois, passou por Chadli, que deixou com Lukaku no meio. O centroavante abriu na linha de fundo de novo com Chadli, que cruzou na área. Meunier apareceu como um raio para completar para o gol, de canela, do jeito que conseguiu.

Com o placar aberto, a Bélgica passou a jogar no contra-ataque e desperdiçou vários. Essa foi a partida desde então. A sonolenta Inglaterra propunha o jogo e a Bélgica não aproveitava os espaços.

Harry Keane teve chance de marcar seu sétimo gol no torneio, mas não o fez.

Após uma jogada ensaiada em cobrança de escanteio, Alderweireld quase anotou o segundo gol belga.

No segundo tempo, o English Team ficou mais perto do empate. Eric Dier tabelou com Rashford e tocou por cima de Courtois, mas Alderweireld salvou em cima da linha.

Em um contragolpe de manual, De Bruyne abriu na esquerda com Mertens, que cruzou na segunda trave onde Meunier emendou de primeira, para grande defesa de Pickford.

Aos 37′, De Bruyne deixou Hazard na cara do gol e ele não perdoou. 2 a 0 Bélgica.


(Imagem: FIFA.com)

● Uma coisa é certa: melhor se despedir do Mundial com uma vitória, deixando uma última boa impressão.

Embora não seja o que se esperava, esse resultado serve para consagrar a “ótima geração belga”, que termina na melhor colocação em suas treze Copas disputadas, superando a equipe de 1986, que contava com grandes jogadores como Jan Ceulemans, Jean-Marie Pfaff e Enzo Scifo.

Ainda é muito pouco perto do talento desse time. Mas a maioria dos atletas são jovens, que poderão retomar o sonho do título mundial em 2018. Apenas a defesa tem que ser renovada, pois os jogadores já estão na faixa dos 30 anos.

Assim como o “English Team”. Desde o início dessa preparação, eles tentavam tirar o peso da obrigação do título, dizendo que essa equipe estaria pronta apenas em 2022. Foi um bom resultado, além do previsto inicialmente. E terá que esperar mesmo mais quatro anos para quebrar um jejum que já dura 52 anos.


(Imagem: FIFA.com)

FICHA TÉCNICA:

 

BÉLGICA 2 x 0 INGLATERRA

 

Data: 14/07/2018

Horário: 17h00 locais

Estádio: Krestovsky Stadium (Saint Petesburg Stadium)

Público: 64.406

Cidade: São Petesburgo (Rússia)

Árbitro: Alireza Faghani (Irã)

 

BÉLGICA (3-4-3):

INGLATERRA (3-5-2):

1  Thibaut Courtois (G)

1  Jordan Pickford (G)

2  Toby Alderweireld

16 Phil Jones

4  Vincent Kompany

5  John Stones

5  Jan Vertonghen

6  Harry Maguire

15 Thomas Meunier

12 Kieran Trippier

17 Youri Tielemans

21 Ruben Loftus-Cheek

6  Axel Witsel

4  Eric Dier

22 Nacer Chadli

17 Fabian Delph

7  Kevin De Bruyne

3  Danny Rose

10 Eden Hazard (C)

10 Raheem Sterling

9  Romelu Lukaku

9  Harry Kane (C)

 

Técnico: Roberto Martínez

Técnico: Gareth Southgate

 

SUPLENTES:

 

 

12 Simon Mignolet (G)

13 Jack Butland (G)

13 Koen Casteels (G)

23 Nick Pope (G)

23 Leander Dendoncker

22 Trent Alexander-Arnold

20 Dedryck Boyata

2  Kyle Walker

3  Thomas Vermaelen

15 Gary Cahill

19 Mousa Dembélé

18 Ashley Young

8  Marouane Fellaini

8  Jordan Henderson

11 Yannick Ferreira Carrasco

20 Dele Alli

16 Thorgan Hazard

7  Jesse Lingard

18 Adnan Januzaj

14 Danny Welbeck

14 Dries Mertens

19 Marcus Rashford

21 Michy Batshuayi

11 Jamie Vardy

 

GOLS:

4′ Thomas Meunier (BEL)

82′ Eden Hazard (BEL)

 

CARTÕES AMARELOS:

52′ John Stones (ING)

76′ Harry Maguire (ING)

90+3′ Axel Witsel (BEL)

 

SUBSTITUIÇÕES:

39′ Nacer Chadli (BEL) ↓

Thomas Vermaelen (BEL) ↑

 

INTERVALO Danny Rose (ING) ↓

Jesse Lingard (ING) ↑

 

INTERVALO
Raheem Sterling (ING) ↓

Marcus Rashford (ING) ↑

 

60′ Romelu Lukaku (BEL) ↓

Dries Mertens (BEL) ↑

 

78′ Youri Tielemans (BEL) ↓

Mousa Dembélé (BEL) ↑

 

84′ Ruben Loftus-Cheek (ING) ↓

Dele Alli (ING) ↑

Melhores momentos da partida:

… 13/07/1950 – Brasil 6 x 1 Espanha

Três pontos sobre…
… 13/07/1950 – Brasil 6 x 1 Espanha


(Imagem: FIFA.com)

● Nas Copas do Mundo de 1934 e 1938, todas as partidas eram eliminatórias, ou seja, se uma seleção perdesse uma vez, já seria eliminada. Esse formato cometia aberrações, como fazer a delegação de um país atravessar o mundo para jogar um mísera partida.

Mas se nas edições anteriores todos os jogos eram finais, o Mundial de 1950 quebrou completamente essa escrita. Não haviam finais em seu regulamento. O primeiro colocado de cada um dos quatro grupos de quatro se classificaria para um quadrangular final, onde todos jogariam contra todos e quem somasse mais pontos seria o campeão do mundo.

O Brasil foi líder do Grupo 1. Goleou o México por 4 a 0, empatou com a Suíça por 2 a 2 e venceu a Iugoslávia por 2 a 0.

O apelido de Fúria atribuído aos espanhóis surgiu nessa Copa, quando a Espanha fez a melhor campanha da primeira fase. No Grupo 2, foram vitórias sobre Estados Unidos (3 x 1), Chile (2 x 0) e Inglaterra (1 x 0).

No Grupo 3, a liderança ficou com a Suécia, que bateu a Itália (3 x 2) e empatou com o Paraguai (2 x 2). A Índia seria o quarto time, mas desistiu da competição em protesto contra uma decisão da FIFA que proibia jogar descalço, o que era costume no país.

O Grupo 4, devido à desistências de Escócia e Turquia, tinha apenas Uruguai e Bolívia. A Celeste Olímpica se classificou com uma vitória, ao golear La Verde com impiedosos 8 a 0.

Assim, estavam classificados para o quadrangular final: Brasil, Espanha, Suécia e Uruguai. A ordem dos confrontos foi decidida e não sorteada. Os jogos seriam disputados no Pacaembu e no Maracanã. A CBD solicitou que o Brasil jogasse as três partidas no Maracanã, que tinha maior capacidade oficial (150 mil, contra 60 mil do estádio paulista) e, consequentemente, gerava maior renda. Isso desagradou muito aos espanhóis, porque o Brasil seria o único país que não precisaria se deslocar entre São Paulo e Rio de Janeiro.

Na primeira partida da fase decisiva, Espanha e Uruguai empataram por 2 a 2, enquanto o Brasil aumentava seu favoritismo massacrando a Suécia com 7 a 1. [Alguém aí lembrou de algum outro “7 a 1” em Copa do Mundo disputada no Brasil, com a Seleção em campo? Então, por favor, esqueça.]

Na segunda rodada, o Uruguai venceu a Suécia por 3 a 2 e o Brasil enfrentaria a Espanha. Se a Seleção vencesse, jogaria por um empate na última partida frente ao rival Uruguai.


O Brasil atuava no sistema “Diagonal”, criado pelo técnico Flávio Costa. Partindo do WM, Flávio teve a ideia de criar um losango no meio de campo, com um vértice mais avançado e outro mais recuado. Os vértices laterais eram os armadores. Na imagem, ficam claros o losango no meio campo e a faixa diagonal que deu nome ao sistema.


A Espanha jogava no WM. O sistema defensivo com três zagueiros e dois meio campistas recuados, formam um “W”. Os dois meias avançados, os dois pontas e o centroavante, formam um “M”. Por isso o sistema 3-2-2-3 da época era chamado de WM. Conforme a imagem, o meio campo formava um retângulo.

● O Brasil vinha embalado pelo resultado contra os suecos. Todos esperavam um grande jogo, não apenas os 150 mil presentes no estádio Maracanã, mas todos os 52 milhões de brasileiros que se aglomeravam juntos aos rádios para escutar as narrações de Pedro Luiz (Rádio Panamericana de São Paulo, atual Jovem Pan) e da dupla Jorge Curi e Antônio Cordeiro (Rádio Nacional — veja mais abaixo).

A Espanha estava invicta há mais de um ano e tinha grandes jogadores, como o zagueiro José Parra (eleito para a seleção da Copa), o ponta direita Estanislau Basora e o centroavante Telmo Zarra (recordista de gols em um só campeonato espanhol até aparecerem os “extra-terrestres” Messi e Cristiano Ronaldo).

No escrete nacional, Friaça continuava na ponta direita, no lugar de Maneca, que sentia uma lesão na coxa.

Logo de cara o Brasil já começou a encantar os expectadores, mostrando um futebol bonito e envolvente.

Todavia, foi a Fúria quem teve a primeira oportunidade de tirar o zero do placar, mas Telmo Zarra desperdiça ao dominar a bola com a mão.

As duas equipes se alternavam no ataque até que, aos 15 minutos, Ademir de Menezes domina a bola fora da área e chuta no canto esquerdo. A bola desvia no espanhol Parra e tira qualquer chance de defesa para o goleiro. A FIFA só creditou o gol para o centroavante brasileiro mais de cinquenta anos depois. Para os padrões da época, foi considerado gol contra.

Depois, o capitão Augusto tirou em cima da linha o que seria o empate da Fúria. Na sequência, no minuto 22, o Brasil amplia o resultado. Jair Rosa Pinto chuta de canhota da entrada da área. Ramallets ainda alcança a bola, mas a deixa escapar. Ela toca a rede pelo alto e cai dentro do gol.

Com dois tentos de vantagem, o Brasil toma conta do jogo e marca mais um. Aos 31′, Chico recebe de Bigode, entra na área pelo lado esquerdo e chuta. Ramallets espalma e Ademir pega a sobra e chuta, para nova rebatida do goleiro espanhol. Chico pega a sobra e emenda de primeira para o gol.

Com a goleada já bem encaminhada, o Brasil passa a administrar a vantagem.

No segundo tempo, o domínio foi ampliado. O time forçou duas grandes defesas de Ramallets, em chutes de Friaça e Ademir. Mas ele seria vazado outra vez aos 10′. Após lançamento longo, Ademir avança pela ponta direita e cruza. A bola passa por vários jogadores e cai nos pés de Chico, que chuta no ângulo direito. Esse foi o gol de número 300 na história das Copas do Mundo.

Mal se deu a saída de bola, quando Zizinho cruza da direita e Ademir fuzila, de dentro da área. Era o quinto do Brasil.

Dez minutos depois, Ademir, o melhor em campo, dá um belo passe para Zizinho. O craque domina a bola dentro da área, tira o marcador espanhol e chuta forte, balançando as redes da Espanha, fazendo o sexto e mais bonito dos gols.

Com o resultado garantido, o Brasil parou de atacar e a torcida começou a cantar “Touradas em Madri” nas arquibancadas (veja mais abaixo).

Não parou nem com o gol de honra da Espanha. Aos 26′, Basora corre pela ponta direita e cruza para a pequena área. Perto da trave direita (e em posição de impedimento não marcada pela arbitragem), Silvestre Igoa acerta um lindo voleio e diminui a goleada.

Depois, Zarra ainda acertaria a trave.

No fim, os espanhois passaram a assistir o toque de bola brasileiro. Nada mais importava. Estava muito próximo o sonhado título mundial do Brasil em pleno Maracanã.


(Imagem: FIFA.com)

● Vencer a Espanha de forma tão avassaladora era a prova de que o Brasil estava preparado para ser campeão do mundo. Muitos consideram que essa partida foi a maior exibição da história da Seleção. O jornalista inglês Brian Glanville escreveu que o Brasil “jogava o futebol do futuro, quase surrealista, que taticamente não apresenta nada demais, mas tecnicamente é soberbo”.

Provavelmente nunca mais tenha se visto uma festa coletiva que unisse o país inteiro, como foi naquele 13 de julho de 1950.

É até hoje a terceira maior goleada sofrida pela seleção espanhola em toda sua história.

Na última rodada, a Espanha perdeu para a Suécia por 3 a 1, terminando com o 4º lugar geral.

O Brasil enfrentou o arquirrival Uruguai, precisando apenas de um empate para se sagrar campeão, mas todos sabemos como termina essa história.

● Após o quarto gol brasileiro, a torcida estava enlouquecida e começou a cantar em coro “Touradas em Madri”. Essa que é uma das marchinhas de Carnaval mais populares da história, foi composta por João de Barro (o Braguinha) e Alberto Ribeiro.

A música já era muito conhecida, mas curiosamente tinha sido desclassificada do Carnaval de 1938, quando a comissão do júri alegou que se tratava de um “pasodoble” (estilo espanhol) e não de uma marchinha.

Mas doze anos depois, cantada em uníssono por um público oficial de 152.772 pessoas, “Touradas em Madri” foi consagrada em pleno Maracanã.

Em uma entrevista à ESPN, o jornalista João Máximo, que estava presente no estádio naquele dia, relatou como tudo começou: “Quando fui ao jogo, havia pequenos grupos de torcedores que distribuíam uma paródia para ser cantada com o ‘Touradas em Madri’. Essa paródia mexia com Basora, Parra, Gaínza, Puchades, Panizo, jogadores espanhóis. O que eu acho é que esse papel se espalhou por vários grupos da arquibancada, as pessoas tentaram cantar a paródia. Mas claro que não pegou. O estádio de repente começou a cantar a mesma letra original que todo mundo conhecia.”

Braguinha também estava presente no Maracanã e chorou tanto de emoção, que nem conseguia falar. Muitos torcedores brasileiros não o reconheceram e pensaram se tratar de um torcedor espanhol que chorava de tristeza. Alguns queriam até agredi-lo. Mas era apenas Braguinha, chorando de felicidade ao ver seu trabalho ser eternizado eu um dos momentos mais felizes da história do país.

Touradas em Madri (1938)

Eu fui às touradas em Madri
E quase não volto mais aqui
Pra ver Peri beijar Ceci
Eu conheci uma espanhola
Natural da Catalunha
Queria que eu tocasse castanhola
E pegasse touro à unha
Caramba! Caracoles! Sou do samba
Não me amoles
Pro Brasil eu vou fugir!
Isto é conversa mole para boi dormir!”

● Assim como todos os jogos da Copa de 1950, esse é uma partida da qual se tem poucos registros. Uma verdadeira relíquia (descoberta por Thiago Uberreich, da Jovem Pan) é a a transmissão da Rádio Nacional do Rio de Janeiro. Infelizmente alguns trechos do áudio foram perdidos, mas a maior parte está disponível. Na narração, fica evidente a o envolvimento e a euforia da torcida.

 

FICHA TÉCNICA:

 

BRASIL 6 x 1 ESPANHA

 

Data: 13/07/1974

Horário: 15h00 locais

Estádio: Maracanã

Público: 152.772

Cidade: Rio de Janeiro (Brasil)

Árbitro: Reginald Leafe (Inglaterra)

 

BRASIL (Diagonal):

ESPANHA (WM):

1  Barbosa (G)

1  Antoni Ramallets (G)

2  Augusto (C)

2  Gabriel Alonso

3  Juvenal 

3  José Gonzalvo II

4  Bauer

4  Mariano Gonzalvo III

5  Danilo Alvim

5  José Parra

6  Bigode

6  Antonio Puchades

7  Friaça

7  Estanislau Basora

8  Zizinho

8  Silvestre Igoa

9  Ademir de Menezes

9  Telmo Zarra

10 Jair Rosa Pinto

10 José Luis Panizo

11 Chico

11 Agustín Gaínza (C)

 

Técnico: Flávio Costa

Técnico: Guillermo Eizaguirre

 

SUPLENTES:

 

 

Castilho (G)

Ignacio Eizaguirre (G)

Nena

Juan Acuña (G)

Nilton Santos

Francisco Antúnez

Ely

Vicente Asensi

Rui

Rafael Lesmes II

Noronha

Alfonso Silva

Alfredo II

Nando

Maneca

Luis Molowny

Baltazar

Rosendo Hernández

Adãozinho

José Juncosa

Rodrigues

César

 

GOLS:

15′ Ademir de Menezes (BRA)

21′ Jair Rosa Pinto (BRA)

31′ Chico (BRA)

55′ Chico (BRA)

57′ Ademir de Menezes (BRA)

67′ Zizinho (BRA)

71′ Silvestre Igoa (ESP)

Lances da partida:

Diversas imagens desse jogo:

… 12/07/2014 – Brasil 0 x 3 Holanda

Três pontos sobre…
… 12/07/2014 – Brasil 0 x 3 Holanda


(Imagem: Zimbio)

● A decisão do 3º e 4º lugar é uma partida em que ninguém quer disputar. Embora faça parte do calendário, você tem que perder para jogá-la. Mas, já que tem que ser jogada, é importante reerguer a cabeça e vencê-la. E foi isso que os holandeses fizeram muito bem em 2014.

A Holanda chegou bastante contestada para a Copa do Mundo de 2014, no Brasil. Tinha caído na primeira fase da Eurocopa de 2012 e o técnico Louis van Gaal assumiu a Oranje logo depois. Na parte final da preparação para o Mundial, o treinador passou a testar uma variação do sistema 5-3-2, quase um 5-4-1. Uma heresia, se comparado ao tradicional e enraizado 4-3-3 holandês. Mas, na prática, além de fortalecer o sistema defensivo, o esquema passou a distribuir melhor os jogadores dentro de campo, de forma que ocupassem o máximo de espaços possíveis.

Na Copa, deu certo. Estreou enfiando uma goleada acachapante por 5 x 1 de virada na Espanha, que havia lhe tirado o título na final quatro anos antes. Depois, teve trabalho para bater a Austrália por 3 x 2, mas venceu o Chile por 2 x 0 e garantiu o primeiro lugar do Grupo B. Nas oitavas de final, vitória controversa sobre o México por 2 x 1, com um gol de pênalti (inexistente) nos últimos minutos. Nas quartas de final, parou no paredão da Costa Rica e venceu nos pênaltis. Nas semifinais, após novo empate sem gols, perdeu nas penalidades para a Argentina.

Agora queria sair do torneio em alta, enfrentando a Seleção Brasileira, de terra arrasada quatro dias antes pela goleada histórica sofrida diante da Alemanha, o famoso “7 a 1”.


O Brasil atuou no sistema 4-2-3-1. O técnico Luiz Felipe Scolari fez várias alterações em relação à equipe que perdeu para a Alemanha. Thiago Silva voltou de suspensão no lugar de Dante; Maxwell ocupou a lateral esquerda ao invés de Marcelo; Paulinho jogou no lugar de Fernandinho, no meio; Ramires e Willian ocuparam as pontas, que antes tinham Bernard e Hulk; no ataque, Fred foi sacado para a entrada de Jô.


Wesley Sneijder se lesionou no aquecimento e Van Gaal foi obrigado a escalar Jordy Clasie. O sistema tático continuou o mesmo, o 5-3-2, com liberdade total a Robben e Van Persie.

● A Holanda começou o jogo com mais ímpeto. Logo no primeiro minuto, Van Persie ganha de Thiago Silva em disputa pelo alto e toca para a ultrapassagem em velocidade de Arjen Robben. Thiago Silva segura o holandês e impede o gol. Equivocadamente, o árbitro Djamel Haimoudi marcou pênalti. A falta foi fora da área e passível de expulsão, mas ele aplicou apenas o cartão amarelo. O juiz argelino errou duas vezes no mesmo lance.

Robin van Persie cobrou forte, no ângulo esquerdo do goleiro Júlio César, que até foi na bola, mas não conseguiu pegar. Cobrança perfeita do capitão holandês para abrir o placar.

O segundo gol holandês saiu aos 17′. Robben avança e abre na ponta direita com De Guzmán, que cruza alta de primeira. David Luiz afasta mal, para o meio da área. Daley Blind domina de pé esquerdo e finaliza da pé direito no alto. Júlio César, desesperado, saltou tentando fechar o ângulo, enquanto tinham três defensores dentro do gol. Esse lance reflete o mesmo desespero de quatro dias antes, no vexame diante dos alemães. O detalhe é que no nomento do passe de Robben, De Guzmán estava ligeiramente impedido, mas a arbitragem viu o lance como legal. Era um lance morto, mas David Luiz deu o gol ao holandês.

Oscar avançou pelo meio, passou por dois marcadores e chutou fraco e rasteiro, para uma defesa tranquila do goleiro Jasper Cillessen.

Oscar cobra falta do lado direito, mas David Luiz cabeceia mal.

Robben encontra De Guzmán na entrada da área, mas ele chuta por cima, sem perigo.

Oscar cobra nova falta da direita, mas a bola passa por todo mundo e sai pela linha de fundo. Talvez a melhor oportunidade brasileira no jogo. Faltou um mísero toque na bola, que passou por Luiz Gustavo, Paulinho e David Luiz, sem que ninguém tocasse.

Van Persie chuta de fora da área. A bola quica e Júlio César a agarra.


(Imagem: The Telegraph)

● No segundo tempo, Robben chuta da esquerda, mas é travado por Thiago Silva. A bola sobe e quase é aproveitada por Wijnaldum antes de sair.

Oscar deixa com Ramires na entrada da área, que abre e bate cruzado para fora.

David Luiz bateu falta de longe, mas Cillessen defendeu em dois tempos.

Nos acréscimos, Robben abre na direita com Janmaat, que cruza rasteiro de primeira para a pequena área. Wijnaldum completa no cantinho esquerdo do goleiro Júlio César. Virou goleada! 3 a 0!

E ainda quase deu tempo de sair o quarto! Robben é lançado na esquerda, passa por David Luiz e cruza, mas Fernandinho evita o gol com o bico da chuteira, tirando as chances de Van Persie e Janmaat.


(Imagem: The New York Times)

● No apito final, vaias incessantes dos 68.034 presentes no Estádio Nacional Mané Garrincha. O sonho de disputar uma Copa do Mundo em casa, acabou sendo um grande pesadelo para a Seleção Brasileira.

O terceiro lugar na Copa era mais do que esperavam os holandeses no início do torneio. Mas aquele time tinha potencial para mais. Talvez tivesse feito uma partida melhor do que fez a Argentina na final contra os alemães. Arjen Robben estava “voando” durante a competição e mereceu ter sido eleito o “Bola de Ouro da Copa”, mas a honraria ficou (injustamente) com Lionel Messi.

A entrada em campo do goleiro Michel Vorm, nos acréscimos, entrou para a história. Essa Holanda é a primeira a ter utilizado todos os 23 jogadores em uma Copa do Mundo. Antes de 2002, eram 22 atletas na delegação. A França de 1978 e a Grécia de 1994 já haviam usado seus 22 convocados. Mas colocar 23 jogadores diferentes em campo em uma Copa do Mundo é um novo recorde.


(Imagem: Zimbio)

FICHA TÉCNICA:

 

BRASIL 0 x 3 HOLANDA

 

Data: 12/07/2014

Horário: 17h00 locais

Estádio: Nacional Mané Garrincha

Público: 68.034

Cidade: Brasília (Brasil)

Árbitro: Djamel Haimoudi (Argélia)

 

BRASIL (4-2-3-1):

HOLANDA (5-3-2):

12 Júlio César (G)

1  Jasper Cillessen (G)

23 Maicon

15 Dirk Kuyt

3  Thiago Silva (C)

2  Ron Vlaar

4  David Luiz

3  Stefan de Vrij

14 Maxwell

4  Bruno Martins Indi

17 Luiz Gustavo

5  Daley Blind

8  Paulinho

16 Jordy Clasie

16 Ramires

8  Jonathan de Guzmán

11 Oscar

20 Georginio Wijnaldum

19 Willian

11 Arjen Robben

21 Jô

9  Robin van Persie (C)

 

Técnico: Luiz Felipe Scolari

Técnico: Louis van Gaal

 

SUPLENTES:

 

 

1  Jefferson (G)

23 Tim Krul (G)

22 Victor (G)

22 Michel Vorm (G)

2  Daniel Alves

12 Paul Verhaegh

15 Henrique

13 Joël Veltman

13 Dante

14 Terence Kongolo

6  Marcelo

7  Daryl Janmaat

5  Fernandinho

6  Nigel de Jong

18 Hernanes

18 Leroy Fer

7  Hulk

10 Wesley Sneijder

20 Bernard

17 Jeremain Lens

10 Neymar Jr

21 Memphis Depay

9  Fred

19 Klaas-Jan Huntelaar

 

GOLS:

3′ Robin van Persie (HOL) (pen)

17′ Daley Blind (HOL)

90+1′ Georginio Wijnaldum (HOL)

 

CARTÕES AMARELOS:

2′ Thiago Silva (BRA)

9′ Arjen Robben (HOL)

36′ Jonathan de Guzmán (HOL)

54′ Fernandinho (BRA)

68′ Oscar (BRA)

 

SUBSTITUIÇÕES:

INTERVALO Luiz Gustavo (BRA) ↓

Fernandinho (BRA) ↑

 

57′ Paulinho (BRA) ↓

Hernanes (BRA) ↑

 

73′ Ramires (BRA) ↓

Hulk (BRA) ↑

 

70′ Daley Blind (HOL) ↓

Daryl Janmaat (HOL) ↑

 

90′ Jordy Clasie (HOL) ↓

Joël Veltman (HOL) ↑

 

90+3′ Jasper Cillessen (HOL) ↓

Michel Vorm (HOL) ↑

Melhores momentos da partida:

… 11/07/2018 – Croácia 2 x 1 Inglaterra

Três pontos sobre…
… 11/07/2018 – Croácia 2 x 1 Inglaterra


(Imagem: FIFA.com)

● Durante toda a Copa do Mundo, os ingleses tentaram tirar a pressão de cima de seus jogadores, dizendo que essa equipe estará realmente pronta para disputar o título no Qatar em 2022. Embora possua uma equipe jovem, com média de idade de 25,9 anos, são todos jogadores de nível técnico indiscutível. Quanto mais avançava na competição, mais isso ficava claro. E os torcedores sonhavam.

A Croácia terminou a primeira fase com 100% de aproveitamento, com destaque no “chocolate” diante dos argentinos. Depois, se desgastou muito fisicamente ao precisar passar por duas decisões nos pênaltis. Mesmo com média de idade de 27,5 anos, os destaques são os “vovôs” Luka Modrić (32), Mario Mandžukić (32) e Danijel Subašić (33). Mas foi Ivan Perišić quem liderou as ações ofensivas nessa partida de hoje, que levou sua seleção para primeira final em sua curta história.


Zlatko Dalić escalou a Croácia no sistema 4-2-3-1.


A Inglaterra, do técnico Gareth Southgate, foi ao campo no sistema 3-5-2.

● E o placar foi aberto logo aos cinco minutos. O ala direito Kieran Trippier, um dos melhores jogadores da Copa, cobrou falta pouco antes da meia lua, no ângulo e sem chances de defesa para o goleiro Subašić.

Nesse momento parecia que a camisa dos Three Lions iria pesar mais. Estava com o contra-ataque à sua disposição, mas Raheem Sterling e Jesse Lingard fizeram outra partida desastrosa, em que erraram quase tudo que tentaram.

Henderson cobrou escanteio bem aberto e Maguire escorou para fora.

Por duas vezes, Ivan Perišić chutou de longe, mas em ambas a bola saiu a esquerda da baliza.

Após um lateral aos 30 min, Harry Keane fez o pivô, Dele Alli deixou com Lingard, que colocou Keane na cara do gol. Ele chutou e Subašić defendeu. Na sobra, o próprio Keane chutou na trave, a bola tocou no goleiro croata e saiu de perigo. Mas o bandeirinha já havia assinalado um impedimento bastante duvidoso logo no primeiro lance.

Na sequência, Ante Rebić pegou a sobra de uma jogada que ele mesmo havia criado e chutou de pé esquerdo, mas o goleiro Pickford defendeu em dois tempos.

Aos 35′, Dele Alli ajeita para Lingard bater da meia lua. Mesmo sem marcação, o camisa 7 bateu para fora. Lembrou muito o lance de Renato Augusto contra Bélgica, já no fim fo jogo: poderia escolher o canto, mas errou a finalização. O inglês também pagaria caro por isso.

No segundo tempo, Modrić cruzou, a zaga desviou e Perišić encheu o pé, mas a marcação estava em cima e cortou antes que colocasse o goleiro em perigo. Parecia não ser o dia de Perišić. Mas era!

Aos 23′, Vrsaljko cruzou da direita e Perišić se antecipou à marcação de Walker e escorou para o gol de pé esquerdo. Os jogadores ingleses reclamaram muito de jogo perigoso do croata. Muitos árbitros marcariam a infração, mas Cüneyt Çakır confirmou o gol.

Pouco depois, Perišić pedalou para cima da marcação e bateu cruzado. A bola foi na trave e Rebić não aproveitou a sobra. Era a vez da Croácia dominar o jogo e perder chances de matar o jogo. Os meninos ingleses etavam nervosos.

Brozović encontrou Mandžukić na área. Ele girou sobre a marcação e bateu, mas o goleiro defendeu.

Trippier cobrou falta da direita, mas Harry Keane não cabeceou em cheio.

Na prorrogação, aos 8′, Trippier bateu um escanteio da direita e John Stones cabeceou firme. Vrsaljko tirou de cabeça em cima da linha. Um milagre em um momento crucial como esse.

No final da primeira parte do tempo extra, Perišić cruzou da esquerda para Mandžukić, mas Pickford foi para a dividida com o atacante e fechou o gol.

Na segunda etapa, logo aos 2 min, Modrić cobrou escanteio rasteiro para a área e Brozović chutou nas redes pelo lado de fora.

Mas tudo se resolveria no minuto seguinte. Perišić ganhou uma disputa pelo alto e Mandžukić aproveitou para chutar cruzado de esquerda. Um belo gol. Uma prova de por quê um centroavante tem que acreditar em todas as bolas. A Croácia jogava melhor e virava o jogo naquele momento.

Ainda deu tempo para Brozović chutar da entrada da área e Pickford defender.


(Imagem: FIFA.com)

● Após o apito final, uma festa histórica para quem está fazendo história. Pela primeira vez, a Croácia está na final da Copa do Mundo. É a primeira vez em que uma seleção que não estava entre as maiores favoritas inicialmente acaba alcançando a decisão.

Na final, a França é claramente favorita e por vários motivos. O primeiro é a história de Les Bleus, finalista pela terceira vez. Além disso, a França tem um time melhor tecnicamente. Enquanto os destaques croatas estão no meio campo, na França eles estão em todos os setores do campo.

A Croácia chega muito mais desgastada fisicamente, não só por ter um dia a menos de descanso, mas também porque precisou de três prorrogações seguidas – além de duas decisões por pênaltis.

Mas por outro lado, a Croácia mostrou que não se importa em vencer favoritos, como eram Argentina e Inglaterra. E com certeza esse é o momento de todos os atletas darem um “gás a mais” em busca da realização do sonho de (quase) todo jogador: vencer a Copa do Mundo.


(Imagem: FIFA.com)

FICHA TÉCNICA:

 

CROÁCIA 2 X 1 INGLATERRA

 

Data: 11/07/2018

Horário: 21h00 locais

Estádio: Olímpico Luzhniki

Público: 78.011

Cidade: Moscou (Rússia)

Árbitro: Cüneyt Çakır (Turquia)

 

CROÁCIA (4-2-3-1):

INGLATERRA (3-5-2):

23 Danijel Subašić (G)

1  Jordan Pickford (G)

2  Šime Vrsaljko

2  Kyle Walker

6  Dejan Lovren

5  John Stones

21 Domagoj Vida

6  Harry Maguire

3  Ivan Strinić

12 Kieran Trippier

11 Marcelo Brozović

20 Dele Alli

7  Ivan Rakitić

8  Jordan Henderson

10 Luka Modrić (C)

7  Jesse Lingard

4  Ivan Perišić

18 Ashley Young

18 Ante Rebić

10 Raheem Sterling

17 Mario Mandžukić

9  Harry Kane (C)

 

Técnico: Zlatko Dalić

Técnico: Gareth Southgate

 

SUPLENTES:

 

 

12 Lovre Kalinić (G)

13 Jack Butland (G)

1  Dominik Livaković (G)

23 Nick Pope (G)

13 Tin Jedvaj

22 Trent Alexander-Arnold

5  Vedran Ćorluka

16 Phil Jones

15 Duje Ćaleta-Car

15 Gary Cahill

22 Josip Pivarić

3  Danny Rose

14 Filip Bradarić

4  Eric Dier

19 Milan Badelj

21 Ruben Loftus-Cheek

8 Mateo Kovačić

17 Fabian Delph

20 Marko Pjaca

14 Danny Welbeck

9 Andrej Kramarić

19 Marcus Rashford

16 Nikola Kalinić (dispensado da delegação)

11 Jamie Vardy

 

GOLS:

5′ Kieran Trippier (ING)

68′ Ivan Perišić (CRO)

109′ Mario Mandžukić (CRO)

 

CARTÕES AMARELOS:

48′ Mario Mandžukić (CRO)

54′ Kyle Walker (ING)

96′ Ante Rebić (CRO)

 

SUBSTITUIÇÕES:

74′ Raheem Sterling (ING) ↓

Marcus Rashford (ING) ↑

 

INÍCIO DA PRORROGAÇÃO Ashley Young (ING) ↓

Danny Rose (ING) ↑

 

95′ Ivan Strinić (CRO) ↓

Josip Pivarić (CRO) ↑

 

97′ Jordan Henderson (ING) ↓

Eric Dier (ING) ↑

 

101′ Ante Rebić (CRO) ↓

Andrej Kramarić (CRO) ↑

 

112′ Kyle Walker (ING) ↓

Jamie Vardy (ING) ↑

 

115′ Mario Mandžukić (CRO) ↓

Vedran Ćorluka (CRO) ↑

 

119′ Luka Modrić (CRO) ↓

Milan Badelj (CRO) ↑

Melhores momentos da partida:

… 10/07/2018 – França 1 x 0 Bélgica

Três pontos sobre…
… 10/07/2018 – França 1 x 0 Bélgica


(Imagem: FIFA.com)

● Dois tabus foram quebrados na primeira partida semifinal da Copa do Mundo de 2018 entre França e Bélgica. Até essa edição do Mundial, em toda a história das semifinais sempre tivemos pelo menos uma dessas seleções: Brasil, Alemanha, Itália ou Argentina. Mas 2018 rompeu essa lógica.

Outra escrita mais recente que não foi mantida é que, desde 1990, toda seleção que elimina o Brasil chega na final. Mas a “ótima geração belga” não conseguiu atuar no mesmo nível dos jogos anteriores, foi inferior e eliminada.

Um dos principais motivos da eliminação belga foi o nível mediano do futebol apresentado por Kevin De Bruyne na partida de hoje. Ele, que costuma ser o “motor” do meio campo e ataque dos “Diables Rouges”, não funcionou.

A Bélgica sentiu falta também do ala direito Thomas Meunier. Sem ele, Nacer Chadli foi para a direita e ninguém foi escalado na esquerda. Com isso, Vertonghen ficava sem alguém para dar o primeiro combate na marcação a intrépido Mbappé.


Didier Deschamps escalou a França no 4-3-3. Sem a bola, Mbappé e Griezmann recuavam e o sistema se transformava no 4-2-3-1.


O técnico espanhol Roberto Martínez armou a Bélgica no 3-4-3. Com a ausência de Thomas Meunier, suspenso, Dembélé foi titular no meio campo. Com isso, Chadli foi jogar na ala direita e ninguém jogou na esquerda. Nas ações ofensivas, Hazard caía pelo lado esquerdo. Mas quando precisava se defender, não havia alguém que auxiliasse Vertonghen.

● A França começou pressionando e trocando muitos passes nos primeiros segundos. A Bélgica só tocou pela primeira vez na bola com dois minutos e quarenta segundos. Depois, começou o equilíbrio de parte a parte, com a Bélgica dominando mais a posse de bola.

A primeira chance criada foi pelos franceses, aos 12 minutos, em um lançamento rasteiro de Pogba para Mbappé. Mas a bola correu mais que o garoto e Courtois saiu para ficar com ela.

Aos 15. Dembélé ganhou de cabeça no meio e De Bruyne achou Hazard dentro da área. O capitão belga bateu cruzado, com muito perigo, mas a bola foi para fora.

Aos 17′, Matuidi pegou a sobra na entrada da área e encheu o pé. Mas o goleiro Courtois segurou em dois tempos.

No minuto seguinte, Hazard cortou da esquerda para o meio e bateu. A bola tinha endereço, mas Varane desviou de cabeça para escanteio.

Após cobrança de escanteio aos 21′, Alderweireld bateu de esquerda e Lloris espalmou para fora. Uma grande defesa!

Aos 30′, Pavard cruzou à meia altura e Mbappé desviou para fora.

Pouco depois, Mbappé recebeu lançamento na direita e cruzou de primeira para dentro da área. Olivier Giroud não conseguiu finalizar.

Aos 39′, Mbappé avançou na diagonal partindo da direita. Ao entrar na área, ele tocou para a infiltração de Pavard. O lateral bateu cruzado, mas Courtois fez um milagre ao fechar o ângulo e defender com a perna direita.

No último lance antes do intervalo, Hazard cruzou da direita Umtiti furou, mas Lukaku não esperava a bola, que bateu nele e saiu.

Foi um primeiro tempo muito limpo, tanto que a primeira falta do jogo foi só aos 16:39. Mas o jogo esquentaria um pouquinho na etapa final.

Logo no segundo minuto, Witsel cruzou da direita, mas Lukaku cabeceou por cima.


(Imagem: FIFA.com)

Aos 5’34”, Griezmann cobrou escanteio fechado e Umtiti saiu da marcação de Alderweireld, se antecipou ao gigante Fellaini e desviou para o gol.

Em 61 partidas, esse foi o 59º gol oriundo de bola parada, do total de 158 tentos anotados. Bola parada decide não só uma partida, mas também um campeonato. Talvez até a história.

Aos 10, um lance de puro talento de Mbappé. Ele recebeu de Matuidi e, de costas para o gol, tocou de calcanhar para Giroud finalizar. Mas o centroavante foi travado por Dembélé na “hora H”.

Depois, Lukaku abriu na direita para Mertens cruzar. A zaga escorou de cabeça, mas De Bruyne não aproveitou a sobra e chutou mascado.

A chance mais clara para sair o gol belga foi aos 19 minutos. Mertens cruzou da direita e ganhou de Pogba pelo alto, mas cabeceou para fora. Essa bola passou muito perto da trave esquerda de Lloris.

Depois, não vimos mais aquele ótimo toque de bola que essa “ótima geração belga” nos acostumou. Passaram a alçar bolas na área a qualquer custo, mas nenhuma resultou em conclusão.

E a França foi deixando o jogo passar. E ainda perdeu chances de aumentar o placar. No finalzinho, Tolisso teve chance de marcar, mas Courtois fez uma bela defesa.


(Imagem: FIFA.com)

● A Bélgica terá que esperar mais quatro anos para tentar conquistar seu primeiro título mundial.

Com todos os méritos, a França está de volta à final após 12 anos. Didier Deschamps tentará ser o terceiro a conquistar a Copa como jogador e técnico, juntamente com Zagallo e Franz Beckenbauer (o segundo como capitão e treinador, juntamente com o “Kaiser”).

Embora tenha sido criticado (até exageradamente) pela convocação, Deschamps fez uma frança ao seu molde. As qualidades francesas são claras: solidez defensiva, meio campo combativo e criativo, além de ataque e contra-ataque rápido. Porém, seu maior craque, que deveria ser Antoine Griezmann pouco brilhou nessa Copa do Mundo. Hoje, ficou eclipsado no meio dos volantes belgas. Raramente apareceu como uma estrela de sua grandeza deveria fazer.

O outro finalista será decidido amanhã, no confronto entre “Inglaterra x Croácia”. Independente de quem for o adversário, a França é claramente favorita. Mas favoritismo não significa que conquistará o título.

Aguardamos ansiosamente o próximo domingo, para sabermos quem será o campeão mundial de futebol pelos próximos quatro anos.


(Imagem: FIFA.com)

FICHA TÉCNICA:

 

FRANÇA 1 x 0 BÉLGICA

 

Data: 10/07/2018

Horário: 21h00 locais

Estádio: Krestovsky Stadium (Saint Petesburg Stadium)

Público: 64.286

Cidade: São Petesburgo (Rússia)

Árbitro: Andrés Cunha (Uruguai)

 

FRANÇA (4-2-3-1):

BÉLGICA (3-5-2):

1  Hugo Lloris (G)(C)

1  Thibaut Courtois (G)

2  Benjamin Pavard

2  Toby Alderweireld

4  Raphaël Varane

4  Vincent Kompany

5  Samuel Umtiti

5  Jan Vertonghen

21 Lucas Hernández

22 Nacer Chadli

13 N’Golo Kanté

8  Marouane Fellaini

6  Paul Pogba

6  Axel Witsel

14 Blaise Matuidi

19 Mousa Dembélé

10 Kylian Mbappé

7  Kevin De Bruyne

7  Antoine Griezmann

10 Eden Hazard (C)

9  Olivier Giroud

9  Romelu Lukaku

 

Técnico: Didier Deschamps

Técnico: Roberto Martínez

 

SUPLENTES:

 

 

16 Steve Mandanda (G)

12 Simon Mignolet (G)

23 Alphonse Areola (G)

13 Koen Casteels (G)

19 Djibril Sidibé

23 Leander Dendoncker

3  Presnel Kimpembe

20 Dedryck Boyata

17 Adil Rami

3  Thomas Vermaelen

22 Benjamin Mendy

15 Thomas Meunier (suspenso)

15 Steven Nzonzi

17 Youri Tielemans

12 Corentin Tolisso

11 Yannick Ferreira Carrasco

8  Thomas Lemar

16 Thorgan Hazard

18 Nabil Fekir

18 Adnan Januzaj

20 Florian Thauvin

14 Dries Mertens

11 Ousmane Dembélé

21 Michy Batshuayi

 

GOL: 51′ Samuel Umtiti (FRA)

 

CARTÕES AMARELOS:

51′ Eden Hazard (BEL)

71′ Toby Alderweireld (BEL)

87′ N’Golo Kanté (FRA)

90+3′ Kylian Mbappé (FRA)

90+4′ Jan Vertonghen (BEL)

 

SUBSTITUIÇÕES:

60′ Mousa Dembélé (BEL) ↓

Dries Mertens (BEL) ↑

 

80′ Marouane Fellaini (BEL) ↓

Yannick Ferreira Carrasco (BEL) ↑

 

85′ Olivier Giroud (FRA) ↓

Steven Nzonzi (FRA) ↑

 

86′ Blaise Matuidi (FRA) ↓

Corentin Tolisso (FRA) ↑

 

90+1′ Nacer Chadli (BEL) ↓

Michy Batshuayi (BEL) ↑

Melhores momentos da partida:

… 09/07/1994 – Brasil 3 x 2 Holanda

Três pontos sobre…
… 09/07/1994 – Brasil 3 x 2 Holanda

Deu Branco: o “gol cala-boca”


(Imagem: FIFA.com)

● Programar uma partida para as duas e meia da tarde no calor infernal de Dallas foi realmente um desrespeito da FIFA aos atletas. Por isso, nos dias que antecederam à partida, só se falavam em dois assuntos na concentração da Seleção Brasileira: o calor e o substituto de Leonardo, fora da Copa do Mundo por ter sido suspenso pela FIFA por quatro partidas por conta de uma cotovelada em Tab Ramos, na dura vitória por 1 x 0 nas oitavas de final sobre os Estados Unidos, donos da casa.

Com um elenco versátil, a comissão técnica tinha várias possibilidades para a lateral esquerda. Uma delas era trazer Mazinho do meio e devolver Raí ao time titular. Outra seria deslocar Cafu para a esquerda. Uma opção mais defensiva seria improvisar o zagueiro Ronaldão. Mas o técnico Parreira fez o mais sensato e óbvio: escalou Branco, especialista da posição. O camisa 6 estava completamente recuperado de uma lesão crônica nas costas, mas ainda sentia falta de ritmo de jogo. Mas quando o preparador físico Moraci Sant’anna atestou sua condição para atuar os 90 minutos, era claro que seria titular. Além disso, Branco ainda teria uma das missões mais inglórias da Copa: marcar o veloz ponta direita holandês Marc Overmars, um dos destaques da competição até então. Mas o capitão Dunga já sabia por antecipação o antídoto contra o ponteiro holandês: “Não vamos deixar que ele seja lançado em velocidade e o Branco tem a experiência para correr atrás dele usando os atalhos.”

A boa notícia que chegava à concentração brasileira em Los Gatos era o nascimento de Mattheus, terceiro filho de Bebeto. Sua mulher, Denise, deu à luz o bebê às 14h20 do dia 07 de julho na Clínica São Vicente no Rio de Janeiro. O nome do rebento, escolhido pelo pai, era uma clara homenagem ao craque alemão Lothar Matthäus. Hoje com 24 anos, Mattheus de Andrade Gama de Oliveira é meia atacante e disputou a última temporada pelo Vitória de Guimarães, emprestado pelo Sporting, depois de ter sido revelado pelo Flamengo.

A Holanda nem de longe lembrava seus melhores momentos. Jogadores com espírito vencedor, como Ronald Koeman, Jan Wouters e Frank Rijkaard já haviam passado pela suas melhores fases. Marco van Basten e Ruud Gullit não estavam no elenco. Van Basten, pela recorrente lesão nos tornozelos. Gullit, por desavenças com o técnico Dick Advocaat.

Mesmo assim, os holandeses terminaram no primeiro lugar do Grupo F da primeira fase. Estreou vencendo com dificuldades a Arábia Saudita por 2 a 1. Depois, perdeu o clássico para a rival Bélgica por 1 a 0. Na terceira rodada, nova vitória por 2 a 1, desta vez sobre Marrocos. Nas oitavas de final, passou pela forte defesa da Irlanda venceu por 2 a 0.

O Brasil foi líder do Grupo B com sete pontos: derrotou a Rússia por 2 a 0, engoliu Camarões por 3 a 0 e empatou com a Suécia por 1 a 1. Nas oitavas de final, uma vitória duríssima (1 x 0) contra os anfitriões Estados Unidos, justamente no dia 04 de julho, data da independência do país. Mas agora brasileiros e holandeses se enfrentariam nas quartas de final.


O Brasil atuava no 4-4-2. O sistema do técnico Parreira consistia em manter a maior posse de bola possível e dar o bote no momento certo. A figura símbolo desse estilo de jogo era o meia Zinho, apelidado de “Enceradeira” por girar com a bola de um lado para outro, sem agressividade.


Pela Orange, o técnico Dick Advocaat optou por retornar ao 4-3-3, com: Ed de Goey; Aron Winter, Stan Valcks, Ronald Koeman e Rob Witschge; Jan Wouters, Frank Rijkaard e Wim Jonk; Marc Overmars, Dennis Bergkamp e Peter Van Vossen.

● Como já era marca registrada, o Brasil entrou em campo de mãos dadas no estádio Cotton Bowl, em Dallas. Naquele momento, a temperatura era surpreendentemente amena para os padrões do verão no Texas. Os brasileiros eram maioria dos 63.500 expectadores.

Curiosamente, tanto a Seleção Canarinho quanto a Laranja Mecânica atuaram com seus respectivos uniformes reservas por determinação da FIFA. A entidade observava o fato de que mais da metade dos televisores do planeta ainda tinham imagem em preto e branco. Assim, para dar maior contraste, o Brasil vestiu camisa azul com golas e punhos brancos, calção branco e meiões azuis. A Holanda usou camisa branca, calção laranja e meias brancas.

E a bola rolou. Foi só isso que ela fez naquele insosso primeiro tempo. Seria um jogo de paciência e os dois lados sabiam disso.

A Holanda começou o jogo com o ataque marcando a saída de bola brasileira. Apesar da pressão, o escrete brasileiro conseguia encontrar espaços e seu futebol começou a fluir como ainda não tinha sido visto no torneio.

Branco e Koeman eram artilharia pesada no que dizia respeito a cobranças de falta. Antes dos dez minutos de partida, Branco assustou De Goeij com um tiro que passou perto do ângulo e Koeman mandou um torpedo que nocauteou Jorginho na barreira.

Mas além de levar perigo nas bolas paradas, Ronald Koeman era muito mais que um zagueiro. Era o verdadeiro líbero, cumprindo muito bem a função de armar sua equipe vindo de trás, acionando diretamente o trio de ataque com seus lançamentos. Quando ele avançava e saía para o jogo, Wouters era o responsável por recuar para compor a defesa com Valckx. Na prática, em diversos momentos a Holanda se esquematizava em um 3-4-3, sistema que não funcionou bem na primeira fase.

Enquanto isso, Branco conseguir marcar bem o impetuoso Overmars, contando com a cobertura impecável de Márcio Santos e Mauro Silva. O volante do Deportivo La Coruña se multiplicava em campo, cobrindo os dois lados da defesa e ratificando sua qualidade como o maior ladrão de bolas da Seleção. Com Mauro Silva, Dunga e Mazinho, o meio campo brasileiro marcava muito. Por outro lado, Zinho novamente era burocrático.

A marcação holandesa era toda encaixada: Wouters em Bebeto, Valckx em Romário e Koeman na sobra. Winter cercava Zinho e Witschge vigiava Mazinho; Rijkaard e Jonk colavam em Dunga e Mauro Silva. Até os pontas Overmars e Van Vossen acompanhavam as subidas dos laterais Branco e Jorginho. Com isso, eventuais avanços de Mauro Silva ou de um dos zagueiros brasileiros sempre pegavam a defesa holandesa desprevenida.

O zagueiro Stan Valckx foi o melhor amigo que Romário fez no período em que jogou no PSV, a ponto de o holandês vir visitar o Rio de Janeiro a convite do Baixinho. Agora no Barcelona, Romário dividia o vestiário com Ronald Koeman. Mas o brasileiro não tinha papas na língua e deixava claro seus pensamentos: “Dentro de campo não tenho amigos”.

Mas em um primeiro tempo em que a Holanda teve 52% de posse de bola, as melhores chances foram brasileiras. Na melhor delas, Romário, Zinho e Aldair tabelaram na entrada da área rival, mas o zagueiro chutou muito mal à esquerda do gol de De Goeij. Se alguém tivesse que estar vencendo, seriam os sul-americanos.


(Imagem: Getty Images)

● O segundo tempo seria alucinante e dramático. Começou com o Brasil sendo mais incisivo no ataque, buscando abrir o placar. Zinho acordou nos primeiros minutos, participou de uma jogada de contra-ataque e quase fez o gol.

Logo em seguida, aos oito minutos, Frank Rijkaard começou o contragolpe holandês e fez o passe longo. Aldair se antecipou e interceptou. Com a bola dominada, o camisa 13 fez um lançamento perfeito para Bebeto em velocidade na ponta esquerda. Ele dominou e cruzou para o meio da área, onde onde Romário chegava em disparada. O cruzamento foi um pouco mais alto do que o ideal, mas o Baixinho era o mestre das finalizações. De sem pulo, com os dois pés no alto, como se fosse um bailarino, ele finalizou de primeira e inaugurou o marcador. Era o quarto gol de Romário na Copa.

A vantagem fez a Seleção Brasileira recuar naturalmente, para tentar explorar os avanços do aversário, que atacava e abusava da tática do impedimento, com sua defesa muito alta.

Lesionado, Van Vossen deu lugar a Bryan Roy. Mas nada inibia Jorginho, que criava boas oportunidades. Em uma delas, ele tabelou com Mazinho e deu um passe vertical pela direita para Bebeto. Dentro da área, o camisa 7 chuta cruzado e a bola chega a tocar de leve na trave.

Mas aos 18 minutos, o goleiro De Goeij repôs a bola em jogo com um chutão, Branco escorou de cabeça e devolveu a bola para a intermediária ofensiva. Percebendo que estava em impedimento, Romário abandonou a jogada e passou a andar calmamente rumo ao seu próprio campo, no claro objetivo de mostrar que não participava do lance. O assistente Yousif Abdulla Al Ghattan, do Bahrein, percebeu o impedimento passivo do camisa 11 e não levantou a bandeira. A defesa holandesa se distraiu e Bebeto veio de trás, em posição legal, acelerando em direção à bola. O zagueiro Valckx se atira tentando parar o brasileiro a qualquer custo, mas Bebeto saiu livre, driblou De Goeij e tocou para o fundo do gol.

Os holandeses choram o gol impedido até hoje e afirmam que Romário participou da jogada, prendendo a atenção da defesa.

Na comemoração, Bebeto correu à linha lateral, posicionou os braços como quem carrega uma criança e passou a embalá-los para os lados. Romário e Mazinho o acompanharam na coreografia. Bebeto, assim, homenageava o filho recém-nascodo Mattheus. Estava criada a comemoração “nana-neném”, até hoje copiada mundo afora.

A Seleção Brasileira, enfim, começou a jogar um futebol rápido e envolvente e, pela primeira vez nessa Copa, empolgou sua torcida. Bebeto e Romário, a “Dupla BR”, colocava o Brasil em boa vantagem.

A torcida holandesa, também em bom número no Cotton Bowl, já estava desanimando, mas a resposta tardou apenas um minuto. O Brasil já comemorava, mas ninguém contava com a genialidade e esperteza de Dennis Bergkamp. Witschge cobrou o lateral e Aldair deixou Bargkamp entrar na área com a bola. O craque holandês ganhou a dividida com Márcio Santos e, na pequena área, deu um toque de bico sutil, tirando o alcance de Taffarel. Uma enorme falta de atenção do sistema defensivo brasileiro.

A Holanda se animou depois do primeiro gol. Faltava muito tempo ainda para se jogar. Para dar mais criatividade ao seu meio campo, o técnico Dick Advocaat tirou o apagado Rijkaard e colocou Ronald de Boer como centroavante, recuando Bergkamp. Essa mudança acuou o Brasil e a Holanda passou a mandar mais ainda no jogo.

Winter chutou rasteiro, mas Taffarel espalmou para o lado. A pressão holandesa era terrível.

Na cobrança de escanteio, Overmars levantou para a área e o próprio Winter se antecipou à defesa, desviando de cabeça para o gol. Estava tudo igual no placar. A Holanda retomava o sonho de ser semifinalista pela primeira vez desde 1978, quando foi vice-campeã. Mesmo sentindo falta de Gullit e Van Basten, aquele time tinha suas qualidades.

“Foram duas falhas incríveis da defesa. Todo mundo falhou, inclusive o Taffarel. Tomamos um gol que começou um lateral, uma coisa inacreditável para a categoria e a consistência daquele time. Aí conseguimos marcar o terceiro naquela falta cobrada pelo Branco, recuperamos o domínio do jogo e fomos em frente.” — Carlos Alberto Parreira

“Aquela seleção só tomou três gols. E dois naquele jogo. Ali, por algums minutos, ficou a sensação de que todo esse esforço, todo o sacrifício daquele grupo seria em vão.” — Mauro Silva

O empate fez a Seleção voltar a jogar.

O jogo fica dramático e Branco se agiganta. A dez minutos do fim, ele partiu para o campo de ataque acossado por Overmars e lhe deu um safanão no rosto, mas o juiz mandou o jogo seguir. O lateral brasileiro avançou pelo meio e foi “ensanduichado” por Jonk e Winter e, depois de caído, foi chutado sem bola por Koeman. Houve um princípio de confusão, com os holandeses reclamando do tapa recebido por Overmars e os brasileiros se queixando da agressão de Koeman.

Branco ajeitou a bola com carinho e cobrou com muito efeito. A curva colocada foi incrível, saindo da barreira. Atento, Romário se contorceu para desviar da bola, que passou raspando em suas costas. Provavelmente a presença de Romário interferiu na visão de De Goeij, mas é fato que o goleiro holandês poderia ter chegado melhor à bola. Ela chegou a tocar no pé da trave antes de entrar. Os holandeses até hoje lamentam a falha do goleiro De Goeij no chute de Branco.

Branco, às lágrimas, correu em direção ao banco de reservas e apontou para o Dr. Lídio Toledo, médico responsável por bancar sua permanência entre os convocados, e o massagista Nocaute Jack, que o acompanhou durante toda sua recuperação.

Com certeza aquele foi o gol mais importante da carreira de Branco, que o fez protagonista da melhor partida da Copa do Mundo.

Logo na saída, Raí entrou no lugar de Mazinho, dando fôlego novo ao meio campo.

Mais perto do fim, Parreira trocou o exausto Branco por Cafu.

Até o fim, o Brasil catimbou muito e deixou o tempo correr. Mauro Silva valorizou bastante uma falta recebida de Bergkamp e chegou a ficar quase três minutos no campo até sair para receber atendimento. Branco, antes de deixar o campo, quis cumprimentar todos jogadores que via pela frente.

O árbitro costarriquenho Rodrigo Badilla foi firme e deu cinco minutos de acréscimo.

A Seleção Brasileira suportou a pressão holandesa até os 50 minutos e depois comemorou a classificação às semifinais.


(Imagem: Pinterest)

● Pela primeira vez desde 1978, o Brasil estava entre os quatro melhores de uma Copa do Mundo de futebol.

Zagallo deu seu depoimento mais marcante naquele Mundial: “Só faltam dois! Só faltam dois! Só faltam dois jogos! E nós vamos ser tetra!”

Ainda no gramado, o herói Branco foi à forra: “Mas e aí? Cadê o tal ponta da Holanda? Fiz o gol cala-boca! Foi o mais importante da minha carreira e serviu para calar a boca de quem achava que eu estava acabado. Mostrei a todos que vale a pena acreditar, mesmo nos momentos mais difíceis”.

O sempre crítico Romário dessa vez estava confiante: “Quem não gosta de espetáculo? Acredito que começamos a mostrar nesta grande vitória sobre a Holanda o futebol-arte. Enfim, mostramos um futebol digno de campeão do mundo”.

A comemoração “nana-neném”, feita por Bebeto (ao marcar um gol contra Camarões em homenagem a Lucas – filho de Leonardo, que nasceu dia 21/06 – e depois contra a Holanda, em homenagem ao próprio filho) ficou famosa, mas não foi uma invenção sua. Em 1971, Rivellino fez a mesma comemoração no jogo Corinthians 1 x 1 Santos, pela ocasião do nascimento de sua filha Roberta.

Na semifinal, novamente a Suécia fez uma partida imensa, mas a Seleção Brasileira venceu por 1 a 0, com um gol de cabeça do baixinho Romário. Enfim, depois de 24 anos, o Brasil estava em uma final de Copa do Mundo. Na decisão, enfrentaria justamente a Itália, assim como em 1970.


(Imagem: Pinterest)

FICHA TÉCNICA:

 

BRASIL 3 x 2 HOLANDA

 

Data: 09/07/1994

Horário: 14h30 locais

Estádio: Cotton Bowl

Público: 63.500

Cidade: Dallas (Estados Unidos)

Árbitro: Rodrigo Badilla (Costa Rica)

 

BRASIL (4-4-2):

HOLANDA (4-3-3):

1  Taffarel (G)

1  Ed de Goeij (G)

2  Jorginho

20 Aron Winter

13 Aldair

18 Stan Valckx

15 Márcio Santos

4  Ronald Koeman (C)

6  Branco

5  Rob Witschge

5  Mauro Silva

6  Jan Wouters

8  Dunga (C)

3  Frank Rijkaard

17 Mazinho

8  Wim Jonk

9  Zinho

7  Marc Overmars

7  Bebeto

10 Dennis Bergkamp

11 Romário

19 Peter van Vossen

 

Técnico: Carlos Alberto Parreira

Técnico: Dick Advocaat

 

SUPLENTES:

 

 

12 Zetti (G)

13 Edwin van der Sar (G)

22 Gilmar Rinaldi (G)

22 Theo Snelders (G)

14 Cafu

15 Danny Blind

3  Ricardo Rocha

14 Ulrich van Gobbel

4  Ronaldão

21 John de Wolf

16 Leonardo

16 Arthur Numan

10 Raí

2  Frank de Boer

18 Paulo Sérgio

9  Ronald de Boer

19 Müller

17 Gaston Taument

21 Viola

11 Bryan Roy

20 Ronaldo

12 John Bosman

 

GOLS:

53′ Romário (BRA)

63′ Bebeto (BRA)

64′ Dennis Bergkamp (HOL)

76′ Aron Winter (HOL)

81′ Branco (BRA)

 

CARTÕES AMARELOS:

40′ Aron Winter (HOL)

74′ Dunga (BRA)

89′ Jan Wouters (HOL)

 

SUBSTITUIÇÕES:

54′ Peter van Vossen (HOL) ↓

Bryan Roy (HOL) ↑

 

65′ Frank Rijkaard (HOL) ↓

Ronald de Boer (HOL) ↑

 

81′ Mazinho (BRA) ↓

Raí (BRA) ↑

 

90′ Branco (BRA) ↓

Cafu (BRA) ↑

Gols da partida:

Reportagem da TV Globo sobre o jogo:

… 08/07/1990 – Alemanha Ocidental 1 x 0 Argentina

Três pontos sobre…
… 08/07/1990 – Alemanha Ocidental 1 x 0 Argentina


(Imagem: Soccer 365)

● Desde a final da Copa de 1986, muita coisa havia mudado no esporte alemão. O futebol local passou por uma de suas crises mais sérias na segunda metade dos anos 1980. As arquibancadas se esvaziaram, o prestígio do futebol despencou e o tênis virou o esporte mais popular na TV, graças aos fenômenos Boris Becker e Steffi Graf, ambos nº 1 no ranking da ATP (Associação de Tenistas Profissionais).

O país ainda sediou a Eurocopa de 1988, mas parou nas semifinais diante da Holanda com um gol de Marco van Basten no último minuto. Nesse ano, os alemães já haviam aderido ao sistema da moda, o 3-5-2, mas sem grandes exibições ou resultados. Mas eles tinham diferenciais fantásticos. Andreas Brehme, o ala esquerdo, era um armador de origem. O líbero, Klaus Augenthaler, tinha classe e sabia jogar. O meio campista mais defensivo, Lothar Matthäus, era um craque completo e chegava no auge ao seu terceiro Mundial e à sua terceira final (era reserva em 1982).

A Nationalelf tinha uma maneira bem clara de jogar: além do trio de defesa, um lateral defensivo pela direita (Berthold) e um ofensivo pela esquerda (Brehme), um volante criativo (Matthäus), dois meias que carregavam a bola (Häßler na direita e Littbarski ou Uwe Bein na esquerda), além de uma dupla de ataque eficaz (Völler e Klinsmann).

A seleção argentina queria conquistar seu terceiro título em quatro edições disputadas desde 1978, mas também não era a mesma de quatro anos antes. Fracassou na Copa América que sediou, em 1987, mesmo ainda tendo o time base de um ano antes. Seis campeões mundiais ainda eram titulares. O novo fracasso na Copa América de 1989, organizada e vencida pelo Brasil, levou os argentinos a chegarem com menos cartaz na Itália, no Mundial de 1990. A bem da verdade, cada vez mais eles dependiam de Maradona. Entre o fim da Copa de 1986 e o início do Mundial de 1990, os portenhos jogaram 31 vezes e conseguiram apenas seis vitórias. Mas Diego motivou o time, dizendo: “vão ter que arrancar a Copa de nossas mãos”. Ao final das contas, aos trancos e barrancos, ainda era a Argentina.

A Alemanha se tornou o primeiro país a chegar em três finais de Copa consecutivas (seria igualada pelo Brasil nos três Mundiais seguintes). Vencer era mais que uma questão de honra para eles. Die Mannschaft foi a primeira do Grupo D com cinco pontos. Começou goleando a Iugoslávia por 4 a 1 e os Emirados Árabes Unidos por 5 a 1. Na última rodada, empatou por 1 x 1 com a Colômbia. Nas oitavas, venceu a grande rival Holanda por 2 a 1, em uma verdadeira batalha. Nas quartas, vitória simples por 1 a 0 sobre a Tchecoslováquia. Na semifinal, venceu a Inglaterra nos pênaltis por 4 a 3, após empate por 1 a 1 no tempo normal.

A Argentina somente passou de fase por ter sido uma das melhores terceiras colocadas, com três pontos. No Grupo B, perdeu para Camarões na estreia por 1 a 0. Depois, venceu a União Soviética por 2 a 0 e empatou com a Romênia por 1 a 1. Nas oitavas de final, jogou pior, mas venceu o clássico com o Brasil graças a uma jogada mágica de Maradona e uma linda conclusão de Caniggia. Nas quartas, contou com a estrela do goleiro Goycochea, que pegou duas cobranças na vitória por pênaltis por 3 a 2 sobre a Iugoslávia. Nas semifinais, após um empate por 1 x 1 com a anfitriã Itália, Goycochea pegou outras duas cobranças e a Argentina venceu na decisão por pênaltis por 4 a 3.


O técnico Franz Beckenbauer escalou sua equipe no sistema 3-5-2.


Carlos Bilardo também mandou sua equipe ao campo no 3-5-2, em uma versão mais defensiva que a alemã.

● Domingo, oito de julho. Um dia sempre histórico para os alemães. Depois de 51 partidas, só restava esta para decidir quem iria se consagrar. Até então, em 14 edições de Copa do Mundo, nunca havia acontecido de duas seleções repetirem uma final. Alemães e argentinos quebraram essa escrita. Finalistas em 1986, eles decidiram também o Mundial de 1990. Essa final também consagraria um novo tricampeão. Tanto os germânicos quanto os portenhos tinham dois títulos cada. Europeus tinham vencido em 1954 e 1974. Os sul-americanos foram campeões em 1978 e 1986.

Mas, ao contrário de quatro anos antes, desta vez era a Alemanha Ocidental quem entrava em campo como favorita, diante de um adversário que se arrastou durante todo o campeonato e que tinha seu maior craque em má forma física. Maradona começava a entrar em declínio.

Castigada pelo jogo bruto das fases anteriores, a Argentina entrou em campo sem quatro titulares, suspensos: Batista, Orlaticoechea, Giusti e Caniggia, que tinha marcado dois dos cinco gols de sua equipe até então.

Se não bastasse, no momento de execução dos hinos nacionais, a maior parte dos quase 75 mil presentes no estádio Olímpico de Roma vaiou insistentemente o hino argentino, ressentida com o comportamento de Maradona na semifinal em Nápoles, onde fez toda a cidade torcer e cantar seu nome por causa do Napoli, clube onde jogava. Perfilado, em vez de cantar o hino, Diego falava pausadamente, para que ficasse bem claro para as câmeras de TV: “Hijos de puta! Hijos de puta!”

● Mais forte que a Argentina, a Alemanha Ocidental começou melhor. Com vários jogadores atuando na liga italiana, os alemães pareciam estar jogando em casa. Mandava no jogo contra uma Argentina que, como se esperava, apenas se defendia.

Brehme cobra falta e a bola passa perto de Völler.

Littbarski arrisca de longe, mas a bola vai por cima do gol.

Brehme cruza, mas a bola passa por todo mundo e Goycochea segura firme.

Berthold cruza da direita, Völler escapa da forte marcação, mas cabeceia por cima.

Alheia a tudo isso, a Alemanha fez o que dela se esperava, pressionando um adversário inferior em busca do gol, mas perdeu todas as chances criadas no primeiro tempo.

Do outro lado, os argentinos nem ameaçavam. A impressão que dava é que eles queriam fazer um jogo que desgastasse os alemães, sem deixar o fluir. Quem não é melhor na técnica, tenta se igualar na garra. E isso o povo argentino tem de sobra.

A primeira chance dos portenhos só veio no último minuto do primeiro tempo. Basualdo toca para o meio e Maradona tromba com um adversário, caindo na meia lua. Ele pede falta, mas o árbitro mexicano Edgardo Codesal manda o jogo seguir.

A primeira etapa foi um retrato do Mundial da Itália: muito estudo, pouca emoção e nenhum gol. Só sono. A Alemanha parava nas faltas da Argentina. Os argentinos chegavam pouco ao ataque. Seu lance mais perigoso de gol nasceu de um erro alemão, um recuo de Brehme que quase resultou em gol contra. Ao ouvir o apito do árbitro anunciando o intervalo, os torcedores vaiaram.


(Imagem: O Tempo)

● O segundo tempo inteiro foi um duelo entre o ataque germânico e a defesa portenha. A Alemanha Ocidental voltou mais incisiva e disposta a vencer. Berthold e Völler chegaram a errar o gol em finalizações da pequena área.

Littbarski faz uma bela jogada, entra em diagonal da esquerda para o meio, mas chuta para fora.

Brehme cruzou da esquerda e Berthold cabeceou por cima, de dentro da pequena área.

O líbero Augenthaler avança, recebe livre na área, tenta driblar Goycochea e cai, na tentativa de cavar o pênalti, mas o juiz mexicano só ignorou. Na sequência, Monzón ainda salvou o gol em cima da linha.

O placar seguiu zerado. O gol teimava em não sair. Com o passar do tempo, esperava-se que os alemães ficassem nervosos pelo fato de sua ampla superioridade não ser traduzida em gols e, com isso, eles dessem brecha para os contra-ataques. Mas não foi o que aconteceu.

A Argentina apelava para as faltas. Aos 20 minutos, o Monzón derrubou Klinsmann. O atacante alemão exagerou na queda, mas realmente foi atingido com violência. Pedro Monzón se tornou o primeiro atleta a ser expulso em uma final de Copa do Mundo.

Com um homem a mais, o domínio germânico se tornou mais evidente. Matthäus conseguiu fazer o jogo fluir e liderou tecnicamente a Alemanha. Ao contrário de 1986, Maradona e Burruchaga foram neutralizados pela forte marcação alemã.

Maradona não estava fisicamente bem. Jogou com dores nos tornozelos a Copa toda. E foi muito bem marcado por Buchwald nessa partida.

A Argentina estava apenas esperando a decisão por pênaltis, apostando mais uma vez suas fichas na ótima fase do goleiro Goycochea, que passou a ser titular na segunda partida devido a lesão de Pumpido (leia mais abaixo). Com a alcunha de “Tapa Penales”, ele já havia defendido quatro pênaltis no Mundial.

A supremacia alemã em campo foi premiada aos 40 minutos. Rudi Völler é lançado pela direita, entra na área e cai ao levar um encontrão de Sensini. Pênalti bastante duvidoso marcado pelo árbitro mexicano.

O cobrador oficial de pênaltis da Alemanha era Lothar Matthäus (leia mais abaixo). Mas ele não se sentiu seguro e preferiu que outro jogador em melhores condições fizesse a cobrança. Brehme assumiu a responsabilidade e cobrou de forma perfeita. batendo colocado no canto direito, rente à trave. Goycochea ainda acertou o canto, mas não conseguiu defender. Era o gol do título.

A Argentina não tem forças para buscar o empate e dois minutos depois entra em desespero. Dezotti acha que Köhler está fazendo cera e resolve a questão no braço. O árbitro mostra o segundo cartão amarelo ao camisa 9 e, consequentemente, o vermelho. Edgardo Codesal estava tendo dificuldades no âmbito disciplinar, com muitas reclamações dos argentinos. E o último cartão amarelo fez a alegria da torcida italiana: foi para o reclamão Maradona.

Quatro anos depois de terem brilhado no Mundial do México, os argentinos sofriam a derrota merecida.

A Alemanha Ocidental era tricampeã do mundo, se igualando ao Brasil e à Itália. Era também a vingança contra dois rivais de uma só vez: venceu a Argentina na decisão (a algoz de 1986) jogando na Itália (que tinha lhe batido na final de 1982). Uma taça bastante simbólica para o país, que seria reunificado naquele mesmo ano.

Após a partida, já no ônibus da delegação argentina, Maradona declarou: “Esta é a maior decepção de minha carreira. O árbitro fez tudo para agradar aos alemães e aos italianos. Fomos derrotados pelo ‘homem de preto'”.

A vitória alemã trouxe justiça ao Mundial. A melhor equipe se sagrou campeã. Mas este jogo ficou marcado como a final de Copa com o futebol mais fraco na história.


(Imagem: IG)

● Curiosamente, apenas a Itália de 1938 e 1982 e a Alemanha Ocidental em 1990 foram campeãs do mundo sem ficar em nenhum momento atrás no marcador, em nenhuma partida.

A Argentina foi a finalista com pior campanha em uma Copa do Mundo, com apenas duas vitórias e cinco gols marcados em sete jogos. A equipe também se tornou a primeira a não marcar gols e a ter jogadores expulsos em uma final de Copa.

Até então, nunca uma decisão de Mundial havia terminado com somente um gol. As finais anteriores registraram pelo menos três. Mas a falta de gols vista na decisão era apenas um reflexo do que foi o torneio todo.

Na Copa do Mundo de 1990, 20 das 24 seleções atuavam no 3-5-2 (inclusive o Brasil, do técnico Sebastião Lazaroni). Na teoria descrita pelo alemão Sepp Piontek, criador do sistema tático, menos atletas na defesa resultaria em mais atletas atacando. Mas isso não se confirmou nesse Mundial. Na teoria, os laterais deveriam ser alas, apoiando o tempo todo. Na prática, eles voltavam até a linha de defesa, transformando o esquema em uma espécie de 5-3-2. Com isso, ao invés de um maior equilíbrio ou de equipes ofensivas, na verdade assistimos equipes que só se defendiam. Como consequência, 1990 foi a Copa com menor média de gols na história, com 2,21 por partida. O placar mais repetido foi 1 x 0 (16 vezes).

Essa Copa do Mundo deixou definitivamente a magia futebolística de lado e acabou por consagrar o estilo de aplicação tática. Nesse contexto, ninguém melhor que a Alemanha Ocidental para ser campeã. Mas os alemães não eram apenas força e disciplina. Tinha um grupo repleto de atletas de grande qualidade técnica, como Lothar Matthäus, Andreas Brehme, Thomas Häßler, Pierre Littbarski, Andreas Möller e Jürgen Klinsmann. Porém, como nada é perfeito, o grupo não era unido. O meia Matthäus e o atacante Klinsmann, dois destaques individuais, eram desafetos declarados.

Mas o título coroava de uma vez por todas essa grande geração do futebol do país e colocava Franz Beckenbauer no mais alto patamar de imortalidade. O Kaiser se tornou primeiro homem na história a levantar a Copa do Mundo como capitão e depois como técnico – e o segundo como jogador e treinador, depois do brasileiro Zagallo.

Em números, a Alemanha provou porque foi tão superior às demais equipes. Teve o melhor ataque, com 15 gols marcados. Deu 131 do total de 1.177 chutes a gol registrados na Copa (11% do total), em sete partidas disputadas. A Itália, segunda colocada nesse quesito, disputou o mesmo número de jogos teve 91 finalizações, mesmo jogando em casa. Além disso, os alemães tiveram 145 roubadas de bola, ou mais de 20 por jogo, número bastante superior ao de Argentina (99), vice-campeã, e Itália (106), 3º lugar no Mundial.

O meia alemão Lothar Matthäus disputava sua terceira Copa do Mundo seguida e era a peça chave da equipe. Naquele mesmo ano, foi eleito o melhor jogador do mundo pela revista inglesa World Soccer. Em 1991, se tornou o primeiro atleta eleito o melhor do mundo pela FIFA. “Nunca fui um artista da bola, apenas um obcecado pela eficiência”, chegou a dizer certa vez. Antes de se consagrar como o capitão que levantou a taça em 1990, ele já tinha sido vice-campeão em 1982 e 1986. Disputaria ainda os Mundiais de 1994 e 1998, quando completaria 25 jogos em Copas do Mundo, se tornando o jogador com mais partidas na competição, recorde que permanece até hoje.

Foram registradas 2.079 faltas no Mundial. A recordista de infrações foi a Argentina, com 178 em sete jogos, além de 23 cartões amarelos e três vermelhos. Curiosamente, o jogador que mais bateu foi também o que mais apanhou: Maradona, com 21 faltas cometidas e 53 sofridas.

O goleiro argentino Nery Pumpido, campeão do mundo na Copa anterior, quebrou a perna direita em uma trombada na área aos 11 minutos da segunda partida da competição, na vitória por 2 a 0 sobre a URSS. Assim, a FIFA autorizou, pela primeira vez de forma oficial, que se substituísse o goleiro no grupo de uma seleção. O convocado para herdar a camisa 1 foi Ángel Comizzo, que acabou nunca atuando em nenhum minuto sequer pela seleção, durante toda sua longa carreira.

O cobrador oficial de pênaltis da Alemanha era Lothar Matthäus, que havia inclusive batido o da vitória sobre a Tchecoslováquia por 1 x 0 nas quartas de final. Porém, quando o pênalti da final foi marcado, ele pegou a bola e a entregou a Andreas Brehme, pedindo que ele cobrasse. Foi uma surpresa enorme no mundo todo, que pensou que Matthäus tivesse feito isso porque havia tremido diante de Goycochea, um emérito defensor de pênaltis. Mas não foi isso. O camisa 10 utilizava um par de chuteiras havia muito tempo, já totalmente adaptadas a seus pés. Mas justamente durante a final, uma das chuteiras se rompeu e ele precisou usar um par reserva durante parte do jogo. Como ele não estava muito confortável com esse par, não se sentiu nas melhores condições para cobrar um pênalti tão importante. O mais curioso é que a chuteira que se rompeu tinha sido utilizada por Maradona dois anos antes, em um jogo beneficente, quando Matthäus a emprestou ao argentino e este acabou estreando o par. Quando Diego devolveu a chuteira, Matthäus percebeu que o argentino havia colocado os cadarços de maneira diferente e mais confortável, e passou a utilizar essa forma de amarração até o final de sua carreira.


(Imagem: UOL)

FICHA TÉCNICA:

 

ALEMANHA OCIDENTAL 1 x 0 ARGENTINA

 

Data: 08/07/1990

Horário: 20h00 locais

Estádio: Olímpico

Público: 73.603

Cidade: Roma (Itália)

Árbitro: Edgardo Codesal (México)

 

ALEMANHA OCIDENTAL (3-5-2):

ARGENTINA (3-5-2):

1  Bodo Illgner (G)

12 Sergio Goycochea (G)

6  Guido Buchwald

18 José Serrizuela

5  Klaus Augenthaler

20 Juan Simón

4  Jürgen Kohler

19 Oscar Ruggeri

14 Thomas Berthold

4  José Basualdo

8  Thomas Häßler

7  Jorge Burruchaga

10 Lothar Matthäus (C)

13 Néstor Lorenzo

7  Pierre Littbarski

21 Pedro Troglio

3  Andreas Brehme

17 Roberto Sensini

9  Rudi Völler

10 Diego Armando Maradona (C)

18 Jürgen Klinsmann

9  Gustavo Dezotti

 

Técnico: Franz Beckenbauer

Técnico: Carlos Bilardo

 

SUPLENTES:

 

 

12 Raimond Aumann (G)

22 Fabián Cancelarich (G)

22 Andreas Köpke (G)

1  Ángel Comizzo (G) (substituiu Nery Pumpido)

1  Nery Pumpido (G) (lesionado e dispensado pela delegação)

16 Paul Steiner

5  Edgardo Bauza

19 Hans Pflügler

11 Néstor Fabbri

2  Stefan Reuter

15 Pedro Monzón

20 Olaf Thon

2  Sergio Batista

15 Uwe Bein

16 Julio Olarticoechea

21 Günter Hermann

14 Ricardo Giusti

17 Andreas Möller

6  Gabriel Calderón

11 Frank Mill

3  Abel Balbo

13 Karl-Heinz Riedle

8  Claudio Caniggia

 

GOL: 85′ Andreas Brehme (ALE) (pen)

 

CARTÕES AMARELOS:

5′ Gustavo Dezotti (ARG)

52′ Rudi Völler (ALE)

84′ Pedro Troglio (ARG)

87′ Diego Armando Maradona (ARG)

 

CARTÕES VERMELHOS:

65′ Pedro Monzón (ARG)

87′ Gustavo Dezotti (ARG)

 

SUBSTITUIÇÕES:

INTERVALO Oscar Ruggeri (ARG) ↓

Pedro Monzón (ARG) ↑

 

53′ Jorge Burruchaga (ARG) ↓

Gabriel Calderón (ARG) ↑

 

73′ Thomas Berthold (ALE) ↓

Stefan Reuter (ALE) ↑


(Imagem: Guetto Radio)

Gol da partida:

Jogo completo:

… 07/07/2018 – Rússia 2 x 2 Croácia

Três pontos sobre…
… 07/07/2018 – Rússia 2 x 2 Croácia


(Imagem: FIFA.com)

● A Rússia lutou bravamente. Contra limitações técnicas, contra os críticos, contra a desconfiança geral, contra a pressão do governo e da federação, contra os adversários em campo. Lutou contra tudo e contra todos. E foi além de seu limite.

Muitos diziam que seu limite seria ainda na fase de grupos, como foi na Copa das Confederações no ano passado. Mas, após passar pela primeira fase pela primeira vez após a dissolução da União Soviética, raros acreditavam que a dona da casa conseguira superar a badalada Espanha. Com uma aula tática do técnico Stanislav Cherchesov, parou o ímpeto da Fúria e venceu nos pênaltis, com uma jornada inspirada do goleiro e capitão Igor Akinfeev.

A torcida já estava em êxtase. Mas os sonhos não têm limites. E a Rússia sonhou acordada, quando abriu o placar. Depois, veio o pesadelo com a virada na prorrogação. Mas, ainda antes de acordar, o brasileiro Mário Fernandes empatou a partida.

Veio novamente a decisão por pênaltis, a tênue linha que divide os heróis dos vilões. O próprio Mário Fernandes que possibilitou aos russos sonharem, foi o mesmo que errou um dos pênaltis que trouxe o choque de realidade com a eliminação.

A Rússia está fora da Copa que organiza. Mas caiu de pé, com muito orgulho.


As duas equipes atuaram no sistema tático 4-2-3-1.

● Nem parecia aquela Rússia toda fechada contra a Espanha. O técnico Stanislav Cherchesov abandonou o sistema com cinco defensores e voltou ao tradicional 4-2-3-1. No início, houve até uma marcação sob pressão na saída de bola croata, que deu certo por vários momentos, obrigando o adversário a fazer a ligação direta.

E começou assustando no ataque logo no início do jogo. Golovin cruzou da linha de fundo, Vrsaljko cortou mal, mas Dzyuba chutou em cima de Lovren.

Aos cinco minutos, Rebić chutou cruzado da linha de fundo e Akinfeev espalmou para fora. Após escanteio, Lovren ajeitou de cabeça e Rebić cabeceou por cima.

Vrsaljko cruzou rasteiro e Mandžukić finalizou muito mal. Pouco depois, Vrsaljko centrou a bola da direita e Perišić desviou para fora.

E aquela pressão inicial russa foi deixando de existir. Aos poucos, o time foi recuando todo para atrás da linha da bola para apostar no contra-ataque. Deu certo.

Aos 30 minutos, Cheryshev avançou pelo meio, tabelou com Dzyuba e chutou da entrada da área. A bola foi morrer no ângulo do goleiro Subašić, que só olhou e rezou. Esse foi o quarto gol de Denis Cheryshev nessa Copa do Mundo.

Oito minutos depois, com liberdade, Mandžukić invadiu e cruzou da esquerda para a pequena área. Kramarić apareceu para desviar de cabeça e igualar o placar.

Aos seis minutos do segundo tempo, após lançamento da direita, Kramarić tentou uma bicicleta, mas o goleiro Akinfeev foi firme na defesa.

Aos 15′, Strinić cruzou da esquerda, Kramarić emendou de volta da segunda trave e Akinfeev se chocou contra um companheiro russo. Na sobra, Perišić dominou, limpou a marcação e cruzou cruzado. A bola tocou na trave esquerda e correu rente à linha de gol. Mas a bola não chegou a entrar.

No 26º minuto, Mário Fernandes cruzou da direita e Yerokhin cabeceou por cima.

No fim do jogo, o goleiro croata Danijel Subašić sente uma lesão na coxa direita e precisou de atendimento médico. Como a Croácia já havia feito as três substituições, era necessário que o jogo fosse para a prorrogação para substituir o goleiro. Mas Subašić não só continuaria até o fim do tempo extra, mas também voltaria a ser herói na disputa por pênaltis.

No último lance do tempo normal, ele ainda foi testado por Fyodor Smolov, que encheu o pé, sem ângulo, mas Subašić fez a defesa.


(Imagem: FIFA.com)

Na prorrogação, o jogo ficou muito truncado. As equipes estavam muito cansadas e criaram muito pouco. Só mesmo a bola parada para resolver. E ela seria a solução para os dois lados.

Aos 11 minutos, Luka Modrić cobrou escanteio e Vida cabeceou. A bola passou por três jogadores e entrou no cantinho esquerdo de Akinfeev. Era a virada croata.

No meio do segundo tempo extra, Dzagoev cobrou escanteio para a área e Subašić saiu de soco. Kuzyayev pegou o rebote e chutou de primeira e o goleiro croata agarrou com segurança.

Smolov invadiu a área pelo lado esquerdo, cortou a marcação e cruzou alto, mas Subašić voou para cortar e afastar o perigo.

Aos 10′ do segunto tempo da prorrogação, Dzagoev cobrou falta do bico direito da área. A bola foi na cabeça do brasileiro naturalizado Mário Fernandes, que subiu no meio da zaga e cabeceou no canto direito do goleiro croata. Tudo igual em Sóchi.

No último lance dos 120 minutos, Zobnin chutou rasteiro da intermediária e Subašić defendeu.


(Imagem: FIFA.com)

● E a partida, empatada nos 90 minutos e na prorrogação, foi decidida nos tiros livres da marca do pênalti. E começou com um erro. Fyodor Smolov, que antes da Copa era a maior esperança russa de fazer uma boa competição, praticamente recuou sua cobrança para a defesa de Subašić. Brozović marcou o primeiro para a Croácia e Dzagoev igualou. Kovačić bateu no canto direito e Akinfeev defendeu. Mário Fernandes pegou mal e bateu para fora. Depois, todos acertaram: Modrić, Ignashevich, Vida e Kuzyayev. Assim como nas oitavas de final, coube a Ivan Rakitić converter o último penal que garantiu sua seleção na próxima fase.

Vinte anos depois, a Croácia volta a disputar as semifinais da Copa do Mundo. Agora, vai enfrentar a Inglaterra, que venceu a Suécia por 2 a 0. Pelo peso da camisa e por já ter conquistado um título, o English Team é favorito. Mas a Croácia provou que é uma equipe completa, talentosa em todas suas posições. Se chegar à decisão, não será uma zebra.


(Imagem: FIFA.com)

FICHA TÉCNICA:

 

RÚSSIA 2 x 2 CROÁCIA

 

Data: 07/07/2018

Horário: 21h00 locais

Estádio: Olímpico de Fisht (Fisht Stadium)

Público: 44.287

Cidade: Sóchi (Rússia)

Árbitro: Sandro Meira Ricci (Brasil)

 

RÚSSIA (4-2-3-1):

CROÁCIA
(4-2-3-1):

1  Igor Akinfeev (G)(C)

23 Danijel Subašić (G)

2  Mário Fernandes

2  Šime Vrsaljko

3  Ilya Kutepov

6  Dejan Lovren

4  Sergei Ignashevich

21 Domagoj Vida

13 Fyodor Kudryashov

3  Ivan Strinić

11 Roman Zobnin

7  Ivan Rakitić

7  Daler Kuzyayev

10
Luka Modrić (C)

19 Aleksandr Samedov

18
Ante Rebić

17 Aleksandr Golovin

9 Andrej Kramarić

6  Denis Cheryshev

4  Ivan Perišić

22 Artem Dzyuba

17
Mario Mandžukić

 

Técnico: Stanislav Cherchesov

Técnico:
Zlatko Dalić

 

SUPLENTES:

 

 

12 Andrey Lunyov (G)

12 Lovre Kalinić (G)

20 Vladimir Gabulov (G)

1  Dominik Livaković (G)

5  Andrei Semyonov

13 Tin Jedvaj

14 Vladimir Granat

5  Vedran Ćorluka

23 Igor Smolnikov

15 Duje Ćaleta-Car

18 Yuri Zhirkov

22 Josip Pivarić

8  Yury Gazinsky

14
Filip Bradarić

21 Aleksandr Yerokhin

19
Milan Badelj

15 Aleksei Miranchuk

11
Marcelo Brozović

16 Anton Miranchuk

8 Mateo Kovačić

9  Alan Dzagoev

20 Marko Pjaca

10 Fyodor Smolov

16 Nikola Kalinić (dispensado
da delegação)

 

GOLS:

31′ Denis Cheryshev (RUS)

39′ Andrej Kramarić (CRO)

101′ Domagoj Vida (CRO)

115′ Mário Fernandes (RUS)

 

CARTÕES AMARELOS:

35′ Dejan Lovren (CRO)

38′ Ivan Strinić (CRO)

101′ Domagoj Vida (CRO)

109′ Yury Gazinsky (RUS)

114′ Josip Pivarić (CRO)

 

SUBSTITUIÇÕES:

54′ Aleksandr Samedov (RUS) ↓

Aleksandr Yerokhin (RUS) ↑

 

63′ Ivan Perišić (CRO) ↓

Marcelo Brozović (CRO) ↑

 

67′ Denis Cheryshev (RUS) ↓

Fyodor Smolov (RUS) ↑

 

74′ Ivan Strinić (CRO) ↓

Josip Pivarić (CRO) ↑

 

79′ Artem Dzyuba (RUS) ↓

Yury Gazinsky (RUS) ↑

 

88′ Andrej Kramarić (CRO) ↓

Mateo Kovačić (CRO) ↑

 

97′ Šime Vrsaljko (CRO) ↓

Vedran Ćorluka (CRO) ↑

 

102′ Aleksandr Golovin (RUS) ↓

Alan Dzagoev (RUS) ↑

 

DECISÃO POR PÊNALTIS:

RÚSSIA 3

CROÁCIA 4

Fyodor Smolov (perdeu, fraca à meia altura no canto esquerdo, defendido por Subašić)

Marcelo Brozović (gol, no ângulo direito)

Alan Dzagoev (gol, no canto direito, deslocando o goleiro)

Mateo Kovačić (perdeu, no canto direito, defendido por Akinfeev)

Mário Fernandes (perdeu, para fora, no canto esquerdo)

Luka Modrić (gol, à esquerda defendido por Akinfeev, a bola bateu nas duas traves antes de entrar)

Sergei Ignashevich (gol, no canto esquerdo, deslocando Subašić)

Domagoj Vida (gol, no ângulo esquerdo, deslocando o goleiro)

Daler Kuzyayev (gol, no canto esquerdo, deslocando o goleiro)

Ivan Rakitić (gol, no canto esquerdo, deslocando Akinfeev)

Melhores momentos da partida: