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… 04/07/1990 – Alemanha Ocidental 1 x 1 Inglaterra

Três pontos sobre…
… 04/07/1990 – Alemanha Ocidental 1 x 1 Inglaterra


(Imagem: The Guardian)

● Uma das semifinais da Copa do Mundo de 1990 foi um clássico do futebol mundial: Alemanha e Inglaterra.

Na primeira fase, a Alemanha Ocidental foi a primeira do Grupo D com cinco pontos. Começou goleando a Iugoslávia por 4 a 1 e os Emirados Árabes Unidos por 5 a 1. Na última rodada, empatou por 1 x 1 com a Colômbia. Nas oitavas de final, venceu a grande rival Holanda por 2 a 1, em uma verdadeira batalha. Nas quartas, vitória simples por 1 a 0 sobre a Tchecoslováquia.

Pelo Grupo F, a Inglaterra estreou empatando com a Irlanda (1 x 1) e a Holanda (0 x 0). Uma vitória simples (1 x 0) sobre o Egito garantiu o English Team no primeiro lugar da chave. Nas oitavas, um gol de David Platt no último minuto da prorrogação valeu a vitória sobre a Bélgica (1 x 0). Nas quartas, um jogo duríssimo e nova prorrogação para eliminar Camarões, os surpreendentes Leões Indomáveis, em uma vitória por 3 x 2.


O técnico Franz Beckenbauer escalou sua equipe no sistema 3-5-2.


Na teoria, o time escalado por Bobby Robson era um 3-5-2. Mas, na prática, se defendia no 5-4-1, deixando apenas Lineker na frente. Quando atacava, os alas se apresentavam bem, os meias apareciam no ataque e Beardsley e Waddle avançavam como pontas, formando um 3-4-3.

● Nas arquibancadas, algumas bandeiras da Inglaterra, mas várias do Reino Unido. Os hooligans estavam presentes. Assim como a barulhenta torcida alemã.

Logo nos primeiros minutos, Paul Gascoigne pegou o rebote de um escanteio e emendou de esquerda, da entrada da área, exigindo uma ótima defesa de Bodo Illgner, que espalmou para escanteio.

Chris Waddle aproveitou um erro da defesa alemã na saída de bola e, de sua intermediária, tentou surpreender Illgner. A bola tinha o rumo do gol, mas o goleiro se esticou todo e conseguiu espalmar para cima. A bola ainda tocou no travessão antes de sair. O árbitro brasileiro José Roberto Wright já havia marcado falta no início da jogada, mas esse lance foi o mais bonito do jogo.

David Platt abriu com Stuart Pearce na esquerda. Ele chegou cruzando rasteiro de primeira, mas Gary Lineker foi travado pela marcação e não conseguiu finalizar.

Em cobrança de falta da direita, a bola sobrevoou a área germânica e Thomas Berthold cabeceou para trás. A defesa alemã tirou e Gascoigne pegou o rebote e encheu o pé. Mas Illgner segurou sem dar rebote.

A Alemanha respondeu. Olaf Thon chutou de muito longe de perna esquerda, mas o veterano Peter Shilton segurou sem dar rebote.

Peter Beardsley tocou para Waddle, que cruzou para a área. Lineker desviou, Platt aparou na linha de fundo e rolou para trás. Pearce dominou de esquerda, cortou a marcação de Thon e bateu de direita. Mas o inglês foi travado pela marcação e a bola se perdeu pela linha de fundo.

Ainda no primeiro tempo, o técnico Franz Beckenbauer precisou substituir o lesionado Rudi Völler por Karl-Heinz Riedle.

Em cobrança de falta ensaiada na entrada da área, Andreas Brehme rolou para Klaus Augenthaler encher o pé. A bola foi forte e o goleiro Shilton espalmou por cima.


(Imagem: Alambrado)

A Alemanha Ocidental passou a se soltar mais no segundo tempo, lembrando a seleção brilhante do início do torneio. Lothar Matthäus e Thomas Häßler dominam as ações no meio de campo.

Thon avançou, cortou a marcação de Paul Parker e bateu de esquerda. A bola foi fraca e fácil para Shilton.

A Inglaterra respondeu. Gascoigne cobrou falta da esquerda. Pearce desviou na primeira trave e a bola passou assustando Illgner.

O gol da Nationalelf saiu em uma bola parada, aos 15′ do segundo tempo. Häßler avançou pela direita e foi derrubado por um carrinho de Pearce. Na cobrança da falta, Thon rolou para o ambidestro Brehme chutar de esquerda. A bola desviou em Paul Parker (que se adiantou) e encobriu Shilton, que havia saído do gol e estava mal colocado. Alemanha, 1 a 0.

Aos 21′, Häßler saiu para a entrada de Stefan Reuter.

Do lado inglês, o meia atacante Trevor Steven entrou no lugar do zagueiro e capitão Terry Butcher, aos 25′. Foi o último jogo de Butcher com a camisa do English Team.

Pearce – que era um bom ala – avançou em velocidade pela esquerda, passou por um adversário e foi derrubado por Berthold. Falta que Gascoigne rolou para Des Walker. Na hora do chute, ele foi prensado por um alemão. No rebote, a bola sobrou para Steven. Em seu primeiro toque na bola, o camisa 20 chutou de esquerda, mas a bola foi fácil para Illgner.

O English Team conseguiu o empate a dez minutos do fim. Da direita, Parker fez um lançamento longo para a área e Jürgen Kohler não conseguiu cortar. Lineker dominou cortando a marcação de Augenthaler e chutou cruzado de esquerda. A bola foi no pé da trave esquerda de Illgner. Inglaterra 1, Alemanha também 1.

Foi o quarto gol de Lineker no Mundial de 1990. Ele havia sido o artilheiro da Copa de 1986 com seis gols.

A igualdade no placar levou o jogo para a prorrogação.


(Imagem: The Guardian)

Foi o terceiro jogo entre alemães e ingleses em Copas do Mundo que ia para a prorrogação, assim como 1966 (final) e 1970 (quartas de final).

Nos minutos que antecedem ao tempo extra, uma cena inusitada para os dias atuais. Foi engraçado ver Gascoigne torcendo a própria camisa para retirar o suor e deixar a camisa sequinha para a prorrogação.

Brehme cruzou da esquerda, Jürgen Klinsmann cabeceou bem e Shilton espalmou. Uma bola perigosa.

Em uma jogada no meio campo, aos 9′, Gascoigne adiantou demais e deu um carrinho idiota em Berthold. A jogada lhe rendeu um cartão amarelo, que tiraria o inglês de uma eventual final. Era o segundo cartão amarelo de Gazza na competição, o que lhe garantiria uma suspensão na partida seguinte. O intenso meia inglês começou a chorar dentro de campo mesmo.

No finalzinho do primeiro tempo, Steven cruzou da esquerda para a área e a zaga alemã cortou. Lineker ganhou no alto de Berthold e a bola sobrou para Waddle. No lado esquerdo da grande área, o camisa 8 ajeitou e chutou cruzado de esquerda. A bola bateu no pé da trave esquerda.

Guido Buchwald recebeu pouco antes da meia lua, ajeitou a bateu. A bola quicou e passou por Shilton, mas também bateu no pé da trave.

Brehme deu um carrinho por trás em Gascoigne e ele se levantou rápido. Todos esperavam que ele fosse tirar satisfação com o alemão, mas ele só queria recomeçar logo o jogo. A Inglaterra estava ligeiramente melhor. Gazza logo aceitou as desculpas de Brehme (que recebeu o cartão amarelo) e voltaram para o jogo.

No último lance com a bola rolando, Platt cabeceou para o gol após uma cobrança de falta da direita, mas José Roberto Wright anulou o gol por impedimento do inglês.


(Imagem: UOL)

Com tudo igual também na prorrogação, o semifinalista teve que ser decidido nos pênaltis.

Os técnicos se cumprimentam cheios de sorrisos, orgulhosos das exibições de suas respectivas seleções.

O goleiro Dave Beasant, do Chelsea, foi convocado de última hora no lugar de David Seaman, que havia se machucado. Beasant não teve chances no torneio, mas posteriormente o Bobby Robson admitiu que pretendia colocá-lo no lugar de Shilton no último minuto da prorrogação, apenas para a disputa de pênaltis. Shilton tinha 1,83 m de altura e Beasant media dez centímetros a mais. Mas o treinador acabou não fazendo a alteração e manteve o titular.

Lineker bateu firme no canto direito, deslocando Illgner, que caiu para o esquerdo. Inglaterra, 1 a 0.

Brehme bateu com precisão, no canto direito. O goleiro acertou o lado, mas não conseguiu pegar. 1 a 1.

Beardsley bateu no canto esquerdo, no alto, quase no ângulo. Illgner foi no canto certo, mas não pegou. Inglaterra, 2 a 1.

Matthäus bateu com muita força no canto direito e Shilton pouco se mexeu. 2 a 2.

Platt bateu à meia altura no canto direito. Illgner chegou a tocar na bola, mas ela acabou entrando. Inglaterra 3 a 2.

Riedle mandou no ângulo esquerdo. Shilton acertou o canto, mas a cobrança foi bem feita. 3 a 3.

Pearce, o vilão inglês na partida, bateu muito mal. A bola foi rasteira e no meio do gol. Illgner, que caía para seu canto direito, defendeu com as pernas. Ainda 3 a 3.

Thon bateu colocado, no cantinho esquerdo do goleiro. Alemanha 4 a 3.

Waddle tinha que marcar para manter as chances da Inglaterra. Ele tentou acertar o ângulo direito, mas bateu alto e fora do rumo do gol.

Final: Alemanha Ocidental 4 x 3 Inglaterra.


(Imagem: AFP / Globo Esporte)

● Pela quinta vez, a Alemanha estava em uma final de Copa do Mundo – a terceira decisão seguida (1982, 1986 e 1990).

Após a partida, Gary Lineker deu uma declaração que se tornaria histórica e seria repetida inúmeras vezes desde então: O futebol é um esporte muito simples, no qual 22 homens correm atrás da bola, e a Alemanha sempre vence no final.

Com a vitória da Argentina diante da Itália, também nos pênaltis, a final da Copa de 1990 foi a reedição da decisão de 1986. Um pênalti polêmico convertido por Brehme trouxe o terceiro título mundial para os alemães, diante da Argentina de Diego Maradona.

A Inglaterra superou até as próprias expectativas e passou a ser mais respeitada. Na decisão do 3º lugar, perdeu por 2 x 1 para a anfitriã Itália.


(Imagem: Getty Images / Globo Esporte)

FICHA TÉCNICA:

 

ALEMANHA OCIDENTAL 1 x 1 INGLATERRA

 

Data: 04/07/1990

Horário: 20h00 locais

Estádio: Delle Alpi

Público: 62.628

Cidade: Turim (Itália)

Árbitro: José Roberto Wright (Brasil)

 

ALEMANHA
OCIDENTAL (3-5-2):

INGLATERRA (3-6-1):

1  Bodo Illgner (G)

1  Peter Shilton (G)

6  Guido Buchwald

5  Des Walker

5  Klaus Augenthaler

14 Mark Wright

4  Jürgen Kohler

6  Terry Butcher (C)

14 Thomas Berthold

12 Paul Parker

8  Thomas Häßler

17 David Platt

10 Lothar Matthäus (C)

19 Paul Gascoigne

20 Olaf Thon

3  Stuart Pearce

3  Andreas Brehme

8  Chris Waddle

9  Rudi Völler

9  Peter Beardsley

18 Jürgen Klinsmann

10 Gary Lineker

 

Técnico: Franz Beckenbauer

Técnico: Bobby Robson

 

SUPLENTES:

 

 

12 Raimond Aumann (G)

22 Dave Beasant (G)

[22 David Seaman (G)]

22 Andreas Köpke (G)

13 Chris Woods (G)

16 Paul Steiner

2  Gary Stevens

19 Hans Pflügler

15 Tony Dorigo

2  Stefan Reuter

4  Neil Webb

15 Uwe Bein

16 Steve McMahon

21 Günter Hermann

18 Steve Hodge

17 Andreas Möller

7  Bryan Robson

11 Frank Mill

20 Trevor Steven

7  Pierre Littbarski

21 Steve Bull

13 Karl-Heinz Riedle

11 John Barnes

 

GOLS:

60′ Andreas Brehme (ALE)

80′ Gary Lineker (ING)

 

CARTÕES AMARELOS:

66′ Paul Parker (ING)

99′ Paul Gascoigne (ING)

109′ Andreas Brehme (ALE)

 

SUBSTITUIÇÕES:

38′ Rudi Völler (ALE) ↓

Karl-Heinz Riedle (ALE) ↑

 

66′ Thomas Häßler (ALE) ↓

Stefan Reuter (ALE) ↑

 

70′ Terry Butcher (ING) ↓

Trevor Steven (ING) ↑

 

DECISÃO POR PÊNALTIS:

ALEMANHA OCIDENTAL 4

INGLATERRA 3

Andreas Brehme (gol, no canto direito de Shilton)

Gary Lineker (gol, no canto direito de Illgner)

Lothar Matthäus (gol, forte, no canto direito)

Peter Beardsley (gol, no ângulo esquerdo)

Karl-Heinz Riedle (gol, no ângulo esquerdo do goleiro inglês)

David Platt (gol, no canto direito do arqueiro alemão)

Olaf Thon (gol, no ângulo esquerdo)

Stuart Pearce (perdeu, no meio do gol e Illgner defendeu com as pernas)

 

Chris Waddle (perdeu, por cima do gol, à direita)

Melhores momentos da partida (Narração de Galvão Bueno):

Decisão por pênaltis (Narração de Silvio Luiz):

Melhores momentos (em inglês):

… 01/07/1990 – Inglaterra 3 x 2 Camarões

Três pontos sobre…
… 01/07/1990 – Inglaterra 3 x 2 Camarões

● A seleção de Camarões havia sido uma grande surpresa em 1982, quando debutou na Copa do Mundo e terminou invicta. Oito anos depois, voltava a disputar um Mundial. Quatro eram os atletas remanescentes: os goleiros Thomas N’Kono e Joseph-Antoine Bell, o zagueiro Emmanuel Kundé e o atacante Roger Milla.

Com 38 anos, o “velhinho” Milla havia se retirado da seleção em 1988 e estava à beira da aposentadoria. Mas recebeu um convite do presidente de Camarões, Paul Biya (seu amigo pessoal) e retornou à convocatória dos Leões Indomáveis para disputar o Mundial de 1990. Sem o mesmo fôlego dos garotos, Milla normalmente entrava nas partidas no início do segundo tempo. Ainda sim, anotou quatro gols durante a competição e se tornou um dos destaques da Copa.

Com o objetivo de profissionalizar a seleção, a federação camaronesa montou uma eficiente estrutura, além de trazer o técnico soviético Valery Nepomnyashchy, ex-auxiliar do treinador da URSS Valeriy Lobanovskyi. Apreciador dos métodos de seu mestre, Nepomnyashchy tratou de misturar o talento natural dos africanos a um sistema tático mais rigoroso, mas sem deixar de potencializar a técnica.

Camarões foi líder do difícil e equilibrado Grupo B. Estreou vencendo por 1 x 0 a campeã mundial Argentina, de Diego Maradona. Depois, bateu a Romênia, do maestro Gheorghe Hagi, por 2 x 1. Já classificado, foi goleado por 4 x 0 pela União Soviética, campeã olímpica dois anos antes. A Colômbia foi a adversária nas oitavas de final, em uma partida histórica. Roger Milla fez dois gols na prorrogação, um deles ao roubar a bola do goleiro René Higuita, que tentou sair driblando. O placar de 2 x 1 sobre os cafeteros garantiu Camarões como a primeira seleção africana da história a chegar às quartas de final da Copa do Mundo.

A seleção de Camarões era considerada o “segundo time” de todos os torcedores que assistiram à Copa do Mundo de 1990. Muito por ser novidade, mas mais ainda pelo futebol bonito que havia sido apresentado até então. Os otimistas acreditavam que os africanos pudessem surpreender o bom time da Inglaterra.

Embora jogasse bonito, os africanos também eram muito duros na marcação. Comumente, até apelavam para a violência. Por isso o time tinha quatro importantes desfalques para o duelo diante dos ingleses, todos por terem recebido o segundo cartão amarelo no Mundial: os zagueiros Victor N’Dip e Jules Onana, o volante André Kana-Biyik e o meia Émile Mbouh.

● A seleção inglesa chegava com uma grande invencibilidade pré-Copa – inclusive com uma vitória sobre o Brasil por 1 x 0. O experiente técnico Bobby Robson soube montar um time que acabou com a histórica desconfiança dos torcedores e era considerado um dos favoritos ao título.

Gary Lineker continuava sendo o responsável pelos gols, mas o grande queridinho da torcida era o meia Paul Gascoigne. Com tamanha elegância em campo, ele nem parecia um inglês. Mas Gazza não agradava totalmente ao técnico por usa indisciplina tática, embora compensasse com o seu talento. Ambos demonstravam na seleção o entrosamento que adquiriram jogando juntos no Tottenham.

Outro destaque era o meia driblador Chris Waddle, que atravessava excelente fase no Olympique de Marselha. A experiência em campo vinha do ótimo goleiro Peter Shilton e seus 40 anos. A surpresa na convocação foi o explosivo atacante Steve Bull, artilheiro do Wolverhampton, que estava na terceira divisão inglesa na época. A grande ausência era o capitão Bryan Robson, que ainda não havia se recuperado totalmente de uma cirurgia de hérnia.

Pelo Grupo F, a Inglaterra estreou empatando com a Irlanda (1 x 1) e a Holanda (0 x 0). Uma vitória simples (1 x 0) sobre o Egito garantiu o English Team no primeiro lugar da chave. Nas oitavas de final, um gol de David Platt no último minuto da prorrogação valeu a vitória sobre a Bélgica (1 x 0).

O English Team se preparou para as oitavas de final sabendo o perigo que corria ao enfrentar os fortes e arrojados camaroneses.


Na teoria, o time escalado por Bobby Robson era um 3-5-2. Mas, na prática, se defendia no 5-4-1, deixando apenas Lineker na frente. Quando atacava, os alas se apresentavam bem, os meias apareciam no ataque e Barnes e Waddle avançavam como pontas, formando um 3-4-3.


No papel, o técnico soviético Valery Nepomnyashchy escalou seu time em uma espécie de 4-4-2. Sem a bola, Emmanuel Kundé se transformava em líbero e o time se defendia no 4-5-1. Com a bola, os meias avançavam em velocidade e o time se formava no 4-3-3. No ataque, Omam-Biyik recebia a companhia de Roger Milla no segundo tempo de todas as partidas.

● Inglaterra e Camarões fizeram o melhor jogo da etapa das quartas de final da Copa do Mundo de 1990, na Itália.

Mais de 55 mil expectadores se fizeram presentes no estádio San Paolo, em Nápoles.

Camarões teve a chance de abrir o placar e só não o fez porque Shilton salvou um chute cara a cara com François Omam-Biyik.

Aos 25 minutos de jogo, David Platt abriu o placar. Stuart Pearce avançou pela esquerda e cruzou pelo alto. Platt apareceu sozinho na pequena área e cabeceou firme para baixo. A bola passou entre as pernas do goleiro Thomas N’Kono, que havia saltado para fechar o ângulo. Foi o segundo gol do camisa 17 na Copa de 1990.

Mas, como era de praxe, Roger Milla entrou no intervalo para mudar o rumo da partida. O “vovô” camaronês era a arma secreta – nem tão secreta assim.

Aos 16′ da etapa final, ele recebeu passe dentro da área, protegeu com o corpo e foi derrubado por Gascoigne. O líbero Emmanuel Kundé bateu com precisão e a bola foi no ângulo esquerdo de Peter Shilton – que até acertou o canto, mas não conseguiu pegar.

Quatro minutos depois, Milla viu a infiltração de Eugène Ekéké e fez o passe com precisão para o meio da área. Ekéké só deu um toque por cima para tirar o goleiro da jogada. Era a virada camaronesa.

Em sua ampla maioria, a torcida napolitana era para os azarões africanos.

Depois, os camaroneses passaram a abusar das firulas e jogadas de efeito, mas sem efetividade. “A bola pune”, como diria Muricy Ramalho.

A sete minutos do fim, Paul Parker interceptou um lançamento já na intermediária ofensiva e Mark Wright ajeitou para Gary Lineker. Dentro da área, o atacante inglês deu um corte em Benjamin Massing e foi derrubado. O próprio Lineker bateu o pênalti à meia altura no canto esquerdo, deslocando o goleiro Thomas N’Kono, que pulou para a direita.

Camarões ainda teve uma última chance. Ekéké tocou para Cyrille Makanaky. Ele invadiu a área, deixou Pearce no chão, mas foi travado em cima da hora por Trevor Steven.

Com o placar igual no tempo normal, o jogo foi definido na prorrogação.

O líbero Mark Wright se machucou em um choque de cabeça acidental com Roger Milla e voltou ao jogo com uma caixa amarrada na cabeça. Ele cortou o supercílio esquerdo.

Os Leões Indomáveis farejam sangue e foram para cima dos Three Lions. Makanaky fez boa jogada pelo lado direito, passou por Pearce e cruzou. Wright tirou a bola da cabeça de Ekéké. Ela subiu, François Omam-Biyik ganhou no alto de Des Walker e cabeceou, mas Shilton segurou firme.

No fim do primeiro tempo extra, Gascoigne fez um passe magistral. Lineker arrancou sozinho e foi derrubado dentro da área em dividida com Massing e N’Kono. Outra penalidade. Dessa vez, Lineker encheu o pé no meio do gol e N’Kono caiu para o lado esquerdo. Nova virada no marcador, dessa vez em definitivo, a favor dos ingleses.

De forma dramática, a Inglaterra segurou o 3 x 2 e se classificou.

O técnico Bobby Robson, que sempre tratou Paul Gascoigne como uma bomba relógio prestes a explodir – o que de fato era – se abraçou forte com o jogador após o apito final.

Com exceção dos ingleses, todos lamentavam a queda do time que ousou enfrentar seus adversários com criatividade e alegria – e uma pitada de irresponsabilidade, que acabou lhe custando a vaga nas semifinais.

Mas os camaroneses não se sentiram derrotados. Foram aplaudidos de pé e deram a volta olímpica no estádio San Paolo.

Roger Milla e seus companheiros já tinham entrado para a história das Copas.

● A arbitragem do mexicano Edgardo Codesal foi bastante elogiada pela imprensa internacional, principalmente pela coragem em marcar três pênaltis em um mesmo jogo (todos existentes), algo difícil de acontecer. Por causa dessa atuação, ele acabaria sendo indicado para apitar a final da Copa – quando não foi muito bem e apitou um pênalti bastante polêmico.

Na semifinal, a Inglaterra encontrou seus dois algozes que se tornariam históricos dali adiante: as decisões por pênaltis e a Alemanha Ocidental. O empate por 1 x 1 no tempo normal se manteve na prorrogação. Na decisão por penalidades, os erros de Stuart Pearce e Chris Waddle impediram que os britânicos voltassem a disputar uma final, com a derrota por 4 x 3. Na decisão do 3º lugar, a Inglaterra perdeu por 2 x 1 para a anfitriã Itália.

Curiosamente, o filho mais velho do goleiro italiano Gianluigi Buffon se chama Thomas, em homenagem ao goleiro camaronês Thomas N’Kono.

O antigo estádio San Paolo foi renomeado no fim de 2020 para estádio Diego Armando Maradona, maior ídolo da história do Napoli – clube que manda seus jogos no estádio.


(Imagens desse texto: Imortais do Futebol)

FICHA TÉCNICA:

 

INGLATERRA 3 x 2 CAMARÕES

 

Data: 01/07/1990

Horário: 21h00 locais

Estádio: San Paolo

Público: 55.205

Cidade: Nápoles (Itália)

Árbitro: Edgardo Codesal (México)

 

INGLATERRA (3-6-1):

CAMARÕES (4-2-3-1):

1  Peter Shilton (G)

16 Thomas N’Kono (G)

12 Paul Parker

14 Stephen Tataw (C)

5  Des Walker

6  Emmanuel Kundé

14 Mark Wright

4  Benjamin Massing

6  Terry Butcher (C)

5  Bertin Ebwellé

3  Stuart Pearce

15 Thomas Libiih

8  Chris Waddle

21 Emmanuel Maboang

17 David Platt

13 Jean-Claude Pagal

19 Paul Gascoigne

10 Louis-Paul M’Fédé

11 John Barnes

20 Cyrille Makanaky

10 Gary Lineker

7  François Omam-Biyik

 

Técnico: Bobby Robson

Técnico: Valery Nepomnyashchy

 

SUPLENTES:

 

 

13 Chris Woods (G)

22 Jacques Songo’o (G)

22 Dave Beasant (G)

[22 David Seaman (G)]

1  Joseph-Antoine Bell (G)

2  Gary Stevens

17 Victor N’Dip

15 Tony Dorigo

3  Jules Onana

4  Neil Webb

12 Alphonse Yombi

16 Steve McMahon

2  André Kana-Biyik

18 Steve Hodge

8  Émile Mbouh

7  Bryan Robson

19 Roger Feutmba

20 Trevor Steven

11 Eugène Ekéké

9  Peter Beardsley

18 Bonaventure Djonkep

21 Steve Bull

9  Roger Milla

 

GOLS:

25′ David Platt (ING)

61′ Emmanuel Kundé (CAM) (pen)

65′ Eugène Ekéké (CAM)

83′ Gary Lineker (ING) (pen)

105′ Gary Lineker (ING) (pen)

 

CARTÕES AMARELOS:

28′ Benjamin Massing (CAM)

70′ Stuart Pearce (ING)

104′ Thomas N’Kono (CAM)

120′ Roger Milla (CAM)

 

SUBSTITUIÇÕES:

INTERVALO John Barnes (ING) ↓

Peter Beardsley (ING)

 

INTERVALO Emmanuel Maboang (CAM) ↓

Roger Milla (CAM)

 

62′ Louis-Paul M’Fédé (CAM) ↓

Eugène Ekéké (CAM)

 

73′ Terry Butcher (ING) ↓

Trevor Steven (ING)

Melhores momentos da partida (Band):

… 10/06/1990 – Alemanha Ocidental 4 x 1 Iugoslávia

Três pontos sobre…
… 10/06/1990 – Alemanha Ocidental 4 x 1 Iugoslávia


Seleção alemã na partida de estreia (Imagem: Impromptuinc)

● A Alemanha Ocidental vinha de duas derrotas em finais de Copa do Mundo. Em 1982, perdeu para a Itália por 3 x 1. Em 1986, foi derrotada pela Argentina de Diego Maradona por 3 x 2. Agora, em 1990, era um time muito mais forte e pronto para conquistar o seu terceiro título mundial.

O técnico ainda era Franz Beckenbauer, que mesclava experiência e juventude. Se o Kaiser já não podia mais contar com Harald Schumacher, Hans-Peter Briegel e Karl-Heinz Rummenigge, ainda mantinha na equipe os experientes Pierre Littbarski, Lothar Matthäus, Guido Buchwald, Andreas Brehme, Thomas Berthold e Rudi Völler. E a nova geração alemã era ainda mais talentosa, com os jovens Jürgen Klinsmann, Thomas Häßler, Andreas Möller, Stefan Reuter e Jürgen Kohler.

Era um time forte fisicamente, rápido, homogêneo e de alto nível técnico. Era praticamente perfeita em todos os setores do campo, a começar pelo gol, onde Bodo Illgner estava em seu auge. Era muito bem protegido por uma defesa compacta, liderada pelo experiente líbero Klaus Augenthaler. Na ala esquerda, Brehme era fundamental no time na marcação e no constante apoio. No meio campo, o capitão Matthäus fazia de tudo: destruía, criava e finalizava. Com habilidade e velocidade, o baixinho Häßler infernizava as defesas. E a dupla de ataque costumava fazer os gols. Völler mantinha a tradição do centroavante alemão forte e brigador, enquanto Klinsmann era rápido, oportunista, talentoso e matador.

A Alemanha Ocidental claramente era favorita no Grupo D. Mas teve em sua estreia um adversário que tinha tudo para fazer uma boa campanha.


Seleção iugoslava no primeiro jogo da Copa (Imagem: Impromptuinc)

● Se não estava entre as principais cotadas para o título, a Iugoslávia era apontada por muitos como a possível maior surpresa do Mundial.

A Copa de 1990 foi o “canto do cisne” da seleção iugoslava. Um time forte, com jogadores de altíssimo nível.

O craque era o temperamental e criativo meia Dragan Stojković. No auge de seus 25 anos, Stojković era considerado um dos melhores jogadores de toda a Europa. Tinha acabado de ser vendido pelo Estrela Vermelha ao Olympique de Marselha por US$ 10 milhões, em uma acirrada disputa com outros grandes clubes europeus.

Outro grande destaque do time era Srečko Katanec, da Sampdoria. Ele era um “faz tudo”. Mal comparando, era uma espécie de “Matthäus iugoslavo“: ajudava a defesa, marcava no meio, apoiava o ataque e marcava seus gols – a maioria de cabeça.

As principais ausências foram por motivo de indisciplina ou rebeldia. O meia Mehmed Baždarević foi suspenso por um ano após cuspir no rosto do árbitro em um jogo contra a Noruega pelas eliminatórias. O também meia Zvonimir Boban foi um dos principais personagens em uma briga campal entre os ultras do Estrela Vermelha (sérvio) e o seu Dinamo Zagreb (croata) que ocorreu um mês antes do Mundial. Boban deu uma voadora em um policial sérvio que estava agredindo um torcedor croata. O atleta foi punido pela federação iugoslava e acabou ficando fora da Copa.

Mesmo sem Boban, o elenco dos Plavi (azuis, em sérvio) contava com outros quatro campeões do Mundial Sub-20 de 1987: Dragoje Leković, Robert Jarni, Robert Prosinečki e Davor Šuker.

Essa seleção era a cara daquela Iugoslávia. Embora os sérvios sempre tivessem a supremacia política do país, isso não se refletia no futebol. Os croatas e bósnios eram maioria. Eram oito croatas (Ivković, Jozić, Vulić, Panadić, Bokšić, Jarni, Prosinečki e Šuker – sendo que os três últimos representaram a Croácia na Copa de 1998); cinco nascidos na Bósnia e Herzegovina (Omerović, Hadžibegić, Baljić, Sušić e Vujović – o capitão do time); três eram sérvios (Spasić, Leković e Stojković – sendo que os dois últimos jogaram pela Iugoslávia em 1998); três eram de Montenegro (Brnović, Šabanadžović e Savićević – apenas este último jogou pela Iugoslávia em 1998); dois da Macedônia do Norte (Stanojković e Pančev) e um da Eslovênia (Katanec). Uma verdadeira salada étnica.


O Kaiser Franz Beckenbauer escalou sua equipe no sistema 3-5-2.


O técnico Ivica Osim – um adepto de equipes rápidas e técnicas – também mandou seu time a campo no 3-5-2.

● Se a Alemanha Ocidental teve o melhor ataque da Copa de 1990, tudo começou diante da Iugoslávia, quando os alemães mostraram um poder de fogo incomum. De todos os considerados favoritos, a Nationalelf foi quem mais impressionou. Com tabelas rápidas pelo meio e o constante apoio de Brehme pela esquerda, os teutônicos envolveram os iugoslavos o tempo todo.

O placar foi aberto aos 28 minutos de jogo. Matthäus recebeu de Reuter próximo à meia lua, limpou a marcação de Davor Jozić e bateu de pé esquerdo. A bola entrou no cantinho direito do goleiro Tomislav Ivković.

Aos 39′, Brehme cruzou da esquerda para a pequena área. Klinsmann voou para mergulhar e deu uma casquinha na bola, que entrou no canto esquerdo. 2 a 0.

Aos 10′ do segundo tempo, a Iugoslávia deu sinal de reação ao diminuir o placar. Stojković ergueu a bola na área e Jozić desviou de cabeça. A bola foi no ângulo direito, sem chances para o goleiro Illgner.

Mas a Alemanha tratou de matar o jogo dez minutos depois. Matthäus recebeu a bola na intermediária, avançou pelo meio, deixou Jozić no chão, ajeitou o corpo e bateu rasteiro de fora da área, no canto direito do goleiro.

Com dois gols em chutes de fora da área, Matthäus já despontava como o craque da Copa.

A goleada se foi completada seis minutos depois. Na ponta esquerda, Brehme puxou para o meio, invadiu a área e bateu de direita. Ivković não conseguiu segurar e soltou a bola no pé de Ruud Völler, que se esticou para dividir com o goleiro e mandar para o gol.


Klinsmann mergulha e marca o segundo gol alemão (Imagem: Impromptuinc)

● Na segunda partida, a Iugoslávia venceu por 1 x 0 o confronto direto com a Colômbia de René Higuita, Carlos Valderrama e Freddy Rincón. No terceiro jogo, goleada sobre os Emirados Árabes Unidos por 4 x 1. Nas oitavas, venceu a Espanha por 2 x 1. Nas quartas de final, após empate sem gols, parou nas mãos de Sergio Goycochea, o tapa penales, que defendeu duas cobranças na decisão por pênaltis que a Argentina venceu por 3 a 2.

Na sequência da primeira fase, a Alemanha goleou os Emirados Árabes Unidos por 5 x 1. Na derradeira partida, empatou com a Colômbia por 1 x 1. O primeiro lugar do Grupo D trouxe aos alemães mais ônus do que bônus. Nas oitavas de final, uma batalha épica e vitória sobre a poderosa Holanda – de Ronald Koeman, Frank Rijkaard, Ruud Gullit e Marco van Basten – por 2 x 1. Nas quartas, vitória magra por 1 x 0 sobre o bom time da Tchecoslováquia. Nas semifinais, empate por 1 x 1 com a Inglaterra e vitória nos pênaltis por 4 a 3. Na decisão, um pênalti polêmico convertido por Brehme trouxe o terceiro título mundial para os alemães, diante da Argentina de Diego Maradona.


Völler se estica e faz o quarto gol alemão (Imagem: Impromptuinc)

FICHA TÉCNICA:

 

ALEMANHA OCIDENTAL 4 x 1 IUGOSLÁVIA

 

Data: 10/07/1990

Horário: 21h00 locais

Estádio: Giuseppe Meazza / San Siro

Público: 74.765

Cidade: Milão (Itália)

Árbitro: Peter Mikkelsen (Dinamarca)

 

ALEMANHA OCIDENTAL (3-5-2):

IUGOSLÁVIA (3-5-2):

1  Bodo Illgner (G)

1  Tomislav Ivković (G)

14 Thomas Berthold

d 6  Davor Jozić

5  Klaus Augenthaler

4  Zoran Vulić

6  Guido Buchwald

3  Predrag Spasić

2  Stefan Reuter

5  Faruk Hadžibegić

8  Thomas Häßler

18 Mirsad Baljić

10 Lothar Matthäus (C)

13 Srečko Katanec

15 Uwe Bein

10 Dragan Stojković

3  Andreas Brehme

8  Safet Sušić

9  Rudi Völler

19 Dejan Savićević

18 Jürgen Klinsmann

11 Zlatko Vujović (C)

 

Técnico: Franz Beckenbauer

Técnico: Ivica Osim

 

SUPLENTES:

 

 

12 Raimond Aumann (G)

12 Fahrudin Omerović (G)

22 Andreas Köpke (G)

22 Dragoje Leković (G)

4  Jürgen Kohler

2  Vujadin Stanojković

16 Paul Steiner

21 Andrej Panadić

19 Hans Pflügler

17 Robert Jarni

20 Olaf Thon

16 Refik Šabanadžović

21 Günter Hermann

7  Dragoljub Brnović

17 Andreas Möller

15 Robert Prosinečki

11 Frank Mill

14 Alen Bokšić

7  Pierre Littbarski

20 Davor Šuker

13 Karl-Heinz Riedle

9  Darko Pančev

 

GOLS:

28′ Lothar Matthäus (ALE)

39′ Jürgen Klinsmann (ALE)

64′ Lothar Matthäus (ALE)

70′ Rudi Völler (ALE)

 

CARTÃO AMARELO:
5′
Andreas Brehme (ALE)

 

SUBSTITUIÇÕES:

55′ Safet Sušić (IUG) ↓

Dragoljub Brnović (IUG) ↑

 

55′ Dejan Savićević (IUG) ↓

Robert Prosinečki (IUG) ↑

 

74′ Thomas Häßler (ALE) ↓

Andreas Möller (ALE) ↑

 

74′ Uwe Bein (ALE) ↓

Pierre Littbarski (ALE) ↑

Gols da partida:

… Lothar Matthäus, o “Mr. Copa”

Três pontos sobre…
… Lothar Matthäus, o “Mr. Copa”


(Imagem: DFB)

Mesmo tendo pendurado as chuteiras há mais de vinte anos, ele ainda detém alguns dos recordes no futebol.

É o jogador que disputou mais partidas em Copas do Mundo (25).
É um dos poucos a disputarem cinco edições do Mundial (juntamente com os mexicanos Antonio Carbajal e Rafa Márquez e o italiano Gianluigi Buffon).
É o alemão que mais disputou partidas pela sua seleção (150 partidas, entre 1980 e 2000).
Foi eleito o melhor jogador do mundo pela FIFA na primeira edição do prêmio, em 1991.
Também eleito Bola de Ouro pela revista France Football em 1990.
Eleito em 2020 para o Dream Team da Bola de Ouro como um dos melhores meio-campistas defensivo da história.
Foi o capitão e líder da seleção alemã que levantou a taça da Copa de 1990.
Venceu quase todos os títulos possíveis. Só a UEFA Champions League lhe escapou (já nos acréscimos, em 1998/99).

Às vezes ele é subvalorizado pela mídia e pelos torcedores atuais, que pouco o viram jogar. Mas Matthäus era o jogador completo, vanguardeiro, um dos primeiros “box to box”, que liderava a marcação e o sistema defensivo, mas também aparecia no ataque para fazer seus vários gols – especialmente em chutes potentes e certeiros de fora da área.

Era um dos nomes mais impactantes de sua época. Tanto que é notável a quantidade exponencial de “Matheus” com menos de 35 anos. Homenagem mais do que justa.

Hoje esse craque completa 60 anos. Parabéns, capitão.


(Imagem: Twitter @BarcaUniversal)

… 24/06/1990 – Argentina 1 x 0 Brasil

Três pontos sobre…
… 24/06/1990 – Argentina 1 x 0 Brasil


(Imagem: Pinterest)

● No início de 1989, Ricardo Teixeira, ex-genro de João Havelange, assumiu como presidente da CBF – mesmo sem experiência alguma no futebol. Seu técnico preferido para a Seleção Brasileira era Carlos Alberto Parreira, que estava impedido de assumir devido a um contrato vigente no mundo árabe. E o escolhido da vez então foi Sebastião Lazaroni, tricampeão carioca: 1986 (pelo Flamengo), 1987 e 1988 (pelo Vasco).

E Lazaroni apostou no sistema tático 3-5-2, com um estilo “europeizado”, com foco na velocidade e aplicação tática – ao contrário da escola do futebol brasileiro vistoso e ofensivo de outrora. E por um tempo, o treinador brasileiro calou os muitos críticos ao conquistar a Copa América de 1989.

No papel, o time não era ruim, com o goleiro Taffarel, os zagueiros Mauro Galvão e Ricardo Gomes, os laterais Jorginho e Branco, os volantes Dunga e Alemão e os atacantes Bebeto, Romário, Renato Gaúcho, Müller e Careca.

Mas, no Mundial de 1990, o ambiente interno estava conturbado e não havia acordo quanto à divisão da premiação prometida em caso de título. A concentração brasileira em Asti era rodeada por familiares e empresários, com acesso livre aos atletas. Especulou-se que muitos não se esforçaram por estarem negociando uma possível transferência para o futebol europeu. O próprio Lazaroni foi para a Fiorentina logo depois do Mundial.

O técnico e o médico Lídio Toledo tinham opiniões divergentes quando ao aproveitamento de Romário, que se recuperava de uma fratura no pé e ficou no banco. E Lazaroni não dava chances a Bebeto que, segundo o treinador, fazia melhor dupla com Romário, enquanto Müller era parceiro de Careca. Sem Romário 100%, Bebeto acabou prejudicado, mesmo estando em ótima fase.

A Argentina queria conquistar seu terceiro título em quatro edições disputadas desde 1978, mas também não era a mesma de quatro anos antes. Fracassou na Copa América que sediou, em 1987, mesmo ainda tendo o time base de um ano antes. Seis campeões mundiais ainda eram titulares. O novo fracasso na Copa América de 1989 levou os argentinos a chegarem com menos cartaz na Itália. A bem da verdade, cada vez mais eles dependiam de Maradona. Entre o fim da Copa de 1986 e o início do Mundial de 1990, os portenhos jogaram 31 vezes e conseguiram apenas seis vitórias. Mas Diego motivou o time, dizendo: “vão ter que arrancar a Copa de nossas mãos”. Ao final das contas, aos trancos e barrancos, ainda era a Argentina.


(Imagem: Agência AP / Globo Esporte)

● Discreta e sem brilho, a Seleção Brasileira teve 100% de aproveitamento (algo que só a anfitriã Itália também conseguiu) com três vitórias em três jogos contra adversários apenas medianos: Suécia (2 x 1), Costa Rica (1 x 0) e Escócia (1 x 0). Mas o fato é que o nível apresentado pelo escrete canarinho não era nada convincente.

A Argentina estava ainda pior. Se classificou apenas como terceiro colocado de sua chave. Estreou passando vergonha ao perder para Camarões (1 x 0) na partida de abertura do Mundial. Depois, venceu sem brilho a União Soviética (2 x 0) e empatou com a Romênia (1 x 1).

Mas em um clássico “Brasil x Argentina” tudo pode acontecer. Afinal, se trata de uma das maiores rivalidades do mundo do futebol.


Carlos Bilardo mandou sua equipe ao campo no 3-5-2, com forte proteção ao sistema defensivo e liberdade para Burruchaga e Maradona criarem.


Sebastião Lazaroni armou a Seleção no sistema 3-5-2, com Mauro Galvão como líbero e os laterais atuando mais à frente, como alas. Por falta de costume com o esquema, os laterais voltavam à linha de defesa e o miolo de zaga se embolava. O time ficou muito defensivo e faltava criatividade no meio campo.

● A rivalidade e o momento ruim do rival fizeram o Brasil começar com tudo. Logo no primeiro minuto, Careca forçou Sergio Goycochea – o Tapa-Penales – a fazer uma boa defesa. Careca estava no auge da forma técnica, campeão italiano pelo Napoli ao lado de Alemão e Maradona.

Aos 18′, Branco cruzou da esquerda e Dunga cabeceou com força, mas a bola foi na trave.

Oito minutos depois, Troglio obrigou Taffarel a fazer a sua única defesa no primeiro tempo.

O volume de jogo do Brasil era muito superior. Goycochea fez cera desde o começo, confiando em seu excepcional retrospecto em cobranças de pênaltis – que se provaria nas quartas de final e na semifinal.

Na reta final do primeiro tempo, em uma rápida parada durante atendimento médico a Pedro Troglio, Branco tomou uma água oferecida pelo massagista argentino Miguel di Lorenzo. Descobriu-se depois que essa água estava “batizada” com tranquilizantes (veja mais abaixo). E o lateral brasileiro, sempre intenso, passou a se arrastar em campo, ficando com os reflexos mais lentos e chutando a bola sem sua potência costumeira.

A Argentina equilibrou mais o jogo na etapa complementar.

Aos 7′, Careca cruzou da esquerda e a a bola foi na trave. Na sobra, Alemão deu um belo chute e a bola foi de novo no poste. Era a terceira bola na trave na partida, a segunda no mesmo lance.

A Seleção Brasileira bombardeava de todos os jeitos e a vitória parecia ser uma questão de tempo.

Aos 17′ do segundo tempo, Burruchaga chutou com perigo, rente à trave direita, mas Taffarel impediu o gol.

“Ali pelos 20 minutos nosso meio-campo começou a ganhar”, analisaria Bilardo depois do jogo.

Depois, Müller furou uma finalização após um passe de Careca.

O Brasil foi amplamente superior durante os noventa minutos, demonstrando um futebol que não havia apresentado até então. Os hermanos não tinham pudor em se defender com todos seus jogadores. E os albicelestes, tão presos ao seu campo de defesa, tiveram um contra-ataque ao seu favor que seria definitivo.


(Imagem: Futebol Portenho)

Aos 35 minutos do segundo tempo, a bola caiu justamente nos pés de Maradona, que fez sua primeira jogada genial na Copa. Ele fez fila, passando Alemão, Dunga e Ricardo Rocha, além de fazer Ricardo Gomes e Mauro Galvão baterem cabeça e deixar Claudio Caniggia livre, em condições para driblar Taffarel e mandar para as redes.

“Alemão saiu atrasado e não fez a falta como devia”, lastimou Lazaroni. Com certeza Alemão deveria ter feito a chamada “falta tática”, em que se mata a jogada em seu nascedouro, antes que ela se torne perigosa.

“Estou jogando com meio Maradona. Mas, mesmo com uma perna só, ele é a diferença.” ― Carlos Bilardo

O esquema de Lazaroni, que privilegiava a disciplina tática, não resistiu à genialidade de Maradona.

Dois minutos depois do gol, José Basualdo fez boa jogada e escapava livre em direção ao gol. Como último recurso, Ricardo Gomes lhe deu um carrinho por trás e foi expulso.

Na cobrança dessa mesma falta, Maradona obrigou Taffarel a uma ótima defesa.

Com um homem a menos, o escrete canarinho ainda pressionou e ainda teve uma chance de ouro para empatar a dois minutos do fim. Uma bola mal rebatida pela defesa portenha caiu nos pés de Müller na linha da pequena área. Mesmo livre, o atacante mandou a bola para fora. Faltou concentração ao atacante brasileiro.

Foi a última chance e o Brasil estava eliminado por seu maior rival.

Certamente não existe justiça no futebol. E não houve, ao menos nesse jogo. A defensiva Seleção de Lazaroni caiu justo no jogo em que foi mais ofensiva e acabou jogando muito bem. “Só” faltaram os gols.


(Imagem: Bol)

● Após a partida, Maradona resumiu tudo: “O Brasil merecia ganhar, mas o futebol é assim mesmo”. E foi consolar seu amigo Careca: “Eu queria festejar, mas não se pode mostrar alegria na frente de um amigo que está muito triste”.

Careca foi o mais sacrificado pelo sistema de jogo, mas defendeu Lazaroni: “Se tivéssemos ganhado, ninguém nem se lembraria do esquema”.

“Fomos muito mal no primeiro tempo. Mas o grupo é forte e mostrou que tem brio depois de tanta gozação, tanta gente prevendo que não iríamos adiante.” “Ganhar do Brasil é, sem dúvida, uma grande alegria. Eu não estava com o palpite de que marcaria, mas sabia que Maradona poderia resolver. Quando a bola chegou, eu só tinha de matar Taffarel.” ― Claudio Caniggia

O Brasil fez 61 desarmes e bateu seu recorde, mas, em compensação, foi desarmado 60 vezes (outro recorde). Errou apenas 24 passes.

Após a derrota, muitos reservas questionaram publicamente o técnico Sebastião Lazaroni por uma vaga no time titular. Alguns atacaram os próprios colegas. “Vim disputar a Copa e o máximo que consegui foram promessas”, reclamou o zagueiro Aldair. “Lazaroni foi desonesto comigo”, afirmou o atacante Bebeto. “O Brasil não perdeu a Copa de 90 fora do campo. Perdeu dentro, por incompetência de alguns jogadores”, criticou o atacante Romário. Renato Gaúcho disse ainda mais: “Fui sacaneado e perseguido por reclamar que o esquema era defensivo demais. A derrota foi um belo castigo para um técnico retranqueiro. Iríamos mais longe com onze Renatos. Falta tesão para muito jogador. Eu não sou um acomodado. O dia em que eu encostar o corpo, eu me aposento”.

“Nós tentamos, fizemos o possível, tudo o que sabíamos. Infelizmente não o bastante para fazer a bola entrar no gol argentino”, dizia Lazaroni desconsolado. “O problema é que a Copa do Mundo é uma guilhotina. E a cabeça que rolou hoje foi a nossa.”

Quando a delegação brasileira chegou ao Rio de Janeiro, uma faixa os recepcionava: “Quem tem merda na cabeça? Camarões ou Lazaroni?” O técnico brasileiro foi muito criticado, taxado como defensivista e acusado de ser conivente com os problemas internos entre os atletas. Antes da Copa, ele era considerado um técnico ultramoderno para a época, antenado às novas tendências táticas e sistemas de treinamento. Após o torneio, Lazaroni se tornou sinônimo de “defensivismo”, “cabeça dura” e “burrice”.

Bebeto e Romário haviam sido titulares na conquista da Copa América de 1989, mas foram relegados ao banco de reservas durante o Mundial. “Pode anotar: foi a minha primeira e última Copa”, disse um negativo Romário. “Estaremos juntos na Copa do Mundo de 1994”, afirmou um positivo Bebeto.

O 9º lugar foi a terceira pior participação brasileira em Copas do Mundo, atrás apenas do 11º na Inglaterra em 1966 e o 14º também na Itália, em 1934.

O título da matéria da revista Placar que foi às bancas dois dias depois do jogo era bem icônico: “Era Maradona”. Uma crítica à tão mencionada “Era Dunga”, tratada pela imprensa de forma pejorativa, devido a importância exagerada que Lazaroni dava ao bom, mas esforçado e limitado volante gaúcho. Mas Dunga foi eleito injustamente como o símbolo do fracasso brasileiro na Copa de 1990 e daria a volta por cima ao ser o capitão da Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 1994.

E a Argentina seguiu capengando em sua sequência na Copa. Nas quartas, contou com a estrela do goleiro Goycochea, que pegou duas cobranças na vitória por pênaltis por 3 a 2 sobre a Iugosláviam após um empate sem gols. Nas semifinais, após 1 x 1 com a anfitriã Itália, Goycochea pegou outras duas cobranças e a Argentina venceu nos pênaltis por 4 a 3. Na decisão, já no fim da partida, um pênalti polêmico resultou na derrota para a Alemanha Ocidental por 1 a 0 e no vice-campeonato.


(Imagem: O Curioso do Futebol)

● Durante a partida, Branco se queixou que ficou que estava sonolento, zonzo e com náuseas após beber a água suspeita, mas não foi levado a sério por ninguém. “Notei um gosto estranho e senti tontura. Avisei o bandeirinha porque achei que fosse algo dopante.”

O episódio ficou esquecido por quase quinze anos, mas voltou à tona quando Maradona comentou sobre o assunto ao ficar bêbado em um jantar. Durante o programa de TV Mar de Fondo, ele disse que o conteúdo da garrafa era Rohypnol (Rufilin), nome comercial do composto Flunitrazepam, popularmente conhecido como “Boa Noite Cinderela” ou “Droga do Estupro”, que se tornou mais conhecido após o filme “The Hangover” (“Se Beber Não Case”).

Diego confessou que a água realmente tinha sonífero. Quando um Ricardo Giusti foi beber da mesma garrafa, alguém gritou: “dessa aí, não! Da outra”. Em seu antigo programa de televisão La Noche del Diez, Maradona confessou, mas negou a autoria: “Cito o pecado, mas não o pecador”.

O técnico Carlos Bilardo foi evasivo. A revista Veintitrés publicou uma entrevista com El Narigón e o título “(Quase) Confesso que fiz trapaça”. Ele não respondeu diretamente sobre o caso e disse que não sabia de nada, mas acabou afirmando: “Não disse que isso não aconteceu, hein?”. Diversas versões afirmam que o treinador tenha autorizado ou até mesmo ordenado que a tal água fosse entregue a Branco durante a partida.

O assunto se tornou folclore, especialmente no futebol argentino, considerado como parte de uma lista de espertezas, ao lado da icônica “Mão de Deus” de Maradona contra a Inglaterra em 1986.


(Imagem: Getty Images / Globo Esporte)

FICHA TÉCNICA:

 

ARGENTINA 1 x 0 BRASIL

 

Data: 24/06/1990

Horário: 17h00 locais

Estádio: Delle Alpi

Público: 61.381

Cidade: Turim (Itália)

Árbitro: Joël Quiniou (França)

 

ARGENTINA (3-5-2):

BRASIL (3-5-2):

12 Sergio Goycochea (G)

1  Taffarel (G)

15 Pedro Monzón

19 Ricardo Rocha

20 Juan Simón

21 Mauro Galvão

19 Oscar Ruggeri

3  Ricardo Gomes (C)

4  José Basualdo

2 Jorginho

7  Jorge Burruchaga

4  Dunga

14 Ricardo Giusti

5  Alemão

21 Pedro Troglio

8  Valdo

16 Julio Olarticoechea

6  Branco

10 Diego Armando Maradona (C)

15 Müller

8  Claudio Caniggia

9  Careca

 

Técnico: Carlos Bilardo

Técnico: Sebastião Lazaroni

 

SUPLENTES:

 

 

22 Fabián Cancelarich (G)

12 Acácio (G)

1  Ángel Comizzo (G)

[1  Nery Pumpido (G)]

22 Zé Carlos (G)

5  Edgardo Bauza

13 Mozer

11 Néstor Fabbri

14 Aldair

18 José Serrizuela

18 Mazinho

2  Sergio Batista

10 Silas

17 Roberto Sensini

7  Bismarck

13 Néstor Lorenzo

20 Tita

6  Gabriel Calderón

17 Renato Gaúcho

3  Abel Balbo

16 Bebeto

9 Gustavo Dezotti

11 Romário

 

GOL: 81′ Claudio Caniggia (ARG)

 

CARTÕES AMARELOS:

27′ Pedro Monzón (ARG)

28′ Ricardo Giusti (ARG)

40′ Ricardo Rocha (BRA)

50′ Mauro Galvão (BRA)

87′ Sergio Goycochea (ARG)

 

CARTÃO VERMELHO: 85′ Ricardo Gomes (BRA)

 

SUBSTITUIÇÕES:

61′ Pedro Troglio (ARG) ↓

Gabriel Calderón (ARG) ↑

 

84′ Alemão (BRA) ↓

Silas (BRA) ↑

 

84′ Mauro Galvão (BRA) ↓

Renato Gaúcho (BRA) ↑

Gol da partida:

Melhores momentos:

Jogo completo:

… 09/06/1990 – Colômbia 2 x 0 Emirados Árabes Unidos

Três pontos sobre…
… 09/06/1990 – Colômbia 2 x 0 Emirados Árabes Unidos


(Imagem: AFP Photo / Thenational.ae)

● A Colômbia voltava a participar de uma Copa do Mundo 28 anos depois. Foi a campeã do Grupo 2 das eliminatórias da Conmebol, deixando para trás o Paraguai e o Equador. E por ter sido o líder que somou menos pontos dentre os sul-americanos, teve que disputar a repescagem intercontinental contra Israel, que havia sido o vencedor na Oceania. Com uma vitória em casa e o empate sem gols fora, enfim, Los Cafeteros se garantiram no Mundial.

O sorteio dos grupos não foi muito favorável. Embora o Grupo D contasse com o “sparring” Emirados Árabes Unidos, tinha também as fortíssimas seleções de Alemanha Ocidental e Iugoslávia. Mas os colombianos viajaram à Itália prontos para roubarem a cena.

Todos os olhares buscavam a cabeleira acaju e despenteada de Carlos “El Pibe” Valderama. Era um “falso lento”, mas rápido com a bola nos pés e inteligente na armação. Era o capitão e cérebro do time.

O título maior de astro do país era dividido com René “El Loco” Higuita. O “goleiro-líbero” sempre roubava os olhares a cada saída espalhafatosa do gol. Pouco importava se fosse bem ou mal sucedido. Seu estilo não era nada ortodoxo e uma novidade para os europeus. Por vezes assumia o papel de zagueiro e até iniciava a armação de seu time, gerando bons contra-ataques. Se especializou também em cobranças de pênalti (cobrando e defendendo), além de ser bom batedor de falta. Terminaria a carreira com 41 gols marcados (37 em cobranças de pênalti e 4 de falta) e até hoje é o 3º maior goleiro artilheiro da história. Se não bastasse tudo isso, era ainda muito bom em sua principal função: como goleiro mesmo. Era um astro em campo, que deixava a torcida de pé.

Não eram apenas as cabeleiras exóticas que atraíam os olhares. Pela primeira vez em sua história, a Colômbia possui mais do que jogadores esforçados. Os sul-americanos praticavam um futebol moderno.

A eficiente equipe foi montada por Francisco Maturana, que começou uma revolução no futebol do país desde 1987, ao trabalhar a marcação sob pressão. Ex-jogador do Atlético Nacional, ele levou o time ao histórico título da Copa Libertadores da América de 1989, ao mesmo tempo em que treinava a seleção de seu país. Focou na renovação do plantel nacional, dando chance a novos talentos como os meias Bernardo Redín e Freddy Rincón, além do zagueiro Andrés Escobar.

Com isso, a Colômbia era a seleção que gerava mais curiosidade antes do início do Mundial. Era uma incógnita. Ninguém sabia o que realmente esperar.

Na única Copa que havia disputado, em 1962, perdeu para o Uruguai (2 x 1) e para a Iugoslávia (5 x 0), além de ter conseguido um heroico empate por 4 x 4 com a União Soviética – com direito ao único gol olímpico da história dos Mundiais – após estar perdendo por 4 x 1.


Valderrama tabela com Gildardo Gómez (Imagem: Bob Thomas / Getty Images)

● Situado no Golfo Pérsico, os Emirados Árabes Unidos existem como nação desde 1971. Menos de duas décadas se passaram e a seleção desse país de apenas 83.600 km² (menor que o estado de Pernambuco) foi fazer a sua estreia em Copas do Mundo.

Os árabes ficaram em segundo lugar no hexagonal final das eliminatórias asiáticas. Com uma vitória e quatro empates, ficou com uma das duas vagas do continente – juntamente com a líder Coreia do Sul, que somou dois pontos a mais. Zagallo era o treinador do time. Ele soube reconhecer as deficiências de seu elenco e armou um time bastante defensivo. O “Velho Lobo” foi demitido pelo então príncipe Khalifa bin Zayed al Nahyan (atual emir – líder político do país) após discutir a premiação pela qualificação para o Mundial. O principal problema do futebol do país sempre foi a interferência das autoridades.

O técnico polonês Bernard Blaut durou um mês no emprego. Desesperados, os sheiks foram atrás de Carlos Alberto Parreira, aprendiz de Zagallo. Ele já havia treinado os emiratenses entre 1984 e 1988, formando jogadores que seriam a base desse time. Ele conhecia o potencial de cada jogador e sabia que o time era fraco. Os próprios árabes reconheciam as suas limitações e viajaram para a Itália com um objetivo em mente: não serem humilhados.

A Revista Placar da época dizia que era um “elenco repleto de homônimos barbudos que dificultam a identificação para o torcedor estrangeiro”.


A Colômbia jogava no 4-4-2 com um meio campo muito técnico. Valderrama era livre para criar. Rincón era atacante nessa época; só alguns anos depois ele se tornaria o grande volante que foi.


Parreira escalou os EAU com três zagueiros. Como o time pouco avançava, era um 5-3-2, na prática.

● Diante de quase 31 mil presentes no Stadio Renato Dall’Ara, em Bologna, a Colômbia demorou muito a fazer valer seu claro favoritismo diante da frágil seleção dos Emirados Árabes Unidos.

Durante 50 minutos, só Higuita chamou a atenção ao sair da área para tirar uma bola de cabeça e para driblar um atacante rival.

Os cafeteros só acordaram aos cinco minutos do segundo tempo.

A defesa emiratense errou a linha de impedimento e Álvarez cruzou para Rodín cabecear no contrapé do goleiro.

O placar foi fechado a cinco minutos do fim.

Aos 41′, Estrada fez um lançamento de seu campo. Valderrama dominou pela esquerda, cortou para o meio de chutou de fora da área, no canto esquerdo do goleiro.


Gildardo Gómez disputa a bola com Adnan Al Talyani (Imagem: Bob Thomas / Getty Images)

● Como esperado, a seleção dos Emirados Árabes Unidos foi a última colocada da Copa do Mundo de 1990. A menor das derrotas foi para os colombianos (2 x 0). As goleadas vieram para Alemanha Ocidental (5 x 1) e para a Iugoslávia (4 x 1).

A Colômbia, após vencer os árabes, perdeu para a Iugoslávia por 1 x 0 e empatou com a Alemanha Ocidental nos minutos finais, com gol de Freddy Rincón. Se classificou para a próxima fase como um dos melhores terceiros colocados. Enfrentou a também surpreendente seleção de Camarões e perdeu na prorrogação por 2 x 1, com dois gols do velhinho Roger Milla – o segundo em uma falha gritante de René Higuita, que tentou driblar quase no meio campo e perdeu a bola.


Andrés Escobar disputa no alto com o goleiro Muhsin Musabah (Imagem: Michel Lipchetz / AP / SFFS / sfgate.com)

FICHA TÉCNICA:

 

COLÔMBIA 2 x 0 EMIRADOS ÁRABES UNIDOS

 

Data: 09/06/1990

Horário: 17h00 locais

Estádio: Stadio Renato Dall’Ara

Público: 30.791

Cidade: Bologna (Itália)

Árbitro: George Courtney (Inglaterra)

 

COLÔMBIA (4-4-2):

EMIRADOS ÁRABES UNIDOS (5-3-2):

1  René Higuita (G)

17 Muhsin Musabah (G)

4  Luis Fernando Herrera

19 Eissa Meer

15 Luis Carlos Perea

6  Abdulrahman Mohamed

2  Andrés Escobar

20 Yousuf Hussain

3  Gildardo Gómez

2  Khalil Ghanim

14 Leonel Álvarez

15 Ibrahim Meer

8  Gabriel “Barrabás” Gómez

3  Ali Thani Jumaa

11 Bernardo Redín

14 Nasir Khamees

10 Carlos Valderrama (C)

12 Hussain Ghuloum

19 Freddy Rincón

7  Fahad Khamees (C)

16 Arnoldo Iguarán

10 Adnan Al Talyani

 

Técnico: Francisco Maturana

Técnico: Carlos Alberto Parreira

 

SUPLENTES:

 

 

12 Eduardo Niño (G)

1  Abdullah Musa (G)

21 Alexis Mendoza

22 Abdulqadir Hassan (G)

5  León Villa

21 Abdulrahman Al-Haddad

6  José Ricardo Pérez

4  Mubarak Ghanim

13 Carlos Hoyos

16 Mohamed Salim

17 Geovanis Cassiani

5  Abdullah Ali Sultan

18 Wilmer Cabrera

13 Hassan Mohamed

22 Rubén Darío Hernández

8  Khalid Ismaïl

20 Luis Fajardo

18 Fahad Abdulrahman

9  Miguel Guerrero

9  Abdulaziz Mohamed

7  Carlos Estrada

11 Zuhair Bakheet

 

GOLS:

50′ Bernardo Redín (COL)

85′ Carlos Valderrama (COL)

 

CARTÕES AMARELOS:

5′ Eissa Meer (EAU)

55′ Yousuf Hussain (EAU)

70′ Ibrahim Meer (EAU)

 

SUBSTITUIÇÕES:

57′ Fahad Khamees (EAU) ↓

Zuhair Bakheet (EAU) ↑

 

74′ Eissa Meer (EAU) ↓

Abdullah Ali Sultan (EAU) ↑

 

75′ Arnoldo Iguarán (COL) ↓

Carlos Estrada (COL) ↑

Veja os gols da partida – em imagens bastante prejudicadas pelo reflexo do sol, mas que são as únicas disponíveis:

Vídeo com a escalação das duas seleções:

… 09/06/1990 – Itália 1 x 0 Áustria

Três pontos sobre…
… 09/06/1990 – Itália 1 x 0 Áustria


(Imagem: Barcalcio)

● Depois de vencer a Copa do Mundo de 1982, a Itália soube capitalizar muito bem esse sucesso. Nos anos seguintes, os clubes do país contrataram os principais talentos do futebol mundial. A Juventus trouxe Michel Platini e Zbigniew Boniek. A Udinese tirou Zico do Flamengo. A Roma já tinha Falcão e trouxe Toninho Cerezo. Júnior foi para o Torino. A Internazionale comprou Karl-Heinz Rummenigge. A Fiorentina fechou com Sócrates. O Verona foi atrás de Hans-Peter Briegel. E até o pequeno Napoli conseguiu sua estrela: Diego Armando Maradona, que não estava bem no Barcelona. Exceções feitas aos espanhóis (pelo futebol forte e capitalizado) e aos soviéticos (que eram impedidos de deixar seu país), em meados da década de 1980, praticamente todos os grandes futebolistas do planeta estavam desfilando em gramados italianos. Com uma constelação dessa imponência no Calcio, até a Rede Globo ousou transmitir o Campeonato Italiano ao vivo na temporada 1984/85.

Com esse sucesso, os políticos italianos demonstraram o interesse de seu país em ser sede da próxima Copa a ser disputada na Europa. A Itália já tinha sido anfitriã no segundo Mundial, em 1934, e a FIFA estava relutante em repetir um país sede. Mas o precedente do México em 1986 abriu as portas para o sucesso italiano.

A FIFA, vendo como iminente queda da “Cortina de Ferro” e a consequente implosão da União Soviética (maior adversária dos italianos no pleito), decidiu pelo país que tinha mais tradição, o melhor campeonato nacional do mundo e melhor infraestrutura turística. E a Itália se tornou novamente sede da Copa – dessa vez sem a influência do fascismo.

Foram reformados nove dos doze estádios que sediaram jogos, incluindo o Olímpico de Roma e o San Siro, em Milão. O Luigi Ferraris, de Gênova, foi demolido e reconstruído. Turim e Bari ganharam estádios novos: Delle Alpi e San Nicola, respectivamente.

A FIFA dirigiu o sorteio do chaveamento, de forma a evitar o desequilíbrio. Cada grupo tinha pelo menos duas equipes de bom nível, sendo que até três times poderiam se classificar para as oitavas de final. Esse direcionamento impediu que houvessem grupos fracos e também os chamados “grupos da morte”.

Os principais favoritos ao título eram a Itália (dona da casa, que contava com uma defesa fortíssima), a Holanda (campeã da Eurocopa de 1988) e o Brasil (campeão da Copa América de 1989 – e que havia derrotado italianos e holandeses em amistosos também em 1989). Em um segundo escalão estavam a Argentina (então campeã mundial), União Soviética (campeã olímpica de 1988), Alemanha Ocidental e Inglaterra.


(Imagem: Bob Thomas / Getty Images)

● Na abertura oficial do torneio, a Argentina foi surpreendida por Camarões e perdeu por 1 a 0. No dia seguinte, era a vez da Itália estrar diante de sua torcida contra o bom time da Áustria.

Em 1990, a Áustria disputou três amistosos preparatórios. Em 28/03, venceu a Espanha de virada por 3 a 2, em Málaga, após estar perdendo por 2 a 0. Em 11/04, em Salzburg, goleou a Hungria por 3 a 0. No dia 30/05, em Viena, derrotou a fortíssima Holanda por 3 a 2. Esses resultados elevaram o moral dos austríacos. Para a crítica especializada, o time deixou de ser a “terceira força do Grupo A” e passou a ter “razoáveis chances de chegar entre os oito finalistas”. Mas, para os austríacos, um empate na estreia já seria um ótimo resultado.

A Itália causava desconfiança à sua torcida após o resultado de três partidas amistosas. Em fevereiro, empatou sem gols com a Holanda, em Roterdã. Em março, venceu a Suíça por 1 a 0, em Basel. No dia 30/05, em Perugia, empatou sem gols com a Grécia. Em três jogos, marcou um gol e não sofreu nenhum. E aparentemente era isso que a Squadra Azzurra tinha a oferecer na Copa: uma defesa intransponível e um ataque estéril.


Azeglio Vicini montou a Itália no sistema 4-4-2 com Franco Baresi como líbero.


Josef Hickersberger armou a Áustria no 5-3-2.

● Todavia, com a bola rolando, a Itália surpreendeu a todos e partiu para cima, deixando de lado sua prudência costumeira e criando inúmeras oportunidades. Porém, não foi feliz nas finalizações.

O primeiro tempo poderia ter terminado com o placar dilatado, se Andrea Carnevale (várias vezes), Gianluca Vialli, Carlo Ancelotti (acertou a trave) e Roberto Donadoni não tivessem desperdiçado chances preciosas. Donadoni perdeu o gol mais feito: ele estava dentro da pequena área e chutou por cima, com o gol vazio. Os atacantes sofriam com a ansiedade e nervosismo para definir logo as jogadas. Faltava pontaria.

Vialli perdeu outro gol fácil no início do segundo tempo, na oitava finalização italiana no jogo. Com 23 anos, o talentoso Roberto Baggio permaneceu no banco os 90 minutos.

Daí em diante, a Áustria conseguiu estabelecer um certo equilíbrio na partida, trocando passes e tirando a velocidade das jogadas. Mas, muito bem marcado, o artilheiro Toni Polster pouco conseguia fazer.

E, aos 30 minutos, o técnico Azeglio Vicini trocou o inoperante Carnevale (que errou quatro finalizações) por Salvatore “Totò” Schillaci – um artilheiro implacável atuando pelo Messina na Série B, que havia chegado à Juventus um ano antes e sido autor de 12 gols em 30 jogos na Série A de 1989/90. Aos 25 anos, era seu segundo jogo pela seleção. Era praticamente um desconhecido do grande público. E que se tornou celebridade apenas três minutos após entrar em campo.

Aos 33′, Vialli avançou até a linha de fundo e cruzou da direita. Praticamente em seu primeiro toque na bola, Schillaci (1,75 m) saltou entre os gigantes Ernst Aigner (1,94 m) e Robert Pecl (1,89) para cabecear a bola para o fundo do gol de Lindenberger.

Em um jogo duro, a Itália conseguiu a vitória graças a “Totò” Schillaci, o novo xodó da torcida italiana. Salvatore foi o salvador da Itália.


São João Paulo II: o Papa na Copa (Imagem: FIFA)

● Esse foi o único jogo da história das Copas que contou com a presença de um Papa. Antes da partida, São João Paulo II desfilou de papamóvel pela pista de atletismo do estádio Olímpico de Roma e depois leu um breve discurso na tribuna de honra, enaltecendo a importância dos atletas para que sirvam de modelo aos jovens de todo o mundo, “como líderes, e não como ídolos”.

Curiosamente, em sua juventude em Wadowice (a 50 km de Cracóvia), o polonês Karol Wojtyła brincava de ser goleiro e era elogiado pelo porte físico, coragem e disciplina em campo.

Mas o Papa sabia que naqueles dias o catolicismo ficaria em segundo plano na Itália, perdendo para a principal religião do mundo: o futebol. Tanto sabia, que adiantou o horário da tradicional procissão de Corpus Christi para que os fiéis pudessem assistir o jogo entre Itália e Estados Unidos.

E para tentar atender o maior número possível de fiéis turistas durante Copa, o Vaticano rezava missas em cinco idiomas: italiano, inglês, espanhol, alemão e francês.


(Imagem: Bob Thomas / Getty Images)

● Na sequência, a Áustria perdeu para a Tchecoslováquia por 1 a 0 e venceu os Estados Unidos por 2 a 1. Foi eliminada na primeira fase, com apenas dois pontos.

A Itália pegou embalo e, nas partidas seguintes, venceu os EUA por 1 a 0 e a Tchecoslováquia por 2 a 0, terminando a fase de grupos com 100% de aproveitamento. Nas oitavas de final, eliminou o Uruguai (2 x 0). Nas quartas, teve dificuldade para vencer a Irlanda por 1 a 0. Na semi, a Azzurra sofreu seu primeiro gol no torneio e empatou com a Argentina por 1 a 1, mas perdeu nos pênaltis por 4 a 3. Como consolo, conquistou o 3º lugar ao vencer a Inglaterra por 2 a 1.

“Totò” Schillaci se sagrou o artilheiro da Copa com seis gols e foi eleito o melhor jogador do torneio.


(Imagem: Bob Thomas / Getty Images)

FICHA TÉCNICA:

 

ITÁLIA 1 x 0 ÁUSTRIA

 

Data: 09/06/1990

Horário: 21h00 locais

Estádio: Olímpico

Público: 73.303

Cidade: Roma (Itália)

Árbitro: José Roberto Wright (Brasil)

 

ITÁLIA (4-4-2):

ÁUSTRIA (5-3-2):

1  Walter Zenga (G)

1  Klaus Lindenberger (G)

2  Franco Baresi

2  Ernst Aigner

3  Giuseppe Bergomi (C)

7  Kurt Russ

6  Riccardo Ferri

3  Robert Pecl

7  Paolo Maldini

5  Peter Schöttel

9  Carlo Ancelotti

18 Michael Streiter

11 Fernando De Napoli

8  Peter Artner

13 Giuseppe Giannini

10 Manfred Linzmaier

17 Roberto Donadoni

20 Andreas Herzog

16 Andrea Carnevale

13 Andreas Ogris

21 Gianluca Vialli

9  Toni Polster

 

Técnico: Azeglio Vicini

Técnico: Josef Hickersberger

 

SUPLENTES:

 

 

12 Stefano Tacconi (G)

21 Michael Konsel (G)

22 Gianluca Pagliuca (G)

22 Otto Konrad (G)

5  Ciro Ferrara

4  Anton Pfeffer

8  Pietro Vierchowod

6  Manfred Zsak

4  Luigi De Agostini

12 Michael Baur

14 Giancarlo Marocchi

11 Alfred Hörtnagl

10 Nicola Berti

19 Gerald Glatzmayer

15 Roberto Baggio

16 Andreas Reisinger

18 Roberto Mancini

14 Gerhard Rodax

20 Aldo Serena

15 Christian Keglevits

19 Salvatore Schillaci

17 Heimo Pfeifenberger

 

GOL: 78′ Salvatore Schillaci (ITA)

 

CARTÃO AMARELO: 6′ Andreas Herzog (AUT)

 

SUBSTITUIÇÕES:

INTERVALO Carlo Ancelotti (ITA) ↓

Luigi De Agostini (ITA) ↑

 

61′ Peter Artner (AUT) ↓

Manfred Zsak (AUT) ↑

 

75′ Andrea Carnevale (ITA) ↓

Salvatore Schillaci (ITA) ↑

 

77′ Manfred Linzmaier (AUT) ↓

Alfred Hörtnagl (AUT) ↑


(Imagem: Bob Thomas / Getty Images)

Melhores momentos da partida (em italiano):

Melhores momentos da partida (Rede Manchete):

… 08/06/1990 – Camarões 1 x 0 Argentina

Três pontos sobre…
… 08/06/1990 – Camarões 1 x 0 Argentina


Omam-Biyik deu um salto acrobático para marcar o gol camaronês (Imagem: UOL)

● A seleção argentina tinha vencido duas das três últimas Copas do Mundo, mas claramente não era a mesma de quatro anos antes. Fracassou na Copa América que sediou, em 1987, mesmo ainda tendo o time base de um ano antes. O novo fracasso na Copa América de 1989, organizada e vencida pelo Brasil, levou os argentinos a chegarem com menos cartaz na Itália, no Mundial de 1990. A bem da verdade, cada vez mais eles dependiam de Diego Armando Maradona. Entre o fim da Copa de 1986 e o início do Mundial de 1990, os portenhos jogaram 31 vezes e conseguiram apenas seis vitórias. Mas Diego motivou o time, dizendo: “vão ter que arrancar a Copa de nossas mãos”. Ao final das contas, aos trancos e barrancos, ainda era a Argentina.

No Mundial de 1990, dos 22 selecionados pelo técnico Carlos Bilardo, apenas sete eram remanescentes do título de 1986 e cinco deles entrariam em campo na estreia, contra Camarões: o goleiro Nery Pumpido, o zagueiro Oscar Ruggeri, o volante Sergio Batista, o meia Jorge Burruchaga e o gênio Maradona. Os dois reservas campeões eram os alas Ricardo Giusti e Julio Olarticoechea.

A única esperança argentina era em Maradona. Apenas 15 dias antes, ele havia deixado o sul da Itália em festa ao liderar o Napoli à conquista de seu segundo scudetto em quatro anos (os únicos na história dos partenopei). Sempre protagonista, a simples presença do camisa 10 poderia fazer a diferença para os hermanos. Mas ele não estava fisicamente bem e jogou a Copa toda com fortes dores nos tornozelos.

No mesmo dia 08 de junho, poucas horas antes da partida, o presidente argentino Carlos Menem se reuniu com os jogadores e o técnico Bilardo. Nesse encontro, Menem outorgou a Maradona um passaporte oficial e o nomeou assessor do governo para “assuntos desportivos e difusão da imagem argentina no exterior”. Diego aceitou e ficou emocionado com a nomeação. Mas, em março de 1991, ele foi pego no exame antidoping com cocaína em uma partida com o Napoli e foi suspenso do futebol até 30 de junho de 1992, em caso que gerou enorme repercussão mundial. Em 25/04/1991, Menem assinou um novo decreto que revogava o anterior e retirada a designação diplomática de Maradona.


Maradona não estava bem fisicamente e apanhou o jogo todo (Imagem: ESPN)

● O Grupo B era realmente o mais difícil a Copa. Era formado pela campeã mundial Argentina, a campeã olímpica União Soviética, a Romênia do craque Gheorghe Hagi e Camarões, vencedor da Copa Africana de Nações dois anos antes.

A campanha invicta de Camarões em 1982 ainda estava viva na memória dos amantes do futebol alternativo. Alguns veteranos permaneceram, como o goleiro Thomas N’Kono e o atacante Roger Milla.

Com 38 anos, o “velhinho” Milla havia se retirado da seleção em 1988 e estava à beira da aposentadoria. Mas recebeu um convite do presidente de Camarões, Paul Biya (seu amigo pessoal) e retornou à convocatória dos “Leões Indomáveis” para disputar o Mundial de 1990. Sem o mesmo fôlego dos garotos, Milla normalmente entrava nas partidas no início do segundo tempo. Ainda sim, anotou quatro gols durante a competição e se tornou um dos destaques da Copa.


O técnico soviético Valery Nepomnyashchy escalou seu time em uma espécie de 4-2-3-1. Sem a bola, Victor N’Dip (o mais fraco do grupo) se transformava em líbero. Com a bola, os meias avançavam em velocidade. No ataque, Omam-Biyik recebia a companhia de Roger Milla no segundo tempo de todas as partidas.


Carlos Bilardo mandou sua equipe ao campo no 3-5-2, com forte proteção ao sistema defensivo e liberdade para Burruchaga e Maradona criarem.

● Um desfile de modas abriu a competição antes da partida inaugural, no estádio San Siro, em Milão – capital da moda. No jogo de abertura, a expectativa era de um duelo entre um dos favoritos ao Mundial contra um mero coadjuvante. Assim como na abertura da Copa de 1982, quando também defendia o título, a Argentina foi a campo como favorita. E, assim como em 1982 (1 a 0 para a Bélgica), também perderia a partida.

Em poucos minutos de bola rolando, os camaroneses mostraram que seriam adversários duros de serem batidos. Sua defesa era um misto de um pouco de ingenuidade e muito de violência. Com apenas nove minutos de jogo, o beque Benjamin Massing recebeu o primeiro cartão da Copa por dar um bico por trás no tornozelo já baleado de Maradona. Os “Leões Indomáveis” não eram nada dóceis.

Em compensação, o ataque dos africanos era ágil e liso e a defesa argentina também apelava para as faltas. Assim, enquanto as bordoadas se seguiam de lado a lado, os primeiros 45 minutos de passaram e nenhuma das equipes conseguiu criar chances reais de gol.

No intervalo, o técnico Carlos Bilardo desfez o sistema 3-5-2 argentino, colocando o rápido atacante Claudio Caniggia no lugar do veterano zagueiro Oscar Ruggeri.

E na etapa final, a situação ficou mais favorável aos sul-americanos quando o volante André Kana-Biyik foi expulso aos 16′ por derrubar Caniggia por trás e matar um contra-ataque argentino. Mas, mesmo com dez atletas, Camarões continuou correndo e batendo. E o jogo começava a ganhar cara de 0 x 0.


(Imagem: Globo)

Mas o gol saiu aos 22 minutos do segundo tempo. Após cobrança de falta da esquerda para a área albiceleste, Makanaky disputou com Lorenzo e jogou a bola para cima. Sensini ficou só olhando e não viu a aproximação de Omam-Biyik. O camisa 7 se deslocou do meio para a esquerda e deu um salto acrobático, entortando o corpo no ar e conseguindo cabecear na direção do gol. A bola foi em cima de Pumpido e parecia fácil de ser defendida, mas o goleiro vacilou. A bola passou entre suas mãos e tocou seu joelho antes de entrar lentamente no canto direito.

Um gol estranhíssimo. Um verdadeiro frango. Mas a falha de Pumpido não tira o mérito do salto impressionante de Omam-Biyik. Com 1,84 m de altura, ele alcançou a bola a 2,60 do chão. Curiosamente, o autor do gol jogava no modestíssimo Stade Lavallois, 4º colocado da 2ª Divisão da França na temporada 1989/90. François Omam-Biyik é irmão de André Kana-Biyik, o volante expulso seis minutos antes do gol.

Nos 20 minutos restantes, a Argentina se lançou de vez ao ataque. O atacante Gabriel Calderón entrou no lugar do ala Roberto Sensini. Mas os hermanos não conseguiram acertar um mísero chute na direção do gol do lendário Thomas N’Kono.

Aos 42′, Massing também foi expulso por derrubar Caniggia. O argentino recebeu uma bola ainda em seu campo de defesa e disparou para o ataque. Camarões se postava de forma compacta, com o time quase todo no meio campo. Em uma corrida impressionante, “El Pájaro” Caniggia deixou dois marcadores para trás e já estava na intermediária ofensiva, quando Massing lhe acertou em cheio. A truculência foi tamanha que a chuteira do camaronês voou longe. O árbitro Michel Vautrot expulsou corretamente o infrator, pois – além da violência – Massing era o último defensor. Trocou uma chance de gol pela falta. De forma até engraçada, o atabalhoado juiz francês mostrou o cartão vermelho a Massing antes de mostrar o segundo amarelo.

Com nove jogadores, Camarões precisou resistir por mais três minutos para provocar a primeira grande “zebra” da Copa. A comemoração dos africanos é o reflexo da surpresa e alegria do time. Foi um resultado realmente inesperado.


(Imagem: Globo)

● No fim da partida, Maradona percebeu ter perdido no gramado um anel que havia ganhado de sua esposa Cláudia em seu último aniversário, e que valia cerca de US$ 5 mil. O anel foi encontrado pouco depois.

Após aprontar contra a Argentina, Camarões venceu também a Romênia por 2 a 1 com dois gols de Roger Milla. Já classificado, foi goleado pela já eliminada União Soviética por 4 a 0. Terminou como líder do grupo B com quatro pontos. Em um jogo empolgante e só decidido na prorrogação, venceu a forte Colômbia por 2 a 1 (com uma falha do goleiro colombiano René Higuita e dois gols de Milla). Nas quartas de final, deu muito trabalho para a Inglaterra, vendendo caro a derrota. Só perdeu na prorrogação, com um gol de pênalti de Gary Lineker (o placar foi 3 a 2). Mas ficou na história como (até então) a melhor campanha de uma seleção africana na história dos Mundiais. Foi a primeira equipe de seu continente a chegar às quartas de final. Seria igualada por Senegal em 2002 e por Gana em 2010.

A Argentina somente passou de fase por ter sido uma das melhores terceiras colocadas, com três pontos. No Grupo B, após perder para Camarões, venceu a União Soviética por 2 a 0 e empatou com a Romênia por 1 a 1. Nas oitavas de final, jogou pior, mas venceu o clássico com o Brasil graças a uma jogada mágica de Maradona e uma linda conclusão de Caniggia. Nas quartas, contou com a estrela do goleiro Goycochea, que pegou duas cobranças na vitória por pênaltis por 3 a 2 sobre a Iugoslávia. Nas semifinais, após um empate por 1 x 1 com a anfitriã Itália, Goycochea pegou outras duas cobranças e a Argentina venceu nos pênaltis por 4 a 3. Na decisão, já no fim da partida, um pênalti polêmico resultou na derrota para a Alemanha Ocidental por 1 a 0 e no vice-campeonato.


Caniggia entrou bem e deu outra cara à Argentina. Se tornou titular nas partidas seguintes (Imagem: OCacifoDoRaúl)

FICHA TÉCNICA:

 

CAMARÕES 1 x 0 ARGENTINA

 

Data: 08/06/1990

Horário: 18h00 locais

Estádio: San Siro (Giuseppe Meazza)

Público: 73.780

Cidade: Milão (Itália)

Árbitro: Michel Vautrot (França)

 

CAMARÕES (4-2-3-1):

ARGENTINA (3-5-2):

16 Thomas N’Kono (G)

1  Nery Pumpido (G)

17 Victor N’Dip

19 Oscar Ruggeri

14 Stephen Tataw (C)

20 Juan Simón

6  Emmanuel Kundé

11 Néstor Fabbri

4  Benjamin Massing

4  José Basualdo

5  Bertin Ebwellé

13 Néstor Lorenzo

2  André Kana-Biyik

2  Sergio Batista

8  Émile Mbouh

17 Roberto Sensini

10 Louis-Paul M’Fédé

7  Jorge Burruchaga

20 Cyrille Makanaky

10 Diego Armando Maradona (C)

7  François Omam-Biyik

3  Abel Balbo

 

Técnico: Valery Nepomnyashchy

Técnico: Carlos Bilardo

 

SUPLENTES:

 

 

22 Jacques Songo’o (G)

12 Sergio Goycochea (G)

1  Joseph-Antoine Bell (G)

22 Fabián Cancelarich (G)

3  Jules Onana

5  Edgardo Bauza

12 Alphonse Yombi

15 Pedro Monzón

13 Jean-Claude Pagal

18 José Serrizuela

15 Thomas Libiih

21 Pedro Troglio

21 Emmanuel Maboang

16 Julio Olarticoechea

19 Roger Feutmba

14 Ricardo Giusti

11 Eugène Ekéké

6  Gabriel Calderón

18 Bonaventure Djonkep

9  Gustavo Dezotti

9  Roger Milla

8  Claudio Caniggia

 

GOL: 67′ François Omam-Biyik (CAM)

 

CARTÕES AMARELOS:

9′ Benjamin Massing (CAM)

23′ Victor N’Dip (CAM)

27′ Roberto Sensini (ARG)

54′ Émile Mbouh (CAM)

 

CARTÕES VERMELHOS:

61′ André Kana-Biyik (CAM)

88′ Benjamin Massing (CAM)

 

SUBSTITUIÇÕES:

INTERVALO Oscar Ruggeri (ARG) ↓

Claudio Caniggia (ARG) ↑

 

66′ Louis-Paul M’Fédé (CAM) ↓

Thomas Libiih (CAM) ↑

 

69′ Roberto Sensini (ARG) ↓

Gabriel Calderón (ARG) ↑

 

81′ Cyrille Makanaky (CAM) ↓

Roger Milla (CAM) ↑

Gol da partida:

Partida completa:

Expulsão de Massing por falta violenta em Caniggia:

Abertura da Copa de 1990 na Rede Globo:

… 08/07/1990 – Alemanha Ocidental 1 x 0 Argentina

Três pontos sobre…
… 08/07/1990 – Alemanha Ocidental 1 x 0 Argentina


(Imagem: Soccer 365)

● Desde a final da Copa de 1986, muita coisa havia mudado no esporte alemão. O futebol local passou por uma de suas crises mais sérias na segunda metade dos anos 1980. As arquibancadas se esvaziaram, o prestígio do futebol despencou e o tênis virou o esporte mais popular na TV, graças aos fenômenos Boris Becker e Steffi Graf, ambos nº 1 no ranking da ATP (Associação de Tenistas Profissionais).

O país ainda sediou a Eurocopa de 1988, mas parou nas semifinais diante da Holanda com um gol de Marco van Basten no último minuto. Nesse ano, os alemães já haviam aderido ao sistema da moda, o 3-5-2, mas sem grandes exibições ou resultados. Mas eles tinham diferenciais fantásticos. Andreas Brehme, o ala esquerdo, era um armador de origem. O líbero, Klaus Augenthaler, tinha classe e sabia jogar. O meio campista mais defensivo, Lothar Matthäus, era um craque completo e chegava no auge ao seu terceiro Mundial e à sua terceira final (era reserva em 1982).

A Nationalelf tinha uma maneira bem clara de jogar: além do trio de defesa, um lateral defensivo pela direita (Berthold) e um ofensivo pela esquerda (Brehme), um volante criativo (Matthäus), dois meias que carregavam a bola (Häßler na direita e Littbarski ou Uwe Bein na esquerda), além de uma dupla de ataque eficaz (Völler e Klinsmann).

A seleção argentina queria conquistar seu terceiro título em quatro edições disputadas desde 1978, mas também não era a mesma de quatro anos antes. Fracassou na Copa América que sediou, em 1987, mesmo ainda tendo o time base de um ano antes. Seis campeões mundiais ainda eram titulares. O novo fracasso na Copa América de 1989, organizada e vencida pelo Brasil, levou os argentinos a chegarem com menos cartaz na Itália, no Mundial de 1990. A bem da verdade, cada vez mais eles dependiam de Maradona. Entre o fim da Copa de 1986 e o início do Mundial de 1990, os portenhos jogaram 31 vezes e conseguiram apenas seis vitórias. Mas Diego motivou o time, dizendo: “vão ter que arrancar a Copa de nossas mãos”. Ao final das contas, aos trancos e barrancos, ainda era a Argentina.

A Alemanha se tornou o primeiro país a chegar em três finais de Copa consecutivas (seria igualada pelo Brasil nos três Mundiais seguintes). Vencer era mais que uma questão de honra para eles. Die Mannschaft foi a primeira do Grupo D com cinco pontos. Começou goleando a Iugoslávia por 4 a 1 e os Emirados Árabes Unidos por 5 a 1. Na última rodada, empatou por 1 x 1 com a Colômbia. Nas oitavas, venceu a grande rival Holanda por 2 a 1, em uma verdadeira batalha. Nas quartas, vitória simples por 1 a 0 sobre a Tchecoslováquia. Na semifinal, venceu a Inglaterra nos pênaltis por 4 a 3, após empate por 1 a 1 no tempo normal.

A Argentina somente passou de fase por ter sido uma das melhores terceiras colocadas, com três pontos. No Grupo B, perdeu para Camarões na estreia por 1 a 0. Depois, venceu a União Soviética por 2 a 0 e empatou com a Romênia por 1 a 1. Nas oitavas de final, jogou pior, mas venceu o clássico com o Brasil graças a uma jogada mágica de Maradona e uma linda conclusão de Caniggia. Nas quartas, contou com a estrela do goleiro Goycochea, que pegou duas cobranças na vitória por pênaltis por 3 a 2 sobre a Iugoslávia. Nas semifinais, após um empate por 1 x 1 com a anfitriã Itália, Goycochea pegou outras duas cobranças e a Argentina venceu na decisão por pênaltis por 4 a 3.


O técnico Franz Beckenbauer escalou sua equipe no sistema 3-5-2.


Carlos Bilardo também mandou sua equipe ao campo no 3-5-2, em uma versão mais defensiva que a alemã.

● Domingo, oito de julho. Um dia sempre histórico para os alemães. Depois de 51 partidas, só restava esta para decidir quem iria se consagrar. Até então, em 14 edições de Copa do Mundo, nunca havia acontecido de duas seleções repetirem uma final. Alemães e argentinos quebraram essa escrita. Finalistas em 1986, eles decidiram também o Mundial de 1990. Essa final também consagraria um novo tricampeão. Tanto os germânicos quanto os portenhos tinham dois títulos cada. Europeus tinham vencido em 1954 e 1974. Os sul-americanos foram campeões em 1978 e 1986.

Mas, ao contrário de quatro anos antes, desta vez era a Alemanha Ocidental quem entrava em campo como favorita, diante de um adversário que se arrastou durante todo o campeonato e que tinha seu maior craque em má forma física. Maradona começava a entrar em declínio.

Castigada pelo jogo bruto das fases anteriores, a Argentina entrou em campo sem quatro titulares, suspensos: Batista, Orlaticoechea, Giusti e Caniggia, que tinha marcado dois dos cinco gols de sua equipe até então.

Se não bastasse, no momento de execução dos hinos nacionais, a maior parte dos quase 75 mil presentes no estádio Olímpico de Roma vaiou insistentemente o hino argentino, ressentida com o comportamento de Maradona na semifinal em Nápoles, onde fez toda a cidade torcer e cantar seu nome por causa do Napoli, clube onde jogava. Perfilado, em vez de cantar o hino, Diego falava pausadamente, para que ficasse bem claro para as câmeras de TV: “Hijos de puta! Hijos de puta!”

● Mais forte que a Argentina, a Alemanha Ocidental começou melhor. Com vários jogadores atuando na liga italiana, os alemães pareciam estar jogando em casa. Mandava no jogo contra uma Argentina que, como se esperava, apenas se defendia.

Brehme cobra falta e a bola passa perto de Völler.

Littbarski arrisca de longe, mas a bola vai por cima do gol.

Brehme cruza, mas a bola passa por todo mundo e Goycochea segura firme.

Berthold cruza da direita, Völler escapa da forte marcação, mas cabeceia por cima.

Alheia a tudo isso, a Alemanha fez o que dela se esperava, pressionando um adversário inferior em busca do gol, mas perdeu todas as chances criadas no primeiro tempo.

Do outro lado, os argentinos nem ameaçavam. A impressão que dava é que eles queriam fazer um jogo que desgastasse os alemães, sem deixar o fluir. Quem não é melhor na técnica, tenta se igualar na garra. E isso o povo argentino tem de sobra.

A primeira chance dos portenhos só veio no último minuto do primeiro tempo. Basualdo toca para o meio e Maradona tromba com um adversário, caindo na meia lua. Ele pede falta, mas o árbitro mexicano Edgardo Codesal manda o jogo seguir.

A primeira etapa foi um retrato do Mundial da Itália: muito estudo, pouca emoção e nenhum gol. Só sono. A Alemanha parava nas faltas da Argentina. Os argentinos chegavam pouco ao ataque. Seu lance mais perigoso de gol nasceu de um erro alemão, um recuo de Brehme que quase resultou em gol contra. Ao ouvir o apito do árbitro anunciando o intervalo, os torcedores vaiaram.


(Imagem: O Tempo)

● O segundo tempo inteiro foi um duelo entre o ataque germânico e a defesa portenha. A Alemanha Ocidental voltou mais incisiva e disposta a vencer. Berthold e Völler chegaram a errar o gol em finalizações da pequena área.

Littbarski faz uma bela jogada, entra em diagonal da esquerda para o meio, mas chuta para fora.

Brehme cruzou da esquerda e Berthold cabeceou por cima, de dentro da pequena área.

O líbero Augenthaler avança, recebe livre na área, tenta driblar Goycochea e cai, na tentativa de cavar o pênalti, mas o juiz mexicano só ignorou. Na sequência, Monzón ainda salvou o gol em cima da linha.

O placar seguiu zerado. O gol teimava em não sair. Com o passar do tempo, esperava-se que os alemães ficassem nervosos pelo fato de sua ampla superioridade não ser traduzida em gols e, com isso, eles dessem brecha para os contra-ataques. Mas não foi o que aconteceu.

A Argentina apelava para as faltas. Aos 20 minutos, o Monzón derrubou Klinsmann. O atacante alemão exagerou na queda, mas realmente foi atingido com violência. Pedro Monzón se tornou o primeiro atleta a ser expulso em uma final de Copa do Mundo.

Com um homem a mais, o domínio germânico se tornou mais evidente. Matthäus conseguiu fazer o jogo fluir e liderou tecnicamente a Alemanha. Ao contrário de 1986, Maradona e Burruchaga foram neutralizados pela forte marcação alemã.

Maradona não estava fisicamente bem. Jogou com dores nos tornozelos a Copa toda. E foi muito bem marcado por Buchwald nessa partida.

A Argentina estava apenas esperando a decisão por pênaltis, apostando mais uma vez suas fichas na ótima fase do goleiro Goycochea, que passou a ser titular na segunda partida devido a lesão de Pumpido (leia mais abaixo). Com a alcunha de “Tapa Penales”, ele já havia defendido quatro pênaltis no Mundial.

A supremacia alemã em campo foi premiada aos 40 minutos. Rudi Völler é lançado pela direita, entra na área e cai ao levar um encontrão de Sensini. Pênalti bastante duvidoso marcado pelo árbitro mexicano.

O cobrador oficial de pênaltis da Alemanha era Lothar Matthäus (leia mais abaixo). Mas ele não se sentiu seguro e preferiu que outro jogador em melhores condições fizesse a cobrança. Brehme assumiu a responsabilidade e cobrou de forma perfeita. batendo colocado no canto direito, rente à trave. Goycochea ainda acertou o canto, mas não conseguiu defender. Era o gol do título.

A Argentina não tem forças para buscar o empate e dois minutos depois entra em desespero. Dezotti acha que Köhler está fazendo cera e resolve a questão no braço. O árbitro mostra o segundo cartão amarelo ao camisa 9 e, consequentemente, o vermelho. Edgardo Codesal estava tendo dificuldades no âmbito disciplinar, com muitas reclamações dos argentinos. E o último cartão amarelo fez a alegria da torcida italiana: foi para o reclamão Maradona.

Quatro anos depois de terem brilhado no Mundial do México, os argentinos sofriam a derrota merecida.

A Alemanha Ocidental era tricampeã do mundo, se igualando ao Brasil e à Itália. Era também a vingança contra dois rivais de uma só vez: venceu a Argentina na decisão (a algoz de 1986) jogando na Itália (que tinha lhe batido na final de 1982). Uma taça bastante simbólica para o país, que seria reunificado naquele mesmo ano.

Após a partida, já no ônibus da delegação argentina, Maradona declarou: “Esta é a maior decepção de minha carreira. O árbitro fez tudo para agradar aos alemães e aos italianos. Fomos derrotados pelo ‘homem de preto'”.

A vitória alemã trouxe justiça ao Mundial. A melhor equipe se sagrou campeã. Mas este jogo ficou marcado como a final de Copa com o futebol mais fraco na história.


(Imagem: IG)

● Curiosamente, apenas a Itália de 1938 e 1982 e a Alemanha Ocidental em 1990 foram campeãs do mundo sem ficar em nenhum momento atrás no marcador, em nenhuma partida.

A Argentina foi a finalista com pior campanha em uma Copa do Mundo, com apenas duas vitórias e cinco gols marcados em sete jogos. A equipe também se tornou a primeira a não marcar gols e a ter jogadores expulsos em uma final de Copa.

Até então, nunca uma decisão de Mundial havia terminado com somente um gol. As finais anteriores registraram pelo menos três. Mas a falta de gols vista na decisão era apenas um reflexo do que foi o torneio todo.

Na Copa do Mundo de 1990, 20 das 24 seleções atuavam no 3-5-2 (inclusive o Brasil, do técnico Sebastião Lazaroni). Na teoria descrita pelo alemão Sepp Piontek, criador do sistema tático, menos atletas na defesa resultaria em mais atletas atacando. Mas isso não se confirmou nesse Mundial. Na teoria, os laterais deveriam ser alas, apoiando o tempo todo. Na prática, eles voltavam até a linha de defesa, transformando o esquema em uma espécie de 5-3-2. Com isso, ao invés de um maior equilíbrio ou de equipes ofensivas, na verdade assistimos equipes que só se defendiam. Como consequência, 1990 foi a Copa com menor média de gols na história, com 2,21 por partida. O placar mais repetido foi 1 x 0 (16 vezes).

Essa Copa do Mundo deixou definitivamente a magia futebolística de lado e acabou por consagrar o estilo de aplicação tática. Nesse contexto, ninguém melhor que a Alemanha Ocidental para ser campeã. Mas os alemães não eram apenas força e disciplina. Tinha um grupo repleto de atletas de grande qualidade técnica, como Lothar Matthäus, Andreas Brehme, Thomas Häßler, Pierre Littbarski, Andreas Möller e Jürgen Klinsmann. Porém, como nada é perfeito, o grupo não era unido. O meia Matthäus e o atacante Klinsmann, dois destaques individuais, eram desafetos declarados.

Mas o título coroava de uma vez por todas essa grande geração do futebol do país e colocava Franz Beckenbauer no mais alto patamar de imortalidade. O Kaiser se tornou primeiro homem na história a levantar a Copa do Mundo como capitão e depois como técnico – e o segundo como jogador e treinador, depois do brasileiro Zagallo.

Em números, a Alemanha provou porque foi tão superior às demais equipes. Teve o melhor ataque, com 15 gols marcados. Deu 131 do total de 1.177 chutes a gol registrados na Copa (11% do total), em sete partidas disputadas. A Itália, segunda colocada nesse quesito, disputou o mesmo número de jogos teve 91 finalizações, mesmo jogando em casa. Além disso, os alemães tiveram 145 roubadas de bola, ou mais de 20 por jogo, número bastante superior ao de Argentina (99), vice-campeã, e Itália (106), 3º lugar no Mundial.

O meia alemão Lothar Matthäus disputava sua terceira Copa do Mundo seguida e era a peça chave da equipe. Naquele mesmo ano, foi eleito o melhor jogador do mundo pela revista inglesa World Soccer. Em 1991, se tornou o primeiro atleta eleito o melhor do mundo pela FIFA. “Nunca fui um artista da bola, apenas um obcecado pela eficiência”, chegou a dizer certa vez. Antes de se consagrar como o capitão que levantou a taça em 1990, ele já tinha sido vice-campeão em 1982 e 1986. Disputaria ainda os Mundiais de 1994 e 1998, quando completaria 25 jogos em Copas do Mundo, se tornando o jogador com mais partidas na competição, recorde que permanece até hoje.

Foram registradas 2.079 faltas no Mundial. A recordista de infrações foi a Argentina, com 178 em sete jogos, além de 23 cartões amarelos e três vermelhos. Curiosamente, o jogador que mais bateu foi também o que mais apanhou: Maradona, com 21 faltas cometidas e 53 sofridas.

O goleiro argentino Nery Pumpido, campeão do mundo na Copa anterior, quebrou a perna direita em uma trombada na área aos 11 minutos da segunda partida da competição, na vitória por 2 a 0 sobre a URSS. Assim, a FIFA autorizou, pela primeira vez de forma oficial, que se substituísse o goleiro no grupo de uma seleção. O convocado para herdar a camisa 1 foi Ángel Comizzo, que acabou nunca atuando em nenhum minuto sequer pela seleção, durante toda sua longa carreira.

O cobrador oficial de pênaltis da Alemanha era Lothar Matthäus, que havia inclusive batido o da vitória sobre a Tchecoslováquia por 1 x 0 nas quartas de final. Porém, quando o pênalti da final foi marcado, ele pegou a bola e a entregou a Andreas Brehme, pedindo que ele cobrasse. Foi uma surpresa enorme no mundo todo, que pensou que Matthäus tivesse feito isso porque havia tremido diante de Goycochea, um emérito defensor de pênaltis. Mas não foi isso. O camisa 10 utilizava um par de chuteiras havia muito tempo, já totalmente adaptadas a seus pés. Mas justamente durante a final, uma das chuteiras se rompeu e ele precisou usar um par reserva durante parte do jogo. Como ele não estava muito confortável com esse par, não se sentiu nas melhores condições para cobrar um pênalti tão importante. O mais curioso é que a chuteira que se rompeu tinha sido utilizada por Maradona dois anos antes, em um jogo beneficente, quando Matthäus a emprestou ao argentino e este acabou estreando o par. Quando Diego devolveu a chuteira, Matthäus percebeu que o argentino havia colocado os cadarços de maneira diferente e mais confortável, e passou a utilizar essa forma de amarração até o final de sua carreira.


(Imagem: UOL)

FICHA TÉCNICA:

 

ALEMANHA OCIDENTAL 1 x 0 ARGENTINA

 

Data: 08/07/1990

Horário: 20h00 locais

Estádio: Olímpico

Público: 73.603

Cidade: Roma (Itália)

Árbitro: Edgardo Codesal (México)

 

ALEMANHA OCIDENTAL (3-5-2):

ARGENTINA (3-5-2):

1  Bodo Illgner (G)

12 Sergio Goycochea (G)

6  Guido Buchwald

18 José Serrizuela

5  Klaus Augenthaler

20 Juan Simón

4  Jürgen Kohler

19 Oscar Ruggeri

14 Thomas Berthold

4  José Basualdo

8  Thomas Häßler

7  Jorge Burruchaga

10 Lothar Matthäus (C)

13 Néstor Lorenzo

7  Pierre Littbarski

21 Pedro Troglio

3  Andreas Brehme

17 Roberto Sensini

9  Rudi Völler

10 Diego Armando Maradona (C)

18 Jürgen Klinsmann

9  Gustavo Dezotti

 

Técnico: Franz Beckenbauer

Técnico: Carlos Bilardo

 

SUPLENTES:

 

 

12 Raimond Aumann (G)

22 Fabián Cancelarich (G)

22 Andreas Köpke (G)

1  Ángel Comizzo (G) (substituiu Nery Pumpido)

1  Nery Pumpido (G) (lesionado e dispensado pela delegação)

16 Paul Steiner

5  Edgardo Bauza

19 Hans Pflügler

11 Néstor Fabbri

2  Stefan Reuter

15 Pedro Monzón

20 Olaf Thon

2  Sergio Batista

15 Uwe Bein

16 Julio Olarticoechea

21 Günter Hermann

14 Ricardo Giusti

17 Andreas Möller

6  Gabriel Calderón

11 Frank Mill

3  Abel Balbo

13 Karl-Heinz Riedle

8  Claudio Caniggia

 

GOL: 85′ Andreas Brehme (ALE) (pen)

 

CARTÕES AMARELOS:

5′ Gustavo Dezotti (ARG)

52′ Rudi Völler (ALE)

84′ Pedro Troglio (ARG)

87′ Diego Armando Maradona (ARG)

 

CARTÕES VERMELHOS:

65′ Pedro Monzón (ARG)

87′ Gustavo Dezotti (ARG)

 

SUBSTITUIÇÕES:

INTERVALO Oscar Ruggeri (ARG) ↓

Pedro Monzón (ARG) ↑

 

53′ Jorge Burruchaga (ARG) ↓

Gabriel Calderón (ARG) ↑

 

73′ Thomas Berthold (ALE) ↓

Stefan Reuter (ALE) ↑


(Imagem: Guetto Radio)

Gol da partida:

Jogo completo:

… 23/06/1990 – Camarões 2 x 1 Colômbia

Três pontos sobre…
… 23/06/1990 – Camarões 2 x 1 Colômbia


Roger Milla roubou a bola do goleiro Higuita no segundo gol de Camarões (Imagem localizada no Google)

● A Copa do Mundo de 1990 provavelmente foi a que teve o menor nível técnico na história. A maioria das seleções eram escaladas de forma muito defensiva, com três zagueiros ou com um líbero atrás dos demais defensores, o que resultou na menor média de gols dos mundiais (2,21).

O Brasil também entrou na moda do 3-5-2. Teve 100% de aproveitamento na fase de grupos, mas sucumbiu à Argentina de Maradona e Caniggia nas oitavas de final por 1 a 0. As estatísticas brasileiras no torneio foram medíocres: 4 gols marcados e 2 sofridos.

Camarões aprontou desde a estreia. Com um gol de François Omam-Biyik, venceu a então campeã do mundo, a Argentina de Maradona, por 1 a 0. Logo depois, venceu também a Romênia de Gheorghe Hagi por 2 a 1 com (dois gols de Roger Milla). Já classificado, foi goleado pela já eliminada União Soviética por 4 a 0. Terminou como líder do grupo B com quatro pontos.

Veja mais:
… 08/06/1990 – Camarões 1 x 0 Argentina
… 09/06/1990 – Colômbia 2 x 0 Emirados Árabes Unidos
… Carlos “El Pibe” Valderrama
… René Higuita: o goleiro espetáculo

A Colômbia foi a terceira colocada do grupo D com três pontos. Venceu por 2 a 0 os Emirados Árabes Unidos em sua primeira partida. Depois, perdeu para a Iugoslávia por 1 a 0. Na última partida da primeira fase, a sofreu um gol nos minutos finais contra a Alemanha Ocidental e estava sendo eliminada. Mas aos 48 minutos do segundo tempo, após troca de passes pelo meio, Valderrama faz um lindo lançamento, deixando Freddy Rincón livre. Ele avança e toca entre as pernas do goleiro Illgner, empatando a partida em 1 a 1 e classificando a Colômbia  de fase pela primeira vez.

O técnico soviético Valery Nepomnyashchy escalou seu time em uma espécie de 4-2-3-1. Sem a bola, Victor N’Dip (o mais fraco do grupo) se transformava em líbero. Com a bola, os meias avançavam em velocidade. No ataque, Omam-Biyik recebia a companhia de Roger Milla no segundo tempo de todas as partidas.


A Colômbia jogava no 4-4-2 com o meio campo em forma de losango, com Valderrama livre para criar. Rincón era atacante nessa época; só alguns anos depois ele se tornaria o grande volante que foi.

● Assim, Camarões e Colômbia chegavam às oitavas de final pela primeira vez, mas em situações muito diferentes. Os “Leões Indomáveis” vinham de uma goleada sofrida, enquanto os “Cafeteros” estavam com moral elevada por conseguir segurar a Alemanha e por se classificar nos acréscimos. A emoção estava à tona.

Mas não foi isso que se viu na partida. Foram 90 minutos fracos, com pouca criatividade de ambas as partes e o resultado não poderia ser outro: 0 a 0. A Colômbia entrou com “salto alto” e muita firula e Camarões se defendeu bem, mas sem aproveitar os contra-ataques.

Vindo do banco, como em todas as partidas, Roger Milla era a “arma secreta” dos camaroneses. Então com 38 anos, ele entrou no lugar de M’Fédé aos 9 minutos da etapa complementar e resolveu o jogo com dois lances épicos, mas apenas no tempo extra.

No primeiro minuto do segundo tempo da prorrogação, Milla recebe de Omam-Biyik, dribla Perea e Escobar na corrida e chuta forte e alta, no canto esquerdo de Higuita. Lindo gol.

Três minutos depois, o excêntrico goleiro René Higuita recebe a bola em sua intermediária. Mesmo sendo o último homem, ele protagonizou um lance bizarro ao tentar driblar Milla, que espertamente, desarmou o arqueiro, que ainda deu um carrinho para tentar recuperar a bola, sem sucesso. O camaronês arrancou para a área e concluiu para o gol completamente vazio, indo comemorar com sua tradicional “dancinha” junto à bandeirinha de escanteio.

Depois, o autor do gol soltou uma frase que se tornaria célebre: “Ele tentou me driblar e ninguém dribla o Milla”.

A Colômbia descontou apenas aos 10 minutos, quando Bernardo Redín tabelou com Valderrama e recebeu a bola dentro da área, para tocar na saída do goleiro N’Kono. Tarde demais para uma reação dos sul-americanos.

Final, Camarões classificado 2, Colômbia eliminada 1.


Roger Milla tinha 38 anos. Na Copa de 1994, aos 42 anos, ele se tornaria o jogador mais velho a disputar um Mundial. Perderia essa marca justamente para um colombiano, o goleiro Faryd Mondragón, que atuou nos minutos finais de uma partida da Copa de 2014. Em 2018, o goleiro egípcio Essam El-Hadary bateria esse recorde novamente. Mas Milla ainda ostenta a marca de jogar mais velho a marcar um gol em Copas – essa será difícil de ser batida.

● Após bater a Colômbia, Camarões deu muito trabalho para a Inglaterra, vendendo muito caro a derrota. Só perdeu na prorrogação, com um gol de pênalti de Gary Lineker (o placar foi 3 a 2). Mas ficou na história como (até então) a melhor campanha de uma seleção africana na história dos Mundiais. Foi a primeira equipe de seu continente a chegar às quartas de final. Seria igualada por Senegal em 2002 e por Gana em 2010.

Na final da Copa, a Alemanha Ocidental se vingou da decisão de 1986 e venceu a Argentina por 1 a 0, com um gol de pênalti de Andreas Brehme a cinco minutos do fim da partida. Resultado: Alemanha Ocidental, tricampeã mundial.

FICHA TÉCNICA:

 

CAMARÕES 2 x 1 COLÔMBIA

 

Data: 23/06/1990

Horário: 17h00 locais

Estádio: San Paolo

Público: 50.026

Cidade: Nápoles (Itália)

Árbitro: Tullio Lanese (Itália)

 

CAMARÕES (4-4-2):

COLÔMBIA (4-4-2):

16 Thomas N’Kono (G)

1  René Higuita (G)

14 Stephen Tataw (C)

4  Luis Fernando Herrera

3  Jules Onana

15 Luis Carlos Perea

17 Victor N’Dip

2  Andrés Escobar

5  Bertin Ebwellé

3  Gildardo Gómez

2  André Kana-Biyik

14 Leonel Álvarez

8  Émile Mbouh

20 Luis Fajardo

21 Emmanuel Maboang

8  GabrielBarrabás” Gómez

10 Louis-Paul M’Fédé

10 Carlos Valderrama (C)

20 Cyrille Makanaky

19 Freddy Rincón

7  François Omam-Biyik

7  Carlos Estrada

 

Técnico: Valery Nepomnyashchy

Técnico: Francisco Maturana

 

SUPLENTES:

 

 

22 Jacques Songo’o (G)

12 Eduardo Niño (G)

1  Joseph-Antoine Bell (G)

21 Alexis Mendoza

4  Benjamin Massing

5  León Villa

6  Emmanuel Kundé

6  José Ricardo Pérez

12 Alphonse Yombi

13 Carlos Hoyos

13 Jean-Claude Pagal

17 Geovanis Cassiani

15 Thomas Libiih

18 Wilmer Cabrera

19 Roger Feutmba

22 Rubén Darío Hernández

11 Eugène Ekéké

11 Bernardo Redín

18 Bonaventure Djonkep

9  Miguel Guerrero

9  Roger Milla

16 Arnoldo Iguarán

 

GOLS:

106′ Roger Milla (CAM)

109′ Roger Milla (CAM)

115′ Bernardo Redín (COL)

 

CARTÕES AMARELOS:

44′ André Kana-Biyik (CAM)

47′ Victor N’Dip (CAM)

68′ Émile Mbouh (CAM)

72′ Luis Carlos Perea (COL)

74′ Gabriel “Barrabás” Gómez (COL)

117′ Jules Onana (CAM)

 

SUBSTITUIÇÕES:

54′ Louis-Paul M’Fédé (CAM) ↓

Roger Milla (CAM)

 

63′ Luis Fajardo (COL) ↓

Arnoldo Iguarán (COL) ↑

 

69′ Cyrille Makanaky (CAM) ↓

Bonaventure Djonkep (CAM) ↑

 

79′ Gabriel “Barrabás” Gómez (COL) ↓

Bernardo Redín (COL) ↑

Melhores momentos da partida: