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… 23/06/2018 – Alemanha 2 x 1 Suécia

Três pontos sobre…
… 23/06/2018 – Alemanha 2 x 1 Suécia


(Imagem: FIFA.com)

● Quando a seleção campeã do mundo entra em campo, é sempre a favorita contra qualquer adversário. E como de costume, os alemães apostavam em um trabalho de longo prazo. O técnico Joachim Löw assumiu a Nationalelf após o Mundial de 2006 e levou o time a um 3º lugar em 2010 e ao título em 2014. Para a Copa da Rússia em 2018, jogadores históricos como Philipp Lahm, Bastian Schweinsteiger e Miroslav Klose já haviam pendurado as chuteiras. Mas a renovação foi muito bem feita e o elenco estava tão qualificado quanto o de quatro anos antes ou até mais.

Em 2017, venceu a Copa das Confederações com um time praticamente reserva, quando brilharam as estrelas de Marc-André ter Stegen, Antonio Rüdiger, Joshua Kimmich, Julian Brandt e Timo Werner. Para a Copa, se juntaram a eles medalhões como Manuel Neuer, Mats Hummels, Jérôme Boateng, Sami Khedira, Toni Kroos, Mesut Özil e Thomas Müller. O estilo permanecia o mesmo: marcação sob pressão, posse de bola, toques rápidos e movimentação intensa. A Alemanha chegava muito forte e era considerada a maior favorita à conquista quinto título mundial.

A Suécia era um time pragmático, que jogava um futebol “certinho”: sem muita técnica, mas também sem dar nenhuma facilidade ao rival. Suas duas linhas de quatro bem postadas foram responsáveis por deixar para trás a Holanda e a Itália nas eliminatórias. Desde a Eurocopa de 2016, não contava mais com Zlatan Ibrahimović, sua maior estrela. Ele chegou a ser cogitado para disputar o Mundial, mas foi preterido pelo técnico Janne Andersson, que preferiu apostar no coletivo. Era personificada pelo seu novo capitão, o experiente zagueiro Andreas Granqvist. Tecnicamente, o maior destaque era o meia pela esquerda Emil Forsberg, do RB Leipzig. O ponto fraco da seleção Blågult (azul e amarela) era o ataque, onde ninguém convencia: Ola Toivonen, Marcus Berg e John Guidetti eram voluntariosos e apenas medianos. No primeiro jogo, venceu a Coreia do Sul por 1 x 0, com um gol de pênalti de Granqvist.

Na primeira rodada, os alemães sofreram diante do México e perderam por 1 x 0. Tocavam a bola e não conseguiam entrar na defesa mexicana. Com um pouco mais de pontaria, o placar poderia ter sido de 3 x 0 para mais.


A Alemanha jogou no sistema 4-2-3-1.


A Suécia atuou no 4-4-2 tradicional, com duas linhas de quatro.

● Joachim Löw resolveu fazer quatro mudanças no time titular em relação à péssima partida contra o México. Mats Hummels estava com problemas físicos e deu lugar a Antonio Rüdiger. Jonas Hector voltou a ser titular depois de se recuperar de uma lesão, no lugar de Marvin Plattenhardt. As demais mudanças foram técnicas: saiu a dupla consagrada Sami Khedira e Mesut Özil, para a entrada de Sebastian Rudy e Marco Reus.

Já nos primeiros instantes, a Alemanha começou a pressionar demais. Mas não foi uma pressão de qualquer jeito. Foram jogadas trabalhadas, articuladas, de movimentação dos meia-atacantes. Coisa de quem sabe o que deve fazer em campo, sem desespero. Mas a defesa sueca estava muito bem postada, como em quase todos os momentos de todos os jogos.

E aos 12′, quando a partida ainda estava empatada sem gols, a Suécia foi claramente prejudicada pela arbitragem. Em uma bola roubada e contra-ataque rápido, Marcus Berg ficou cara a cara com o goleiro Neuer, mas Boateng o alcançou na velocidade e o deslocou com a mão no ombro, além de uma pequena alavanca com o pé. O time sueco inteiro reclamou, mas tanto o árbitro quando o VAR decidiram que era lance normal. Uma decisão bastante subjetiva e vergonhosa que beneficiou os alemães.

Mas a Suécia não se intimidou e abriu o placar aos 32′. O detalhe é que dos 25 aos 31, a Alemanha estava com um jogador a menos, devido a um choque casual entre a chuteira de Ola Toivonen e o nariz de Rudy. O jogador alemão foi atendido, mas com suspeita de fratura no nariz e sangramento contínuo, teve que deixar o campo. Mas enquanto Rudy era atendido, a Suécia pressionava. E no minuto seguinte da entrada de Gündogan, Toni Kroos errou um passe (ele também erra passe!). Berg recuperou a bola, passou para Viktor Claesson, que lançou no alto para Ola Toivonen dentro da área. O camisa 20 dominou bonito e tocou por cobertura sobre Manuel Neuer. A bola ainda desviou em Jérôme Boateng e tomou o caminho do gol.

Vencendo por 1 a 0, a Suécia passou a fechar a “casinha” ainda mais. E a Alemanha pressionava. No intervalo, Joachim Löw trocou o nulo Julian Draxler por Mario Gómez, homem de área. Aliás… era pouco inteligente a insistência de Löw em Draxler – um jogador superestimado. Incrivelmente fora dos convocados para o Mundial, Leroy Sané fazia muita falta ao plantel alemão.


(Imagem: FIFA.com)

E logo aos 3′ do segundo tempo, Timo Werner (que passou a jogar na ponta esquerda) chutou cruzado, Mario Gómez tentou alcançar a bola sem conseguir e Marco Reus finalizou do jeito que deu, um misto de joelho com canela. Pouco importa. Importante foi o gol de empate, que manteve as esperanças alemãs vivas.

E dá-lhe blitz para cima dos suecos. A pressão passou a ser ainda mais intensa. E a Suécia foi se cansando. Mesmo depois que Boateng foi expulso por receber justamente o segundo cartão amarelo, os suecos não conseguiam contra-atacar, tampouco atacar.

Toni Kroos chamava o jogo e arriscava bastante. Em um de seus cruzamentos da esquerda, Mario Gomez cabeceou com perigo e o goleiro Robin Olsen fez uma excelente defesa, embora a bola tenha vindo em cima dele.

Com pouco a fazer, Löw tirou o lateral Hector e colocou o meia-atacante Julian Brandt. Em um de seus primeiros lances, ele recebeu fora da área, cortou para a perna esquerda e bateu bem. A bola explodiu na trave. Na volta, Timo Werner estava impedido, mas nem assim acertou o gol.

A Alemanha ainda lutava, não se contentando com o empate. E aos 49′ do segundo tempo, Jimmy Durmaz fez uma falta sem sentido no lado direito de sua área. Uma bola que normalmente seria cruzada. Mas qual equipe no mundo possui um talento como Toni Kroos, que coloca a bola onde quer?! E foi isso que o jogador do Real Madrid fez. Em uma jogada de dois lances com Marco Reus, Kroos bateu bonito, com curva, no ângulo esquerdo do goleiro Olsen. Um gol e uma partida para ficar para a história.

Pode-se dizer que o bom goleiro Robin Olsen falhou no gol de Kroos. Mas o mais xingado foi o atacante Jimmy Durmaz, que cometeu a falta sem necessidade. Filho de imigrantes assírios turcos, ele recebeu graves ofensas raciais por parte dos mais exaltados. A Federação Sueca precisou prestar queixas à polícia por causa de ofensas recebidas pelo atleta nas redes sociais. No treinamento do dia seguinte, o elenco sueco se reuniu atrás de Durmaz, que fez um pronunciamento à imprensa. Ao fim, ele disse: “Somos a Suécia” e todos os jogadores responderam juntos: “Vá se foder, racismo!”


(Imagem: FIFA.com)

● Essa derrota deu forças à Suécia, que venceu o México com muita autoridade por 3 x 0 e garantiu o primeiro lugar no grupo no critério de saldo de gols. Nas oitavas de final, contou com um gol de Forsberg para eliminar a Suíça (1 x 0). Nas quartas, não conseguiu bater de frente com o jovem e bom time da Inglaterra e perdeu por 2 x 0, caindo de pé.

Na terceira rodada, a Alemanha só dependia de si para se classificar. Bastava vencer a já eliminada Coreia do Sul. Mas, com jogadores anêmicos como Neuer, Özil e Müller, ainda foi surpreendida nos minutos finais e perdeu por 2 x 0, com gols aos 48 e aos 51 minutos do segundo tempo. Provavelmente, esses foram os minutos mais desastrosos da história vitoriosa da Nationalelf.

Nas últimas cinco Copas do Mundo, por quatro vezes os campeões foram eliminados na fase de grupos no Mundial seguinte. Apenas o Brasil de 2006 seguiu até as quartas de final. Em 2002, a França de Zinédine Zidane deu vexame. Em 2010 o papelão foi da Itália. Em 2014, a Espanha passou vergonha. E em 2018 foi a vez da Alemanha cair na fase de grupos pela primeira vez em sua história.


(Imagem: FIFA.com)

FICHA TÉCNICA:

 

ALEMANHA 2 x 1 SUÉCIA

 

Data: 23/06/2018

Horário: 21h00 locais

Estádio: Olímpico de Fisht (Fisht Stadium)

Público: 44.287

Cidade: Sóchi (Rússia)

Árbitro: Szymon Marciniak (Polônia)

 

ALEMANHA (4-2-3-1):

SUÉCIA (4-4-2):

1  Manuel Neuer (G)(C)

1  Robin Olsen (G)

18 Joshua Kimmich

2  Mikael Lustig

16 Antonio Rüdiger

3  Victor Lindelöf

17 Jérôme Boateng

4  Andreas Granqvist (C)

3  Jonas Hector

6  Ludwig Augustinsson

19 Sebastian Rudy

17 Viktor Claesson

8  Toni Kroos

7  Sebastian Larsson

13 Thomas Müller

8  Albin Ekdal

7  Julian Draxler

10 Emil Forsberg

11 Marco Reus

20 Ola Toivonen

9  Timo Werner

9  Marcus Berg

 

Técnico: Joachim Löw

Técnico: Janne Andersson

 

SUPLENTES:

 

 

22 Marc-André ter Stegen (G)

12 Karl-Johan Johnsson (G)

12 Kevin Trapp (G)

23 Kristoffer Nordfeldt (G)

15 Niklas Süle

16 Emil Krafth

4  Matthias Ginter

18 Pontus Jansson

5  Mats Hummels

14 Filip Helander

2  Marvin Plattenhardt

5  Martin Olsson

6  Sami Khedira

13 Gustav Svensson

21 İlkay Gündoğan

15 Oscar Hiljemark

14 Leon Goretzka

19 Marcus Rohdén

10 Mesut Özil

21 Jimmy Durmaz

20 Julian Brandt

22 Isaac Kiese Thelin

23 Mario Gómez

11 John Guidetti

 

GOLS:

32′ Ola Toivonen (SUE)

48′ Marco Reus (ALE)

90+5′ Toni Kroos (ALE)

 

CARTÕES AMARELOS:

52′ Albin Ekdal (SUE)

71′ Jérôme Boateng (ALE)

90+7′ Sebastian Larsson (SUE)

 

CARTÃO VERMELHO: 82′ Jérôme Boateng (ALE)

 

SUBSTITUIÇÕES:

31′ Sebastian Rudy (ALE) ↓

İlkay Gündoğan (ALE) ↑

 

INTERVALO Julian Draxler (ALE) ↓

Mario Gómez (ALE) ↑

 

74′ Viktor Claesson (SUE) ↓

Jimmy Durmaz (SUE) ↑

 

78′ Ola Toivonen (SUE) ↓

John Guidetti (SUE) ↑

 

87′ Jonas Hector (ALE) ↓

Julian Brandt (ALE) ↑

 

90′ Marcus Berg (SUE) ↓

Isaac Kiese Thelin (SUE) ↑

Melhores momentos da partida:

… 22/06/1974 – Alemanha Ocidental 0 x 1 Alemanha Oriental

Três pontos sobre…
… 22/06/1974 – Alemanha Ocidental 0 x 1 Alemanha Oriental

● Eles formaram o mesmo país desde o ano 800, quando foi fundado o primeiro Reich (“império”, no idioma alemão), até o fim da Segunda Guerra Mundial. E voltariam a ser a mesma nação a partir de 03/10/1990, com a reunificação da Alemanha.

Mas de 07/10/1949 até a reunificação, foram duas, separadas. Irmãs e rivais. O mesmo povo, sob símbolos e bandeiras diferentes. Uma capitalista, se reerguendo rumo à hegemonia de maior economia da Europa. A outra, mais pobre, socialista, do “lado de lá” da Cortina de Ferro e bastante influenciada pela União Soviética não apenas na política. Ambas foram separadas na antiga capital, através de uma divisão pelo Muro de Berlim (de 13/08/1961 a 09/11/1989).

A República Democrática Alemã – RDA, normalmente chamada de Alemanha Oriental, era uma potência nos esportes olímpicos, assim como todo o bloco socialista. No futebol, com um “amadorismo de fachada” (já que, na teoria, não haviam atletas profissionais no país) conquistou a medalha de ouro dos Jogos Olímpicos de Montreal em 1976, além da prata em Moscou 1980 e o bronze em Munique 1972.

A República Federal da Alemanha – RFA, mais conhecida como Alemanha Ocidental ou até mesmo como apenas Alemanha, tinha conquistado o título da Copa do Mundo de 1954 sobre a badalada Hungria de Puskás, além de ter sido vice-campeã na Inglaterra em 1966 e o 3º lugar no México em 1970.


(Imagem: Pinterest)

● O Mundial de 1974 foi o único Copa com participação da Alemanha Oriental. Se qualificou ao terminar como líder do Grupo 4 das eliminatórias europeias, superando a Romênia por um ponto. Assim, foi só atravessar o muro para disputar a competição que aconteceu no país coirmão.

Eis que o sorteio para o chaveamento do Grupo 1 definiu que as duas “Alemanhas” se enfrentariam na terceira rodada. Era como se a própria Guerra Fria entrasse em campo: capitalistas versus socialistas.

Na primeira partida, a Alemanha Oriental venceu a Austrália por 2 x 0 em Hamburgo. Depois, empatou por 1 x 1 com o Chile de Don Elías Figueroa, em Berlim Ocidental. Agora, voltava a Hamburgo para o que seria a maior partida de sua história: contra a Alemanha Ocidental, valendo a classificação para a segunda fase e até a liderança do grupo, em caso de vitória.

A Alemanha Ocidental venceu o Chile por 1 x 0 na primeira rodada e a Austrália por 3 x 0 na segunda. Já estava classificada e podia até escolher sua posição no grupo, dependendo do que lhe beneficiasse. E, para muitos, foi o que aconteceu.


A Alemanha jogava no 4-3-3, tendo Franz Beckenbauer como líbero e os avanços constantes pelo meio do lateral esquerdo Paul Breitner.


A Alemanha Oriental foi escalada pelo técnico Georg Buschner no sistema 4-4-2, com um zagueiro na sobra.

● Mas quem assistiu a partida afirma que o time de Helmut Schön atacou muito e merecia vencer.

Não era um time reserva. Foram apenas duas alterações no time que seguiria jogando junto até a decisão. O meia esquerda Heinz Flohe entrou na ponta esquerda no lugar que era normalmente ocupado por Jupp Heynckes ou Jürgen Grabowski. O motorzinho Rainer Bonhof descansou e deu lugar a Bernhard Cullmann.

Logo no início do jogo, Flohe errou um gol feito de dentro da pequena área.

Aos cinco minutos, Franz Beckenbauer entrou tabelando com Gerd Müller e quase abriu o placar, em lance que foi facilitado pelo entrosamento dos dois, que jogavam juntos no Bayern de Munique.

Quatro minutos depois, Jürgen Grabowski perdeu um gol incrível, em uma boa defesa de Jürgen Croy.

O meio campo estava congestionado. Os orientais marcavam duro, mas não conseguiam atacar. Tentavam explorar as bolas longas para os atacantes Jürgen Sparwasser (marcado por Hans-Georg Schwarzenbeck) e Martin Hoffmann (cercado por Berti Vogts).

Paul Breitner estava guardando mais a posição do que o normal, mas ainda avançava sempre que podia. Aos 24′, ele foi derrubado por Harald Irmscher na área, mas o árbitro uruguaio Ramón Barreto Ruíz ignorou o pênalti.

Para uma equipe que entrou em campo destinada a entregar o jogo, os ocidentais estavam atacando demais. Em toda a partida, a RFA criou cinco chances claríssimas de gol, incluindo uma bola de Müller na trave.

No segundo tempo, a Alemanha Ocidental criou poucas chances de gol e só arriscava em chutes de longa distância.

A delegação ocidental tinha dois grupos: o de Beckenbauer e o de Netzer. O Kaiser queria a escalação de seu parceiro Wolfgang Overath e venceu a disputa.

A TV alemã estava sempre mostrando o ex-titular Günter Netzer sentado no banco de reservas com sua camisa 10. Genial, genioso e criativo, ele era preterido pelo técnico Helmut Schön depois de ter sido um dos destaques na conquista da Eurocopa em 1972.

Aos 19′, Netzer saiu para aquecer sob chuva forte e o estádio inteiro aplaudiu como se fosse um gol. Ele entrou cinco minutos depois no lugar de Overath, que estava sentindo uma pequena lesão. E Netzer entrou sem ritmo nenhum de jogo, mais lento do que já era e errando os passes que costumava acertar. E a torcida alemã passou a dar razão ao técnico por deixá-lo no banco. Foram seus únicos minutos em uma Copa do Mundo.

Apesar do esperado clima de guerra, foi uma partida bastante leal. Houve mais um pênalti não marcado a favor dos ocidentais. Flohe pedalou e foi derrubado por Gerd Kische, mas o juiz marcou falta fora da área.

A partida de arrastava para um zero a zero até os 32′ minutos. O goleiro Croy saiu a bola com Erich Hamann na direita. Ele avançou até pouco para frente do meio do campo e fez um lançamento para a área. Jürgen Sparwasser se antecipou à Horst-Dieter Höttges e dominou na marca do pênalti, avançando em diagonal e batendo no alto para estufar as redes, antes da chegada de Sepp Maier. Essa foi a única chance dos orientais no segundo tempo.

Favorita e já classificada, a RFA dominou o jogo e perdeu várias chances claras.


(Imagem: Pinterest)

“Se na minha lápide eles escreverem apenas ‘Hamburgo 74’, as pessoas saberão quem está lá embaixo.” ― Jürgen Sparwasser

Após o apito final, os atletas da RDA festejaram como se tivessem sido campeões. O zagueiro Siegmar Wätzlich deu cambalhotas em campo. Era uma enorme vitória particular dos azuis sobre os brancos. Para os orientais, era a vitória dos pobres sobre os ricos, dos subjugados contra os mais abastados, do bem contra o mal. Para os ocidentais, era apenas uma derrota para outro país qualquer e ponto.

Satisfeita pelo chaveamento da fase semifinal, a torcida dos donos da casa não vaiou o time pela derrota – ao contrário do que havia feito nos dois jogos anteriores, mesmo com vitórias.

Algumas teorias dizem que os ocidentais entregaram o resultado para se beneficiarem com um grupo mais acessível na segunda fase. Em 1954, já havia sido acusada de usar de artimanhas ao escalar um time misto na primeira fase para esconder o jogo e bater muito em Puskás ate tirá-lo da sequência da Copa. Em 1982, faria um jogo de compadres com a Áustria, com o único placar (1 x 0) que classificaria as duas seleções e eliminaria a Argélia.

Se não é possível afirmar que a derrota para a RDA foi armada, certamente o chaveamento para o quadrangular semifinal foi muito mais sossegado do que se tivesse sido líder do grupo. Um empate garantia a liderança e a derrota significava o segundo lugar. Ao invés de enfrentar Brasil, Argentina e Holanda, foi enfrentar Polônia, Suécia e Iugoslávia.

Mas, ainda permanece a pergunta: se queriam mesmo perder, por que teriam atacado tanto?

Paul Breitner deu sua opinião, colocando mais lenha nessa fogueira: “Quando um alemão pratica um esporte, a ideia é somente vencer. Você não fica exibindo suas habilidades técnicas como os sul-americanos. Você vence. E faz de tudo para isso. Usando tudo que o regulamento permite”.

O time da Alemanha Ocidental havia perdido a confiança da torcida por causa do jogo feio e nada convincente nas três partidas da primeira fase. Foi quando o capitão Franz Beckenbauer se reuniu com o técnico Helmut Schön e disse que, por causa do grande período de concentração, os jogadores estavam sentindo falta de liberdade e do contato com a família. O Kaiser argumentou que estavam em território alemão e propôs que os casados pudessem ver suas mulheres e filhos. Por sua vez, os solteiros teriam permissão para namorar um pouco. O técnico concordou e colocou fim ao enclausuramento.

Na sequência, a Alemanha Oriental ficou no Grupo A. Perdeu para o Brasil por 1 x 0 e para a Holanda por 2 x 0. Conseguiu um heroico empate por 1 x 1 com a bagunçada Argentina, terminado em 3º na chave e deixando os sul-americanos com o último lugar.

Pelo Grupo B, a Alemanha Ocidental venceu a Iugoslávia por 2 x 0, a Suécia por 4 x 2 e a Polônia por 1 x 0. Na decisão, venceu por 2 x 1 de virada a poderosa e temida Holanda, a Laranja Mecânica de Johan Cruijff, e conquistou seu segundo título da Copa do Mundo de futebol.


(Imagem: Revista Movimento)

FICHA TÉCNICA:

 

ALEMANHA OCIDENTAL 0 X 1 ALEMANHA ORIENTAL

 

Data: 22/06/1974

Horário: 19h30 locais

Estádio: Volksparkstadion

Público: 60.200

Cidade: Hamburgo (Alemanha Ocidental)

Árbitro: Ramón Barreto Ruíz (Uruguai)

 

ALEMANHA OCIDENTAL (4-3-3):

ALEMANHA ORIENTAL (4-4-2):

1  Sepp Maier (G)

1  Jürgen Croy (G)

2  Berti Vogts

18 Gerd Kische

4  Hans-Georg Schwarzenbeck

3  Bernd Bransch (C)

5  Franz Beckenbauer (C)

4  Konrad Weise

3  Paul Breitner

12 Siegmar Wätzlich

8  Bernhard Cullmann

16 Harald Irmscher

14 Uli Hoeneß

13 Reinhard Lauck

12 Wolfgang Overath

10 Hans-Jürgen Kreische

9  Jürgen Grabowski

2  Lothar Kurbjuweit

13 Gerd Müller

14 Jürgen Sparwasser

15 Heinz Flohe

20 Martin Hoffmann

 

Técnico: Helmut Schön

Técnico: Georg Buschner

 

SUPLENTES:

 

 

21 Norbert Nigbur (G)

21 Wolfgang Blochwitz (G)

22 Wolfgang Kleff (G)

22 Werner Friese (G)

6  HorstDieter Höttges

5  Joachim Fritsche

20 Helmut Kremers

6  Rüdiger Schnuphase

19 Jupp Kapellmann

7  Jürgen Pommerenke

7  Herbert Wimmer

19 Wolfgang Seguin

16 Rainer Bonhof

17 Erich Hamann

10 Günter Netzer

8  Wolfram Löwe

17 Bernd Hölzenbein

9  Peter Ducke

18 Dieter Herzog

11 Joachim Streich

11 Jupp Heynckes

15 Eberhard Vogel

 

GOL: 77′ Jürgen Sparwasser (RDA)

 

CARTÕES AMARELOS:

27′ Jürgen Sparwasser (RDA)

81′ Jürgen Croy (RDA)

84′ Hans-Jürgen Kreische (RDA)

 

SUBSTITUIÇÕES: 

65′ Harald Irmscher (RDA) ↓

Erich Hamann (RDA) ↑

 

68′ Hans-Georg Schwarzenbeck (ALE) ↓

Horst-Dieter Höttges (ALE) ↑

 

69′ Wolfgang Overath (ALE) ↓

Günter Netzer (ALE) ↑


(Imagem: Lance!)

Gol da partida:

Melhores momentos do jogo:

… 16/06/2014 – Alemanha 4 x 0 Portugal

Três pontos sobre…
… 16/06/2014 – Alemanha 4 x 0 Portugal


(Imagem: UOL)

Treinada por Joachim Löw desde 2006, a Alemanha de 2014 estava mais forte e experiente do que o jovem time que tinha conquistado o 3º colocado no Mundial da África do Sul. Agora, no Brasil, jogavam tão afinados quanto uma orquestra, justamente no país do samba.

Nenhuma seleção havia evoluído tanto e revelado outros tantos jogadores de alto nível nos últimos quatro anos quanto a Die Mannschaft. Praticava um futebol ofensivo para os padrões alemães. Tanto, que o time se expunha em alguns momentos e acabava sofrendo mais gols que o normal.

Por isso, Löw ajustou sua defesa escalando inicialmente Jérôme Boateng na direita, Per Mertesacker e Mats Hummels no miolo da zaga e Benedikt Höwedes fechando na esquerda. Manuel Neuer já se consolidava como um dos maiores goleiros da história. O meio campo era altamente técnico, com três entre Phillip Lahm (inventado como meia por Pep Guardiola no Bayern de Munique), Sami Khedira, Bastian Schweinsteiger e Toni Kroos. Não tinha um atacante de ofício. Na linha de frente, Mesut Özil se movimentava da direita para dentro, Mario Götze fazia o papel inverso, da esquerda para o meio e Thomas Müller era o “falso 9”.

Sami Khedira, ponto de equilíbrio do time, estava recuperado da lesão sofrida na final da UEFA Champions League, atuando pelo Real Madrid. A grande ausência era o sempre lesionado Marco Reus.


(Imagem: Folha)

● Portugal sonhava em fazer uma boa competição. Seu alicerce e inspiração era Cristiano Ronaldo, melhor jogador no mundo do ano anterior. Mas o elenco formado pelo técnico Paulo Bento (que depois teria uma rápida passagem pelo Cruzeiro), tinha bons coadjuvantes.

No sistema 4-2-3-1 montado por Paulo Bento, Rui Patrício era um goleiro que não comprometia, assim como os laterais João Pereira e Fábio Coentrão. Na zaga, dois xerifes: Bruno Alves e Pepe (que vinha de uma ótima temporada no Real Madrid). No meio, Miguel Veloso cuidava mais da proteção para Raul Meireles fazer a saída de bola. Os passes preciosos eram a maior qualidade de João Moutinho. Nani fazia a ponta direita e Hugo Almeida era o centroavante. Derivando da esquerda para o meio, bem ao seu estilo, CR7.

Na repescagem para a Copa, precisou duelar com a Suécia. Zlatan Ibrahimović marcou dois gols, mas CR7 anotou os quatro no placar agregado de 4 x 2 que classificou a seleção das Quinas – inclusive um hat trick na casa do rival.

Com Cristiano Ronaldo em campo, os portugueses sonharam. Mas rapidamente se viram em um pesadelo.


A Alemanha jogou no 4-3-3, com mobilidade total do meio para a frente e sem atacantes fixos.


Portugal jogou no sistema 4-2-3-1.

● Alemanha e Portugal fizeram a abertura do Grupo G, na Arena Fonte Nova, em Salvador, Bahia.

Portugal começou atacando mais nos primeiros dez minutos, mas logo a Nationalelf equilibrou as ações e passou a dominar o jogo.

A primeira das decisões controversas do árbitro sérvio Milorad Mažić ocorreu aos doze minutos do primeiro tempo, quando ele assinalou falta de João Pereira em Mario Götze dentro da área. Os portugueses ficaram muito agitados e questionaram com ímpeto a marcação da penalidade, principalmente Pepe. Mas foi mesmo um pênalti, no mínimo, contestável. O jornalista Mark Ogden, do Daily Telegraph, classificou a marcação como “outro exemplo de arbitragem questionável nesta Copa do Mundo, pois o contato parecia leve, certamente não o suficiente para forçar Götze, que aproveitou o desafio ao máximo”.

Thomas Müller abriu o placar, batendo forte e rasteiro no canto esquerdo do goleiro Rui Patrício.

Pouco depois, Nani chutou de direita da entrada da área e a bola passou assustando Neuer.

Aos 28′, Hugo Almeida se lesionou e deu lugar a Ederzito (que seria o herói do título da Eurocopa dois anos depois, mas que nessa partida não fez nada).

Quatro minutos depois, Aos 32′, Toni Kroos cobrou escanteio na cabeça de Mats Hummels, que ganhou de Pepe no alto e testou firme para marcar o segundo gol alemão.

Os lusos estavam mesmo com os nervos à flor da pele. Aos 37′, Pepe dribou Müller na entrada de sua própria área e ia perdendo o lance até que colocou o braço para impedir o avanço do alemão. Müller simulou ter sido agredido no rosto e caiu. O juiz mandou seguir. Mas Pepe foi tirar satisfação com o adversário sentado e acabou encostando sua cabeça na dele. Müller levantou e os dois continuaram a discussão. E o árbitro sérvio acabou expulsando o zagueiro português. Certamente mais pela fama do que pelo ato. Para o ex-árbitro americano Brian Hall, Müller fez teatro e exagerou bastante para “obter vantagem injusta” e “enganar o árbitro”.


(Imagem: Folha)

Nos acréscimos do primeiro tempo, Toni Kroos cruzou rasteiro para a área lusa. Bruno Alves não conseguiu tirar e Müller ganhou a dividida, pegou a sobra de frente para o gol e finalizou de esquerda para marcar o terceiro.

No intervalo, Paulo Bento recompôs a defesa com Ricardo Costa no lugar de Miguel Veloso. Aos 20′, Fábio Coentrão saiu machucado e entrou André Almeida.

Aos 30′, Mažić não concedeu um pênalti a Portugal causou ainda mais irritação nos portugueses.

Aos 33 minutos da etapa final, André Schürrle cruzou rasteiro da direita, Rui Patrício espalmou errado para o meio e Müller, sempre muito bem posicionado, completou seu hat trick.

O placar foi construído com uma enorme e natural facilidade, parecendo que os alemães estavam se poupando diante do calor e jogando no “piloto automático”.

Raul Meireles e João Moutinho não conseguiram fazer as transições ofensivas e foram os piores em campo.

Dizem que Cristiano Ronaldo jogou o Mundial no sacrifício, após uma temporada extensa e desgastante pelo Real Madrid. Ele também atuou muito abaixo de seu nível normal.


(Imagem: Veja)

Esse foi o 100º jogo da Alemanha na história das Copas, a primeira seleção a alcançar esse feito.

O hat trick de Thomas Müller foi o sétimo de um jogador alemão na competição, o maior número entre todos os países.

Essa foi a pior derrota de Portugal na história dos Mundiais.

“Não estou dizendo que a culpa foi apenas do árbitro. Também cometemos erros, mas as circunstâncias do que aconteceu no primeiro semestre fizeram o resto do jogo. O jogo é difícil para nós. A expulsão foi forçada ao jogador. Não sei se foi por causa da reputação de Pepe. Depende do tipo de reputação que você acha que Pepe tem.” ― Paulo Bento

Na sequência, Portugal empatou com os Estados Unidos em 2 x 2 e venceu Gana por 2 x 1. Na classificação, ficou com os mesmos quatro pontos dos EUA, mas tiveram um saldo de -3, enquanto os norte-americanos tiveram saldo zero. Portugal, de Cristiano Ronaldo, estava eliminada na primeira fase

Com entrosamento, toque de bola e ataques rápidos, a Nationalelf dava mostras de que vinha forte em busca do quarto título. Nos jogos seguintes, empatou com Gana (2 x 2) e venceu os EUA (1 x 0). Nas oitavas de final, precisou da prorrogação para eliminar a ardilosa Argélia (2 x 1). Nas quartas, venceu a França por 1 x 0 em um duelo muito equilibrado. Na semifinal, não houve equilíbrio algum ao massacrar a Seleção Brasileira, dona da casa, nos famosos 7 a 1. Na decisão, Mario Götze fez o gol do título após nova prorrogação, dessa vez contra a Argentina de Lionel Messi. A Alemanha se sagrava tetracampeã do mundo.


(Imagem: FIFA / Getty Images)

FICHA TÉCNICA:

 

ALEMANHA 4 x 0 PORTUGAL

 

Data: 16/06/2014

Horário: 13h00 locais

Estádio: Arena Fonte Nova

Público: 51.081

Cidade: Salvador (Brasil)

Árbitro: Milorad Mažić (Sérvia)

 

ALEMANHA (4-3-3):

PORTUGAL (4-2-3-1):

1  Manuel Neuer (G)

12 Rui Patrício (G)

20 Jérôme Boateng

21 João Pereira

17 Per Mertesacker

3  Pepe

5  Mats Hummels

2  Bruno Alves

4  Benedikt Höwedes

5  Fábio Coentrão

16 Phillip Lahm (C)

4  Miguel Veloso

6  Sami Khedira

8  João Moutinho

18 Toni Kroos

16 Raul Meireles

8  Mesut Özil

17 Nani

19 Mario Götze

7  Cristiano Ronaldo (C)

13 Thomas Müller

9  Hugo Almeida

 

Técnico: Joachim Löw

Técnico: Paulo Bento

 

SUPLENTES:

 

 

22 Roman Weidenfeller (G)

1  Eduardo (G)

12 Ron-Robert Zieler (G)

22 Beto (G)

3  Matthias Ginter

13 Ricardo Costa

21 Shkodran Mustafi

14 Luís Neto

15 Erik Durm

19 André Almeida

2  Kevin Großkreutz

6  William Carvalho

23 Christoph Kramer

20 Rúben Amorim

7  Bastian Schweinsteiger

15 Rafa Silva

14 Julian Draxler

18 Silvestre Varela

9  André Schürrle

10 Vieirinha

10 Łukas Podolski

11 Eder

11 Miroslav Klose

23 Hélder Postiga

 

GOLS:

12′ Thomas Müller (ALE) (pen)

32′ Mats Hummels (ALE)

45+1′ Thomas Müller (ALE)

78′ Thomas Müller (ALE)

 

CARTÃO AMARELO: 11′ João Pereira (POR)

 

CARTÃO VERMELHO: 37′ Pepe (POR)

 

SUBSTITUIÇÕES:

28′ Hugo Almeida (POR) ↓

Eder (POR) ↑

 

INTERVALO Miguel Veloso (POR) ↓

Ricardo Costa (POR) ↑

 

63′ Mesut Özil (ALE) ↓

André Schürrle (ALE) ↑

 

65′ Fábio Coentrão (POR) ↓

André Almeida (POR) ↑

 

73′ Mats Hummels (ALE) ↓

Shkodran Mustafi (ALE) ↑

 

82′ Thomas Müller (ALE) ↓

Łukas Podolski (ALE) ↑

Melhores momentos da partida:

… 13/06/1986 – Dinamarca 2 x 0 Alemanha Ocidental

Três pontos sobre…
… 13/06/1986 – Dinamarca 2 x 0 Alemanha Ocidental


(Imagem: DPA / Corbis / Impromptuinc)

● A imprensa esportiva da época já avisava: a “Dinamite Dinamarca” poderia explodir na Copa do Mundo de 1986. Durante o torneio, acabaria se tornando a “Dinamáquina”: a máquina de toques envolventes, aproximação, jogo rápido e marcação sob pressão, capaz de massacrar até os mais tradicionais adversários.

Historicamente, o país era um grande exportador de “pé de obra” para os maiores centros do futebol europeu. Um dos incentivos para isso era o amadorismo que perdurou no país até 1985. Mas muita coisa mudou com o advento do profissionalismo e a contratação do técnico alemão Sepp Piontek na virada da década. O treinador precisou fazer um trabalho diferente para a época, garimpando jogadores de todos os cantos do continente, o que não era usual para a época. Eles se reuniam 48 horas antes dos jogos e mal tinham tempo para treinar. Mesmo assim, deu certo. O resultado foi imediato, com o 3º lugar na Eurocopa de 1984 e a classificação para o Mundial de 1986 – foi líder do Grupo 6 das eliminatórias europeias, apenas um ponto na frente da União Soviética.

O atacante Preben Elkjær Larsen, fumante inveterado, campeão italiano com o Verona na temporada 1984/85, foi o maior artilheiro das eliminatórias em todos os continentes, com oito gols. Michael Laudrup, já na Juventus, era considerado como uma das maiores revelações da Europa. Outro destaque era a animada, beberrona e pacífica torcida.

Era endeusada pela crítica internacional como uma das maiores forças do futebol europeu de então. Tinha um time muito entrosado. E o 3-5-2 era um sistema tático diferente, que confundia a marcação adversária (como detalhamos nesse outro texto).


Sepp Piontek escalou a Dinamarca no futurista sistema 3-5-2. John Sivebæk e Søren Busk eram os dois defensores centrais e Morten Olsen era o líbero. Jan Mølby fazia o balanço defensivo, voltando para jogar entre os zagueiros se necessário. Søren Lerby e Jesper Olsen eram meias que marcavam e criavam. Os alas Frank Arnesen e Henrik Andersen eram meias de origem e tinham como maior característica a velocidade com a bola. Michael Laudrup e Elkjær era uma dupla de ataque de muita movimentação.


O 3-5-2 já não era mais exclusividade da Dinamarca. Outras equipes utilizaram o mesmo sistema de forma mais discreta. A Alemanha jogava em um falso 4-4-2 em um misto de 3-5-2. O lateral esquerdo Matthias Herget fazia o papel de um terceiro zagueiro, a fim de liberar o outro lateral, Berthold, que apoiava um pouquinho mais pela direita, fazendo o contra-peso do meia esquerda Brehme. Matthäus era o “todo-campista” indo de área a área. Eder marcava para Rolff armar as jogadas para os atacantes Klaus Allofs e Rudi Völler.

● As duas seleções entraram em campo já classificadas. Na pior das hipóteses, os alemães se classificariam em terceiro no grupo – mas isso se o Uruguai tirasse uma diferença de seis gols de saldo contra a Escócia (a partida ocorreu simultaneamente a essa e terminou sem gols).

Apesar da postura mais defensiva, os comandados de Franz Beckenbauer começaram mais perigosos e Andreas Brehme mandou uma bola no travessão.

Mas, mesmo sem fazer força alguma, o time do técnico Sepp Piontek conseguiu traduzir sua superioridade em gols.

Aos 43 minutos do primeiro tempo, o líbero Morten Olsen arrancou e foi derrubado dentro da área por Wolfgang Rolff. O árbitro belga Alexis Ponnet assinalou o pênalti. Jesper Olsen cobrou de esquerda com enorme categoria. A bola foi no canto direito, deslocando o goleiro Harald Schumacher, que caiu para o esquerdo.

A partida foi resolvida aos 17′ da etapa complementar. Morten Olsen partiu com a bola dominada e tocou para Michael Laudrup, que lançou Frank Arnesen na direita, que cruzou rasteiro. Schumacher saiu de carrinho e não cortou. John Eriksen só tocou para dentro. Eriksen tinha entrado no intervalo no lugar de Preben Elkjær Larsen, que foi poupado do segundo tempo.

Curiosamente, essa foi a única partida do craque Allan Simonsen na história das Copas. Bola de Ouro da revista France Football como melhor jogador da Europa em 1977, o “pequeno gigante” já estava no fim de carreira, bastante prejudicado por problemas físicos. Ele entrou no lugar de Jesper Olsen na metade do segundo tempo.

Os dinamarqueses ficaram em primeiro lugar do Grupo E e enfrentaria a Espanha, segunda do Grupo D. Os alemães se deram bem por terem ficado em segundo, pois enfrentaram o Marrocos (líder do Grupo F) nas oitavas de final – teoricamente, um adversário mais fácil. O Uruguai foi terceiro da chave e pegou a Argentina (primeira do Grupo A). O resultado foi bom para todos.


Karlheinz Förster e Preben Elkjær Larsen disputam a jogada (Imagem: Team Group / Impromptuinc)

● Na primeira fase, a Alemanha Ocidental se classificou em segundo lugar no Grupo E, com três pontos: empatou com o Uruguai (1 x 1), venceu a Escócia (2 x 1) e perdeu para a Dinamarca (2 x 0). Nas oitavas, penou para passar pelo Marrocos (1 x 0). Nas quartas, passou sufoco, vencendo o México apenas nos pênaltis por 4 a 1, após um empate sem gols. Fez seu melhor jogo na semifinal, vencendo a favorita França por 2 a 0. Na decisão, buscou um improvável empate, mas sofreu o gol derradeiro de Jorge Burruchaga nos minutos finais, após mais uma jogada genial de Maradona. A Argentina venceu por 3 x 2 e conquistou seu segundo título, deixando a Alemanha com seu segundo vice-campeonato consecutivo.

Com um jeito ofensivo e alegre de jogar, a Dinamarca se tornou o segundo time favorito de todo o mundo. Era admirada por sua coragem e seu estilo como nenhuma outra seleção desde então. E os nórdicos terminaram a primeira fase como líderes do “grupo da morte”, com 100% de aproveitamento, três vitórias em três jogos. Venceram Escócia (1 x 0), Uruguai (6 x 1) e Alemanha Ocidental (2 x 0). Anotaram nove gols e sofreram apenas um, de pênalti. Enfrentaria a Espanha nas oitavas de final. E, como diria aquele velho ditado: “o futebol é uma caixinha de surpresas”. Haveria uma bastante amarga para os dinamarqueses. É o que veremos no próximo dia 18.


Rudi Völler tenta passar por Morten Olsen (Imagem: Norbert Schmidt / Impromptuinc)

FICHA TÉCNICA:

 

DINAMARCA 2 x 0 ALEMANHA OCIDENTAL

 

Data: 13/06/1986

Horário: 12h00 locais

Estádio: La Corregidora

Público: 36.000

Cidade: Querétaro (México)

Árbitro: Alexis Ponnet (Bélgica)

 

DINAMARCA (3-5-2):

ALEMANHA
OCIDENTAL (4-4-2):

22 Lars Høgh (G)

1  Harald Schumacher (G)(C)

2  John Sivebæk

14 Thomas Berthold

3  Søren Busk

4  Karlheinz Förster

4  Morten Olsen (C)

17 Ditmar Jakobs

21 Henrik Andersen

5  Matthias Herget

7  Jan Mølby

6  Norbert Eder

6  Søren Lerby

8  Lothar Matthäus

15 Frank Arnesen

3  Andreas Brehme

8  Jesper Olsen

21 Wolfgang Rolff

11 Michael Laudrup

19 Klaus Allofs

10 Preben Elkjær Larsen

9  Rudi Völler

 

Técnico: Sepp Piontek

Técnico: Franz Beckenbauer

 

SUPLENTES:

 

 

1  Troels Rasmussen (G)

12 Uli Stein (G)

16 Ole Qvist (G)

22 Eike Immel (G)

5  Ivan Nielsen

15 Klaus Augenthaler

17 Kent Nielsen

2  Hans-Peter Briegel

9  Klaus Berggreen

16 Olaf Thon

13 Per Frimann

13 Karl Allgöwer

20 Jan Bartram

10 Felix Magath

12 Jens Jørn Bertelsen

18 Uwe Rahn

14 Allan Simonsen

7  Pierre Littbarski

18 Flemming Christensen

20 Dieter Hoeneß

19 John Eriksen

11 Karl-Heinz Rummenigge

 

GOLS:

43′ Jesper Olsen (DIN) (pen)

62′ John Eriksen (DIN)

 

CARTÕES AMARELOS:

36′ Frank Arnesen (DIN)

48′ Norbert Eder (ALE)

51′ Ditmar Jakobs (ALE)

 

CARTÃO VERMELHO: 88′ Frank Arnesen (DIN)

 

SUBSTITUIÇÕES:

INTERVALO Preben Elkjær Larsen (DIN) ↓

John Eriksen (DIN) ↑

 

INTERVALO Wolfgang Rolff (ALE) ↓

Pierre Littbarski (ALE) ↑

 

71′ Jesper Olsen (DIN) ↓

Allan Simonsen (DIN) ↑

 

71′ Karlheinz Förster (ALE) ↓

Karl-Heinz Rummenigge (ALE) ↑

Gols da partida:

Jogo completo:

… 04/06/1986 – Alemanha Ocidental 1 x 1 Uruguai

Três pontos sobre…
… 04/06/1986 – Alemanha Ocidental 1 x 1 Uruguai


(Imagem: Impromptuinc)

● O Grupo E era o mais equilibrado da Copa do Mundo de 1986. Alemanha Ocidental, Uruguai, Dinamarca a Escócia faziam o “grupo da morte”.

Na estreia, duas camisas pesadas se enfrentaram. Dois pesos pesados do futebol, Alemanha Ocidental e Uruguai haviam duelado quatro vezes até aquele confronto em Querétaro. Haviam sido quatro vitórias alemãs, sendo dois amistosos (3 x 0 em 1962 e 2 x 0 em 1977) e dois confrontos válidos por Copas do Mundo (4 x 0 em 1966 e 1 x 0 em 1970).

Ausente desde 1974, a Celeste Olímpica se garantiu no Mundial ao vencer o Grupo 2 das eliminatórias sul-americanas. Nesses doze anos sem estar entre os protagonistas, muitos diziam que os charruas estavam em decadência. Mas a renovação foi bem feita e o time conquistou a Copa América de 1983.

O maior problema estava dentro do próprio elenco, dividido em “panelinhas”. Muitos atletas tinham uma relação ruim e o treinador Omar Borrás não era muito afeito ao diálogo. O ambiente interno era péssimo. O técnico, cabeça dura, prescindia da experiência e talento dos jogadores que atuavam no futebol brasileiro.

Um dos melhores do mundo em sua posição, o goleiro Rodolfo Rodríguez (do Santos) vivia o auge de sua forma, mas perdeu a titularidade e a braçadeira de capitão. “Não fui escalado porque falta ao técnico o que eu tenho de sobra: coragem”, cutucou o arqueiro.

O zagueiro Hugo de León, eterno capitão do Grêmio e que estava no atuando no Corinthians, foi sumariamente ignorado e nem foi convocado por Borrás. Don Darío Pereyra, ídolo do São Paulo, se recuperava de problemas físicos. Rubén Paz, meia do Inter, nunca justificou seu talento na seleção de seu país. Os quatro eram craques e incontestáveis no futebol tupiniquim. O único dos “brasileiros” titulares era o lateral direito Víctor Diogo, do Palmeiras.

Mas havia em campo um craque capaz de mudar o curso de uma partida. Enzo Francescoli era o camisa 10 e o líder técnico dentro de campo. No entanto, a maior força uruguaia era a mística, a velha valentia, a pesada camisa celeste – sempre capaz de grandes façanhas.


Alzamendi dribla Schumacher e abre o placar (Imagem: Impromptuinc)

● Na prática, duas coisas mantiveram a Alemanha Ocidental na briga por títulos na década de 1980: tradição e Rummenigge.

No Grupo 2 da qualificatória europeia, se classificou como líder, com Portugal em segundo e deixando Suécia e Tchecoslováquia fora do Mundial.

A Nationalelf viajou para o México sem a confiança de sua torcida. Em pesquisa feita pela antiga revista Quick, apenas 12% dos conterrâneos acreditavam no título mundial. A falta de confiança é mais pelo modo crítico dos alemães de verem as coisas do que propriamente pelos últimos resultados.

Treinada por Franz Beckenbauer, os alemães sempre entram em qualquer disputa para vencer. Vencedor dentro de campo, o Kaiser queria se provar também fora dele. E havia material humano para isso.

Embora às vezes violento e temperamental, o goleiro “Toni” Schumacher estava entre os melhores da Europa. A defesa era consistente, com destaque para o polivalente panzer Briegel, que podia jogar na defesa, na lateral e no meio campo. No meio, Matthäus dava consistência e Magath o tom de criatividade. No ataque, Völler se recuperou totalmente de uma grave distensão muscular que sofreu em novembro passado. Mas o grande fator de desequilíbrio continuava sendo o velho Karl-Heinz Rummenigge, que vinha de seguidas contusões.


Na Copa em que a Dinamarca apresentou o 3-5-2 ao mundo como novidade tática, outras equipes utilizaram o mesmo sistema de forma mais discreta. A Alemanha jogava em um falso 4-4-2 em um misto de 3-5-2. O lateral esquerdo Briegel fazia o papel de um terceiro zagueiro, a fim de liberar o outro lateral, Berthold, que apoiava um pouquinho mais pela direita, fazendo o contra-peso do meia esquerda Brehme. Matthäus era o “todo-campista” indo de área a área. Eder marcava para Magath armar as jogadas para os atacantes Klaus Allofs e Rudi Völler.


O Uruguai atuava no 4-4-2, com um jogador na sobra na defesa (como era mania na época). Francescoli tinha liberdade para circular e criar para os rápidos atacantes Alzamendi e Da Silva.

● Ao meio-dia a bola rolou no estádio La Corregidora, em Querétaro. Mais de 30 pessoas viram duas falhas defensivas resolverem a partida.

O Uruguai abriu o placar rapidamente, graças a uma falha grotesca. Logo aos quatro minutos de jogo, a Alemanha trocava passes na intermediária até que Norbert Eder tentou recuar para o goleiro. Uma tremenda burrice! A bola caiu no pé de Antonio Alzamendi, que entrou em velocidade, deixou Klaus Augenthaler no chão, invadiu a área, driblou Schumacher e chutou. A bola tocou no travessão e caiu após a linha do gol, antes de Briegel afastar de bicicleta. A bola entrou. Gol legal, confirmado pelo árbitro tchecoslovaco Vojtěch Christov.

Die Mannschaft acordou e começou a atacar. Pouco depois de sofrer o gol, Matthäus chutou forte do lado direito e Fernando Álvez teve dificuldades para jogar para escanteio.

Na sequência, Augenthaler fez um ótimo lançamento para Rudi Völler, que ganhou da marcação e chutou para boa defesa do arqueiro celeste.

Depois, os sul-americanos se fecharam começaram a puxar contra-ataques perigosos. Aos 16′, Francescoli criou a jogada e Alzamendi abriu para Da Silva chutar por cima.

Três minutos depois, Alzamendi puxou o contragolpe e correu o campo todo, mas foi travado por Augenthaler na hora H.

No início do segundo tempo, Francescoli ia fazendo fila na defesa germânica, mas Augenthaler (sempre ele), fez falta na risca da grande área, impedindo um golaço.

Aos 35′, Francescoli chegou a driblar Schumacher e chutar para fora. O Uruguai ia desperdiçando chances preciosas.

No lance seguinte, Rummenigge (que entrou no segundo tempo) cruzou da esquerda para cabeçada forte de Thomas Berthold, mas Álvez fez uma ótima defesa.

Aos 39′ do segundo tempo, após cobrança de escanteio dos alemães, a bola viajou no alto de uma intermediária a outra por duas vezes até que Augenthaler cortou de cabeça do meio campo. A bola viajou até a área uruguaia e a zaga não cortou. Klaus Allofs foi oportunista e chutou de esquerda, rasteiro e cruzado, no cantinho de Álvez, empatando a partida.


Allofs faz o gol de empate (Imagem: Impromptuinc)

● Após o empate com os alemães, o Uruguai foi massacrado pela “Dinamáquina” por 6 x 1 e empatou sem gols com a Escócia. Mesmo sem nenhuma vitória, passou de fase como um dos melhores terceiros colocados e enfrentou a Argentina nas oitavas de final. No clássico sul-americano, não conseguiu parar o imparável Maradona e foi eliminada após derrota por 1 x 0.

Na primeira fase, a Alemanha Ocidental se classificou em segundo lugar no Grupo E, com três pontos: empatou com o Uruguai (1 x 1), venceu a Escócia (2 x 1) e perdeu para a Dinamarca (2 x 0). Nas oitavas, penou para passar pelo Marrocos (1 x 0). Nas quartas, passou sufoco, vencendo o México apenas nos pênaltis por 4 a 1, após um empate sem gols. Fez seu melhor jogo na semifinal, vencendo a favorita França por 2 a 0. Na decisão, buscou um improvável empate, mas sofreu o gol derradeiro de Jorge Burruchaga nos minutos finais, após mais uma jogada genial de Maradona. A Argentina venceu por 3 x 2 e conquistou seu segundo título, deixando a Alemanha com seu segundo vice-campeonato consecutivo.

O Uruguai continuou freguês da Alemanha. Em dez duelos, nunca venceu uma partida (oito derrotas e dois empates). A única vitória ocorreu no primeiro duelo: 4 x 1 na primeira fase dos Jogos Olímpicos de 1928, em Amsterdã, com o time base que se tornaria o primeiro campeão do mundo dois anos depois.


(Imagem: impromptuinc.wordpress.com)

FICHA TÉCNICA:

 

ALEMANHA OCIDENTAL 1 x 1 URUGUAI

 

Data: 04/06/1986

Horário: 12h00 locais

Estádio: La Corregidora

Público: 30.500

Cidade: Querétaro (México)

Árbitro: Vojtěch Christov (Tchecoslováquia)

 

ALEMANHA OCIDENTAL (4-4-2):

URUGUAI (4-4-2):

1  Harald Schumacher (G)(C)

12 Fernando Álvez (G)

14 Thomas Berthold

4  Víctor Diogo

4  Karlheinz Förster

2  Nelson Gutiérrez

15 Klaus Augenthaler

3  Eduardo Mario Acevedo

2  Hans-Peter Briegel

6  José Batista

6  Norbert Eder

5  Miguel Bossio

8  Lothar Matthäus

8  Jorge Barrios (C)

3  Andreas Brehme

11 Sergio Santín

10 Felix Magath

10 Enzo Francescoli

19 Klaus Allofs

9  Jorge Orosmán da Silva

9  Rudi Völler

7  Antonio Alzamendi

 

Técnico: Franz Beckenbauer

Técnico: Omar Borrás

 

SUPLENTES:

 

 

12 Uli Stein (G)

1  Rodolfo Rodríguez (G)

22 Eike Immel (G)

22 Celso Otero (G)

17 Ditmar Jakobs

13 César Veja

5  Matthias Herget

14 Darío Pereyra

16 Olaf Thon

15 Eliseo Rivero

13 Karl Allgöwer

16 Mario Saralegui

21 Wolfgang Rolff

17 José Zalazar

18 Uwe Rahn

18 Rubén Paz

7  Pierre Littbarski

19 Venancio Ramos

20 Dieter Hoeneß

20 Carlos Aguilera

11 Karl-Heinz Rummenigge

21 Wilmar Cabrera

 

GOLS:

4′ Antonio Alzamendi (URU)

84′ Klaus Allofs (ALE)

 

CARTÕES AMARELOS:

28′ Víctor Diogo (URU)

62′ Mario Saralegui (URU)

 

SUBSTITUIÇÕES:

INTERVALO Andreas Brehme (ALE) ↓

Pierre Littbarski (ALE) ↑

 

56′ Jorge Barrios (URU) ↓

Mario Saralegui (URU) ↑

 

75′ Lothar Matthäus (ALE) ↓

Karl-Heinz Rummenigge (ALE) ↑

 

80′ Antonio Alzamendi (URU) ↓

Venancio Ramos (URU) ↑

 

Melhores momentos da partida (em espanhol):

Gols do jogo (em inglês):

Partida completa (em inglês):

… 07/06/1934 – Alemanha 3 x 2 Áustria

Três pontos sobre…
… 07/06/1934 – Alemanha 3 x 2 Áustria


(Imagem: Yahoo)

● Em sua primeira Copa do Mundo, a inexperiente e (até então) pouco expressiva seleção da Alemanha surpreendeu e conquistou o terceiro lugar. Eliminou a Bélgica com uma vitória por 5 a 2 nas oitavas. Nas quartas, bateu o bom time da Suécia por 2 a 1. Na semifinal, teve desfalques importantes e duas falhas do goleiro Willibald Kreß foram cruciais para que a Tchecoslováquia vencesse por 3 a 1.

O “Wunderteam” (“time maravilha”) austríaco estava desanimado. Após vencer a França nas oitavas (3 x 2) e a Hungria nas quartas (2 x 1), foi bastante prejudicada pela arbitragem na derrota para a anfitriã Itália por 1 a 0 na semifinal.

Na decisão do 3º lugar, os dois países vizinhos se enfrentariam. Com a mesma origem germânica, com culturas semelhantes que praticamente se misturavam, dividem o alemão como o mesmo idioma. E algo mais era comum aos dois, que gerou discórdia desde antes do apito inicial.

Antigamente, era comum que as seleções viajassem para disputar uma Copa do Mundo levando somente o uniforme principal, ignorando a possibilidade de que suas cores poderiam coincidir com as do adversário. E isso aconteceu nessa partida. As duas equipes entraram em campo com seu uniforme tradicional: camisa branca e calção preto. Após muita discussão, os capitães Fritz Szepan e Johann Horvath não chegaram a um acordo sobre quem deveria se trocar. Assim, o jogo começou com as duas seleções vestindo branco. Como não poderia deixar de ser, a confusão foi enorme e a Alemanha abriu o placar. Só após isso, os austríacos acabaram mudando de ideia e pediram permissão para trocar as vestimentas. Um dirigente do Napoli, a equipe local, ofereceu a camisa do clube, que foi prontamente aceita. Com isso, os austríacos ganharam a simpatia da torcida napolitana.


(Imagem: Popper Foto / FIFA)

● O técnico alemão Otto Nerz teve problemas para escalar sua equipe. Entre deserções e lesões durante o torneio, ele tinha apenas dez atletas à disposição para a última partida. Como as regras da FIFA não eram tão rígidas, Nerz convocou de última hora o defensor Reinhold Münzenberg, que estava na Alemanha. Münzenberg havia atuado quatro vezes com a camisa da “Nationalelf”, inclusive nas eliminatórias. Ao receber o chamado, o jogador telefonou para o hotel onde se hospedava a delegação alemã e conversou diretamente com o até então auxiliar técnico Sepp Herberger. Ele explicou que não poderia viajar à Itália por estar de casamento marcado no mesmo dia do jogo. Herberger insistiu e convenceu Münzenberg: “Uma data de casamento pode ser adiada, mas um Mundial, não”. Curiosamente, Münzenberg estaria no elenco de sua seleção também em 1938.

Uma das ausências no escrete alemão foi o meia Rudolf Gramlich. Após a vitória de sua seleção sobre a Suécia por 2 x 1, ele recebeu a notícia de que a fábrica de sapatos na qual trabalhava, em Frankfurt, como curtidor tinha sido confiscada pelas autoridades nazistas. Como o futebol alemão era amador e a fábrica era seu único emprego remunerado, ele abandonou a Copa para tentar ajudar seus patrões judeus a salvar a empresa. Nem sua boa reputação representando seu país no Mundial foi suficiente e ele não conseguiu impedir a prisão e posterior morte de seus patrões. Algum tempo depois, Gramlich se tornou militar do exército nazista.


Otto Nerz era um adepto do sistema W-M, recém criado na Europa. O esquema tático reforça melhor o sistema defensivo e dá enfâse ao trabalho do meio de campo.


A Áustria de Meisl jogava em uma adaptação do 2-3-5 chamada “Sistema Danubiano”, que consistia na maior aproximação dos homens do ataque, com muitas tabelas e toques rápidos. Sem Sindelar, lesionado, faltou movimentação ao ataque.

● Historicamente, a Áustria levava ampla vantagem. Mas isso não se traduziu em campo em Nápoles, no estádio Giorgio Ascarelli – que viria a ser destruído por bombardeios na Segunda Guerra Mundial.

Matthias Sindelar, conhecido como “Der Papierene” (“Homem de Papel”) pelo seu físico magro, leveza e mobilidade, estava lesionado e não pôde jogar. Em campo, a Áustria demonstrou que dependia muito do estilo de jogo de seu astro para que todo o time funcionasse.

A Alemanha teve sorte ao marcar um gol logo aos 25 segundos de jogo, com Ernst Lehner. Na época, foi o gol mais rápido da história das Copas.

Edmund Conen marcou seu quarto gol no Mundial e fez 2 a 0 aos 27′.

A Áustria diminuiu três minutos depois com o capitão Johann Horvath.

Mas pouco antes do intervalo, Lehner marcou de novo e aumentou a vantagem.

No segundo tempo, a Áustria cresceu em campo. O zagueiro Karl Sesta ainda descontou aos 9′.

Mas foi pouco. A derrota seria o canto de cisne do “Wunderteam”.


(Imagem: Impromptuinc)

● Quatro anos depois, a seleção austríaca ainda tinha jogadores remanescentes do “Wunderteam”. Se classificou com tranquilidade nas eliminatórias, mas não pôde disputar a Copa do Mundo de 1938.

Na véspera do torneio, a Europa estava às portas da Segunda Guerra Mundial, que ocorreu oficialmente entre 1939 e 1945. E o conflito político interferiu diretamente no Mundial organizado pela França.

No dia 11/03/1938, a Alemanha nazista deu um choque no mundo ao anexar a Áustria ao seu território, em um processo chamado “Anschluss” (“anexação”, em alemão). Assim, a Áustria deixou de existir como nação independente. Com isso, o “Wunderteam” teria jogadores “prestando serviços” à seleção alemã – foi o que a federação germânica comunicou à FIFA, sem mais delongas. A invasão piorou as relações diplomáticas no continente. A FIFA tentou ignorar o caso ao máximo. Para tentar contornar a situação, a entidade convidou a Inglaterra a ocupar a vaga austríaca, mas o “English Team” – sabiamente – declinou o convite.

Sem time contra quem jogar, a Suécia (adversária da Áustria) se classificou automaticamente para as quartas de final. Até hoje esse é o único W.O. da história das Copas do Mundo.

Já comandada pelo lendário Sepp Herberger, a seleção alemã contou com nove atletas nascidos na Áustria: o goleiro Rudolf Raftl, o zagueiro Willibald Schmaus, os meias Hans Mock, Stefan Skoumal e Franz Wagner, além dos atacantes Wilhelm Hahnemann, Leopold Neumer, Hans Pesser e Josef Stroh. Desses nove, quatro faziam parte do elenco austríaco na Copa de 1934: Raftl, Schmaus, Wagner e Stroh.

Mas, mesmo com esses “reforços”, a “Nationalelf” foi eliminada na primeira fase. Com cinco deles em campo (Raftl, Schmaus, Hahnemann, Pesser e Mock – o capitão), empatou com a Suíça em 1 a 1. Na partida desempate, novamente eram cinco atletas nascidos na Áustria (Raftl, Skoumal, Hahnemann, Neumer e Stroh). Dessa vez, a Alemanha perdeu de virada por 4 a 2, depois de estar vencendo por 2 a 0.

Matthias Sindelar, melhor jogador de seu país em todos os tempos, se recusou a defender a seleção da Alemanha. Ele faleceu em 23/01/1939, pouco depois de sua esposa. A versão oficial é que ele se matou. A história romântica diz que ele “foi suicidado” pelo regime nazista por ser judeu.

A Áustria teve outros bons times, como o que conquistou o 3º lugar na Copa de 1954, mas nunca mais formou uma seleção de classe mundial como foi o “Wunderteam” da década de 1930 – destruído por Adolf Hitler e cia.


(Imagem: Impromptuinc)

FICHA TÉCNICA:

 

ALEMANHA 3 X 2 ÁUSTRIA

 

Data: 07/06/1934

Horário: 18h00 locais

Estádio: Giorgio Ascarelli

Público: 7.000

Cidade: Nápoles (Itália)

Árbitro: Albino Carraro (Itália)

 

ALEMANHA (W-M):

ÁUSTRIA (2-3-5):

Hans Jakob (G)

Peter Platzer (G)

Paul Janes

Franz Cisar

Willy Busch

Karl Sesta

Jakob Bender

Franz Wagner

Reinhold Münzenberg

Josef Smistik

Paul Zielinski

Johann Urbanek

Ernst Lehner

Karl Zischek

Fritz Szepan (C)

Josef Bican

Edmund Conen

Georg Braun

Otto Siffling

Johann Horvath (C)

Matthias Heidemann

Rudolf Viertl

 

Técnico: Otto Nerz

Técnico: Hugo Meisl

 

SUPLENTES:

 

 

Willibald Kreß (G)

Friederich Franzl (G)

Fritz Buchloh (G)

Rudolf Raftl (G)

Sigmund Haringer

Anton Janda

Hans Schwartz

Willibald Schmaus

Rudolf Gramlich

Leopold Hofmann

Ernst Albrecht

Josef Hassmann

Rudolf Noack

Matthias Kaburek

Josef Streb

Josef Stroh

Franz Dienert

Hans Walzhofer

Karl Hohmann

Anton Schall

Stanislaus Kobierski

Matthias Sindelar

 

GOLS:

25” Ernst Lehner (ALE)

27′ Edmund Conen (ALE)

28′ Johann Horvath (AUT)

42′ Ernst Lehner (ALE)

54′ Karl Sesta (AUT)


(Imagem: Impromptuinc)

… 05/06/2002 – Alemanha 1 x 1 Irlanda

Três pontos sobre…
… 05/06/2002 – Alemanha 1 x 1 Irlanda


(Imagem: Mandatory Credit / INPHO / Andrew Paton)

● A Alemanha viveu certa turbulência na reta final das eliminatórias, quando foi goleada em casa pela Inglaterra por 5 x 1, com direito a um “hat-trick” de Michael Owen. De quebra, perdeu o primeiro lugar no Grupo 9 para o “English Team” no saldo de gols e precisou disputar a repescagem com forte Ucrânia, de Andriy Shevchenko, Sergey Rebrov e outros. Empatou por 1 x 1 em Kiev e venceu bem, por 4 x 1 em Dortmund. A tradicional Alemanha estava na Copa.

Nas eliminatórias, a Irlanda surpreendeu ao bater de frente com os favoritos Portugal e Holanda no Grupo 2. Na primeira rodada, empate com os holandeses em Amsterdã por 2 a 2. Contra os lusos, foram dois empates por 1 a 1. Venceu todas as demais partidas, inclusive contra a Holanda em casa (1 x 0). Terminou com 24 pontos, juntamente com Portugal, mas perdeu a liderança no saldo de gols (26 a 18). A toda-poderosa Holanda, 4º lugar na Copa de 1998, estava eliminada da edição de 2002. E, por ter sido o melhor segundo lugar entre todos os grupos europeus, o Eire disputou a repescagem contra o Irã (terceiro melhor do qualificatório da Ásia). Venceu em Dublin por 2 a 0 e perdeu em Teerã por 1 a 0. A vaga estava garantida.

A Irlanda perdeu seu principal jogador às vésperas do Mundial. O técnico Mick McCarthy expulsou o experiente volante Roy Keane da delegação por este ter feito severas críticas à imprensa sobre as condições de treinamento. O treinador manteve sua postura mesmo após o atleta ter pedido desculpas. “Enquanto eu continuar como técnico da seleção, ele não volta. Se ele retornasse, eu perderia vários jogadores”, afirmou. A Federação Irlandesa tentou de todo jeito substituir Roy Keane por Colin Healy na lista de inscritos, mas não teve autorização da FIFA. Segundo as regras, só se pode alterar a lista definitiva em caso de lesão de um atleta ou por algum motivo de força maior – como a morte de um familiar, por exemplo. A Irlanda ficou com um jogador a menos na delegação.

Ex-zagueiro, o técnico Mick McCarthy havia participado como jogador da Eurocopa de 1988 e da Copa do Mundo de 1990 (era capitão) – primeiras participações do país nas fases finais das competições. Mas o treinador parecia não ter se acostumado à aposentadoria dos campos. Curiosamente, ele se vestia a caráter: blusa, calções, meiões e até chuteiras para comandar seu time à beira do gramado.

Na primeira rodada da chave, a Alemanha massacrou a Arábia Saudita por incríveis 8 x 0, enquanto a Irlanda sofreu para empatar com Camarões por 1 x 1.


O ex-centroavante Rudi Völler escalou a Alemanha no 3-5-2, apostando no talento de Michael Ballack (que jogou com dores, no sacrifício) e no faro de gol de Miroslav Klose.


O ex-zagueiro Mick McCarthy formou a Irlanda no sistema 4-4-2. Sem a bola, Damien Duff recuava para formar o 4-5-1. Com a bola, a aposta era a velocidade de Robbie Keane.

● Na segunda rodada do Grupo E, a partida entre Alemanha e Irlanda praticamente se resumiu no jogo aéreo. E o bombardeio aéreo alemão, que pulverizou a defesa saudita, voltou a funcionar contra a Irlanda.

Michael Ballack recebeu na intermediária, ergueu a cabeça e cruzou de esquerda. Foi um “cruzamento de GPS”, bem no ponto futuro, onde Miroslav Klose (sempre ele!) completou de cabeça, da marca do pênalti. Foi o quarto gol do centroavante no Mundial – o quarto de cabeça (ele viria a se tornar o maior artilheiro da história das Copas doze anos depois). Comemoração clássica do camisa 11, com uma cambalhota no ar.

No lance, o lateral esquerdo Ian Harte falhou na marcação, ao não acompanhar a arrancada de Klose. Harte também havia falhado na estreia contra Camarões.


(Imagem: Martin Rose / Bongarts / Getty Images)

Cinco minutos depois, Damien Duff cruzou da direita, a zaga alemã rebateu e Matt Holland emendou de primeira. A bola passou raspando à trave direita. Foi uma jogada muito parecida com o gol que o camisa 8 marcou contra os camaroneses no jogo anterior.

A Alemanha quase chegou ao segundo gol. Carsten Jancker desviou uma bola perigosa, mas o goleiro Shay Given estava atento.

Apesar do predomínio na etapa inicial, os alemães não conseguiram transformar o domínio em maior vantagem no marcador. Apesar disso, conseguiram fechar bem o meio e limitar a criação de jogadas da equipe irlandesa.

Mas seria diferente no segundo tempo. A Irlanda cresceu sob a liderança técnica de Robbie Keane e teve 58% de posse de bola. Passou a pressionar mais em busca do empate, mas desperdiçava algumas chances claras de gol.

Aos 11′, Steve Finnan cruzou da direita. A bola desviou na defesa germânica e sobrou para Duff, que finalizou. Mas Oliver Kahn fez uma defesa excepcional, à queima-roupa, fechando todos os espaços. Se contra a Arábia Saudita, Kahn tocou na bola apenas para bater tiro de meta, contra os britânicos ele teve muito trabalho. Fez três defesas salvadoras.

Em um contra-ataque, a Alemanha perdeu uma grande chance para definir o placar. Bernd Schneider deixou com Jancker, que encobriu Given, mas a bola foi fraca e para fora. Finnan já estava na cobertura se a bola tivesse tomado o rumo do gol.

Logo depois, Torsten Frings ganhou no corpo de Kevin Kilbane e cruzou bem da direita. Klose subiu sozinho, mas cabeceou por cima.

O empate demorou, mas aconteceu e fez justiça ao placar.

Aos 47 minutos do segundo tempo, Finnan deu um chutão para a frente. O gigante Niall Quinn ganhou no alto de Christoph Metzelder e desviou de cabeça. Robbie Keane invadiu em velocidade entre Thomas Linke e Carsten Ramelow e finalizou forte já de dentro da pequena área. O monstro Oliver Kahn fechou o ângulo e desviou a bola, que ainda bateu na trave antes de entrar.

Um gol chorado. Só assim mesmo para fazer um gol naquele momento nessa parede que era Oliver Kahn. Ele era um goleiro espetacular e teve seu auge na Copa de 2002.


(Imagem: Andy Hooper / Daily Mail)

● O empate impediu a classificação antecipada da Nationalelf e fez os alemães terem um choque de realidade. Nem tudo eram maravilhas, como a goleada sobre os sauditas fizera parecer. As lesões tiraram jogadores importantes do elenco, que sentia falta da criatividade de Mehmet Scholl e Sebastian Deisler, além da segurança da experiente dupla de zaga Christian Wörns e Jens Nowotny. Os críticos da imprensa alemã eram ferozes com o trio defensivo: Thomas Linke era chamado de lento, Christoph Metzelder de inexperiente e Carsten Ramelow de meio-campista medíocre improvisado como líbero. O centroavante Carsten Jancker, autor de “incríveis” zero gols na Bundesliga pelo Bayern de Munique, cumpria apenas uma função tática de atrair a marcação e era estéril na frente do gol adversário. Críticas justas, apesar da acidez.

A Alemanha ainda venceria Camarões (2 x 0), se classificando em primeiro do grupo. Passaria ainda pelo Paraguai (1 x 0, nas oitavas de final) e Estados Unidos (1 x 0, nas quartas). Na semifinal, venceu a co-anfitriã (e surpresa) Coreia do Sul também por 1 a 0 e chegou à final contra o Brasil, quando perdeu por 2 a 0 e adiou o sonho do tetra.

Na rodada final, a Irlanda bateu a Arábia Saudita por 3 a 0 e se classificou em segundo lugar da chave, com cinco pontos. Curiosamente, a Irlanda passou de fase em todas as Copas que disputou (1990, 1994 e 2002). Nas oitavas de final, os celtas venderam muito caro a eliminação para a Espanha, após empate por 1 a 1 no tempo normal e na prorrogação. Chegou a perder um pênalti durante os 90 minutos. Mas, no fim, perdeu nos pênaltis por 3 a 2 e saiu de cabeça erguida, de forma invicta.


(Imagem: RTE)

FICHA TÉCNICA:

 

ALEMANHA 1 x 1 IRLANDA

 

Data: 05/06/2002

Horário: 20h30 locais

Estádio: Kashima Soccer Stadium

Público: 35.854

Cidade: Ibaraki (Japão)

Árbitro: Kim Milton Nielsen (Dinamarca)

 

ALEMANHA (3-5-2):

IRLANDA (4-4-2):

1  Oliver Kahn (G)(C)

1  Shay Given (G)

2  Thomas Linke

2  Steve Finnan

5  Carsten Ramelow

14 Gary Breen

21 Christoph Metzelder

5  Steve Staunton (C)

22 Torsten Frings

3  Ian Harte

19 Bernd Schneider

18 Gary Kelly

8  Dietmar Hamann

12 Mark Kinsella

13 Michael Ballack

8  Matt Holland

6  Christian Ziege

11 Kevin Kilbane

9  Carsten Jancker

9  Damien Duff

11 Miroslav Klose

10 Robbie Keane

 

Técnico: Rudi Völler

Técnico: Mick McCarthy

 

SUPLENTES:

 

 

12 Jens Lehmann (G)

16 Dean Kiely (G)

23 Hans-Jörg Butt (G)

23 Alan Kelly (G)

3  Marko Rehmer

15 Richard Dunne

4  Frank Baumann

4  Kenny Cunningham

15 Sebastian Kehl

20 Andy O’Brien

16 Jens Jeremies

21 Steven Reid

17 Marco Bode

22 Lee Carsley

18 Jörg Böhme

6  Roy Keane (cortado da delegação)

10 Lars Ricken

7  Jason McAteer

14 Gerald Asamoah

19 Clinton Morrison

7  Oliver Neuville

13 David Connolly

20 Oliver Bierhoff

17 Niall Quinn

 

GOLS:

19′ Miroslav Klose (ALE)

90+2′ Robbie Keane (IRL)

 

SUBSTITUIÇÕES:

73′ Gary Kelly (IRL) ↓

Steven Reid (IRL) ↑

 

73′ Ian Harte (IRL) ↓

Niall Quinn (IRL) ↑

 

75′ Carsten Jancker (ALE) ↓

Oliver Bierhoff (ALE) ↑

 

85′ Miroslav Klose (ALE) ↓

Marco Bode (ALE) ↑

 

87′ Steve Staunton (IRL) ↓

Kenny Cunningham (IRL) ↑

 

89′ Bernd Schneider (ALE) ↓

Jens Jeremies (ALE) ↑


(Imagem: Balls.ie)

Gols da partida:

Compilado de belas imagens do jogo, com uma ótima música de fundo:

… Holanda 3 x 0 Alemanha

Três pontos sobre…
… Holanda 3 x 0 Alemanha


(Imagem: Emmanuel Dunand / STF)

A Holanda goleou a (ex-?) poderosa Alemanha por 3 a 0, com gols de Virgil van Dijk (30′), Memphis Depay (86′) e Georginio Wijnaldum (90+3′).

Com esse resultado, a Alemanha é a lanterna de seu grupo na Liga das Nações da UEFA.

A última vitória da Oranje sobre a Nationalelf havia sido em 2002.

Melhores momentos da partida:

… 30/07/1966 – Inglaterra 4 x 2 Alemanha Ocidental

Três pontos sobre…
… 30/07/1966 – Inglaterra 4 x 2 Alemanha Ocidental


(Imagem: FIFA.com)

● Inglaterra e Alemanha Ocidental chegaram à decisão com campanhas similares: duas vitórias e um empate na primeira fase, triunfos contestados sobre sul-americanos nas quartas de final e vitórias de 2 a 1 nas semifinais. Até então, os ingleses possuíam a melhor defesa (apenas um gol sofrido) e os alemães tinham o segundo melhor ataque (13 gols, atrás apenas de Portugal, com 17).

O equilíbrio era reflexo também do estilo de jogo das duas seleções, adeptas do chamado “futebol força”. Como diferencial, os ingleses jogavam em casa, com o estádio Wembley lotado. Os “inventores do futebol” nunca tinham passado das quartas de final em uma Copa do Mundo. Desta vez, jogando em casa, queriam aproveitar a vantagem do mando de campo. Os donos da casa não ganhavam um Mundial desde a Itália, em 1934. Era o momento de o tabu ser quebrado.

A Rainha Elizabeth II e a Duquesa de Kent eram as convidadas de honra no magnífico estádio Wembley, onde 96.924 torcedores foram assistir ao maior jogo da história do futebol inglês. Estava presente também o então primeiro ministro britânico, Harold Wilson.

Era o jogo de nº 200 da história das Copas. A Inglaterra era a favorita. O retrospecto do confronto entre as seleções até então era composto de sete partidas, com seis vitórias inglesas e um empate. A base do time era o West Ham, campeão da Copa da Inglaterra em 1963/64 e da Recopa Europeia em 1964/65, com o zagueiro Bobby Moore, o lateral Ray Wilson, o ponta Martin Peters e o atacante Geoff Hurst. A tabela deu um dia a menos de descanso para os ingleses antes da final. Os alemães jogaram dia 25 e os ingleses, dia 26.

Na primeira fase, a Inglaterra foi líder do Grupo 1 com cinco pontos. Empatou sem gols com o Uruguai e venceu México e França, ambos por 2 a 0. Nas quartas de final, um embate duríssimo e controverso contra os argentinos e vitória por 1 a 0. Depois, bateu com autoridade a grande seleção de Portugal, de Eusébio e Cia., por 2 a 1. Os “inventores do futebol” estavam a 90 minutos da consagração com o inédito título.

Os alemães foram líderes do Grupo 2, goleando a Suíça (5 x 0), empatando com a Argentina (0 x 0) e batendo a Espanha (2 x 1). Na fase seguinte, venceram o Uruguai por 4 x 0. Nas semifinais, acabaram com o sonho soviético ao vencer por 2 a 1. Agora, tentava conquistar de novo a Taça Jules Rimet, que já tinha conseguido em 1954.

O alemão Helmut Schön armou o time visitante em um misto de 4-2-4, mas que defensivamente se assemelhava ao 4-4-2 inglês, com Emmerich voltando mais que de costume e o ótimo Uwe Seeler recuando para armar o jogo, enquanto Haller e Held faziam os lances pelos lados de campo e Overath organizava o jogo pelo meio. O técnico apostou na marcação individual sobre Bobby Charlton. O responsável por isso seria o jovem Franz Beckenbauer, de apenas 20 anos.

Para a decisão, o astro Jimmy Greaves já estava recuperado e sua escalação era pedida pela imprensa local. Mas o técnico Alf Ramsey decidiu pela manutenção do time, com Geoff Hurst no ataque, apostando na força do jogo aéreo e maior presença de área do seu camisa 10. Ball e Peters, como sempre, armavam pelo lado e combatiam o meio campo rival.


O técnico Alf Ramsey até tentou utilizar o sistema 4-3-3, mas, com a lesão de Jimmy Greaves e as más partidas dos pontas na primeira fase, acabou optando pelo 4-4-2. Os grandes destaques eram os meias Martin Peters pela esquerda e o caçula Alan Ball na direita. Eles faziam um bom balanço defensivo e atacavam quando tinham a bola. Foi uma sacada genial de Ramsey, que antecipou uma tendência ao que se vê em muitas equipes em pleno século XXI.


O técnico Helmut Schön escalou a Alemanha Ocidental no sistema 4-2-4, o mais utilizado na época.

● Os primeiros minutos são tensos, com ambas seleções ainda estudando os movimentos do rival. Ninguém facilita o jogo e não há abertura para ataques mais incisivos. Apenas a chamada “trocação”.

A primeira chance de gol é alemã. Uwe Seeler chuta da entrada da área, mas Gordon Banks salta em ponte e faz uma defesa segura.

Instantes depois, Nobby Stiles cruza, Tilkowski corta e Hurst atinge o goleiro e o deixa no chão.

Tilkowski salvou o primeiro gol inglês ao espalmar para escanteio um chute cruzado de Peters.

Dessa vez, Nobby Stiles não marcava individualmente, mas conseguia travar o avanço de Overath. Enquanto Roger Hunt era “engolido” pela marcação de Weber, Höttges apenas tentava acompanhar Hurst e Schulz ficava na sobra. No meio, os gênios Beckenbauer e Bobby Charlton se anulavam em um embate altamente técnico e tático.

Aos doze minutos de jogo, surge o primeiro erro fatal. Held cruza e o lateral Ray Wilson cabeceia, mas corta mal. Helmut Haller recupera a bola e bate cruzado, rasteiro, sem chances para Gordon Banks. Foi o sexto gol de Haller no torneio. A pequena torcida alemã em Wembley comemora. Pela primeira vez na Copa, a Inglaterra está em desvantagem no marcador. É o segundo gol sofrido pelos Three Lions em toda Copa. O técnico Alf Ramsey demonstra tranquilidade. Seus jogadores também estão calmos. Eles sabem o que devem fazer.

Aos 18′, Bobby Charlton escapa de Beckenbauer e toca para Bobby Moore, que é derrubado por Overath. Moore cobra rápido, pegando a defesa alemã desprevenida. Geoff Hurst sobe sozinho e cabeceia para baixo, no canto direito do goleiro. Tilkowski reclama muito de sua defesa, principalmente com a desatenção de Höttges. A seleção anfitriã chegou rapidamente ao empate. Alegria para a torcida inglesa e para Sua Majestade.


(Imagem: FIFA.com)

Ball cruza da esquerda, Bobby Charlton domina e bate de canhota, para uma segura defesa do goleiro alemão.

Bobby Charlton, sempre ele, abre na direita para George Cohen. O lateral cruza da intermediária e Hurst cabeceia no chão, no canto esquerdo. Tilkowski não segura. Ball cruza para o meio da área e Overath chega tirando de lá.

Após um escanteio, Overath chuta, Banks defende, mas dá rebote. Na sobra, Lothar Emmerich chuta para grande defesa de Banks, que sai em seus pés e segura a bola.

No intervalo de jogo, o placar está igual: 1 a 1. O fato de ter saído dois gols antes dos 20 minutos foi uma surpresa, já que todos esperavam uma partida defensiva. Mas os times buscaram o ataque o tempo todo.

Mais tensão ainda no segundo tempo, com oportunidades de gols para os dois lados.

Aos 33 minutos da segunda etapa, escanteio para a Inglaterra. A cobrança é feita e Hurst domina e chuta. Höttges tenta cortar. A bola sobe e cai limpa para Martin Peters emendar de primeira, da risca da pequena área. Foi o primeiro gol do falso ponta esquerda no Mundial. Impossível pensar em uma ocasião melhor. Poderia ser o gol do título. Novamente Wembley vai à loucura. O English Team está a doze minutos do título mundial. Tilkowski novamente fica inconformado pelos espaços dados por sua defesa.

Aos 41′, Emmerich escapa em contra-ataque perigoso, mas Bobby Moore dá um carrinho limpo e preciso, impedindo o gol do ponta esquerda alemão.

A Inglaterra ainda teve a chance de matar o jogo. Em um rápido contra-ataque, Roger Hunt acha Bobby Charlton na entrada da área. O craque vinha na corrida e chutou mascado, para fora. O jogo ainda não tinha acabado. E contra a Alemanha não se pode perder um gol desses. Os alemães são sempre os alemães e eles nunca se entregam.


(Imagem: FIFA.com)

A prova disso viria aos dramáticos 44 minutos do segundo tempo. Jack Charlton faz uma falta desnecessária em Held na intermediária. Os jogadores ingleses tentam gastar tempo reclamando, mas a cobrança é rápida. Emmerich cobra forte e Cohen desvia para cima, no meio da área. Na sobra, Held chuta nas costas do companheiro Schnellinger, a bola passa por Uwe Seeler e Wolfgang Weber chega de carrinho antes de Wilson e Banks para mandar para o gol.

Incrível! A Alemanha Ocidental conseguiu empatar praticamente no último lance do tempo regulamentar. Bobby Charton parece não acreditar. Ele pede toque de mão de Schnellinger no lance, mas a jogada foi legal. Logo depois do novo pontapé inicial, o juiz encerra a partida. Jack Charlton não esconde a irritação. O técnico Alf Ramsey, mais uma vez, se mostra o mais calmo de todos.

● Assim, temos a primeira prorrogação em decisões desde 1934, em Roma.

A torcida inglesa não para um segundo. Além dos cânticos tradicionais, grita o tempo todo: “England! England!”

Seria um duro teste de resistência nos próximos trinta minutos, especialmente para os ingleses, com o moral abalado. Mas antes do início do tempo extra, Alf Ramsey ordenou que todos seus atletas permanecessem em pé antes de a bola voltar a rolar e disse apenas uma coisa ao seu time: “Vocês já venceram uma vez. Agora é só voltar a campo e vencer novamente. Vejam só os alemães. Eles estão liquidados”. De fato, ele estava certo. Beckenbauer diria depois: “Eu estava tão morto na prorrogação que não fiquei triste com a derrota. Estava feliz por acabar com aquele suplício”.

Na dramática prorrogação, a Inglaterra realmente mostra muito mais disposição. Os alemães estão esgotados e parecem não ter mais forças.

Ball arranca pelo meio e chuta da entrada da área. Tilkowski espalma para cima. O goleiro do Borussia Dortmund era bom, mas sempre espalmava e nunca segurava a bola de primeira.

Após a cobrança de escanteio, Bobby Charlton chuta da entrada da área e a bola bate caprichosamente na trave esquerda do arqueiro alemão.


(Imagem: FIFA.com)

Mas ninguém segurava o motorzinho Alan Ball, que passava facilmente pela marcação do ótimo Schnellinger. Aos 11 minutos do primeiro tempo da prorrogação, lançamento bonito de Stiles para o camisa 7, que escapa novamente pela direita e cruza rasteiro. De costas para o gol, Hurst domina, gira em cima de Schnellinger e dispara um tiro seco. A bola bate no travessão e quica sobre a linha antes de ser jogada para escanteio por Weber. Por não terem chances de brigar pelo rebote, Hunt e Hurst preferiram levantar os braços e comemorarem timidamente, tentando induzir a arbitragem a tomar alguma decisão a favor dos ingleses. O árbitro suíço Gottfried Dienst fica na dúvida, mas o bandeirinha soviético Tofik Bakhramov confirma o gol. Foi um lance rápido e dificílimo, que demorou 13 segundos (uma eternidade) para ter ser decidido. Os alemães protestam bastante, mas logo o capitão Uwe Seeler os dispersam para que o jogo recomece logo.

A Inglaterra estava na frente de novo. Até hoje ninguém conseguiu provar se a bola entrou ou não. Mas o resultado faz justiça à Inglaterra, que vinha jogando mais na final e era discutivelmente a melhor seleção de todo o Mundial e merecedora de um lugar na história.

A poucos segundos do fim, quando o árbitro já estava com o apito à boca e alguns torcedores já tinham invadido o campo para comemorar. Bobby Moore, com a maior calma do mundo, chuta para frente, afastando o perigo da defesa. A bola cai com Geoff Hurst, que carrega a bola até a grande área alemã, enquanto o locutor inglês Kenneth Wolstenholme, o mais famoso do país na época, deixou uma célebre frase para a história: “Some people are on the pitch…they think it’s all over….it is now!” (“Algumas pessoas estão no campo … elas pensam que está tudo acabado… agora está!”) Posteriormente o camisa 10 da Inglaterra confessou que sua intenção era chutar essa bola para fora do estádio, a fim de ganhar tempo. Ele errou e a bola foi morrer no ângulo direito, “deixando tudo acabado”, conforme finalizou Wolstenholme. Geoff Hurst é o primeiro (e até hoje o único) jogador a marcar três gols em uma final de Copa do Mundo.


(Imagem: FIFA.com)

● Independente da ajuda da arbitragem nos dois gols decisivos, a Inglaterra era merecidamente campeã mundial de futebol. Os próprios protagonistas afirmam isso:

“Toda vez que algum alemão me pergunta se a bola entrou, respondo apenas que, ainda assim, não iríamos perder aquele jogo.” — Bobby Charlton

“Ainda assim, os ingleses mereceram vencer.” — Wolfgang Weber

“Eles tinham um time excepcional, melhor que o nosso.” — Uwe Seeler

“Apesar da arbitragem, a Inglaterra tinha uma senhora equipe. Foram grandes campeões.” — Wolfgang Overath

O time foi muito bem armado e treinado por Alf Ramsey. Ele, que fez parte do fiasco do English Team na Copa de 1950 como zagueiro, tinha se tornado um grande técnico, capaz de feitos únicos pelo modesto time do Ipswich Town. Ele levou o time à conquista da segunda divisão em 1960/61 e do campeonato da primeira divisão inglesa logo na sequência, em 1961/62. Ele assumiu a seleção em 1963, pensando em mudar tudo que vira até então: em vez do colegiado definir os rumos do futebol no país, como pensava seu antecessor Walter Winterbottom, a direção de tudo caberia ao próprio Ramsey. Também era adepto de rígidos métodos de treinamento físico, que ele imaginava que pudesse fazer a diferença no Mundial. Ao assumir o cargo, o técnico declarou: “A Inglaterra vencerá”. E ele cumpriu o prometido.

Alf Ramsey não entrou no gramado para celebrar e nem para tirar seus atletas, como fizera contra os argentinos. Dizem que ele voltaria ao gramado a noite para dar uma volta de honra no estádio vazio. Ele esperou seus comandados passarem perto do banco de reservas para abraçá-los, um a um.


(Imagem: The Telegraph)

Depois, os atletas subiram até as tribunas, onde Bobby Moore limpou as mãos sujas no calção, estendeu-as à Rainha Elizabeth II e recebeu a Taça Jules Rimet com a humildade do dever cumprido, coroando duas horas e meia de muita emoção, em uma das partidas mais memoráveis da história do futebol. Mas por pouco o capitão não ficou de fora da Copa. A FIFA determinava que apenas jogadores com contratos vigentes poderiam disputar o Mundial. Moore vivia na época um litígio com o West Ham. Felizmente, ele renovou o contrato na véspera da partida de abertura e pôde disputar o torneio normalmente, para o bem do English Team.

Apenas os onze titulares deram a volta olímpica e ganharam medalhas. A injustiça foi reparada no dia 10/06/2009, quando a federação inglesa conseguiu com a FIFA as medalhas para os onze reservas, o treinador, o médico, o preparador físico e o massagista. Todos os sobreviventes e familiares dos falecidos se reuniram na sede do parlamento britânico para receberem o prêmio com 43 anos de atraso.

Ramsey, Bobby Charlton e Geoff Hurst receberiam o título de “Sir”, como “Cavaleiros do Império Britânico” por serem protagonistas na maior conquista da história do futebol inglês.

No final do ano, Charlton seria eleito o melhor jogador do mundo, conquistando a Bola de Ouro da revista France Football. Ele já era a história viva. Em 1958, ainda jovem, tinha sido um dos sobreviventes da “Tragédia de Munique”, um acidente com o avião do Manchester United, que causou a morte de 23 pessoas, incluindo oito jogadores. O craque, que foi reserva na Copa de 1958 e titular em 1962, estava no auge da forma e é considerado até hoje o melhor jogador inglês de todos os tempos.

Curiosamente, a Copa do Mundo de 1966 foi a primeira a ter um mascote. O leão “Willie” representava a força dos ingleses. O mascote fez tanto sucesso que se tornou uma tradição nos Mundiais seguintes.

Em “homenagem” a Tofik Bakhramov, a expressão “Russian Linesman” (bandeirinha russo) é usada até hoje nas arquibancadas do futebol inglês para se referir a um “árbitro amigo”. O auxiliar dá nome ao estádio nacional do Azerbaijão, em Baku, cidade onde nasceu e morreu.


(Imagem: FIFA.com / AP Photo / Bippa, File)

FICHA TÉCNICA:

 

INGLATERRA 4 x 2 ALEMANHA OCIDENTAL

 

Data: 30/07/1966

Horário: 15h00 locais

Estádio: Wembley

Público: 96.924

Cidade: Londres (Inglaterra)

Árbitro: Gottfried Dienst (Suíça)

 

INGLATERRA (4-4-2):

ALEMANHA OCIDENTAL (4-2-4):

Gordon Banks (G)

1  Hans Tilkowski (G)

2  George Cohen

2  Horst-Dieter Höttges

5  Jack Charlton

5  Willi Schulz

6  Bobby Moore (C)

6  Wolfgang Weber

3  Ray Wilson

3  Karl-Heinz Schnellinger

4  Nobby Stiles

4  Franz Beckenbauer

9  Bobby Charlton

12 Wolfgang Overath

7  Alan Ball

8  Helmut Haller

10 Geoff Hurst

9  Uwe Seeler (C)

21 Roger Hunt

10 Sigfried Held

16 Martin Peters

11 Lothar Emmerich

 

Técnico: Alf Ramsey

Técnico: Helmut Schön

 

SUPLENTES:

 

 

12 Ron Springett (G)

22 Sepp Maier (G)

13 Peter Bonetti (G)

21 Günter Bernard (G)

14 Jimmy Armfield

14 Friedel Lutz

18 Norman Hunter

15 Bernd Patzke

15 Gerry Byrne

17 Wolfgang Paul

17 Ron Flowers

18 Klaus-Dieter Sieloff

20 Ian Callaghan

7  Albert Brülls

22 George Eastham

16 Max Lorenz

19 Terry Paine

19 Werner Krämer

11 John Connelly

13 Heinz Hornig

8  Jimmy Greaves

20 Jürgen Grabowski

 

GOLS:

12′ Helmut Haller (ALE)

18′ Geoff Hurst (ING)

78′ Martin Peters (ING)

89′ Wolfgang Weber (ALE)

101′ Geoff Hurst (ING)

120′ Geoff Hurst (ING)

 

ADVERTÊNCIA: Martin Peters (ING)


(Imagem: Pinterest)

Gols da decisão:

Melhores momentos da partida:

Polêmico gol de Geoff Hurst, o terceiro da Inglaterra:

… 08/07/1990 – Alemanha Ocidental 1 x 0 Argentina

Três pontos sobre…
… 08/07/1990 – Alemanha Ocidental 1 x 0 Argentina


(Imagem: Soccer 365)

● Desde a final da Copa de 1986, muita coisa havia mudado no esporte alemão. O futebol local passou por uma de suas crises mais sérias na segunda metade dos anos 1980. As arquibancadas se esvaziaram, o prestígio do futebol despencou e o tênis virou o esporte mais popular na TV, graças aos fenômenos Boris Becker e Steffi Graf, ambos nº 1 no ranking da ATP (Associação de Tenistas Profissionais).

O país ainda sediou a Eurocopa de 1988, mas parou nas semifinais diante da Holanda com um gol de Marco van Basten no último minuto. Nesse ano, os alemães já haviam aderido ao sistema da moda, o 3-5-2, mas sem grandes exibições ou resultados. Mas eles tinham diferenciais fantásticos. Andreas Brehme, o ala esquerdo, era um armador de origem. O líbero, Klaus Augenthaler, tinha classe e sabia jogar. O meio campista mais defensivo, Lothar Matthäus, era um craque completo e chegava no auge ao seu terceiro Mundial e à sua terceira final (era reserva em 1982).

A Nationalelf tinha uma maneira bem clara de jogar: além do trio de defesa, um lateral defensivo pela direita (Berthold) e um ofensivo pela esquerda (Brehme), um volante criativo (Matthäus), dois meias que carregavam a bola (Häßler na direita e Littbarski ou Uwe Bein na esquerda), além de uma dupla de ataque eficaz (Völler e Klinsmann).

A seleção argentina queria conquistar seu terceiro título em quatro edições disputadas desde 1978, mas também não era a mesma de quatro anos antes. Fracassou na Copa América que sediou, em 1987, mesmo ainda tendo o time base de um ano antes. Seis campeões mundiais ainda eram titulares. O novo fracasso na Copa América de 1989, organizada e vencida pelo Brasil, levou os argentinos a chegarem com menos cartaz na Itália, no Mundial de 1990. A bem da verdade, cada vez mais eles dependiam de Maradona. Entre o fim da Copa de 1986 e o início do Mundial de 1990, os portenhos jogaram 31 vezes e conseguiram apenas seis vitórias. Mas Diego motivou o time, dizendo: “vão ter que arrancar a Copa de nossas mãos”. Ao final das contas, aos trancos e barrancos, ainda era a Argentina.

A Alemanha se tornou o primeiro país a chegar em três finais de Copa consecutivas (seria igualada pelo Brasil nos três Mundiais seguintes). Vencer era mais que uma questão de honra para eles. Die Mannschaft foi a primeira do Grupo D com cinco pontos. Começou goleando a Iugoslávia por 4 a 1 e os Emirados Árabes Unidos por 5 a 1. Na última rodada, empatou por 1 x 1 com a Colômbia. Nas oitavas, venceu a grande rival Holanda por 2 a 1, em uma verdadeira batalha. Nas quartas, vitória simples por 1 a 0 sobre a Tchecoslováquia. Na semifinal, venceu a Inglaterra nos pênaltis por 4 a 3, após empate por 1 a 1 no tempo normal.

A Argentina somente passou de fase por ter sido uma das melhores terceiras colocadas, com três pontos. No Grupo B, perdeu para Camarões na estreia por 1 a 0. Depois, venceu a União Soviética por 2 a 0 e empatou com a Romênia por 1 a 1. Nas oitavas de final, jogou pior, mas venceu o clássico com o Brasil graças a uma jogada mágica de Maradona e uma linda conclusão de Caniggia. Nas quartas, contou com a estrela do goleiro Goycochea, que pegou duas cobranças na vitória por pênaltis por 3 a 2 sobre a Iugoslávia. Nas semifinais, após um empate por 1 x 1 com a anfitriã Itália, Goycochea pegou outras duas cobranças e a Argentina venceu na decisão por pênaltis por 4 a 3.


O técnico Franz Beckenbauer escalou sua equipe no sistema 3-5-2.


Carlos Bilardo também mandou sua equipe ao campo no 3-5-2, em uma versão mais defensiva que a alemã.

● Domingo, oito de julho. Um dia sempre histórico para os alemães. Depois de 51 partidas, só restava esta para decidir quem iria se consagrar. Até então, em 14 edições de Copa do Mundo, nunca havia acontecido de duas seleções repetirem uma final. Alemães e argentinos quebraram essa escrita. Finalistas em 1986, eles decidiram também o Mundial de 1990. Essa final também consagraria um novo tricampeão. Tanto os germânicos quanto os portenhos tinham dois títulos cada. Europeus tinham vencido em 1954 e 1974. Os sul-americanos foram campeões em 1978 e 1986.

Mas, ao contrário de quatro anos antes, desta vez era a Alemanha Ocidental quem entrava em campo como favorita, diante de um adversário que se arrastou durante todo o campeonato e que tinha seu maior craque em má forma física. Maradona começava a entrar em declínio.

Castigada pelo jogo bruto das fases anteriores, a Argentina entrou em campo sem quatro titulares, suspensos: Batista, Orlaticoechea, Giusti e Caniggia, que tinha marcado dois dos cinco gols de sua equipe até então.

Se não bastasse, no momento de execução dos hinos nacionais, a maior parte dos quase 75 mil presentes no estádio Olímpico de Roma vaiou insistentemente o hino argentino, ressentida com o comportamento de Maradona na semifinal em Nápoles, onde fez toda a cidade torcer e cantar seu nome por causa do Napoli, clube onde jogava. Perfilado, em vez de cantar o hino, Diego falava pausadamente, para que ficasse bem claro para as câmeras de TV: “Hijos de puta! Hijos de puta!”

● Mais forte que a Argentina, a Alemanha Ocidental começou melhor. Com vários jogadores atuando na liga italiana, os alemães pareciam estar jogando em casa. Mandava no jogo contra uma Argentina que, como se esperava, apenas se defendia.

Brehme cobra falta e a bola passa perto de Völler.

Littbarski arrisca de longe, mas a bola vai por cima do gol.

Brehme cruza, mas a bola passa por todo mundo e Goycochea segura firme.

Berthold cruza da direita, Völler escapa da forte marcação, mas cabeceia por cima.

Alheia a tudo isso, a Alemanha fez o que dela se esperava, pressionando um adversário inferior em busca do gol, mas perdeu todas as chances criadas no primeiro tempo.

Do outro lado, os argentinos nem ameaçavam. A impressão que dava é que eles queriam fazer um jogo que desgastasse os alemães, sem deixar o fluir. Quem não é melhor na técnica, tenta se igualar na garra. E isso o povo argentino tem de sobra.

A primeira chance dos portenhos só veio no último minuto do primeiro tempo. Basualdo toca para o meio e Maradona tromba com um adversário, caindo na meia lua. Ele pede falta, mas o árbitro mexicano Edgardo Codesal manda o jogo seguir.

A primeira etapa foi um retrato do Mundial da Itália: muito estudo, pouca emoção e nenhum gol. Só sono. A Alemanha parava nas faltas da Argentina. Os argentinos chegavam pouco ao ataque. Seu lance mais perigoso de gol nasceu de um erro alemão, um recuo de Brehme que quase resultou em gol contra. Ao ouvir o apito do árbitro anunciando o intervalo, os torcedores vaiaram.


(Imagem: O Tempo)

● O segundo tempo inteiro foi um duelo entre o ataque germânico e a defesa portenha. A Alemanha Ocidental voltou mais incisiva e disposta a vencer. Berthold e Völler chegaram a errar o gol em finalizações da pequena área.

Littbarski faz uma bela jogada, entra em diagonal da esquerda para o meio, mas chuta para fora.

Brehme cruzou da esquerda e Berthold cabeceou por cima, de dentro da pequena área.

O líbero Augenthaler avança, recebe livre na área, tenta driblar Goycochea e cai, na tentativa de cavar o pênalti, mas o juiz mexicano só ignorou. Na sequência, Monzón ainda salvou o gol em cima da linha.

O placar seguiu zerado. O gol teimava em não sair. Com o passar do tempo, esperava-se que os alemães ficassem nervosos pelo fato de sua ampla superioridade não ser traduzida em gols e, com isso, eles dessem brecha para os contra-ataques. Mas não foi o que aconteceu.

A Argentina apelava para as faltas. Aos 20 minutos, o Monzón derrubou Klinsmann. O atacante alemão exagerou na queda, mas realmente foi atingido com violência. Pedro Monzón se tornou o primeiro atleta a ser expulso em uma final de Copa do Mundo.

Com um homem a mais, o domínio germânico se tornou mais evidente. Matthäus conseguiu fazer o jogo fluir e liderou tecnicamente a Alemanha. Ao contrário de 1986, Maradona e Burruchaga foram neutralizados pela forte marcação alemã.

Maradona não estava fisicamente bem. Jogou com dores nos tornozelos a Copa toda. E foi muito bem marcado por Buchwald nessa partida.

A Argentina estava apenas esperando a decisão por pênaltis, apostando mais uma vez suas fichas na ótima fase do goleiro Goycochea, que passou a ser titular na segunda partida devido a lesão de Pumpido (leia mais abaixo). Com a alcunha de “Tapa Penales”, ele já havia defendido quatro pênaltis no Mundial.

A supremacia alemã em campo foi premiada aos 40 minutos. Rudi Völler é lançado pela direita, entra na área e cai ao levar um encontrão de Sensini. Pênalti bastante duvidoso marcado pelo árbitro mexicano.

O cobrador oficial de pênaltis da Alemanha era Lothar Matthäus (leia mais abaixo). Mas ele não se sentiu seguro e preferiu que outro jogador em melhores condições fizesse a cobrança. Brehme assumiu a responsabilidade e cobrou de forma perfeita. batendo colocado no canto direito, rente à trave. Goycochea ainda acertou o canto, mas não conseguiu defender. Era o gol do título.

A Argentina não tem forças para buscar o empate e dois minutos depois entra em desespero. Dezotti acha que Köhler está fazendo cera e resolve a questão no braço. O árbitro mostra o segundo cartão amarelo ao camisa 9 e, consequentemente, o vermelho. Edgardo Codesal estava tendo dificuldades no âmbito disciplinar, com muitas reclamações dos argentinos. E o último cartão amarelo fez a alegria da torcida italiana: foi para o reclamão Maradona.

Quatro anos depois de terem brilhado no Mundial do México, os argentinos sofriam a derrota merecida.

A Alemanha Ocidental era tricampeã do mundo, se igualando ao Brasil e à Itália. Era também a vingança contra dois rivais de uma só vez: venceu a Argentina na decisão (a algoz de 1986) jogando na Itália (que tinha lhe batido na final de 1982). Uma taça bastante simbólica para o país, que seria reunificado naquele mesmo ano.

Após a partida, já no ônibus da delegação argentina, Maradona declarou: “Esta é a maior decepção de minha carreira. O árbitro fez tudo para agradar aos alemães e aos italianos. Fomos derrotados pelo ‘homem de preto'”.

A vitória alemã trouxe justiça ao Mundial. A melhor equipe se sagrou campeã. Mas este jogo ficou marcado como a final de Copa com o futebol mais fraco na história.


(Imagem: IG)

● Curiosamente, apenas a Itália de 1938 e 1982 e a Alemanha Ocidental em 1990 foram campeãs do mundo sem ficar em nenhum momento atrás no marcador, em nenhuma partida.

A Argentina foi a finalista com pior campanha em uma Copa do Mundo, com apenas duas vitórias e cinco gols marcados em sete jogos. A equipe também se tornou a primeira a não marcar gols e a ter jogadores expulsos em uma final de Copa.

Até então, nunca uma decisão de Mundial havia terminado com somente um gol. As finais anteriores registraram pelo menos três. Mas a falta de gols vista na decisão era apenas um reflexo do que foi o torneio todo.

Na Copa do Mundo de 1990, 20 das 24 seleções atuavam no 3-5-2 (inclusive o Brasil, do técnico Sebastião Lazaroni). Na teoria descrita pelo alemão Sepp Piontek, criador do sistema tático, menos atletas na defesa resultaria em mais atletas atacando. Mas isso não se confirmou nesse Mundial. Na teoria, os laterais deveriam ser alas, apoiando o tempo todo. Na prática, eles voltavam até a linha de defesa, transformando o esquema em uma espécie de 5-3-2. Com isso, ao invés de um maior equilíbrio ou de equipes ofensivas, na verdade assistimos equipes que só se defendiam. Como consequência, 1990 foi a Copa com menor média de gols na história, com 2,21 por partida. O placar mais repetido foi 1 x 0 (16 vezes).

Essa Copa do Mundo deixou definitivamente a magia futebolística de lado e acabou por consagrar o estilo de aplicação tática. Nesse contexto, ninguém melhor que a Alemanha Ocidental para ser campeã. Mas os alemães não eram apenas força e disciplina. Tinha um grupo repleto de atletas de grande qualidade técnica, como Lothar Matthäus, Andreas Brehme, Thomas Häßler, Pierre Littbarski, Andreas Möller e Jürgen Klinsmann. Porém, como nada é perfeito, o grupo não era unido. O meia Matthäus e o atacante Klinsmann, dois destaques individuais, eram desafetos declarados.

Mas o título coroava de uma vez por todas essa grande geração do futebol do país e colocava Franz Beckenbauer no mais alto patamar de imortalidade. O Kaiser se tornou primeiro homem na história a levantar a Copa do Mundo como capitão e depois como técnico – e o segundo como jogador e treinador, depois do brasileiro Zagallo.

Em números, a Alemanha provou porque foi tão superior às demais equipes. Teve o melhor ataque, com 15 gols marcados. Deu 131 do total de 1.177 chutes a gol registrados na Copa (11% do total), em sete partidas disputadas. A Itália, segunda colocada nesse quesito, disputou o mesmo número de jogos teve 91 finalizações, mesmo jogando em casa. Além disso, os alemães tiveram 145 roubadas de bola, ou mais de 20 por jogo, número bastante superior ao de Argentina (99), vice-campeã, e Itália (106), 3º lugar no Mundial.

O meia alemão Lothar Matthäus disputava sua terceira Copa do Mundo seguida e era a peça chave da equipe. Naquele mesmo ano, foi eleito o melhor jogador do mundo pela revista inglesa World Soccer. Em 1991, se tornou o primeiro atleta eleito o melhor do mundo pela FIFA. “Nunca fui um artista da bola, apenas um obcecado pela eficiência”, chegou a dizer certa vez. Antes de se consagrar como o capitão que levantou a taça em 1990, ele já tinha sido vice-campeão em 1982 e 1986. Disputaria ainda os Mundiais de 1994 e 1998, quando completaria 25 jogos em Copas do Mundo, se tornando o jogador com mais partidas na competição, recorde que permanece até hoje.

Foram registradas 2.079 faltas no Mundial. A recordista de infrações foi a Argentina, com 178 em sete jogos, além de 23 cartões amarelos e três vermelhos. Curiosamente, o jogador que mais bateu foi também o que mais apanhou: Maradona, com 21 faltas cometidas e 53 sofridas.

O goleiro argentino Nery Pumpido, campeão do mundo na Copa anterior, quebrou a perna direita em uma trombada na área aos 11 minutos da segunda partida da competição, na vitória por 2 a 0 sobre a URSS. Assim, a FIFA autorizou, pela primeira vez de forma oficial, que se substituísse o goleiro no grupo de uma seleção. O convocado para herdar a camisa 1 foi Ángel Comizzo, que acabou nunca atuando em nenhum minuto sequer pela seleção, durante toda sua longa carreira.

O cobrador oficial de pênaltis da Alemanha era Lothar Matthäus, que havia inclusive batido o da vitória sobre a Tchecoslováquia por 1 x 0 nas quartas de final. Porém, quando o pênalti da final foi marcado, ele pegou a bola e a entregou a Andreas Brehme, pedindo que ele cobrasse. Foi uma surpresa enorme no mundo todo, que pensou que Matthäus tivesse feito isso porque havia tremido diante de Goycochea, um emérito defensor de pênaltis. Mas não foi isso. O camisa 10 utilizava um par de chuteiras havia muito tempo, já totalmente adaptadas a seus pés. Mas justamente durante a final, uma das chuteiras se rompeu e ele precisou usar um par reserva durante parte do jogo. Como ele não estava muito confortável com esse par, não se sentiu nas melhores condições para cobrar um pênalti tão importante. O mais curioso é que a chuteira que se rompeu tinha sido utilizada por Maradona dois anos antes, em um jogo beneficente, quando Matthäus a emprestou ao argentino e este acabou estreando o par. Quando Diego devolveu a chuteira, Matthäus percebeu que o argentino havia colocado os cadarços de maneira diferente e mais confortável, e passou a utilizar essa forma de amarração até o final de sua carreira.


(Imagem: UOL)

FICHA TÉCNICA:

 

ALEMANHA OCIDENTAL 1 x 0 ARGENTINA

 

Data: 08/07/1990

Horário: 20h00 locais

Estádio: Olímpico

Público: 73.603

Cidade: Roma (Itália)

Árbitro: Edgardo Codesal (México)

 

ALEMANHA OCIDENTAL (3-5-2):

ARGENTINA (3-5-2):

1  Bodo Illgner (G)

12 Sergio Goycochea (G)

6  Guido Buchwald

18 José Serrizuela

5  Klaus Augenthaler

20 Juan Simón

4  Jürgen Kohler

19 Oscar Ruggeri

14 Thomas Berthold

4  José Basualdo

8  Thomas Häßler

7  Jorge Burruchaga

10 Lothar Matthäus (C)

13 Néstor Lorenzo

7  Pierre Littbarski

21 Pedro Troglio

3  Andreas Brehme

17 Roberto Sensini

9  Rudi Völler

10 Diego Armando Maradona (C)

18 Jürgen Klinsmann

9  Gustavo Dezotti

 

Técnico: Franz Beckenbauer

Técnico: Carlos Bilardo

 

SUPLENTES:

 

 

12 Raimond Aumann (G)

22 Fabián Cancelarich (G)

22 Andreas Köpke (G)

1  Ángel Comizzo (G) (substituiu Nery Pumpido)

1  Nery Pumpido (G) (lesionado e dispensado pela delegação)

16 Paul Steiner

5  Edgardo Bauza

19 Hans Pflügler

11 Néstor Fabbri

2  Stefan Reuter

15 Pedro Monzón

20 Olaf Thon

2  Sergio Batista

15 Uwe Bein

16 Julio Olarticoechea

21 Günter Hermann

14 Ricardo Giusti

17 Andreas Möller

6  Gabriel Calderón

11 Frank Mill

3  Abel Balbo

13 Karl-Heinz Riedle

8  Claudio Caniggia

 

GOL: 85′ Andreas Brehme (ALE) (pen)

 

CARTÕES AMARELOS:

5′ Gustavo Dezotti (ARG)

52′ Rudi Völler (ALE)

84′ Pedro Troglio (ARG)

87′ Diego Armando Maradona (ARG)

 

CARTÕES VERMELHOS:

65′ Pedro Monzón (ARG)

87′ Gustavo Dezotti (ARG)

 

SUBSTITUIÇÕES:

INTERVALO Oscar Ruggeri (ARG) ↓

Pedro Monzón (ARG) ↑

 

53′ Jorge Burruchaga (ARG) ↓

Gabriel Calderón (ARG) ↑

 

73′ Thomas Berthold (ALE) ↓

Stefan Reuter (ALE) ↑


(Imagem: Guetto Radio)

Gol da partida:

Jogo completo: