Três pontos sobre…
… 23/06/2018 – Alemanha 2 x 1 Suécia
(Imagem: FIFA.com)
● Quando a seleção campeã do mundo entra em campo, é sempre a favorita contra qualquer adversário. E como de costume, os alemães apostavam em um trabalho de longo prazo. O técnico Joachim Löw assumiu a Nationalelf após o Mundial de 2006 e levou o time a um 3º lugar em 2010 e ao título em 2014. Para a Copa da Rússia em 2018, jogadores históricos como Philipp Lahm, Bastian Schweinsteiger e Miroslav Klose já haviam pendurado as chuteiras. Mas a renovação foi muito bem feita e o elenco estava tão qualificado quanto o de quatro anos antes ou até mais.
Em 2017, venceu a Copa das Confederações com um time praticamente reserva, quando brilharam as estrelas de Marc-André ter Stegen, Antonio Rüdiger, Joshua Kimmich, Julian Brandt e Timo Werner. Para a Copa, se juntaram a eles medalhões como Manuel Neuer, Mats Hummels, Jérôme Boateng, Sami Khedira, Toni Kroos, Mesut Özil e Thomas Müller. O estilo permanecia o mesmo: marcação sob pressão, posse de bola, toques rápidos e movimentação intensa. A Alemanha chegava muito forte e era considerada a maior favorita à conquista quinto título mundial.
A Suécia era um time pragmático, que jogava um futebol “certinho”: sem muita técnica, mas também sem dar nenhuma facilidade ao rival. Suas duas linhas de quatro bem postadas foram responsáveis por deixar para trás a Holanda e a Itália nas eliminatórias. Desde a Eurocopa de 2016, não contava mais com Zlatan Ibrahimović, sua maior estrela. Ele chegou a ser cogitado para disputar o Mundial, mas foi preterido pelo técnico Janne Andersson, que preferiu apostar no coletivo. Era personificada pelo seu novo capitão, o experiente zagueiro Andreas Granqvist. Tecnicamente, o maior destaque era o meia pela esquerda Emil Forsberg, do RB Leipzig. O ponto fraco da seleção Blågult (azul e amarela) era o ataque, onde ninguém convencia: Ola Toivonen, Marcus Berg e John Guidetti eram voluntariosos e apenas medianos. No primeiro jogo, venceu a Coreia do Sul por 1 x 0, com um gol de pênalti de Granqvist.
Na primeira rodada, os alemães sofreram diante do México e perderam por 1 x 0. Tocavam a bola e não conseguiam entrar na defesa mexicana. Com um pouco mais de pontaria, o placar poderia ter sido de 3 x 0 para mais.
A Alemanha jogou no sistema 4-2-3-1.
A Suécia atuou no 4-4-2 tradicional, com duas linhas de quatro.
● Joachim Löw resolveu fazer quatro mudanças no time titular em relação à péssima partida contra o México. Mats Hummels estava com problemas físicos e deu lugar a Antonio Rüdiger. Jonas Hector voltou a ser titular depois de se recuperar de uma lesão, no lugar de Marvin Plattenhardt. As demais mudanças foram técnicas: saiu a dupla consagrada Sami Khedira e Mesut Özil, para a entrada de Sebastian Rudy e Marco Reus.
Já nos primeiros instantes, a Alemanha começou a pressionar demais. Mas não foi uma pressão de qualquer jeito. Foram jogadas trabalhadas, articuladas, de movimentação dos meia-atacantes. Coisa de quem sabe o que deve fazer em campo, sem desespero. Mas a defesa sueca estava muito bem postada, como em quase todos os momentos de todos os jogos.
E aos 12′, quando a partida ainda estava empatada sem gols, a Suécia foi claramente prejudicada pela arbitragem. Em uma bola roubada e contra-ataque rápido, Marcus Berg ficou cara a cara com o goleiro Neuer, mas Boateng o alcançou na velocidade e o deslocou com a mão no ombro, além de uma pequena alavanca com o pé. O time sueco inteiro reclamou, mas tanto o árbitro quando o VAR decidiram que era lance normal. Uma decisão bastante subjetiva e vergonhosa que beneficiou os alemães.
Mas a Suécia não se intimidou e abriu o placar aos 32′. O detalhe é que dos 25 aos 31, a Alemanha estava com um jogador a menos, devido a um choque casual entre a chuteira de Ola Toivonen e o nariz de Rudy. O jogador alemão foi atendido, mas com suspeita de fratura no nariz e sangramento contínuo, teve que deixar o campo. Mas enquanto Rudy era atendido, a Suécia pressionava. E no minuto seguinte da entrada de Gündogan, Toni Kroos errou um passe (ele também erra passe!). Berg recuperou a bola, passou para Viktor Claesson, que lançou no alto para Ola Toivonen dentro da área. O camisa 20 dominou bonito e tocou por cobertura sobre Manuel Neuer. A bola ainda desviou em Jérôme Boateng e tomou o caminho do gol.
Vencendo por 1 a 0, a Suécia passou a fechar a “casinha” ainda mais. E a Alemanha pressionava. No intervalo, Joachim Löw trocou o nulo Julian Draxler por Mario Gómez, homem de área. Aliás… era pouco inteligente a insistência de Löw em Draxler – um jogador superestimado. Incrivelmente fora dos convocados para o Mundial, Leroy Sané fazia muita falta ao plantel alemão.
(Imagem: FIFA.com)
E logo aos 3′ do segundo tempo, Timo Werner (que passou a jogar na ponta esquerda) chutou cruzado, Mario Gómez tentou alcançar a bola sem conseguir e Marco Reus finalizou do jeito que deu, um misto de joelho com canela. Pouco importa. Importante foi o gol de empate, que manteve as esperanças alemãs vivas.
E dá-lhe blitz para cima dos suecos. A pressão passou a ser ainda mais intensa. E a Suécia foi se cansando. Mesmo depois que Boateng foi expulso por receber justamente o segundo cartão amarelo, os suecos não conseguiam contra-atacar, tampouco atacar.
Toni Kroos chamava o jogo e arriscava bastante. Em um de seus cruzamentos da esquerda, Mario Gomez cabeceou com perigo e o goleiro Robin Olsen fez uma excelente defesa, embora a bola tenha vindo em cima dele.
Com pouco a fazer, Löw tirou o lateral Hector e colocou o meia-atacante Julian Brandt. Em um de seus primeiros lances, ele recebeu fora da área, cortou para a perna esquerda e bateu bem. A bola explodiu na trave. Na volta, Timo Werner estava impedido, mas nem assim acertou o gol.
A Alemanha ainda lutava, não se contentando com o empate. E aos 49′ do segundo tempo, Jimmy Durmaz fez uma falta sem sentido no lado direito de sua área. Uma bola que normalmente seria cruzada. Mas qual equipe no mundo possui um talento como Toni Kroos, que coloca a bola onde quer?! E foi isso que o jogador do Real Madrid fez. Em uma jogada de dois lances com Marco Reus, Kroos bateu bonito, com curva, no ângulo esquerdo do goleiro Olsen. Um gol e uma partida para ficar para a história.
Pode-se dizer que o bom goleiro Robin Olsen falhou no gol de Kroos. Mas o mais xingado foi o atacante Jimmy Durmaz, que cometeu a falta sem necessidade. Filho de imigrantes assírios turcos, ele recebeu graves ofensas raciais por parte dos mais exaltados. A Federação Sueca precisou prestar queixas à polícia por causa de ofensas recebidas pelo atleta nas redes sociais. No treinamento do dia seguinte, o elenco sueco se reuniu atrás de Durmaz, que fez um pronunciamento à imprensa. Ao fim, ele disse: “Somos a Suécia” e todos os jogadores responderam juntos: “Vá se foder, racismo!”
(Imagem: FIFA.com)
● Essa derrota deu forças à Suécia, que venceu o México com muita autoridade por 3 x 0 e garantiu o primeiro lugar no grupo no critério de saldo de gols. Nas oitavas de final, contou com um gol de Forsberg para eliminar a Suíça (1 x 0). Nas quartas, não conseguiu bater de frente com o jovem e bom time da Inglaterra e perdeu por 2 x 0, caindo de pé.
Na terceira rodada, a Alemanha só dependia de si para se classificar. Bastava vencer a já eliminada Coreia do Sul. Mas, com jogadores anêmicos como Neuer, Özil e Müller, ainda foi surpreendida nos minutos finais e perdeu por 2 x 0, com gols aos 48 e aos 51 minutos do segundo tempo. Provavelmente, esses foram os minutos mais desastrosos da história vitoriosa da Nationalelf.
Nas últimas cinco Copas do Mundo, por quatro vezes os campeões foram eliminados na fase de grupos no Mundial seguinte. Apenas o Brasil de 2006 seguiu até as quartas de final. Em 2002, a França de Zinédine Zidane deu vexame. Em 2010 o papelão foi da Itália. Em 2014, a Espanha passou vergonha. E em 2018 foi a vez da Alemanha cair na fase de grupos pela primeira vez em sua história.
(Imagem: FIFA.com)
● FICHA TÉCNICA: |
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ALEMANHA 2 x 1 SUÉCIA |
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Data: 23/06/2018 Horário: 21h00 locais Estádio: Olímpico de Fisht (Fisht Stadium) Público: 44.287 Cidade: Sóchi (Rússia) Árbitro: Szymon Marciniak (Polônia) |
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ALEMANHA (4-2-3-1): |
SUÉCIA (4-4-2): |
1 Manuel Neuer (G)(C) |
1 Robin Olsen (G) |
18 Joshua Kimmich |
2 Mikael Lustig |
16 Antonio Rüdiger |
3 Victor Lindelöf |
17 Jérôme Boateng |
4 Andreas Granqvist (C) |
3 Jonas Hector |
6 Ludwig Augustinsson |
19 Sebastian Rudy |
17 Viktor Claesson |
8 Toni Kroos |
7 Sebastian Larsson |
13 Thomas Müller |
8 Albin Ekdal |
7 Julian Draxler |
10 Emil Forsberg |
11 Marco Reus |
20 Ola Toivonen |
9 Timo Werner |
9 Marcus Berg |
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Técnico: Joachim Löw |
Técnico: Janne Andersson |
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SUPLENTES: |
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22 Marc-André ter Stegen (G) |
12 Karl-Johan Johnsson (G) |
12 Kevin Trapp (G) |
23 Kristoffer Nordfeldt (G) |
15 Niklas Süle |
16 Emil Krafth |
4 Matthias Ginter |
18 Pontus Jansson |
5 Mats Hummels |
14 Filip Helander |
2 Marvin Plattenhardt |
5 Martin Olsson |
6 Sami Khedira |
13 Gustav Svensson |
21 İlkay Gündoğan |
15 Oscar Hiljemark |
14 Leon Goretzka |
19 Marcus Rohdén |
10 Mesut Özil |
21 Jimmy Durmaz |
20 Julian Brandt |
22 Isaac Kiese Thelin |
23 Mario Gómez |
11 John Guidetti |
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GOLS: |
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32′ Ola Toivonen (SUE) |
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48′ Marco Reus (ALE) |
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90+5′ Toni Kroos (ALE) |
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CARTÕES AMARELOS: |
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52′ Albin Ekdal (SUE) |
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71′ Jérôme Boateng (ALE) |
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90+7′ Sebastian Larsson (SUE) |
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CARTÃO VERMELHO: 82′ Jérôme Boateng (ALE) |
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SUBSTITUIÇÕES: |
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31′ Sebastian Rudy (ALE) ↓ |
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İlkay Gündoğan (ALE) ↑ |
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INTERVALO Julian Draxler (ALE) ↓ |
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Mario Gómez (ALE) ↑ |
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74′ Viktor Claesson (SUE) ↓ |
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Jimmy Durmaz (SUE) ↑ |
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78′ Ola Toivonen (SUE) ↓ |
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John Guidetti (SUE) ↑ |
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87′ Jonas Hector (ALE) ↓ |
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Julian Brandt (ALE) ↑ |
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90′ Marcus Berg (SUE) ↓ |
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Isaac Kiese Thelin (SUE) ↑ |
Melhores momentos da partida: