Três pontos sobre… … 13/06/2021 – O melhor do primeiro dia da Copa América
(Imagem: Getty SBT)
A Seleção Brasileira jogou com o freio de mão puxado e goleou uma Venezuela toda desfigurada.
No outro jogo, a Colômbia bateu o Equador em uma bela jogada ensaiada em cobrança de falta.
… Brasil 3 x 0 Venezuela
(Imagem: Getty Images)
● A Venezuela estava toda desfigurada. Com oito casos de jogadores que testaram positivo para Covid-19, apenas três atletas que foram titulares contra o Uruguai, também estiveram no onze inicial diante do Brasil.
Se a seleção principal dos vinotintos não é lá essas coisas, imagina um time alternativo?! A única alternativa para o técnico português José Peseiro era tentar se defender ao máximo, fechar o meio e parar as jogadas de velocidade nas faltas.
E foi isso que aconteceu. Um primeiro tempo chato, com muitas jogadas faltosas de lado a lado.
Neymar era a fonte de inspiração da Seleção Brasileira, principalmente nas bolas paradas. Aos 23′, foi Neymar quem bateu o escanteio na primeira trave, Richarlison desviou e Marquinhos dominou e bateu de esquerda, do jeito que deu. A bola passou embaixo das pernas do marcador antes de entrar.
Neymar quase ampliou ainda na primeira etapa. Ele recebeu um lançamento de Éder Militão pela esquerda, dominou, limpou a marcação e bateu rasteiro. A bola passou perto.
Aos 17, em bela tabela de Danilo com Everton Ribeiro, o lateral direito deu uma meia lua em um adversário e recebeu um empurrão de Yohan Cumana dentro da área. Pênalti. Com sua paradinha característica, Neymar bateu no canto esquerdo e deslocou o goleiro Joel Graterol.
No último minuto do tempo regulamentar, Alexsandro fez um lançamento nas costas da defesa. Um zagueiro tentou cortar e falhou. Neymar dominou, driblou o goleiro e cruzou da linha de fundo. Dentro da pequena área, Gabigol só empurrou de peito para o gol vazio.
A Seleção Brasileira levou o jogo em “banho maria” e venceu bem sem se esforçar. Não fez mais que a obrigação.
… Colômbia 1 x 0 Equador
(Imagem: El País)
● Em novembro, essas mesmas seleções se enfrentaram em Quito, com goleada do Equador por 6 x 1.
Agora, em campo neutro, dificilmente algo do tipo aconteceria. Mas o Equador começou bem melhor, pressionando no ataque. O técnico argentino Gustavo Alfaro escalou quatro atacantes de ofício: Gonzalo Plata e Fidel Martínez pelas pontas, além de Michael Estrada e Enner Valencia no comando do ataque.
Na Colômbia, a fonte de inspiração era Juan Cuadrado, pela direita. Foi ele quem sofreu a falta que deu origem ao gol do jogo.
Aos 42′ do primeiro tempo, Edwin Cardona foi o protagonista de uma belíssima jogada. Se foi ensaiada ou não, jamais saberemos.
Cardona bateu curto, Cuadrado devolveu de primeira, Cardona deu de volta a Cuadrado que lançou por cima da defesa. Miguel Borja escorou de cabeça para o meio onde apareceu o próprio Cardona para finalizar chicoteando. A bola entrou no canto esquerdo do goleiro Ortiz, que nem se mexeu.
A defesa equatoriana ficou parada apostando no impedimento. O bandeira até apontou o “offside”, mas foi salvo pelo VAR, que confirmou o gol legal. Angelo Preciado dava condição a Borja no momento do lançamento de Cuadrado.
No segundo tempo, o Equador pressionou o quanto conseguiu, mas não foi o suficiente para impedir a derrota.
Três pontos sobre… … 13/06/2021 – O melhor do terceiro dia da Euro
(Imagem: UEFA)
A Inglaterra venceu pela primeira vez no jogo de abertura da Euro, a Áustria conseguiu sua primeira vitória na história do torneio e a Holanda venceu a Ucrânia no melhor jogo até o momento.
Sem poder contar com o zagueiro Harry Maguire, o técnico Gareth Southgate optou por desfazer de seu tradicional 3-5-2. Mandou seu time a campo no 4-3-3, improvisando Trippier na lateral esquerda.
Jogando em casa, no mítico estádio Wembley, a Inglaterra começou o jogo pressionando e teve a primeira chance logo aos cinco minutos. Phil Foden (com o cabelo descolorido que lembra um pouco Paul Gasgoigne) invadiu a área pelo lado direito e bateu de perna esquerda. A bola passou pelo goleiro Dominik Livaković, mas bateu na trave.
Ainda houve duas outras chances, com Sterling perdendo o tempo de bola pelo lado esquerdo e um chute de fora da área de Kalvin Phillips, que Livaković pegou.
A Inglaterra dominava. Mas, no meio do primeiro tempo, a Croácia compactou as linhas de marcação e passou a impedir a criação do English Team. Com isso, os croatas começaram a ficar mais com a bola no pé. Na melhor das jogadas, Vrsaljko cruzou da direita, Kramarić fez o corta luz e Ivan Perišić bateu por cima, longe do gol.
O segundo tempo começou como uma continuação do primeiro. Luka Modrić, mais apagado que o normal, chutou de longe e Pickford segurou.
Aos 12, o único gol do jogo. Kalvin Phillips apareceu como opção na meia direita, cortou a marcação e tocou na medida para a infiltração de Raheem Sterling, que finalizou de dentro da área. A bola ainda tocou no goleiro antes de entrar.
A sequência da partida foi uma batalha no meio de campo, em que ninguém se sobressaiu. E o jogo terminou assim.
Foi a primeira derrota da Croácia em uma estreia de Euro. Antes, eram quatro vitórias e um empate.
Por sua vez, foi a primeira vitória inglesa na primeira partida de uma Eurocopa. Anteriormente, eram cinco empates e quatro derrotas.
… Áustria 3 x 1 Macedônia do Norte
(Imagem: UEFA)
● Pelo histórico das duas seleções no futebol, muitos esperavam um jogo fácil. Mas não foi.
A Áustria abriu o placar aos 18′. Marcel Sabitzer fez um lançamento sensacional da lateral esquerda. O ala Stefan Lainer apareceu na segunda trave e emendou para o gol.
Mas a Macedônia do Norte empatou o jogo aos dez minutos depois, em uma falha da defesa austríaca. A bola acabou sobrando livre para o melhor jogador macedônio fazer o primeiro gol da história de seu país em uma grande competição. Prestes a completar 38 anos, Goran Pandev é o capitão, camisa 10, mais talentoso do time e com histórico mais vencedor. É um simbolismo enorme ele ter sido o autor do gol.
De forma incoerente, o treinador Franco Foda preferiu escalar David Alaba no centro de uma linha de três zagueiros. Mais técnico de sua seleção, ele dava muita qualide à saída de bola, mas suas características poderiam ser utilizadas melhor na criação das jogadas. Assim, Sabitzer e Konrad Laimer – a dupla do RB Leipzig – tentava fazer sua seleção jogar.
Quando a Macedônia do Norte estava mais confortável em campo e parecia até mais perto da virada, a Áustria fez o segundo gol.
Aos 33′ do segundo tempo, Alaba se projetou pela lateral esquerda e cruzou para Michael Gregoritsch desviar para o gol, antes da chegada do goleiro Dimitrievski.
O terceiro gol saiu a um minuto do fim. Laimer deu um toque de calcanhar, Marko Arnautović dominou, invadiu a área e driblou o goleiro antes de chutar para o gol.
Essa foi a primeira vitória da Áustria na história da Eurocopa. Nas duas participações anteriores (2008 e 2016), haviam sido dois empates e quatro derrotas – e queda na primeira fase em ambos.
… Holanda 3 x 2 Ucrânia
(Imagem: UEFA)
● Andriy Shevchenko mandou a Ucrânia a campo no sistema 4-1-4-1, com muita liberdade para os meias laterais avançarem ao ataque.
Frank de Boer escalou a Holanda no mesmo esquema 5-3-2 que fez a Oranje obter o 4º lugar na Copa de 2014.
No primeiro tempo, as duas seleções jogaram pra ganhar, com muito toque de bola e intensidade. Mas faltou o gol. A Holanda chegou mais perto disso, com chutes de fora da área de Wijnaldum e finalizações imprecisas de Weghorst e Dumfries.
Aos 7′ da etapa final, lançamento em profundidade pela direita do ataque holandês, Mykolenko errou o corte e Dumfries cruzou rasteiro. O goleiro Bushchan ainda tirou da área, mas Georginio Wijnaldum aproveitou o rebote e mandou no alto para abrir o placar.
A Laranja marcou o segundo seis minutos depois, em nova falha do lateral esquerdo ucraniano Vitaliy Mykolenko. Frenkie de Jong tocou para Dumfries dentro da área. Mykolenko caiu na dividida, a zaga tentou tirar e Wout Weghorst emendou de primeira para o gol. Bushchan ainda tentou pegar, mas a bola entrou.
A Holanda tinha controle do jogo, mas a Ucrânia não se deu por vencida e diminuiu aos 30′. Vestindo a camisa 7 que era de seu treinador, Andriy Yarmolenko fez um golaço. Ele tabelou com Yaremchuk, cortou da direita para o centro, ajeitou e bateu de perna esquerda, encobrindo o gigante Stekelenburg.
O empate ucraniano saiu quatro minutos depois. Malinovskyi cobrou falta da esquerda e Roman Yaremchuk apareceu sozinho na entrada da pequena área e cabeceou no canto esquerdo do goleiro.
Quando parecia que a Ucrânia tinha mais moral e estava mais próxima da virada, a Holanda resolveu o jogo a seu favor, com um gol de Denzel Dumfries, o melhor em campo, marcando um gol e participando dos outros dois.
Aos 40′, o zagueiro Nathan Aké cruzou da esquerda e Dumfries se antecipou à marcação de Zinchenko e cabeceou forte no canto esquerdo, sem chances para o goleiro ucraniano.
Três pontos sobre… … 13/06/1962 – Tchecoslováquia 3 x 1 Iugoslávia
Kadraba prepara o chute, em lance que antecedeu o primeiro gol da Tchecoslováquia (Imagem: Reprodução / FIFA)
● Muitas partidas tiveram poucos expectadores no Chile. Mas não foi pela falta de entusiasmo, mas de dinheiro, o que acabou afastando o público dos estádios. Não era possível adquirir o ingresso de um jogo só. A venda era feita em pacotes que eram muito caros. A solução encontrada pelo público local foi assistir de graça pelas TVs nas ruas.
Por isso, apenas 5.890 pessoas compareceram ao estádio Sousalito, em Viña del Mar, para assistir à semifinal entre Tchecoslováquia e Iugoslávia – curiosamente, dois países que não existem mais desde o início da década de 1990. Foi o menor público da Copa. No mesmo horário, a TV chilena transmitia ao vivo a outra semifinal, entre Brasil x Chile – que jogavam para 80 mil pessoas em Santiago. As duas semifinais foram jogadas simultaneamente.
A Iugoslávia chegava como favorita pelos bons resultados nas últimas competições oficiais. Havia conquistado a medalha de ouro dos Jogos Olímpicos de 1960, em Roma, além de ter sido vice-campeã da primeira Copa das Nações Europeias (atual Eurocopa), também em 1960, quando perdeu a final para a União Soviética apenas no segundo tempo da prorrogação. Os maiores destaques eram o ponta de lança e capitão Milan Galić, do Partizan, o forte centroavante Dražan Jerković, do Dinamo Zagreb e o ponta esquerda Josip Skoblar, do OFK Belgrado (que viria a ser um dos maiores nomes da história do Olympique de Marseille).
A Iugoslávia passou em segundo lugar do Grupo 1. Na estreia, perdeu para a URSS por 2 x 0. Depois, venceu o Uruguai por 3 x 1 e goleou a Colômbia por 5 x 0. Nas quartas de final, encontrou a Alemanha Ocidental pela terceira vez consecutiva. Nas duas primeiras vezes a Alemanha venceu: 2 x 0 em 1954 e 1 x 0 em 1958 – ambas com o gol decisivo sendo anotado por Helmut Rahn. Mas dessa vez Rahn não estava e Petar Radaković marcou um belo gol a cinco minutos do fim, o único gol da partida que levou os iugoslavos para a segunda semifinal de sua história em Copas o Mundo, a primeira desde 1930.
A Tchecoslováquia também se classificou na segunda posição de sua chave, o forte Grupo 3, com uma vitória (1 x 0 sobre a poderosa Espanha), um empate (0 x 0 com o Brasil, com Pelé se lesionando durante o jogo) e uma derrota (3 x 1 para o México, na primeira vitória dos astecas em Copas). Nas quartas de final, vitória sobre o bom time da Hungria por 1 x 0.
Curiosamente, as quartas de final da Copa de 1962 foram tão equilibradas que, dos quatro vencedores dos grupos da primeira fase, só o Brasil passou para as semifinais. Além da derrota da Alemanha Ocidental para a Iugoslávia e da Hungria para a Tchecoslováquia, a União Soviética também perdeu para o Chile por 2 a 1.
A Tchecoslováquia jogava no esquema 4-2-4
A Iugoslávia foi escalada no sistema tático W-M
● O jogo começou acelerado e duro, com muitas faltas e jogadas com uma virilidade desnecessária. Percebendo que a partida descambava para a violência, o árbitro suíço Gottfried Dienst paralisou a partida aos dez minutos de jogo, chamou todos os 22 jogadores e deu uma advertência formal e generalizada: a próxima falta mais pesada resultaria em expulsão. Essa conversa fez bem e os dois times começaram a se preocupar mais com o futebol.
Mas o primeiro tempo foi fraco tecnicamente, não sendo criada nenhuma chance clara ou remota de gol. E o placar permaneceu zerado até o intervalo. O segundo tempo seria melhor.
Logo no terceiro minuto, Milan Galić perdeu a bola na meia direita. Andrej Kvašňák deu um passe vertical para Tomáš Pospíchal. Ele entrou em velocidade pelo meio e deixou com Adolf Scherer, que se livrou da marcação e, de perna esquerda, abriu na ponta direita. Na linha de fundo, Jan Lála deu um chapéu em um adversário e cortou para dentro. Josef Kadraba chegou chutando cruzado, o goleiro Milutin Šoškić espalmou para frente e o próprio Kadraba mergulhou para emendar de cabeça para o gol. Tchecoslováquia, 1 a 0.
Depois desse gol, os tchecos passaram a jogar de forma mais defensiva. E os iugoslavos pressionaram sem cessar nos vinte minutos seguintes. Seguro, o goleiro tcheco Viliam Schrojf estava tendo uma exibição irretocável até aquele momento.
Da linha central, Vladica Popović fez um lançamento longo para a área tcheca. Milan Galić escorou de cabeça e Josip Skoblar chutou de primeira. Viliam Schrojf espalmou para o lado e a defesa afastou o perigo.
Jerković sobre mais que o goleiro Schrojf para empatar o jogo (Imagem: Reprodução / FIFA)
Pouco depois, aos 24 minutos, novo lançamento longo, dessa vez de Petar Radaković. Schrojf saiu mal do gol. Jerković ganhou da marcação, se antecipou ao goleiro e só deu uma “casquinha” na bola para desviar do goleiro e empatar o jogo. De bicicleta, Ján Popluhár tentou evitar o gol, mas só conseguiu rasgar a rede – que foi remendada às pressas. Com cinco gols marcados, Dražan Jerković terminaria a Copa como artilheiro.
A correria em busca do empate custou caro, os iugoslavos estavam esgotados fisicamente e não tiveram forças para evitar dois contra-ataques fatais.
A dez minutos do fim, o capitão tcheco Ladislav Novák retomou a bola em seu campo de defesa e fez um lançamento longo. Masopust avançou, atraiu a marcação e tocou na medida para Scherer aparecer livre, dominar e bater por baixo do goleiro Šoškić. 2 a 1.
Logo depois do gol, um cachorro entrou no gramado pelo meio de campo e correu até a linha de fundo, saindo por lá mesmo. Outra cena bastante comum nos gramados do Chile durante o Mundial.
Tentando prender a bola no campo de ataque, os tchecos acabaram conseguindo o terceiro gol.
A seis minutos do apito final, Pospíchal tabelou com Scherer e invadiu a área pela direita. Vlatko Marković pulou, perdeu o tempo de bola e tocou com a mão dentro da área. Pênalti, que Scherer bateu com segurança, no canto esquerdo do goleiro, que nem se mexeu.
Scherer toca por baixo do goleiro Šoškić para fazer o segundo gol tcheco (Imagem: Reprodução / FIFA)
● Na decisão do 3º lugar, a Iugoslávia foi derrotada pelo anfitrião Chile com um gol no último minuto da partida, marcado por Eladio Rojas.
Na final da Copa, a Tchecoslováquia chegou a sair na frente com um gol de Josef Masopust, mas a Seleção Brasileira virou o jogo, com gols de Amarildo, Zito e Vavá, para conquistar o bicampeonato mundial. Assim, a Tchecoslováquia se tornava vice-campeã pela segunda vez em uma Copa do Mundo (1934 e 1962).
Scherer se prepara para bater o pênalti, que seria o terceiro gol tcheco (Imagem: Reprodução / FIFA)
● FICHA TÉCNICA:
TCHECOSLOVÁQUIA 3 x 1 IUGOSLÁVIA
Data: 13/06/1962
Horário: 14h30 locais
Estádio: Sousalito
Público: 5.890
Cidade: Viñadel Mar (Chile)
Árbitro: Gottfried Dienst (Suíça)
TCHECOSLOVÁQUIA (4-2-4):
IUGOSLÁVIA (W-M):
1 ViliamSchrojf (G)
1 MilutinŠoškić (G)
2JanLála
2 VladimirDurković
5SvatoplukPluskal
5 VlatkoMarković
3JánPopluhár
3FahrudinJusufi
4LadislavNovák (C)
4PetarRadaković
19 Andrej Kvašňák
6VladicaPopović
6JosefMasopust
14 VasilijeŠijaković
17 TomášPospíchal
8DragoslavŠekularac
8Adolf Scherer
9DražanJerković
18 Josef Kadraba
10 Milan Galić (C)
11 Josef Jelínek
11 Josip Skoblar
Técnico: Rudolf Vytlačil
Técnicos: LjubomirLovrić / PrvoslavMihajlović
SUPLENTES:
22 Pavel Kouba (G)
12 SrboljubKrivokuća (G)
21 Jozef Bomba
19 MirkoStojanović (G)
12 JiříTichý
13 SlavkoSvinjarević
13 FrantišekSchmucker
15 ŽeljkoMatuš
15 Vladimír Kos
20 ŽarkoNikolić
16 Titus Buberník
17 Vojislav Melić
7JozefŠtibrányi
7AndrijaAnković
9PavolMolnár
21 NikolaStipić
20 Jaroslav Borovička
16 MuhamedMujić
10 JozefAdamec
18 VladicaKovačević
14 Václav Mašek
22 AleksandarIvoš
GOLS:
48′ Josef Kadraba (TCH)
69′ DražanJerković (IUG)
80′ Adolf Scherer (TCH)
84′ Adolf Scherer (TCH) (pen)
Melhores momentos da partida:
Membro da comissão organizadora conserta a rede após o lance do gol iugoslavo (Imagem: Reprodução / FIFA)
Três pontos sobre… … 12/06/2021 – O melhor do segundo dia da Euro
(Imagem: Wolfgang Rattay / Reuters / Globo Esporte)
Um empate fraco e uma vitória esmagadora.
No meio desses dois jogos, um lance que chocou e deixou o mundo do futebol em oração e pensamento positivo para o pleno reestabelecimento da saúde de Christian Eriksen. Com os dinamarqueses desconcentrados, a Finlândia conseguiu sua primeira vitória na história de uma grande competição.
… País de Gales 1 x 1 Suíça
(Imagem: UEFA)
● Tecnicamente, a seleção suíça é muito superior à galesa. Isso se refletiu em campo, mas não no placar.
O time do técnico Vladimir Petković jogou no sistema 3-4-1-2. Xherdan Shaqiri, que deveria liderar a criação, não estava em tarde inspirada. Breel Embolo era quem fazia de tudo: corria, trombava, criava e finalizava. Ele abriu o placar de cabeça (aos 49′) após uma cobrança de escanteio que saiu em uma bela jogada individual dele mesmo.
Depois, a Suíça parou. E Gales, sem nada a perder, partiu pra cima. Gareth Bale, mesmo em má fase, começou a se movimentar mais e ser a principal opção. Em uma jogada ensaiada após escanteio, Kieffer Moore aproveitou o cruzamento e desviou de cabeça para empatar a partida.
Depois, as duas seleções tentaram algo, mas ficou por isso mesmo.
… Dinamarca 0 x 1 Finlândia
(Imagem: Friedemann Vogel / AF / Globo Esporte)
● Jari Litmanen jogou 137 partidas e marcou 32 gols pela seleção finlandesa, de 1989 a 2010. Mesmo tendo um sucesso estrondoso no Ajax, ele nunca conseguiu levar seu país a disputar uma fase final de Copa do Mundo ou Eurocopa. Mas essa espera acabou. O ataque comandado por Teemu Pukki (do Norwich) e Joel Pohjanpalo (do Union Berlin) estreou bem na Euro 2020.
Mas o principal lance da partida e do dia nem foi o futebol. Aos 43′ de jogo no Parken Stadium, em Copenhague, Christian Eriksen se posicionou para receber um arremesso lateral na esquerda. Ele já recebeu caindo e permaneceu no chão desmaiado. Foram momentos tensos para todo o mundo do futebol. É terrível ver um ser humano na situação em que estava Eriksen, sem sabermos se ele está vivo, se está bem ou o que houve com ele.
Ainda mais se tratando de Christian Eriksen, o grande jogador dinamarquês desde a aposentadoria dos irmãos Laudrup. Muito bem formado no Ajax, ídolo do Tottenham e destaque da Inter de Milão no segundo turno do Campeonato Italiano 2020/21, quando a Inter voltou a conquistar o Scudetto após onze anos.
Foram muitos minutos de espera até chegar a notícia que Eriksen já estava acordado e se comunicando. Diante disso, em respeito aos 15.200 torcedores, as duas equipes, de comum acordo, preferiram voltar a campo.
A Finlândia criou um único lance, um cruzamento da esquerda que Pohjanpalo cabeceou. A bola foi em cima de Kasper Schmeichel, mas o goleiro, ainda tenso, não segurou. Esse foi o único gol do jogo.
A Dinamarca ainda perdeu um pênalti com Pierre-Emile Højbjerg. Ele bateu muito mal e ficou fácil para a defesa de Lukáš Hrádecký. E foi só.
… Bélgica 3 x 0 Rússia
(Imagem: UEFA)
● A seleção russa é muito limitada. Chegou nas quartas de final da última Copa muito por ter sido sede. Os únicos jogadores decentes são o meia Aleksandr Golovin e o atacante Artem Dzyuba. Mas a única jogada dos russos eram a bola alta para o centroavante tentar dominar de qualquer jeito. Isso é muito pouco futebol.
Jogando no 3-4-3, a Bélgica, do técnico espanhol Roberto Martínez, dominou inteiramente a partida. Mesmo sem poder contar com o capitão Eden Hazard desde o início, abriu o placar logo aos 10′ em uma bola vadia, bem aproveitada por Romelu Lukaku – que atravessa uma fase excepcional. Na comemoração, ele parte para as câmeras e grita “Chris, Chris, I love you!” antes de beijar a câmera, em homenagem a Christian Eriksen, seu companheiro na Internazionale.
Aos 27′, Thomas Meunier entrou no lugar de Timothy Castagne (lesionado) e sete minutos depois marcou seu gol, aproveitando rebote do goleiro Anton Shunin após cruzamento de Thorgan Hazard pela esquerda.
No segundo tempo, a Rússia até conseguiu ficar mais com a bola, mas o ataque era estéril. A Bélgica foi deixando o tempo passar.
O terceiro gol só saiu após uma arrancada de Meunier e um ótimo passe para Lukaku finalizar firme de perna direita, sem chances para o goleiro.
Será que chegou a vez da “ótima geração belga”? Veremos nos próximos capítulos.
Três pontos sobre… … 12/06/1938 – Itália 3 x 1 França
(Imagem: Calciopédia)
● Como tradicionalmente acontece, a seleção francesa era majoritariamente formada por “estrangeiros”. Havia um jogador nascido na Guiana Francesa, mas origem senegalesa (Raoul Diagne), um nascido em Luxemburgo (Julien Darui), um uruguaio (Hector Cazenave), um austríaco (Auguste Jordan), um suíço (Roger Courtois), quatro alemães (Oscar Heisserer, Émile Veinante, César Povolny e Ignace Kowalczyk) e cinco argelinos (Jean Bastien, Abdelkader Ben Bouali, Lucien Jasseron, Michel Brusseaux e Mario Zatelli).
O técnico Gaston Barreau também apostava muito na experiência de atletas que já haviam disputado as Copas anteriores. Eram três remanescentes de 1930 e 1934 (Étienne Mattler, Edmond Delfour e Veinante) e cinco de 1934 (Alfred Aston, Jean Nicolas, René Llense, Jules Vandooren e Courtois).
O ponto forte de Les Bleus era a defesa, com o goleiro Laurent Di Lorto e os zagueiros Cazenave e o capitão Mattler. O sistema defensivo era chamado de “Linha Maginot” – uma linha de fortificações e de defesa construída pela França ao longo de suas fronteiras com a Alemanha e a Itália entre 1930 e 1936.
Na estreia, nas oitavas de final, a França venceu a Bélgica por 3 a 1. Nas quartas, a adversária era a fortíssima Itália.
(Imagem: Wikipédia)
● Como não poderia deixar de ser, a Squadra Azzurra era a maior favorita ao título. Campeã em 1934, a seleção do técnico Vittorio Pozzo vinha bastante renovada e ainda melhor do que quatro anos antes. Com um time mais leve e mais técnico, apenas Giuseppe Meazza e Giovanni Ferrari permaneciam como titulares.
O principal craque do time era Silvio Piola, um centroavante de muita mobilidade, capaz de criar e concluir as jogadas. Ele estava em seu auge técnico e mostrou todas suas qualidades no Mundial.
O ditador Benito Mussolini, “Il Duce”, ainda era o principal catalisador para que os atletas italianos jogassem como se fossem o último dia de suas vidas. Às vésperas da Segunda Guerra Mundial, ainda permanecia o lema “vitória ou morte”.
A Itália jogava em uma adaptação do sistema 2-3-5 chamada “Metodo”, que consistia no ligeiro recuo de dois atacantes, deixando o ataque em uma espécie de “W”, com dois meia-atacantes, dois pontas bem abertos e um centroavante.
A França atuava no sistema W-M, que já começava a ser o mais usual entre os europeus.
● Com 58.455 expectadores, esse foi o jogo com o maior público da Copa de 1938. O público excedeu em 15% a capacidade do estádio olímpico de Colombes – sem contar as outras dez mil pessoas ficaram do lado de fora.
As seleções tinham empatado sem gols em março, em um amistoso disputado em Paris. Esse resultado deu certa esperança aos franceses. Mas dessa vez os italianos não deram chances aos rivais.
Aproveitando que os franceses tradicionalmente também jogavam de camisa azul, a Itália aproveitou para fazer outro agrado a Mussolini: entrou em campo com o uniforme todo preto, a cor símbolo oficial do fascismo e das fardas de seu exército. A “Squadra Azzurra” se transformou em “Squadra Nera”.
Ao entrar em campo, os italianos cumprimentaram as tribunas com a tradicional saudação fascista: braço direito estendido e a mão espalmada para baixo. A reação da torcida não poderia ter sido outra: vaias e mais vaias, que duraram muitos minutos.
Mas o novo fardamento fez bem ao time, que estava mais solto que na partida anterior.
O goleiro francês Laurent Di Lorto já havia feito duas boas intervenções ainda no início do jogo.
Mas o placar foi aberto logo aos nove minutos de jogo, com um dos gols mais cômicos de todas as Copas. O ponta esquerda Gino Colaussi deu um chute de média distância, a bola subiu muito e desceu de repente. O goleiro Di Lorto foi surpreendido e tentou fazer a defesa, mas se chocou com a trave direita enquanto a bola caía para dentro do gol. Falha feia. E 1 a 0 no placar para os italianos.
Os franceses não se deixaram abater e empataram no minuto seguinte, com Oscar Heisserer.
Mas, no segundo tempo, Silvio Piola resolveu o jogo para a Itália e marcou dois gols: aos 6′ e aos 26′.
(Imagem: Pinterest)
● Placar final: atual campeã e maior favorita 3, dona da casa e eliminada 1.
Com a eliminação de sua seleção, a torcida local elegeu outro time para torcer: o Brasil.
● Treinada por Şenol Güneş, a Turquia chegou à Euro2020 (disputada em 2021 devido à pandemia Covid-19) com a melhor defesa das eliminatórias, jogando no 4-1-4-1. Só havia perdido um dos últimos 13 jogos.
Mas, jogando em casa, a Itália mostrou todas suas qualidades. Depois de ficar fora da última Copa do Mundo, Roberto Mancini deu jeito na Squadra Azzurra.
Jogando no 4-3-3, com uma defesa intransponível, um meio campo criativo liderado por Nicolò Barella e um ataque de muita movimentação, a Itália nem deu chances ao rival.
O primeiro tempo foi de morno pra frio. Mas os gols saíram na etapa final, com Merih Demiral marcando contra em jogada de Domenico Berardi (aos 53′), Ciro Immobile aproveitando um rebote (aos 66′) e Lorenzo Insigne (aos 79′).
A Itália chegou a nove vitórias consecutivas sem sofrer gols, tendo marcado 28 gols nesse período. Ao todo, a Azzurra não perde desde setembro de 2018. São 28 jogos de invencibilidade (o recorde é 30, da década de 1930).
A Itália, que é sempre uma incógnita, parece que vem forte.
Três pontos sobre… … 11/06/1978 – Escócia 3 x 2 Holanda
Da esquerda para a direita: Hartford, Donachie, Buchan, Forsyth, Jordan, Souness, Dalglish, Gemmill, Kennedy, Rough e Rioch. (Imagem: Colorsport / Shutterstock / The Guardian)
● A seleção da Escócia viajou à Argentina numa onda exagerada de otimismo. Deixou boa impressão em 1974, quando terminou invicta e foi eliminada pela Seleção Brasileira apenas no saldo de gols. Era apontada pelo presidente da FIFA, o brasileiro João Havelange, como uma das possíveis finalistas.
O técnico Ally MacLeod tinha bons jogadores que eram destaques no futebol inglês, como Joe Jordan (Leeds United), Kenny Dalglish (Liverpool) e Graeme Souness (que chegaria ao Liverpool depois da Copa para se tornar uma lenda).
O nacionalismo escocês estava aceso como poucas vezes no século XX e o maior pecado do time foi o excesso de autoconfiança.
Contra o Peru, na estreia, a Escócia abriu o placar e sofreu a virada por 3 a 1. Para piorar, o ponta de lança Willie Johnston foi pego no teste antidoping, que acusou a presença do estimulante proibido fencamfamina.
No empate por 1 x 1 diante do Irã, a Escócia entrou bem diferente. A confiança havia desaparecido e a Escócia acabou não marcando nem seu próprio gol (foi de Andranik Eskandarian, contra).
Por tudo isso, o jogo contra a Holanda, em Mendoza, seria decisivo às pretensões dos escoceses. O treinador fez alterações decisivas no time. O capitão Bruce Rioch voltou ao time e o meia Graeme Souness foi titular pela primeira vez na competição.
Para passar de fase pela primeira vez em uma Copa do Mundo, a Escócia teria que vencer a Holanda por três gols de diferença.
(Imagem: Pinterest)
● A poderosa Holanda não contava mais com o genial Johan Cruijff e nem com o técnico Rinus Michels. Mas a base ainda era a mesma. Todos os titulares haviam estado no Mundial anterior, com destaque para o novo capitão Ruud Krol, Wim Jansen, Arie Haan, Johan Neeskens, Johnny Rep e Rob Rensenbrink, que seria a maior estrela do time na ausência de Cruijff. O treinador agora era Ernst Happel, austríaco linha dura.
A principal ausência, além de Cruijff, foi Willem van Hanegem. A duas semanas do Mundial, o jogador fez um ultimato a Happel: ou lhe garantia seu lugar no onze inicial, ou deixaria o grupo. O treinador não garantiu a titularidade e o meia deixou a delegação holandesa.
Na estreia, os holandeses venceram o Irã por 3 x 0 no “piloto automático”, sem a menor vontade e esforço. Na segunda partida, o empate sem gols com o bom time do Peru ficou de bom tamanho. Bastava segurar a Escócia para se classificar.
A Escócia jogava no 4-3-3, com Graeme Souness como responsável pela armação.
A Holanda atuou no 4-3-3, com Ruud Krol como líbero, tendo liberdade para avançar e iniciar as jogadas.
● Graeme Souness era o grande líder dos escoceses no meio de campo, sendo o responsável pela criação das jogadas mais perigosas. Em uma delas, cruzou da direita e Rioch apareceu livre na pequena área, mas cabeceou na trave.
Ficava cada vez mais incompreensível a ausência de Souness nos jogos anteriores.
Aos 10′, Rioch cobrou uma falta de esquerda com força, mas ficou na barreira. A bola sobrou para Archie Gemmill e Johan Neeskens foi disputá-la com um carrinho. O holandês levou a pior. Ele já vinha sofrendo com problemas físicos e teve que sair para dar lugar a Johan Boskamp. A Holanda perdia seu cérebro no meio de campo logo no princípio.
O primeiro tempo foi mais amarrado. A Escócia tentava o ataque sem conseguir abrir o placar e a Holanda não conseguia criar, principalmente devido à ausência de Neeskens e pela ótima marcação escocesa sobre Rob Rensenbrink.
Aos 33′, Johnny Rep avançou sozinho e foi derrubado dentro da área por Stuart Kennedy. O árbitro austríaco Erich Linemayr apontou a penalidade. Rob Rensenbrink assumiu a responsabilidade e bateu com segurança, rasteiro, no canto direito do goleiro Alan Rough – que até acertou o canto, mas não conseguiu pegar.
Com esse pênalti, Rob Rensenbrink marcou o milésimo gol da história das Copas.
Após o gol, a Holanda conseguia se organizar melhor. Por duas vezes o goleiro Rough precisou sair do gol para dividir com Rep e evitar o segundo tento holandês.
Mas a Escócia não se intimidava. Gemmill criava as jogadas mais incisivas e era parado de qualquer forma – na bola ou na pancada.
Kenny Dalglish chegou a marcar um golaço, com um toquinho por cobertura sobre o goleiro, mas o juiz anulou por uma suposta falta do atacante em um defensor holandês.
Mas Dalglish não se deu por vencido e empatou um minuto antes do intervalo. Após cruzamento da esquerda, a defesa holandesa tirou e a bola sobrou para Souness. Ele cruzou da esquerda para a segunda trave, Jordan fez o pivô e escorou de cabeça para o meio e Dalglish, sozinho, acertou um voleio no ângulo esquerdo. Um belo gol.
A virada da Tartan Army veio logo no primeiro minuto do segundo tempo. Souness foi derrubado na área. Gemmill bateu fraco e rasteiro no canto esquerdo. O goleiro Jan Jongbloed foi na bola, mas não conseguiu pegar.
Aos 23′, Dalglish ficou na marcação de dois adversários. Gemmill pegou o rebote pela direita, escapou do carrinho de Wim Jansen, driblou Ruud Krol, passou a bola entre as pernas de Jan Poortvliet e, do bico da pequena área, tocou por cima do goleiro Jongbloed. Um verdadeiro golaço.
A Escócia começou a acreditar e partiu para cima. Como o placar estava 3 x 1, os britânicos precisavam apenas de mais um gol para conseguirem o milagre da classificação.
Mas não foi o que aconteceu. Aos 26′, Johnny Rep matou as esperanças dos escoceses. Ele recebeu de Krol e chutou de longe, acertando o ângulo direito do goleiro Rough, que chegou a tocar na bola, mas não impediu o gol.
A Holanda garantia a classificação em segundo lugar do Grupo 4, atrás do Peru, contrariando os prognósticos.
(Imagem: bleacherreport.com)
● Os escoceses estavam eliminados, mas caíram de cabeça erguida. Até hoje a Escócia nunca passou de fase em uma Copa do Mundo.
Pelo Grupo A da segunda fase, a Holanda lembrou um pouco o já distante “Carrossel Holandês” e goleou a Áustria por 5 x 1. Na sequência, na reedição da final anterior, Holanda e Alemanha Ocidental empataram por 2 x 2 em um bom jogo. Na última rodada, os holandeses venceram os italianos por 2 x 1 e se garantiram na decisão. Mesmo dominando o jogo por parte do tempo, a Oranje foi batida novamente pelos donos da casa. Dessa vez, a Argentina venceu por 3 x 1 na prorrogação e se coroou campeã mundial pela primeira vez, deixando a Holanda com um amargo bi-vice.
Kenny Dalglish também fez o seu golaço (Imagem: The Print Collector / Alamy / The Guardian)
● FICHA TÉCNICA:
ESCÓCIA 3 x 2 HOLANDA
Data: 11/06/1978
Horário: 16h45 locais
Estádio:Malvinas Argentinas
Público: 35.130
Cidade: Mendoza (Argentina)
Árbitro: Erich Linemayr (Áustria)
ESCÓCIA (4-3-3):
HOLANDA (4-3-3):
1Alan Rough (G)
8JanJongbloed (G)
13 Stuart Kennedy
20 Wim Suurbier
14 Tom Forsyth
17 Wim Rijsbergen
4 Martin Buchan
2Jan Poortvliet
3 WillieDonachie
5RuudKrol (C)
6BruceRioch (C)
6Wim Jansen
18 GraemeSouness
13 Johan Neeskens
10 Asa Hartford
11 Willy van de Kerkhof
15 Archie Gemmill
10 René van de Kerkhof
8Kenny Dalglish
16 Johnny Rep
9Joe Jordan
12 Rob Rensenbrink
Técnico: Ally MacLeod
Técnico: Ernst Happel
SUPLENTES:
12 Jim Blyth (G)
1PietSchrijvers (G)
20 Bobby Clark (G)
19 Pim Doesburg (G)
2Sandy Jardine
7PietWildschut
5Gordon McQueen
22 Ernie Brandts
17 Derek Johnstone
4Adrie van Kraaij
22 Kenny Burns
15 Hugo Hovenkamp
7Don Masson
9Arie Haan
16 Lou Macari
3DickSchoenaker
11 Willie Johnston
14 Johan Boskamp
19 John Robertson
18 Dick Nanninga
21 Joe Harper
21 Harry Lubse
GOLS:
34′ Rob Rensenbrink (HOL) (pen)
45′ Kenny Dalglish (ESC)
46′ Archie Gemmill (ESC) (pen)
68′ Archie Gemmill (ESC)
71′ Johnny Rep (HOL)
CARTÃO AMARELO: 35′ Archie Gemmill (ESC)
SUBSTITUIÇÕES:
10′ Johan Neeskens (HOL) ↓
Johan Boskamp (HOL) ↑
44′ Wim Rijsbergen (HOL) ↓
Piet Wildschut (HOL) ↑
Golaço marcado por Archie Gemmill:
Jogo completo (em inglês):
Gols da partida (em portugês):
● Sequência de fotos do golaço de Archie Gemmill:
Ele escapou de Win Jansen… (Imagem: Colorsport / Shutterstock / The Guardian)
… passou por Ruud Krol… (Imagem: Colorsport / Shutterstock / The Guardian)
… colocou a bola entre as pernas de Jan Poortvliet… (Imagem: Colorsport / Shutterstock / The Guardian)
… e deu um toque por cima do goleiro Jan Jongbloed (Imagem: Mirrorpix / Getty Images / The Guardian)
(Imagem: Colorsport / Shutterstock / The Guardian)
O técnico ainda era Franz Beckenbauer, que mesclava experiência e juventude. Se o Kaiser já não podia mais contar com Harald Schumacher, Hans-Peter Briegel e Karl-Heinz Rummenigge, ainda mantinha na equipe os experientes Pierre Littbarski, Lothar Matthäus, Guido Buchwald, Andreas Brehme, Thomas Berthold e Rudi Völler. E a nova geração alemã era ainda mais talentosa, com os jovens Jürgen Klinsmann, Thomas Häßler, Andreas Möller, Stefan Reuter e Jürgen Kohler.
Era um time forte fisicamente, rápido, homogêneo e de alto nível técnico. Era praticamente perfeita em todos os setores do campo, a começar pelo gol, onde Bodo Illgner estava em seu auge. Era muito bem protegido por uma defesa compacta, liderada pelo experiente líbero Klaus Augenthaler. Na ala esquerda, Brehme era fundamental no time na marcação e no constante apoio. No meio campo, o capitão Matthäus fazia de tudo: destruía, criava e finalizava. Com habilidade e velocidade, o baixinho Häßler infernizava as defesas. E a dupla de ataque costumava fazer os gols. Völler mantinha a tradição do centroavante alemão forte e brigador, enquanto Klinsmann era rápido, oportunista, talentoso e matador.
A Alemanha Ocidental claramente era favorita no Grupo D. Mas teve em sua estreia um adversário que tinha tudo para fazer uma boa campanha.
Seleção iugoslava no primeiro jogo da Copa (Imagem: Impromptuinc)
● Se não estava entre as principais cotadas para o título, a Iugoslávia era apontada por muitos como a possível maior surpresa do Mundial.
A Copa de 1990 foi o “canto do cisne” da seleção iugoslava. Um time forte, com jogadores de altíssimo nível.
O craque era o temperamental e criativo meia Dragan Stojković. No auge de seus 25 anos, Stojković era considerado um dos melhores jogadores de toda a Europa. Tinha acabado de ser vendido pelo Estrela Vermelha ao Olympique de Marselha por US$ 10 milhões, em uma acirrada disputa com outros grandes clubes europeus.
Outro grande destaque do time era Srečko Katanec, da Sampdoria. Ele era um “faz tudo”. Mal comparando, era uma espécie de “Matthäus iugoslavo“: ajudava a defesa, marcava no meio, apoiava o ataque e marcava seus gols – a maioria de cabeça.
As principais ausências foram por motivo de indisciplina ou rebeldia. O meia Mehmed Baždarević foi suspenso por um ano após cuspir no rosto do árbitro em um jogo contra a Noruega pelas eliminatórias. O também meia Zvonimir Boban foi um dos principais personagens em uma briga campal entre os ultras do Estrela Vermelha (sérvio) e o seu Dinamo Zagreb (croata) que ocorreu um mês antes do Mundial. Boban deu uma voadora em um policial sérvio que estava agredindo um torcedor croata. O atleta foi punido pela federação iugoslava e acabou ficando fora da Copa.
Mesmo sem Boban, o elenco dos Plavi (azuis, em sérvio) contava com outros quatro campeões do Mundial Sub-20 de 1987: Dragoje Leković, Robert Jarni, Robert Prosinečki e Davor Šuker.
Essa seleção era a cara daquela Iugoslávia. Embora os sérvios sempre tivessem a supremacia política do país, isso não se refletia no futebol. Os croatas e bósnios eram maioria. Eram oito croatas (Ivković, Jozić, Vulić, Panadić, Bokšić, Jarni, Prosinečki e Šuker – sendo que os três últimos representaram a Croácia na Copa de 1998); cinco nascidos na Bósnia e Herzegovina (Omerović, Hadžibegić, Baljić, Sušić e Vujović – o capitão do time); três eram sérvios (Spasić, Leković e Stojković – sendo que os dois últimos jogaram pela Iugoslávia em 1998); três eram de Montenegro (Brnović, Šabanadžović e Savićević – apenas este último jogou pela Iugoslávia em 1998); dois da Macedônia do Norte (Stanojković e Pančev) e um da Eslovênia (Katanec). Uma verdadeira salada étnica.
O Kaiser Franz Beckenbauer escalou sua equipe no sistema 3-5-2.
O técnico Ivica Osim – um adepto de equipes rápidas e técnicas – também mandou seu time a campo no 3-5-2.
● Se a Alemanha Ocidental teve o melhor ataque da Copa de 1990, tudo começou diante da Iugoslávia, quando os alemães mostraram um poder de fogo incomum. De todos os considerados favoritos, a Nationalelf foi quem mais impressionou. Com tabelas rápidas pelo meio e o constante apoio de Brehme pela esquerda, os teutônicos envolveram os iugoslavos o tempo todo.
O placar foi aberto aos 28 minutos de jogo. Matthäus recebeu de Reuter próximo à meia lua, limpou a marcação de Davor Jozić e bateu de pé esquerdo. A bola entrou no cantinho direito do goleiro Tomislav Ivković.
Aos 39′, Brehme cruzou da esquerda para a pequena área. Klinsmann voou para mergulhar e deu uma casquinha na bola, que entrou no canto esquerdo. 2 a 0.
Aos 10′ do segundo tempo, a Iugoslávia deu sinal de reação ao diminuir o placar. Stojković ergueu a bola na área e Jozić desviou de cabeça. A bola foi no ângulo direito, sem chances para o goleiro Illgner.
Mas a Alemanha tratou de matar o jogo dez minutos depois. Matthäus recebeu a bola na intermediária, avançou pelo meio, deixou Jozić no chão, ajeitou o corpo e bateu rasteiro de fora da área, no canto direito do goleiro.
Com dois gols em chutes de fora da área, Matthäus já despontava como o craque da Copa.
A goleada se foi completada seis minutos depois. Na ponta esquerda, Brehme puxou para o meio, invadiu a área e bateu de direita. Ivković não conseguiu segurar e soltou a bola no pé de Ruud Völler, que se esticou para dividir com o goleiro e mandar para o gol.
Klinsmann mergulha e marca o segundo gol alemão (Imagem: Impromptuinc)
● Na segunda partida, a Iugoslávia venceu por 1 x 0 o confronto direto com a Colômbia de René Higuita, Carlos Valderrama e Freddy Rincón. No terceiro jogo, goleada sobre os Emirados Árabes Unidos por 4 x 1. Nas oitavas, venceu a Espanha por 2 x 1. Nas quartas de final, após empate sem gols, parou nas mãos de Sergio Goycochea, o tapa penales, que defendeu duas cobranças na decisão por pênaltis que a Argentina venceu por 3 a 2.
Na sequência da primeira fase, a Alemanha goleou os Emirados Árabes Unidos por 5 x 1. Na derradeira partida, empatou com a Colômbia por 1 x 1. O primeiro lugar do Grupo D trouxe aos alemães mais ônus do que bônus. Nas oitavas de final, uma batalha épica e vitória sobre a poderosa Holanda – de Ronald Koeman, Frank Rijkaard, Ruud Gullit e Marco van Basten – por 2 x 1. Nas quartas, vitória magra por 1 x 0 sobre o bom time da Tchecoslováquia. Nas semifinais, empate por 1 x 1 com a Inglaterra e vitória nos pênaltis por 4 a 3. Na decisão, um pênalti polêmico convertido por Brehme trouxe o terceiro título mundial para os alemães, diante da Argentina de Diego Maradona.
Völler se estica e faz o quarto gol alemão (Imagem: Impromptuinc)
Três pontos sobre… … 09/06/1986 – França 3 x 0 Hungria
(Imagem: AFP)
● A seleção francesa mantinha o mesmo time base de 1978 e 1982, mas estava ainda mais forte. O “quadrado mágico” do meio de campo ganhou mais qualidade com Luis Fernández fazendo companhia a Jean Tigana, Alain Giresse e Michel Platini.
Platini era, ao mesmo tempo, o arco e a flecha. Era o armador das melhores jogadas e o principal finalizado também. Com extraordinária habilidade, era o maestro de uma grande orquestra. Ele vivia o auge de sua forma técnica, sendo eleito o Bola de Ouro da revista France Football por três anos consecutivos – 1983, 1984 e 1985. Com nove gols em cinco jogos, foi também o craque do título da Eurocopa de 1984 – primeiro título relevante da história da seleção francesa. Além disso, foi também o jogador mais importante do primeiro título da Juventus na Copa dos Campeões da Europa, na temporada 1984/85.
O técnico era Henri Michel, ex-meio campista da seleção francesa. Ele foi o treinador da equipe que conquistou a medalha de ouro dos Jogos Olímpicos de 1984, em Los Angeles. Michel levou para a seleção principal alguns dos campeões olímpicos, como o goleiro Albert Rust, o zagueiro Michel Bibard, o lateral Ayache (que logo se tornou titular), e os pontas Daniel Xuereb e José Touré. Mas Touré precisou ser cortado por ter os ligamentos do joelho rompidos em uma partida do Nantes na antiga Copa da UEFA. Para seu lugar foi convocado Jean-Pierre Papin, do Club Brugge, da Bélgica.
Por tudo isso, uma euforia sem precedentes tomou conta dos torcedores franceses. Eles se consideravam prontos para entrar para a história com o título mundial.
(Imagem: Agence France Presse)
● Em um grupo com franceses e soviéticos, a Hungria corria por fora. O histórico credenciava os magiares, com melhor retrospecto: dois vice-campeonatos mundiais (1938 e 1954) e três títulos olímpicos (1952, 1964 e 1968).
Além dos números, contava a seu favor o respeito ao futebol técnico, vistoso e bem jogado – algumas vezes até taxado de não ser competitivo por priorizar o jogo vistoso, muitas vezes de forma irresponsável.
Os destaques da seleção húngara eram o goleiro Péter Disztl, o lateral direito baixinho Sándor Sallai e o veloz Márton Esterházy. Mas o craque do time era o ponta de lança Lajos Détári, dono de ótima visão de jogo, rápido, inteligente, habilidoso e artiheiro. O desfalque foi o experiente meia Tibor Nyilasi, machucado.
Era considerada a melhor seleção húngara desde 1966.
Treinada por Henri Michel, a França atuava no sistema tático 4-4-2. O destaque era seu quarteto de meio campo, com muita qualidade técnica: Fernández, Tigana, Giresse e Platini.
A Hungria jogava no 4-4-2 clássico, com Lajos Détári carimbando todas as jogadas do time pelo meio.
● A vitória sobre o Canadá (1 x 0) e o empate com a União Soviética (1 x 1) deixou a França em boa situação no Grupo C. Bastaria um empate com a Hungria na última rodada para garantir a classificação.
A Hungria havia sido goleada na estreia pela URSS por 6 x 0. Se recuperou na segunda partida ao vencer o Canadá por 2 x 0. Contra os franceses, era tudo ou nada para os húngaros.
O primeiro tempo foi equilibrado, com um futebol vistoso e leve predomínio da França.
O placar foi aberto após 29 minutos jogados. Ayache recebeu lançamento e cruzou da direita. Yannick Stopyra apareceu sem marcação na segunda trave e cabeceou firme no ângulo do goleiro Péter Disztl.
Aos poucos o time do técnico Henri Michel começava a encontrar a sua melhor forma técnica. Principalmente após a saída do inoperante Papin para a entrada do experiente e participativo Dominique Rocheteau.
Aos 17′ do segundo tempo, Tigana avançou em velocidade desde seu próprio campo. Passou para Rocheteau, que antes da entrada da área, girou em cima de um marcador e devolveu. Tigana recebeu livre e ajeitou o corpo para bater firme de esquerda, no canto direito do goleiro. O segundo gol praticamente garantiu a vitória.
A Hungria chegou a mandar uma bola na trave no segundo tempo. Mas isso foi o máximo que conseguiu fazer diante de uma França imponente.
O terceiro gol dos gauleses saiu a seis minutos do apito final. Joël Bats repôs a bola em jogo com um chutão para frente. Platini deixou ela quicar e e dominou pelo lado esquerdo da grande área. Com uma visão de jogo incrível – que só os gênios têm –, ele viu a chegada de Rocheteau na segunda trave e cruzou de pé trocado. Rocheteau apareceu nas costas de um zagueiro e só teve o trabalho de dar um toquinho por cima do goleiro.
(Imagem: Eurosport)
● Com esses resultados, a França terminou em segundo lugar da chave, atrás da União Soviética no saldo de gols. Esse mesmo critério (saldo de gols de -7) foi o que impediu a Hungria de se classificar como um dos melhores terceiros.
Na sequência, a França eliminou a atual campeã Itália nas oitavas de final, com uma vitória por 2 a 0.
Nas quartas, outro duelo gigante, com a Seleção Brasileira, de Sócrates, Júnior, Zico, Müller, Careca, Edinho, Branco e outros grandes jogadores. Empate em 1 x 1 no tempo normal (com direito a pênalti perdido de Zico). Na decisão por penalidades, “Les Bleus” tiveram mais sorte e venceram por 4 a 3.
Na semifinal, a França enfrentou sua “asa negra”, a Alemanha Ocidental. Perdeu por 2 x 0, naquele que foi o “canto do cisne” daquela geração.
Encerrou a Copa conquistando o 3º lugar ao vencer a surpreendente Bélgica por 4 x 2. Essa campanha igualou a melhor classificação final da história francesa até então – já havia chegado em 3º em 1958.
Três pontos sobre… … 08/06/1958 – União Soviética 2 x 2 Inglaterra
(Imagem: Pinterest)
● Por ser o mais equilibrado da Copa, o Grupo 4 era chamado pela imprensa de “Grupo de Ferro”. Além de Inglaterra e URSS, a chave ainda tinha o talento dos craques da Seleção Brasileira e o bom time da Áustria, que tinha terminado o Mundial anterior na 3ª colocação.
A União Soviética chegou ao Mundial como uma das favoritas ao título, muito por causa da conquista da medalha de ouro dos Jogos Olímpicos de 1956, em Melbourne. Mas teve certa dificuldade para se qualificar para o Mundial na Suécia. No Grupo 6 das eliminatórias, terminou empatada em número de pontos com a Polônia e precisou do jogo desempate, quando derrotou os poloneses por 2 x 0 em Leipzig, na Alemanha Oriental.
A URSS atraía a curiosidade de todos. Tudo que vinha “do lado de lá” da Cortina de Ferro tinha uma aura misteriosa e moderna que dava medo ao mundo ocidental, em todos os âmbitos: na ciência, nos equipamentos bélicos, no esporte e em tudo mais. A lenda do “futebol científico” – que havia produzido um sistema perfeito para derrotar qualquer equipe – deixava os adversários intimidados. Segundo uma história contada na época, a comissão técnica soviética teria cruzado o provável desempenho dos rivais em computadores e, após os cálculos, o país seria campeão do mundo.
Lev Yashin recebe a bola recuada antes da chegada de Derek Kevan (Imagem: Futbox)
● Em sua partida de estreia em Copas do Mundo, a União Soviética enfrentou um forte adversário.
A Inglaterra se classificou no Grupo 1 das eliminatórias. Mesmo em um grupo com a incipiente Dinamarca e a fraca Irlanda, o English Team não foi soberano. A qualificação foi alcançada apenas aos 44 minutos do segundo tempo do último jogo, quando John Atyeo fez o gol do empate por 1 x 1 com os irlandeses, em Dublin.
Os ingleses não tinham mais a aura de invencível, principalmente depois das duas surras que sofreram da Hungria em 1953 (3 x 6) e 1954 (1 x 7). Mas ainda era um time muito respeitável, com jogadores como o capitão Billy Wright, Bobby Robson, Johnny Haynes e Tom Finney. No banco já aparecia o craque Bobby Charlton, de apenas 20 anos, que lideraria a seleção campeã do mundo em 1966 (disputaria quatro Copas, entre 1958 e 1970). Inclusive, Charlton foi um dos sobreviventes da “Tragédia de Munique”.
O futebol inglês ainda vivia o luto causado pelo desastre aéreo ocorrido no aeroporto de Munique no dia 06 de fevereiro daquele mesmo ano, que causou a morte de 23 dos 38 tripulantes, sendo oito jogadores do Manchester United. Entre os mortos, três atletas que certamente seriam titulares do English Team na Copa da Suécia: Roger Byrne (28 anos), capitão do Man Utd, que havia jogado o Mundial de 1954; Tommy Taylor (26 anos), grande artilheiro dos Red Devils e também veterano da Copa de 1954; e Duncan Edwards (21 anos), um jogador polivalente, adorado pelos ingleses e que – segundo a imprensa europeia – tinha potencial para ser o melhor do mundo.
Os três foram perdas muito sentidas para o time formado pelo técnico Walter Winterbottom. Além do aspecto técnico, o fator psicológico também foi preponderante. Em um amistoso preparatório disputado um mês antes do Mundial, a Inglaterra perdeu por 5 x 0 para a Iugoslávia, em Belgrado.
(Imagem: sovsport.ru)
● Esse foi um duelo muito aguardado, por colocar frente a frente duas escolas diferentes e com grande qualidade técnica.
As duas seleções entraram em campo com seus uniformes tradicionais: os ingleses de calção preto e camisa branca com o símbolo dos três leões (Three Lions), enquanto os soviéticos vestiam calção branco e a camisa vermelha ostentando o famoso símbolo “CCCP” (Союз Советских Социалистических Республик – União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, escrita em russo com o alfabeto cirílico). O goleiro Lev Yashin justificava a alcunha de Aranha Negra, com seu uniforme todo preto, sua tradicional boina e uma coisa inédita: luvas. Yashin foi o primeiro goleiro a usar luvas de couro para proteger as mãos em uma partida de Copa do Mundo.
A principal ausência na seleção soviética foi a do centroavante Eduard Streltsov, artilheiro do time nas eliminatórias. Ele foi impedido de sair de seu país por estar respondendo a um processo criminal por estupro. Diz a lenda que ele era inocente e seu julgamento teria sido todo armado porque ele bateu de frente com o regime comunista russo. Porém, essa é uma história polêmica que fica pra outro momento. Mas ele fez muita falta à equipe e, talvez, se estivesse em campo, a URSS poderia ter tido melhor sorte ao longo da competição.
A URSS jogava em um sistema W-M adaptado, com um homem na sobra, como um líbero. Os meias jogavam muito perto dos pontas e trocavam de posição com frequência.
A Inglaterra ainda utilizada o velho sistema W-M, criado por Herbert Chapman em 1925. Era um estilo de jogo mais estático que o dos soviéticos.
● Praticamente ninguém sabia como jogava a URSS. E os ingleses descobriram da pior maneira, já dentro de campo. A novidade tática dos soviéticos estava no ataque, com os meias jogando bem próximos dos pontas, com muita movimentação. O centroavante Nikita Simonyan se mexia incessantemente, caindo para os dois lados. Essa troca de posições constante confundiu muito a marcação da defesa inglesa. Mesmo com a proteção do grande Billy Wright como líbero, o time só se encontrou após sofrer dois gols.
O placar foi aberto aos 13 minutos. Após cruzamento da direita, a bola passou por todo mundo e Nikita Simonyan chutou para o gol vazio.
O segundo foi foi marcado aos 11′ do segundo tempo. Aleksandr Ivanov recebeu na meia-lua, invadiu a área sem marcação, driblou o goleiro Colin McDonald e finalizou de esquerda para o gol.
O jogo parecia resolvido. Mas os ingleses tinham uma jogada que praticavam desde o século XIX: os famosos “chuveirinhos” – as bolas aéreas cruzadas na área desde a linha lateral. E o primeiro gol saiu assim, aos 21′, em um desses incessantes cruzamentos. Bryan Douglas cruzou da direita. De dentro da pequena área, Derek Kevan cabeceou para baixo e a bola entrou à direita de Yashin.
O English Team seguiu atacando em busca da igualdade, principalmente apostando na bola aérea.
Em um bom lance, o veterano Tom Finney passou por Vladimir Kesarev, foi até a linha de fundo e cruzou da esquerda. Yashin segurou, mas Kevan atingiu o goleiro na dividida. A bola sobrou livre para Bobby Robson marcar o gol, mas o árbitro húngaro István Zsolt já havia marcado corretamente a falta no lance.
Yashin tinha dificuldades até para repor a bola em jogo, pois os atacantes ingleses ficavam em cima, impedindo a saída rápida do arqueiro soviético.
Mas McDonald também trabalhava. Aleksandr Ivanov cruzou da ponta direita e o goleiro inglês saiu para tirar a bola de Simonyan e evitar o gol.
O empate veio a cinco minutos do fim em um pênalti muito polêmico. Johnny Haynes foi derrubado quase na linha da grande área. Mal posicionado, o juiz assinalou o pênalti. Tom Finney bateu com precisão, forte e rasteiro, no canto direito de Yashin – que até acertou o lado, mas não conseguiu pegar.
No fim, o placar de 2 a 2 foi um empate honroso, que justificou a qualidade das duas seleções.
Tom Finney converte a cobrança de pênalti sobre o goleiro Lev Yashin (Imagem: Popperfoto / Getty Images)
Aliás, o equilíbrio tomou conta da fase de grupos. Tanto, que foram necessários três jogos desempate para definir os classificados para as quartas de final. Somente o Grupo 2 classificou dois países de forma direta. No Grupo 1, a Irlanda do Norte bateu a Tchecoslováquia por 2 x 1. Pelo Grupo 3, o País de Gales venceu a Hungria também por 2 x 1. No Grupo 4, União Soviética e Inglaterra voltaram a se enfrentar nove dias depois da primeira partida.
E, no dia 17/06/1958, qualquer uma das duas equipes poderiam ter vencido. Os soviéticos jogaram melhor na primeira etapa, mas não conseguiram abrir o placar. O segundo tempo foi dominado pelos ingleses e, mais especificamente, pelo atacante estreante Peter Brabrook, do Chelsea. Ele mandou duas bolas na trave e ainda teve um gol anulado (ele tocou a bola com a mão antes de finalizar no ângulo direito). Mas foi a URSS quem fez o único gol do jogo, aos 23′ da etapa final. O goleiro McDonald saiu jogando errado e entregou a bola nos pés de Valentin Ivanov. Após uma rápida troca de passes, o ponta esquerda Anatoli Ilyin ficou com a bola dentro da área e finalizou antes da chegada de dois marcadores. A bola tocou na trave direita antes de entrar. Depois do gol, os soviéticos recuaram para segurar o resultado. Os britânicos foram para o abafa, mas a defesa russa se sobressaiu, com destaques para o goleirão Lev Yashin e o zagueiro Yuriy Voynov.
Na sequência, o “futebol científico” soviético foi por água abaixo nas quartas de final ao ser eliminado pela Suécia, a dona da casa, com uma derrota por 2 x 0.
Lance do jogo desempate, quando a URSS eliminou a Inglaterra com vitória por 1 a 0 (Imagem: Popperfoto / Getty Images)