Três pontos sobre…
… Copa do Mundo de 1998
Recheada de craques em quase todas as seleções, a Copa do Mundo de 1998 ficou marcada na história.
Confira tudo no vídeo.
Três pontos sobre…
… Copa do Mundo de 1998
Recheada de craques em quase todas as seleções, a Copa do Mundo de 1998 ficou marcada na história.
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Três pontos sobre…
… 08/07/1998 – França 2 x 1 Croácia
(Imagem: World Today News)
● Mesmo contando com bons jogadores como Jean-Pierre Papin, Éric Cantona e David Ginola, a França não conseguiu se qualificar para os Mundiais de 1990 e 1994. Mas esse problema foi resolvido para 1998: Les Bleus eram os donos da casa.
Na primeira fase, pelo Grupo C, os franceses venceram África do Sul por 3 x 0, Arábia Saudita por 4 x 0 e Dinamarca por 2 x 1. Nas oitavas de final, contaram com o gol de ouro do zagueiro Laurent Blanc para vencer o Paraguai (1 x 0). Nas quartas, venceram a Itália por 4 x 3 na decisão por pênaltis depois de um empate sem gols.
Depois da dissolução da antiga Iugoslávia, essa era a primeira Copa do Mundo da Croácia como nação independente. E acabou surpreendendo o mundo do futebol, não apenas por ter uma seleção fortíssima, mas também pelo uniforme bem diferente do convencional: um xadrez de branco e vermelho.
Na primeira fase, a seleção vatreni venceu a Jamaica por 3 x 1 e o Japão por 1 x 0. Já classificada, perdeu para a Argentina por 1 x 0, se classificando em segundo lugar do Grupo H. Nas oitavas, eliminou a Romênia com uma vitória por 1 x 0. Nas quartas, goleou a Alemanha por 3 x 0, demonstrando seu poderio ofensivo.
A França estava aliviada pela vitória da Croácia sobre a Alemanha. Em 1982 e 1986, Les Bleus enfrentaram Die Mannschaft justamente nas semifinais e perderam ambas, mesmo jogando melhor, com um futebol vistoso e ofensivo.
Antes da partida, vários sentimentos distintos. O experiente zagueiro francês Marcel Desailly queria libertar seu país das amarras dos fracassos antigos: “Não aguento mais ouvir falar das glórias e das derrotas das gerações passadas. Precisamos fazer a nossa história. Queremos ir ainda mais longe que Michel Platini, Alain Giresse e Jean Tigana”.
O técnico croata Miroslav Blažević queria estragar a festa dos anfitriões e viu um ponto fraco onde não existia, na tentativa de desestabilizar o adversário: “Não acredito que a França tenha essa defesa toda que dizem”.
Do outro lado, o treinado francês Aimé Jacquet pregava o respeito: “Os croatas podem não ter a força e a camisa dos alemães. Mas têm alguns jogadores que podem definir um jogo”.
A França jogou no sistema 4-5-1, fechando os espaços no meio e com Zidane e Djorkaeff se aproximando do ataque.
A Croácia atuou no esquema 3-5-2, com o constante avanço dos alas e aproximação dos meias.
● Era enorme a expectativa por um grande jogo. A torcida da francesa era um espetáculo no Stade de France, em Saint-Denis.
A França começou no ataque. Youri Djorkaeff avançou pela direita e cruzou para a área. Stéphane Guivarc’h tocou de calcanhar e Zinedine Zidane chutou, mas o goleiro Dražen Ladić segurou sem dar rebote.
Laurent Blanc fez um lançamento longo da direita para a área. Guivarc’h escorou de cabeça para trás e Zidane bateu de primeira. A bola passou perto da trave esquerda do goleiro croata.
Os franceses perderam oportunidades que não podem ser desperdiçadas. O nervosismo era latente nos donos da casa, que não fizeram um bom primeiro tempo e viram a Croácia assustar com um chute de Aljoša Asanović dentro da área.
E foram os croatas quem abriram o placar no primeiro minuto da etapa final.
Davor Šuker recebeu na direita e foi entrando em diagonal pelo meio. Ele deixou com Asanović, que ganhou da marcação e devolveu por elevação para a infiltração de Šuker, no ponto futuro. Dentro da área, o centroavante dominou e bateu rápido por baixo de Fabien Barthez. Os franceses pediram impedimento no lance, mas Thuram errou a linha e deu condições ao camisa 9 da Croácia. Os franceses ficavam em desvantagem no placar pela primeira vez no Mundial. Mas durou pouco.
(Imagem: The42)
Mas Lilian Thuram se redimiu um minuto depois. Ele avançou pela direita e tentou tocar mais a frente para Thierry Henry. Robert Jarni cortou e, próximo à sua área, Zvonimir Boban deu um giro e demorou a decidir o que fazer. Thuram veio por trás e lhe tomou a bola. Djorkaeff recebeu e devolveu para Thuram, já dentro da área. Sem cacoete para finalização, o zagueiro-lateral bateu na bola meio sem jeito, já caindo, mas a bola foi para o gol.
Thuram parecer ter tomado gosto pelo ataque. Zidane virou o jogo na direita para o camisa 15. Ele avançou e tocou para Henry, que foi travado pela marcação. A bola sobrou para Jarni, que demorou demais para se desfazer da bola. Thuram tomou dele e bateu de esquerda de fora da área. A bola quicou e foi morrer no canto esquerdo do goleiro Ladić.
Mas quatro minutos depois, a França ficou com um homem a menos. Henry tocou para Zidane no meio e Zizou abriu na esquerda para o apoio de Bixente Lizarazu. O lateral basco avançou até sofrer falta de Mario Stanić. Zidane cobrou a falta para a área e, na busca por espaço, Blanc empurrou o rosto de Slaven Bilić. O árbitro entendeu como agressão e expulsou o zagueiro francês.
(Imagem: Sportskeeda)
Com um jogador a mais, a Croácia partiu para o ataque em busca do empate.
Jarni cruzou da esquerda. Na segunda trave, Šuker dominou no peito tirando a marcação de Lizarazu e bateu forte de direita. Desailly chegou travando e impediu o que seria o gol de empate.
Zvonimir Soldo cruzou da direita. Silvio Marić fez o corta luz e Goran Vlaović chutou de longe. A bola desviou no meio do caminho e foi descaindo. Ela tinha o rumo do ângulo direito, mas Barthez voou e mandou para escanteio.
Robert Prosinečki cobrou escanteio à meia altura. Igor Štimac desviou de cabeça para trás, mas a bola não chegou a Šuker. Desailly chutou para o alto e afastou o perigo.
Enquanto isso, a torcida francesa cantava o hino nacional, “La Marseillaise”, em plenos pulmões. E explodiu em êxtase após o apito final.
(Imagem: Sportsnet)
● Nascido no dia 01/01/1972 em Guadalupe – um departamento ultramarino da França no Caribe – Ruddy Lilian Thuram-Ulien jogou 142 partidas pela seleção francesa, de 1994 a 2008, e marcou apenas dois gols. Justamente os dois que levaram a França para sua primeira final de Copa.
Após três derrotas em semifinais de Copas do Mundo (1958, 1982 e 1986), finalmente a França chegou à final.
“Eu não acredito. Estamos na final!” ― Emmanuel Petit
“Não faço gols nem nos treinamentos. Numa semifinal de Copa, marquei dois. Não sei o que dizer.” ― Lilian Thuram
“Agora, vamos enfrentar os mestres do futebol.” ― Aimé Jacquet
Na decisão, a França jogou melhor e venceu o Brasil por 3 x 0 e conquistou seu primeiro título da Copa do Mundo de Futebol.
(Imagem: Soccer Museum)
● FICHA TÉCNICA: |
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FRANÇA 2 x 1 CROÁCIA |
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Data: 08/07/1998 Horário: 21h00 locais Estádio: Stade de France Público: 76.000 Cidade: Saint-Denis (França) Árbitro: José María García-Aranda (Espanha) |
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FRANÇA (4-5-1): |
CROÁCIA (3-5-2): |
16 Fabien Barthez (G) |
1 Dražen Ladić (G) |
15 Lilian Thuram |
4 Igor Štimac |
5 Laurent Blanc |
20 Dario Šimić |
8 Marcel Desailly |
6 Slaven Bilić |
3 Bixente Lizarazu |
13 Mario Stanić |
7 Didier Deschamps (C) |
17 Robert Jarni |
19 Christian Karembeu |
14 Zvonimir Soldo |
17 Emmanuel Petit |
7 Aljoša Asanović |
10 Zinedine Zidane |
10 Zvonimir Boban (C) |
6 Youri Djorkaeff |
19 Goran Vlaović |
9 Stéphane Guivarc’h |
9 Davor Šuker |
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Técnico: Aimé Jacquet |
Técnico: Miroslav Blažević |
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SUPLENTES: |
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1 Bernard Lama (G) |
12 Marjan Mrmić (G) |
22 Lionel Charbonnier (G) |
22 Vladimir Vasilj (G) |
18 Frank Leboeuf |
5 Goran Jurić |
2 Vincent Candela |
15 Igor Tudor |
14 Alain Boghossian |
18 Zoran Mamić |
4 Patrick Vieira |
3 Anthony Šerić |
11 Robert Pirès |
21 Krunoslav Jurčić |
13 Bernard Diomède |
8 Robert Prosinečki |
21 Christophe Dugarry |
11 Silvio Marić |
12 Thierry Henry |
2 Petar Krpan |
20 David Trezeguet |
16 Ardian Kozniku |
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GOLS: |
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46′ Davor Šuker (CRO) |
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47′ Lilian Thuram (FRA) |
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70′ Lilian Thuram (FRA) |
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CARTÕES AMARELOS: |
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45′ Aljoša Asanović (CRO) |
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75′ Mario Stanić (CRO) |
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88′ Dario Šimić (CRO) |
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CARTÃO VERMELHO: |
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SUBSTITUIÇÕES: |
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31′ Christian Karembeu (FRA) ↓ |
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Thierry Henry (FRA) ↑ |
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65′ Zvonimir Boban (CRO) ↓ |
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Silvio Marić (CRO) ↑ |
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68′ Stéphane Guivarc’h (FRA) ↓ |
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David Trezeguet (FRA) ↑ |
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77′ Youri Djorkaeff (FRA) ↓ |
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Frank Leboeuf (FRA) ↑ |
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89′ Mario Stanić (CRO) ↓ |
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Robert Prosinečki (CRO) ↑ |
Melhores momentos da partida:
Jogo completo:
Três pontos sobre…
… 05/07/2006 – França 1 x 0 Portugal
(Imagem: Reprodução / FIFA)
● Depois da decepcionante Europa de 2004, vários ícones resolveram se aposentar da seleção francesa: Marcel Desailly, Bixente Lizarazu, Lilian Thuram, Claude Makélélé e Zinedine Zidane. Mas os três últimos voltaram aos Bleus um ano depois, para ajudar nas eliminatórias para o Mundial de 2006 – onde a França estava passando dificuldades.
A França começou mal na Copa do Mundo de 2006. Nas duas primeiras partidas, foram dois empates: 0 x 0 com a Suíça e 1 x 1 com a Coreia do Sul. A classificação em segundo lugar no Grupo G (atrás dos suíços) veio com uma vitória sobre Togo por 2 x 0 – sem Zidane, suspenso. Nas oitavas de final, a França venceu a Espanha por 3 x 1, com um golaço marcado por Zidane nos acréscimos. Na quartas de final, um show solo de Zidane e vitória sobre o Brasil por 1 x 0.
O elenco francês ainda tinha alguns campeões do mundo em 1998, como o goleiro Fabien Barthez, o zagueiro Lilian Thuram, o capitão Zinedine Zidane e os atacantes David Trezeguet e Thierry Henry.
Zidane tinha mais um ano de contrato com o Real Madrid, mas já havia anunciado sua aposentadoria definitiva para depois da Copa. Ou seja: cada jogo do Mundial poderia ser a despedida de Zizou do futebol.
Com o corte de Djibril Cissé por fratura na perna, o time passou a jogar com apenas um atacante de ofício e com uma receita de jogo: longas trocas de passes, uma defesa sólida e experiente e dois craques que decidem: Zidane e Henry.
(Imagem: Ben Radford / Getty Images)
● O técnico brasileiro Luiz Felipe Scolari levou seu país natal ao título da Copa de 2002. Depois da conquista do penta, ele assumiu um enorme desafio na seleção portuguesa.
Portugal havia disputado apenas três Copas do Mundo, sendo um sucesso (o 3º lugar em 1966) e dois fracassos, quando caiu na primeira fase em 1986 e 2002.
Aos poucos, Scolari reformulando o elenco luso. Ao mesmo tempo que deu oportunidades jogadores como o luso-brasileiro Deco e o jovem Cristiano Ronaldo, ele teve que ir tirando do time estrelas nacionais como o goleiro Vítor Baía, os zagueiros Fernando Couto e Abel Xavier, os meias Rui Costa e Sérgio Conceição, além do atacante João Pinto.
O capitão Luís Figo havia trocado o Real Madrid pela Inter de Milão um ano antes. Ele seguia sendo a maior estrela, exercendo sua importante liderança dentro de fora de campo.
Portugal sediou a Eurocopa de 2004 e chegou na final, mas perdeu de forma amarga para a surpreendente Grécia por 1 x 0.
Mas o time ganhou conjunto e se fortaleceu para a disputa do Mundial na Alemanha.
A maior ausência por lesão foi do zagueiro Jorge Andrade, do Deportivo La Coruña. Ele quebrou a perna três meses antes da Copa.
Os Tugas terminaram a primeira fase do Mundial com 100% de aproveitamento, com vitórias sobre Angola (1 x 0), Irã (2 x 0) e México (2 x 1). Nas oitavas de final, venceu a batalha campal diante da Holanda por 1 x 0. Nas quartas, vitória sobre a Inglaterra nos pênaltis por 3 x 1, depois de um empate sem gols.
As duas equipes jogavam no sistema 4-2-3-1.
● Em Munique, uma semifinal que criou muitas expectativas.
Os astros Luís Figo e Zinedine Zidane, ex-companheiros de Real Madrid, eram os capitães das duas seleções.
O técnico francês Raymond Domenech apostou nos mesmos titulares que começaram a partida contra o Brasil.
Les Bleus apostaram na mesma estratégia que deu certo contra o escrete canarinho, mas com uma enorme diferença: os lusos não jogaram de forma apática, acomodada e fria como os brasileiros quatro dias antes.
A partida começa com muito equilíbrio. Os jogadores mais criativos das duas seleções não conseguem espaços para criar e oferecer perigo. A maior parte do tempo, o jogo fica amarrado no meio campo. Quando os atacantes conseguiam finalizar, se limitavam a chutes de longa distância.
Quando caía pela esquerda, Thierry Henry dava muito trabalho para Miguel. Em um lance, ele driblou o lateral português por três vezes antes de chutar cruzado, para boa defesa do goleiro Ricardo.
Do outro lado, o jovem Cristiano Ronaldo apostava na velocidade e em um enorme repertório de dribles.
Em uma dessas jogadas, “CR17” arrancou pela esquerda e tocou para Deco no meio. O luso-brasileiro chutou de fora da área, mas a bola foi fraca. Barthez espalmou e Thuram afastou o perigo.
Também bem postado em campo, o time treinado por Luiz Felipe Scolari era firme na marcação e levou perigo em chutes de longe. Figo chutou de esquerda de fora da área e Barthez segurou bem.
Cristiano Ronaldo deixou de calcanhar para Maniche, que ajeitou e chutou de longe. A bola saiu por cima, mas assustou bastante o goleiro Barthez, passando muito perto da trave.
(Imagem: Alamy)
Com pouco mais de meia hora de jogo, a França encontrou uma brecha na defesa portuguesa.
Makélélé trocou passes com Zidane e deixou no meio para Florent Malouda. Ele passou por Deco e tocou para Henry. O camisa 12 entrou na área, cortou para o meio e foi derrubado por Ricardo Carvalho, em um carrinho irresponsável. Henry forçou um pouco a queda, mas o pênalti aconteceu.
Zinedine Zidane bateu firme, no cantinho direito do goleiro Ricardo, que até acertou o lado, mas não conseguiu alcançar a bola.
Ricardo voltou a aparecer em duas defesas difíceis no início do segundo tempo, nas últimas chances da França.
Depois disso, só deu Portugal.
Embora o goleiro Barthez tenha mostrado insegurança, soltando algumas bolas, a defesa francesa manteve a solidez, comandada pela experiência de Lilian Thuram.
No fim, até o goleiro Ricardo foi para a área francesa tentar o cabeceio, sem sucesso.
Pela segunda vez em sua história, Portugal caía nas semifinais da Copa.
Por sua vez, a França chegava à sua segunda final de Copa, a segunda em oito anos.
(Imagem: Ssbg)
● Mesmo caindo na semifinal, o técnico de Portugal, o brasileiro Luiz Felipe Scolari, já havia conquistado o recorde de doze jogos seguidos de invencibilidade, sendo sete pela Seleção Brasileira campeã do mundo em 2002 e outros cinco pela seleção portuguesa. Outra marca histórica de Scolari é a de onze vitórias consecutivas nesse mesmo período.
Apesar de inseguro em vários lances na partida, o goleiro careca Fabien Barthez alcançou um belo recorde: dez jogos sem tomar gols em Copas do Mundo. O índice é superior ao de arqueiros consagrados como Lev Yashin, Sepp Maier, Gordon Banks, Ladislao Mazurkiewicz, Rinat Dassaev, Ubaldo Fillol, Dino Zoff e Cláudio Taffarel – e igual apenas ao inglês Peter Shilton.
Nunca Les Bleus (“Os Azuis”, em francês – como são chamados os jogadores da seleção nacional) foram tão pouco azuis em uma Copa do Mundo. Isso se deve às superstições do técnico Raymond Domenech. Ele achou que o uniforme todo branco deu sorte nas oitavas de final contra a Espanha e fez o time repetir o fardamento nos jogos seguintes até a final.
Na final, um jogo de muito equilíbrio. A França saiu na frente com uma cobrança de pênalti de cavadinha convertido por Zidane, mas a Itália empatou com Marco Materazzi de cabeça. Ambos foram protagonistas em um lance histórico na prorrogação: Zidane foi provocado e deu uma cabeçada em Materazzi. O derradeiro momento de um gênio tão vencedor como Zinedine Zidane no futebol foi o cartão vermelho. Na decisão por pênaltis, David Trezeguet mandou na trave e a Itália se sagrou tetracampeã mundial. Zizou ainda foi eleito o melhor jogador do torneio, em escolha feita antes da final. Um adeus melancólico para um dos maiores jogadores da história.
Na decisão do 3º lugar, Portugal perdeu por 3 x 1 para a Alemanha, dona da casa. De qualquer forma, essa foi a segunda melhor campanha portuguesa em Copas do Mundo em todos os tempos, ficando atrás apenas do histórico 3º lugar da Copa de 1966.
(Imagem: Twitter @Football__Tweet)
● FICHA TÉCNICA: |
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FRANÇA 1 x 0 PORTUGAL |
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Data: 05/07/2006 Horário: 21h00 locais Estádio: Allianz Arena Público: 66.000 Cidade: Munique (Alemanha) Árbitro: Jorge Larrionda (Uruguai) |
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FRANÇA (4-2-3-1): |
PORTUGAL (4-2-3-1): |
16 Fabien Barthez (G) |
1 Ricardo (G) |
19 Willy Sagnol |
13 Miguel |
15 Lilian Thuram |
5 Fernando Meira |
5 William Gallas |
16 Ricardo Carvalho |
3 Éric Abidal |
14 Nuno Valente |
6 Claude Makélélé |
6 Costinha |
4 Patrick Vieira |
18 Maniche |
22 Franck Ribéry |
7 Luís Figo (C) |
10 Zinedine Zidane (C) |
20 Deco |
7 Florent Malouda |
17 Cristiano Ronaldo |
12 Thierry Henry |
9 Pauleta |
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Técnico: Raymond Domenech |
Técnico: Luiz Felipe Scolari |
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SUPLENTES: |
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23 Grégory Coupet (G) |
12 Quim (G) |
1 Mickaël Landreau (G) |
22 Paulo Santos (G) |
2 Jean-Alain Boumsong |
2 Paulo Ferreira |
17 Gaël Givet |
3 Marco Caneira |
13 Mikaël Silvestre |
4 Ricardo Costa |
21 Pascal Chimbonda |
8 Petit |
18 Alou Diarra |
19 Tiago Mendes |
8 Vikash Dhorasoo |
10 Hugo Viana |
9 Sidney Govou |
11 Simão Sabrosa |
11 Sylvain Wiltord |
15 Luís Boa Morte |
14 Louis Saha |
23 Hélder Postiga |
20 David Trezeguet |
21 Nuno Gomes |
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GOL: 33′ Zinedine Zidane (FRA) (pen) |
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CARTÕES AMARELOS: |
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83′ Ricardo Carvalho (POR) |
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87′ Louis Saha (FRA) |
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SUBSTITUIÇÕES: |
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62′ Miguel (POR) ↓ |
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Paulo Ferreira (POR) ↑ |
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68′ Pauleta (POR) ↓ |
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Simão Sabrosa (POR) ↑ |
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69′ Florent Malouda (FRA) ↓ |
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Sylvain Wiltord (FRA) ↑ |
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72′ Franck Ribéry (FRA) ↓ |
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Sidney Govou (FRA) ↑ |
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75′ Costinha (POR) ↓ |
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Hélder Postiga (POR) ↑ |
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85′ Thierry Henry (FRA) ↓ |
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Louis Saha (FRA) ↑ |
Melhores momentos da partida:
Três pontos sobre…
… 01/07/2006 – França 1 x 0 Brasil
Zizou desfilou em campo (Imagem: UOL)
● Podemos começar lembrando das eliminatórias sul-americanas, onde Ronaldo foi o artilheiro e o Brasil o líder geral. Ou podemos mudar o foco para a empolgação causada pelo título da Copa das Confederações de 2005, quando convenceu ao golear a Argentina por 4 x 1 na decisão. Pode ser que o resultado final tenha sido condicionado pela catastrófica preparação desde a chegada à cidade suíça de Weggis. Pode ter sido a exaltação ao fantástico “quadrado mágico”, que não rendeu o esperado quando deveria. Foi a magia de Zizou ou será que a culpa a eliminação brasileira foi de Roberto Carlos e seu meião?
Oito anos depois de ter sido o carrasco brasileiro na final da Copa do Mundo de 1998, Zinedine Zidane estava em seus últimos dias de carreira. Ele carregava consigo a tristeza pela lesão e a eliminação precoce, ainda na fase de grupos do Mundial de 2002. E em 2006, a França estava sem confiança alguma após fazer uma primeira fase medíocre. Ganhou força e confiança ao vencer a forte Espanha por 3 x 1 de virada.
Por sua vez, a Seleção Brasileira obteve 100% de aproveitamento na primeira fase e venceu Gana por 3 x 0 nas oitavas de final, com Ronaldo se tornando o maior artilheiro da história das Copas, com 15 gols. Mesmo não jogando bem, o excesso de confiança era algo que nunca se viu igual, até para os exagerados críticos brasileiros. Era impossível não enxergar que as peças não se encaixavam e que o futebol de teoria não se aplicava na prática. Falando mais didaticamente: o quadrado. Não só a figura geométrica, mas tudo que o envolvia.
Os vencedores da Copa do Mundo e o espelho da pirâmide. Na geometria, o Brasil venceria a Copa de 2006.
● Independentemente nível apresentado pela Seleção Brasileira, o torcedor tinha plena convicção na vitória e no título. Ingênuo, eu acreditei na “Pirâmide das Copas” (veja a figura acima). E era impossível não vencer com aquele esquadrão. No papel, é certamente uma das mais fortes do país em todos os tempos, com todos os titulares sendo destaque nos grandes clubes europeus.
Dida é um dos maiores goleiros da história do país e estava em plena forma. A dupla de zaga, com Lúcio e Juan, era bem entrosada e não comprometia. E no restante da escalação começam os problemas… Os dois lendários laterais, Cafu e Roberto Carlos, estavam mais para lendas mesmo, pois já começavam a entrar em declínio em suas vitoriosas carreiras. Emerson já não tinha o físico de outrora, mas, mesmo no auge, jamais conseguiria marcar sozinho no meio campo e cobrir os avanços dos laterais. Zé Roberto foi o destaque brasileiro na competição, mas seu forte não era a marcação e não conseguiu criar para todos os demais. O quadrado era composto por Kaká, Ronaldinho Gaúcho, Adriano e Ronaldo. Kaká não conseguiu render o seu melhor por causa de uma lesão. Melhor jogador do mundo nos dois anos anteriores, R10 estava no auge e começou a despencar exponencialmente justamente no Mundial. Adriano era o menos famoso, mas talvez tenha sido, dos quatro, o que mais rendeu no torneio. E Ronaldo, embora fosse a esperança de reviver 2002, já começava a perder a luta para a balança.
O técnico Raymond Domenech organizou Les Bleus no sistema tático 4-2-3-1, com liberdade total para Zidane na armação.
Para essa partida, Parreira escalou a Seleção Brasileira no esquema 4-3-2-1, com Juninho Pernambucano entrando no meio para dar mais suporte a Gilberto Silva e Zé Roberto. Adriano foi sacrificado.
● Contra os franceses, o pragmático Carlos Alberto Parreira desmanchou o “quadrado” e escalou Juninho Pernambucano para preencher mais o meio de campo. O “Reizinho de São Januário” era o melhor jogador do futebol francês, reinando no Olympique Lyon. Mas não teve inteligência emocional e chorou no hino nacional. Não conseguiu render em campo. Gilberto Silva substituiu o lesionado Emerson e não conseguiu ver a sombra de Zidane.
Aos 23′, Lúcio fez sua primeira falta na Copa – três minutos após superar o recorde de Carlos Gamarra em 1998.
Mas naquele dia, Zizou era o dono da bola, ou um menino maior brincando com os menores: estava tão acima dos demais, que parecia flutuar sobre o gramado. A bola grudava em seus pés e ele se tornava um bailarino em um festival de Frankfurt. Pouco antes do gol solitário, presenteou seu amigo Ronaldo com um belo chapéu.
Aos doze minutos do segundo tempo, Florent Malouda sofreu falta de Cafu na esquerda. Zidane cobrou a falta no segundo pau e Henry completou sozinho para o gol.
Ficou a história narrada por Galvão Bueno para o Brasil inteiro: enquanto Zizou se preparava para cobrar a falta, Roberto Carlos arrumava seu meião na entrada da área. A bola foi batida no segundo pau e Thierry Henry escapou da posição inicial de Roberto e completou para o gol.
Mas era improvável pensar que o camisa 6 do Brasil era o responsável por acompanhar o francês nas jogadas de bola parada. Henry: 1,88 m; Roberto: 1,68 m. A diferença entre ambos era aparentemente bem maior do que os 20 cm. Henry vinha de frente e tinha faro de gol.
Parreira voltou ao sistema 4-2-2-2, com o retorno de Adriano no lugar de Juninho Pernambucano.
Logo após sofrer o gol, Parreira desfez o sistema tático e voltou ao “quadrado mágico”, trocando Juninho por Adriano.
Ridiculamente, o Brasil só acertou o primeiro chute a gol no último minuto da partida: Ronaldo chutou de fora da área e Fabien Barthez defendeu.
Era impossível que a Seleção Brasileira não fosse mais vencer essa Copa. Como a pirâmide estaria errada? Culpa do quadrado mágico? Até hoje eu não consegui compreender. Mas nunca fui bom em matemática mesmo…
Zidane repetiu o feito de oito anos antes: destruiu os sonhos de um título brasileiro já ganho de véspera. Mas o futebol é resolvido em campo. E em campo, quem mandou novamente naquele dia foi Zidane.
E essa derrota interrompeu uma série de 11 vitórias consecutivas da Seleção Brasileira em Copas. Curiosamente, essa sequência começou após uma derrota para a França de Zidane. E terminou com derrota para a França de Zidane.
Henry se posicionou bem e, livre de marcação, fez o gol da partida (Imagem: UOL)
● Naquele dia 01/07/2006, eu seria padrinho de casamento de um primo, em uma cidade bem pequenina no interior de Minas Gerais. O enlace matrimonial estava marcado para as 19h00 e essa partida começou às 17h00. Eu tinha certeza que o Brasil venceria e que chegaríamos a tempo. Mas quando Henry marcou o gol, só fiquei pensando sobre como estaríamos na cerimônia se houvesse prorrogação. E questionei meu pai: “Será que vamos chegar atrasados?” E com a sabedoria de meio século vivido, meu pai me diz: “Não se preocupe. Nem o padre vai estar na igreja até o jogo acabar”. Infelizmente não houve prorrogação e a igreja foi se enchendo com o passar dos minutos.
Roberto Carlos ficou tachado injustamente como vilão (Imagem: Getty Images)
● FICHA TÉCNICA: |
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FRANÇA 1 x 0 BRASIL |
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Data: 01/07/2006 Horário: 21h00 locais Estádio: Waldstadion (atual Commerzbank-Arena) Público: 48.000 Cidade: Frankfurt (Alemanha) Árbitro: Luis Medina Cantalejo (Espanha) |
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FRANÇA (4-2-3-1): |
BRASIL (4-3-2-1): |
16 Fabien Barthez (G) |
1 Dida (G) |
19 Willy Sagnol |
2 Cafu (C) |
15 Lilian Thuram |
3 Lúcio |
5 William Gallas |
4 Juan |
3 Éric Abidal |
6 Roberto Carlos |
6 Claude Makélélé |
17 Gilberto Silva |
4 Patrick Vieira |
11 Zé Roberto |
22 Franck Ribéry |
19 Juninho Pernambucano |
10 Zinedine Zidane (C) |
8 Kaká |
7 Florent Malouda |
10 Ronaldinho Gaúcho |
12 Thierry Henry |
9 Ronaldo |
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Técnico: Raymond Domenech |
Técnico: Carlos Alberto Parreira |
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SUPLENTES: |
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23 Grégory Coupet (G) |
12 Rogério Ceni (G) |
1 Mickaël Landreau (G) |
22 Júlio César (G) |
2 Jean-Alain Boumsong |
13 Cicinho |
17 Gaël Givet |
14 Luisão |
13 Mikaël Silvestre |
15 Cris |
21 Pascal Chimbonda |
16 Gilberto |
18 Alou Diarra |
5 Emerson |
8 Vikash Dhorasoo |
18 Mineiro |
9 Sidney Govou |
20 Ricardinho |
11 Sylvain Wiltord |
23 Robinho |
14 Louis Saha |
21 Fred |
20 David Trezeguet |
7 Adriano |
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GOL: 57′ Thierry Henry (FRA) |
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CARTÕES AMARELOS: |
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25′ Cafu (BRA) |
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45′ Juan (BRA) |
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45+2′ Ronaldo (BRA) |
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47′ Lúcio (BRA) |
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74′ Willy Sagnol (FRA) |
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87′ Louis Saha (FRA) |
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88′ Lilian Thuram (FRA) |
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SUBSTITUIÇÕES: |
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63′ Juninho Pernambucano (BRA) ↓ |
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Adriano (BRA) ↑ |
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76′ Cafu (BRA) ↓ |
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Cicinho (BRA) ↑ |
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77′ Franck Ribéry (FRA) ↓ |
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Sidney Govou (FRA) ↑ |
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79′ Kaká (BRA) ↓ |
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Robinho (BRA) ↑ |
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81′ Florent Malouda (FRA) ↓ |
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Sylvain Wiltord (FRA) ↑ |
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86′ Thierry Henry (FRA) ↓ |
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Louis Saha (FRA) ↑ |
Gol da partida:
Melhores momentos:
Três pontos sobre…
… 27/06/2006 – França 3 x 1 Espanha
(Imagem: SoccerMuseum)
● A Espanha não chegou à Alemanha com a mesma confiança de outros Mundiais. Não tinha mais a experiência e liderança de Fernando Hierro. Raúl já estava em declínio técnico e não era mais o jogador extraclasse que havia sido. A esperança de gols era Fernando “El Niño” Torres. Treinada por Luis Aragonés desde o fim da Eurocopa de 2004, foi deixando aos poucos de ser “La Fúria” e se tornando “La Roja”. O que isso significava? Que não bastava tentar vencer na base da imposição, a todo custo (como em seu histórico), mas isso era feito com inteligência e muita posse de bola.
Muitos afirmam que foi Pep Guardiola quem implantou no Barcelona o estilo “tiki-taka” que teria sido copiado por Vicente Del Bosque para a seleção que venceu as Eurocopas de 2008 e 2012 e a Copa do Mundo de 2010. Porém, Guardiola chegou ao Barça na temporada 2008/09, logo na sequência do título espanhol na Euro. La Roja ainda era treinada por Aragonés, que usava Xavi e Iniesta como peças principais de uma troca de passes incessante.
Para 2006, era um time muito renovado em comparação com quatro anos antes, com destaques para Cesc Fàbregas (19 anos), Sergio Ramos (20), Fernando Torres (22), Andréa Iniesta (22), José Antonio Reyes (23) e David Villa (25) – que superaria Raúl como o maior goleador da história da seleção espanhola. Desde que Aragonés assumiu o comando, a Espanha não havia perdido nenhum dos últimos 25 jogos.
(Imagem: IFDB)
● Como já contamos, a França chegou cheia de expectativas e passou vergonha na Copa do Mundo de 2002. O técnico Raymond Domenech havia treinado a seleção sub-21 da França por onze anos e conhecia bem o potencial daquela geração. Desde 2004 na seleção principal, ele tinha a responsabilidade de recuperar a autoestima do povo em relação à equipe nacional.
A França estava passando apuros para se qualificar para o Mundial. Mas, a quatro partidas do fim, teve a volta de três expoentes. Zinedine Zidane, Lilian Thuram e Claude Makélélé haviam se aposentado da seleção após a Euro 2004, mas voltaram na reta final das eliminatórias europeias para garantir a classificação dos Bleus. O grupo foi tão equilibrado em um festival de empates, que a França ficou apenas três pontos a frente da Irlanda, quarta colocada (França, Suíça e Israel terminaram invictos).
Zidane chegou na Copa aposentado. Ele tinha mais um ano de contrato com o Real Madrid, mas anunciou que penduraria as chuteiras após a Copa. Então, cada jogo na competição poderia ser o último da carreira de Zidane. E isso inflamou os franceses a se doarem mais em campo em prol de seu capitão. E causou uma enorme expectativa nos telespectadores e no público em geral.
A seleção francesa contava com seis veteranos campeões do mundo em 1998: o goleiro Fabien Barthez, o defensor Lilian Thuram, os meio-campistas Patrick Vieira e Zinedine Zidane, além dos atacantes David Trezeguet e Thierry Henry. Já no fim de sua gloriosa passagem pelo Arsenal, o meia Robert Pirès foi preterido pelo técnico Domenech; segundo o jogador, ele teria ficado de fora das convocações por ser do signo de escorpião, incomodando o místico treinador. Djibril Cissé era dado como certo até como titular, mas fraturou a perna uma semana antes do Mundial, em um amistoso contra a China; para seu lugar foi convocado o experiente Trezeguet.
(Imagem: BBC)
● A Espanha foi a líder do Grupo H, com 100% de aproveitamento. Na estreia, goleou a debutante Ucrânia, de Andriy Shevchenko, por 4 x 0. Na sequência, bateu a Tunísia por 3 X 1. Já classificada, jogou com um time reserva e venceu a Arábia Saudita com um magro 1 X 0.
Mas magra mesmo foi a campanha da França no Grupo G. Na primeira partida, empate sem gols com a Suíça. Na segunda, outro empate com a Coreia do Sul, dessa vez por 1 X 1. E o sinal de alerta foi ligado, porque no terceiro jogo, a França precisaria vencer a seleção de Togo, de Emmanuel Adebayor, por dois gols de diferença para depender apenas de si – e sem contar com Zinedine Zidane e Éric Abidal, ambos suspensos com o segundo cartão amarelo. Mas Les Bleus venceram sua ex-colônia africana pelo placar necessário de 2 x 0.
Nas oitavas de final, a França tinha que melhorar muito para desbancar a favorita Espanha. A Espanha era freguesa da França em jogos oficiais (quatro derrotas e um empate em cinco jogos até então). Essa foi a única partida em Copas do Mundo mas o duelo havia se repetido três vezes na Eurocopa. Na decisão de 1984, Michel Platini comandou Les Bleus ao título com vitória sobre a Fúria por 2 x 0. Em 1996, empate por 1 x 1 na fase de grupos. Em 2000, nova vitória francesa nas quartas de final por 2 x 1.
A França atuava no esquema 4-2-3-1.
A Espanha jogou no sistema 4-3-3.
● Na AWD Arena, em Hanover, a partida foi um jogo de xadrez, entre os estrategistas Raymond Domenech e Luis Aragonés. O jogo começou cadenciado, com as duas equipes se arriscando pouco no ataque. A Espanha mantinha a posse de bola e a França buscava roubar e sair em rápidos contragolpes.
Com os sistemas defensivos bem postados, a primeira chance do jogo só ocorreu na metade do primeiro tempo. Zidane lançou Henry na ponta direita e ele chegou cruzando para a pequena área. A bola passou por Franck Ribéry e Patrick Vieira, que não conseguiram alcançá-la e desperdiçaram a chance.
Thierry Henry era o único homem de frente dos Bleus (que jogaram de branco) e invariavelmente era pego em impedimento, pois a defesa espanhola atuava em linha. Os franceses também não davam espaço ao trio de ataque espanhol. Com isso, os gols só podiam sair de erros cometidos pelas defesas.
Aos 28′, Mariano Pernía (lateral esquerdo argentino naturalizado espanhol) bateu escanteio e a defesa francesa cortou mal. Xabi Alonso pegou o rebote e tocou para o meio. Se aventurando no ataque, o zagueiro Pablo Ibáñez tentou dominar dentro da área e Thuram pisou em seu tornozelo. Pênalti para a Espanha. Raúl estava completando 29 anos exatamente naquele dia. O craque merengue tinha desperdiçado uma penalidade no fim do jogo contra a França na Euro 2000 e não foi para a cobrança. David Villa se encarregou e bateu com perfeição, quase no pé da trave direita de Barthez, que até acertou o canto, mas não conseguiu pegar. A Espanha abriu o placar.
A França teve que tomar mais a iniciativa, passou a dominar o jogo e a merecer o empate. E ele veio aos 41′. Franck Ribéry deixou com Vieira, que devolveu com perfeição para o Scarface escapar sem marcação nas costas da defesa ibérica, driblar Iker Casillas e completar para o gol.
(Imagem: BBC)
Tudo igual no intervalo. O jogo estava aberto e as expectativas para a etapa final eram as melhores possíveis.
O jogo voltou a ficar equilibrado, mas em ritmo mais lento. Nenhum dos dois times conseguiam criar chances claras de gol. O ataque espanhol era inócuo e o técnico fez duas mudanças no time aos oito minutos: saíram os atacantes Raúl e David Villa e entraram os pontas Luis García e Joaquín. Os jogadores que entraram auxiliavam mais na recomposição defensiva.
A Espanha tinha mais posse de bola (61%). Mas a França tinha Zinedine Zidane. E ele começou a jogar. Não queria se despedir do futebol dessa maneira e estava determinado a mudar a sorte de sua equipe. E estava no auge da sua magia. Com seu maestro orquestrando as jogadas, a França passou a merecer a virada. E ela veio quando faltavam apenas sete minutos para o fim do jogo.
Aos 38′ da etapa final, Zidane cobrou falta da intermediária direita para a área espanhola. Xabi Alonso cortou mal e Patrick Vieira cabeceou quase da linha de fundo. A bola bateu em Sergio Ramos e tirou Casillas da jogada. Era a virada francesa.
A Fúria não tinha alternativas e tentou partir com tudo para cima nos minutos finais, dando contra-ataques para os franceses e acabou por sofrer o golpe fatal. Já nos acréscimos, Cesc Fàbregas foi cercado por três franceses em seu campo de defesa e perdeu a bola. Sylvain Wiltord lançou Zidane na esquerda. O gênio invadiu a área, cortou Puyol e chutou no contrapé de Casillas. Um golaço que colocou ponto final no duelo.
(Imagem: BBC)
● Placar final: 3 x 1 e classificação francesa garantida. Um placar sem sombra de dúvidas sobre quem era melhor.
Melhor ainda: Zidane estendia a carreira ao menos por mais noventa minutos.
Patrick Vieira era até então o mais importante jogador francês no Mundial, com dois gols e duas assistências.
A Espanha continuava sua sina de amarelar em jogos decisivos.
Nas quartas de final, a França enfrentaria a Seleção Brasileira, do temível “Quadrado Mágico”: Kaká, Ronaldinho Gaúcho, Adriano e Ronaldo. Mas sobre essa partida vamos falar no dia 01/07.
(Imagem: BBC)
● FICHA TÉCNICA: |
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FRANÇA 3 x 1 ESPANHA |
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Data: 27/06/2006 Horário: 21h00 locais Estádio: AWD Arena (atual HDI Arena) Público: 43.000 Cidade: Hanover (Alemanha) Árbitro: Roberto Rosetti (Itália) |
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FRANÇA (4-2-3-1): |
ESPANHA (4-3-3): |
16 Fabien Barthez (G) |
1 Iker Casillas (G) |
19 Willy Sagnol |
15 Sergio Ramos |
15 Lilian Thuram |
5 Carles Puyol |
5 William Gallas |
22 Pablo Ibáñez |
3 Éric Abidal |
3 Mariano Pernía |
6 Claude Makélélé |
14 Xabi Alonso |
4 Patrick Vieira |
8 Xavi |
22 Franck Ribéry |
18 Cesc Fàbregas |
10 Zinedine Zidane (C) |
21 David Villa |
7 Florent Malouda |
9 Fernando Torres |
12 Thierry Henry |
7 Raúl (C) |
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Técnico: Raymond Domenech |
Técnico: Luis Aragonés |
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SUPLENTES: |
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23 Grégory Coupet (G) |
19 Santiago Cañizares (G) |
1 Mickaël Landreau (G) |
23 Pepe Reina (G) |
2 Jean-Alain Boumsong |
2 Míchel Salgado |
17 Gaël Givet |
4 Carlos Marchena |
13 Mikaël Silvestre |
20 Juanito |
21 Pascal Chimbonda |
12 Antonio López |
18 Alou Diarra |
6 David Albelda |
8 Vikash Dhorasoo |
16 Marcos Senna |
9 Sidney Govou |
13 Andrés Iniesta |
11 Sylvain Wiltord |
17 Joaquín |
14 Louis Saha |
10 José Antonio Reyes |
20 David Trezeguet |
11 Luis García |
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GOLS: |
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28′ David Villa (ESP) (pen) |
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41′ Franck Ribéry (FRA) |
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83′ Patrick Vieira (FRA) |
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90+2′ Zinedine Zidane (FRA) |
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CARTÕES AMARELOS: |
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68′ Patrick Vieira (FRA) |
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82′ Carles Puyol (ESP) |
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87′ Franck Ribéry (FRA) |
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90+1′ Zinedine Zidane (FRA) |
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SUBSTITUIÇÕES: |
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54′ David Villa (ESP) ↓ |
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Joaquín (ESP) ↑ |
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54′ Raúl (ESP) ↓ |
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Luis García (ESP) ↑ |
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72′ Xavi (ESP) ↓ |
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Marcos Senna (ESP) ↑ |
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74′ Florent Malouda (FRA) ↓ |
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Sidney Govou (FRA) ↑ |
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88′ Thierry Henry (FRA) ↓ |
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Sylvain Wiltord (FRA) ↑ |
Gols da partida:
Três pontos sobre…
… 11/06/2002 – Dinamarca 2 x 0 França
(Imagem: Pinterest)
● A França era a então campeã mundial e a maior favorita ao título, junto com a Argentina. Estava em uma sequência de títulos, com a Copa do Mundo de 1998, a Eurocopa de 2000 e a Copa das Confederações de 2001. E estavam ainda mais fortes do que quatro anos antes, mais experientes, com opções melhores no meio campo e no ataque.
Se o que faltava para a França em 1998 eram atacantes decisivos, de classe mundial, esse problema não existia mais em 2002. Thierry Henry e David Trezeguet formavam uma dupla de frente letal, que poderia ter a companhia de Sylvain Wiltord – sem contar Nicolas Anelka, que nem foi convocado. A dupla de volantes se completava. Claude Makélélé destruía e Patrick Vieira construía. Robert Pires foi uma ausência bastante sentida, ao ficar fora do Mundial por lesão nos ligamentos do joelho.
Mas o problema maior era a envelhecida defesa. Ainda permaneciam os mesmos nomes que venceram o Brasil na final em 1998: Barthez, Thuram, Lebœuf, Desailly e Lizarazu. Laurent Blanc se aposentou, mas a renovação foi fraca e Frank Lebœuff se tornou titular.
Mas o astro principal ainda era Zinédine Zidane, melhor jogador do mundo no ano anterior. Ele havia sido recém campeão da UEFA Champions League pelo Real Madrid, inclusive fazendo um gol histórico e decisivo na final, em vitória sobre o Bayer Leverkusen por 2 x 1. Pelo seu momento e pelo seu histórico decisivo em Copas, todas as expectativas francesas giravam em torno dele. Porém, como uma peça pregada pelo destino, Zizou se contundiu em um amistoso contra a Coreia do Sul, a quatro dias da estreia na Copa.
(Imagem: Whoateallthepies.tv)
● Os dinamarqueses estavam em sua terceira Copa, sendo a segunda consecutiva. Haviam chegado nas quartas de final em 1998, quando venderam caro a derrota de 3 a 2 para o Brasil. No Grupo 3 das eliminatórias europeias, se classificou invicta em um grupo que contava ainda com a Tchéquia e a Bulgária.
Não tinha mais suas referências históricas, como o goleiro Peter Schmeichel e os irmãos Brian e Michael Laudrup – aposentados. Mesmo assim, tinha a confiança da torcida e da imprensa de seu país. Apesar de não ter grandes estrelas, o time era mais equilibrado do que o de quatro anos antes.
O goleiro Thomas Sørensen substituiu Schmeichel com qualidade. Contava com a bola aérea e com o faro de gol do atacante Ebbe Sand, artilheiro da Bundesliga na temporada 2000/01. Seu parceiro de ataque era o ardiloso Jon Dahl Tomasson. O técnico era Morten Olsen, líbero da grande “Dinamáquina” de 1986. Michael Laudrup era seu auxiliar.
O técnico Morten Olsen armou o time no sistema 4-3-2-1, com um homem a mais no meio para fechar os espaços. O time tinha muita velocidade pelas pontas e jogadas aéreas.
A França jogava em um 4-2-3-1 bem compacto, com liberdade total para os ponteiros e para o maestro Zidane.
● Na partida de abertura do Mundial de 2002, a França foi surpreendida por Senegal – sua ex-colônia – e perdeu por 1 x 0. No jogo seguinte, uma partida sem gols com o Uruguai. Ambas sem Zidane.
Por ser uma situação bastante delicada, Zizou acelerou sua volta, mesmo sentindo dores, para jogar contra os dinamarqueses. Ele entrou em campo e jogou no sacrifício, pois ainda se recuperava de lesão na coxa. Mesmo sentindo dores e estando muito longe de apresentar uma forma física razoável, Zidane ainda seria o melhor da França em campo.
Se Les Bleus vencessem por uma diferença de dois gols, estariam classificados. E exatamente por isso os dois técnicos fizeram mudanças importantes em suas respectivas equipes.
O francês Roger Lemerre mudou sua tradicional defesa, deslocando Lilian Thuram para a zaga e colocando Vincent Candela na lateral direita. Christophe Dugarry ficou com a vaga de Thierry Henry, expulso contra o Uruguai. Zidane entrou na posição de Youri Djorkaeff.
Morten Olsen preferiu rechear seu meio campo para dificultar a criação francesa, com marcação especial em Zidane. Ele tirou seu artilheiro nas eliminatórias, o grandalhão Ebbe Sand, e colocou o jovem volante Christian Poulsen. Niclas Jensen dava juventude e fôlego na lateral esquerda, ao invés do veterano Jan Heintze. Martin Jørgensen era a experiência na ponta, no lugar de Jesper Grønkjær.
O primeiro ataque perigoso foi da França. Wiltord puxou contragolpe rápido e deixou para Trezeguet. Ele invadiu a área pela direita, cortou a marcação do zagueiro (que passou lotado no carrinho) e chutou com a perna boa, a esquerda. Mas Sørensen defendeu bem.
Mas a Dinamarca era mais perigosa com seu jogo vertical e velocidade pelas pontas.
Aos 22 minutos do primeiro tempo, Stig Tøfting cobrou o lateral para a área. A zaga rebateu e Tøfting cruzou na segunda trave. Dennis Rommedahl apareceu sozinho, livre nas costas da marcação para finalizar de primeira, sem qualquer chance para o goleiro Fabien Barthez. Dinamarca 1, França 0.
Logo na sequência, Zidane quase fez um golaço. Ele roubou uma bola na intermediária ofensiva e emendou de primeira. A bola passou muito próxima ao travessão, quase no ângulo.
Depois, Dugarry cruzou da esquerda e Trezeguet cabeceou bem, para o chão, como manda o figurino. Mas Sørensen defendeu de novo.
Os franceses sempre buscavam Zidane, para carimbar as jogadas de ataque. Mas ele estava muito bem marcado, além de estar longe de 100% fisicamente.
Zidane cobrou escanteio e Marcel Desailly cabeceou no travessão.
Aos 22′ da etapa final, Thomas Gravesen fez um belo passe em profundidade para Gronkjaer na ponta esquerda, que cruzou rasteiro de primeira para a área para Tomasson emendar para o gol. Tomasson segurou a camisa de Desailly, mas o árbitro não viu a falta. Com isso, o camisa 9 da Dinamarca apareceu livre na risca da pequena área e bateu de primeira no canto direito do goleiro. Dinamarca 2 a 0.
Mais próximo ao fim da partida, Bixente Lizarazu deixou com Wiltord que avançou e cruzou rasteiro da esquerda para Trezeguet chutar de primeira. A bola explodiu no travessão e não entrou.
Les Bleus criaram algumas chances de gol, mas não acabou fazendo nenhum.
Ficou para a posteridade a imagem de Zidane completamente frustrado e decepcionado com a eliminação.
(Imagem: Trivela)
● Na primeira rodada, a Dinamarca venceu o Uruguai por 2 x 1. Depois, empatou com Senegal por 1 x 1. Confirmou sua classificação em primeiro do grupo ao derrotar a França (2 x 0). Nas oitavas de final, não foi páreo para a Inglaterra e foi eliminada com a derrota por 3 a 0.
A França protagonizou o maior vexame de um campeão na Copa seguinte à da conquista da taça. Foi a pior campanha de um detentor de título mundial em toda a história, além de ser a primeira e única vez que uma seleção então campeã do mundo foi eliminada sem marcar sequer um mísero golzinho na competição.
● FICHA TÉCNICA: |
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DINAMARCA 2 x 0 FRANÇA |
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Data: 11/06/2002 Horário: 15h30 locais Estádio: Incheon Munhak Stadium Público: 48.100 Cidade: Incheon (Coreia do Sul) Árbitro: Vítor Melo Pereira (Portugal) |
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DINAMARCA (4-3-2-1): |
FRANÇA (4-2-3-1): |
1 Thomas Sørensen (G) |
16 Fabien Barthez (G) |
6 Thomas Helveg |
2 Vincent Candela |
4 Martin Laursen |
15 Lilian Thuram |
3 René Henriksen (C) |
8 Marcel Desailly (C) |
12 Niclas Jensen |
3 Bixente Lizarazu |
2 Stig Tøfting |
4 Patrick Vieira |
17 Christian Poulsen |
7 Claude Makélélé |
7 Thomas Gravesen |
11 Sylvain Wiltord |
19 Dennis Rommedahl |
10 Zinedine Zidane |
10 Martin Jørgensen |
21 Christophe Dugarry |
9 Jon Dahl Tomasson |
20 David Trezeguet |
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Técnico: Morten Olsen |
Técnico: Roger Lemerre |
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SUPLENTES: |
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16 Peter Kjær (G) |
23 Grégory Coupet (G) |
22 Jesper Christiansen (G) |
1 Ulrich Ramé (G) |
20 Kasper Bøgelund |
19 Willy Sagnol |
13 Steven Lustü |
18 Frank Lebœuf |
5 Jan Heintze |
5 Philippe Christanval |
23 Brian Steen Nielsen |
13 Mikaël Silvestre |
15 Jan Michaelsen |
14 Alain Boghossian |
14 Claus Jensen |
17 Emmanuel Petit |
8 Jesper Grønkjær |
22 Johan Micoud |
21 Peter Madsen |
6 Youri Djorkaeff |
18 Peter Løvenkrands |
9 Djibril Cissé |
11 Ebbe Sand |
12 Thierry Henry |
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GOLS: |
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22′ Dennis Rommedahl (DIN) |
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67′ Jon Dahl Tomasson (DIN) |
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CARTÕES AMARELOS: |
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8′ Christophe Dugarry (FRA) |
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27′ Christian Poulsen (DIN) |
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71′ Niclas Jensen (DIN) |
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SUBSTITUIÇÕES: |
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INTERVALO Martin Jørgensen (DIN) ↓ |
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Jesper Grønkjær (DIN) ↑ |
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54′ Christophe Dugarry (FRA) ↓ |
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Djibril Cissé (FRA) ↑ |
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71’Patrick Vieira (FRA) ↓ |
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Johan Micoud (FRA) ↑ |
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76′ Christian Poulsen (DIN) ↓ |
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Kasper Bøgelund (DIN) ↑ |
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79′ Stig Tøfting (DIN) ↓ |
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Brian Steen Nielsen (DIN) ↑ |
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83′ Sylvain Wiltord (FRA) ↓ |
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Youri Djorkaeff (FRA) ↑ |
Melhores momentos da partida:
Três pontos sobre…
… Zidane anuncia saída do Real Madrid
(Imagem: The 18)
Zinédine Yazid Zidane é um dos maiores jogadores de todos os tempos. Para alguns, ele é o maior de sua posição. Conquistou Copa do Mundo, Eurocopa, UEFA Champions League, Copa Intercontinental e vários outros títulos como jogador. Se ele quisesse ficar sentado em cima de suas glórias dentro de campo, poderia tê-lo feito. Mas encerrou a carreira no auge de seus 34 anos recém completados.
E ele queria mais. Em 2013 passou a ser auxiliar técnico de Carlo Ancelotti no Real Madrid. O clube tinha passado a ser a sua casa havia doze anos. Em 2014, se tornou o técnico do Castilla, time B dos merengues. Mas era muito pouco.
Nos primeiros dias de 2016, após a demissão de Rafa Benítez, Zizou assumiu como treinador do time principal do Real. Desde então, em dois anos e meio, conquistou “apenas” 03 (TRÊS) UEFA Champions League consecutivas (2015/16, 2016/17 e 2017/18), dois Campeonatos Mundiais Interclubes (2016 e 2017), um Campeonato Espanhol (2016/17), duas Supercopas da UEFA (2016 e 2017) e uma Supercopa da Espanha (2017).
(Imagem: David Ramos / Getty Images)
Seria natural que ele se acomodasse em seu cargo e seguisse conquistando mais títulos. Mas novamente surpreendeu ao anunciar no dia de hoje, 31/05/2018, a sua saída do comando do clube blanco.
“Eu tomei a decisão de não continuar como técnico do Real Madrid, é um momento raro, mas esse time precisa de uma mudança para continuar ganhando, precisa de outro discurso, outra metodologia de trabalho e é por isso que tomei essa decisão.”
Como discordar? Mesmo vencendo, algumas de suas decisões eram questionadas e os atletas pareciam mesmo acomodados em alguns momentos. Realmente essa mudança pode dar um novo fôlego ao Madrid.
O presidente do clube, Florentino Pérez, ficou surpreso com a decisão, mas respeitou e disse não ser um “adeus”, mas sim um “até breve”. Em seus 15 anos de presidência, Pérez viu pela primeira vez um técnico pedir para sair do clube (foram 13 demitidos pelo mandatário).
(Imagem: Made in Foot / IconSport)
A expectativa é que se anuncie o novo técnico nas próximas horas. A imprensa espanhola cita alguns nomes como favoritos, como Mauricio Pochettino (Tottenham), Joachim Löw (da seleção alemã), Massimiliano Alegri (Juventus), Jurgen Klopp (Liverpool), Antonio Conte (Chelsea), Maurizio Sarri (ex-Napoli), Arsène Wenger (ex-Arsenal), Santiago Solari (Real Madrid Castilla) e Guti Hernández (Real Madrid Sub-20).
De todos esses nomes, o mais cotado e surpreendente é o de Guti, ídolo do clube como jogador (jogou com Zidane), que vem fazendo a equipe sub-20 encantar. Porém, seria uma escolha que viria seguida de muita pressão em um momento como esse. Talvez o ideal seria um nome mais tarimbado, como o de Arsène Wenger, deixando Guti como auxiliar técnico, em uma espécie de transição até o ídolo merengue assumir o comando.
Como escrevemos aqui, esse Real Madrid construiu uma dinastia. Mas toda dinastia acaba. Além da saída de Zizou, Cristiano Ronaldo falou em tom de despedida no último sábado e Gareth Bale já disse estar insatisfeito no clube. Será o fim desse Real como conhecemos? O time tem uma grande capacidade técnica e financeira para se reconstruir e continuar sendo dominante no continente. Resta saber se isso será feito com competência, como nos últimos anos, ou de forma atabalhoada, como nos anos anteriores.
Ao Míster Zidane, o madridismo só tem uma coisa a dizer: “Obrigado!” Zizou deixa o Real Madrid ainda maior do que era quando assumiu. Deixa um grande legado e sobe o nível de exigência da torcida. A enorme idolatria que tinha como jogador, conseguiu ser ainda maior como técnico.
Três pontos sobre…
… 12/07/1998 – França 3 x 0 Brasil
“Allez Le Bleus!”
Zinedine Zidane desfilou em campo. (Imagem: Globo Esporte)
● Era a final dos sonhos: França e Brasil. Considerados favoritos desde o início, era a primeira decisão entre o país sede e o então campeão mundial. Era a primeira decisão dos franceses e a quinta dos brasileiros. Até então, a melhor classificação da França em uma Copa do Mundo tinha sido o 3º lugar em 1958 e 1986 (eles não disputavam um Mundial desde então). Mesmo anfitriã, “Les Bleus” não eram favoritos diante do Brasil, que defendia o título e tinha uma camisa pesada, com quatro títulos mundiais.
A França mostrava a sinergia de um grupo heterogêneo ao cantar emocionadamente o hino nacional, a linda “Marselhesa“, repetida por 80 mil pessoas no Stade de France, em Saint-Denis. Ainda houve tempo para o zagueiro Laurent Blanc dar o tradicional beijo na careca de Barthez, como tinha feito antes de cada jogo. Blanc estava suspenso. Em seu lugar, entrou o (também) ótimo Frank Leboeuf.
Na escalação, uma surpresa: Edmundo jogaria na vaga de Ronaldo. Mas na entrada em campo, o “Fenômeno” estava lá no lugar do “Animal”. Haviam rumores de que Ronaldo tinha sofrido um mal-estar à tarde (leia sobre isso mais abaixo). Cafu, suspenso na semifinal contra a Holanda, estava de volta ao time.
VEJA MAIS:
… 07/07/1998 – Brasil 1 x 1 Holanda
… 08/07/1998 – França 2 x 1 Croácia
… 28/06/1998 – França 1 x 0 Paraguai
… 27/06/1998 – Brasil 4 x 1 Chile
… 10/06/1998 – Brasil 2 x 1 Escócia
Mesmo com as críticas da torcida e da imprensa, o técnico francês Aimé Jacquet demonstrava total confiança em seu próprio trabalho e deu um “nó tático” no ultrapassado Zagallo. Um ano antes do Mundial aconteceu o Torneio da França, uma competição amistosa que reunia brasileiros, franceses, italianos e ingleses. Aquele mesmo torneio em que Roberto Carlos fez um gol de falta contra a França, em que a bola fez uma curva incrível, em um empate por 1 a 1. Naqueles dias, o esperto treinador francês tomou nota de tudo que viu em campo. Mas, principalmente uma sobre a Seleção Brasileira: era preciso impedir os avanços pelas laterais; se os laterais não jogassem, o time também não jogava. Assim, a estratégia estava bem definida: Karembeu foi escalado para marcar Rivaldo, mas fechava para ajudar Thuram a cercar Roberto Carlos. Da mesma forma era do outro lado: Petit marcava Leonardo, mas auxiliava Lizarazu a barrar Cafu. Foi uma marcação que não deu a mínima chance ao ataque brasileiro.
A França jogou no sistema 4-5-1, fechando os espaços do Brasil e apostando no contra-ataque.
O Brasil apostava no talento dos jogadores de frente e nos apoios dos laterais. Jogava no 4-3-1-2. Rivaldo era o “número 1”, fazendo a ligação entre meio e ataque, no sistema de Zagallo.
● Logo aos 28 segundos, o péssimo atacante francês Stéphane Guivarc’h quase fez um gol de puxeta, na primeira das inúmeras falhas do zagueiro Júnior Baiano nessa final.
A primeira jogada do ataque canarinho foi aos 21 minutos, quando Ronaldo (mesmo com todos os problemas) cruzou fechado para o gol. O excêntrico e careca goleiro Barthez quase falhou, mas desviou para fora.
Aos 23′, Leonardo cobrou escanteio para a cabeçada de Rivaldo, mas Barthez foi seguro na defesa.
Quando o Brasil errava menos passes e parecia se encontrar no jogo, Roberto Carlos desarma Karembeu, mas deixa a bola escapar e concede um escanteio bobo no lado direito do ataque francês. Petit cobrou de pé trocado, de esquerda, e Zidane veio correndo da entrada da área para desviar de cabeça para o gol, se antecipando a Leonardo e marcando seu primeiro gol na Copa. O técnico Jacquet sabia que não teria marcação sobre Zidane, já que ele (apesar de alto) não era conhecido como um bom cabeceador (e normalmente, ele era o responsável por várias das bolas paradas). Assim, aos 26 minutos, a dona da casa abria o placar. Foi o primeiro gol de cabeça de Zizou pela seleção (e logo viria o segundo…).
Poucos minutos após o gol francês, um lance ilustrou o frágil estado emocional do time brasileiro. Ronaldo recebeu lançamento de Dunga na entrada da área adversária e se chocou com Barthez, caindo imóvel no chão. Os jogadores do Brasil se desesperaram, pensando que algo mais grave poderia ter acontecido. Mas, felizmente, foi um choque normal. Mas esse fato só deixou ainda mais clara a preocupação que todos os jogadores tinham com Ronaldo, com medo de que ele repetisse a crise.
Uma incessante troca de passes, que até fez a torcida gritar “olé“, terminou no pé direito de Petit, que perdeu a chance de ampliar o marcador.
No fim do tempo regulamentar, Guivarc’h recebeu lançamento livre, após nova falha de Júnior Baiano, e chutou cruzado para uma excelente defesa de Taffarel. Na sequência, novo escanteio. Dessa vez era do lado esquerdo e foi cobrado também de pé trocado por Djorkaeff. A bola foi fechada, Dunga caiu e Zidane se antecipou e entrou de cabeça. A bola passou entre as pernas de Roberto Carlos. Dois gols de Zidane de cabeça! Inédito!
O Brasil voltou melhor para o segundo tempo. Zagallo atirou o Brasil no ataque. No intervalo, tirou Leonardo e colocou Denílson aberto na ponta esquerda e abriu Bebeto na direita. Avançou Rivaldo para ajudar Ronaldo no centro do ataque. Em determinado momento, o Brasil teve, ao mesmo tempo, cinco atacantes em campo: Bebeto, Ronaldo, Rivaldo, Denílson e Edmundo. Mas não conseguiu produzir como precisava.
A primeira grande chance foi de Ronaldo, aos 11 minutos. Rivaldo cobrou falta ensaiada com Roberto Carlos, que cruzou para o segundo pau. O camisa 9 apareceu livre, na pequena área, mas chutou sem ângulo em cima de Barthez.
Aos 15′, Roberto Carlos alçou uma cobrança de arremesso lateral para a área. Barthez saiu “catando borboletas” e a bola sobrou para Bebeto finalizar e Desailly salvar quase em cima da linha.
A França passou todo o segundo tempo tocando a bola e esperando o fim do jogo, ajudado pela apatia do time brasileiro. Mas ainda teve suas chances.
Foi uma aula de futebol do maestro Zinedine Zidane, muito mais do que os dois gols de cabeça. No meio campo, ele era marcado à distância por Dunga e César Sampaio, jogando livre e tomando conta do jogo. No lado esquerdo, Djorkaeff caía pelo meio para ajudar a armar as jogadas ofensivas. Os laterais Thuram e Lizarazu não apoiavam, cumprindo estritamente seus papeis defensivos.
Na metade do segundo tempo, Desailly avançou em contra-ataque, perdeu a bola e fez falta dura em Cafu, recebendo o segundo cartão amarelo e, por consequência, sendo expulso.
Aos 18′, pela terceira vez no jogo, Guivarc’h apareceu livre e isolou a bola. Aos 37, Dugarry imitou o colega e “conseguiu” perder um gol feito, chutando de forma bisonha à direita de Taffarel. Poderia ter sido uma goleada histórica, se os atacantes franceses tivessem acertado alguma das muitas chances perdidas.
No minuto 45, Edmundo fez uma boa jogada e tocou para Denílson. De esquerda, o chute tocou no travessão e foi para fora.
No fim, uma discussão sem necessidade entre Edmundo e Rivaldo, quando o camisa 10 colocou uma bola para fora para que Zidane recebesse atendimento médico. Edmundo, com seu excesso de vontade, foi contra o “fair play” do camisa 10.
A Seleção Canarinho foi definitivamente destroçada aos 47 minutos do segundo tempo. Denílson cobrou escanteio, Rivaldo não dominou a bola e Dugarry puxou o contra-ataque. Ele tocou para Vieira, que lançou de primeira para Petit nas costas de Cafu. O cabeludo, camisa nº 17, tocou cruzado na saída de Taffarel. 3 a 0.
Festa em todo o país! Enfim, a França conquistava sua primeira Copa do Mundo. O presidente Jacques Chirac entregou a taça ao capitão Didier Deschamps, que, merecidamente, a levantou. Justíssimo!
Zizou abriu o placar de cabeça. (Imagem: Baú do Futebol)
● Não faltaram motivos para o Brasil perder a final da Copa de 1998 para a França por 3 a 0. Mas até hoje há diversas pessoas que acreditam piamente em teorias da conspiração. Uma delas diz que o Brasil “vendeu” o jogo em troca de ser a sede da Copa do Mundo de 2014. Outra diz que houve um acordo entre Nike (fornecedora de material esportivo da Seleção Brasileira) e a Adidas (fornecedora dos franceses), para que o título de 1998 ficasse na França e o de 2002 viesse para o Brasil (mas será que acertaram também com todas as seleções que jogaram em 2002?) Outra versão diz que Ronaldo foi envenenado por um cozinheiro francês na concentração. A mais pura verdade é que a França se preparou e fez um Copa do Mundo melhor do que o Brasil. Os franceses anularam Ronaldo e Rivaldo, as principais peças do Brasil até a final, e explorou os contra-ataques e as deficiências da defesa brasileira.
A França era o primeiro país sede a conquistar o título desde a Argentina em 1978. Foi o primeiro país campeão a terminar uma Copa com o melhor ataque (15 gols) e a melhor defesa (dois gols). Já o Brasil sofreu seu maior revés em Copas (0 x 3 contra a França) e terminou com a defesa mais vazada da competição (dez gols).
O mundo parou quando Ronaldo se chocou com Barthez. Felizmente, nada mais grave. (Imagem localizada no Google)
● Primeiro, falou-se em uma lesão no tornozelo. Depois, descobriu-se que o atacante havia sofrido um mal súbito na concentração durante a tarde. Existem várias versões: uma diz que foi um colapso nervoso, outra que foi o excesso de infiltrações de xilocaína no joelho (oito injeções em 32 dias) e até uma que diz que foi um ataque cardíaco.
Segue abaixo a reprodução do “Guia dos Curiosos das Copas do Mundo“, de Marcelo Duarte:
“No dia da decisão da Copa, por volta das 14 horas, Roberto Carlos levou o maior susto ao ver seu companheiro de quarto, Ronaldo, salivando, revirando os olhos, respirando com dificuldade. “Para com isso, Ronaldo, acorda!”, disse Roberto Carlos. Vendo que a coisa era séria, o jogador saiu do quarto correndo, pedindo ajuda. César Sampaio e Leonardo prestaram os primeiros socorros, enquanto Bebeto e Edmundo foram chamar o médico Lídio Toledo. Edmundo chegou a gritar pelos corredores que “Ronaldinho estava morrendo”. Quando o médico chegou, Ronaldo pediu para continuar a dormir. Ao acordar para o lanche, ele não se lembrava da crise convulsiva. Foi levado a uma clínica para fazer exames neurológicos completos, que nada acusaram. A convulsão, segundo uma das versões, teria sido causada por uma injeção de xilocaína aplicada no joelho do jogador. Mesmo assim, Edmundo foi escalado como titular. Ronaldo chegou ao estádio às 20h10, trocou-se rapidamente e pediu para ser escalado – o jogo começaria às 21 horas, no horário local. A comissão técnica fez uma reunião numa sala ao lado do vestiário:
– Estou bem, professor, ninguém me tira desse jogo – disse Ronaldo.
– Como é, Lídio? – perguntou o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, que desceu apressado das tribunas ao receber a escalação da equipe sem Ronaldo.
– Não vou assumir sozinho. É muita responsabilidade – respondeu Lídio.
– Está bem? Não sente nada? Então, pronto, está decidido: você vai jogar – disparou o técnico Zagallo.
– Então, bota o garoto – ordenou Ricardo Teixeira.”
● FICHA TÉCNICA: |
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FRANÇA 3 X 0 BRASIL |
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Data: 12/07/1998 Horário: 21h00 locais Estádio: Stade de France Público: 80.000 Cidade: Saint-Denis (França) Árbitro: Said Belqola (Marrocos) |
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FRANÇA (4-5-1): |
BRASIL (4-3-1-2): |
16 Fabien Barthez (G) |
1 Taffarel (G) |
15 Lilian Thuram |
2 Cafu |
18 Frank Leboeuf |
4 Júnior Baiano |
8 Marcel Desailly |
3 Aldair |
3 Bixente Lizarazu |
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7 Didier Deschamps (C) |
5 César Sampaio |
19 Christian Karembeu |
8 Dunga (C) |
17 Emmanuel Petit |
18 Leonardo |
10 Zinedine Zidane |
10 Rivaldo |
6 Youri Djorkaeff |
20 Bebeto |
9 Stéphane Guivarc’h |
9 Ronaldo |
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Técnico: Aimé Jacquet |
Técnico: Zagallo |
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SUPLENTES: |
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1 Bernard Lama (G) |
12 Carlos Germano (G) |
22 Lionel Charbonnier (G) |
22 Dida (G) |
5 Laurent Blanc |
13 Zé Carlos |
2 Vincent Candela |
14 Gonçalves |
14 Alain Boghossian |
15 André Cruz |
4 Patrick Vieira |
16 Zé Roberto |
11 Robert Pirès |
17 Doriva |
13 Bernard Diomède |
11 Emerson |
21 Christophe Dugarry |
7 Giovanni |
12 Thierry Henry |
19 Denílson |
20 David Trezeguet |
21 Edmundo |
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GOLS: |
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27′ Zinedine Zidane (FRA) |
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45+1′ Zinedine Zidane (FRA) |
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90+3′ Emmanuel Petit (FRA) |
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CARTÕES AMARELOS: |
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33′ Júnior Baiano (BRA) |
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39′ Didier Deschamps (FRA) |
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48′ Marcel Desailly (FRA) |
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56′ Christian Karembeu (FRA) |
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CARTÃO VERMELHO: 68′ Marcel Desailly (FRA) |
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SUBSTITUIÇÕES: |
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INTERVALO Leonardo (BRA) ↓ |
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Denílson (BRA) ↑ |
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57′ Christian Karembeu (FRA) ↓ |
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Alain Boghossian (FRA) ↑ |
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66′ Stéphane Guivarc’h (FRA) ↓ |
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Christophe Dugarry (FRA) ↑ |
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73′ César Sampaio (BRA) ↓ |
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Edmundo (BRA) ↑ |
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74′ Youri Djorkaeff (FRA) ↓ |
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Patrick Vieira (FRA) ↑ |
VEJA OUTROS JOGOS DA COPA DE 1998:
… 30/06/1998 – Argentina 2 x 2 Inglaterra
… 04/07/1998 – Holanda 2 x 1 Argentina
… 29/06/1998 – Holanda 2 x 1 Iugoslávia
… 13/06/1998 – Nigéria 3 x 2 Espanha
… 11/07/1998 – Croácia 2 x 1 Holanda
… 20/06/1998 – Bélgica 2 x 2 México
… 11/06/1998 – Itália 2 x 2 Chile
França campeã do mundo em 1998. (Imagem: AFP / Getty Images)
Gols da decisão:
Jogo completo: