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… 09/06/1986 – França 3 x 0 Hungria

Três pontos sobre…
… 09/06/1986 – França 3 x 0 Hungria


(Imagem: AFP)

● A seleção francesa mantinha o mesmo time base de 1978 e 1982, mas estava ainda mais forte. O “quadrado mágico” do meio de campo ganhou mais qualidade com Luis Fernández fazendo companhia a Jean Tigana, Alain Giresse e Michel Platini.

Platini era, ao mesmo tempo, o arco e a flecha. Era o armador das melhores jogadas e o principal finalizado também. Com extraordinária habilidade, era o maestro de uma grande orquestra. Ele vivia o auge de sua forma técnica, sendo eleito o Bola de Ouro da revista France Football por três anos consecutivos – 1983, 1984 e 1985. Com nove gols em cinco jogos, foi também o craque do título da Eurocopa de 1984 – primeiro título relevante da história da seleção francesa. Além disso, foi também o jogador mais importante do primeiro título da Juventus na Copa dos Campeões da Europa, na temporada 1984/85.

O técnico era Henri Michel, ex-meio campista da seleção francesa. Ele foi o treinador da equipe que conquistou a medalha de ouro dos Jogos Olímpicos de 1984, em Los Angeles. Michel levou para a seleção principal alguns dos campeões olímpicos, como o goleiro Albert Rust, o zagueiro Michel Bibard, o lateral Ayache (que logo se tornou titular), e os pontas Daniel Xuereb e José Touré. Mas Touré precisou ser cortado por ter os ligamentos do joelho rompidos em uma partida do Nantes na antiga Copa da UEFA. Para seu lugar foi convocado Jean-Pierre Papin, do Club Brugge, da Bélgica.

Por tudo isso, uma euforia sem precedentes tomou conta dos torcedores franceses. Eles se consideravam prontos para entrar para a história com o título mundial.


(Imagem: Agence France Presse)

● Em um grupo com franceses e soviéticos, a Hungria corria por fora. O histórico credenciava os magiares, com melhor retrospecto: dois vice-campeonatos mundiais (1938 e 1954) e três títulos olímpicos (1952, 1964 e 1968).

Além dos números, contava a seu favor o respeito ao futebol técnico, vistoso e bem jogado – algumas vezes até taxado de não ser competitivo por priorizar o jogo vistoso, muitas vezes de forma irresponsável.

Os destaques da seleção húngara eram o goleiro Péter Disztl, o lateral direito baixinho Sándor Sallai e o veloz Márton Esterházy. Mas o craque do time era o ponta de lança Lajos Détári, dono de ótima visão de jogo, rápido, inteligente, habilidoso e artiheiro. O desfalque foi o experiente meia Tibor Nyilasi, machucado.

Era considerada a melhor seleção húngara desde 1966.


Treinada por Henri Michel, a França atuava no sistema tático 4-4-2. O destaque era seu quarteto de meio campo, com muita qualidade técnica: Fernández, Tigana, Giresse e Platini.


A Hungria jogava no 4-4-2 clássico, com Lajos Détári carimbando todas as jogadas do time pelo meio.

● A vitória sobre o Canadá (1 x 0) e o empate com a União Soviética (1 x 1) deixou a França em boa situação no Grupo C. Bastaria um empate com a Hungria na última rodada para garantir a classificação.

A Hungria havia sido goleada na estreia pela URSS por 6 x 0. Se recuperou na segunda partida ao vencer o Canadá por 2 x 0. Contra os franceses, era tudo ou nada para os húngaros.

O primeiro tempo foi equilibrado, com um futebol vistoso e leve predomínio da França.

O placar foi aberto após 29 minutos jogados. Ayache recebeu lançamento e cruzou da direita. Yannick Stopyra apareceu sem marcação na segunda trave e cabeceou firme no ângulo do goleiro Péter Disztl.

Aos poucos o time do técnico Henri Michel começava a encontrar a sua melhor forma técnica. Principalmente após a saída do inoperante Papin para a entrada do experiente e participativo Dominique Rocheteau.

Aos 17′ do segundo tempo, Tigana avançou em velocidade desde seu próprio campo. Passou para Rocheteau, que antes da entrada da área, girou em cima de um marcador e devolveu. Tigana recebeu livre e ajeitou o corpo para bater firme de esquerda, no canto direito do goleiro. O segundo gol praticamente garantiu a vitória.

A Hungria chegou a mandar uma bola na trave no segundo tempo. Mas isso foi o máximo que conseguiu fazer diante de uma França imponente.

O terceiro gol dos gauleses saiu a seis minutos do apito final. Joël Bats repôs a bola em jogo com um chutão para frente. Platini deixou ela quicar e e dominou pelo lado esquerdo da grande área. Com uma visão de jogo incrível – que só os gênios têm –, ele viu a chegada de Rocheteau na segunda trave e cruzou de pé trocado. Rocheteau apareceu nas costas de um zagueiro e só teve o trabalho de dar um toquinho por cima do goleiro.


(Imagem: Eurosport)

● Com esses resultados, a França terminou em segundo lugar da chave, atrás da União Soviética no saldo de gols. Esse mesmo critério (saldo de gols de -7) foi o que impediu a Hungria de se classificar como um dos melhores terceiros.

Na sequência, a França eliminou a atual campeã Itália nas oitavas de final, com uma vitória por 2 a 0.

Nas quartas, outro duelo gigante, com a Seleção Brasileira, de Sócrates, Júnior, Zico, Müller, Careca, Edinho, Branco e outros grandes jogadores. Empate em 1 x 1 no tempo normal (com direito a pênalti perdido de Zico). Na decisão por penalidades, “Les Bleus” tiveram mais sorte e venceram por 4 a 3.

Na semifinal, a França enfrentou sua “asa negra”, a Alemanha Ocidental. Perdeu por 2 x 0, naquele que foi o “canto do cisne” daquela geração.

Encerrou a Copa conquistando o 3º lugar ao vencer a surpreendente Bélgica por 4 x 2. Essa campanha igualou a melhor classificação final da história francesa até então – já havia chegado em 3º em 1958.


(Imagem: Bob Thomas / Getty Images)

FICHA TÉCNICA:

 

FRANÇA 3 x 0 HUNGRIA

 

Data: 09/06/1986

Horário: 12h00 locais

Estádio: Nou Camp

Público: 31.420

Cidade: León (México)

Árbitro: Carlos Silva Valente (Portugal)

 

FRANÇA (4-4-2):

HUNGRIA (4-4-2):

1  Joël Bats (G)

1  Péter Disztl (G)

2  Manuel Amoros

2  Sándor Sallai

4  Patrick Battiston

3  Antal Róth

6  Maxime Bossis

6 Imre Garaba (C)

3  William Ayache

4  József Varga

9  Luis Fernández

5  József Kardos

14 Jean Tigana

9  László Dajka

12 Alain Giresse

15 Péter Hannich

10 Michel Platini (C)

10 Lajos Détári

17 Jean-Pierre Papin

20 Kálmán Kovács

19 Yannick Stopyra

11 Márton Esterházy

 

Técnico: Henri Michel

Técnico: György Mezey

 

SUPLENTES:

 

 

22 Albert Rust (G)

18 József Szendrei (G)

21 Philippe Bergeroo (G)

22 József Andrusch (G)

5  Michel Bibard

14 Zoltán Péter

7  Yvon Le Roux

12 József Csuhay

8  Thierry Tusseau

13 László Disztl

15 Philippe Vercruysse

8  Antal Nagy

13 Bernard Genghini

16 József Nagy

11 Jean-Marc Ferreri

17 Győző Burcsa

16 Bruno Bellone

21 Gyula Hajszán

20 Daniel Xuereb

19 György Bognár

18 Dominique Rocheteau

7  József Kiprich

 

GOLS:

29′ Yannick Stopyra (FRA)

62′ Jean Tigana (FRA)

84′ Dominique Rocheteau (FRA)

 

CARTÕES
AMARELOS:

41′ William Ayache (FRA)

69′ Dominique Rocheteau (FRA)

 

SUBSTITUIÇÕES:

INTERVALO Péter Hannich (HUN) ↓

Antal Nagy (HUN) ↑

 

61′ Jean-Pierre Papin (FRA) ↓

Dominique Rocheteau (FRA) ↑

 

65′ Kálmán Kovács (HUN) ↓

György Bognár (HUN) ↑

 

71′ Yannick Stopyra (FRA) ↓

Jean-Marc Ferreri (FRA) ↑

Gols da partida:

… 08/06/1958 – União Soviética 2 x 2 Inglaterra

Três pontos sobre…
… 08/06/1958 – União Soviética 2 x 2 Inglaterra


(Imagem: Pinterest)

● Por ser o mais equilibrado da Copa, o Grupo 4 era chamado pela imprensa de “Grupo de Ferro”. Além de Inglaterra e URSS, a chave ainda tinha o talento dos craques da Seleção Brasileira e o bom time da Áustria, que tinha terminado o Mundial anterior na 3ª colocação.

A União Soviética chegou ao Mundial como uma das favoritas ao título, muito por causa da conquista da medalha de ouro dos Jogos Olímpicos de 1956, em Melbourne. Mas teve certa dificuldade para se qualificar para o Mundial na Suécia. No Grupo 6 das eliminatórias, terminou empatada em número de pontos com a Polônia e precisou do jogo desempate, quando derrotou os poloneses por 2 x 0 em Leipzig, na Alemanha Oriental.

A URSS atraía a curiosidade de todos. Tudo que vinha “do lado de lá” da Cortina de Ferro tinha uma aura misteriosa e moderna que dava medo ao mundo ocidental, em todos os âmbitos: na ciência, nos equipamentos bélicos, no esporte e em tudo mais. A lenda do “futebol científico” – que havia produzido um sistema perfeito para derrotar qualquer equipe – deixava os adversários intimidados. Segundo uma história contada na época, a comissão técnica soviética teria cruzado o provável desempenho dos rivais em computadores e, após os cálculos, o país seria campeão do mundo.


Lev Yashin recebe a bola recuada antes da chegada de Derek Kevan (Imagem: Futbox)

● Em sua partida de estreia em Copas do Mundo, a União Soviética enfrentou um forte adversário.

A Inglaterra se classificou no Grupo 1 das eliminatórias. Mesmo em um grupo com a incipiente Dinamarca e a fraca Irlanda, o English Team não foi soberano. A qualificação foi alcançada apenas aos 44 minutos do segundo tempo do último jogo, quando John Atyeo fez o gol do empate por 1 x 1 com os irlandeses, em Dublin.

Os ingleses não tinham mais a aura de invencível, principalmente depois das duas surras que sofreram da Hungria em 1953 (3 x 6) e 1954 (1 x 7). Mas ainda era um time muito respeitável, com jogadores como o capitão Billy Wright, Bobby Robson, Johnny Haynes e Tom Finney. No banco já aparecia o craque Bobby Charlton, de apenas 20 anos, que lideraria a seleção campeã do mundo em 1966 (disputaria quatro Copas, entre 1958 e 1970). Inclusive, Charlton foi um dos sobreviventes da “Tragédia de Munique”.

O futebol inglês ainda vivia o luto causado pelo desastre aéreo ocorrido no aeroporto de Munique no dia 06 de fevereiro daquele mesmo ano, que causou a morte de 23 dos 38 tripulantes, sendo oito jogadores do Manchester United. Entre os mortos, três atletas que certamente seriam titulares do English Team na Copa da Suécia: Roger Byrne (28 anos), capitão do Man Utd, que havia jogado o Mundial de 1954; Tommy Taylor (26 anos), grande artilheiro dos Red Devils e também veterano da Copa de 1954; e Duncan Edwards (21 anos), um jogador polivalente, adorado pelos ingleses e que – segundo a imprensa europeia – tinha potencial para ser o melhor do mundo.

Os três foram perdas muito sentidas para o time formado pelo técnico Walter Winterbottom. Além do aspecto técnico, o fator psicológico também foi preponderante. Em um amistoso preparatório disputado um mês antes do Mundial, a Inglaterra perdeu por 5 x 0 para a Iugoslávia, em Belgrado.


(Imagem: sovsport.ru)

● Esse foi um duelo muito aguardado, por colocar frente a frente duas escolas diferentes e com grande qualidade técnica.

As duas seleções entraram em campo com seus uniformes tradicionais: os ingleses de calção preto e camisa branca com o símbolo dos três leões (Three Lions), enquanto os soviéticos vestiam calção branco e a camisa vermelha ostentando o famoso símbolo “CCCP” (Союз Советских Социалистических Республик – União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, escrita em russo com o alfabeto cirílico). O goleiro Lev Yashin justificava a alcunha de Aranha Negra, com seu uniforme todo preto, sua tradicional boina e uma coisa inédita: luvas. Yashin foi o primeiro goleiro a usar luvas de couro para proteger as mãos em uma partida de Copa do Mundo.

A principal ausência na seleção soviética foi a do centroavante Eduard Streltsov, artilheiro do time nas eliminatórias. Ele foi impedido de sair de seu país por estar respondendo a um processo criminal por estupro. Diz a lenda que ele era inocente e seu julgamento teria sido todo armado porque ele bateu de frente com o regime comunista russo. Porém, essa é uma história polêmica que fica pra outro momento. Mas ele fez muita falta à equipe e, talvez, se estivesse em campo, a URSS poderia ter tido melhor sorte ao longo da competição.


A URSS jogava em um sistema W-M adaptado, com um homem na sobra, como um líbero. Os meias jogavam muito perto dos pontas e trocavam de posição com frequência.


A Inglaterra ainda utilizada o velho sistema W-M, criado por Herbert Chapman em 1925. Era um estilo de jogo mais estático que o dos soviéticos.

● Praticamente ninguém sabia como jogava a URSS. E os ingleses descobriram da pior maneira, já dentro de campo. A novidade tática dos soviéticos estava no ataque, com os meias jogando bem próximos dos pontas, com muita movimentação. O centroavante Nikita Simonyan se mexia incessantemente, caindo para os dois lados. Essa troca de posições constante confundiu muito a marcação da defesa inglesa. Mesmo com a proteção do grande Billy Wright como líbero, o time só se encontrou após sofrer dois gols.

O placar foi aberto aos 13 minutos. Após cruzamento da direita, a bola passou por todo mundo e Nikita Simonyan chutou para o gol vazio.

O segundo foi foi marcado aos 11′ do segundo tempo. Aleksandr Ivanov recebeu na meia-lua, invadiu a área sem marcação, driblou o goleiro Colin McDonald e finalizou de esquerda para o gol.

O jogo parecia resolvido. Mas os ingleses tinham uma jogada que praticavam desde o século XIX: os famosos “chuveirinhos” – as bolas aéreas cruzadas na área desde a linha lateral. E o primeiro gol saiu assim, aos 21′, em um desses incessantes cruzamentos. Bryan Douglas cruzou da direita. De dentro da pequena área, Derek Kevan cabeceou para baixo e a bola entrou à direita de Yashin.

O English Team seguiu atacando em busca da igualdade, principalmente apostando na bola aérea.

Em um bom lance, o veterano Tom Finney passou por Vladimir Kesarev, foi até a linha de fundo e cruzou da esquerda. Yashin segurou, mas Kevan atingiu o goleiro na dividida. A bola sobrou livre para Bobby Robson marcar o gol, mas o árbitro húngaro István Zsolt já havia marcado corretamente a falta no lance.

Yashin tinha dificuldades até para repor a bola em jogo, pois os atacantes ingleses ficavam em cima, impedindo a saída rápida do arqueiro soviético.

Mas McDonald também trabalhava. Aleksandr Ivanov cruzou da ponta direita e o goleiro inglês saiu para tirar a bola de Simonyan e evitar o gol.

O empate veio a cinco minutos do fim em um pênalti muito polêmico. Johnny Haynes foi derrubado quase na linha da grande área. Mal posicionado, o juiz assinalou o pênalti. Tom Finney bateu com precisão, forte e rasteiro, no canto direito de Yashin – que até acertou o lado, mas não conseguiu pegar.

No fim, o placar de 2 a 2 foi um empate honroso, que justificou a qualidade das duas seleções.


Tom Finney converte a cobrança de pênalti sobre o goleiro Lev Yashin (Imagem: Popperfoto / Getty Images)

● Na segunda partida, a URSS venceu a Áustria por 2 x 0 e perdeu para o Brasil pelo mesmo placar. Por sua vez, a Inglaterra empatou sem gols com a Seleção Brasileira e por 2 x 2 com a Áustria. Com a igualdade em número de pontos, tiveram que fazer uma partida extra entre si para definir quem passaria de fase.

Aliás, o equilíbrio tomou conta da fase de grupos. Tanto, que foram necessários três jogos desempate para definir os classificados para as quartas de final. Somente o Grupo 2 classificou dois países de forma direta. No Grupo 1, a Irlanda do Norte bateu a Tchecoslováquia por 2 x 1. Pelo Grupo 3, o País de Gales venceu a Hungria também por 2 x 1. No Grupo 4, União Soviética e Inglaterra voltaram a se enfrentar nove dias depois da primeira partida.

E, no dia 17/06/1958, qualquer uma das duas equipes poderiam ter vencido. Os soviéticos jogaram melhor na primeira etapa, mas não conseguiram abrir o placar. O segundo tempo foi dominado pelos ingleses e, mais especificamente, pelo atacante estreante Peter Brabrook, do Chelsea. Ele mandou duas bolas na trave e ainda teve um gol anulado (ele tocou a bola com a mão antes de finalizar no ângulo direito). Mas foi a URSS quem fez o único gol do jogo, aos 23′ da etapa final. O goleiro McDonald saiu jogando errado e entregou a bola nos pés de Valentin Ivanov. Após uma rápida troca de passes, o ponta esquerda Anatoli Ilyin ficou com a bola dentro da área e finalizou antes da chegada de dois marcadores. A bola tocou na trave direita antes de entrar. Depois do gol, os soviéticos recuaram para segurar o resultado. Os britânicos foram para o abafa, mas a defesa russa se sobressaiu, com destaques para o goleirão Lev Yashin e o zagueiro Yuriy Voynov.

Na sequência, o “futebol científico” soviético foi por água abaixo nas quartas de final ao ser eliminado pela Suécia, a dona da casa, com uma derrota por 2 x 0.


Lance do jogo desempate, quando a URSS eliminou a Inglaterra com vitória por 1 a 0 (Imagem: Popperfoto / Getty Images)

FICHA TÉCNICA:

 

UNIÃO SOVIÉTICA 2 x 2 INGLATERRA

 

Data: 08/06/1958

Horário: 19h00 locais

Estádio: Nya Ullevi

Público: 49.348

Cidade: Gotemburgo (Suécia)

Árbitro: István Zsolt (Hungria)

 

UNIÃO SOVIÉTICA (WM):

INGLATERRA (WM):

1  Lev Yashin (G)

1  Colin McDonald (G)

2  Vladimir Kesarev

2  Don Howe

3  Konstantin Krizhevsky

5  Billy Wright (C)

4  Boris Kuznetsov

3  Tommy Banks

5  Yuriy Voynov

4  Eddie Clamp

16 Viktor Tsaryov

6  Bill Slater

17 Aleksandr Ivanov

7  Bryan Douglas

8  Valentin Ivanov

8  Bobby Robson

9  Nikita Simonyan (C)

9  Derek Kevan

10 Sergei Salnikov

10 Johnny Haynes

11 Anatoli Ilyin

11 Tom Finney

 

Técnico: Gavriil Kachalin

Técnico: Walter Winterbottom

 

SUPLENTES:

 

 

12 Vladimir Maslachenko (G)

12 Eddie Hopkinson (G)

13 Vladimir Belyayev (G)

13 Alan Hodgkinson (G)

14 Leonīds Ostrovskis

14 Peter Sillett

22 Vladimir Yerokhin

16 Maurice Norman

15 Anatoli Maslyonkin

15 Ronnie Clayton

19 Gennadi Gusarov

18 Peter Broadbent

6  Igor Netto

22 Maurice Setters

20 Yuri Falin

20 Bobby Charlton

7  German Apukhtin

17 Peter Brabrook

18 Valentin Bubukin

19 Bobby Smith

21 Genrikh Fedosov

21 Alan A’Court

 

GOLS:

13′ Nikita Simonyan (URSS)

56′ Aleksandr Ivanov (URSS)

66′ Derek Kevan (ING)

85′ Tom Finney (ING) (pen)

Gols e outros momentos importantes da partida:

… 07/06/1970 – México 4 x 0 El Salvador

Três pontos sobre…
… 07/06/1970 – México 4 x 0 El Salvador


(Imagem: elsalvador.com)

● Essa partida foi um importante marco histórico. Foi o primeiro jogo entre duas seleções que não eram da Europa ou da América do Sul. Curiosamente, as duas do mesmo continente. Era reflexo de como as vagas eram distribuídas. Em 1970, das 16 equipes, nove eram da Europa, três da América do Sul, duas da América do Norte e Central (sendo uma a anfitriã), uma da Ásia e uma da África. Era o início da globalização do futebol.

O futebol mexicano não era totalmente profissional em 1970. Dos 22 jogador inscritos pelo México, havia nove que tinham outras profissões bem diferentes: um dentista, um economista, um advogado, um arquiteto, um administrador, um engenheiro químico, um filósofo, um artista ceramista e até mesmo um seminarista.

O técnico mexicano Raúl Cárdenas tinha experiência em Mundiais. Defendeu seu país como zagueiro nas Copas de 1954, 1958 e 1962.

Um dos atletas mexicanos convocados por Cárdenas foi o defensor José Vantolrá, filho de Martín Ventolrá, que jogou a Copa de 1934 pela Espanha. Esse é dos raros casos em que um pai atuou por uma seleção e o filho por outra. Os outros dois casos envolvem dissolução de países: Ilija Petković jogou pela Iugoslávia em 1974 e seu filho, Dušan Petković, foi convocado pela Sérvia e Montenegro em 2006 (acabou não ficando na delegação por desavenças); e Vladimír Weiss jogou pela Tchecoslováquia em 1990 e seu filho, de mesmo nome, atuou pela Eslováquia em 2010.

Jogando em casa, o México contava com a altitude, com clima seco e quente, para alimentar o sonho de passar de fase pela primeira vez em sua rica história em Copas. O empate sem gols na primeira partida contra a União Soviética foi um bom presságio.

El Salvador precisou até de uma guerra para disputar sua primeira Copa do Mundo. Mas o time era fraco. Chegava sem nenhuma expectativa. Na estreia, perdeu para a Bélgica por 3 x 0.


Ambas equipes atuavam no sistema tático 4-2-4.

● O jogo transcorreu normalmente até o fim do primeiro tempo, sem chances claras para nenhuma das duas equipe.

Mas um lance polêmico acabou por mudar a história da partida.

No último minuto do primeiro tempo, o árbitro egípcio Ali Kandil marcou uma falta próximo à linha lateral. Os salvadorenhos entenderam que a falta era a seu favor – o que realmente foi a impressão geral.

Mas o mexicano Aarón Padilla quis ser mais esperto e tocou a bola. O juiz deixou o jogo correr e o México seguiu com a bola. Javier Fragoso avançou e cruzou da esquerda, Padilla ajeitou e Javier Valdivia escorou para o gol.

Os jogadores de El Salvador nem se mexeram para impedir, esperando o apito do egípcio. Mas quando o gol foi confirmado, os salvadorenhos ficaram inconformados e cercaram o juiz, tirando a bola de campo e não deixando que o jogo recomeçasse.

Até que o capitão Salvador Mariona perdeu a paciência e deu um bico na bola para fora de campo. Para não se complicar ainda mais (como se fosse possível), o árbitro apitou logo o fim do primeiro tempo e se mandou para o vestiário.


(Imagem: Reprodução / FIFA)

A comissão técnica de El Salvador cogitou não voltar para o segundo tempo, mas a ideia não foi adiante.

Mas, psicologicamente abalados, os salvadorenhos foram presas fáceis na etapa final e a goleada foi uma consequência natural.

Logo no primeiro minuto, Fragoso rolou para Valdivia, perto da área. O camisa 19 girou em cima da marcação e chutou na saída do goleiro Raúl Magaña, anotando seu segundo gol na partida.

Aos 13′, após bola alta na área salvadorenha, López Salgado escorou de cabeça e Fragoso emendou de primeira. 3 a 0.

A sete minutos do fim, Valdivia, o melhor em campo, lançou e Basaguren tocou na saída do goleiro. Juan Ignacio Basaguren entrou para a história das Copas ao se tornar o primeiro jogador a marcar um gol depois de ter saído do banco.


(Imagem: Reprodução / FIFA)

● Em seu último jogo da primeira fase, El Salvador perdeu para a União Soviética por 2 x 0. “La Selecta Cuscatleca” (apelido da seleção salvadorenha) acabou sendo eliminada com três derrotas em três jogos, nenhum gol marcado e nove gols sofridos.

Na terceira partida, o México venceu a Bélgica por 1 x 0 no confronto direto (no maior público da Copa, com 108.192 expectadores) e se classificou em segundo lugar no Grupo 1. Nas oitavas de final, o México fez o que pôde, mas acabou sendo eliminado ao perder para a Itália por 4 x 1.


(Imagem: Pinterest)

FICHA TÉCNICA:

 

MÉXICO 4 x 0 EL SALVADOR

 

Data: 07/06/1970

Horário: 12h00 locais

Estádio: Azteca

Público: 103.058

Cidade: Cidade do México (México)

Árbitro: Ali Kandil (República Árabe Unida, atual Egito)

 

MÉXICO (4-2-4):

EL SALVADOR (4-2-4):

1  Ignacio Calderón (G)

1  Raúl Magaña (G)

13 José Vantolrá

2  Roberto Rivas

3  Gustavo Peña (C)

3  Salvador Mariona (C)

14 Javier Guzmán

5  Saturnino Osorio

5  Mario Pérez

4  Santiago Cortés

17 José Luis González

6  José Quintanilla

8  Antonio Munguía

8  Jorge Vásquez

19 Javier Valdivia

10 Salvador Cabezas

21 Javier Fragoso

7  Mauricio Rodríguez

9  Enrique Borja

9  Juan Ramón Martínez

11 Aarón Padilla

11 Ernesto Aparicio

 

Técnico: Raúl Cárdenas

Técnico: Hernán Carrasco

 

SUPLENTES:

 

 

12 Antonio Mota (G)

13 Tomás Pineda (G)

22 Francisco Castrejón (G)

20 Gualberto Fernández (G)

2  Juan Manuel Alejándrez

14 Mauricio Manzano

4  Francisco Montes

18 Guillermo Castro

6  Guillermo Hernández

22 Alberto Villalta

7  Marcos Rivas

16 Genaro Sermeño

15 Héctor Pulido

19 Sergio Méndez

16 Isidoro Díaz

15 David Cabrera

18 Mario Velarde

17 Jaime Portillo

20 Juan Ignacio Basaguren

12 Mario Monge

10 Horacio López Salgado

21 Elmer Acevedo

 

GOLS:

45′ Javier Valdivia (MEX)

46′ Javier Valdivia (MEX)

58′ Javier Fragoso (MEX)

83′ Juan Ignacio Basaguren (MEX)

 

SUBSTITUIÇÕES:

INTERVALO Enrique Borja (MEX) ↓

Horacio López Salgado (MEX) ↑

 

58′ Ernesto Aparicio (ELS) ↓

Sergio Méndez (ELS) ↑

 

68′ Santiago Cortés (ELS) ↓

Mario Monge (ELS) ↑

 

76′ Horacio López Salgado (MEX) ↓

Juan Ignacio Basaguren (MEX) ↑

 

CARTÕES AMARELOS:

13′ Santiago Cortés (ELS)

33′ Salvador Mariona (ELS)

45′ Raúl Magaña (ELS)

57′ Salvador Cabezas (ELS)

Gols da partida:

… 06/06/1978 – Alemanha Ocidental 6 x 0 México

Três pontos sobre…
… 06/06/1978 – Alemanha Ocidental 6 x 0 México


(Imagem: Impromptuinc)

● Na partida anterior, o México perdeu para a Tunísia por 3 x 1, naquela que foi a primeira vitória de uma seleção africana na história das Copas.

O time do México era fraco. Embora fosse presença frequente nos Mundiais, não era protagonista. Havia disputado oito das onze Copas disputadas até então e só havia passado de fase uma vez, quando foi sede, em 1970.

Não havia conseguido se qualificar para a Copa de 1974, caindo para o Haiti. Mas, quatro anos depois, conseguiu recuperar a supremacia em seu continente.

Os destaques do time eram o meia Leonardo Cuéllar e um jovem atacante de 19 anos chamado Hugo Sánchez – que viria a ser um dos maiores artilheiros do mundo no fim dos anos 1980 e se tornaria ídolo do Real Madrid.


(Imagem: Impromptuinc)

● No jogo de abertura, a Alemanha Ocidental empatou por 0 x 0 com a Polônia. O goleiro Sepp Maier foi um dos raros alemães salvos pela crítica.

O técnico Helmut Schön não gostou da forma que os alemães atuaram e fez mudanças drásticas na equipe. Ele escalou o zagueiro Bernard Dietz, o meia Dieter Müller e o atacante Karl-Heinz Rummenigge, sacando do time o meia Erich Beer e os atacantes Rüdiger Abramczik e Herbert Zimmermann.

As alterações conseguiram dar mais fluidez à equipe em relação à estreia e o placar acabou sendo construído com facilidade.


O técnico Helmut Schön escalou a Alemanha Ocidental no 4-3-3 com Rüssmann atuando como zagueiro na sobra.


O treinador José Antonio Roca mandou o México a campo no sistema 4-3-3.

● Na tentativa de angariar o apoio da torcida local, os jogadores mexicanos entraram em campo com a bandeira argentina. De fato, eles até tiveram certo apoio no início, mas não conseguiram corresponder. Nem toda a torcida do mundo seria páreo para o ataque germânico naquela tarde.

Diferentemente do jogo anterior, a Alemanha começou de forma agressiva. Não parecia só uma mudança de nomes, mas também de atitude e autoconfiança. Com isso, a Nationalelf tinha o controle do meio de campo e dominou totalmente a partida.

Na verdade, não houve disputa. Foi um massacre.

O primeiro gol saiu aos 15 minutos. Heinz Flohe dominou na ponta direita, tabelou com Berti Vogts e rolou para Dieter Müller encher o pé esquerdo de fora da área. A bola fez uma bela curva e morreu no ângulo esquerdo do goleiro mexicano. Esse foi o 101º gol alemão em Copas do Mundo.

Aos 30′, Flohe conduziu a bola da esquerda para o meio, se aproximou da área e tocou para Hansi Müller. Ele recebeu, cortou a marcação de Ayala e bateu cruzado no canto direito. 2 a 0.

Oito minutos depois, falta para o México. A bola foi chutada na barreira e ficou com o craque Karl Heiz Rummenigge. O ponta de lança do Bayern de Munique arrancou desde seu campo, em diagonal da direita para a esquerda, ganhou do adversário na velocidade, invadiu a área e tocou por baixo do goleiro José Reyes, que saía para tentar dividir a jogada. Foi o gol mais bonito daquela tarde na cidade de Córdoba.

Nesse lance, o goleiro Reyes se lesionou e precisou sair de maca. Pedro Soto entrou em seu lugar para sofrer os outros gols.


(Imagem: Impromptuinc)

O quarto saiu um minuto antes do intervalo. Falta para a Alemanha. Rainer Bonhof rolou a bola para a meia lua e Flohe pegou de primeira, acertando o ângulo do goleiro Soto.

O quinto até que demorou. Só veio aos 28′ do segundo tempo. Flohe cruzou da esquerda para a segunda trave, Hansi Müller escorou para o meio com um toque de calcanhar em pleno ar e Rummenigge chegou batendo também de primeira no canto direito. Outro belo gol.

Pouco depois, os mexicanos foram salvos pela trave duas vezes no mesmo lance. Flohe tabelou com Bonhof dentro da área, cortou a marcação de Ramos e bateu de direita. Caprichosamente, a bola bateu na trave esquerda, bateu na trave direita e não entrou. Martínez pegou o rebote e recuou para o goleiro.

O placar foi fechado no minuto final. Flohe recebeu de Fischer próximo à meia lua, gingou na frente de dois marcadores, levou para o pé esquerdo e chutou no ângulo direito.

“Fomos derrotados por um adversário que jogou como campeão do mundo que é.” ― José Antonio Roca, técnico da seleção mexicana.


(Imagem: Impromptuinc)

● Na sequência da primeira fase o México foi derrotado pela Polônia por 3 x 1 e ficou na lanterna da chave.

Por sua vez, a Alemanha empatou sem gols com a Tunísia – resultado que a classificou em segundo lugar do Grupo 2.

Na fase seguinte (semifinal), disputada em dois grupos de quatro seleções cada, a Alemanha Ocidental empatou por 0 x 0 com a Itália e por 2 x 2 com a Holanda. Precisando vencer para ter alguma chance de ir para a final, perdeu para a vizinha Áustria por 3 x 2 e o resultado foi a eliminação.


(Imagem: Impromptuinc)

FICHA TÉCNICA:

 

ALEMANHA OCIDENTAL 6 x 0 MÉXICO

 

Data: 06/06/1978

Horário: 16h45 locais

Estádio: Olímpico Chateau Carreras (atual Estadio Mario Alberto Kempes)

Público: 35.258

Cidade: Córdoba (Argentina)

Árbitro: Farouk Bouzo (Síria)

 

ALEMANHA OCIDENTAL (4-3-3):

MÉXICO (4-3-3):

1  Sepp Maier (G)

1  José Pilar Reyes (G)

2  Berti Vogts (C)

3  Alfredo Tena

5  Manfred Kaltz

4  Eduardo Ramos

4  Rolf Rüssmann

5  Arturo Vázquez Ayala (C)

3  Bernard Dietz

12 Jesús Martínez

6  Rainer Bonhof

6  Guillermo Mendizábal

10 Heinz Flohe

7  Antonio de la Torre

20 Hansi Müller

17 Leonardo Cuéllar

11 Karl-Heinz Rummenigge

8  Enrique López Zarza

14 Dieter Müller

9  Víctor Rangel

9  Klaus Fischer

11 Hugo Sánchez

 

Técnico: Helmut Schön

Técnico: José Antonio Roca

 

SUPLENTES:

 

 

21 Rudi Kargus (G)

22 Pedro Soto (G)

22 Dieter Burdenski (G)

15 Ignacio Flores

12 Hans-Georg Schwarzenbeck

2  Manuel Nájera

13 Harald Konopka

13 Rigoberto Cisneros

15 Erich Beer

14 Carlos Gómez

16 Bernhard Cullmann

16 Javier Cárdenas

18 Gerd Zewe

18 Gerardo Lugo

17 Bernd Hölzenbein

21 Raúl Isiordia

19 Ronald Worm

10 Cristóbal Ortega

7  Rüdiger Abramczik

19 Hugo René Rodríguez

8  Herbert Zimmermann

20 Mario Medina

 

GOLS:

15′ Dieter Müller (ALE)

30′ Hansi Müller (ALE)

38′ Karl-Heinz Rummenigge (ALE)

44′ Heinz Flohe (ALE)

73′ Karl-Heinz Rummenigge (ALE)

89′ Heinz Flohe (ALE)

 

CARTÕES AMARELOS:

43′ Rainer Bonhof (ALE)

44′ Arturo Vázquez Ayala (MEX)

 

SUBSTITUIÇÕES:

39′ José Pilar Reyes (MEX) ↓

Pedro Soto (MEX) ↑

 

INTERVALO Enrique López Zarza (MEX) ↓

Gerardo Lugo (MEX) ↑

Melhores momentos da partida:

… 05/06/1938 – Suécia W.O. Áustria

Três pontos sobre…
… 05/06/1938 – Suécia W.O. Áustria

“Anschluß”


Seleção sueca na Copa do Mundo de 1938 (Imagem: O Curioso do Futebol)

● O Grupo 1 das eliminatórias da Copa dava direito a duas vagas no torneio. A Alemanha venceu a Finlândia (2 x 0) e a Estônia (4 x 1). Por sua vez, a Suécia também bateu a Finlândia (4 a 0) e a Estônia (7 x 2). Assim, alemães e suecos já estavam classificados quando se enfrentaram em Hamburgo. A Suécia foi com o time reserva e acabou sendo goleada por 5 x 0. De qualquer forma, a vaga no Mundial já estava garantida antecipadamente. Na definição do chaveamento da Copa, a Suécia foi sorteada na chave que teria a Áustria. Aliás, “não teria” a Áustria.


“Wunderteam” austríaco dos anos ’30 (Imagem: Trivela)

● Contando com vários jogadores remanescentes do “Wunderteam” (“time maravilha”), a seleção austríaca conquistou sua vaga na Copa do Mundo de 1938, mas, na época do torneio, não tinha um país para representar.

A Áustria teve certa facilidade no Grupo 8 das eliminatórias para a Copa. Foi beneficiada com a vantagem de fazer uma única partida, em casa, contra o vencedor do duelo entre Letônia e Lituânia. Os letões venceram os lituanos nos dois jogos (4 x 2 Riga e 5 x 1 em Kaunas).

Prevendo facilidade na partida, os austríacos mandaram a campo uma seleção experimental (na prática, um time reserva). A Letônia abriu o placar com Iļja Vestermans logo aos 6′, mas os austríacos viraram ainda no primeiro tempo, com Camillo Jerusalem aos 15′ e Franz Binder aos 33′. Vencendo por 2 a 1, a Áustria passou o restante da partida sufocada pela modesta e entusiasmada Letônia, mas conseguiu se segurar e garantir a vaga no Mundial.


Multidão aplaude os nazistas em Viena (Imagem: Wikipédia)

● Na véspera do torneio, a Europa estava às portas da Segunda Guerra Mundial, que ocorreu oficialmente entre 1939 e 1945. E o conflito político interferiu diretamente no Mundial organizado pela França.

No dia 12 de março de 1938, pouco menos de três meses antes do início da Copa, a Alemanha nazista deu um choque no mundo. Os tanques de guerra de Adolf Hitler invadiram Viena. Sem precisar disparar nenhum tiro e não encontrando qualquer oposição, o exército germânico foi recebido entusiasticamente pela maioria da população austríaca, surpreendendo até os próprios alemães.

No dia seguinte, o Führer (que era austríaco de nascimento) decretou oficialmente o “Anschluß”, a anexação político-militar da Áustria por parte da Alemanha, que abrangeu todos os aspectos da vida do país. Assim, a Áustria deixou de ser um estado independente e foi convertido em uma província do Terceiro Reich, com o nome de Ostmark.

Em 10 de abril houve um referendo que avalizou a anexação com 99% de aprovação da população austríaca. Esse resultado claramente foi manipulado para legitimar o “Anschluß”, mas, de fato, existia um certo apoio a Hitler, especialmente das camadas mais pobres e menos esclarecidas – até porque toda a oposição clara era duramente reprimida.

O mundo assistiu a situação de forma passiva e só Reino Unido e França condenaram a invasão.


O Reich alemão, em rosa, e a Áustria, em vermelho (Imagem: Wikipédia)

Imediatamente, a Federação de Futebol Alemã comunicou à FIFA que a Áustria havia “deixado de existir como país” e os jogadores nascidos em seu território poderiam representar a nova pátria. Resumindo: o “Wunderteam” teria jogadores sendo obrigados a “prestar serviços” à seleção alemã no Mundial.

No dia 03 de abril foi realizado um último jogo amistoso entre Alemanha e Áustria para festejar a unificação. Foi o “Anschlussspiel” (“jogo de conexão”). O lema era “Ein Volk, ein Reich, ein Führer” (“Um povo, um império, um líder”). A partida estava empatada sem gols, em um ritmo morno, até que Matthias Sindelar fez o gol da vitória austríaca. O atacante comemorou como se esse tivesse sido o maior feito de sua vida – ele era um opositor claro ao regime nazista. Karl Sesta ainda anotou o segundo tento, com a partida finalizando em 2 x 0 para os “anexados” diante dos “anexadores”. Mas o foco permaneceu em Sindelar. Comemorando a vitória, ele ensaiou uma valsa em frente a tribuna das autoridades alemãs – que não esconderam seu desagrado.


Matthias Sindelar, “Der Papierene” (Imagem: Trivela)

Matthias Sindelar, conhecido como “Der Papierene” (“Homem de Papel”) pelo seu físico magro, leveza e mobilidade é considerado o melhor jogador de seu país em todos os tempos. Na época, ele já era veterano, aos 35 anos, e se recusou a defender a seleção da Alemanha. Juntando tudo isso, ele se tornou “persona non grata” para os nazistas. Sindelar faleceu asfixiado por monóxido de carbono em 23/01/1939, pouco depois de sua esposa. A versão oficial é que ele se matou. A história romântica diz que ele “foi suicidado” pelo regime nazista por ser judeu.

Pega de surpresa e com certo temor pelo expansionismo territorial teutônico, a FIFA reagiu sem nenhum rigor. Com a maior naturalidade possível e tentando contornar a situação, a entidade convidou a Inglaterra a ocupar a vaga austríaca, mas o English Team – sabiamente – declinou o convite. Então, a Letônia solicitou sua inclusão na Copa, invocando sua condição de vice-campeã do Grupo 8 das eliminatórias. Seria a saída mais lógica, mas a FIFA negou o pedido.

Com isso, a Copa teve 15 participantes ao invés dos 16 previstos.


Hitler anuncia o Anschluss na Heldenplatz (Praça dos Heróis), em Viena, dia 15 de março de 1938 (Imagem: AP Images / Britannica)

● Assim, a partida das oitavas de final entre Suécia e Áustria que estava marcada para ser jogada no estádio Gerland, em Lyon, no dia 05 de junho de 1938, não pôde ser realizada. De forma ridícula e passiva, a FIFA considerou que a Áustria “não havia comparecido para jogar” – embora vários atletas austríacos estivessem vestindo a camisa da seleção alemã contra a Suíça no dia anterior.

Sem time contra quem jogar, a Suécia passou automaticamente para as quartas de final.

Curiosamente, a sigla inglesa “W.O.” (“Walk Over”), que significa “segue adiante”, ainda não era utilizada na época. O que se falava era o termo francês “Forfeit” (“desistir”).

Até hoje esse é o único caso de W.O. da história das Copas.


Cédula de votação do referendo de 10 de abril de 1938, com o texto: “Você concorda com a unificação da Áustria com o Império Germânico sob o Führer Adolf Hitler? Sim/Não” (Imagem: Wikipédia)

● Beneficiada pelo sorteio, a Suécia enfrentou a fraca seleção de Cuba nas quartas de final e fez valer a goleada por 8 a 0. Nas semifinais, mostrou todas suas fragilidades e perdeu para a Hungria por 5 a 1. Na decisão do 3º lugar, abriu 2 a 0 de vantagem sobre o Brasil, mas a Seleção Brasileira virou para 4 a 2. A classificação final da Suécia em 4º lugar pode ser colocada na conta da sorte.

A Áustria só voltou a ser uma nação soberana ao final da Segunda Guerra Mundial.

A seleção austríaca ainda teve outros bons times, como o que conquistou o 3º lugar na Copa de 1954, mas nunca mais formou uma seleção de classe mundial como foi o “Wunderteam” da década de 1930 – destruído por Adolf Hitler e cia.


Hitler cruza a fronteira com a Áustria em março de 1938 (Imagem: Wikipédia)

FICHA TÉCNICA:

 

SUÉCIA W.O. ÁUSTRIA

 

Data: 05/06/1938

Estádio: Gerland

Cidade: Lyon (França)

… 04/06/1938 – Suíça 1 x 1 Alemanha

Três pontos sobre…
… 04/06/1938 – Suíça 1 x 1 Alemanha


(Imagem: Impromptuinc)

● O Grupo 5 das eliminatórias para a Copa do Mundo de 1938 tinha Suíça e Portugal. Houve uma única partida para decidir a vaga no Mundial, realizada no dia 01/05/1938, em campo neutro, no estádio San Siro, em Milão. Portugal tinha um ligeiro favoritismo, pois havia deixado uma boa impressão ao empatar com a Alemanha por 1 x 1 em Frankfurt, uma semana antes. Além disso, ainda contava com o fantástico centroavante Fernando Peyroteo. Mas a Suíça resolveu logo o jogo no primeiro tempo, com dois gols em cinco minutos. Georges Aeby marcou aos 23′ e Lauro Amadò fez aos 28′. Portugal só reagiu com um gol de pênalti de Peyroteo, aos 28′ da etapa final. Depois, os suíços se trancaram na defesa e garantiram a classificação para o Mundial. Nas tribunas de honra do San Siro, foi impossível deixar de notar a ilustre presença dos ditadores Benito Mussolini e Adolf Hitler, que pareciam inseparáveis naqueles tempos que antecederam a Segunda Guerra Mundial.

O Grupo 1 do qualificatório dava direito a duas vagas no torneio. A Alemanha e Suécia haviam vencido Estônia e Finlândia e já estavam classificados quando se enfrentaram em Hamburgo. Sem levar isso em consideração, os alemães fizeram valer o status de favoritos e venceram os suecos por 5 x 0.

Como vamos detalhar amanhã, pouco menos de três meses antes do Mundial, o exército nazista invadiu a Áustria e decretou o “Anschluß”, a anexação da Áustria por parte da Alemanha, abrangendo todos os aspectos da vida do país. Com isso, a Federação de Futebol Alemã comunicou à FIFA que a Áustria havia “deixado de existir como país” e os jogadores nascidos em seu território poderiam representar a nova pátria. Resumindo: o “Wunderteam” austríaco teria jogadores sendo obrigados a “prestar serviços” à seleção alemã no Mundial.


(Imagem: Impromptuinc)

● O regulamento do Mundial era o mesmo da edição anterior. Sem fase de grupos, houve um torneio eliminatório direto, começando nas oitavas de final. Se uma partida terminasse empatada depois de 90 minutos, seriam jogados mais dois tempos de 15 minutos de prorrogação. Em caso de empate, os times disputariam mais uma prorrogação nos mesmos moldes. Persistindo a igualdade, haveria outro jogo-desempate dois ou três dias depois. Curiosamente, na decisão, se não houvesse vencedor após os dois jogos com duas prorrogações, a taça seria dividida entre os finalistas.

A Alemanha tem um histórico de dar longevidade aos seus treinadores. Otto Nerz deixou o comando da Mannschaft depois do fiasco nos Jogos Olímpicos de 1936. Mesmo jogando em Berlim, a Alemanha foi eliminada precocemente nas quartas de final para a Noruega. Quem assumiu o cargo de técnico da Nationalelf foi o ex-auxiliar de Nerz, Sepp Herberger – uma astuta raposa.

A seleção alemã contou com nove atletas da extinta equipe austríaca: o goleiro Rudolf Raftl, o zagueiro Willibald Schmaus, os meias Hans Mock, Stefan Skoumal e Franz Wagner, além dos atacantes Wilhelm Hahnemann, Leopold Neumer, Hans Pesser e Josef Stroh. Desses nove, quatro faziam parte do elenco da Áustria na Copa de 1934: Raftl, Schmaus, Wagner e Stroh.


Nos anos 1930, quase todas as equipes atuavam no ofensivo sistema “clássico” ou “pirâmide”, o 2-3-5. Uma das exceções era a adversária – Alemanha.


A Alemanha já atuava há alguns anos no sistema W-M, sendo uma das pioneiras a utilizar esse esquema entre as seleções. O esquema tático reforça melhor o sistema defensivo e dá ênfase ao trabalho do meio de campo.

● Quando a Alemanha entrou em campo no estádio Parc de Princes, em Paris, para a partida inaugural da Copa, a tradicional camisa branca seguia o mesmo padrão de quatro anos antes. A novidade foi a inclusão da gola vermelha e de símbolos nazistas ao escudo do lado esquerdo do peito.

A honra de dar o pontapé inicial coube ao presidente da França, Albert Labrun. E ele conseguiu a proeza de errar o chute, arrancando grama do chão e mal fazendo a bola se mover.

O time titular da Alemanha contava com cinco jogadores austríacos: Raftl, Schmaus, Hahnemann, Pesser e Mock – o capitão da equipe.

E saiu na frente com um gol de Josef Gauchel, aos 29 minutos da etapa inicial.

Mas a Suíça, um time mais organizado em campo, empatou ainda no primeiro tempo. André Abegglen marcou aos 43′.

Não houve gols na segunda etapa e nem nas duas prorrogações de 30 minutos seguintes.

Como mandava o regulamento, o placar em igualdade forçou um jogo extra para desempatar a peleja.

O ponta esquerda alemão/austríaco Hans Pesser foi o primeiro jogador expulso no Mundial, aos seis minutos do primeiro tempo da prorrogação. Ele cometeu uma falta muito violenta sobre o capitão suíço Severino Minelli. A falta foi tão dura que a própria Federação Alemã de Futebol o puniu, o suspendendo por seis meses em seu clube (Rapid Viena) e por um ano na seleção alemã.

Houve um enorme equilíbrio nas oitavas de final. Dos sete jogos disputados, cinco foram para a prorrogação (Alemanha 1 x 1 Suíça, Brasil 6 x 5 Polônia, Tchecoslováquia 3 x 0 Holanda, Cuba 3 x 3 Romênia e Itália 2 x 1 Noruega). Duas dessas prorrogações terminaram empatadas e foram necessários jogos extras (Cuba 2 x 1 Romênia e Suíça x Alemanha).

FICHA TÉCNICA:

 

SUÍÇA 1 X 1 ALEMANHA

 

Data: 04/06/1938

Horário: 17h00 locais

Estádio: Parc des Princes

Público: 27.152

Cidade: Paris (França)

Árbitro: John Langenus (Bélgica)

 

SUÍÇA (2-3-5):

ALEMANHA (W-M):

Willy Huber (G)

Rudolf Raftl (G)

Severino Minelli (C)

Paul Janes

August Lehmann

Willibald Schmaus

Hermann Springer

Andreas Kupfer

Sirio Vernati

Hans Mock (C)

Ernst Lörtscher

Albin Kitzinger

Lauro Amadò

Ernst Lehner

André Abegglen

Rudolf Gellesch

Alfred Bickel

Josef Gauchel

Eugen Walaschek

Wilhelm Hahnemann

Georges Aeby

Hans Pesser

 

Técnico: Karl Rappan

Técnico: Sepp Herberger

 

SUPLENTES:

 

 

Erwin Ballabio (G)

Fritz Buchloh (G)

Renato Bizzozero (G)

Hans Jakob (G)

Adolf Stelzer

Reinhold Münzenberg

Albert Guinchard

Jakob Streitle

Oscar Rauch

Ludwig Goldbrunner

Paul Aeby

Stefan Skoumal

Alessandro Frigerio

Franz Wagner

Tullio Grassi

Fritz Szepan

Leopold Kielholz

Leopold Neumer

Eugen Rupf

Otto Siffling

Fritz Wagner

Josef Stroh

 

GOLS:

29′ Josef Gauchel (ALE)

43′ André Abegglen (SUI)

 

EXPULSÃO: 96′ Hans Pesser (ALE)

Imagens da partida:


… 09/06/1938 – Suíça 4 x 2 Alemanha


A Suíça manteve o time e o esquema.


A Alemanha também manteve o sistema, mas mudou meio time.

● Para a partida desempate, o treinador suíço Karl Rappan mandou a campo o mesmo time que havia atuado no primeiro jogo.

Por sua vez, o técnico Sepp Herberger fez seis alterações na seleção alemã. Saíram o zagueiro Willibald Schmaus, os meias Hans Mock e Albin Kitzinger e os atacantes Rudolf Gellesch, Josef Gauchel e Hans Pesser. Entraram os zagueiros Jakob Streitle e Ludwig Goldbrunner, o meia Stefan Skoumal e os atacantes Josef Stroh, Leopold Neumer e Fritz Szepan.

Novamente eram cinco atletas nascidos na Áustria: Raftl, Skoumal, Hahnemann, Neumer e Stroh.

Essas mexidas fizeram bem aos alemães, que começaram melhor e abriram logo 2 a 0.

Wilhelm Hahnemann fez o primeiro aos 9′ e Ernst Lörtscher marcou um gol contra aos 22′.

Para dificultar a vida dos suíços, o ponta Georges Aeby teve de sair de campo com a cabeça machucada. Como não eram permitidas substituições à época, a Suíça teve que seguir na partida com um jogador a menos.

Apesar das dificuldades, Eugen Walaschek (russo naturalizado suíço) diminuiu o placar a três minutos do fim do primeiro tempo.

Mas a confiança germânica era tamanha que, no intervalo, integrantes da comissão técnica resolveram enviar um telegrama ao ditador Adolf Hitler, informando a vitória parcial e o fato de estar jogando com um homem a mais.


(Imagem: Impromptuinc)

Muitos acreditavam em uma goleada alemã. Mas o imponderável do futebol apareceu novamente e a sorte sorriu para os helvéticos.

Ainda com dez homens, Alfred Bickel empatou o jogo para a Suíça aos 19′.

Aos 25′, Aeby conseguiu retornar a campo para ajudar seu time e igualou também o número de atletas em campo.

A virada e a classificação suíça veio com dois gols de André Abegglen em três minutos, aos 30′ e aos 33′.


(Imagem: Impromptuinc)

● Curiosamente, o autor do segundo gol suíço diante dos alemães, Alfred Bickel, é um dos únicos jogadores que disputaram jogos de Copa antes de depois da Segunda Guerra Mundial, juntamente com o sueco Erik Nilsson.

Com a eliminação da Suíça para a Hungria nas quartas de final (derrota por 2 a 0), o austríaco Karl Rappan (técnico dos helvéticos), chegou a conclusão que sua equipe só conseguiria vencer adversários mais fortes se tivesse um sistema de jogo bastante defensivo. Essa foi a origem do chamado “ferrolho suíço”, que mudou a essência ofensiva do futebol.


(Imagem: Impromptuinc)

Com o resultado, a hostilidade da torcida alemã resultou em várias garrafas quebradas, vandalizando as ruas de Paris.

A derrota foi colocada na conta do treinador Sepp Herberger, que insistiu em colocar em campo cinco jogadores austríacos que ele foi obrigado a convocar. Era mesmo natural que o técnico tivesse dificuldade para mesclar estilos de jogo tão diferentes. Os austríacos tinham um futebol mais clássico, baseado no toque de bola. Os alemães privilegiavam a força e os passes longos.

Várias fontes culpam a proposital atitude derrotista dos austríacos. Um jornalista alemão comentou posteriormente que “alemães e austríacos preferiam jogar um contra o outro até mesmo estando no mesmo time”.

Para frustração da comunidade nazista, a teoria de superioridade da raça ariana não resistiu à primeira rodada. A eliminação acabou sendo uma grande surpresa.

Foi a primeira vez que a Nationalelf não passou da primeira fase em uma Copa do Mundo. Esse fato ocorreria novamente apenas oitenta anos depois, na Copa de 2018, na Rússia.


(Imagem: Impromptuinc)

FICHA TÉCNICA:

 

SUÍÇA 4 X 2 ALEMANHA

 

Data: 09/06/1938

Horário: 18h00 locais

Estádio: Parc des Princes

Público: 20.025

Cidade: Paris (França)

Árbitro: Ivan Eklind (Suécia)

 

SUÍÇA (2-3-5):

ALEMANHA (W-M):

Willy Huber (G)

Rudolf Raftl (G)

 Severino Minelli (C)

Paul Janes

August Lehmann

Jakob Streitle

Hermann Springer

Andreas Kupfer

Sirio Vernati

Ludwig Goldbrunner

Ernst Lörtscher

Stefan Skoumal

Lauro Amadò

Ernst Lehner

André Abegglen

Josef Stroh

Alfred Bickel

Wilhelm Hahnemann

Eugen Walaschek

Fritz Szepan (C)

Georges Aeby

Leopold Neumer

 

Técnico: Karl Rappan

Técnico: Sepp Herberger

 

SUPLENTES:

 

 

Erwin Ballabio (G)

Fritz Buchloh (G)

Renato Bizzozero (G)

Hans Jakob (G)

Adolf Stelzer

Reinhold Münzenberg

Albert Guinchard

Willibald Schmaus

Oscar Rauch

Albin Kitzinger

Paul Aeby

Hans Mock

Alessandro Frigerio

Franz Wagner

Tullio Grassi

Josef Gauchel

Leopold Kielholz

Rudolf Gellesch

Eugen Rupf

Hans Pesser

Fritz Wagner

Otto Siffling

 

GOLS:

8′ Wilhelm Hahnemann (ALE)

22′ Ernst Lörtscher (ALE) (gol contra)

42′ Eugen Walaschek (SUI)

64′ Alfred Bickel (SUI)

75′ André Abegglen (SUI)

78′ André Abegglen (SUI)

Imagens da partida:

… 03/06/1934 – Tchecoslováquia 3 x 1 Alemanha

Três pontos sobre…
… 03/06/1934 – Tchecoslováquia 3 x 1 Alemanha


(Imagem: Impromptuinc)

● Foi a primeira partida na história entre Alemanha e Tchecoslováquia.

Nas eliminatórias, a Tchecoslováquia eliminou a Polônia – contra quem tinha uma disputa territorial. Os tchecos venceram em Varsóvia por 2 x 1 e os poloneses abriram mão de jogar a partida de volta, dando a qualificação ao rival.

Na Copa, os tchecoslovacos venceram a Romênia nas oitavas de final (2 x 1) e a Suíça nas quartas (3 x 2).

Por sua vez, os alemães venceram a Bélgica por 5 a 2 nas oitavas e bateram a Suécia por 2 x 1 nas quartas.


(Imagem: Impromptuinc)

● Essa era uma partida considerada “inferior” pela imprensa europeia. “Itália vs. Áustria” era uma “final antecipada”. Nem Tchecoslováquia, nem Alemanha (que pouco apresentaram nos primeiros jogos) seriam páreo para nenhum dos outros dois adversários.

Enquanto o San Siro lotou na primeira semifinal, onde os favoritos se digladiavam por uma vaga na decisão, apenas 15 mil pessoas compareceram ao Stadio Nazionale PNF para assistir ao duelo entre tchecoslovacos e alemães – em partida que a imprensa chamou de “atalho para a grande decisão”.

O público não apreciava o jeito alemão de jogar. Tanto que, mesmo com pouca gente, essa foi a partida da Alemanha com maior público nessa Copa.

No quesito organização, a Tchecoslováquia estava à frente de seu tempo. Foi a primeira seleção a ter oficialmente um segundo uniforme, sem precisar de nenhuma improvisação. Até então, quando dois adversários tinham camisas de mesma cor, o costume era pedir camisas emprestadas de outras seleções ou de times locais que tivessem cores diferentes do adversário. Em uma emergência, também compravam camisas novas em cima da hora. Mas os tchecos inovaram. A camisa principal era toda vermelha e a reserva era toda branca – ambas contando com o brasão de armas do país. A camisa branca foi usada nos dois primeiros jogos, mas, contra os alemães, foi utilizado o fardamento vermelho.


Nos anos 1930, todas as equipes atuavam no ofensivo sistema “clássico” ou “pirâmide”, o 2-3-5 – a exceção foi mesmo a Alemanha.


Otto Nerz era um adepto do sistema W-M, recém criado na Europa. O esquema tático reforça melhor o sistema defensivo e dá ênfase ao trabalho do meio de campo.

● Foi um choque de estilos de jogo. Com um time formado por jogadores de apenas duas equipes – Sparta Praga e Slavia Praga – a Tchecoslováquia tinha melhor entrosamento e uma técnica mais apurada, enquanto os alemães apostaram na obediência tática e na força física.

Taticamente, a Alemanha era a seleção mais avançada da competição. Era a única que jogava no sistema W-M. Todas as outras ainda atuavam no sistema “clássico”, com dois zagueiros de área, três médios e cinco atacantes. No W-M, o centromédio era recuado para uma linha de três zagueiros e dois atacantes jogavam um pouco mais recuados para armar as jogadas como meias. Com isso, formava-se um quadrado no meio de campo, com os dois médios restantes e os dois meias – numa espécie de 3-2-2-3, que, visto de cima, pareciam as letras W e M. Essa inovação tática se tornaria padrão no Mundial seguinte, em 1938, mas a Alemanha já era vanguardeira em 1934.

Mas a ousadia tática dos alemães foi deveras prejudicada por dois sensíveis desfalques. O meia-atacante Karl Hohmann estava lesionado. Mas a ausência do médio Rudolf Gramlich foi mais inusitada.

Após a vitória de sua seleção sobre a Suécia nas quartas de final, Gramlich recebeu a notícia de que a fábrica de sapatos na qual trabalhava como curtidor, em Frankfurt, tinha sido confiscada pelas autoridades nazistas. Como o futebol alemão era amador e a fábrica era seu único emprego remunerado, ele abandonou a Copa para tentar ajudar seus patrões judeus a salvar a empresa. Nem sua boa reputação representando seu país no Mundial foi suficiente e ele não conseguiu impedir a prisão e posterior morte de seus patrões. Algum tempo depois, Gramlich se tornou militar do exército nazista.

A ausência de ambos desmontou o sistema de jogo alemão, o W-M ficou sem dois de seus mais importantes artífices e o time ficou um pouco perdido em campo.

Assim, prevaleceu o jogo mais técnico e metódico dos tchecos. Eles se sobressaíram no meio de campo, conseguiram controlar o jogo com seu estilo mais refinado: com toques curtos, de pé em pé, evoluindo lentamente, mas com muita eficiência.


(Imagem: Impromptuinc)

A Tchecoslováquia justificou a superioridade e mereceu abrir o placar ainda na etapa inicial. Nejedlý fez o primeiro gol aos 19′.

No segundo tempo, a Alemanha reagiu e buscou o empate aos 17′, quando František Plánička não conseguiu segurar um chute fraco de Rudolf Noack.

Com o empate, muitos pensaram que os alemães tinham o aspecto psicológico a seu favor. Mas foi justamente o contrário. O gol germânico acordou a equipe eslava, que soube aproveitar seu potencial ofensivo para marcar mais duas vezes.

A Alemanha não conseguiu resistir ao forte adversário e o goleiro Willibald Kreß falhou em dois gols, soltando bolas fáceis nos pés do artilheiro tcheco. Oldřich Nejedlý estava impossível e completou seu “hat trick”, marcando aos 26′ e aos 35′.


O goleiro Kreß teve uma jornada infeliz (Imagem: Impromptuinc)

● Essa acabou por ser a primeira derrota dos alemães na história das Copas. Quatro dias depois, a Alemanha conquistou o 3º lugar ao bater a arquirrival e vizinha Áustria por 3 x 2.

Apesar de não constar em nenhuma das relações dos prováveis candidatos ao título, a Tchecoslováquia chegou na decisão da Copa do Mundo pela primeira vez em sua história.

Na final, a Tchecoslováquia perdeu para a anfitriã Itália por 2 a 1 e ficou com o vice-campeonato. Um resultado muito digno e merecido para os tchecos.

FICHA TÉCNICA:

 

TCHECOSLOVÁQUIA 3 X 1 ALEMANHA

 

Data: 03/06/1934

Horário: 16h30 locais

Estádio: Stadio Nazionale PNF

Público: 15.000

Cidade: Roma (Itália)

Árbitro: Rinaldo Barlassina (Itália)

 

TCHECOSLOVÁQUIA (2-3-5):

ALEMANHA (W-M):

František Plánička (G)(C)

Willibald Kreß (G)

Jaroslav Burgr

Willy Busch

Josef Čtyřoký

Sigmund Haringer

Josef Košťálek

Paul Zielinski

Štefan Čambal

Fritz Szepan (C)

Rudolf Krčil

Jakob Bender

František Junek

Ernst Lehner

František Svoboda

Otto Siffling

Jiří Sobotka

Edmund Conen

Oldřich Nejedlý

Rudolf Noack

Antonín Puč

Stanislaus Kobierski

 

Técnico: Karel Petrů

Técnico: Otto Nerz

 

SUPLENTES:

 

 

Ehrenfried Patzel (G)

Hans Jakob (G)

Ladislav Ženíšek

Fritz Buchloh (G)

Ferdinand Daučík

Hans Schwartz

Jaroslav Bouček

Reinhold Münzenberg

Vlastimil Kopecký

Ernst Albrecht

Adolf Šimperský

Rudolf Gramlich

Erich Srbek

Josef Streb

František Šterc

Paul Janes

Antonín Vodička

Franz Dienert

Géza Kalocsay

Matthias Heidemann

Josef Silný

Karl Hohmann

 

GOLS:

21′ Oldřich Nejedlý (TCH)

62′ Rudolf Noack (ALE)

69′ Oldřich Nejedlý (TCH)

80′ Oldřich Nejedlý (TCH)

Imagens da partida:

… 02/06/1962 – Inglaterra 3 x 1 Argentina

Três pontos sobre…
… 02/06/1962 – Inglaterra 3 x 1 Argentina


(Imagem: Daily Mail)

Depois da enxurrada de críticas após a primeira partida da Argentina na Copa de 1962, quando venceu a a Bulgária por 1 x 0, o técnico Juan Carlos Lorenzo resolveu mexer no time. O zagueiro Ramos Delgado, que viria a ser ídolo do Santos anos depois, continuou no banco. Mas Lorenzo fez quatro alterações na sua equipe em relação ao jogo anterior. Por lesão, trocou o lateral direito Alberto Sainz por Vladislao Cap. Por opção, substituiu o ponta direita Héctor Facundo por Rubén Héctor Sosa, o atacante Marcelo Pagani pelo velocista Juan Carlos Oleniak e, a mudança principal: sacou o meia Oscar Rossi para escalar o craque Rattín.

Meia do Boca Juniors, Antonio Rattín era um meia de ótima técnica, uma fonte de ótimos passes e excelente visão de jogo, mas não tinha a confiança de seu treinador. Contudo, pela falta de criatividade do meio campo da albiceleste no primeiro jogo, a pressão foi muito grande e Rattín foi escalado para a partida seguinte.

Por sua vez, a superestimada Inglaterra teve um choque de realidade ao perder na estreia para a Hungria por 2 x 1. Para não serem eliminados na primeira fase (como quatro anos antes), os britânicos precisavam vencer os argentinos de qualquer maneira. E trataram logo de partir para cima.


A Inglaterra jogou em uma espécie de “W-W”, ou seja, uma defesa com quatro homens e um ataque em W.


A Argentina atuava no sistema tático 4-2-4.

A seleção argentina apresentou uma novidade tática no Mundial: a defesa jogava em uma linha de quatro homens e se adiantava de forma sincronizada para deixar os atacantes adversários em posição de impedimento. A ideia era tão boa, que ainda hoje é utilizada por várias equipes do futebol mundial. Porém, os hermanos deveriam ter ensaiado melhor a arriscada jogada. Devido a essa “linha burra”, os rápidos atacantes ingleses surgiram livres por várias vezes diante do goleiro Antonio Roma.

Jogando na ponta esquerda, Bobby Charlton deu um baile no lateral Cap, deixando o pobre jogador perdido em todas as jogadas.

Sem forçar muito, os ingleses abriram o placar aos 17′. Charlton recebeu a bola sem marcação e cruzou para a área. Alan Peacock cabeceou e o zagueiro albiceleste Rubén Navarro se abraçou com a bola para evitar o gol. Pênalti indiscutível, convertido por Ron Flowers.

O segundo tento foi anotado por Bobby Charlton aos 42′. Ele recebeu a bola na área e finalizou sem chance de defesa para Roma.

O terceiro saiu aos 22 minutos do segundo tempo. Após cruzamento na área da Argentina, Jimmy Greaves se antecipou a Raúl Páez e tocou no canto esquerdo do goleiro.

Confusa em campo, a Argentina só diminuiu o prejuízo a nove minutos do fim, quando o jogo já estava definido. José Sanfilippo recebeu a bola na intermediária, entre a marcação inglesa, avançou em velocidade e, ao entrar na área, tocou na saída do goleiro Ron Springett. Um belo gol, que pouco adiantou.


(Imagem: abrilacancha.com.ar)

O resultado reabilitou os ingleses e deixou os argentinos em situação difícil.

No dia seguinte, a Hungria goleou a Bulgária por 6 x 1. Com duas vitórias em dois jogos, os húngaros praticamente garantiram sua classificação para a fase seguinte na primeira colocação do Grupo 4. Argentinos e ingleses foram para a última rodada disputando a segunda vaga.

No dia 06/06, uma seleção argentina toda remendada parou nas mãos do lendário goleiro Gyula Grosics e empatou sem gols com uma equipe mista da Hungria. Assim, com três pontos em três jogos, os hermanos dependiam do resultado do jogo entre Inglaterra x Bulgária, que ocorreu no dia seguinte. Sem nenhum ponto conquistado, a Bulgária já estava eliminada. Mas o English Team tinha dois pontos e se classificaria com uma vitória simples ou até com um empate, já que levava vantagem sobre os argentinos no goal average (1,3 a 0,7).

E foi o que aconteceu: a Inglaterra só se defendeu e a Bulgária só queria evitar outro vexame. O empate sem gols classificou a Inglaterra em segundo lugar da chave. Nas quartas de final, os ingleses perderam para o Brasil por 3 x 1, em uma tarde esplendorosa de Garrincha.


Cumprimentos iniciais entre o trio de arbitragem e os capitães Rubén Navarro e Johnny Haynes (Imagem: Keystone / Getty Images)

FICHA TÉCNICA:

 

INGLATERRA 3 x 1 ARGENTINA

 

Data: 02/06/1962

Horário: 15h00 locais

Estádio: Braden Cooper (atual Estadio El Teniente-Codelco)

Público: 9.794

Cidade: Rancagua (Chile)

Árbitro: Nikolay Latyshev (União Soviética)

 

INGLATERRA (W-W):

ARGENTINA (4-2-4):

1  Ron Springett (G)

1  Antonio Roma (G)

Jimmy Armfield

18 Vladislao Cap

15 Maurice Norman

15 Rubén Navarro (C)

16 Bobby Moore

6  Raúl Páez

3  Ray Wilson

3  Silvio Marzolini

6  Ron Flowers

5  Federico Sacchi

17 Bryan Douglas

16 Antonio Rattín

8  Jimmy Greaves

19 Rubén Héctor Sosa

9 Alan Peacock

20 Juan Carlos Oleniak

10 Johnny Haynes (C)

10 José Sanfilippo

11 Bobby Charlton

11 Raúl Belén

 

Técnico: Walter Winterbottom

Técnico: Juan Carlos Lorenzo

 

SUPLENTES:

 

 

12 Alan Hodgkinson (G)

12 Rogelio Domínguez (G)

22 Gordon Banks (G)

2  José Ramos Delgado

21 Don Howe

4  Alberto Sainz

14 Stan Anderson

14 Alberto Mariotti

5  Peter Swan

17 Rafael Albrecht

20 George Eastham

21 Ramón Abeledo

4  Bobby Robson

13 Oscar Rossi

7  John Connelly

8  Martín Pando

9  Gerry Hitchens

7  Héctor Facundo

18 Roger Hunt

9  Marcelo Pagani

13 Derek Kevan

22 Alberto Mario González

 

GOLS:

17′ Ron Flowers (ING) (pen)

42′ Bobby Charlton (ING)

67′ Jimmy Greaves (ING)

81′ José Sanfilippo (ARG)

 Gols do jogo:

Melhores momentos da partida:

… 01/06/1978 – Alemanha Ocidental 0 x 0 Polônia

Três pontos sobre…
… 01/06/1978 – Alemanha Ocidental 0 x 0 Polônia


(Imagem: Impromptuinc)

● Alemanha e Polônia haviam feito uma excelente partida na fase semifinal da Copa do Mundo de 1974, em um duelo de muito equilíbrio. Jogando em casa e com um time melhor, os alemães venceram.

Quatro anos depois, a Polônia mantinha praticamente o mesmo time que conquistou o 3º lugar na Copa anterior, com o belo acréscimo do meia-atacante Zbigniew Boniek e o retorno de Włodzimierz Lubański. O atacante polonês não havia disputado o Mundial anterior por ter se lesionado pouco antes, mas havia sido o maior destaque de sua seleção na conquista da medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de 1972, em Munique.

Portando a camisa 12 e a faixa de capitão, o meia Kazimierz Deyna ainda era o articulador criativo de sua seleção. A esperança de gols permanecia sendo o velocista Grzegorz Lato, artilheiro da Copa de 1974. O goleiro Jan Tomaszewski continuava dando segurança à defesa, assim como o zagueiro Władysław Żmuda. A ausência era o inteligente ponta esquerda Robert Gadocha.

Mas, se o elenco polaco era quatro anos mais experiente, também era quatro anos mais velho e cansado.


(Imagem: Impromptuinc)

● Por sua vez, a Alemanha Ocidental estava se renovando aos poucos. O goleador Gerd Müller agora dava lugar ao craque Karl-Heinz Rummenigge. O Kaiser Franz Beckenbauer também havia saído de cena, mas alguns importantes campeões do mundo continuavam na Mannschaft, como o agora capitão Berti Vogts, o goleiro Sepp Maier, Rainer Bonhof e outros.

Mas a Nationalelf estava sentindo falta de outros jogadores de alto nível, como Wolfgang Overath e Jürgen Grabowski. Um dos principais desfalques era o rebelde Paul Breitner, que estava em litígio com o veterano técnico Helmut Schön.


O técnico Helmut Schön escalou a Alemanha Ocidental no 4-3-3 com Rüssmann atuando como zagueiro na sobra.


O treinador Jacek Gmoch mandou a Polônia a campo no sistema 4-3-3.

● O jogo de abertura da Copa geralmente é truncado e sem graça. Mas todos esperavam um duelo elétrico como o de 1974. Ledo engano.

Não foi um bom presságio para quem esperava uma Copa com inovações táticas e jogadores de alto nível técnico, como quatro anos antes.

Um dos problemas era o campo. Alguém – não se sabe quem – teve a iluminada ideia de irrigar o gramado do estádio Monumental de Núñez com água do mar. Logicamente, a grama ficou arruinada e teve que ser substituída em cima da hora. Com isso, tufos de grama se soltavam a cada jogada, prejudicando o toque de bola.

Para piorar, alemães e poloneses preferiram jogar para evitar a derrota ao invés de partirem em busca da vitória. Não foi um bom jogo tecnicamente, com nenhuma chance clara ou remota de gol.

Com atuações bem abaixo do esperado, as duas seleções deixaram entediados e com sono os 67 mil expectadores.


(Imagem: Impromptuinc)

● Na sequência da primeira fase, a Polônia venceu a Tunísia (1 x 0) e o México (3 x 1). A Alemanha goleou o México por 6 a 0 e empatou sem gols com a Tunísia. Com esses resultados, os poloneses terminaram como líderes do Grupo 2, com os alemães se classificando em segundo lugar.

Assim como em 1974, a segunda fase não era composta por oitavas ou quartas de final em partidas eliminatórias (o famoso mata-mata), mas sim uma nova fase de grupos, que classificaria o vencedor para a final.

Nessa fase, pelo Grupo B, a Polônia perdeu para a Argentina por 2 x 0, venceu o Peru por 1 x 0 e se despediu perdendo para o Brasil por 3 x 1.

Pelo Grupo A, a Alemanha Ocidental empatou por 0 x 0 com a Itália e por 2 x 2 com a Holanda. Precisando vencer para ter alguma chance de ir para a final, perdeu para a vizinha Áustria por 3 x 2 e o resultado foi a eliminação.


(Imagem: Impromptuinc)

FICHA TÉCNICA:

 

ALEMANHA OCIDENTAL 0 x 0 POLÔNIA

 

Data: 01/06/1978

Horário: 16h00 locais

Estádio: Monumental de Nuñez (Estadio Antonio Vespucio Liberti)

Público: 67.579

Cidade: Buenos
Aires (Argentina)

Árbitro: Ángel Norberto Coerezza (Argentina)

 

ALEMANHA OCIDENTAL (4-3-3):

POLÔNIA (4-3-3):

1  Sepp Maier (G)

1  Jan Tomaszewski (G)

2  Berti Vogts (C)

4  Antoni Szymanowski

5  Manfred Kaltz

9  Władysław Żmuda

4  Rolf Rüssmann

6  Jerzy Gorgoń

15 Erich Beer

3  Henryk Maculewicz

6  Rainer Bonhof

5  Adam Nawałka

10 Heinz Flohe

11 Bohdan Masztaler

20 Hansi Müller

12 Kazimierz Deyna (C)

7  Rüdiger Abramczik

16 Grzegorz Lato

8  Herbert Zimmermann

17 Andrzej Szarmach

9  Klaus Fischer

19 Włodzimierz Lubański

 

Técnico: Helmut Schön

Técnico: Jacek Gmoch

 

SUPLENTES:

 

 

21 Rudi Kargus (G)

21 Zygmunt Kukla (G)

22 Dieter Burdenski (G)

22 Zdzisław Kostrzewa (G)

12 Hans-Georg Schwarzenbeck

14 Mirosław Justek

13 Harald Konopka

20 Roman Wójcicki

3  Bernard Dietz

13 Janusz Kupcewicz

16 Bernhard Cullmann

8  Henryk Kasperczak

18 Gerd Zewe

10 Wojciech Rudy

17 Bernd Hölzenbein

18 Zbigniew Boniek

19 Ronald Worm

2  Włodzimierz Mazur

14 Dieter Müller

7  Andrzej Iwan

11 Karl-Heinz Rummenigge

15 Marek Kusto

 

SUBSTITUIÇÕES:

79′ Włodzimierz Lubański (POL) ↓

Zbigniew Boniek (POL) ↑

 

84′ Bohdan Masztaler (POL) ↓

Henryk Kasperczak (POL) ↑

Melhores momentos da partida:

… 31/05/1962 – Tchecoslováquia 1 x 0 Espanha

Três pontos sobre…
… 31/05/1962 – Tchecoslováquia 1 x 0 Espanha


(Imagem: Getty Images)

● Cerca de 12.700 pessoas compareceram ao estádio Sousalito, em Viña del Mar. A expectativa era ver uma equipe praticamente desconhecida de um país comunista ser massacrada pelos vários astros do ataque espanhol.

A Tchecoslováquia chegava ao Mundial sem empolgar, apesar do 3º lugar no Campeonato Europeu de Seleções de 1960. A torcida estava desanimada, principalmente quando o sorteio colocou os tchecos num grupo com Espanha, Brasil e México. Mas os jogadores discordavam de sua torcida e estavam confiantes. Em 1959, o Dukla Praga (time base do selecionado tcheco, com cinco titulares) venceu o Santos por 4 x 3 em um torneio amistoso disputado no México.

O goleiro Viliam Schrojf dava segurança à meta, o capitão Ladislav Novák comandava a defesa, Josef Masopust era o maestro no meio e Adolf Scherer era o principal atacante.


O goleiro tcheco Schrojf vai ao chão cercado pelos companheiros de equipe Kvašňák, Novák e Popluhár e pelo espanhol Eulogio Martínez. (Imagem: Planet World Cup)

● A Espanha já havia decepcionado ao cair nas eliminatórias para a Copa de 1958, quando foi superada pela Escócia. Apesar dos maus resultados anteriores, a Fúria contava com um elenco de astros e a mídia europeia insistia em apontá-la como uma das favoritas ao título, justamente pelo talento individual de seus jogadores. Era esperado que o rígido técnico argentino Helenio Herrera fizesse o time jogar com mais sentido coletivo.

Real Madrid (pentacampeão da Copa dos Campeões Europeus) e Barcelona (ex-clube de Helenio Herrera) polarizavam a convocação da seleção espanhola, com sete jogadores cada. Da capital vinham o goleiro Araquistáin, o zagueiro uruguaio Santamaría, o defensor Pachín, o polivalente Del Sol, o genial húngaro Ferenc Puskás, o craque argentino Alfredo Di Stéfano e o “Mr. Títulos” Paco Gento.

Da Catalunha chegaram o arqueiro Sadurní, os defensores Rodri e Gràcia, os meio-campistas Joan Segarra, Martí Vergés e Jesús Garay, além do ponta paraguio Eulogio Martínez.

Completavam o elenco quatro ótimos jogadores do Atlético de Madrid (Rivilla, Collar, Joaquín Peiró e Adelardo), dois do Athletic Bilbao (Carmelo e Echeberría) e um do Zaragoza (o bom lateral esquerdo Severino Reija). Da Inter de Milão veio o cerebral meia Luis Suárez Miramontes, além do treinador Helenio Herrera (entre 1960 e 1962, o argentino treinou a Internazionale e a seleção espanhola ao mesmo tempo).

Assim, não tinha como não colocar a Espanha como uma das grandes favoritas. Mas seu principal jogador chegava ao Mundial fora de combate. Eleito o “Bola de Ouro” da revista France Football em 1957 e 1959, o gênio madridista Alfredo Di Stéfano só teria condições de jogo nas quartas de final, se a Fúria passasse de fase.


A Tchecoslováquia jogava no esquema da moda de então, o 4-2-4, com destaque para o craque Josef Masopust


A Espanha jogava em um misto de W-M e 4-2-4

● A Espanha acabou sendo tão confusa em campo quanto a numeração de suas camisas. A Fúria tinha um domínio territorial estéril, sem concluir as jogadas. Os tchecos se defendiam bem e contra-atacavam com entusiasmo.

Josef Masopust liderava o meio-campo tcheco. Em uma jogada criada por ele, Adamec fez o pivô e Jelínek bateu rasteiro de fora da área. A bola foi fraca e o goleiro espanhol Carmelo fez a defesa.

Mas o primeiro tempo terminou sem gols. A maioria dos ataques morreram sem conclusão antes de chegar à área rival.

A melhor chance dos ibéricos foi com uma bola lançada para a área tcheca, que a defesa cortou e Jesús Garay pegou o rebote para chutar de longe, por cima do gol.

A Tchecoslováquia conseguia se segurar firme na defesa, mas não ousava no ataque.

O gol decisivo só poderia sair em uma falha. E foi o que aconteceu.

A dez minutos do apito final, Reija e Santamaría se atrapalharam com a bola e Adolf Scherer fez um lançamento nas costas da defesa. Sozinho, Jozef Štibrányi arrancou em velocidade pelo meio, entrou na área e deu um toquinho por cobertura, na saída do goleiro Carmelo. A bola acabou entrando no cantinho direito.

Em uma Copa que os fotógrafos invadiam o campo para registrar tudo de perto, a maioria deles estavam atrás do gol tcheco. Poucos registraram o gol de Štibrányi.

A Espanha apresentou um futebol melhor e mais vistoso. Mas só vence a partida quem marca gols. E quem fez isso – uma mísera vez – foi a Tchecoslováquia.


(Imagem: Pinterest)

● O Grupo C acabou sendo o mais equilibrado da primeira fase da Copa do Mundo de 1962. E a Fúria fracassou mais uma vez.

No jogo seguinte, a Espanha venceu o México por 1 x 0, com um gol no último minuto de Joaquín Peiró. Na terceira rodada, um duelo entre Espanha e Brasil classificaria o vencedor e eliminaria o derrotado. Bastante prejudicada pela arbitragem, a Espanha acabou perdendo por 2 x 1 e voltando para casa de forma precoce.

Na segunda partida, a Tchecoslováquia segurou o ataque brasileiro (com Pelé lesionado durante o jogo) e empatou sem gols. Já classificada, perdeu para o México por 3 x 1, na primeira vitória dos astecas em Copas do Mundo. Nas quartas de final, vitória sobre o bom time da Hungria por 1 x 0. Na semi, venceu a forte Iugoslávia por 3 x 1. Na decisão, dessa vez não contou com a sorte e foi derrotada pelo Brasil por 3 x 1, gols de Amarildo, Zito e Vavá, com Masopust descontando para os tchecos.


(Imagem: Pinterest)

FICHA TÉCNICA:

 

TCHECOSLOVÁQUIA 1 x 0 ESPANHA

 

Data: 31/05/1962

Horário: 15h00 locais

Estádio: Sousalito

Público: 12.700

Cidade: Viña del Mar (Chile)

Árbitro: Carl Erich Steiner (Áustria)

 

TCHECOSLOVÁQUIA (4-2-4):

ESPANHA (W-M):

1  Viliam Schrojf (G)

3  Carmelo (G)

2  Jan Lála

11 Feliciano Rivilla

5  Svatopluk Pluskal

19 José Emilio Santamaría

3  Ján Popluhár

16 Severino Reija

4  Ladislav Novák (C)

20 Joan Segarra (C)

19 Andrej Kvašňák

8  Jesús Garay

6  Josef Masopust

5  Luis del Sol

7  Jozef Štibrányi

15 Eulogio Martínez

8  Adolf Scherer

14 Ferenc Puskás

10 Jozef Adamec

21 Luis Suárez

11 Josef Jelínek

9  Francisco Gento

 

Técnico: Rudolf Vytlačil

Técnico: Helenio Herrera

 

SUPLENTES:

 

 

22 Pavel Kouba (G)

1  José Araquistáin (G)

21 Jozef Bomba

2  Salvador Sadurní (G)

12 Jiří Tichý

17 Rodri

13 František Schmucker

7  Luis María Echeberría

15 Vladimír Koiš

10 Sígfrid Gràcia

16 Titus Buberník

22 Martí Vergés

17 Tomáš Pospíchal

13 Pachín

18 Josef Kadraba

4  Enrique Collar

9  Pavol Molnár

12 Joaquín Peiró

20 Jaroslav Borovička

18 Adelardo

14 Václav Mašek

6  Alfredo Di Stéfano

 

GOL: 80′ Jozef Štibrányi (TCH)

Melhores momentos da partida:

Jogo completo: