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… 23/07/1966 – Alemanha Ocidental 4 x 0 Uruguai

Três pontos sobre…
… 23/07/1966 – Alemanha Ocidental 4 x 0 Uruguai

● Depois da vitória da Inglaterra sobre a Argentina por 1 x 0, o duelo entre alemães e uruguaios era o segundo capítulo da novela “arbitragem vs. países sul-americanos”.

A Alemanha Ocidental foi a líder do Grupo 2 na primeira fase. Goleou a Suíça por 5 x 0, empatou sem gols com a Argentina e venceu a Espanha por 2 x 1.

O Uruguai estreou empatando sem gols com a Inglaterra, dona da casa. Na segunda partida, venceu a França por 2 x 1. No terceiro jogo, o empate por 0 x 0 com o México valeu a classificação em segundo lugar do Grupo 1.

O Uruguai tinha em seu elenco vários personagens que teriam passagem pelo futebol brasileiro. O goleiro Ladislao Mazurkiewicz jogou no Atlético Mineiro entre 1971 e 1974. O lateral direito Pablo Forlán atuou pelo São Paulo F.C. entre 1970 e 1976. O atacante Héctor Silva passou pelo Palmeiras (1970-1971) e Portuguesa (1972-1973). O craque Pedro Rocha se tornou ídolo do São Paulo F.C., onde jogou entre 1970 e 1977, além de ter passagens por Palmeiras (1978), Coritiba (1979) e Bangu (1979). Após encerrar a carreira, Pedro Rocha treinou doze clubes brasileiros, sendo o Internacional o de maior expressão.

Além dos atletas, o técnico da Celeste Olímpica já tinha sua história marcada no futebol brasileiro. Entre as décadas de 1930 e 1960, Ondino Viera foi vitorioso treinando clubes como Fluminense, Vasco da Gama, Botafogo, Bangu, Palmeiras e Atlético Mineiro.


As duas seleções atuavam no sistema 4-2-4.

● Mais de 40 mil pessoas estiveram presentes no estádio Hillsborough, em Sheffield.

O Uruguai começou melhor e deu o primeiro susto logo aos 4′. Julio César Cortés aproveitou um rebote e chutou de longe, mas a bola explodiu no travessão. O goleiro Hans Tilkowski pegou o rebote. Mas Héctor Silva, que já tinha derrubado Willi Schulz no lance, passou pelo goleiro alemão e lhe deixou o joelho na cabeça – já mostrando um pouco do nervosismo charrua.

Dois minutos depois veio a primeira decisão controversa do juiz. Pedro Rocha cabeceou para o gol, a bola passou pelo goleiro Tilkowski e desviou na mão de Karl-Heinz Schnellinger. Era um lance em que comumente se apitava pênalti, mas o árbitro inglês Jim Finney deixou o lance seguir sem nada marcar.

Os uruguaios se convenceram que seria algo premeditado e começaram a perder a cabeça.

Para piorar, os alemães abriram o placar aos 11′. Sigfried Held chutou de fora da área. No meio do caminho, a bola desviou em Helmut Haller e enganou Ladislao Mazurkiewicz, entrando no canto direito.

No resto do primeiro tempo, o Uruguai bateu, a Alemanha revidou e o juiz não coibiu a violência.

Wolfgang Overath avançou sem marcação e chutou de esquerda, da entrada da área. A bola quicou e Mazurka segurou bem.

Héctor Salva chutou de fora da área e Tilkowski fez uma ponte para segurar. A bola ia no ângulo direito.

Wolfgang Weber avança e Cortés lhe dá um carrinho por trás. O árbitro inglês Jim Finney contemporizou e avisou ao uruguaio que seria a última.

De muito longe, Franz Beckenbauer bateu a falta de três dedos. A bola ia no ângulo, mas Mazurkiewicz espalmou para escanteio.

Ao invés de esfriar os ânimos, os uruguaios voltaram mais acesos.

Aos quatro minutos da etapa final, o capitão charrua Horacio Troche foi expulso por dar um pontapé sem bola em Lothar Emmerich. Quando estava saindo de campo, Troche passou por Uwe Seeler e lhe deu um tapa no rosto.

Os uruguaios perderam de vez a cabeça cinco minutos depois. Silva foi expulso por atingir Haller. Na saída do atacante celeste, houve até certo desentendimento entre alguns uruguaios e os policiais britânicos.

Com nove homens em campo, o Uruguai só conseguiu resistir por mais quinze minutos.

Com dois homens a mais, a Alemanha foi cada vez mais soberana. Haller avançou sozinho da direita e cruzou para o meio da área. Uwe Seeler não dominou bem, perdeu o tempo de bola e não conseguiu finalizar. Seeler foi muito bem marcado durante a partida.

Aos 25′, Beckenbauer recebeu de Uwe Seeler na área, passou fácil pela marcação, driblou o goleiro e tocou para o gol vazio. Alemanha: 2 a 0.

Aos 30′, Emmerich avançou pela esquerda, tocou para Held, que virou o jogo para Uwe Seeler. Sem marcação, o capitão alemão dominou, avançou e bateu da entrada da área, no ângulo esquerdo de Mazurkiewcz. Alemanha: 3 a 0.

O placar foi fechado aos 38′. Dentro da área, Haller passou por um adversário e tocou rasteiro de pé esquerdo na saída do goleiro. A bola morreu no canto direito. Final: Alemanha 4, Uruguai 0.

● Na saída de campo, Cortés deu um pontapé no árbitro – o que resultaria em uma suspensão por seis jogos internacionais.

As duas seleções saíram de campo reclamando da arbitragem. O técnico alemão Helmut Schön disse que o juiz acertou nas suas decisões, mas demorou demais para expulsar os “violentos jogadores uruguaios”. Ondino Viera foi mais equilibrado, dizendo que “as arbitragens foram, no mínimo, defeituosas”. Mas seguiu dizendo que o árbitro deu um presente para os alemães: “A exibição do filme do jogo dará razão aos uruguaios sobre o penal não apitado no início do encontro”.

Diego Lucero, decano jornalista da Argentina, resumiu a situação pela ótica dos não-europeus: “Se um sul-americano se classificasse para as semifinais, seríamos todos mortos”.

Na semifinal, a Alemanha Ocidental venceu a União Soviética por 2 x 1. Na decisão, conseguiu o empate por 2 x 2 diante da Inglaterra em Wembley, mas, em uma decisão controversa da arbitragem (como detalhamos aqui) acabou perdendo por 4 x 2 na prorrogação.


(Imagem: Impromptuinc)

FICHA TÉCNICA:

 

ALEMANHA OCIDENTAL 4 x 0 URUGUAI

 

Data: 23/07/1966

Horário: 15h00 locais

Estádio: Hillsborough

Público: 40.007

Cidade: Sheffield (Inglaterra)

Árbitro: Jim Finney (Inglaterra)

 

ALEMANHA OCIDENTAL (4-2-4):

URUGUAI (4-2-4):

1  Hans Tilkowski (G)

1  Ladislao Mazurkiewicz (G)

2  Horst-Dieter Höttges

15 Luis Ubiña

5  Willi Schulz

2  Horacio Troche (C)

6  Wolfgang Weber

3  Jorge Manicera

3  Karl-Heinz Schnellinger

6  Omar Caetano

4  Franz Beckenbauer

5  Néstor Gonçalves

12 Wolfgang Overath

17 Héctor Salva

8  Helmut Haller

7  Julio César Cortés

9  Uwe Seeler (C)

19 Héctor Silva

10 Sigfried Held

10 Pedro Rocha

11 Lothar Emmerich

11 Domingo Pérez

 

Técnico: Helmut Schön

Técnico: Ondino Viera

 

SUPLENTES:

 

 

22 Sepp Maier (G)

12 Roberto Sosa (G)

21 Günter Bernard (G)

22 Walter Taibo (G)

14 Friedel Lutz

4  Pablo Forlán

15 Bernd Patzke

13 Nelson Díaz

17 Wolfgang Paul

14 Emilio Álvarez

18 Klaus-Dieter Sieloff

16 Eliseo Álvarez

7  Albert Brülls

20 Luis Ramos

16 Max Lorenz

18 Milton Viera

19 Werner Krämer

21 Víctor Espárrago

13 Heinz Hornig

8  José Urruzmendi

20 Jürgen Grabowski

9  José Sasía

 

GOLS:

11′ Helmut Haller (ALE)

70′ Franz Beckenbauer (ALE)

75′ Uwe Seeler (ALE)

83′ Helmut Haller (ALE)

 

ADVERTÊNCIAS:

20′ Héctor Silva (URU)

86′ Wolfgang Weber (ALE)

 

EXPULSÕES:

49′ Horacio Troche (URU)

54′ Héctor Silva (URU)

Melhores momentos da partida:

 

… 12/07/1966 – Alemanha Ocidental 5 x 0 Suíça

Três pontos sobre…
… 12/07/1966 – Alemanha Ocidental 5 x 0 Suíça

● O lendário técnico alemão Sepp Herberger se aposentou depois da Copa do Mundo de 1962, passando o comando para Helmut Schön – que era seu auxiliar nos oito anos anteriores.

A Alemanha não começou tão bem no Grupo 2 das eliminatórias europeias, empatando em casa com a Suécia (1 x 1) – em uma chave que também tinha o modestíssimo Chipre. Mas foi buscar o placar no campo do adversário e venceu os suecos por 2 x 1 em Estocolmo. Nesse jogo, Schön escalou pela primeira vez um jovem volante de 19 anos do Bayern de Munique chamado Franz Beckenbauer. No processo de renovação, o técnico também tinha apontado em outro talentoso meia do FC Köln: Wolfgang Overath. A partir de então, Beckenbauer e Overath passaram a formar uma sólida dupla de meio campo – uma das melhores, senão melhor, já produzida no país.

Pelo Grupo 5 do qualificatório europeu, as prévias diziam que a decisão ficaria entre Suíça e Irlanda do Norte, do genial George Best, de 19 anos, estrela do Manchester United. Os demais concorrentes não assustavam: a Holanda ainda tinha um futebol semiprofissional e a Albânia era um país linha dura, que parou no tempo durante a ditadura socialista de Enver Hoxha (1944-1991) – cuja seleção possuía um sistema defensivo forte e tomava poucos gols. A Suíça venceu quatro jogos (duas vezes a Albânia, Irlanda do Norte em casa e Holanda em casa), empatou um (0 x 0 com a Holanda) e uma derrota (2 x 1 para a Irlanda do Norte, em Belfast, na estreia). Os norte-irlandeses tinham campanha parecida e precisavam vencer a Albânia em Tirana para forçar um jogo desempate com a Suíça. Mas ficaram no empate por 1 x 1, dando a classificação aos helvéticos.


A Alemanha Ocidental jogou no esquema 4-2-4.


A Suíça atuou no sistema 4-3-3.

● O técnico da Suíça, o ex-zagueiro italiano Alfredo Foni, campeão do mundo em 1938, tinha problemas para escalar o time para o primeiro jogo. O goleiro Léo Eichmann, o zagueiro Werner Leimgruber e o meio-campista Köbi Kuhn foram punidos por indisciplina e não jogaram.

Sem eles, o treinador recuou um dos meia atacantes e armou a Suíça no sistema 4-3-3, sistema considerado defensivo demais para a época, que pouco era utilizado.

Mas a nova versão do antigo “ferrolho suíço” não funcionou.

A Alemanha tinha uma defesa sólida, um meio campo consistente e um ataque demolidor. E tratou de provar isso.

O placar foi aberto aos 15′. Sigfried Held passou por três adversários e cruzou para Helmut Haller finalizar. O goleiro Karl Elsener defendeu, mas Held pegou o rebote e marcou. 1 x 0.

Cinco minutos depois, Haller arrancou com a bola dominada ainda em seu campo, ganhou na velocidade de seus marcadores e bateu à esquerda, na saída do goleiro. 2 x 0.

Aos 39′, Beckenbauer tabelou com Uwe Seeler, recebeu de volta e tocou de bico, à direita de Elsener. 3 x 0.

Aos sete minutos do segundo tempo, Haller lançou Beckenbauer, que passou por Heinz Schneiter e André Grobéty e finalizou na saída do goleiro. 4 x 0.

Beckenbauer era um caso a parte. Ao contrário dos volantes da época, que eram responsáveis apenas pelo desarme e pela proteção à defesa, o Kaiser partia de seu campo com a bola dominada e seguia rumo ao ataque. Despreparados para lidar com alguém como Beckenbauer, a defesa suíça sofreu e acabou tomando dois gols do craque alemão.

O último gol veio aos 32′. Seeler entrou na área e foi derrubado por Richard Dürr. Haller bateu o pênalti no canto esquerdo e converteu. 5 x 0.

O placar dilatado ainda ficou barato. A Alemanha perdeu pelo menos outras quatro chances claras de gol.

● A Suíça acabou eliminada na primeira fase, com três derrotas em três jogos. Depois da derrota para o alemães, os helvéticos ainda perderam para espanhóis ( 1 x 2) e argentinos (0 x 2).

A Alemanha Ocidental foi a líder do Grupo 2 na primeira fase. Depois da vitória sobre a Suíça, empatou sem gols com a Argentina e venceu a Espanha por 2 x 1. Nas quartas de final, goleou o Uruguai por 4 x 0. Na semifinal, venceu a União Soviética por 2 x 1. Na decisão, conseguiu o empate por 2 x 2 diante da Inglaterra em Wembley, mas, em uma decisão controversa da arbitragem (como detalhamos aqui) acabou perdendo por 4 x 2 na prorrogação.


(Imagens: Impromptuinc)

FICHA TÉCNICA:

 

ALEMANHA OCIDENTAL 5 x 0 SUÍÇA

 

Data: 12/07/1966

Horário: 19h30 locais

Estádio: Hillsborough

Público: 36.127

Cidade: Sheffield (Inglaterra)

Árbitro: Hugh Phillips (Escócia)

 

ALEMANHA OCIDENTAL (4-2-4):

SUÍÇA (4-3-3):

1  Hans Tilkowski (G)

1  Karl Elsener (G)

2  Horst-Dieter Höttges

9  André Grobéty

5  Willi Schulz

18 Heinz Schneiter (C)

6  Wolfgang Weber

20 Ely Tacchella

3  Karl-Heinz Schnellinger

7  Hansruedi Führer

4  Franz Beckenbauer

4  Heinz Bäni

12 Wolfgang Overath

6  Richard Dürr

7  Albert Brülls

15 Karl Odermatt

8  Helmut Haller

10 Robert Hosp

9  Uwe Seeler (C)

13 Fritz Künzli

10 Sigfried Held

17 Jean-Claude Schindelholz

 

Técnico: Helmut Schön

Técnico: Alfredo Foni

 

SUPLENTES:

 

 

22 Sepp Maier (G)

12 Léo Eichmann (G)

21 Günter Bernard (G)

22 Mario Prosperi (G)

14 Friedel Lutz

2  Willy Allemann

15 Bernd Patzke

5  René Brodmann

17 Wolfgang Paul

14 Werner Leimgruber

18 Klaus-Dieter Sieloff

3  Kurt Armbruster

19 Werner Krämer

8  Vittore Gottardi

16 Max Lorenz

11 Köbi Kuhn

13 Heinz Hornig

16 René-Pierre Quentin

20 Jürgen Grabowski

19 Xavier Stierli

11 Lothar Emmerich

21 Georges Vuilleumier

 

GOLS:

16′ Sigfried Held (ALE)

21′ Helmut Haller (ALE)

40′ Franz Beckenbauer (ALE)

52′ Franz Beckenbauer (ALE)

77′ Helmut Haller (ALE) (pen)

Gols da partida:

… 07/07/2010 – Espanha 1 x 0 Alemanha

Três pontos sobre…
… 07/07/2010 – Espanha 1 x 0 Alemanha


(Imagem: Belfast Telegraph)

● Pela primeira vez, a Espanha chegou a uma Copa do Mundo como principal favorita. O título da Eurocopa de 2008 levantou a autoestima dos espanhóis e espantou o estigma de fracassar nas grandes competições. Mas, ao mesmo tempo que isso dava confiança ao time, trazia também mais pressão para que superasse a falta de tradição e conquistasse o Mundial.

O técnico Vicente Del Bosque assumiu a seleção depois do título da Euro 2008 e manteve o sistema tático e a forma de jogar que foi implementada pelo seu antecessor, Luis Aragonés. La Roja impressionava pelo ritmo de jogo, baseado na técnica e na posse de bola, estilo que ficou conhecido como “tiki-taka”. O ponto forte era o meio de campo, que contava com jogadores talentosos como Sergio Busquets, Xabi Alonso, Cesc Fàbregas, David Silva, Xavi e Andrés Iniesta.

A Espanha estava invicta havia 35 jogos e perdeu para os Estados Unidos na semifinal da Copa das Confederações de 2009, frustrando a expectativa de medir forças com o Brasil na final do torneio.

Na estreia do Mundial, a Fúria foi surpreendida com uma inesperada derrota para a Suíça por 1 x 0. Mas se recuperou ao vencer Honduras por 2 x 0 e Chile por 2 x 1. Nas fases de mata-mata, um festival de “1 x 0”. Com esse placar, La Roja venceu Portugal no clássico ibérico das oitavas de final e bateu Portugal nas quartas de final.

Para a semifinal, Vicente Del Bosque preferiu dar mais mobilidade ao seu ataque, sacando Fernando Torres para a entrada de Pedro.


(Imagem: Spox)

● A Alemanha seguia seu recomeço. Depois de fiascos nas Copas de 1994 e 1998, chegou à final de 2002 com um time que o destaque era o goleiro Oliver Kahn. Jogando em casa em 2006, a Nationalelf chegou em 3º lugar, com um time mais renovado e mais técnico.

Para o Mundial de 2010, perdeu por lesão o zagueiro Heiko Westermann e o capitão Michael Ballack pouco antes do torneio. Mas foi a ausência de Ballack que fez desabrochar o talento de Sami Khedira e Mesut Özil, além da liderança de Philipp Lahm. Os protagonistas eram Bastian Schweinsteiger, Thomas Müller, Łukasz Podolski e Miroslav Klose.

O técnico Joachim Löw também teve que se reinventar após a perda de seus goleiros principais. Robert Enke perdeu a luta contra a depressão e se matou sete meses antes do Mundial. René Adler se lesionou às vésperas da competição e não viajou para a África do Sul. Com isso, o treinador deu uma chance no time titular a Manuel Neuer, do Schalke 04.

Na Copa de 2010, a Alemanha estreou goleando a Austrália por 4 x 0. No segundo jogo, um pequeno deslize na derrota para a Sérvia por 1 x 0. Na terceira rodada, venceu Gana por 1 x 0. Nas oitavas de final, goleada sobre a rival Inglaterra por 4 x 1. Nas quartas, massacre sobre a Argentina por 4 x 0.

Para a semifinal, a Nationalelf não contava com Thomas Müller, suspenso pelo segundo cartão amarelo. O camisa 13 vinha sendo o principal jogador do time e fez muita falta aos teutônicos. Ele foi substituído por Piotr Trochowski, que, embora fosse bom jogador, não tinha as mesmas características.


A Espanha jogava em um sistema bastante móvel: era escalada no 4-2-3-1, mas atacava no 4-3-3 e se defendia no 4-5-1.


Joachim Löw armou a Alemanha no sistema 4-2-3-1.

● As duas seleções haviam se enfrentado na final da Eurocopa de 2008, com uma vitória da Espanha por 1 x 0 – gol de Fernando Torres aos 33′. O roteiro se repetiria.

Em campo, o jogo parecia uma tourada: a Espanha fazia o papel de toureiro e controlava o espetáculo, com “olé” no toque de bola incessante; a Alemanha foi o pobre touro, que não viu a cor da bola.

A primeira chance clara de gol veio depois de cinco minutos jogados. Gerard Piqué acionou Pedro na meia direita e ele deu o passe na medida para David Villa finalizar já dentro da área, mas Neuer saiu bem para fechar o ângulo e impedir o gol.

Aos 13′, após cobrança de escanteio ensaiada, Iniesta cruzou e Puyol cabeceou para fora com muito perigo. Parecia uma premonição.

Foi um jogo muito disputado, mas também muito leal. A primeira falta do jogo só foi acontecer aos 26′. O árbitro húngaro Viktor Kassai teve pouco trabalho e não teve que apresentar nenhum cartão amarelo.

Aos 29′, Xabi Alonso arriscou de longe e mandou à direita do gol.

A primeira finalização alemã veio dois minutos depois. Trochowski bateu rasteiro de longe e obrigou Casillas a espalmar para escanteio.


(Imagem: Halden Krog / EFE /)

No fim da etapa inicial, Pedro chutou forte da intermediária e Neuer segurou firme.

O segundo tempo continuou no mesmo ritmo: a Espanha amassava e a Alemanha tentava se defender.

Xabi Alonso tentou em chutes de fora da área que foram para fora, aos 3′ e aos 4′.

Aos 12′, Joan Capdevila tabelou com Iniesta pela esquerda e cruzou rasteiro para a área. Xabi Alonso ajeitou para trás e Pedro bateu de primeira, da meia-lua, mas Neuer espalmou para o lado. A Fúria ainda ficou com o rebote dentro da área e Xabi Alonso deixou de calcanhar com Iniesta que cruzou da esquerda. A bola passou por Villa, que chegou atrasado e não conseguiu finalizar com o gol vazio.

Na única chance da Alemanha, aos 23′, Özil avançou pela esquerda e tocou para Podolski já dentro da grande área. Ele cruzou pelo alto, a bola passou por Klose e Toni Kroos apareceu livre na segunda trave para bater de primeira para boa defesa de Iker Casillas.

O amplo domínio espanhol foi recompensado com superioridade no placar aos 28′ de uma maneira nada convencional para La Roja. Xavi cobrou escanteio para a área. Puyol chegou na área vindo na corrida, apareceu como um homem surpresa nas costas da defesa e cabeceou com força à esquerda de Neuer.

Depois do gol, a Espanha recuou naturalmente para segurar a vantagem e a Alemanha passou a ter mais um pouco de posse de bola, mas não conseguiu agredir o gol de Iker Casillas.


(Imagem: BBC)

● Em sua 13ª Copa do Mundo, enfim a Espanha conseguiu a vaga em sua primeira e tão desejada final de Copa do Mundo.

Após o fim da partida, houve uma festa dos jogadores espanhóis no vestiário do estádio Moses Mabhida Stadium, em Durban. Eis que de repente aparece na frente dos atletas a rainha Sofia da Espanha, que desceu das tribunas de honra para parabenizar pessoalmente os heróis da Fúria. Enquanto os jogadores tentaram disfarçar e organizar a bagunça, a monarca pediu para cumprimentar o autor do gol da vitória. Depois de um tempo, apareceu Carles Puyol quase pelado, apenas com uma toalha enrolada na cintura. Enquanto ele recebia o cumprimento real, os companheiros se acabavam em risos vendo a cena.

Na decisão do 3º lugar, a Alemanha conseguiu ficar com o Bronze após vencer o Uruguai por 3 x 2. Nessa partida, os germânicos atingiram a marca de 99 jogos em Copas do Mundo, superando o Brasil como a seleção que mais jogou em Mundiais.

Na decisão que consagraria um campeão inédito, venceu a azarada Holanda pelo placar de 1 x 0, com um gol de Andrés Iniesta aos 11 minutos do segundo tempo da prorrogação. Espanha, merecida e legítima campeã mundial de 2010!


(Imagem: Soccer – Football Scores)

FICHA TÉCNICA:

 

ESPANHA 1 x 0 ALEMANHA

 

Data: 07/07/2010

Horário: 20h30 locais

Estádio: Moses Mabhida Stadium

Público: 60.960

Cidade: Durban (África do Sul)

Árbitro: Viktor Kassai (Hungria)

 

ESPANHA (4-2-3-1):

ALEMANHA (4-2-3-1):

1  Iker Casillas (G)(C)

1  Manuel Neuer (G)

15 Sergio Ramos

16 Philipp Lahm (C)

3  Gerard Piqué

3  Arne Friedrich

5  Carles Puyol

17 Per Mertesacker

11 Joan Capdevila

20 Jérôme Boateng

16 Sergio Busquets

6  Sami Khedira

14 Xabi Alonso

7  Bastian Schweinsteiger

8  Xavi

15 Piotr Trochowski

6  Andrés Iniesta

8  Mesut Özil

18 Pedro

10 Łukasz Podolski

7  David Villa

11 Miroslav Klose

 

Técnico: Vicente del Bosque

Técnico: Joachim Löw

 

SUPLENTES:

 

 

12 Víctor Valdés (G)

12 Tim Wiese (G)

23 Pepe Reina (G)

22 Hans-Jörg Butt (G)

2  Raúl Albiol

14 Holger Badstuber

4  Carlos Marchena

5  Serdar Tasci

17 Álvaro Arbeloa

4  Dennis Aogo

20 Javi Martínez

2  Marcell Jansen

10 Cesc Fàbregas

18 Toni Kroos

13 Juan Mata

21 Marko Marin

21 David Silva

13 Thomas Müller

22 Jesús Navas

19 Cacau

19 Fernando Llorente

9  Stefan Kießling

9  Fernando Torres

23 Mario Gómez

 

GOL: 73′ Carles Puyol (ESP)

 

SUBSTITUIÇÕES:

52′ Jérôme Boateng (ALE) ↓

Marcell Jansen (ALE) ↑

 

62′ Piotr Trochowski (ALE) ↓

Toni Kroos (ALE) ↑

 

81′ Sami Khedira (ALE) ↓

Mario Gómez (ALE) ↑

 

81′ David Villa (ESP) ↓

Fernando Torres (ESP) ↑

 

86′ Pedro (ESP) ↓

David Silva (ESP) ↑

 

90+3′ Xabi Alonso (ESP) ↓

Carlos Marchena (ESP) ↑

Melhores momentos da partida:

… 04/07/1990 – Alemanha Ocidental 1 x 1 Inglaterra

Três pontos sobre…
… 04/07/1990 – Alemanha Ocidental 1 x 1 Inglaterra


(Imagem: The Guardian)

● Uma das semifinais da Copa do Mundo de 1990 foi um clássico do futebol mundial: Alemanha e Inglaterra.

Na primeira fase, a Alemanha Ocidental foi a primeira do Grupo D com cinco pontos. Começou goleando a Iugoslávia por 4 a 1 e os Emirados Árabes Unidos por 5 a 1. Na última rodada, empatou por 1 x 1 com a Colômbia. Nas oitavas de final, venceu a grande rival Holanda por 2 a 1, em uma verdadeira batalha. Nas quartas, vitória simples por 1 a 0 sobre a Tchecoslováquia.

Pelo Grupo F, a Inglaterra estreou empatando com a Irlanda (1 x 1) e a Holanda (0 x 0). Uma vitória simples (1 x 0) sobre o Egito garantiu o English Team no primeiro lugar da chave. Nas oitavas, um gol de David Platt no último minuto da prorrogação valeu a vitória sobre a Bélgica (1 x 0). Nas quartas, um jogo duríssimo e nova prorrogação para eliminar Camarões, os surpreendentes Leões Indomáveis, em uma vitória por 3 x 2.


O técnico Franz Beckenbauer escalou sua equipe no sistema 3-5-2.


Na teoria, o time escalado por Bobby Robson era um 3-5-2. Mas, na prática, se defendia no 5-4-1, deixando apenas Lineker na frente. Quando atacava, os alas se apresentavam bem, os meias apareciam no ataque e Beardsley e Waddle avançavam como pontas, formando um 3-4-3.

● Nas arquibancadas, algumas bandeiras da Inglaterra, mas várias do Reino Unido. Os hooligans estavam presentes. Assim como a barulhenta torcida alemã.

Logo nos primeiros minutos, Paul Gascoigne pegou o rebote de um escanteio e emendou de esquerda, da entrada da área, exigindo uma ótima defesa de Bodo Illgner, que espalmou para escanteio.

Chris Waddle aproveitou um erro da defesa alemã na saída de bola e, de sua intermediária, tentou surpreender Illgner. A bola tinha o rumo do gol, mas o goleiro se esticou todo e conseguiu espalmar para cima. A bola ainda tocou no travessão antes de sair. O árbitro brasileiro José Roberto Wright já havia marcado falta no início da jogada, mas esse lance foi o mais bonito do jogo.

David Platt abriu com Stuart Pearce na esquerda. Ele chegou cruzando rasteiro de primeira, mas Gary Lineker foi travado pela marcação e não conseguiu finalizar.

Em cobrança de falta da direita, a bola sobrevoou a área germânica e Thomas Berthold cabeceou para trás. A defesa alemã tirou e Gascoigne pegou o rebote e encheu o pé. Mas Illgner segurou sem dar rebote.

A Alemanha respondeu. Olaf Thon chutou de muito longe de perna esquerda, mas o veterano Peter Shilton segurou sem dar rebote.

Peter Beardsley tocou para Waddle, que cruzou para a área. Lineker desviou, Platt aparou na linha de fundo e rolou para trás. Pearce dominou de esquerda, cortou a marcação de Thon e bateu de direita. Mas o inglês foi travado pela marcação e a bola se perdeu pela linha de fundo.

Ainda no primeiro tempo, o técnico Franz Beckenbauer precisou substituir o lesionado Rudi Völler por Karl-Heinz Riedle.

Em cobrança de falta ensaiada na entrada da área, Andreas Brehme rolou para Klaus Augenthaler encher o pé. A bola foi forte e o goleiro Shilton espalmou por cima.


(Imagem: Alambrado)

A Alemanha Ocidental passou a se soltar mais no segundo tempo, lembrando a seleção brilhante do início do torneio. Lothar Matthäus e Thomas Häßler dominam as ações no meio de campo.

Thon avançou, cortou a marcação de Paul Parker e bateu de esquerda. A bola foi fraca e fácil para Shilton.

A Inglaterra respondeu. Gascoigne cobrou falta da esquerda. Pearce desviou na primeira trave e a bola passou assustando Illgner.

O gol da Nationalelf saiu em uma bola parada, aos 15′ do segundo tempo. Häßler avançou pela direita e foi derrubado por um carrinho de Pearce. Na cobrança da falta, Thon rolou para o ambidestro Brehme chutar de esquerda. A bola desviou em Paul Parker (que se adiantou) e encobriu Shilton, que havia saído do gol e estava mal colocado. Alemanha, 1 a 0.

Aos 21′, Häßler saiu para a entrada de Stefan Reuter.

Do lado inglês, o meia atacante Trevor Steven entrou no lugar do zagueiro e capitão Terry Butcher, aos 25′. Foi o último jogo de Butcher com a camisa do English Team.

Pearce – que era um bom ala – avançou em velocidade pela esquerda, passou por um adversário e foi derrubado por Berthold. Falta que Gascoigne rolou para Des Walker. Na hora do chute, ele foi prensado por um alemão. No rebote, a bola sobrou para Steven. Em seu primeiro toque na bola, o camisa 20 chutou de esquerda, mas a bola foi fácil para Illgner.

O English Team conseguiu o empate a dez minutos do fim. Da direita, Parker fez um lançamento longo para a área e Jürgen Kohler não conseguiu cortar. Lineker dominou cortando a marcação de Augenthaler e chutou cruzado de esquerda. A bola foi no pé da trave esquerda de Illgner. Inglaterra 1, Alemanha também 1.

Foi o quarto gol de Lineker no Mundial de 1990. Ele havia sido o artilheiro da Copa de 1986 com seis gols.

A igualdade no placar levou o jogo para a prorrogação.


(Imagem: The Guardian)

Foi o terceiro jogo entre alemães e ingleses em Copas do Mundo que ia para a prorrogação, assim como 1966 (final) e 1970 (quartas de final).

Nos minutos que antecedem ao tempo extra, uma cena inusitada para os dias atuais. Foi engraçado ver Gascoigne torcendo a própria camisa para retirar o suor e deixar a camisa sequinha para a prorrogação.

Brehme cruzou da esquerda, Jürgen Klinsmann cabeceou bem e Shilton espalmou. Uma bola perigosa.

Em uma jogada no meio campo, aos 9′, Gascoigne adiantou demais e deu um carrinho idiota em Berthold. A jogada lhe rendeu um cartão amarelo, que tiraria o inglês de uma eventual final. Era o segundo cartão amarelo de Gazza na competição, o que lhe garantiria uma suspensão na partida seguinte. O intenso meia inglês começou a chorar dentro de campo mesmo.

No finalzinho do primeiro tempo, Steven cruzou da esquerda para a área e a zaga alemã cortou. Lineker ganhou no alto de Berthold e a bola sobrou para Waddle. No lado esquerdo da grande área, o camisa 8 ajeitou e chutou cruzado de esquerda. A bola bateu no pé da trave esquerda.

Guido Buchwald recebeu pouco antes da meia lua, ajeitou a bateu. A bola quicou e passou por Shilton, mas também bateu no pé da trave.

Brehme deu um carrinho por trás em Gascoigne e ele se levantou rápido. Todos esperavam que ele fosse tirar satisfação com o alemão, mas ele só queria recomeçar logo o jogo. A Inglaterra estava ligeiramente melhor. Gazza logo aceitou as desculpas de Brehme (que recebeu o cartão amarelo) e voltaram para o jogo.

No último lance com a bola rolando, Platt cabeceou para o gol após uma cobrança de falta da direita, mas José Roberto Wright anulou o gol por impedimento do inglês.


(Imagem: UOL)

Com tudo igual também na prorrogação, o semifinalista teve que ser decidido nos pênaltis.

Os técnicos se cumprimentam cheios de sorrisos, orgulhosos das exibições de suas respectivas seleções.

O goleiro Dave Beasant, do Chelsea, foi convocado de última hora no lugar de David Seaman, que havia se machucado. Beasant não teve chances no torneio, mas posteriormente o Bobby Robson admitiu que pretendia colocá-lo no lugar de Shilton no último minuto da prorrogação, apenas para a disputa de pênaltis. Shilton tinha 1,83 m de altura e Beasant media dez centímetros a mais. Mas o treinador acabou não fazendo a alteração e manteve o titular.

Lineker bateu firme no canto direito, deslocando Illgner, que caiu para o esquerdo. Inglaterra, 1 a 0.

Brehme bateu com precisão, no canto direito. O goleiro acertou o lado, mas não conseguiu pegar. 1 a 1.

Beardsley bateu no canto esquerdo, no alto, quase no ângulo. Illgner foi no canto certo, mas não pegou. Inglaterra, 2 a 1.

Matthäus bateu com muita força no canto direito e Shilton pouco se mexeu. 2 a 2.

Platt bateu à meia altura no canto direito. Illgner chegou a tocar na bola, mas ela acabou entrando. Inglaterra 3 a 2.

Riedle mandou no ângulo esquerdo. Shilton acertou o canto, mas a cobrança foi bem feita. 3 a 3.

Pearce, o vilão inglês na partida, bateu muito mal. A bola foi rasteira e no meio do gol. Illgner, que caía para seu canto direito, defendeu com as pernas. Ainda 3 a 3.

Thon bateu colocado, no cantinho esquerdo do goleiro. Alemanha 4 a 3.

Waddle tinha que marcar para manter as chances da Inglaterra. Ele tentou acertar o ângulo direito, mas bateu alto e fora do rumo do gol.

Final: Alemanha Ocidental 4 x 3 Inglaterra.


(Imagem: AFP / Globo Esporte)

● Pela quinta vez, a Alemanha estava em uma final de Copa do Mundo – a terceira decisão seguida (1982, 1986 e 1990).

Após a partida, Gary Lineker deu uma declaração que se tornaria histórica e seria repetida inúmeras vezes desde então: O futebol é um esporte muito simples, no qual 22 homens correm atrás da bola, e a Alemanha sempre vence no final.

Com a vitória da Argentina diante da Itália, também nos pênaltis, a final da Copa de 1990 foi a reedição da decisão de 1986. Um pênalti polêmico convertido por Brehme trouxe o terceiro título mundial para os alemães, diante da Argentina de Diego Maradona.

A Inglaterra superou até as próprias expectativas e passou a ser mais respeitada. Na decisão do 3º lugar, perdeu por 2 x 1 para a anfitriã Itália.


(Imagem: Getty Images / Globo Esporte)

FICHA TÉCNICA:

 

ALEMANHA OCIDENTAL 1 x 1 INGLATERRA

 

Data: 04/07/1990

Horário: 20h00 locais

Estádio: Delle Alpi

Público: 62.628

Cidade: Turim (Itália)

Árbitro: José Roberto Wright (Brasil)

 

ALEMANHA
OCIDENTAL (3-5-2):

INGLATERRA (3-6-1):

1  Bodo Illgner (G)

1  Peter Shilton (G)

6  Guido Buchwald

5  Des Walker

5  Klaus Augenthaler

14 Mark Wright

4  Jürgen Kohler

6  Terry Butcher (C)

14 Thomas Berthold

12 Paul Parker

8  Thomas Häßler

17 David Platt

10 Lothar Matthäus (C)

19 Paul Gascoigne

20 Olaf Thon

3  Stuart Pearce

3  Andreas Brehme

8  Chris Waddle

9  Rudi Völler

9  Peter Beardsley

18 Jürgen Klinsmann

10 Gary Lineker

 

Técnico: Franz Beckenbauer

Técnico: Bobby Robson

 

SUPLENTES:

 

 

12 Raimond Aumann (G)

22 Dave Beasant (G)

[22 David Seaman (G)]

22 Andreas Köpke (G)

13 Chris Woods (G)

16 Paul Steiner

2  Gary Stevens

19 Hans Pflügler

15 Tony Dorigo

2  Stefan Reuter

4  Neil Webb

15 Uwe Bein

16 Steve McMahon

21 Günter Hermann

18 Steve Hodge

17 Andreas Möller

7  Bryan Robson

11 Frank Mill

20 Trevor Steven

7  Pierre Littbarski

21 Steve Bull

13 Karl-Heinz Riedle

11 John Barnes

 

GOLS:

60′ Andreas Brehme (ALE)

80′ Gary Lineker (ING)

 

CARTÕES AMARELOS:

66′ Paul Parker (ING)

99′ Paul Gascoigne (ING)

109′ Andreas Brehme (ALE)

 

SUBSTITUIÇÕES:

38′ Rudi Völler (ALE) ↓

Karl-Heinz Riedle (ALE) ↑

 

66′ Thomas Häßler (ALE) ↓

Stefan Reuter (ALE) ↑

 

70′ Terry Butcher (ING) ↓

Trevor Steven (ING) ↑

 

DECISÃO POR PÊNALTIS:

ALEMANHA OCIDENTAL 4

INGLATERRA 3

Andreas Brehme (gol, no canto direito de Shilton)

Gary Lineker (gol, no canto direito de Illgner)

Lothar Matthäus (gol, forte, no canto direito)

Peter Beardsley (gol, no ângulo esquerdo)

Karl-Heinz Riedle (gol, no ângulo esquerdo do goleiro inglês)

David Platt (gol, no canto direito do arqueiro alemão)

Olaf Thon (gol, no ângulo esquerdo)

Stuart Pearce (perdeu, no meio do gol e Illgner defendeu com as pernas)

 

Chris Waddle (perdeu, por cima do gol, à direita)

Melhores momentos da partida (Narração de Galvão Bueno):

Decisão por pênaltis (Narração de Silvio Luiz):

Melhores momentos (em inglês):

… 25/06/1982 – Alemanha Ocidental 1 x 0 Áustria

Três pontos sobre…
… 25/06/1982 – Alemanha Ocidental 1 x 0 Áustria

“A vergonha de Gijón”


(Imagem: Werek / DPA / Corbis)

● Esse jogo é conhecido no idioma alemão como “Nichtangriffspakt von Gijón” (“Pacto de não-agressão de Gijón”) ou “Schande von Gijón” (“Vergonha de Gijón”). No resto do mundo, basta falar “Jogo da Vergonha”.

Essa partida foi a última da terceira rodada do Grupo 2, pois Argélia e Chile haviam se enfrentado no dia anterior, com vitória dos argelinos por 3 x 2. Com isso, alemães e austríacos entraram em campo no dia 25/06/1982 sabendo antecipadamente do que precisariam para que ambas as equipes conseguissem a classificação.

A Argélia tinha 4 pontos e nenhum gol de saldo e isso não mudaria. A Áustria tinha 4 pontos e três gols de saldo. A Alemanha tinha dois pontos e dois gols de saldo. Como a vitória valia dois pontos, bastaria a Alemanha vencer por um ou dois gols de diferença que se classificaria juntamente com a Áustria justamente pelo critério de saldo de gols. Ou seja, bastaria que as duas seleções “combinassem” um placar que fosse bom para ambas. Conhecendo o histórico das “estratégias” dos alemães, é lógico que fariam algo assim.


(Imagem: Impromptuinc)

● As duas seleções estavam no mesmo Grupo nas eliminatórias europeias, juntamente com Bulgária, Albânia e Finlândia. A Alemanha Ocidental venceu as duas vezes: 2 x 0 em Hamburgo e 3 x 1 em Viena. A Alemanha terminou como líder, com 100% de aproveitamento, oito vitórias em oito jogos, 33 gols marcados e apenas três sofridos. A Áustria ficou em segundo no grupo, com dois pontos a mais que a Bulgária. Em oito partidas, os austríacos venceram cinco, empataram um (com a Bulgária, em Sófia) e perderam as duas vezes para os alemães. Marcaram 16 gols e sofreram seis.

Um mês depois de garantir a qualificação para o Mundial, a Federação Austríaca demitiu o técnico Karl Stotz e convidou para o cargo o então técnico do Hamburgo, o também austríaco Ernst Happel. Por ter contrato vigente com o clube alemão, ele precisava ser liberado pela Bundesliga para aceitar o convite. O presidente da Bundesliga disse então que se Alemanha e Áustria fossem sorteadas no mesmo grupo da Copa, o técnico não seria liberado. E foi justamente o que aconteceu. O assistente de Stotz, Georg Schmidt foi promovido como um dos técnicos da seleção, juntamente com Felix Latzke.

A Alemanha Ocidental vinha credenciada pelo título da Europa em 1980. Não contava com Bernd Schuster (que preferiu passar as férias com a esposa do que disputar o Mundial), mas tinha jogadores como o ex-lateral e agora meia Paul Breitner, o meia Felix Magath e o atacante Karl-Heinz Rummenigge.

A Áustria também tinha um bom time, com destaques para o goleiro Friedrich Koncilia, o zagueiro e capitão Erich Obermayer, o meia Herbert Prohaska e os atacantes Walter Schachner e Hans Krankl.


(Imagem: Futebol na Veia)

● Na ocasião, o equilíbrio entre os dois vizinhos era enorme. Em quatro confrontos, eram duas vitórias para cada lado. O primeiro jogo foi nos Jogos Olímpicos de 1912, em Estocolmo, e os austríacos venceram por 5 x 1. Os outros três duelos foram em Copas do Mundo. Na decisão do 3º lugar de 1934, a Alemanha venceu por 3 x 2. Nas seminais de 1954, goleada alemã por 6 x 1.

Na segunda fase do Mundial anterior, em 1978, a Áustria tinha feito um jogo duríssimo, vencendo a Alemanha Ocidental por 3 x 2, o que tirou de vez os germânicos da final da Copa. Assim, a rivalidade entre os dois países vizinhos teoricamente estava aflorada. Todos esperavam uma revanche, mas…

Tudo começou quando a Alemanha Ocidental perdeu na estreia para a Argélia por 2 x 1, com gols de Rabah Madjer e Lakhdar Belloumi. Foi a primeira vitória de uma seleção africana sobre uma europeia na história das Copas. Na segunda partida, a Nationalelf venceu o Chile por 4 x 1.

Em suas duas primeiras partidas, a Áustria venceu o Chile por 1 x 0 e a Argélia por 2 x 0. Estava praticamente classificada. Só seria eliminada em caso de derrota por três ou mais gols de diferença.


A Alemanha Ocidental jogou no esquema 4-3-3.


A Áustria foi escalada no sistema 4-4-2.

● Assim que rolou a bola, a Alemanha começou a pressionar em busca do gol.

E ele aconteceu logo aos 10′. Pierre Littbarski cruzou da esquerda e Horst Hrubesch se antecipou ao goleiro Koncilia e desviou para o gol.

A torcida vibrou pelo começo triunfal da Nationalelf. Pelo nível que os teutônicos impuseram no início, muitos esperavam até uma goleada.

Mas foi só isso. Com o placar resolvido e a classificação de ambos encaminhada, os dois times trataram de manter a posse de bola, trocando passes infrutíferos no meio de campo e na defesa até expirar o tempo regulamentar e o juiz dar o apito final.

Em certo momento, o árbitro escocês Bob Valentine parou o jogo para chamar os capitães dos dois times e pedir a eles que orientassem seus companheiro a jogarem futebol. Mas de nada adiantou o pedido do juiz.

Foram 80 minutos de pura procrastinação em campo.

O máximo que houve foram dois chutes ao gol, de Felix Magath e Karl-Heinz Rummenigge. Ambos resultaram em defesas fáceis do goleiro Friedrich Koncilia.

Pelo lado austríaco, Walter Schachner era o mais inquieto, mas não produziu chances de gol.

Não demorou para os 41 mil presentes no estádio El Molinón começasse a vaiar e a gritar “Argélia, Argélia”. Foram ouvidos também os gritos de “fora, fora” e “beija, beija” – como se as seleções dos dois países vizinhos fossem “namoradinhos”.

Enquanto isso, os argelinos sofriam com a sensação de impotência. Estavam vendo sua seleção ser eliminada em um “jogo de compadres” e nada podiam fazer. Alguns argelinos que estavam na arquibancada tentaram invadir o gramado diversas vezes, mas não tiveram sucesso.

Muitas pessoas, especialmente argelinos, também mostravam dinheiro para os atletas e até atiravam moedas.

Antes mesmo do apito final, já era possível ver dirigentes dos dois países comemorando a “vitória”.

Na TV, o comentarista alemão Eberhard Stanjek se recusou a seguir trabalhando na partida por mais tempo. Seu colega austríaco Robert Seeger lamentou o “espetáculo” e pediu aos telespectadores que desligassem seus televisores para não dar audiência àquela vergonha.

E houve uma cena marcante: torcedor alemão, inconformado com a postura dos atletas em campo, queimou a bandeira de seu país.


(Imagem: UOL)

● No dia seguinte, um jornal de Gijón publicou a crônica dessa partida nas páginas policiais e não nas esportivas. O jornal alemão Bild estampou em sua manchete: “Passamos, mas que vergonha” e no também alemão Der Spiegel a capa dizia tudo: “Alemanha e Áustria enganam o público”.

Os argelinos chegaram a entrar com pedido de anulação do resultado na FIFA, que nada fez.

Na segunda fase, pelo Grupo 4, a Áustria perdeu para a França por 1 x 0, empatou com a Irlanda do Norte por 2 x 2 e foi eliminada.

Classificada em primeiro lugar da chave na primeira fase, a Alemanha disputou a fase de quartas de final no Grupo 2. Empatou sem gols com a Inglaterra e venceu a Espanha por 2 x 1. Nas semifinais, em um jogo de altíssimo nível, intensidade e polêmica, venceu a ótima França de Platini por 5 x 4 nos pênaltis, depois de empate por 1 x 1 no tempo normal e 2 x 2 na prorrogação. Na final, perdeu para a Itália por 3 x 1 e ficou com o vice-campeonato.

Anos mais tarde, alguns jogadores falaram sobre a partida. O austríaco Walter Schachner comentou que não sabia porque seus companheiros não corriam para marcar e demoravam para passar a bola: “Eu mesmo só soube depois, quando reclamei com o técnico que ninguém me passava a bola”. O alemão Hans-Peter Briegel disse que após o gol os dois times combinaram de fazer um jogo leve para que ninguém se machucasse. O goleiro Harald Schumacher negou qualquer tipo de combinação.

A partir de então, a entidade máxima do futebol decidiu que as duas partidas da rodada final da fase de grupos seriam jogadas simultaneamente, para que não se repita nada semelhante à “Vergonha de Gijón”.


(Imagem: Twitter @lbertozzi)

FICHA TÉCNICA:

 

ALEMANHA OCIDENTAL 1 x 0 ÁUSTRIA

 

Data: 25/06/1982

Horário: 17h15 locais

Estádio: El Molinón

Público: 41.000

Cidade: Gijón (Espanha)

Árbitro: Bob Valentine (Escócia)

 

ALEMANHA OCIDENTAL (4-3-3):

ÁUSTRIA (4-4-2):

1  Harald Schumacher (G)

1  Friedrich Koncilia (G)

20 Manfred Kaltz

2  Bernd Krauss

15 Uli Stielike

3  Erich Obermayer (C)

4  Karlheinz Förster

5  Bruno Pezzey

2  Hans-Peter Briegel

4  Josef Degeorgi

6  Wolfgang Dremmler

19 Heribert Weber

3  Paul Breitner

10 Reinhold Hintermaier

14 Felix Magath

8  Herbert Prohaska

11 Karl-Heinz Rummenigge (C)

6  Roland Hattenberger

9  Horst Hrubesch

9  Hans Krankl

7  Pierre Littbarski

7  Walter Schachner

 

Técnico: Jupp Derwall

Técnicos: Felix Latzke / Georg Schmidt

 

SUPLENTES:

 

 

22 Eike Immel (G)

22 Klaus Lindenberger (G)

21 Bernd Franke (G)

21 Herbert Feurer (G)

12 Wilfried Hannes

12 Anton Pichler

19 Holger Hieronymus

13 Max Hagmayr

5  Bernd Förster

16 Gerald Messlender

17 Stephan Engels

17 Johann Pregesbauer

18 Lothar Matthäus

14 Ernst Baumeister

10 Hansi Müller

11 Kurt Jara

13 Uwe Reinders

15 Johann Dihanich

16 Thomas Allofs

18 Gernot Jurtin

8  Klaus Fischer

20 Kurt Welzl

 

GOL: 10′ Horst Hrubesch (ALE)

 

CARTÕES AMARELOS:

32′ Reinhold Hintermaier (AUT)

74′ Walter Schachner (AUT)

 

SUBSTITUIÇÕES:

66′ Karl-Heinz Rummenigge (ALE)

Lothar Matthäus (ALE) ↑

 

69′ Horst Hrubesch (ALE) ↓

Klaus Fischer (ALE) ↑

Gol da partida:

… 23/06/1954 – Alemanha Ocidental 7 x 2 Turquia

Três pontos sobre…
… 23/06/1954 – Alemanha Ocidental 7 x 2 Turquia


Seleção alemã que entrou em campo para o jogo extra diante da Turquia. Da esquerda para a direita: Fritz Walter, Turek, Eckel, Laband, Posipal, Ottmar Walter, Klodt, Mai, Schäfer, Bauer e Morlock. (Imagem: Impromptuinc)

● A seleção alemã de futebol foi usada como uma importante arma de divulgação do governo de Adolf Hitler. Com a queda do nazismo e a derrota alemã na Segunda Guerra Mundial, em 1947 o país foi dividido em Alemanha Ocidental, Alemanha Oriental, Sarre e Áustria (que voltou a ser uma nação independente). As seleções de futebol, com exceção da invadida Áustria, ficaram impedidas de disputar qualquer competição internacional até 1950. Depois do fim dessa suspensão, a Alemanha Ocidental – que herdou o histórico esportivo da Alemanha unificada – tratou de reorganizar o futebol local e voltou a disputar jogos oficiais. Mas enquanto os alemães passearam nas eliminatórias, se qualificando facilmente no Grupo 1 e deixando para trás as fracas seleções de Sarre e Noruega, a vida dos turcos foi muito mais difícil.

O Grupo 6 tinha apenas Turquia e Espanha. A Fúria era amplamente favorita, contando com veteranos que ficaram em 4º lugar no Mundial de 1950 (Agustín Gaínza, Antonio Puchades e Mariano Gonzalvo), além do craque húngaro naturalizado László Kubala.

Em Madri, os espanhóis fizeram valer o favoritismo e venceram fácil por 4 x 1. Na volta, em Istambul, a Turquia venceu por 1 x 0. Como não havia o critério de saldo de gols, foi necessária uma partida extra, que foi jogada em Roma. Houve empate por 2 x 2 no tempo normal e na prorrogação. E, como previa o regulamento na época, o vencedor foi decidido por sorteio! De olhos vendados, um menino italiano de 14 anos cujo pai trabalhava no estádio, Luigi Franco Gemma, foi o responsável por sortear o nome da Turquia. É isso mesmo: a Turquia disputou sua primeira Copa do Mundo porque teve seu nome sorteado num pote. Mas nada disso mais importava. No Mundial, todos começavam “do zero”.

O regulamento da Copa de 1954 era mesmo muito estranho. Na primeira fase, em grupos compostos por quatro seleções, haviam dois cabeças de chave que não se enfrentavam. Eles enfrentariam diretamente apenas as duas seleções teoricamente mais fracas do grupo – que também não se enfrentariam. Dessa forma, cada seleção faria apenas dois jogos. Se os duelos da primeira fase terminassem empatados, seria jogada uma prorrogação; mas, caso essa prorrogação terminasse empatada, o resultado de empate seria mantido. Caso duas equipes terminassem empatadas em pontos no segundo lugar do grupo, a vaga seria decidida em um jogo extra entre ambos. E foi o que aconteceu: Alemanha Ocidental e Turquia terminaram iguais, com dois pontos (uma vitória e uma derrota).


Seleção turca que foi a campo na partida desempate contra a Alemanha Ocidental. (Imagem: Impromptuinc)

● Seis dias antes, essas mesmas seleções haviam jogado para 39 mil pessoas no estádio Wankdorf, em Berna. A Alemanha Ocidental venceu com propriedade por 4 a 1, com gols de Schäfer, Klodt, Ottmar Walter e Morlock.

Mesmo com a boa vitória na estreia, o técnico alemão Sepp Herberger seguia criticado pela imprensa alemã. E a reprovação foi ainda maior quando seu time perdeu por 8 x 3 para a poderosa Hungria. O que quase ninguém sabia é que a derrota fazia parte dos planos de Herberger – uma verdadeira raposa. Ele havia entendido muito bem o regulamento.

Prevendo uma derrota para os magiares [na verdade, todos previam], ele poupou seis titulares para o jogo desempate, novamente contra a Turquia. E, pior, deixou os húngaros sem saber como realmente jogava o time principal da Nationalelf. Melhor que isso, só a terrível lesão que Liebrich causou no húngaro Ferenc Puskás, praticamente tirando o craque do restante da Copa.


(Imagem: Impromptuinc)

● Em sua segunda partida, a Turquia encarou com seriedade os amadores da Coreia do Sul e venceu por 7 x 0.

Para o jogo desempate diante dos alemães, os dirigentes turcos convidaram o garoto talismã – Luigi Franco Gemma – para ir a Zurique. Mas dessa vez ele não conseguiu trazer a sorte necessária.

Em uma tentativa de surpreender os alemães, o técnico italiano Sandro Puppo fez várias alterações na equipe da Turquia, principalmente no ataque. O trio de frente (Suat, Feridun e Burhan) havia atuado bem nas eliminatórias e no jogo diante da Coreia do Sul, mas, embora tivessem mais técnica, tinha menos força física para encarar os gigantes zagueiros alemães – como o primeiro jogo entre ambos já havia mostrado.

Suat e Burhan eram os artilheiros da equipe na Copa com três gols cada. Sem poder de fogo, “Ay-Yıldızlılar” (“Estrelas da Lua”, em turco – apelido da seleção) foi presa fácil para os alemães.

Outra das principais alterações foi a troca dos goleiros. Saiu Turgay para a entrada de Şükrü.


As duas equipes jogavam no sistema tático W-M.

● Por ter vencido o primeiro duelo entre as duas seleções, Die Mannschaft era amplamente favorita. Vários titulares, que haviam ficado de fora contra os húngaros, estavam de volta ao time. Em compensação, foram poupados os zagueiros Werner Liebrich e Werner Kohlmeyer, além do ponta direita Helmut Rahn.

Mas o jogo foi mais fácil que o previsto. A Alemanha Ocidental começou a partida de forma avassaladora, pressionando muito a inexperiente seleção turca. E foi enfileirando gols com relativa facilidade.

O placar foi aberto logo aos sete minutos do primeiro tempo. Em uma transição rápida desde o círculo central, Horst Eckel passou na meia esquerda para Karl Mai, que abriu na esquerda para Hans Schäfer. O ponta foi até a linha de fundo e cruzou rasteiro. Ottmar Walter veio de frente, finalizou da marca do pênalti e mandou a bola para o fundo da rede.

Cinco minutos depois, Schäfer avançou pela esquerda sem marcação, invadiu a área e bateu para o gol, fazendo 2 a 0 para os alemães.

A Turquia manteve a esperança aos 17′. Após cruzamento de Coşkun da esquerda, Mustafa subiu sozinho e cabeceou no canto esquerdo do goleiro Toni Turek. Ele chegou a tocar na bola, mas não evitou o gol.

A Alemanha nem se incomodou e seguiu atacando. Eckel apareceu quase na pequena área e chutou. Şükrü defendeu bem e Rıdvan chutou para longe para afastar o perigo.

A situação dos turcos ficou muito mais complicada com a lesão no ombro do goleiro Şükrü, quando o placar estava em 2 x 1 para a Alemanha. Como não eram permitidas substituições na época, teve que continuar jogando.

E o 3 a 1 veio aos 31 minutos. Max Morlock aproveitou falha de Rober e finalizou de dentro da área, na saída do goleiro.


(Imagem: Impromptuinc)

No segundo tempo, a Alemanha não se deu por satisfeita. O instinto sanguinário fazia a “Die Adler” (“As Águias”, em alemão) querer trucidar o adversário.

Sem correr riscos na defesa e sem sofrer resistência no ataque, os alemães marcaram novamente aos 15′, quando Morlock anotou seu segundo tento na partida. Depois de um cruzamento rasteiro de Schäfer na esquerda, ele deu um carrinho quase em cima da linha e mandou para o gol. 4 a 1. Esse foi o gol de número 400 da história das Copas.

O quinto saiu segundos depois. Ottmar Walter rolou da esquerda e seu irmão Fritz Walter bateu da entrada da área no cantinho direito, sem chances para o combalido Şükrü.

Max Morlock chegou ao “hat trick” aos 32. Bernhard Klodt protegeu na área e rolou para trás. Morlock dominou e bateu da meia lua, no ângulo direito do goleiro turco.

O sétimo gol alemão foi marcado por Schäfer apenas dois minutos depois, completando um cruzamento de Fritz Walter.

A Turquia teve uma pequena alegria ao marcar o segundo, a seis minutos do fim. Após cruzamento da esquerda, Lefter dominou e bateu por baixo de Turek.

Final: Alemanha Ocidental 7, Turquia 2.


(Imagem: Impromptuinc)

● O presidente honorário da FIFA, Jules Rimet (que já dava nome à taça de campeão do mundo), foi assistir a essa partida. Na sua chegada, ele não teve entrada autorizada no estádio Hardturm, pois não estava portando seus documentos. Com paciência, ele explicou que seus documentos haviam ficado no hotel. Ele só teve sua entrada permitida quando um diretor da organização local o reconheceu e liberou seu ingresso.

Curiosamente, a Copa do Mundo de 1954 foi a primeira em que os jogadores atuaram com numeração fixa. Cada atleta tinha seu próprio número para ser usado na camisa durante todo o torneio, de 1 a 22.

No fim, a estratégia de Herberger acabou dando certo. Com a nova vitória diante dos turcos, a Alemanha se classificou para as quartas de final, onde venceu a Iugoslávia por 2 x 0. Nas semifinais, goleou a vizinha Áustria por 6 x 1. Na decisão, enfim Herberger escalou seu melhor time e venceu a Hungria de virada por 3 x 2, com a Alemanha conquistando o primeiro dos seus quatro títulos em Copas do Mundo. E esse primeiro troféu muito se deve à astúcia do técnico Sepp Herberger.


(Imagem: Impromptuinc)

FICHA TÉCNICA:

 

ALEMANHA OCIDENTAL 7 X 2 TURQUIA

 

Data: 23/06/1954

Horário: 18h00 locais

Estádio: Hardturm

Público: 17.000

Cidade: Zurique (Suíça)

Árbitro: Raymond Vincenti (França)

 

ALEMANHA (WM):

TURQUIA (WM):

1  Toni Turek (G)

12 Şükrü Ersoy (G)

2  Fritz Laband

2  Rıdvan Bolatlı

7  Josef Posipal

3  Basri Dirimlili

4  Hans Bauer

17 Naci Erdem

6  Horst Eckel

5  Çetin Zeybek

8  Karl Mai

6  Rober Eryol

14 Bernhard Klodt

7  Erol Keskin

13 Max Morlock

4  Mustafa Ertan

15 Ottmar Walter

d 20 Necmi Onarıcı

16 Fritz Walter (C)

11 Lefter Küçükandonyadis (C)

20 Hans Schäfer

22 Coşkun Taş

 

Técnico: Sepp Herberger

Técnico: Sandro Puppo

 

SUPLENTES:

 

 

22 Heinz Kwiatkowski (G)

1  Turgay Şeren (G)

21 Heinz Kubsch (G)

13 Bülent Eken

10 Werner Liebrich

14 Ali Beratlıgil

3  Werner Kohlmeyer

16 Nedim Günar

5  Herbert Erhardt

18 Akgün Kaçmaz

11 Karl-Heinz Metzner

19 Ahmet Berman

19 Alfred Pfaff

15 Mehmet Dinçer

12 Helmut Rahn

1 Kadri Aytaç

17 Richard Herrmann

8  Suat Mamat

18 Ulrich Biesinger

9  Feridun Buğeker

9  Paul Mebus

10 Burhan Sargun

 

GOLS:

7′ Ottmar Walter (ALE)

12′ Hans Schäfer (ALE)

17′ Mustafa Ertan (TUR)

31′ Max Morlock (ALE)

60′ Max Morlock (ALE)

62′ Fritz Walter (ALE)

77′ Max Morlock (ALE)

79′ Hans Schäfer (ALE)

84′ Lefter Küçükandonyadis (TUR)

 Gols da partida:

… 10/06/1990 – Alemanha Ocidental 4 x 1 Iugoslávia

Três pontos sobre…
… 10/06/1990 – Alemanha Ocidental 4 x 1 Iugoslávia


Seleção alemã na partida de estreia (Imagem: Impromptuinc)

● A Alemanha Ocidental vinha de duas derrotas em finais de Copa do Mundo. Em 1982, perdeu para a Itália por 3 x 1. Em 1986, foi derrotada pela Argentina de Diego Maradona por 3 x 2. Agora, em 1990, era um time muito mais forte e pronto para conquistar o seu terceiro título mundial.

O técnico ainda era Franz Beckenbauer, que mesclava experiência e juventude. Se o Kaiser já não podia mais contar com Harald Schumacher, Hans-Peter Briegel e Karl-Heinz Rummenigge, ainda mantinha na equipe os experientes Pierre Littbarski, Lothar Matthäus, Guido Buchwald, Andreas Brehme, Thomas Berthold e Rudi Völler. E a nova geração alemã era ainda mais talentosa, com os jovens Jürgen Klinsmann, Thomas Häßler, Andreas Möller, Stefan Reuter e Jürgen Kohler.

Era um time forte fisicamente, rápido, homogêneo e de alto nível técnico. Era praticamente perfeita em todos os setores do campo, a começar pelo gol, onde Bodo Illgner estava em seu auge. Era muito bem protegido por uma defesa compacta, liderada pelo experiente líbero Klaus Augenthaler. Na ala esquerda, Brehme era fundamental no time na marcação e no constante apoio. No meio campo, o capitão Matthäus fazia de tudo: destruía, criava e finalizava. Com habilidade e velocidade, o baixinho Häßler infernizava as defesas. E a dupla de ataque costumava fazer os gols. Völler mantinha a tradição do centroavante alemão forte e brigador, enquanto Klinsmann era rápido, oportunista, talentoso e matador.

A Alemanha Ocidental claramente era favorita no Grupo D. Mas teve em sua estreia um adversário que tinha tudo para fazer uma boa campanha.


Seleção iugoslava no primeiro jogo da Copa (Imagem: Impromptuinc)

● Se não estava entre as principais cotadas para o título, a Iugoslávia era apontada por muitos como a possível maior surpresa do Mundial.

A Copa de 1990 foi o “canto do cisne” da seleção iugoslava. Um time forte, com jogadores de altíssimo nível.

O craque era o temperamental e criativo meia Dragan Stojković. No auge de seus 25 anos, Stojković era considerado um dos melhores jogadores de toda a Europa. Tinha acabado de ser vendido pelo Estrela Vermelha ao Olympique de Marselha por US$ 10 milhões, em uma acirrada disputa com outros grandes clubes europeus.

Outro grande destaque do time era Srečko Katanec, da Sampdoria. Ele era um “faz tudo”. Mal comparando, era uma espécie de “Matthäus iugoslavo“: ajudava a defesa, marcava no meio, apoiava o ataque e marcava seus gols – a maioria de cabeça.

As principais ausências foram por motivo de indisciplina ou rebeldia. O meia Mehmed Baždarević foi suspenso por um ano após cuspir no rosto do árbitro em um jogo contra a Noruega pelas eliminatórias. O também meia Zvonimir Boban foi um dos principais personagens em uma briga campal entre os ultras do Estrela Vermelha (sérvio) e o seu Dinamo Zagreb (croata) que ocorreu um mês antes do Mundial. Boban deu uma voadora em um policial sérvio que estava agredindo um torcedor croata. O atleta foi punido pela federação iugoslava e acabou ficando fora da Copa.

Mesmo sem Boban, o elenco dos Plavi (azuis, em sérvio) contava com outros quatro campeões do Mundial Sub-20 de 1987: Dragoje Leković, Robert Jarni, Robert Prosinečki e Davor Šuker.

Essa seleção era a cara daquela Iugoslávia. Embora os sérvios sempre tivessem a supremacia política do país, isso não se refletia no futebol. Os croatas e bósnios eram maioria. Eram oito croatas (Ivković, Jozić, Vulić, Panadić, Bokšić, Jarni, Prosinečki e Šuker – sendo que os três últimos representaram a Croácia na Copa de 1998); cinco nascidos na Bósnia e Herzegovina (Omerović, Hadžibegić, Baljić, Sušić e Vujović – o capitão do time); três eram sérvios (Spasić, Leković e Stojković – sendo que os dois últimos jogaram pela Iugoslávia em 1998); três eram de Montenegro (Brnović, Šabanadžović e Savićević – apenas este último jogou pela Iugoslávia em 1998); dois da Macedônia do Norte (Stanojković e Pančev) e um da Eslovênia (Katanec). Uma verdadeira salada étnica.


O Kaiser Franz Beckenbauer escalou sua equipe no sistema 3-5-2.


O técnico Ivica Osim – um adepto de equipes rápidas e técnicas – também mandou seu time a campo no 3-5-2.

● Se a Alemanha Ocidental teve o melhor ataque da Copa de 1990, tudo começou diante da Iugoslávia, quando os alemães mostraram um poder de fogo incomum. De todos os considerados favoritos, a Nationalelf foi quem mais impressionou. Com tabelas rápidas pelo meio e o constante apoio de Brehme pela esquerda, os teutônicos envolveram os iugoslavos o tempo todo.

O placar foi aberto aos 28 minutos de jogo. Matthäus recebeu de Reuter próximo à meia lua, limpou a marcação de Davor Jozić e bateu de pé esquerdo. A bola entrou no cantinho direito do goleiro Tomislav Ivković.

Aos 39′, Brehme cruzou da esquerda para a pequena área. Klinsmann voou para mergulhar e deu uma casquinha na bola, que entrou no canto esquerdo. 2 a 0.

Aos 10′ do segundo tempo, a Iugoslávia deu sinal de reação ao diminuir o placar. Stojković ergueu a bola na área e Jozić desviou de cabeça. A bola foi no ângulo direito, sem chances para o goleiro Illgner.

Mas a Alemanha tratou de matar o jogo dez minutos depois. Matthäus recebeu a bola na intermediária, avançou pelo meio, deixou Jozić no chão, ajeitou o corpo e bateu rasteiro de fora da área, no canto direito do goleiro.

Com dois gols em chutes de fora da área, Matthäus já despontava como o craque da Copa.

A goleada se foi completada seis minutos depois. Na ponta esquerda, Brehme puxou para o meio, invadiu a área e bateu de direita. Ivković não conseguiu segurar e soltou a bola no pé de Ruud Völler, que se esticou para dividir com o goleiro e mandar para o gol.


Klinsmann mergulha e marca o segundo gol alemão (Imagem: Impromptuinc)

● Na segunda partida, a Iugoslávia venceu por 1 x 0 o confronto direto com a Colômbia de René Higuita, Carlos Valderrama e Freddy Rincón. No terceiro jogo, goleada sobre os Emirados Árabes Unidos por 4 x 1. Nas oitavas, venceu a Espanha por 2 x 1. Nas quartas de final, após empate sem gols, parou nas mãos de Sergio Goycochea, o tapa penales, que defendeu duas cobranças na decisão por pênaltis que a Argentina venceu por 3 a 2.

Na sequência da primeira fase, a Alemanha goleou os Emirados Árabes Unidos por 5 x 1. Na derradeira partida, empatou com a Colômbia por 1 x 1. O primeiro lugar do Grupo D trouxe aos alemães mais ônus do que bônus. Nas oitavas de final, uma batalha épica e vitória sobre a poderosa Holanda – de Ronald Koeman, Frank Rijkaard, Ruud Gullit e Marco van Basten – por 2 x 1. Nas quartas, vitória magra por 1 x 0 sobre o bom time da Tchecoslováquia. Nas semifinais, empate por 1 x 1 com a Inglaterra e vitória nos pênaltis por 4 a 3. Na decisão, um pênalti polêmico convertido por Brehme trouxe o terceiro título mundial para os alemães, diante da Argentina de Diego Maradona.


Völler se estica e faz o quarto gol alemão (Imagem: Impromptuinc)

FICHA TÉCNICA:

 

ALEMANHA OCIDENTAL 4 x 1 IUGOSLÁVIA

 

Data: 10/07/1990

Horário: 21h00 locais

Estádio: Giuseppe Meazza / San Siro

Público: 74.765

Cidade: Milão (Itália)

Árbitro: Peter Mikkelsen (Dinamarca)

 

ALEMANHA OCIDENTAL (3-5-2):

IUGOSLÁVIA (3-5-2):

1  Bodo Illgner (G)

1  Tomislav Ivković (G)

14 Thomas Berthold

d 6  Davor Jozić

5  Klaus Augenthaler

4  Zoran Vulić

6  Guido Buchwald

3  Predrag Spasić

2  Stefan Reuter

5  Faruk Hadžibegić

8  Thomas Häßler

18 Mirsad Baljić

10 Lothar Matthäus (C)

13 Srečko Katanec

15 Uwe Bein

10 Dragan Stojković

3  Andreas Brehme

8  Safet Sušić

9  Rudi Völler

19 Dejan Savićević

18 Jürgen Klinsmann

11 Zlatko Vujović (C)

 

Técnico: Franz Beckenbauer

Técnico: Ivica Osim

 

SUPLENTES:

 

 

12 Raimond Aumann (G)

12 Fahrudin Omerović (G)

22 Andreas Köpke (G)

22 Dragoje Leković (G)

4  Jürgen Kohler

2  Vujadin Stanojković

16 Paul Steiner

21 Andrej Panadić

19 Hans Pflügler

17 Robert Jarni

20 Olaf Thon

16 Refik Šabanadžović

21 Günter Hermann

7  Dragoljub Brnović

17 Andreas Möller

15 Robert Prosinečki

11 Frank Mill

14 Alen Bokšić

7  Pierre Littbarski

20 Davor Šuker

13 Karl-Heinz Riedle

9  Darko Pančev

 

GOLS:

28′ Lothar Matthäus (ALE)

39′ Jürgen Klinsmann (ALE)

64′ Lothar Matthäus (ALE)

70′ Rudi Völler (ALE)

 

CARTÃO AMARELO:
5′
Andreas Brehme (ALE)

 

SUBSTITUIÇÕES:

55′ Safet Sušić (IUG) ↓

Dragoljub Brnović (IUG) ↑

 

55′ Dejan Savićević (IUG) ↓

Robert Prosinečki (IUG) ↑

 

74′ Thomas Häßler (ALE) ↓

Andreas Möller (ALE) ↑

 

74′ Uwe Bein (ALE) ↓

Pierre Littbarski (ALE) ↑

Gols da partida:

… 06/06/1978 – Alemanha Ocidental 6 x 0 México

Três pontos sobre…
… 06/06/1978 – Alemanha Ocidental 6 x 0 México


(Imagem: Impromptuinc)

● Na partida anterior, o México perdeu para a Tunísia por 3 x 1, naquela que foi a primeira vitória de uma seleção africana na história das Copas.

O time do México era fraco. Embora fosse presença frequente nos Mundiais, não era protagonista. Havia disputado oito das onze Copas disputadas até então e só havia passado de fase uma vez, quando foi sede, em 1970.

Não havia conseguido se qualificar para a Copa de 1974, caindo para o Haiti. Mas, quatro anos depois, conseguiu recuperar a supremacia em seu continente.

Os destaques do time eram o meia Leonardo Cuéllar e um jovem atacante de 19 anos chamado Hugo Sánchez – que viria a ser um dos maiores artilheiros do mundo no fim dos anos 1980 e se tornaria ídolo do Real Madrid.


(Imagem: Impromptuinc)

● No jogo de abertura, a Alemanha Ocidental empatou por 0 x 0 com a Polônia. O goleiro Sepp Maier foi um dos raros alemães salvos pela crítica.

O técnico Helmut Schön não gostou da forma que os alemães atuaram e fez mudanças drásticas na equipe. Ele escalou o zagueiro Bernard Dietz, o meia Dieter Müller e o atacante Karl-Heinz Rummenigge, sacando do time o meia Erich Beer e os atacantes Rüdiger Abramczik e Herbert Zimmermann.

As alterações conseguiram dar mais fluidez à equipe em relação à estreia e o placar acabou sendo construído com facilidade.


O técnico Helmut Schön escalou a Alemanha Ocidental no 4-3-3 com Rüssmann atuando como zagueiro na sobra.


O treinador José Antonio Roca mandou o México a campo no sistema 4-3-3.

● Na tentativa de angariar o apoio da torcida local, os jogadores mexicanos entraram em campo com a bandeira argentina. De fato, eles até tiveram certo apoio no início, mas não conseguiram corresponder. Nem toda a torcida do mundo seria páreo para o ataque germânico naquela tarde.

Diferentemente do jogo anterior, a Alemanha começou de forma agressiva. Não parecia só uma mudança de nomes, mas também de atitude e autoconfiança. Com isso, a Nationalelf tinha o controle do meio de campo e dominou totalmente a partida.

Na verdade, não houve disputa. Foi um massacre.

O primeiro gol saiu aos 15 minutos. Heinz Flohe dominou na ponta direita, tabelou com Berti Vogts e rolou para Dieter Müller encher o pé esquerdo de fora da área. A bola fez uma bela curva e morreu no ângulo esquerdo do goleiro mexicano. Esse foi o 101º gol alemão em Copas do Mundo.

Aos 30′, Flohe conduziu a bola da esquerda para o meio, se aproximou da área e tocou para Hansi Müller. Ele recebeu, cortou a marcação de Ayala e bateu cruzado no canto direito. 2 a 0.

Oito minutos depois, falta para o México. A bola foi chutada na barreira e ficou com o craque Karl Heiz Rummenigge. O ponta de lança do Bayern de Munique arrancou desde seu campo, em diagonal da direita para a esquerda, ganhou do adversário na velocidade, invadiu a área e tocou por baixo do goleiro José Reyes, que saía para tentar dividir a jogada. Foi o gol mais bonito daquela tarde na cidade de Córdoba.

Nesse lance, o goleiro Reyes se lesionou e precisou sair de maca. Pedro Soto entrou em seu lugar para sofrer os outros gols.


(Imagem: Impromptuinc)

O quarto saiu um minuto antes do intervalo. Falta para a Alemanha. Rainer Bonhof rolou a bola para a meia lua e Flohe pegou de primeira, acertando o ângulo do goleiro Soto.

O quinto até que demorou. Só veio aos 28′ do segundo tempo. Flohe cruzou da esquerda para a segunda trave, Hansi Müller escorou para o meio com um toque de calcanhar em pleno ar e Rummenigge chegou batendo também de primeira no canto direito. Outro belo gol.

Pouco depois, os mexicanos foram salvos pela trave duas vezes no mesmo lance. Flohe tabelou com Bonhof dentro da área, cortou a marcação de Ramos e bateu de direita. Caprichosamente, a bola bateu na trave esquerda, bateu na trave direita e não entrou. Martínez pegou o rebote e recuou para o goleiro.

O placar foi fechado no minuto final. Flohe recebeu de Fischer próximo à meia lua, gingou na frente de dois marcadores, levou para o pé esquerdo e chutou no ângulo direito.

“Fomos derrotados por um adversário que jogou como campeão do mundo que é.” ― José Antonio Roca, técnico da seleção mexicana.


(Imagem: Impromptuinc)

● Na sequência da primeira fase o México foi derrotado pela Polônia por 3 x 1 e ficou na lanterna da chave.

Por sua vez, a Alemanha empatou sem gols com a Tunísia – resultado que a classificou em segundo lugar do Grupo 2.

Na fase seguinte (semifinal), disputada em dois grupos de quatro seleções cada, a Alemanha Ocidental empatou por 0 x 0 com a Itália e por 2 x 2 com a Holanda. Precisando vencer para ter alguma chance de ir para a final, perdeu para a vizinha Áustria por 3 x 2 e o resultado foi a eliminação.


(Imagem: Impromptuinc)

FICHA TÉCNICA:

 

ALEMANHA OCIDENTAL 6 x 0 MÉXICO

 

Data: 06/06/1978

Horário: 16h45 locais

Estádio: Olímpico Chateau Carreras (atual Estadio Mario Alberto Kempes)

Público: 35.258

Cidade: Córdoba (Argentina)

Árbitro: Farouk Bouzo (Síria)

 

ALEMANHA OCIDENTAL (4-3-3):

MÉXICO (4-3-3):

1  Sepp Maier (G)

1  José Pilar Reyes (G)

2  Berti Vogts (C)

3  Alfredo Tena

5  Manfred Kaltz

4  Eduardo Ramos

4  Rolf Rüssmann

5  Arturo Vázquez Ayala (C)

3  Bernard Dietz

12 Jesús Martínez

6  Rainer Bonhof

6  Guillermo Mendizábal

10 Heinz Flohe

7  Antonio de la Torre

20 Hansi Müller

17 Leonardo Cuéllar

11 Karl-Heinz Rummenigge

8  Enrique López Zarza

14 Dieter Müller

9  Víctor Rangel

9  Klaus Fischer

11 Hugo Sánchez

 

Técnico: Helmut Schön

Técnico: José Antonio Roca

 

SUPLENTES:

 

 

21 Rudi Kargus (G)

22 Pedro Soto (G)

22 Dieter Burdenski (G)

15 Ignacio Flores

12 Hans-Georg Schwarzenbeck

2  Manuel Nájera

13 Harald Konopka

13 Rigoberto Cisneros

15 Erich Beer

14 Carlos Gómez

16 Bernhard Cullmann

16 Javier Cárdenas

18 Gerd Zewe

18 Gerardo Lugo

17 Bernd Hölzenbein

21 Raúl Isiordia

19 Ronald Worm

10 Cristóbal Ortega

7  Rüdiger Abramczik

19 Hugo René Rodríguez

8  Herbert Zimmermann

20 Mario Medina

 

GOLS:

15′ Dieter Müller (ALE)

30′ Hansi Müller (ALE)

38′ Karl-Heinz Rummenigge (ALE)

44′ Heinz Flohe (ALE)

73′ Karl-Heinz Rummenigge (ALE)

89′ Heinz Flohe (ALE)

 

CARTÕES AMARELOS:

43′ Rainer Bonhof (ALE)

44′ Arturo Vázquez Ayala (MEX)

 

SUBSTITUIÇÕES:

39′ José Pilar Reyes (MEX) ↓

Pedro Soto (MEX) ↑

 

INTERVALO Enrique López Zarza (MEX) ↓

Gerardo Lugo (MEX) ↑

Melhores momentos da partida:

… 05/06/1938 – Suécia W.O. Áustria

Três pontos sobre…
… 05/06/1938 – Suécia W.O. Áustria

“Anschluß”


Seleção sueca na Copa do Mundo de 1938 (Imagem: O Curioso do Futebol)

● O Grupo 1 das eliminatórias da Copa dava direito a duas vagas no torneio. A Alemanha venceu a Finlândia (2 x 0) e a Estônia (4 x 1). Por sua vez, a Suécia também bateu a Finlândia (4 a 0) e a Estônia (7 x 2). Assim, alemães e suecos já estavam classificados quando se enfrentaram em Hamburgo. A Suécia foi com o time reserva e acabou sendo goleada por 5 x 0. De qualquer forma, a vaga no Mundial já estava garantida antecipadamente. Na definição do chaveamento da Copa, a Suécia foi sorteada na chave que teria a Áustria. Aliás, “não teria” a Áustria.


“Wunderteam” austríaco dos anos ’30 (Imagem: Trivela)

● Contando com vários jogadores remanescentes do “Wunderteam” (“time maravilha”), a seleção austríaca conquistou sua vaga na Copa do Mundo de 1938, mas, na época do torneio, não tinha um país para representar.

A Áustria teve certa facilidade no Grupo 8 das eliminatórias para a Copa. Foi beneficiada com a vantagem de fazer uma única partida, em casa, contra o vencedor do duelo entre Letônia e Lituânia. Os letões venceram os lituanos nos dois jogos (4 x 2 Riga e 5 x 1 em Kaunas).

Prevendo facilidade na partida, os austríacos mandaram a campo uma seleção experimental (na prática, um time reserva). A Letônia abriu o placar com Iļja Vestermans logo aos 6′, mas os austríacos viraram ainda no primeiro tempo, com Camillo Jerusalem aos 15′ e Franz Binder aos 33′. Vencendo por 2 a 1, a Áustria passou o restante da partida sufocada pela modesta e entusiasmada Letônia, mas conseguiu se segurar e garantir a vaga no Mundial.


Multidão aplaude os nazistas em Viena (Imagem: Wikipédia)

● Na véspera do torneio, a Europa estava às portas da Segunda Guerra Mundial, que ocorreu oficialmente entre 1939 e 1945. E o conflito político interferiu diretamente no Mundial organizado pela França.

No dia 12 de março de 1938, pouco menos de três meses antes do início da Copa, a Alemanha nazista deu um choque no mundo. Os tanques de guerra de Adolf Hitler invadiram Viena. Sem precisar disparar nenhum tiro e não encontrando qualquer oposição, o exército germânico foi recebido entusiasticamente pela maioria da população austríaca, surpreendendo até os próprios alemães.

No dia seguinte, o Führer (que era austríaco de nascimento) decretou oficialmente o “Anschluß”, a anexação político-militar da Áustria por parte da Alemanha, que abrangeu todos os aspectos da vida do país. Assim, a Áustria deixou de ser um estado independente e foi convertido em uma província do Terceiro Reich, com o nome de Ostmark.

Em 10 de abril houve um referendo que avalizou a anexação com 99% de aprovação da população austríaca. Esse resultado claramente foi manipulado para legitimar o “Anschluß”, mas, de fato, existia um certo apoio a Hitler, especialmente das camadas mais pobres e menos esclarecidas – até porque toda a oposição clara era duramente reprimida.

O mundo assistiu a situação de forma passiva e só Reino Unido e França condenaram a invasão.


O Reich alemão, em rosa, e a Áustria, em vermelho (Imagem: Wikipédia)

Imediatamente, a Federação de Futebol Alemã comunicou à FIFA que a Áustria havia “deixado de existir como país” e os jogadores nascidos em seu território poderiam representar a nova pátria. Resumindo: o “Wunderteam” teria jogadores sendo obrigados a “prestar serviços” à seleção alemã no Mundial.

No dia 03 de abril foi realizado um último jogo amistoso entre Alemanha e Áustria para festejar a unificação. Foi o “Anschlussspiel” (“jogo de conexão”). O lema era “Ein Volk, ein Reich, ein Führer” (“Um povo, um império, um líder”). A partida estava empatada sem gols, em um ritmo morno, até que Matthias Sindelar fez o gol da vitória austríaca. O atacante comemorou como se esse tivesse sido o maior feito de sua vida – ele era um opositor claro ao regime nazista. Karl Sesta ainda anotou o segundo tento, com a partida finalizando em 2 x 0 para os “anexados” diante dos “anexadores”. Mas o foco permaneceu em Sindelar. Comemorando a vitória, ele ensaiou uma valsa em frente a tribuna das autoridades alemãs – que não esconderam seu desagrado.


Matthias Sindelar, “Der Papierene” (Imagem: Trivela)

Matthias Sindelar, conhecido como “Der Papierene” (“Homem de Papel”) pelo seu físico magro, leveza e mobilidade é considerado o melhor jogador de seu país em todos os tempos. Na época, ele já era veterano, aos 35 anos, e se recusou a defender a seleção da Alemanha. Juntando tudo isso, ele se tornou “persona non grata” para os nazistas. Sindelar faleceu asfixiado por monóxido de carbono em 23/01/1939, pouco depois de sua esposa. A versão oficial é que ele se matou. A história romântica diz que ele “foi suicidado” pelo regime nazista por ser judeu.

Pega de surpresa e com certo temor pelo expansionismo territorial teutônico, a FIFA reagiu sem nenhum rigor. Com a maior naturalidade possível e tentando contornar a situação, a entidade convidou a Inglaterra a ocupar a vaga austríaca, mas o English Team – sabiamente – declinou o convite. Então, a Letônia solicitou sua inclusão na Copa, invocando sua condição de vice-campeã do Grupo 8 das eliminatórias. Seria a saída mais lógica, mas a FIFA negou o pedido.

Com isso, a Copa teve 15 participantes ao invés dos 16 previstos.


Hitler anuncia o Anschluss na Heldenplatz (Praça dos Heróis), em Viena, dia 15 de março de 1938 (Imagem: AP Images / Britannica)

● Assim, a partida das oitavas de final entre Suécia e Áustria que estava marcada para ser jogada no estádio Gerland, em Lyon, no dia 05 de junho de 1938, não pôde ser realizada. De forma ridícula e passiva, a FIFA considerou que a Áustria “não havia comparecido para jogar” – embora vários atletas austríacos estivessem vestindo a camisa da seleção alemã contra a Suíça no dia anterior.

Sem time contra quem jogar, a Suécia passou automaticamente para as quartas de final.

Curiosamente, a sigla inglesa “W.O.” (“Walk Over”), que significa “segue adiante”, ainda não era utilizada na época. O que se falava era o termo francês “Forfeit” (“desistir”).

Até hoje esse é o único caso de W.O. da história das Copas.


Cédula de votação do referendo de 10 de abril de 1938, com o texto: “Você concorda com a unificação da Áustria com o Império Germânico sob o Führer Adolf Hitler? Sim/Não” (Imagem: Wikipédia)

● Beneficiada pelo sorteio, a Suécia enfrentou a fraca seleção de Cuba nas quartas de final e fez valer a goleada por 8 a 0. Nas semifinais, mostrou todas suas fragilidades e perdeu para a Hungria por 5 a 1. Na decisão do 3º lugar, abriu 2 a 0 de vantagem sobre o Brasil, mas a Seleção Brasileira virou para 4 a 2. A classificação final da Suécia em 4º lugar pode ser colocada na conta da sorte.

A Áustria só voltou a ser uma nação soberana ao final da Segunda Guerra Mundial.

A seleção austríaca ainda teve outros bons times, como o que conquistou o 3º lugar na Copa de 1954, mas nunca mais formou uma seleção de classe mundial como foi o “Wunderteam” da década de 1930 – destruído por Adolf Hitler e cia.


Hitler cruza a fronteira com a Áustria em março de 1938 (Imagem: Wikipédia)

FICHA TÉCNICA:

 

SUÉCIA W.O. ÁUSTRIA

 

Data: 05/06/1938

Estádio: Gerland

Cidade: Lyon (França)

… 04/06/1938 – Suíça 1 x 1 Alemanha

Três pontos sobre…
… 04/06/1938 – Suíça 1 x 1 Alemanha


(Imagem: Impromptuinc)

● O Grupo 5 das eliminatórias para a Copa do Mundo de 1938 tinha Suíça e Portugal. Houve uma única partida para decidir a vaga no Mundial, realizada no dia 01/05/1938, em campo neutro, no estádio San Siro, em Milão. Portugal tinha um ligeiro favoritismo, pois havia deixado uma boa impressão ao empatar com a Alemanha por 1 x 1 em Frankfurt, uma semana antes. Além disso, ainda contava com o fantástico centroavante Fernando Peyroteo. Mas a Suíça resolveu logo o jogo no primeiro tempo, com dois gols em cinco minutos. Georges Aeby marcou aos 23′ e Lauro Amadò fez aos 28′. Portugal só reagiu com um gol de pênalti de Peyroteo, aos 28′ da etapa final. Depois, os suíços se trancaram na defesa e garantiram a classificação para o Mundial. Nas tribunas de honra do San Siro, foi impossível deixar de notar a ilustre presença dos ditadores Benito Mussolini e Adolf Hitler, que pareciam inseparáveis naqueles tempos que antecederam a Segunda Guerra Mundial.

O Grupo 1 do qualificatório dava direito a duas vagas no torneio. A Alemanha e Suécia haviam vencido Estônia e Finlândia e já estavam classificados quando se enfrentaram em Hamburgo. Sem levar isso em consideração, os alemães fizeram valer o status de favoritos e venceram os suecos por 5 x 0.

Como vamos detalhar amanhã, pouco menos de três meses antes do Mundial, o exército nazista invadiu a Áustria e decretou o “Anschluß”, a anexação da Áustria por parte da Alemanha, abrangendo todos os aspectos da vida do país. Com isso, a Federação de Futebol Alemã comunicou à FIFA que a Áustria havia “deixado de existir como país” e os jogadores nascidos em seu território poderiam representar a nova pátria. Resumindo: o “Wunderteam” austríaco teria jogadores sendo obrigados a “prestar serviços” à seleção alemã no Mundial.


(Imagem: Impromptuinc)

● O regulamento do Mundial era o mesmo da edição anterior. Sem fase de grupos, houve um torneio eliminatório direto, começando nas oitavas de final. Se uma partida terminasse empatada depois de 90 minutos, seriam jogados mais dois tempos de 15 minutos de prorrogação. Em caso de empate, os times disputariam mais uma prorrogação nos mesmos moldes. Persistindo a igualdade, haveria outro jogo-desempate dois ou três dias depois. Curiosamente, na decisão, se não houvesse vencedor após os dois jogos com duas prorrogações, a taça seria dividida entre os finalistas.

A Alemanha tem um histórico de dar longevidade aos seus treinadores. Otto Nerz deixou o comando da Mannschaft depois do fiasco nos Jogos Olímpicos de 1936. Mesmo jogando em Berlim, a Alemanha foi eliminada precocemente nas quartas de final para a Noruega. Quem assumiu o cargo de técnico da Nationalelf foi o ex-auxiliar de Nerz, Sepp Herberger – uma astuta raposa.

A seleção alemã contou com nove atletas da extinta equipe austríaca: o goleiro Rudolf Raftl, o zagueiro Willibald Schmaus, os meias Hans Mock, Stefan Skoumal e Franz Wagner, além dos atacantes Wilhelm Hahnemann, Leopold Neumer, Hans Pesser e Josef Stroh. Desses nove, quatro faziam parte do elenco da Áustria na Copa de 1934: Raftl, Schmaus, Wagner e Stroh.


Nos anos 1930, quase todas as equipes atuavam no ofensivo sistema “clássico” ou “pirâmide”, o 2-3-5. Uma das exceções era a adversária – Alemanha.


A Alemanha já atuava há alguns anos no sistema W-M, sendo uma das pioneiras a utilizar esse esquema entre as seleções. O esquema tático reforça melhor o sistema defensivo e dá ênfase ao trabalho do meio de campo.

● Quando a Alemanha entrou em campo no estádio Parc de Princes, em Paris, para a partida inaugural da Copa, a tradicional camisa branca seguia o mesmo padrão de quatro anos antes. A novidade foi a inclusão da gola vermelha e de símbolos nazistas ao escudo do lado esquerdo do peito.

A honra de dar o pontapé inicial coube ao presidente da França, Albert Labrun. E ele conseguiu a proeza de errar o chute, arrancando grama do chão e mal fazendo a bola se mover.

O time titular da Alemanha contava com cinco jogadores austríacos: Raftl, Schmaus, Hahnemann, Pesser e Mock – o capitão da equipe.

E saiu na frente com um gol de Josef Gauchel, aos 29 minutos da etapa inicial.

Mas a Suíça, um time mais organizado em campo, empatou ainda no primeiro tempo. André Abegglen marcou aos 43′.

Não houve gols na segunda etapa e nem nas duas prorrogações de 30 minutos seguintes.

Como mandava o regulamento, o placar em igualdade forçou um jogo extra para desempatar a peleja.

O ponta esquerda alemão/austríaco Hans Pesser foi o primeiro jogador expulso no Mundial, aos seis minutos do primeiro tempo da prorrogação. Ele cometeu uma falta muito violenta sobre o capitão suíço Severino Minelli. A falta foi tão dura que a própria Federação Alemã de Futebol o puniu, o suspendendo por seis meses em seu clube (Rapid Viena) e por um ano na seleção alemã.

Houve um enorme equilíbrio nas oitavas de final. Dos sete jogos disputados, cinco foram para a prorrogação (Alemanha 1 x 1 Suíça, Brasil 6 x 5 Polônia, Tchecoslováquia 3 x 0 Holanda, Cuba 3 x 3 Romênia e Itália 2 x 1 Noruega). Duas dessas prorrogações terminaram empatadas e foram necessários jogos extras (Cuba 2 x 1 Romênia e Suíça x Alemanha).

FICHA TÉCNICA:

 

SUÍÇA 1 X 1 ALEMANHA

 

Data: 04/06/1938

Horário: 17h00 locais

Estádio: Parc des Princes

Público: 27.152

Cidade: Paris (França)

Árbitro: John Langenus (Bélgica)

 

SUÍÇA (2-3-5):

ALEMANHA (W-M):

Willy Huber (G)

Rudolf Raftl (G)

Severino Minelli (C)

Paul Janes

August Lehmann

Willibald Schmaus

Hermann Springer

Andreas Kupfer

Sirio Vernati

Hans Mock (C)

Ernst Lörtscher

Albin Kitzinger

Lauro Amadò

Ernst Lehner

André Abegglen

Rudolf Gellesch

Alfred Bickel

Josef Gauchel

Eugen Walaschek

Wilhelm Hahnemann

Georges Aeby

Hans Pesser

 

Técnico: Karl Rappan

Técnico: Sepp Herberger

 

SUPLENTES:

 

 

Erwin Ballabio (G)

Fritz Buchloh (G)

Renato Bizzozero (G)

Hans Jakob (G)

Adolf Stelzer

Reinhold Münzenberg

Albert Guinchard

Jakob Streitle

Oscar Rauch

Ludwig Goldbrunner

Paul Aeby

Stefan Skoumal

Alessandro Frigerio

Franz Wagner

Tullio Grassi

Fritz Szepan

Leopold Kielholz

Leopold Neumer

Eugen Rupf

Otto Siffling

Fritz Wagner

Josef Stroh

 

GOLS:

29′ Josef Gauchel (ALE)

43′ André Abegglen (SUI)

 

EXPULSÃO: 96′ Hans Pesser (ALE)

Imagens da partida:


… 09/06/1938 – Suíça 4 x 2 Alemanha


A Suíça manteve o time e o esquema.


A Alemanha também manteve o sistema, mas mudou meio time.

● Para a partida desempate, o treinador suíço Karl Rappan mandou a campo o mesmo time que havia atuado no primeiro jogo.

Por sua vez, o técnico Sepp Herberger fez seis alterações na seleção alemã. Saíram o zagueiro Willibald Schmaus, os meias Hans Mock e Albin Kitzinger e os atacantes Rudolf Gellesch, Josef Gauchel e Hans Pesser. Entraram os zagueiros Jakob Streitle e Ludwig Goldbrunner, o meia Stefan Skoumal e os atacantes Josef Stroh, Leopold Neumer e Fritz Szepan.

Novamente eram cinco atletas nascidos na Áustria: Raftl, Skoumal, Hahnemann, Neumer e Stroh.

Essas mexidas fizeram bem aos alemães, que começaram melhor e abriram logo 2 a 0.

Wilhelm Hahnemann fez o primeiro aos 9′ e Ernst Lörtscher marcou um gol contra aos 22′.

Para dificultar a vida dos suíços, o ponta Georges Aeby teve de sair de campo com a cabeça machucada. Como não eram permitidas substituições à época, a Suíça teve que seguir na partida com um jogador a menos.

Apesar das dificuldades, Eugen Walaschek (russo naturalizado suíço) diminuiu o placar a três minutos do fim do primeiro tempo.

Mas a confiança germânica era tamanha que, no intervalo, integrantes da comissão técnica resolveram enviar um telegrama ao ditador Adolf Hitler, informando a vitória parcial e o fato de estar jogando com um homem a mais.


(Imagem: Impromptuinc)

Muitos acreditavam em uma goleada alemã. Mas o imponderável do futebol apareceu novamente e a sorte sorriu para os helvéticos.

Ainda com dez homens, Alfred Bickel empatou o jogo para a Suíça aos 19′.

Aos 25′, Aeby conseguiu retornar a campo para ajudar seu time e igualou também o número de atletas em campo.

A virada e a classificação suíça veio com dois gols de André Abegglen em três minutos, aos 30′ e aos 33′.


(Imagem: Impromptuinc)

● Curiosamente, o autor do segundo gol suíço diante dos alemães, Alfred Bickel, é um dos únicos jogadores que disputaram jogos de Copa antes de depois da Segunda Guerra Mundial, juntamente com o sueco Erik Nilsson.

Com a eliminação da Suíça para a Hungria nas quartas de final (derrota por 2 a 0), o austríaco Karl Rappan (técnico dos helvéticos), chegou a conclusão que sua equipe só conseguiria vencer adversários mais fortes se tivesse um sistema de jogo bastante defensivo. Essa foi a origem do chamado “ferrolho suíço”, que mudou a essência ofensiva do futebol.


(Imagem: Impromptuinc)

Com o resultado, a hostilidade da torcida alemã resultou em várias garrafas quebradas, vandalizando as ruas de Paris.

A derrota foi colocada na conta do treinador Sepp Herberger, que insistiu em colocar em campo cinco jogadores austríacos que ele foi obrigado a convocar. Era mesmo natural que o técnico tivesse dificuldade para mesclar estilos de jogo tão diferentes. Os austríacos tinham um futebol mais clássico, baseado no toque de bola. Os alemães privilegiavam a força e os passes longos.

Várias fontes culpam a proposital atitude derrotista dos austríacos. Um jornalista alemão comentou posteriormente que “alemães e austríacos preferiam jogar um contra o outro até mesmo estando no mesmo time”.

Para frustração da comunidade nazista, a teoria de superioridade da raça ariana não resistiu à primeira rodada. A eliminação acabou sendo uma grande surpresa.

Foi a primeira vez que a Nationalelf não passou da primeira fase em uma Copa do Mundo. Esse fato ocorreria novamente apenas oitenta anos depois, na Copa de 2018, na Rússia.


(Imagem: Impromptuinc)

FICHA TÉCNICA:

 

SUÍÇA 4 X 2 ALEMANHA

 

Data: 09/06/1938

Horário: 18h00 locais

Estádio: Parc des Princes

Público: 20.025

Cidade: Paris (França)

Árbitro: Ivan Eklind (Suécia)

 

SUÍÇA (2-3-5):

ALEMANHA (W-M):

Willy Huber (G)

Rudolf Raftl (G)

 Severino Minelli (C)

Paul Janes

August Lehmann

Jakob Streitle

Hermann Springer

Andreas Kupfer

Sirio Vernati

Ludwig Goldbrunner

Ernst Lörtscher

Stefan Skoumal

Lauro Amadò

Ernst Lehner

André Abegglen

Josef Stroh

Alfred Bickel

Wilhelm Hahnemann

Eugen Walaschek

Fritz Szepan (C)

Georges Aeby

Leopold Neumer

 

Técnico: Karl Rappan

Técnico: Sepp Herberger

 

SUPLENTES:

 

 

Erwin Ballabio (G)

Fritz Buchloh (G)

Renato Bizzozero (G)

Hans Jakob (G)

Adolf Stelzer

Reinhold Münzenberg

Albert Guinchard

Willibald Schmaus

Oscar Rauch

Albin Kitzinger

Paul Aeby

Hans Mock

Alessandro Frigerio

Franz Wagner

Tullio Grassi

Josef Gauchel

Leopold Kielholz

Rudolf Gellesch

Eugen Rupf

Hans Pesser

Fritz Wagner

Otto Siffling

 

GOLS:

8′ Wilhelm Hahnemann (ALE)

22′ Ernst Lörtscher (ALE) (gol contra)

42′ Eugen Walaschek (SUI)

64′ Alfred Bickel (SUI)

75′ André Abegglen (SUI)

78′ André Abegglen (SUI)

Imagens da partida: