… 05/06/1938 – Itália 2 x 1 Noruega

Três pontos sobre…
… 05/06/1938 – Itália 2 x 1 Noruega


(Imagem: Youtube)

Campeã em 1934, a Itália vinha bastante renovada e ainda melhor do que quatro anos antes. A dupla de zaga, Foni e Rava era mais jovem e mais segura que a anterior (Allemandi e Monzeglio). Na posição de centromédio, o truculento Luisito Monti deu lugar a outro oriundi, o uruguaio Michele Andreolo, mais técnico e mais criativo. O ataque estava melhor e mais móvel com Silvio Piola, um centroavante de muita mobilidade, capaz de criar e concluir as jogadas. Só dois jogadores da Copa anterior permaneceram no time titular: o agora capitão Giuseppe Meazza e o atacante Giovanni Ferrari.

Os italianos contavam com o mesmo “incentivador” de 1934: o ditador fascista Benito Mussolini. Mas como a Copa agora não era em seu território, “Il Duce” não pôde pressionar FIFA e arbitragem como quatro anos antes. Mas nem precisava, pois a Itália tinha a melhor seleção do mundo.

Um dos motivos para isso era a continuidade do técnico Vittorio Pozzo. Uma das suas principais virtudes era saber explorar a natural autoconfiança dos italianos para formar uma seleção forte.


(Imagem: Youtube)

● A Squadra Azzurra parecia imbatível e não perdia há quase três anos. Em 1935, enfrentou o Wunderteam da Áustria em Viena e venceu por 2 x 0, com dois gols de Silvio Piola – que acabaria se tornando um dos atacantes mais letais de seu tempo. Chegou embalada ao Mundial, com duas goleadas nos últimos amistosos: 6 x 1 na Bélgica, no dia 15/05 em Milão, e 4 x 0 na Iugoslávia, em 22/05 na cidade de Gênova.

O primeiro obstáculo foi a Noruega, que tinha um time jovem, alto e forte.

Mesmo com uma mais qualificada, a Noruega sofreu para eliminar a Irlanda no Grupo 2 das eliminatórias. Na primeira partida, disputada em Oslo no dia 10/10/1937, vitória por 3 x 2. No jogo disputado em Dublin, em 07/11/1937, os nórdicos venciam por 3 x 1, mas cederam o empate e levaram um sufoco. Essa partida entrou para a história porque, pela primeira vez em uma competição da FIFA, os dois times usaram camisas numeradas – o que permitia aos torcedores e à imprensa a identificação imediata dos jogadores em campo. Mas essa novidade não seria utilizada na Copa de 1938.


(Imagem: Footforever.com)

● Aqui cabe um parêntese sobre a semifinal dos Jogos Olímpicos de 1936. No dia 10/08, italianos e noruegueses se enfrentaram para 90 mil pessoas no Estádio Olímpico de Berlim. A partida foi apitada pelo húngaro Paul von Hertzka. A Itália de Pozzo foi representada por uma seleção amadora. Apenas quatro de seus jogadores estariam presentes no Mundial dois anos depois (Alfredo Foni, Pietro Rava, Ugo Locatelli e Sergio Bertoni) e só dois seriam titulares na partida de abertura (Rava e Locatelli).

Do lado nórdico, o time era praticamente o mesmo. Devido ao amadorismo do futebol do país, o técnico Asbjørn Halvorsen pôde levar seu time principal para as Olimpíadas (que não aceitava profissionais à época). Doze dos 14 presentes em Berlim estariam entre os 22 que disputariam a Copa na França. Só houve três alterações no time titular: o médio direito Kristian Henriksen era reserva e ganhou a titularidade de Frithjof Ulleberg. O zagueiro Rolf Johannessen entrou na vaga de Jørgen Juve e o centroavante Knut Brynildsen substituiu Alf Martinsen.

Naquela partida, Alfonso Negro abriu o placar aos 15′, Arne Brustad empatou aos 58′ e Annibale Frossi fez o segundo tento italiano aos 6′ da prorrogação.

Na final, a Itália bateu a Áustria por 2 x 1. E a Noruega ficou com a honrada medalha de bronze ao vencer a Polônia por 3 x 2.


A Itália jogava em uma adaptação do sistema 2-3-5 chamada “Metodo”, que consistia no ligeiro recuo de dois atacantes, deixando o ataque em uma espécie de “W”, com dois meia-atacantes, dois pontas bem abertos e um centroavante.


A Nuruega atuava como praticamente todas as equipes da época, no ofensivo sistema “clássico” ou “pirâmide”, o 2-3-5.

● Valeu a pena der feito esse parêntese, porque a partida das oitavas de final da Copa do Mundo de 1938 teve praticamente o mesmo roteiro da que havia ocorrido 664 dias antes.

Dessa vez, a poderosa Squadra Azzurra vinha com seus renomados profissionais, liderada pela lenda Giuseppe Meazza.

E inaugurou o marcador logo na segunda volta do ponteiro, com Giovanni Ferrari.

Quando todos achavam que o jogo estava ganho, o bom ponta esquerda Arne Brustad empatou aos 38′ do segundo tempo e levou o jogo para a prorrogação.

A Azzurra passou à frente no início do tempo extra, logo aos quatro minutos. O ponta direita Pietro Pasinati chutou cruzado, rasteiro e forte. O goleiro Henry Johansen espalmou e Piola escorou para o gol.

Com um pouquinho de boa vontade, podemos dizer que o jogo de Marselha foi praticamente o replay de Berlim. Por uma incrível coincidência, o resultado se repetiu quase nos mesmos detalhes: a Itália abriu o placar no início do jogo, Brustad empatou para a Noruega no segundo tempo e a Itália venceu o jogo no início da prorrogação.


(Imagem: Keystone Franc /Gamma Keystone / Getty Images)

● A tão aguardada estreia dos campeões do mundo decepcionou os 19 mil presentes no estádio Vélodrome, em Marselha, que esperavam uma goleada. Juntou-se a essa decepção o fato de o time italiano ter feito a saudação fascista antes e depois da partida. Estava dado o sinal para a enorme vaia ouvida logo ao apito final.

A primeira fase do Mundial de 1938 foi marcada pelo equilíbrio. Das sete confrontos, cinco foram para a prorrogação (Itália 2 x 1 Noruega, Brasil 6 x 5 Polônia, Tchecoslováquia 3 x 0 Holanda, Alemanha 1 x 1 Suíça e Cuba 3 x 3 Romênia). Duas dessas partidas terminaram empatadas e foram necessários jogos extras.

Nas quartas de final, a Itália jogou toda de preto (cor do fascismo) e venceu a anfitriã França por 3 x 1. Nas semifinais, arbitragem foi conivente com os azuis e acabou com o sonho brasileiro, na polêmica vitória dos italianos por 2 x 1. Na decisão, derrotou a Hungria por 4 x 2 e, de forma incontestável, se se sagrou bicampeã do mundo.


(Imagem: AP)

FICHA TÉCNICA:

 

ITÁLIA 2 x 1 NORUEGA

 

Data: 05/06/1938

Horário: 17h00 locais

Estádio: Vélodrome

Público: 19.000

Cidade: Marselha (França)

Árbitro: Alois Beranek (Áustria / Alemanha)

 

ITÁLIA (2-3-5):

NORUEGA (2-3-5):

Aldo Olivieri (G)

Henry Johansen (G)

Eraldo Monzeglio

Rolf Johannessen

Pietro Rava

Øivind Holmsen

Pietro Serantoni

Kristian Henriksen

Michele Andreolo

Nils Eriksen (C)

Ugo Locatelli

Rolf Holmberg

Pietro Pasinati

Odd Frantzen

Giuseppe Meazza (C)

Reidar Kvammen

Silvio Piola

Knut Brynildsen

Giovanni Ferrari

Magnar Isaksen

Pietro Ferraris

Arne Brustad

 

Técnico: Vittorio Pozzo

Técnico: Asbjørn Halvorsen

 

SUPLENTES:

 

 

Guido Masetti (G)

Anker Kihle (G)

Carlo Ceresoli (G)

Sverre Nordby (G)

Alfredo Foni

Roald Amundsen

Bruno Chizzo

Oddmund Andersen

Aldo Donati

Gunnar Andreassen

Renato Olmi

Sverre Hansen

Mario Genta

Frithjof Ulleberg

Mario Perazzolo

Jørgen Juve

Sergio Bertoni

Hjalmar Andresen

Amedeo Biavati

Arne Ileby

Gino Colaussi

Alf Martinsen

 

GOLS:

2′ Pietro Ferraris (ITA)

83′ Arne Brustad (NOR)

94′ Silvio Piola (ITA)

Veja algumas imagens da partida:

Veja abaixo também a ficha técnica da partida válida pelas semifinais dos Jogos Olímpicos de 1936.

FICHA TÉCNICA:

 

ITÁLIA 2 x 1 NORUEGA

 

Data: 10/08/1936

Horário: 17h00 locais

Estádio: Olímpico

Público: 95.000

Cidade: Berlim (Alemanha)

Árbitro: Pál von Hertzka (Hungria)

 

ITÁLIA (2-3-5):

NORUEGA (2-3-5):

Bruno Venturini (G)

Henry Johansen (G)

Alfredo Foni (C)

Nils Eriksen

Pietro Rava

Øivind Holmsen

Giuseppe Baldo

Frithjof Ulleberg

Achille Piccini

Jørgen Juve (C)

Ugo Locatelli

Rolf Holmberg

Annibale Frossi

Odd Frantzen

Libero Marchini

Reidar Kvammen

Sergio Bertoni

Alf Martinsen

Carlo Biagi

Magnar Isaksen

Alfonso Negro

Arne Brustad

 

Técnico: Vittorio Pozzo

Técnico: Asbjørn Halvorsen

 

SUPLENTES:

 

 

Luigi Scarabello

Fredrik Horn

Giulio Cappelli

Sverre Hansen

Francesco Gabriotti

Magdalon Monsen

 

GOLS:

15′ Alfonso Negro (ITA)

58′ Arne Brustad (NOR)

96′ Annibale Frossi (ITA)

… 04/06/1986 – Alemanha Ocidental 1 x 1 Uruguai

Três pontos sobre…
… 04/06/1986 – Alemanha Ocidental 1 x 1 Uruguai


(Imagem: Impromptuinc)

● O Grupo E era o mais equilibrado da Copa do Mundo de 1986. Alemanha Ocidental, Uruguai, Dinamarca a Escócia faziam o “grupo da morte”.

Na estreia, duas camisas pesadas se enfrentaram. Dois pesos pesados do futebol, Alemanha Ocidental e Uruguai haviam duelado quatro vezes até aquele confronto em Querétaro. Haviam sido quatro vitórias alemãs, sendo dois amistosos (3 x 0 em 1962 e 2 x 0 em 1977) e dois confrontos válidos por Copas do Mundo (4 x 0 em 1966 e 1 x 0 em 1970).

Ausente desde 1974, a Celeste Olímpica se garantiu no Mundial ao vencer o Grupo 2 das eliminatórias sul-americanas. Nesses doze anos sem estar entre os protagonistas, muitos diziam que os charruas estavam em decadência. Mas a renovação foi bem feita e o time conquistou a Copa América de 1983.

O maior problema estava dentro do próprio elenco, dividido em “panelinhas”. Muitos atletas tinham uma relação ruim e o treinador Omar Borrás não era muito afeito ao diálogo. O ambiente interno era péssimo. O técnico, cabeça dura, prescindia da experiência e talento dos jogadores que atuavam no futebol brasileiro.

Um dos melhores do mundo em sua posição, o goleiro Rodolfo Rodríguez (do Santos) vivia o auge de sua forma, mas perdeu a titularidade e a braçadeira de capitão. “Não fui escalado porque falta ao técnico o que eu tenho de sobra: coragem”, cutucou o arqueiro.

O zagueiro Hugo de León, eterno capitão do Grêmio e que estava no atuando no Corinthians, foi sumariamente ignorado e nem foi convocado por Borrás. Don Darío Pereyra, ídolo do São Paulo, se recuperava de problemas físicos. Rubén Paz, meia do Inter, nunca justificou seu talento na seleção de seu país. Os quatro eram craques e incontestáveis no futebol tupiniquim. O único dos “brasileiros” titulares era o lateral direito Víctor Diogo, do Palmeiras.

Mas havia em campo um craque capaz de mudar o curso de uma partida. Enzo Francescoli era o camisa 10 e o líder técnico dentro de campo. No entanto, a maior força uruguaia era a mística, a velha valentia, a pesada camisa celeste – sempre capaz de grandes façanhas.


Alzamendi dribla Schumacher e abre o placar (Imagem: Impromptuinc)

● Na prática, duas coisas mantiveram a Alemanha Ocidental na briga por títulos na década de 1980: tradição e Rummenigge.

No Grupo 2 da qualificatória europeia, se classificou como líder, com Portugal em segundo e deixando Suécia e Tchecoslováquia fora do Mundial.

A Nationalelf viajou para o México sem a confiança de sua torcida. Em pesquisa feita pela antiga revista Quick, apenas 12% dos conterrâneos acreditavam no título mundial. A falta de confiança é mais pelo modo crítico dos alemães de verem as coisas do que propriamente pelos últimos resultados.

Treinada por Franz Beckenbauer, os alemães sempre entram em qualquer disputa para vencer. Vencedor dentro de campo, o Kaiser queria se provar também fora dele. E havia material humano para isso.

Embora às vezes violento e temperamental, o goleiro “Toni” Schumacher estava entre os melhores da Europa. A defesa era consistente, com destaque para o polivalente panzer Briegel, que podia jogar na defesa, na lateral e no meio campo. No meio, Matthäus dava consistência e Magath o tom de criatividade. No ataque, Völler se recuperou totalmente de uma grave distensão muscular que sofreu em novembro passado. Mas o grande fator de desequilíbrio continuava sendo o velho Karl-Heinz Rummenigge, que vinha de seguidas contusões.


Na Copa em que a Dinamarca apresentou o 3-5-2 ao mundo como novidade tática, outras equipes utilizaram o mesmo sistema de forma mais discreta. A Alemanha jogava em um falso 4-4-2 em um misto de 3-5-2. O lateral esquerdo Briegel fazia o papel de um terceiro zagueiro, a fim de liberar o outro lateral, Berthold, que apoiava um pouquinho mais pela direita, fazendo o contra-peso do meia esquerda Brehme. Matthäus era o “todo-campista” indo de área a área. Eder marcava para Magath armar as jogadas para os atacantes Klaus Allofs e Rudi Völler.


O Uruguai atuava no 4-4-2, com um jogador na sobra na defesa (como era mania na época). Francescoli tinha liberdade para circular e criar para os rápidos atacantes Alzamendi e Da Silva.

● Ao meio-dia a bola rolou no estádio La Corregidora, em Querétaro. Mais de 30 pessoas viram duas falhas defensivas resolverem a partida.

O Uruguai abriu o placar rapidamente, graças a uma falha grotesca. Logo aos quatro minutos de jogo, a Alemanha trocava passes na intermediária até que Norbert Eder tentou recuar para o goleiro. Uma tremenda burrice! A bola caiu no pé de Antonio Alzamendi, que entrou em velocidade, deixou Klaus Augenthaler no chão, invadiu a área, driblou Schumacher e chutou. A bola tocou no travessão e caiu após a linha do gol, antes de Briegel afastar de bicicleta. A bola entrou. Gol legal, confirmado pelo árbitro tchecoslovaco Vojtěch Christov.

Die Mannschaft acordou e começou a atacar. Pouco depois de sofrer o gol, Matthäus chutou forte do lado direito e Fernando Álvez teve dificuldades para jogar para escanteio.

Na sequência, Augenthaler fez um ótimo lançamento para Rudi Völler, que ganhou da marcação e chutou para boa defesa do arqueiro celeste.

Depois, os sul-americanos se fecharam começaram a puxar contra-ataques perigosos. Aos 16′, Francescoli criou a jogada e Alzamendi abriu para Da Silva chutar por cima.

Três minutos depois, Alzamendi puxou o contragolpe e correu o campo todo, mas foi travado por Augenthaler na hora H.

No início do segundo tempo, Francescoli ia fazendo fila na defesa germânica, mas Augenthaler (sempre ele), fez falta na risca da grande área, impedindo um golaço.

Aos 35′, Francescoli chegou a driblar Schumacher e chutar para fora. O Uruguai ia desperdiçando chances preciosas.

No lance seguinte, Rummenigge (que entrou no segundo tempo) cruzou da esquerda para cabeçada forte de Thomas Berthold, mas Álvez fez uma ótima defesa.

Aos 39′ do segundo tempo, após cobrança de escanteio dos alemães, a bola viajou no alto de uma intermediária a outra por duas vezes até que Augenthaler cortou de cabeça do meio campo. A bola viajou até a área uruguaia e a zaga não cortou. Klaus Allofs foi oportunista e chutou de esquerda, rasteiro e cruzado, no cantinho de Álvez, empatando a partida.


Allofs faz o gol de empate (Imagem: Impromptuinc)

● Após o empate com os alemães, o Uruguai foi massacrado pela “Dinamáquina” por 6 x 1 e empatou sem gols com a Escócia. Mesmo sem nenhuma vitória, passou de fase como um dos melhores terceiros colocados e enfrentou a Argentina nas oitavas de final. No clássico sul-americano, não conseguiu parar o imparável Maradona e foi eliminada após derrota por 1 x 0.

Na primeira fase, a Alemanha Ocidental se classificou em segundo lugar no Grupo E, com três pontos: empatou com o Uruguai (1 x 1), venceu a Escócia (2 x 1) e perdeu para a Dinamarca (2 x 0). Nas oitavas, penou para passar pelo Marrocos (1 x 0). Nas quartas, passou sufoco, vencendo o México apenas nos pênaltis por 4 a 1, após um empate sem gols. Fez seu melhor jogo na semifinal, vencendo a favorita França por 2 a 0. Na decisão, buscou um improvável empate, mas sofreu o gol derradeiro de Jorge Burruchaga nos minutos finais, após mais uma jogada genial de Maradona. A Argentina venceu por 3 x 2 e conquistou seu segundo título, deixando a Alemanha com seu segundo vice-campeonato consecutivo.

O Uruguai continuou freguês da Alemanha. Em dez duelos, nunca venceu uma partida (oito derrotas e dois empates). A única vitória ocorreu no primeiro duelo: 4 x 1 na primeira fase dos Jogos Olímpicos de 1928, em Amsterdã, com o time base que se tornaria o primeiro campeão do mundo dois anos depois.


(Imagem: impromptuinc.wordpress.com)

FICHA TÉCNICA:

 

ALEMANHA OCIDENTAL 1 x 1 URUGUAI

 

Data: 04/06/1986

Horário: 12h00 locais

Estádio: La Corregidora

Público: 30.500

Cidade: Querétaro (México)

Árbitro: Vojtěch Christov (Tchecoslováquia)

 

ALEMANHA OCIDENTAL (4-4-2):

URUGUAI (4-4-2):

1  Harald Schumacher (G)(C)

12 Fernando Álvez (G)

14 Thomas Berthold

4  Víctor Diogo

4  Karlheinz Förster

2  Nelson Gutiérrez

15 Klaus Augenthaler

3  Eduardo Mario Acevedo

2  Hans-Peter Briegel

6  José Batista

6  Norbert Eder

5  Miguel Bossio

8  Lothar Matthäus

8  Jorge Barrios (C)

3  Andreas Brehme

11 Sergio Santín

10 Felix Magath

10 Enzo Francescoli

19 Klaus Allofs

9  Jorge Orosmán da Silva

9  Rudi Völler

7  Antonio Alzamendi

 

Técnico: Franz Beckenbauer

Técnico: Omar Borrás

 

SUPLENTES:

 

 

12 Uli Stein (G)

1  Rodolfo Rodríguez (G)

22 Eike Immel (G)

22 Celso Otero (G)

17 Ditmar Jakobs

13 César Veja

5  Matthias Herget

14 Darío Pereyra

16 Olaf Thon

15 Eliseo Rivero

13 Karl Allgöwer

16 Mario Saralegui

21 Wolfgang Rolff

17 José Zalazar

18 Uwe Rahn

18 Rubén Paz

7  Pierre Littbarski

19 Venancio Ramos

20 Dieter Hoeneß

20 Carlos Aguilera

11 Karl-Heinz Rummenigge

21 Wilmar Cabrera

 

GOLS:

4′ Antonio Alzamendi (URU)

84′ Klaus Allofs (ALE)

 

CARTÕES AMARELOS:

28′ Víctor Diogo (URU)

62′ Mario Saralegui (URU)

 

SUBSTITUIÇÕES:

INTERVALO Andreas Brehme (ALE) ↓

Pierre Littbarski (ALE) ↑

 

56′ Jorge Barrios (URU) ↓

Mario Saralegui (URU) ↑

 

75′ Lothar Matthäus (ALE) ↓

Karl-Heinz Rummenigge (ALE) ↑

 

80′ Antonio Alzamendi (URU) ↓

Venancio Ramos (URU) ↑

 

Melhores momentos da partida (em espanhol):

Gols do jogo (em inglês):

Partida completa (em inglês):

… 03/06/1934 – Itália 1 x 0 Áustria

Três pontos sobre…
… 03/06/1934 – Itália 1 x 0 Áustria

(Imagem: AP Photo)

● A revolução no futebol austríaco teve nome e sobrenome: Hugo Meisl. Nascido na cidade de Malešov (hoje na República Tcheca), então pertencente ao antigo Império Austro-Húngaro, ele era um homem rico que dedicou toda sua vida ao futebol. Foi treinador da seleção austríaca de 1919 até sua morte, em 1937. Seu maior sonho era construir uma seleção forte.

Meisl foi um dos que solidificaram o sistema tático 2-3-5 na Europa Central. Seus times eram conhecidos pela movimentação constante de seus jogadores do meio para a frente, sempre com rápidas trocas de passes, ao invés de um estilo mais físico. Essa característica ficou ainda mais incisiva a partir de 1931, quando o treinador resolveu seguir uma sugestão de jornalistas presentes no Café Ring, em Viena.

A Áustria tinha dois excelentes jogadores que eram centroavantes em seus clubes. Matthias Sindelar jogava no Austria Vienna e Josef Smistik no Rapid Wien. Por serem da mesma posição, ninguém pensava em escalá-los juntos. Mas Meisl ouviu a imprensa e fez uma adaptação, deslocando seu capitão Smistik para jogar como centromédio, onde ele poderia usar toda sua inteligência e visão de jogo. Assim, trocou um centroavante estático (Smistik) por outro que flutuava entre as linhas e armava os ataques do time Sindelar (conhecido como “Der Papierene” – “Homem de Papel -, pelo seu físico magro, leveza e mobilidade).

Na primeira partida dessa forma, a Áustria goleou a Escócia por 5 x 0, em amistoso disputado em 16/05/1931. O time ficou invicto durante quase dois anos e só voltou a perder em 1932 para a Inglaterra (4 x 3) em Wembley, onde o “English Team” nunca havia sido derrotado por um adversário não-britânico até então (só veio a perder em 1953, para a Hungria de Ferenc Puskás). Mas os austríacos venderam caro a derrota, abalando o inquestionável futebol-força praticado na Inglaterra.

Até o início do Mundial de 1934, a Áustria havia vencido ou empatado 28 dos 31 jogos que disputou nos três anos anteriores. Havia vencido adversários fortes, como Suécia, Suíça, Itália, Hungria, Alemanha e outras. Não era simplesmente resultado. O time dava show. Tanto, que ganhou o apelido de “Der Wunderteam” (“time maravilha”). Possuía uma verdadeira legião de craques como os já citados Sindelar (maior gênio do futebol do país), Smistik e Josef Bican (um dos maiores artilheiros da história).

Com tudo isso, e por possuir o melhor retrospecto entre todas as seleções, era impossível que a Áustria não fosse apontada como a maior favorita ao título da segunda Copa do Mundo.


(Imagem: Pinterest)

● Mas haviam outras grandes forças na Europa à época. A Itália de Benito Mussolini lutava para deixar a marca do regime fascista no mundo e a Copa era um meio de alcançar esse objetivo. Jogando em casa, “Il Duce” queria a Itália campeã a qualquer custo e abriu as portas para descendentes de italianos que se dispusessem a defender a Azzurra. Eram os chamados “oriundi”. Com isso, cinco jogadores nascidos fora da Velha Bota disputaram o Mundial em 1934: o centromédio Luisito Monti (argentino vice-campeão da Copa de 1930), o atacante Attilio Demaría (argentino que também jogou a Copa anterior), o ponta direita Enrique Guaita (argentino), o ponta esquerda Raimundo Orsi (argentino) e o ponta direita Anfilogino Guarisi (brasileiro).

Mas a Squadra Azzurra não era só política, mas contava com um ótimo time, com craques como Giuseppe Meazza e Giovanni Ferrari e contava com um bom retrospecto em partidas recentes.

Chegava extenuada para a semifinal, após precisar de 210 minutos para eliminar a excelente seleção da Espanha.


A Itália jogava em uma adaptação do sistema 2-3-5 chamada “Metodo”, que consistia no ligeiro recuo de dois atacantes, deixando o ataque em uma espécie de “W”, com dois meia-atacantes, dois pontas bem abertos e um centroavante.


No 2-3-5 de Meisl, os meio-campistas tinham liberdade para armar, embora suas maiores preocupações fossem as defensivas. Sindelar flutuava pelas linhas adversárias em busca de espaço e era apoiado por uma linha de frente bem experiente.

● Novamente sob o olhar atento de Mussolini, mais de 35 mil pessoas assistiram a esse duelo da Europa Central, no estádio San Siro, em Milão.

Mas a Áustria foi bastante prejudicada por dois fatos: a forte chuva que deixou o campo pesado demais para se tocar a bola e a arbitragem do sueco Ivan Eklind, sempre conivente com o jogo desleal dos italianos.

O único gol do jogo saiu aos 19 minutos do primeiro tempo. Após um cruzamento rasteiro na área austríaca, Meazza chutou e o goleiro Peter Platzer não conseguiu segurar. O ponta direita Enrique Guaita (um dos “oriundi”) trombou com ele e foi chutando bola, goleiro, lama e tudo mais para o dentro do gol.

A Azzurra foi novamente beneficiada pelo homem do apito. Mas isso não pode ser desculpa. Na verdade, a Áustria não conseguiu reeditar seu bom futebol e a Itália soube usar suas armas para vencer.

E a Itália, liderada pelo ótimo centromédio argentino Luisito Monti (especialista nisso), passou a distribuir pancadas e chutões para todos os lados, garantindo a classificação para a final da Copa.


(Imagem: Pinterest)

● Na primeira fase, a Áustria passou pela França por 3 x 2, na primeira prorrogação da história dos Mundiais. Na segunda partida, venceu a vizinha e rival Hungria por 2 x 1. Na semifinal, caiu para os futuros campeões, os italianos, por 1 x 0. Na decisão do 3º lugar, jogou sem ânimo e foi derrotada pela Alemanha por 3 x 2. O 4º lugar foi muito pouco perto do potencial do “Wunderteam”.

Nas oitavas de final, a Itália massacrou os Estados Unidos por 7 x 1. Nas quartas, teve maiores dificuldades e precisou da ajuda da arbitragem para vencer a forte Espanha por 1 x 0 apenas na partida desempate, após 1 x 1 na primeira partida. Na semifinal, bateu o “Wunderteam” da Áustria por 1 x 0 – novamente com auxílio do “apito amigo”. Na final, a Squadra Azzurra venceu a Tchecoslováquia por 2 x 1 em mais um jogo polêmico apitado pelo sueco Ivan Eklind, e garantiu a primeira de suas quatro conquistas da Copa do Mundo.


(Imagem: Pinterest)

FICHA TÉCNICA:

 

ITÁLIA 1 x 0 ÁUSTRIA

 

Data: 03/06/1934

Horário: 16h30 locais

Estádio: San Siro

Público: 35.000

Cidade: Milão (Itália)

Árbitro: Ivan Eklind (Suécia)

 

ITÁLIA (2-3-5):

ÁUSTRIA (2-3-5):

Giampiero Combi (G)(C)

Peter Platzer (G)

Eraldo Monzeglio

Franz Cisar

Luigi Allemandi

Karl Sesta

Attilio Ferraris IV

Franz Wagner

Luis Monti

Josef Smistik (C)

Luigi Bertolini

Johann Urbanek

Enrique Guaita

Karl Zischek

Giuseppe Meazza

Josef Bican

Angelo Schiavio

Matthias Sindelar

Giovanni Ferrari

Anton Schall

Raimundo Orsi

Rudolf Viertl

 

Técnico: Vittorio Pozzo

Técnico: Hugo Meisl

 

SUPLENTES:

 

 

GuidoMasetti (G)

Friederich Franzl (G)

Giuseppe Cavanna (G)

Rudolf Raftl (G)

Umberto Caligaris

Anton Janda

Virginio Rosetta

Willibald Schmaus

Armando Castellazzi

Leopold Hofmann

Mario Pizziolo

Josef Hassmann

Mario Varglien I

Matthias Kaburek

Pietro Arcari

Josef Stroh

Felice Borel II

Hans Walzhofer

Anfilogino Guarisi

Johann Horvath

Attilio Demaría

Georg Braun

 

GOL: 19′ Enrique Guaita (ITA)

Veja algumas imagens da partida:

… 02/06/1970 – Peru 3 x 2 Bulgária

Três pontos sobre…
… 02/06/1970 – Peru 3 x 2 Bulgária


(Imagem: FIFA / Getty Images)

● O Peru é um país que costuma sofrer muito com catástrofes naturais, como tremores de terra e erupções de vulcões. Mas, em toda sua história, nada foi tão devastador quanto o mortal terremoto de Ancash.

Era um domingo, dia 31 de maio de 1970, exatamente às 15h23m29s, e durou “apenas” 45 segundos. O epicentro foi a 35 km ao largo da costa de Casma e Chimbote, no Oceano Pacífico, onde a placa tectônica de Nazca se encontra com a placa Sul-Americana. Com magnitude momento de 7,9 na escala Richter, o fortíssimo terremoto afetou uma área de cerca de 83 mil km² (uma área maior que a Bélgica e a Holanda juntas). Os locais mais afetados foram a região de Ancash e o sul de La Libertad. Com o tremor, a parede norte do monte Huascarán se rompeu e causou uma avalanche de rocha, gelo e neve, enterrando as cidades de Yungay e Ranrahirca. Cerca de 60 mil pessoas morreram devido ao desastre, que ainda deixou mais de 70 mil feridos ou desabrigados. Foi o maior abalo sísmico do país, não só na alta magnitude, mas também em número de perdas de vidas humanas.

O fato, ocorrido apenas dois dias antes da estreia peruana no Mundial, abalou todos os cidadão do país, inclusive os jogadores. Já no México, eles ficaram desesperados pelo fato de não conseguirem entrar em contato com seus familiares. E, nesse cenário, eles queriam voltar para casa, mas o governo decidiu que o time deveria disputar a competição e dar o melhor de si, para trazer alguma alegria aos seus sofridos conterrâneos.


(Imagem: Imortais do Futebol)

● Com a melhor geração de sua história, os sul-americanos tinham bons jogadores, como Teófilo Cubillas, Héctor Chumpitaz, Hugo Sotil, Ramón Mifflin e Alberto Gallardo. Mas a grande atração era mesmo o técnico Didi, um dos maiores craques de todos os tempos. O brasileiro Waldir Pereira havia sido bicampeão mundial como jogador em 1958 e 1962, sendo eleito o melhor jogador da Copa na primeira conquista.

Didi trabalhava como treinador no Sporting Cristal e foi campeão peruano em 1968. No ano seguinte, foi convidado pela federação para treinar a seleção. Deu certo. Com um futebol solto, cheio de trocas de passes, o time deixou para trás o complexo de inferioridade e terminou na liderança do Grupo A das eliminatórias sul-americanas. Com duas vitórias, um empate e uma derrota, o talentoso time se sobrepôs a Bolívia e Argentina – que foi lanterna do grupo, atrás até dos bolivianos.

Com quatro vitórias, um empate e uma derrota, a Bulgária se garantiu em sua terceira Copa do Mundo, ficando com a vaga no difícil Grupo 8 da UEFA, contra as ascendentes Holanda e Polônia, além do sparring Luxemburgo. Os “Demônios da Europa” contavam com uma das equipes mais competitivas da Europa naquela época. Tinha bons jogadores, como Georgi Asparuhov (em seu terceiro Mundial), Hristo Bonev e Petar Zhekov (Chuteira de Ouro da Europa em 1969, com 36 gols).


Didi escalou o Peru no 4-3-3. Com a bola, Teófilo Cubillas avançava e o sistema se tornava um 4-2-4.


Stefan Bozhkov armou a Bulgária no sistema 4-3-3 clássico.

● O escrete peruano não tinha ânimo algum para a partida. Entraram em campo com uma fita preta na camisa, em sinal de luto. Os andinos entraram dispersos e a Bulgária aproveitou.

O primeiro gol saiu logo aos treze minutos. Em cobrança de falta frontal muito bem ensaiada, Dermendzhiev fingiu que ia chutar e avançou. Yakimov rolou para Bonev tocar de calcanhar para a infiltração de Dermendzhiev, que invadiu a área sozinho e tocou na saída do goleiro peruano. Foi o primeiro gol do Mundial, já que a partida de abertura entre México e União Soviética havia terminado 0 x 0.

No intervalo, o presidente da delegação peruana, Javier Aramburú visitou o vestiário da equipe para tentar inflar o ânimo dos jogadores. O dirigente entrou carregando um punhado de terra e disse: “Rapazes, essa terra é do Peru. Beijem-a!” Todos ficaram tocados com aquilo e cumpriram a ordem. “E nós, como éramos jovens, a beijamos e saímos para jogar como bestas”, disse o ex-meia Roberto Challe. Eles creditaram nas palavras de Aramburú e lembraram dos entes queridos e do povo que tanto estava sofrendo. Obviamente, a terra não era peruana. O dirigente enfiou a mão em um vaso que estava lá mesmo, no lado de fora do vestiário no estádio de León. Mas, na hora do desesperou, valeu e surtiu o efeito desejado.

Aos 4′ do segundo tempo, Mifflin cometeu falta em Popov próximo à grande área. Hristo Bonev cobrou falta e o péssimo goleiro Rubiños aceitou. Ele foi com “mão de alface” e acabou levando um frango. A bola bateu na trave, nas costas do arqueiro e foi para o gol.

A Bulgária mantinha total controle do jogo. Parecia ser uma tarde desastrosa para o futebol peruano. Mas a jovem e promissora equipe deixou a apatia de lado e reagiu no minuto seguinte.

Perico León abriu na esquerda para Gallardo. O ponta, ex-Palmeiras, chutou cruzado da esquerda, sem ângulo. A bola bateu no travessão e entrou. O gol encheu de brios a seleção Bicolor.

Cinco minutos depois, o bom atacante Hugo Sotil (que viria a jogar por quatro anos no Barcelona de Rinus Michels e Johan Cruijff) tabelou com Perico León, driblou três adversários e sofreu falta de Shalamanov na meia lua. O capitão Héctor Chumpitaz cobrou falta escorregando e acertou o cantinho para deixar tudo igual.

A vidada veio aos 28′. Ramón Mifflin (que jogaria no Santos em 1974/75) passou a bola para Teófilo Cubillas. O camisa 10 fez uma jogada do craque que era: entrou na área driblando dois adversários, puxou para a perna direita e chutou forte no canto esquerdo do goleiro Simeonov.

No fim, a vitória peruana satisfez o pedido do governo e a vontade do país. Um alento ao povo peruano.

Essa foi a primeira vitória do Peru em Copas do Mundo. A seleção Blanquirroja havia disputado apenas a edição de 1930, com derrotas para a Romênia por 3 a 1 e para o Uruguai por 1 a 0.


(Imagem: Depor.com)

● A Bulgária seguiu sua sina de nunca ter vencido em Copas, o que duraria até 1994. Foi eliminada na primeira fase, após perder para alemães por 5 x 2 e empatar com marroquinos em 1 x 1.

Em sua segunda partida, o Peru goleou o Marrocos por 3 x 0. Já classificado para a próxima fase, perdeu para a Alemanha Ocidental por 3 x 1. Nas quartas de final, a sorte ingrata colocou os andinos no caminho da poderosa Seleção Brasileira. Os peruanos até tentaram, mas não foram páreo para o Brasil e perderam por 4 x 2. Honrosamente, o Peru terminou no 7º lugar geral.

Com essa equipe como base, o Peru ainda conquistou a Copa América de 1975 e fazia uma boa Copa do Mundo em 1978 até a vergonha diante da Argentina.


(Imagem: Andina.pe)

FICHA TÉCNICA:

 

PERU 3 x 2 BULGÁRIA

 

Data: 02/06/1970

Horário: 16h00 locais

Estádio: León

Público: 13.765

Cidade: León (México)

Árbitro: Antonio Sbardella (Itália

 

PERU (4-3-3):

BULGÁRIA (4-3-3):

1  Luis Rubiños (G)

1  Simeon Simeonov (G)

2  Eloy Campos

2  Aleksandar Shalamanov

3  Orlando de la Torre

3  Ivan Dimitrov (C)

4  Héctor Chumpitaz (C)

5  Ivan Davidov

5  Nicolás Fuentes

4  Stefan Aladzhov

6  Ramón Mifflin

6  Dimitar Penev

7  Roberto Challe

8  Hristo Bonev

10 Teófilo Cubillas

10 Dimitar Yakimov

8  Julio Baylón

7  Georgi Popov

9  Perico León

9  Petar Zhekov

11 Alberto Gallardo

11 Dinko Dermendzhiev

 

Técnico: Didi

Técnico: Stefan Bozhkov

 

SUPLENTES:

 

 

12 Rubén Correa (G)

13 Stoyan Yordanov (G)

21 Jesus Goyzueta (G)

22 Georgi Kamenski (G)

14 José Fernández

12 Milko Gaydarski

16 Félix Salinas

14 Dobromir Zhechev

13 Pedro González

15 Boris Gaganelov

15 Javier González

17 Todor Kolev

17 Luis Cruzado

16 Asparuh Nikodimov

18 José del Castillo

20 Vasil Mitkov

19 Eladio Reyes

21 Bozhidar Grigorov

20 Hugo Sotil

18 Dimitar Marashliev

22 Oswaldo Ramírez

19 Georgi Asparuhov

 

GOLS:

13′ Dinko Dermendzhiev (BUL)

49′ Hristo Bonev (BUL)

50′ Alberto Gallardo (PER)

55′ Héctor Chumpitaz (PER)

73′ Teófilo Cubillas (PER)

 

SUBSTITUIÇÕES:

29′ Eloy Campos (PER) ↓

Javier González (PER) ↑

 

51′ Julio Baylón (PER) ↓

Hugo Sotil (PER) ↑

 

59′ Georgi Popov (BUL) ↓

Dimitar Marashliev (BUL) ↑

 

73′ Hristo Bonev (BUL) ↓

Georgi Asparuhov (BUL) ↑

Veja os gols da partida:

… 01/06/2002 – Irlanda 1 x 1 Camarões

Três pontos sobre…
… 01/06/2002 – Irlanda 1 x 1 Camarões


Lauren e Holland disputavam a bola no meio campo (Imagem: Pinterest)

● Camarões tinha a expectativa de fazer uma campanha de destaque. Os mais delirantes otimistas sonhavam até com o título. Em franca evolução, muitos apostavam que os “Leões Indomáveis” seriam a primeira seleção africana a vencer uma Copa do Mundo. Nos últimos dois anos, haviam conquistado a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Sydney, em 2000, além do bicampeonato da Copa Africana das Nações (2000 e 2002).

Eram muitos os veteranos de Mundiais anteriores. De 1994, se mantinham no elenco o goleiro Jacques Songo’o, os zagueiros Rigobert Song e Raymond Kalla, além do volante Marc-Vivien Foé (que faleceria em campo na semifinal da Copa das Confederações de 2003). Dos convocados em 1998, ainda estavam os alas Pierre Womé e Pierre Njanka, os meias Lauren e Salomon Olembé e os atacantes Joseph-Désiré Job, Patrick Mboma e Samuel Eto’o. Dentre os novos nomes, destaque para o ala Geremi, do Real Madrid.

Possuía jogadores de qualidade técnica e experiência no futebol europeu. Como não poderia deixar de ser, a principal força ainda era a perigosa dupla de ataque formada pelo veterano Mboma e o jovem Eto’o.

Mas o ciclo até o Mundial foi tumultuado. De 1998 a 2002, cinco técnicos passaram pelo comando da equipe. Os últimos preparativos foram caóticos, com a viagem até o Japão demorando cinco dias.


Seleção de Camarões no Mundial de 2002 (Imagem: ESPN)

● O ex-zagueiro inglês Jack Charlton se tornou treinador da Irlanda em 1986 e adaptou o time às características de seus jogadores. Com isso, “The Boys in Green” (apelido da seleção) passaram a ser conhecidos pelo futebol em que a determinação tática e a força física se sobrepunham à técnica. Resumindo: normalmente eram poucos gols, tanto a favor quanto contra. Os especialistas consideravam um jogo chato, de futebol feio, mas que era muito difícil ser derrotado. Havia participado de dois Mundiais e passado de fase em ambos: chegou às quartas de final em 1990 (perdeu para a Itália por 1 x 0) e ficou nas oitavas em 1994 (caiu para a Holanda, 2 x 0).

Para o lugar de Charlton, foi escolhido o ex-zagueiro Mick McCarthy. O técnico irlandês havia disputado a Copa de 1990 e ainda se sentia como se estivesse dentro do campo: usava blusa, calções, meiões e chuteiras para comandar seu time à beira do campo. McCarthy assumiu a equipe em 1996 e se deparou com uma equipe envelhecida. Logo, tratou de renovar o elenco e deixar de fora figurinhas carimbadas como o lateral Denis Irwin e o zagueiro Phil Babb. O trabalho não deu resultados de imediato, ficando fora da Copa de 1998 e da Eurocopa 2000.

Nas eliminatórias para a Copa de 2002, a descrença foi enorme ao cair em um grupo com Holanda e Portugal, semifinalistas da Euro 2000. Mas a Irlanda surpreendeu e terminou invicta, com sete vitórias e três empates – eliminando a poderosa Holanda, 4º lugar na Copa de 1998 e com um elenco magnífico. Os verdes ficaram empatados com lusos na liderança do Grupo 2, perdendo apenas no saldo de gols. E por terem feito a melhor campanha entre os segundos colocados nos grupos da qualificatória europeia, se beneficiaram ao disputar a repescagem intercontinental contra o Irã. Vitória por 2 x 0 em Dublin e derrota por 1 x 0 em Teerã colocaram os gaélicos no Mundial.

Já em maio, às vésperas da estreia no Mundial, houve um discussão pública entre o experiente capitão Roy Keane e o técnico McCarthy. O volante do Manchester United fez fortes críticas à preparação da seleção e, principalmente à infraestrutura das instalações da cidade de Saipan, nas Ilhas Marianas do Norte, no meio do Oceano Índico. O treinador considerou como um desrespeito e expulsou Keane da delegação, mantendo sua posição mesmo após o volante ter pedido desculpas. “Enquanto eu continuar como técnico da seleção, ele não volta. Se ele retornasse, eu perderia vários jogadores”, afirmou. A federação irlandesa tentou substituir Roy Keane por Colin Healy na lista dos inscritos, mas a FIFA não autorizou. As regras dizem que a lista só pode ser alterada em caso de lesão de um atleta ou por algum motivo de força maior, como, por exemplo, o falecimento de um familiar.

Com a saída de Roy Keane, o zagueiro Steve Staunton se tornou o capitão. Junto a ele, eram outros três remanescentes da Copa de 1994: o goleiro reserva Alan Kelly, o lateral direito Gary Kelly e o meia direita Jason McAteer. E ainda havia um remanescente de 1990, o veterano atacante grandalhão Niall Quinn (o mais pesado da Copa, com 100 kg – que ficou ausente de 1994 por lesão).

Mesmo com atacantes leves e habilidosos como Robbie Keane e Damien Duff, o time era adepto do estilo “kick and rush”, com foco nas bolas longas, lançamentos e cruzamentos. A técnica que faltava era compensada pela energia que sobrava. Os atletas sempre se doavam ao máximo.


A Irlanda jogava no 4-4-2 clássico, com dois atacantes leves.


O técnico alemão Winfried Schäfer formava sua equipe no sistema 3-5-2, com destaques individuais em todos os setores.

● A primeira partida do Grupo E foi na cidade japonesa de Niigata. Mais de 33 mil pessoas foram ver um duelo escolas de futebol bastante diferentes. E foram mesmo dois tempos muito desiguais, quase que dois jogos distintos. Cada seleção dominou uma etapa.

Considerado favorito, Camarões levou a melhor nos primeiros 45 minutos. Com um futebol mais habilidoso e rápido, conseguiu vencer a sempre bem postada defesa irlandesa.

Aos 39, Geremi abriu na ponta direita para Eto’o, que invadiu a área e passou a bola entre as pernas de Ian Harte. O goleiro irlandês Given se precipitou e saiu mal, deixando o gol livre. E Eto’o deixou a bola para Mboma, mesmo caído, chutar no canto e inaugurar o marcador.

Na etapa final, a Irlanda conseguiu equilibrar o jogo e se impor. O futebol simples e objetivo funcionou e o gol de empate veio aos sete minutos. Given cobrou o tiro de meta. Kevin Kilbane, o melhor em campo, dominou, avançou pela esquerda e cruzou para a área. A defesa africana escorou para o meio e, de fora da área, Matt Holland emendou um balaço de primeira, no cantinho direito do goleiro Alioum Boukar.

E pouco houve nos minutos seguintes. Nada digno de nota.

Por ser o jogo de estreia, o empate acabou sendo um bom resultado para os dois.


Salomon Olembé e Matt Holland disputam bola (Imagem: Masahide Tomikoshi)

Na segunda rodada, a Irlanda surpreendeu e conseguiu um bravo empate com a Alemanha por 1 x 1, no último minuto. Na terceira partida, não teve dificuldades para bater a fraca Arábia Saudita por 3 x 0, se classificando como segundo lugar no Grupo E. Mas oitavas de final, empatou com a Espanha em 1 x 1, mas perdeu nos pênaltis por 3 x 2. Juntamente com o campeão Brasil e com a Espanha (que foi eliminada também nos pênaltis nas quartas de final para a Coreia do Sul), a Irlanda terminou a Copa de 2002 invicta.

No extremo oriente, os “Leões” não foram tão “Indomáveis” assim. Os camaroneses não cumpriram as expectativas exageradamente criadas e ficaram ainda na primeira fase. Após o empate com a Irlanda por 1 x 1, ganhou da Arábia Saudita apenas por 1 x 0. Na rodada final, perdeu por 2 a 0 para a Alemanha em um jogo bastante truculento, chegando a ser violento em alguns momentos.

O principal destaque na quinta participação camaronesa seria fora de campo. Na Copa Africana de Nações de 2002, os atletas usaram uma camisa sem mangas. O modelo recebeu o nome em inglês de sleeveless (literalmente “sem mangas”, em português). O estilo foi utilizado tanto para o uniforme principal, camisa verde, quanto para o reserva, camisa branca. A justificativa da fabricante Puma para a criação do modelo foi a inspiração no basquete, como uma forma para tentar refrescar os atletas. A ideia revolucionária deu “pano pra manga” e não agradou à Fifa, que reprovou o uniforme e proibiu o uso da camisa em março de 2002, três meses antes do início do Mundial. A entidade máxima do futebol alegou que o uniforme fugia das regras de jogo e impossibilitava a colocação de um brasão de uso obrigatório nos jogos da Copa. E para não perder o trabalho de marketing, a Puma contornou a situação desenvolvendo uma camisa com mangas pretas, dando a impressão de que os jogadores estavam mesmo sem mangas.

Curiosamente, o ex-goleiro Thomas N’Kono (titular em 1982 e 1990) era o treinador de goleiros da seleção. Na semifinal da CAN, no começo de 2002, foi preso após praticar magia negra durante a semifinal, quando Camarões venceu Mali por 3 x 0.


Uniforme sem mangas utilizado por Camarões na CAN 2002 (Imagem: Pinterest)

FICHA TÉCNICA:

 

IRLANDA 1 x 1 CAMARÕES

 

Data: 01/06/2002

Horário: 15h30 locais

Estádio: Big Swan

Público: 33.679

Cidade: Niigata (Japão)

Árbitro: Ubaldo Aquino (Paraguai)

 

IRLANDA (4-4-2):

CAMARÕES (3-5-2):

1  Shay Given (G)

1  Alioum Boukar (G)

18 Gary Kelly

4  Rigobert Song (C)

14 Gary Breen

5  Raymond Kalla

5  Steve Staunton (C)

2  Bill Tchato

3  Ian Harte

8  Geremi Njitap

7  Jason McAteer

12 Lauren Etame

12 Mark Kinsella

17 Marc-Vivien Foé

8  Matt Holland

20 Salomon Olembé

11 Kevin Kilbane

3  Pierre Womé

9  Damien Duff

10 Patrick Mboma

10 Robbie Keane

9  Samuel Eto’o

 

Técnico: Mick McCarthy

Técnico: Winfried Schäfer

 

SUPLENTES:

 

 

16 Dean Kiely (G)

22 Idriss Carlos Kameni (G)

23 Alan Kelly (G)

16 Jacques Songo’o (G)

2  Steve Finnan

13 Lucien Mettomo

15 Richard Dunne

6  Pierre Njanka

4  Kenny Cunningham

14 Joël Epalle

20 Andy O’Brien

15 Nicolas Alnoudji

21 Steven Reid

19 Eric Djemba-Djemba

22 Lee Carsley

23 Daniel Ngom Kome

6  Roy Keane (cortado da delegação)

7  Joseph Ndo

19 Clinton Morrison

21 Joseph-Désiré Job

13 David Connolly

11 Pius N’Diefi

17 Niall Quinn

18 Patrick Suffo

 

GOLS:

39′ Patrick Mboma (IRL)

52′ Matt Holland (IRL)

 

CARTÕES AMARELOS:

30′ Jason McAteer (IRL)

51′ Steve Finnan (IRL)

82′ Steven Reid (IRL)

89′ Raymond Kalla (CAM)

 

SUBSTITUIÇÕES:

INTERVALO Jason McAteer (IRL) ↓

Steve Finnan (IRL) ↑

 

69′ Patrick Mboma (CAM) ↓

Patrick Suffo (CAM) ↑

 

77′ Ian Harte (IRL) ↓

Steven Reid (IRL) ↑

Melhor momentos da partida:

… 31/05/1986 – Itália 1 x 1 Bulgária

Três pontos sobre…
… 31/05/1986 – Itália 1 x 1 Bulgária


Nasko Sirakov empatou para a Bulgária a cinco minutos do fim (Imagem: Pinterest)

● No dia 11/04/1974, a Colômbia foi escolhida como país sede da 13ª edição da Copa do Mundo de futebol. Porém, já em 1982, os cafeteros renunciaram alegando “insuperáveis dificuldades” econômicas e sociais. Um dos argumentos foi o aumento de 16 para 24 seleções, o que exigiria pelo menos dez estádios – que o país não possuía prontos e nem tinha condições de construir.

Com isso, se candidataram inicialmente: Brasil, Estados Unidos, México, Canadá, Peru, Inglaterra, Alemanha Ocidental e Holanda-Bélgica (em conjunto). Devido ao sistema de rodízio entre os continentes, os europeus foram rapidamente descartados, pois essa era a vez das Américas. Logo o Brasil desistiu (um veto do General Figueiredo, então presidente da República, devido ao momento econômico conturbado que o país passava). Depois foi a vez de norte-americanos, canadenses e peruanos. Por fim, em julho de 1983, a FIFA decidiu de forma polêmica a favor dos mexicanos. Com isso, o México se tornou o primeiro país a receber duas edições do torneio, sendo a segunda apenas 16 anos depois da primeira.

Porém, nos dias 19 e 20 de setembro de 1985, menos de um ano antes do início do Mundial, dois terremotos atingiram o México. O primeiro foi mais violento. Às 07h30 do dia 19, em menos de dois minutos, um forte tremor devastou a Cidade do México (maior cidade do mundo na época). Milhares de pessoas perderam a vida. As fontes oficiais citam 9.500 mortos, outras afirmam que chegaram a 35 mil; além de 30 mil feridos e mais de 100 mil desabrigados. Foram 412 prédios totalmente destruídos e 3.124 parcialmente danificados. Mas o estádio Azteca e os principais hotéis da cidade ficaram incólumes e a Copa pôde ser realizada sem nenhum problema. Em oito meses, o batalhador povo mexicano se reergueu e, com muito entusiasmo, o país novamente foi palco da maior festa do futebol mundial.

O Brasil era o principal candidato ao título, pela tradição e por manter os craques que encantaram o mundo em 1982. Mas qualquer aposta séria sempre incluíam Itália, Alemanha Ocidental e Inglaterra. A Argentina vinha mais fraca que antes, mas Diego Armando Maradona estava melhor que nunca. A França venceu a Eurocopa, os Jogos Olímpicos e contava com Michel Platini em pleno esplendor. O Uruguai voltava ao torneio após duas ausências e tinha Enzo Francescoli. Até a Hungria possuía um jogador diferenciado, como Lajos Détári. A Bélgica tinha um bom time, com o goleiro Jean-Marie Pfaff e o capitão Jan Ceulemans. A União Soviética tinha o paredão Rinat Dasayev no gol e Igor Belanov (que viria a ser eleito Bola de Ouro no fim do ano) no ataque. A Fúria espanhola era liderada por Emilio Butragueño, “El Buitre”. O México tinha a força da torcida e Hugo Sánchez no ataque. O Paraguai tinha Romerito, ídolo do Fluminense campeão brasileiro de 1984. A Argélia mantinha Rabah Madjer e Lakhdar Belloumi como seus destaques. A Irlanda do Norte contava com o veterano arqueiro Pat Jennings e com o jovem Norman Whiteside. A Escócia tinha um time experiente em nível europeu e era treinada por Sir Alex Ferguson. A Polônia ainda contava com Zbigniew Boniek e Wladyslaw Zmuda. Portugal sonhava em reviver os bons momentos de vinte anos antes. Marrocos tentava ser a primeira seleção africana a passar de fase em Mundiais. E a Dinamarca desfilava a novidade do 3-5-2, além de figuras importantes como o líbero Morten Olsen e a dupla de ataque Michael Laudrup e Preben Elkjær Larsen. Apenas Coreia do Sul, Iraque e Canadá eram cartas fora do baralho.


Salvatore Bagni luta pela bola com Bozhidar Iskrenov (Imagem: Bob Thomas / Getty Images)

● A tradicional Squadra Azzurra chegava no México para disputar com o Brasil a honra de ser o primeiro tetracampeão do mundo. A camisa italiana sempre teve força própria. O azul da Casa di Savoia é uma das mais tradicionais e pesadas do mundo.

Desde que levantou a taça em 1982, os italianos sonhavam e trabalhavam para conquistar a Copa seguinte, assim como foi em 1934 e 1938. A Federazione Italiana Giuoco Calcio definiu Puebla como local da concentração dois anos antes. E, assim como o Brasil de 1958/1962, a superstição era grande e os dirigentes da Federação exigiram a mesma tripulação da Alitalia que havia levado a delegação à Espanha quatro anos antes.

Acompanhado de seu fiel cachimbo, o técnico Enzo Bearzot completava dez anos no cargo. Ele era uma verdadeira raposa, um ás das estratégias e adepto da marcação mista: individual no maior destaque adversário e por zona nas demais partes do campo. Ao desembarcar no México, ele foi político ao afirmar que a Copa de 1986 seria vencida por sul-americanos. Claramente não estava sendo sincero, mas apenas tirando o peso de sua equipe e jogando a responsabilidade para os adversários.

No gol, na posição que foi do mítico Dino Zoff, estava Giovanni Galli, prestes a trocar a Fiorentina pelo Milan. O velho líbero Gaetano Scirea agora era o capitão do time, dando segurança para os avanços do ala esquerdo Cabrini. O meio campo não contava mais com Giancarlo Antognoni; Marco Tardelli e Carlo Ancelotti eram reservas. Com isso, faltava criatividade e as transições entre defesa e ataque eram rápidas, com a bola passando pouco pelo meio campo. O ataque contava com diversas opções de estilo: Aldo Serena, Giuseppe Galderisi, Alessandro Altobelli, Gianluca Vialli, o talismã Paolo Rossi e Bruno Conti. (Curiosamente, Conti praticava beisebol em sua juventude; se destacou tanto, que quase foi jogar profissionalmente nos Estados Unidos.)


Os “Demônios da Europa” (apelido da seleção búlgara) no Mundial de 1986 (Imagem: Pinterest)

● Nas eliminatórias, a Bulgária surpreendeu ao terminar em primeiro lugar, empatada com a França e perdendo apenas no saldo de gols. O principal responsável pela evolução nos últimos tempos foi o técnico Ivan Voutsov, ex-meio campista da seleção na Copa de 1970. Ele fez o time praticar um futebol simples, solidário e objetivo – bem diferente do velho sistema baseado no vigor físico das equipes da Europa Oriental. Estava mais “ocidentalizada”. A força foi dando lugar a um estilo moderno, de mais mobilidade, com defesa sólida, meio campo atuante e ataque com muita velocidade.

Apesar da falta de tradição, vários jogadores tinham um nível técnico acima da média, como o goleiro Borislav Mikhailov, o líbero e capitão Georgi Dimitrov, o meia-atacante Nasko Sirakov e o armador Plamen Getov – melhor jogador do time, habilidoso e com um chute potente. Mikhailov e Sirakov haviam sido punidos por sua federação por terem participado de uma luta campal na final da Copa da Bulgária no ano anterior, mas acabaram absolvidos devido à importância de ambos e um pedido especial do técnico. Um jovem chamado Hristo Stoichkov não obteve o mesmo perdão e não foi convocado para a Copa. Oito anos depois, os três viriam a ser destaques da equipe búlgara no Mundial dos Estados Unidos.

A Bulgária carregava a sina de ter disputado quatro Copas do Mundo (1962, 1966, 1970 e 1974), sem nunca ter vencido uma partida. Sempre fazia boas campanhas nas eliminatórias, mas sucumbia nos Mundiais. Lutava pela honra de representar seu país. Qualquer coisa diferente de três derrotas, já seria um avanço.


A Itália jogava no chamado “4-3-3 italiano”, com um líbero atrás da defesa. O lateral esquerdo apoiava, enquanto o ponta direita recuava para fechar os espaços. Atacava no 3-4-3 e defendia no 4-5-1. Na prática, com o “afunilamento” de Bruno Conti, era 4-4-2.


A Bulgária atuava no 4-4-2 clássico, com os meias laterais se apresentando bastante no meio e no ataque.

● Via de regra, a partida de abertura do mundial costuma ser dura, nervosa e nenhuma das equipes conseguem se soltar e praticar um bom futebol.

E foi bem isso que ocorreu no dia 31 de maio no estádio Azteca. Mais de 96 mil expectadores foram assistir a toda poderosa Itália, campeã do mundo, massacrar os pobres búlgaros. Não viram. Na teoria, a prática foi outra. A Squadra Azzurra já não era mais o mesmo time consistente e sagaz de quatro anos antes, quando bateu os favoritos Brasil e Argentina para se embalar rumo ao tricampeonato. Paolo Rossi estava em má forma e era reserva de Altobelli.

O péssimo retrospecto não jogava a favor dos búlgaros, que sonhavam em surpreender desde a festa de abertura.

E o marcador só foi inaugurado no fim do primeiro tempo. Aos 43′, Di Gennaro cobrou falta da intermediária esquerda, a defesa búlgara ficou parada e Altobelli escorou para as redes.

Estava tudo preparado para ser uma festa, com vitória fácil dos italianos, mas eles se deram ao luxo de perder alguns gols na etapa final. E, como diria o ditado: quem não faz…

No fim da partida, quando tudo indicava uma vitória sofrível da Azzurra, ficou ainda pior. Aos 40 minutos do segundo tempo, Zdravkov ergueu a bola na área italiana. Sirakov apareceu entre dois marcadores e cabeceou de forma esquisita, mas o suficiente para colocar a bola no canto do goleiro Galli.

Essa partida foi uma luta permanente pelo domínio no meio campo, na qual o 4-4-2 em voga praticamente eliminou a figura do ponta. Bruno Conti, ponta de origem, afunilava muito o jogo e não teve uma tarde boa.

No fim, o empate foi o placar mais justo pelo que apresentaram ambas as equipes.

Mesmo sendo um jogo deveras tenso e amarrado, pelo menos essa partida teve dois gols – o que não ocorria numa partida de abertura desde 1962.


Alessandro Altobelli, agora titular no ataque na função de Paolo Rossi, foi oportunista e inaugurou o marcador (Imagem: Pinterest)

● Na segunda rodada, a Itália repetiu o placar e empatou por 1 x 1 com a futura campeã Argentina, de Maradona. Na última partida, bateu a Coreia do Sul por 3 x 2 e se classificou como vice-líder do Grupo A. Nas oitavas de final, perdeu para a França de Platini, Giresse e Tigana por 2 x 0 (caindo uma invencibilidade de sessenta anos dos italianos diante dos franceses).

Por sua vez, a Bulgária também repetiu o empate em 1 a 1 contra a Coreia do Sul e perdeu para a Argentina por 2 a 0. Mesmo sem nenhuma vitória, os búlgaros conquistaram dois pontos e se classificaram para a segunda fase pela primeira vez em sua história. Nas oitavas, caiu para o México, dono da casa, por 2 a 0.


Altobelli foi um dos melhores em campo. Nessa foto, em disputa de bola com o bom lateral Radoslav Zdravkov (Imagem: Pinterest)

FICHA TÉCNICA:

 

ITÁLIA 1 x 1 BULGÁRIA

 

Data: 31/05/1986

Horário: 12h00 locais

Estádio: Azteca

Público: 96.000

Cidade: Cidade do México (México)

Árbitro: Erik Fredriksson (Suécia)

 

ITÁLIA (4-4-2):

BULGÁRIA (4-4-2):

1  Giovanni Galli (G)

1  Borislav Mikhailov (G)

2  Giuseppe Bergomi

12 Radoslav Zdravkov

6  Gaetano Scirea (C)

5  Georgi Dimitrov (C)

8  Pietro Vierchowod

3  Nikolay Arabov

3  Antonio Cabrini

13 Aleksandar Markov

10  Salvatore Bagni

8  Ayan Sadakov

13  Fernando De Napoli

10 Zhivko Gospodinov

14 Antonio Di Gennaro

2 Nasko Sirakov

16  Bruno Conti

11 Plamen Getov

18 Alessandro Altobelli

7  Bozhidar Iskrenov

19 Giuseppe Galderisi

9  Stoycho Mladenov

 

Técnico: Enzo Bearzot

Técnico: Ivan Vutsov

 

SUPLENTES:

 

 

12 Franco Tancredi (G)

22 Iliya Valov (G)

22 Walter Zenga (G)

21 Iliya Dyakov

4  Fulvio Collovati

4 Petar Petrov

5  Sebastiano Nela

14 Plamen Markov

7  Roberto Tricella

15 Georgi Yordanov

11 Giuseppe Baresi

17 Hristo Kolev

15 Marco Tardelli

6  Andrey Zhelyazkov

9  Carlo Ancelotti

16 Vasil Dragolov

21 Aldo Serena

18 Boycho Velichkov

17 Gianluca Vialli

19 Atanas Pashev

20 Paolo Rossi

20 Kostadin Kostadinov

 

GOLS:

44′ Alessandro Altobelli (ITA)

85′ Nasko Sirakov (BUL)

 

CARTÕES AMARELOS:

48′ Giuseppe Bergomi (ITA)

51′ Aleksandar Markov (BUL)

64′ Antonio Cabrini (ITA)

 

SUBSTITUIÇÕES:

65′ Bruno Conti (ITA) ↓

Gianluca Vialli (ITA) ↑

 

65′ Bozhidar Iskrenov (BUL) ↓

Kostadin Kostadinov (BUL) ↑

 

74′ Zhivko Gospodinov (BUL) ↓

Andrey Zhelyazkov (BUL) ↑

Alguns lances do jogo, em reportagem da TV Globo:

… 30/05/1962 – Argentina 1 x 0 Bulgária

Três pontos sobre…
… 30/05/1962 – Argentina 1 x 0 Bulgária


(Imagem: Pinterest)

● Os argentinos viajaram para o vizinho Chile com a missão de apagar a vergonha de quatro anos antes. Em 1958, na Suécia, os hermanos ficaram na lanterna do Grupo 1. Com uma equipe bem envelhecida, perderam da Alemanha Ocidental por 3 x 1 e venceram a Irlanda do Norte pelo mesmo placar. Precisando de uma vitória simples contra a Tchecoslováquia para se classificarem para as quartas de final, o que se viu foi uma goleada dos tchecos por 6 a 1 (a maior goleada sofrida na história pela seleção albiceleste).

Assim, por mais desastrosa que poderia ser a campanha argentina nos Andes, provavelmente seria melhor que a de 1958.

O elenco portenho foi bem renovado, mas mas sofreu com os mesmos problemas de sempre: não poder contar com as maiores estrelas nascidas em seu país.

Alfredo Di Stéfano já era um veterano, com 36 anos e só havia jogado com a camisa da nação onde nasceu em 1947, quando venceu a Copa América. Depois, jogou pela Colômbia entre 1951 e 1952 e pela Espanha entre 1957 e 1962. Estava no elenco da Fúria no Mundial do Chile, mas não jogou por não ter se recuperado totalmente de uma lesão. Um grande pecado: Don Alfredo acabou nunca entrando em campo em uma Copa do Mundo.

Os casos de Enrique Omar Sívori e Humberto Maschio são ainda mais emblemáticos. Ambos eram os destaques dos “Carasucias de Lima”, que venceram a Copa América em 1957. Agora, os dois estavam na Squadra Azzurra que viria a fracassar no Chile.


(Imagem: Pinterest)

● Mesmo sem os maiores craques, a Argentina tinha uma boa equipe, tendo como destaques o goleiro Antonio Roma, o lateral esquerdo Silvio Marzolini (ambos do Boca Juniors), o atacante José Sanfilippo (San Lorenzo) e o ponta esquerda Raúl Belén (Racing).

Nas eliminatórias, a Argentina goleou o Equador por duas vezes: 6 x 3 em Guayaquil e 5 a 0 em Buenos Aires.

A Bulgária, por sua vez, bateu forte seleção da França por 1 a 0 no jogo desempate em Milão, após terminarem iguais em número de pontos no Grupo 2 (que também tinha a Finlândia).

A comunista e obscura Bulgária era uma surpresa. Todos seus jogadores atuavam em seu país e não havia nenhum destaque individual. Tecnicamente, seu melhor jogador era o ponta esquerda Ivan Kolev. No banco estava o jovem Georgi Asparuhov, que viria a ser um dos maiores artilheiros de seu país em todos os tempos.


A Argentina atuava no sistema tático 4-2-4.


A Bulgária jogava em uma espécie de “WW”: uma defesa moderna, com quatro defensores no formato do 4-2-4; e o ataque em W, derivando do antigo WM.

● O sonho dos argentinos ao chegar no Chile era disputar a final contra o Brasil. Mas logo de cara veriam que era um sonho alto demais.

A Bulgária era inexperiente e estreava em Mundiais.

Assim, os argentinos aproveitaram o nervosismo dos búlgaros e abriram o placar com o ponta direita Héctor Facundo, chutando cruzado, logo aos quatro minutos de jogo.

Mas depois disso, o time sofreu. A Bulgária passou a dar mostras do estilo que a faria disputar também as três Copas seguintes: a força física e um time fechado, com marcação forte e dura, tentando explorar os contra-ataques.

Com isso, os búlgaros anularam o sistema de jogo albiceleste, que consistia em toques curtos e habilidade individual. Sanfilippo, por exemplo, reclamou bastante da truculência dos adversários.

E nenhuma das equipes conseguiu mais passar pela defesa adversária e o jogo terminou em uma vitória sofrível da Argentina.

Mesmo com a vitória, o técnico Juan Carlos Lorenzo foi bastante criticado por ter deixado o meia Antonio Rattín na reserva. Ele era uma fonte de ótimos passes e excelente visão de jogo, mas não tinha a confiança de seu treinador.


(Imagem: Pinterest)

● Apesar de jogar perto de sua torcida, a Argentina não conseguiu nenhuma boa atuação e foi novamente eliminada na fase de grupos, assim como havia ocorrido em 1958. Na segunda partida, perdeu para a Inglaterra por 3 a 1. Na rodada final, precisava vencer a Hungria para se classificar. Os magiares já estavam classificados e escalaram uma equipe mista. E mesmo assim, os argentinos não conseguiram furar o bloqueio dos europeus e ficaram no empate em 0 a 0, parando em uma atuação magistral do goleiro Grosics – último remanescente do esquadrão húngaro de 1954.

No dia seguinte, a delegação argentina foi assistir à partida entre Inglaterra e Bulgária, na qual uma vitória búlgara classificaria os portenhos. Mas de nada adiantou a torcida. A Bulgária (que havia sido goleada pela Hungria por 6 x 1 na partida anterior) empatou sem gols com a Inglaterra, conquistando seu primeiro ponto na história das Copas – resultado que deu a classificação ao English Team e eliminou a Argentina.


(Imagem: Pinterest)

FICHA TÉCNICA:

 

ARGENTINA 1 X 0 BULGÁRIA

 

Data: 30/05/1962

Horário: 15h00 locais

Estádio: Braden Copper Co. (El Teniente-Codelco)

Público: 7.134

Cidade: Rancagua (Chile)

Árbitro: Juan Garay Gardeazábal (Espanha)

 

ARGENTINA (4-2-4):

BULGÁRIA (WW):

1  Antonio Roma (G)

1  Georgi Naydenov (G)

4  Alberto Sainz

5  Dimitar Kostov

15 Rubén Navarro (C)

2  Kiril Rakarov (C)

6  Raúl Páez

3  Ivan Dimitrov

3  Silvio Marzolini

6  Nikola Kovachev

5  Federico Sacchi

4  Stoyan Kitov

13 Oscar Rossi

7  Todor Diev

7  Héctor Facundo

13 Petar Velichkov

9  Marcelo Pagani

9  Hristo Iliev

10 José Sanfilippo

11 Dimitar Yakimov

11 Raúl Belén

10 Ivan Kolev

 

Técnico: Juan Carlos Lorenzo

Técnico: Georgi Pachedzhiev

 

SUPLENTES:

 

 

12 Rogelio Domínguez (G)

18 Ivan Ivanov (G)

2  José Ramos Delgado

20 Nikola Parchanov (G)

18 Vladislao Cap

12 Dobromir Zhechev

14 Alberto Mariotti

8  Dimitar Dimov

17 Rafael Albrecht

17 Panteley Dimitrov

21 Ramón Abeledo

14 Georgi Sokolov

16 Antonio Rattín

21 Panayot Panayotov

8  Martín Pando

22 Georgi Nikolov

19 Rubén Héctor Sosa

19 Dinko Dermendzhiev

20 Juan Carlos Oleniak

16 Aleksandar Kostov

22 Alberto Mario González

15 Georgi Asparuhov

 

GOL: 4′ Héctor Facundo (ARG)

 

ADVERTÊNCIA: Rubén Navarro

Gol da partida:

Algumas imagens do jogo:

… 27/05/1934 – Suécia 3 x 2 Argentina

Três pontos sobre…
… 27/05/1934 – Suécia 3 x 2 Argentina


(Imagem: Bob Thomas / Popperfoto / Getty Images)

Como já contamos anteriormente, após o sucesso da primeira Copa do Mundo, 32 nações se inscreveram em busca de uma das 16 vagas. Por isso, precisou-se disputar partidas qualificatórias.

A Suécia foi a vencedora do Grupo 1 das eliminatórias ao vencer a Estônia (6 x 2, em Estocolmo) e a Lituânia (2 x 0, em Kaunas).

A Argentina ficou com uma das duas vagas da América do Sul (juntamente com o Brasil), após a desistência do Chile.

Era a estreia dos suecos em Copas, enquanto a Argentina havia sido vice-campeã da primeira edição do Mundial, disputado quatro anos antes no Uruguai.


(Imagem: El Gráfico)

● A Argentina chegava bastante enfraquecida para a disputa do torneio, basicamente por dois motivos: a busca da Itália pelos oriundi mundo afora e o início do futebol profissional no país.

Liderada pelo ditador Benito Mussolini, a Itália queria mostrar a superioridade do fascismo e resolveu fortalecer sua seleção com os descendentes de italianos. O Brasil perdeu o ponta direita Filó (Anfilogino Guarisi). Mas os argentinos foram mais prejudicados, ao perderem talentos como o centromédio Luisito Monti, o atacante Attilio Demaría (ambos vice-campeões do mundo em 1930), o ponta direita Enrique Guaita e o ponta esquerda Raimundo Orsi.

Posteriormente, Guaita revelou que havia combinado com seus três companheiros no início da Copa que não entrariam em campo se tivessem de enfrentar a Argentina. Certamente enfrentariam a fúria do Duce, mas a fuga não foi necessária, graças à eliminação precoce dos portenhos.

Na época, o critério utilizado pela FIFA autorizava o jogador a representar outra seleção desde que estivesse morando em seu novo país há pelo menos três anos e não houvesse atuado pela antiga seleção nesse período. Mas Monti havia jogado pela Argentina em julho de 1931 e Guaita em 1933 – menos de três anos antes da Copa. A FIFA foi condescendente com a Itália, mas não fez o mesmo com o húngaro Iuliu Baratky, que só pôde jogar pela Romênia na Copa de 1938. Privilégios que eram conquistados graças à influência de Mussolini junto à entidade máxima do futebol.

Além desses importantes desfalques, os grandes clubes portenhos (River Plate, Boca Juniors e San Lorenzo) haviam aderido ao profissionalismo, formaram uma associação fora da tutela da FIFA e não cederam jogadores para a seleção. Com isso, nenhum atleta vice-campeão de 1930 pôde ir à Copa de 1934. Craques como Francisco Varallo, Carlos Peucelle e Manuel Ferreira não puderam exibir suas qualidades nos gramados do belpaese.

O mesmo aconteceu com o Brasil, já que a Confederação Brasileira de Desportos (CBD) era uma entidade amadora e teve dificuldades de reunir uma seleção competitiva.


Nos anos 1930, todas as equipes atuavam no ofensivo sistema “clássico” ou “pirâmide”, o 2-3-5.

● Mesmo com um time formado por amadores, os hermanos exigiram bastante da Suécia, que já era adepta ao profissionalismo sem problemas e estava composta pelos seus principais jogadores.

Mas quem abriu o placar foi o zagueiro argentino Ernesto Belis, aos 16 minutos de partida.

O centroavante sueco Sven Jonasson empatou aos 33′.

No início da segunda etapa, aos 4 minutos, Alberto Galateo deu mais esperanças aos albicelestes e fez 2 a 1.

O empate veio aos 22′, quando Jonasson fez seu segundo gol.

Os argentinos chegaram a ficar na frente do placar por duas vezes, mas a Suécia teve calma e ratificou sua superioridade técnica conquistando a vitória a dez minutos do fim, com o ponteiro esquerdo Knut Kroon.


(Imagem: Pinterest)

● Os suecos seriam eliminados logo na sequência pela Alemanha, nas quartas de final.

No dia 31/05/1934, os alemães venceram por 2 x 1, com dois gols de Karl Hohmann (Dunker diminuiu para os nórdicos).

FICHA TÉCNICA:

 

SUÉCIA 3 x 2 ARGENTINA

 

Data: 27/05/1934

Horário: 16h00 locais

Estádio: Littoriale

Público: 14.000

Cidade: Bologna (Itália)

Árbitro: Eugen Braun (Áustria)

 

SUÉCIA (2-3-5):

ARGENTINA (2-3-5):

Anders Rydberg (G)

Héctor Freschi (G)

Nils Axelsson

Juan Pedevilla

Sven Andersson

Ernesto Belis

Rune Carlsson

José Nehin

Nils Rosén (C)

Constantino Urbieta Sosa

Ernst Andersson

Arcadio López

Gösta Dunker

Francisco Rúa

Ragnar Gustavsson

Federico Wilde

Sven Jonasson

Alfredo Devincenzi (C)

Tore Keller

Alberto Galateo

Knut Kroon

Roberto Irañeta

 

Técnico: József Nagy

Técnico: Felipe Pascucci

 

SUPLENTES:

 

 

Eivar Widlund (G)

Ángel Grippa (G)

Otto Andersson

Ramón Astudillo

Victor Carlund

Enrique Chimento

Helge Liljebjörn

Ernesto Albarracín

Einar Snitt

Alfonso Lorenzo

Harry Lundahl

Luis Izzeta

Carl-Erik Holmberg

Francisco Pérez

Gunnar Jansson

 

Georg Johansson

 

Gunnar Olsson

 

Arvid Thörn

 

 

GOLS:

4′ Ernesto Belis (ARG)

9′ Sven Jonasson (SUE)

48′ Alberto Galateo (ARG)

67′ Sven Jonasson (SUE)

79′ Knut Kroon (SUE)

Veja alguns lances da partida:

… “Futebol Contra a Fome” 2019, em Uberlândia

Três pontos sobre…
… “Futebol Contra a Fome” 2019, em Uberlândia

Vídeo com trechos recortados da partida.

Partida de futebol beneficente, organizada pelos irmãos Alexandre Pires e Fernando Pires (membros da banda de pagode Só Pra Contrariar – SPC), realizada no Estádio Municipal Parque do Sabiá (Estádio Municipal João Havelange), na cidade de Uberlândia/MG.

O evento foi um sucesso de púbico, com mais de 30 mil expectadores. Foram arrecadadas mais de 90 toneladas de alimentos, que foram distribuídas para instituições carentes.

Dessa vez, a principal ausência foi a de Neymar Jr. O placar do jogo das estrelas foi 7 a 7, um empate em que todos saíram vencedores.

ESCALAÇÕES:

Amigos do Fernando Pires: Alex; Marco Aurélio, Alex (zagueiro ex-Santos) e Fernando Mariano; Amaral, Tirulipa e Edílson; Michel Bastos, Michael, Fernando Pires e Denílson. Reservas: Mohamed, Felisberto, Salgadinho, Junior Henrique e Guly do Prado.

Amigos do Alexandre Pires: Gabriel Brazão; Rafinha, Rafael Vaz e Junior Baiano; Maldonado, Athirson e Vinícius; Alexandre Pires, Lincoln, Bruno Henrique e Julio Baptista. Reservas: Vinícius (do futevôlei), Felipe Araújo, Gustavo Araújo e Daiane (atleta campeã do mundo).

… Melhor jogador da história de cada estado do Brasil

Três pontos sobre…
… Melhor jogador da história de cada estado do Brasil

(Imagem: Depositphotos) — As demais imagens foram localizadas no Google

Seguindo a nossa sequência de listas, elegemos o melhor jogador da história nascido em cada Unidade Federativa do Brasil.

Alguns são unanimidades. Mas, como é comum a qualquer “seleção”, são critérios subjetivos.

AM – AMAZONAS

Gilmar Popoca
Medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Los Angeles, em 1988. Dentre vários outros clubes, jogou por cinco anos no Flamengo, onde começou a carreira.

RR – RORAIMA

Thiago Maia
Medalha de ouro nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016. Começou no Santos e está no Lille, da França, desde o meio de 2017. Mesmo com apenas 22 anos, com certeza já é o melhor jogador nascido em Roraima.

AP – AMAPÁ

Aldo Silva do Espírito Santo
Foi multicampeão com o Fluminense na década de 1980: campeão brasileiro em 1984 e tricampeão carioca em 1983, 1984 e 1985.

PA – PARÁ

Sócrates
O Dr. Sócrates é nascido em Belém. Revolucionário dentro e fora de campo, é o maior (ou, no mínimo, um dos maiores) ídolo da história do Corinthians. Brilhou também na Seleção Brasileira, mesmo não conquistando nenhum título.

AC – ACRE

Artur
Artur Duarte brilhou por sete anos em Portugal. Pelo Boavista (1992-1996), fez 47 gols em 119 jogos. Pelo Porto (1996-1999) foi tricampeão português.

RO – RONDÔNIA

Silvinho
Esse foi o estado que mais deu trabalho. Não há nenhum grande nome. Assim, mais por falta de opções, escolhemos Silvinho, atacante revelado pelo Corinthians e campeão da Série A2 do Campeonato Paulista em 2009. Atualmente com 29 anos, Silvinho atua no Albirex Niigata, da segunda divisão do Japão.

TO – TOCANTINS

Roni
Atacante baixo e rápido, teve algum sucesso no Fluminense, clube onde marcou 37 gols em 141 jogos, em três passagens. Um concorrente tocantinense de peso é Lúcio Bala, meia de Goiás, Flamengo, Santos e muitos outros. Escolhemos Roni por ter vestido a camisa da Seleção Brasileira. Fez 2 gols em 5 partidas.

GO – GOIÁS

Túlio Maravilha
Não é qualquer um que chega aos 1.000 gols. Mesmo que a contagem de Túlio seja deveras polêmica, ele fez incontáveis gols e tem seu lugar na história. Seu maior feito foi levar o Botafogo ao título brasileiro de 1995 (arbitragem à parte). Tem uma ótima média de gols pela Seleção, anotando 13 em 15 jogos.

DF – DISTRITO FEDERAL

Kaká
De ascensão meteórica no São Paulo, fez parte do elenco campeão do mundo em 2002. No ano seguinte, se transferiu para o Milan, onde fez história e se sagrou o melhor jogador do mundo em 2007.

MT – MATO GROSSO

Fábio
O goleiro é o recordista de jogos com a camisa do Cruzeiro, com 841 partidas. Pelo time mineiro, se sagrou bicampeão brasileiro em 2013 e 2014. Injustiçado na Seleção principal, foi um dos destaques e campeão mundial sub-17 em 1997.

MS – MATO GROSSO DO SUL

Müller
Bicampeão mundial pelo São Paulo em 1992 e 1993 e campeão da Copa do Mundo em 1994, Müller teve uma extensa e vitoriosa carreira, inclusive passando pelos quatro grandes clubes do estado de São Paulo.

MA – MARANHÃO

Canhoteiro
Ponta esquerda do São Paulo entre 1953 e 1963, marcou 105 gols em 415 partidas. Poderia ter sido o titular na Copa do Mundo de 1958, mas a vida boêmia e o medo de avião o impediram de ser maior do que é. Inspirou a música com seu nome, de Raimundo Fagner e Zeca Baleiro.

PI – PIAUÍ

Leonardo
Um gigante de 1,66 m. O maior ídolo do Sport Recife na década de 1990. Entre idas e vindas, se tornou o 3º maior artilheiro do clube, com 133 gols. Infelizmente, faleceu em 2006, após uma lesão cerebral.

CE – CEARÁ

Jardel
Foi um dos maiores goleadores do mundo em seu auge. Ganhou o prêmio Chuteira de Ouro como o maior goleador da Europa em 1999 e 2002. No Velho Mundo, teve sucesso em Porto, Galatasaray e Sporting. No Brasil, é ídolo do Grêmio.

RN – RIO GRANDE DO NORTE

Marinho Chagas
Irreverente, polêmico e muito talentoso com a bola nos pés. Começou no ABC e explodiu mesmo no Botafogo. Chegou a jogar com Franz Beckenbauer no New York Cosmos. Foi um dos destaques da Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 1974, tanto positiva quanto negativamente.

PB – PARAÍBA

Júnior
Maior ídolo da história do Flamengo (Zico é hors-concours). Brilhou naquele esquadrão campeão da Copa Libertadores e do Mundial de Clubes. Conquistou quatro Campeonatos Brasileiros pelo Flamengo, sendo o último aos 38 anos. Encantou o mundo também na Copa de 1982, principalmente com o gol marcado sobre a Argentina.

PE – PERNAMBUCO

Rivaldo
No Palmeiras, fez parte do esquadrão montado pela Parmalat. Chegou em 1994 e venceu o Brasileirão. No Paulistão de 1996, foi protagonista no “ataque de 102 gols”. No Barcelona, chegou a seu auge, sendo eleito o melhor jogador do mundo em 1999. Discutivelmente, foi o melhor jogador da Copa do Mundo de 2002, quando se sagrou campeão.

AL – ALAGOAS

Zagallo
Antes de se tornar o “Velho Lobo”, ele era “A Formiguinha”. Apesar de ser ponta esquerda e marcar seus gols, foi um dos primeiros da posição a fazer a recomposição no meio campo, ajudando a marcar. Com isso, revolucionou, ajudando a criar o 4-3-3. É o único tetracampeão do mundo. Venceu as Copas de 1958 e 1962 como jogador, a de 1970 como técnico e a de 1994 como coordenador técnico.

SE – SERGIPE

Clodoaldo
Clodoaldo Tavares Santana foi um dos grandes de seu tempo. Com apenas 20 anos, assumia com maestria as responsabilidades do balanço defensivo da Seleção Brasileira campeã da Copa do Mundo de 1970. Ídolo do Santos, teve a carreira interrompida precocemente por uma séria lesão no joelho.

BA – BAHIA

Bebeto
Brilhou e foi campeão brasileiro pelo Flamengo (1987) e Vasco (1989). Ainda hoje é o maior artilheiro da história do Deportivo La Coruña. Com Romário, fez uma das maiores duplas de ataque da história, levando a Seleção Brasileira à conquista da Copa de 1994.

MG – MINAS GERAIS

Pelé
Dispensa comentários. O “Atleta do Século”.

SP – SÃO PAULO

Rivellino
De “Reizinho do Parque” a “Patada Atômica”. É destaque no panteão dos “deuses do futebol”. Ídolo e inspiração de Maradona. Roberto Rivellino brilhou muito na fase de seca Corinthians e foi conquistar seus títulos pelo Fluminense. Foi fundamental na Seleção que conquistou a Copa do Mundo de 1970.

RJ – RIO DE JANEIRO

Garrincha
O Mané é unanimidade nacional. Com suas pernas tortas, ele é, discutivelmente, o maior driblador de todos os tempos. Fazia a alegria do povo. Levava tudo na brincadeira, mas quando a situação se tornava séria, ele resolvia. Foi assim na Copa do Mundo de 1962, quando liderou tecnicamente a Seleção rumo ao bicampeonato mundial, na ausência de Pelé.

ES – ESPÍRITO SANTO

Sávio
O “Anjo Loiro da Gávea” encantou no Flamengo, entre 1992 e 1997. Depois, foi ser um coadjuvante de luxo no Real Madrid, apesar de ter tido vários momentos de protagonismo. Faltou um brilho a mais com a camisa da Seleção principal, apesar dos seus 32 jogos e seis gols.

PR – PARANÁ

Rogério Ceni
Tecnicamente, Alex foi superior. Mas Rogério se tornou uma lenda. Um M1T0. O jogador que mais defendeu uma única camisa, com 1238 jogos pelo São Paulo. Se tornou o maior goleiro artilheiro da história, com 132 gols marcados. Além disso, teve fases brilhantes em suas funções de goleiro. Liderou o SPFC na conquista da Libertadores e do Mundial Interclubes em 2005, além do tricampeonato brasileiro em 2006, 2007 e 2008. Esteve entre os 23 campeões da Copa de 2002.

SC – SANTA CATARINA

Falcão
Embora tenha brilhado no Internacional de Porto Alegre, Paulo Roberto Falcão nasceu em Abelardo Luz-SC. Foi tricampeão brasileiro pelo Inter em 1975, 1976 e 1979. Na Itália, se tornou o “Rei de Roma”, levando o time a conquistar o scudetto após 41 anos de jejum. Na Seleção, encantou, mas não venceu, na Copa do Mundo de 1982.

RS – RIO GRANDE DO SUL

Ronaldinho Gaúcho
R10 jogava sorrindo, como se fosse um garoto brincando no meio de um campo de terra. Sua habilidade era única. Foi o maior “Showman” que o futebol já viu. E além disso conquistou muitos títulos. Pela Seleção, conquistou a Copa do Mundo de 2002, a Copa América de 1999 e a Copa das Confederações de 2005. Pelo Barcelona, foi o protagonista no título da UEFA Champions League de 2005/06. No Atlético Mineiro, conquistou a Taça Libertadores da América em 2013. Foi eleito o melhor jogador do mundo em 2004 e 2005.

E você? Concorda? Discorda? Trocaria alguém dessa lista?

P. S.: Muito obrigado leitores por esses três anos de parceria. Continuem conosco!