Três pontos sobre… … Roberto Baggio: muito mais do que um pênalti perdido, “um fantástico 9 e meio”
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● Incrível como um único fato pode mudar a história e a forma como ela se propaga. Um dos recordistas mundiais em aproveitamento de cobranças de pênalti ¹* perdeu o pênalti decisivo de sua seleção em plena final de Copa do Mundo.
Baggio ficou marcado como um “amarelão”, que arregou em plena final. Justo Ele!
Me lembro como se fosse hoje. Eu era uma criança de oito anos, assistindo a minha primeira Copa do Mundo (Copa essa que me fez apaixonar pelo futebol e acabou moldando toda minha vida). Essa Copa foi prolífica em craques, como Diego Armando Maradona, Gabriel Batistuta, Romário, Lothar Matthäus, Gheorghe Hagi, Hristo Stoichkov, Carlos Valderrama, Dennis Bergkamp e outros. Mas Ele se destacava.
Roberto Baggio chegou para a Copa como o melhor jogador do mundo eleito pela FIFA e Bola de Ouro no ano de 1993. Em gramados americanos, “comeu” a bola. Estava no seu auge técnico.
Começou o torneio não muito bem, assim como toda sua seleção. Mas valeu a pena esperar as oitavas de final. A dois minutos do fim, a Nigéria vencia a Itália por 1 a 0, mas Roberto empatou e, na prorrogação, virou o jogo. Nas quartas de final, também aos 43 minutos do segundo tempo, anotou o tento decisivo para eliminar a Espanha. Nas semifinais, foi o dono do jogo, com dois gols entre os 21 e 25 minutos de jogo, que deram a vitória sobre a forte Bulgária por 2 a 1, mas saiu de campo lesionado aos 26 minutos do segundo tempo.
● Assim, o que poucos sabem é que ele foi jogar a final no sacrifício, sempre precisando tirar o pé e não conseguindo dar seus dribles e suas arrancadas características.
Na final, o Brasil jogou melhor, mas eram dois times muito equilibrados e mereceram estar na decisão.
A cada vez que Ele pegava na bola e o Galvão Bueno falava o nome Dele, eu tremia. “Roberto Baggio” era o que a Azzurra podia ter de melhor e ele me dava medo. Já tínhamos visto ele fazer de tudo nessa Copa. Já no fim da prorrogação, em uma tabela com Massaro, Baggio teve sua única chance clara de gol, mas chutou em cima de Taffarel.
Após 120 minutos sem gols, tivemos a primeira decisão por pênaltis na história das Copas. Na primeira cobrança, outro gênio da bola atormentado por uma contusão chutou nos céus: o capitão Franco Baresi. No primeiro jogo da Itália, Baresi lesionou seriamente o joelho e teve que passar por artroscopia. Estava fora da Copa? Não! Se recuperou em tempo recorde para disputar a final, se destacando em marcação duríssima sobre Romário. Pena que justo Baresi tenha errado a cobrança inaugural.
Márcio Santos também errou. Depois, todos marcaram: Demetrio Albertini, Romário, Alberigo Evani e Branco. Daniele Massaro parou nas mãos de Taffarel. Dunga marcou.
Caberia a Roberto Baggio, marcar e deixar a Itália ainda viva na final. Se ele marcasse, o Brasil teria ainda outra chance de ser campeão, com a cobrança de Bebeto.
● Em 21 anos de carreira, Baggio bateu 159 pênaltis, convertendo 141 e falhando em apenas 18, ou seja, tem aproveitamento de quase 89% ¹*. Todos tinham certeza de que “Il Codino Divino” (seu apelido, algo como “O Rabo de Cavalo Divino”) converteria o pênalti. Até eu, no alto dos meus oito anos de experiência de vida tinha certeza de que o gol sairia. Mas um somatório de coisas o fizeram errar: a lesão na partida anterior, os 120 minutos jogando no sacrifício no sol de Pasadena, a pressão de ser um pênalti decisivo e, talvez, até a autoconfiança excessiva. Qualquer um poderia perder, menos Ele. É uma das maiores injustiças da história da bola.
Perdeu o pênalti e o Brasil foi campeão. Mas isso não é nada perto de sua brilhante carreira. venceu pouquíssimos títulos como jogador, mas será sempre lembrado pela incrível habilidade, pelas jogadas de efeito e pelos muitos gols marcados, sendo ídolo por onde passou e um mito no futebol mundial. Certamente se não fossem as lesões, Baggio seria ainda maior do que é. Era brilhante tanto como meia (camisa 10), quanto como atacante (camisa 9), que certa vez o craque francês Michel Platini disse que “Baggio é um fantástico ‘9 e meio’”.
Era um fantasista e rebelde ao mesmo tempo. Se tornou inimigo público de técnicos vencedores como Arrigo Sacchi, Fabio Capello e Marcelo Lippi, pois enquanto esses eram obcecados pela disciplina tática e marcação sob pressão por todo o campo, Baggio queria apenas jogar. Dizia que o talento se sobrepõe a qualquer obediência tática.
Três pontos sobre… … Roberto Baggio: 50 anos de um gênio
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● Nascido em Caldogno, na região de Vicenza, no norte da Itália, era um dos oito filhos de Matilde e Fiorindo Baggio. Todos os dias, quando Roberto saía da escola, ia jogar bola. Seus amigos sempre lhe avisavam quando avistavam o Sr. Fiorindo, e o “bambino” saía correndo e se escondia no meio do mato ou em cima das árvores. Desde sempre ele preferiu pedir perdão do que permissão. Se enveredou de vez pelo futebol logo aos 13 anos, no clube de mesmo nome da sua cidade natal. Na temporada 1982/83, estreou como profissional com apenas 15 anos, jogando pelo Vicenza na Serie C1 italiana, onde já se destacava.
Após três temporadas, aportou na Fiorentina, para jogar a Serie A, bem no auge histórico da competição na “Velha Bota”. Chegou como uma pedra preciosa bruta, pronta para ser lapidada, e alcançou a equipe principal na temporada 1987/88. Diversas graves lesões o atrapalharam em seu início, incluindo uma cirurgia delicada no joelho esquerdo, em que foram necessários mais de 200 pontos para costurar a região. Ele era católico desde sempre, mas nesse período difícil de sua vida, conheceu, ficou encantado e se converteu ao budismo. Sua mãe chegou a dizer, em vão, que preferia que ele parasse de jogar do que se tornasse budista. Roberto virou ídolo da “Viola”, onde esteve por cinco temporadas. Chegou à final da Copa da UEFA de 1990, mas foi derrotado pela forte Juventus.
Após perder essa final, Baggio foi vendido para a própria Juventus, mesmo contra a sua vontade, pelo valor recorde na época US$ 13,6 milhões. Mas seu carinho pela Fiorentina era tão grande que no primeiro jogo pela Juve contra a Viola, ainda em 1990, se recusou a bater um pênalti e explicou: “Meu coração sempre será violeta”, beijando em lágrimas um cachecol jogado por um torcedor da Fiorentina.
Mas sua genialidade logo o fez se virar lenda também em Turim. Depois de dois anos bons, mas sem resultados significativos, Baggio se tornou capitão da “Vecchia Signora” na temporada 1992/93. Foi uma temporada estupenda, em que conquistou a Copa da UEFA, além de ter sido eleito o melhor jogador do mundo pela FIFA e a Bola de Ouro do ano de 1993.
Após a fatídica final da Copa de 1994, Baggio continuou brilhando, sendo destaque na conquista da dobradinha em 1994/95, com o título da Coppa Italia e o Scudetto. Perdeu a final da Copa da UEFA para um ótimo time do Parma, mas nada que desfizesse a temporada perfeita.
Por intervenção do poderoso Silvio Berlusconi, o Milan contratou o craque para a temporada seguinte. Ele perdeu a chance de conquistar a UEFA Champions League pela Juve (que venceu justamente no ano da sua saída), mas ganhou o Campeonato Italiano pelo Milan, chegando ao feito raro de ser bicampeão nacional por duas equipes diferentes (dois grandes rivais). No ano seguinte, por implicância do técnico Arrigo Sacchi, passou a ser reserva e logo saiu do time.
Foi brilhar no pequeno Bologna em 1997/98, marcando incríveis 22 gols na temporada, o que lhe valeu a convocação para a Copa de 1998 e a transferência para a Internazionale. Novamente em Milão, Baggio completou a “tríade”, atuando pelos três gigantes italianos (outro feito raro), mas não teve grande destaque, sendo constantemente atrapalhado por contusões, além de atritos com o técnico Marcelo Lippi.
Na temporada 2000/2001, ele se transferiu para seu último clube, o pequeno Brescia. Novamente ele brilhou, fazendo sua equipe terminar na sétima posição do Calcio. No Brescia, Baggio chegou a 300 gols na carreira (é o terceiro italiano a atingir essa marca, após Silvio Piola, com 364, e Giuseppe Meazza, com 338 – ambos mais de 50 anos antes). Em 2004, seu último ano, marcou o 200º gol na Serie A, ajudando seu time a escapar do rebaixamento. Sua despedida foi no estádio San Siro, contra o Milan, sendo aplaudido de pé por 80 mil torcedores quando foi substituído a dois minutos do fim. É considerado o maior ídolo da história do Brescia, que aposentou a camisa 10 em sua homenagem. Encerrou a carreira com 205 gols em 452 jogos pelo Campeonato Italiano.
● Foi convocado para a seleção italiana pela primeira vez em 1988, em sua primeira grande temporada pela Fiorentina.
Começou no banco de reservas na sua primeira Copa do Mundo, em casa, em 1990. Marcou o gol mais lindo do torneio, ao driblar meio time da Tchecoslováquia, na vitória por 2 a 0. Mesmo com Baggio começando a encantar o mundo, o favoritismo italiano parou nos pênaltis, nas mãos do goleiro argentino Sergio Goycoechea. A Itália terminaria em terceiro, vencendo a Inglaterra por 2 a 1, com um gol do craque.
Não conseguiu ajudar seu país a se classificar para a Eurocopa de 1992, caindo para a União Soviética.
Chegou como melhor jogador do mundo na Copa de 1994 e era o líder técnico de uma Itália talentosa, com ícones como Gianluca Pagliuca, Paolo Maldini, Franco Baresi, Dino Baggio, Roberto Donadoni, dentre outros. Após uma primeira fase bastante criticada (uma vitória, um empate e uma derrota, se classificando como terceira colocada no grupo), a Azzurra e o próprio “RB10” começou a desencantar, ao despachar a Nigéria por 2 a 1 na prorrogação, com dois gols dele. Já nas quartas de final, ele fez o gol decisivo de um 2 x 1 em cima da Espanha. Nas semifinais, logo no primeiro tempo Baggio destruiu os sonhos da Bulgária com dois gols, venceu por 2 a 1, se classificando para a final. O problema foi que ele sentiu uma contusão, sendo substituído aos 26 minutos do segundo tempo.
Na decisão, Baggio jogou no sacrifício (falaremos amanhã sobre isso). Após um 0 x 0 persistente nos 90 minutos e na prorrogação, nos pênaltis a Itália perdeu para o Brasil por 3 a 2, com Roberto isolando a bola na cobrança decisiva.
Não foi convocado para a Euro 1996 e chegou como reserva na Copa de 1998. Perdeu a camisa 10 para o novo xodó, Alessandro Del Piero, mas permaneceu importante para sua seleção. Fez dois gols na competição, se tornando o primeiro e único jogador italiano a marcar gols em três edições de Copa do Mundo diferentes. Nas quartas de final, a Itália foi eliminada para a anfitriã França nos pênaltis (mas dessa vez Roberto converteu). Foi a terceira Copa do craque e em todas viu seu país ser eliminado nos pênaltis.
Não foi convocado para a Eurocopa de 2000. Na época da convocação para a Copa de 2002, seu nome era especulado, mas uma lesão o impediu de sequer ter seu nome lembrado na lista. Nova especulação houve nas convocações para a Euro e até para os Jogos Olímpicos de 2004, mas não foi lembrado. Se despediu da Azzurra em um amistoso contra a Espanha em abril de 2004.
● Feitos e premiações de Roberto Baggio:
Pela seleção da Itália:
– Vice-campeão da Copa do Mundo de 1994.
– 3º lugar na Copa do Mundo de 1990.
Pela Juventus:
– Campeão da Copa da UEFA em 1992/93.
– Vice-campeão da Copa da UEFA em 1994/95.
– Campeão do Campeonato Italiano Serie A em 1994/95.
– Campeão da Coppa Italia em 1994/95.
Pelo Milan:
– Campeão do Campeonato Italiano Serie A em 1995/96.
– Vice-campeão da Supercopa Italiana em 1996.
Pela Fiorentina:
– Vice-campeão da Copa da UEFA em 1989/90.
Distinções e premiações individuais:
– Artilheiro da Recopa Europeia em 1990/91 (9 gols).
– Bola de Ouro da revista France Football como melhor jogador do ano de 1993 (foi também o 2º mais votado em 1994 e o 8º em 1990).
– Melhor jogador do mundo pela FIFA no ano de 1993 (foi também o 3º mais votado em 1994 e o 5º em 1995).
– Onze d’Or como melhor jogador do mundo pela revista francesa Onze Mondial no ano de 1993 (foi também o 3º mais votado em 1994 e o 2º em 1995).
– Melhor jogador do mundo pela revista inglesa World Soccer no ano de 1993.
– Melhor jogador do mundo pela revista espanhola Don Balón no ano de 1994.
– Eleito para a seleção da Copa do Mundo de 1994.
– Bola de Prata (2º melhor jogador) da Copa do Mundo de 1994.
– Eleito pela FIFA para o Dream Team das Copas do Mundo em 2002.
– Nomeado para a lista “FIFA 100” (feita por Pelé, onde constam os 125 melhores jogadores da história que até então estavam vivos em 2004).
– Eleito o 24º melhor jogador no Jubileu de Ouro da UEFA em 2004.
– Eleito o 16º melhor jogador do mundo no Século XX pela revista inglesa World Soccer em 1999.
– Eleito o 24º melhor jogador do mundo no Século XX pela revista Placar em 2005.
– Eleito o 27º melhor entre os 50 melhores jogadores do mundo no Século XX pela revista italiana Guerin Sportivo em 1999.
– Eleito o 53º melhor jogador europeu do Século XX pela IFFHS em 1999.
– Eleito o 9º melhor jogador italiano do Século XX pela IFFHS em 1999.
– Eleito o 4º melhor jogador no Super Onze d’Or em 1995.
– Eleito para a Seleção Italiana do Século XX (Azzuri Team of The Century) em 2000.
– Eleito jogador italiano do Século XX em 2000.
– Eleito para o Top-100 dos jogadores de todos os tempos pela Associação dos Estatísticos do Futebol em 2007.
– Prêmio Planète Foot’s dos 50 melhores jogadores do mundo em 1996.
– Nomeado para o Hall da Fama do futebol italiano na categoria jogador nacional em 2011.
– Nomeado para o Hall da Fama do esporte italiano na categoria de lenda em 2015.
– Prêmio Golden Foot em 2003.
– Trofeo Bravo como melhor jogador europeu sub-23 de 1990.
– Prêmio Guerin d’oro como melhor jogador da Serie A de 2001.
– Prêmio Guerin d’oro como melhor jogador da Serie C1 de 1985.
– Prêmio Guerin d’oro eleito pelos torcedores como melhor jogador do Milan em 1996.
– Prêmio Guerin d’oro eleito pelos torcedores como melhor jogador do Brescia em 2001.
– Prêmio Giuseppe Prisco em 2004.
– Prêmio Nacional de Carreira Exemplar Gaetano Scirea em 2001.
– Oscar do Calcio como jogador mais amado pelos torcedores em 2002.
– Prêmio Oscar do Calcio em 2001.
– Eleito para o FIFA XI em 2000 e 2002.
– Nomeado para o Hall da Fama do Milan.
– Eleito para a Fiorentina de todos os tempos.
– Nomeado para Top-50 da Juventus.
– Prêmio Gentleman di Platino em 2015.
– Ordem do Mérito da República Italiana por iniciativa do Presidente da República em 30/09/1991.
– Prêmio pela Paz Mundial em 12/11/2010.
– Embaixador da FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação) desde 2002.
Três pontos sobre… … Quarentinha: o artilheiro que não sorria
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● Quarentinha ainda hoje é maior artilheiro da história do Botafogo, com 313 gols em 447 jogos.
Waldir Cardoso Lebrêgo, o Quarentinha, nasceu em Belém, capital do Pará, em 15/09/1933. Era filho do ex-jogador do Paysandu, Luís Gonzaga Lebrêgo, que nasceu em Barbados, no Caribe, e veio para Belém ainda criança. “El Tigre” (outro apelido do pai) marcou 208 gols com a camisa do Papão da Curuzu e se tornou o terceiro maior artilheiro da história do clube. Seu apelido era “Quarenta”. Daí vem o apelido de nosso homenageado de hoje: o filho do Quarenta, é “Quarentinha”.
O filho começou no mesmo Paysandu e logo aos 16 anos era titular do time. Aos 20 foi para o Vitória, onde foi campeão baiano e artilheiro do torneio de 1953, com 31 gols, logo em seu primeiro ano no clube.
No ano seguinte, passou a fazer parte do grande e glorioso Botafogo, onde atuou de 1954 a 1964. O ataque com Garrincha, Didi, Quarentinha, Amarildo e Zagallo marcou época no futebol brasileiro e, ao lado de outros craques como Garrincha, Nilton Santos, Paulo Valentim, Rildo, o goleiro Manga, dentre outros, é considerado o melhor time que vestiu a camisa do Glorioso. O esquadrão conquistou Campeonato Carioca em 1957, 1961 e 1962, o Torneio Rio-São Paulo em 1962 e 1964, além outros títulos de torneios amistosos.
O chute potente da perna esquerda de Quarentinha só era comparado ao de Pepe, na época. Nas bolas paradas, o adversário que estava na barreira torcia para a bola passar direto por eles senão, era nocaute na certa. Ao todo, além de ser o maior goleador, também é o quarto jogador que mais disputou partidas com o manto alvinegro, com 447 jogos. Foi artilheiro do Campeonato Carioca por três anos seguidos: em 1958 com 19 gols; em 1959 com 25 gols e em 1960 com 25 gols.
Tem uma das melhores médias de gols da história da seleção brasileira, com 17 gols em 17 partidas (um gol por jogo), entre 1959 e 1963. As lesões nos meniscos o tirou da Copa do Mundo de 1962. Na convocação final, Quarentinha foi cortado e em seu lugar foi relacionado o centroavante Coutinho do Santos.
Passou por empréstimo pelo Bonsucesso-RJ em 1956, onde foi vice-artilheiro do Campeonato Carioca, com 21 gols (um a menos do que o artilheiro Valdo, do Vasco). Após o Botafogo, voltou ao Vitória, onde foi bicampeão baiano em 1964 e 1965. Depois, fez uma peregrinação na Colômbia, atuando por Unión Magdalena (1965-1966), Deportivo Cali (1966), Junior Barranquilla (1967) e América de Cali (1967). Encerrou a carreira em 1968 pelo Clube Náutico Almirante Barroso, da cidade de Itajaí, no litoral do Estado de Santa Catarina.
● Em 2008 foi publicada a biografia do craque: “Quarentinha: o artilheiro que não sorria”, por Rafael Casé, pela editora Livros de Futebol.
O motivo do título era uma das maiores características do ponta de lança: os gols não eram motivos para comemoração, pois ele estava apenas cumprindo sua obrigação, já que estava sendo pago para isso. Seu jeito introvertido fizeram muita gente o rotular como indolente. A falta de comemoração irritava a torcida botafoguense, mas não importa… ela comemorava por ele. O importante era que os gols continuassem.
Segundo relatos de seus familiares, apesar de ter sido lesado sucessivamente em seus contratos assinados em branco (assim como acontecia também com outros jogadores, como Garrincha), teve um fim de vida digno, com dois imóveis e dinheiro para se manter. Faleceu de insuficiência cardíaca aos 62 anos, no Rio de Janeiro, em 11/02/1996.
(Imagem: CBF)
● Feitos e premiações de Quarentinha:
Pela Seleção Brasileira:
– 17 gols em 17 jogos.
Pelo Botafogo:
– Campeão do Campeonato Carioca em 1957, 1961 e 1962.
– Campeão do Torneio Rio-São Paulo em 1962 e 1964.
– Artilheiro do Campeonato Carioca em 1958 (19 gols), 1959 (25 gols) e 1960 (25 gols).
– Campeão do Torneio de Paris em 1963.
– Campeão do Quadrangular Internacional do Rio de Janeiro em 1954.
– Campeão do Torneio João Teixeira de Carvalho em 1958.
– Campeão do Pentagonal Interclubes do México em 1958 e 1962.
– Campeão do Torneio Internacional de Clubes da Colômbia em 1960.
– Campeão do Torneio Jubileu de Ouro da Bolívia em 1964.
– Campeão do Quadrangular Interclubes de Buenos Aires em 1964.
– Campeão do Torneio do Suriname em 1964.
Pelo Vitória:
– Campeão do Campeonato Baiano em 1953, 1964 e 1965.
– Artilheiro do Campeonato Baiano em 1953 (31 gols).
Três pontos sobre… … Gerd Müller: o maior bombardeiro alemão
(Imagem: Pinterest)
● Gerhard “Gerd” Müller nasceu em 03/11/1945 em Nördlingen, na região da Baviera, Alemanha. Era o caçula de cinco filhos de Johann Heinrich Müller e sua esposa Christina Karoline Müller. Seu sonho de infância era ser tecelão, mas começou jogando futebol no time de sua cidade natal, o nanico Nördlingen 1861. Em sua primeira temporada no time principal, aos 17 anos, já mostrou seu faro de gols, marcando 51 gols em 32 jogos oficiais, conquistando o título da 7ª divisão alemã. No total, o time marcou 204 gols, sendo 180 de Müller. Sua simplória explicação para o sucesso era a salada de batatas que sua mãe fazia para lhe dar energias. Com esses números, chamou a atenção dos dois clubes de Munique, mas o representante do Bayern chegou meia horas antes do dirigente do 1860 para assinar com o garoto goleador. Assim foi para uma equipe um pouco maior que o Nördlingen 1861, mas ainda era bem pequena, disputando a 2ª divisão: o Bayern de Munique. Também conseguiu o acesso logo no primeiro ano, marcando 43 gols em 37 jogos e levou o Bayern a disputar a Bundesliga pela primeira vez.
Quando o técnico Zlatko Čajkovski viu o garoto com tronco forte e pernas curtinhas, questionou: “O que vocês querem que eu faça com um halterofilista?” Čajkovski não era muito fã de Müller e só o escalou por pressão do presidente, na 10ª partida. E ele estreou marcando logo duas vezes. Na época, o grande da cidade era o Munique 1860, vice-campeão da Recopa Europeia naquele ano e campeão da Copa da Alemanha do ano anterior (2º título). Já o Bayern tinha vencido apenas o campeonato alemão ainda em 1932 e a Copa da Alemanha de 1959, além de estar voltando da 2ª divisão. Na segunda temporada no Bayern, enfim na Bundesliga, passou a conviver com dois jovens formados na base do clube bávaro: o goleiro Sepp Maier e o volante Franz Beckenbauer. A primeira temporada na elite não foi das mais prolíficas para Müller, anotando apenas 15 vezes em 39 partidas. O Bayern ficou em 3º no campeonato e o rival Munique 1860 conquistou o título, igualando-se ao Bayern em número de ligas. Em compensação, o Bayern se igualou ao 1860 em copas, vencendo a Copa da Alemanha. A única diferença é a expressão Internacional um pouco maior dos azuis, que os vermelhos não tinham.
“Tudo que o Bayern se tornou se deve ao Gerd Müller e aos seus gols. Se não fosse por ele, ainda estaríamos em uma velha barraca de madeira.” — Franz Beckenbauer
Essa sua estreia modesta na elite não foi muito bem vista pelo técnico da seleção alemã, Helmut Schön, que não o convocou para a Copa do Mundo de 1966 (mas levou os outros garotos Beckenbauer e Maier). Schön justificava: “Müller é gordo, não é bom um jogador de futebol e faz gols por sorte”. Realmente era baixo (1,74 m), atarracado, pernas curtas e grossas. Seu apelido de infância era “Der Dick” (“o gordinho”) e o técnico Čajkovski ainda o humilhava, chamando-o de “Kleines, Dickes Müller” (“pequeno e gordo Müller”). Após a Copa de 1966, Schön mudou de ideia e o convocou. Müller deixou o primeiro apelido para trás, ganhando outro “Der Bomber” (“O Bombardeiro”), marcando 48 gols em 49 partidas oficiais. Foi artilheiro da Bundesliga pela primeira vez, marcando 28 gols. O clube seria campeão novamente da Copa da Alemanha e conquistou o que o rival Munique 1860 perdeu três anos antes: a Recopa Europeia, primeiro título internacional do clube. O título do campeonato alemão veio apenas em 1969, quebrando o jejum de 37 anos, com 30 gols de Müller. O Bayern conquistou a dobradinha, com a Copa da Alemanha, e começava a crescer no cenário nacional. Na temporada 1969/70, o título ficou com o Borussia Mönchengladbach, mas Gerd Müller marcou incríveis 38 gols, conquistou a Chuteira de Ouro da Europa, sendo eleito o melhor jogador do ano com o prêmio Bola de Ouro da revista France Football.
No ano solar de 1972, viveu seu melhor período, com 85 gols, somando clube e seleção. O recorde durou 40 anos, até 2012, quando Lionel Messi marcou inacreditáveis 91 gols. Mas enquanto Messi fez 1,33 gols por jogo, Müller teve como média 1,41. No mesmo ano de 1972, o artilheiro chegou a assinar com o Barcelona, mas voltou atrás com medo de ficar fora dos planos da seleção para a Copa seguinte. Com a intervenção até do governo alemão, Müller permaneceu no Bayern. O clube voltaria a vencer a Bundesliga, sendo tricampeão em 1972/73/74, todos com Müller como artilheiro do torneio. Logo em 1973, ele quebrou seu próprio recorde e marcou 40 gols, conquistando pela segunda vez a Chuteira de Ouro. O tricampeonato alemão foi sucedido com o tricampeonato da UEFA Champions League, em 1974/75/76. Foi a primeira vez que um time alemão conquistou o título, quando venceu o Atlético de Madrid na partida desempate da final de 1974. Mesmo sendo campeão continental, o Bayern abriu mão de disputar o torneio Intercontinental em 1974 e 1975, pelo receio do jogo violento do Independiente, campeão da Libertadores. Em 1976, decidiram jogar contra o Cruzeiro. Müller marcou nos 2 x 0 frente aos mineiros, na Alemanha, e o Bayern segurou o empate sem gols no Mineirão, conquistando o título mundial.
“Começávamos cada jogo muito confiantes, sabendo que Gerd Müller marcaria o gol decisivo. Precisando de dois ou três gols, OK, ele consegue fazer isso também. Com Gerd Müller no seu time, você não precisa de sistema tático. Tínhamos a nossa estrutura. Mas podíamos jogar com o nosso sistema perfeitamente, mas sem ele não ajudaria. Para ter sucesso, precisávamos do Gerd Müller. E nós o tínhamos.” — Paul Breitner
Após esse título, as estrelas do Bayern começaram a entrar em declínio, inclusive com o clube figurando na zona de rebaixamento na Bundesliga. Mas Müller ainda se mantinha em alto nível, fazendo 30 gols em 43 jogos em 1975, 35 gols em 35 partidas em 1976, 48 gols em 37 jogos em 1977 e marcando 37 tentos em 48 partidas em 1978. Nesse último ano, voltou a ser artilheiro da liga, com 24 gols. Já em 1979, com 34 anos, jogou apenas 21 vezes e marcou 13 gols, entrando em atrito com o técnico Pál Csernai, o que forçou sua saída do clube. Foi jogar no futebol dos Estados Unidos, onde já estava seu amigo Franz Beckenbauer, além de Pelé, George Best, Teófilo Cubillas, Johan Cruijff, Johan Neeskens, Giorgio Chinaglia, Carlos Alberto Torres, Gordon Banks, Bobby Moore, dentre outros astros. Foi contratado pelo Fort Lauderdale Strikers para jogar ao lado de Best, Cubillas e, posteriormente, de Elías Figueroa. Em três anos, disputou 71 partidas e marcando 38 gols pelos Strikers. Chegou na final da NASL em 1980, mas não conquistou títulos pelo clube. Voltaria para jogar pelo eterno rival Munique 1860 em 1980, mas a negociação não foi concluída por falta de garantias exigidas pela NASL. Disputou a temporada 1981/82 pelo Smiths Brothers Lounge, com 33 gols em 42 partidas.
Deixou o futebol aos 37 anos, em 1982 e montou um bar na Flórida, mas costumava beber todo o estoque. Sofreu com o alcoolismo, perdeu a esposa e todo dinheiro que conseguiu. Em 1991, em um teste Gamma GT, enquanto um fígado saudável tem resultados entre 10 e 70, o fígado de Gerd Müller tinha 2400 unidades. Foi internado em uma clínica de reabilitação, com as despesas pagas pelo amigo Franz Beckenbauer. Ao se recuperar, Müller passou a treinar as divisões de base do Bayern e não bebe mais. No dia 06/10/2015, o presidente do Bayern de Munique, o ex-craque Karl-Heinz Rummenigge, anunciou que Gerd Müller sofre do Mal de Alzheimer. Nos últimos anos, Gerd era assistente técnico do time B do Bayern, ajudando a formar, dentre outros, craques como Phillip Lahm, Bastian Schweinsteiger e Thomas Müller. Em 2014 ele interrompeu suas atividades, devido aos primeiros sinais da doença.
“Gerd Müller é um dos gigantes do futebol. Sem os gols dele, o Bayern e o futebol alemão não poderiam estar onde estão hoje. Apesar de todo o sucesso, ele sempre foi um cara modesto, o que sempre me impressionou. Foi um ótimo jogador e amigo. Trouxe experiência como treinador e ajudou a criar campeões mundiais.” — Karl-Heinz Rummenigge
● Estreou na seleção alemã em 1966 no primeiro jogo do país após a perda da final da Copa do Mundo daquele ano. Em 1972, a Alemanha Ocidental disputou a Eurocopa pela primeira vez e Müller marcou 4 gols, sendo 2 nas semifinais contra a Bélgica e 2 na final, nos 3 x 0 contra a União Soviética, levando os alemães ao título do torneio. Na Copa do Mundo de 1970, ele marcou 7 gols em 3 jogos da primeira fase. Nas quartas de final, a Inglaterra começou vencendo por 2 a 0, mas os alemães empataram no fim do jogo. Na prorrogação, em uma indecisão do goleiro Peter Bonetti, Gerd Müller marcou e classificou sua equipe. Nas semifinais, a Itália vencia até os 44 minutos do segundo tempo, mas Jürgen Grabowski empatou. Na prorrogação, mesmo com 2 gols de Müller, a Itália venceu por 4 x 3. Mas com esses gols, Gerd Müller foi o artilheiro da Copa, com 10 gols.
Em 1974, a Alemanha Ocidental era favorita para a Copa do Mundo, pois jogava em casa, havia conquistado a Euro dois anos antes e tinha como base o Bayern, que tinha acabado de conquistar a primeira UEFA Champions League para um clube alemão e era tricampeão da Bundesliga. A equipe era forte e coesa, mas Müller fez apenas um gol na primeira fase. No quadrangular semifinal, marcou um na Iugoslávia e fez o único contra a Polônia, o gol que efetivamente levou a Alemanha Ocidental para a decisão. Antes mesmo da final da Copa de 1974, aos 28 anos, Müller tinha convicção que iria se aposentar da seleção após a Copa. Algumas fontes afirmam que sua decisão foi motivada pelo fato da Federação Alemã proibir a presença de sua esposa na concentração e até pela baixa premiação financeira para o título mundial. O técnico Helmut Schön convenceu Gerd a deixar para anunciar seu afastamento após a final. Na partida decisiva, contra a Holanda (“Laranja Mecânica”, “Carrossel Holandês) de Johan Cruijff, aos 43 minutos do primeiro tempo, Gerd Müller marcou o gol da virada e do título, seu último tento em sua última aparição pela seleção. Assim, a Alemanha conquistou sua segunda Copa do Mundo.
“Foi com certeza o gol mais importante de todos os que marquei. Rainer Bonhof lançou a bola para a área, eu corri acompanhado por dois holandeses e olhei para trás. A bola bateu no meu pé esquerdo, eu me virei um pouco e de repente ela entrou.” — Gerd Müller, em depoimento ao site da FIFA
Durante 32 anos foi o maior artilheiro da história das Copas com 14 gols (10 em 1970 + 4 em 1974), até ser superado pelo 15º gol de Ronaldo Fenômeno em 2006 e pelo 16º gol de seu compatriota Miroslav Klose, marcado em 2014 (no malogrado 7 a 1). Também é o 3º que mais marcou em uma única Copa, atrás do francês Just Fontaine (13 gols em 1958) e do húngaro Sandor Kocsis (11 gols em 1954).
Seu diferencial era a sua explosão e velocidade de movimentos em pequenos espaços e seu chute potente e preciso. Era chamado de “cowboy” pela imprensa alemã, por “ser rápido no gatilho e absolutamente certeiro”. Humildemente, respondia que “só tentava chutar a bola rente ao chão, pois a bola rasteira é mais difícil do que a bola alta para o goleiro defender”. Suas bruscas mudanças de direção em curtos espaços enganavam os marcadores. Em seus anos de glória, soube como ninguém utilizar seu baixo centro de gravidade de forma fantástica.
Com essas qualidades, tornou-se o maior artilheiro da seleção alemã (até então Alemanha Ocidental), com absurdos 68 gols em 62 jogos (só foi superado por Miroslav Klose, com o gol nº 69 no jogo 132), uma média quase insuperável de 1,1 gols por jogo. Só em jogos decisivos, fez doze jogos (quatro finais de UEFA Champions League – uma como partida desempate – e oito jogos de fases finais de Copas do Mundo e Eurocopas) e marcou treze gols.
(Imagem: IFFHS)
● Feitos e premiações de Gerd Müller:
Pela seleção da Alemanha Ocidental:
– Campeão da Copa do Mundo 1974.
– Campeão da Eurocopa 1972.
Pelo Bayern de Munique:
– Campeão da Bundesliga (Campeonato Alemão) em 1968/69, 1971/72, 1972/73 e 1973/74.
– Campeão da DFB-Pokal (Copa da Alemanha) em 1965/66, 1966/67, 1968/69 e 1970/71.
– Campeão da Recopa Europeia em 1966/67.
– Tricampeão da UEFA Champions League (antiga Copa dos Campeões da Europa): 1973/74, 1974/75 e 1975/76.
– Campeão da Copa Intercontinental em 1976.
– Campeão da Regionalliga Süd (2ª divisão alemã) em 1964/65.
Pelo Nördlingen 1861:
– Campeão da Bezirksliga Schwaben-Nord (7ª divisão alemã) em 1963/64.
Distinções e premiações individuais:
– Bola de Ouro da revista France Football como melhor jogador do ano de 1970 (foi também o 2º mais votado em 1972 e o 3º em 1969 e em 1973).
– Eleito o melhor jogador dos 40 anos da Bundesliga (1963-2003)
– Artilheiro da Copa do Mundo em 1970 (10 gols).
– Artilheiro da Eurocopa de 1972.
– Chuteira de Ouro da Europa em 1970 (38 gols) e 1972 (40 gols).
– Maior artilheiro da história da Bundesliga: 365 gols em 427 partidas.
– Artilheiro da Bundesliga em 1967 (28 gols), 1969 (30 gols), 1970 (38 gols), 1972 (40 gols), 1973 (36 gols), 1974 (30 gols) e 1978 (24 gols).
– Artilheiro da Copa da Alemanha em 1967 (9 gols), 1969 (7 gols) e 1971 (11 gols).
– Artilheiro da UEFA Champions League em 1973 (12 gols), 1974 (9 gols), 1975 (5 gols) e 1977 (8 gols).
– Eleito para a seleção da Copa do Mundo de 1970.
– Eleito para a seleção da Eurocopa de 1972.
– Eleito melhor jogador alemão do ano em 1967 e 1969.
– Nomeado para a lista “FIFA 100” (feita por Pelé, onde constam os 125 melhores jogadores da história que até então estavam vivos em 2004).
– Eleito o 13º melhor jogador do mundo do Século XX pela IFFHS em 1999.
– Eleito o 9º melhor jogador europeu do Século XX pela IFFHS em 1999.
– Premiado com a “Ordem de Mérito da FIFA” em 1998.
– Premiado com a “Ordem de Mérito República Federal da Alemanha” em 1977.
– Desde 2007 está eternizado nas lendas do futebol que colocaram seu pé na “Golden Foot” (uma calçada da fama do futebol em frente ao mar, no Principado de Mônaco).
– Ouro no prêmio “Bravo Otto” (prêmio alemão para quem se destaca em uma determinada área) em 1973 e 1974; prata no mesmo prêmio em 1975 e bronze em 1972 e 1976.
– Premiado com o “Sport Bild Award 2013” (de um jornal esportivo alemão), pela trajetória de vida.
– Silbernes Lorbeerblatt (premiação esportiva da Alemanha) em 1967.
– Premiado com o gol do mês na Bundesliga em 03/1972, 06/1972, 11/1972, 09/1976 e em 10/1976.
– Premiado com o gol do ano na Bundesliga em 1972 e 1976.
– Eleito para a seleção da temporada alemã (prêmio semestral) no verão de 1970, no inverno de 1970/1971, no verão de 1971, no inverno de 1971/1972, no verão de 1972, no inverno 1972/1973, no verão de 1974, no verão de 1976 e no inverno de 1976/1977.
– Em julho de 2008, o estádio do Nördlingen 1861, antigo Rieser Sportpark, passou a ser ter o nome de Gerd-Müller-Stadion, em sua homenagem.
– Embaixador da cidade de Munique na Copa do Mundo de 2006.
– Em sua homenagem, o atacante brasileiro Luís Antônio Corrêa da Costa, ganhou o apelido de “Müller” (inclusive com “trema”). O Müller brasileiro também seria campeão da Copa do Mundo, em 1994 e bicampeão mundial pelo São Paulo (1992/93).
Definitivamente, a única coisa gorda de Gerd são seus números e estatísticas. Infelizmente, pode chegar o dia em que ele se esqueça das alegrias que deu a seu povo, mas com certeza o futebol nunca se esquecerá do que Gerd Müller fez por ele.
● José Marcelo Salas Melinao nasceu em 24/12/1974 na cidade de Temuco. Ainda criança, começou nas divisões de base do Temuco Santos FC e aos 17 anos foi mostrar seu talento na Universidad de Chile. Estreou pelo time principal em 10/04/1993, contra o Colchagua pela Copa do Chile. Em 1994, marcano 18 gols em 25 jogos da liga chilena. Jogou no clube até 1996 com um total de 50 gols em 77 partidas, se sagrando bicampeão do Campeonato Chileno em 1994 e 1995. Nas semifinais da Copa Libertadores da América de 1996, não bastasse “La U” ter sido eliminada pelo River Plate, os “Millonarios” também levaram Salas, por 3,5 milhões de dólares. “El Matador” chegou após o River ter conquistado a Libertadores, para substituir Hernán Crespo. Apesar de ser uma tarefa muy difícil, mesmo com críticas no início (já que nunca um jogador chileno tinha se destacado na Argentina), Salas conquistou três campeonatos argentinos e a Supercopa da Libertadores em 1997, além de ter sido eleito o melhor jogador da América do Sul no mesmo ano. Em 53 jogos, foram 24 tentos anotados.
Após a Copa do Mundo de 1998, onde se destacou, foi ser destaque também no continente europeu. Em 13/09/1998, fez sua estreia na Lazio pela Serie A, no empate em 1 x 1 com a Piacenza. Foram três anos de intenso brilho na melhor Lazio de todos os tempos, com um Scudetto, uma Coppa Italia, duas Supercopas italianas, uma Recopa Europeia e fazendo o gol do título da Supercopa Europeia. É considerado um dos maiores ídolos do time, tendo anotado 34 gols nas 79 partidas disputadas. Em 17/08/2001 foi comprado pela poderosa Juventus. Mas em 20/10, em Bolonha, sofreu a primeira de uma série de lesões que atrapalhou sua passagem pela “Vecchia Signora”. Com uma entorse no joelho direito e lesão do ligamento cruzado anterior, ficou fora do restante da temporada, em que sua equipe se sagrou campeã italiana. Voltou a campo no ano seguinte e conquistou outro Scudetto e a Supercopa da Itália. Encerrou sua passagem na Juve com apenas dois gols em 18 jogos.
Para 2003/04, voltou por empréstimo ao River Plate, onde jogou por dois anos, fazendo apenas 32 jogos e 10 gols. Conquistou o Clausura de 2004 e chegou nas semifinais da Copa Libertadores de 2005, mas sem sucesso. No meio do ano de 2005, acertou seu retorno à Universidad de Chile. Nessa nova passagem, entre idas e vindas, incluindo seis meses parado, fez 35 gols em 74 partidas. Encerrou a carreira de vez em 25/11/2008.
● Estreou na seleção principal do Chile em 18/05/1994, no Estádio Nacional do Chile, contra a Argentina de Diego Armando Maradona, entrando no segundo tempo e marcando um gol no empate por 3 a 3.
A partir de então, formou a implacável dupla “Sa-Za”, entre ele, Salas, e Iván “Bam-Bam” Zamorano, que liderou o Chile nas eliminatórias para a Copa do Mundo de 1998. Antes da Copa, em 11/02/1998, fez os gols da vitória por 2 x 0 em um amistoso com a Inglaterra, em um Wembley com 65.000 pessoas.
Salas disputou uma única Copa, a de 1998, mas não fez feio e foi o 3º maior artilheiro do torneio, com quatro gols anotados (dois na Itália, um na Áustria e um contra o Brasil).
Após um longo período de ausência da seleção e algumas partidas intermitentes, é convocado novamente pelo técnico Marcelo “El Loco” Bielsa, inclusive para as eliminatórias para a Copa de 2010, quando marcou dois gols em um empate por 2 a 2 contra o Uruguai. Não disputou a Copa porque encerrou a carreira dois anos antes. É o recordista de gols pela seleção do Chile, com 37 marcados em 70 partidas disputadas.
Marcelo Salas foi campeão por todas as equipes pelas quais passou, seja no Chile, na Argentina ou na Itália. Em 509 jogos oficiais, fez 245 gols (média de 0,48). Após pendurar as chuteiras, “El Matador” se tornou patrono, diretor esportivo e presidente do Club de Deportes Temuco, que disputa atualmente a primeira divisão do futebol chileno.
(Imagem: Calciopédia)
● Feitos e premiações de Marcelo Salas:
Pela Seleção do Chile:
– Campeão da Copa Canadá em 1995.
Pela Universidad de Chile:
– Bicampeão do Campeonato Chileno em 1994 e 1995.
Pelo River Plate (Argentina):
– Campeão da Supercopa da Libertadores em 1997.
– Campeão do Campeonato Argentino em 1996 (Apertura) 1997 (Apertura e Clausura) e 2004 (Clausura)
Pela Lazio:
– Campeão da Supercopa Europeia em 1999.
– Campeão da Recopa Europeia em 1998/99.
– Campeão do Campeonato Italiano em 1999/2000.
– Campeão da Coppa Italia em 1999/2000.
– Campeão da Supercopa da Itália em 1998 e 2000.
– Campeão da Taça de Amsterdã em 1999.
Pela Juventus:
– Bicampeão do Campeonato Italiano em 2001/02 e 2002/03.
– Bicampeão da Supercopa da Itália em 2001/02 e 2002/03.
Distinções e premiações individuais:
– Maior artilheiro da história da seleção do Chile, com 37 gols.
– Artilheiro da Copa do Chile em 1994 (12 gols).
– Eleito para a seleção ideal da América pelo jornal El País em 1996.
– Eleito o melhor jogador do futebol argentino pelos jornalistas do país em 1997.
– Eleito o melhor jogador do futebol sul-americano pelo jornal El País em 1997.
– Eleito para a seleção ideal da América pelo jornal El País em 1997.
– Eleito melhor esportista do Chile pelos jornalistas do país em 1997.
– Eleito melhor jogador do Chile pelos jornalistas do país em 1997.
– Eleito melhor jogador do Chile pelos jornalistas do país em 1998.
– Incluído entre os 50 votados para a Bola de Ouro da revista France Football em 1998.
– Artilheiro da Lazio na temporada 1998/99 com 11 gols.
– Incluído entre os 50 votados para a Bola de Ouro da revista France Football em 1999.
– Eleito o 32º melhor jogador sul-americano do Século XX pela IFFHS em 1999.
– Eleito o 2º melhor jogador chileno do Século XX pela IFFHS em 1999.
– Eleito o 7º melhor jogador sul-americano canhoto da história pela revista Bleacher Report em 2013.
– Laureado com o prêmio “Filho Ilustre de Temuco” em 2008.
Três pontos sobre… … Sir Alex Ferguson: um centroavante de respeito
(Imagem: Verminosos Por Futebol)
● O melhor técnico de futebol da história também foi um centroavante implacável.
Alexander Chapman Ferguson nasceu em Glasgow, mas cresceu na cidade de Govan, mais ao sudoeste. Iniciou sua carreira no Queen’s Park, clube de sua cidade natal. Jogando como atacante, fez sua estreia no time de cima aos 16 anos, jogando como atacante e inclusive fazendo um dos gols na vitória de sua equipe sobre o Stranraer por 2 a 1. Como o clube era amador, ele também trabalhou nos estaleiros de River Clyde, como aprendiz de ferramenteiro e depois como vendedor na loja do sindicato.
O jogo que mais o marcou pelo Queen’s Park foi a goleada sofrida para o Queen of the South por 7 a 1 fora de casa em 1959. Encerrou sua passagem pelo clube com 20 gols em 31 jogos, onde atuou de 1957 a 1960.
Se transferiu para o St. Johnstone em 1960, ficando até 1964 e, mesmo marcando gols regularmente, não conseguia manter a titularidade e teve sua transferência solicitada por várias vezes. Mesmo com o clube liberando sua saída (Fergusou cogitou até ir para o Canadá), o técnico o relacionou para uma partida contra o Rangers, na qual ele marcou um hat-trick em uma vitória surpreendente sobre o gigante.
● No verão de 1964, Ferguson se tornou jogador profissional em tempo integral, assinando com o Dunfermline. Seu novo clube lutou bravamente pelo título da Liga Escocesa da temporada 1964/65, mas ficou um ponto atrás do Kilmarnock. Na final da Copa da Escócia, perdeu pro Celtic por 3 a 2. Já na temporada seguinte, 1965/66, Ferguson terminou com 45 gols em 51 jogos, dividindo a artilharia da Liga com Joe McBride, do Celtic, com 31 gols. Deixou o Dunfermline com 66 tentos anotados em 89 partidas.
Foi contratado pelo gigante Rangers em 1967, por £ 65.000, um valor recorde para transferências entre dois clubes escoceses. Jogou no clube entre 1967 e 1969, com 41 jogos e 25 gols. Mas mesmo com esse bom número, Alex Ferguson foi um fracasso no clube de Glasgow. Foi considerado responsável pelo gol sofrido na final da Copa da Escócia de 1969, em um jogo no qual foi orientado a marcar Billy McNeill, capitão do rival Celtic. Assim, foi despromovido para jogar ao lado dos juniores até o fim de seu contrato. Mas ele afirma que não foi esse o motivo. O fato causador de discórdias teria sido seu casamento com uma católica, Cathy, em uma rivalidade religiosa que transcende o clássico entre Rangers (protestante) x Celtic (católico).
Em outubro de 1969, o Nottingham Forest de interessa pelo seu futebol, mas a esposa Kathy não estava disposta a se mudar para a Inglaterra naquele momento. Assim, assinou com o Falkirk, onde se tornou jogador-treinador em por um tempo, no ano de 1973. Assim que contrataram o novo técnico, John Prentice, Ferguson voltou a ser apenas jogador e não gostou, pedindo para ser transferido. Saiu do clube com 36 gols em 95 jogos e foi para o Ayr United (9 gols em 24 partidas, em apenas uma temporada).
● Ferguson encerrou a carreira como jogador aos 32 anos de idade e 181 gols marcados em 326 jogos. Pela seleção da Escócia, fez 9 gols em apenas 7 partidas amistosas em 1967.
Começou a prodigiosa carreira de técnico ainda em 1974, no modestíssimo East Stirlingshire (que nem goleiro tinha). A evolução do time e a já existente fama de disciplinador, fez outros clubes querer contratá-lo. Apesar de ser fiel ao East Stirlingshire, aceitou a proposta do St. Mirren após conselhos da lenda Jock Stein, ainda em 1974. Ficou no clube até 1978, inclusive promovendo o time à primeira divisão em 1977. Mas desacordos com o presidente o levaram a perder o emprego. Foi o único clube do qual saiu demitido. Depois, se tornou treinador do Aberdeen (1978-1986), seleção da Escócia (1985-1986) e Manchester United (1986-2013), se consagrando como um mito, o maior técnico de futebol de todos os tempos. Em 1999 se tornou Cavaleiro do Império Britânico, Sir Alex Ferguson.
Três pontos sobre… … Gordon Banks: o goleiro que parou Pelé
(Imagem localizada no Google)
● Jogavam na segunda rodada da primeira fase da Copa do Mundo de 1970 os dois últimos campeões mundiais. Era o tira-teima. O Brasil venceu a Inglaterra por 1 x 0, mas o goleiro Gordon Banks fez de tudo pra dificultar. Aos 10 minutos do primeiro tempo houve A jogada. O único jogador em campo capaz de um corte em altíssima velocidade pela direita e fazer o cruzamento antes da bola sair era o Furacão Jairzinho. A única pessoa do mundo que poderia cabecear a bola daquele jeito, praticamente parando no ar e impulsionando-a com ainda mais força, era Pelé. Direcionou o tiro certeiro no chão. Na certa seria gol! Mas não!!! O único goleiro do universo que poderia parar Pelé naquele momento era Banks. Foi um lance maravilhoso, em todo o contexto. Em uma entrevista, Banks disse que as pessoas se esquecem que ele venceu uma Copa do Mundo; todos só querem falar sobre como parou Pelé.
“Quando o Jairzinho cruzou, eu estava voltando em direção ao meio do gol. Ao ver a trajetória da bola, tive certeza que ninguém alcançaria. Foi aí que vi Pelé, saltando de uma maneira impressionante para alcançar a bola.” — Gordon Banks.
“Foi a defesa mais importante da minha vida. Eu estava na primeira trava e tive de pular o mais rápido possível. Ao mesmo tempo, tive de pensar a que altura a bola subiria depois de tocar no chão. Quando estiquei a mão e toquei na bola, não sabia onde ela ia parar. Achei que tinha sido gol, que tinha entrado no ângulo. Eu ouvi o Pelé gritar gol. Quando ele cabeceou a bola, acho que pensou que tinha sido gol, porque cabeceou muito bem.” — Gordon Banks *¹.
“Banks foi o melhor goleiro da Copa de 1970 e talvez o melhor entre todos os jogadores de defesa.” — Pelé.
(Imagem: Lance!)
● Foram poucos os goleiros na história a se tornarem lendas, a ponto de serem chamados de craques, mas Banks certamente é um deles. Alto (1,88 m) e atlético, nasceu em Sheffield, no dia 30/12/1937. Começou sua carreira já tardiamente, com 19 anos, mas impressionando, sendo um dos destaques do Chesterfield, que perdeu na final da FA Youth Cup de 1956 para os “Busby Babes” do Man. Utd. Já em 1959, foi para o Leicester por £7.000. Nos “Foxes”, esperou com calma a sua chance e a agarrou quando apareceu. Em oito anos, foram 356 partidas. Em 1967, estava prestes a perder a titularidade no Leicester para o jovem Peter Shilton (outra lenda) e preferiu se transferir ao Stoke City. No Stoke, venceu apenas a Copa da Liga de 1972. Passou também por outros clubes, em empréstimos relâmpagos, mas sem maiores destaques: Cleveland Stokers (EUA, em 1967), Hellenic (África do Sul, em 1971) e St Patrick’s Athletic (Irlanda, em 1977).
Disputou seu primeiro jogo pela seleção inglesa em 1963, contra a Escócia. Foi o goleiro titular da Inglaterra campeã em casa na Copa do Mundo de 1966, com um time contestado, mas muito bom. No torneio, só foi sofrer o primeiro gol na quinta partida, na semifinal contra Portugal, em um pênalti convertido pelo craque Eusébio (442 minutos sem ser vazado). Na final, na vitória por 4 x 2 na prorrogação, não teve culpa em nenhum dos gols da Alemanha Ocidental. Na Copa seguinte, em 1970, mesmo contestado e em má fase, foi o titular de sua seleção, inclusive fazendo a “defesa do século” na cabeçada de Pelé. Mas estranhamente foi acometido pelo “Mal de Montezuma”, uma intoxicação alimentar que ataca alguns estrangeiros no México. Mesmo com os ingleses levando quilos de comidas e até água para consumo no México, o goleiro não conseguiu entrar em campo nas quartas de final contra a rival Alemanha Ocidental, por causa de uma diarreia. Sem ele, os ingleses perderam por 3 a 2 de virada e foram eliminados. Pelo English Team, entre 1963 e 1972, foram 73 partidas disputadas, com apenas nove derrotas e sofrendo apenas 57 gols (em 35 jogos não foi vazado). Virou algo comum na Inglaterra o apelido “Banks of England” *² quando alguém se referia ao goleiro. A segurança do camisa 1 era comparada aos bancos do país.
Mas em outubro de 1972, Banks dirigia seu Ford Granada e tentou fazer uma curva acentuada, quando bateu de frente com um Austin A60. Acordou no hospital com mais de 200 pontos no rosto e sem a visão do olho direito, que não resistiu à gravidade do choque. Sem a visão de um olho, seus movimentos e reflexos se foram, assim como sua posição na seleção e em seu clube. Não houve outro jeito a não ser anunciar a aposentadoria em 1973, aos 35 anos.
Tempos depois, em 1977, aceitou o desafio de jogar nos Estados Unidos, no Fort Lauderdale Strikers, mas suas dificuldades na visão foram aumentando. Mesmo com um olho só, foi o melhor goleiro do campeonato. Decidiu pendurar as chuteiras e as luvas em 1978, sem ter defendido nenhuma grande equipe do futebol inglês e com raros títulos no currículo. Ironicamente, Peter Shilton sucedeu Gordon Banks no gol do Leicester City (1967), do Stoke City (1974) e da seleção inglesa (1972), mas não nos corações dos amantes do futebol.
● Feitos e premiações de Gordon Banks:
Pela seleção da Inglaterra:
– Campeão da Copa do Mundo de 1966.
– 3º lugar na Eurocopa de 1968.
– Campeão do Campeonato Britânico de Seleções (British Home Championship) em 1964 (título dividido com Escócia e Irlanda do Norte), 1965, 1966, 1968, 1969, 1970 (título dividido com Escócia e País de Gales), 1971 e 1972.
Pelo Chesterfield:
– Vice-campeão da Copa da Inglaterra de Juniores (FA Youth Cup) em 1955/56.
Pelo Leicester City:
– Campeão da Copa da Liga Inglesa (EFL Cup) em 1963/64.
– Vice-campeão da Copa da Liga Inglesa (EFL Cup) em 1964/65.
– Vice-campeão da Copa da Inglaterra (FA Cup) em 1960/61 e 1962/63.
Pelo Stoke City:
– Campeão da Copa da Liga Inglesa (EFL Cup) em 1971/72.
Distinções e premiações individuais:
– Eleito o goleiro do ano pela FIFA em 1966, 1967, 1968, 1969, 1970 e 1971.
– Eleito para a Seleção da Copa do Mundo em 1966.
– Eleito o esportista do ano pelo jornal Daily Express em 1971 e 1972.
– Eleito o jogador do ano na Inglaterra pelos jornalistas em 1972.
– Eleito para o All-Star Team da NASL em 1977.
– Eleito um dos 1000 maiores esportistas do século XX pelo jornal The Sunday Times.
– Eleito o 21º maior jogador do século XX pela revista Placar em 1999.
– Eleito o 2º maior goleiro do século XX pela IFFHS.
– Nomeado para a lista “FIFA 100” (feita por Pelé, onde constam os 125 melhores jogadores da história que até então estavam vivos em 2004).
– Eleito o 14º maior jogador da história das Copas do Mundo pela revista Placar em 2006.
– Eleito para a seleção do século (1907-1976) pelos jogadores ingleses em 2007.
– Eleito para a lista dos 100 + do futebol inglês (Football League 100 Legends) em 1973.
– Membro do Hall da Fama do futebol inglês desde 2002.
– Membro da Ordem do Império Britânico (OBE – Oficial da Mais Excelente Ordem do Império Britânico) desde 1970.
(Imagem: PA Images / Getty Images)
*¹ Trecho extraído da obra:
GUILHERME, Paulo. Goleiros: Heróis e anti-heróis da camisa 1. São Paulo: Alameda Casa Editorial, 2006. p. 160.
*² Esse também foi o título de sua primeira autobiografia, publicada em 1980.
Três pontos sobre… … Berti Vogts: o homem-carrapato
(Imagem: World Football)
● Final da Copa do Mundo de 1974, em Berlim. A anfitriã Alemanha Ocidental enfrentava a Holanda, que estava surpreendendo e encantando o mundo com o seu jogo dinâmico. Assim que foi dada a saída de jogo, o “Carrossel Holandês” começou a girar e tocou na bola ininterruptamente 36 vezes, com 17 troca de passes entre os jogadores. Todos estavam acima da linha do meio do campo, onde Johan Cruijff recebeu a bola. O maestro arrancou, passou pelo seu marcador e por outros três jogadores até sofrer o pênalti, bem convertido por Johan Neeskens. A Alemanha Ocidental nem tinha tocado na bola e já perdia a final em casa por 1 a 0, com um minuto e 20 segundos de jogo. Foi o início mais extraordinário de uma final de Copa. Os alemães estavam em choque, tanto a torcida quanto os jogadores. Aos 4 minutos de jogo, Cruijff arranca novamente e é derrubado pelo seu marcador, que leva o cartão amarelo e tem que jogar o resto da final pendurado.
Só que esse não era qualquer marcador. Berti Vogts, o “Tigre Loiro”, tinha um papel fundamental. O técnico Helmut Schön desprezou a marcação por zona e escalou o lateral direito, nº 2, Vogts, como um cão de guarda permanente em cima de Cruijff. Ele desempenhou esse papel muito bem, isolando o holandês da zona de perigo.
No fim do primeiro tempo, em um rápido contra-ataque, Bernd Hölzenbein lança Vogts sozinho na cara do gol, mas o excêntrico goleiro Jan Jongbloed salvou de forma brilhante. A Alemanha empataria com Paul Breitner cobrando pênalti e viraria com Gerd Müller. Mas Vogts foi o melhor em campo e quase também fez o gol do título. O foco da batalha seguia entre ele e o camisa 14 laranja. Ele já tinha marcado Crujff outras vezes e o gênio holandês foi ficando muito irritado com a marcação individual do “Buldogue Alemão”, reclamando muito com a arbitragem, a tal ponto de ter levado o cartão amarelo no intervalo e quase sendo expulso depois por divididas desleais. Dizem as más línguas, que Vogts seguiu Cruijff para o vestiário adversário, como gêmeos siameses.
● Mas ele não era só isso. Hans-Hubert Vogts nasceu em Büttgen, na Alemanha, em 30/12/1946. O baixinho (1,68 m) fez história nos tempos áureos do Borussia Mönchengladbach, onde atuou por toda a carreira, de 1965 a 1979, em 419 partidas (é quem mais jogou com a camisa dos “Potros”, apelido do Gladbach), anotando 32 gols. Era um incansável lateral direito, que sabia apoiar o ataque com qualidade, mas seu forte mesmo era a marcação. Talvez tenha sido o maior marcador que o futebol já tenha visto. Era um dos destaques do Gladbach quando o time conquistou a Bundesliga por cinco vezes e a Copa da UEFA por duas vezes. Chegou à final da UEFA Champions League de 1977, mas sua equipe foi incapaz de vencer o Liverpool.
Jogou 96 partidas e marcou um gol pela Alemanha Ocidental. Era um dos favoritos da torcida pela dedicação, sempre lutando pela bola como se fosse seus últimos instantes de vida. Como falamos no início do texto, “colocou Cruijff no bolso” na final da Copa de 74, quando foi campeão. Também conquistou a Euro 72. Após Franz Beckenbauer se retirar da seleção, Vogts se tornou o capitão por 20 jogos, inclusive na Copa de 78.
Após encerrar a carreira, se tornou técnico da seleção sub-21 da Alemanha Ocidental, onde ficou até 1990. A partir de 1986, se tornou auxiliar técnico de Franz Beckenbauer na seleção principal. A partir de 1990, ele assumiu como treinador, levando seu país a ser vice-campeão da Eurocopa de 1992 e campeão da Euro 96. Não teve sucesso nas Copas do Mundo de 1994 e 1998, quando caiu nas quartas de final em ambas. Deixou a seleção em setembro de 1998.
Passou pelo Bayer Leverkusen entre novembro de 2000 e maio de 2001, mas foi demitido. Em agosto de 2001 assinou como técnico do Kuwait, onde ficou apenas seis meses e saiu para assumir a seleção da Escócia, durando até 2006. Treinou a seleção da Nigéria entre 2007 e 2008 e a seleção do Azerbaijão entre 2008 e 2014, também sem nenhum sucesso. Foi auxiliar técnico de Jürgen Klinsmann na seleção dos Estados Unidos de março de 2015 até novembro de 2016.
● Feitos e premiações de Berti Vogts:
Como jogador, pela Seleção da Alemanha Ocidental:
– Campeão da Copa do Mundo de 1974.
– Campeão da Eurocopa de 1972.
– Vice-campeão da Eurocopa de 1976.
– 3º lugar na Copa do Mundo de 1970.
Como jogador, pelo Borussia Mönchengladbach:
– Campeão da Bundesliga (Campeonato Alemão) em 1969/70, 1970/71, 1974/75, 1975/76 e 1976/77.
– Campeão da Copa da UEFA em 1974/75 e 1978/79.
– Campeão da Copa da Alemanha em 1972/73.
Como auxiliar técnico, pela Seleção da Alemanha Ocidental:
– Campeão da Copa do Mundo de 1990.
Como técnico, pela Seleção da Alemanha:
– Campeão da Eurocopa de 1996.
– Vice-campeão da Eurocopa de 1992.
Distinções e premiações individuais:
– Eleito o jogador alemão do ano em 1971 e 1979.
– Eleito para a Seleção da Copa do Mundo em 1974 e 1978.
– Eleito para a Seleção do Campeonato Alemão por 11 vezes entre 1968 e 1978.
– Eleito melhor técnico do mundo pela revista World Soccer em 1996.
– Eleito o homem do ano no futebol alemão em 1995.
– Premiado com o “Bundesverdienstkreuz 1. Klasse” (algo como “Ordem do Mérito de 1ª Classe”, em tradução livre) em 1996, máxima homenagem concedida pelo governo alemão.
– Premiado com o “Silbernes Lorbeerblatt” (algo como “Prêmio da Folha Prateada”, em tradução livre) em 1994, máximo prêmio esportivo conferido pelo governo alemão.
Três pontos sobre… … Daniel Amokachi: lenda do Winning Eleven
(Imagens localizadas no Google)
● No antigo Winning Eleven 3 Final ou no Winning Eleven 4, era muito comum seu amigo escolher o Brasil para jogar. No game, tinham muitos bons times e bons jogadores, mas a melhor forma de você se igualar a esse seu amigo e (até vencê-lo) era você escolher a Nigéria. Taribo West era um zagueiro medíocre na realidade, mas era muito bom no game e ficou marcado para sempre por aquelas xuxinhas verdes no cabelo e sua cara feia. Victor Ikpeba e Jay-Jay Okocha eram rápidos e tinham bons atributos (tanto no jogo quanto na realidade). Mas você poderia apelar facilmente colocando Nwankwo Kanu e seus 1,97 m como centroavante, para receber cruzamentos das pontas. E é nessas posições fundamentais no antigo Winning Eleven (atual Pro Evolution Soccer ou PES), que está a chave do time nigeriano: os jogadores nº 13 e 14. O baixinho camisa 13, Tijjani Babangida, assim como Kanu, ficava no banco, mas era só colocar Okocha e Ikpeba como meias e Babangida na ponta direita.
● Na época em que o atributo mais importante dos jogos de futebol do antigo PlayStation One era a velocidade, o camisa nº 14 da Nigéria era uma verdadeira lenda. Daniel Amokachi ainda é considerado um dos mais rápidos e com maior aceleração da história dos games, além de cabecear bem. Era fenomenal. Era só lançar de “triângulo” e segurar o “R1” que a velocidade sobrenatural de Amokachi e a boa finalização resolvia o resto. Pouco importava que poucos de nós tivessem o visto atuar na realidade, pois a idolatria por esse mito era maior. Era por ele que escolhíamos a Nigéria para jogar.
● Saindo do mundo virtual, Amokachi foi um jogador mediano. O atacante começou em seu país e foi para o Club Brugge, da Bélgica, onde atuou entre 1990 e 1994. Após uma boa Copa do Mundo, se transferiu para o inglês Everton, onde não teve muito destaque. Foi uma das estrelas da Nigéria que conquistou a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Atlanta, em 1996. Depois, foi jogar no Beşiktaş, da Turquia, ficando até 1999. Esteve em apenas um jogo da Copa de 1998, se machucando. Aos 27 anos, não suportou a sequência de lesões e resolveu encerrar sua carreira. Voltou em 2002 pelo Colorado Rapids (EUA), mas não conseguiu jogar. Tentou novamente em 2005 pelo Nasarawa United, da Nigéria, também sem sucesso. Nada disso importa. Seu amigo sempre tremerá o controle ao ouvir o nome de Amokachi sendo falado pelo narrador japonês do antigo Winning Eleven.
Três pontos sobre… … Mengálvio: o motor do Santos de Pelé
(Imagens localizadas no Google)
● Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe. Repetido diversas vezes, bem que poderia ser um mantra de vibrações positivas, mas é o ataque santista bicampeão mundial, uma das maiores linhas de ataque que o futebol conheceu. Jogaram juntos apenas 99 vezes, mas esses nomes falados todos juntos, parecem ser um só, o máximo que o futebol pode proporcionar. Nessas 99 partidas, foram 71 vitórias, 9 empates e 19 derrotas (aproveitamento de 76,6%), com 327 gols marcados (sendo 295 do quinteto – 90%) e 158 sofridos. Mengálvio foi o último desse ataque a chegar ao Santos, em 1960.
Do “quinteto mágico”, era ele quem menos brilhava, pois sua missão principal era auxiliar o capitão Zito na marcação e iniciar a transição para o ataque. Defendia e atacava com a mesma intensidade. Era um jogador de grande habilidade, criatividade, dinâmica, inteligência e um fôlego privilegiado.
Mengálvio Pedro Figueiró nasceu em 17/12/1939, na cidade de Laguna, no litoral sul de Santa Catarina. Foi revelado por uma equipe de sua cidade natal, chamado Barriga Verde FC (clube atualmente extinto), onde jogava como volante. Com 17 anos, foi jogar no Clube Esportivo Aimoré, de São Leopoldo-RS, onde esteve de 1957 a 1959, sendo vice-campeão gaúcho neste último ano, perdendo a final para o Grêmio. Foi contratado pelo Santos após o Pan-Americano por indicação do zagueiro Calvet, recém chegado ao Santos, com quem atuou nesse mesmo torneio. Estreou pelo Peixe em 19/04/1960, empatando com a Portuguesa em 2 a 2 pelo Torneio Rio São-Paulo, entrando no segundo tempo no lugar do meia Ney. Jogou pela primeira vez como titular dois dias depois, em empate por 1 a 1 com o São Paulo, pelo mesmo torneio.
Foi multi-campeão pelo Santos, com destaque para os títulos da Libertadores e Mundial em 1962 e 1963. No fim do ano 1968, recebeu o passe livre do Santos. Na ocasião, o presidente do clube, Athiê Jorge Coury, foi bastante feliz em suas palavras: “A liberação é um justo prêmio aos inestimáveis serviços que Mengálvio prestou à coletividade alvinegra, com dedicação, real valor e consciência profissional exemplar, tanto em campos brasileiros como no exterior. Seus feitos e a sua participação marcante a serviço do Santos e do glorioso futebol brasileiro permanecerão inolvidáveis, e aqui permanecerão amigos e admiradores que, nesta oportunidade, com estima, lhe desejam votos de toda sorte de felicidade e de sucesso ímpar em sua consagrada carreira.” Pelo Peixe, esteve em 371 partidas e marcou 28 gols. Foi emprestado ao Grêmio em 1968 e atuou no Millonarios, da Colômbia, em 1969, onde foi campeão do Torneio Finalización.
● Era o reserva de Didi na Seleção Brasileira que conquistou a Copa do Mundo de 1962, no Chile. Pela Seleção Brasileira, fez 14 jogos e anotou um gol, em 15/03/1960, abrindo o placar contra o México em vitória por 2 a 1 pelo Campeonato Pan-Americano, enquanto ainda jogava pelo Aimoré.
Por ser grande, molengão no andar e bochechas meio caídas, ganhou de Garrincha o apelido de “Pluto”, em referência ao simpático personagem da Disney. De acordo com o livro “Time dos Sonhos”, do jornalista Odir Cunha, Mengálvio era alvo constante de brincadeiras e zoação dos demais colegas de equipe, por ser meio bonachão e desligado. No mesmo livro, o ex-centro-avante Coutinho conta que certa vez Mengálvio chegou em um hotel bastante cansado e acabou adormecendo sobre as malas que levava no elevador, permanecendo dormindo dentro dele por muito tempo. São creditadas a ele várias histórias e citações hilárias, mas uma verdadeira é quando certa vez enviou um telegrama “secreto” aos seus familiares dizendo: “Chegarei de surpresa dia 15, às duas da tarde, vôo 619 da VARIG”.
Foi técnico interino do Santos rapidamente, em 1978. Quando deixou o futebol em 1969, Mengálvio trabalhou como supervisor de uma rede de cinemas no litoral paulista e posteriormente na cooperativa dos ex-atletas profissionais de São Paulo. Atualmente Mengálvio está aposentado e vive em situação modesta na cidade de Santos.
Era o chamado “falso lento”, que ao invés de correr com a bola, fazia a bola correr.
● Feitos e premiações de Mengálvio:
Pela Seleção Brasileira:
– Campeão da Copa do Mundo de 1962.
– Campeão da Copa Roca em 1963.
– Campeão da Taça Oswaldo Cruz em 1962.
– Vice-campeão do Campeonato Pan-Americano em 1960.
Pelo Santos:
– Bicampeão da Copa Intercontinental em 1962 e 1963.
– Bicampeão da Taça Libertadores da América em 1962 e 1963.
– Pentacampeão da Taça Brasil em 1961, 1962, 1963, 1964 e 1965.
– Campeão do Torneio Rio-São Paulo em 1963, 1964 e 1966.
– Campeão do Campeonato Paulista em 1960, 1961, 1962, 1964, 1965 e 1967.
– Campeão da Supercopa dos Campeões Intercontinentais em 1968.
– Bicampeão do Torneio de Paris em 1960 e 1961.
Pelo Millonarios (Colômbia):
– Campeão do Torneio Finalización da Colômbia em 1969.