Três pontos sobre… … Daniel Amokachi: lenda do Winning Eleven
(Imagens localizadas no Google)
● No antigo Winning Eleven 3 Final ou no Winning Eleven 4, era muito comum seu amigo escolher o Brasil para jogar. No game, tinham muitos bons times e bons jogadores, mas a melhor forma de você se igualar a esse seu amigo e (até vencê-lo) era você escolher a Nigéria. Taribo West era um zagueiro medíocre na realidade, mas era muito bom no game e ficou marcado para sempre por aquelas xuxinhas verdes no cabelo e sua cara feia. Victor Ikpeba e Jay-Jay Okocha eram rápidos e tinham bons atributos (tanto no jogo quanto na realidade). Mas você poderia apelar facilmente colocando Nwankwo Kanu e seus 1,97 m como centroavante, para receber cruzamentos das pontas. E é nessas posições fundamentais no antigo Winning Eleven (atual Pro Evolution Soccer ou PES), que está a chave do time nigeriano: os jogadores nº 13 e 14. O baixinho camisa 13, Tijjani Babangida, assim como Kanu, ficava no banco, mas era só colocar Okocha e Ikpeba como meias e Babangida na ponta direita.
● Na época em que o atributo mais importante dos jogos de futebol do antigo PlayStation One era a velocidade, o camisa nº 14 da Nigéria era uma verdadeira lenda. Daniel Amokachi ainda é considerado um dos mais rápidos e com maior aceleração da história dos games, além de cabecear bem. Era fenomenal. Era só lançar de “triângulo” e segurar o “R1” que a velocidade sobrenatural de Amokachi e a boa finalização resolvia o resto. Pouco importava que poucos de nós tivessem o visto atuar na realidade, pois a idolatria por esse mito era maior. Era por ele que escolhíamos a Nigéria para jogar.
● Saindo do mundo virtual, Amokachi foi um jogador mediano. O atacante começou em seu país e foi para o Club Brugge, da Bélgica, onde atuou entre 1990 e 1994. Após uma boa Copa do Mundo, se transferiu para o inglês Everton, onde não teve muito destaque. Foi uma das estrelas da Nigéria que conquistou a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Atlanta, em 1996. Depois, foi jogar no Beşiktaş, da Turquia, ficando até 1999. Esteve em apenas um jogo da Copa de 1998, se machucando. Aos 27 anos, não suportou a sequência de lesões e resolveu encerrar sua carreira. Voltou em 2002 pelo Colorado Rapids (EUA), mas não conseguiu jogar. Tentou novamente em 2005 pelo Nasarawa United, da Nigéria, também sem sucesso. Nada disso importa. Seu amigo sempre tremerá o controle ao ouvir o nome de Amokachi sendo falado pelo narrador japonês do antigo Winning Eleven.
Três pontos sobre… … Atlético Mineiro, Campeão Brasileiro de 1971
(Imagem localizada no Google)
● Após alguns torneios nacionais como a Taça Brasil, a Taça de Prata e o Torneio Roberto Gomes Pedrosa, enfim a CBD (atual CBF) decidiu criar um Campeonato Brasileiro de verdade em 1971, pegando embalo com a conquista da Copa do Mundo do ano anterior. Surgiram então vários favoritos ao título, como o Fluminense campeão do Robertão de 1970, o Santos de Pelé, o Botafogo de Jairzinho, o São Paulo de Toninho Guerreiro e Gérson ou o Cruzeiro de Dirceu Lopes e Tostão.
Nessa época, o Clube Atlético Mineiro não aguentava mais ver o rival Cruzeiro vencer comemorar, pois era pentacampeão mineiro e tinha conquistado a Taça Brasil de 1966 goleando o poderoso Santos. Mas em 1970, o Galo do recém chegado técnico Telê Santana mostrou sua força e venceu o estadual, quebrando um jejum de seis anos sem títulos.
Já em 1971, com a mesma base campeã mineira no ano anterior, o time decepcionou com um 3º lugar no estadual. Todavia, no recém criado Brasileirão, o time foi engrenando e terminou a primeira fase em 2º lugar, com 7 vitórias, 9 empates e apenas 3 derrotas (o Grêmio foi o líder). Foram muitos empates, mas uma época em que a vitória valia dois pontos e o empate valia um, empatar era um bom negócio. Na segunda fase, os atleticanos venceram três vezes, empataram uma e perderam duas, sendo o líder de sua chave e se classificando para a fase final.
Seria um triangular de turno único, contra os fortes Botafogo e São Paulo. O Galo encarou no Mineirão o Tricolor, de Pablo Forlán, Terto e Gérson e venceu por 1 x 0, com um gol de Oldair aos 30 minutos do segundo tempo. Três dias depois, o mesmo SPFC goleou o Botafogo por 4 x 1, o que obrigou ao alvinegro carioca a vencer o mineiro por seis gols para ser campeão.
(Imagem: Super Esportes)
● A decisão era duríssima, pois jogariam no Maracanã e o craque Jairzinho estava em seu auge técnico, em uma tarde muito “endiabrada”, dando muito trabalho para a zaga adversária. O Fogão jogava melhor, mas o Galo demonstrou uma maturidade muito grande, suportando totalmente a pressão. O time seria campeão com um empate, mas aos 16 minutos do segundo tempo, o meia Humberto Ramos fez uma excelente jogada individual, passando por Mura, Carlos Roberto e Marco Aurélio, chegando dentro da área e cruzando para o centro. Coube a Dario marcar o gol do título, de cabeça, sua especialidade. O Botafogo nada mais conseguiu fazer e o Atlético controlou o resto da partida.
Foi um merecido campeão. Era a coroação definitiva do ídolo Dario, o grande Dadá Maravilha, que além de fazer o gol do título ainda foi o artilheiro do torneio com 15 gols. Foi a “gênese” do Mestre Telê Santana, que após o título desabafou: “Peguei um time talentoso, que há cinco anos não ganhava títulos e estava com o moral baixo. Fiz a equipe entrar em campo sempre confiante nos dois pontos, eu mandava o time atacar e se preocupar só em jogar futebol. Assim são maiores as chances de vencer”.
● FICHA TÉCNICA
Botafogo 0 x 1 Atlético-MG
BOTAFOGO (4-3-3)
Wendell; Mura, Djalma Dias, Queirós e Valtencir; Carlos Roberto, Marco Aurélio (Didinho) e Careca (Tuca); Zequinha, Nei Oliveira e Jairzinho. Técnico: Paraguaio.
ATLÉTICO-MG (4-3-3)
Renato; Humberto Monteiro, Grapete, Vantuir e Oldair; Vanderlei Paiva, Humberto Ramos e Lôla (Spencer); Ronaldo, Tião e Dadá Maravilha. Técnico: Telê Santana.
Data: 19/12/1971
Local: Estádio Maracanã
Público: 46.458
Árbitro: Armando Marques
Gol:
61′ Dadá Maravilha (ATL)
Além dos titulares no jogo final, compunham o elenco atleticano, dentre outros: o uruguaio Héctor Cincunegui, Spencer, Pedrinho, Guará, Beto, Salvador, Bibi, Zé Maria, Romeu, Ângelo e Normandes (que é dentista formado e mora na cidade de Uberaba).
Três pontos sobre… … Times “fracos” na final do Campeonato Mundial de Clubes
(Imagem: goleiro do TP Mazembe em 2010, Robert Kidiaba, do Goal.com)
O jogo de hoje entre Kashima Antlers (JAP) x Real Madrid mostrou algo comum no futebol: vencendo ou não, um time considerado inferior, sem grandes nomes individuais, mas organizado taticamente e com uma boa proposta de jogo pode suportar a pressão de jogar contra um time cheio de craques.
Embora uma equipe nessas circunstâncias nunca tenha vencido um clube de camisa mais “pesada”, algumas finais de Campeonato Mundial (incluindo a Copa Intercontinental) tiveram uma partida equilibrada.
● 2016 – Real Madrid 4 x 2 Kashima Antlers
Foi a terceira vez que o time da casa chega à final e a primeira vez de um asiático. Com uma boa estrutura tática, mesmo dependendo de poucos jogadores razoáveis, o time japonês soube segurar o Real Madrid e foi campeão mundial por oito minutos. Mas a “camisa branca que enverga varal” e a precisão das conclusões de Cristiano Ronaldo deram o título aos merengues. Mas fica aquela pontinha de injustiça. A arbitragem (de novo) interferiu diretamente na partida, ao não apresentar o segundo cartão amarelo e, consequentemente o vermelho, ao capitão blanco Sergio Ramos. O Antlers estiveram melhor na maior parte do tempo e poderiam ser o primeiro campeão mundial do continente, mas deixa na história a excelente forma que se apresentou no campeonato, inclusive batendo por 3 a 0 nas semifinais o Atlético Nacional de Medellín.
● 2013 – Bayern de Munique 2 x 0 Raja Casablanca
O Raja surpreendeu a todos como o primeiro time anfitrião a chegar na final (o primeiro foi o Corinthians em 2000), inclusive vencendo o Atlético Mineiro por 3 a 1 (o que se torna motivo de chacotas contra os torcedores do Galo, especialmente dos cruzeirenses). Tá certo que o Bayern tirou o pé na final, mas não podemos tirar os méritos do clube marroquino pelo placar relativamente magro.
● 2010 – Internazionale 3 x 0 TP Mazembe
Essa foi a primeira final de um clube fora do eixo Europa / América do Sul. E não foi por acaso. O time congolês, cheio de jogadores rápidos do meio pra frente, venceu o bom time do Pachuca nas quartas de final e o Internacional de Porto Alegre na semifinal. Contra a Inter de Milão, não teve chances. Mas Mazembe é piada eterna dos gremistas contra os colorados.
● 2008 – Manchester United 1 x 0 LDU Quito
Mesmo sendo o time mais forte da história do Equador e tendo vencido a Libertadores, a LDU era uma equipe fraca e estava sem seu principal aliado (a altitude de 2.800 metros de Quito). Ainda assim, não passou vergonha ao vencer o mexicano Pachuca na semifinal. Na decisão, suportou a pressão do United até 28 minutos do segundo tempo, quando Wayne Rooney fez o gol do título.
● 2004 – Porto 0(8) x 0(7) Once Caldas
Uma final com duas zebras. Dois times que, se não eram ruins, estavam longe de ser bons. Uma final xoxa, em que o placar zerado refletia bem a nota dos dois times. Nenhum merecia ser campeão, mas a história do Porto obrigava o time a vencer o (até pouco tempo antes) inexpressivo clube colombiano, o que ocorreu apenas nos pênaltis.
● 1989 – Milan 1 x 0 Atlético Nacional
O querido time de Medellín venceu a Libertadores pela primeira vez em 1989 e era um grande esquadrão colombiano. Entra nessa lista por ter enfrentado o excepcional Milan, uma das melhores equipes da história (a última bicampeã europeia, inclusive). Aos 14 minutos do segundo tempo da prorrogação, quando todos já confiavam nos pênaltis e no folclórico goleiro René Higuita, o meia Alberigo Evani fez o único gol.
● 1986 – River Plate 1 x 0 Steaua Bucareste
Caso raro de o sul-americano ser mais forte que o europeu. O Steaua tinha seus méritos e um time muito organizado e bom, mas o River sempre foi um gigante do continente e do mundo. Com obrigação de vencer pela sua história, o time argentino não deu chances à zebra.
● 1985 – Juventus 2(4) x 2(2) Argentinos Juniors
O Argentinos Juniors tinha o melhor time de sua história e era muito bom. Mas enfrentou a Juventus de Platini, Michael Laudrup e recheada de italianos campeões da Copa do Mundo de 1982. Mesmo muito mais cotada para ser campeã, a Juve precisou dos pênaltis para conquistar o primeiro título mundial.
Três pontos sobre… … Mengálvio: o motor do Santos de Pelé
(Imagens localizadas no Google)
● Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe. Repetido diversas vezes, bem que poderia ser um mantra de vibrações positivas, mas é o ataque santista bicampeão mundial, uma das maiores linhas de ataque que o futebol conheceu. Jogaram juntos apenas 99 vezes, mas esses nomes falados todos juntos, parecem ser um só, o máximo que o futebol pode proporcionar. Nessas 99 partidas, foram 71 vitórias, 9 empates e 19 derrotas (aproveitamento de 76,6%), com 327 gols marcados (sendo 295 do quinteto – 90%) e 158 sofridos. Mengálvio foi o último desse ataque a chegar ao Santos, em 1960.
Do “quinteto mágico”, era ele quem menos brilhava, pois sua missão principal era auxiliar o capitão Zito na marcação e iniciar a transição para o ataque. Defendia e atacava com a mesma intensidade. Era um jogador de grande habilidade, criatividade, dinâmica, inteligência e um fôlego privilegiado.
Mengálvio Pedro Figueiró nasceu em 17/12/1939, na cidade de Laguna, no litoral sul de Santa Catarina. Foi revelado por uma equipe de sua cidade natal, chamado Barriga Verde FC (clube atualmente extinto), onde jogava como volante. Com 17 anos, foi jogar no Clube Esportivo Aimoré, de São Leopoldo-RS, onde esteve de 1957 a 1959, sendo vice-campeão gaúcho neste último ano, perdendo a final para o Grêmio. Foi contratado pelo Santos após o Pan-Americano por indicação do zagueiro Calvet, recém chegado ao Santos, com quem atuou nesse mesmo torneio. Estreou pelo Peixe em 19/04/1960, empatando com a Portuguesa em 2 a 2 pelo Torneio Rio São-Paulo, entrando no segundo tempo no lugar do meia Ney. Jogou pela primeira vez como titular dois dias depois, em empate por 1 a 1 com o São Paulo, pelo mesmo torneio.
Foi multi-campeão pelo Santos, com destaque para os títulos da Libertadores e Mundial em 1962 e 1963. No fim do ano 1968, recebeu o passe livre do Santos. Na ocasião, o presidente do clube, Athiê Jorge Coury, foi bastante feliz em suas palavras: “A liberação é um justo prêmio aos inestimáveis serviços que Mengálvio prestou à coletividade alvinegra, com dedicação, real valor e consciência profissional exemplar, tanto em campos brasileiros como no exterior. Seus feitos e a sua participação marcante a serviço do Santos e do glorioso futebol brasileiro permanecerão inolvidáveis, e aqui permanecerão amigos e admiradores que, nesta oportunidade, com estima, lhe desejam votos de toda sorte de felicidade e de sucesso ímpar em sua consagrada carreira.” Pelo Peixe, esteve em 371 partidas e marcou 28 gols. Foi emprestado ao Grêmio em 1968 e atuou no Millonarios, da Colômbia, em 1969, onde foi campeão do Torneio Finalización.
● Era o reserva de Didi na Seleção Brasileira que conquistou a Copa do Mundo de 1962, no Chile. Pela Seleção Brasileira, fez 14 jogos e anotou um gol, em 15/03/1960, abrindo o placar contra o México em vitória por 2 a 1 pelo Campeonato Pan-Americano, enquanto ainda jogava pelo Aimoré.
Por ser grande, molengão no andar e bochechas meio caídas, ganhou de Garrincha o apelido de “Pluto”, em referência ao simpático personagem da Disney. De acordo com o livro “Time dos Sonhos”, do jornalista Odir Cunha, Mengálvio era alvo constante de brincadeiras e zoação dos demais colegas de equipe, por ser meio bonachão e desligado. No mesmo livro, o ex-centro-avante Coutinho conta que certa vez Mengálvio chegou em um hotel bastante cansado e acabou adormecendo sobre as malas que levava no elevador, permanecendo dormindo dentro dele por muito tempo. São creditadas a ele várias histórias e citações hilárias, mas uma verdadeira é quando certa vez enviou um telegrama “secreto” aos seus familiares dizendo: “Chegarei de surpresa dia 15, às duas da tarde, vôo 619 da VARIG”.
Foi técnico interino do Santos rapidamente, em 1978. Quando deixou o futebol em 1969, Mengálvio trabalhou como supervisor de uma rede de cinemas no litoral paulista e posteriormente na cooperativa dos ex-atletas profissionais de São Paulo. Atualmente Mengálvio está aposentado e vive em situação modesta na cidade de Santos.
Era o chamado “falso lento”, que ao invés de correr com a bola, fazia a bola correr.
● Feitos e premiações de Mengálvio:
Pela Seleção Brasileira:
– Campeão da Copa do Mundo de 1962.
– Campeão da Copa Roca em 1963.
– Campeão da Taça Oswaldo Cruz em 1962.
– Vice-campeão do Campeonato Pan-Americano em 1960.
Pelo Santos:
– Bicampeão da Copa Intercontinental em 1962 e 1963.
– Bicampeão da Taça Libertadores da América em 1962 e 1963.
– Pentacampeão da Taça Brasil em 1961, 1962, 1963, 1964 e 1965.
– Campeão do Torneio Rio-São Paulo em 1963, 1964 e 1966.
– Campeão do Campeonato Paulista em 1960, 1961, 1962, 1964, 1965 e 1967.
– Campeão da Supercopa dos Campeões Intercontinentais em 1968.
– Bicampeão do Torneio de Paris em 1960 e 1961.
Pelo Millonarios (Colômbia):
– Campeão do Torneio Finalización da Colômbia em 1969.
Três pontos sobre… … Allan Simonsen: o pequeno gigante dinamarquês
(Imagem localizada no Google)
● Se hoje a Dinamarca é um país respeitado dentro do futebol, isso se deve a Allan Simonsen. Ele é sem sombra de dúvidas o jogador mais importante da história de seu país. Foi fundamental na formação da nova geração dinamarquesa vitoriosa nos anos 1980 e 1990, com sua atitude de humildade e dedicação, sempre colocando os objetivos da equipe acima dos seus, independentemente de seu status de um dos melhores jogadores do continente na época.
Allan Rodenkam Simonsen nasceu em Vejle, no dia 15/12/1952. Nascido na cidade de Vejle, era apenas um jovem nanico (1,65 m) quando começou a jogar no time menor de sua cidade, o Vejle FC, antes de passar para o maior em 1963, o Vejle BK, onde faria história. Aos 17 anos, participou de um torneio internacional em Dusseldorf (Alemanha), chamando a atenção de Hennes Weisweiler, então técnico do Borussia Mönchengladbach. Estreou profissionalmente em 24/03/1971, em vitória em casa contra o Karlskoga FF. Foi bicampeão da liga nacional em 1971 e 1972 e em 1972 conquistou também a Copa da Dinamarca. Depois de três gols em seis partidas com seu país nos Jogos Olímpicos de 1972, Simonsen foi defender o clube alemão Borussia Mönchengladbach.
Sofreu um bocado nas suas duas primeiras temporadas, com apenas 17 jogos e dois gols. Entretanto, fez parte da equipe que conquistou a Copa da Alemanha de 1972/73. Passou a ser titular na temporada 1974/75, disputando todos os 34 jogos da Bundesliga, marcando 18 gols e conquistando o título. Fez também 10 gols em 12 jogos na Copa da UEFA do mesmo ano, incluindo dois na final em que o Gladbach goleou o holandês FC Twente por 5 x 1. Já em 1975/76, seu time conquistou o bicampeonato nacional e ele marcou 16 gols. Na Copa da Europa, fez quatro gols em seis partidas e foi eliminado nas quartas de final pelo Real Madrid, apenas no critério do gol marcado fora de casa.
Mas seu auge foi mesmo a temporada 1976/77. Além do tricampeonato nacional, na Copa dos Campeões, Simonsen foi fundamental para que o Borussia Mönchengladbach chegasse na final contra o Liverpool. Na decisão, fez o gol de empate em 1 a 1, mas seu time acabou derrotado por 3 a 1. Mas no fim do ano, o craque acabou sendo condecorado com a Bola de Ouro da revista France Football, como o melhor jogador da Europa no ano de 1977. Foi o primeiro (e até hoje o único) atleta dinamarquês a conseguir o feito. A votação foi apertada e ele venceu o inglês Kevin Keegan por três pontos e o francês Michel Platini por quatro pontos.
Nas duas temporadas seguintes, Simonsen continuou brilhando, mas o Gladbach terminou em segundo e oitavo, respectivamente. Em sua última temporada no clube alemão, 1978/79, conquistou novamente a Copa da UEFA, anotando nove gols em nove jogos. Na final, fez o gol do título, em vitória por 2 a 1 contra o Estrela Vermelha, da Iugoslávia. No início da temporada, o Barcelona já queria Allan Simonsen, mas o Gladbach não o deixou ir. Assim, o pequeno craque deixou seu contrato chegar a fim e foi para os Blaugranas, rejeitando ofertas do Hamburgo, da Juventus e de vários times do mundo árabe.
No clube catalão, recebeu o apelido de “El pequeño gran danés” (o pequeno gigante dinamarquês). Foram três anos bem sucedidos. Na primeira temporada, foi o artilheiro de sua equipe com 10 gols em 32 jogos, mas o Barça terminou em 4º lugar na liga de 1979/80. No ano seguinte, com uma reestruturação na base, o clube conquistou a Copa do Rei e Simonsen foi o terceiro maior goleador de seu time, com 10 gols (atrás dos novatos Quini, com 20 e Bernd Schuster, com 11) e o Barça termina novamente no decepcionante 5º lugar em 1980/81. Já em 1981/82, foi o segundo artilheiro blaugrana, atrás de Quini, com 11 gols, e seu time foi vice-campeão nacional. Foi importante para seu time chegar à final da Recopa Europeia e marcou de cabeça o gol do título na vitória por 2 a 1 sobre o Standard Liège.
(Imagem: Cais da Memória)
Mas quando o Barcelona contratou Diego Armando Maradona, em 1982, a situação de Simonsen ficou mais difícil. Na época, La Liga restringia o número de jogadores estrangeiros e só dois poderiam ser titulares. Assim, ele deveria disputar essas vagas com Maradona e Bernd Schuster. Simonsen se sentiu humilhado e pediu a rescisão com o time espanhol. Forçou a barra para sair e rejeitou ofertas do Real Madrid e do Tottenham Hotspur, sendo vendido em outubro por 300 mil libras para o Charlton Athletic, que militava na 2ª divisão. O clube inglês teve dificuldade para pagar sua transferência e seu salário e Simonsen deixou o clube apenas três meses depois, com 9 gols em 16 partidas.
Com mais de 30 anos, Simonsen escolheu retornar ao seu clube de formação e de coração em 1983, o Vejle BK. Ele ficou fora de metade da temporada de 1984 devido a uma lesão sofrida na Euro84, mas o Vejle BK conseguiu conquistar o campeonato dinamarquês sem ele. Mesmo voltando ao seu país como uma estrela, infelizmente nunca mais conseguiu recuprar sua melhor forma. Se aposentou dos gramados em 1989, com 37 anos, disputando seu último jogo em novembro. Pelo Vejle BK, disputou 282 partidas, anotando 104 gols (sendo 89 gols em 208 jogos pela liga dinamarquesa).
● Allan Simonsen estreou na seleção da Dinamarca em julho de 1972, sob o comando do técnico Rudi Strittich e marcou logo dois gols, ajudando seu país a vencer a Islândia por 5 a 2. Foi convocado para os Jogos Olímpicos de 1972, marcando três gols nas três primeiras partidas. Depois, ele não manteve o nível e foi substituído no intervalo em dois dos últimos três jogos, e a Dinamarca foi eliminada na segunda fase.
Simonsen foi fundamental para a seleção sob o comando do técnico Sepp Piontek, na campanha nas eliminatórias da Euro84. A Dinamarca liderava seu grupo com um ponto de diferença sobre a Inglaterra, quando se enfrentaram em setembro de 1983, no mítico estádio Wembley. Simonsen marcou o gol mais importante da história de sua nação até então, convertendo um pênalti em cima do goleiro Peter Shilton. A vitória finalmente classificou o país para a primeira Eurocopa desde 1964. Ainda em 1983, ficou em 3º lugar na premiação da Bola de Ouro. Infelizmente Simonsen não guarda boas recordações da Euro84, pois quebrou a perna em uma dividida com o francês Yvon Le Roux logo na estreia. Mesmo sem o craque, a Dinamarca chegou às semifinais, caindo nos pênaltis para a Espanha.
Fez parte do elenco da Dinamáquina que encantou na Copa do Mundo de 1986, mas só jogou uma única partida, entrando no segundo tempo na vitória por 2 a 0 contra a Alemanha Ocidental. Naquele momento, ele percebeu que já tinha dado toda sua contribuição para seu país e estava sendo ultrapassado por outros jogadores, como, por exemplo, Michael Laudrup. Vestiu a camisa vermelha de seu país em 55 jogos, anotando 20 gols.
Após se retirar dos gramados, se tornou técnico do seu querido Vejle BK de 1991 a 1994, sendo rebaixado para a 2ª divisão nacional. Depois treinaria a seleção das Ilhas Faroe de 1994 a 2001 e de Luxemburgo de 2001 a 2004. Em 2011 se tornou diretor do FC Fredericia, de seu país. Em 08/04/2013, quando o técnico Thomas Thomasberg foi demitido, Simonsen e Steen Thychosen assumiram o comando técnico da equipe até o fim da temporada 2012/13.
É o único jogador a ter anotado gols na Copa dos Campeões Europeus (atual UEFA Champions League), na Copa UEFA (atual Liga Europa) e na extinta Recopa Europeia. Desde 2008 faz parte do Hall da Fama do Futebol Dinamarquês.
● Feitos e premiações de Allan Simonsen:
Pelo Vejle Boldklub:
– Campeão do Campeonato Dinamarquês em 1971, 1972 e 1984.
– Campeão da Copa da Dinamarca em 1972.
Pelo Borussia Mönchengladbach:
– Tricampeão da Bundesliga (Campeonato Alemão) em 1974/75, 1975/76 e 1976/77.
– Campeão da Copa da UEFA em 1974/75 e 1978/79.
– Campeão da Copa da Alemanha em 1972/73.
Pelo Barcelona:
– Campeão da Copa do Rei em 1980/81.
– Campeão da Recopa Europeia em 1981/82.
Distinções e premiações individuais:
– Bola de Ouro da revista France Football em 1977.
– Bola de Bronze da revista France Football em 1983 (3º lugar na Bola de Ouro).
– Artilheiro da UEFA Champions League em 1977/78 (5 gols).
– Artilheiro da Copa da UEFA em 1978/79 (9 gols).
– Eleito melhor ponta direita da história da Bundesliga.
– Membro do Hall da Fama do futebol da Dinamarca desde 2008.
Três pontos sobre… … Santos, de Diego e Robinho, Campeão Brasileiro de 2002
(Imagem: Lance!)
● Na década de 1960, o Santos foi o time a ser batido, com um esquadrão que está na ponta da língua dos amantes do futebol: Gilmar; Lima, Mauro, Calvet e Dalmo; Zito; Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe. Após essa fase, o clube viveu um terrível ostracismo, tendo apenas lampejos, como na era dos “Meninos da Vila” (Juary, Pita, Aílton Lira e João Paulo) ou com o vice-campeonato brasileiro de 1995, com o “Messias” Giovanni. Foi nesse cenário que o alvinegro praiano chegou no século XXI: com um jejum de mais de trinta anos sem levantar uma taça importante.
O Santos até tentou montar um time forte entre 2000 e 2001, mas não conseguiu seus objetivos. Assim, com alguns medalhões como Fábio Costa, Robert e Fabiano Souza, começou o Campeonato Brasileiro de 2002 desacreditado, com uma campanha toda irregular. O time só engrenou após o técnico Émerson Leão estruturar o jogo coletivo, dando mais liberdade para brilhar os talentos individuais, especialmente de Robinho (18 anos) e Diego (17). Ainda assim o time se classificou na “bacia das almas”. Perdeu as duas últimas partidas da primeira fase e terminou empatado com o Cruzeiro, ambos com 39 pontos. O saldo de gols maior foi o critério que classificou o Peixe para a fase seguinte.
Por ter passado em 8º, teve que enfrentar nas quartas de final o poderoso São Paulo, que foi o líder na classificação geral, terminando a fase com dez vitórias consecutivas. O Tricolor estava voando, com craques como Rogério Ceni, Ricardinho, Kaká e Luis Fabiano. Todos esperavam uma classificação tranquila do São Paulo. Mas os “moleques” da Vila trataram de jogar como gente grande e venceu o adversário por 3 a 1 na Vila Belmiro e por 2 a 1, dentro do Morumbi, com Diego dançando em cima do escudo do SPFC, iniciando uma confusão geral. O torcedor santista começou a acreditar, mesmo reticente por estar acostumado a se decepcionar recentemente.
Nas semifinais, enfrentou o Grêmio, que havia eliminado o rival Juventude. Na Vila, um chocolate e 3 a 0 na bagagem. No antigo Olímpico, uma derrota por 1 a 0 não impediu a classificação santista.
(Imagem: Folha UOL)
● A final seria contra um fortíssimo time do Corinthians, que havia sido campeão do Torneio Rio-São Paulo e da Copa do Brasil naquele mesmo ano. O Timão vinha sedento pela tríplice coroa, comandado pelo técnico Parreira. Foram dois jogos no Morumbi. No primeiro, o Santos venceu por 2 a 0, com gols de Alberto e Renato, mas perdeu o meia Diego, contundido.
Na finalíssima, Diego insistiu em jogar, mas durou apenas dois minutos em campo. Sem seu camisa 10, a torcida estava apreensiva. Mas Robinho se tornou o super-herói do Peixe e jogou por ele e pelo parceiro Diego. No fim do primeiro tempo, aos 37 minutos, partiu pra cima do lateral Rogério, com inúmeras “pedaladas”, enquanto o marcador se afastava. Quando Robinho entrou na área, partiu para o drible e foi chutado por Rogério, que chegou atrasado no lance. Pênalti bem cobrado pelo próprio Robinho.
Precisando de três gols, o Timão partiu pra cima e virou o jogo no final, com Deivid (aos 30) e Anderson (aos 39 minutos do segundo tempo). O Corinthians precisava de apenas mais um gol. Será que o Peixe iria morrer na praia de novo? Absolutamente não! Robinho inicia jogada pela direita e cruza para Elano empatar a dois minutos do fim. Nos acréscimos, ainda daria tempo para (de novo) Robinho colocar Vampeta pra dançar e rolar pra trás para o lateral Léo fuzilar. Gol do título.
Foi a coroação de um excepcional trabalho nas divisões de base, que renderia frutos também para a próxima década. Uma talentosa geração que entrou para a história não só do clube de Pelé, mas também do futebol brasileiro.
● FICHA TÉCNICA
Corinthians 2 x 3 Santos
CORINTHIANS (4-3-3)
Doni; Rogério, Fábio Luciano, Anderson e Kléber; Vampeta, Fabinho (Fabrício) e Renato Abreu (Marcinho); Deivid, Guilherme (Leandro) e Gil. Técnico: Carlos Alberto Parreira.
SANTOS (4-4-2)
Fábio Costa; Maurinho, André Luís, Alex e Léo; Paulo Almeida, Renato, Elano e Diego (Robert, Michel); Robinho e William (Alexandre). Técnico: Émerson Leão.
Data: 15/12/2002
Local: Estádio Morumbi
Público: 74.592
Árbitro: Carlos Eugênio Simon
Gols:
37′ Robinho (SAN) (pen)
75′ Deivid (COR)
84′ Anderson (COR)
88′ Elano (SAN)
90’+ 2′ Léo (SAN)
Além dos titulares no jogo final, compunham o elenco santista, dentre outros:
Júlio Sérgio (goleiro), Michel (lateral direito), Preto (zagueiro), Pereira (zagueiro), Robert (meia), Alexandre (meia), Canindé (meia), Adiel (atacante), Douglas (atacante), Fabiano Souza (atacante) Bruno Moraes (atacante) e Alberto (atacante, que era titular do time, mas estava suspenso para a segunda partida da final).
Três pontos sobre… … São Paulo campeão mundial de 1992
(Imagem: saopaulofc.net)
● O São Paulo já era um clube com bom histórico regional e até nacional. O time tinha sido vice-campeão brasileiro em 1989 e 1990 e, enfim, foi campeão em 1991 (tinha vencido antes, em 1977). Com uma base forte e vários jogadores que vestiram ou vestiriam a camisa da Seleção Brasileira, o Tricolor do Morumbi venceu uma difícil Copa Libertadores, batendo o argentino Newell’s Old Boys nos pênaltis, com um Zetti decisivo. Com poucas alterações no time (a mais importante foi a saída do zagueiro Antonio Carlos), partiu para o Japão.
O Barcelona era o chamado “Dream Team“, montado pelo gênio Johan Cruijff, expoente em pessoa do “Futebol Total”. Eram muitos craques mundiais em um só time, completado por outros bons jogadores, todos de alto nível. O time estava no meio do único tetracampeonato espanhol de sua história. Na final da UEFA Champions League de 1991/92, venceu na prorrogação o fortíssimo time da Sampdoria. Todos apostavam em uma vitória categórica do Barça sobre o São Paulo. Só faltou combinar antes.
(Imagem: Orlando Kissner / AE)
● O Barça aproveitou o início nervoso do adversário e começou mostrando a que veio, aos 12 minutos, com um golaço do craque búlgaro Stoichkov, em chute da intermediária, surpreendendo e encobrindo o goleiro Zetti. Todos tinham certeza que era o início de uma goleada. Mas estavam enganados. Aos 27 minutos, em um contra-ataque, Palhinha lançou na esquerda para Müller, que fez jogada individual e cruzou para a área. Raí se antecipou à defesa espanhola e completou de barriga para o gol de Zubizarreta. Raí começava a escrever a sua história a parte.
O Mestre Telê Santana tinha fama de pé frio, por não conseguir vencer a Copa do Mundo com duas ótimas Seleções Brasileiras, em 1982 e 1986. Ele era sempre ranzinza, como um avô velho. Sempre gritava muito na beira do gramado e se estressava com tudo. Mas especialmente nesse dia, Telê foi sereno todo o tempo, com consciência de todo o potencial de sua equipe.
Os dois times tiveram chances de marcar, mas não saía o gol. O lateral-esquerdo (anjo da guarda) Ronaldo Luís salvou em cima da linha uma bola chutada por Txiki Begiristain. No segundo tempo a partida continuava em extremo equilíbrio, com os dois times jogando em busca do gol, mas o placar não era alterado, mesmo com o time brasileiro já sendo muito superior na partida. Até os 34 minutos da etapa complementar, quando Palhinha sofreu falta no lado esquerdo da intermediária ofensiva. Em situações normais e para jogadores normais, seria um excelente e perigoso cruzamento para a área.
Então apareceu ele de novo, o capitão, o craque da camisa nº 10 (que ganharia o carro da Toyota ao ser eleito o melhor da partida). Em cobrança de falta ensaiada (que nunca dava certo nos treinamentos), Raí rolou para Cafu, que apenas escorou e assistiu ao meia colocar a bola no ângulo direito, como se fosse colocada com as mãos, um míssil teleguiado. Uma verdadeira obra prima feita por um artista.
Com pouco tempo para se recuperar, o Barça viu o São Paulo administrar a vantagem e se tornar campeão do mundo.
(Imagem: Lance!)
● Após o jogo, o técnico Johan Cruijff disse: “se é para ser atropelado, que seja uma Ferrari”. Além do placar, essa declaração era a prova definitiva da superioridade do novo campeão mundial.
Não tem como negar: esse foi o maior e melhor jogo da história do São Paulo Futebol Clube. É claro que os títulos de 1993 e 2005 são inesquecíveis, mas o de 1992 foi diferente. Além de ter sido o primeiro Mundial do clube, foi em cima de um time considerado imbatível, além de ser o único título mundial conquistado com (e por causa de) Raí.
FICHA TÉCNICA
São Paulo 2 x 1 Barcelona
SÃO PAULO (4-4-2)
Zetti; Vítor, Adílson, Ronaldão e Ronaldo Luís; Pintado, Toninho Cerezo (Dinho), Raí e Cafu; Müller e Palhinha. Técnico: Telê Santana.
BARCELONA (3-5-2)
Andoni Zubizarreta; Albert Ferrer, Ronald Koeman e Eusébio Sacristán; José Mari Bakero (Ion Andoni Goikoetxea), Pep Guardiola, Guillermo Amor, Michael Laudrup e Richard Witschge; Txiki Begiristain (Miguel Ángel Nadal) e Hristo Stoichkov. Técnico: Johan Cruijff.
Data: 13/12/1992
Local: Estádio Nacional (Tóquio, Japão)
Público: 60.000
Árbitro: Juan Carlos Loustau (Argentina)
Gols:
12′ Hristo Stoichkov (BAR)
27′ Raí (SPFC)
79′ Raí (SPFC)
Três pontos sobre… … Josef Bican: o homem de 5000 gols
(Imagem: Alchetron)
“Quem teria acreditado em mim se eu dissesse que marquei cinco vezes mais gols que Pelé?” — Josef Bican.
● Em 29/11/1933, com apenas 20 anos e 64 dias, Bican fez sua estreia pela seleção da Áustria, em um empate com a Escócia por 2 a 2. Em 1934, a Áustria chegava como favorita destacada à Copa do Mundo. Conhecida como “Wunderteam” (time maravilha), era composta por diversos austro-tchecos: o próprio Bican, o craque e líder Matthias Sindelar (“Der Papierene”, o Homem de Papel), Franz Cisar, Anton Janda, Mathias Kaburek, Josef Smistik, Johann Urbanek e Karl Zischek. De todos os sete gols marcado pela equipe no torneio, apenas um foi de um austríaco germânico: Anton Schall. Eles levaram o país à semifinal contra a anfitriã Itália. Meses antes, em casa, os austríacos tinham vencido um amistoso entre as duas equipes. Mas dessa vez, a pressão por jogar na casa do inimigo, especialmente a pressão exercida por “Il Duce” Benito Mussolini, que usava o torneio como propaganda de seu regime fascista, a Áustria caiu de pé, por 1 a 0, com gol de Enrique Guaita em impedimento escandaloso. Momentos depois do jogo, foi revelado que o árbitro sueco Ivan Eklind jantou com “Il Duce” na noite anterior. A Áustria ainda perdeu na decisão do 3º lugar para a Alemanha. O único gol de Josef Bican em uma Copa do Mundo aconteceu em 27/05/1934, quando marcou na prorrogação contra a França nas oitavas de final, em vitória por 3 x 2.
O Wunderteam foi desfeito de vez com a anexação austríaca pelo Terceiro Reich em 1938, no Anschluß, às vésperas da Copa do Mundo daquele ano. Bican se recusou jogar pela Alemanha nazista e pediu a nacionalidade de seus pais, a Tchecoslováquia, mas um erro de documentação o impediu de disputar a Copa de 1938. Mas começou a defender seu novo país nesse mesmo ano, marcando 12 gols em 14 jogos, de 1938 a 1949. Seu sucesso provocava inveja dos colegas, que o chamavam de “bastardo austríaco”. Durante a 2ª Guerra Mundial, quando o país foi desmembrado, jogou pela Seleção do Protetorado da Boêmia e Morávia (que era o pedaço tcheco), anotando um hat-trick contra a Alemanha nazista, em empate por 4 a 4. No total, marcou 34 gols em 45 jogos por três seleções diferentes. Sua última aparição internacional foi em uma derrota da sua Tchecoslováquia por 3 a 1 para a Bulgária, em 04/09/1949.
● De acordo com o RSSSF (Rec.Sport.Soccer Statistics Foundation), foram 805 gols em 530 jogos oficiais e 663 gols em 388 partidas amistosas. A soma é absurda: 1468 gols em 918 jogos, marca superior a qualquer outro jogador. Foi laureado também pela IFFHS (International Federation of Football History & Statistics) com o prêmio “Bola de Ouro”, por ter sido o maior goleador do século XX, com 518 gols marcados em 341 jogos (média de 1,52 gols por jogo), considerando apenas jogos em primeira divisão das ligas nacionais.
Em 1969, Pelé estava se aproximando de seu milésimo gol e muitos jornalistas estavam à procura de outro jogador que tinha chegado a essa marca. O ex-jogador austríaco Franz “Bimbo” Binder (11º maior artilheiro da história, com 1006 gols no total) citou o nome de Pepi Bican. Quando os repórteres o perguntaram por que ele não era festejado pelo feito, ele simplesmente perguntou: “quem teria acreditado em mim se eu dissesse que marquei cinco vezes mais gols que Pelé?” Essa marca é muito improvável, pois para ter marcado os 5000, ele deveria ter mantido uma média de 185 gols por ano em todos os seus 27 anos (dos 15 aos 42 anos) de carreira, o que é um fato extremamente improvável de ter acontecido e passado despercebido.
Ele sempre criticava a mercantilização do futebol e os salários astronômicos recebidos por atletas medíocres. Também nunca aceitou que os atacantes atuais tivessem mais crédito do que os de antigamente:
“Eu ouvi muitas vezes que era mais fácil marcar gols na minha época. Mas as chances eram as mesmas há cem anos atrás e serão as mesmas daqui a cem anos. A situação é idêntica e todos concordariam que, de uma chance, deveria sair um gol. Se eu tivesse cinco chances, eu marcaria cinco gols — se eu tivesse sete, então seriam sete.”
Pepi Bican finalizava bem com as duas pernas e era tão veloz que, em sua época, corria 100 metros em incríveis 10,8 segundos. Não eram apenas seus números que atraíam o público ao estádio. Durante seu tempo no Slavia, as multidões iam aos treinos para se divertirem, como se estivessem indo ao circo. Centenas de torcedores e curiosos pagavam algumas korunas apenas para assistir um show a parte. Enquanto os outros jogadores faziam treinos físicos, Bican colocava garrafas vazias em cima do travessão (as traves eram quadradas, na época), na distância de cerca de 30 cm cada uma. Posicionava algumas bolas da entrada da área e derrubava as garrafas, uma por uma na distância de 20 metros. Dizem que em um dia ruim, ele erraria uma de dez.
(Imagem: Goalden Times)
● Feitos e premiações de Josef Bican:
Pela seleção da Áustria:
– 4º lugar na Copa do Mundo de 1934.
Pelo Rapid Viena:
– Campeão do Campeonato Austríaco em 1934/35.
Pelo Admira Viena:
– Bicampeão do Campeonato Austríaco em 1935/36 e 1936/37.
Pelo Slavia Praga:
– Campeão da Copa Mitropa em 1938.
– Campeão do Campeonato Tchecoslovaco em 1946/47
– Tetracampeão do Campeonato do Protetorado da Boêmia e Morávia em 1939/40, 1940/41, 1941/42 e 1942/43.
– Campeão da Copa do Protetorado da Boêmia e Morávia em 1940/41, 1941/42 e 1945.
– Campeão da Copa da Boêmia em 1940/41.
Distinções e premiações individuais:
– Artilheiro do Campeonato Austríaco de 1933/34 (28 gols).
– Artilheiro do campeonato nacional da Tchecoslováquia de 1937/38 (22 gols), 1938/39 (29 gols), 1939/40 (50 gols), 1940/41 (38 gols), 1941/42 (45 gols), 1942/43 (39 gols), 1943/44 (57 gols), 1945/46 (31 gols), 1946/47 (43 gols), 1948 (21 gols) e 1950 (22 gols).
– Eleito o 34º melhor jogador do Século XX pela IFFHS em 1999.
– Eleito o 28º melhor jogador europeu do Século XX pela IFFHS em 1999.
– Eleito o melhor jogador tchecoslovaco do Século XX pela IFFHS em 1999.
– Eleito o 2º melhor jogador austríaco do Século XX pela IFFHS em 1999.
– Nomeado o maior goleador do Século XX pela RSSSF.
– Nomeado o 2º maior goleador do Século XX pela IFFHS.
Três pontos sobre… … Josef Bican: o artilheiro inigualável
(Imagem: UEFA)
● Há exatos quinze anos Josef Bican deixava a vida e ficava apenas na história. Reza a lenda que ele fez mais de 5.000 gols.
Josef Bican, conhecido também como “Pepi” Bican (se pronuncia “Bítsan”), nasceu em um bairro pobre de Viena, na Áustria, em 25/09/1913. Era o segundo de quatro filhos de František e Ludmila Bican. Sua mãe era vienense, dos austro-checos e seu pai era da cidade de Sedlice, na Boêmia do Sul. František também foi jogador de futebol e atuou no Hertha Viena. Era famoso na cidade e certa vez recusou a se transferir para o gigante Rapid Viena. Ele lutou na 1ª Guerra Mundial e voltou ileso, mas morreu com apenas 30 anos, em 1921, pois não quis fazer uma cirurgia renal, necessária por ter tomado uma violenta pancada em uma partida justamente contra o Rapid. Sua mãe era cozinheira em um restaurante. Sua família era tão pobre, que o menino Josef teve que aprender a jogar futebol descalço, o que acabou o ajudando a melhorar suas habilidades com a bola. Bican frequentou a Jan Amos Komenskýa, uma escola tcheca em Viena. Em 1925, quatro anos após a morte de seu pai, tinha doze anos quando começou a jogar nas divisões inferiores do Hertha Viena, o Hertha Viena II. Certa vez, quando Pepi jogava nas divisões de base, sua mãe Ludmila foi vê-lo jogar. Depois de uma falta sofrida pelo garoto, ela invadiu o campo e bateu no marcador de seu filho com um guarda-chuva.
Ainda jovem, atuou pelo Schustek (1927-1930) e Farbenlutz (1930-1931). Aos 18 anos, foi descoberto pelo Rapid Viena, grande clube do país na época. Sua transferência custou ao Rapid 150 schillings (valor alto pago em um garoto), mas dois anos depois 600 schillings era seu salário mensal, aos 20 anos (enquanto um bom jogador recebia cerca de 100 schillings). Estreou pelo clube em 1931, marcando um hat-trick no grande rival, o Austria Viena. Passou quatro anos liderando o clube, com 68 gols marcados em 61 jogos oficiais. Depois, passou pelo Admira Viena, com 21 tentos anotados em 31 partidas.
(Imagem: Futebol de Todos os Tempos)
● Desde 1937, Bican já atuava no Slavia Praga, na terra de seus ancestrais. Ficaria na Tchecoslováquia até o fim de sua carreira e seu melhor momento foram os onze anos passados no Slavia, onde marcou absurdos 537 gols em 274 partidas, sendo 328 gols na liga nacional, incluindo 57 gols em 24 partidas no ano de 1939/40. Por três vezes em sua carreira, marcou sete gols em um jogo. Em uma partida da liga de 1939/40, Bican fez sete gols e o Slavia goleou o Zlín por 10 a 1. Na temporada seguinte (1940/41), novamente marcou 7 vezes contra o Zlín e seu time venceu por inacreditáveis 12 a 10. Já em 1947/48, marcou sete vezes na goleada do Slavia em cima do České Budějovice por 15 x 1. Nas duas ligas nacionais que disputou, Pepi Bican foi artilheiro por 12 vezes, em uma carreira de 27 anos. Foi o maior artilheiro da Europa por cinco temporadas consecutivas, de 1939/40 a 1943/44, situação um pouco facilidada porque a maioria dos jogadores mais jovens e de bom físico foram convocados para a Guerra.
Na Europa devastada após a Guerra, vários dos grandes times desejaram ter Bican. A Juventus lhe ofereceu uma fortuna para ir jogar em Turim, mas ele se recusou por medo, devido a boato de que os comunistas iriam controlar a Itália. Ele resolveu ficar em Praga e, ironicamente, os comunistas chegaram ao poder por lá em 1948. Ele se recusou a se filiar ao Partido Comunista, da mesma forma que se recusou anteriormente a se juntar ao Partido Nazista na Áustria. Ele tentou melhorar sua relação com os “comunas” ao jogar no Železárny Vítkovice na temporada 1950/51. Na temporada seguinte, jogou no FC Hradec Králové, mas a perseguição do governo o forçou a deixar a cidade em 01/05/1953 e, consequentemente, o clube. O regime comunistra classificou o craque como “ídolo burguês” e tentou dimunuir sua popularidade em vão, pois os fãs continuaram fiéis a ele. Assim, voltou para a capital para jogar pelo seu antigo clube, o Slavia, que tinha sido renomeado para Dinamo Praga. Jogou mais dois anos e se aposentou em 1955, aos 42 anos de idade. Era o jogador mais velho do país na época e já era jogador e treinador ao mesmo tempo desde 1954.
● Depois de se retirar dos gramados, continuou sendo técnico do Dinamo até 1956. Treinou também: Slovan Liberec (1956-1959), Spartak ZJS Brno (1959-1960), Baník Příbram (1963-1964), Hradec Králové (1964), SONP Kladno (1967-1969). Em 1969, ele foi autorizado pelo governo a trabalhar como técnico de uma equipe estrangeira, o KSK Tongeren, da Bélgica, onde teve muito sucesso, levando a equipe da 4ª para 2ª divisão nacional, de 1969 a 1972. Encerrou a carreira de técnico em 1977, de volta a seu país, no SK Benešov. Depois, trabalhou como operário, motorista de ônibus e até alimentando animais ferozes no zoológico de Praga. Nos seus últimos meses de vida, Bican passou a sofrer problemas cardíacos e faleceu duas semanas antes do natal de 2001, que planejava passar com sua família. Faleceu em Praga, na República Tcheca, em 12/12/2001.
Durante o período de domínio comunista, que foi até 1989, Josef Bican teve seu legado esportivo praticamente apagado e somente agora, aos poucos, Pepi volta a surgir como um grande atleta, um dos maiores da história da Áustria e, principalmente, da Tchecoslováquia. Chegamos à conclusão que Bican não é mais conhecido porque a explosão midiática do futebol internacional ocorreu apenas no fim da década de 1950, principalmente com a concepção da Copa dos Campeões Europeus, enquanto Josef Bican é da geração anterior.
● O Íbis Sport Clube foi fundado em 15/11/1938 na cidade de Paulista, na região metropolitana de Recife, pela Tecelagem de Seda e Algodão de Pernambuco (TSAP), tendo a frente Amaro Silva, Onildo Ramos e Alex Codiceira, além do proprietário da fábrica, João Pessoa de Queiroz. O clube foi criado pela necessidade de lazer, como forma de entretenimento para os operários da empresa. No início apenas funcionários da empresa jogavam algumas partidas amistosas. Depois, o clube cresceu e se profissionalizou, tornando inclusive um dos fundadores da Federação Pernambucana de Futebol. Com o passar do tempo e o falecimento do proprietário da TSAP, seus herdeiros não tiveram interesse pela agremiação, o time foi abandonado pela empresa o gerente Onildo Ramos assumiu o clube. Desde então, o nome da Família Ramos sempre esteve ligado ao Íbis.
Fundado em um bairro boêmio, vendo as manhãs de sol, a origem do nome vem do Egito. Íbis é uma ave negra, pernalta e adorada pelos egípcios. Reza a lenda que a ave transmite azar. Desde sua fundação, as cores sempre foram vermelha e preta, em referência ao escudo da TSAP. Foi durante muito tempo chamado pela imprensa pernambucana de o “rubro-negro das Salinas”, por causa do padroeiro do bairro de Santo Amaro das Salinas.
O primeiro jogo do Íbis (incrivelmente) foi uma vitória contra um time chamado Vasco Football Clube, por 1 x 0, em 15/11/1938. Mas as dificuldades do clube se originam de longa data. No campeonato estadual de 1950, em um dos jogos, só apareceram seis jogadores. O limite mínimo da partida era (como ainda é) de sete atletas. Para completar o time, o ex-presidente Ozir Ramos calçou as chuteiras e entrou em campo.
Venceu o Torneio Início do Campeonato Pernambucano em 1948 e 1950, além do bicampeonato do Torneio Incentivo de 1975/76. Em divisões de base, foi campeão estadual sub-20 em 1948 e 1995 e sub-17 em 1995. Disputou a primeira divisão pernambucana em 1946-1950, 1952-1960, 1962-1970, 1972-1976, 1978-1987, 1989, 1991-1993 e 2000.
● Mas em 78 anos de existência, a principal conquista do Íbis é o registro no Livro Guinness dos Recordes. O motivo é o título (nada) honorário de “Pior Time do Mundo”.
No final dos anos 1970 e início dos anos 1980, o Íbis ganhou fama mundial por sua péssima qualidade nos gramados. Com nove derrotas consecutivas e uma sequência de 23 jogos sem vitórias, conquistou fama nacional e, posteriormente, mundial. Foram três anos e onze meses sem conquistar uma única vitória. A fama de “pior time do mundo” veio com uma brincadeira de jornalistas da época, mas pegou. A sucessão de derrotas chegou a ser citada em uma edição do “New York Times”, um dos jornais mais importantes do mundo.
A notoriedade começou no Campeonato Pernambucano de 1979, cujo balanço do Íbis foi o seguinte: doze jogos, doze derrotas, 51 gols contra e um a favor (marcado contra pelo zagueiro Cícero, do Sport, na goleada de 8×1). O clube estava a dezenove jogos sem vencer, entre 1978 e 1979 e bateu o Ferroviário por 1 x 0 em 20/07/1980, valendo pelo campeonato estadual de 1980. Depois disso, só voltaria a vencer em 17/06/1984, ganhando do Santo Amaro por 3 x 1.
Mesmo após passar anos sem ganhar um único jogo e levando goleadas “estrondosas”, o clube só foi rebaixado para a segunda divisão em 1995. Em 1999, foi vice-campeão pernambucano da segunda divisão, disputando a elite em 2000, mas caiu novamente no mesmo ano. Afinal como, lembra Ozir Ramos, para o Íbis, mais que competir o “importante é existir”.
Porém, não só de derrotas vive o Pássaro Preto. O time também já bateu no trio de ferro pernambucano:
28/08/1947 – Íbis 5 x 4 Sport (Aflitos)
29/01/1948 – Íbis 1 x 0 Náutico (Aflitos)
01/08/1948 – Íbis 5 x 3 Náutico (Aflitos)
30/11/1952 – Íbis 2 x 0 Sport (Ilha do Retiro)
16/06/1961 – Íbis 1 x 0 Náutico (Aflitos)
18/07/1965 – Íbis 1 x 0 Santa Cruz (Aflitos)
10/05/1970 – Íbis 1 x 0 Sport (Arruda)
25/03/2000 – Íbis 1 x 0 Náutico (Aflitos)
O departamento de marketing do clube é muito bom, pois utiliza a “fama” do Íbis para aparecer principalmente nas redes sociais. Só nesse ano, sugeriu um novo torneio entre os grandes eliminados em fases anteriores dos estaduais, a “Eliminados League”, com: Flamengo, Palmeiras, Grêmio, Cruzeiro, Avaí, Treze, Náutico e o próprio Íbis. Também publicou “propostas” e até sugestões de contratos para o técnico José Mourinho, Zlatan Ibrahimovic e para o lateral-direito Douglas (ex- São Paulo e cujos direitos pertencem ao Barcelona).
Apareceu na mídia também ao aplicar uma sonora goleada por 8 x 2 no Timbaúba, pela Série A-2 do Campeonato Pernambucano.
● Se o time principal é famoso por vexames, as divisões de base foram prolíficas, ao revelarem principalmente o centroavante Vavá, bicampeão da Copa do Mundo em 1958 e 1962, que deu seus primeiros passos com a bola como meia do Pássaro Preto. Outros dois ex-jogadores de seleção que usaram a camisa rubro-negra foram o lateral esquerdo santista Rildo, em 1959, e o meia direita Bodinho, sensação do Internacional de Porto Alegre, na década de 50.
(Imagem: Resenha Esportiva)
Mas com certeza o maior ídolo da história do Íbis é o camisa 10 Mauro Shampoo. Ele jogou no Íbis por dez anos, entre 1980 e 1990, atuou em 55 partidas e marcou um gol, na derrota para o Ferroviário do Recife por implacáveis 8 x 1. Logo após marcar o gol, Shampoo declarou ter realizado a obra de sua vida e concretizado seu maior sonho. “Só fiz um gol na carreira, e mesmo assim dizem que foi contra. O goleiro deu rebote e a bola caiu na marca do pênalti. Fiz o gol e corri o estádio todinho. O estádio estava lotado… Lotado de espaço vazio. Perdemos de 8 a 1, mas eu fiz um golaço. Não tem registro, por isso dizem que foi contra. Dói no coração. É o gol da minha vida.” Após pendurar as chuteiras, Shampoo virou cabeleireiro e construiu um salão de beleza na Praia da Boa Viagem, que é um dos principais pontos turísticos da capital. O folclórico camisa 10 atende o telefone de seu salão dessa forma: “Jogador do Íbis, cabeleireiro e homem. O único no Brasil. Mauro Shampoo às suas ordens.” Tentou a vida política, sem sucesso.
Se tornou tema de um curta-metragem (25 min), chamado “Mauro Shampoo – Jogador, Cabeleireiro e Homem”, dirigido por Paulo Henrique Fontenelle e Leonardo Cunha Lima em 2006, que conta a história do “craque”, que, mesmo tendo feito apenas um gol em toda a sua carreira, se tornou famoso como um símbolo do Íbis Sport Club que entrou para Guinness. O filme ganhou diversas premiações. Compõe a trilha sonora uma canção de Oswaldo Montenegro, chamada “A Incrível História de Mauro Shampoo”.