… 15/06/2018 – O melhor do segundo dia da Copa

Três pontos sobre…
… 15/06/2018 – O melhor do segundo dia da Copa


(Imagem: O Jogo)

Duas partidas que tiveram seus respectivos vencedores conhecidos praticamente no último lance. Um jogaço, no qual ninguém perdeu e quem ganhou foi o espectador. Veja como foi o “Dia de Copa”.


… Egito 0 x 1 Uruguai


(Imagem: FIFA.com)

Houve uma evolução clara no nível técnico do meio campo uruguaio. Bentacur, Vecino, Nández e De Arrascaeta, além de jovens, possuem uma característica diferente, de mais qualidade na criação de jogadas, se comparados aos colegas que ocuparam a mesma posição em Mundiais anteriores (Diego Pérez, Arévalo Ríos, Walter Gargano, Álvaro González e outros).

Mas, embora tenham mantido a posse de bola com boas trocas de passes, esses meias não foram criativos o suficiente para levar os charruas à vitória. Tudo dependia da ótima dupla de frente: Luis Suárez e Edinson Cavani. Mas enquanto Luisito errou tudo o que tentou, o atacante do PSG parou nas mãos do goleiro El-Shenawy e, especialmente, na trave em cobrança de falta, na etapa final.

Quando parecia que persistiria o empate sem gols, a Celeste precisou se valer do que tem de melhor: a bola aérea. Foi na raça, na vontade e no bom cruzamento em cobrança de falta de Carlos Sánchez, que o zagueiro José Giménez subiu no terceiro andar e cabeceou no ângulo do goleiro egípcio, marcando o único gol do jogo.

O Egito foi valente e até tentou mostrar suas armas, principalmente a boa transição da defesa para o ataque, mas ficou nítido o quanto é dependente do talento e da ótima fase de Mohamed Salah. Ainda se recuperando de lesão sofrida na final da UEFA Champions League, o craque do Liverpool fez muita falta à sua seleção. Mas os Faraós mostraram um bom futebol. Tanto, que vamos profetizar: o Egito vencerá Rússia e Arábia Saudita, e se classificará para as oitavas de final.

Melhores momentos da partida:

● Ficha Técnica — Egito 0 x 1 Uruguai
Data: 15/06/2018 — Horário: 17h00 locais
Estádio: Estádio Central (Ekaterinburg Arena) — Cidade: Ecaterimburgo (Rússia)
Público: 27.015
Árbitro: Björn Kuipers (Holanda)
Gol: 89′ José Giménez (URU)
Cartões Amarelos: 90+6′ Ahmed Hegazy (EGI)
Egito (4-2-3-1): 23.Mohamed El-Shenawy; 7.Ahmed Fathi (C), 2.Ali Gabr, 6.Ahmed Hegazy e 13.Mohamed Abdel Shafy; 8.Tarek Hamed (5.Sam Morsy ↑50′) e 17.Mohamed Elneny; 22.Amr Warda (14.Ramadan Soby ↑82′), 19.Abdalla Said e 21.Trezeguet; 9.Marwan Mohsen (11.Kahraba ↑63′). Técnico: Héctor Cúper
Uruguai (4-4-2): 1.Fernando Muslera; 4.Guillermo Varela, 3.Diego Godín (C), 2.José Giménez e 22.Martín Cáceres; 6.Rodrigo Bentancur, 15.Matías Vecino (14.Lucas Torreira ↑87′), 8.Nahitan Nández (5.Carlos Sánchez ↑58′) e 10.Giorgian De Arrascaeta (7.Cristian Rodríguez ↑59′); 21.Edinson Cavani e 9.Luis Suárez. Técnico: Óscar Tabárez

 

… Marrocos 0 x 1 Irã


(Imagem: FIFA.com)

Possuir melhores jogadores nem sempre significa ter a melhor equipe e muito menos é garantia de vitória. Comparados aos iranianos, os atletas marroquinos são mais técnicos e possuem mais experiência no futebol europeu. E começaram a partida mostrando isso, dominando as ações e pressionando o adversário, mas sem conseguir chegar ao gol. E a melhor chance no primeiro tempo foi dos persas, em um belo contragolpe, quando Azmoun finalizou para uma grande defesa de El Kajoui – que ainda pegou o rebote de Jahanbakhsh.

Depois, o jogo esfriou até Belhanda preparar de cabeça para o chute de Ziyech de fora da área, mas o goleiro Beiranvand voou no canto direito para espalmar a bola.

Aos 49 minutos do segundo tempo, Haj Safi cobrou falta pela esquerda e Bouhaddouz foi infeliz ao cabecear para o próprio gol. No fim, não existe gol feio. Lindo, foi ver o Irã comemorar como um título mundial a sua segunda vitória na história das Copas. Em nove partidas até então, tinha vencido apenas o arqui-inimigo Estados Unidos, por 2 a 1, em 1998.

O Irã venceu a “sua Copa” paralela. Nenhuma dessas duas seleções devem ser páreo para Portugal e Espanha na sequência do grupo.

Melhores momentos da partida:

● Ficha Técnica — Marrocos 0 x 1 Irã
Data: 15/06/2018 — Horário: 18h00 locais
Estádio: Krestovsky Stadium (Saint Petesburg Stadium) — Cidade: São Petesburgo (Rússia)
Público: 62.548
Árbitro: Cüneyt Çakır (Turquia)
Gol: 90+5′ Aziz Bouhaddouz (IRA)(gol contra)
Cartões Amarelos: 10′ Masoud Shojaei (IRA); 34′ Karim El Ahmadi (MAR); 47′ Alireza Jahanbakhsh (IRA); 90+2′ Karim Ansarifard (IRA)
Marrocos (4-1-4-1): 12.Munir El Kajoui; 16.Nordin Amrabat (21.Sofyan Amrabat ↑76′), 5.Medhi Benatia (C), 6. Romain Saïss e 2.Achraf Hakimi; 8.Karim El Ahmadi; 14.Mbark Boussoufa, 10.Younès Belhanda, 7.Hakim Ziyech e 18.Amine Harit (4.Manuel da Costa ↑82′); 9.Ayoub El Kaabi (20.Aziz Bouhaddouz ↑77′). Técnico: Hervé Renard
Irã (4-1-4-1): 1.Alireza Beiranvand; 23.Ramin Rezaeian, 8.Morteza Pouraliganji, 4.Rouzbeh Cheshmi e 3.Ehsan Haj Safi; 9.Omid Ebrahimi (19.Majid Hosseini ↑81′); 7.Masoud Shojaei (C) (17.Mehdi Taremi ↑68′), 11.Vahid Amiri, 10.Karim Ansarifard e 18.Alireza Jahanbakhsh (14.Saman Ghoddos ↑85′); 20.Sardar Azmoun. Técnico: Carlos Queiroz

… Portugal 3 x 3 Espanha


(Imagem: FIFA.com)

Desde o sorteio, as expectativas eram altíssimas para essa partida. E a espera se pagou, com um dos melhores jogos das últimas Copas.

A Espanha nem teve tempo para impor seu ritmo, quando Cristiano Ronaldo pedalou para cima de Nacho dentro da área e sofreu pênalti discutível. Ele mesmo cobrou e converteu, após quatro minutos do apito inicial.

Depois, Gonçalo Guedes jogou fora duas chances claras para ampliar o marcador. Mas quem não faz…

Aos 24′, Diego Costa foi “Diego Costa”: em uma bola longa, foi sujo ao meter o braço na cara de Pepe (não é disputa por espaço, é agressão mesmo – normal, nas características de Diego). Na sequência, mostrou o que tem de melhor, chamando José Fonte para dançar, com dois belos cortes e o chute forte no cantinho direito de Rui Patrício. Um lindo gol, que não deveria ter sido validado pela equipe de arbitragem (e pelo VAR), já que houve a falta no início do lance.

A Espanha passou a jogar melhor e a controlar as ações. Mas, em um lance isolado, a bola sobrou para CR7 na meia lua. Do jeito que ela veio, ele chutou forte de esquerda, no meio do gol. Era uma defesa fácil para De Gea, mas ele se desconcentrou, preferindo reclamar com o bandeirinha ao pedir um impedimento inexistente. Acabou engolindo um frango, inaceitável para um dos melhores goleiros do mundo.

A Fúria voltou melhor também no segundo tempo e empatou o jogo aos 10′, após uma cobrança de falta ensaiada. David Silva cobrou no segundo pau, Busquets escorou para o meio e Diego Costa completou para o gol em cima da linha.

A merecida virada veio três minutos depois, quando uma bola rebatida pela defesa lusa sobrou para Nacho. O zagueiro/lateral do Real Madrid emendou de primeira, na veia, mandando um torpedo com efeito para o gol. A bola ainda bateu nas duas traves antes de entrar. Discutivelmente o mais bonito dos belos gols dessa partida.

A dois minutos do fim do tempo regulamentar, a Espanha continuava tendo a posse de bola e chances para ampliar, quando CR7 dominou uma bola na meia lua e sofreu falta tola de Piqué. O capitão português cobrou com maestria, colocando a bola por cima da barreira e tirando do alcance de De Gea. Uma cobrança perfeita, com alto grau de dificuldade, por causa da proximidade do gol. Cristiano tem seus truques e mostrou isso ao fugir de suas características para marcar seu “hat-trick”.

Ele chegou em seu melhor nível, descansando em vários jogos da temporada pelo Real Madrid. Com isso, entrou para a história dentre os jogadores que fizeram gols em quatro Copas do Mundo diferentes, igualando Pelé e os alemães Uwe Seeler e Miroslav Klose. O português havia marcado um gol em cada Copa que havia disputado (2006, 2010 e 2014). Agora, em uma partida já marca três e segue firme em busca da artilharia do Mundial. Outro feito importante foi ele ter marcado seu 84º gol pela seleção, se igualando ao húngaro Ferenc Puskás como o maior artilheiro de uma seleção européia em todos os tempos. Ambos perdem apenas para o iraniano Ali Daei e seus 109 gols.

Enquanto Portugal deixa claro que depende muito de seu maior craque, a Espanha mostra variações que não tinha mostrado até então, com um gol oriundo de lançamento longo, um de cobrança de falta ensaiada e um em chute de fora da área. Será que podemos falar em méritos de Fernando Hierro, estreando como técnico pela seleção? Muito cedo para isso, mas, se controlar o caldeirão dos vestiários, a Fúria deve seguir como uma das favoritas ao título da Copa de 2018.

Gols da partida:

● Ficha Técnica — Portugal 3 x 3 Espanha
Data: 15/06/2018 — Horário: 21h00 locais
Estádio: Olímpico de Fisht (Fisht Stadium) — Cidade: Sóchi (Rússia)
Público: 43.866
Árbitro: Gianluca Rocchi (Itália)
Gols: 4′ Cristiano Ronaldo (POR)(pen); 24′ Diego Costa (ESP); 44′ Cristiano Ronaldo (POR); 55′ Diego Costa (ESP); 58′ Nacho (ESP); 88′ Cristiano Ronaldo (POR)
Cartões Amarelos: 17′ Sergio Busquets (ESP); 28′ Bruno Fernandes (POR)
Portugal (4-2-3-1): 1.Rui Patrício; 21.Cédric, 3.Pepe, 6.José Fonte e 5.Raphaël Guerreiro; 14.William Carvalho e 8.João Moutinho; 16.Bruno Fernandes (10.João Mário), 11.Bernardo Silva (20.Ricardo Quaresma) e 17.Gonçalo Guedes (9.André Silva); 7.Cristiano Ronaldo (C). Técnico: Fernando Santos
Espanha (4-2-3-1): 1.David de Gea; 4.Nacho, 3.Gerard Piqué, 15.Sergio Ramos (C) e 18.Jordi Alba; 5.Sergio Busquets e 8.Koke; 6.Andrés Iniesta (10.Thiago), 21.David Silva (11.Lucas Vázquez) e 22.Isco; 19.Diego Costa (17.Iago Aspas). Técnico: Fernando Hierro

… 14/06/2018 – Rússia 5 x 0 Arábia Saudita

Três pontos sobre…
… 14/06/2018 – Rússia 5 x 0 Arábia Saudita


Denis Cheryshev bate forte e faz o segundo gol da partida (Imagem: FIFA.com)

● Pela fragilidade técnica das duas seleções, eram esperados poucos gols na partida de abertura da Copa do Mundo de 2018. Mas os 78.011 expectadores do estádio Luzhniki puderam assistir a cinco gols – alguns, para ver, rever e apreciar.

A Rússia não vencia uma partida desde 07/10/2017, quando bateu a Coreia do Sul por 4 x 2 em um amistoso. Desde então, eram quatro derrotas e três empates. Mas essa série foi quebrada justamente no momento mais importante: na partida inaugural da Copa do Mundo disputada em casa. E não foi uma vitória qualquer.

Os jogadores da Arábia Saudita não são fortes fisicamente. Era nítida a diferença em cada bola disputada, quando os russos (quase) sempre ganhavam no corpo. Mas a situação dessa quinta feira era ainda pior, pois o Ramadã acabou justamente hoje. E, apesar de respeitar e admirar muito esse aspecto religioso, é claro que o jejum deixa os atletas debilitados. Mas o Ramadã não justifica a ruindade dos sauditas.

Até o ano passado, dirigida pelo técnico Bert van Marwijk, a Arábia Saudita era um time que se fechava como podia e saía nos contra-ataques. Mas Juan Antonio Pizzi mudou completamente o estilo de jogo, com uma excessiva posse de bola estéril. E isso se repetiu hoje.

A Rússia tinha todos os contra-ataques à sua disposição. Aproveitou apenas alguns deles. E foi mais que o suficiente.


A Rússia jogou no 4-2-3-1, sistema mais utilizado no mundo atualmente


A Arábia Saudita povoou o meio campo com o sistema 4-5-1

● O volante Yury Gazinsky (surpresa na escalação titular) abriu o placar de cabeça, aproveitando uma bola cruzada na área após um escanteio aos doze minutos.

Aos 24′, Alan Dzagoev, experiente e expoente de talento, sentiu uma lesão muscular e deixou o campo para dar lugar a Denis Cheryshev.

E foi justamente Cheryshev quem ampliou aos 43′. Em um belo contragolpe puxado por Aleksandr Golovin (guardem esse nome!), Roman Zobnin deixou o camisa 6 em boa posição para finalizar. Ele se livrou de dois marcadores com um lindo corte pelo alto e chutou forte no ângulo do goleiro Al-Mayouf.

Depois, os anfitriões pararam de jogar e deixaram o tempo correr por todo o segundo tempo. Até que Artem Dzyuba entrou em campo a fim de fazer seu gol. E ele fez aos 26′, de cabeça, aproveitando cruzamento pelo alto de Golovin.

O placar de 3 x 0 já era maiúsculo. Mas no primeiro minuto de acréscimo, Cheryshev fez um golaço do bico esquerdo da área, com o lado externo do pé, encobrindo o goleiro saudita. Cheryshev só fez golaços.

No último lance do jogo, Golovin coroou sua atuação de ouro com um golaço de falta.

Para a FIFA, Cheryshev foi o melhor em campo. Nós preferimos dar esse prêmio a Golovin, com um gol e duas assistências.

Agora, tanto pela vitória quanto pelo placar, a Rússia coloca pressão nos demais adversários do Grupo A. Uruguai e Egito devem se digladiar amanhã para conseguir os três pontos. E os russos partem com moral para enfrentar os egípcios na próxima terça feira.

Essa foi a segunda maior goleada dentre todas as partidas de abertura das Copas do Mundo. A maior foi Itália 7 x 1 Estados Unidos, em 1934, como contamos aqui.


Denis Cheryshev marcou dois belíssimos gols na abertura do Mundial (Imagem: FIFA.com)

FICHA TÉCNICA:

 

RÚSSIA 5 x 0 ARÁBIA SAUDITA

 

Data: 14/06/2018

Horário: 18h00 locais

Estádio: Olímpico Luzhniki

Público: 78.011

Cidade: Moscou (Rússia)

Árbitro: Néstor Pitana (Argentina)

 

RÚSSIA (4-2-3-1):

ARÁBIA SAUDITA (4-5-1):

1  Igor Akinfeev (G)(C)

1  Abdullah Al-Mayouf (G)

2  Mário Fernandes

6  Mohammed Al-Breik

3  Ilya Kutepov

3  Osama Hawsawi (C)

4  Sergei Ignashevich

5  Omar Hawsawi

18 Yuri Zhirkov

13 Yasser Al-Shahrani

8  Yury Gazinsky

14 Abdullah Otayf

11 Roman Zobnin

7  Salman Al-Faraj

19 Aleksandr Samedov

17 Taisir Al-Jassim

9  Alan Dzagoev

18 Salem Al-Dawsari

17 Aleksandr Golovin

8  Yahya Al-Shehri

10 Fyodor Smolov

10 Mohammad Al-Sahlawi

 

Técnico: Stanislav Cherchesov

Técnico: Juan Antonio Pizzi

 

SUPLENTES:

 

 

12 Andrey Lunyov (G)

21 Yasser Al-Mosailem (G)

20 Vladimir Gabulov (G)

22 Mohammed Al-Owais (G)

5  Andrei Semyonov

2  Mansoor Al-Harbi

13 Fyodor Kudryashov

4  Ali Al-Bulaihi

14 Vladimir Granat

23 Motaz Hawsawi

23 Igor Smolnikov

9  Hattan Bahebri

7  Daler Kuzyayev

11 Abdulmalek Al-Khaibri

21 Aleksandr Yerokhin

12 Mohamed Kanno

15 Aleksei Miranchuk

15 Abdullah Al-Khaibari

16 Anton Miranchuk

16 Housain Al-Mogahwi

6  Denis Cheryshev

19 Fahad Al-Muwallad

22 Artem Dzyuba

20 Muhannad Assiri

 

GOLS:

12′ Yury Gazinsky (RUS)

43′ Denis Cheryshev (RUS)

71′ Artem Dzyuba (RUS)

90+1′ Denis Cheryshev (RUS)

90+3′ Aleksandr Golovin (RUS)

 

CARTÕES AMARELOS:

88′ Aleksandr Golovin (RUS)

90+3′ Taisir Al-Jassim (RUS)

 

SUBSTITUIÇÕES:

24′ Alan Dzagoev (RUS) ↓

Denis Cheryshev (RUS) ↑

 

64′ Abdullah Otayf (ARA) ↓

Fahad Al-Muwallad (ARA) ↑

 

64′ Aleksandr Samedov (RUS) ↓

Daler Kuzyayev (RUS) ↑

 

70′ Fyodor Smolov (RUS) ↓

Artem Dzyuba (RUS) ↑

 

72′ Yahya Al-Shehri (ARA) ↓

Hattan Bahebri (ARA) ↑

 

85′ Yahya Al-Shehri (ARA) ↓

Hattan Bahebri (ARA) ↑

Gols da partida:

… 14/06/1982 – Brasil 2 x 1 União Soviética

Três pontos sobre…
… 14/06/1982 – Brasil 2 x 1 União Soviética


(Imagem: Blog do Barath)

● A Copa do Mundo de 1982 foi a porta de entrada para muitos amantes do futebol. Se ela não faz parte das boas memórias de muitos brasileiros, deixou saudades nos amantes do esporte. Analisando friamente os Mundiais seguintes, chega-se à conclusão de que aquele foi o início do fim do belo futebol, com três ou quatro craques em várias equipes.

Existia um favorito destacado: o Brasil de Zico, Falcão, Sócrates, Cerezo, Júnior e companhia ilimitada. Mas havia várias outras seleções com muita técnica e elevado nível tático, como a França de Michel Platini, Rocheteau, Giresse e Tigana; a Itália, de Dino Zoff, Scirea, Bruno Conti e Paolo Rossi; a Polônia, de Lato, Boniek e Zmuda; a Alemanha de Rummenigge, Paul Breitner e Littbarski; a então campeã Argentina de Passarella, Ardiles, Mario Kempes e do jovem Maradona; a injustiçada Argélia de Madjer e Belloumi; a União Soviética do goleiro Dasayev e do atacante Oleg Blokhin. Isso sem falar em seleções tradicionais, como Inglaterra, Espanha, Iugoslávia, Bélgica, Áustria e Escócia.

Mesmo diante de todos esses enormes adversários, o futebol refinado da Seleção Brasileira se destacava e sua torcida esbanjava alegria e auto-confiança, também influenciada pelo ufanismo da imprensa nacional. Onde quer que o esquadrão de Telê Santana estivesse, estava junto uma caravana de torcedores fanáticos e barulhentos, proporcionando um verdadeiro carnaval.

Para nós, apaixonados por futebol, aquela Seleção encarnou como poucas o conceito de futebol-arte. A escalação está sempre fresca na memória. Porém, faltaram duas unanimidades: o goleiro Leão, por opção de Telê, e o centroavante Careca, que era titular da equipe, mas se lesionou a menos de um mês do início do Mundial.

Com um toque de bola refinado e objetivo, aquela equipe encantou o mundo. Tinha um goleiro experiente (Waldir Peres), uma dupla de zaga que se completava (Oscar e Luizinho), dois laterais ofensivos (Leandro e Júnior), dois volantes extremamente técnicos (Falcão e Cerezo), dois meias geniais (Zico e Sócrates) e dois atacantes fortes (Éder e Serginho). Todos dirigidos pelo Mestre Telê Santana.

O retrospecto antes da Copa referendava o favoritismo brasileiro: em 31 partidas, foram 23 vitórias, seis empates e apenas duas derrotas, com 75 gols marcados e 19 sofridos. Com tudo isso, o Brasil chegou à Espanha cheio de expectativas.


Taticamente, o Brasil foi a campo tendo o 4-3-3 como referência, com Dirceu escalado inicialmente como um falso ponta direita. Sem a bola, defendia em um 4-2-3-1. Com a bola, avançava em um 4-1-4-1, com Sócrates e Falcão se revezando na proteção à defesa.


A URSS também foi escalada baseada no 4-3-3. Sem a bola, a defesa e o meio fazia uma linha de quatro jogadores. Com a bola, Gavrilov era o jogador chave para emular o 4-3-1-2, se posicionando à frente de Bal’, Daraselia e Bessonov e sendo o principal articulador das tramas ofensivas. Mais avançados, Shengelia e Blokhin se movimentavam intensamente pelos dois lados do ataque.

● Finalmente havia chegado o dia 14 de junho! O país inteiro parou diante da TV para assistir à estreia brasileira na Copa do Mundo.

O time soviético havia vencido o Brasil dois anos antes, em pleno Maracanã. Era uma boa equipe, com jogadores de alto nível, como o goleiro Dasayev, o zagueiro e capitão Chivadze, os meias Dem’yanenko e Bessonov e, principalmente, o atacante Blokhin. Ainda assim, o mínimo que se esperava era um “baile” do Brasil.

Telê surpreendeu a todos já na escalação, ao colocar Dirceu na vaga do suspenso Toninho Cerezo, barrando Paulo Isidoro, que tinha passado quase toda a preparação no time titular.

Após o apito inicial, a Seleção Canarinho foi logo protagonizando uma bela troca de passes entre Falcão, Leandro, Dirceu e Sócrates.

Logo aos dois minutos, Dirceu roubou a bola de Chivadze e tocou para Zico, que avançou, passou por um adversário e chutou forte. Dasayev espalmou para escanteio, já mostrando logo de cara que seria muito difícil passar pela parede do goleiro soviético.

Aos 3′, Éder cobrou escanteio da direita, com muito efeito. Dasayev não conseguiu afastar e Serginho perdeu um gol feito ao furar a cabeçada.

Os soviéticos acordaram dois minutos depois. O perigosíssimo Oleg Blokhin passou como quis por Leandro e cruzou para Bal’ cabecear com perigo.

No lance seguinte, Zico arrancou com liberdade e passou para Júnior, que avançava pela meia esquerda. O lateral brasileiro finalizou, mas Dasayev fez uma defesa segura.

Aos 8, Sócrates lançou Chulapa no costado da zaga, mas o camisa 9 pegou mal na bola e chutou por cima do gol.


A defesa soviética estava sempre muito fechada e atenta (Imagem: Blog do Ramon Paixão)

Aos 18, Luizinho deu uma mostra do seu nervosismo pela estreia. Ele puxou Shengelia dentro da área. Pênalti claríssimo, ignorado pelo árbitro espanhol Augusto Lamo Castillo.

Era uma belíssima partida, muito intensa. A URSS saía para o jogo e o Brasil fazia transições ofensivas rápidas, em contra-ataques perigosos.

Mas era muito difícil que as duas equipes mantivessem o ritmo forte e o jogo teve uma queda no nível, mas a Seleção Brasileira continuou controlando melhor as ações.

Porém, aos 34 minutos de jogo, depois de uma troca de passe soviética na intermediária ofensiva, Bal’ arriscou um chute despretensioso, da intermediária. A bola foi fraca, no meio do gol, em cima de Waldir Peres. Mas ele não a segurou, deixando escapar para esquerda e entrar no gol. Waldir engoliu um dos maiores frangos da história das Copas. Injusto com a história desse grande goleiro, mas uma falha indesculpável para seu nível.

Aos 36′, a bola bateu no braço de Baltacha dentro da grande área russa. Depois da grande reclamação dos brasileiros, especialmente de Sócrates, Castillo resolveu marcar apenas a jogada perigosa do zagueiro, ao invés de pênalti.

Aos 42, grande chance perdida pelos soviéticos. A defesa brasileira falhou e Bessonov perdeu um gol feito ao chutar na trave o rebote de um cruzamento.


O capitão Sócrates foi fundamental para que o Brasil pudesse virar o marcador (Imagem: Anotando Fútbol)

Telê não gostou muito do que viu de Dirceu em campo e o substituiu por Paulo Isidoro no intervalo. Essa nova formação era mais próxima técnica e taticamente da que fora treinada e testada nos dois anos anteriores ao Mundial. Com isso, o Brasil passou a trabalhar melhor a bola e pressionar mais no segundo tempo.

Aos 15 minutos, a superioridade dos sul-americanos era clara. Mas mesmo com o domínio territorial e físico, o Brasil abusava dos chuveirinhos na área em busca de uma finalização de Serginho, em vez de seguir seu próprio estilo de troca de passes. Era um time nervoso e ansioso para definir logo as jogadas.

A URSS se fechava toda e mantinha praticamente nove jogadores entrincheirados dentro de sua intermediária defensiva. Com o perdão do trocadilho, era uma “Cortinha de Ferro” difícil de ser ultrapassada. Assim, mesmo com toda a qualidade técnica e posse de bola, o Brasil só conseguia assustar com tiros de longa distância.

Leandro parou nas mãos de Dasayev e depois em um desvio do capitão Chivadze. Éder primeiro chutou perigosamente, mas por cima. Depois, aos 25′, o canhão do camisa 11 obrigou Dasayev a desviar para escanteio.

Enquanto a URSS segurava o placar, o Brasil tentava igualar e o tempo passava rápido. Estava claro qual seria a solução para os brasileiros: uma jogada de um de seus gênios e finalização de fora da área.


Sócrates passa por dois adversários e chuta forte para empatar a partida (Imagem: Memória Globo)

Foi o que aconteceu aos 30 minutos. A defesa vermelha afastou um cruzamento de Éder. Sócrates ficou com a sobra, passou por dois marcadores e chutou da intermediária. Foi um verdadeiro “pombo sem asas”, que morreu no ângulo direito do grande goleiro soviético, que dessa vez nada pôde fazer. A quinze minutos do fim, finalmente a partida estava empatada.

Aos 32′, enfim Serginho ganhou uma bola pelo alto da zaga rival e ajeitou para Zico na pequena área. O Galinho, mesmo desequilibrado, se esticou todo e finalizou com o bico da chuteira e a bola passou rente a trave direita de Dasayev.

Aos 36′, o ansioso Luizinho cometeu novo pênalti, novamente não marcado pelo juiz. Ele cortou com a mão um lançamento longo de Blokhin. Os equívocos da arbitragem ajudavam o Brasil: dois graves erros a favor e apenas um contra.

Os soviéticos voltaram a assustar e marcaram um gol em impedimento, mas desta vez o árbitro acertou ao invalidar logo o lance.


Éder decidiu a partida, com um foguete de fora da área (Imagem: Blog do Barath)

A dois minutos do apito final, enquanto o comentarista da TV Globo Márcio Guedes tentava justificar o empate, o Brasil atacava. Paulo Isidoro dominou na direita e tocou para o meio. O genial Falcão abriu as pernas, fazendo o corta-luz. Da meia-lua, Éder já dominou levantando a bola e, sem a deixar cair, emendou um petardo no contrapé do goleiro. Desaev teve a lucidez de notar que não havia nada a fazer.

Era a virada. Agora estava 2 a 1 para a Seleção que não merecia perder nunca.

Dasayev pegou tudo que deu. Entre defesas difíceis e cruzamentos interceptados, foram 18 intervenções.

Mas ainda havia tempo para mais. Serginho fez uma grande jogada, passando pelo seu marcador e batendo cruzado. Zico tentou chegar de carrinho, mas não alcançou a bola.

Foram dois minutos de acréscimos, nos quais Luciano do Valle, então na TV Globo, narrava dramaticamente os instantes finais da estreia brasileira. Justamente quando Falcão entrava cara a cara com o goleiro russo, o péssimo árbitro Lamo Castillo encerrou a partida. Provavelmente seria o terceiro gol do Brasil.

De qualquer forma, apesar do aparente nervosismo de alguns jogadores, valeu pela vitória de virada e pela demonstração de que o Brasil era, sim, o grande favorito ao título da Copa de 1982.

Ficaram alguns questionamentos. Waldir Peres sofreu um gol ridículo. Leandro não conseguiu parar Blokhin. Luizinho cometeu dois pênaltis. Serginho cansou de perder gols.


Éder comemora o gol da virada (Imagem: Blog do Ramon Paixão)

● Falcão fez um belo trabalho cobrindo as subidas dos dois laterais. Dirceu e Paulo Isidoro preencheram bem o lado direito, dando equilíbrio ao time. Nas partidas seguintes, com a volta de Toninho Cerezo ao time titular e sem ninguém de ofício na posição, o lado direito ficou fragilizado e esse equilíbrio não existiu mais.

Sobre essa partida, Zico fez algumas ponderações para o excelente livro “Sarriá 82”, de Gustavo Roman e Renato Zanata:

“Eu sei que naquele jogo deu pena do Serginho, porque ele teve tantas oportunidades, desperdiçou tantos gols. Nós entramos massacrando a União Soviética, Dasayev pegou tudo, e aí os caras foram lá e fizeram um gol. Dasayev foi o melhor jogador em campo, e, para vazá-lo, só mesmo daquela forma que os gols acabaram saindo. Aconteceu o lance dos pênaltis (não marcados em favor da URSS). Eu acho que o mais vergonhoso foi o do segundo tempo. De onde eu estava, não vi direito. Depois é que eu vi na televisão e falei ‘não é possível’, foi muito vergonhoso. No primeiro tempo acho que o cara (Shengelia) forçou um pouquinho.”

Telê Santana confessaria também: “Sofri muito, mas este foi um dos maiores jogos que vi na minha vida”.

Falcão (Roma, Itália) e Dirceu (Atlético de Madrid, Espanha) foram oficialmente os dois primeiros jogadores que atuavam fora do Brasil a serem convocados para uma Copa do Mundo. Em 1934, Patesko e Luiz Luz atuavam no Nacional, do Uruguai, mas foram inscritos como atletas da CBD, porque naquela época o Brasil só permitia amadores na Seleção e os times uruguaios eram profissionais.

A Roma, inclusive, exigiu que a CBF fizesse um seguro de 5 milhões de dólares para que Falcão pudesse atuar na Copa. Felizmente ele não teve nenhum problema físico e seria um personagem fundamental em seu clube na temporada 1982/83, liderando a Roma na conquista da Serie A.

Curiosamente, nessa vitória brasileira sobre a URSS, os travessões do estádio Sánchez Pizjuán, em Sevilha, estavam 2,5 centímetros mais baixos que o estipulado pelas regras do futebol (2,44 metros). O problema foi detectado por um ex-goleiro iugoslavo no dia seguinte à partida e o estádio só foi utilizado novamente na semifinal entre Alemanha e França, já com as traves corrigidas.

Enquanto seus principais concorrentes passavam apuros, o Brasil dava show. Foram exibições de gala e gols antológicos na sequência do Grupo 6 da primeira fase, quando golearia a Escócia por 4 a 1 e a Nova Zelândia por 4 a 0. No Grupo C da segunda fase, a Seleção deu um show na vitória por 3 a 1 sobre a Argentina e jogaria por um empate contra a Itália. Ah, Itália! Com três gols do eterno carrasco Paolo Rossi, os italianos venceram os brasileiros por 3 a 2 na “Tragédia do Sarriá” e seguiram caminho rumo ao seu tricampeonato.

A União Soviética ficou em segundo 6. Após a derrota para o Brasil, venceu a Nova Zelândia (3 x 0) e empatou com a Escócia (2 x 2). No Grupo A da fase seguinte, venceu a Bélgica por 1 a 0 e empatou sem gols com a Polônia. Ficou fora das semifinais apenas no saldo de gols, pois a Polônia havia vencido a Bélgica por 3 a 0.


Gol de empate do Brasil, marcado por Sócrates (Imagem: Marco Sousa / Fox Sports)

FICHA TÉCNICA:

 

BRASIL 2 x 1 UNIÃO SOVIÉTICA

 

Data: 14/06/1982

Horário: 21h00 locais

Estádio: Ramón Sánchez Pizjuán

Público: 68.000

Cidade: Sevilha (Espanha)

Árbitro: Augusto Lamo Castillo (Espanha)

 

BRASIL (4-3-3):

UNIÃO
SOVIÉTICA (4-3-3):

1  Waldir Peres (G)

1  Rinat Dasayev (G)

2  Leandro

2  Tengiz Sulakvelidze

3  Oscar

3  Aleksandr Chivadze (C)

4  Luizinho

5  Sergei Baltacha

6  Júnior

6  Anatoliy Dem’yanenko

15 Falcão

12 Andriy Bal

8  Sócrates (C)

8  Vladimir Bessonov

10 Zico

13 Vitaly Daraselia

21 Dirceu

9  Yuri Gavrilov

9  Serginho Chulapa

7  Ramaz Shengelia

11 Éder

11 Oleg Blokhin

 

Técnico: Telê Santana

Técnico: Konstantin Beskov

 

SUPLENTES:

 

 

12 Paulo Sérgio (G)

22 V’yacheslav Chanov (G)

22 Carlos (G)

21 Viktor Chanov (G)

13 Edevaldo

4  Vagiz Khidiyatullin

14 Juninho Fonseca

14 Sergey Borovskiy

16 Edinho

20 Oleg Romantsev

17 Pedrinho Vicençote

18 Yuri Susloparov

5  Toninho Cerezo

17 Leonid Buryak

18 Batista

10 Khoren Oganesian

7  Paulo Isidoro

19 Vadim Yevtushenko

19 Renato Pé Murcho

16 Sergey Rodionov

20 Roberto Dinamite

15 Sergey Andreyev

 

GOLS:

34′ Andriy Bal‘ (URSS)

75′ Sócrates (BRA)

88′ Éder (BRA)

 

SUBSTITUIÇÕES:

INTERVALO Dirceu (BRA) ↓

Paulo Isidoro (BRA)

 

74′ Yuri Gavrilov (URSS) ↓

Yuri Susloparov (URSS)

 

89′ Ramaz Shengelia (URSS) ↓

Sergey Andreyev (URSS)

Gols e lances polêmicos do jogo:

Melhores momentos da partida (em português):

Gol marcado por Sócrates:

Gol marcado por Éder:

… 13/06/2014 – Holanda 5 x 1 Espanha

Três pontos sobre…
… 13/06/2014 – Holanda 5 x 1 Espanha


Arjen Robben liderou a Oranje até as semifinais. Discutivelmente, foi o melhor jogador da Copa de 2014 (Imagem: UOL)

● Quis o destino que a terceira partida da Copa do Mundo de 2014 fosse a reedição da final de 2010. Era o jogo mais esperado da primeira fase. Espanha e Holanda não haviam se enfrentado desde então. Mas as situações das duas seleções estavam muito diferentes de quatro anos antes.

Após o título de 2010, a Espanha entrou para o grupo das grandes seleções do planeta, conquistando o respeito que tanto buscou ao longo das décadas. E continuou dominando o continente ao vencer a Eurocopa de 2012 (goleando a Itália na final por 4 x 0). Aliás, o futebol nunca tinha visto antes uma supremacia tão grande, com a Roja vencendo a Euro 2008, o Mundial de 2010 e a Euro 2012. Desde a Copa de 2010, a Espanha havia jogado 52 vezes, com 38 vitórias, 8 empates e 6 derrotas.

O técnico Vicente Del Bosque se manteve agarrado aos seus medalhões e seguiu leal àqueles que levaram a Fúria às glórias, mesmo com a evidente queda de nível. O estilo de jogo manjado permanecia, mas sem a mesma objetividade de antes. Ainda assim, era difícil de ser batido. Mesmo com uma geração envelhecida, era novamente uma das favoritas para continuar com a taça de campeã do mundo. A equipe jogava por música, com o tiki-taka regido pelos maestros Xavi e Iniesta.

Era um time experiente. Contava com seu capitão Iker Casillas, que havia conquistado a UEFA Champions League pelo Real Madrid vinte dias antes, assim como Sergio Ramos e Xabi Alonso. O time base ainda era o Barcelona, de Xavi, Andrés Iniesta, Gerard Piqué, Sergio Busquets, Jordi Alba e Pedro. O Atlético de Madrid também estava em alta, cedendo Juanfran, Koke, David Villa e Diego Costa.

Eram poucas as diferenças entre os titulares 2010 e 2014. Sérgio Ramos passou para a zaga, no lugar do lesionado Carles Puyol, abrindo vaga para César Azpilicueta na lateral direita. Jordi Alba ocupou a lateral esquerda, no lugar do veterano Joan Capdevila. No ataque, David Villa perdeu a vaga para Diego Costa.

Mas Del Bosque mudou completamente as características do time titular ao inserir Diego Costa no ataque. O brasileiro estava em excelente fase e é um jogador de muita qualidade, mas com virtudes diferentes do restante da equipe. Era (e ainda é) um atacante de força para concluir as jogadas criadas pelo meio campo altamente técnico. Ou daria muito certo, ou daria tudo errado.


A Espanha ainda era considerada a melhor seleção do mundo. Era a favorita destacada, juntamente com o Brasil, dono da casa (Imagem: UOL)

● Por sua vez, a seleção holandesa não vivia uma fase tão boa e raramente era citada no noticiário internacional. Desde a final de 2010, disputou 46 partidas, vencendo 27, empatando 11 e perdendo 8.

O técnico Bert van Marwijk tinha sido demitido após a equipe cair na primeira fase, perder os três jogos e ficar em penúltimo lugar na Euro 2012 (a frente apenas da Irlanda no saldo de gols). Louis van Gaal foi chamado para liderar a Oranje nas eliminatórias para a Copa de 2014, o que conseguiu com sucesso. Sua missão era renovar o elenco e fazer a Laranja voltar a praticar um futebol vistoso.

A renovação foi feita. Eram apenas quatro remanescentes de 2010: Nigel de Jong, Wesley Sneijder, Arjen Robben e Robin van Persie – que era o capitão e, nesse ciclo, se tornou o maior goleador da história de sua seleção.

A linha de frente consagrada seguia a mesma, mas continuava faltando talento nas demais posições. A Oranje estava sob desconfiança. Para atrapalhar ainda mais, dois jogadores importantes no meio campo foram cortados por lesão: Kevin Strootman e o experiente Rafael Van der Vaart.

Na parte final da preparação para a competição, Van Gaal passou a testar uma variação do sistema 5-3-2, quase um 5-4-1. Uma heresia, se comparado ao tradicional e enraizado 4-3-3 holandês. Mas, na prática, além de fortalecer o sistema defensivo, o esquema passou a distribuir melhor os jogadores dentro de campo, de forma que ocupassem o máximo de espaços possíveis.


A Espanha entrou em campo com seu 4-3-3 tradicional, com Iniesta e David Silva nas pontas e Diego Costa se movimentando muito para tentar fazer o pivô.


Van Gaal escalou a Holanda em um inóspito 5-3-2, que havia sido ensaiado desde a lesão de Strootman. Com isso, deu liberdade total a Robben e Van Persie.

● Assim, “Espanha x Holanda” se tornou o primeiro de vários grandes jogos que veríamos na Arena Fonte Nova, em Salvador, pela Copa do Mundo de 2014.

A Espanha entrou em campo pensando em uma vitória protocolar. A Holanda entrou com sangue nos olhos.

No primeiro tempo, a Espanha manteve seu estilo de jogo. O toque de bola envolvente era o mesmo, mas faltava a aproximação do gol adversário. Com a bola nos pés, a Holanda parecia realmente não ser uma adversária à altura. Mas marcava forte, tentando encurtar os espaços no meio e fechando as laterais.

De ambos os lados, as chances apareciam em chutes da intermediária e em bolas cruzadas na área, sem causar maiores ameaças. Mas, no sétimo minuto, a Holanda assustou. Robben deu um passe perfeito, mas Sneijder finalizou em cima de Casillas.

Aos 27 minutos, o eterno maestro Xavi fez um lançamento da intermediária para Diego Costa. O brasileiro dominou dentro da área e deixou o pé para ser tocado pelo carrinho de De Vrij. Costa foi um belo ator e o árbitro italiano Nicola Rizzoli assinalou o pênalti. Na cobrança, Xabi Alonso bateu no canto. Cillessen acertou o lado, mas não conseguiu alcançar a bola. Era o início perfeito para que a hegemonia espanhola se perpetuasse.


Diego Costa cai na área e o árbitro marca pênalti inexistente (Imagem: AP Photo / Wong Maye-E / UOL)

O jogo seguiu e a Holanda não encontrava brechas para tentar o empate. Pelo contrário, corria chances de levar mais. Aos 43′, a Espanha teve uma grande chance para ampliar. O sempre genial Iniesta deu um passe primoroso para David Silva ficar cara do gol, mas ele tentou encobrir Cillessen e o goleiro salvou com a ponta dos dedos.

Como diz um velho ditado: “Quem não faz, leva”. E a Espanha levaria.

No minuto seguinte, Blind recebeu pela esquerda, viu Casillas adiantado e Van Persie se projetando para a área no costado da zaga. O camisa 5 fez um lançamento justo e perfeito para o centroavante, que voou ao encontro da bola, mergulhando em pleno relvado da Arena Fonte Nova, deixando pasmos os 48.173 expectadores. A bola encobriu o goleiro espanhol e morreu no fundo das redes. Uma verdadeira obra de arte.

Um dos gols mais bonitos de todos os Mundiais, que derrubou a invencibilidade de 476 minutos de Casillas sem tomar gols em Copas do Mundo. O último gol que o capitão espanhol havia sofrido tinha sido contra o Chile (2 x 1) ainda na primeira fase da Copa de 2010. Se ele tivesse se mantido sem sofrer gols, bateria o recorde histórico do italiano Walter Zenga, que ficou 517 minutos invicto em 1990.


Robin van Persie e seu lindo mergulho para empatar a partida (Imagem: Giffer.com)

● Esse golaço deu um novo ânimo à Oranje. A Espanha mostrou não ser imbatível. Mas poucos esperavam o que se seguiria depois do intervalo. A Holanda cresceu, se postando mais firme na defesa, pressionando a saída de bola, trocando passes com precisão e aproveitando a velocidade do ataque.

Aos oito minutos, a redenção do craque. Sneijder dominou no meio do campo e abriu para Blind na esquerda. Um novo lançamento perfeito, dessa vez para Arjen Robben. Dentro da área, mesmo cercado, ele faz uma das suas jogadas características. Dominou com a perna esquerda cortando para o meio, passou com facilidade por Piqué e chutou forte para virar o placar e exorcizar o fantasma que lhe assombrou desde o gol feito que errou na final do Mundial quatro anos antes.

A Espanha sentiu o golpe. E a Holanda ainda estava sedenta por gols e vingança. Não bastava vencer. Nessa partida, a Holanda pareceu recordar levemente a “Laranja Mecânica”, aquela de 40 anos antes, que esmagava seus adversários sem dar qualquer chance.

Aos 15′, um contra-ataque de manual iniciado por Janmaat, que passou para Sneijder e partiu para o ataque. Sneijder deixou com Robben, que avançou em velocidade e devolveu para Janmaat, na entrada da área. O lateral ajeitou bonito e Van Persie chutou forte de perna direita. A bomba acertou o travessão e foi para fora.

Aos 19′, Sneijder cobrou falta da ponta esquerda, cruzando para a área. Casillas saiu mal do gol, se chocando com Van Persie e pedindo, em vão, a falta que não existiu. No segundo pau, De Vrij aproveitou a sobra e cabeceou para anotar o terceiro gol.

Pensando em um novo gás no ataque e em tentar voltar para o jogo, Del Bosque colocou Pedro e Fernando Torres no ataque. Mas o que já era uma dolorida derrota, ficaria ainda pior. Os ibéricos tentaram sair com tudo para o ataque e ofereceram o contra-golpe aos holandeses – seu maior ponto forte. Com um espaço enorme entre o meio campo e a defesa adversária, Robben e Van Persie deitaram e rolaram.


Arjen Robben deixa Casillas no chão antes de marcar o último gol do jogo (Imagem: Folha / UOL)

No minuto 27, Janmaat cobrou um arremesso lateral, Sérgio Ramos recuperou a bola e a recuou para Casillas. O goleiro dominou errado e perdeu a dividida com Van Persie. O capitão holandês só empurrou para o gol vazio, marcando o quarto.

Enquanto a Espanha torcia pelo final da partida, a Holanda queria ainda mais. E ainda faltavam longos 18 minutos. Três gols atrás, a Fúria atacava desordenadamente e deixava espaços na marcação.

Aos 35, Arjen Robben (sempre ele) bateria o último dos cinco pregos no caixão do campeão do mundo. Após um roubo de bola no meio campo, Sneijder fez um lançamento em profundidade para Robben. O camisa 11 ganhou em velocidade de Sergio Ramos, dominou já deixando Casillas no chão, cortou de volta para o meio e bateu de esquerda. Nessa arrancada, Robben bateu o recorde de velocidade de um jogador em Copas do Mundo, com 37 km/h. A marca anterior era de Theo Walcott, com 35,7 km/h. Mas não bastava apenas marcar o gol. Antes, era preciso humilhar Casillas, com uma sequência de dribles em cima do capitão espanhol, que ficou estatelado no chão. Era a vingança pessoal de Robben contra o mesmo Casillas que lhe negou o gol do título quatro anos antes.

Mas o placar só não foi mais amplo, porque no final da partida, os holandeses preferiram lances de efeito ao invés de qualquer nova tentativa de gol. Ainda assim, Casillas fez duas ótimas defesas impedindo um vexame ainda maior.


O consagrado Iker Casillas dessa vez não se deu muito bem contra a Espanha (Imagem: UOL)

● A Bahia é a terra da alegria, que dessa vez foi holandesa. Aos espanhóis, apenas a perplexidade de não saber nem o que estava acontecendo. Foi emblemático o momento em que Del Bosque passou a mão sobre a cabeça de todos os seus reservas, incrédulos, com lágrimas nos olhos.

A vitória esmagadora sobre a campeã do mundo fez a seleção holandesa recuperar a confiança. A equipe que era cotada para sofrer um vexame, dava ela própria uma surra em um grande rival. Difícil falar em vingança de 2010, já que não valeu o título mundial. Mas valeu a desforra.

A humilhação estava completa. Em toda a história, essa foi a maior derrota sofrida por uma seleção que ostentava o título de campeã mundial. E a derrota por 5 a 1 ficou até barata. Poderiam ter sido pelo menos 7 a 1 – placar que viríamos mais tarde entre duas outras favoritas.

A Espanha perdeu toda sua motivação e a aura de invencível. Na sequência, foi derrotada pelo bravo Chile por 2 a 0. Já eliminada, venceu a Austrália por 3 x 0. Voltar para casa mais cedo não estava nos planos dos espanhóis, mas serviu para trazê-los de volta à realidade.

O bom resultado embalou a Oranje na competição. Teve trabalho para bater a Austrália por 3 x 2, mas venceu o Chile por 2 x 0 e garantiu o primeiro lugar do Grupo B. Nas oitavas de final, vitória controversa sobre o México por 2 x 1, com um gol de pênalti (inexistente) nos últimos minutos. Nas quartas de final, parou no paredão da Costa Rica e venceu nos pênaltis. Nas semifinais, após novo empate sem gols, perdeu nas penalidades para a Argentina. Mas saiu do torneio em alta, após terminar em 3º lugar, ao derrotar o anfitrião Brasil por 3 x 0. Era mais do que esperavam no início do Mundial, mas menos do que seu potencial demonstrou na competição.


Louis van Gaal conseguiu “espremer a laranja” e tirou o melhor de sua equipe na partida (Imagem: UOL)

FICHA TÉCNICA:

 

HOLANDA 5 x 1 ESPANHA

 

Data: 13/06/2014

Horário: 16h00 locais

Estádio: Arena Fonte Nova

Público: 48.173

Cidade: Salvador (Brasil)

Árbitro: Nicola Rizzoli (Itália)

 

HOLANDA (5-3-2):

ESPANHA (4-2-3-1):

1  Jasper Cillessen (G)

1  Iker Casillas (G)(C)

7  Daryl Janmaat

22 César Azpilicueta

2  Ron Vlaar

3  Gerard Piqué

3  Stefan de Vrij

15 Sergio Ramos

4  Bruno Martins Indi

18 Jordi Alba

5  Daley Blind

16 Sergio Busquets

6  Nigel de Jong

14 Xabi Alonso

8  Jonathan de Guzmán

8  Xavi

10 Wesley Sneijder

6  Andrés Iniesta

11 Arjen Robben

21 David Silva

9  Robin van Persie (C)

19 Diego Costa

 

Técnico: Louis van Gaal

Técnico: Vicente del Bosque

 

SUPLENTES:

 

 

23 Tim Krul (G)

12 David de Gea (G)

22 Michel Vorm (G)

23 Pepe Reina (G)

12 Paul Verhaegh

2  Raúl Albiol

13 Joël Veltman

5  Juanfran

14 Terence Kongolo

4  Javi Martínez

16 Jordy Clasie

17 Koke

18 Leroy Fer

10 Cesc Fàbregas

20 Georginio Wijnaldum

20 Santi Cazorla

17 Jeremain Lens

13 Juan Mata

15 Dirk Kuyt

11 Pedro

21 Memphis Depay

7  David Villa

19 Klaas-Jan Huntelaar

9  Fernando Torres

 

GOLS:

27′ Xabi Alonso (ESP) (pen)

44′ Robin van Persie (HOL)

53′ Arjen Robben (HOL)

64′ Stefan de Vrij (HOL)

72′ Robin van Persie (HOL)

80′ Arjen Robben (HOL)

 

CARTÕES AMARELOS:

25′ Jonathan de Guzmán (HOL)

41′ Stefan de Vrij (HOL)

65′ Iker Casillas (ESP)

66′ Robin van Persie (HOL)

 

SUBSTITUIÇÕES:

62′ Diego Costa (ESP) ↓

Fernando Torres (ESP) ↑

 

62′ Xabi Alonso (ESP) ↓

Pedro (ESP) ↑

 

62′ Jonathan de Guzmán (HOL) ↓

Georginio Wijnaldum (HOL) ↑

 

77′ Stefan de Vrij (HOL) ↓

Joël Veltman (HOL) ↑

 

78′ David Silva (ESP) ↓

Cesc Fàbregas (ESP) ↑

 

79′ Robin van Persie (HOL) ↓

Jeremain Lens (HOL) ↑


As manchetes dos principais jornais espanhóis foram tão cruéis quanto a goleada sofrida (Imagem: El Universo)

Gols da partida:

#Hexabilidade

Três pontos sobre…
#Hexabilidade

Por essas coincidências, tenho certeza que dessa vez a Seleção Brasileira conquista o hexa…

2002: Kléberson, volante contestado, pouco aceito pela torcida, negociado com o Manchester United às vésperas da Copa.
2018: Fred, volante contestado, pouco aceito pela torcida, negociado com o Manchester United às vésperas da Copa.

2002: Técnico gaúcho, foi campeão e ídolo da torcida de um grande clube paulista antes de assumir a Seleção.
2018: Técnico gaúcho, foi campeão e ídolo da torcida de um grande clube paulista antes de assumir a Seleção.

2002: Ronaldo, nosso camisa 9, sofreu uma lesão poucos meses antes da Copa mas recuperou-se a tempo de jogar o Mundial.
2018: Gabriel Jesus, nosso camisa 9, sofreu uma lesão poucos meses antes da Copa mas recuperou-se a tempo de jogar o Mundial.

2002: Emerson, capitão do time e homem de confiança do treinador, machucou-se e foi cortado do time.
2018: Daniel Alves, capitão do time e homem de confiança do treinador, machucou-se e foi cortado do time.

2002: Time chegou à Copa desacreditado depois de, no torneio anterior, sofrer a maior goleada de sua história em Copas, em um momento decisivo (França 3 x 0).
2018: Time chegou à Copa desacreditado depois de, no torneio anterior, sofrer a maior goleada de sua história em Copas, em um momento decisivo (Alemanha 7 x 1).

2002: Brasil perdeu o último jogo da Copa anterior por 3 x 0 (França).
2002: Brasil perdeu o último jogo da Copa anterior por 3 x 0 (Holanda).

2002: Holanda não foi para a Copa após jogar com o Brasil na edição anterior.
2018: Holanda não foi para a Copa após jogar com o Brasil na edição anterior.

2002: Costa Rica no mesmo grupo que o Brasil; Nigéria no mesmo grupo que a Argentina.
2018: Costa Rica no mesmo grupo que o Brasil; Nigéria no mesmo grupo que a Argentina.

2002: Nosso lateral esquerdo, Roberto Carlos, considerado por especialistas o melhor do mundo na posição, titular absoluto e ídolo do Real Madrid, conquistou a UEFA Champions League com o clube no ano da Copa.
2018: Nosso lateral esquerdo, Marcelo, considerado por especialistas o melhor do mundo na posição, titular absoluto e ídolo do Real Madrid, conquistou a UEFA Champions League com o clube no ano da Copa.

2002:Ronaldinho Gaúcho joga com a camisa 10 do PSG.
2018: Neymar joga com a camisa 10 do PSG.

2002: Rafa Márquez disputa a Copa pela seleção do México.
2018: Rafa Márquez disputa a Copa pela seleção do México.

Vai Brasil!!!

… 12/06/1938 – Brasil 1 x 1 Tchecoslováquia

Três pontos sobre…
… 12/06/1938 – Brasil 1 x 1 Tchecoslováquia

“A Batalha de Bordeaux”


(Imagem: UOL)

● A partida marcou a inauguração do novíssimo estádio Parc Lescure, em Bordeaux. Isso obrigou as duas delegações a fazerem longos percursos de trem. Os tchecos viajaram 521 quilômetros desde Le Havre e os brasileiros 758 quilômetros desde Estrasburgo (uma viagem de quase 12 horas).

Nas oitavas de final, as duas equipes precisaram da prorrogação para eliminar seus respectivos rivais. A Tchecoslováquia bateu a Holanda por 3 a 0 (gols de Košťálek aos 93′, Nejedlý aos 111′ e Zeman aos 118′). O Brasil teve mais dificuldades para passar pela Polônia. Foi uma chuva de gols na vitória por 6 a 5, como já contamos aqui. Agora, a Seleção teria ainda mais problemas. Se o embate contra os poloneses foi duro, o duelo contra os tchecos seria ainda mais. Para ver o nível, bastava ver o confronto direto entre Polônia e Tchecoslováquia: em nove partidas até então, haviam sido oito vitórias da seleção tcheca.

No Mundial anterior, em 1934, o Brasil tinha decepcionado, sendo eliminado logo na primeira partida, em derrota para a Espanha por 3 x 1. Por sua vez, a Tchecoslováquia tinha uma bela equipe, que chegou até a final, quando perdeu de forma controversa para a anfitriã Itália apenas na prorrogação por 2 x 1, de virada.


(Imagem: Arquivo CBF)

Enquanto o Brasil tinha como remanescentes quatro jogadores (o capitão Martim Silveira, Luisinho Mesquita de Oliveira, Patesko e Leônidas da Silva), a seleção eslava ainda permanecia com seu time base, mantendo todo o sistema defensivo (Plánička, Burgr e Daučík) e o meio de campo (Košťálek, Bouček e Kopecký), além de seus dois melhores atacantes (Puč e Nejedlý). Assim, embora os sul-americanos tivessem um talento inegável, os centro-europeus eram favoritos.

Era um confronto de extremos. Os tchecos tinham um futebol metódico e jogadores experientes. Os brasileiros jogavam de forma artística e quase amadora. Para o adversário e para a imprensa estrangeira, o Brasil tinha um ataque extraordinário, mas a defesa “algo fraca”. De fato, os cinco gols sofridos contra a Polônia ligaram o alerta do técnico Ademar Pimenta, mas ele só fez uma mudança: o goleiro Walter entrou no lugar de Batatais. Domingos da Guia, mesmo com febre, foi para o jogo.


O Brasil atuava no sistema clássico, o 2-3-5, com muita fragilidade no sistema defensivo.


A Tchecoslováquia jogava em uma adaptação do 2-3-5 chamada “Sistema Danubiano”, que consistia na maior aproximação dos homens do ataque, com muitas tabelas e toques rápidos.

● Mas ambos fugiram de suas características, esqueceram a bola e partiram para o jogo violento. Tanto que essa partida ficou eternizada como “A Batalha de Bordeaux”.

Foi uma verdadeira guerra campal. Três das quatro expulsões dessa edição da Copa aconteceram nessa partida (a outra foi do alemão Hans Pesser, aos 6′ da prorrogação do empate com a Suíça por 1 x 1). Zezé Procópio foi o primeiro, logo aos 14 minutos da etapa inicial, depois de dar um chute sem bola em Nejedlý. Aos 44′ do segundo tempo, Machado e Říha trocaram agressões e também foram convidados a sairem do campo pelo árbitro húngaro Pal von Hertzka. Mas a verdade é que se o juiz fosse mais rigoroso, pelo menos a metade dos atletas deveria ter ido para o chuveiro mais cedo. O número de três expulsões em uma única partida só foi superado 68 anos depois, no confronto das oitavas de final de 2006 entre Portugal e Holanda, que teve quatro jogadores recebendo o cartão vermelho (Costinha, Deco, Khalid Boulahrouz e Gio van Bronckhorst).

O clima tenso seguiu por todo o jogo. Leônidas era o principal alvo dos tchecos, levando pontapés constantes. Um deles, desferido por Košťálek no fim do jogo, fez com que o craque brasileiro saísse carregado de campo e ficasse quase cinco minutos sendo atendido.

Em um dos raros momentos que foi possível praticar o futebol, o próprio Leônidas abriu o placar quando o relógio apontava meia hora jogada.

Mas aos 20′ da etapa final, Nejedlý e Šimůnek fizeram uma tabela no meio da área e Domingos da Guia tentou cortar com o peito, mas conduziu a bola com o braço. Pênalti indiscutível. Oldřich Nejedlý cobrou e converteu.

No fim da prorrogação, o empate por 1 x 1 persistiu e o saldo da guerra era altamente preocupante para os dois lados. O grande goleiro eslavo František Plánička havia jogado mais de meia hora e fechado o gol mesmo com a clavícula deslocada após um choque com Perácio e o artilheiro Oldřich Nejedlý (goleador da Copa de 1934) tinha fraturado o pé direito. Ambos estavam fora da partida de desempate, marcada para apenas 48 horas depois. Do lado brasileiro, Perácio saiu arrebentado e Leônidas, que tanto apanhou, não tinha condições de jogo.


Gol de Leônidas (Imagem: Arquivo CBF)

FICHA TÉCNICA:

 

BRASIL 1 x 1 TCHECOSLOVÁQUIA

 

Data: 12/06/1938

Horário: 17h00 locais

Estádio: Parc Lescure

Público: 22.021

Cidade: Bordeaux (França)

Árbitro: Pal von Hertzka (Hungria)

 

BRASIL (2-3-5):

TCHECOSLOVÁQUIA (2-3-5):

Walter (G)

František Plánička (G)(C)

Domingos da Guia

Jaroslav Burgr

Machado 

Ferdinand Daučík

Zezé Procópio

Josef Košťálek

Martim Silveira (C)

Jaroslav Bouček

Afonsinho

Vlastimil Kopecký

Lopes

Jan Říha

Romeu Pellicciari

Ladislav Šimůnek

Leônidas da Silva

Josef Ludl

Perácio

Oldřich Nejedlý

Hércules

Antonín Puč

 

Técnico: Ademar Pimenta

Técnico: Josef Meissner

 

SUPLENTES:

 

 

Batatais (G)

Karel Burket (G)

Jaú

Karel Černý

Nariz

Josef Orth

Britto

Karel Kolský

Brandão

Otakar Nožíř

Argemiro

Vojtěch Bradáč

Roberto

Václav Horák

Luisinho Mesquita de Oliveira

Arnošt Kreuz

Niginho

Oldřich Rulc

Tim

Karel Senecký

Patesko

Josef Zeman

 

GOLS:

30′ Leônidas da Silva (BRA)

65′ Oldřich Nejedlý (TCH) (pen)

 

EXPULSÕES:

14′ Zezé Procópio (BRA)

89′ Machado (BRA)

89′ Jan Říha (TCH)

Algumas imagens da partida:


… 14/06/1938 – Brasil 2 x 1 Tchecoslováquia (Partida de Desempate)


(Imagem: Arquivo CBF)

● Dois dias depois do empate por 1 x 1, Brasil e Tchecoslováquia voltaram a campo, mas com times bastante diferentes, em grande parte devido às contusões da partida anterior.

Os tchecos não tinham o goleiro Plánička (clavícula deslocada) e os atacantes Puč (lesão na perna esquerda) e Nejedlý (fratura no pé direito), além de duas alterações feitas pelo técnico tcheco Josef Meissner. Ele imaginou que iria surpreender o seu colega brasileiro Ademar Pimenta ao fazer tantas alterações em sua equipe. Mas na hora que os dois times entraram em campo, Meissner só se convenceu que aquele era mesmo o Brasil quando viu Leônidas uniformizado. À exceção do centroavante e do goleiro Walter, todos os jogadores eram diferentes do que atuaram dois dias antes. O novo time era o “branco”, mais pesado, com a adição do combalido Leônidas.

Comparado à guerra que foi no primeiro jogo, o segundo foi bem mais tranquilo. Mas ainda assim o brasileiro Nariz quebrou o braço e o tcheco Kopecký teve que deixar o campo carregado aos 30 minutos do segundo tempo.

Mas o fato é que os 18 mil torcedores presentes no Parc Lescure apreciaram uma boa partida.


O Brasil mudou nove jogadores em relação ao jogo anterior. Agora, era um time mais pesado. Permanecia o sistema tático 2-3-5 e o craque Leônidas, o grande diferencial daquela seleção.


Os tchecos jogaram novamente no 2-3-5, mas mudaram meio time que atuou dois dias antes.

● A partida foi tensa. Os tchecos começaram controlando o ritmo da partida e abriram o placar aos 25 minutos com Vlastimil Kopecký.

O segundo tempo foi todo do Brasil, que voltou mais incisivo e empatou aos 12′, com o imparável Leônidas.

Três minutos depois, um susto. Senecký chutou rasteiro e Walter fez a defesa, mas a bola escapou de suas mãos e pareceu ter entrado cerca de um palmo no gol, antes que o goleiro pudesse puxá-la de volta. O árbitro francês Georges Capdeville não viu o segundo gol da Tchecoslováquia e mandou o jogo seguir.

Logo em seguida, aos 17′, Roberto vira o jogo com um gol de voleio.

Mas o grande jogador da partida foi o meia Tim, de 23 anos, que estreava na Copa. Encantado com sua visão de jogo, um jornal francês o chamou de “Criador”. Ele ainda ganharia o apelido de “El Péon”, dado pelos argentinos quatro anos depois, por “conduzir o time brasileiro como um peão (‘peón‘) conduz a sua manada”. Uma grande pena que esse foi seu único jogo em Copas do Mundo.


Gol de Leônidas (Imagem: Arquivo CBF)

● O entusiasmo pela vitória foi tão grande que o Ministro das Relações Exteriores, Gustavo Capanema, enviou um telegrama para a França, cumprimentando e exaltando os “invencíveis lutadores”. A CBD, também por telegrama, chamou os jogadores de “bravos legionários”. O interventor do Governo Federal no estado do Rio de Janeiro, o comandante Amaral Peixoto, divulgou uma nota promovendo o autor do segundo gol brasileiro, Roberto, a subchefe da Polícia Especial de Niterói, corporação a que o jogador pertencia.

No dia seguinte, enquanto esperavam para embarcar no trem que os levaria de Bordeaux para Marselha, alguns jogadores ficaram fazendo embaixadinhas (ou altinha, dependendo da região). Foi um verdadeiro show coletivo. Algo muito corriqueiro em todo território brasileiro desde sempre, mas que nunca tinha sido visto na Europa. Segundo os relatos, durante vários minutos uma bola foi sendo passada de pé em pé sem tocar o chão. Foi uma grande demonstração da habilidade brasileira no controle de bola, impressionando os jornalistas europeus.


Gol de Roberto (Imagem: Arquivo CBF)

Eliminada a Tchecoslováquia, vice em 1934, o Brasil agora iria encarar a campeã Itália. Mas nos dois dias que antecederam o jogo, duas perguntas estavam na boca de todos. Qual time seria escalado por Ademar Pimenta, o que enfrentou a Polônia (azul, mais leve) ou o do segundo jogo contra a Tchecoslováquia (branco, mais pesado)? E ainda a maior preocupação: Leônidas iria jogar? Ele era o único que havia participado dos três jogos e o que mais tinha sofrido com a violência adversária. Mas na véspera da semifinal, o centroavante já sabia que não tinha a mínima condição de jogo.

A participação de Leônidas na partida de desempate contra a Tchecoslováquia custou muito caro. Ele já não estava fisicamente bem e só entrou em campo porque seu reserva imediato, Niginho, então no Vasco, não tinha condições legais de jogo. Em 1935, quando atuava pela Lazio de Mussolini, Niginho abandonou a Itália devido à ameaça de ser convocado para defender o país na guerra com a Etiópia. Seu clube pagou sua viagem para o Brasil, mas não o autorizou a assinar com o Palestra Itália (atual Palmeiras). A Itália chegou a informar à FIFA sobre a irregularidade e os dirigentes brasileiros preferiram nem correr riscos e decidiram que o jogador não seria escalado. Por isso Leônidas foi para o sacrifício contra os tchecos. Depois, em uma carta de próprio punho à revista carioca Sport Ilustrado, Leônidas escreveu: “Joguei esta partida porque Niginho não está com a situação regularizada. Porém, fui infeliz, me machuquei e não posso jogar amanhã contra a Itália”.


(Imagem: Arquivo CBF)

FICHA TÉCNICA:

 

BRASIL 2 x 1 TCHECOSLOVÁQUIA

 

Data: 14/06/1938

Horário: 18h00 locais

Estádio: Parc Lescure

Público: 18.141

Cidade: Bordeaux (França)

Árbitro: Georges Capdeville (França)

 

BRASIL (2-3-5):

TCHECOSLOVÁQUIA (2-3-5):

Walter (G)

Karel Burket (G)

Jaú

Jaroslav Burgr (C)

Nariz

Ferdinand Daučík

Britto

Josef Košťálek

Brandão

Jaroslav Bouček

Argemiro

Vlastimil Kopecký

Roberto

Václav Horák

Luisinho Mesquita de Oliveira

Karel Senecký

Leônidas da Silva (C)

Josef Ludl

Tim

Arnošt Kreuz

Patesko

Oldřich Rulc

 

Técnico: Ademar Pimenta

Técnico: Josef Meissner

 

SUPLENTES:

 

 

Batatais (G)

František Plánička (G)

Domingos da Guia

Karel Černý

Machado

Josef Orth

Zezé Procópio

Karel Kolský

Martim Silveira

Otakar Nožíř

Afonsinho

Vojtěch Bradáč

Lopes

Jan Říha

Romeu Pellicciari

Oldřich Nejedlý

Niginho

Antonín Puč

Perácio

Ladislav Šimůnek

Hércules

Josef Zeman

 

GOLS:

25′ Vlastimil Kopecký (TCH)

57′ Leônidas da Silva (BRA)

62′ Roberto (BRA)

Algumas imagens da partida:

… 11/06/1998 – Itália 2 x 2 Chile

Três pontos sobre…
… 11/06/1998 – Itália 2 x 2 Chile


Marcelo Salas ganha no alto de Fabio Cannavaro e vira o jogo para o Chile (Imagem: Pinterest)

● Na Copa do Mundo de 1998, uma das maiores ameaças às potências consagradas era o Chile. Subestimado pela mídia estrangeira, o país se vangloriava de sua dupla de ataque: Iván “Bam-Bam” Zamorano e Marcelo Salas, “El Matador”. Salas estava em uma fase esplendorosa e tinha acabado de ser vendido pelo River Plate (Argentina) à Lazio (Itália) por US$ 20 milhões.

O Chile voltava a disputar um Mundial depois de 16 anos. Em 1986, parou nas eliminatórias ao perder nas últimas partidas para o Paraguai. Em 1990, foi punido pela FIFA por um episódio no qual o goleiro sãopaulino Roberto Rojas cortou seu próprio rosto e fingiu ter sido atingido por um sinalizador no jogo contra o Brasil. Por isso, a FIFA suspendeu o Chile também das eliminatórias de 1994. Em 1998, a vaga veio com muito sufoco, apenas no critério de saldo de gols, após um empate em número de pontos com o arqui-inimigo Peru.

A Itália vinha do vice-campeonato na Copa do Mundo de 1994, quando perdeu nos pênaltis para o Brasil por 3 x 2, após o empate por 0 x 0 no tempo normal e na prorrogação.

Para sua estreia em 1998, o técnico italiano Cesare Maldini (pai de Paolo Maldini) não contava com Alessandro Del Piero, craque da Juventus, lesionado. Roberto Baggio, veterano de duas Copas, foi convocado de última hora para levar seu talento e sua criatividade à Squadra Azzurra. O camisa 18 seria titular e o grande nome dessa partida inaugural.


Cesare Maldini escalou sua Itáliano sistema 4-4-2, com duas linhas de 4. Roberto Baggio tinha liberdade para desfilar seu talento no ataque.


Nelson Acosta armou seu time no 3-5-2. Fabián Estay era quem criava as jogadas para a dupla Salas e Zamorano.

● Quase 32 mil pessoas foram ao Parc Lescure para ver o confronto entre Itália e Chile, que se enfrentavam na abertura do Grupo B, em Bordeaux.

A Itália abriu o placar aos 10 minutos de jogo. Paolo Maldini, de seu próprio campo, lança a bola para a intermediária chilena. Com um só toque, Roberto Baggio deixa Christian Vieri livre, na cara do gol. O atacante da Lazio bate de primeira, rasteiro, no canto direito do goleiro Nelson Tapia. Foi uma finalização perfeita, assim como a assistência de Baggio.

A Squadra Azzurra passava sufoco diante do Chile. Os atacantes Salas (1,73 m) e Zamorano (1,78 m), mesmo mais baixos que a zaga italiana, ganhavam quase todas as bolas pelo alto. E foi dessa forma que o Chile viraria o marcador.

No último minuto do primeiro tempo, Fabián Estay cobra escanteio e Zamorano tenta de cabeça. A bola bate em Reyes e sobra para Salas, que balança as redes.

Logo no início da etapa final, aos 4′, Fuentes ergue a bola na área. Salas ganha no alto de Cannavaro e cabeceia no canto direito de Pagliuca.

Mas a seleção chilena acabou castigada pela falta de experiência e cedeu o empate.

A cinco minutos do fim, Roberto Baggio rouba a bola pela direita, perto da linha da grande área, e a chuta de forma proposital na mão de Francisco Rojas, que estava dentro da área. O árbitro nigerino Lucien Bouchardeau marcou pênalti.

O próprio Baggio partiu para a cobrança. Ele resolveu encarar de frente suas amargas lembranças que o assombravam desde o erro no pênalti decisivo na final da Copa do Mundo de 1994. Ele ignora as provocações dos chilenos e converte com serenidade budista, exorcizando seus demônios. Ele bateu forte, no canto direito. Tapia foi na bola, mas ela entrou.

O empate por 2 x 2 premiou os esforços das duas equipes e, principalmente, a torcida, que viu um grande espetáculo.


Roberto Baggio não estava mais em seu auge, seu talento ainda era imprescindível para a Azzurra (Imagem: Popperfoto / Getty Images)

● O Chile não vencia uma partida em Copas do Mundo desde 1962, quando sediou o torneio e terminou em 3º lugar. E esse tabu não seria quebrado em 1998, quando empatou os três jogos da primeira fase: Itália (2 x 2), Áustria (1 x 1) e Camarões (1 x 1). Nas oitavas de final, perdeu para o Brasil por 4 a 1, com dois gols de Ronaldo e dois de César Sampaio, com Salas descontando para o Chile.

Mesmo com a queda precoce, Marcelo Salas foi um dos destaques do torneio, marcando quatro gols.

A Itália, após empatar com o Chile (2 x 2), venceu Camarões (3 x 0) e Áustria (2 x 1). Nas oitavas, passou pela Noruega com uma vitória por 1 a 0. Nas quartas, amargou a terceira eliminação seguida nos pênaltis ao perder para a França por 4 a 3, depois de um empate sem gols no tempo regulamentar e na prorrogação. A Azzurra já havia sido eliminada dessa forma em 1990, na semifinal contra a Argentina, e em 1994, na decisão contra o Brasil.


A dupla “Sa-Za” era mesmo infernal para as defesas adversárias (Imagem: Pinterest)

FICHA TÉCNICA:

 

ITÁLIA 2 x 2 CHILE

 

Data: 11/06/1998

Horário: 17h30 locais

Estádio: Parc Lescure (atual Stade Chaban-Delmas)

Público: 31.800

Cidade: Bordeaux (França)

Árbitro: Lucien Bouchardeau (Níger)

 

ITÁLIA (4-4-2):

CHILE (3-5-2):

12 Gianluca Pagliuca (G)

1  Nelson Tapia (G)

5  Alessandro Costacurta

6  Pedro Reyes

6  Alessandro Nesta

3  Ronald Fuentes

4  Fabio Cannavaro

5  Javier Margas

3  Paolo Maldini (C)

15 Moisés Villarroel

15 Angelo Di Livio

4  Francisco Rojas

9  Demetrio Albertini

8  Clarence Acuña

11 Dino Baggio

7  Nelson Parraguez

16 Roberto Di Matteo

20 Fabián Estay

18 Roberto Baggio

11 Marcelo Salas

21 Christian Vieri

9  Iván Zamorano (C)

 

Técnico: Cesare Maldini

Técnico: Nelson Acosta

 

SUPLENTES:

 

 

1  Francesco Toldo (G)

12 Marcelo Ramírez (G)

22 Gianluigi Buffon (G)

22 Carlos Tejas (G)

2  Giuseppe Bergomi

2  Cristián Castañeda

8  Moreno Torricelli

8 Luis Musrri

7  Gianluca Pessotto

16 Mauricio Aros

13 Sandro Cois

14 Miguel Ramírez

14 Luigi Di Biagio

19 Fernando Cornejo

17 Francesco Moriero

17 Marcelo Veja

10 Alessandro Del Piero

10 José Luis Sierra

20 Enrico Chiesa

21 Rodrigo Barrera

19 Filippo Inzaghi

13 Manuel Neira

 

GOLS:

11′ Christian Vieri (ITA)

45+3′ Marcelo Salas (CHI)

48′ Marcelo Salas (CHI)

84′ Roberto Baggio (ITA) (pen)

 

CARTÕES AMARELOS:

8′ Angelo Di Livio (ITA)

31′ Fabio Cannavaro (ITA)

45′ Nelson Parraguez (CHI)

53′ Clarence Acuña (CHI)

66′ Francisco Rojas (CHI)

 

SUBSTITUIÇÕES:

57′ Roberto Di Matteo (ITA) ↓

Luigi Di Biagio (ITA) ↑

 

61′ Angelo Di Livio (ITA) ↓

Enrico Chiesa (ITA) ↑

 

63′ Javier Margas (CHI) ↓

Miguel Ramírez (CHI) ↑

 

71′ Christian Vieri (ITA) ↓

Filippo Inzaghi (ITA) ↑

 

81′ Fabián Estay (CHI) ↓

José Luis Sierra (CHI) ↑

 

82′ Clarence Acuña (CHI) ↓

Fernando Cornejo (CHI) ↑

Gols da partida (em inglês):

Gols da partida (Rede Globo):

… 10/06/1970 – Brasil 3 x 2 Romênia

Três pontos sobre…
… 10/06/1970 – Brasil 3 x 2 Romênia


Cumprimentos iniciais entre o trio de arbitragem e os capitães Mircea Lucescu e Carlos Alberto (Imagem: Getty Images)

● A expressão “grupo da morte” surgiu nessa Copa, para se referir ao Grupo 3, formado por Brasil (bicampeão em 1958 e 1962), Inglaterra (campeã em 1966), Tchecoslováquia (vice em 1962) e Romênia.

No retrospecto histórico, os romenos seriam os adversários mais fracos do grupo. Eles tinham feito um jogo duro contra a Inglaterra, perdendo só por 1 a 0 e haviam vencido a Tchecoslováquia por 2 a 1. Agora, precisavam da vitória para se classificar e jogavam um futebol técnico e ofensivo. Seria um grande teste para o setor defensivo brasileiro.

O Brasil estreou dando um show, goleando a Tchecoslováquia por 4 x 1. Depois, bateu os ingleses, então campeões do mundo, por 1 a 0. Essas duas vitórias garantiram a classificação antecipada e a Seleção pôde enfrentar a Romênia com total tranquilidade, embora precisasse vencer para confirmar o primeiro lugar do grupo.

Rivellino sentia dores e foi poupado. Paulo Cézar Caju ocupou seu lugar. Infelizmente ele não reeditaria sua grande atuação contra a Inglaterra.

Gérson ainda estava machucado (não havia jogado contra os ingleses) e também foi poupado. Zagallo escalou Fontana para a zaga e deslocou Piazza para sua posição original no meio de campo, avançando Clodoaldo.

Na teoria, o Brasil jogaria mais fechado. Porém, na prática, por incrível que pareça, ficou mais vulnerável.


O Brasil jogava em um 4-3-3, com Paulo Cézar Caju apoiando mais a esquerda e fechando pelo meio. No ataque, Tostão era o “falso 9” (criando tendências para o futuro), se revezando com Pelé – hora como atacante, hora como ponta-de-lança. O jogador mais avançado era Jairzinho, um ponta-direita que fechava pelo centro, abrindo espaços para os avanços constantes de Carlos Alberto.


A Romênia também jogava no sistema 4-3-3.

● Mais de 50 mil presentes no Estádio Jalisco, em Guadalajara.

Pelé começou o jogo com apetite. Aos 19 minutos, o Rei sofreu falta perto da área. Ele mesmo cobrou, com efeito, e acertou o canto direito do goleiro. Foi o segundo gol dele no torneio e o 10º em Copas.

Três minutos depois, Paulo Cézar Caju puxou jogada pela esquerda e cruzou rasteiro. Jairzinho entrou pela defesa romena e se antecipou ao goleiro, desviando para o gol.

Ainda aos 27 minutos do primeiro tempo, o goleiro romeno Stere Adamache se lesionou. Ele se tornou o primeiro goleiro a ser substituído na história das Copas do Mundo. Em seu lugar, entrou Rică Răducanu.

A defesa brasileira se distraiu e a Romênia aproveitou para empatar aos 34′. Dumitru lança para Florea Dumitrache, o craque daquele time. Ele dominou, driblou Brito e chutou por baixo de Félix. Esse gol devolveu a Romênia para o jogo.

Aos 21′ da etapa final, o Brasil teve dois escanteios seguidos. Depois da segunda cobrança, Jairzinho cruzou da direita para a pequena área. Tostão se esticou de forma acrobática para tocar de calcanhar na bola e Pelé entrou de carrinho para marcar seu segundo gol no jogo.

Boa parte do mérito desse gol é de Tostão, que ainda não tinha feito nenhum na Copa, mas já vinha tendo um papel decisivo nas vitórias da Seleção de Zagallo.


Jairzinho não teve facilidade com a marcação romena (Imagem localizada no Google)

Novamente com dois gols de vantagem, o Brasil voltou a diminuir o ritmo, se poupando para o jogo das quartas de final.

A Romênia sentiu que Fontana estava desentrosado no time, foi ao ataque e conseguiu descontar mais uma vez. Aos 38′, o lateral direito Sătmăreanu foi à linha de fundo e cruzou para a área. Emerich Dembrovschi ganhou no alto de Félix e desviou para o gol.

Quando o Brasil estava com a posse de bola no ataque, a torcida mexicana se levantava e a imprensa do mundo todo elogiava a nata do “futebol arte” sul-americano em todo seu potencial. Quando perdia a bola, todos criticavam sua defesa, o estádio inteiro gritava pelo nome de Dumitrache, e a torcida brasileira ficava com o coração na mão.

Nos minutos finais, o Brasil sofreu com o bombardeio aéreo da Romênia (e a insegurança de Félix nas bolas altas), mas já não havia mais tempo.

Fim de jogo: 3 a 2 para o Brasil.


Pelé cobra falta e abre o placar (Imagem localizada no Google)

● Embora não tivesse feito sua melhor atuação, o Brasil fez o suficiente para terminar a fase de grupos com 100% de aproveitamento.

A partida contra a Romênia serviu para chamar a atenção de todo o mundo para uma velha mania dos brasileiros: subestimar o adversário. Isso poderia ser fatal em algum momento.

Garantidos em primeiro lugar no grupo, os brasileiros permaneceram em Guadalajara para o confronto das quartas de final contra o Peru, em excelente fase, treinado pelo ídolo brasileiro Didi. O Brasil bateu os peruanos por 4 x 2.

Nas semifinais, a Seleção se vingou do Maracanazzo e venceu os uruguaios de virada por 3 a 1.

Na histórica decisão, venceu e convenceu. Goleou a Itália por 4 a 1, conquistando em definitivo a Taça Jules Rimet.


(Imagem: O Craiovano)

FICHA TÉCNICA:

 

BRASIL 3 x 2 ROMÊNIA

 

Data: 10/06/1970

Horário: 16h00 locais

Estádio: Jalisco

Público: 50.804

Cidade: Guadalajara (México)

Árbitro: Ferdinand Marschall (Áustria)

 

BRASIL (4-3-3):

ROMÊNIA
(4-2-4):

1  Félix (G)

21 Stere Adamache (G)

4  Carlos Alberto Torres (C)

2  Lajos Sătmăreanu

2  Brito

4  Mihai Mocanu

15 Fontana

5  Cornel Dinu

16 Everaldo

3  Nicolae Lupescu

3  Wilson Piazza

15 Ion Dumitru

5  Clodoaldo

10 Radu Nunweiller

7  Jairzinho

16 Alexandru Neagu

9  Tostão

7  Emerich Dembrovschi

10 Pelé

9  Florea Dumitrache

18 Paulo Cézar Caju

11 Mircea Lucescu (C)

 

Técnico: Zagallo

Técnico:
Angelo Niculescu

 

SUPLENTES:

 

 

12 Ado (G)

1  Rică Răducanu (G)

22 Leão (G)

22 Gheorghe Gornea (G)

21 Zé Maria

12 Mihai Ivăncescu

14 Baldocchi

6  Dan Coe

17 Joel Camargo

13 Augustin Deleanu

6  Marco Antônio

14 Vasile Gergely

8  Gérson

20 Nicolae Pescaru

11 Rivellino

8  Nicolae Dobrin

13 Roberto

17 Gheorghe Tătaru II

20 Dadá Maravilha

18 Marin Tufanac

19 Edu

19 Flavius Domide

 

GOLS:

19′ Pelé (BRA)

22′ Jairzinho (BRA)

34′ Florea Dumitrache (ROM)

67′ Pelé (BRA)

84′ Emerich Dembrovschi (ROM)

 

CARTÕES AMARELOS:

Mihai Mocanu (ROM)

Ion Dumitru (ROM)

 

SUBSTITUIÇÕES:

27′ Stere Adamache (ROM) ↓

Rică Răducanu (ROM) ↑

 

60′ Everaldo (BRA) ↓

Marco Antônio (BRA) ↑

 

72′ Florea Dumitrache (ROM) ↓

Gheorghe Tătaru II (ROM) ↑

 

74′ Clodoaldo (BRA) ↓

Edu (BRA) ↑

Gols da partida:

… 09/06/2006 – Alemanha 4 x 2 Costa Rica

Três pontos sobre…
… 09/06/2006 – Alemanha 4 x 2 Costa Rica


A belíssima Allianz Arena, em Munique, foi inaugurada em maio de 2005, especialmente para abrigar jogos da Copa do Mundo de 2006, inclusive a abertura oficial da competição (Imagem: Foto-net / FIFA)

● Essa partida era o início do sonho alemão de repetir 1974 e conquistar a Copa do Mundo em casa. E Munique era o lugar certo para o jogo inaugural. Foi lá que Franz Beckenbauer tinha erguido a taça do mundo pela Alemanha Ocidental 32 anos antes.

O time treinado por Jürgen Klinsmann não suscitava grandes expectativas (leia mais abaixo). Os alemães vinham de resultados ruins. Caíram na primeira fase da Eurocopa de 2004 quando ainda era comandada por Rudi Völler. Depois, já dirigida por Klinsmann, tinha sido goleada pela Itália por 4 x 1 em um amistoso. Se já não bastasse tudo isso, Michael Ballack, o craque do time, estava lesionado e era dúvida para a competição – era certo que não jogaria na estreia.

A Costa Rica tinha uma equipe muito limitada. Mas apostava na famosa zebra que historicamente costumava aparecer no primeiro jogo dos Mundiais. Mas dessa vez, a seleção caribenha tinha chances mínimas de surpreender.


A Alemanha atuou no 4-4-2. As jogadas fluíam bem no meio de campo, com a  qualidade de Schneider, Frings, Borowski e Schweinsteiger, apoiados pelas constantes subidas de Lahm ao ataque.


O brasileiro naturalizado costarriquenho Alexandre Guimarães armou sua seleção no defensivo sistema 5-3-2, contando com as escapadas dos experientes atacantes Ronald Gómez e Paulo Wanchope.

● E as duas seleções contrariaram o histórico das partidas de abertura das Copas do Mundo, que geralmente têm placares econômicos.

A partida começou sem a típica cautela das estreias e com os donos da casa marcando pressão e criando diversas chances de gol a todo momento.

Com o apoio da torcida e os jogadores ligados, a Alemanha imprimiu um ritmo alucinante na partida.

Com apenas seis minutos, o placar foi aberto. Atuando na esquerda, o jovem lateral Philipp Lahm pegou a sobra da defesa, avançou pelo meio passando por dois adversários e chutou no ângulo.

Mas a vantagem que o ataque alemão produzia, a defesa ajudava a desfazer com erros de posicionamento. Aos 12′, a zaga falhou. Rónald Gómez lançou para Paulo Wanchope, que ficou cara a cara com o goleiro Lehmann e tocou no canto direito. Tudo igual no marcador.

Mas a pressão dos locais continuou e foi premiada cinco minutos depois. Bernd Schneider tentou a jogada pela direita e passou para Schweinsteiger, na área. O meia driblou um zagueiro e chutou cruzado. Miroslav Klose apareceu no meio do caminho e mandou para as redes. Festa e presente de aniversário para o camisa 11, que comemorava seus 28 anos naquele mesmo dia.

O ritmo foi menos intenso até os 16′ do segundo tempo, quando Lahm cruzou da esquerda, a zaga desviou mal e a bola ficou para Klose cabecear. O goleiro Porras salvou, mas o próprio atacante estava lá para aproveitar a sobra e fazer o gol.

Mas a defesa deu mole de novo para Wanchope aos 28′. Centeno tabelou com Gómez e deixou o camisa 9 na cara do gol, livre para tocar na saída de Lehmann. Os alemães pediram impedimento, em vão.

O placar se mexeu pela última vez aos 42′. Em uma falta na intermediária, Schweinsteiger rolou para Frings chutar de primeira no ângulo. Um verdadeiro golaço!


O jovem Philipp Lahm comemora o primeiro gol do torneio (Imagem: Kai Pfaffenbach / Reuters)

● A vitória memorável por 4 a 2, logo na abertura, é mais do que a Alemanha podia esperar e era um alerta aos futuros adversários, demonstrando a força da anfitriã.

Nas ruas, os torcedores foram à loucura. O desempenho alemão confundiu os críticos e deu um tom ao torneio. A febre da Copa do Mundo começava a contaminar todo o país.

Na segunda partida, o gol da vitória (1 x 0) da Alemanha sobre a rival Polônia foi arrancado aos 46 minutos do segundo tempo. No terceiro jogo, completou os 100% de aproveitamento ao atropelar o Equador por 3 a 0. Nas oitavas de final, ganhou tranquilamente da Suécia por 2 a 0. Nas quartas, uma verdadeira batalha no clássico contra a Argentina: após empate por 1 a 1, venceu nos pênaltis por 4 a 2, com uma grande confusão no final. Nas semifinais, perdeu para a Itália por 2 a 0, com gols nos dois últimos minutos da prorrogação. Na decisão do 3º lugar, venceu Portugal por 3 a 1 e saiu de cabeça erguida.

A Costa Rica foi a lanterna do grupo A, com três derrotas. Perdeu por 4 a 2 para a Alemanha, 3 a 0 para o Equador e 2 a 1 para a Polônia.


Paulo Wanchope deu trabalho para a defesa alemã (Imagem: Bongarts / Getty Images / Daily Mail)

● Pela sua importância naquela seleção da Alemanha, o técnico Jürgen Klinsmann merece um espaço a parte. E quem melhor escreveu sobre o tema foram Axel Torres e André Schön, no livro “Gol da Alemanha” (2016):

“Klinsmann [como técnico] não funcionou, mas é o símbolo da mudança. […] Fez todos entenderem que era preciso mudar, que era preciso procurar outra mentalidade.”

“Circulavam boatos pela internet de que o trabalho [em 2006] não fora de Klinsmann, mas daquele que seria seu sucessor, Joachim Löw. A tarefa de Klinsmann, diziam, consistia unicamente em motivar o time. Essas pessoas esqueciam o trabalho – sutil, porém colossal – que significava mudar tudo. Klinsmann desafiou o sistema e o ‘establishment’ do futebol alemão.”

“Ele morava na Califórnia… e apostava em um futebol ofensivo, confiando o futuro do país a garotos jovens; não era pragmático e dava pouca importância a valores tradicionais como a experiência, o trabalho e a ordem defensiva acima de tudo.”

“Quando o árbitro apitou o início de Alemanha x Costa Rica, jogo de abertura da Copa, a pressão sobre Klinsmann era máxima. […] O que aconteceu naquele jogo diante da seleção caribenha é digno de estudo. Nunca uma goleada tão previsível pela diferença de nível entre as duas seleções teve um impacto tão revolucionário. Jamais uma resultado tão normal ‘para quem era de fora’ mudou tanto a percepção das pessoas.”

“Dois meses antes do início da Copa, Klinsmann reuniu-se com [o goleiro Oliver] Kahn em um hotel […] para anunciar que ele seria convocado como reserva. Os jornais do dia seguinte publicaram a história e trataram-na quase como um sacrilégio. […] Mexer com uma ‘entidade’ como Kahn era inédito, mas Klinsmann bancou o risco. Inesperadamente e contra todos os prognósticos, seu time só parou aos catorze minutos do segundo tempo da prorrogação na semifinal contra a Itália, com um golaço do lateral esquerdo Fabio Grosso [e outro belo gol e Alessandro Del Piero, marcado em contra-ataque no último lance da partida].”

“Depois disso, a Alemanha não apenas fez as pazes com Jürgen Klinsmann, como o santificou. Na manhã seguinte àquela honrosa derrota, todo o país queria que ele continuasse no cargo. Até o ‘Bild’ elogiou. Mas Klinsmann deu por terminado seu ciclo na seleção, deixando toda a Alemanha com lágrimas nos olhos.”


Jürgen Klinsmann foi importantíssimo para quebra de paradigmas de um país conhecido pela sua rigidez nas tradições (Imagem: AFP)

FICHA TÉCNICA:

 

ALEMANHA 4 x 2 COSTA RICA

 

Data: 09/06/2006

Horário: 18h00 locais

Estádio: Allianz Arena

Público: 66.000

Cidade: Munique (Alemanha)

Árbitro: Horacio Elizondo (Argentina)

 

ALEMANHA (4-4-2):

COSTA RICA (5-3-2):

1  Jens Lehmann (G)

18 José Porras (G)

3  Arne Friedrich

5  Gilberto Martínez

17 Per Mertesacker

4  Michael Umaña

21 Christoph Metzelder

20 Douglas Sequeira

16 Philipp Lahm

3  Luis Marín

19 Bernd Schneider (C)

12 Leonardo González

8  Torsten Frings

6  Danny Fonseca

18 Tim Borowski

10 Walter Centeno

7  Bastian Schweinsteiger

8  Mauricio Solís

20 Lukas Podolski

11 Rónald Gómez

11 Miroslav Klose

9  Paulo Wanchope

 

Técnico: Jürgen Klinsmann

Técnico: Alexandre Guimarães

 

SUPLENTES:

 

 

12 Oliver Kahn (G)

1  Álvaro Mesén (G)

23 Timo Hildebrand (G)

23 Wardy Alfaro (G)

4  Robert Huth

2  Jervis Drummond

6  Jens Nowotny

17 Gabriel Badilla

2  Marcell Jansen

22 Michael Rodríguez

5  Sebastian Kehl

15 Harold Wallace

15 Thomas Hitzlsperger

14 Randall Azofeifa

13 Michael Ballack

16 Carlos Hernández

22 David Odonkor

7  Christian Bolaños

14 Gerald Asamoah

13 Kurt Bernard

10 Oliver Neuville

21 Víctor Núñez

9  Mike Hanke

19 Álvaro Saborío

 

GOLS:

6′ Philipp Lahm (ALE)

12′ Paulo Wanchope (COS)

17′ Miroslav Klose (ALE)

61′ Miroslav Klose (ALE)

73′ Paulo Wanchope (COS)

87′ Torsten Frings (ALE)

 

CARTÃO AMARELO: 30′ Danny Fonseca (COS)

 

SUBSTITUIÇÕES:

66′ Gilberto Martínez (COS)

Jervis Drummond (COS)

 

72′ Tim Borowski (ALE)

Sebastian Kehl (ALE)

 

78′ Mauricio Solís (COS) ↓

Christian Bolaños (COS) 

 

79′ Miroslav Klose (ALE) ↓

Oliver Neuville (ALE) 

 

90+1′ Bernd Schneider (ALE) ↓

David Odonkor (ALE)

 

90+1′ Rónald Gómez (COS) ↓

Randall Azofeifa (COS) 


Philipp Lahm puxa a bola para o meio, de onde sairia o chute que inaugurou as redes da Copa da 2006 (Imagem: Coub)

Gols da partida:

… E se ainda existissem União Soviética, Iugoslávia, Tchecoslováquia…

Três pontos sobre…
… E se ainda existissem União Soviética, Iugoslávia, Tchecoslováquia…

Luka Modrić (croata) e Edin Džeko (bósnio). Seriam companheiros de seleção, se a Iugoslávia não tivesse se dissolvido. (Imagem: Sky Sports)

Sempre que chega a proximidade de competições como a Copa do Mundo ou a Eurocopa nós fazemos um exercício de imaginação: e se ainda existissem as seleções de futebol da União Soviética, Iugoslávia, Tchecoslováquia… Quais seriam os jogadores e qual seria o nível dessas respectivas seleções?

Se essas mudanças geográficas serviram para corrigir vários erros históricos de déspotas como, por exemplo, Josef Stalin e Josip Broz Tito, por outro lado enfraqueceram o esporte, separando grandes jogadores para seleções rivais.

Imaginem só uma seleção iugoslava com Jan Oblak no gol, o meio campo com Matić, Pjanić, Rakitić e Modrić, além de Edin Džeko no ataque? Possivelmente daria algum trabalho às grandes equipes mundiais.

Logicamente um amontoado de bons jogadores não se torna um grande time. Portanto, para esse exercício de montar “seleções imaginárias”, é necessário um pouco de boa vontade.

Com algumas horas de pesquisa e o auxílio de minha excelente memória, “escalei” os jogadores das “seleções” abaixo.

Faltou alguém? Que os leitores me ajudem a corrigir alguma eventual injustiça.

ANTIGA UNIÃO SOVIÉTICA (4-2-3-1)

A dissolução da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas ocorreu em setembro de 1991 em 15 países: Rússia, Ucrânia, Geórgia, Bielorrússia, Armênia, Azerbaijão, Moldávia, Estônia, Letônia, Lituânia, Cazaquistão, Uzbequistão, Quirguistão, Tajiquistão e Turcomenistão.

G – Igor Akinfeev (Rússia)
LD – Bohdan Butko (Ucrânia)
DC – Yaroslav Rakitskiy (Ucrânia)
DC – Ragnar Klavan (Estônia)
LE – Yuri Zhirkov (Rússia)
V – Taras Stepanenko (Ucrânia)
MC – Denis Glushakov (Rússia)
MD – Andriy Yarmolenko (Ucrânia)
MA – Henrikh Mkhitaryan (Armênia)
ME – Yevhen Konoplyanka (Ucrânia)
AC – Fyodor Smolov (Rússia)

T – Andriy Shevchenko (Ucrânia)

 

ANTIGA IUGOSLÁVIA (3-1-3-3)

Em 1991, separaram-se da Iugoslávia os países: Croácia, Eslovênia, Macedônia e Bósnia e Herzegovina (esta, com um grande conflito étnico-religioso). Em 2006, foi a vez da cisão entre Montenegro e Sérvia. Em 2008, Kosovo se declarou independente dos sérvios (apesar de não ser reconhecido internacionalmente).

G – Jan Oblak (Eslovênia)
DC – Branislav Ivanović (Sérvia)
DC – Stefan Savić (Montenegro)
DC – Matija Nastasić (Sérvia)
V – Nemanja Matić (Sérvia)
MC – Miralem Pjanić (Bósnia e Herzegovina)
MC – Luka Modrić (Croácia)
MC – Ivan Rakitić (Croácia)
ME – Ivan Perišić (Croácia)
AC – Mario Mandžukić (Croácia)
AC – Edin Džeko (Bósnia e Herzegovina)

T – Siniša Mihajlović (Sérvia)

 

ANTIGA TCHECOSLOVÁQUIA (4-1-4-1)

Foi a mais simples de todas essas cisões. Tão tranquila, que foi chamada de “Separação de Veludo”, que deu origem a Tchéquia (clique no link) e Eslováquia, a partir de 1992.

G – Petr Čech (Tchéquia)
LD – Theodor Gebre Selassie (Tchéquia)
DC – Martin Škrtel (Eslováquia)
DC – Milan Škriniar (Eslováquia)
LE – Michal Kadlec (Tchéquia)
V – Juraj Kucka (Eslováquia)
MA – Miroslav Stoch (Eslováquia)
MA – Jaroslav Plašil (Tchéquia)
MA – Marek Hamšík (Eslováquia)
PE – Vladimír Weiss (Eslováquia)
AC – Patrik Schick (Tchéquia)

T – Zdeněk Zeman (Tchéquia)

 

ANTIGA ALEMANHA ORIENTAL (4-3-3)

Esse foi um caso inverso. Em 09/11/1991, foi derrubado o Muro de Berlim, que dividia a capitão alemã e todo o país em dois: a República Federal da Alemanha (Alemanha Ocidental, capitalista) e a República Democrática Alemã (Alemanha Oriental, comunista). Mas a oficialização da reunificação se deu apenas em 1990 e é comemorada todo dia 03 de outubro.

G – René Adler (Mainz 05)
DC – Jordan Torunarigha (Hertha Berlin)
DC – Ohis Felix Uduokhai (Wolfsburg)
DC – Tony Jantschke (Borussia Mönchengladbach)
LE – Marcel Schmelzer (Borussia Dortmund)
V – Paul Seguin (Dynamo Dresden)
MC – Toni Kroos (Real Madrid)
MC – Robert Tesche (Bochum)
P – Marcel Hilßner (Hansa Rostock)
P – Patrick Ebert (Rayo Vallecano)
AC – Nils Petersen (Freiburg)

T – Matthias Sammer

 

REINO UNIDO (4-1-4-1)

O Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte é uma junção de quatro nações: Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte. Todas constituem um único país, embora tenham seleções próprias em vários esportes, principalmente futebol e rugby.

G – Joe Hart (Inglaterra)
LD – Kyle Walker (Inglaterra)
DC – Gary Cahill (Inglaterra)
DC – John Stones (Inglaterra)
LE – Ben Davies (País de Gales)
V – Jordan Henderson (Inglaterra)
MC – Aaron Ramsey (País de Gales)
MA – Dele Alli (Inglaterra)
PE – Marcus Rashford (Inglaterra)
PD – Gareth Bale (País de Gales)
AC – Harry Kane (Inglaterra)

T – Ryan Giggs (País de Gales)

 

BRASILEIROS QUE ATUAM POR OUTRAS SELEÇÕES (4-3-3)

Aproveitamos a oportunidade também para “escalar” os jogadores com nacionalidade brasileira, mas que vestem camisas de outras seleções. O primeiro brasileiro a defender outra seleção em Copas do Mundo foi o ex-ponta direita do Corinthians, Filó, nascido Amphilóquio Guarisi Marques e conhecido na Itália como Anfilogino Guarisi. Ele jogou uma partida pela Squadra Azzurra no Mundial de 1934, quando a Itália se sagrou campeã jogando em casa.

G – Guilherme Marinato (Rússia)
LD – Mário Fernandes (Rússia)
DC – Pepe (Portugal)
DC – Léo Lacroix (Suíça)
DC – Thiago Cionek (Polônia)
MC – Thiago Motta (Itália)
MC – Jorginho (Itália)
MC – Thiago Alcántara (Espanha)
PD – Éder (Itália)
PE – Marlos (Ucrânia)
AC – Diego Costa (Espanha)

T Ricardo “Tuca” Ferretti (México)