Arquivo da tag: Copa 2014

… 14/06/2014 – Costa Rica 3 x 1 Uruguai

Três pontos sobre…
… 14/06/2014 – Costa Rica 3 x 1 Uruguai


(Imagem: Getty Images / FIFA)

● Em sua quarta Copa do Mundo (já havia disputado 1990, 2002 e 2006), a seleção da Costa Rica chegou totalmente sem expectativas. O único objetivo era não passar vergonha. Afinal, o que mais poderia esperar no “grupo da morte” – o único da história formado por três campeões mundiais: Uruguai, Inglaterra e Itália? A Costa Rica certamente serviria de sparring no Grupo D. E justamente por não ter nada a perder, daria tudo de si.

O técnico colombiano Jorge Luis Pinto montou um esquema tático teoricamente retranqueiro (5-4-1) e acabou forjando mesmo um sistema defensivo muito forte, liderado pelo goleiro Keylor Navas. Mas os Ticos sabiam como agredir o adversário, seja na técnica e no toque de bola, na bola parada, na velocidade contra-ataque ou nos chutes de longa distância.

Com muita velocidade e movimentação, o trio de ataque era muito perigoso, com os habilidosos Joel Campbell, Christian Bolaños e o capitão Bryan Ruiz. Os principais desfalques eram o lateral Bryan Oviedo e o atacante Álvaro Saborío, artilheiro do time nas eliminatórias da CONCACAF, com oito gols.


(Imagem: Getty Images / FIFA)

● No Mundial anterior, o Uruguai havia sido a melhor seleção sul-americana, com o quarto lugar. A evolução se seguiu e os charruas conquistaram a Copa América de 2011, quebrando um jejum de 16 anos.

Bem treinados pelo Maestro Óscar Tabárez, os charruas mantinham praticamente o mesmo elenco, com apenas seis modificações.

O forte dos uruguaios era o conjunto, mas alguns jogadores se destacavam pela qualidade técnica individual. A defesa era consistente, com os Diegos Godín e Lugano. O ataque estava em seu ápice, com Edison Cavani e Luis Suárez. Porém, nem tudo era maravilha. Faltava criatividade no meio e o goleiro Muslera nunca inspirou confiança.

E, se em 2014 estava quatro anos mais experiente e maduro (principalmente nos casos de Suárez e Cavani), também estava quatro anos mais envelhecido (casos de Lugano e Forlán – eleito o melhor jogador do Mundial de 2010).


O técnico colombiano Jorge Luis Pinto conseguiu armar uma defesa consistente, com cinco homens. No meio, se fechava com outra linha de quatro. E, quando esse paredão era vazado, ainda tinha outra muralha: o goleiro Keylor Navas.


Maestro Tabárez armou o Uruguai no sistema tático 4-4-2, com duas linha de quatro.

● Há uma ligação quase umbilical entre o futebol brasileiro e o uruguaio. Vários jogadores charruas são ídolos de clubes brasileiros. Até por isso, o ambiente no estádio Castelão era praticamente todo favorável ao Uruguai, com ampla maioria nas arquibancadas.

Mas, com o nível competitivo do futebol apresentado, a seleção da Costa Rica conquistou os brasileiros presentes – que costuma ter tendência a torcer para os mais fracos. Desde então a torcida brasileira passou a adotar a Costa Rica como segundo time.

O Uruguai tinha uma qualidade técnica muito superior ao seu adversário, mas não conseguiu transformar essa diferença em superioridade.

A principal estrela do duelo estava ausente. Luis Suárez estava se recuperando de uma cirurgia no joelho e não foi pro jogo. Ele foi poupado para os duelos teoricamente mais difíceis, contra Inglaterra e Itália. O time sentiu muito a ausência de seu camisa 9, pois faltou criatividade e poder de fogo.

Mas ainda assim conseguiu abrir o placar. Aos 23 minutos do primeiro tempo, Diego Forlán cobrou falta da esquerda e Diego Lugano foi agarrado por Júnior Díaz dentro da área e o árbitro alemão Felix Brych marcou a penalidade. Edinson Cavani bateu com segurança no canto esquerdo de Navas. O goleiro até acertou o canto, mas não conseguiu pegar.


(Imagem: Getty Images / FIFA)

Minutos depois, um atacante costarriquenho também foi agarrado na área uruguaia em um lance muito parecido, mas o juiz não marcou nada. Dois pesos, duas medidas.

O Uruguai seguiu um pouco melhor em campo. Cebolla Rodríguez arrancou pelo meio, passou por dois costarriquenhos e abriu na esquerda para Forlán. O camisa 10 bateu de canhota do bico da grande área, a bola desviou em Duarte e tinha o caminho das redes. Mas Navas deu um tapa por cima e evitou o gol. Uma defesa de alto grau de dificuldade.

O ataque dos Ticos sofria com a falta de inspiração no primeiro tempo. Mas voltou aceso para a etapa final e virou o jogo na bola aérea.

Mesmo tendo jogadores altos e fortes, como Lugano e Godín, a defesa celeste sofreu muito nas bolas altas. Qualquer levantamento para a área uruguaia era um “Deus nos acuda”. Os dois gols da virada vieram de erros de posicionamento dos defensores celestes.

O primeiro foi aos nove minutos. Bryan Ruiz deu um passe vertical na direita para Bolaños, que escorou de primeira para Cristian Gamboa cruzar da linha de fundo. Celso Borges dividiu no alto com Lugano e a bola sobrou dentro da área para Joel Campbell dominar no peito e chutar forte, sem chances para Muslera.

Apenas três minutos depois ocorreu a surpreendente virada. Bolaños bateu falta da intermediária central. Óscar Duarte se livrou da marcação de Cristhian Stuani e apareceu na segunda trave para cabecear de peixinho. A bola entrou no canto esquerdo do goleiro uruguaio.

O meio campo uruguaio errava muitos passes, especialmente Walter Gargano. Ele cometeu várias faltas e não conseguiu marcar Bryan Ruiz, o articulador das jogadas costarriquenhas.

Com pouca criatividade e muito desespero, o Uruguai se atirou ao ataque, mas parou no bloqueio defensivo do adversário.

O golpe fatal veio a seis minutos do fim, em um contra-ataque. Campbell recebeu na direita e lançou rasteiro para Marco Ureña dentro da área. O atacante, que tinha acabado de entrar, deu apenas um toque para tirar de Muslera e marcar o terceiro gol dos Ticos.

No minuto final, Campbell (o melhor em campo) dominou na ponta esquerda e prendeu a bola para ganhar tempo. Impaciente, Maxi Pereira lhe deu uma rasteira e foi corretamente expulso de campo.

A vitória costarriquenha por 3 x 1 acabou surpreendendo a todos.


(Imagem: Getty Images / FIFA)

● Na segunda partida, o Uruguai venceu a Inglaterra por 2 x 1, com dois gols de Luisito Suárez. No terceiro jogo, vitória sobre a Itália por 1 x 0 (gol de Godín), quando houve a famosa mordida de Suárez em Giorgio Chiellini. Nas oitavas de final, já sem poder contar com Suárez – suspenso pela FIFA –, o Uruguai perdeu para a Colômbia por 2 x 0, com dois gols de James Rodríguez.

A Costa Rica levou seu sonho mais adiante. Ficou em primeiro de seu grupo, vencendo a Itália por 1 x 0 e empatando por 0 x 0 com a Inglaterra. Nas oitavas, empatou por 1 x 1 com a Grécia e venceu nos pênaltis por 5 x 3. Nas quartas, empatou sem gols com a Holanda. E acordou para a realidade após ser eliminada nas penalidades por 5 x 3. No fim, terminou em um honroso oitavo lugar e a melhor defesa do torneio, com apenas dois gols sofridos. Acabou sendo muito mais do que os mais otimistas e ferrenhos torcedores esperavam. E o time de Keylor Navas, Bryan Ruiz e Joel Campbell entrou positivamente para os almanaques das Copas.


(Imagem: Getty Images / FIFA)

FICHA TÉCNICA:

 

COSTA RICA 3 x 1 URUGUAI

 

Data: 14/06/2014

Horário: 16h00 locais

Estádio: Castelão

Público: 58.679

Cidade: Fortaleza (Brasil)

Árbitro: Felix Brych (Alemanha)

 

COSTA RICA (5-4-1):

URUGUAI (4-4-2):

1  Keylor Navas (G)

1  Fernando Muslera (G)

16 Cristian Gamboa

16 Maxi Pereira

6  Óscar Duarte

2  Diego Lugano (C)

3  Giancarlo González

3  Diego Godín

4  Michael Umaña

22 Martín Cáceres

15 Júnior Díaz

17 Egidio Arévalo Ríos

17 Yeltsin Tejeda

5  Walter Gargano

5  Celso Borges

7  Cristian Rodríguez

7  Christian Bolaños

11 Cristhian Stuani

10 Bryan Ruiz (C)

10 Diego Forlán

9  Joel Campbell

21 Edinson Cavani

 

Técnico: Jorge Luis Pinto

Técnico: Óscar Tabárez

 

SUPLENTES:

 

 

18 Patrick Pemberton (G)

23 Martín Silva (G)

23 Daniel Cambronero (G)

12 Rodrigo Muñoz (G)

2  Johnny Acosta

4  Jorge Fucile

8  David Myrie

13 José Giménez

19 Roy Miller

19 Sebastián Coates

12 Waylon Francis

6  Álvaro Pereira

13 Óscar Granados

15 Diego Pérez

22 José Miguel Cubero

20 Álvaro González

11 Michael Barrantes

14 Nicolás Lodeiro

20 Diego Calvo

18 Gastón Ramírez

14 Randall Brenes

8  Abel Hernández

21 Marco Ureña

9  Luis Suárez

 

GOLS:

24′ Edinson Cavani (URU) (pen)

54′ Joel Campbell (COS)

57′ Óscar Duarte (COS)

84′ Marco Ureña (COS)

 

CARTÕES AMARELOS:

50′ Diego Lugano (URU)

56′ Walter Gargano (URU)

81′ Martín Cáceres (URU)

 

CARTÃO VERMELHO:
90+4′ Maxi Pereira (URU)

 

SUBSTITUIÇÕES:

60′ Walter Gargano (URU) ↓

Álvaro González (URU) ↑

 

60′ Diego Forlán (URU) ↓

Nicolás Lodeiro (URU) ↑

 

75′ Yeltsin Tejeda (COS) ↓

José Miguel Cubero (COS) ↑

 

76′ Cristian Rodríguez (URU) ↓

Abel Hernández (URU) ↑

 

83′ Bryan Ruiz (COS) ↓

Marco Ureña (COS) ↑

 

89′ Christian Bolaños (COS) ↓

Michael Barrantes (COS) ↑

Melhores momentos da partida:

… 13/07/2014 – Alemanha 1 x 0 Argentina

Três pontos sobre…
… 13/07/2014 – Alemanha 1 x 0 Argentina


(Imagem: ESPN)

● Quase 35 milhões de telespectadores assistiram à partida na Alemanha, no recorde histórico de audiência na TV do país.

Era um jogo imprevisível. Os alemães tinham um elenco mais homogêneo, maduro e pronto para vencer. A Argentina tinha Lionel Messi e bons coadjuvantes.

Na estreia, a Nationalmannschaft goleou Portugal de Cristiano Ronaldo por 4 x 0. Nos jogos seguintes, empatou com Gana (2 x 2) e venceu os EUA (1 x 0). Nas oitavas de final, precisou da prorrogação para eliminar a ardilosa Argélia (2 x 1). Nas quartas, venceu a França por 1 x 0 em um duelo muito equilibrado. Na semifinal, não houve equilíbrio algum ao massacrar a Seleção Brasileira, dona da casa, nos famosos 7 a 1. Na decisão, enfrentaria uma velha conhecida: a Argentina.

Na primeira fase, a seleção albiceleste venceu as três partidas válidas pelo Grupo F: 2 x 1 sobre a Bósnia e Herzegovina, 1 x 0 no Irã e 3 x 2 na Nigéria. Nas oitavas de final, precisou da prorrogação para vencer a Suíça por 1 x 0. Nas quartas, eliminou a “ótima geração belga” com uma vitória por 1 x 0. Na semifinal, venceu a Holanda nos pênaltis por 4 x 2, após empate sem gols no tempo normal e na prorrogação.

Do lado portenho, Ángel Di María foi uma ausência muito sentida, não se recuperando da contusão na coxa que sofreu nas quartas de final contra a Bélgica. O técnico Alejandro Sabella preferiu proteger mais o meio de campo com Enzo Pérez.

Sami Khedira se lesionou no aquecimento, minutos antes da decisão, e foi substituído por Christoph Kramer, que nunca havia sido titular da seleção antes.


A Alemanha jogou no 4-3-3. Com a bola, Lahm avançava e Höwedes recuava, formando um 3-4-3.


A Argentina atuou no 4-3-3. Sem a bola, Lavezzi recuava e o time formava um 4-4-2.

● A Alemanha dominou a posse de bola desde o começo. Sabella povoou o meio de campo e os alemães não encontravam tantos espaços quanto na partida contra o Brasil.

A Argentina parecia dar a bola aos alemães, na tentativa de roubar e avançar em contragolpes rápidos.

E a albiceleste foi a primeira a assustar o adversário. Ezequiel Lavezzi roubou a bola de Mats Hummels na direita do ataque argentino e a bola sobrou para Gonzalo Higuaín bater cruzado e sem ângulo, mas a bola saiu pela linha lateral.

Phillip Lahm cruzou da direita, mas Miroslav Klose estava marcado por Martín Demichelis e não conseguiu alcançar.

Após chutão de Manuel Neuer para o ataque, a bola ficou no alto sendo rebatida de um lado para o outro até que Toni Kroos tentou recuar para o seu goleiro quase da intermediária, errou na força da cabeçada e acabou colocando Higuaín cara a cara com o gol. O camisa 9 teve tempo para deixar a bola quicar, ajeitar o corpo e bater. Incrivelmente, a bola foi para fora. Ele desperdiçou o presente. Difícil um centroavante de alto nível perder um gol desses e Higuaín conseguiu.

Aos 29′, Messi abriu com Lavezzi, que cruzou para a área. Higuaín bateu de primeira e dessa vez acertou o gol, mas a arbitragem já havia parado o lance apontando impedimento depois do cruzamento de Ezequiel Lavezzi.

Dois minutos depois, o volante Kramer precisou ser substituído por causa de uma dividida com Ezequiel Garay logo no início da partida. O técnico Joachim Löw ousou e colocou o atacante André Schürrle em seu lugar, adiantando o time. Kroos passou a atuar mais recuado e Mesut Özil foi jogar no centro, com Shurrle na esquerda.

Thomas Müller ganhou de Pablo Zabaleta no corpo, entrou na área e cruzou rasteiro para trás. Schurrle chegou batendo forte, mas Sergio Romero espalmou pela linha de fundo.

O jogo era muito bom tecnicamente.

Messi era muito bem marcado, mas se apresentava e participava bem do jogo. Ele também teve sua oportunidade aos 39′, quando ganhou na velocidade de Hummels, mas Neuer saiu para fechar o espaço e Jérôme Boateng tirou o perigo da área alemã.

Apesar da Argentina ter assustado primeiro, a Nationalelf tratou de responder à altura, com envolventes trocas de passes e aproximação dos jogadores.

Pouco antes do intervalo, Kroos bateu escanteio da direita a Benedikt Höwedes cabeceou forte, mas a bola foi explodiu na trave. Na volta, Müller estava impedido.


(Imagem: Getty Images / FIFA)

● No intervalo, Sabella trocou Lavezzi por Kun Agüero.

Logo aos dois minutos, Messi teve uma grande chance de abrir o placar. Ele escapou nas costas da defesa, recebeu lançamento de Lucas Biglia, avançou e chutou cruzado, mas a bola foi para fora, tirando tinta da trave esquerda de Neuer. Um gol perdido nível 9 na “escala Higuaín”.

Depois, Messi recebeu na direita, cortou para o meio em sua jogada característica, mas bateu para fora.

Mas estranhamente a Argentina foi perdendo o ímpeto ofensivo.

Agüero não fazia a recomposição na marcação como Lavezzi e a Alemanha passou a ter superioridade no meio do campo.

Bastian Schweinsteiger abriu na ponta direita com Müller, que cortou a marcação e rolou para trás e Toni Kroos chutou para fora.

Os sul-americanos eram sólidos na defesa, mas não conseguiam levar perigo no ataque.

Messi buscava a bola e saía driblando, mas não conseguia passar por todo o exército alemão.

Cansado de ver Higuaín perder gols, o treinador argentino o trocou por Rodrigo Palacio e colocou Fernando Gago no lugar de Enzo Pérez.

Löw tirou o apagado veterano Miroslav Klose e colocou em campo o jovem Mario Götze.

Aos 36′, Javier Mascherano errou o passe no campo de defesa, Özil tabelou com Müller e rolou para trás para Kroos bater rasteiro, mas Romero pegou firme.

Sem gols durante os 90 minutos, a partida se encaminhou para a prorrogação.


(Imagem: Getty Images / FIFA)

● E as duas equipes foram muito mais cautelosas no tempo extra, parecendo que queriam levar a decisão para os pênaltis.

Logo aos 30 segundos, Götze fez o pivô e rolou para Schurrle bater do bico da pequena área. Romero espalmou para frente e Özil chutou o rebote em cima da marcação.

Rojo cruzou para a área, Hummels errou o tempo de bola e Palacio tentou encobrir Neuer e mandou para fora.

Mas, aos oito minutos do segundo tempo, Schurrle arrancou em ótima jogada pela esquerda, passou por três adversários e cruzou na primeira trave. No bico da pequena área, Mario Götze dominou no peito e, sem deixar a bola cair, chutou cruzado para estufar as redes. Um golaço.

Mario Götze foi o primeiro e até hoje único jogador a ter saído do banco de reservas e fazer o gol do título de uma Copa do Mundo.

No finalzinho, Marcos Rojo cruzou da linha de fundo e Messi cabeceou por cima.

Em toda a competição, a Argentina só ficou atrás no placar por sete minutos. Justamente os minutos derradeiros que lhe tiraram o título na decisão.


(Imagem: Getty Images / FIFA)

● Ao fim da partida, o estádio Maracanã estava em festa. Os alemães festejavam sua conquista e os brasileiros vibravam pela derrota da Argentina.

A Alemanha deu uma aula de futebol, consagrando uma geração brilhante e o trabalho sério e longevo do técnico Joachim Löw, no comando de sua equipe desde 2006. Um trabalho que pôde ser amadurecido nas derrotas das últimas Copas do Mundo e Eurocopas, mas que chegou à maturidade e rendeu louros no maior palco do futebol mundial.

O título premiou com justiça e deixou na história os personagens da velha guarda como Phillip Lahm, Bastian Schweinsteiger, Miroslav Klose, Łukas Podolski e Per Mertesacker, além de outros mais jovens como Manuel Neuer, Jérôme Boateng, Mats Hummels, Toni Kroos, Mesut Özil e Mario Götze.

Os alemães deixaram um legado dentro de campo. Mas esse legado se estendeu para fora do campo. O centro de treinamento onde os germânicos se prepararam para a disputa do Mundial, em Santa Cruz Cabrália, no litoral sul da Bahia, se tornou um lindo resort. Além disso, os alemães doaram €$ 10 mil para os índios da tribo pataxó e várias bicicletas para uma escola da região.

Neuer e Schweinsteiger cantaram o hino do Bahia e Podolski apareceu mais de uma vez com a camisa do Flamengo. A presença dos alemães foi também uma aula de simpatia e carisma.


(Imagem: Getty Images / FIFA)

● Assim como foi com Brasil e Itália, a Alemanha teve que esperar 24 anos entre o tri e o tetracampeonato.

Essa foi a terceira final de Copa do Mundo disputada entre alemães e argentinos – o confronto que mais se repetiu nas decisões. Em 1986, a Argentina de Diego Maradona venceu. Em 1990, a Alemanha de Lothar Matthäus deu o troco. Coincidentemente, os hermanos perderam as duas vezes em que jogaram de camisa azul (1990 e 2014).

Curiosamente, Gonzalo Higuaín tentou mais chutes a gol na final de 2014 do que o total de finalizações da seleção albiceleste na decisão da Copa de 1990 (uma só).

A Alemanha se tornou a primeira seleção europeia a vencer um Mundial no continente americano.

Ao conquistar o quarto título, a Alemanha se igualou à Itália como a seleção europeia com mais Copas do Mundo.

Discutivelmente, Lionel Messi foi eleito o melhor jogador da competição. Antes dele, apenas um argentino havia ganhado essa honraria: Diego Armando Maradona, em 1986.

Manuel Neuer ficou quatro partidas sem sofrer gols. Dentre todos os goleiros alemães, apenas Oliver Kahn, em 2002, conseguiu ficar mais jogos invicto (cinco).

Miroslav Klose se tornou o segundo jogador com mais partidas na história das Copas do Mundo, com 24. Só fica atrás de seu conterrâneo Lothar Matthäus, com 25. Além disso, Klose é o maior artilheiro da história das Copas, com 16 gols.


(Imagem: Getty Images / FIFA)

FICHA TÉCNICA:

 

ALEMANHA 1 x 0 ARGENTINA

 

Data: 13/07/2014

Horário: 16h00 locais

Estádio: Maracanã

Público: 74.738

Cidade: Rio de Janeiro (Brasil)

Árbitro: Nicola Rizzoli (Itália)

 

ALEMANHA (4-3-3):

ARGENTINA (4-3-3):

1  Manuel Neuer (G)

1  Sergio Romero (G)

16 Phillip Lahm (C)

4  Pablo Zabaleta

20 Jérôme Boateng

15 Martín Demichelis

5  Mats Hummels

2  Ezequiel Garay

4  Benedikt Höwedes

16 Marcos Rojo

23 Christoph Kramer

14 Javier Mascherano

7  Bastian Schweinsteiger

6  Lucas Biglia

18 Toni Kroos

8  Enzo Pérez

8  Mesut Özil

22 Ezequiel Lavezzi

13 Thomas Müller

10 Lionel Messi (C)

11 Miroslav Klose

9  Gonzalo Higuaín

 

Técnico: Joachim Löw

Técnico: Alejandro Sabella

 

SUPLENTES:

 

 

22 Roman Weidenfeller (G)

12 Agustín Orión (G)

12 Ron-Robert Zieler (G)

21 Mariano Andújar (G)

3  Matthias Ginter

3  Hugo Campagnaro

17 Per Mertesacker

17 Federico Fernández

21 Shkodran Mustafi (lesionado)

23 José María Basanta

15 Erik Durm

13 Augusto Fernández

2  Kevin Großkreutz

5  Fernando Gago

6  Sami Khedira (lesionado)

19 Ricky Álvarez

14 Julian Draxler

11 Maxi Rodríguez

19 Mario Götze

7  Ángel Di María

9  André Schürrle

18 Rodrigo Palacio

10 Łukas Podolski

20 Sergio Agüero

 

GOL: 113′ Mario Götze (ALE)

 

CARTÕES AMARELOS:

29′ Bastian Schweinsteiger (ALE)

34′ Benedikt Höwedes (ALE)

64′ Javier Mascherano (ARG)

65′ Sergio Agüero (ARG)

 

SUBSTITUIÇÕES:

31′ Christoph Kramer (ALE) ↓

André Schürrle (ALE) ↑

 

INTERVALO Ezequiel Lavezzi (ARG) ↓

Sergio Agüero (ARG) ↑

 

78′ Gonzalo Higuaín (ARG) ↓

Rodrigo Palacio (ARG) ↑

 

86′ Enzo Pérez (ARG) ↓

Fernando Gago (ARG) ↑

 

88′ Miroslav Klose (ALE) ↓

Mario Götze (ALE) ↑

 

120′ Mesut Özil (ALE) ↓

Per Mertesacker (ALE) ↑

Melhores momentos da partida:

… 05/07/2014 – Holanda 0 x 0 Costa Rica

Três pontos sobre…
… 05/07/2014 – Holanda 0 x 0 Costa Rica


(Imagem: Reuters)

● A Costa Rica viajou ao Brasil para disputar a sua quarta Copa do Mundo com a intenção de não passar vergonha. Afinal, teoricamente teria poucas chances em um grupo com três campeões mundiais: Uruguai, Itália e Inglaterra.

E justamente por terem nada a perder, surpreendeu o mundo a o se classificar em primeiro lugar do grupo. Primeiro venceu o Uruguai por 3 x 1. Depois foi a vez da Itália: 1 x 0. Assegurou a liderança ao empatar sem gols com a Inglaterra. Nas oitavas de final, enfrentou a Grécia. Vencia por 1 x 1 até o último minuto de jogo, mas sofreu o empate. E garantiu a vitória nos pênaltis por 5 x 3. A Costa Rica era a sensação do campeonato e foi adotada pela torcida brasileira como seu segundo time.

A Holanda vinha com 100% de aproveitamento. Na primeira fase, goleou a campeã do mundo Espanha por 5 x 1 e se vingou da final de 2010. Na sequência, bateu a Austrália por 3 x 2 e o Chile por 2 x 0. Nas oitavas, de forma polêmica, venceu o México de virada por 2 x 1 nos acréscimos.


A Holanda se defendia no 5-2-3 e atacava no 3-4-3.


A Costa Rica jogava no sistema 5-4-1. Johnny Acosta entrou na zaga, substituindo Óscar Duarte, que foi expulso contra a Grécia.

● A Arena Fonte Nova tinha se acostumado às goleadas (especialmente “Holanda 5 x 1 Espanha” e “Alemanha 4 x 0 Portugal”) e ótimas partidas (como “Bélgica 2 x 1 Estados Unidos”). Mas assistiu ao melhor ataque da Copa até então, a Holanda, com 12 gols marcados, parar na melhor defesa, da Costa Rica, que só sofreu dois. E só foi ver a rede balançar na disputa das penalidades máximas.

Os primeiros 45 minutos foram todos da Holanda, que trocava passes com paciência. No jogo todo, foram 64% de posse de bola da Oranje, com 20 finalizações a gol, contra apenas seis dos Ticos.

O técnico Louis van Gaal escalou um time muito técnico, sem nenhum volante. Georginio Wijnaldum e Wesley Sneijder eram os meias centrais. O atacante Dirk Kuyt foi escalado na ala direita. No ataque, Memphis Depay fez companhia a Arjen Robben e Robin van Persie.

A Costa Rica se defendia com uma linha de cinco homens na defesa e outros quatro no meio campo. Apenas o capitão Bryan Ruiz ficava no ataque.

Aos 20′, após troca de passes em velocidade pela direita, Robben deixou com Kuyt, que achou Van Persie livre na área pela esquerda. O camisa 9 bateu cruzado e Navas pegou. No rebote, Sneijder chutou e Navas defendeu de novo.

Sete minutos depois, Bryan Ruiz saiu jogando errado e o contragolpe dos laranjas pegou a defesa costarriquenha desprevenida. Van Persie abriu com Depay na ponta esquerda e ele chutou de primeira, forte e rasteiro, mas Navas defendeu bem com o pé direito.

A Costa Rica estava acuada e não conseguia nem contra-atacar. A melhor chance foi no minuto 33, quando Christian Bolaños cobrou falta da direita, Celso Borges tocou para o meio e Johnny Acosta tentou de meia bicicleta. Van Persie ajudava a defesa e tirou em cima da linha.

Aos 39 min, Sneijder cobrou falta com perfeição por cima da barreira, mas Navas foi buscar no ângulo.


(Imagem: Goal)

O segundo tempo começou em um ritmo mais lento, mas logo a Holanda retomou a pressão.

Nos dez minutos finais, Robben sofreu falta no bico esquerdo da grande área. Sneijder bateu com categoria e a bola explodiu na trave direita de Navas.

Aos 38′, Van Persie obrigou Navas a fazer uma excelente defesa em um chute à queima-roupa.

Dois minutos depois, Sneijder cruzou, mas Van Persie furou de forma bisonha na pequena área.

Já nos acréscimos, após cruzamento da esquerda, a bola passou por três holandeses e Van Persie finalizou. A bola passou por Navas, mas o volante Yeltsin Tejeda salvou em cima da linha e a bola ainda tocou no travessão.

No tempo extra, o bombardeio holandês continuou e a Costa Rica se safou de sofrer o gol.

Os Ticos apostavam no contra-ataque e reclamaram de pênalti em jogada que Ureña foi derrubado por Vlaar, mas não havia VAR e o árbitro Ravshan Irmatov do Uzbequistão mandou o jogo seguir.

Na prorrogação, a Holanda tentou encurralar a Costa Rica. Para os últimos 15 minutos, Van Gaal trocou o zagueiro Bruno Martins Indi pelo centroavante Klaas-Jan Huntelaar. Mas o time ficou meio bagunçado e acabou dando um contragolpe que quase resultou na vitória da Costa Rica.

Aos 11′ do segundo tempo da prorrogação, Ureña fez boa jogada individual e chutou rasteiro, mas Cillessen defendeu com os pés.

Dois minutos depois, Sneijder bateu de fora da área e acertou o travessão de Navas.

E faltando 30 segundos para o fim da prorrogação veio o momento mais marcante dessa partida. O técnico Louis van Gaal fez uma alteração inédita até hoje em Copas do Mundo: trocou o goleiro titular Jasper Cillessen por Tim Krul. Cillessen é um bom goleiro e foi o titular durante todo o tempo, mas era conhecido por nunca ter defendido um pênalti em sua carreira até então. Mais alto, com 1,96 m, Tim Krul também não era famoso por pegar penalidades, mas era melhor nos treinamentos desse fundamento. O camisa 1 deixou o gramado revoltado com a decisão do treinador.

Mas, conhecendo Van Gaal, essa mudança foi mais psicológica, para encher seu time de confiança e abalar a moral do adversário. O técnico foi ousado, fez uma aposta arriscada, mas que se mostraria acertada.


(Imagem: Reuters)

● Nas cobrança de pênaltis, Celso Borges abriu a contagem, batendo com categoria à esquerda. Costa Rica, 1 a 0.

Robin van Persie bateu da mesma forma e empatou.

Bryan Ruiz bateu no canto esquerdo e Tim Krul fez a defesa.

Arjen Robben bateu no ângulo direito de Navas. Holanda, 2 a 1.

Krul provocou Giancarlo González antes da batida, mas o zagueiro converteu, batendo à meia altura, no canto esquerdo: 2 a 2.

Wesley Sneijder bateu no canto direito e converteu. Holanda, 3 a 2.

Christian Bolaños bateu com categoria e colocou no alto à direita: 3 a 3.

Dirk Kuyt tinha a experiência a seu favor e bateu à direita. Holanda 4 a 3.

O zagueiro Michael Umaña bateu no canto esquerdo e Tim Krul voou para pegar e decidir a partida.

Final: Holanda 4 x 3 Costa Rica.

Tim Krul acertou o lado de todas as cobranças e pegou duas. Afinal, ele entrou para isso: para decidir.


(Imagem: Reuters)

● A Costa Rica foi eliminada, mas caiu de cabeça em pé, chegando pela primeira vez até as quartas de final da Copa do Mundo. Se despediu de forma invicta, com três empates e duas vitórias. Terminou com a melhor defesa do torneio e a honrosa oitava colocação no geral.

Com todos os méritos, a Holanda se classificou para a semifinal, onde enfrentou a Argentina. A partida também não teve gols e foi decidida nos pênaltis. Mas, dessa vez, não teve Tim Krul e a Argentina se classificou para a final ao vencer por 4 x 2. Na decisão do 3º lugar, a Holanda aproveitou a decadência e falta de estímulo da Seleção Brasileira e venceu fácil por 3 x 0.

(Imagem: Goal)

FICHA TÉCNICA:

 

HOLANDA 0 x 0 COSTA RICA

 

Data: 05/07/2014

Horário: 17h00 locais

Estádio: Arena Fonte Nova

Público: 51.179

Cidade: Salvador (Brasil)

Árbitro: Ravshan Irmatov (Uzbequistão)

 

HOLANDA (5-2-3):

COSTA RICA (5-4-1):

1  Jasper Cillessen (G)

1  Keylor Navas (G)

15 Dirk Kuyt

16 Cristian Gamboa

2  Ron Vlaar

2  Johnny Acosta

3  Stefan de Vrij

3  Giancarlo González

4  Bruno Martins Indi

4  Michael Umaña

5  Daley Blind

15 Júnior Díaz

20 Georginio Wijnaldum

17 Yeltsin Tejeda

10 Wesley Sneijder

5  Celso Borges

21 Memphis Depay

7  Christian Bolaños

11 Arjen Robben

10 Bryan Ruiz (C)

9  Robin van Persie (C)

9  Joel Campbell

 

Técnico: Louis van Gaal

Técnico: Jorge Luis Pinto

 

SUPLENTES:

 

 

23 Tim Krul (G)

18 Patrick Pemberton (G)

22 Michel Vorm (G)

23 Daniel Cambronero (G)

12 Paul Verhaegh

6  Óscar Duarte (suspenso)

13 Joël Veltman

8  David Myrie

14 Terence Kongolo

19 Roy Miller (lesionado)

7  Daryl Janmaat

12 Waylon Francis

6  Nigel de Jong (lesionado)

13 Óscar Granados

8  Jonathan de Guzmán

22 José Miguel Cubero

16 Jordy Clasie

11 Michael Barrantes

18 Leroy Fer (lesionado)

20 Diego Calvo

17 Jeremain Lens

14 Randall Brenes

19 Klaas-Jan Huntelaar

21 Marco Ureña

 

CARTÕES AMARELOS:

37′ Júnior Díaz (COS)

52′ Michael Umaña (COS)

64′ Bruno Martins Indi (HOL)

81′ Giancarlo González (COS)

107′ Johnny Acosta (COS)

111′ Klaas-Jan Huntelaar (HOL)

 

SUBSTITUIÇÕES:

66′ Joel Campbell (COS) ↓

Marco Ureña (COS) ↑

 

76′ Memphis Depay (HOL) ↓

Jeremain Lens (HOL) ↑

 

79′ Cristian Gamboa (COS) ↓

David Myrie (COS) ↑

 

97′ Yeltsin Tejeda (COS) ↓

José Miguel Cubero (COS) ↑

 

106′ Bruno Martins Indi (HOL) ↓

Klaas-Jan Huntelaar (HOL) ↑

 

120+1′ Jasper Cillessen (HOL) ↓

Tim Krul (HOL) ↑

 

DECISÃO POR PÊNALTIS:

HOLANDA 4

COSTA RICA 3

Robin van Persie (gol, à esquerda)

Celso Borges (gol, à esquerda)

Arjen Robben (gol, no ângulo direito)

Bryan Ruiz (perdeu, à esquerda, defendido por Tim Krul)

Wesley Sneijder (gol, à meia altura, à direita)

Giancarlo González (gol, à meia altura, à esquerda)

Dirk Kuyt (gol, à direita)

Christian Bolaños (gol, alta, à direita)

 

Michael Umaña (perdeu, à esquerda, defendido por Tim Krul)

Melhores momentos da partida:

… 16/06/2014 – Alemanha 4 x 0 Portugal

Três pontos sobre…
… 16/06/2014 – Alemanha 4 x 0 Portugal


(Imagem: UOL)

Treinada por Joachim Löw desde 2006, a Alemanha de 2014 estava mais forte e experiente do que o jovem time que tinha conquistado o 3º colocado no Mundial da África do Sul. Agora, no Brasil, jogavam tão afinados quanto uma orquestra, justamente no país do samba.

Nenhuma seleção havia evoluído tanto e revelado outros tantos jogadores de alto nível nos últimos quatro anos quanto a Die Mannschaft. Praticava um futebol ofensivo para os padrões alemães. Tanto, que o time se expunha em alguns momentos e acabava sofrendo mais gols que o normal.

Por isso, Löw ajustou sua defesa escalando inicialmente Jérôme Boateng na direita, Per Mertesacker e Mats Hummels no miolo da zaga e Benedikt Höwedes fechando na esquerda. Manuel Neuer já se consolidava como um dos maiores goleiros da história. O meio campo era altamente técnico, com três entre Phillip Lahm (inventado como meia por Pep Guardiola no Bayern de Munique), Sami Khedira, Bastian Schweinsteiger e Toni Kroos. Não tinha um atacante de ofício. Na linha de frente, Mesut Özil se movimentava da direita para dentro, Mario Götze fazia o papel inverso, da esquerda para o meio e Thomas Müller era o “falso 9”.

Sami Khedira, ponto de equilíbrio do time, estava recuperado da lesão sofrida na final da UEFA Champions League, atuando pelo Real Madrid. A grande ausência era o sempre lesionado Marco Reus.


(Imagem: Folha)

● Portugal sonhava em fazer uma boa competição. Seu alicerce e inspiração era Cristiano Ronaldo, melhor jogador no mundo do ano anterior. Mas o elenco formado pelo técnico Paulo Bento (que depois teria uma rápida passagem pelo Cruzeiro), tinha bons coadjuvantes.

No sistema 4-2-3-1 montado por Paulo Bento, Rui Patrício era um goleiro que não comprometia, assim como os laterais João Pereira e Fábio Coentrão. Na zaga, dois xerifes: Bruno Alves e Pepe (que vinha de uma ótima temporada no Real Madrid). No meio, Miguel Veloso cuidava mais da proteção para Raul Meireles fazer a saída de bola. Os passes preciosos eram a maior qualidade de João Moutinho. Nani fazia a ponta direita e Hugo Almeida era o centroavante. Derivando da esquerda para o meio, bem ao seu estilo, CR7.

Na repescagem para a Copa, precisou duelar com a Suécia. Zlatan Ibrahimović marcou dois gols, mas CR7 anotou os quatro no placar agregado de 4 x 2 que classificou a seleção das Quinas – inclusive um hat trick na casa do rival.

Com Cristiano Ronaldo em campo, os portugueses sonharam. Mas rapidamente se viram em um pesadelo.


A Alemanha jogou no 4-3-3, com mobilidade total do meio para a frente e sem atacantes fixos.


Portugal jogou no sistema 4-2-3-1.

● Alemanha e Portugal fizeram a abertura do Grupo G, na Arena Fonte Nova, em Salvador, Bahia.

Portugal começou atacando mais nos primeiros dez minutos, mas logo a Nationalelf equilibrou as ações e passou a dominar o jogo.

A primeira das decisões controversas do árbitro sérvio Milorad Mažić ocorreu aos doze minutos do primeiro tempo, quando ele assinalou falta de João Pereira em Mario Götze dentro da área. Os portugueses ficaram muito agitados e questionaram com ímpeto a marcação da penalidade, principalmente Pepe. Mas foi mesmo um pênalti, no mínimo, contestável. O jornalista Mark Ogden, do Daily Telegraph, classificou a marcação como “outro exemplo de arbitragem questionável nesta Copa do Mundo, pois o contato parecia leve, certamente não o suficiente para forçar Götze, que aproveitou o desafio ao máximo”.

Thomas Müller abriu o placar, batendo forte e rasteiro no canto esquerdo do goleiro Rui Patrício.

Pouco depois, Nani chutou de direita da entrada da área e a bola passou assustando Neuer.

Aos 28′, Hugo Almeida se lesionou e deu lugar a Ederzito (que seria o herói do título da Eurocopa dois anos depois, mas que nessa partida não fez nada).

Quatro minutos depois, Aos 32′, Toni Kroos cobrou escanteio na cabeça de Mats Hummels, que ganhou de Pepe no alto e testou firme para marcar o segundo gol alemão.

Os lusos estavam mesmo com os nervos à flor da pele. Aos 37′, Pepe dribou Müller na entrada de sua própria área e ia perdendo o lance até que colocou o braço para impedir o avanço do alemão. Müller simulou ter sido agredido no rosto e caiu. O juiz mandou seguir. Mas Pepe foi tirar satisfação com o adversário sentado e acabou encostando sua cabeça na dele. Müller levantou e os dois continuaram a discussão. E o árbitro sérvio acabou expulsando o zagueiro português. Certamente mais pela fama do que pelo ato. Para o ex-árbitro americano Brian Hall, Müller fez teatro e exagerou bastante para “obter vantagem injusta” e “enganar o árbitro”.


(Imagem: Folha)

Nos acréscimos do primeiro tempo, Toni Kroos cruzou rasteiro para a área lusa. Bruno Alves não conseguiu tirar e Müller ganhou a dividida, pegou a sobra de frente para o gol e finalizou de esquerda para marcar o terceiro.

No intervalo, Paulo Bento recompôs a defesa com Ricardo Costa no lugar de Miguel Veloso. Aos 20′, Fábio Coentrão saiu machucado e entrou André Almeida.

Aos 30′, Mažić não concedeu um pênalti a Portugal causou ainda mais irritação nos portugueses.

Aos 33 minutos da etapa final, André Schürrle cruzou rasteiro da direita, Rui Patrício espalmou errado para o meio e Müller, sempre muito bem posicionado, completou seu hat trick.

O placar foi construído com uma enorme e natural facilidade, parecendo que os alemães estavam se poupando diante do calor e jogando no “piloto automático”.

Raul Meireles e João Moutinho não conseguiram fazer as transições ofensivas e foram os piores em campo.

Dizem que Cristiano Ronaldo jogou o Mundial no sacrifício, após uma temporada extensa e desgastante pelo Real Madrid. Ele também atuou muito abaixo de seu nível normal.


(Imagem: Veja)

Esse foi o 100º jogo da Alemanha na história das Copas, a primeira seleção a alcançar esse feito.

O hat trick de Thomas Müller foi o sétimo de um jogador alemão na competição, o maior número entre todos os países.

Essa foi a pior derrota de Portugal na história dos Mundiais.

“Não estou dizendo que a culpa foi apenas do árbitro. Também cometemos erros, mas as circunstâncias do que aconteceu no primeiro semestre fizeram o resto do jogo. O jogo é difícil para nós. A expulsão foi forçada ao jogador. Não sei se foi por causa da reputação de Pepe. Depende do tipo de reputação que você acha que Pepe tem.” ― Paulo Bento

Na sequência, Portugal empatou com os Estados Unidos em 2 x 2 e venceu Gana por 2 x 1. Na classificação, ficou com os mesmos quatro pontos dos EUA, mas tiveram um saldo de -3, enquanto os norte-americanos tiveram saldo zero. Portugal, de Cristiano Ronaldo, estava eliminada na primeira fase

Com entrosamento, toque de bola e ataques rápidos, a Nationalelf dava mostras de que vinha forte em busca do quarto título. Nos jogos seguintes, empatou com Gana (2 x 2) e venceu os EUA (1 x 0). Nas oitavas de final, precisou da prorrogação para eliminar a ardilosa Argélia (2 x 1). Nas quartas, venceu a França por 1 x 0 em um duelo muito equilibrado. Na semifinal, não houve equilíbrio algum ao massacrar a Seleção Brasileira, dona da casa, nos famosos 7 a 1. Na decisão, Mario Götze fez o gol do título após nova prorrogação, dessa vez contra a Argentina de Lionel Messi. A Alemanha se sagrava tetracampeã do mundo.


(Imagem: FIFA / Getty Images)

FICHA TÉCNICA:

 

ALEMANHA 4 x 0 PORTUGAL

 

Data: 16/06/2014

Horário: 13h00 locais

Estádio: Arena Fonte Nova

Público: 51.081

Cidade: Salvador (Brasil)

Árbitro: Milorad Mažić (Sérvia)

 

ALEMANHA (4-3-3):

PORTUGAL (4-2-3-1):

1  Manuel Neuer (G)

12 Rui Patrício (G)

20 Jérôme Boateng

21 João Pereira

17 Per Mertesacker

3  Pepe

5  Mats Hummels

2  Bruno Alves

4  Benedikt Höwedes

5  Fábio Coentrão

16 Phillip Lahm (C)

4  Miguel Veloso

6  Sami Khedira

8  João Moutinho

18 Toni Kroos

16 Raul Meireles

8  Mesut Özil

17 Nani

19 Mario Götze

7  Cristiano Ronaldo (C)

13 Thomas Müller

9  Hugo Almeida

 

Técnico: Joachim Löw

Técnico: Paulo Bento

 

SUPLENTES:

 

 

22 Roman Weidenfeller (G)

1  Eduardo (G)

12 Ron-Robert Zieler (G)

22 Beto (G)

3  Matthias Ginter

13 Ricardo Costa

21 Shkodran Mustafi

14 Luís Neto

15 Erik Durm

19 André Almeida

2  Kevin Großkreutz

6  William Carvalho

23 Christoph Kramer

20 Rúben Amorim

7  Bastian Schweinsteiger

15 Rafa Silva

14 Julian Draxler

18 Silvestre Varela

9  André Schürrle

10 Vieirinha

10 Łukas Podolski

11 Eder

11 Miroslav Klose

23 Hélder Postiga

 

GOLS:

12′ Thomas Müller (ALE) (pen)

32′ Mats Hummels (ALE)

45+1′ Thomas Müller (ALE)

78′ Thomas Müller (ALE)

 

CARTÃO AMARELO: 11′ João Pereira (POR)

 

CARTÃO VERMELHO: 37′ Pepe (POR)

 

SUBSTITUIÇÕES:

28′ Hugo Almeida (POR) ↓

Eder (POR) ↑

 

INTERVALO Miguel Veloso (POR) ↓

Ricardo Costa (POR) ↑

 

63′ Mesut Özil (ALE) ↓

André Schürrle (ALE) ↑

 

65′ Fábio Coentrão (POR) ↓

André Almeida (POR) ↑

 

73′ Mats Hummels (ALE) ↓

Shkodran Mustafi (ALE) ↑

 

82′ Thomas Müller (ALE) ↓

Łukas Podolski (ALE) ↑

Melhores momentos da partida:

… 12/07/2014 – Brasil 0 x 3 Holanda

Três pontos sobre…
… 12/07/2014 – Brasil 0 x 3 Holanda


(Imagem: Zimbio)

● A decisão do 3º e 4º lugar é uma partida em que ninguém quer disputar. Embora faça parte do calendário, você tem que perder para jogá-la. Mas, já que tem que ser jogada, é importante reerguer a cabeça e vencê-la. E foi isso que os holandeses fizeram muito bem em 2014.

A Holanda chegou bastante contestada para a Copa do Mundo de 2014, no Brasil. Tinha caído na primeira fase da Eurocopa de 2012 e o técnico Louis van Gaal assumiu a Oranje logo depois. Na parte final da preparação para o Mundial, o treinador passou a testar uma variação do sistema 5-3-2, quase um 5-4-1. Uma heresia, se comparado ao tradicional e enraizado 4-3-3 holandês. Mas, na prática, além de fortalecer o sistema defensivo, o esquema passou a distribuir melhor os jogadores dentro de campo, de forma que ocupassem o máximo de espaços possíveis.

Na Copa, deu certo. Estreou enfiando uma goleada acachapante por 5 x 1 de virada na Espanha, que havia lhe tirado o título na final quatro anos antes. Depois, teve trabalho para bater a Austrália por 3 x 2, mas venceu o Chile por 2 x 0 e garantiu o primeiro lugar do Grupo B. Nas oitavas de final, vitória controversa sobre o México por 2 x 1, com um gol de pênalti (inexistente) nos últimos minutos. Nas quartas de final, parou no paredão da Costa Rica e venceu nos pênaltis. Nas semifinais, após novo empate sem gols, perdeu nas penalidades para a Argentina.

Agora queria sair do torneio em alta, enfrentando a Seleção Brasileira, de terra arrasada quatro dias antes pela goleada histórica sofrida diante da Alemanha, o famoso “7 a 1”.


O Brasil atuou no sistema 4-2-3-1. O técnico Luiz Felipe Scolari fez várias alterações em relação à equipe que perdeu para a Alemanha. Thiago Silva voltou de suspensão no lugar de Dante; Maxwell ocupou a lateral esquerda ao invés de Marcelo; Paulinho jogou no lugar de Fernandinho, no meio; Ramires e Willian ocuparam as pontas, que antes tinham Bernard e Hulk; no ataque, Fred foi sacado para a entrada de Jô.


Wesley Sneijder se lesionou no aquecimento e Van Gaal foi obrigado a escalar Jordy Clasie. O sistema tático continuou o mesmo, o 5-3-2, com liberdade total a Robben e Van Persie.

● A Holanda começou o jogo com mais ímpeto. Logo no primeiro minuto, Van Persie ganha de Thiago Silva em disputa pelo alto e toca para a ultrapassagem em velocidade de Arjen Robben. Thiago Silva segura o holandês e impede o gol. Equivocadamente, o árbitro Djamel Haimoudi marcou pênalti. A falta foi fora da área e passível de expulsão, mas ele aplicou apenas o cartão amarelo. O juiz argelino errou duas vezes no mesmo lance.

Robin van Persie cobrou forte, no ângulo esquerdo do goleiro Júlio César, que até foi na bola, mas não conseguiu pegar. Cobrança perfeita do capitão holandês para abrir o placar.

O segundo gol holandês saiu aos 17′. Robben avança e abre na ponta direita com De Guzmán, que cruza alta de primeira. David Luiz afasta mal, para o meio da área. Daley Blind domina de pé esquerdo e finaliza da pé direito no alto. Júlio César, desesperado, saltou tentando fechar o ângulo, enquanto tinham três defensores dentro do gol. Esse lance reflete o mesmo desespero de quatro dias antes, no vexame diante dos alemães. O detalhe é que no nomento do passe de Robben, De Guzmán estava ligeiramente impedido, mas a arbitragem viu o lance como legal. Era um lance morto, mas David Luiz deu o gol ao holandês.

Oscar avançou pelo meio, passou por dois marcadores e chutou fraco e rasteiro, para uma defesa tranquila do goleiro Jasper Cillessen.

Oscar cobra falta do lado direito, mas David Luiz cabeceia mal.

Robben encontra De Guzmán na entrada da área, mas ele chuta por cima, sem perigo.

Oscar cobra nova falta da direita, mas a bola passa por todo mundo e sai pela linha de fundo. Talvez a melhor oportunidade brasileira no jogo. Faltou um mísero toque na bola, que passou por Luiz Gustavo, Paulinho e David Luiz, sem que ninguém tocasse.

Van Persie chuta de fora da área. A bola quica e Júlio César a agarra.


(Imagem: The Telegraph)

● No segundo tempo, Robben chuta da esquerda, mas é travado por Thiago Silva. A bola sobe e quase é aproveitada por Wijnaldum antes de sair.

Oscar deixa com Ramires na entrada da área, que abre e bate cruzado para fora.

David Luiz bateu falta de longe, mas Cillessen defendeu em dois tempos.

Nos acréscimos, Robben abre na direita com Janmaat, que cruza rasteiro de primeira para a pequena área. Wijnaldum completa no cantinho esquerdo do goleiro Júlio César. Virou goleada! 3 a 0!

E ainda quase deu tempo de sair o quarto! Robben é lançado na esquerda, passa por David Luiz e cruza, mas Fernandinho evita o gol com o bico da chuteira, tirando as chances de Van Persie e Janmaat.


(Imagem: The New York Times)

● No apito final, vaias incessantes dos 68.034 presentes no Estádio Nacional Mané Garrincha. O sonho de disputar uma Copa do Mundo em casa, acabou sendo um grande pesadelo para a Seleção Brasileira.

O terceiro lugar na Copa era mais do que esperavam os holandeses no início do torneio. Mas aquele time tinha potencial para mais. Talvez tivesse feito uma partida melhor do que fez a Argentina na final contra os alemães. Arjen Robben estava “voando” durante a competição e mereceu ter sido eleito o “Bola de Ouro da Copa”, mas a honraria ficou (injustamente) com Lionel Messi.

A entrada em campo do goleiro Michel Vorm, nos acréscimos, entrou para a história. Essa Holanda é a primeira a ter utilizado todos os 23 jogadores em uma Copa do Mundo. Antes de 2002, eram 22 atletas na delegação. A França de 1978 e a Grécia de 1994 já haviam usado seus 22 convocados. Mas colocar 23 jogadores diferentes em campo em uma Copa do Mundo é um novo recorde.


(Imagem: Zimbio)

FICHA TÉCNICA:

 

BRASIL 0 x 3 HOLANDA

 

Data: 12/07/2014

Horário: 17h00 locais

Estádio: Nacional Mané Garrincha

Público: 68.034

Cidade: Brasília (Brasil)

Árbitro: Djamel Haimoudi (Argélia)

 

BRASIL (4-2-3-1):

HOLANDA (5-3-2):

12 Júlio César (G)

1  Jasper Cillessen (G)

23 Maicon

15 Dirk Kuyt

3  Thiago Silva (C)

2  Ron Vlaar

4  David Luiz

3  Stefan de Vrij

14 Maxwell

4  Bruno Martins Indi

17 Luiz Gustavo

5  Daley Blind

8  Paulinho

16 Jordy Clasie

16 Ramires

8  Jonathan de Guzmán

11 Oscar

20 Georginio Wijnaldum

19 Willian

11 Arjen Robben

21 Jô

9  Robin van Persie (C)

 

Técnico: Luiz Felipe Scolari

Técnico: Louis van Gaal

 

SUPLENTES:

 

 

1  Jefferson (G)

23 Tim Krul (G)

22 Victor (G)

22 Michel Vorm (G)

2  Daniel Alves

12 Paul Verhaegh

15 Henrique

13 Joël Veltman

13 Dante

14 Terence Kongolo

6  Marcelo

7  Daryl Janmaat

5  Fernandinho

6  Nigel de Jong

18 Hernanes

18 Leroy Fer

7  Hulk

10 Wesley Sneijder

20 Bernard

17 Jeremain Lens

10 Neymar Jr

21 Memphis Depay

9  Fred

19 Klaas-Jan Huntelaar

 

GOLS:

3′ Robin van Persie (HOL) (pen)

17′ Daley Blind (HOL)

90+1′ Georginio Wijnaldum (HOL)

 

CARTÕES AMARELOS:

2′ Thiago Silva (BRA)

9′ Arjen Robben (HOL)

36′ Jonathan de Guzmán (HOL)

54′ Fernandinho (BRA)

68′ Oscar (BRA)

 

SUBSTITUIÇÕES:

INTERVALO Luiz Gustavo (BRA) ↓

Fernandinho (BRA) ↑

 

57′ Paulinho (BRA) ↓

Hernanes (BRA) ↑

 

73′ Ramires (BRA) ↓

Hulk (BRA) ↑

 

70′ Daley Blind (HOL) ↓

Daryl Janmaat (HOL) ↑

 

90′ Jordy Clasie (HOL) ↓

Joël Veltman (HOL) ↑

 

90+3′ Jasper Cillessen (HOL) ↓

Michel Vorm (HOL) ↑

Melhores momentos da partida:

… 13/06/2014 – Holanda 5 x 1 Espanha

Três pontos sobre…
… 13/06/2014 – Holanda 5 x 1 Espanha


Arjen Robben liderou a Oranje até as semifinais. Discutivelmente, foi o melhor jogador da Copa de 2014 (Imagem: UOL)

● Quis o destino que a terceira partida da Copa do Mundo de 2014 fosse a reedição da final de 2010. Era o jogo mais esperado da primeira fase. Espanha e Holanda não haviam se enfrentado desde então. Mas as situações das duas seleções estavam muito diferentes de quatro anos antes.

Após o título de 2010, a Espanha entrou para o grupo das grandes seleções do planeta, conquistando o respeito que tanto buscou ao longo das décadas. E continuou dominando o continente ao vencer a Eurocopa de 2012 (goleando a Itália na final por 4 x 0). Aliás, o futebol nunca tinha visto antes uma supremacia tão grande, com a Roja vencendo a Euro 2008, o Mundial de 2010 e a Euro 2012. Desde a Copa de 2010, a Espanha havia jogado 52 vezes, com 38 vitórias, 8 empates e 6 derrotas.

O técnico Vicente Del Bosque se manteve agarrado aos seus medalhões e seguiu leal àqueles que levaram a Fúria às glórias, mesmo com a evidente queda de nível. O estilo de jogo manjado permanecia, mas sem a mesma objetividade de antes. Ainda assim, era difícil de ser batido. Mesmo com uma geração envelhecida, era novamente uma das favoritas para continuar com a taça de campeã do mundo. A equipe jogava por música, com o tiki-taka regido pelos maestros Xavi e Iniesta.

Era um time experiente. Contava com seu capitão Iker Casillas, que havia conquistado a UEFA Champions League pelo Real Madrid vinte dias antes, assim como Sergio Ramos e Xabi Alonso. O time base ainda era o Barcelona, de Xavi, Andrés Iniesta, Gerard Piqué, Sergio Busquets, Jordi Alba e Pedro. O Atlético de Madrid também estava em alta, cedendo Juanfran, Koke, David Villa e Diego Costa.

Eram poucas as diferenças entre os titulares 2010 e 2014. Sérgio Ramos passou para a zaga, no lugar do lesionado Carles Puyol, abrindo vaga para César Azpilicueta na lateral direita. Jordi Alba ocupou a lateral esquerda, no lugar do veterano Joan Capdevila. No ataque, David Villa perdeu a vaga para Diego Costa.

Mas Del Bosque mudou completamente as características do time titular ao inserir Diego Costa no ataque. O brasileiro estava em excelente fase e é um jogador de muita qualidade, mas com virtudes diferentes do restante da equipe. Era (e ainda é) um atacante de força para concluir as jogadas criadas pelo meio campo altamente técnico. Ou daria muito certo, ou daria tudo errado.


A Espanha ainda era considerada a melhor seleção do mundo. Era a favorita destacada, juntamente com o Brasil, dono da casa (Imagem: UOL)

● Por sua vez, a seleção holandesa não vivia uma fase tão boa e raramente era citada no noticiário internacional. Desde a final de 2010, disputou 46 partidas, vencendo 27, empatando 11 e perdendo 8.

O técnico Bert van Marwijk tinha sido demitido após a equipe cair na primeira fase, perder os três jogos e ficar em penúltimo lugar na Euro 2012 (a frente apenas da Irlanda no saldo de gols). Louis van Gaal foi chamado para liderar a Oranje nas eliminatórias para a Copa de 2014, o que conseguiu com sucesso. Sua missão era renovar o elenco e fazer a Laranja voltar a praticar um futebol vistoso.

A renovação foi feita. Eram apenas quatro remanescentes de 2010: Nigel de Jong, Wesley Sneijder, Arjen Robben e Robin van Persie – que era o capitão e, nesse ciclo, se tornou o maior goleador da história de sua seleção.

A linha de frente consagrada seguia a mesma, mas continuava faltando talento nas demais posições. A Oranje estava sob desconfiança. Para atrapalhar ainda mais, dois jogadores importantes no meio campo foram cortados por lesão: Kevin Strootman e o experiente Rafael Van der Vaart.

Na parte final da preparação para a competição, Van Gaal passou a testar uma variação do sistema 5-3-2, quase um 5-4-1. Uma heresia, se comparado ao tradicional e enraizado 4-3-3 holandês. Mas, na prática, além de fortalecer o sistema defensivo, o esquema passou a distribuir melhor os jogadores dentro de campo, de forma que ocupassem o máximo de espaços possíveis.


A Espanha entrou em campo com seu 4-3-3 tradicional, com Iniesta e David Silva nas pontas e Diego Costa se movimentando muito para tentar fazer o pivô.


Van Gaal escalou a Holanda em um inóspito 5-3-2, que havia sido ensaiado desde a lesão de Strootman. Com isso, deu liberdade total a Robben e Van Persie.

● Assim, “Espanha x Holanda” se tornou o primeiro de vários grandes jogos que veríamos na Arena Fonte Nova, em Salvador, pela Copa do Mundo de 2014.

A Espanha entrou em campo pensando em uma vitória protocolar. A Holanda entrou com sangue nos olhos.

No primeiro tempo, a Espanha manteve seu estilo de jogo. O toque de bola envolvente era o mesmo, mas faltava a aproximação do gol adversário. Com a bola nos pés, a Holanda parecia realmente não ser uma adversária à altura. Mas marcava forte, tentando encurtar os espaços no meio e fechando as laterais.

De ambos os lados, as chances apareciam em chutes da intermediária e em bolas cruzadas na área, sem causar maiores ameaças. Mas, no sétimo minuto, a Holanda assustou. Robben deu um passe perfeito, mas Sneijder finalizou em cima de Casillas.

Aos 27 minutos, o eterno maestro Xavi fez um lançamento da intermediária para Diego Costa. O brasileiro dominou dentro da área e deixou o pé para ser tocado pelo carrinho de De Vrij. Costa foi um belo ator e o árbitro italiano Nicola Rizzoli assinalou o pênalti. Na cobrança, Xabi Alonso bateu no canto. Cillessen acertou o lado, mas não conseguiu alcançar a bola. Era o início perfeito para que a hegemonia espanhola se perpetuasse.


Diego Costa cai na área e o árbitro marca pênalti inexistente (Imagem: AP Photo / Wong Maye-E / UOL)

O jogo seguiu e a Holanda não encontrava brechas para tentar o empate. Pelo contrário, corria chances de levar mais. Aos 43′, a Espanha teve uma grande chance para ampliar. O sempre genial Iniesta deu um passe primoroso para David Silva ficar cara do gol, mas ele tentou encobrir Cillessen e o goleiro salvou com a ponta dos dedos.

Como diz um velho ditado: “Quem não faz, leva”. E a Espanha levaria.

No minuto seguinte, Blind recebeu pela esquerda, viu Casillas adiantado e Van Persie se projetando para a área no costado da zaga. O camisa 5 fez um lançamento justo e perfeito para o centroavante, que voou ao encontro da bola, mergulhando em pleno relvado da Arena Fonte Nova, deixando pasmos os 48.173 expectadores. A bola encobriu o goleiro espanhol e morreu no fundo das redes. Uma verdadeira obra de arte.

Um dos gols mais bonitos de todos os Mundiais, que derrubou a invencibilidade de 476 minutos de Casillas sem tomar gols em Copas do Mundo. O último gol que o capitão espanhol havia sofrido tinha sido contra o Chile (2 x 1) ainda na primeira fase da Copa de 2010. Se ele tivesse se mantido sem sofrer gols, bateria o recorde histórico do italiano Walter Zenga, que ficou 517 minutos invicto em 1990.


Robin van Persie e seu lindo mergulho para empatar a partida (Imagem: Giffer.com)

● Esse golaço deu um novo ânimo à Oranje. A Espanha mostrou não ser imbatível. Mas poucos esperavam o que se seguiria depois do intervalo. A Holanda cresceu, se postando mais firme na defesa, pressionando a saída de bola, trocando passes com precisão e aproveitando a velocidade do ataque.

Aos oito minutos, a redenção do craque. Sneijder dominou no meio do campo e abriu para Blind na esquerda. Um novo lançamento perfeito, dessa vez para Arjen Robben. Dentro da área, mesmo cercado, ele faz uma das suas jogadas características. Dominou com a perna esquerda cortando para o meio, passou com facilidade por Piqué e chutou forte para virar o placar e exorcizar o fantasma que lhe assombrou desde o gol feito que errou na final do Mundial quatro anos antes.

A Espanha sentiu o golpe. E a Holanda ainda estava sedenta por gols e vingança. Não bastava vencer. Nessa partida, a Holanda pareceu recordar levemente a “Laranja Mecânica”, aquela de 40 anos antes, que esmagava seus adversários sem dar qualquer chance.

Aos 15′, um contra-ataque de manual iniciado por Janmaat, que passou para Sneijder e partiu para o ataque. Sneijder deixou com Robben, que avançou em velocidade e devolveu para Janmaat, na entrada da área. O lateral ajeitou bonito e Van Persie chutou forte de perna direita. A bomba acertou o travessão e foi para fora.

Aos 19′, Sneijder cobrou falta da ponta esquerda, cruzando para a área. Casillas saiu mal do gol, se chocando com Van Persie e pedindo, em vão, a falta que não existiu. No segundo pau, De Vrij aproveitou a sobra e cabeceou para anotar o terceiro gol.

Pensando em um novo gás no ataque e em tentar voltar para o jogo, Del Bosque colocou Pedro e Fernando Torres no ataque. Mas o que já era uma dolorida derrota, ficaria ainda pior. Os ibéricos tentaram sair com tudo para o ataque e ofereceram o contra-golpe aos holandeses – seu maior ponto forte. Com um espaço enorme entre o meio campo e a defesa adversária, Robben e Van Persie deitaram e rolaram.


Arjen Robben deixa Casillas no chão antes de marcar o último gol do jogo (Imagem: Folha / UOL)

No minuto 27, Janmaat cobrou um arremesso lateral, Sérgio Ramos recuperou a bola e a recuou para Casillas. O goleiro dominou errado e perdeu a dividida com Van Persie. O capitão holandês só empurrou para o gol vazio, marcando o quarto.

Enquanto a Espanha torcia pelo final da partida, a Holanda queria ainda mais. E ainda faltavam longos 18 minutos. Três gols atrás, a Fúria atacava desordenadamente e deixava espaços na marcação.

Aos 35, Arjen Robben (sempre ele) bateria o último dos cinco pregos no caixão do campeão do mundo. Após um roubo de bola no meio campo, Sneijder fez um lançamento em profundidade para Robben. O camisa 11 ganhou em velocidade de Sergio Ramos, dominou já deixando Casillas no chão, cortou de volta para o meio e bateu de esquerda. Nessa arrancada, Robben bateu o recorde de velocidade de um jogador em Copas do Mundo, com 37 km/h. A marca anterior era de Theo Walcott, com 35,7 km/h. Mas não bastava apenas marcar o gol. Antes, era preciso humilhar Casillas, com uma sequência de dribles em cima do capitão espanhol, que ficou estatelado no chão. Era a vingança pessoal de Robben contra o mesmo Casillas que lhe negou o gol do título quatro anos antes.

Mas o placar só não foi mais amplo, porque no final da partida, os holandeses preferiram lances de efeito ao invés de qualquer nova tentativa de gol. Ainda assim, Casillas fez duas ótimas defesas impedindo um vexame ainda maior.


O consagrado Iker Casillas dessa vez não se deu muito bem contra a Espanha (Imagem: UOL)

● A Bahia é a terra da alegria, que dessa vez foi holandesa. Aos espanhóis, apenas a perplexidade de não saber nem o que estava acontecendo. Foi emblemático o momento em que Del Bosque passou a mão sobre a cabeça de todos os seus reservas, incrédulos, com lágrimas nos olhos.

A vitória esmagadora sobre a campeã do mundo fez a seleção holandesa recuperar a confiança. A equipe que era cotada para sofrer um vexame, dava ela própria uma surra em um grande rival. Difícil falar em vingança de 2010, já que não valeu o título mundial. Mas valeu a desforra.

A humilhação estava completa. Em toda a história, essa foi a maior derrota sofrida por uma seleção que ostentava o título de campeã mundial. E a derrota por 5 a 1 ficou até barata. Poderiam ter sido pelo menos 7 a 1 – placar que viríamos mais tarde entre duas outras favoritas.

A Espanha perdeu toda sua motivação e a aura de invencível. Na sequência, foi derrotada pelo bravo Chile por 2 a 0. Já eliminada, venceu a Austrália por 3 x 0. Voltar para casa mais cedo não estava nos planos dos espanhóis, mas serviu para trazê-los de volta à realidade.

O bom resultado embalou a Oranje na competição. Teve trabalho para bater a Austrália por 3 x 2, mas venceu o Chile por 2 x 0 e garantiu o primeiro lugar do Grupo B. Nas oitavas de final, vitória controversa sobre o México por 2 x 1, com um gol de pênalti (inexistente) nos últimos minutos. Nas quartas de final, parou no paredão da Costa Rica e venceu nos pênaltis. Nas semifinais, após novo empate sem gols, perdeu nas penalidades para a Argentina. Mas saiu do torneio em alta, após terminar em 3º lugar, ao derrotar o anfitrião Brasil por 3 x 0. Era mais do que esperavam no início do Mundial, mas menos do que seu potencial demonstrou na competição.


Louis van Gaal conseguiu “espremer a laranja” e tirou o melhor de sua equipe na partida (Imagem: UOL)

FICHA TÉCNICA:

 

HOLANDA 5 x 1 ESPANHA

 

Data: 13/06/2014

Horário: 16h00 locais

Estádio: Arena Fonte Nova

Público: 48.173

Cidade: Salvador (Brasil)

Árbitro: Nicola Rizzoli (Itália)

 

HOLANDA (5-3-2):

ESPANHA (4-2-3-1):

1  Jasper Cillessen (G)

1  Iker Casillas (G)(C)

7  Daryl Janmaat

22 César Azpilicueta

2  Ron Vlaar

3  Gerard Piqué

3  Stefan de Vrij

15 Sergio Ramos

4  Bruno Martins Indi

18 Jordi Alba

5  Daley Blind

16 Sergio Busquets

6  Nigel de Jong

14 Xabi Alonso

8  Jonathan de Guzmán

8  Xavi

10 Wesley Sneijder

6  Andrés Iniesta

11 Arjen Robben

21 David Silva

9  Robin van Persie (C)

19 Diego Costa

 

Técnico: Louis van Gaal

Técnico: Vicente del Bosque

 

SUPLENTES:

 

 

23 Tim Krul (G)

12 David de Gea (G)

22 Michel Vorm (G)

23 Pepe Reina (G)

12 Paul Verhaegh

2  Raúl Albiol

13 Joël Veltman

5  Juanfran

14 Terence Kongolo

4  Javi Martínez

16 Jordy Clasie

17 Koke

18 Leroy Fer

10 Cesc Fàbregas

20 Georginio Wijnaldum

20 Santi Cazorla

17 Jeremain Lens

13 Juan Mata

15 Dirk Kuyt

11 Pedro

21 Memphis Depay

7  David Villa

19 Klaas-Jan Huntelaar

9  Fernando Torres

 

GOLS:

27′ Xabi Alonso (ESP) (pen)

44′ Robin van Persie (HOL)

53′ Arjen Robben (HOL)

64′ Stefan de Vrij (HOL)

72′ Robin van Persie (HOL)

80′ Arjen Robben (HOL)

 

CARTÕES AMARELOS:

25′ Jonathan de Guzmán (HOL)

41′ Stefan de Vrij (HOL)

65′ Iker Casillas (ESP)

66′ Robin van Persie (HOL)

 

SUBSTITUIÇÕES:

62′ Diego Costa (ESP) ↓

Fernando Torres (ESP) ↑

 

62′ Xabi Alonso (ESP) ↓

Pedro (ESP) ↑

 

62′ Jonathan de Guzmán (HOL) ↓

Georginio Wijnaldum (HOL) ↑

 

77′ Stefan de Vrij (HOL) ↓

Joël Veltman (HOL) ↑

 

78′ David Silva (ESP) ↓

Cesc Fàbregas (ESP) ↑

 

79′ Robin van Persie (HOL) ↓

Jeremain Lens (HOL) ↑


As manchetes dos principais jornais espanhóis foram tão cruéis quanto a goleada sofrida (Imagem: El Universo)

Gols da partida:

… 12/06/2014 – Brasil 3 x 1 Croácia

Três pontos sobre…
… 12/06/2014 – Brasil 3 x 1 Croácia


Jogadores comemoram o terceiro gol brasileiro (Imagem: Jefferson Bernardes)

● Era um momento gigantesco: a primeira partida do Brasil em uma Copa do Mundo em seu território desde o “Maracanazzo“, exatos 63 anos, 10 meses e 26 dias depois. A Seleção começada credenciada como favorita ao hexacampeonato também por ter vencido sem contestações a Copa das Confederações no ano anterior, com direito a 3 a 0 sobre a Espanha na final.

As duas equipes já tinham se enfrentado em uma estreia de Copa, com vitória brasileira em 2006 por 1 a 0, gol de Kaká.

Veja mais:
… 08/07/2014 – Brasil 1 x 7 Alemanha
… 12/07/2014 – Brasil 0 x 3 Holanda

O hino nacional cantado “à capela” por todo estádio tem seus efeitos. Se por um lado emociona, inflama e motiva aos jogadores, por outro lado assusta. Os mais emotivos chegaram a chorar, como Júlio César, Thiago Silva e David Luiz.


O Brasil atuou no sistema 4-2-3-1, mas um pouco diferente do usual. Talvez para surpreender o adversário, os três jogadores de meio atrás de Fred foram escalados fora de sua posição habitual (com Hulk pela direita, Oscar pelo meio e Neymar pela esquerda). Nesta partida, Hulk foi deslocado para a esquerda e apareceu pouco. Oscar jogou aberto pela direita e Neymar circulou pelo meio.


A Croácia também foi escalada no 4-2-3-1, com um meio campo muito técnico e boa recomposição defensiva de toda a equipe.

● O jogo começou com os brasileiros nervosos, perdidos e mal posicionados em campo, principalmente os laterais Daniel Alves e Marcelo. Os primeiros 20 minutos da Copa foram da Croácia, que criou chances desde o início.

Aos 6 minutos, Perišić cruzou da direita e Ivica Olić, sozinho, cabeceia rente à trave do goleiro Júlio César.

A Croácia começou dominando e abriu o placar aos 11 minutos de partida. Olić recebeu lançamento nas costas de Daniel Alves, avançou livre pela esquerda e cruzou rasteiro. Nikica Jelavić erra o chute e a bola bate no pé de Marcelo, que vinha na corrida e acaba desviando para o gol. Foi o primeiro gol contra da história da Seleção Brasileira em Copas do Mundo. Também foi a primeira vez que o primeiro gol de uma edição de Copa foi um gol contra.

O gol permitiu à Croácia jogar mais recuada, dificultando a tentativa de pressão brasileira.

Mas logo o Brasil criaria a primeira chance. Oscar cruzou da direita e a bola passa direto por Fred e Neymar. Pouco depois, Paulinho aparece como homem surpresa e chuta no meio do gol, para a defesa do goleiro croata.

Na sequência, Neymar recebe na direita, invade a área e cruza para trás. A zaga enxadrezada rebateu e Oscar chutou forte de perna esquerda, para uma boa defesa de Pletikosa.

O empate veio aos 29 minutos. Oscar ganha de três marcadores e toca para Neymar, que chuta de fora da área, fraco e torto. Mesmo sem ter pegado bem na bola, ela desvia levemente na zaga e engana o goleiro Pletikosa, morrendo fraca, no cantinho esquerdo dele.

O jogo foi se arrastando de forma difícil para o Brasil até os 26 minutos do segundo tempo, quando Fred recebe na área e desaba sem ser tocado. Só o árbitro japonês Yuichi Nishimura enxergou esse pênalti. Neymar bate mal, à meia altura, no canto direito do goleiro, que chegou a tocar na bola, mas não impediu a virada brasileira.

Pouco depois, Oscar cruza na cabeça de David Luiz, que finaliza por cima.

A Croácia teve um gol anulado logo em seguida, após a arbitragem marcar uma falta duvidosa em cima do goleiro Júlio César.

Já nos acréscimos, Ramires roubou a bola no meio de campo, Oscar avançou sozinho em contra-ataque e chutou da meia-lua, de pé trocado, coroando sua grande atuação nesta partida. Foi o melhor jogo de Oscar pela Seleção Brasileira.


Oscar se livra de três marcadores, no lance do gol de empate (Imagem: UOL)

● Foi uma estreia pouco convincente do Brasil, mas essa tensão era esperada. No fim, valeu pela vitória.

Por mais que Oscar tenha feito uma partida gigante, Neymar foi imprescindível, assumindo a responsabilidade que carregava, como a grande esperança do Brasil na Copa. Ele decidiu com dois gols, que acalmaram um pouco a Seleção e deu tranquilidade para trabalhar mais as jogadas.

A Croácia foi bem em seu setor defensivo. A linha de meio (Modrić, Rakitić e Kovačić) é muito combativa e criativa. Os três homens mais avançados também jogaram bem, inclusive na marcação da saída de bola brasileira. Mas é nítida a falta que fez seu melhor jogador, Mario Mandžukić, que não jogou a estreia por cumprir suspensão por ter sido expulso na última partida das eliminatórias.

Nas demais partidas que disputou, a Croácia goleou Camarões por 4 a 0 e perdeu para o México por 3 a 1, terminando em 3º lugar do grupo A, sem se classificar à próxima fase.


Fred vai ao chão, no lance que originou o pênalti da virada (AP Photo/Thanassis Stavrakis)

FICHA TÉCNICA:

 

BRASIL 3 x 1 CROÁCIA

 

Data: 12/06/2014

Horário: 17h00 locais

Estádio: Arena Corinthians

Público: 62.103

Cidade: São Paulo (Brasil)

Árbitro: Yuichi Nishimura (Japão)

 

BRASIL (4-2-3-1):

CROÁCIA (4-2-3-1):

12 Júlio César (G)

1  Stipe Pletikosa (G)

2 Daniel Alves

11 Darijo Srna (C)

3 Thiago Silva (C)

5  Vedran Ćorluka

4  David Luiz

6  Dejan Lovren

6 Marcelo

2  Šime Vrsaljko

17 Luiz Gustavo

10 Luka Modrić

8  Paulinho

7  Ivan Rakitić

7  Hulk

4  Ivan Perišić

11 Oscar

20 Mateo Kovačić

10 Neymar Jr

18 Ivica Olić

9  Fred

9  Nikica Jelavić

 

Técnico: Luiz Felipe Scolari

Técnico: Niko Kovač

 

SUPLENTES:

 

 

1  Jefferson (G)

23 Danijel Subašić (G)

22 Victor (G)

12 Oliver Zelenika (G)

23 Maicon

3  Danijel Pranjić

15 Henrique

13 Gordon Schildenfeld

13 Dante

21 Domagoj Vida

14 Maxwell

8  Ognjen Vukojević

5  Fernandinho

14 Marcelo Brozović

18 Hernanes

15 Milan Badelj

16 Ramires

19 Sammir

19 Willian

22 Eduardo da Silva

20 Bernard

16 Ante Rebić

21 Jô

17 Mario Mandžukić

 

GOLS:

11′ Marcelo (CRO) (gol contra)

29′ Neymar (BRA)

71′ Neymar (BRA) (pen)

90’+ 1′ Oscar (BRA)

 

CARTÕES AMARELOS:

25′ Neymar (BRA)

64′ Vedran Ćorluka (CRO)

73′ Dejan Lovren (CRO)

90′ Luiz Gustavo (BRA)

 

SUBSTITUIÇÕES:

60′ Mateo Kovačić (CRO) ↓

Marcelo Brozović (CRO) ↑

 

62′ Paulinho (BRA) ↓

Hernanes (BRA) ↑

 

68′ Hulk (BRA) ↓

Bernard (BRA) ↑

 

78′ Nikica Jelavić (CRO) ↓

Ante Rebić (CRO) ↑

 

88′ Neymar (BRA) ↓

Ramires (BRA) ↑

Melhores momentos da partida: