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… 07/07/2010 – Espanha 1 x 0 Alemanha

Três pontos sobre…
… 07/07/2010 – Espanha 1 x 0 Alemanha


(Imagem: Belfast Telegraph)

● Pela primeira vez, a Espanha chegou a uma Copa do Mundo como principal favorita. O título da Eurocopa de 2008 levantou a autoestima dos espanhóis e espantou o estigma de fracassar nas grandes competições. Mas, ao mesmo tempo que isso dava confiança ao time, trazia também mais pressão para que superasse a falta de tradição e conquistasse o Mundial.

O técnico Vicente Del Bosque assumiu a seleção depois do título da Euro 2008 e manteve o sistema tático e a forma de jogar que foi implementada pelo seu antecessor, Luis Aragonés. La Roja impressionava pelo ritmo de jogo, baseado na técnica e na posse de bola, estilo que ficou conhecido como “tiki-taka”. O ponto forte era o meio de campo, que contava com jogadores talentosos como Sergio Busquets, Xabi Alonso, Cesc Fàbregas, David Silva, Xavi e Andrés Iniesta.

A Espanha estava invicta havia 35 jogos e perdeu para os Estados Unidos na semifinal da Copa das Confederações de 2009, frustrando a expectativa de medir forças com o Brasil na final do torneio.

Na estreia do Mundial, a Fúria foi surpreendida com uma inesperada derrota para a Suíça por 1 x 0. Mas se recuperou ao vencer Honduras por 2 x 0 e Chile por 2 x 1. Nas fases de mata-mata, um festival de “1 x 0”. Com esse placar, La Roja venceu Portugal no clássico ibérico das oitavas de final e bateu Portugal nas quartas de final.

Para a semifinal, Vicente Del Bosque preferiu dar mais mobilidade ao seu ataque, sacando Fernando Torres para a entrada de Pedro.


(Imagem: Spox)

● A Alemanha seguia seu recomeço. Depois de fiascos nas Copas de 1994 e 1998, chegou à final de 2002 com um time que o destaque era o goleiro Oliver Kahn. Jogando em casa em 2006, a Nationalelf chegou em 3º lugar, com um time mais renovado e mais técnico.

Para o Mundial de 2010, perdeu por lesão o zagueiro Heiko Westermann e o capitão Michael Ballack pouco antes do torneio. Mas foi a ausência de Ballack que fez desabrochar o talento de Sami Khedira e Mesut Özil, além da liderança de Philipp Lahm. Os protagonistas eram Bastian Schweinsteiger, Thomas Müller, Łukasz Podolski e Miroslav Klose.

O técnico Joachim Löw também teve que se reinventar após a perda de seus goleiros principais. Robert Enke perdeu a luta contra a depressão e se matou sete meses antes do Mundial. René Adler se lesionou às vésperas da competição e não viajou para a África do Sul. Com isso, o treinador deu uma chance no time titular a Manuel Neuer, do Schalke 04.

Na Copa de 2010, a Alemanha estreou goleando a Austrália por 4 x 0. No segundo jogo, um pequeno deslize na derrota para a Sérvia por 1 x 0. Na terceira rodada, venceu Gana por 1 x 0. Nas oitavas de final, goleada sobre a rival Inglaterra por 4 x 1. Nas quartas, massacre sobre a Argentina por 4 x 0.

Para a semifinal, a Nationalelf não contava com Thomas Müller, suspenso pelo segundo cartão amarelo. O camisa 13 vinha sendo o principal jogador do time e fez muita falta aos teutônicos. Ele foi substituído por Piotr Trochowski, que, embora fosse bom jogador, não tinha as mesmas características.


A Espanha jogava em um sistema bastante móvel: era escalada no 4-2-3-1, mas atacava no 4-3-3 e se defendia no 4-5-1.


Joachim Löw armou a Alemanha no sistema 4-2-3-1.

● As duas seleções haviam se enfrentado na final da Eurocopa de 2008, com uma vitória da Espanha por 1 x 0 – gol de Fernando Torres aos 33′. O roteiro se repetiria.

Em campo, o jogo parecia uma tourada: a Espanha fazia o papel de toureiro e controlava o espetáculo, com “olé” no toque de bola incessante; a Alemanha foi o pobre touro, que não viu a cor da bola.

A primeira chance clara de gol veio depois de cinco minutos jogados. Gerard Piqué acionou Pedro na meia direita e ele deu o passe na medida para David Villa finalizar já dentro da área, mas Neuer saiu bem para fechar o ângulo e impedir o gol.

Aos 13′, após cobrança de escanteio ensaiada, Iniesta cruzou e Puyol cabeceou para fora com muito perigo. Parecia uma premonição.

Foi um jogo muito disputado, mas também muito leal. A primeira falta do jogo só foi acontecer aos 26′. O árbitro húngaro Viktor Kassai teve pouco trabalho e não teve que apresentar nenhum cartão amarelo.

Aos 29′, Xabi Alonso arriscou de longe e mandou à direita do gol.

A primeira finalização alemã veio dois minutos depois. Trochowski bateu rasteiro de longe e obrigou Casillas a espalmar para escanteio.


(Imagem: Halden Krog / EFE /)

No fim da etapa inicial, Pedro chutou forte da intermediária e Neuer segurou firme.

O segundo tempo continuou no mesmo ritmo: a Espanha amassava e a Alemanha tentava se defender.

Xabi Alonso tentou em chutes de fora da área que foram para fora, aos 3′ e aos 4′.

Aos 12′, Joan Capdevila tabelou com Iniesta pela esquerda e cruzou rasteiro para a área. Xabi Alonso ajeitou para trás e Pedro bateu de primeira, da meia-lua, mas Neuer espalmou para o lado. A Fúria ainda ficou com o rebote dentro da área e Xabi Alonso deixou de calcanhar com Iniesta que cruzou da esquerda. A bola passou por Villa, que chegou atrasado e não conseguiu finalizar com o gol vazio.

Na única chance da Alemanha, aos 23′, Özil avançou pela esquerda e tocou para Podolski já dentro da grande área. Ele cruzou pelo alto, a bola passou por Klose e Toni Kroos apareceu livre na segunda trave para bater de primeira para boa defesa de Iker Casillas.

O amplo domínio espanhol foi recompensado com superioridade no placar aos 28′ de uma maneira nada convencional para La Roja. Xavi cobrou escanteio para a área. Puyol chegou na área vindo na corrida, apareceu como um homem surpresa nas costas da defesa e cabeceou com força à esquerda de Neuer.

Depois do gol, a Espanha recuou naturalmente para segurar a vantagem e a Alemanha passou a ter mais um pouco de posse de bola, mas não conseguiu agredir o gol de Iker Casillas.


(Imagem: BBC)

● Em sua 13ª Copa do Mundo, enfim a Espanha conseguiu a vaga em sua primeira e tão desejada final de Copa do Mundo.

Após o fim da partida, houve uma festa dos jogadores espanhóis no vestiário do estádio Moses Mabhida Stadium, em Durban. Eis que de repente aparece na frente dos atletas a rainha Sofia da Espanha, que desceu das tribunas de honra para parabenizar pessoalmente os heróis da Fúria. Enquanto os jogadores tentaram disfarçar e organizar a bagunça, a monarca pediu para cumprimentar o autor do gol da vitória. Depois de um tempo, apareceu Carles Puyol quase pelado, apenas com uma toalha enrolada na cintura. Enquanto ele recebia o cumprimento real, os companheiros se acabavam em risos vendo a cena.

Na decisão do 3º lugar, a Alemanha conseguiu ficar com o Bronze após vencer o Uruguai por 3 x 2. Nessa partida, os germânicos atingiram a marca de 99 jogos em Copas do Mundo, superando o Brasil como a seleção que mais jogou em Mundiais.

Na decisão que consagraria um campeão inédito, venceu a azarada Holanda pelo placar de 1 x 0, com um gol de Andrés Iniesta aos 11 minutos do segundo tempo da prorrogação. Espanha, merecida e legítima campeã mundial de 2010!


(Imagem: Soccer – Football Scores)

FICHA TÉCNICA:

 

ESPANHA 1 x 0 ALEMANHA

 

Data: 07/07/2010

Horário: 20h30 locais

Estádio: Moses Mabhida Stadium

Público: 60.960

Cidade: Durban (África do Sul)

Árbitro: Viktor Kassai (Hungria)

 

ESPANHA (4-2-3-1):

ALEMANHA (4-2-3-1):

1  Iker Casillas (G)(C)

1  Manuel Neuer (G)

15 Sergio Ramos

16 Philipp Lahm (C)

3  Gerard Piqué

3  Arne Friedrich

5  Carles Puyol

17 Per Mertesacker

11 Joan Capdevila

20 Jérôme Boateng

16 Sergio Busquets

6  Sami Khedira

14 Xabi Alonso

7  Bastian Schweinsteiger

8  Xavi

15 Piotr Trochowski

6  Andrés Iniesta

8  Mesut Özil

18 Pedro

10 Łukasz Podolski

7  David Villa

11 Miroslav Klose

 

Técnico: Vicente del Bosque

Técnico: Joachim Löw

 

SUPLENTES:

 

 

12 Víctor Valdés (G)

12 Tim Wiese (G)

23 Pepe Reina (G)

22 Hans-Jörg Butt (G)

2  Raúl Albiol

14 Holger Badstuber

4  Carlos Marchena

5  Serdar Tasci

17 Álvaro Arbeloa

4  Dennis Aogo

20 Javi Martínez

2  Marcell Jansen

10 Cesc Fàbregas

18 Toni Kroos

13 Juan Mata

21 Marko Marin

21 David Silva

13 Thomas Müller

22 Jesús Navas

19 Cacau

19 Fernando Llorente

9  Stefan Kießling

9  Fernando Torres

23 Mario Gómez

 

GOL: 73′ Carles Puyol (ESP)

 

SUBSTITUIÇÕES:

52′ Jérôme Boateng (ALE) ↓

Marcell Jansen (ALE) ↑

 

62′ Piotr Trochowski (ALE) ↓

Toni Kroos (ALE) ↑

 

81′ Sami Khedira (ALE) ↓

Mario Gómez (ALE) ↑

 

81′ David Villa (ESP) ↓

Fernando Torres (ESP) ↑

 

86′ Pedro (ESP) ↓

David Silva (ESP) ↑

 

90+3′ Xabi Alonso (ESP) ↓

Carlos Marchena (ESP) ↑

Melhores momentos da partida:

… 02/07/2010 – Holanda 2 x 1 Brasil

Três pontos sobre…
… 02/07/2010 – Holanda 2 x 1 Brasil


Felipe Melo tirou a bola das mãos de Júlio César no primeiro gol holandês (Imagem: abc.net.au)

● Em campo, eram dois dos favoritos ao título, que chegaram invictas às quartas de final.

Até então, o retrospecto entre Brasil e Holanda era de igualdade. A Holanda venceu em 1974 (2 x 0), o Brasil venceu em 1994 (3 x 2) e houve um empate em 1998 (1 x 1, com vitória brasileira nos pênaltis).

Eram duas das mais tradicionais escolas de futebol, com um estilo historicamente vistoso efetivo. Mas não foi bem isso que elas mostraram na África do Sul.

Treinada pelo ex-capitão Dunga, a Seleção Brasileira jogava à sua imagem e semelhança. Embora tivesse jogadores tecnicamente acima da média, como Kaká e Robinho, a Seleção de 2010 estava mais para uma equipe de operários do que de artistas. Mas inegavelmente era um bom conjunto. O principal mérito do treinador foi dar um padrão tático à equipe, potencializando suas duas armas letais: o contra-ataque e as bolas paradas. Mas o time sofria sofria quando enfrentava retrancas bem montadas.

Júlio César era considerado o melhor goleiro do mundo na época, campeão da UEFA Champions League com a Internazionale na temporada 2009/10. Assim como o lateral Maicon, de muita força física e bom no apoio. O experiente capitão Lúcio também era outro destaque da Inter de Milão e continuava em ótima fase – como nos últimos oito anos. Juan complementava a zaga com muita classe, elegância e eficiência. Uma das surpresas foi Michel Bastos, que era meia no Lyon e jogava na Seleção como lateral esquerdo (sua posição de origem). No meio, Felipe Melo aliava raça, marcação e ótima transição na saída defensiva. Gilberto Silva era a experiência na meia cancha. Daniel Alves estava improvisado na meia direita, substituindo o lesionado Elano. Kaká, melhor jogador do mundo três anos antes, era o grande craque do time, mas chegou à Copa com problemas físicos. Robinho era a habilidade e eficiência, jogando melhor pela Seleção do que nos clubes. Luís Fabiano era a certeza de gols e explosão – no bom e no mau sentido.

No banco, jogadores como o zagueiro Thiago Silva, o lateral esquerdo Gilberto, os meio-campistas Josué, Ramires (que estava suspenso por ter recebido o segundo cartão amarelo contra o Chile) e Júlio Baptista e os atacantes Grafite e Nilmar. E convocações inexplicáveis, como o goleiro Doni e o meia Kléberson – que claramente não era o mesmo de 2002 e muitas vezes ficava na reserva do Flamengo.

Foi uma convocação contestada, embora coerente do ponto de vista do trabalho realizado. As principais ausências – que fomentam discussões até os dias atuais – foram a do atacante Adriano (que havia levado o Flamengo ao título do Brasileirão de 2009) e os jovens Neymar e Paulo Henrique Ganso (destaques em um Santos que encantou o Brasil e seguiria encantando até o ano seguinte).

Um ano antes, o Brasil havia conquistado a Copa das Confederações no sufoco. Depois de uma primeira fase tranquila, venceu a África do Sul nas semifinais com um gol de falta de Daniel Alves a dois minutos do fim. Na decisão, saiu perdendo por 0 x 2 para os Estados Unidos (que eliminaram a poderosa Espanha nas semi), mas conseguiu reverter o placar no segundo tempo para 3 x 2, com um gol do capitão Lúcio nos minutos finais. Antes, em 2007, havia conquistado o título da Copa América com tranquilidade, vencendo a Argentina na final por 3 x 0.

Mas a Seleção chegou nervosa demais à Copa do Mundo. Na primeira partida, o Brasil sofreu demais para vencer a frágil Coreia do Norte por 2 x 1. Na segunda partida, venceu uma guerra contra a Costa do Marfim por 3 x 1 – com lesão séria de Elano e expulsão de Kaká. Na terceira partida, um insípido empate sem gols com Portugal garantiu o primeiro lugar do Grupo G. Nas oitavas de final, vitória fácil sobre o Chile de Marcelo Bielsa por 3 x 0.

Dunga nunca teve uma relação boa com a imprensa, principalmente depois da Copa de 1990. Mas tudo só piorou em 2010. Em entrevista coletiva após a partida contra a Costa do Marfim, o técnico ofendeu o jornalista da Globo Alex Escobar, o chamando de “cagão” e de “merda”. Escobar ficou sem entender o motivo. De acordo com algumas pessoas presentes, Dunga respondia às perguntas quando olhou na direção do jornalista, que falava ao telefone com o apresentador Tadeu Schmidt e balançava a cabeça, o que irritou o treinador. Segundo o jornalista, ele havia balançado a cabeça discordando dos colegas de profissão que pediam a saída de Luís Fabiano do time titular. Dunga não entendeu assim e partiu para a ofensa gratuita.


Robinho fez um belo gol em excelente passe de Felipe Melo (Imagem: UOL)

● A Holanda estava invicta desde 2008, mas o futebol pragmático era alvo de críticas. O técnico Bert van Marwijk fez tudo totalmente diferente do que prega a escola holandesa, cujos maiores símbolos são Rinus Michels e Johan Cruijff. Historicamente a seleção holandesa tinha o sistema tático “4-3-3 à holandesa” quase como uma regra: com uma linha de quatro na defesa, um volante e dois meias armadores, dois pontas bem abertos e velozes e um centroavante goleador. Mas Van Marwij – sogro do volante Mark van Bommel – preferiu mandar seu time a campo no 4-2-3-1, um esquema mais atual, que permitia um maior número de estrelas em campo e potencializava o talento delas – principalmente pela liberdade dada a Sneijder.

A Oranje já não contava mais com Edwin van der Sar e Clarence Seedorf, que ainda jogavam em alto nível, mas haviam aposentado da seleção.

No gol, o gigante Maarten Stekelenburg estava em seu auge. Nas laterais, Gregory van der Wiel compria bem o seu papel e o capitão Gio van Bronckhorst era a experiência e liderança em campo. No miolo de zaga, a impetuosidade de John Heitinga era compensada pela segurança de Joris Mathijsen. Van Bommel era responsável por dar qualidade na saída de bola e era duro na marcação. Nigel de Jong só batia, mas batia bem. Mas o destaque mesmo era o quarteto de ataque. Pela esquerda, o operário-padrão Dirk Kuyt. Na direita, Arjen Robben, toda sua habilidade e sua jogada “manjada” de cortar da direita para o meio – mas que ninguém conseguia marcar. Como armador, Wesley Sneijder, campeão da Champions pela Inter de Milão e, discutivelmente, o melhor jogador do mundo no ano (embora Lionel Messi tenha sido injustamente eleito pela FIFA). No comando de ataque, o habilidoso goleador Robin van Persie.

No banco de reservas, toda a qualidade do meia Rafael van der Vaart e o faro de gol de Klaas-Jan Huntelaar. Curiosamente, Van der Vaart, Sneijder, Robben e Huntelaar jogaram todos juntos no Real Madrid em 2009.

A Oranje estava com 100% de aproveitamento. Pelo Grupo E da primeira fase, venceu Dinamarca (2 x 0), Japão (1 x 0) e Camarões (2 x 1). Nas oitavas, bateu a surpreendente Eslováquia por 2 x 1.


A Holanda não honrou a tradição do 4-3-3. O pragmático técnico Bert van Marwijk preferia o sistema 4-2-3-1, com muita força física no meio campo e o talento de seus quatro homens mais avançados.


O Brasil também jogou no esquema 4-2-3-1. Pela direita, Daniel Alves era mais um meia de recomposição, enquanto Robinho era mais um atacante pela esquerda.

● Eram duas seleções que chegaram invictas nas quartas de final – a Holanda com 100% de aproveitamento. O mínimo que se poderia esperar era um grande jogo. E essa expectativa foi cumprida.

Já no aquecimento, o zagueiro holandês Mathijsen sentiu uma lesão e não foi para o jogo, sendo substituído pelo experiente André Ooijer.

O jogo começou aberto, com os dois times procurando o gol.

O Brasil começou melhor. Chegou a balançar as redes logo aos sete minutos de jogo, quando Luís Fabiano passou para Daniel Alves, que tocou para Robinho marcar. Mas a arbitragem, liderada pelo japonês Yuichi Nishimura, viu corretamente o impedimento de Daniel.

Mas apenas dois minutos depois, a torcida pôde soltar de verdade o grito de gol. Do círculo central, Felipe Melo mostrou sua melhor versão. Com uma visão de jogo impressionante, ele fez um lançamento perfeito em profundidade para Robinho. O camisa 11 surgiu livre por trás da zaga holandesa, em condição legal e, da meia lua, bateu de primeira na saída do goleiro. Um belo gol, não só pela finalização, mas principalmente pela precisão cirúrgica do lançamento rasteiro de 40 metros de Felipe Melo.

No restante do primeiro tempo, os holandeses não conseguiram passar pela marcação defensiva brasileira, enquanto o goleiro Stekelenburg impediu que o Brasil ampliasse a vantagem no marcador.

Mas os holandeses também levaram perigo. Júlio César espalmou para escanteio uma bola chutada de longe por Kuyt.

Aos 24′, a defesa holandesa afastou mal depois de um escanteio, Daniel Alves cruzou à meia altura e Juan finalizou por cima do gol.

Aos 30′, Kaká bateu colocado da intermediária e obrigou Stekelenburg a fazer uma bela defesa. Seria um golaço.

O Brasil dominava o jogo, mas não conseguia ampliar o placar. Os holandeses estavam irritados, pois não conseguiam criar diante da boa marcação brasileira.


Wesley Sneijder fez o primeiro gol de cabeça de sua carreira (Imagem: Flickr)

Mas no intervalo tudo mudou. A Holanda voltou mais organizada e conseguindo passar mais tempo no campo de ataque.

Aos oito minutos, Michel Bastos deu um carrinho violento em Robben. O árbitro foi conivente e não mostrou o segundo cartão amarelo ao lateral brasileiro. Na cobrança dessa falta, Sneijder recebeu e ergueu a bola para a área. Felipe Melo atrapalhou Júlio César ao tentar cortar pelo alto, a bola tocou na cabeça do volante e entrou no canto direito. Faltou comunicação da defesa brasileira. O gol foi inicialmente registrado como gol contra de Felipe Melo, mas a FIFA logo creditaria o gol a Sneijder.

A partir daí, o Brasil se perdeu de vez. Os europeus continuaram com mais volume de jogo, mas não chegaram a dominar a partida, como os sul-americanos fizeram nos primeiros 45 minutos. Mesmo assim, a Oranje estava mais perto da virada.

E ela veio Aos 23′. Robben bateu escanteio da direita, Kuyt desviou na primeira trave e Sneijder (de 1,70 m) não foi incomodado pela marcação de Felipe Melo (1,83 m) e cabeceou no ângulo direito de Júlio César, marcando seu primeiro gol de cabeça na carreira.

E as coisas se inverteram totalmente. A tensão que antes era dos holandeses, passou a ser dos brasileiros, que perderam o controle emocional.

Com medo de ficar com um homem a menos, Dunga já havia trocado o lateral esquerdo, tirando o perdido Michel Bastos para colocar o experiente Gilberto. Mas quem foi expulso foi Felipe Melo. Ele fez uma falta dura em Robben e ainda deu um pisão na perna do holandês. O árbitro japonês estava de olhos abertos e expulsou corretamente o brasileiro.

Felipe Melo foi o maior protagonista da partida, com uma bela assistência, um gol contra, a falha na marcação do segundo gol e a expulsão.

Sem nenhuma estratégia, a Seleção Brasileira partiu para o desespero. Estranhamente, Dunga tirou Luís Fabiano para a entrada de Nilmar, justamente quando precisava de um homem de área para as jogadas aéreas.

E o técnico “morreu” com uma substituição por fazer. A contestada convocação provou mesmo a sua falta de opções, quando o treinador olhou para o banco e não viu ninguém capaz de mudar a partida. “Morreu” pelas suas convicções e gratidão por jogadores comuns como Kléberson, Ramires, Júlio Baptista, Grafite e companhia muito limitada.

Com a desvantagem no placar e no número de homens em campo, o Brasil não resistiu. No fim, ainda escapou de levar pelo menos dois gols em contra-ataques.

Pela segunda Copa do Mundo consecutiva, o Brasil se despedia da competição nas quartas de final.


Felipe Melo deu um pisão irresponsável em Arjen Robben (Imagem: Twitter @Canelada_FC)

● Essa derrota foi apenas a terceira de vidada da Seleção Brasileira em toda a história das Copas. As duas anteriores foram para o Uruguai em 1950 e para a Noruega em 1998, ambas por 2 x 1.

Duas celebridades ficaram em foco nessa partida. A socialite Paris Hilton foi pega fumando maconha dentro do estádio Nelson Mandela Bay, em Port Elizabeth, mas foi liberada depois de prestar depoimento. Mas quem foi condenado pelas redes sociais foi o Rolling Stone Mick Jagger, que ganhou fama de pé frio durante o Mundial. Nos três jogos que ele esteve presente no estádio, os times para os quais ele torcia foram derrotados. No jogo das oitavas de final entre Estados Unidos e Gana, ele sentou nas arquibancadas ao lado do ex-presidente americano Bill Clinton e viu os EUA perderem por 2 x 1. Depois, viu seu país natal, a Inglaterra, perder na mesma fase para a Alemanha por 2 x 1. Para completar de vez a infame fama, ele estava na torcida para o Brasil diante da Holanda, nas quartas de final.

Após a partida, Dunga assumiu a responsabilidade pela derrota brasileira e confirmou que deixaria a Seleção ao término de seu contrato – que havia se iniciado em 2006 e tinha validade de quatro anos.

Bert van Marwijk atacou a Seleção Brasileira, alegando que o pisão de Felipe Melo em Robben o deixou “envergonhado pelo futebol brasileiro”.

Júlio César deu entrevista chorando e dizendo que se sentia culpado pelo primeiro gol sofrido. Ele e Felipe Melo disseram que a comunicação entre ambos foi dificultada por causa do barulho das vuvuzelas – uma corneta utilizada pelos torcedores sul-africanos, que faz parte da cultura do futebol no país desde os anos 1950.

Ainda fora da realidade, Felipe Melo tentou desmentir a imagem da TV dizendo que a falta com pisão em Robben foi lance normal de jogo e que não deveria resultar em expulsão.

Com o cartão vermelho de Felipe Melo, o Brasil se tornou a seleção com maior número de expulsões na história das Copas: 11, à frente da Argentina, com 10.

Nas semifinais, a Holanda eliminou o Uruguai em um jogaço e vitória por 3 x 2. Na decisão, teve as melhores oportunidades, mas não conseguiu aproveitar. Na prorrogação, o gol solitário de Andrés Iniesta garantiu o título para a Espanha. A Holanda se tornava a única seleção três vezes vice-campeã (1974, 1978 e 2010) sem nunca ter conquistado uma Copa do Mundo.


Felipe Melo foi corretamente expulso pelo pisão em Robben (Imagem: UOL)

FICHA TÉCNICA:

 

HOLANDA 2 x 1 BRASIL

 

Data: 02/07/2010

Horário: 16h00 locais

Estádio: Nelson Mandela Bay Stadium

Público: 40.186

Cidade: Port Elizabeth (África do Sul)

Árbitro: Yuichi Nishimura (Japão)

 

HOLANDA (4-2-3-1):

BRASIL (4-2-3-1):

1  Maarten Stekelenburg (G)

1  Júlio César (G)

2  Gregory van der Wiel

2  Maicon

3  John Heitinga

3  Lúcio (C)

13 André Ooijer

4  Juan

5  Giovanni van Bronckhorst (C)

6  Michel Bastos

6  Mark van Bommel

5  Felipe Melo

8  Nigel de Jong

8  Gilberto Silva

11 Arjen Robben

13 Daniel Alves

10 Wesley Sneijder

10 Kaká

7  Dirk Kuyt

11 Robinho

9  Robin van Persie

9  Luís Fabiano

 

Técnico: Bert van Marwijk

Técnico: Dunga

 

SUPLENTES:

 

 

16 Michel Vorm (G)

12 Gomes (G)

22 Sander Boschker (G)

22 Doni (G)

12 Khalid Boulahrouz

14 Luisão

4  Joris Mathijsen

15 Thiago Silva

15 Edson Braafheid

16 Gilberto

14 Demy de Zeeuw

17 Josué

18 Stijn Schaars

20 Kléberson

23 Rafael van der Vaart

18 Ramires

20 Ibrahim Afellay

7  Elano

17 Eljero Elia

19 Júlio Baptista

19 Ryan Babel

21 Nilmar

21 Klaas-Jan Huntelaar

23 Grafite

 

GOLS:

10′ Robinho (BRA)

53′ Wesley Sneijder (HOL)

68′ Wesley Sneijder (HOL)

 

CARTÕES AMARELOS:

14′ John Heitinga (HOL)

37′ Michel Bastos (BRA)

47′ Gregory van der Wiel (HOL)

64′ Nigel de Jong (HOL)

76′ André Ooijer (HOL)

 

CARTÃO VERMELHO:
73′ Felipe Melo (BRA)

 

SUBSTITUIÇÕES:

62′ Michel Bastos (BRA) ↓

Gilberto (BRA) ↑

 

77′ Luís Fabiano (BRA) ↓

Nilmar (BRA) ↑

 

85′ Robin van Persie (HOL) ↓

Klaas-Jan Huntelaar (HOL) ↑

Melhores momentos da partida:

Jogo completo:

… 03/07/2010 – Alemanha 4 x 0 Argentina

Três pontos sobre…
… 03/07/2010 – Alemanha 4 x 0 Argentina


(Imagem: UOL)

● Alemanha e Argentina haviam se enfrentado nas quartas de final da Copa do Mundo de 2006 e o jogo terminou em discussão e pancadaria, após a vitória germânica nos pênaltis. Na África do sul, se encontravam novamente nas quartas de final e vários personagens se repetiam, mas eram outros times em relação a quatro anos antes.

Em busca de encerrar a fila de 24 anos sem o título mundial, a Argentina juntou seus dois maiores nomes em todos os tempos: Lionel Messi em campo e Diego Armando Maradona como técnico. Treinando a seleção albiceleste desde outubro de 2008, Don Diego esperava transferir seu status de divindade a Messi, que ainda não havia feito uma grande competição com a camisa da seleção. Em 2009, Messi tinha sido eleito o melhor jogador do mundo pela primeira vez e estava chegando em seu auge técnico, treinado por Pep Guardiola no Barcelona.

Entre os 23 nomes convocados, alguns nomes de confiança de Maradona, como os veteraníssimos Juan Sebastián Verón (35 anos) e Martín Palermo (38). Mas outros homes históricos foram deixados de fora, como Javier Zanetti, Esteban Cambiasso e Juan Román Riquelme.

A defesa do goleiro Sergio Romero jogava em linha e era composta por Nicolás Otamendi, Martín Demichelis, Nicolás Burdisso e Gabriel Heinze, sem os avanços dos laterais. No meio, o capitão Javier Mascherano fazia a proteção, enquanto Maxi Rodríguez era o meia pela direita e Ángel Di María era seu espelho pela esquerda. Lionel Messi era o enganche, responsável pela criação das jogadas para a dupla de ataque, composta por Carlos Tevez e Gonzalo Higuaín. No banco, contava com ótimas opções do meio para frente, especialmente Kun Agüero (genro do treinador) e Diego Milito (em fase esplendorosa na Inter de Milão).

Na primeira fase, a Argentina enfrentou a Nigéria (como sempre) e venceu por 1 x 0. Na segunda partida, goleada sobre a Coreia do Sul por 4 x 1, com direito a um “hat trick” de Huguaín. No terceiro jogo, bateu a Grécia por 2 x 0. Nas oitavas de final, sofreu um pouco, mas venceu o México por 3 x 1.


(Imagem: BBC)

● O técnico Joachim Löw substituiu Jürgen Klinsmann em 2006 e levou a Alemanha ao vice-campeonato da Eurocopa dois anos depois, ganhando prestígio no país. Mas o comandante tinha vários desfalques de última hora para a disputa do Mundial. O zagueiro Heiko Westermann era cotado como titular, mas se machucou em um amistoso pouco antes de o técnico definir a lista dos 23 convocados.

Löw também não pôde contar com seus dois goleiros principais. Robert Enke seria o número 1, mas foi acometido de uma depressão e cometeu suicídio em novembro do ano anterior. René Adler quebrou as costelas às vésperas da convocação. Com isso, fram convocados Manuel Neuer (então no Schalke 04), Tim Wiese (que se tornaria fisiculturista e lutador de Wrestling tempos depois) e o veterano Hans-Jörg Butt, de 36 anos.

Mas a pior perda foi a do capitão Michael Ballack. Ele se contundiu dia 16 de maio, ao sofrer uma pancada no tornozelo desferida por Kevin-Prince Boateng. Prince é nascido na Alemanha, mas optou por representar a seleção de Gana (país de origem de seus pais). Na final da Copa da Inglaterra, ele atuava no Portsmouth e havia levado um tapa na cara de Ballack, do Chelsea, resolvendo revidar com a entrada dura. Curiosamente, essa lesão que afastou Ballack abriu espaço para a convocação de seu irmão Jérôme Boateng. Ao contrário de Prince, Jérôme optou por defender a seleção alemã e eles se tornariam os primeiros irmãos a se enfrentarem em uma Copa do Mundo, na terceira partida da primeira fase de 2010.

A defesa contava com o capitão Philipp Lahm e Jérôme Boateng nas laterais e o miolo de zaga tinha os lentos e experientes Per Mertesacker e Arne Friedrich. Com a perda de Ballack, o renovado meio campo contava com Sami Khedira e Bastian Schweinsteiger fazendo o balanço defensivo para a criação de Mesut Özil. Thomas Müller e Łukas Podolski eram os pontas e o inoxidável Miroslav Klose era o principal responsável pelos gols. No banco, destaques para o ainda jovem Toni Kroos, o meia Piotr Trochowski (que sempre entrava durante os jogos), além dos atacantes Mario Gómez e Cacau (nascido no Brasil).

Na fase de grupos, a Alemanha goleou a Austrália por 4 x 0 na estreia. Depois, perdeu para a Sérvia por 1 x 0 e venceu Gana pelo mesmo placar. Nas oitavas, a Alemanha se vingou de 1966 e goleou a Inglaterra por 4 x 1.


Joachim Löw armou a Alemanha no sistema 4-2-3-1.


Maradona escalou a Argentina no 4-3-1-2, com Messi fazendo o papel de “enganche”.

● As duas equipes haviam se enfrentado quatro meses antes em um amistoso, com vitória argentina por 1 x 0, com gol de Higuaín em passe de Di María. Felizmente a troca de provocações na véspera do jogo não se refletiu em campo.

A Alemanha queria decidir logo a sua sorte e armou uma “blitzkrieg” (“guerra relâmpago”). E conseguiu ser recompensada ao abrir o placar logo aos três minutos de partida. Schweinsteiger cobrou falta do bico esquerdo da área e Thomas Müller se antecipou a marcação de Otamendi para cabecear para o fundo das redes, contando com o mau posicionamento do goleiro argentino Romero.

A partir daí, o que se viu foi os sul-americanos tentarem ir à frente na base do talento individual, mas não conseguindo passar pela barreira defensiva alemã.

Aos 22′, Messi criou a jogada para Tevez, mas Neuer se antecipou para ficar com a bola.

Dois minutos depois, os germânicos deram o troco. Müller avançou pela direita e tocou para a marca do pênalti, mas Klose finalizou por cima.

Aos 32 min, Tevez puxou contragolpe e tocou para Di María, que invadiu a área e chutou fraco para a defesa de Neuer.

Com 55% de posse de bola, a Argentina até tentava criar, mas não conseguia finalizar com perigo. A Alemanha recuou demais e chegou a temer pelo empate.


(Imagem: Globo Esporte)

Aos três minutos do segundo tempo, Di María chutou da intermediária e a bola passou raspando à trave direita do arqueiro alemão.

Pecando muito nas finalizações, a Argentina tentava atacar desordenadamente e cedia espaços em sua defesa. Bastian Schweinsteiger era um monstro no meio de campo e a marcação sob pressão dos europeus encurtava os espaços e não deixava Messi se criar. O time argentino não tinha comando e a Alemanha explorava a fragilidade da marcação adversária. Mascherano sozinho não conseguia parar o rápido ataque teutônico, que foi mais eficiente nas chances que teve.

Na metade da etapa final, Sami Khedira avançou pela esquerda e tocou para Thomas Müller. Mesmo caído, ele conseguiu fazer o passe para Podolski cruzar rasteiro para o implacável Miroslav Klose ampliar o marcador.

Seis minutos depois, Schweinsteiger passou por Di María, Higuaín e Pastore e cruzou rasteiro para o zagueiro Friedrich fazer o terceiro gol alemão.

No último minuto do tempo normal, Schweinsteiger puxou contra-ataque e passou para Özil cruzar da esquerda para Klose bater de primeira no contrapé do goleiro Romero e marcar seu 14º gol na história das Copas – ficando a um tento de igualar Ronaldo Fenômeno.

Thomas Müller, melhor jogador alemão no Mundial, recebeu o segundo cartão amarelo na fase final da competição e estava suspenso para a semifinal contra a Espanha. A Alemanha até tentou segurar o irresistível “tiki-taka” espanhol, mas perdeu por 1 x 0, com um gol de cabeça de Carles Puyol. Na decisão do 3º lugar, venceu o renascido Uruguai por 3 x 2.


(Imagem: Goal)

FICHA TÉCNICA:

 

ALEMANHA 4 x 0 ARGENTINA

 

Data: 03/07/2010

Horário: 16h00 locais

Estádio: Green Point

Público: 64.100

Cidade: Cidade do Cabo (África do Sul)

Árbitro: Ravshan Irmatov (Uzbequistão)

 

ALEMANHA (4-2-3-1):

ARGENTINA (4-3-1-2):

1  Manuel Neuer (G)

22 Sergio Romero (G)

16 Philipp Lahm (C)

15 Nicolás Otamendi

17 Per Mertesacker

2  Martín Demichelis

3  Arne Friedrich

4  Nicolás Burdisso

20 Jérôme Boateng

6  Gabriel Heinze

6  Sami Khedira

14 Javier Mascherano (C)

7  Bastian Schweinsteiger

20 Maxi Rodríguez

13 Thomas Müller

7  Ángel Di María

8  Mesut Özil

10 Lionel Messi

10 Łukas Podolski

11 Carlos Tevez

11 Miroslav Klose

9  Gonzalo Higuaín

 

Técnico: Joachim Löw

Técnico: Diego Armando Maradona

 

SUPLENTES:

 

 

12 Tim Wiese (G)

21 Mariano Andújar (G)

22 Hans-Jörg Butt (G)

1  Diego Pozo (G)

5  Serdar Tasci

12 Ariel Garcé

4  Dennis Aogo

13 Walter Samuel

14 Holger Badstuber

3  Clemente Rodríguez

2  Marcell Jansen

5  Mario Bolatti

18 Toni Kroos

17 Jonás Gutiérrez

15 Piotr Trochowski

8  Juan Sebastián Verón

21 Marko Marin

23 Javier Pastore

19 Cacau

16 Sergio Agüero

9  Stefan Kießling

19 Diego Milito

23 Mario Gómez

18 Martín Palermo

 

GOLS:

3′ Thomas Müller (ALE)

68′ Miroslav Klose (ALE)

74′ Arne Friedrich (ALE)

89′ Miroslav Klose (ALE)

 

CARTÕES AMARELOS:

11′ Nicolás Otamendi (ARG)

35′ Thomas Müller (ALE)

80′ Javier Mascherano (ARG)

 

SUBSTITUIÇÕES:

70′ Nicolás Otamendi (ARG) ↓

Javier Pastore (ARG) ↑

 

72′ Jérôme Boateng (ALE) ↓

Marcell Jansen (ALE) ↑

 

75′ Ángel Di María (ARG) ↓

Sergio Agüero (ARG) ↑

 

77′ Sami Khedira (ALE) ↓

Toni Kroos (ALE) ↑

 

84′ Thomas Müller (ALE) ↓

Piotr Trochowski (ALE) ↑

Gols da partida:

Gols do jogo (em português) e reportagem da Rede Globo:

… Maradona: lenda na seleção Argentina

Três pontos sobre…
… Maradona: lenda na seleção Argentina


(Imagem: Pinterest)

● Em 27/02/1977, com apenas 16 anos, Maradona estreou pela seleção argentina principal em um amistoso com a Hungria. Apenas alguns dias depois, em 03/04, estreou na seleção sub-17 no Sul-Americano, onde não teve bons resultados. Foi pré-convocado para a Copa de 1978, mas mesmo com clamor do público e da mídia, o técnico César Luis Menotti decidiu não convocá-lo para a Copa na própria Argentina. O técnico explicaria: “Ele ainda é um garoto e precisa amadurecer. Mas sem dúvida ele pode mais que os outros e ainda vai brilhar muito no futebol”. Diego não guarda mágoas de Menotti e o considera o melhor treinador que já teve. O ex-craque Omar Sívori também o consolou: “Me escute, garoto… você tem a verdade do futebol dentro de si e toda uma vida para mostrá-la”. Mesmo decepcionado, Diego enviaria um telegrama aos jogadores, desejando sorte, e assistiu in loco dois jogos (contra a Itália e a final contra a Holanda).

“Poderia ter jogado no mundial de 1978. Estava afinado como nunca. Chorei muito, senti como uma injustiça. (…) Quando se deu a notícia [de que seria cortado] vieram alguns a me consolar: Luque, um grande tipo, o Tolo Gallego… e ninguém mais. Nesse momento eram demasiado grandes para gastar uma palavra com um garoto. (…) O pior foi quando voltei a minha casa. Parecia um velório. Chorava minha velha, meu velho, meus irmãos… esse dia, o mais triste da minha carreira, jurei que iria ter revanche. Foi a maior desilusão da minha vida, me marcou para sempre.”

No ano seguinte, foi o protagonista de sua seleção no título Mundial Sub-20 de 1979, marcando 6 gols e sento escolhido o melhor jogador do torneio. Disputou sua primeira Copa em 1982, mas a então campeã Argentina caiu na segunda fase, com derrotas para Itália (1 x 2, caçado impiedosamente por Claudio Gentile – que de gentil só tinha o nome) e Brasil (1 x 3, onde foi expulso por dar uma solada nos testículos do volante Batista, pensando ser em Falcão).

● Na Copa de 1986, o técnico Bilardo era questionado por dar a faixa de capitão a Diego, já que ele ainda não tinha provado seu valor no futebol nem em clubes e nem na seleção. Maradona “mandava” tanto na seleção, que o ídolo argentino Daniel Passarella não jogou um segundo sequer nessa Copa (era desafeto de Diego). Nas quartas de final, mostrou a todos a sua verdadeira grandeza. Argentina e Inglaterra tinham se enfrentado recentemente na Guerra das Malvinas, com derrota platina. No sexto minuto do segundo tempo, “El Diez” tocou para um companheiro, que perdeu a bola, mas o zagueiro inglês Steve Hodge chutou a bola para cima e ela foi em direção ao goleiro Peter Shilton. Maradona foi correndo de encontro ao goleiro (20 cm mais alto), cerrou o punho e socou a bola, encobrindo Shilton. Mesmo com protestos ingleses, o gol foi validado. Maradona mais tarde diria que “se houve mão na bola, foi a mão de Deus”. Com os adversários ainda revoltados com esse gol, a Argentina trocava passes no campo defensivo quando “El Pibe” pegou a bola. Ele estava de costas para o gol inglês e era marcado por três adversários (Steve Hodge, Peter Reid e Peter Beardsley). Assim que Beardsley se aproximou, Diego girou em sentido contrário, saindo de seu campo e avançando na intermediária adversária. Reid o perseguiu sem sucesso, enquanto Terry Butcher e Terry Fenwick foram facilmente deixados para trás. Diego seguiu (com a impressão que driblava todos os milhões de britânicos e vencia a Guerra das Malvinas), entrou na área, driblou o goleiro Shilton e mandou para as redes, sem chances para o carrinho desesperado de Butcher. Esse é chamado de “gol do século” e possivelmente é o gol mais lindo da história das Copas. Gary Lineker descontou, mas a Argentina venceu por 2 x 1. Na final contra a Alemanha Ocidental, liderou seu país ao segundo título mundial. Logicamente, foi escolhido como Bola de Ouro da Copa.

Na Copa de 1990, Diego já tinha seu talento mundialmente reconhecido, pois já tinha dado títulos inéditos para o Napoli e tinha carregado sua seleção na Copa anterior. Após uma primeira fase desastrosa, a Argentina enfrentou o rival Brasil nas oitavas de final. A equipe brasileira fez seu melhor jogo, mas desperdiçou inúmeras oportunidades. Maradona apenas caminhava na partida, devido às inúmeras pancadas recebidas em jogos anteriores. Mas nunca pode se descuidar com um gênio. Aos 35 minutos do segundo tempo, ele acelerou uma jogada, driblou quatro brasileiros e deixou Caniggia livre, para passar por Taffarel e fazer o gol. Venceria a Iugoslávia nos pênaltis. Na semifinal, enfrentaria os anfitriões italianos, mas jogaria em sua casa, Nápoles. Diego convocou os napolitanos a torcer por ele e não por seu país e a torcida ficou dividida. A Argentina venceu a Itália nos pênaltis, novamente com um show de defesas do goleiro Sergio Goycoechea. Na final, novamente contra a Alemanha Ocidental, em Roma, Diego foi vaiado do início ao fim do jogo. A Argentina já era mais fraca que a Copa anterior e esteve desfalcada de quatro titulares nessa final. Ainda perderia um jogador expulso no início do segundo tempo. A cinco minutos do fim, a Alemanha marca em um pênalti duvidoso e é campeã. Diego se recusa a apertar a mão do presidente da FIFA, João Havelange, e a torcida romana faz festa ao ver Maradona chorando.
Em 1994, surpreendeu ao mundo com a rápida recuperação de sua forma física. Fez um golaço na estreia contra a Grécia e demonstrou um fôlego incansável na segunda partida, contra a Nigéria, mas depois foi pego no exame antidoping e provado que utilizou efedrina para emagrecer. Mesmo aposentado, houve certa pressão para que o agora técnico Daniel Passarella o convocasse para a Copa do Mundo de 1998.

● Em outubro de 2008, após a demissão de Alfio Basile, Diego Armando Maradona foi nomeado técnico da seleção argentina. No período, teve desentendimentos com vários atletas, mas em especial com Juan Román Riquelme. Em 2009 sofreu uma acachapante e histórica derrota para a Bolvívia, na altitude de La Paz, por 6 a 1. Também perdeu para o Brasil em casa, por 3 x 1. Em menos de 20 jogos, ele utilizou 80 jogadores diferentes. Em 14/10/2009, se classificou para a Copa do Mundo de 2010 no sufoco, apenas na última rodada, em uma vitória por 1 a 0 contra o rival Uruguai, em pleno Estádio Centenário. A entrevista após o jogo foi mais uma polêmica para a sua biografia com a declaração: “Com o perdão das damas aqui presentes, que vocês (jornalistas) ’chupem’, continuem ’chupando’”. Pela atitude, foi punido pela FIFA com dois meses de suspensão e uma multa de 25 mil francos suíços. Não convocou para a Copa, dentre outros craques, Javier Zanetti e Esteban Cambiasso, que tinham acabado de conquistar a tríplice coroa na Itália. Na Copa, após uma primeira fase tranquila, venceu bem o México e foi eliminado nas quartas de final para a Alemanha, em uma goleada acachapante por 0 x 4. Felizmente, o resultado poupou a todos de ver o ex-jogador cumprir a promessa de correr pelado caso seu time vencesse a Copa. Foi demitido do cargo depois de 24 partidas, com 18 vitórias e 6 derrotas.