Três pontos sobre…
… 07/07/2010 – Espanha 1 x 0 Alemanha
(Imagem: Belfast Telegraph)
● Pela primeira vez, a Espanha chegou a uma Copa do Mundo como principal favorita. O título da Eurocopa de 2008 levantou a autoestima dos espanhóis e espantou o estigma de fracassar nas grandes competições. Mas, ao mesmo tempo que isso dava confiança ao time, trazia também mais pressão para que superasse a falta de tradição e conquistasse o Mundial.
O técnico Vicente Del Bosque assumiu a seleção depois do título da Euro 2008 e manteve o sistema tático e a forma de jogar que foi implementada pelo seu antecessor, Luis Aragonés. La Roja impressionava pelo ritmo de jogo, baseado na técnica e na posse de bola, estilo que ficou conhecido como “tiki-taka”. O ponto forte era o meio de campo, que contava com jogadores talentosos como Sergio Busquets, Xabi Alonso, Cesc Fàbregas, David Silva, Xavi e Andrés Iniesta.
A Espanha estava invicta havia 35 jogos e perdeu para os Estados Unidos na semifinal da Copa das Confederações de 2009, frustrando a expectativa de medir forças com o Brasil na final do torneio.
Na estreia do Mundial, a Fúria foi surpreendida com uma inesperada derrota para a Suíça por 1 x 0. Mas se recuperou ao vencer Honduras por 2 x 0 e Chile por 2 x 1. Nas fases de mata-mata, um festival de “1 x 0”. Com esse placar, La Roja venceu Portugal no clássico ibérico das oitavas de final e bateu Portugal nas quartas de final.
Para a semifinal, Vicente Del Bosque preferiu dar mais mobilidade ao seu ataque, sacando Fernando Torres para a entrada de Pedro.
(Imagem: Spox)
● A Alemanha seguia seu recomeço. Depois de fiascos nas Copas de 1994 e 1998, chegou à final de 2002 com um time que o destaque era o goleiro Oliver Kahn. Jogando em casa em 2006, a Nationalelf chegou em 3º lugar, com um time mais renovado e mais técnico.
Para o Mundial de 2010, perdeu por lesão o zagueiro Heiko Westermann e o capitão Michael Ballack pouco antes do torneio. Mas foi a ausência de Ballack que fez desabrochar o talento de Sami Khedira e Mesut Özil, além da liderança de Philipp Lahm. Os protagonistas eram Bastian Schweinsteiger, Thomas Müller, Łukasz Podolski e Miroslav Klose.
O técnico Joachim Löw também teve que se reinventar após a perda de seus goleiros principais. Robert Enke perdeu a luta contra a depressão e se matou sete meses antes do Mundial. René Adler se lesionou às vésperas da competição e não viajou para a África do Sul. Com isso, o treinador deu uma chance no time titular a Manuel Neuer, do Schalke 04.
Na Copa de 2010, a Alemanha estreou goleando a Austrália por 4 x 0. No segundo jogo, um pequeno deslize na derrota para a Sérvia por 1 x 0. Na terceira rodada, venceu Gana por 1 x 0. Nas oitavas de final, goleada sobre a rival Inglaterra por 4 x 1. Nas quartas, massacre sobre a Argentina por 4 x 0.
Para a semifinal, a Nationalelf não contava com Thomas Müller, suspenso pelo segundo cartão amarelo. O camisa 13 vinha sendo o principal jogador do time e fez muita falta aos teutônicos. Ele foi substituído por Piotr Trochowski, que, embora fosse bom jogador, não tinha as mesmas características.
A Espanha jogava em um sistema bastante móvel: era escalada no 4-2-3-1, mas atacava no 4-3-3 e se defendia no 4-5-1.
Joachim Löw armou a Alemanha no sistema 4-2-3-1.
● As duas seleções haviam se enfrentado na final da Eurocopa de 2008, com uma vitória da Espanha por 1 x 0 – gol de Fernando Torres aos 33′. O roteiro se repetiria.
Em campo, o jogo parecia uma tourada: a Espanha fazia o papel de toureiro e controlava o espetáculo, com “olé” no toque de bola incessante; a Alemanha foi o pobre touro, que não viu a cor da bola.
A primeira chance clara de gol veio depois de cinco minutos jogados. Gerard Piqué acionou Pedro na meia direita e ele deu o passe na medida para David Villa finalizar já dentro da área, mas Neuer saiu bem para fechar o ângulo e impedir o gol.
Aos 13′, após cobrança de escanteio ensaiada, Iniesta cruzou e Puyol cabeceou para fora com muito perigo. Parecia uma premonição.
Foi um jogo muito disputado, mas também muito leal. A primeira falta do jogo só foi acontecer aos 26′. O árbitro húngaro Viktor Kassai teve pouco trabalho e não teve que apresentar nenhum cartão amarelo.
Aos 29′, Xabi Alonso arriscou de longe e mandou à direita do gol.
A primeira finalização alemã veio dois minutos depois. Trochowski bateu rasteiro de longe e obrigou Casillas a espalmar para escanteio.
(Imagem: Halden Krog / EFE /)
No fim da etapa inicial, Pedro chutou forte da intermediária e Neuer segurou firme.
O segundo tempo continuou no mesmo ritmo: a Espanha amassava e a Alemanha tentava se defender.
Xabi Alonso tentou em chutes de fora da área que foram para fora, aos 3′ e aos 4′.
Aos 12′, Joan Capdevila tabelou com Iniesta pela esquerda e cruzou rasteiro para a área. Xabi Alonso ajeitou para trás e Pedro bateu de primeira, da meia-lua, mas Neuer espalmou para o lado. A Fúria ainda ficou com o rebote dentro da área e Xabi Alonso deixou de calcanhar com Iniesta que cruzou da esquerda. A bola passou por Villa, que chegou atrasado e não conseguiu finalizar com o gol vazio.
Na única chance da Alemanha, aos 23′, Özil avançou pela esquerda e tocou para Podolski já dentro da grande área. Ele cruzou pelo alto, a bola passou por Klose e Toni Kroos apareceu livre na segunda trave para bater de primeira para boa defesa de Iker Casillas.
O amplo domínio espanhol foi recompensado com superioridade no placar aos 28′ de uma maneira nada convencional para La Roja. Xavi cobrou escanteio para a área. Puyol chegou na área vindo na corrida, apareceu como um homem surpresa nas costas da defesa e cabeceou com força à esquerda de Neuer.
Depois do gol, a Espanha recuou naturalmente para segurar a vantagem e a Alemanha passou a ter mais um pouco de posse de bola, mas não conseguiu agredir o gol de Iker Casillas.
(Imagem: BBC)
● Em sua 13ª Copa do Mundo, enfim a Espanha conseguiu a vaga em sua primeira e tão desejada final de Copa do Mundo.
Após o fim da partida, houve uma festa dos jogadores espanhóis no vestiário do estádio Moses Mabhida Stadium, em Durban. Eis que de repente aparece na frente dos atletas a rainha Sofia da Espanha, que desceu das tribunas de honra para parabenizar pessoalmente os heróis da Fúria. Enquanto os jogadores tentaram disfarçar e organizar a bagunça, a monarca pediu para cumprimentar o autor do gol da vitória. Depois de um tempo, apareceu Carles Puyol quase pelado, apenas com uma toalha enrolada na cintura. Enquanto ele recebia o cumprimento real, os companheiros se acabavam em risos vendo a cena.
Na decisão do 3º lugar, a Alemanha conseguiu ficar com o Bronze após vencer o Uruguai por 3 x 2. Nessa partida, os germânicos atingiram a marca de 99 jogos em Copas do Mundo, superando o Brasil como a seleção que mais jogou em Mundiais.
Na decisão que consagraria um campeão inédito, venceu a azarada Holanda pelo placar de 1 x 0, com um gol de Andrés Iniesta aos 11 minutos do segundo tempo da prorrogação. Espanha, merecida e legítima campeã mundial de 2010!
(Imagem: Soccer – Football Scores)
● FICHA TÉCNICA: |
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ESPANHA 1 x 0 ALEMANHA |
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Data: 07/07/2010 Horário: 20h30 locais Estádio: Moses Mabhida Stadium Público: 60.960 Cidade: Durban (África do Sul) Árbitro: Viktor Kassai (Hungria) |
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ESPANHA (4-2-3-1): |
ALEMANHA (4-2-3-1): |
1 Iker Casillas (G)(C) |
1 Manuel Neuer (G) |
15 Sergio Ramos |
16 Philipp Lahm (C) |
3 Gerard Piqué |
3 Arne Friedrich |
5 Carles Puyol |
17 Per Mertesacker |
11 Joan Capdevila |
20 Jérôme Boateng |
16 Sergio Busquets |
6 Sami Khedira |
14 Xabi Alonso |
7 Bastian Schweinsteiger |
8 Xavi |
15 Piotr Trochowski |
6 Andrés Iniesta |
8 Mesut Özil |
18 Pedro |
10 Łukasz Podolski |
7 David Villa |
11 Miroslav Klose |
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Técnico: Vicente del Bosque |
Técnico: Joachim Löw |
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SUPLENTES: |
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12 Víctor Valdés (G) |
12 Tim Wiese (G) |
23 Pepe Reina (G) |
22 Hans-Jörg Butt (G) |
2 Raúl Albiol |
14 Holger Badstuber |
4 Carlos Marchena |
5 Serdar Tasci |
17 Álvaro Arbeloa |
4 Dennis Aogo |
20 Javi Martínez |
2 Marcell Jansen |
10 Cesc Fàbregas |
18 Toni Kroos |
13 Juan Mata |
21 Marko Marin |
21 David Silva |
13 Thomas Müller |
22 Jesús Navas |
19 Cacau |
19 Fernando Llorente |
9 Stefan Kießling |
9 Fernando Torres |
23 Mario Gómez |
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GOL: 73′ Carles Puyol (ESP) |
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SUBSTITUIÇÕES: |
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52′ Jérôme Boateng (ALE) ↓ |
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Marcell Jansen (ALE) ↑ |
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62′ Piotr Trochowski (ALE) ↓ |
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Toni Kroos (ALE) ↑ |
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81′ Sami Khedira (ALE) ↓ |
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Mario Gómez (ALE) ↑ |
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81′ David Villa (ESP) ↓ |
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Fernando Torres (ESP) ↑ |
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86′ Pedro (ESP) ↓ |
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David Silva (ESP) ↑ |
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90+3′ Xabi Alonso (ESP) ↓ |
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Carlos Marchena (ESP) ↑ |
Melhores momentos da partida: