… Milésimo gol de Pelé

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… Milésimo gol de Pelé


(Imagem: R7)

● No dia 14/11/1969, Edson Arantes do Nascimento marcava seu gol nº 999. Em vitória por 3 x 0 contra o Botafogo/PB, no estádio Governador José Américo de Almeida, em João Pessoa, aos 13 minutos do segundo tempo, Manoel Maria sofreu pênalti, convertido por Pelé. Aos 28 da etapa complementar, o goleiro Jair Estevão trombou com um adversário dentro da área e passou mal. Segundo a lenda, o técnico Antoninho escalou apenas um goleiro para a partida e pediu para ele simular uma contusão para o Rei ir para o gol, a fim de deixar o gol 1.000 para palcos mais famosos (Fonte Nova ou Maracanã).

No jogo seguinte, dia 16/11, Santos e Bahia empataram por 1 x 1, em uma Fonte Nova com 100 mil expectadores. Pelé ia marcando o milésimo, quando Pelé driblou o goleiro Jurandir e chutou. O zagueiro tricolor Nildo tirou a bola em cima da linha e foi substancialmente vaiado pela própria torcida. No fim do jogo, o Rei ainda acertaria uma bola no travessão. “Nunca tinha visto algo desse tipo. O beque do Bahia tirou a bola em cima da linha e foi vaiado pelo estádio inteiro”, contou Pelé.

● Era um dia 19/11/1969, quarta-feira, em um Maracanã com 65.157 pagantes, em um jogo sem grande importância na classificação do Torneio Roberto Gomes Pedrosa. O Santos empatava com o Vasco por 1 a 1. No segundo tempo, Clodoaldo lançou rasteiro para Pelé, que entrou na área e foi tocado pelo zagueiro Fernando. Os jogadores do Vasco cercaram o árbitro e reclamaram acintosamente. O lateral Fidélis pisou na marca do pênalti, tentando deixá-la irregular para dificultar a batida. Pelé se prepara para cobrar a penalidade máxima. O mundo inteiro aguardava com ansiedade. Um verdadeiro batalhão de fotógrafos e cinegrafistas se aglomera atrás do gol.

Aos 33 minutos do segundo tempo, exatamente às 23h23, Pelé estava com a mão na cintura, esperando a autorização do árbitro Manoel Amaro de Lima e levou o ombro ao rosto para secar o suor. Ficou de costas para a meta vascaína e, da meia-lua, olhou os jogadores do Santos perfilados no centro do gramado.

“Havia muita cobrança naquela época. Desde quando me aproximei do milésimo gol, a imprensa do mundo todo começou a seguir o Santos”, explicou Pelé ao Estadão quarenta anos depois. “Foi um momento muito especial. Quando olhei para trás, na hora de bater o pênalti, vi todos os jogadores do Santos abraçados no meio-campo. Putz, pensei… Se eu errar não vai ter ninguém para pegar o rebote… O Maracanã todo gritava ‘Pelé, Pelé’… Minhas pernas tremeram. Eu não podia perder aquele gol…”

O Rei correu para a bola, fez a contumaz paradinha e o resto é história. Bateu com o pé direito a meia altura, no canto esquerdo do goleiro Edgardo Norberto Andrada, que rezou para defender a cobrança e ainda tocou na bola, segundo ele próprio. Em vão. Pelé marca seu gol nº 1000 em treze anos de carreira. Ocorreu o que Andrada mais temia: foi esquecido como bom goleiro (que realmente era) chorou de tristeza por entrar para a história como o goleiro que levou o histórico gol de Pelé. “Ele não queria levar o milésimo gol de forma alguma”, lembra Pelé. No vestiário, por rádio, o argentino conversou com o Rei e lamentou o gol sofrido: “Você merece muito mais de mil gols, Pelé. Mas lamento que tenha sido eu o goleiro mil. Confesso que não queria de jeito algum que você fizesse esse gol em mim”. Em seguida, Pelé se relativizou: “Uma das coisas que gostei foi que você fez tudo para evitar o milésimo gol, o que o valorizou”.

Mas enquanto Andrada ficou socando o gramado de raiva, o Camisa 10 santista correu no fundo do gol, rodeado pelos repórteres que invadiram o campo, pegou a bola e a guardou, dizendo para a posteridade: “Pensem no Natal. Pensem nas
criancinhas.” “Pelo amor de Deus, minha gente! Agora que todos estão ouvindo, faço um apelo especial a todos: ajudem as crianças pobres, ajudem os desamparados. É o único apelo nesta hora muito especial para mim.”

Depois de ser carregado pelo goleiro santista Agnaldo e cumprimentado pelos outros colegas, Pelé vestiu uma camisa do Vasco com o número 1000 e deu a volta olímpica no estádio, com a torcida aplaudindo de pé, apesar de seu gol ter sido o da derrota do time da casa por 2 a 1. No vestiário, voltou a lembrar das crianças carentes: “Ajudemos às crianças desafortunadas, que precisam do pouco de quem tem muito”.

● Assim foi escrito um dos mais belos e importantes capítulos da história do futebol mundial.

Vasco 1 x 2 Santos
Data: 19/11/1969
Estádio: Jornalista Mário Filho (Maracanã)
Público: 65.157
Cidade: Rio de Janeiro (RJ)
Árbitro: Manoel Amaro de Lima

Vasco: Andrada; Fidélis, Moacir, Fernando e Eberval; Bougleaux, Renê, Acelino (Raimundinho) e Adílson; Benetti e Danilo Menezes (Silvinho). Técnico: Célio de Souza.

Santos: Aguinaldo; Carlos Alberto Torres, Ramos Delgado, Djalma Dias (Joel Camargo) e Rildo; Clodoaldo, Lima, Manoel Maria e Edu; Pelé (Jair Bala) e Abel. Técnico: Antoninho.

Gols: Benetti, aos 17 minutos do primeiro tempo; Renê (contra), aos 10; e Pelé (pênalti), aos 32 minutos do segundo tempo.

… Ferenc Puskás e József Bozsik: amizade de uma vida inteira

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… Ferenc Puskás e József Bozsik: amizade de uma vida inteira ¹*


József Bozsik e Ferenc Puskás, com a senhora Bozsik ao centro (Imagem: magicalmagyars.com)

József Bozsik e eu éramos amigos inseparáveis. Eu tinha apenas três anos quando a família dele se mudou para o apartamento ao lado do nosso; o deles era o 20 e o nosso o 19. Ele era um ano e meio mais velho do que eu [nasceu em novembro de 1925], mas como éramos vizinhos de porta acabamos ficando amigos e desenvolvemos um sistema de sinais de “batidas na parede” para indicar: “Que tal bater uma bola?”.

Talvez inevitavelmente, mas tenho certeza de que com muita precisão, lembro-me daqueles dias com grande ternura. Aqueles foram bons tempos. Minha amizade com “Cucu²* Bozsik era tão próxima que éramos como irmãos. Ficamos juntos quando crianças, depois como jogadores titulares do Kispest e da Hungria por muitos anos, até o levante de 1956, quando nos separamos pela primeira vez. Havia cinco meninos na família Bozsik, todos num só quarto. Todos eles jogavam pelo Kispest em vários níveis. Istvan jogava no gol e os outros estavam no time abaixo de dezoito anos, lembro-me bem. [Bozsik foi dirigente do Kispest entre fevereiro de 1966 e agosto de 1967.]

Cucu era um sujeito bem calado. Uma pessoa lenta e relaxada; muito pensativo, jamais se afobava. Ele amava profundamente o futebol, mas acho que de uma forma diferente da maioria de nós. Ele nunca parecia ficar excitado, jamais demonstrava isso. Fora do campo, acho que nunca o vi zangado; mas, em campo, se alguém lhe roubasse a bola ele podia ter um acesso de raiva e ameaçava sair. Às vezes eu tinha de ir atrás dele e acalmá-lo. Ele era um amigo de verdade para mim, no futebol e na vida. Em um jogo – talvez porque jogávamos juntos desde pequenos – , sabíamos exatamente onde o outro devia estar, com ou sem a bola. Nós realmente podíamos nos achar sem nem olhar.

Bozsik e eu tínhamos permissão para frequentar jogos profissionais no campo do Kispest, mas entrar em jogos fora de casa era outra coisa. Usávamos todos os tipos de truques para entrar em campos de futebol, desde a idade de cinco ou seis anos. Lembro que certa vez cavamos um túnel sob a cerca de perímetro em uma lateral abandonada de um campo, não lembro agora de qual campo. A terra era macia e arenosa, e naquele dia ficamos cobertos de areia até as orelhas. Mas nossa trapaça habitual era vestir nosso uniforme infantil, apanhar algum equipamento e colocá-lo em mochilas do Kispest e cruzar meia cidade em direção ao campo dos adversários, no qual entrávamos com o ar mais grandioso e oficial possível. Em geral, dava certo e, depois do jogo, tínhamos de voltar para casa com as mochilas. Nós dificilmente pensávamos duas vezes, pois o esforço valia a pena.

József Bozsik em ação, com a camisa branca da seleção húngara (Imagem: magicalmagyars.com)

Jovens, fazíamos de tudo juntos, e certa ocasião até gerenciamos uma loja. Isso foi por volta de 1947 ou 1948, eu acho. O Kispest não era um clube rico e nem de longe podia nos pagar o salário que merecíamos. Cucu e eu recebemos uma proposta de uma loja local na rua principal de Kispest. Era de um ferragista que vendia panelas e chaleiras. Você precisava nos ver, achávamos que íamos ganhar uma fortuna. Mas trabalhamos lá só por algumas semanas, pois o governo nacionalizou todos os pequenos negócios. Recebemos uma pequena indenização, mas acabou aí nossa carreira como lojistas.

Nós também passávamos todo nosso tempo livre juntos, passeando pela cidade, indo ao cinema à noite uma ou duas vezes por semana. A gente sempre pegava o bonde para voltar para casa, e certa vez, quando estávamos pagando a passagem, olhamos um para o outro e dissemos: “Por que estamos fazendo isso? A gente podia ir correndo para casa facilmente e ainda economizar um pouco”. Então começou um período no qual nós regularmente apostávamos corrida com o bonde até em casa. Era uma boa distância, uns 2,5 km, e no começo não esperávamos conseguir acompanhar o bonde. Mas depois de um tempinho, conseguimos e depois o vencemos. Os condutores do bonde adoravam a brincadeira. Nós estávamos com dezesseis anos e éramos bem dispostos como pulgas.

Meu pai também ficou impressionado com Bozsik. Ele admirava sua maturidade calma e passou a amá-lo como a um filho. Se eu estivesse tentando convencer meu pai de que algo acontecera no treino e sentisse que ele não estava acreditando em mim, eu dizia: “Pergunte a seu amigo Bozsik, ele vai confirmar que tenho razão”.

Naturalmente, quando meu pai se tornou técnico e depois administrador do clube, ele foi por algum tempo responsável direto por nós dois.

(Imagem: magicalmagyars.com)

¹* Trecho extraído de um depoimento do próprio Ferenc Puskás, no livro “Puskas: Uma Lenda do Futebol” ³*, que me foi gentilmente presenteado há cerca de dez anos pelo amigo Mário Suriani.

²* Nota Três Pontos: “Cucu“, apelido de József Bozsik, se pronuncia “Zuzu” ou “Tsutsu“.

³* Bibliografia:
TAYLOR, Rogan; JAMRICH, Klara. Puskas: uma lenda do futebol. São Paulo: DBA, 1997. p. 30-32.


(Imagem: Editora DBA)

… Ferenc Puskás: 10 anos sem a lenda

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… Ferenc Puskás: 10 anos sem a lenda


(Imagem: FIFA)

● Hoje completa dez anos da morte de Ferenc Puskás, um dos maiores jogadores da história do futebol. Seu nome de registro era Ferenc Purczeld Biró (Purczeld Biró Ferenc, no padrão húngaro), mas sua família alterou o nome de origem alemã em uma das muitas mudanças de “ânimos” políticos húngaros, em uma época em que o nacionalismo era extremo no país, forçando muitas famílias a adaptar o sobrenome. “Puskás”, em húngaro, significa revólver. Ou seja, Puskás era matador até no nome.

Era mais conhecido em sua terra como “Öcsi Puskás”. O apelido surgiu em um dia em que Puskás estava resfriado e de cama, enquanto seu pai foi trabalhar (jogava no Kispest) e sua mãe foi fazer compras. Ele fugiu pela janela e foi jogar bola com os amiguinhos em um terreno baldio. Quando sua mãe voltou e o viu, pegou o rolo de macarrão para lhe dar uma lição, mas os demais meninos fizeram uma barreira ao redor de Ferenc para protegê-lo, dizendo: “Não bate nele, dona Puskás, ele é nosso irmãozinho”. É que Puskás era o mais novo de todos e eles o chamavam de “Öcsi” (irmãozinho em húngaro).

Em janeiro de 1949, a Hungria se tornou um estado comunista e os clubes de futebol foram nacionalizados. O time de Puskás, Kispest FC, foi assumido pelo Ministério da Defesa e tornou-se o time do exército húngaro, chamado Honvéd (defensores da pátria, no idioma local). O técnico era Gusztáv Sebes, Vice-Ministro do Esporte húngaro, que teve a liberdade de juntar alguns dos melhores jogadores do país no mesmo time. Todos esses craques tinham suas patentes no exército nacional e Puskás era major. Aí se origina outro de seus apelidos: “Major Galopante”.

(Imagem: Lance!)

Pela seleção da Hungria, entre 1945 e 1956 disputou 85 partidas e marcou incríveis 84 gols. Ainda é o segundo maior artilheiro por uma seleção, perdendo apenas para o iraniano Ali Daei (109 gols em 150 jogos). Entre 1950 e 1956, a seleção da Hungria perdeu apenas uma partida: justamente a final da Copa do Mundo de 1954, para a Alemanha Ocidental, por 3 a 2.

No Real Madrid, fez uma parceria memorável com Alfredo Di Stéfano e conquistou três UEFA Champions League. Na final do torneio de 1959/60, os merengues venceram o Eintracht Frankfurt por 7 x 3, com 3 gols de Di Stéfano e 4 de Puskás. Na Espanha, ganhou os apelidos de “Pancho” (uma variante diminutiva em espanhol de Francisco – Ferenc em castelhano) e “Cañoncito Pum” (algo como “tiro de canhão”, em tradução livre). Esteve também na Copa do Mundo de 1962, atuando pela Espanha, que foi eliminada na primeira fase.

Como técnico, treinou equipes dos cinco continentes, mas teve raros sucessos em times pequenos. Conquistou títulos na Austrália, mas teve mais destaque com o Panathinaikos conquistando o bicampeonato grego em 1971 e 1972, além de ser vice-campeão da UEFA Champions League de 1970/71, perdendo para o forte Ajax, de Johan Cruijff e cia.

Só voltou a seu país em 1981 e em 1995 foi alçado à patente de coronel. Em 1997, em comemoração aos seus 70 anos, o presidente do Comitê Olímpico Internacional, Juan Antonio Samaranch, outorgou a Puskás a ordem de honra do COI, máxima condecoração olímpica. Desde o ano 2000, o craque sofria do Mal de Alzheimer e passou a ter dificuldades financeiras, no que foi prontamente amparado pelo Real Madrid. No ano seguinte, o Népstadion, de Budapeste, seria renomeado Estádio Puskás Ferenc. Faleceu há exatos dez anos, no hospital Kütvolgyi, na capital de seu país, depois de ficar internado com um pneumonia por dois meses. Desde 2009 a FIFA concede o Prêmio Puskás ao autor do gol mais bonito do ano. Homenagem justíssima a uma lenda do esporte.

(Imagem: O Gol)

Feitos e premiações de Ferenc Puskás:

Pela Seleção da Hungria:
– Medalha de Ouro nos Jogos Olímpicos de 1952.
– Vice-campeão da Copa do Mundo de 1954.

Pelo Honvéd:
– Campeão do Campeonato Húngaro em 1949/50, 1950-especial, 1952, 1954 e 1955.

Pelo Real Madrid:
– Campeão da Copa dos Campeões da UEFA (atual UEFA Champions League) em 1958/59, 1959/60 e 1965/66.
– Campeão da Copa Intercontinental em 1960.
– Campeão do Campeonato Espanhol em 1960/61, 1961/62, 1962/63, 1963/64 e 1964/65.
– Campeão da Copa do Generalíssimo (atual Copa do Rei) em 1961-1962.

Como Técnico, pelo Panathinaikos (Grécia):
– Vice-campeão da UEFA Champions League em 1971.
– Campeão do Campeonato Grego em 1971 e 1972.

Como técnico, pelo South Melbourne (Austrália):
– Campeão do Campeonato Australiano em 1991.
– Campeão da Copa da Austrália em 1990.
– Campeão da Copa Dockerty em 1989 e 1991.

Distinções e premiações individuais:
– Artilheiro do Campeonato Húngaro em 1947/48 (50 gols), 1949/50 (31 gols), 1950 (25 gols) e 1953 (27 gols).
– Artilheiro do Campeonato Espanhol em 1959/60 (25 gols), 1960/61 (28 gols), 1962/63 (26 gols) e 1963/64 (21 gols).
– Artilheiro da UEFA Champions League em 1959/60 (12 gols) e 1963/64 (7 gols).
– Chuteira de Ouro do Mundo em 1948 (50 gols).
– Jogador Europeu do Ano em 1953.
– Bola de Ouro da Copa do Mundo de 1954.
– Eleito para a Seleção da Copa do Mundo de 1954.
– Nomeado para a lista “FIFA 100” (feita por Pelé, onde constam os 125 melhores jogadores da história que até então estavam vivos em 2004).
– Prêmio Jogador de Ouro da Hungria no Jubileu da UEFA em 2004.
– Membro do Hall da Fama da FIFA desde 1998.
– Jogador Europeu do Século XX pelo jornal L´Equipe.
– Maior Artilheiro do Século XX pela IFFHS.
– 7º lugar na lista dos melhores jogadores do século XX pela revista World Soccer.
– 6º lugar na lista dos melhores jogadores do século XX pela IFFHS.
– 2º lugar na lista dos melhores jogadores europeus do século XX pela IFFHS.
– Melhor jogador húngaro do século XX pela IFFHS.

● Frases de Puskás e sobre Puskás:

“Os adversários podem jogar melhor, mas a bola é redonda para todos.” — Puskás.

“Futebol é muito simples: o time que tem a bola precisa jogar, o time que não tem a bola precisa marcar.” — Puskás, filosofando.

“Nós jogamos alegremente, eles disputaram o título.” — Puskás, sobre a derrota da Hungria para a Alemanha na final da Copa do Mundo de 1954.

“Deus disse: ao sétimo dia descansarás. Bom, homem, isso é o que deve fazer um técnico. O domingo é dos jogadores. Quando estão em campo, para que dar cambalhotas no banco ou gritar até ficar surdo, se eles são os únicos que podem virar um resultado ou ganhar uma partida? Eu, todavia, não vi ninguém que ganhou uma partida olhando.” — Puskás, em grande frase, reproduzida no segundo livro da coleção dos 90 anos da revista El Gráfico.

“O maior jogador de futebol do mundo foi Di Stéfano. Eu me recuso a classificar Pelé como jogador. Ele está acima de tudo.” — Puskás.

“Quando olho para trás, vejo que ao longo de minha vida uma única linha se desenvolveu – apenas o futebol. Foi uma linha simples, direta, sem ambições conflitantes. Desde aquele momento na minha infância quando ouvi o misterioso clamor da multidão no estádio Kispest, a apenas alguns metros de distância da janela da nossa cozinha, acho que já estava predestinado.” — o próprio craque, na biografia “Puskás – Uma lenda do futebol mundial.”

“Ele era um jogador especial do seu tempo, sem nenhuma dúvida. Como a Hungria não venceu a Copa do Mundo de 1954 está além da minha compreensão.” — Sir Alex Ferguson, sobre Puskás.

“De todos nós, ele era o melhor. Ele tinha um sétimo sentido para o futebol. Se havia 1000 soluções, ele pegaria a 1001ª.” — Nandor Hidegkuti, companheiro de Puskás na seleção da Hungria.

“Olhe aquele cara gordo. Vamos acabar com ele.” — Jogador inglês não identificado, antes da derrota por 6 a 3 em 1953, em pleno Wembley.

“No seu livro, Puskás disse que se eu não tivesse jogado bem eles teriam marcado 12 gols! Era um privilégio jogar contra aquele time, mesmo que tenham acabado com a gente. O Puskás não era apenas um grande jogador de futebol, mas também um homem adorável.” — Goleiro inglês Gil Merrick.

“Ferenc realmente era um jogador maravilhoso. Ele era rechonchudo, mas um maravilhoso canhoto e um finalizador brilhante. Eu colocaria Puskás em qualquer lista dos melhores de todos os tempos. Um jogador maravilhoso, uma pessoa maravilhosa e ele gostava de jogar.” Sir Tom Finney.

“Puskás era um inferno para os goleiros a 30-35 metros de distância. Ele não tinha apenas um chute poderoso, mas também muita precisão. Eu o considerava um gênio.” — Raymond Kopa, companheiro de Puskás no Real Madrid.

“O homem era um super-talento. Eu perdi um amigo e um jogador de qualidade. Era assim que Puskás era como pessoa e jogador de futebol. Ele era um dos maiores jogadores de todos os tempos. Mas a vida, meu amigo, chega ao final quando você menos espera.” — Alfredo Di Stéfano, companheiro de Puskás do Real Madrid.

“Ele se deu bem com todos e tinha um caráter muito jovial que o ajudou a jogar com uma quantidade impressionante de alegria e serenidade. Ele tinha um grande chute e ele poderia acelerar muito rapidamente, tinha qualidades diversificadas e, sobretudo, tinha explosão.” — Luis Suárez, companheiro de Puskás na seleção da Espanha.

“Não houve um húngaro que não tenha ficado tocado pela morte de Ferenc Puskás. O húngaro mais famoso do século 20 nos deixou, mas a lenda vai sempre estar entre nós.” — Ferenc Gyurcsany, ex-primeiro ministro húngaro.

“Todos nós nos apaixonamos por Puskás e pela seleção húngara nos anos 50. Ele só tinha a perna esquerda e fazia maravilhas com ela.” — Armando Nogueira, um dia após o falecimento de Puskás.

“Ferenc foi um gênio porque nasceu sabendo.” — Mauro Beting em “As melhores seleções estrangeiras de todos os tempos”.

“Eu estava com (Bobby) Charlton, (Denis) Law e Puskás, estávamos dando aula em uma academia de futebol na Austrália. Os jovens que estávamos treinando não o respeitavam, fazendo piadas com o seu peso e sua idade. Nós decidimos deixar os garotos desafiarem um técnico a acertar uma barra 10 vezes seguidas. Obviamente, ele escolheram o velho gordo. Law perguntou aos meninos quantas vezes em 10 o treinador velho e gordo acertaria. A maioria disse que menos de cinco. Era melhor ter dito 10. O treinador velho e gordo se adiantou e acertou nove em sequência. No décimo chute, ele levantou a bola no ar, tocou com os dois ombros e a cabeça, deixou ela cair para o calcanhar e chutou de voleio na barra. Todos ficaram em silêncio e um dos meninos perguntou quem ele era e eu respondi: ‘Pra você, o nome dele é Senhor Puskás'”. — George Best.

“É importante preservar a memória dos grandes nomes do futebol que deixaram sua marca na nossa história. Ferenc Puskás era não só um jogador com imenso talento que ganhou muitas honras, mas também um homem notável. É, portanto, um prazer para a FIFA lhe prestar homenagem e lhe dedicar este prémio à sua memória.” — Joseph Blatter, ex-presidente da FIFA, sobre o prêmio “Ferenc Puskás”.

… 15 de novembro: data de fundação de 27 clubes

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… 15 de novembro: data de fundação de 27 clubes

O feriado brasileiro de 15 de novembro é uma data comemorada como aniversário do fim da Monarquia e o início da República. Esse feriado acabou se tornando dia para muitas reuniões que resultaram na criação de diversos clubes de futebol nos últimos 127 anos. Conseguimos localizar 26 equipes constituídas em 15/11, uma que utilizou a data como nome (mesmo tendo sido criada em março) e outra que adotou a data como sua fundação (Flamengo, clube de maior torcida no Brasil). O dia da Proclamação da República é o segundo em número de times fundados, atrás apenas do dia 1º de janeiro (37 clubes).

 ● 15/11/1899: Clube Internacional de Cricket (BA)
Fundado para a prática do críquete em Salvador, foi o primeiro campeão baiano da história, em 1905. No entanto, entrou em decadência no início do século XX e se extinguiu. Estaria completando 114 anos.

 ● 15/11/1908: Barra Mansa Futebol Clube (RJ)
O clube se profissionalizou em 1911, chegando a conquistar o antigo Campeonato Fluminense em 1953 – o torneio teve duas edições no mesmo ano, e os barra-mansenses levaram ambas. Ainda em atividade aos 105 anos, disputa a Série B do Campeonato Carioca.

 ● 15/11/1911: Clube 15 de Novembro (RS)
Mais conhecido como 15 de Campo Bom, o time foi a sensação do interior gaúcho na primeira metade da última década, conquistando três vezes o vice-campeonato gaúcho (2002, 2003 e 2005), além de alcançar as semifinais da Copa do Brasil (2004) – período na qual se destacou o técnico Mano Menezes. Depois de se afastar do profissionalismo em 2009, retornou em 2013 à Segunda Divisão do Campeonato Gaúcho, mas decidiu encerrar novamente as atividades em 2015. Poderia ter tido mais sucesso se, em seus melhores momentos, não decidisse sempre renunciar a sua vaga na Série C por questões financeiras. Seu único título é a Copa Emídio Perondi 2006.

 ● 15/11/1913: Esporte Clube XV de Novembro (SP)
Mais conhecido como XV de Piracicaba, é o clube mais conhecido a trazer a data da Proclamação da República em seu nome. O Nhô Quim completou cem anos em 2013 com motivo para comemorar. Depois de alguns anos patinando na Série A3 do Campeonato Paulista, conseguiu o acesso à Série A2 em 2010 e para a Série A1 no ano seguinte. Foi campeão da Série C do Campeonato Brasileiro de 1995 e campeão paulista da Série A2 por cinco vezes (1947, 1948, 1967, 1983 e 2011). Foi vice-campeão paulista da Séria A1 de 1976. Foi rebaixado no Paulistão de 2016 e disputará a Série A2 em 2017.

 ● 15/11/1914: Jabaquara Atlético Clube (SP)
Fundado como Hespanha Foot Ball Club, se tornou Jabaquara no início da década de 1940 e na década de 50 revelou jogadores como o goleiro Gylmar dos Santos Neves. Atualmente está esquecido na quarta divisão do Campeonato Paulista – muito pouco para um dos clubes que fundaram a Federação Paulista de Futebol.

 ● 15/11/1924: Esporte Clube XV de Novembro (SP)
Mais conhecido como XV de Jaú, era frequentador assíduo da primeira divisão de São Paulo entre as décadas de 1970 e 1990, época em que revelou vários jogadores de talento (como Nilson, Sonny Anderson, Edmílson e França). Depois de esboçar um resgate histórico, o time foi rebaixado da Série A2 do Campeonato Paulista em 2008. Hoje, a torcida que frequenta o Estádio Zezinho Magalhães acompanha apenas as partidas Série B do Campeonato Paulista. O Galo da Comarca completa 92 anos na última divisão paulista, depois de se licenciar em 2015 e quase subir para a Série A3 em 2016. Foi campeão paulista da Série A2 em 1951 e 1976.

 ● 15/11/1934: Esporte Clube XV de Novembro (SP)
O XV de Caraguatatuba militou em divisões menores de São Paulo. Chegou a conseguir dois acessos, subindo da sexta para a quarta divisão. Em 1997, conquistou a promoção para a Série A3, mas não foi aceito na Terceirona por falta de um estádio com 10 mil lugares. Se licenciou em 2006.

 ● 15/11/1938: Íbis Sport Club (PE)
Sim, até os piores do mundo têm motivos para comemorar. Dono de campanhas históricas nos Campeonatos Pernambucanos da década de 80 (entre 1981 e 1983, foram 24 jogos, contabilizando um empate e 23 derrotas no período). o Íbis disputa atualmente a Série A2 do Campeonato Pernambucano. Falaremos especialmente deste clube amanhã.

 ● 15/11/1945: Esporte Clube Metropol (SC)
O clube de Criciúma dominou o futebol de Santa Catarina na década de 60, conquistando o título em cinco ocasiões (1960, 1961, 1962, 1967 e 1969) antes de fechar o departamento de futebol profissional em 1969. Hoje, aos 68 anos, o time joga apenas competições amadoras, embora seu retorno aos torneios oficiais seja especulado com frequência.

 ● 15/11/1954: Santa Cruz Futebol Clube do Carpina (PE)
Fundado na cidade de Carpina há 62 anos, o Santa Cruz Futebol Clube jamais disputou a primeira divisão do Campeonato Pernambucano. O Tricolor Carpinense chegou a se licenciar do futebol, mas retornou em 2005 – antes de se afastar novamente. Nos últimos anos, a cidade teve apenas representantes na Série A2 de PE, como Carpina, Atlético Pernambucano e Carpinense.

 ● 15/11/1954: Zumbi Esporte Clube (AL)
Situado na cidade de União dos Palmares, no estado de Alagoas e batizado em homenagem a Zumbi dos Palmares, principal líder quilombola do Brasil Colônia, o Zumbi Esporte Clube foi vice-campeão da segunda divisão do Campeonato Alagoano em 1995, disputando a elite local no ano seguinte. Foi rebaixado, mas esteve de novo na primeira divisão em 1998 e 1999. Hoje, aos 62 anos, está licenciado.

 ● 15/11/1954: XV de Araruama Futebol e Regatas (RJ)
O XV de Araruama nunca fez nada muito digno de nota. Disputou a terceira divisão do Estadual do Rio algumas vezes, chegou a interromper atividade e voltou com o atual nome (antes era Associação Esportiva XV de Novembro).

 ● 15/11/1955: Clube de Regatas Flamengo (RO)
Esse Flamengo, de Porto Velho, foi uma potência do Campeonato Rondoniense até a profissionalização do torneio, em 1991 – ao todo, o clube rubro-negro conquistou dez títulos estaduais como amador (1956, 1960, 1961, 1962, 1965, 1966, 1967, 1982, 1983 e 1985). Licenciado desde então, o time de Porto Velho, que completa 61 anos nesta terça-feira, ainda é o segundo mais vitorioso de RO, atrás apenas do também licenciado Ferroviário (17).

 ● 15/11/1956: Grêmio Esportivo Glória (RS)
O Glória de Vacaria chegou a conquistar posições de destaque no Campeonato Gaúcho da última década, mas perdeu espaço. Após ser campeão estadual da 2ª divisão em 2015, foi o útimo colocado no Gauchão 2016, voltando para a Divisão de Acesso 2017.

 ● 15/11/1961: Fernandópolis Futebol Clube (SP)
Fundado há 55 anos como Associação Bancária de Esportes, o Fernandópolis – ou Fefecê para os íntimos – é figura frequente na quarta divisão do Campeonato Paulista. Em 2016, disputou a Série A3, mas foi novamente rebaixada para a Série B.

 ● 15/11/1964: União Bandeirante Futebol Clube (PR)
O time de Bandeirantes, conhecido como o Caçula Milionário, ficou com o vice-campeonato no Paraná em cinco ocasiões: 1966, 1969, 1971, 1989 e 1992. Foi extinto em 04/08/2006 e não tem quaisquer perspectivas de retornar à atividade.

● 15/11/1969: Clube Atlético Cristal (AP)
Campeão amapaense de 2008, está afastado dos gramados desde 2010. No currículo, o time tem ainda dois títulos da segunda divisão do Amapá (1988 e 2005). Completa 47 anos.

 ● 15/11/1975: Sociedade Esportiva do Gama (DF)
Poucos clubes conheceram tão profundamente a “gangorra” do futebol brasileiro ao longo da história quanto o Gama. Em seus 41 anos, o clube do DF viveu a quase falência nos anos 80, foi Campeão Brasileiro da Série B em 1998 e um dos responsáveis pela bagunça chamada Copa João Havelange de 2000 (mas essa é uma história a parte). Foi campeão brasiliense em 2015 e 4º colocado em 2016.

 ● 15/11/1978: Americano Futebol Clube (MA)
Em seus 38 anos, o clube de Bacabal teve como principal momento título da segunda divisão do Campeonato Maranhense de 2016 e disputará a principal divisão estadual em 2017.

 ● 15/11/1981: Sport Club Genus de Porto Velho (RO)
Mesmo sendo um dos principais clubes do futebol do Rondônia, o Genus aguardou 34 anos por seu primeiro título como profissional. Em 2015, a equipe de Porto Velho chegou ao título do Campeonato Rondoniense. Em 2016, foi vice, perdendo para o novato Rondoniense Social Clube.

 ● 15/11/1984: Sport Boa Vista (PE)
Atualmente licenciado, o clube de Santa Maria da Boa Vista completa 32 anos nesta terça-feira. O Boa Vista atende pelo simpático apelido de Jumento e foi figura constante na segunda divisão do Campeonato Pernambucano na última década. Licenciou-se em 2006.

● 15/11/1994: Deportivo La Coruña Brasil Futebol Clube (RJ)
Fundado em homenagem ao time homônimo da Galícia, o La Coruña carioca só estreou entre os profissionais em 2003. O clube da Pavuna está atualmente licenciado. É um das poucas equipes do Brasil presididos por uma mulher – no caso, Maria Geralda dos Santos.

● 15/11/1995: Clube Atlético Aliança (AP)
O clube amapaense completa 21 anos em 2016. A equipe da cidade de Santana viveu seus melhores dias no fim da década de 90, com um título estadual (1998) e um vice (1999). Atualmente, porém, encontra-se licenciado.

 ● 15/11/2003: Sociedade Esportiva Queimadense (PB)
A equipe da cidade de Queimadas completa 13 anos de fundação, embora só tenha se profissionalizado em 2007. No mesmo ano, conquistou seu único título: o da segunda divisão do Campeonato Paraibano. Disputou a primeira divisão da PB entre 2008 e 2010, e depois do afastamento em 2011 e 2012, voltou à segunda divisão em 2013, terminando em terceiro lugar. Se licenciou novamente pouco depois.

● 15/11/2004: Barras Futebol Club (PI)
Situado na cidade de Barras, o clube é relativamente novo para os padrões brasileiros. No entanto, surpreendeu em 2007 ao chegar à última fase da Série C do Campeonato Brasileiro, ficando então com a sétima posição da competição. Campeão piauiense de 2008, chegou a ficar fora das competições – retornou em 2013, mas foi apenas o penúltimo dentre os oito times do torneio estadual. Desde então não disputou competições.

 ● 15/11/2014: Doze Futebol Clube (ES)
O caçula da lista é sediado na capital vitória, mas manda seus jogos em Cachoeiro de Itapemirim. Em 2005, foi vice-campeão estadual da Série B, subindo de divisão. Na Série A do Campeonato Capixaba de 2016, o Doze não foi bem e chegou a disputar o quadrangular do rebaixamento, mas se salvou.

 ● 15/03/1979: Esporte Clube XV de Novembro (PR)
Está em nossa lista apenas pelo nome, mas foi fundado em 15 de março. Curiosamente, “XV de Novembro” se deve ao nome de um grupo de jovens dos quais fazia parte alguns dos fundadores do clube. No caso, a referência era à Rua XV de Novembro, uma das principais do centro de Curitiba. Situado na cidade de Colombo, é um clube de muito sucesso no futebol amador do Paraná. Fez uma temporada como profissional, em 1995. Permanece no amadorismo.

 ● 17/11/1895: Clube de Regatas do Flamengo (RJ)
Embora a ata de fundação do “Mais Querido do Brasil” tenha sido assinada em 17 de novembro de 1895, os fundadores decidiram que o dia 15 de novembro seria a data oficial, justamente em virtude da comemoração da Proclamação da República.

(Informações e imagens do Google)

… Ronaldinho no Uberaba Sport, Túlio Maravilha de volta e Usain Bolt no Borussia Dortmund

Três pontos sobre…
… Ronaldinho no Uberaba Sport, Túlio Maravilha de volta e Usain Bolt no Borussia Dortmund

No futebol, estamos vivendo dias de boatos, negociações e assinaturas de contratos. Mas três merecem esse destaque especial.


(Imagem: Pinterest)

● Recebemos em uma rede social a informação de que o site do periódico espanhol “El Plural”, de Madrid, publicou uma eventual volta de Ronaldinho Gaúcho ao futebol brasileiro, no interior, mais especificamente no Uberaba Sport Club. A reportagem afirma que após conversar com os diretores do USC, R10 teria dito: “Sempre quis ser o ídolo de uma equipe menor.” Acreditamos e esperamos sinceramente ser uma pegadinha das reder sociais. Caso contrário, é um desatino financeiro da diretoria do clube, haja vista o alto passivo que a contratação geraria. Destaca-se também que o atleta não joga desde setembro de 2015 e já não é um jovenzinho (completará 37 anos em 21/03/2017).

Por outro lado, seria um sonho para o torcedor ver Ronaldinho com o manto colorado no ano do centenário. Se houver empresários que banquem seus salários e sua estadia na “Capital Mundial do Zebu”, se torna uma insanidade menor. Com ele, a venda de produtos oficiais do clube terá um aumento exponencial, mesmo com um preço mais elevado. Os ingressos poderão valer o dobro, que o Uberabão estará cheio. Se trata de um dos melhores da história do esporte. Resta saber se esse boato tem algum fundamento ou é apenas ilusão.


(Imagem localizada no Google)

● Túlio Maravilha se aposentou fazendo o gol nº 1000 (segundo suas contas) em 08/02/2014, em partida que atuou pelo Araxá Esporte Clube, contra o Mamoré, válido pelo Campeonato Mineiro – Módulo II. O gol de pênalti foi seu último ato no futebol. Até agora. No último dia 10, o atacante de 47 anos foi apresentado como reforço do Taboão da Serra, que disputará a Série A3 do Campeonato Paulista. Em seu 31º time, ele tem dois objetivos: jogar ao lado do filho Tulinho (17 anos) e passar Romário em número de gols (o baixinho parou com 1002).

Como marketing, vale muito para o Clube Atlético Taboão da Serra, trazendo um dos maiores artilheiros da história do futebol. No mérito esportivo, com certeza não vale a pena contratar a dupla. Se Tulinho fosse bom, não estaria até hoje no pequeno Aparecida, de Goiânia. Com o Maravilha em campo, o time jogará como se tivesse um jogador a menos, pois Túlio não tem a mínima condição de correr atrás de uma bola atualmente.


(Imagens: No Esquadro)

● Outra jogada de marketing, mas dessa vez muito certeira. Tudo que se refere a Usain Bolt, envolve sentimento de torcidas inteiras para seu sucesso. Talvez seja um dos três maiores atletas recentes. Com nove medalhas de ouro olímpicas em nove disputadas, Bolt sempre admitiu amar futebol. Torcedor inveterado do Manchester United, quase capotou o carro a 300 km/h para ver um jogo contra o Arsenal, pelas semifinais da UCL 2008/09. Em fevereiro de 2015, chegou a anunciar que renunciaria seu sonho de jogar nos Red Devils. Mas agora, por influência da Puma, sua patrocinadora, irá passar por sessões de treinamentos no Borussia Dortmund (a Puma é uma das acionistas do clube). E o “Homem-Raio” afirmou ao jornal britânico Guardian que está pensando seriamente em trocar de carreira.

Nunca assistimos Bolt jogando futebol (nem nas tradicionais peladas) e não conhecemos suas habilidades com a bola. Mas certamente seria muito interessante vê-lo utilizar os atributos que já vimos. Com 1,95 m, seria mais alto que a maioria dos marcadores e, com a já histórica velocidade, venceria todos na corrida, tendo vantagem principalmente na recepção de lançamentos. Já vimos Michael Jordan mudar de esporte em 1993, sem sucesso. Veremos o que o futuro dirá sobre a nova empreitada de Usain Bolt.

… Guarani de 1994

Três pontos sobre…
… Guarani de 1994


(Imagem: Gazeta Press)

● Quando comecei a acompanhar futebol, nas proximidades da Copa do Mundo de 1994, um dos times que mais encantavam e que me prendia a atenção era o Guarani. O time de Campinas jogava um futebol vistoso, com jogadores bastante leves e habilidosos do meio pra frente, especialmente Djalminha, Amoroso e Luizão que (aniversariante de hoje, que no álbum de figurinhas da Panini ainda era chamado de “Luisão”, com “s”).

Com certeza o melhor time formado pelo time verde de Campinas foi o campeão brasileiro em 1978, com craques como Zé Carlos, Zenon e Careca. Merece destaque também o onze o vice-campeão nacional em 1986, com Ricardo Rocha, Marco Antonio Boiadeiro, João Paulo e Evair. Mas, apesar de não ter chegado na final, o time de 1994 marcou época, protagonizando um dos ataques mais poderosos do torneio terminando a Série A em 3º lugar.

O Bugre começou a se destacar no ano anterior, em 1993, quando terminou o campeonato nacional em 6º, com Luizão (apenas 18 anos) e Djalminha, meia eleito pela revista Placar com o prêmio Bola de Prata. O time de Campinas começou o ano de 1994 muito bem, sendo campeão da Copa São Paulo de Futebol Júnior, com destaques para o goleiro Pitarelli e o próprio atacante Luizão.

● Em anos anteriores a 2003, a cada ano o Brasileirão tinha um formato diferente e foi assim também em 1994. O regulamento daquele ano previa que os 24 clubes da Série A seriam divididos em quatro grupos com seis clubes em cada, com jogos entre times de cada chave em turno e returno, com os quatro primeiros de cada grupo se classificando para a segunda fase. O Bugre Campineiro foi o líder no Grupo C, inclusive goleando o Santos na 5ª rodada, por 4 x 0, em Campinas, com dois gols de Amoroso e dois de Luizão (o detalhe é que o Peixe ainda não havia sofrido gols no campeonato). O trio de ataque bugrino se tornou um dos mais letais da década. Djalminha pouco atuou no Brasileirão, pois foi jogar no Shimizu S-Pulse, do Japão, mas antes do fim do ano estava de volta ao Bugre.

Na fase seguinte, o Guarani manteve a excelente campanha, com nove vitórias, cinco empates e apenas uma derrota. Se classificou entre os 16 times e avançou às quartas de final. O time chegou a ter uma sequência de 17 jogos de invencibilidade, entre 04/09 e 26/11, inclusive tendo até então a melhor campanha no geral. Valendo vaga na semifinal, o Bugre enfrentou o poderoso São Paulo do Mestre Telê Santana, bicampeão mundial e da Libertadores. O tricolor venceu no Morumbi por 1 x 0, com um gol de Palhinha. No Brinco de Ouro, o Guarani se vingou com um show de Luizão, Sandoval e companhia, vencendo o SPFC por 4 a 2 e se classificou. A grande baixa foi o craque Amoroso, que lesionou o joelho gravemente e não jogou mais no campeonato.

Nas semifinais, enfrentou um esquadrão de seu tempo: o Palmeiras da Parmalat e do “profexô” Vanderlei Luxemburgo (na época seu nome era escrito “Wanderley”). O Verdão era uma verdadeira seleção, com: Veloso (Sérgio); Cláudio, Antônio Carlos, Cléber (Tonhão) e Roberto Carlos (Wágner); Amaral (Flávio Conceição), César Sampaio, Zinho e Rivaldo; Edmundo e Evair. Se já era difícil vencer com o time completo, Amoroso fez muita falta e o Bugre perdeu por 3 x 1 no Pacaembu e por 2 x 1 no Brinco de Ouro. No fim, o Palmeiras seria campeão em final com o rival Corinthians.

● O time base do Bugre era: Narciso; Marcinho, Cláudio, Jorge Luís e Guilherme; Fernando, Fábio Augusto e Edu Lima; Djalminha (Júlio César), Amoroso (Sandoval) e Luizão. Técnico: Carlos Alberto Silva.

O Guarani terminou em 3º no campeonato, com a segunda melhor pontuação (40 pontos – campeão Palmeiras fez 46 e o vice Corinthians teve 33), o segundo time com mais vitórias (17, em 29 jogos) e menos derrotas (6), o segundo melhor ataque (45 gols marcados) e a quarta melhor defesa (26 gols sofridos). Teve três jogadores na Bola de Prata da Revista Placar (atualmente na ESPN): o zagueiro Jorge Luís, Luizão e Amoroso – que foi também o Bola de Ouro (melhor jogador do campeonato) e o artilheiro, com 19 gols, empatado com Túlio Maravilha (Botafogo).

O garoto Márcio Amoroso começou na própria base bugrina, se profissionalizou aos 18 anos no Verdy Kawasaki, do Japão, sendo campeão da J-League. Voltou ao Guarani no fim do empréstimo. Com 20 anos recém completados, o garoto passou em branco em seus primeiros dois jogos no torneio, mas marcou na vitória por 2 x 0 sobre o Bahia, em plena Fonte Nova. Na sexta rodada, contra o Santos, fez dois gols na goleada bugrina por 4 a 0. No jogo seguinte, contra o Remo, em Belém, fez mais dois. Em Campinas, contra o Vasco e no Mineirão, contra o Cruzeiro, fez um gol em cada. Terminou a primeira fase com sete gols. Na segunda fase, Amoroso novamente marcou na terceira rodada, com o gol da virada por 2 a 1 sobre o Corinthians. Depois, marcou contra Fluminense, Grêmio (duas vezes), Paysandu, Vasco e Palmeiras. Não fez gol no Bahia, mas fez um “hat-trick” contra o Paraná. Deixou sua marca também no Sport e no São Paulo. Nas quartas de final, também contra o Tricolor Paulista, sofreu grave lesão no joelho no Morumbi. Tentou jogar no jogo da volta, no Brinco de Ouro, mas teve que ser substituído aos 16 minutos de jogo. Mas já estava na história como ídolo do Guarani.

… Luís Pereira

Três Pontos sobre…
… Luís Pereira


(Imagem: Folha)

● Luís Edmundo Pereira, baiano de Juazeiro nasceu em 21/06/1949. Começou no São Bento de Sorocaba (1967-1968) como “Luís Chevrolet”. É um dos maiores zagueiros centrais da história do futebol brasileiro. Era um beque extremamente técnico, dando grande segurança no sistema defensivo, mas por vezes violento. Era ótimo cabeceador e tinha uma característica marcante, principalmente quando seu time não estava vencendo: pegava a bola em seu campo e disparava ao ataque, tocando a bola para um companheiro e se posicionando na área para esperar o cruzamento.

● De 1968 e 1975, fez parte da chamada “Segunda Academia” do Palmeiras. No alviverde, foi campeão, entre outros, do Brasileirão de 1972 e 1973, do Torneio Roberto Gomes Pedrosa em 1969 e do Paulistão em 1972 e 1974. É o zagueiro que mais fez gols pelo Palmeiras, com 35 em 568 partidas. Voltou ao Verdão entre 1981 e 1984, mas sem conquistar títulos.

Se destacou também no Atlético de Madrid entre 1975 e 1980, onde é um ídolo até os dias de hoje, vencendo o Campeonato Espanhol em 1976/77 e a Copa do Rei de 1976, além de torneios amistosos.

Também jogou nos times: Flamengo (1980-1981, Campeão Carioca em 1981), Portuguesa (1985–1986), Corinthians (1986-1987), Santo André (1986–1988), Central de Cotia (1989), São Caetano (1990–1992 e 1997, Campeonato Paulista da 3ª divisão em 1991), São Bernardo (1993) e novamente São Bento (1994).

● Pela Seleção Brasileira, jogou 35 jogos oficiais e 37 não oficiais, marcando um gol, entre 06/1973 e 07/1977. Disputou sua única Copa do Mundo em 1974, quando o Brasil terminou em 4º lugar. Recebeu o primeiro cartão vermelho da história da Seleção em Copas, por uma voadora que acertou em Johan Neeskens na derrota para a Holanda na semifinal de 1974 por 2 x 0. Esteve também na Copa América de 1975 e foi campeão do Mundialito de Cali de 1977.

Após encerrar a carreira, treinou São Bento, Sãocarlense, foi auxiliar técnico do São Caetano, supervisor e técnico do Força (da capital paulista) e o Atlético de Madrid B, chegando inclusive a ser presidente deste último.

… Patesko: ponta esquerda craque e letal

Três pontos sobre…
… Patesko: ponta esquerda craque e letal


(Imagem: Paraná Online)

● Patesko era um apelido, derivado da dificuldade de pronunciar seu complicado sobrenome de origem polaca (era filho de poloneses). Rodolfo Barteczko nasceu em Curitiba, em 12/11/1910. Alguns historiadores dizem que ele nasceu na Lapa-PR. Era considerado um dos melhores ponta-esquerda de sua época. Tinha velocidade, bom drible, chute potente e excelente finalização.

Iniciou sua carreira no Palestra Itália Futebol Clube, de Curitiba, em 1929, no que é considerado pela imprensa paranaense um dos melhores times da história do futebol do estado, perdendo por pouco o título estadual de 1931 para o Coritiba. Em amistosos no Rio Grande do Sul, o Palestra Itália venceu a seleção gaúcha por 1 x 0 e perdeu para o Grêmio por 3 x 2, mas ele chamou a atenção do Grêmio Esportivo Força e Luz, de Porto Alegre. Em 1932 desembarcou no Força e Luz: clube modesto, mas grande vitrine. Tanto, que cerca de um ano depois foi contratado pelo Nacional, do Uruguai, onde se tornou ídolo, conquistando dois títulos uruguaios (1933 e 1934).

● Após uma maratona de jogos com a Seleção Brasileira após a Copa do Mundo de 1934, foi jogar no Rio de Janeiro. Foi com a camisa do Botafogo Futebol Clube (precursor do atual Botafogo de Futebol e Regatas) que Patesko se tornou uma grande estrela do futebol brasileiro na primeira metade do século passado. O Botafogo era o clube mais importante da década de 30 no Rio de Janeiro e Patesko se encaixou como uma luva no time. Estreou no Glorioso em 09/12/1934, em um amistoso com o Vasco da Gama. O alvinegro era campeão carioca e o cruzmaltino era campeão da Liga Carioca. A partida terminou empatada em 1 x 1, com gols de Carvalho Leite (BOT) e Lamana (VAS). Esteve no elenco botafoguense tetracampeão carioca em 1935, atuando em 22 partidas e assinalando 6 gols. Esteve também no grupo alvinegro que fez sua primeira excursão internacional no México e nos Estados Unidos, em 1936. Foi uma digressão vitoriosa, vencendo seis de nove jogos (um empate e duas derrotas), marcando 27 gols (sendo 6 de Patesko) e sofrendo 15.

Mesmo sendo originalmente ponta esquerda, passou a jogar como ponta direita a partir de 1942. Atuou pelo Botafogo de 1934 a 1943, em um total de 237 partidas e 102 gols.
Em 21/09/1941, enquanto era jogador do clube carioca, fez um amistoso com a camisa do Clube Atlético Mineiro, que venceu o Santa Cruz Esporte Clube, da cidade de Santa Luzia/MG, por 3 x 2, mas sem gols do ponta. Alguns registros constam que atuou pelo Peñarol entre 1934 e 1935 e no Fluminense em 1941.

● Em 1934 se tornou o primeiro paranaense a ser convocado para a seleção e a ser titular. No mesmo ano também foi o pioneiro de seu estado a jogar uma Copa do Mundo. Também é o primeiro brasileiro a estar em um Mundial jogando em time estrangeiro (em 1934, estava no Nacional; o zagueiro Luiz Luz também jogava no futebol uruguaio, no rival Peñarol). Foi titular na Copa do Mundo de 1938, conseguindo o 3º lugar com o Brasil. Nem era para a seleção estar na competição, mas ganhou a vaga de presente com a recusa da Argentina em disputar a competição em protesto ao presidente da FIFA, Jules Rimet, por quebrar o rodízio (essa Copa teoricamente seria disputado na América do Sul.

Patesko jogou quatro partidas em Copas, mas nunca marcou gols:
– Em 1934, em Gênova (Itália), a Seleção foi eliminada logo no primeiro jogo, perdendo para a Espanha nas oitavas de final (primeira fase) por 3 x 1, em 27/05/1934. Era um dos atletas amadores registrados pela CBD (Confederação Brasileira de Desportos, atual CBF), que não aceitava jogadores profissionais. O profissionalismo foi implantado no país no ano anterior.
– Em 1938, em Bordeaux (França), Patesko esteve no jogo desempate das quartas de final, vencendo a Tchecoslováquia por 2 x 1, em 14/06/1938.
– Disputou a semifinal de 1938, em Marselha (FRA), na derrota para a Itália, por 2 a 1, em 16/06/1938.
– Patesko perdeu um pênalti, chutando por cima do travessão, na decisão do 3º lugar, em Bordeaux, na vitória por 2 x 1 contra a Suécia, em 19/06/1938.

Disputou o Campeonato Sul-Americano (atual Copa América) em 1937 e 1942. Em 1937, foi o destaque e artilheiro brasileiro, com 4 gols, e o Brasil vice-campeão, perdendo para a Argentina por 2 x 0 apenas na prorrogação da partida desempate. Já em 1942 (na última competição do ponta na seleção), ficou no 3º lugar, com dois gols de Patesko, sendo um olímpico com menos de um minuto de jogo, na goleada por 6 x 1 no Chile, na estreia na competição.

Também apelidado de “Perigo Loiro”, disputou 34 jogos pela seleção, com 20 vitórias, 5 empates e 9 derrotas, marcando 11 gols.

Faleceu no Rio de Janeiro em 13/03/1988, aos 77 anos, em consequência de uma tuberculose.

… Brasil 3 x 0 Argentina

Três pontos sobre…
… Brasil 3 x 0 Argentina


(Imagem: Terra Futebol)

● Logo na primeira jogada da partida, Lionel Messi demonstra toda sua classe, em um lindo chapéu em Fernandinho. Com apenas 5 minutos de jogo, o próprio Fernandinho de novo não dá conta de marcar Messi, faz a sua segunda falta e é advertido com o cartão amarelo. Possivelmente ainda pode haver algum resquício da rusga entre os dois no último jogo entre Manchester City x Barcelona, em que eles quase chegaram às vias de fato.

Casemiro faz muita falta não só ao Real Madrid, mas também à seleção brasileira.

A Argentina jogava no 4-4-2, com duas linhas de quatro, com Ángel Di María na esquerda, na segunda linha, e Enzo Pérez aberto na direita, para tentar conter Neymar e os avanços de Marcelo. Em relação ao lateral-esquerdo, deu certo; ele se preocupou mais em fechar seu espaço e por diversas vezes ficou sozinho contra dois adversários, já que Neymar não acompanhava as subidas de Pablo Zabaleta.

O camisa 10 brasileiro ficou com inveja de Messi e também mostrou sua categoria com um chapéu em Lucas Biglia.

O capitão brasileiro era Daniel Alves, lateral direito, com a camisa 4, como homenagem merecida ao Capita Carlos Alberto Torres.

O goleiro Alisson foi pouco exigido e mesmo quando faz boas defesas, não demonstra confiança a ninguém. Assim como Fernandinho.

O Brasil não tinha aproximação e tentava muito a bola longa, sempre rifada.

A Argentina tinha uma posse de bola estéril no meio do campo.

Em um lance isolado, aos 25 de jogo, Neymar atrai a marcação e toca de primeira para Philippe Coutinho, que corta pro meio e chuta da entrada da área no ângulo esquerdo do goleiro Sergio Romero. Esse gol mudou o jogo para o Brasil.

Mesmo atrás no placar, a Argentina continuou marcando a saída do jogo rival, mas a Seleção Canarinho equilibrou a posse de bola, já que os alvicelestes sentiram o gol brasileiro.

Messi teve chance de cobrar duas faltas, em sua especialidade, do lado esquerdo da área adversária, mas mandou uma na barreira e outra nas mãos do goleiro brasileiro.

Em contra ataque aos 37 minutos, Neymar carrega sozinho, dribla Javier Mascherano dentro da área e chuta na trave. O camisa 10 foi fominha nesse lance, pra variar.

No primeiro minuto de acréscimo, Gabriel Jesus atrai a marcação, dribla um adversário na intermediária esquerda e deixa Neymar em condições para tocar na saída do goleiro e marcar o segundo gol brasileiro.

● No intervalo, Patón Bauza desfaz o que deu mais certo no primeiro tempo e coloca o atacante Kun Agüero no lugar de Enzo Pérez. Assim, o jogo ficou mais aberto e a Argentina deixava muito espaço entre suas linhas, aproveitado pelo rápido ataque canarinho, principalmente com os avanços de Paulinho.

Aos 9 minutos da segunda etapa, em lance de bate-rebate e sorte, Paulinho fica sozinho com Romero, dribla o goleiro e chuta, mas Pablo Zabaleta tira em cima da linha.

Em jogada trabalhada aos 15, Paulinho começa a jogada e após cruzamento de Renato Augusto, o próprio Paulinho chega para concluir. A bola desvia e morre no fundo da rede de Romero. O técnico Tite vibra muito com o gol de seu xodó.

Aos 15 minutos a torcida já cantava o nome de Tite e gritava “olé”.

Com 3 a 0 contra, os portenhos começaram a bater, com muita agressividade. Parecia que tinham mudado de esporte. O árbitro foi muito generoso ao não expulsar Nicolás Otamendi e Ramiro Funes Mori.

Aos 25, Patón troca o péssimo e apagado Ángel Di María pelo nulo Ángel Correa. Os argentinos partiram para o tudo ou nada e os brasileiros começaram a ter uma chance atrás da outra, mas não aproveitaram.

Por fim, dessa vez a Argentina deve agradecer aos deuses por não ter sido ela mesma vítima de um 7 a 1 no Mineirão.

● Podemos ver na tabela de classificação das Eliminatórias Sul-Americanas para a Copa do Mundo de 2018, na Rússia, que a Argentina permanece em 6º lugar, atualmente fora até da repescagem. Situação delicadíssima. Os portenhos tiveram um pouco de sorte, pois se o Paraguai tivesse vencido o Peru, os alvicelestes seriam apenas 7º na tabela. Por outro lado, faltou sorte, pois com a vitória peruana sobre os paraguaios, o Peru se mantém vivo, só com dois pontos a menos.

A última vez que a Argentina não participou de uma Copa, foi a de 1970. Era o grupo A das Eliminatórias, que tinham Peru e Bolívia, além dos hermanos. Com apenas uma vitória em quatro jogos, a Argentina foi lanterna de seu grupo e os peruanos se classificaram para a competição. A equipe do técnico Didi inclusive fez um bom torneio, parando apenas nas quartas de final contra o Brasil.

… Robert Enke: uma vida curta demais

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… Robert Enke: uma vida curta demais


(Imagem: T-online)

● Robert Enke nasceu em 24/08/1977, na cidade alemã de Jena. Era o caçula dos três filhos de Gisela Enke e Dirk Enke, um psicólogo esportivo. Começou a jogar aos 8 anos de idade no BSG Jena Pharm, mas aos 9 já se encontrava como goleiro no Carl Zeiss Jena (clube fundado por funcionários da famosa empresa do ramo de óptica), assinando seu primeiro contrato como a equipe aos 17 anos, em 1995. Antes disso, em 1993, já era titular e fechava o gol da seleção alemã sub-15.

Sua única temporada no Carl Zeiss Jena foi a de 1995/96, disputando apenas três jogos. Já no verão de 1996, assinou com o Borussia Mönchengladbach, mas para atuar na equipe sub-23, nas divisões inferiores. Finalmente, começou a ser titular do time principal a partir de 15/08/1998, mas foi uma temporada ruim e sua equipe foi rebaixada na Bundesliga.

Se transferiu para o Benfica (POR) em junho de 1999, assinando por três anos. Robert tinha um histórico de ataques de pânico, surtando e mudando de ideia segundos depois de assinar seus contratos. Mas, recobrando a consciência, se convenceu que, por ter assinado o contrato, era obrigado a cumpri-lo. Nos lisboetas, chegou a ser capitão, quando o seu compatriota Jupp Heyckes era o técnico. Mas era uma fase em que a equipe trocou de técnico em todas as temporadas, com péssimos resultados na liga e dificuldades financeiras até para pagar salários aos jogadores. Mesmo com todos esses percalços, ganhou a admiração da torcida encarnada.

Ao fim do seu contrato, em 2002, foi para o Barcelona, em novo acordo de três anos. Mas essa se provou ter sido uma escolha errada, pois foi reserva de Roberto Bonano e Victor Valdés. Sua estreia pelos blaugranas foi uma derrota vexaminosa na Copa do Rei para o nanico Novelda, por 3 x 2, com três falhas dele, recebendo críticas até de Frank de Boer, seu companheiro de time. Na Liga Espanhola, disputou apenas 20 minutos contra o Osasuna, em março de 2003. Foi titular em dois jogos da UEFA Champions League, contra Galatasaray e Clube Brugges.

Na temporada seguinte foi emprestado para o Fenerbahçe, como moeda de troca para a contratação do goleiro Rüştü Reçber. Novamente foi uma decepção em sua estreia, na derrota por 3 x 0 para o Istanbulspor. Ainda dentro de campo, os torcedores turcos lhe xingaram e atiraram objetos, o que fez a diretoria dispensá-lo apenas 13 dias após contratá-lo. Esse episódio fez Enke ter sua primeira crise depressiva, pensando até em encerrar a carreira. No início de 2004 foi emprestado para o Tenerife, para disputar a segunda divisão espanhola, sendo destaque no time e observado para vôos maiores.

● Em julho de 2004 voltou para seu país para atuar no Hannover 96. Nesse momento sua carreira deu uma guinada, passando a ser titular e destaque da Bundesliga. Mesmo com diversas sondagens de outras equipes, decidiu permanecer e se tornou capitão do time a partir de 2007/08. Foi eleito o melhor goleiro da temporada 2008/09. Jogou sua última partida em 08/11/2009, dois dias antes de sua morte.

Estreou na seleção sub-21 em 1997, enquanto jogava nas divisões inferiores do Mönchengladbach. Dois anos depois, mesmo atuando pouco pelo time, o técnico da seleção, Erich Ribbeck, o convocou para a Copa das Confederações de 1999, mas o deixou todo o tempo no banco. Ficou sem ser selecionado pelo Nationalelf até 2006 e finalmente fez sua estreia em 28/03/2007. Foi um dos goleiros reservas na Euro 2008, quando a Alemanha foi vice-campeã. Com a aposentadoria de Jens Lehmann, Enke se tornou o goleiro titular da seleção, mas passou a sofrer muito com lesões e, consequentemente, nova depressão. Fez oito jogos pelo seu país, sendo o último uma vitória por 2 a 0 contra o Azerbaijão, em 12/08/2009. Era considerado nome certo para a Copa do Mundo de 2010 e o mais cotado para ser o goleiro titular.

● No dia 10/11/2009, logo após as 18h00, Robert parou sua Mercedes em uma rua secundária em Eilvese, Neustadt am Rübenberge, a 30 km de Hannover, deixou as chaves do carro e sua carteira no banco do passageiro, saiu na chuva em direção a um cruzamento ferroviário e se jogou embaixo das rodas de aço do trem expresso Bremen-Hannover 4427. A polícia encontrou uma carta de despedida, mas não divulgou seu conteúdo, por respeito a família e a memória do goleiro. Especula-se que ele tenha pedido perdão por sua decisão consciente de enganar a todos, fingindo que estava bem, escondendo sua depressão e seus planos de se matar.

O lugar não foi escolhido por acaso: a menos de 100 metros está o túmulo de sua filha Lara, falecida em setembro de 2006 aos 2 anos de idade. Essa foi uma tragédia familiar que Robert não conseguiu superar. A menina Lara morreu durante uma cirurgia de tentativa de correção de problemas cardíacos congênitos.

Robert era casado desde 2006 com Teresa Heim (ex-atleta de pentatlo moderno) e viviam em uma pequena fazenda em Empede, perto de onde morreu. A família sempre foi bastante envolvida em atividades a favor dos direitos dos animais, inclusive tendo o goleiro emprestado seu rosto para campanhas da PETA (Pessoas pelo Tratamento Ético aos Animais) contra a indústria de peles. O casal adotou uma menina chamada Leila em maio de 2009, mas Robert estava a todo tempo com medo de perder a guarda da criança se as autoridades descobrissem seus problemas depressivos. Ele fazia tratamento com o psiquiatra Valentin Markser, mas no dia que desistiu de viver, se recusou a comparecer à consulta, alegando se sentir bem e não precisar de tratamento.

Foi enterrado em 15/11, em uma cerimônia que reuniu cerca de 45 mil pessoas em Hannover, dentre elas familiares, amigos, colegas jogadores de futebol e torcedores. Seu corpo foi colocado no centro da ADW-Arena, estádio de sua equipe, onde as últimas homenagens foram prestadas. O presidente do clube, Martin Kind, declarou que “Enke foi um número um no melhor sentido da palavra. É por isso que hoje temos os corações tão pesados”. Seu caixão, coberto de rosas brancas, foi carregado por seis colegas de time. Foi enterrado junto de sua filha.

Na rodada seguinte, todos os jogos da Bundesliga tiveram um minuto de silêncio, assim como no jogo seguinte do Benfica e do Barcelona em seus campeonatos. Como forma de luto, a seleção alemã cancelou um jogo amistoso com o Chile, que seria realizado em 14 de novembro.

No restante da temporada 2009/10, os jogadores do Hannover 96 exibiram o número “1” em um círculo no peito do uniforme, como uma singela homenagem, homologada pela Bundesliga.
A Federação de Futebol da Alemanha, juntamente com a Bundesliga e o Hannover 96, criaram a “Fundação Robert Enke”, visando principalmente cuidar da saúde mental de jogadores de futebol. Seu amigo escritor Ronald Reng escreveu uma biografia do goleiro, intitulada “Uma vida curta demais”