… William “Fatty” Foulke: o gigante de Sheffield

Três pontos sobre…
… William “Fatty” Foulke: o gigante de Sheffield

“Who ate all the pies?
Who ate all the pies?
You fat bastard,
You fat bastard,
You ate all the pies!”

Indagar “quem comeu todas as tortas” é um hábito frequente nas arquibancadas inglesas, sempre dedicada a adversários ou árbitros que não estão em boa forma. De acordo com o livro “The Cat’s Pyjamas: The Penguin Book of Cliches”, o famoso cântico que ecoa nos gramados ingleses “Who ate all the pies?” (“Quem comeu todas as tortas?”) foi cantado pela primeira vez em 1894 pelos torcedores do Sheffield United para o seu goleiro William Foulke, que adorava as tortas vendidas nas arquibancadas durante as partidas.

Nos primórdios do futebol, quanto mais forte e pesado fosse o goleiro, melhor. Foulke levou isso bem ao pé da letra e se tornou uma lenda do futebol mundial na virada do século XIX para o XX.

O Sheffield United foi um dos melhores times na época, vencendo a Liga Inglesa em 1897/98 e a Copa da Inglaterra em 1898/99 e 1901/02. E durante 11 anos, a meta dos alvirrubros foi defendida por Foulke, goleiro célebre na época por ser um dos melhores da liga, mas também por ser enorme e gordo. Com 352 jogos pelo Sheffield United, ele ainda é o 22º que mais vestiu a camisa do clube.


(Imagem: Four Four Two)

● William Henry Foulke nasceu em 12/04/1874 na cidade de Dawley, no Condado de Shropshire, oeste da Inglaterra. Era também conhecido como “Bill”, “Billy”, “Willie” e, principalmente, “Fatty” (Gorducho). Fontes antigas indicam um apelido bastante contraditório e sarcástico: “Minúsculo”. Era famoso pelo seu porte físico avantajado, com 1,93 m e 152 kg, embora os relatórios sobre seu peso variem até hoje. Após terminar os estudos, seu primeiro emprego foi em uma mineradora, onde começou a praticar o futebol na posição de goleiro.

No começo da carreira, em 1892, pesava 98 kg, bem proporcional ao seu tamanho. Ele surgia como a nova revelação do gol entre os ingleses, tomando o lugar de Arthur Wharton, um jogador nascido em Gana, na África, que teria ido para a Inglaterra para ser missionário, até trocar a batina pelo futebol. Wharton foi o primeiro negro a jogar como goleiro em um clube de futebol. Em final de carreira, sempre contestado pela sua cor, acabou perdendo o lugar para Foulke que, por ser gordo, também era alvo de chacotas.

Foulke estreou pelo Sheffield United aos 20 anos, em 01/09/1894 contra o West Bromwich. Fez um grande campeonato logo na sua primeira temporada, sendo o grande destaque da equipe. E foi nesse ano de 1894 que ele percebeu que já estava ganhando mais dinheiro jogando futebol do que em seu trabalho na mineradora. Assim, largou seu emprego e passou a se dedicar exclusivamente ao futebol. Valeu a pena. Três temporadas depois, Foulke foi um dos grandes responsáveis por uma bela temporada do Sheffield United. Seu time ficou em segundo no campeonato.


(Imagem: Spartacus Educational)

Foi justamente nessa temporada que ele foi convocado para defender seu país. Mas disputou apenas um jogo pela seleção da Inglaterra, no dia 29/03/1897, na vitória sobre o País de Gales por 4 a 0 pelo Campeonato Britânico de Seleções (British Home Championship). Ele ainda era era bem jovem, com 22 anos e 351 dias na ocasião. Apesar de ter feito uma grande partida, nunca mais foi convocado. Mesmo com questionamentos sobre sua ausência no English Team, a verdade é que ter um gorducho no gol dos Three Lions não atraía o respeito de ninguém. Era uma grande retaliação ao goleiro, que embora fizesse grandes defesas, não convencia a todos pelo seu porte físico.

Apesar dos muitos quilos a mais, Foulke era um bom goleiro e surpreendentemente ágil. Sua corpulência intimidava os atacantes. Muitos não se arriscavam a fazer carga sobre ele com medo de bater no goleiro e serem empurrados para longe. Foulke, como os demais goleiros de sua época, não agarrava a bola, mas rebatia para bem longe da defesa, por muitas vezes proporcionando perigosos contra-ataques para sua equipe. Com uma força capaz de carregar um homem em cada braço, ele podia lançar a bola para além do meio do campo com apenas uma das mãos. Era também um exímio pegador de pênaltis e sua técnica era bem peculiar: como, em 1900, o goleiro não era obrigado a ficar em cima da linha do gol na hora da cobrança, o Gorducho esperava a autorização do juiz e corria em direção ao cobrador para parar a bola. Para os atacantes, aquele homem gigante vindo em sua direção era uma verdadeira visão do inferno.

Assim começou a brilhar o mito “Fatty” Foulke. Ele deixou de ser um goleiro e se tornou um personagem. Certa vez, ele se pendurou no travessão (que era de madeira, na época), mas o mesmo quebrou em duas partes com seu peso. O jogo precisou ser interrompido. Mas mesmo depois com travessões de ferro, ele se pendurava para diminuir alguns centímetros nas dimensões de seu gol e atrapalhar a equipe adversária.

Em uma ocasião, “Fatty” Foulke jogou a bola no chão e saiu correndo para o meio de campo, dominando a bola, tentando passar por todo mundo. Todos ficaram assustados, pois fazer isso não era comum nem para um zagueiro, muito menos para um goleiro. Eram coisas que chamavam a atenção. Ele era muito mais que um goleiro, era uma verdadeira atração.

“Eu não me importo do que me chamam, desde que eles não me chamem tarde para o almoço.”

Mesmo gordo, Foulke conseguiu levar a equipe do Sheffield United ao título do Campeonato Inglês. Ele já estava bem mais pesado e ainda assim teve a defesa menos vazada do campeonato, muito por conta de suas grandes defesas.

Na final da Copa da Inglaterra de 1898/99, salvou o Sheffield United com uma defesa monumental, mas acabou tendo uma lesão muscular. Ele precisou sair de campo e foi necessária a presença de seis homens para carregá-lo para fora do gramado.

Em 1901 Foulke se machucou, mas mostrou seu prestígio, voltando logo a jogar e mandando de volta ao banco William Biggar, seu reserva imediato. Mesmo com Biggar fazendo bons jogos, Foulke retomou a titularidade e seu suplente teve que se transferir para o West Ham para jogar.

No fim do primeiro jogo da final da FA Cup de 1902, Foulke protestou contra a arbitragem, dizendo que o gol de empate do Southampton foi irregular. O grandalhão saiu do vestiário completamente sem roupas e perseguiu o árbitro Tom Kirkham, que precisou se esconder em um armário de vassouras. Foulke teve que ser contido pelos diretores da FA (Football Association, a Federação de Futebol da Inglaterra) para não arrancar a porta do armário e alcançar o pobre juiz. No replay (jogo desempate), o Sheffield venceu por 2 a 1, com Foulke precisando fazer várias defesas difíceis para salvar o time. Ele também era o goleiro quando o United vergonhosamente foi eliminado da FA Cup de 1897/98 para o Burslem Port Vale, time que disputava a segunda divisão.

Em um derby de Sheffield, entre United e Wednesday, Foulke se chocou com o atacante adversário, Laurie Bell e caiu sobre ele. Foulke literalmente esmagou Bell e pensou que o tivesse matado. Felizmente, nada grave.

Foulke também foi um dos primeiros jogadores a “fazer cera”. Ele percebeu que poderia ganhar tempo depois das defesas que fazia, caindo em campo e ganhando segundos preciosos quando sua equipe estivesse vencendo.

Ele é um personagem folclórico e temperamental. Se achasse que seus zagueiros não estavam se esforçando o bastante, ele simplesmente saía de campo. Há a lenda de que ele já se sentou sobre pessoas que o ofenderam, até que elas pedissem desculpas. E quando era provocado por um atacante adversário, não se intimidava em pegar o pobre pelo pescoço e jogá-lo para dentro de seu gol. Ou então virá-lo de cabeça para baixo e enfiar sua cara na lama, como fez com George Allan, centroavante do Liverpool, durante uma partida da temporada de 1898/99.

Com o passar do tempo, ele percebeu que o seu sobrepeso estava prejudicando. Começou a ter muitas dificuldades para pegar bolas rasteiras. Isso refletiu em uma goleada sofrida por 7 a 1 para o Bury.

● Não demorou muito para Foulke se tornar uma atração à parte nos estádios da Inglaterra. Por isso, o inglês John Robertson não teve dúvidas em contratar o gigante para ser goleiro do clube que ele acabava de fundar, em 1905, chamado Chelsea FC. Como uma eficiente estratégia de marketing para atrair público para sua nova equipe, Robertson precisava de um ídolo e apostou em Foulke. Por 50 libras, o Gorducho chegou para ser o primeiro goleiro e primeiro capitão do clube. Tornou-se o queridinho das multidões, com sua capacidade técnica no gol. Ele fez 35 jogos pelos Blues. Sua paixão por comida também foi destaque, além de histórias clássicas, como ele amanhecer esperando o café da manhã na porta do restaurante dos hotéis.

O goleiro passou a arrastar uma boa plateia para as partidas do Chelsea. Sozinho, tinha um peso maior que o dos seus dois zagueiros juntos. Encantando com a popularidade, muitas vezes Foulke se distraía com o público, deixando seus companheiros em pânico. Para solucionar esse problema, o dirigente Robertson decidiu colocar dois garotos atrás do gol do Gorducho para chamar sua atenção quando o Chelsea estivesse sendo atacado e também atrapalhar a concentração dos oponentes. A presença dos meninos também servia para intimidar os atacantes, pois, ficando próximos ao goleiro gigante, passavam a impressão de que Foulke era ainda maior. Por vezes, esses garotos corriam e pegavam a bola que saía do campo. Assim, eram criados os gandulas.

A maior demonstração de gula da história de Foulke foi em sua passagem pelo Chelsea. Reza a lenda que, certa vez, sua equipe hospedou-se em um hotel na véspera de uma partida e quando os jogadores desceram para o restaurante na hora do jantar, Foulke tinha chegado primeiro e limpado os onze pratos com seu apetite assombroso.


(Imagem: Chelsea FC)

Foulke permaneceu apenas uma temporada no Chelsea (35 partidas), antes de se mudar para seu último clube, o Bradford City, onde encerrou a carreira em 1907 com 24 jogos pelo clube. Em sua passagem pelo Bradford, novamente ele partiu a trave em duas ao fazer uma defesa, fazendo com que o jogo fosse interrompido.

Em 06/02/1907, em um jogo contra o Accrington Stanley FC, a camisa de Foulke era vermelha, assim como a dos adversários, e ninguém conseguia encontrar uma camisa grande o suficiente para cabê-lo. Foi necessário ir a uma papelaria próxima, comprar folhas de papel gigantes e “embrulhá-lo” para que pudesse jogar sem que houvesse confusão entre os uniformes. O Bradford venceu o jogo e Foulke não pulou para não se sujar, literalmente passando a partida em branco.

Sem nenhuma preocupação em controlar o peso, Foulke foi ganhando dimensão ao longo dos anos até chegar a 165 kg no final de sua carreira.

Na temporada de 1900, disputou quatro partidas oficiais da principal divisão britânica de críquete pelo Derbyshire County Cricket Club, mas é lembrado principalmente no futebol.

Foulke também apareceu em um filme da produtora “Mitchell & Kenyon Films”, em uma partida de futebol disputada em 06/09/1902.

O pouco tempo que ele teve de vida depois do término de sua carreira foi bastante difícil. Se envolveu em apostas ilegais, em problemas judiciais e com a polícia. Estima-se que quando ele morreu, estivesse pesando mais de 170 kg. Após encerrar a carreira, teve um último emprego, praticamente uma atração circense. O Gorducho participava de uma brincadeira em Blackpool, na qual ele ficava sentado em um trampolim e a criançada tentava acertar o alvo para que o goleiro caísse na água. Ele recebia uma pequena ajuda de custo para isso.

Foukle morreu em Sheffield, em 01/05/1916 e foi enterrado no cemitério de Burngreave. Seu atestado de óbito aponta a cirrose como a principal causa da morte. Algumas fontes afirmam que quem o matou foi uma pneumonia, que o acometeu enquanto ganhava a vida nas ruas, defendendo pênaltis em troca de algumas míseras libras. Ele tinha 42 anos. Na vida pessoal, o que se sabe é que ele foi casado com Beatrice Foulke.

● Feitos e premiações de William Foulke:

Pelo Sheffield United:
– Campeão do Campeonato Inglês (First Division) em 1897/98.
– Vice-campeão do Campeonato Inglês (First Division) em 1896/97 e 1899/1900.
– Campeão da Copa da Inglaterra (FA Cup) em 1898/99 e 1901/02.
– Vice-campeão da Copa da Inglaterra (FA Cup) em 1900/01.

Distinções e premiações individuais:
– Primeiro goleiro e capitão da história do Chelsea.
– Disputou uma partida pela seleção da Inglaterra, sem sofrer gols.

… Polônia e a breve história de sua seleção de futebol

Três pontos sobre…
… Polônia e a breve história de sua seleção de futebol

(Imagem localizada no Google)

A seleção polonesa fez sua primeira partida oficial em 18/12/1921, perdendo por 1 x 0 em um amistoso com a Hungria, em Budapeste. Estreou em Copas do Mundo em 1938, caindo logo na estreia, mas vendendo muito caro uma derrota para o Brasil por 6 x 5 na prorrogação, com incríveis quatro gols de Ernest Wilimowski (apelidado de Ezi).

Pouco depois, a Polônia foi o país que mais sofreu com a Segunda Guerra Mundial e passou a se esconder atrás da cortina de ferro do bloco soviético. Devido ao regime comunista, o futebol não se profissionalizou e todos os jogadores eram considerados simples amadores. Mas isso não foi algo ruim, muito pelo contrário. Apenas amadores podiam participar dos Jogos Olímpicos e os comunistas podiam envias suas equipes completas, encobertas pelo amadorismo de fachada.

E é nesse momento que entra essa geração que colocou a Polônia de vez no mapa futebolístico e começou a fazer história. Nos Jogos Olímpicos de 1972, os poloneses conquistaram a medalha de ouro, derrotando a Hungria na final por 2 a 1, com dois gols de Deyna. Em toda a competição, foram 21 gols marcados em 7 jogos (média de três gols por partida).

Na Copa de 1974, na mesma Alemanha onde foi campeã olímpica, a Polônia chegou forte, mas desfalcada de seu maior craque, o centro-avante Włodzimierz Lubański, que foi o grande líder e destaque em 1972. Lubański atuou pela seleção entre 1963 e 1980, com 75 partidas e 48 gols (ainda é o maior artilheiro histórico). Ele se lesionou em 06/06/1973, contra a Inglaterra, nas eliminatórias para a Copa do Mundo. Teve uma lesão no ligamento cruzado que o tirou dos gramados por dois anos, inclusive do Mundial.


Włodzimierz Lubański
(Imagem: glamrap.pl)

Com a ausência de Lubański, foi necessário que outro craque chamasse o protagonismo para si. O careca ponta direita Grzegorz Lato (aniversariante de hoje, 08/04) tinha uma velocidade absurda, correndo 100 metros em incríveis 10,8 segundos. Lato não brilhou em um só verão (“Lato” significa “verão” em polonês). Ele foi o artilheiro da Copa de 1974, marcando sete gols, inclusive no 1 x 0 contra o Brasil, que valeu o 3º lugar do torneio à Polônia.

Mesmo não sendo uma equipe desconhecida, não estava entre as consideradas favoritas, principalmente devido ao fato de ser comunista e frequentar pouco o noticiário estrangeiro. Isso deu ainda mais tranquilidade ao técnico Kazimierz Górski. Ele sabia tirar o melhor de cada um de seus comandados, principalmente de Lato. Era uma seleção jovem, com muita disciplina tática, jogadores velozes e time entrosado, com um futebol rápido e envolvente, uma defesa segura e o talento de Deyna no meio campo, além de Lato e Gadocha nas pontas.


Grzegorz Lato
(Imagem localizada no Google)

O show começou nas eliminatórias, quando eliminou a forte Inglaterra (campeã oito anos antes), com uma vitória por 2 x 0 em casa e um empate por 1 x 1 em pleno Wembley, com Jan Tomaszewski fechando o gol.

Já na Copa, mesmo em um grupo difícil, a Polônia venceu os três jogos (3 x 2 na Argentina, 7 x 0 no Haiti e 2 x 1 na Itália), se classificando em primeiro lugar. A partir daquele instante, quem ainda duvidava do poder de fogo dos poloneses passou a rever seus conceitos.

Na segunda fase, as oito seleções classificadas foram divididas em dois grupos de quatro, com a primeira colocada garantindo vaga na final e a segunda na decisão do 3º lugar. Nos dois primeiros jogos, duas vitórias (1 x 0 na Suécia e 2 x 1 na Iugoslávia). A terceira e decisiva partida foi contra a anfitriã, Alemanha Ocidental, que também tinha vencido os dois jogos, mas jogava pelo empate por possuir maior saldo de gols (4, contra 2 dos poloneses). Assim, o jogo foi na prática uma semifinal direta, valendo vaga na decisão.

Durante todo o dia caiu uma chuva torrencial na cidade de Frankfurt, o que certamente prejudicava o futebol rápido da Polônia e favorecia a força física, principal arma da Alemanha Ocidental. Mesmo com o técnico Kazimierz Górski pedindo o adiamento da partida, ela aconteceu. E com um gol de Gerd Müller aos 31 minutos do segundo tempo, os alemães venceram por 1 x 0. Fim do sonho polonês e festa para os donos da casa.

Restou à Polônia disputar a decisão do 3º lugar contra o Brasil, que perdeu para a Holanda de Johan Cruijff (e do futebol total) no outro grupo. Em Munique, a 15 minutos do fim, Marinho Chagas errou o passe, Lato foi lançado em suas costas e arrancou sozinho para o gol. Mesmo sem ter o gosto de jogar a final, os poloneses comemoraram bastante a sólida campanha, terminando a competição em terceiro, com 6 vitórias e apenas 1 derrota. A partir desse momento, a Polônia passou a ser uma equipe respeitada e temida no mundo da bola.

Com o mesmo time base, nas Olimpíadas de 1976, em Montreal, a Polônia novamente foi finalista, mas ficou com a medalha de prata ao ser derrotada por 3 x 1 pela Alemanha Oriental.

Na Copa de 1978, a estrutura era basicamente a mesma, com o acréscimo do craque Włodzimierz Lubański, que já estava com 31 anos e em não tão boa forma quanto estaria quatro anos antes. Mas nesse torneio surgiu o jovem Zbigniew Boniek, com apenas 22 anos. Novamente a equipe foi comendo pelas beiradas e chegou em 5º lugar. Essa Copa marcou a despedida da maioria dos jogadores da era dourada. Do time de 1974, somente Andrzej Szarmach, Grzegorz Lato e Władysław Żmuda disputariam a Copa de 1982.

Na Copa da Espanha, um dos grandes destaques era Boniek. Ele era um jogador completo, atuando na ala esquerda, no meio, como ponta ou no ataque. Um jogador genial. Com ele, Lato e o novato Włodzimierz Smolarek juntos, a Polônia era cada vez mais temida. Classificou-se em primeiro lugar com dois empates e uma vitória. Na segunda fase, eliminou as fortes União Soviética e Bélgica. Caiu novamente de pé na semifinal em derrota por 2 x 0 para a futura campeã Itália, em partida que Boniek não disputou por estar suspenso pelo segundo cartão amarelo. Na decisão do 3º lugar, nova vitória, por 3 x 2 sobre a França de Michel Platini.


Zbigniew Boniek
(Imagem: Łączy-nas-piłka)

Em 1986, a Polônia disputou sua quarta Copa consecutiva, mas já não tinha a força de antes. Boniek ainda era o craque do time. Żmuda era o único remanescente de 1974, sendo também quem mais vestiu a camisa da Polônia em Copas do Mundo, com 21 partidas, entre 1974, 1978, 1982 e 1986. Mesmo assim, os poloneses passaram da primeira fase como um dos melhores 3º colocados, ao empatarem com o Marrocos, vencerem Portugal e perderem para a Inglaterra. Mas o sonho foi interrompido nas oitavas de final, ao serem impiedosamente goleados pela Seleção Brasileira por 4 x 0. Esse massacre foi um atestado de que os melhores dias já haviam passado para o futebol polonês.

Houve a medalha de prata nos Jogos Olímpicos de 1992, mas nenhum medalhista de prata se destacou posteriormente. Se classificou para a Copa de 2002, mas graças a um nigeriano naturalizado: Emmanuel Olisadebe. Com duas derrotas e uma vitória, pela primeira vez foram eliminados na fase de grupos, com sua pior campanha da história das Copas. Conseguiu também se qualificar para a Copa de 2006, mas também ficou na primeira fase, de novo com duas derrotas e uma vitória na última rodada.

Disputou pela primeira vez a Eurocopa, em 2008, ficando em último lugar no grupo. Foram duas derrotas e um empate, com um único gol marcado pelo brasileiro naturalizado Roger Guerreiro, lateral ex-Corinthians. Na Euro 2012, em casa, nova decepção, sendo logo eliminada com uma derrota e dois empates.

Já na Euro 2016, liderada por Robert Lewandowski, enfim a Polônia fez uma campanha digna. Na fase de grupos, venceu a Irlanda do Norte e a Ucrânia, segurando um empate sem gols com a Alemanha. Nas oitavas de final, empate com a Suíça em 1 a 1 e vitória por 5 a 4 nos pênaltis. Nas quartas de final, novo empate por 1 a 1, mas dessa vez foi derrotada na decisão das penalidades por 5 a 3 para Portugal, futuro campeão. No fim, o 7º lugar geral dentre as 24 seleções foi uma boa campanha, o que melhora as perspectivas para as próximas competições.


Robert Lewandowski
(Imagem: Kicker)

… Brasil 3 x 0 Paraguai

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… Brasil 3 x 0 Paraguai


(Imagem: Globo Esporte)

● Parece clichê, mas novamente a Seleção Brasileira deu uma aula de futebol e amassou o Paraguai nessa 14ª rodada das Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2018. Se matematicamente o Brasil ainda não se garantiu na competição, falta realmente só a matemática. O Brasil está atualmente com a melhor forma técnica entre as seleções do mundo. Para ficar fora da próxima Copa, o Brasil tem que perder todas as quatro partidas restantes e Uruguai, Colômbia, Chile e Argentina vencerem praticamente todas, o que é matematicamente impossível, pois Argentina e Uruguai se enfrentam na próxima rodada. Para dificultar ainda mais para os hermanos, Lionel Messi ainda tem mais três partidas de suspensão para cumprir, por ofender o bandeira brasileiro Dewson Fernando Freitas da Silva, na vitória sobre o Chile por 1 x 0. Ou seja, Brasil já pode ir escolhendo o melhor local para se hospedar na fria Rússia em 2018.

● O Paraguai começou compacto e marcando forte, até de forma desleal, com muitas faltas táticas especialmente em cima de Neymar. A solução no momento foram as finalizações de fora da área. E assim o placar foi aberto com Philippe Coutinho, em tabela com o ótimo Paulinho, aos 33 minutos de bola rolando. Apenas no segundo tempo o placar foi novamente movimentado. Logo aos 5 minutos, Neymar (o melhor jogador do mundo neste momento) arranca com a bola, passa por meio time paraguaio e cai dentro da área após ser desarmado. O árbitro erradamente marca pênalti. Neymar bate e o goleiro Anthony Silva defente bem. Mas logo aos 18 minutos, de novo Neymar dá uma de suas arrancadas e finaliza. A bola desvia na zaga e morre no fundo da rede. Premiado pela boa atuação, Neymar marcou pela primeira vez contra o Paraguai. A Seleção continua criando e só fecha de vez o placar aos 40 minutos, com um golaço de Marcelo, que recebeu passe de calcanhar de Paulinho após jogada iniciada por Neymar.

● Foi um verdadeiro massacre, que não se refletiu no número de gols, senão seria uma goleada bem elástica. No fim, mais um teste de fogo no qual a Seleção Brasileira foi aprovada, contra um adversário “retranqueiro”, com forte marcação e até violento. Com Tite e seu esquema tático 4-1-4-1, em que todos os meio-campistas avançam a qualquer tempo, o Brasil não fica refém de apenas uma jogada. Há uma enorme gama de possibilidades no portfólio dessa equipe, com chutes de fora da área, cruzamentos da linha de fundo, inversões de jogo, saída de bola qualificada, marcação sob pressão, jogadas de bola parada ofensivas e defensivas, além da técnica individual que sempre singularizou o jogador brasileiro. Hoje, é a melhor seleção do mundo, mas também era em 1997, 2005 e 2013…

… Fla-Flu

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… Fla-Flu


(Imagem: feedbackmag.com.br)

● “O Fla-Flu começou 40 minutos antes do nada.” Essa é a simples definição do dramaturgo e cronista Nelson Rodrigues sobre o grande clássico entra Flamengo e Fluminense. Enquanto Nelson torcia para o Fluzão, seu irmão Mário Filho (que dá nome ao estádio Maracanã), também cronista esportivo, era torcedor do Mengão. Foi Mário que deu ao confronto seus dois nomes mais famosos: “Fla-Flu” e “O Clássico das Multidões”.

E dizem os antigos que a rivalidade realmente começou antes de tudo mesmo. O Fluminense foi fundado em 1902 como um clube de futebol. O Flamengo foi criado em 1895 para a prática do remo e passou a ter um time de futebol apenas em 1911. Mas desde sempre os filiados aos dois clubes duelavam pela atenção das moças no início do Século XX. O futebol do Fla surgiu de “desertores” do Flu. Tanto que no primeiro jogo entre eles, o Tricolor venceu por 3 x 2, mesmo desfalcado e enfrentando nove de seus ex-jogadores que foram fundar o futebol no Rubro-Negro.

● O clássico mais emblemático certamente foi o lendário “Fla-Flu da Lagoa”, que decidiu o bicampeonato Carioca de 1941 em favor do Fluminense. Eram tempos românticos. A partida terminou em 2 a 2, mas ficou marcada pela atitude dos jogadores do Flu, que a poucos minutos do fim de um jogo eletrizante, chutavam as bolas para a Lagoa Rodrigo de Freitas, que antes de ser aterrada, ficava ao lado do Estádio da Gávea.

O recorde mundial de público em partidas entre clubes ocorreu na final do Campeonato Carioca de 1963. Foram 194.603 expectadores no empate em 0 x 0 que deu o título ao Flamengo.

Outra final histórica foi a do Campeonato Carioca de 1995. Foi uma partida emocionante, cheia de alternativas e com um grande ícone para cada lado: Romário e Renato Gaúcho. Por fim, vitória tricolor por 3 a 2 com um mítico gol de barriga de Renato aos 42 minutos do segundo tempo, o Fluminense se tornou campeão e impediu o título flamenguista no ano do centenário do clube.

● Desde 2012, esse clássico é considerado patrimônio imaterial do Rio de Janeiro, sendo o único jogo de futebol a merecer tal honraria.

Independente da forma de qualquer uma das equipes, o charme do Fla-Flu é inigualável.


(Imagem: Jorge William – O Globo)

… Uruguai 1 x 4 Brasil

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… Uruguai 1 x 4 Brasil

● A Seleção Brasileira hoje passou em um excelente teste de fogo. Jogou no temível estádio Centenário, em Montevidéu, onde a “Celeste Olímpica” havia vencido todos os seis jogos nessas Eliminatórias. Mesmo sendo a primeira vez que o Brasil de Tite saiu atrás no marcador, a equipe mostrou poder de reação, com boa postura e aproveitando os espaços deixados pelos adversários entre as linhas. Todos os méritos para os brasileiros, que praticamente se garantem na Copa do Mundo da Rússia em 2018. Merecidamente.

Uruguai

– Martín Silva – Nota 5 – Não comprometeu, mas também não fez nenhuma defesa. Engraçados eram seus olhos de medo a cada ataque “canarinho”.

– Maxi Pereira – Nota 3 – Bateu como nunca e não jogou como sempre. Neymar deitou e rolou em cima de sua marcação.

– Sebastián Coates – Nota 3 – Lento, fraco e rústico. É jogador para compor elenco, mas não para ser titular de uma seleção do porte da “Celeste”.

– Diego Godín – Nota 5 – Nem um dos melhores zagueiros do mundo dá conta de jogar sozinho na defesa.

– Gastón Silva – Nota 4 – Defende e ataca com a mesma qualidade: nenhuma.

– Arévalo Ríos – Nota 4 – Cão de guarda não mordeu hoje.

– Matías Vecino – Nota 4 – Nem foi notado em campo.

– Carlos Sánchez – Nota 5,5 – É um bom jogador, mas em alguns momentos achou que era o árbitro e quis “apitar”. Reclamão! Mas deu algum trabalho para a defesa brasileira no início da partida.

– (Abel Hernández) – Sem nota – Entrou no fim para uma possível pressão uruguaia e bombardeio aéreo, que não aconteceu.

– Cristian Rodríguez – Nota 4 – Idem ao Vecino. Nem foi notado em campo.

– Diego Rolán – Nota 5 – Ajudou na pressão nos primeiros minutos, depois foi engolido pela marcação.

– Cristhian Stuani – Sem nota – Entrou no fim e não fez nada notável.

– Edinson Cavani – Nota 6 – Tentou, lutou e foi premiado com um pênalti e o gol. Depois, foi anulado pela zaga brasileira. Faltou o companheiro Luisito Suárez.

– Maestro Óscar Tabárez – Nota 6 – Sempre “tira leite de pedra” com uma população pequena em um país pequeno. Escalou sua seleção do jeito que deu, mas poderia ter mexido mais no time, pois terminou o jogo com uma alteração a fazer.


(Imagem: Globo Esporte)

Brasil

– Alisson – Nota 5 – Só eu que acho que esse lugar deveria ser do Diego Alves? Alisson não fez nenhuma defesa e fez o que deu no gol sofrido. Não sai como se deve nas bolas cruzadas, mas é reflexo da falta de ritmo de jogo do reserva da Roma.

– Daniel Alves – Nota 6 – Marcou mais do que apoiou o ataque mas, quando subiu, deu uma assistência no quarto gol brasileiro.

– Marquinhos – Nota 6 – Se comportou bem nesse teste de fogo.

– Miranda – Nota 6 – Idem ao colega de zaga.

– Marcelo – Nota 4 – O melhor lateral (e um dos melhores jogadores) do mundo deu uma “pixotada” ridícula ao atrasar a bola de peito para seu goleiro logo no início do jogo, que acarretou no pênalti e no gol sofrido. Depois, só marcou e não subiu com frequência como costuma fazer e se destacar.

– Casemiro – Nota 7 – O dono do time. Precisa pagar aluguel para o Estádio Centenário, pois “alugou” o meio campo e tomou conta do jogo. (Mas ainda não está jogando no mesmo nível desde que teve uma séria lesão no início da temporada europeia. Mesmo sendo esse “monstro”, ainda precisa de evolução para voltar ao nível da temporada passada.)

– Philippe Coutinho – Nota 5 – Hoje jogou menos do que tem jogado ultimamente pela seleção. É outro que não é mais o mesmo desde uma grave lesão no tornozelo, em novembro.

– Willian – Sem nota – Entrou no fim e não fez nada a não ser prender bola e gastar tempo.

– Paulinho – Nota 8 – Calou minha boca. Inacreditável que Paulinho tenha feito três gols, sendo o primeiro um golaço. Tem jogado bem em todas as partidas do Brasil, mesmo jogando atualmente na China! Paulinho na seleção é como um elefante em cima de um poste: ninguém sabe o porque está lá, mas sabe que um dia vai cair. Mas hoje fez três gols, jogou bem e merece todo o destaque.

– Renato Augusto – Nota 6 – Fechou bem os espaços e ajudou a trocar passes no meio. Seu futebol está muito aquém do seu potencial, mas… o cara joga na China! Por isso não consegue ter um ritmo forte de jogo e sempre “morre” no segundo tempo.

– Fernandinho – Sem nota – Entrou no final e ainda deu prazo de dar uma pancada em um adversário.

– Neymar – Nota 7 – Tem se destacado nos últimos jogos e está em seu melhor momento. Atualmente, talvez seja o melhor jogador do mundo. Está cada vez mais maduro, mas ainda tem um grande potencial de evolução. Hoje fez um golaço, que há tempos seria impossível: ele levou uma pancada no joelho e prosseguiu. Se fosse em outra época, teria dado um “duplo twist carpado” e estaria se contorcendo no chão até agora.

– Roberto Firmino – Nota 5,5 – Perdeu um gol feito logo no início, mas tem seus méritos no segundo gol brasileiro. Lutou o jogo todo. Não é centroavante, para brigar de costas para os zagueiros adversários, como um pivô. Mas é muito bom jogador.

– Diego Souza – Sem nota – Entrou no fim e quase deu uma assistência para Neymar.

– Tite – Nota 7 – Os resultados dizem que é o melhor técnico da história da Seleção. Tem todos os méritos do mundo por ter feito uma equipe desacreditada se tornar o fenômeno atual. Mas juro que toda vez que eu vejo uma convocação, eu tenho a certeza que ele convocará os “parça” (sic) para sempre, mesmo se eles estiverem jogando na Antártida! Todos sabemos que existem opções melhores e em melhor momento do que os “amigos” de Tite, mas ele parece ter uma dívida de gratidão com essa galera. Enquanto tiver dando resultados, está tudo certo. Creio que já assistimos esse mesmo filme antes, com Dunga e com Scolari. Só espero que não tenha o mesmo final.

… Fernandão: o eterno “Capitão América”

Três Pontos sobre…
… Fernandão: o eterno “Capitão América”


(Imagem localizada no Google)

● Fernandão é um desses ídolos que nunca morrem, viverá eternamente na memória amantes do futebol, especialmente no coração vermelho do torcedor colorado.

Fernando Lúcio da Costa nasceu em Goiânia em 18/03/1978. Começou sua carreira nas categorias de base do Goiás Esporte Clube, atuando como meia. Aos 16 anos, foi promovido ao time principal. Atuou com destaque no Esmeraldino entre 1995 e 2001, conquistando o pentacampeonato goiano entre 1996 e 2000, o bicampeonato da Copa Centro-Oeste (2000/01) e o Campeonato Brasileiro da Série B de 1999.

No meio do ano de 2001, se transferiu para a Europa, para jogar no Olympique de Marselha por três anos. Ainda jogaria por um semestre pelo Toulouse, também da França, onde começou a ser posicionado como centroavante, para aproveitar seu excelente posicionamento, seu cabeceio certeiro e sua altura (1,90 m).

Devido a um grande esforço do presidente Fernando Carvalho, o Internacional de Porto Alegre conseguiu repatriar Fernandão. E o craque soube retribuir ao Inter, mostrando seu melhor futebol. Já estreou caindo nas graças da torcida colorada ao marcar o milésimo gol da história do clássico Gre-Nal, feito que também lhe rendeu uma placa.

Em um futebol de mais força como o gaúcho, Fernandão se adaptou rapidamente no clube, como se tivesse nascido para jogar lá. Às vezes era escalado como centroavante, mas devido à grande técnica e inteligência tática, sua melhor posição era mesmo era a de origem, como meia, vindo de trás e aparecendo como elemento surpresa, chegando de frente para arrematar.

Após o polêmico vice-campeonato no Brasileirão de 2005, Fernandão viveu o ápice de sua carreira em 2006. Foi o capitão do time que deu ao Internacional seus dois maiores títulos: a Copa Libertadores da América e o Campeonato Mundial de Clubes da FIFA. No segundo jogo da final da Libertadores, contra o São Paulo, o Capitão foi decisivo, anotando um gol e dando uma assistência para o gol de Tinga. Fernandão foi eleito o melhor jogador da partida e ganhou um presente da patrocinadora do torneio.

O Capitão foi fundamental também na conquista da Copa Dubai em 2008, um torneio amistoso na qual o Inter derrotou a “xará” Internazionale de Milão, com um gol de fora da área anotado pelo próprio camisa 9.

Em 14/06/2008, ele se transferiu para o Al-Gharafa, do Qatar. Deixou o Inter como um dos maiores ídolos da história do clube. No Oriente Médio, conquistou a Liga nacional e a Copa do Emir do Qatar.

Rescindiu o contrato com o Al-Gharafa em 30/07/2009 e acertou sua volta para o clube que o revelou, o Goiás. Sem muito sucesso nesse retorno, se transferiu para o São Paulo em 06/05/2010, assinando contrato até do fim de 2011.

Logo na estreia, desequilibrou o confronto das quartas de final da Libertadores, auxiliando o Tricolor a derrotar o Cruzeiro no Mineirão. Marcou seu primeiro gol no clube justamente contra o Inter, em vitória do SPFC por 2 a 0 na terceira rodada do Brasileirão. Em 09/05/2011, São Paulo e Fernandão acertaram a rescisão de contrato de forma amigável. Ao todo, foram oito gols em 39 partidas pelo Tricolor do Morumbi. Encerrou a carreira ainda jovem (33 anos), com 225 gols marcados em 650 jogos.


(Imagem: Gazeta Press)

● Fernandão poderia ter tido mais oportunidades na Seleção Brasileira, mas a concorrência era bastante forte em suas posições (Ronaldo, Adriano, Robinho, Ronaldinho Gaúcho e Kaká, só para citar alguns). Assim, a única chance que teve com a camisa canarinho foi em um amistoso em 27/04/2005, com vitória do Brasil sobre a Guatemala por 3 x 0, na despedida de Romário da Seleção.

Pela Seleção Sub-20, disputou o Campeonato Mundial de 1997, anotando dois gols em cinco jogos (o Brasil foi eliminado nas quartas de final em derrota para a Argentina por 2 a 0).

Após se aposentar dos gramados, se tornou diretor executivo do Internacional em 19/07/2011. Em 20/07/2012, após a demissão de Dorival Júnior, Fernandão foi anunciado como técnico do Inter, naquela que foi sua primeira e única experiência como treinador. Estreou dois dias depois, no Beira Rio, goleando o Atlético Goianiense por 4 a 1. Mas o ídolo não teria vida longa como comandante do Colorado. Em 20/11/2012 foi demitido pela diretoria após 26 jogos, sendo 9 vitórias, 8 empates e 9 derrotas (44,9% de aproveitamento). Foi anunciado como comentarista do canal SporTV para a Copa do Mundo de 2014, mas morreu poucos dias antes da abertura do torneio.

Fernandão faleceu em 07/06/2014, aos 36 anos, enquanto sobrevoava sua fazenda, na queda do helicóptero Helibrás HB-350BA Esquilo, prefixo PT-YJJ, que caiu por volta de 01h30 no município de Aruanã, nas proximidades do Rio Araguaia, cerca de 200 metros distante do local da decolagem, causando a morte de todos os cinco tripulantes, todos amigos do ex-jogador: Edmilson de Souza Leme (vereador de Palmeiras de Goiás), Antônio de Pádua “Bidó” (primo de Marconi Perillo), Lindomar Mendes Vieira (funcionário de uma fazenda) e o piloto Milton Ananias. Alguns relatos dizem que, no momento da chegada dos primeiros socorros, Fernandão foi o único resgatado com vida, mas faleceu a caminho do hospital. Deixou a viúva Fernanda e os filhos Enzo, Eloá e Thayná (esta do primeiro casamento).

Em homenagem ao eterno “Capitão América”, o Internacional construiu uma estátua do ídolo no pátio do Estádio Beira Rio, inaugurada em 17/12/2014. Em outra homenagem ao craque, a partir de 08/01/2016, a Rua B, ao lado do estádio, passou a se chamar “Rua Fernando Lúcio da Costa”. Em 17/03/2015, Fernandão foi homenageado pela Câmara Municipal de Porto Alegre. A escola de samba Unidos do Capão também rendeu honras ao ídolo no Carnaval de 2015 com o enredo: “Líder de uma Família, Herói de uma Nação, Campeão de Tudo, Eterno Capitão.”

Fernandão foi sepultado no Cemitério Jardim das Palmeiras em Goiânia, onde descansam seus restos mortais. Mas sua alma viverá para sempre no vívido Estádio Beira Rio.

O vídeo abaixo mostra Fernandão incentivando e inflamando sua equipe nos vestiários antes da final do Mundial Interclubes contra o Barcelona:

Feitos e premiações de Fernandão:

Pelo Goiás:
– Campeão do Campeonato Brasileiro da Série B em 1999.
– Pentacampeão do Campeonato Goiano em 1996, 1997, 1998, 1999 e 2000.
– Bicampeão da Copa Centro-Oeste em 2000 e 2001.

Pelo Internacional:
– Campeão da Copa Libertadores da América em 2006.
– Campeão do Mundial de Clubes da FIFA em 2006.
– Campeão do Campeonato Gaúcho em 2005 e 2008.
– Campeão da Recopa Sul-Americana em 2007.
– Campeão da Copa Dubai em 2008.

Pelo Al-Gharafa (Qatar):
– Campeão da Liga Nacional do Qatar (Qatar Stars League) em 2009.
– Campeão da Copa do Emir do Qatar em 2009.

Como dirigente, pelo Internacional:
– Campeão da Recopa Sul-Americana em 2011.
– Campeão do Campeonato Gaúcho em 2012.

Distinções e premiações individuais:
– Artilheiro da Copa Libertadores da América em 2006 (5 gols).
– Líder de assistências da Copa Libertadores da América em 2006 (8 assistências).
– Eleito melhor jogador do Brasil pela RSSSF em 2006.
– Eleito melhor centroavante das Américas em 2006.
– Eleito melhor jogador da Copa Libertadores de 2006.
– Troféu de Ouro – Prêmio Craque do Brasileirão em 2006.
– Eleito Bola de Prata da Revista Placar em 2006.
– Troféu Mesa Redonda – Seleção do Campeonato Brasileiro de 2006.


(Imagem localizada no Google)

… Uberaba Sport 2 x 1 Mamoré

Três pontos sobre…
… Uberaba Sport 2 x 1 Mamoré


(Imagem: Felipe Santos)

● O Uberaba Sport Club segue mais líder do que nunca no Grupo B do Campeonato Mineiro – Módulo II.

O “Colorado” venceu o Mamoré ontem por 2 x 1 no Estádio Uberabão e chegou aos 12 pontos, com uma derrota e quatro vitórias consecutivas.

● O USC abriu o placar aos 13 minutos de jogo. E mesmo não estando em seus melhores dias, o “Zebu” criou várias chances, especialmente no primeiro tempo, mas não concretizando o segundo gol.

No início do segundo tempo, em escanteio, o Mamoré empata.

Foi um sufoco tremendo, com o jogo lá e cá e as duas equipes oferecendo contra-ataques perigosos ao adversário.

Mas no fim, praticamente no último lance do jogo, a torcida quase veio abaixo com o segundo gol do time da casa.

● Enfim, vitória merecida, para um time que jogou melhor. Mas que não pode passar o sufoco que passou, especialmente jogando em casa. Mas o que vale são os resultados positivos e eles estão aparecendo.

Seguimos com o sonho de ver o Uberaba Sport conseguir o acesso à elite do futebol mineiro no ano de seu centenário.

… Trifon Ivanov: “O Lobo Búlgaro”, venerado por toda uma geração

Três pontos sobre…
… Trifon Ivanov: “O Lobo Búlgaro”, venerado por toda uma geração


(Imagem: Gazeta Esportiva)

● Ele metia medo nos adversários. Não só pelo seu estilo de marcação deveras viril, mas também pela sua fisionomia digamos… feia: olhos grandes e esbugalhados, barba rente a um rosto triangular com faces fundas e mullets desgrenhados.

Era um zagueiro rude, de futebol limitado, mas que marcou época. Diversas pessoas quem nunca o viram jogar o veneram como um ícone cult. Na Copa do Mundo de 1994, Trifon foi um personagem fundamental na porta de entrada do futebol para vários novos aficionados. No inesquecível álbum de figurinhas da Copa, a de Ivanov era das mais queridas e concorridas no jogo de bafo. Pouco importava que ele não fosse o craque de um time com o capitão Borislav Mikhailov, Yordan Letchkov, Krasimir Balakov, Emil Kostadinov e Hristo Stoichkov.

Lembrado pela sua aparência peculiar, foi um do mais icônicos jogadores de seu tempo. Era um beque regular, marcador duro, mas um profissional exemplar, sem apelar para a deslealdade. Raçudo, demonstrava uma dedicação total e sem fim e era uma liderança inconteste na equipe. Ganhou a admiração de todos os telespectadores que acompanharam a bela trajetória da seleção búlgara. Tinha um chute potente e arriscava frequentemente de fora da área, inclusive sendo opção nas cobranças de faltas diretas.


(Imagem: http://bnr.bg)

● Trifon Marinov Ivanov (Трифон Маринов Иванов, em búlgaro) nasceu em 27/07/1965, na cidade de Veliko Tărnovo, no norte da Bulgária. Deu seus primeiros passos no futebol em uma equipe da região onde nasceu, aos 18 anos, o Etar Veliko Tărnovo. Aos 23 anos, foi atuar no gigante de seu país, o CSKA Sofia, onde ficou por dois anos nessa primeira passagem, conquistando vários títulos, dentre eles o bicampeonato búlgaro.

Entre 1990 e 1993, atuou no Real Betis, da Espanha, mas voltando aos clubes anteriores por curtos empréstimos: Etar Veliko Tărnovo (em 1991) e CSKA Sofia (1992). Nessa época, foi sondado pelo Barcelona para ocupar o lugar de Ronald Koeman, que estava lesionado, mas o presidente do Betis impediu, afirmando que o clube precisava dele.

Em 1993, foi jogar no Neuchâtel Xamax, da Suíça. Voltou ao CSKA em um novo e ligeiro empréstimo em 1995.

Ainda em 1995, foi atuar no Rapid Wien, onde ficou por dois anos e venceu a Bundesliga Austríaca de 1995/96 e chegou na decisão da Recopa Europeia, perdendo a final para o PSG de Raí.

Jogou a temporada 1997/98 no rival Austria Wien, com um último empréstimo relâmpago ao CSKA.

Já em fim de carreira, continuou na Áustria, mas nas divisões inferiores, vestindo a camisa do inexpressivo Floridsdorfer AC até 2001, quando pendurou as chuteiras aos 36 anos.


(Imagem: blogartedabola.com.br)

● Mas seus grandes momentos foram mesmo com a camisa da seleção de seu país. Era fundamental para uma equipe com vocação ofensiva. Ele servia de “limpa trilhos”. Disputou 77 partidas pela seleção e marcou seis gols.

Aqui cabe um “parêntese”. Em cinco participações anteriores e 16 partidas disputadas, a Bulgária nunca tinha vencido um único jogo em Copas do Mundo (10 derrotas e 6 empates). Nada dizia que seria diferente em 1994, ao ser goleada logo na estreia pela Nigéria por 3 a 0. Mas a partir do segundo jogo, sob a batuta do maestro Stoichkov e o suor de Ivanov e seus companheiros, o time foi engrenando e chegou nas semifinais, dando trabalho para a Itália de Roberto Baggio, vendendo caro a derrota por 2 x 1. Na decisão do 3° lugar, a Bulgária se descaracterizou e foi goleada por 4 x 0 pela Suécia. O Lobo Búlgaro falou sobre esse jogo em outubro de 2013, em uma entrevista à revista So Foot:

“Todo mundo jogou por si próprio na decisão do terceiro lugar da Copa. Eu pedi para o técnico para ser substituído no intervalo, mas ele não quis. Eu nunca vou me esquecer do quarto gol, de Larsson. Eu não consegui pará-lo. Então, disse que ou ele me substituía ou eu saía de campo. E finalmente ele me tirou”.

A queda de nível de uma equipe limitada nos anos seguintes acentuou ainda mais a importância do talento de Stoichkov e a raça e liderança de Ivanov (capitão de sua seleção entre 1996 e 1998). A Bulgária não passou de fase na Eurocopa de 1996 e na Copa de 1998. Aliás, depois dessa prolífica geração, os búlgaros nunca mais se classificaram para uma Copa do Mundo e disputaram apenas uma Euro (2004, caindo na primeira fase).

Disciplinado, o próprio zagueiro disse que foi expulso apenas duas vezes na carreira, sendo uma quando atuava na Áustria. Um adversário o chamou de “búlgaro sujo” e Ivanov o acertou com uma cotovelada, pegando seis jogos de gancho. A segunda vez foi em um amistoso contra a seleção da Itália, em Sófia. Gianluca Vialli cuspiu em sua cara e Trifon o levou ao chão.

Nunca se importou com as regras extra-campo, a ponto de ter sido visto bebendo e fumando minutos antes de um jogo na Copa de 1994.

Certa vez, quando ainda era jogador, Ivanov comprou e teve por pouco tempo um tanque de guerra do exército. Ele o conduziu no campo por duas vezes, apenas para testá-lo, mas um jornal sensacionalista local publicou que Ivanov andava com tanques. A partir daí ele começou com o hábito de não conceder entrevistas.

Após se retirar dos gramados, Ivanov preferiu viver recluso na sua cidade natal com sua família e continuou evitando a imprensa. A partir daí, enfrentou adversários mais ferozes, como a depressão, o alcoolismo e a obesidade. Em agosto de 2015, foi internado por problemas cardíacos. Mas em 13/02/2016 esse mesmo coração não resistiu a um ataque fulminante e faleceu aos 50 anos.

A admiração dos brasileiros pelo Lobo Búlgaro (seu apelido mais marcante) é tamanha que em 2013 foi criada a Copa Trifon Ivanov, um campeonato de várzea para “esforçados” de São Paulo. Ao descobrir o torneio, os jornalistas búlgaros estavam completamente confusos: “A Copa Trifon Ivanov será realizada neste sábado. Até agora, nada de anormal. Só que… o torneio será realizado no Brasil!”, escreveram perplexos na época da primeira edição, tentando explicar a idolatria pelo zagueiro por ele ter se tornado um ícone cult entre os fãs do futebol da década de 90.

Na verdade, Trifon representou muito mais do que um jogador de futebol. Ele deixou um ensinamento puro, simples e admirável: a dedicação e o esforço incondicionais nunca são demais. Se eles não superam o talento nato, pelo menos eleva o ser humano, tanto em nível pessoal, quanto profissional.

E a lembrança de Ivanov a partir de uma figurinha é muito mais do que aquele jogador, aquela seleção ou aquela Copa. É símbolo de uma era, de uma época boa das nossas vidas.


(Imagem: Panini)

Feitos e premiações de Trifon Ivanov:

Pela seleção da Bulgária:
– 4° lugar na Copa do Mundo de 1994.

Pelo CSKA Sofia
– Campeão do Campeonato Búlgaro em 1988/89, 1989/90 e 1991/92.
– Campeão da Copa da Bulgária em 1988/89.
– Campeão da Supercopa da Bulgária em 1989.

Pelo Rapid Vienna:
– Campeão do Campeonato Austríaco (Bundesliga) em 1995/96.
– Campeão da Copa da Áustria em 1994/95.
– Vice-campeão da Recopa Europeia em 1995/96.

Distinções e premiações individuais:
– Eleito melhor jogador da Bulgária em 1996.
– Capitão da seleção da Bulgária entre 1996 e 1998.


(Imagem: Goal)

… Saque das contas inativas do FGTS

Três pontos sobre…
… Saque das contas inativas do FGTS


(Imagem: PIS)

● Quem tem direito ao saque? O trabalhador com carteira assinada que pediu demissão ou foi demitido por justa causa até 31 de dezembro de 2015.

● Como consultar se tenho contas inativas? No site da CAIXA (www.caixa.gov.br/contasinativas/).

● E se eu tenho certeza que tenho direito, mas não apareceu no site da CAIXA? No próprio site tem como você se cadastrar para acessar o extrato do FGTS. Pode ser que o empregador não tenha depositado o FGTS. Se no extrato consta que você tem algum saldo e você se enquadra nos casos possíveis de saque (pedido de demissão ou demissão por justa causa até 31/12/2015), procure uma agência da CAIXA com sua carteira de trabalho onde consta a data de saída da empresa, para fazer a devida regularização cadastral.

● Quando vou efetuar o saque? Seguindo o cronograma definido:

Trabalhadores nascidos em:
– Janeiro e Fevereiro: DE 10/03 ATÉ 31/07/2017;
– Março, Abril e Maio: DE 10/04 ATÉ 31/07/2017;
– Junho, Julho e Agosto: DE 12/05 ATÉ 31/07/2017;
– Setembro, Outubro e Novembro: DE 16/06 ATÉ 31/07/2017;
– Dezembro: DE 14/07 ATÉ 31/07/2017.

● Minha data de saque é hoje. Eu preciso sacar meu FGTS inativo hoje, rápido, agora, senão vou perder o direito? Não! Absolutamente, não!!! Você tem até 31/07/2017 para efetuar o saque. Se você tem direito, seu dinheiro não vai simplesmente sumir. Pode esperar um dia mais tranquilo nas agências da CAIXA ou utilizar os canais alternativos.

● Como efetuo o saque do meu FGTS inativo? Existem várias opções:

– Crédito em conta: Quem tem conta-corrente ou poupança conjunta na CAIXA poderá pedir o recebimento do crédito em conta, por meio do site das contas inativas (www.caixa.gov.br/contasinativas/) ou pelo telefone 0800.726.2017. Para os clientes do banco que têm conta poupança individual, o dinheiro será automaticamente transferido para a poupança. O valor estará disponível na conta no dia da abertura do calendário mensal.

– Caixas eletrônicos: O saque pode ser feito em caixas eletrônicos. Para valores de até R$ 1.500, é possível sacar só com a senha do Cartão do Cidadão, mesmo que você não tenha o cartão; basta ter o número do PIS e a senha. Para valores de até R$ 3.000, o saque é feito com o Cartão do Cidadão e a respectiva senha. (Obs.: Para pedir o Cartão do Cidadão, entre em contato no 0800.726.0207).

– Unidades Lotéricas e Correspondentes Bancários CAIXA: Para saques de até R$ 3.000,00. Neste caso, o beneficiário vai precisar do Cartão do Cidadão, da respectiva senha e de um documento de identificação.

– Agências da CAIXA: Quem tem mais de R$ 3.000 para receber só poderá efetuar o saque nas agências. Os documentos necessários são o número do PIS, a carteira de trabalho que comprove a extinção do vínculo do trabalho e o documento de identificação do trabalhador. Para saque em espécie de valores maiores que R$ 5.000,00, deve-se fazer a previsão de saque no banco.

● Mas se eu for em uma agência da CAIXA, sou obrigado sacar ou a levar todo o valor? Não! Absolutamente não!!! Você pode fazer a transferência para qualquer conta, de qualquer banco, sem ser cobrada a tarifa de transferência (TED ou DOC).

● As agências da CAIXA abrirão em horários diferenciados? Algumas agências estão atendendo em horários extendidos, abrindo às 08h00 durante “alguns dias específicos” e até abrindo em “alguns” sábados. Todas essas exceções estão sendo divulgadas com propriedade pela mídia, mas também podem ser consultadas no próprio site da CAIXA (http://www.caixa.gov.br/…/con…/agencias/Paginas/default.aspx).

Ou seja, pessoal: sem desespero, todos que tem direito pode ter acesso ao benefício, da melhor forma possível.

… Barcelona 6 x 1 Paris Saint-Germain

Três pontos sobre…
… Barcelona 6 x 1 Paris Saint-Germain


(Imagem: UOL)

Sei que minhas opiniões sobre esse jogo são bastante ácidas, mas…

● Primeiramente, vamos recordar que no jogo da ida em Paris, o PSG humilhou o Barça e poderia ter vencido por muito mais que os 4 x 0, mas… o time francês tem um preciosismo tão grande nas finalizações, que não concretizou as chances criadas. Assim também foi no jogo de hoje, em que teve três oportunidades para liquidar de vez o confronto, duas com Cavani e uma com Di María, mas não o fez. De qualquer forma, exceto essas poucas chances (mas que foram claríssimas), o PSG nada criou, não só por demérito próprio e a estratégia traçada pelo técnico Unai Emery, que escalou e substituiu mal. Um gestor que possui recursos, mas não os utilizou da melhor forma possível. Emery já provou seu valor em equipes menores, mas prova também que ainda não tem o tamanho que o Paris Saint-Germain acha que possui em nível continental.

Mas foi também mérito do adversário. Foi um jogo espetacular do Barcelona, em que tudo deu certo. A alma que faltou em Paris sobrou na Catalunha. A alteração tática recente de Luis Enrique, escalando o time praticamente em um 3-3-4, tornou o time ainda mais ofensivo e ocupando todos os espaços. O Barcelona aproveitou as poucas oportunidades do primeiro tempo e após fazer o 3 x 0 no início do segundo, levou o gol. Seria um balde de água fria para qualquer time, mas não para esse Barça!

Neymar Jr acabou sendo o principal nome de um maravilhoso Barcelona. Quando tudo parecia perdido, Neymar cobrou uma falta com maestria, colocando o Barça no jogo de novo. Também converteu um pênalti em um momento de pressão, cavou um pênalti “mandrake” e, no último lance da partida, não se desesperou como faria um reles mortal e, com frieza extrema, colocou “com açúcar” a bola no pé salvador de Sergi Roberto. Neymar jogou como o melhor jogador do mundo. Hoje podemos dizer que “Neymar teve um dia de ‘Messi'”.

(Imagem: Goal)

● Mas a arbitragem apareceu novamente. É incrível que na Europa quase todos os lances duvidosos são favoráveis a Barcelona, Real Madrid e Bayern de Munique. Na dúvida, marcam a favor deles; se não tem o que marcar, inventam. Incrível. São os três melhores e mais consistentes times do mundo, tendo uma vaga cativa nas semifinais da UCL nos últimos anos. A diferença técnica e financeira entre esses clubes e os outros é absurda. Não precisam disso para serem os maiores do mundo.

Mas foi uma atuação para esquecer do árbitro alemão Denis Aytekin. Foram quatro lances capitais, interpretativos e muitos discutíveis, todos decididos em favor do Barcelona. O primeiro foi um cruzamento de Draxler que foi cortado por um carrinho de Mascherano, cuja bola parou no braço do argentino. O juiz interpretou como toque acidental e não marcou pênalti. No segundo lance polêmico, o lateral Meunier dançou e o belga caiu, derrubando o brasileiro com a cabeça. Dessa vez o árbitro marcou pênalti, convertido por Messi. O terceiro lance foi uma “botinada” por trás de Neymar no amigo Marquinhos. Na minha terra, isso é pra cartão vermelho direto e indiscutível. Creio que em todo lugar seria, menos para quem veste a camisa blaugrana. No quarto lance não tem nem discussão. Messi lançou Suárez, que foi suavemente tocado por Marquinhos. Lógico que Luisito se jogou, ao ver o braço do brasileiro à sua frente. O uruguaio parecia uma bailarina em ação e o juiz alemão marcou (outro) pênalti inexistente, convertido por Neymar.

● Mas não foi (só) isso que classificou o time catalão. Ao PSG e ao mundo do futebol, fica claro que a covardia nunca merece ser premiada e um time que deixa uma vantagem de quatro gols escapar não merece ser campeão da Champions. Ao Barça, parabéns pela entrega dentro de campo e por ter aproveitado as chances da melhor forma; parabéns pelo apoio dessa torcida única; parabéns pela atuação mágica de Neymar Jr. Mas agradeça também (um pouquinho) à arbitragem e (muito) ao acovardado Paris Saint-Germain.

Em 62 anos de UEFA Champions League, foi a primeira vez em que uma equipe conseguiu reverter um resultado negativo de quatro ou mais gols de diferença no jogo da ida de uma partida eliminatória. Foi algo sem precedentes no alto nível do futebol. Foi uma classificação épica e muito merecida. Por tudo que fez, o Barcelona segue como o principal favorito para conquistar a UCL 2016/17.