… 08/06/1958 – Brasil 3 x 0 Áustria

Três pontos sobre…
… 08/06/1958 – Brasil 3 x 0 Áustria


Nílton Santos surpreendeu, avançou ao ataque e marcou o segundo gol brasileiro (Imagem: Getty Images)

● Para a Copa do Mundo de 1958, chegaram como favoritas para a competição a seleção da Inglaterra (que embora não justificasse em campo, ainda era aclamada como a melhor do mundo), a Alemanha Ocidental (campeã mundial em 1954) e a União Soviética (com seu “futebol científico”). Dentre as sul-americanas, apenas a Argentina merecia alguma atenção, não pelo favoritismo, mas pelo fato de ter voltado a disputar um Mundial 24 anos depois.

O Brasil foi sorteado no grupo mais equilibrado da competição. A Áustria tinha terminado o Mundial anterior no 3º lugar; a Inglaterra era sempre forte, embora desfalcada pelo acidente que vitimou vários atletas do Manchester United e titulares do English Team; a União Soviética era estreante em Copas, mas vinha com praticamente a mesma equipe que tinha conquistado a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos em 1956, em Melbourne.

O adversário brasileiro na estreia era a forte Áustria, capitaneada por Gerhard Hanappi.

Mas a Seleção Brasileira estava muito bem preparada, como já contamos neste outro texto.


O Brasil atuava em um falso 4-2-4, se transformando em um 4-3-3 com o recuo voluntário de Zagallo.


A Áustria jogava no tradicional sistema WM.

● Um público de 17.788 pessoas compareceram ao estádio Rimnersvallen, na pequena cidade de Uddevalla, para assistir a um encontro clássico: a técnica sul-americana contra a força e a destreza europeia.

O jogo foi duro, especialmente na primeira etapa, com os jogadores tensos e o ataque brasileiro hesitante.

Gylmar chegou a salvar algumas oportunidades criadas pela Áustria.

Até que aos 37 minutos, o craque brasileiro Didi faz um lançamento genial, de seu próprio campo, para José Altafini, o “nosso” Mazzola. O jovem prodígio do Palmeiras recebe na área, domina e chuta cruzado, no canto direito de Szanwald, para abrir o placar.

A Áustria começa bem o segundo tempo, dando sinais de que continuaria pressionando. O ponta direita Walter Horak passa pela defesa brasileira, mas Gylmar agarra firme o chute de Hans Buzek.

Os austríacos avançam com tudo, mas sofrem com os contra-ataques.

Aos 5′ da etapa final, Nílton Santos, a “Enciclopédia do Futebol”, roubou a bola de Horak e arrancou pela esquerda (uma cena raríssima no futebol daquela época). Como Zagallo fez a cobertura, o lateral esquerdo avançou, chegou à área, tabelou com Mazzola, recebeu nas costas da defesa e tocou no alto, na saída do goleiro. Foi o gol mais importante dos 14 que Nílton marcou em toda sua carreira. Ele contrariou completamente as ordens do técnico Vicente Feola, que, do banco de reservas, gritava: “Volta, Nílton! Volta!” até o momento em que a bola parou na rede. Felizmente o craque não obedeceu ao treinador, que depois mudou o grito: “Boa, Nílton! Boa!”

Pouco depois, Dino Sani cruza perigosamente, mas o goleiro Rudolf Szanwald segura com tranquilidade.

O Brasil se mantém firme diante da pressão constante (mas inócua) da Áustria.

De Sordi avança, mas não tem a qualidade de Nílton Santos. Seu chute vai longe da meta.

A um minuto do fim, Mazzola arranca, cercado por dois marcadores, e chuta de fora da área, no canto esquerdo do goleiro. Era seu segundo gol no jogo, o terceiro do Brasil.

Boa estreia brasileira: 3 a 0.


Mazzola deu muito trabalho ao goleiro Rudolf Szanwald (Imagem: Globo Esporte)

● As joelheiras de Gylmar ¹*

Ao chegar no vestiário, o goleiro Gylmar dos Santos Neves notou o desespero do roupeiro:
– Gylmar, esqueci as suas joelheiras no hotel. O doutor Paulo vai querer me matar!
– Não se preocupe! – respondeu Gylmar. – Vou dizer que eu é que decidi jogar sem joelheiras.
Gylmar jogou sem o acessório contra a Áustria e não sentiu falta. Tanto que não usaria mais joelheiras pelo resto da competição.
– No final, achei que joguei com mais liberdade.

¹* Trecho extraído do livro:
Duarte, Marcelo. O Guia dos Curiosos: Copas. 1. ed. São Paulo: Panda Books, 2014.


(Imagem localizada no Google)

FICHA TÉCNICA:

 

BRASIL 3 x 0 ÁUSTRIA

 

Data: 08/06/1958

Horário: 19h00 locais

Estádio: Rimnersvallen

Público: 17.788

Cidade: Uddevalla (Suécia)

Árbitro: Maurice Guigue (França)

 

BRASIL (4-2-4):

ÁUSTRIA (WM):

3  Gylmar (G)

1  Rudolf Szanwald (G)

14 De Sordi

5  Gerhard Hanappi (C)

2  Bellini (C)

3  Ernst Happel

15 Orlando

4  Franz Swoboda

12 Nilton Santos

2  Paul Halla

5  Dino Sani

6  Karl Koller

6  Didi

7  Walter Horak

17 Joel

11 Helmut Senekowitsch

18 Mazzola

9  Hans Buzek

21 Dida

10 Alfred Körner

7  Zagallo

13 Walter Schleger

 

Técnico: Vicente Feola

Técnico: Josef Argauer

 

SUPLENTES:

 

 

1  Castilho (G)

12 Kurt Schmied (G)

4  Djalma Santos

22 Bruno Engelmeier (G)

16 Mauro

15 Walter Kollmann

9  Zózimo

18 Leopold Barschandt

8  Oreco

16 Karl Stotz

19 Zito

17 Ernst Kozlicek

13 Moacir

21 Ignaz Puschnik

11 Garrincha

20 Herbert Ninaus

20 Vavá

8  Paul Kozlicek

10 Pelé

14 Josef Hamerl

22 Pepe

19 Robert Dienst

 

GOLS:

37′ Mazzola (BRA)

50′ Nilton Santos (BRA)

85′ Mazzola (BRA)

Gols da partida:

Melhores momentos da partida:

… 07/06/2002 – Inglaterra 1 x 0 Argentina

Três pontos sobre…
… 07/06/2002 – Inglaterra 1 x 0 Argentina


(Imagem: AP Photo / Ricardo Mazalan)

● Argentina e Inglaterra era o jogo mais esperado da primeira fase da Copa do Mundo de 2002. Era o reencontro das duas grandes rivais históricas, em confrontos que extrapolam o futebol (como em 1966 e 1986).

O último duelo oficial tinha sido nas oitavas de final da Copa anterior, em 1998. Naquela ocasião, a Inglaterra teve de jogar todo o segundo tempo e a prorrogação com um homem a menos, já que David Beckham foi expulso por chutar Diego Simeone, revidando uma entrada violenta e a provocação do argentino. Mesmo assim, o English Team segurou o empate por 2 x 2 e levou a partida para os pênaltis, mas perdeu por 4 x 3, com uma grande atuação do goleiro albiceleste Carlos Roa. Beckham foi responsabilizado pela derrota de 1998, mas agora era o capitão que liderava seu país à revanche.

Quatro anos depois, ingleses e argentinos renovam sua rivalidade sob os olhos atentos do melhor árbitro do mundo, o italiano Pierluigi Collina. Beckham e Simeone estavam mais uma vez cara a cara. Era visível a animosidade entre os dois, mas claramente eles queriam vencer na bola e não de outra forma.

O sueco Sven Gorän Eriksson, técnico da Inglaterra, tinha várias preocupações antes do Mundial, principalmente de ordem médica. No dia 10 de abril, David Beckham sofreu uma falta feia em um jogo do Manchester United e fraturou um osso metatarso do pé esquerdo (lesão semelhante à de Neymar em 2018) e se tornou dúvida para a Copa. Duas semanas depois, foi a vez do lateral Gary Neville, que sofreu a mesma lesão. Para completar, dez dias antes do início da Copa, o meio campista Danny Murphy teve a mesma fratura no amistoso entre Inglaterra e Coreia do Sul. Beckham fez uma terapia de reconstrução óssea (também aplicada em cavalos de corrida) e conseguiu se recuperar a tempo. Já os outros dois jogadores ficaram mesmo fora da lista final para o Mundial.

A seleção argentina era a grande favorita à conquista do Mundial de 2002. Estava invicta há quase dois anos e tinha quebrado o recorde de melhor campanha da história das eliminatórias sul-americanas. Se já não bastasse, contava com craques de nível mundial como Gabriel Batistuta, Hernán Crespo, Juan Sebastián Verón, Ariel Ortega, Javier Zanetti, Pablo Aimar e outros. O técnico Marcelo “Loco” Bielsa se deu ao luxo de desprezar Juan Román Riquelme, um dos melhores armadores das últimas décadas.

Claramente o Grupo F era o temido “Grupo da Morte”. A Argentina vinha de uma vitória tranquila por 1 a 0 sobre a Nigéria e precisava apenas de uma vitória para se garantir na próxima fase. A Inglaterra tinha empatado com a Suécia por 1 x 1 e precisava vencer.


A Inglaterra jogava no 4-4-2 ao seu estilo mais tradicional.


A Argentina atuava no 3-4-3 consagrado por Marcelo “Loco” Bielsa.

● A partida começou disputada, com muitas bolas divididas. A Argentina abusava das faltas duras no meio campo, impedindo a criação de jogadas do adversário.

Logo aos sete minutos, o lateral Juan Pablo Sorín invadiu a área pela esquerda, puxou a marcação e tocou de calcanhar para Kily González chutar forte de primeira, mas a bola saiu à esquerda do goleiro inglês David Seaman.

Apesar do domínio territorial argentino, quem esteve mais perto do gol foi o time inglês.

Aos 17′, Hargreaves driblou Javier Zanetti e lançou Michael Owen na entrada da grande área. O zagueiro Walter Samuel foi mais rápido e controlou bem a jogada.

Beckham era o mestre das bolas paradas inglesas, que levavam perigo a qualquer adversário, mas o jogador inglês mais temido era mesmo Michael Owen, o “Wonderkid” (“Garoto Maravilha”). Na Copa de 1998, ele já tinha infernizado a zaga argentina e feito um gol de placa, arrancando da intermediária e passando por dois adversários antes de finalizar.

Agora, aos 24 minutos ele apareceu pela primeira vez. Emile Heskey roubou a bola de Verón e Hargreaves fez um belo lançamento rasteiro, pegando Owen de frente para a defesa. Ele entrou na área e chutou rasteiro, cruzado. A bola foi na trave direita do goleiro Cavallero.

No minuto seguinte, a Argentina voltou a pressionar. Kily González cruzou e Gabriel Batistuta cabeceou para uma boa defesa de Seaman.

Aos 43′, Michael Owen mostrou que estava mesmo inspirado. Ele entrou na área pelo lado esquerdo e driblou Pochettino, que o derrubou. Collina assinalou pênalti. Beckham bateu forte, no meio do gol, fazendo o que seria o único gol do jogo.


(Imagem: Getty Images / FIFA)

Enquanto isso, o técnico argentino “El Loco” Bielsa caminhava inquieto de um lado para outro no banco de reservas. No intervalo, ele trocou o burocrático Verón pelo arisco Pablo Aimar, que passou a ser a peça central em busca do empate.

O English Team manteve o ritmo na etapa final. Logo aos 4′, Paul Scholes chutou forte de fora da área, mas Cavallero defendeu bem.

Scholes era o principal responsável pela armação das jogadas no meio campo inglês. Ele fez lançamento longo para a área e o veterano Teddy Sheringham recebeu livre, emendando um sem-pulo que obrigou Cavallero a fazer uma defesa dificílima.

Com a vantagem, os britânicos passaram a jogar somente nos contra-ataques, aproveitando principalmente a precisão dos passes de Scholes e a velocidade de Trevor Sinclair (que tinha entrado no lugar do lesionado Hargreaves na primeira etapa).

A Argentina insistia em jogadas aéreas improdutivas. Quando a zaga inglesa não afastava, o goleiro Seaman pegava.

Aos 32′, a albiceleste perdeu sua melhor chance. Após a cobrança de um escanteio da direita, Mauricio Pochettino subiu mais que a zaga inglesa e cabeceou forte, no meio do gol. David Seaman fez uma grande defesa.

Mas a Argentina já estava sem forças para reagir.

Após o apito final, David Beckham foi quem mais comemorou a vitória, como uma espécie de vingança pessoal diante do que lhe aconteceu em 1998.

O resultado deixou os argentinos em situação delicada, precisando ganhar da Suécia para passar para a próxima fase.


(Imagem: Getty Images / FIFA)

● Essa era a primeira vitória inglesa sobre a Argentina em Copas do Mundo desde 1966.

Era também o fim da invencibilidade de 18 jogos do técnico argentino Marcelo Bielsa. A última derrota dos portenhos havia sido no dia 26 de julho de 2000, pelas Eliminatórias, quando o Brasil venceu por 3 a 1.

A Inglaterra fez uma campanha digna. Empatou com a Suécia por 1 a 1, venceu a Argentina por 1 a 0 e empatou com a Nigéria por 0 a 0. Nas oitavas de final, fez um ótimo primeiro tempo e venceu a Dinamarca por 3 a 0. Nas quartas, parou no Brasil, com um show de Ronaldinho Gaúcho, e perdeu de virada por 2 a 1.

A Argentina acabou caindo mesmo na primeira fase. Após vencer a Nigéria por 1 a 0, perdeu para os ingleses por 1 a 0. No empate com a Suécia por 1 x 1, os argentinos não conseguiram a classificação mesmo com a ajuda da arbitragem no gol de empate. O juiz emiradense Ali Bujsaim não marcou uma falta clara em Henrik Larsson, deu um pênalti inexistente para os albicelestes e ainda ignorou o gol irregular de Hernán Crespo, que tinha invadido a área antes da cobrança, na sequência do lance. Ao final do jogo, os argentinos choraram a eliminação ainda em campo.

Curiosamente, juntamente com a delegação da seleção inglesa, viajou também um famoso cabeleireiro de Londes para acompanhar os atletas no Mundial: Scott Warren. Para atender a todos, ele veio acompanhado de mais três cabeleireiros de sua equipe. O único que não utilizou os serviços de Warren foi David Beckham, que tinha seu cabeleireiro particular, Aidan Phelan.


(Imagem: Getty Images / FIFA)

FICHA TÉCNICA:

 

INGLATERRA 1 x 0 ARGENTINA

 

Data: 07/06/2002

Horário: 20h30 locais

Estádio: Sapporo Dome

Público: 35.927

Cidade: Sapporo (Japão)

Árbitro: Pierluigi Collina (Itália)

 

INGLATERRA (4-4-2):

ARGENTINA (3-4-3):

1  David Seaman (G)

12 Pablo Cavallero (G)

2  Danny Mills

4  Mauricio Pochettino

5  Rio Ferdinand

6  Walter Samuel

6  Sol Campbell

13 Diego Placente

3  Ashley Cole

8  Javier Zanetti

21 Nicky Butt

14 Diego Simeone

18 Owen Hargreaves

11 Juan Sebastián Verón (C)

8  Paul Scholes

3  Juan Pablo Sorín

7  David Beckham (C)

10 Ariel Ortega

10 Michael Owen

9  Gabriel Batistuta

11 Emile Heskey

18 Kily González

 

Técnico: Sven-Göran Eriksson

Técnico: Marcelo “Loco” Bielsa

 

SUPLENTES:

 

 

13 Nigel Martyn (G)

23 Roberto Bonano (G)

22 David James (G)

1  Germán Burgos (G)

12 Wes Brown

2  Roberto Ayala

15 Martin Keown

22 José Chamot

16 Gareth Southgate

5  Matías Almeyda

14 Wayne Bridge

15 Claudio Husaín

4  Trevor Sinclair

20 Marcelo Gallardo

23 Kieron Dyer

16 Pablo Aimar

19 Joe Cole

17 Gustavo López

20 Darius Vassell

7  Claudio López

17 Teddy Sheringham

21 Claudio Caniggia

9  Robbie Fowler

19 Hernán Crespo

 

GOL: 44′ David Beckham (ING) (pen)

 

CARTÕES AMARELOS:

13′ Gabriel Batistuta (ARG)

29′ Ashley Cole (ING)

50′ Emile Heskey (ING)

 

SUBSTITUIÇÕES:

19′ Owen Hargreaves (ING) ↓

Trevor Sinclair (ING) ↑

 

INTERVALO Juan Sebastián Verón (ARG) ↓

Pablo Aimar (ARG) ↑

 

54′ Emile Heskey (ING) ↓

Teddy Sheringham (ING) ↑

 

60′ Gabriel Batistuta (ARG) ↓

Hernán Crespo (ARG) ↑

 

64′ Kily González (ARG) ↓

Claudio López (ARG) ↑

 

80′ Michael Owen (ING) ↓

Wayne Bridge (ING) ↑

Melhores momentos da partida:

… 06/06/1970 – Romênia 2 x 1 Tchecoslováquia

Três pontos sobre…
… 06/06/1970 – Romênia 2 x 1 Tchecoslováquia


O tcheco Andrej Kvašňák, cercado pelos romenos Alexandru Neagu e Cornel Dinu (Imagem: Getty Images)

● A Tchecoslováquia estava na sua sexta participação em Copas do Mundo. Havia chegado a duas finais e perdido ambas. Em 1934, foi vítima da Itália de Mussolini. Em 1962, perdeu para a Seleção Brasileira, já sem Pelé, mas com Garrincha e Vavá.

A Romênia voltava a disputar um Mundial 32 anos depois. Havia participado das três primeiras edições (1930, 1934 e 1938), mas não havia se classificado mais desde então. Na fase qualificatória, havia eliminado a ótima seleção de Portugal (sensação quatro anos antes), a tradicional Suíça e a Grécia.

A expressão “grupo da morte” surgiu nessa Copa, para se referir ao Grupo 3, formado por Brasil (bicampeão em 1958 e 1962), Inglaterra (campeã em 1966), Tchecoslováquia (vice em 1962) e Romênia (com uma seleção muito técnica).

Na estreia, tanto romenos quanto tchecos tinham perdido.

Mas enquanto a Tchecoslováquia foi impiedosamente goleada pela Seleção Brasileira por 4 a 1, a Romênia tinha vendido caro a derrota por 1 a 0 para os ingleses, até então detentores do título mundial.

Eram duas seleções técnicas e ofensivas.

A única alteração na seleção romena em relação à estreia foi a troca de Gheorghe Tătaru II por Alexandru Neagu na ponta direita.

Por sua vez, o treinador da Tchecoslováquia, Jozef Marko, surpreendeu mudando meio time: tirou Ivo Viktor e colocou Vencel, no gol; mudou a defesa, com Zlocha no lugar de Hagara; trocou Hrdlička e František Veselý por Kvašňák e Bohumil Veselý no meio; e ainda alterou o comando de ataque, com Jurkanin substituindo Adamec.


As duas seleções atuavam no sistema 4-3-3

● A Tchecoslováquia começou melhor e Ladislav Petráš abriu o placar aos quatro minutos de partida, com uma linda cabeçada. Na comemoração, ele repetiu o sinal da cruz que havia feito no jogo contra o Brasil (e que havia levado o brasileiro Jairzinho a imitá-lo na sequência do Mundial).

No segundo tempo, os romenos tomaram conta do jogo. Neagu foi o destaque, marcando um gol e sofrendo um pênalti.

Aos oito, Radu Nunweiller rolou para Neagu, que driblou Horváth e chutou cruzado, no canto esquerdo do goleiro Vencel.

A virada veio aos 31′. Neagu recebeu um belo passe na entrada da grande área e foi agarrado por Zlocha. Pênalti bem marcado pelo árbitro mexicano Diego de Leo. Florea Dumitrache, o craque do time, cobrou no ângulo direito de Vencel e fez o gol da vitória.


O capitão romeno Mircea Lucescu finaliza, mas para na defesa do goleiro tcheco Alexander Vencel (Imagem: Getty Images)

● Esse resultado deixou a Tchecoslováquia praticamente eliminada. Os tchecos ainda perderiam para a Inglaterra por 1 a 0 no último jogo. Terminou em último lugar no Grupo 3, sem somar pontos; foram 2 gols marcados e 7 sofridos.

A Romênia ainda tinha chances de classificação, mas tinha que vencer o Brasil na última rodada.


(Imagem: Panini)

FICHA TÉCNICA:

 

ROMÊNIA 2 x 1 TCHECOSLOVÁQUIA

 

Data: 06/06/1970

Horário: 16h00 locais

Estádio: Jalisco

Público: 56.818

Cidade: Guadalajara (México)

Árbitro: Diego de Leo (México)

 

ROMÊNIA (4-3-4):

TCHECOSLOVÁQUIA (4-3-3):

21 Stere Adamache (G)

22 Alexander Vencel (G)

2  Lajos Sătmăreanu

2  Karol Dobiaš

4  Mihai Mocanu

3  Václav Migas

5  Cornel Dinu

5  Alexander Horváth (C)

3  Nicolae Lupescu

15 Ján Zlocha

15 Ion Dumitru

9  Ladislav Kuna

10 Radu Nunweiller

6  Andrej Kvašňák

16 Alexandru Neagu

7  Bohumil Veselý

7  Emerich Dembrovschi

8  Ladislav Petráš

9  Florea Dumitrache

19 Josef Jurkanin

11 Mircea Lucescu (C)

11 Karol Jokl

 

Técnico: Angelo Niculescu

Técnico: Jozef Marko

 

SUPLENTES:

 

 

1  Rică Răducanu (G)

1  Ivo Viktor (G)

22 Gheorghe Gornea (G)

13 Anton Flešár (G)

12 Mihai Ivăncescu

12 Ján Pivarník

6  Dan Coe

14 Vladimír Hrivnák

13 Augustin Deleanu

4  Vladimír Hagara

14 Vasile Gergely

17 Jaroslav Pollák

20 Nicolae Pescaru

16 Ivan Hrdlička

8  Nicolae Dobrin

18 František Veselý

17 Gheorghe Tătaru II

10 Jozef Adamec

18 Marin Tufanac

20 Milan Albrecht

19 Flavius Domide

21 Ján Čapkovič

 

GOLS:

5′ Ladislav Petráš (TCH)

52′ Alexandru Neagu (ROM)

75′ Florea Dumitrache (ROM) (pen)

 

CARTÕES AMARELOS:

Andrej Kvašňák (TCH)

Radu Nunweiller (ROM)

 

SUBSTITUIÇÕES:

INTERVALO Josef Jurkanin (TCH) ↓

Jozef Adamec (TCH) ↑

 

69′ Karol Jokl (TCH) ↓

František Veselý (TCH) ↑

 

69′ Mircea Lucescu (ROM) ↓

Gheorghe Tătaru II (ROM) ↑

 

81′ Ion Dumitru (ROM) ↓

Vasile Gergely (ROM) ↑

Gols da partida:

Lances individuais do romeno Florea Dumitrache nessa partida:

… 05/06/2002 – Estados Unidos 3 x 2 Portugal

Três pontos sobre…
… 05/06/2002 – Estados Unidos 3 x 2 Portugal


Luís Figo em disputa de bola com Brian McBride (Imagem: Pinterest)

● Portugal voltava a disputar a Copa após 16 anos, com status de grande sensação. Tinha uma equipe de nível mundial, bastante qualificada. Foi semifinalista da Eurocopa dois anos antes e agora queria dar um passo além, no maior palco do mundo.

Onze anos depois de faturar pela segunda vez seguida o Mundial Sub-20, os lusos chegavam à Copa de 2002 tendo em sua constelação várias estrelas daquela geração vencedora: Luís Figo (melhor jogador do planeta em 2001), Rui Costa, João Vieira Pinto, Jorge Costa, Abel Xavier e Nuno Capucho. Além deles, haviam outros jogadores experientes e vencedores, como: Vítor Baía, Fernando Couto, Paulo Sousa, Pauleta, Sérgio Conceição, e os jovens Jorge Andrade e Nuno Gomes. Eram atletas que tinham potencial para surpreender e até sonhar com o título mundial. Mas para muitos, seria a última Copa, devido à idade.

Os acontecimentos de 11 de setembro do ano anterior deixaram os Estados Unidos e seus cidadãos em alerta máximo. Os jogadores de futebol não eram exceção e medidas de segurança foram ainda mais intensificadas para a chegada da seleção americana à Coreia do Sul. Um pequeno exército cuidou de Bruce Arena e seus comandados durante toda sua estadia.

Após uma campanha digna em 1994, quando sediou o torneio, os Estados Unidos tinham decepcionado e terminado em último entre os 32 participantes na Copa de 1998. Agora, a missão dos americanos era fazer uma campanha digna e, com uma grande dose de sorte, passar de fase. Mas eles quase não nutriam esperanças em uma chave com o favorito Portugal, a co-anfitriã Coreia do Sul e a historicamente forte Polônia. Assim, ninguém esperava que os Estados Unidos fossem oferecer resistência.

Bruce Arena escalou os Estados Unidos em um 4-4-2, com duas linhas de quatro.


Portugal jogava também jogava em uma espécie 4-4-2 que se alternava. Quando se defendia, era um 4-1-4-1, com Petit fechando no meio e João Pinto recuando. Quando atacava, se tornava um 4-1-3-2, com Sérgio Conceição e Luís Figo avançando pelas pontas, Rui Costa armando pelo meio e João Pinto se tornando atacante.

● Os 37.306 presentes no estádio de Suwon viram um dos melhores confrontos do campeonato.

A verdade é que Portugal estreou contra os Estados Unidos pensando no primeiro lugar do grupo D. Mas enquanto os lusos pensavam, os americanos jogavam.

Quatro minutos depois que o árbitro equatoriano Byron Moreno deu o apito inicial, os Estados Unidos já anotavam o primeiro gol. O capitão Earnie Stewart cobra escanteio para a área. Brian McBride tenta de cabeça, o goleiro Vítor Baía faz boa defesa, mas dá rebote. A zaga fica parada e John O’Brien aproveita a sobra e completa para o gol.

O início desastroso dos tugas começava na incapacidade de segurar a bola, continuava nos erros de posicionamento da defesa e na falta de aproximação entre o meio campo e o atacante Pauleta. Figo e Rui Costa foram nulos durante todo o jogo.

Aos 29′, Jorge Costa faz tudo que não deveria fazer. Ele erra o passe ao sair jogando pela esquerda e dá a bola aos norte-americanos. O garoto Landon Donovan fica com ela e cruza. A bola bate na nuca do próprio Jorge Costa e entra no gol. Os Estados Unidos já tinham feito mais gols nesse jogo do que em toda a Copa passada.

Aos 36 minutos, Tony Sanneh cruza da direita e McBride mergulha e cabeceia para o gol, sem ser incomodado.


Brian McBride mergulha para fazer o segundo gol dos EUA (Imagem: Pinterest)

Para os lusos, a derrota ganhava ares de vexame. A defesa se esforçou muito em falhar e deu três gols de presente aos estadunidenses, que passaram a se fechar mais, dificultando a criação dos patrícios.

Mas apenas três minutos depois, Figo cobra o escanteio, Beto tenta de cabeça, Pablo Mastroeni afasta mal e Beto manda a sobra no ângulo do ótimo Brad Friedel.

Na sequência, Portugal teve inúmeras chances perdidas, principalmente pelo centroavante Pauleta.

Conseguiria diminuir só aos 26′ do segundo tempo. Pauleta ergue a bola na área. Jeff Agoos tenta cortar e joga a bola contra seu próprio patrimônio, mas isso não evitou o naufrágio português na estreia.

Foi a primeira (e, por enquanto, única) vez na história das Copas em que houveram dois gols contra na mesma partida, um para cada seleção.

Portugal teve mais posse de bola (57%, contra 43% dos adversários), mais chutes a gol (12 a 10) e mais oportunidades criadas. Um empate talvez deixasse o placar mais justo, mas quem joga tão mal e comete erros tão graves com os lusos fizeram no primeiro tempo, não merece um resultado melhor. A valentia dos ianques foi recompensada com a vitória.


O garoto Landon Donovan foi decisivo para a vitória de sua seleção, ao contrário do badalado Luís Figo (Imagem: EPA / Telegraph)

● “Entramos para o segundo tempo meio desanimados. Sofremos um gol logo antes do intervalo, depois de um escanteio, e ficou 3 a 1, mas achamos que a vantagem era boa, estando dois gols à frente. Eles não iam desistir facilmente.” ― Bruce Arena, técnico americano

“Foi inacreditável, uma noite confusa, nevoeiro asiático. Em 20 minutos, já estava 3 a 0 para nós. Nem parecia verdade, parecia um sonho. Só sei que vencemos por 3 a 2 e acho que isso vai nos trazer mais resultados bons nesta Copa.” ― John O’Brien.

E realmente aconteceram boas coisas para os EUA na sequência da competição. Após baterem os lusos, empataram com a Coreia do Sul por 1 x 1 e perderam para a Polônia por 3 x 1. Nas oitavas de final, venceram os arquirrivais mexicanos por 2 x 0. Nas quartas, jogaram bem e venderam caro a derrota para a Alemanha por 1 x 0, perdendo muitas chances de vencer, com um grande jogo e grandes defesas do goleiro alemão Oliver Kahn. Mas saíram de cabeça erguida, ao contrário dos portugueses.

Portugal caiu ainda na primeira fase. Após essa derrota para os EUA, goleou a Polônia por 4 a 0. Na última rodada, com a vitória dos poloneses sobre os americanos, Portugal jogava pelo empate com a co-anfitriã Coreia do Sul. Com dois jogadores a menos (João Pinto e Beto foram expulsos), os portugueses tentaram sinalizar para os sul-coreanos para que mantivessem o placar zerado, garantindo as duas equipes na próxima fase. Mas os asiáticos não entenderam ou não quiseram saber do empate, seguiram atacando e venceram por 1 a 0, eliminando os tugas e classificando os americanos.

John O’Brien aproveita a sobra e abre o placar (Imagem: Getty Images)

FICHA TÉCNICA:

 

ESTADOS UNIDOS 3 x 2 PORTUGAL

 

Data: 05/06/2002

Horário: 18h00 locais

Estádio: Suwon World Cup Stadium

Público: 37.306

Cidade: Suwon (Coreia do Sul)

Árbitro: Byron Moreno (Equador)

 

ESTADOS UNIDOS (4-4-2):

PORTUGAL (4-4-2):

1  Brad Friedel (G)

1  Vítor Baía (G)

22 Tony Sanneh

22 Beto

23 Eddie Pope

5  Fernando Couto (C)

12 Jeff Agoos

2  Jorge Costa

2  Frankie Hejduk

23 Rui Jorge

8  Earnie Stewart (C)

20 Petit

5  John O’Brien

10 Rui Costa

4  Pablo Mastroeni

11 Sérgio Conceição

17 DaMarcus Beasley

7  Luís Figo

21 Landon Donovan

8  João Pinto

20 Brian McBride

9  Pauleta

 

Técnico: Bruce Arena

Técnico: António Oliveira

 

SUPLENTES:

 

 

18 Kasey Keller (G)

16 Ricardo (G)

19 Tony Meola (G)

15 Nélson (G)

3  Gregg Berhalter

3  Abel Xavier

6  David Regis

13 Jorge Andrade

14 Steve Cherundolo

4  Marco Caneira

16 Carlos Llamosa

18 Nuno Frechaut

10 Claudio Reyna

6  Paulo Sousa

13 Cobi Jones

17 Paulo Bento

7  Eddie Lewis

14 Pedro Barbosa

11 Clint Mathis

12 Hugo Viana

15 Josh Wolff

19 Capucho

9  Joe-Max Moore

21 Nuno Gomes

 

GOLS:

4′ John O’Brien (EUA)

29′ Jorge Costa (EUA) (gol contra)

36′ Brian McBride (EUA)

39′ Beto (POR)

71′ Jeff Agoos (POR) (gol contra)

 

CARTÕES AMARELOS:

34′ Beto (POR)

52′ Petit (POR)

90’+ 2′ DaMarcus Beasley (EUA)

 

SUBSTITUIÇÕES:

INTERVALO Earnie Stewart (EUA) ↓

Cobi Jones (EUA) ↑

 

69′ Rui Jorge (POR) ↓

Paulo Bento (POR) ↑

 

74′ Jorge Costa (POR) ↓

Jorge Andrade (POR) ↑

 

75′ Landon Donovan (EUA) ↓

Joe-Max Moore (EUA) ↑

 

80′ Eddie Pope (EUA) ↓

Carlos Llamosa (EUA) ↑

 

80′ Rui Costa (POR) ↓

Nuno Gomes (POR) ↑

Gols da partida:

… 04/06/2002 – Japão 2 x 2 Bélgica

Três pontos sobre…
… 04/06/2002 – Japão 2 x 2 Bélgica


Marc Wilmots e Kazuyuki Toda em disputa de bola (Imagem: FIFA.com)

● Era a primeira Copa do Mundo disputada na Ásia e a primeira a ser co-organizada. Quase todos já haviam estreado e no dia 04/06 foi a vez dos donos da casa. A Coreia do Sul jogou às 20h30 e venceu a Polônia por 2 x 0.

Um pouco antes, às 18h00, foi a vez dos japoneses entrarem na festa. A animação da torcida era enorme para enfrentar a experiente Bélgica, em confronto válido pelo Grupo H.

Era apenas a segunda Copa do Mundo que a seleção japonesa disputava. Em 1998, terminou em último lugar de seu grupo, com três derrotas (Argentina e Croácia, por 1 x 0, e Jamaica, por 3 x 1 – o primeiro e, até então, único gol feito pelos orientais no torneio, anotado pelo veterano atacante Masashi Nakayama).

O Japão era o atual campeão da Copa da Ásia. O técnico francês Philipp Troussier estava entusiasmado e vislumbrava uma vaga nas próxima fase. Grande ambição para um país sem história no futebol, mas que não queria ser o primeiro anfitrião da história a cair na primeira fase.


O Japão atuou no sistema 3-5-2. Kazuyuki Toda fechava mais no meio, dando liberdade para os avanços de Junichi Inamoto e Hidetoshi Nakata.


Robert Waseige escalou a Bélgica em um 4-4-2, com duas linhas de 4. O veterano Marc Wilmots era o destaque.

● Apesar do apoio maciço de quase todos os 55 mil presentes no Saitama Stadium, a seleção japonesa só conseguiu jogar bem no segundo tempo.

Antes disso, os torcedores viram um espetáculo sofrível, sem emoção, decepcionante para ambos os lados. Foram apenas quatro chances criadas, sendo uma cabeçada de Wilmots bem defendida pelo goleiro Narazaki e três finalizações para fora.

A maior decepção ficou por conta do craque japonês Hidetoshi Nakata, que não conseguiu criar nenhuma perigosa para sua equipe durante toda a partida.

Mas o jogo ferveu na etapa final.

Aos 12 minutos, Johan Walem ergue a bola para á área. A defesa japonesa tenta tirar por duas vezes, mas não consegue. A bola cai com Van Meir, que a joga de volta para a área. O capitão Marc Wilmots, no costado da zaga, acerta uma linda bicicleta e inaugura o marcador. Não era o início esperado para a Terra do Sol Nascente. E os japoneses, que tanto usam bicicletas no seu dia a dia, de repente viram uma dentro de campo. Mas dessa bike, eles não gostaram.


O capitão belga Marc Wilmots acerta uma linda bicicleta e abre o placar (Imagem: Pinterest)

O gol despertou os donos da casa que foram buscar a virada, comandados por Junichi Inamoto, meia do Arsenal, da Inglaterra.

Aos 14′, Shinji Ono faz lançamento longo. O volante Timmy Simons e o goleiro Geert De Vlieger ficam parados, indecisos, e Suzuki, de olhos bem abertos, surge entre os dois e toca para o gol.

Nove minutos depois, os belgas vacilam e oferecem o contra-ataque para os japoneses. Inamoto toma a bola no meio campo, tabela com Yanagisawa, recebe perto da área, passa por Van Meir, entra na área e bate na saída do goleiro.

A velocidade japonesa deixa os belgas atordoados. Mas justamente quando o Japão mandava na partida, a Bélgica empata.

Aos 30′, quando a defesa japonesa estava saindo para o fazer a linha de impedimento, Van Meir faz um lançamento para Van der Heyden, em posição legal. Já dentro da área, o belga dá um toque sutiu e encobre o goleiro Narazaki. Era a água no saquê dos japoneses.

Logo em seguida, o árbitro anula um gol de Inamoto, alegando falta no goleiro. Depois, não assinala um pênalti para a Bélgica. E as duas equipes tiveram que se contentar com o empate, que ficou de bom tamanho principalmente para os anfitriões, que somavam seu primeiro ponto em Copas do Mundo e já sonhavam com a inédita classificação.


Junichi Inamoto fez um belo gol e virou o jogo para o Japão (Imagem: Getty Images)

● Segundo o técnico Philipp Troussier, o Japão mereceu a vitória: “Eu creio que, no balanço final da partida, é justo dizer que foram dois pontos perdidos. Ao mesmo tempo, senti como se fosse um ponto ganho. É um ganho importante. O empate em 2 a 2 foi importante porque nos deu o primeiro ponto numa Copa e gerou uma onda de otimismo que nos carregou no segundo jogo”.

No jogo seguinte, diante da Rússia, o Japão obteve sua primeira vitória, por 1 x 0. E no terceiro jogo do grupo H, a inédita classificação para a próxima fase. Mas a Turquia foi a algoz nas oitavas de final, vendendo os anfitriões por 1 x 0. Muitos culparam a chuva, que teria prejudicado o toque de bola e a correria japonesa e beneficiado a maior força física dos turcos. O máximo que o Japão conseguiu foi uma bola na trave, em falta cobrada pelo brasileiro naturalizado japonês, Alex Santos.

O segundo lugar do grupo ficou com a Bélgica, que empatou os dois primeiros jogos, batendo o recorde de empates consecutivos em Mundiais, com cinco. Já vinha de três empates seguidos em 1998 (0 x 0 com a Holanda, 2 x 2 com o México e 1 x 1 com a Coreia do Sul). Em 2002, empatou com o Japão (2 x 2) e com a Tunísia (1 x 1). Na última rodada, enfim, venceu a Rússia por 3 x 2, quando os russos se classificariam com um empate. Nas oitavas de final, fez um jogo duríssimo contra o futuro campeão Brasil, mas perdeu por 2 x 0, em uma arbitragem muito controversa, que anulou um gol de Wilmots quando a partida ainda estava empatada sem gols, alegando falta do belga (que claramente não aconteceu).


Bart Goor avançando entre Toda e Daisuke Ichikawa (Imagem: Getty Images)

FICHA TÉCNICA:

 

JAPÃO 2 x 2 BÉLGICA

 

Data: 04/06/2002

Horário: 18h00 locais

Estádio: Saitama Stadium

Público: 55.256

Cidade: Saitama (Japão)

Árbitro: William Mattus (Costa Rica)

 

JAPÃO (3-5-2):

BÉLGICA (4-4-2):

12 Seigo Narazaki (G)

1  Geert De Vlieger (G)

3  Naoki Matsuda

15 Jacky Peeters

4  Ryuzo Morioka (C)

16 Daniel Van Buyten

16 Kōji Nakata

4  Eric Van Meir

22 Daisuke Ichikawa

12 Peter Van der Heyden

21 Kazuyuki Toda

18 Yves Vanderhaeghe

7  Hidetoshi Nakata

6  Timmy Simons

5  Junichi Inamoto

10 Johan Walem

18 Shinji Ono

8  Bart Goor

11 Takayuki Suzuki

7  Marc Wilmots (C)

13 Atsushi Yanagisawa

11 Gert Verheyen

 

Técnico: Philippe Troussier

Técnico: Robert Waseige

 

SUPLENTES:

 

 

1  Yoshikatsu Kawaguchi (G)

13 Franky Vandendriessche (G)

23 Hitoshi Sogahata (G)

23 Frédéric Herpoel (G)

2  Yutaka Akita

2  Éric Deflandre

17 Tsuneyasu Miyamoto

3  Glen De Boeck

20 Tomokazu Myojin

5  Nico Van Kerckhoven

6  Toshihiro Hattori

14 Sven Vermant

19 Mitsuo Ogasawara

19 Bernd Thijs

15 Takashi Fukunishi

17 Gaëtan Englebert

14 Alex Santos

21 Danny Boffin

8  Hiroaki Morishima

20 Branko Strupar

9  Akinori Nishizawa

22 Mbo Mpenza

10 Masashi Nakayama

9  Wesley Sonck

 

GOLS:

57′ Marc Wilmots (BEL)

59′ Takayuki Suzuki (JAP)

67′ Junichi Inamoto (JAP)

75′ Peter Van der Heyden (BEL)

                                                             

CARTÕES AMARELOS:

21′ Peter Van der Heyden (BEL)

31′ Kazuyuki Toda (JAP)

54′ Junichi Inamoto (JAP)

62′ Gert Verheyen (BEL)

82′ Eric Van Meir (BEL)

 

SUBSTITUIÇÕES:

64′ Shinji Ono (JAP) ↓

Alex Santos (JAP) ↑

 

68′ Takayuki Suzuki (JAP) ↓

Hiroaki Morishima (JAP) ↑

 

68′ Johan Walem (BEL) ↓

Wesley Sonck (BEL) ↑

 

71′ Ryuzo Morioka (JAP) ↓

Tsuneyasu Miyamoto (JAP) ↑

 

83′ Gert Verheyen (BEL) ↓

Branko Strupar (BEL) ↑

Gols da partida e lances duvidosos:

… 03/06/1962 – União Soviética 4 x 4 Colômbia

Três pontos sobre…
… 03/06/1962 – União Soviética 4 x 4 Colômbia


(Imagem localizada no Google)

● As seleções de União Soviética e Colômbia treinaram no mesmo local. Esse bom clima entre ambos se refletiu em campo.

Se compararmos a carnificina que vimos na primeira fase, esse jogo foi praticamente um amistoso.

Muitos achavam que jogar contra os colombianos seria moleza para os soviéticos, já que estes eram considerados fortes favoritos inclusive para a conquista do título mundial.

A seleção colombiana debutava em Copas do Mundo. Tinha uma equipe técnica e ofensiva, mas era fraquíssima e desobediente taticamente.

A URSS vinha de excelentes resultados, como a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de 1956 e a conquista do título da primeira Eurocopa, disputada em 1960. Era mesmo uma grande geração, com destaques como o goleiro Lev Yashin, os meias Igor Netto e Igor Chislenko e o atacante Valentin Ivanov. Essa mesma base ainda seria vice-campeã da Euro em 1964 e 4º lugar na Copa do Mundo de 1966.


Ambas seleções atuavam no sistema 4-2-4

● Apenas 8.040 pessoas assistiram à partida no estádio Carlos Dittborn, em Arica.

Os colombianos começam com uma incrível demonstração de técnica, com toques de efeito na bola, mas logo os soviéticos dominam o jogo.

Aos oito minutos, Óscar López tenta tirar a bola da área e joga nos pés de Ivanov, que chuta de primeira da entrada da área e fuzila o goleiro Sánchez.

Dois minutos depois, Ivanov lança para Chislenko, que entra na área, dribla um adversário e toca na saída do goleiro.

Tudo indicava uma enorme goleada, porque um minuto depois Ivanov chuta cruzado, do bico da área, e manda a bola no canto direiro de Sánchez. Com apenas 11 minutos de jogo, o placar já apontava 3 a 0 para a URSS.

Mas aos 21′, os colombianos furam a “Cortina de Ferro” soviética. Serrano toca para Germán Aceros, que gira e, com um toque, encobre o goleiro Yashin, que estava adiantado.

O gol parece dar vida nova aos colombianos e deixa os soviéticos sem saber o que esperar.

Na segunda etapa, os sul-americanos continuam pressionando e os europeus se postam bem na defesa.

Aos 11′, Ponedelnik recebe na área e chuta sem defesa para o goleiro. Agora, 4 a 1 para a URSS.

Aos 23 minutos, escanteio para a Colômbia. Marcos Coll cobra o corner. Chokheli se posiciona na primeira trave, mas deixa a bola passar e Yashin fica só olhando. Chokheli levou uma bronca de Yashin e os soviéticos não se entenderam mais em campo. Esse é o único gol olímpico da história das Copas.


Marcos Coll, autor do único gol olímpico na história das Copas (Imagem: Pinterest)

Aos 27′, Klinger toca para González na esquerda. Ele rola para o meio da área e Antonio Rada chega chutando de primeira.

O dramático empate veio aos 41 minutos do segundo tempo. Klinger recebe lançamento de Rada, ganha a dividida contra Yashin e toca para o gol vazio.

Uma incrível reação dos colombianos depois se estarem perdendo por 3 a 0.


(Imagem: Anotando Fútbol)

● Essa foi a partida com mais gols na Copa de 1962.

Por mais que a arbitragem não tivesse sido questionada em nenhum lance dessa partida, anos depois, o árbitro brasileiro João Etzel Filho confessou que deu uma “ajudinha” aos colombianos: “Fui eu que empatei aquele jogo. Sou descendente de húngaros e odeios os russos desde a invasão soviética na Hungria em 1956”.

A Colômbia já havia perdido para o Uruguai por 2 a 1. Depois, ainda perderia para a Iugoslávia por 5 a 0. Foi lanterna do Grupo 1. O único ponto conquistado foi esse empate com a URSS.

Já os soviéticos terminaram em primeiro do grupo. Além deste empate, venceram a Iugoslávia (2 x 0) e o Uruguai (2 x 1). Caíram para os anfitriões, chilenos, nas quartas de final, em derrota por 2 a 1.


Cumprimentos iniciais entre o trio de arbitragem e os capitães Efraín “El Caimán” Sánchez e Igor Netto (Imagem localizada no Google)

FICHA TÉCNICA:

 

UNIÃO SOVIÉTICA 4 x 4 COLÔMBIA

 

Data: 03/06/1962

Horário: 15h00 locais

Estádio: Carlos Dittborn

Público: 8.040

Cidade: Arica (Chile)

Árbitro: João Etzel Filho (Brasil)

 

UNIÃO SOVIÉTICA (4-2-4):

COLÔMBIA (4-2-4):

1  Lev Yashin (G)

1  Efraín Sánchez (G)(C)

5  Givi Chokheli

4  Aníbal Alzate

7  Anatoli Maslyonkin

8  Hector Echeverri

6  Leonīds Ostrovskis

5  Jaime González

12 Valery Voronin

11 Óscar López

10 Igor Netto (C)

10 Rolando Serrano

22 Igor Chislenko

13 Germán Aceros

14 Valentin Ivanov

15 Marcos Coll

19 Viktor Ponedelnik

17 Marino Klinger

15 Viktor Kanevskyi

20 Antonio Rada

17 Mikheil Meskhi

21 Héctor González

 

Técnico: Gavriil Kachalin

Técnico: Adolfo Pedernera

 

SUPLENTES:

 

 

2  Vladimir Maslachenko (G)

2  Adelmo Vivas (G)

3  Sergo Kotrikadze (G)

3  Francisco Zuluaga

4  Eduard Dubinski

6  Ignacio Calle

8  Albert Shesternyov

7  Carlos Aponte

9  Nikolai Manoshin

16 Ignacio Pérez

11 Yozhef Sabo

9  Jaime Silva

20 Viktor Serebryanikov

12 Hernando Tovar

13 Gennadi Gusarov

14 Luis Paz

16 Aleksei Mamykin

18 Eusebio Escobar

21 Galimzyan Khusainov

19 Delio Gamboa

18 Slava Metreveli

22 Jairo Arias

 

GOLS:

8′ Valentin Ivanov (URSS)

10′ Igor Chislenko (URSS)

11′ Valentin Ivanov (URSS)

21′ Germán Aceros (COL)

56′ Viktor Ponedelnik (URSS)

68′ Marcos Coll (COL) (olímpico)

72′ Antonio Rada (COL)

86′ Marino Klinger (COL)

Melhores momentos da partida:

Gols do jogo:

Gol olímpico, marcado por Marcos Coll:

… 02/06/1962 – Brasil 0 x 0 Tchecoslováquia

Três pontos sobre…
… 02/06/1962 – Brasil 0 x 0 Tchecoslováquia


Cumprimentos iniciais entre o trio de arbitragem e os capitães Mauro Ramos de Oliveira e Ladislav Novák (Imagem: Getty Images / FIFA)

● Assim como hoje, o segundo dia do mês de junho de 1962 era um sábado. O Brasil inteiro colou seus ouvidos nos transmissores de rádio para ouvir o jogo contra a forte Tchecoslováquia. Embora o som não fosse ainda totalmente ausente de ruídos, tinha melhorado muito se comparado à precariedade com que acompanhamos a Copa do Mundo de 1958.

A trajetória do Brasil em gramados chilenos começou no dia 30 de maio, enfrentando o México e vencendo por 2 a 0, em Viña del Mar.

A Tchecoslováquia também vinha para o jogo credenciada pela bela vitória por 1 a 0 sobre a Espanha de Puskas e Gento em sua estreia. Tinha jogadores respeitados em todo o mundo, como o goleiro Schrojf, os defensores Lála e Novák, além do grande meia Josef Masopust.

Aymoré Moreira mantinha o mesmo time brasileiro, com a esperança de que nessa segunda partida, o escrete canarinho mostrasse mais futebol do que na estreia.


O Brasil atuava como em 1958, em um falso 4-2-4, se transformando em um 4-3-3 com o recuo voluntário de Zagallo


A Tchecoslováquia também jogava no esquema da moda de então, o 4-2-4, com destaque para o craque Josef Masopust

● As duas equipes demoram um tempo para se acertar em campo. É um jogo equilibrado, com muitas faltas, muita correria e pouco futebol.

Os brasileiros dão a impressão de que perderam parte do brilho que o havia consagrado, jogando um futebol mais defensivo do que quatro anos antes. Mesmo assim, dá bastante trabalho a Schrojf.

Os tchecos também atacam, mas não chegam a incomodar a defesa brasileira.

A melhor chance do Brasil foi de Mané Garrincha. Ele arranca em diagonal, da direita para o meio e chuta da entrada da área. O ótimo goleiro Viliam Schrojf não consegue segurar e apenas desvia a bola, que ainda bate em sua trave direita.

Espera-se a qualquer momento a explosão do gênio Pelé, que é muito bem marcado por Masopust.

O lance que decide o jogo ocorre aos 27 minutos do primeiro tempo. Pelé recebe um passe de Djalma Santos, limpa a jogada e bate forte de pé esquerdo, da entrada da área. A bola passa por Schrojf e toca de leve na trave. Pelé faz careta, mas todos pensam ser apenas um lamento por não ter feito o gol. Mas, na sequência, o camisa 10 cai ao chão e coloca a mão na virilha esquerda. Todos os olhos do mundo se voltam apreensivos para o craque.


Pelé e Masopust: um duelo de respeito (Imagem: Getty Images / FIFA)

Ele é atendido fora do campo e, completamente sem condições de jogo, vai fazer número na ponta direita, já que as substituições não eram permitidas na época.

Assim, para melhor balanceamento no campo, o técnico Aymoré Moreira manda Garrincha fazer o papel de Pelé pelo meio. Mas depois de ver a equipe levar certo sufoco, Aymoré inverte: volta Garrincha para a ponta e pede para Zagallo recuar.

Pelé fica em campo, isolado. Mas em um determinado momento, passam-lhe a bola e ele domina com dificuldades. À sua frente, posta-se o severo, porém cavalheiro, Masopust. O craque tcheco fica esperando, respeitosamente, o que o Rei decidiria fazer com a bola, mas ele a tocou pela lateral. O gesto de respeito de Masopust foi elogiado no mundo inteiro.

“É muito triste se machucar no meio de uma Copa do Mundo, é uma frustração muito grande.” ― Pelé recordaria depois

Sem Pelé e com todos os jogadores preocupados com ele, a Seleção não consegue vencer a retranca dos europeus e a partida termina sem gols. De qualquer forma, um resultado mais do que justo.


Pelé se lesionou e não jogou mais na competição (Imagem: Pinterest)

● Se já não bastasse o inesperado empate, havia uma dúvida cruel: seria possível conquistar o bicampeonato mundial sem o Rei Pelé? A esperança de que ele voltasse contra a Espanha era pequena. No dia seguinte, ela foi soterrada pelo médico da delegação brasileira, o Dr. Hilton Gosling. Em meio a um batalhão de repórteres, ele deu o diagnóstico fatal: Pelé distendeu o músculo adutor da coxa esquerda. Em outras palavras: o Rei estava fora da Copa.

Incrivelmente, depois de apenas três dias de partidas no Mundial, já havia 34 jogadores machucados. No quarto dia, já eram 50. O balanço final dessa violenta Copa foi, além de incontáveis lesões musculares, três fraturas de pernas, uma de nariz e uma de quadril.

Infelizmente, essa foi a última vez em que atuaram juntos os craques da linha de frente que deram o primeiro título mundial ao Brasil, em 1958: Garrincha, Didi, Vavá, Pelé e Zagallo.

Para o lugar do ainda menino Pelé, seria escolhido outro jovem craque: Amarildo, atacante de 21 anos do Botafogo.

O último jogo da primeira fase seria contra a Espanha e o Brasil precisaria vencer para passar às quartas de final.


Garrincha, Didi, Pelé, Vavá e Zagallo: talvez o maior ataque da história (Imagem: 7M Sports)

FICHA TÉCNICA:

 

BRASIL 0 x 0 TCHECOSLOVÁQUIA

 

Data: 02/06/1962

Horário: 15h00 locais

Estádio: Sousalito

Público: 14.903

Cidade: Viña del Mar (Chile)

Árbitro: Pierre Schwinte (França)

 

BRASIL (4-2-4):

TCHECOSLOVÁQUIA (4-2-4):

1  Gylmar (G)

1  Viliam Schrojf (G)

2  Djalma Santos

2  Jan Lála

3  Mauro (C)

3  Ján Popluhár

5  Zózimo

4  Ladislav Novák (C)

6  Nilton Santos

5  Svatopluk Pluskal

4  Zito

6  Josef Masopust

8  Didi

7  Jozef Štibrányi

7  Garrincha

8  Adolf Scherer

19 Vavá

10 Jozef Adamec

10 Pelé

19 Andrej Kvašňák

21 Zagallo

11 Josef Jelínek

 

Técnico: Aymoré Moreira

Técnico: Rudolf Vytlačil

 

SUPLENTES:

 

 

22  Castilho (G)

22 Pavel Kouba (G)

12 Jair Marinho

21 Jozef Bomba

13 Bellini

12 Jiří Tichý

14 Jurandir

13 František Schmucker

15 Altair

15 Vladimír Kos

16 Zequinha

16 Titus Buberník

17 Mengálvio

17 Tomáš Pospíchal

18 Jair da Costa

18 Josef Kadraba

9  Coutinho

9  Pavol Molnár

20 Amarildo

20 Jaroslav Borovička

11 Pepe

14 Václav Mašek


Garrincha tenta passar pelo meia Andrej Kvašňák (Imagem: Planet World Cup)

Lances importantes da partida:

Algumas momentos da partida:

Crônica de Nelson Rodrigues sobre a contusão de Pelé:

… 01/06/1986 – Brasil 1 x 0 Espanha

Três pontos sobre…
… 01/06/1986 – Brasil 1 x 0 Espanha


Casagrande lutando pela bola contra a zaga espanhola (Imagem: Futebol Nostálgico)

● Em 1983, alegando dificuldades econômicas, a Colômbia passou ao México a honra e a responsabilidade de sediar a Copa do Mundo de 1986. Assim, dezesseis anos depois, o México se tornou o primeiro país a receber duas edições do torneio. No Brasil, o sentimento era de nostalgia e superstição. Todos confiavam que a Seleção reencontraria o espírito vencedor de 1970, quando conquistou o tricampeonato no mesmo solo mexicano.

Após a derrota na Espanha em 1982, Telê Santana pediu demissão no fim daquele ano. Para substituí-lo, foi contratado Carlos Alberto Parreira, depois Edu Coimbra (irmão de Zico) e, por último, Evaristo de Macedo. Como nenhum deles alcançou os resultados esperados, a CBF atendeu aos apelos da torcida e convidou Telê para ser técnico novamente, às vésperas das eliminatórias.

Telê jamais teve o time definido, sob o pretexto de que sua equipe ideal ainda não estava completa. Ele ainda confiava no elenco de 1982, que, claramente, já não era mais o mesmo de antes. Seu time ideal era: Carlos; Leandro, Oscar, Edinho e Júnior; Cerezo, Falcão, Zico e Sócrates; Renato e Casagrande. Dirceu era o 12º homem.

Devido à indefinição da recuperação física de alguns atletas, foram 29 jogadores convocados para os treinamentos na Toca da Raposa, em Belo Horizonte, com muita briga por posição. Foram pouco menos de quatro meses de treinamentos, com dezenas de times escalados sem que se definisse o time titular. Essa forte concorrência e a convivência por tanto tempo resultou em brigas, discussões, fuga para as baladas, desencontros dentro e fora de campo.


Sócrates, Casagrande e Careca: esperanças de gol da Seleção Canarinho em 1986 (Imagem: Pedro Martinelli / Veja)

Em uma noite de folga da concentração, oito jogadores estenderam a diversão madrugada adentro. No retorno, seis deles pularam o muro da Toca da Raposa e não foram flagrados. Mas o lateral Leandro era o mais embriagado e não conseguiu voltar, entrando pela porta da frente carregado por Renato Gaúcho. Três meses depois, na hora de definir os cortes finais no elenco, Renato foi excluído por Telê, enquanto Leandro foi perdoado. Em solidariedade ao companheiro, Leandro decidiu abandonar a seleção no dia do embarque para o México. Zico e Júnior ainda foram à sua casa e tentaram fazê-lo mudar de ideia, mas ele já estava decidido a não ir. Mas o motivo alegado por Leandro é que ele estava atuando como zagueiro no Flamengo e não queria atuar mais como lateral direito, pois esta posição exigia um maior esforço físico que seu corpo não conseguia mais realizar.

Com a saída de Renato Gaúcho, todos os pontas da delegação acabaram cortados: além de Renato, não viajaram Marinho, Éder e Sídnei. Como crítica, ficou famoso o bordão “Bota ponta, Telê!”, criado por Jô Soares em seu personagem “Zé da Galera” no programa “Viva o Gordo”, na TV Globo.

Havia ainda a incerteza em torno das condições físicas de Zico. Foi lhe dado tempo para se recuperar durante o Mundial, mas Dirceu e Toninho Cerezo foram cortados, o que foi traumático para o grupo.

A desconfiança com o escrete canarinho era tão grande, que dois meses antes da Copa, Pelé, então com 45 anos de idade, declarou à revista Veja: “Posso ajudar o Brasil. Se o Telê me der tempo para me preparar, eu jogo pelo menos 45 minutos”.

Por sua vez, a Espanha estava em grande fase, invicta a oito jogos. Contava com uma boa geração, que tinha sido vice-campeã da Eurocopa de 1984. Além disso, na época em que eram mais raros jogadores estrangeiros em times europeus, os craques locais provavam sua qualidade ao emplacarem três times entre os finalistas das três competições mais importantes do continente: o Barcelona foi vice-campeão da Copa da Europa (atual UEFA Champions League), o Real Madrid foi campeão da Copa da UEFA (atual UEFA Europa League) e o Atlético de Madrid foi vice-campeão da Recopa Europeia (torneio extinto em 1999).

Além de bons jogadores como o goleiro Zubizarreta, o defensor Camacho, o meia Míchel e os atacantes Julio Salinas e Butragueño, o apelido de “Fúria” se justificava também por outros “atributos” muito bem simbolizados pelo zagueiro Andoni Goikoetxea. O jogador do Athletic ganhou o apelido de “Açougueiro de Bilbao” depois de romper os ligamentos do tornozelo de Diego Armando Maradona em 1983, quando este jogava pelo Barcelona. Dois anos antes, Goikoetxea quase encerrou a carreira do meia alemão Bernd Schuster, também do Barça.


O Brasil atuou no 4-4-2. Júnior e Sócrates eram dois dínamos no meio campo. Os volantes e os laterais também apoiavam com frequência.


Miguel Muñoz escalou a Espanha em uma formação 4-4-2, quase com duas linhas de 4 e os avanços dos meias Míchel e Julo Alberto. No ataque, contava com o faro de gol de Julio Salinas e Butragueño. Na defesa, destaque para o jovem goleiro Zubizarreta e para o capitão Camacho.

● Curiosamente, nos protocolos iniciais dessa partida, ao invés de executar o Hino Nacional Brasileiro, foi tocado o Hino à Bandeira.

No onze inicial, à exceção de Edinho, Sócrates e Júnior, a Seleção Brasileira era praticamente estreante em Copas do Mundo e a torcida temia que os atletas sentissem a pressão. Assim, pouco antes do jogo, o técnico Telê Santana cogitou sacar o goleiro Carlos e o zagueiro Júlio César, para entrar os mais experientes Leão e Oscar. Felizmente isso não foi feito.

Júlio César, de apenas 23 anos, anulou o badalado atacante Emilio Butragueño, destaque do Real Madrid. Carlos se agigantou no México e se tornou um dos melhores goleiros do Mundial.

Depois de um primeiro tempo equilibrado e sem grandes chances para nenhum dos dois lados, o Brasil levou um grande susto aos sete minutos da etapa final. O meia Francisco chutou de fora da área, a bola bateu no travessão e claramente cruzou a linha do gol, mas o árbitro australiano Christopher Bambridge e o bandeirinha holandês Jan Keizer não viram o gol legítimo e não validaram o lance.


No chute de Francisco, a bola claramente entrou no gol brasileiro (Imagem: Sebastião Marinho / O Globo)

Mas o travessão não ajudou o Brasil apenas na defesa. Foi fundamental também no ataque.

Aos 16 minutos do segundo tempo, Júnior conduziu a bola pela direita, entrou pelo meio e rolou para Careca. O camisa 9 limpou o lance e chutou com força, de dentro da área. A bola explodiu no travessão, tirando o goleiro Zubizarreta e toda a defesa espanhola da jogada, sobrando limpa para Sócrates, que só teve o trabalho de escorar de cabeça para o gol.

Depois da partida, o técnico espanhol Miguel Muñoz foi ácido ao dizer: “Este Brasil é inferior ao de 1982, porém mais aplicado taticamente. Marca melhor, atira-se com mais vitalidade à luta e pode ter em Sócrates um comandante mais livre para criar. Vai melhorar quando Zico se juntar a Sócrates. Aí vocês terão um grande time. Por enquanto é apenas razoável. Mas os juízes gostam”.

Foi uma atuação muito nervosa e sem inspiração do Brasil. Mas valeu pela estreia com vitória.


Sócrates aproveita o rebote e marca o gol da partida (Imagem: ESPN)

● Esses mesmos problemas se repetiram nas demais partidas. Contra a Argélia, foi um time desorganizado após a lesão que tirou o lateral direito Édson Abobrão da Copa, possibilitando uma pressão argelina na etapa final, até que Careca marcasse o gol da vitória por 1 a 0. Na terceira partida houve uma ingênua impressão de evolução, ao bater a Irlanda do Norte por 3 a 0, incluindo o fabuloso gol de Josimar (substituto de Édson). Mas mesmo terminando na liderança de seu grupo, com 100% de aproveitamento e sem sofrer gols, a Seleção não empolgou em momento algum.

Nas oitavas de final, um alento: goleada sobre a boa seleção polonesa por 4 a 0. Nas quartas de final, o Brasil fez sua melhor partida na Copa, mas empatou com a França, de Michel Platini, por 1 a 1 e perdeu nos pênaltis (4 x 3). Nessa partida, Zico teve a chance de cobrar um pênalti a 17 minutos do fim, logo depois de entrar em campo. O Galo bateu no canto esquerdo e o goleiro francês Joël Bats espalmou. O tetra seria adiado mais uma vez. Assim como em 1978, o Brasil terminou a Copa invicto, mas sem o título.

A Espanha ficou com a segunda vaga do Grupo D, vencendo a Irlanda do Norte por 2 a 1 e a Argélia por 3 a 0. Nas oitavas de final, a Espanha atropelou a surpreendente Dinamarca por 5 a 1. Parou nas quartas, nos pênaltis, após empatar com a Bélgica por 1 a 1 no tempo normal.

Curiosamente, os mexicanos apresentaram a “olla” ao mundo no dia 03 de junho de 1986, na vitória dos anfitriões sobre a Bélgica por 2 x 1. “Olla” significa “onda” em espanhol. Criada pelos mexicanos e hoje praticada pelo mundo afora, é uma coreografia coletiva em que a torcida levanta o corpo e os braços de modo sincronizado, fazendo uma onda “varrer” as arquibancadas. Embora tenha se popularizado no México, seria uma invenção dos americanos.


Seleção Brasileira em formação para foto oficial na partida contra a Espanha (Imagem: CBN)


Seleção espanhola em formação para foto oficial na partida contra o Brasil (Imagem: Efeito Fúria)

FICHA TÉCNICA:

 

BRASIL 1 x 0 ESPANHA

 

Data: 01/06/1986

Horário: 12h00 locais

Estádio: Jalisco

Público: 35.748

Cidade: Guadalajara (México)

Árbitro: Christopher Bambridge (Austrália)

 

BRASIL (4-4-2):

ESPANHA (4-4-2):

1  Carlos (G)

1  Andoni Zubizarreta (G)

2  Édson Boaro

2  Tomás

14 Júlio César

4  Antonio Maceda

4  Edinho (C)

8  Andoni Goikoetxea

17 Branco

3  José Antonio Camacho (C)

19 Elzo

5  Víctor Muñoz

15 Alemão

17 Francisco

6  Júnior

21 Míchel

18  Sócrates

11 Julio Alberto

8  Casagrande

19 Julio Salinas

9  Careca

9  Emilio Butragueño

 

Técnico: Telê Santana

Técnico: Miguel Muñoz

 

SUPLENTES:

 

 

12 Paulo Vítor (G)

13 Javier Urruticoechea (G)

22 Leão (G)

22 Juan Carlos Ablanedo (G)

13 Josimar

15 Chendo

3  Oscar

6  Rafael Gordillo

16 Mauro Galvão

7  Juan Antonio Señor

5  Falcão

14 Ricardo Gallego

20 Silas

18 Ramón María Calderé

21 Valdo

12 Quique Setién

10 Zico

10 Francisco José Carrasco

11 Edivaldo

16 Hipólito Rincón

7  Müller

20 Eloy

 

GOL: 62′ Sócrates (BRA)

 

CARTÕES AMARELOS:

4′ Julio Alberto (ESP)

82′ Branco (BRA)

 

SUBSTITUIÇÕES:

66′ Casagrande (BRA) ↓

Müller (BRA) ↑

 

79′ Júnior (BRA) ↓

Falcão (BRA) ↑

 

82′ Francisco (ESP) ↓

Juan Antonio Señor (ESP) ↑

Melhores momentos:

Partida completa:

… Zidane anuncia saída do Real Madrid

Três pontos sobre…
… Zidane anuncia saída do Real Madrid


(Imagem: The 18)

Zinédine Yazid Zidane é um dos maiores jogadores de todos os tempos. Para alguns, ele é o maior de sua posição. Conquistou Copa do Mundo, Eurocopa, UEFA Champions League, Copa Intercontinental e vários outros títulos como jogador. Se ele quisesse ficar sentado em cima de suas glórias dentro de campo, poderia tê-lo feito. Mas encerrou a carreira no auge de seus 34 anos recém completados.

E ele queria mais. Em 2013 passou a ser auxiliar técnico de Carlo Ancelotti no Real Madrid. O clube tinha passado a ser a sua casa havia doze anos. Em 2014, se tornou o técnico do Castilla, time B dos merengues. Mas era muito pouco.

Nos primeiros dias de 2016, após a demissão de Rafa Benítez, Zizou assumiu como treinador do time principal do Real. Desde então, em dois anos e meio, conquistou “apenas” 03 (TRÊS) UEFA Champions League consecutivas (2015/16, 2016/17 e 2017/18), dois Campeonatos Mundiais Interclubes (2016 e 2017), um Campeonato Espanhol (2016/17), duas Supercopas da UEFA (2016 e 2017) e uma Supercopa da Espanha (2017).


(Imagem: David Ramos / Getty Images)

Seria natural que ele se acomodasse em seu cargo e seguisse conquistando mais títulos. Mas novamente surpreendeu ao anunciar no dia de hoje, 31/05/2018, a sua saída do comando do clube blanco.

“Eu tomei a decisão de não continuar como técnico do Real Madrid, é um momento raro, mas esse time precisa de uma mudança para continuar ganhando, precisa de outro discurso, outra metodologia de trabalho e é por isso que tomei essa decisão.”

Como discordar? Mesmo vencendo, algumas de suas decisões eram questionadas e os atletas pareciam mesmo acomodados em alguns momentos. Realmente essa mudança pode dar um novo fôlego ao Madrid.

O presidente do clube, Florentino Pérez, ficou surpreso com a decisão, mas respeitou e disse não ser um “adeus”, mas sim um “até breve”. Em seus 15 anos de presidência, Pérez viu pela primeira vez um técnico pedir para sair do clube (foram 13 demitidos pelo mandatário).


(Imagem: Made in Foot / IconSport)

A expectativa é que se anuncie o novo técnico nas próximas horas. A imprensa espanhola cita alguns nomes como favoritos, como Mauricio Pochettino (Tottenham), Joachim Löw (da seleção alemã), Massimiliano Alegri (Juventus), Jurgen Klopp (Liverpool), Antonio Conte (Chelsea), Maurizio Sarri (ex-Napoli), Arsène Wenger (ex-Arsenal), Santiago Solari (Real Madrid Castilla) e Guti Hernández (Real Madrid Sub-20).

De todos esses nomes, o mais cotado e surpreendente é o de Guti, ídolo do clube como jogador (jogou com Zidane), que vem fazendo a equipe sub-20 encantar. Porém, seria uma escolha que viria seguida de muita pressão em um momento como esse. Talvez o ideal seria um nome mais tarimbado, como o de Arsène Wenger, deixando Guti como auxiliar técnico, em uma espécie de transição até o ídolo merengue assumir o comando.

Como escrevemos aqui, esse Real Madrid construiu uma dinastia. Mas toda dinastia acaba. Além da saída de Zizou, Cristiano Ronaldo falou em tom de despedida no último sábado e Gareth Bale já disse estar insatisfeito no clube. Será o fim desse Real como conhecemos? O time tem uma grande capacidade técnica e financeira para se reconstruir e continuar sendo dominante no continente. Resta saber se isso será feito com competência, como nos últimos anos, ou de forma atabalhoada, como nos anos anteriores.

Ao Míster Zidane, o madridismo só tem uma coisa a dizer: “Obrigado!” Zizou deixa o Real Madrid ainda maior do que era quando assumiu. Deixa um grande legado e sobe o nível de exigência da torcida. A enorme idolatria que tinha como jogador, conseguiu ser ainda maior como técnico.

… 31/05/1934 – Itália 1 x 1 Espanha

Três pontos sobre…
… 31/05/1934 – Itália 1 x 1 Espanha

“A Batalha de Florença”


(Imagem: Soccer Nostalgia)

● No jogo inaugural da segunda Copa do Mundo de futebol, a Itália havia massacrado os Estados Unidos com impiedosos 7 x 1. Enquanto isso, a Espanha venceu o Brasil com tranquilidade, por 3 x 1. Quis o sorteio feito quatro meses antes que as duas favoritas se encontrassem já nas quartas de final.

Era a partida mais aguardada do campeonato até então. Talvez uma final antecipada. Mas o cenário não era dos mais favoráveis aos espanhóis, já que os italianos jogavam diante de sua torcida e sob o olhar atento do ditador Benito Mussolini, “Il Duce”. Eram mais de 35 mil expectadores ansiosos para ver a vitória do regime fascista sobre qualquer que fosse o adversário. Mas o que assistiram foi mais uma guerra do que um jogo de futebol.


A Itália jogava em uma adaptação do sistema 2-3-5 chamada “Metodo”, que consistia no ligeiro recuo de dois atacantes, deixando o ataque em uma espécia de “W”, com dois meia-atacantes, dois pontas bem abertos e um centroavante.


Nos anos 1930, praticamente todas as equipes atuavam no ofensivo sistema “clássico” ou “pirâmide”, o 2-3-5.

● Segundo Paulo Vinícius Coelho, autor do livro “Os 55 maiores jogos das Copas do Mundo” (2010), “em vez de súmula, o clássico Itália e Espanha poderia ter um boletim de ocorrência, com os nomes das vítimas”.

Em um duelo muito equilibrado, os espanhóis foram superiores técnica e psicologicamente, não dando ouvidos às arquibancadas do estádio Giovanni Berta, que entoavam o slogan fascista “Vitória ou morte”.

A Fúria abriu o placar aos 30 minutos de jogo, com o atacante Luis Regueiro.

Amedrontado, o árbitro belga Louis Baert não teve coragem de expulsar nenhum italiano – apesar muitos merecerem. Especialmente o ótimo centromédio Luisito Monti, que não se furtou a utilizar os mais baixos artifícios e abriu sua “caixa de ferramentas”.

Além disso, o gol italiano foi irregular: o atacante Angelo Schiavio tirou o goleiro espanhol Zamora do lance com uma cotovelada, enquanto a bola ficava livre para Giovanni Ferrari marcar o tento que igualou o placar, a um minuto do intervalo. O juiz fez vista grossa. Esse foi o primeiro e indiscutível grande roubo na história das Copas. Mas a Itália de Mussolini tinha que vencer a qualquer preço.

Na etapa final, a Itália distribuiu pancadas e a Espanha se segurou na defesa, graças ao machucado Zamora e à dupla de zaga Ciriaco e Quincoces (todos do Real Madrid).


Seleção italiana na primeira partida contra a Espanha na Copa do Mundo de 1934 (Imagem: La Nazionale Italiana, 1978 / Soccer Nostalgia)
Em pé: Combi, Monti, Guaita, Schiavio, Allemandi, Ferrari e Castellazzi;
Agachados: Pizziolo, Monzeglio, Meazza e Orsi.


Seleção espanhola na primeira partida contra a Itália na Copa do Mundo de 1934 (Imagem: Todo Sobre La Selección Española, 2006 / Soccer Nostalgia)
Em pé: Iraragorri, Ramón “Moncho” Encinas (assistente técnico), Quincoces, Zamora, Cilaurren, Fede, Lafuente e Regueiro;
Agachados: Ciriaco, Gorostiza e Muguerza.

● Já veterano, o lendário capitão Ricardo “El Divino” Zamora era considerado o melhor goleiro do mundo na época. Ainda hoje ele dá nome à premiação do goleiro menos vazado em cada edição do Campeonato Espanhol. A história conta que ele defendeu cinco bolas praticamente dentro do gol, impedindo a vitória italiana contra os bravos espanhóis.

O placar de 1 x 1 permaneceu no tempo normal. Na prorrogação, o máximo que as equipes conseguiram foi uma bola na trave para cada lado, obrigando a disputa de um jogo extra.


(Imagem: Pinterest)

FICHA TÉCNICA:

 

ITÁLIA 1 X 1 ESPANHA

 

Data: 31/05/1934

Horário: 16h30 locais

Estádio: Giovanni Berta

Público: 35.000

Cidade: Florença (Itália)

Árbitro: Louis Baert (Bélgica)

 

ITÁLIA (2-3-5):

ESPANHA (2-3-5):

Giampiero Combi (G)(C)

Ricardo Zamora (G)(C)

Eraldo Monzeglio

Ciriaco Errasti

Luigi Allemandi

Jacinto Quincoces

Mario Pizziolo

Leonardo Cilaurren

Luis Monti

José Muguerza

Armando Castellazzi

Fede

Enrique Guaita

Ramón de Lafuente

Giuseppe Meazza

José “Chato” Iraragorri

Angelo Schiavio

Isidro Lángara

Giovanni Ferrari

Luis Regueiro

Raimundo Orsi

Guillermo Gorostiza

 

Técnico: Vittorio Pozzo

Técnico: Amadeo García Salazar

 

SUPLENTES:

 

 

Guido Masetti (G)

Juan José Nogués (G)

Giuseppe Cavanna (G)

Ramón Zabalo

Umberto Caligaris

Hilario

Virginio Rosetta

Pedro Solé

Luigi Bertolini

Luis Martín

Attilio Ferraris IV

Martín Marculeta

Mario Varglien I

Chacho

Pietro Arcari

Campanal

Felice Borel II

Crisanto Bosch

Anfilogino Guarisi

Martí Ventolrà

Attilio Demaría

Simón Lecue

 

GOLS:

30′ Luis Regueiro (ESP)

44′ Giovanni Ferrari (ITA)


… 01/06/1934 – Itália 1 x 0 Espanha (Partida de Desempate)


(Imagem: Guerin Sportivo I Mondiali del 1934 / Soccer Nostalgia)

● A partida de desempate, marcada para apenas 24 horas depois, no mesmo estádio, começou com o resultado decidido. Era mera formalidade.

Desgastados pela partida anterior, os dois times estavam bem modificados. A Itália vinha com quatro alterações. A Espanha teve sete atletas “feridos”, já que em guerras não há lesionados (como disse Edgardo Martolio no livro “Glória Roubada”): Ciriaco, Fede, Lafuente, Iraragorri, Gorostiza, Lángara e Zamora, o mais machucado deles, com duas costelas fraturadas após uma didivida na qual o juiz belga nem falta marcou.

Agora havia um outro árbitro em campo, mas Mussolini continuava mandando no apito. Se não fosse capaz de vencer na bola, a “Azzurra” teria toda a ajuda “externa” possível.


A Itália teve quatro alterações em relação ao jogo anterior, mas permaneciam com as peças chave para seu estilo de jogo, especialmente o meia-atacante Giuseppe Meazza e os pontas Enrique Guaita e “Mumo” Orsi.


A seleção espanhola foi obrigada a fazer sete alterações em relação aos atletas que atuaram um dia antes. O sistema tático permaneceu o mesmo, o 2-3-5.

● Quem definiu o resultado foi o juiz suíço René Mercet. Ele deixou a pancadaria rolar solta. Ainda na primeira etapa, o ponta espanhol Crisanto Bosch foi violentamente atingido por Luisito Monti. Como as substituições não eram permitidas na época, ele permaneceu em campo apenas para fazer número.

O substituto de Zamora, Juan José Nogués, que jogava no Barcelona, era um goleiro valoroso, mas não imbatível como o titular. Ele não comprometeu, já que o gol de Giuseppe Meazza, marcado aos 11 minutos do primeiro tempo, foi indefensável. Enquanto Meazza marcava o gol, o argentino Demaría segurava Nogués, impedindo que ele pudesse ir na bola. Era uma artimanha muito utilizada pelos italianos, que não era coibida pela arbitragem.

O árbitro suíço, além de validar o gol irregular do italiano, ainda anulou dois tentos legítimos dos espanhóis no segundo tempo: um de Campanal, após marcar impedimento de Regueiro, que não estava no lance, e outro do próprio Regueiro, depois de ter voltado atrás em uma vantagem e apitado falta para a Espanha depois que a bola já estava nas redes. Dessa vez o roubo foi tão evidente que a FIFA e a federação suíça expulsaram o juiz de seus quadros. Mas nada modificaria a vitória italiana.

Apesar da derrota, os espanhóis foram recebidos como heróis em seu país. A população considerou que seus atletas foram bravos e valentes, enquanto os italianos venceram graças a um jogo sujo. Houve, inclusive, quem contribuísse para que os jogadores recebessem uma medalha de ouro e uma premiação em dinheiro como reconhecimento pelo bela competição que fizeram.


Seleção italiana na partida desempate contra a Espanha na Copa do Mundo de 1934 (Imagem: La Nazionale Italiana, 1978 / Soccer Nostalgia)
Em pé: Vittorio Pozzo (técnico), Combi, Ferraris IV, Allemandi, Monti, Guaita e Carlo Carcano (assistente técnico);
Agachados: Bertolini, Orsi, Monzeglio, Meazza, Borel II e Demaría.


Seleção espanhola na partida desempate contra a Itália na Copa do Mundo de 1934 (Imagem: Todo Sobre La Selección Española, 2006 / Soccer Nostalgia)
Em pé: Campanal, Vantoira, Nogués, Bosch, Zabalo, Muguerza, Chacho, Lecue, Cilaurren;
Agachados: Regueiro e Quincoces.

● Em 1934, a Itália se tornou a única seleção que disputou três jogos de Copa do Mundo em apenas quatro dias. Em 31/05/1934, empatou com a Espanha por 1 x 1. No dia seguinte, venceu o jogo desempate por 1 x 0. No dia 03/06, venceu a Áustria por 1 x 0 na semifinal – quando a arbitragem voltou a favorecer o time local.

Na decisão, outra vitória bastante controversa contra a Tchecoslováquia, de virada, por 2 x 1.

Benito Mussolini levou sua Itália fascista ao título da segunda Copa do Mundo. Festa para os “tifosi” (torcedores) e para “Il Duce”.

Todos temiam ao “Duce”. Após o título, o técnico Vittorio Pozzo fez uma declaração cheia de apologias ao regime fascista, ao comentar sobre os adversários:

“A partida mais difícil de todas foi contra a Espanha. Precisamos passar por 210 minutos de jogo para vencer. Nenhum outro time nos exigiu tanto. Com tal valor se comportaram os espanhóis naquelas duas partidas em Florença, que foram necessários homens de têmpera especial para batê-los, homens fortes e confiantes como só o fascismo pode criar.”


(Imagem: Guerin Sportivo I Mondiali del 1934 / Soccer Nostalgia)

FICHA TÉCNICA:

 

ITÁLIA 1 X 0 ESPANHA

 

Data: 01/06/1934

Horário: 16h30 locais

Estádio: Giovanni Berta

Público: 43.000

Cidade: Florença (Itália)

Árbitro: René Mercet (Suíça)

 

ITÁLIA (2-3-5):

ESPANHA (2-3-5):

Giampiero Combi (G)(C)

Juan José Nogués (G)

Eraldo Monzeglio

Ramón Zabalo

Luigi Allemandi

Jacinto Quincoces (C)

Attilio Ferraris IV

Leonardo Cilaurren

Luis Monti

José Muguerza

Luigi Bertolini

Simón Lecue

Enrique Guaita

Martí Ventolrà

Giuseppe Meazza

Luis Regueiro

Felice Borel II

Campanal

Attilio Demaría

Chacho

Raimundo Orsi

Crisanto Bosch

 

Técnico: Vittorio Pozzo

Técnico: Amadeo García Salazar

 

SUPLENTES:

 

 

Guido Masetti (G)

Ricardo Zamora (G)

Giuseppe Cavanna (G)

Ciriaco Errasti

Umberto Caligaris

Hilario

Virginio Rosetta

Pedro Solé

Armando Castellazzi

Luis Martín

Mario Pizziolo

Martín Marculeta

Mario Varglien I

Fede

Pietro Arcari

Isidro Lángara

Angelo Schiavio

Guillermo Gorostiza

Anfilogino Guarisi

Ramón de Lafuente

Giovanni Ferrari

José “Chato” Iraragorri

 

GOL: 11′ Giuseppe Meazza (ITA)

Resumo rápido da partida:

Algumas imagens da partida: