Três pontos sobre… … A estreia profissional mais precoce da história do futebol
Julio César e Mauricio Baldivieso, protagonistas desse feito histórico (Imagem localizada no Google)
● Julio César Baldivieso é um dos mais importantes jogadores da história do futebol boliviano. Ele era destaque no elenco que classificou seu país à Copa do Mundo de 1994, quebrando um jejum de 44 anos, já que a Bolívia não disputava um Mundial desde 1950. Após se aposentar no Club Aurora, em 2008, Julio César logo se tornou o técnico do clube.
Nas categorias de base do time, havia um garoto de 10 anos, que incrivelmente já havia disputado algumas partidas nas categorias inferiores. Esse menino se diferenciava pelo porte físico e talento. Mas seu maior destaque era seu sobrenome, que soa tão familiar: Baldivieso! Era Mauricio Baldivieso, filho do técnico Julio César Baldivieso.
Após seu pai se tornar treinador, Mauricio começou a treinar esporadicamente com a equipe titular, até que a “comissão técnica” (provavelmente por questões subjetivas, como os laços familiares…) achou por bem convocá-lo para uma partida oficial.
Vídeo especial sobre a estreia de Mauricio no futebol, com menos de 13 anos de idade.
● O grande dia foi 19/07/2009. Exatos três dias antes do rebento completar 13 anos de vida (nasceu em Cochabamba, no dia 22/07/1996). Naquela partida, se enfrentavam Aurora e La Paz. Mauricio começou no banco, mas seu pai lhe deu a camisa 10 que até a pouco tempo era dele.
A criança entrou em campo aos 36 minutos do segundo tempo e participou dos dez minutos finais. Não foi a estreia dos sonhos. Além do Aurora ter perdido por 1 a 0 no campo rival, Mauricio foi atingido cruelmente pelo adversário Henry Alaca, já que todos os jogadores do La Paz acharam um abuso colocarem um imberbe para jogar entre eles. Mesmo chorando muito, Mauricio continuou até o apito final.
Os problemas começaram pouco depois da partida. Foram incontáveis as críticas feitas ao treinador. Além da irresponsabilidade de colocar uma criança em campo, foi acusado de tratar favoravelmente seu filho. A pressão foi tão grande, que a diretoria do clube proibiu a participação do jovem no torneio, provocando a demissão de Julio César e, consequentemente, também a saída de Mauricio do clube.
Mauricio: uma criança entre adultos (Imagem localizada no Google)
● Apesar disso, três anos depois, ambos retornaram ao clube e Mauricio teve a oportunidade de jogar mais vezes, mesmo ainda sendo um adolescente em formação. Inclusive, aos 16 anos, se tornou também o jogador mais jovem a disputar uma partida internacional, na Copa Sul-Americana, jogando pelo mesmo Aurora, contra o Cerro Largo, do Uruguai.
Nos anos seguintes, em todos os clubes que o pai treinou, ele levou o filho para ser seu jogador (Aurora, Real Potosí, Nacional Potosí e Universitario de Sucre). Até que em 2016, enquanto Julio era o técnico da seleção boliviana, Mauricio caminhava com as próprias pernas no Jorge Wilstermann, fazendo parte do elenco que conquistou o Torneio Clausura da temporada 2015/16.
Mesmo com todo o furor causado, Mauricio tem histórico quase nulo pela seleção boliviana. Foi convocado para o Campeonato Sul-Americano Sub-20 de 2015, no Uruguai, mas só jogou uma partida no torneio.
Apesar de já ter sido especulado em clubes estrangeiros (como Newell’s Old Boys-ARG e Vitória-BA), sempre permaneceu em seu país. Atualmente, Mauricio tem 22 anos e está sem clube desde janeiro de 2018.
Três pontos sobre… … E se ainda existissem União Soviética, Iugoslávia, Tchecoslováquia…
Luka Modrić (croata) e Edin Džeko (bósnio). Seriam companheiros de seleção, se a Iugoslávia não tivesse se dissolvido. (Imagem: Sky Sports)
Sempre que chega a proximidade de competições como a Copa do Mundo ou a Eurocopa nós fazemos um exercício de imaginação: e se ainda existissem as seleções de futebol da União Soviética, Iugoslávia, Tchecoslováquia… Quais seriam os jogadores e qual seria o nível dessas respectivas seleções?
Se essas mudanças geográficas serviram para corrigir vários erros históricos de déspotas como, por exemplo, Josef Stalin e Josip Broz Tito, por outro lado enfraqueceram o esporte, separando grandes jogadores para seleções rivais.
Imaginem só uma seleção iugoslava com Jan Oblak no gol, o meio campo com Matić, Pjanić, Rakitić e Modrić, além de Edin Džeko no ataque? Possivelmente daria algum trabalho às grandes equipes mundiais.
Logicamente um amontoado de bons jogadores não se torna um grande time. Portanto, para esse exercício de montar “seleções imaginárias”, é necessário um pouco de boa vontade.
Com algumas horas de pesquisa e o auxílio de minha excelente memória, “escalei” os jogadores das “seleções” abaixo.
Faltou alguém? Que os leitores me ajudem a corrigir alguma eventual injustiça.
● ANTIGA UNIÃO SOVIÉTICA (4-2-3-1)
A dissolução da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas ocorreu em setembro de 1991 em 15 países: Rússia, Ucrânia, Geórgia, Bielorrússia, Armênia, Azerbaijão, Moldávia, Estônia, Letônia, Lituânia, Cazaquistão, Uzbequistão, Quirguistão, Tajiquistão e Turcomenistão.
G – Igor Akinfeev (Rússia)
LD – Bohdan Butko (Ucrânia)
DC – Yaroslav Rakitskiy (Ucrânia)
DC – Ragnar Klavan (Estônia)
LE – Yuri Zhirkov (Rússia)
V – Taras Stepanenko (Ucrânia)
MC – Denis Glushakov (Rússia)
MD – Andriy Yarmolenko (Ucrânia)
MA – Henrikh Mkhitaryan (Armênia)
ME – Yevhen Konoplyanka (Ucrânia)
AC – Fyodor Smolov (Rússia)
T – Andriy Shevchenko (Ucrânia)
● ANTIGA IUGOSLÁVIA (3-1-3-3)
Em 1991, separaram-se da Iugoslávia os países: Croácia, Eslovênia, Macedônia e Bósnia e Herzegovina (esta, com um grande conflito étnico-religioso). Em 2006, foi a vez da cisão entre Montenegro e Sérvia. Em 2008, Kosovo se declarou independente dos sérvios (apesar de não ser reconhecido internacionalmente).
G – Jan Oblak (Eslovênia)
DC – Branislav Ivanović (Sérvia)
DC – Stefan Savić (Montenegro)
DC – Matija Nastasić (Sérvia)
V – Nemanja Matić (Sérvia)
MC – Miralem Pjanić (Bósnia e Herzegovina)
MC – Luka Modrić (Croácia)
MC – Ivan Rakitić (Croácia)
ME – Ivan Perišić (Croácia)
AC – Mario Mandžukić (Croácia)
AC – Edin Džeko (Bósnia e Herzegovina)
T – Siniša Mihajlović (Sérvia)
● ANTIGA TCHECOSLOVÁQUIA (4-1-4-1)
Foi a mais simples de todas essas cisões. Tão tranquila, que foi chamada de “Separação de Veludo”, que deu origem a Tchéquia (clique no link) e Eslováquia, a partir de 1992.
G – Petr Čech (Tchéquia)
LD – Theodor Gebre Selassie (Tchéquia)
DC – Martin Škrtel (Eslováquia)
DC – Milan Škriniar (Eslováquia)
LE – Michal Kadlec (Tchéquia)
V – Juraj Kucka (Eslováquia)
MA – Miroslav Stoch (Eslováquia)
MA – Jaroslav Plašil (Tchéquia)
MA – Marek Hamšík (Eslováquia)
PE – Vladimír Weiss (Eslováquia)
AC – Patrik Schick (Tchéquia)
T – Zdeněk Zeman (Tchéquia)
● ANTIGA ALEMANHA ORIENTAL (4-3-3)
Esse foi um caso inverso. Em 09/11/1991, foi derrubado o Muro de Berlim, que dividia a capitão alemã e todo o país em dois: a República Federal da Alemanha (Alemanha Ocidental, capitalista) e a República Democrática Alemã (Alemanha Oriental, comunista). Mas a oficialização da reunificação se deu apenas em 1990 e é comemorada todo dia 03 de outubro.
G – René Adler (Mainz 05)
DC – Jordan Torunarigha (Hertha Berlin)
DC – Ohis Felix Uduokhai (Wolfsburg)
DC – Tony Jantschke (Borussia Mönchengladbach)
LE – Marcel Schmelzer (Borussia Dortmund)
V – Paul Seguin (Dynamo Dresden)
MC – Toni Kroos (Real Madrid)
MC – Robert Tesche (Bochum)
P – Marcel Hilßner (Hansa Rostock)
P – Patrick Ebert (Rayo Vallecano)
AC – Nils Petersen (Freiburg)
T – Matthias Sammer
● REINO UNIDO (4-1-4-1)
O Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte é uma junção de quatro nações: Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte. Todas constituem um único país, embora tenham seleções próprias em vários esportes, principalmente futebol e rugby.
G – Joe Hart (Inglaterra)
LD – Kyle Walker (Inglaterra)
DC – Gary Cahill (Inglaterra)
DC – John Stones (Inglaterra)
LE – Ben Davies (País de Gales)
V – Jordan Henderson (Inglaterra)
MC – Aaron Ramsey (País de Gales)
MA – Dele Alli (Inglaterra)
PE – Marcus Rashford (Inglaterra)
PD – Gareth Bale (País de Gales)
AC – Harry Kane (Inglaterra)
T – Ryan Giggs (País de Gales)
● BRASILEIROS QUE ATUAM POR OUTRAS SELEÇÕES (4-3-3)
Aproveitamos a oportunidade também para “escalar” os jogadores com nacionalidade brasileira, mas que vestem camisas de outras seleções. O primeiro brasileiro a defender outra seleção em Copas do Mundo foi o ex-ponta direita do Corinthians, Filó, nascido Amphilóquio Guarisi Marques e conhecido na Itália como Anfilogino Guarisi. Ele jogou uma partida pela Squadra Azzurra no Mundial de 1934, quando a Itália se sagrou campeã jogando em casa.
G – Guilherme Marinato (Rússia)
LD – Mário Fernandes (Rússia)
DC – Pepe (Portugal)
DC – Léo Lacroix (Suíça)
DC – Thiago Cionek (Polônia)
MC – Thiago Motta (Itália)
MC – Jorginho (Itália)
MC – Thiago Alcántara (Espanha)
PD – Éder (Itália)
PE – Marlos (Ucrânia)
AC – Diego Costa (Espanha)
Três pontos sobre… … Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 1958
(Imagem: Baú do Futebol)
● As cinco primeiras Copas do Mundo ofereceram uma experiência extraordinária para a Seleção Brasileira. Assim, para a Copa de 1958, na Suécia, a CBD organizou melhor a seleção dentro e fora de campo. Pela primeira vez, a delegação contava com supervisor (Carlos Nascimento, do Bangu), preparador físico (Paulo Amaral, do Botafogo), médico (Hilton Gosling, do Bangu), dentista (Mário Trigo de Loureiro, fundamental também por descontrair qualquer ambiente com suas piadas), massagista (Mário Américo) e até um psicólogo (João Carvalhaes).
O processo de escolha do técnico foi o resultado de um consenso entre João Havelange, presidente da CBD desde o início do ano, e Paulo Machado de Carvalho, chefe da delegação brasileira na Copa (e fundador da Rede Record). Vários nomes foram cogitados, como o paraguaio Fleitas Solich (técnico do Flamengo), Flávio Costa (técnico da Copa de 1950) e Zezé Moreira (técnico da Copa de 1954). Mas escolheram Vicente Feola, que era auxiliar técnico de Béla Guttmann no São Paulo, quando o húngaro implementou um inédito esquema tático com quatro zagueiros no clube paulista, semelhante à grande seleção da Hungria de 1954. Feola utilizaria também este sistema na Seleção.
Dr. Paulo encomendou um plano de preparação bem detalhado para a Copa, elaborado por três jornalistas da TV Record: Paulo Planet Buarque, Flávio Iazzetti e Ary Silva. Nele, foi traçado todo o roteiro de treinamento, dia a dia, desde a manhã da apresentação, no dia 07/04, o embarque para a Europa, no dia 24/05 e até a realização dos jogos amistosos.
A preparação toda foi cercada de muitos cuidados. A delegação levou carne e um cozinheiro para a concentração no Turist Hotel, na pacata cidade de Hindås, à beira de um belo lago. Para não correr nenhum risco, a comissão técnica escolheu o local um ano antes e conseguiu convencer a direção do hotel a substituir, naquele mês, 28 funcionárias mulheres (cozinheiras, garçonetes e arrumadeiras) por homens.
Para se ter uma noção da dificuldade de comunicação entre Brasil e Suécia na época (e também do rigor da concentração da Seleção), havia um dia específico marcado para cada um telefonar ao Brasil. Essa ligação poderia ocorrer só uma vez por semana e não deveria ultrapassar três minutos.
Os brasileiros introduziram uma novidade nos modelos esportivos usados na época: os calções curtos e camisas com modelos mais adequados para a prática do futebol. Em seu estágio primitivo, os calções chegavam aos joelhos e as camisas tinham até bolso.
Tudo foi planejado de forma inédita, da melhor maneira possível. Uma preparação de campeão. Essa enorme equipe técnica só falhou em um pequeno detalhe: esqueceu de informar à FIFA os números das camisas dos jogadores. Reza a lenda que, assim, coube ao uruguaio Lorenzo Villizio, integrante do comitê organizador da Copa, definir os números com base no que conhecia dos jogadores. E ele cometeu erros grosseiros, como dar a camisa 3 para o goleiro Gylmar e a 9 ao zagueiro reserva Zózimo. Por uma grande e feliz coincidência, a camisa 10 ficou com Pelé.
Pelé chora de emoção, amparado pelo grande goleiro Gylmar (Imagem: O Globo)
● O brasileiro sofria de “complexo de vira-lata”. Essa expressão foi criada pelo jornalista e dramaturgo Nelson Rodrigues (irmão de Mário Filho, também jornalista, que dá nome ao estádio Maracanã). Ela refletia o sentimento que tomou conta do país depois da derrota na Copa de 1950. Mesmo quando a Seleção demonstrava um bom futebol, esse complexo fazia a torcida duvidar. Sempre tinha um “pé atrás”. Didi era um craque de reconhecido nível mundial, mas no Brasil era criticado por ser preguiçoso nos treinamentos. Essa “síndrome” só terminaria quando viesse uma grande conquista.
Desde a Copa de 1938, o jogador brasileiro sempre chamou a atenção por sua habilidade e irreverência. Mas a falta de um título mundial colocava nosso futebol em xeque. Para a maioria, faltava seriedade aos craques e técnica aos mais sérios. Sempre enxergamos isso mais como um problema do que como uma solução. Mas a Seleção de 1958 veio para mudar esse estigma, com o irreverente Garrincha e o carrancudo Didi.
O Brasil chegou à Suécia sem despertar maiores interesses da imprensa e do público de modo geral. Embora tivesse vários jogadores de qualidade reconhecida, era apenas mais uma boa equipe dentre tantas outras. A equipe passou pelas eliminatórias empatando com o Peru, em Lima (1 x 1) e vencendo o jogo de volta por 1 a 0, no Maracanã, com um gol de Didi cobrando falta, com sua famosa “folha-seca”. Mesmo com dificuldades, o Brasil estava pronto para disputar de verdade o título mundial.
De todos os 33 convocados da lista inicial, a ausência mais sentida foi do craque veterano Zizinho, que ainda jogava em altíssimo nível, mesmo aos 37 anos. Mas havia uma geração de craques a serviço do escrete canarinho. Formado por 12 atletas do Rio de Janeiro e 10 de São Paulo, era uma equipe equilibrada, que podia apostar também no vigor físico de seus atletas. Dos jogadores que entraram em campo, apenas Nílton Santos tinha mais que 30 anos. Os caçulas eram Pelé, com 17, e Mazzola, com 19. A média de idade era de 25 anos.
O elenco se apresentou no dia 07/04 e iniciou os treinamentos nas cidades mineiras de Poços de Caldas e Araxá. Para fazer os cortes necessários e fechar a lista nos 22 atletas, a Seleção fez alguns jogos preparatórios. Pelo torneio amistoso “Taça Oswaldo Cruz”, foram duas partidas contra o Paraguai: goleada por 5 x 1 e empate por 0 x 0. Depois, em dois amistosos contra a Bulgária, foram duas vitórias: 4 x 0 e 3 x 1.
Tiveram ainda dois jogos treino, com derrota por 1 x 0 para o Flamengo e vitória por 5 x 0 contra o Corinthians, a três dias da viagem para a Europa. Nessa última partida, veio o drama: Pelé sofreu uma entrada violenta do lateral corintiano Ari Clemente e teve torção de tornozelo. Se ele fosse cortado, Almir Pernambuquinho entraria em seu lugar. Mas a comissão técnica resolveu levar Pelé mesmo assim, pois acreditavam que ele estaria apto a entrar na terceira partida do Mundial. Pelé era o caçula da equipe. Por causa das dores no joelho que surgiram durante a preparação, ele pediu diversas vezes para ser mandado de volta para o Brasil. Mas Dr. Paulo se recusava: “Calma, garoto, você vai jogar nessa Copa e vai fazer muitos gols”. Um dia Pelé não aguentou a carga de exercícios e pediu novamente para ser desligado. Foi aí que o massagista Mário Américo provocou o moleque: “Você só não joga essa Copa se não for homem. Você é homem?”Pelé gritou que era muito macho e todos riram. E nesse momento, quando viu mexerem com seus “brios”, o menino começou a ganhar confiança.
(Imagem: Pinterest)
● A Seleção fez ainda mais dois amistosos em solo europeu: uma foi em 29/05, na partida de despedida de Julinho da Fiorentina, e outra contra a Internazionale de Milão, no dia 01/06. Em ambas, o Brasil goleou por 4 a 0.
Julinho é um caso a parte nessa história. Ele havia se firmado como titular indiscutível da ponta direita da Seleção, após as excelentes partidas na Copa de 1954. No ano seguinte, ele foi jogar na Fiorentina, da Itália. Mas na época, não era comum a convocação de jogadores que atuavam no exterior. Devido ao grande moral que tinha e sua enorme qualidade, uma exceção seria aberta para ele. Então, no início de 1958, João Havelange escreveu uma carta a Julinho perguntando quando terminaria seu contrato e se ele estaria disposto a defender o Brasil na Copa. Ele respondeu que seu contrato terminaria dia 30/05, às vésperas do Mundial, e que gostaria muito de representar a Seleção, pois estava em plena condição física. No entanto, com muito pesar, ele disse que recusaria a convocação em consideração aos colegas que haviam atuado na posição com a camisa da Seleção nos últimos anos. Um gesto de hombridade de um jogador deste tamanho. Possivelmente, Joel seria o reserva, caso Julinho tivesse ido para a Copa. Dessa forma, Garrincha ficaria de fora.
Garrincha também merece um parágrafo só para ele neste texto. Feola tinha uma dúvida na posição: Joel ou Garrincha. O Mané tinha desagradado à comissão técnica por uma molecagem no amistoso contra a Fiorentina. No lance do quarto gol brasileiro, ele driblou o goleiro e ficou esperando, pouco antes da risca; quando o zagueiro veio em sua direção, Garrincha o driblou e tocou de calcanhar para o gol. Agradou à torcida, mas não ao supervisor Carlos Nascimento e ao psicólogo João Carvalhaes. Eles disseram que o ponta tinha mentalidade de criança e poderia comprometer a Seleção. Uma grande irresponsabilidade, que poderia por tudo a perder em uma partida oficial. Feola teria escalado Garrincha mesmo assim, mas, segundo Ruy Castro, essa difícil decisão contou com a participação do observador Ernesto Santos.
Ernesto expôs à comissão técnica sobre a qualidade dos quatro meio campistas do WM austríaco e sugeriu que o Brasil reforçasse o setor para equilibrar as ações. Portanto, seria necessário que o ponta direita auxiliasse na recomposição, como Zagallo fazia com maestria pelo lado esquerdo. Feola argumentou que eles poderiam pedir a Garrincha para executar esse papel. Mas o preparador físico Paulo Amaral, que conhecia bem o ponta do Botafogo, foi taxativo ao afirmar que ele não conseguiria cumprir função tática nenhuma e que não seguiria o pedido de marcar pelo meio. Assim, Joel, ótimo ponta direita e mais disciplinado, foi o escolhido para a primeira partida do Mundial.
Nílton Santos era o jogador mais experiente do grupo, com 33 anos e iria para seu terceiro Mundial. Ele era o titular da lateral esquerda nos anos anteriores, mas havia uma pressão da imprensa paulista a favor de Oreco, que atuava no Corinthians. De acordo com Ruy Castro, Nílton estava definido como titular desde os amistosos na Itália, mas Péris Ribeiro (autor do livro “Didi – o gênio da folha-seca”) garante que Oreco é quem começaria o primeiro jogo de estreia. Mas, na véspera, o lateral do time paulista sofreu um afundamento de malar.
Na preparação para a Copa, notícias diziam que Moacir, do Flamengo, estava treinando melhor que Didi, que não se esforçava nos treinos. A imprensa logo pediu a troca no time titular. A responsa de Didi ficou na história: “Treino é treino, jogo é jogo”.
Garrincha passa por marcador soviético (Imagem: R7)
● Na primeira partida do Grupo 4, o Brasil bateu a forte Áustria por 3 a 0. Essa vitória contundente deixou a torcida brasileira esperançosa. Mas no jogo seguinte, o bom futebol não se repetiu e o Brasil empatou em 0 a 0 com a Inglaterra, com uma grande atuação do goleiro inglês Colin McDonald. Essa foi a primeira partida sem gols da história das Copas, depois de 116 jogos.
O resultado e o nível apresentado desagradaram Feola, que promoveu três alterações para a partida seguinte: saíram da equipe Dino Sani, Joel e Mazzola, e entraram Zito, Garrincha e Pelé. Zito entrou no time porque Dino Sani sentia dores. O menino Pelé se recuperou da contusão, como esperado, e tinha seu lugar no time titular. Joel sentiu dores e Garrincha foi escalado. Há também a lenda que diz sobre uma reunião sobre a escalação entre Feola, Nilton Santos e dois jornalistas, mas de qualquer forma Garrincha entraria.
Assim, com essas mudanças, o Brasil começou o jogo com tudo contra a União Soviética. O jornalista francês Gabriel Hanot (criador da UEFA Champions League) afirmou que aqueles foram os “três minutos mais incríveis da história do futebol”. Garrincha mostrou a que veio e o Brasil venceu por 2 a 0, com dois gols de Vavá.
Nas quartas de final, a Seleção Brasileira passou por País de Gales, que tinha uma equipe modesta, mas muito bem armada. A vitória foi por 1 a 0, com um gol espetacular de Pelé, seu primeiro em Copas do Mundo. Ele iniciava ali o seu longo reinado.
O adversário na semifinal foi a fortíssima seleção francesa, que vinha de resultados expressivos e tinha ótimos jogadores, como Robert Jonquet, Roger Piantoni, Raymond Kopa e Just Fontaine (o artilheiro do Mundial, com incríveis 13 gols em seis jogos). Mas a Seleção venceu por 5 a 2, com um gol de Vavá, um de Didi e três de Pelé (“hat trick”).
Bellini foi escolhido pelo técnico Feola depois da recusa de Didi e Nilton Santos. Mal sabiam que o zagueiro ficaria eternizado na história do futebol por isso… (Imagem: Baú do Futebol)
Todos os gols da Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 1958:
Três pontos sobre… … 11/05/1988 – KV Mechelen 1 x 0 AFC Ajax
(Imagem: Getty Images)
● Em toda a história, apenas duas equipes belgas se sagraram campeãs europeias: o gigante local RSC Anderlecht (com cinco) e o KV Mechelen (com dois títulos). E foi justamente o clube da cidade de Malinas que foi o último clube de seu país a se sagrar vencedor em âmbito continental, em um futebol que já começava a enxergar no horizonte a futura “Lei Bosman”, que tornariam periféricas várias ligas nacionais (como a da Bélgica), ao mesmo tempo em que beneficiaria alguns poucos clubes de países mais midiáticos.
Fundado em 1904, “De Kakkers” (os estudantes, devido ao clube ter sido fundado por universitários) já havia conquistado três títulos nacionais em meio aos bombardeiros da época da Segunda Guerra Mundial. Mas desde então oscilava entre as duas principais divisões. Porém, em 1982, John Cordier, empresário do ramo da tecnologia da informação (proprietário da empresa Telindus) e futuro político, decidiu investir no clube e se tornou presidente.
O futebol belga vivia seu auge, com o vice-campeonato na Eurocopa de 1980 e o 4º lugar na Copa do Mundo de 1986, além dos títulos europeus do Anderlecht na década anterior.
Em 1986/87, os Malinois foram vice-campeões da liga, ficando a apenas dois pontos do Anderlecht. Mas conquistaram a Copa da Bélgica, vencendo o RFC Liège na final. Esse título foi o passaporte para a primeira aventura continental do clube, a disputa da Recopa Europeia.
E na competição continental, o Mechelen foi evoluindo e vencendo: Dinamo Bucaresti (Romênia) na primeira fase (1×0 e 2×0); Saint Mirren (Escócia) nas oitavas de final (0x0 e 2×0); Dinamo Minsk (União Soviética) nas quartas de final (1×0 e 1×1); e Atalanta (Itália) na semifinal (2×1 e 2×1).
Muito bem treinado pelo holandês Aad de Mos (ex-Ajax), o Mechelen misturava os talentos dos belgas Michel Preud’homme e Lei Clijsters (o capitão do time e pai da tenista Kim Clijsters, ex-nº 1 da ATP), com os ótimos holandeses Erwin Koeman, Piet den Boer e Graeme Rutjes, além do excelente ponta esquerda israelense Eli Ohana. De Mos era adepto de um futebol ofensivo, na contramão do defensivismo que começava a imperar no mundo todo.
Ambas equipes atuavam no 4-3-3, no estilo ofensivo do futebol holandês.
● A final foi disputada em partida única, no Stade de la Meinau, na cidade de Estrasburgo, na França.
Do outro lado estava o poderoso Ajax, tricampeão da Copa dos Campeões da Europa nos anos 1970, que defenderia seu título, pois era o então campeão da Recopa. O gigante holandês só havia sofrido um gol nos oito jogos anteriores pela competição e era amplamente favorito, enquanto o Mechelen já podia se dar por satisfeito por ter chegado tão longe.
Foi a primeira decisão europeia na história entre um clube holandês e um clube belga, países vizinhos de grande rivalidade no futebol.
E a partida já começou em alta velocidade. Marc Emmers começou um ótimo contra-ataque em seu campo de defesa, tabelou com Den Boer, que o deixou cara a cara com o gol. Só havia o goleiro Stanley Menzo na frente. Mas o zagueiro Danny Blind deu um carrinho criminoso, por trás, e acertou o tornozelo de Emmers, matando o contragolpe que poderia ser fatal. O árbitro alemão Dieter Pauly não teve outra escolha a não ser apresentar o cartão vermelho direto ao holandês. Blind estava expulso e o Ajax jogaria mais 74 minutos com um homem a menos.
Apesar disso, os “Godenzonen” se defenderam bem, mas não tiveram forças para atacar. Mas até demorou um pouco para que a superioridade dos belgas fosse demonstrada no placar.
Depois de muita pressão dos Malinois, o único gol da partida saiu aos oito minutos do segundo tempo, quando Eli Ohana passou como quis por Frank Verlaat na esquerda e cruzou à meia altura na primeira trave para o centroavante Piet den Boer desviar de cabeça.
Apesar de ter tido mais quarenta minutos para buscar o ataque, o Ajax não teve forças. Nem com o talento do jovem Dennis Bergkamp, que entrou pouco depois do gol sofrido. Pelo contrário, foi o goleiro Menzo que se destacou, evitando uma derrota mais elástica.
Enquanto isso, o ótimo Preud’homme nem precisava mostrar seus predicados, com uma rara e perigosa exceção: desviou um chute violento de Bosman, nos minutos finais.
Foi a coroação de uma temporada dos sonhos para o (até então) desconhecido clube belga e festa para os dez mil torcedores que viajaram até a França.
Cumprimentos iniciais entre o trio de arbitragem e os capitães Lei Clijsters e John van’t Schip (Imagem: Getty Images)
● FICHA TÉCNICA:
KV MECHELEN 1 x 0 AFC AJAX
Data: 11/05/1988
Horário: 20h15 locais
Estádio: Stade de la Meinau
Público: 39.446
Cidade: Estrasburgo (França)
Árbitro: Dieter Pauly (Alemanha Ocidental)
KV MECHELEN (4-3-3):
AFC AJAX (4-3-3):
1 Michel Preud’homme (G)
1 Stanley Menzo (G)
6Koen Sanders
2Danny Blind
3Lei Clijsters (C)
3Frank Verlaat
4 Graeme Rutjes
6Jan Wouters
9Geert Deferm
4Peter Larsson
5Wim Hofkens
8 Arnold Scholten
2Marc Emmers
5Aron Winter
8Erwin Koeman
10 Arnold Mühren
7 Pascal De Wilde
7John van’t Schip (C)
11 Piet den Boer
9John Bosman
10 Eli Ohana
11 Rob Witschge
Técnico: Aad de Mos
Técnico: Barry Hulshoff
SUPLENTES:
16 Pierre Drouguet (G)
12 Lloyd Doesburg (G)
12 Paul De Mesmaeker
13 Ally Dick
13 Paul Theunis
14 Richard Witschge
14 Joachim Benfeld
15 Dennis Bergkamp
15 Raymond Jaspers
16 Henny Meijer
GOL: 53′ Piet den Boer (MECH)
CARTÕES AMARELOS:
61′ Koen Sanders (MECH)
81′ Piet den Boer (MECH)
90′ Jan Wouters (AJAX)
CARTÃO VERMELHO: 16′ Danny Blind (AJAX)
SUBSTITUIÇÕES:
57′ John van ‘t Schip (AJAX) ↓
Dennis Bergkamp (AJAX) ↑
60′ Pascal De Wilde (MECH) ↓
Paul De Mesmaeker (MECH) ↑
73′ Wim Hofkens (MECH) ↓
Paul Theunis (MECH) ↑
73′ Frank Verlaat (AJAX) ↓
Henny Meijer (AJAX) ↑
Gol e melhores momentos da partida:
Alguns lances do jogo:
● Meses depois, no inicío da temporada seguinte, “De Kakkers” voltariam a vencer uma equipe da vizinha Holanda em uma decisão continental. Reforçados por John Bosman (ex-Ajax) e pelo jovem Marc Wilmots, dessa vez a vítima seria o PSV Eindhoven, que havia vencido a Copa dos Campeões da Europa (atual UEFA Champions League). Com um placar agregado de 3 a 1, o Mechelen se tornou também campeão da Supercopa Europeia.
E na mesma temporada venceria o Campeonato Belga depois de 41 anos de jejum, além do Troféu Joan Gamper (batendo o Sochaux por 2 x 1 na final). Chegaria novamente às semifinais da Recopa, mas não passaria pela Sampdoria de Toninho Cerezo.
Os astros de vermelho e amarelo estavam “na crista da onda”. Mas assim como o sucesso veio, ele se foi de forma efêmera.
Após o time não conquistar títulos em 1990, Cordier começou a retirar seus investimentos gradualmente, também em virtude de uma crise financeira em sua empresa. Mesmo assim os Malinois chegaram às quartas de final da Copa dos Campeões de 1989/90 e só perderam na prorrogação para o futuro campeão, o Milan.
As fortes crises financeiras e os consequentes rebaixamentos abalaram o Mechelen. Após a falência no início do século XXI, o clube se reestruturou e está há onze anos na primeira divisão, onde é o verdadeiro lugar de um baluarte histórico como os Malinois.
Três pontos sobre… … Polônia e a breve história de sua seleção de futebol
(Imagem localizada no Google)
A seleção polonesa fez sua primeira partida oficial em 18/12/1921, perdendo por 1 x 0 em um amistoso com a Hungria, em Budapeste. Estreou em Copas do Mundo em 1938, caindo logo na estreia, mas vendendo muito caro uma derrota para o Brasil por 6 x 5 na prorrogação, com incríveis quatro gols de Ernest Wilimowski (apelidado de Ezi).
Pouco depois, a Polônia foi o país que mais sofreu com a Segunda Guerra Mundial e passou a se esconder atrás da cortina de ferro do bloco soviético. Devido ao regime comunista, o futebol não se profissionalizou e todos os jogadores eram considerados simples amadores. Mas isso não foi algo ruim, muito pelo contrário. Apenas amadores podiam participar dos Jogos Olímpicos e os comunistas podiam envias suas equipes completas, encobertas pelo amadorismo de fachada.
E é nesse momento que entra essa geração que colocou a Polônia de vez no mapa futebolístico e começou a fazer história. Nos Jogos Olímpicos de 1972, os poloneses conquistaram a medalha de ouro, derrotando a Hungria na final por 2 a 1, com dois gols de Deyna. Em toda a competição, foram 21 gols marcados em 7 jogos (média de três gols por partida).
Na Copa de 1974, na mesma Alemanha onde foi campeã olímpica, a Polônia chegou forte, mas desfalcada de seu maior craque, o centro-avante Włodzimierz Lubański, que foi o grande líder e destaque em 1972. Lubański atuou pela seleção entre 1963 e 1980, com 75 partidas e 48 gols (ainda é o maior artilheiro histórico). Ele se lesionou em 06/06/1973, contra a Inglaterra, nas eliminatórias para a Copa do Mundo. Teve uma lesão no ligamento cruzado que o tirou dos gramados por dois anos, inclusive do Mundial.
Włodzimierz Lubański (Imagem: glamrap.pl)
Com a ausência de Lubański, foi necessário que outro craque chamasse o protagonismo para si. O careca ponta direita Grzegorz Lato (aniversariante de hoje, 08/04) tinha uma velocidade absurda, correndo 100 metros em incríveis 10,8 segundos. Lato não brilhou em um só verão (“Lato” significa “verão” em polonês). Ele foi o artilheiro da Copa de 1974, marcando sete gols, inclusive no 1 x 0 contra o Brasil, que valeu o 3º lugar do torneio à Polônia.
Mesmo não sendo uma equipe desconhecida, não estava entre as consideradas favoritas, principalmente devido ao fato de ser comunista e frequentar pouco o noticiário estrangeiro. Isso deu ainda mais tranquilidade ao técnico Kazimierz Górski. Ele sabia tirar o melhor de cada um de seus comandados, principalmente de Lato. Era uma seleção jovem, com muita disciplina tática, jogadores velozes e time entrosado, com um futebol rápido e envolvente, uma defesa segura e o talento de Deyna no meio campo, além de Lato e Gadocha nas pontas.
Grzegorz Lato (Imagem localizada no Google)
O show começou nas eliminatórias, quando eliminou a forte Inglaterra (campeã oito anos antes), com uma vitória por 2 x 0 em casa e um empate por 1 x 1 em pleno Wembley, com Jan Tomaszewski fechando o gol.
Já na Copa, mesmo em um grupo difícil, a Polônia venceu os três jogos (3 x 2 na Argentina, 7 x 0 no Haiti e 2 x 1 na Itália), se classificando em primeiro lugar. A partir daquele instante, quem ainda duvidava do poder de fogo dos poloneses passou a rever seus conceitos.
Na segunda fase, as oito seleções classificadas foram divididas em dois grupos de quatro, com a primeira colocada garantindo vaga na final e a segunda na decisão do 3º lugar. Nos dois primeiros jogos, duas vitórias (1 x 0 na Suécia e 2 x 1 na Iugoslávia). A terceira e decisiva partida foi contra a anfitriã, Alemanha Ocidental, que também tinha vencido os dois jogos, mas jogava pelo empate por possuir maior saldo de gols (4, contra 2 dos poloneses). Assim, o jogo foi na prática uma semifinal direta, valendo vaga na decisão.
Durante todo o dia caiu uma chuva torrencial na cidade de Frankfurt, o que certamente prejudicava o futebol rápido da Polônia e favorecia a força física, principal arma da Alemanha Ocidental. Mesmo com o técnico Kazimierz Górski pedindo o adiamento da partida, ela aconteceu. E com um gol de Gerd Müller aos 31 minutos do segundo tempo, os alemães venceram por 1 x 0. Fim do sonho polonês e festa para os donos da casa.
Restou à Polônia disputar a decisão do 3º lugar contra o Brasil, que perdeu para a Holanda de Johan Cruijff (e do futebol total) no outro grupo. Em Munique, a 15 minutos do fim, Marinho Chagas errou o passe, Lato foi lançado em suas costas e arrancou sozinho para o gol. Mesmo sem ter o gosto de jogar a final, os poloneses comemoraram bastante a sólida campanha, terminando a competição em terceiro, com 6 vitórias e apenas 1 derrota. A partir desse momento, a Polônia passou a ser uma equipe respeitada e temida no mundo da bola.
Com o mesmo time base, nas Olimpíadas de 1976, em Montreal, a Polônia novamente foi finalista, mas ficou com a medalha de prata ao ser derrotada por 3 x 1 pela Alemanha Oriental.
Na Copa de 1978, a estrutura era basicamente a mesma, com o acréscimo do craque Włodzimierz Lubański, que já estava com 31 anos e em não tão boa forma quanto estaria quatro anos antes. Mas nesse torneio surgiu o jovem Zbigniew Boniek, com apenas 22 anos. Novamente a equipe foi comendo pelas beiradas e chegou em 5º lugar. Essa Copa marcou a despedida da maioria dos jogadores da era dourada. Do time de 1974, somente Andrzej Szarmach, Grzegorz Lato e Władysław Żmuda disputariam a Copa de 1982.
Na Copa da Espanha, um dos grandes destaques era Boniek. Ele era um jogador completo, atuando na ala esquerda, no meio, como ponta ou no ataque. Um jogador genial. Com ele, Lato e o novato Włodzimierz Smolarek juntos, a Polônia era cada vez mais temida. Classificou-se em primeiro lugar com dois empates e uma vitória. Na segunda fase, eliminou as fortes União Soviética e Bélgica. Caiu novamente de pé na semifinal em derrota por 2 x 0 para a futura campeã Itália, em partida que Boniek não disputou por estar suspenso pelo segundo cartão amarelo. Na decisão do 3º lugar, nova vitória, por 3 x 2 sobre a França de Michel Platini.
Zbigniew Boniek (Imagem: Łączy-nas-piłka)
Em 1986, a Polônia disputou sua quarta Copa consecutiva, mas já não tinha a força de antes. Boniek ainda era o craque do time. Żmuda era o único remanescente de 1974, sendo também quem mais vestiu a camisa da Polônia em Copas do Mundo, com 21 partidas, entre 1974, 1978, 1982 e 1986. Mesmo assim, os poloneses passaram da primeira fase como um dos melhores 3º colocados, ao empatarem com o Marrocos, vencerem Portugal e perderem para a Inglaterra. Mas o sonho foi interrompido nas oitavas de final, ao serem impiedosamente goleados pela Seleção Brasileira por 4 x 0. Esse massacre foi um atestado de que os melhores dias já haviam passado para o futebol polonês.
Houve a medalha de prata nos Jogos Olímpicos de 1992, mas nenhum medalhista de prata se destacou posteriormente. Se classificou para a Copa de 2002, mas graças a um nigeriano naturalizado: Emmanuel Olisadebe. Com duas derrotas e uma vitória, pela primeira vez foram eliminados na fase de grupos, com sua pior campanha da história das Copas. Conseguiu também se qualificar para a Copa de 2006, mas também ficou na primeira fase, de novo com duas derrotas e uma vitória na última rodada.
Disputou pela primeira vez a Eurocopa, em 2008, ficando em último lugar no grupo. Foram duas derrotas e um empate, com um único gol marcado pelo brasileiro naturalizado Roger Guerreiro, lateral ex-Corinthians. Na Euro 2012, em casa, nova decepção, sendo logo eliminada com uma derrota e dois empates.
Já na Euro 2016, liderada por Robert Lewandowski, enfim a Polônia fez uma campanha digna. Na fase de grupos, venceu a Irlanda do Norte e a Ucrânia, segurando um empate sem gols com a Alemanha. Nas oitavas de final, empate com a Suíça em 1 a 1 e vitória por 5 a 4 nos pênaltis. Nas quartas de final, novo empate por 1 a 1, mas dessa vez foi derrotada na decisão das penalidades por 5 a 3 para Portugal, futuro campeão. No fim, o 7º lugar geral dentre as 24 seleções foi uma boa campanha, o que melhora as perspectivas para as próximas competições.
Três pontos sobre… … Tospericargerja: uma homenagem sem igual
● Ao ouvir seu nome, muitos pensam que se trata de um estrangeiro. Indiano, talvez. Ou de algum dialeto local da África, Ásia ou até indígena.
“— Qual seu nome?”
“— Meu nome é Tospericargerja.”
“— Não entendi… pode repetir e soletrar?”
“— TOS-PE-RI-CAR-GER-JA.
Na verdade, é uma das homenagens mais originais já feitas. Uma das coisas mais estranhas e absurdas que alguém pode fazer, mas uma baita sacanagem com a pobre criança. Imaginem na escola?! Ou quando ia se apresentar às garotas?! Ou procurando emprego?! Será que o professor acertava logo de cara na hora da chamada?
● Esse nome existe! É o resultado da criatividade de um pai doente por futebol e apaixonado pela Seleção Brasileira. Quando a criança nasceu em 19/07/1971, exato um ano após a conquista do tricampeonato mundial, no México, seu pai resolveu homenagear os destaques daquele esquadrão. Vendo e revendo alguns lances, o pai ficou fascinado cum uma sequência de passes: “Bola com Tostão, que passa para Pelé, que enfia para Rivelino, que abre para Carlos Alberto, que enfia para Gérson, que dá um passe esplêndido para Jairzinho e…gooooool!” Nasceu o Tospericargerja:
TOS, de Tostão; PE, de Pelé; RI, de Rivellino; CAR, de Carlos Alberto; GER, de Gérson; e JA, de Jairzinho.
O pai do menino queria até que o nome fosse registrado na antiga CBD, Confederação Brasileira de Desportos, a atual CBF. Ele enviou uma carta comunicando a homenagem, mas o presidente da Confederação na época, Silvio Pacheco, não deu moral e inclusive aconselhou o pai a escolher apenas um dos nomes para batizar o filho. Se fossem sêxtuplos, tudo bem; seria um nome pra cada. Mas como era um só, foi tudo junto e misturado mesmo. Algumas fontes citam que ele nasceu em Belém-PA, enquanto outras afirmam que foi em Tefé-AM. Mas o certo é que o titular do Oficio do Registro Civil não impugnou o registro e a certidão de nascimento saiu assim mesmo. Tospericargerja da Silva Torres é filho de Odilia da Silva Torres e Oder Nunes Torres, já falecido. Incrível é que o Sr. Oder tinha o sobrenome de dois desses seus ídolos: Nunes, de Gérson e Torres, de Carlos Alberto. O filho herdou apenas o Torres.
Atualmente, Tospericargerja é técnico de laboratório em Manaus e nem os colegas de trabalho conseguem acertar seu nome. Eles o chamam simplesmente de “Tô“, enquanto seus amigos mais íntimos o chamam de “Peri“.
(Imagens localizadas no Google)
● E a paixão do brasileiro pelo futebol não para por aí. Tão corajoso quanto o Sr. Oder, mas menos criativo, o Sr. Petrúcio Santos também resolveu homenagear os seus ídolos, principalmente craques franceses, ao dar o nome a seu filho. Tudo começou quando ele foi visitar duas filhas que moram na França e se encantou com a gentileza do povo francês. Morador da periferia de Maceió-AL, o menino hoje tem nove anos e ainda tenta não esquecer seu nome completo: Zinedine Yazid Zidane Thierry Henry Barthez Eric Felipe Silva Santos.
Zinedine Yazid Zidane, é o nome completo do atual técnico do Real Madrid;
Thierry Henry, em homenagem ao craque francês;
Barthez, devido ao histórico goleiro Fabien Barthez;
Eric, por causa do craque Eric Cantona;
Felipe, em homenagem ao técnico Luiz Felipe Scolari;
Silva Santos, sobrenomes que herdou da família.
Chamado pela família apenas de Zidane, o menino diz que preferia ter um nome mais “normal”.
Três pontos sobre… … O dia em que o Vasco usou logomarca do SBT para provocar a Globo
(Imagem: UOL Esporte)
● Antônio Soares Calçada foi um dos presidentes mais vitoriosos da história do Clube de Regatas Vasco da Gama. Era o presidente no centenário do clube, quando venceu a sonhada Taça Libertadores da América de 1998. Somando todas suas gestões, o clube conquistou, no futebol: a citada Libertadores de 1998, a Copa Mercosul de 2000, 3 campeonatos brasileiros, 7 Campeonatos Cariocas; no basquete, o Vasco venceu por 2 vezes a Liga Sul-Americana e também 2 vezes o Campeonato Sul-Americano; no remo, foi campeão tricampeão estadual. Mas desde meados da década de 70, quem manda mesmo no clube é Eurico Miranda.
● Poucos se lembram, mas Eurico Miranda foi um dos principais articuladores na “virada de mesa” que resultou na Copa João Havelange. Devido a demandas jurídicas de clubes, que atrapalhavam a configuração do Campeonato Brasileiro de 2000, a CBF entregou sua organização para o Clube dos 13, que, dentre outras barbáries, catapultou o Fluminense campeão da Série C, direto pra Série A. O campeonato teve seu formato diferente do praticado nos últimos anos e foi dividido em módulos. Os 116 clubes ficaram distribuídos em quatro módulos: azul (25 equipes, equivalente à Série A), amarelo (36 times, equivalentes à Série B), verde (28 clubes das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste) e branco (27 equipes do Sul e do Sudeste do Brasil). Para a fase final, se classificariam os 12 melhores do turno simples do módulo azul; o campeão, vice e o 3º colocado do módulo amarelo e o campeão dos módulos verde e branco. Após os playoffs, chegaram na final o Vasco e o São Caetano (vice-campeão do módulo amarelo).
● Após empate em 1 a 1 no primeiro encontro, ocorreu no dia 30/12/2000 o segundo jogo da final da Copa João Havelange. A partida deveria ser no Maracanã, mas por influência de Eurico, foi pra São Januário. Porém, a partida foi interrompida após a queda de um alambrado, que deixou 168 torcedores feridos. Galvão Bueno, transmitindo a final e as ocorrências pela TV Globo, a todo tempo se mostrava parcial, inclusive pedindo ao vivo para que o então governador do estado do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho, intervisse para que o jogo fosse suspenso (o que foi feito). A final foi mesmo interrompida pelo árbitro Oscar Roberto Godói e posteriormente remarcada. Com o jogo encerrado, mesmo com os feridos sendo atendidos dentro do campo, Eurico insistia que os jogadores pegassem a taça e comemorassem, já que o 0 x 0 lhes dariam o título. Mas como vingança contra a Globo, no novo jogo da final, em 18/01/2001, o Vasco entrou com a camiseta com a logomarca do SBT sem receber nada pela propaganda, mas também sem autorização da emissora (já que a Anatel proíbe anúncios de canais de TV em patrocínios esportivos). Calçada disse que era uma homenagem ao amigo Silvio Santos. Eurico justificou o uso da marca: “Tendo sido caluniado, quis o Vasco homenagear quem não o caluniou. Tendo sido vítima de uma odiosa campanha de perseguição, a partir da desinformação e até mesmo da edição de imagens, quis o Vasco homenagear quem dá à opinião pública a verdade dos fatos para que ela os julgue”. No fim, o Vasco venceu o valente São Caetano por 3 a 1, dessa vez no Maracanã, em um dos momentos mais bizarros da história recente, quando fez a Globo transmitir ao vivo por 90 minutos a logo do SBT.
Três pontos sobre… … Steaua București: o campeão europeu de 1986 que pode deixar de existir
(Imagem: Imortais do Futebol)
● A temporada 1985/86 da Copa dos Campeões Europeus (atual UEFA Champions League) contou com 31 clubes, um a menos em relação ao normal, pois a Inglaterra estava punida pelo desastre de Heysel, no ano anterior. Assim, o Everton, campeão inglês, não pode disputar a competição devido à proibição da UEFA.
Enquanto gigantes como Juventus, Bayern de Munique, Barcelona e Porto se degladiavam entre si, o Steua (estrela, no idioma romeno) teve muita sorte nos sorteios dos chaveamentos. Passou pela primeira fase com um placar agregado de 5 a 2 sobre o Vejle, da Dinamarca. Nas oitavas de final, apesar do susto e derrota por 1 a 0 no primeiro jogo, goleou o Budapest Honvéd por 4 a 1 em casa e passou de fase. Nas quartas, foram jogos duríssimos, com um empate sem gols e uma vitória fora de casa por 1 a 0 contra o Kuusysi (atual FC Lahti) da Finlândia. Nas semifinais, a derrota por 1 a 0 e goleada por 3 a 0 sobre o forte Anderlecht, da Bélgica, do craque Enzo Scifo, credenciaram o campeão romeno para uma inédita final.
07/05/1985 era o dia mais importante da história da Romênia (talvez até extrapolando o futebol). O Steaua București enfrentou o todo poderoso Barcelona (que, na verdade, tinha um time horrível) na decisão, no Estádio Ramón Sánchez Pizjuán, em Sevilha. Mesmo jogando em seu país, com mais de 50 mil catalães nas arquibancadas, o Barcelona ficou nas mãos do goleiro adversário. Helmuth Ducadam parou o Barça tanto no tempo normal, quanto na prorrogação e especialmente nos pênaltis, quando defendeu quatro pênaltis, de: José Ramón Alexanko, Ángel Pedraza, Pichi Alonso e Marcos Alonso. Os romenos também não cobraram bem, perdendo os dois primeiros com Majaru e Bölöni, mas convertendo com Lăcătuş e Balint. Foi preciso 120 minutos de jogo e 5 pênaltis até que a rede balançasse nesta final. Foi o primeiro título da maior competição continental conquistada por um clube do Leste Europeu. Duckadam se tornou o “Herói de Sevilla”.
Na grande final, o time campeão formou com:
Helmuth Duckadam; Ştefan Iovan (C), Adrian Bumbescu, Miodrag Belodedici e Ilie Bărbulescu; Mihail Majearu, Lucian Bălan (Anghel Iordănescu), László Bölöni e Gavril Balint; Marius Lăcătuş e Victor Piţurcă (Marin Radu). Técnico: Emerich Jenei.
(Imagem: Imortais do Futebol)
● Dentre nomes de peso na história do futebol local (como Iordănescu, Bölöni, Lăcătuş e Piţurcă), merece destaque o zagueiro Belodedici, que em 1991 se tornaria o primeiro jogador a vencer o maior torneio da Europa por dois clubes diferentes e o único a vencer por dois clubes do Leste Europeu (marca que dificilmente será batida em um futuro próximo).
Mas o grande herói do título foi mesmo o goleiro Duckadam, que defendeu os quatro pênaltis na final. Oitavo lugar no prêmio Bola de Ouro da revista France Football em 1986, infelizmente ele teria que encerrar a carreira com apenas 27 anos, nas semanas seguintes ao título. A versão oficial é que o jogador havia sofrido graves problemas circulatórios (alguns falam em trombose, outros em aneurisma), paralisando temporariamente o lado direito do seu corpo. Mas sempre circularam comentários que o motivo de seus problemas físicos seria outro. Pela sua façanha em campo, impedindo o primeiro título europeu do Barcelona, o presidente do Real Madrid, Ramón Mendoza, teria presenteado o goleiro com um automóvel Mercedes-Benz. Ao retornar à Romênia, foi intimado por Valentin Ceausescu (filho do ditador Nicolae Ceaucescu) a lhe dar o carro. O goleiro teria se recusado e, pela sua negativa, teria sido baleado no braço pela Securitatea (polícia comunista romena), perdendo parte dos movimentos. Posteriormente e já aposentado, Duckadam afirmava que o problema teria sido causado por um acidente doméstico, mas ainda hoje sempre se contradiz com versões diferentes para seu problema físico.
(Imagem: Getty Images / UEFA)
● Mas a equipe que já era boa, se tornou imbatível com a chegada do gênio Gheorghe Hagi. Esse mesmo time base conseguiu outros feitos: campeão da Supercopa da Europa em 1986, tetracampeão romeno (1985/86, 1986/87, 1987/88 e 1988/89, sendo os três últimos títulos invictos), tricampeão invicto da Copa da Romênia (entre 1987 e 1989), além de estabelecer o recorde de partidas invictas em seu país, com 119, entre junho de 1986 a setembro de 1989. Na temporada 1987/88 o Steaua quase chegou a outra final, perdendo nas semifinais para o Benfica (que, por sua vez, perderia para o PSV na decisão). Já na temporada seguinte, o time conseguiu esse feito, mas foi impiedosamente goleada pelo excepcional Milan por 4 a 0.
Com a Revolução Romena pelo fim do regime comunista de Nicolae Ceausescu, com mais de mil mortos, a abertura do mercado também no futebol impediu ao Steaua que mantivesse seus jogadores e, com a evasão em massa, nunca mais conseguiu reunir tantos bons nomes em uma só equipe local.
Mesmo assim, o clube continuou dominante em seu país, mas sem expandir novamente suas glórias para o continente. Em 2001, o Ministério da Defesa da Romênia entrou com uma ação para impedir Gigi Becali, o (maluco) presidente e proprietário atual do clube de continuar utilizando qualquer referência ao clube criado pelas Forças Armadas. Depois de derrotas judiciais nas duas primeiras instâncias, Gigi Becali deve recorrer à Suprema Corte do país. Mesmo que o clube desapareça, jamais serão esquecidas as façanhas do grande Steaua București.
● Papai Noel existe? Claro que sim. E tem até um time. A lenda do Papai Noel é baseada em São Nicolau, que viveu no século IV. Seu auxílio aos necessitados deu origem à história do velhinho que presenteava crianças. No século XIX, um poema americano dava conta de que Nicolau vivia no Polo Norte e vestia roupa vermelha. A Finlândia então abraçou a tradição e construiu um parque em Rovaniemi, onde mora o velhinho que dá vida ao personagem. É para lá onde vão milhões de cartas enviadas aos correios de todo o mundo. O local tem renas, elfos e um correio para receber as cartas com pedidos de presente de Natal. Por ano, são 500 mil visitantes. Por marketing, o FC Santa Claus adotou o nome com o qual Papai Noel é conhecido nos Estados Unidos, ao invés da versão finlandesa, Joulupukki. Por vezes o próprio velhinho é um dos torcedores na arquibancada.
● O FC Santa Claus Arctic Circle é um clube de futebol situado na cidade de Rovaniemi (65 mil habitantes), capital da Lapônia, na Finlândia. Foi fundado em 1993 pela fusão de dois clubes: Rovaniemen Reipas e Rovaniemen Lappi. É mais conhecido como time do Papai Noel (Santa Claus). A equipe manda suas partidas em dois estádios: no “Saarenkylän tekonurmi” e no “Susivoudin kenttä”, ambos em Rovaniemi, com capacidade para 2.000 e 4.000 torcedores, respectivamente. O uniforme principal é totalmente vermelho, enquanto o reserva é totalmente branco. O maior foco do FC Santa Claus é formar jogadores para o RoPS, time maior da cidade, que disputa a primeira divisão do país. Por isso, os atletas do “Santa” têm na sua maioria entre 16 e 24 anos, mantendo sempre uma média de idade baixíssima (a da última temporada foi 22,3).
(Imagem: http://www.fcsantaclaus.fi/)
● Uma curiosidade recente e trágica para o clube foi a derrota vexaminosa por 16 a 0 para o Kajaani na 21º rodada da terceira divisão do campeonato finlandês de 2016. O “Santa” era o vice-lanterna e enfrentaria o terceiro colocado e, do plantel de 24 jogadores, apenas 11 estavam disponíveis para formar o time, sendo que três deles eram goleiros. Assim, Juhani Kangas jogou no gol, enquanto Joonas Haapasaari e Harri Nykänen jogaram na linha. Foi um vexame para um time que já estava rebaixado.
Em toda sua história, disputou 12 temporadas na terceira divisão (Kakkonen) e 10 na quarta (Kolmonen). Agora, o clube se reestrutura novamente na quarta. É importante frisar que a divisão principal do Campeonato Finlandês é amadora, ou seja, a maioria dos atletas não vivem apenas da prática do esporte, tendo outro emprego que os sustente, imaginem a quarta divisão?! O Santa Claus até tem uma certa facilidade para conseguir parceiros comerciais, mesmo atuando em nível futebolístico pífio. Pela inusitada associação com o “Bom Velhinho”, o clube tem um alcance enorme em comparação até com times médios de outros centros do continente. Tanto, que em 2015 teve a EA Sports (produtora dos games FIFA) como patrocinadora e a Puma como fornecedora de materiais esportivos. Em 2016, o patrocínio foi da empresa chinesa BeWin Sports e os materiais fornecidos pela Nike. Todos esperamos dias melhoras para o FC Santa Claus, e o lema do clube reflete tudo: “Não deixem de acreditar”.
Três pontos sobre… … Atlético Mineiro, Campeão Brasileiro de 1971
(Imagem localizada no Google)
● Após alguns torneios nacionais como a Taça Brasil, a Taça de Prata e o Torneio Roberto Gomes Pedrosa, enfim a CBD (atual CBF) decidiu criar um Campeonato Brasileiro de verdade em 1971, pegando embalo com a conquista da Copa do Mundo do ano anterior. Surgiram então vários favoritos ao título, como o Fluminense campeão do Robertão de 1970, o Santos de Pelé, o Botafogo de Jairzinho, o São Paulo de Toninho Guerreiro e Gérson ou o Cruzeiro de Dirceu Lopes e Tostão.
Nessa época, o Clube Atlético Mineiro não aguentava mais ver o rival Cruzeiro vencer comemorar, pois era pentacampeão mineiro e tinha conquistado a Taça Brasil de 1966 goleando o poderoso Santos. Mas em 1970, o Galo do recém chegado técnico Telê Santana mostrou sua força e venceu o estadual, quebrando um jejum de seis anos sem títulos.
Já em 1971, com a mesma base campeã mineira no ano anterior, o time decepcionou com um 3º lugar no estadual. Todavia, no recém criado Brasileirão, o time foi engrenando e terminou a primeira fase em 2º lugar, com 7 vitórias, 9 empates e apenas 3 derrotas (o Grêmio foi o líder). Foram muitos empates, mas uma época em que a vitória valia dois pontos e o empate valia um, empatar era um bom negócio. Na segunda fase, os atleticanos venceram três vezes, empataram uma e perderam duas, sendo o líder de sua chave e se classificando para a fase final.
Seria um triangular de turno único, contra os fortes Botafogo e São Paulo. O Galo encarou no Mineirão o Tricolor, de Pablo Forlán, Terto e Gérson e venceu por 1 x 0, com um gol de Oldair aos 30 minutos do segundo tempo. Três dias depois, o mesmo SPFC goleou o Botafogo por 4 x 1, o que obrigou ao alvinegro carioca a vencer o mineiro por seis gols para ser campeão.
(Imagem: Super Esportes)
● A decisão era duríssima, pois jogariam no Maracanã e o craque Jairzinho estava em seu auge técnico, em uma tarde muito “endiabrada”, dando muito trabalho para a zaga adversária. O Fogão jogava melhor, mas o Galo demonstrou uma maturidade muito grande, suportando totalmente a pressão. O time seria campeão com um empate, mas aos 16 minutos do segundo tempo, o meia Humberto Ramos fez uma excelente jogada individual, passando por Mura, Carlos Roberto e Marco Aurélio, chegando dentro da área e cruzando para o centro. Coube a Dario marcar o gol do título, de cabeça, sua especialidade. O Botafogo nada mais conseguiu fazer e o Atlético controlou o resto da partida.
Foi um merecido campeão. Era a coroação definitiva do ídolo Dario, o grande Dadá Maravilha, que além de fazer o gol do título ainda foi o artilheiro do torneio com 15 gols. Foi a “gênese” do Mestre Telê Santana, que após o título desabafou: “Peguei um time talentoso, que há cinco anos não ganhava títulos e estava com o moral baixo. Fiz a equipe entrar em campo sempre confiante nos dois pontos, eu mandava o time atacar e se preocupar só em jogar futebol. Assim são maiores as chances de vencer”.
● FICHA TÉCNICA
Botafogo 0 x 1 Atlético-MG
BOTAFOGO (4-3-3)
Wendell; Mura, Djalma Dias, Queirós e Valtencir; Carlos Roberto, Marco Aurélio (Didinho) e Careca (Tuca); Zequinha, Nei Oliveira e Jairzinho. Técnico: Paraguaio.
ATLÉTICO-MG (4-3-3)
Renato; Humberto Monteiro, Grapete, Vantuir e Oldair; Vanderlei Paiva, Humberto Ramos e Lôla (Spencer); Ronaldo, Tião e Dadá Maravilha. Técnico: Telê Santana.
Data: 19/12/1971
Local: Estádio Maracanã
Público: 46.458
Árbitro: Armando Marques
Gol:
61′ Dadá Maravilha (ATL)
Além dos titulares no jogo final, compunham o elenco atleticano, dentre outros: o uruguaio Héctor Cincunegui, Spencer, Pedrinho, Guará, Beto, Salvador, Bibi, Zé Maria, Romeu, Ângelo e Normandes (que é dentista formado e mora na cidade de Uberaba).