Depois de 33 anos, a minha querida Portela se sagrou campeã do Grupo Especial das Escolas de Samba do Rio de Janeiro. Sob a liderança de Paulo Barros, melhor (e mais caro) carnavalesco da história recente, deu um show na Marquês de Sapucaí e conquistou o 22º título, se mantendo com sobras como a maior campeã do Carnaval carioca (a Mangueira tem 17 conquistas).
A 3 minutos do fim do terceiro quarto, era a maior “surra” da história do Super Bowl (a final da NFL, liga de futebol americano), quando o Atlanta Falcons vencia o New England Patriots por 28 a 3.
Mas Tom Brady mostrou que não é “apenas” o marido da bela Gisele Bündchen: é também o maior quarterback da história da liga e talvez seja o maior jogador.
Os Patriots pontuaram sucessivamente, resultando na maior virada e também na primeira prorrogação da história do Super Bowl, quando anotaram um touchdown logo na primeira campanha.
Com o placar final de 34 a 28, assistimos a história sendo feita. E quem não viu esse espetáculo? Perdeu. Agora é só daqui a um ano…
Três pontos sobre… … Dia 05 de fevereiro: círculo virtuoso de craques
No sentido horário: Neymar Jr, Gheorghe Hagi, Cristiano Ronaldo e Carlitos Tévez (Imagens localizadas no Google)
● Neymar da Silva Santos Júnior, mais destacado jogador de futebol brasileiro da atualidade, nasceu em 05/02/1992 e desde os treze anos de idade já demonstrava seu enorme talento. Começou no Santos e foi para o Velho Continente em 2013, para jogar no Barcelona…
● Barcelona, onde também jogou Gheorghe Hagi, antes de se tornar lenda no Galatasaray. Também nascido em 05/02, mas em 1965, ele começou a mostrar seu potencial logo jovem, no Steaua Bucaresti, mas também passou, entre outros clubes, por Brescia e Real Madrid…
● Real Madrid, cujo maior artilheiro da história nasceu em 05/02/1985: Cristiano Ronaldo. O CR7 despontou aos 16 anos no Sporting e aos 18 já estava com a mítica camisa 7 do Manchester United…
● Manchester United, campeão da UEFA Champions League em 2007/2009, tendo no ataque também Carlitos Tévez, outro nascido em 05/02, no ano de 1984. Na final da UCL seguinte, o United perdeu para o Barcelona, clube onde atuou recentemente Neymar Jr.
Três pontos sobre… … “Futebol Contra a Fome” 2016, em Uberlândia
● Acho muito divertidos esses “jogos das estrelas” em que se misturam artistas da bola, do palco e até anônimos, com o intuito de se divertirem no fim do ano, divertir o público, mas, principalmente, pelo foco social. Nesta segunda-feira, 26/12/2016, no Estádio Parque do Sabiá, em Uberlândia, foram 32 mil torcedores, arrecadando 70 toneladas de alimentos não perecíveis, que serão doadas a 80 instituições beneficentes da região.
● Em uma festa linda do futebol, realizei sonhos. Mesmo sendo brincadeira, todos jogando sem qualquer responsabilidade, apenas por prazer, vi em campo ídolos mundiais: Roberto Carlos, Neymar Jr., Denílson, Nenê, Junior Baiano, Edílson, Amaral, Edmílson, Elano, Emerson Sheik, Ascelino Popó, Gabriel Medina, dentre outros. O placar mesmo deu a entender que tudo era zoeira: 14 x 13. Amaral, ex-volante (e cheio de histórias pra contar), defendia sozinho no time branco. Mesmo com o time branco (de Alexandre Pires) sendo mais forte, com Neymar e Denílson, no início do segundo tempo o time vermelho (de Fernando Pires), com Nenê, chegou a estar vencendo por 10 a 5. Mas Neymar Jr. e Emerson Sheik não gostam de perder nem em peladas e viraram o jogo. No fim, uma festa total.
● Mas o momento mais inesquecível foi a entrada em campo de Zico, mesmo sem jogar. A galera gritando “Zico! Zico! Zico!” me fez imaginar dentro da torcida do Flamengo, 35 anos atrás, quando ele liderava o rubro-negro ao título mundial. Mesmo de longe, com uma visão até ruim, é um sonho, uma honra inenarrável estar a poucos metros de Zico. Mesmo com quase 64 anos e mesmo que ele não jogue mais em alto nível há quase trinta anos, é um ídolo mundial, não só do futebol. É uma celebridade única, querido e amado até pelos vascaínos, botafoguenses e tricolores, a quem ele tanto castigava. Era e é impossível odiar Zico. Ele que fazia o brasileiro sonhar, agradecer a Deus por ser brasileiro. Em 90 minutos, Zico fazia o povo esquecer das misérias, do desemprego, da ditadura militar e sua repressão, dos planos econômicos falhos… Ídolo único, fantástico, o melhor jogador brasileiro desde Pelé. Como dizia o sábio Armando Nogueira: “Se Zico não venceu a Copa, azar da Copa.” Ele não precisou jogar com muitas camisas para ser ídolo de todas.
Três pontos sobre… … Times “fracos” na final do Campeonato Mundial de Clubes
(Imagem: goleiro do TP Mazembe em 2010, Robert Kidiaba, do Goal.com)
O jogo de hoje entre Kashima Antlers (JAP) x Real Madrid mostrou algo comum no futebol: vencendo ou não, um time considerado inferior, sem grandes nomes individuais, mas organizado taticamente e com uma boa proposta de jogo pode suportar a pressão de jogar contra um time cheio de craques.
Embora uma equipe nessas circunstâncias nunca tenha vencido um clube de camisa mais “pesada”, algumas finais de Campeonato Mundial (incluindo a Copa Intercontinental) tiveram uma partida equilibrada.
● 2016 – Real Madrid 4 x 2 Kashima Antlers
Foi a terceira vez que o time da casa chega à final e a primeira vez de um asiático. Com uma boa estrutura tática, mesmo dependendo de poucos jogadores razoáveis, o time japonês soube segurar o Real Madrid e foi campeão mundial por oito minutos. Mas a “camisa branca que enverga varal” e a precisão das conclusões de Cristiano Ronaldo deram o título aos merengues. Mas fica aquela pontinha de injustiça. A arbitragem (de novo) interferiu diretamente na partida, ao não apresentar o segundo cartão amarelo e, consequentemente o vermelho, ao capitão blanco Sergio Ramos. O Antlers estiveram melhor na maior parte do tempo e poderiam ser o primeiro campeão mundial do continente, mas deixa na história a excelente forma que se apresentou no campeonato, inclusive batendo por 3 a 0 nas semifinais o Atlético Nacional de Medellín.
● 2013 – Bayern de Munique 2 x 0 Raja Casablanca
O Raja surpreendeu a todos como o primeiro time anfitrião a chegar na final (o primeiro foi o Corinthians em 2000), inclusive vencendo o Atlético Mineiro por 3 a 1 (o que se torna motivo de chacotas contra os torcedores do Galo, especialmente dos cruzeirenses). Tá certo que o Bayern tirou o pé na final, mas não podemos tirar os méritos do clube marroquino pelo placar relativamente magro.
● 2010 – Internazionale 3 x 0 TP Mazembe
Essa foi a primeira final de um clube fora do eixo Europa / América do Sul. E não foi por acaso. O time congolês, cheio de jogadores rápidos do meio pra frente, venceu o bom time do Pachuca nas quartas de final e o Internacional de Porto Alegre na semifinal. Contra a Inter de Milão, não teve chances. Mas Mazembe é piada eterna dos gremistas contra os colorados.
● 2008 – Manchester United 1 x 0 LDU Quito
Mesmo sendo o time mais forte da história do Equador e tendo vencido a Libertadores, a LDU era uma equipe fraca e estava sem seu principal aliado (a altitude de 2.800 metros de Quito). Ainda assim, não passou vergonha ao vencer o mexicano Pachuca na semifinal. Na decisão, suportou a pressão do United até 28 minutos do segundo tempo, quando Wayne Rooney fez o gol do título.
● 2004 – Porto 0(8) x 0(7) Once Caldas
Uma final com duas zebras. Dois times que, se não eram ruins, estavam longe de ser bons. Uma final xoxa, em que o placar zerado refletia bem a nota dos dois times. Nenhum merecia ser campeão, mas a história do Porto obrigava o time a vencer o (até pouco tempo antes) inexpressivo clube colombiano, o que ocorreu apenas nos pênaltis.
● 1989 – Milan 1 x 0 Atlético Nacional
O querido time de Medellín venceu a Libertadores pela primeira vez em 1989 e era um grande esquadrão colombiano. Entra nessa lista por ter enfrentado o excepcional Milan, uma das melhores equipes da história (a última bicampeã europeia, inclusive). Aos 14 minutos do segundo tempo da prorrogação, quando todos já confiavam nos pênaltis e no folclórico goleiro René Higuita, o meia Alberigo Evani fez o único gol.
● 1986 – River Plate 1 x 0 Steaua Bucareste
Caso raro de o sul-americano ser mais forte que o europeu. O Steaua tinha seus méritos e um time muito organizado e bom, mas o River sempre foi um gigante do continente e do mundo. Com obrigação de vencer pela sua história, o time argentino não deu chances à zebra.
● 1985 – Juventus 2(4) x 2(2) Argentinos Juniors
O Argentinos Juniors tinha o melhor time de sua história e era muito bom. Mas enfrentou a Juventus de Platini, Michael Laudrup e recheada de italianos campeões da Copa do Mundo de 1982. Mesmo muito mais cotada para ser campeã, a Juve precisou dos pênaltis para conquistar o primeiro título mundial.
Três pontos sobre… … Grêmio, campeão da Copa do Brasil 2016
Grêmio 1 x 1 Atlético-MG
● Foi uma noite marcante. A primeira vez que a bola rolou desde a tragédia envolvendo o avião da Chapecoense. Os dois times fizeram valer a pena e fizeram um jogo bastante disputado, mas praticamente definido no jogo de ida, quando o Tricolor gaúcho bateu o Galo no Mineirão por 3 a 1. O jejum de 15 anos sem títulos nacionais foi quebrado, merecidamente.
(Imagens localizadas no Google)
– Homenagens – Nota 10 – Emocionante. Tanto a organização do jogo, quanto as torcidas e os jogadores. Sem palavras.
● Grêmio
– Marcelo Grohe – Nota 6 – Após o jogo, fez uma bela homenagem para seus colegas da Chapecoense, Danilo, Follman, Giménez e Matheus Biteco. Na partida, foi seguro quando precisou. Apenas uma falha: estava muito adiantado no gol de Cazares.
– Edilson – Nota 6 – Não avançou muito, mas fechou muito bem o seu lado do campo.
– Pedro Geromel – Nota 8 – Não convocá-lo para a Seleção Brasileira atualmente é insanidade; hoje, tem que ser um dos quatro zagueiros. Fez uma partida excelente. Devemos também lembrar da assistência no último gol do jogo passado, que abriu consideravelmente a vantagem gremista.
– Kannemann – Nota 7,5 – Completou uma zaga perfeita Geromel e anulou Lucas Pratto.
– Marcelo Oliveira – Nota 5 – Idem a Edilson. Não atacou, mas defendeu bem.
– Walace – Nota 7,5 – Meio campista moderno, esse é outro selecionável. Não bastasse ter dado equilíbrio para a Seleção Olímpica na conquista da medalha de ouro, em quase todos os jogos é um dos melhores em campo. É incrível como esse primeiro volante do Grêmio poderia ser o “camisa 10” de muitos times por aí.
– Ramiro – Nota 6 – Ele foi a principal mudança do time de Renato Gaúcho em relação à equipe que era escalada antes por Roger Machado. Ramiro marca muito bem e sabe jogar com a bola. Nessa final, foi mais retraído, como todo o time.
– (Jailson) – Sem nota – O sósia de Will Smith entrou apenas no fim, para dar fôlego ao time.
– Maicon – Nota 6 – O capitão se reinventou no Grêmio e tem jogado muito bem. Foi um dos grandes destaques do primeiro jogo, mas hoje foi mais discreto.
– Douglas – Nota 6,5 – O camisa 10 comeu a bola no primeiro tempo. Cansou no segundo.
– (Miller Bolaños) – Sem nota – Não deu prazo de avaliar a sua partida. Fez um gol de rebote, o gol do título, mas quase estraga a festa no fim do jogo, fazendo cera e irritando os adversários em um momento desnecessário para isso.
– Everton – Nota 7 – Ninguém sentiu falta de Pedro Rocha (o craque da decisão). Infernizou a vida de Marcos Rocha e ainda recompôs bem no lado esquerdo.
– (Fred) – Sem nota – Entrou apenas para ganhar o bicho, como se dizia antigamente.
– Luan – Nota 6,5 – Não apareceu muito, mas é o melhor jogador do time e um dos melhores do país.
– Renato Gaúcho – Nota 7 – O maior ídolo do clube em todos os tempos escreve mais um capítulo vitorioso em sua história. Escalou bem o time, jogou com o regulamento e fez seu time ser campeão. Se quisesse, poderia ser mais ousado e fazer o time dar outra aula de bola ao Galo.
– Victor – Nota 7 – Emocionou a todos no momento do minuto de silêncio. Em campo, foi o responsável por seu time não ter perdido o jogo, com (pelo menos) uma grande defesa. Ainda tentou impedir o gol gremista, mas sem sucesso.
– Marcos Rocha – Nota 4,5 – Não é nem sombra do jogador que foi. Sofreu ao ser atacado e não conseguiu atacar. Só merece destaque os seus arremessos de lateral na área adversária.
– Gabriel – Nota 4,5 – Os atleticanos choram a ausência de Leo Silva. O Galo que venceu a Libertadores de 2013 e a Copa do Brasil de 2014 era um time muito desequilibrado, mas tinha zagueiros como o próprio Leo Silva e Réver (depois Jemerson). Atualmente sofre sem grandes opções.
– Erazo – Nota 3 – Poderíamos traduzir o nome dele para o português como “Erraço“. Fui bonzinho na nota. Ele marca mais ou menos bem e é bom na bola aérea. Mas é muito lento e, talvez seja o pior jogador do mundo com a bola nos pés. Até ele torce pra não receber a bola. Realmente dá dó.
– Fábio Santos – Nota 5,5 – O Grêmio quase não atacou pelo seu lado, pois ele sabe cuidar do que é seu. Só se soltou no fim do jogo, sem resultar em maiores perigos.
– Rafael Carioca – Nota 5 – Conseguiu se acertar na marcação no segundo tempo. Apareceu menos do que é acostumado nos seus chutes de média distância.
– Leandro Donizete – Nota 5 – O volante jogou seu futebol aguerrido de sempre, sem comprometer, mas também sem auxiliar na construção de jogo.
– (Cazares) – Nota 5,5 – Não tem como ser banco desse time. Apesar de inconstante, o baixinho é muito bom. Jogou cerca de 20 minutos, o suficiente para fazer a bola chegar mais no ataque e se eternizar com um gol maravilhoso, em chute de seu próprio campo. Gol de placa.
– Júnior Urso – Nota 4 – Perdido no primeiro tempo, nem voltou para o segundo.
– (Maicosuel) – Nota 3 – Ele jogou? Só lembro de tê-lo visto entrando em campo no intervalo. Nulo.
– Luan – Nota 5 – Correu, correu e correu. Cansou no segundo tempo.
– (Lucas Cândido) – Sem nota – Jogou poucos minutos, mas ninguém entendeu sua entrada em campo.
– Robinho – Nota 3 – Para um jogador de sua categoria (e salário), é inadmissível que só apareça quando vai bater as bolas paradas (faltas e escanteios).
– Lucas Pratto – Nota 4 – Sempre aparecia e pedia a bola, mas sempre perdia para o compatriota Kannemann. Todos esperavam mais dele.
– Diogo Giacomini – Nota 4 – O técnico interino escalou bem o time, mas poderia ter entrado com Cazares no lugar de Júnior Urso, logo de cara. As alterações foram horríveis. Maicosuel nada fez. Colocar o Lucas Cândido em um time que precisa de gols, é tentar acender fogo embaixo d’água.
● Difícil escrever algo nesse momento. Toda e qualquer morte, de quem quer que seja, já é uma lamentação. Quando há alguma tragédia, muitos lamentam e sofrem. Casos de grande proporção, mais ainda. Mas nos últimos 30 anos não houve nenhum acidente de tamanha repercussão quanto a queda do avião que levava a delegação da Chapecoense para Medellín. O Vôo 2933 de LaMia caiu a região colombiana de Antióquia. Entre jogadores, comissão técnica, dirigentes, profissionais da imprensa e da empresa de aviação, eram 77 pessoas a bordo e apenas 6 sobreviveram: Alan Ruschel (lateral), Neto (zagueiro), Jackson Follman (goleiro, que teve uma das pernas amputada), Rafael Henzel (jornalista da rádio Oeste Capital, de Chapecó), Ximena Suárez (comissária de bordo) e Erwin Tumiri (técnico da aeronave).
Luciano Buligon (prefeito de Chapecó), Plínio David de Nes Filho (presidente do Conselho Deliberativo da Chapecoense), Gelson Merisio (presidente da Assembleia Legislativa de Santa Catarina) e o jornalista Ivan Carlos Agnoletto (da rádio Super Condá, de Chapecó), estavam com seus nomes na lista, mas não embarcaram. Matheus Saroli, filho do técnico Caio Júnior, esqueceu o passaporte em casa, que também o impediu de embarcar.
● Chapecó é uma cidade que abraçou sua equipe e a carregou desde sua fundação, em 1973. Era o time modelo do futebol brasileiro atualmente. Nos últimos dez anos, é uma arrancada espetacular, uma aula de gestão de futebol, conquistando os títulos do Campeonato Catarinense em 2007, 2011 e 2016. Em extrema evolução, o time estava na Série D em 2009, na Série C em 2012, na Série B em 2013 e a partir de 2014 passou a jogar a Série A do Campeonato Brasileiro. É das únicas equipes que nunca foi rebaixada na história do Brasileirão (junto com São Paulo, Flamengo, Santos, Cruzeiro e Inter, por enquanto). Vendeu caro sua eliminação nas quartas-de final da Copa Sul-Americana em 2015. Já em 2016, fez toda a América se apaixonar pelo clube, pela alta qualidade de seu futebol e pela entrega total em campo. Na final, enfrentaria o melhor time das Américas no momento: O Atlético Nacional, de Medellín. Esperávamos ansiosamente por esse jogo, mas uma das maiores fatalidades da história recente levou quase todos para o céu.
● Se foram grandes heróis que vestiam verde. Eram todos fundamentais. É uma grande injustiça citar nomes, mas impossível não falar no goleiro Danilo. Se os palmeirenses e atleticanos, respectivamente, apelidaram seus goleiros de São Marcos e São Victor, certamente para os torcedores da Chape o goleiro é São Danilo. Desde 2013 no clube, São Danilo fez seu maior milagre no último lance do jogo de volta das semifinais da Copa Sul-Americana, contra o San Lorenzo, em um chute a queima roupa dentro da área. Esse lance levou a Chape para essa final. Ele quase conseguiu outro milagre ao ser resgatado vivo, mas as lesões torácicas o levaram a óbito. Ananias, o heroi autor do gol mais importante da história do clube, no jogo fora de casa, na mesma semifinal… Cléber Santana era o capitão, fonte de experiência, a alma da Chape… Bruno Rangel é o maior artilheiro da história o clube, com 77 gols… O técnico Caio Junior, de tantos clubes, também pode ser considerado ídolo da equipe de Chapecó. Foi fundamental nessa aventura sul-americana.
Outras perdas doloridas foram a de todos os profissionais da imprensa. Morreram várias referências para mim, como Victorino Chermont, Deva Pascovicci, Paulo Julio Clement e, especialmente, Mario Sergio Pontes de Paiva. Este merece um espaço a parte. Comentarista de opinião, técnico ranzinza e jogador genial. Ídolo do Inter e craque campeão mundial com Grêmio.
Todas as perdas são lamentáveis. Estamos realmente chocados e muito tristes por escrever sobre isso quando estávamos preparando para narrar os feitos dentro de campo desse super time. Infelizmente a Chapecoense entrou para a história da maneira mais triste possível, mas sempre estará dentro dos corações dos amantes do futebol.
Três pontos sobre… … Palmeiras: Campeão Brasileiro 2016
(Imagem: iG Esporte)
● Um estádio de primeiríssimo mundo, que ontem bateu seu recorde de público, com 40.986 expectadores, que conseguiu vender e bem os seus “naming rights” para uma seguradora alemã. Um grande clube em uma belíssima casa, com conforto aos torcedores e sócio-torcedores, que chegaram a enormes 126.728 associados no “Avanti”. Um presidente que assumiu o clube na Série B e o entrega a seu sucessor como campeão brasileiro, além de injetar muitos milhões do próprio bolso nas finanças deste clube. Um presidente que conseguiu manter uma rara paz política e soube fechar um excepcional contrato de patrocínio máster com uma financeira. Uma diretoria que trabalhou muito bem, inclusive incorporando o melhor diretor executivo de futebol do país na atualidade, Alexandre Mattos. Este, com sua influência, montou um elenco deveras numeroso (39 jogadores), mas muitíssimo completo e cheio de opções para o treinador escalar o time.
● Após a queda na primeira fase da Copa Libertadores desse ano, o Palmeiras demitiu o técnico Marcelo Oliveira e fez a contratação certeira. Cuca sempre foi palmeirense (contrariando seu pai corintiano, que faleceu em 1997). Cuca prometeu ser campeão com o manto alviverde em duas ocasiões. A primeira foi no Campeonato Paulista de 1992, quando ostentava a camisa nº 8 do time pré-Parmalat. Fez um gol contra o Ituano e fez o sinal transversal no peito, significando uma faixa de campeão. O time perderia a final para um poderoso São Paulo.
A segunda vez foi como treinador, após o time ser eliminado nos pênaltis na semifinal do Paulistão desse ano. Prometeu que seria campeão brasileiro e o time começou o campeonato voando, com um futebol ofensivo e gostoso de assistir. Mas com diversas lesões de jogadores importantes (especialmente Fernando Prass e Moisés) e a convocação de Gabriel Jesus para a Seleção Olímpica, Cuca reestruturou o time, que passou a ser menos vulnerável e, por consequência, o futebol vistoso foi deixando de aparecer. Cuca, com todo seu conhecimento e suas superstições, cumpriu o que prometeu por duas vezes e foi fundamental no primeiro título palmeirense do Campeonato Brasileiro em pontos corridos.
● Mas o trunfo principal foi o vasto elenco. Fernando Prass se contundiu, entrou o desconhecido (e ótimo) Jailson. Vitor Hugo se destacou ainda mais quando passou a compor dupla de zaga com o bom colombiano Yerry Mina. Super Zé Roberto é um caso para ser estudado, pois continua sendo um dos grandes do futebol brasileiro aos 42 anos (e contando…). Arouca e Gabriel seriam titulares em qualquer time brasileiro, mas Tchê Tchê chegou para elevar o nível do time, acompanhado por um exuberante Moisés (para mim, o melhor jogador do campeonato). Da mesma forma, qualquer equipe gostaria de contar com atacantes como Rafael Marques, Lucas Barrios, Alecsandro e Erik, mas os jovens e leves Róger Guedes e o capitão Dudu eram os preferidos para formarem o trio de frente junto a um adolescente. A cereja do bolo era o menino Jesus. Gabriel Jesus tem aproximadamente 18 meses no time principal do Palmeiras e já conquistou dois títulos pelo clube, ganhou a medalha de ouro olímpica, é titular da Seleção Brasileira e irá jogar no Manchester City, de Pep Guardiola.
Difícil montar um elenco mais diversificado. Se mantiver a base e o técnico, o mesmo Palmeiras que acabou com o tabu nacional de 22 anos, pode também encerrar o jejum sul-americano que completará 18 anos em 2017.
Três pontos sobre… … Ferenc Puskás e József Bozsik: amizade de uma vida inteira¹*
József Bozsik e Ferenc Puskás, com a senhora Bozsik ao centro (Imagem: magicalmagyars.com)
“József Bozsik e eu éramos amigos inseparáveis. Eu tinha apenas três anos quando a família dele se mudou para o apartamento ao lado do nosso; o deles era o 20 e o nosso o 19. Ele era um ano e meio mais velho do que eu [nasceu em novembro de 1925], mas como éramos vizinhos de porta acabamos ficando amigos e desenvolvemos um sistema de sinais de “batidas na parede” para indicar: “Que tal bater uma bola?”.
Talvez inevitavelmente, mas tenho certeza de que com muita precisão, lembro-me daqueles dias com grande ternura. Aqueles foram bons tempos. Minha amizade com “Cucu“²* Bozsik era tão próxima que éramos como irmãos. Ficamos juntos quando crianças, depois como jogadores titulares do Kispest e da Hungria por muitos anos, até o levante de 1956, quando nos separamos pela primeira vez. Havia cinco meninos na família Bozsik, todos num só quarto. Todos eles jogavam pelo Kispest em vários níveis. Istvan jogava no gol e os outros estavam no time abaixo de dezoito anos, lembro-me bem. [Bozsik foi dirigente do Kispest entre fevereiro de 1966 e agosto de 1967.]
Cucu era um sujeito bem calado. Uma pessoa lenta e relaxada; muito pensativo, jamais se afobava. Ele amava profundamente o futebol, mas acho que de uma forma diferente da maioria de nós. Ele nunca parecia ficar excitado, jamais demonstrava isso. Fora do campo, acho que nunca o vi zangado; mas, em campo, se alguém lhe roubasse a bola ele podia ter um acesso de raiva e ameaçava sair. Às vezes eu tinha de ir atrás dele e acalmá-lo. Ele era um amigo de verdade para mim, no futebol e na vida. Em um jogo – talvez porque jogávamos juntos desde pequenos – , sabíamos exatamente onde o outro devia estar, com ou sem a bola. Nós realmente podíamos nos achar sem nem olhar.
Bozsik e eu tínhamos permissão para frequentar jogos profissionais no campo do Kispest, mas entrar em jogos fora de casa era outra coisa. Usávamos todos os tipos de truques para entrar em campos de futebol, desde a idade de cinco ou seis anos. Lembro que certa vez cavamos um túnel sob a cerca de perímetro em uma lateral abandonada de um campo, não lembro agora de qual campo. A terra era macia e arenosa, e naquele dia ficamos cobertos de areia até as orelhas. Mas nossa trapaça habitual era vestir nosso uniforme infantil, apanhar algum equipamento e colocá-lo em mochilas do Kispest e cruzar meia cidade em direção ao campo dos adversários, no qual entrávamos com o ar mais grandioso e oficial possível. Em geral, dava certo e, depois do jogo, tínhamos de voltar para casa com as mochilas. Nós dificilmente pensávamos duas vezes, pois o esforço valia a pena.
József Bozsik em ação, com a camisa branca da seleção húngara (Imagem: magicalmagyars.com)
Jovens, fazíamos de tudo juntos, e certa ocasião até gerenciamos uma loja. Isso foi por volta de 1947 ou 1948, eu acho. O Kispest não era um clube rico e nem de longe podia nos pagar o salário que merecíamos. Cucu e eu recebemos uma proposta de uma loja local na rua principal de Kispest. Era de um ferragista que vendia panelas e chaleiras. Você precisava nos ver, achávamos que íamos ganhar uma fortuna. Mas trabalhamos lá só por algumas semanas, pois o governo nacionalizou todos os pequenos negócios. Recebemos uma pequena indenização, mas acabou aí nossa carreira como lojistas.
Nós também passávamos todo nosso tempo livre juntos, passeando pela cidade, indo ao cinema à noite uma ou duas vezes por semana. A gente sempre pegava o bonde para voltar para casa, e certa vez, quando estávamos pagando a passagem, olhamos um para o outro e dissemos: “Por que estamos fazendo isso? A gente podia ir correndo para casa facilmente e ainda economizar um pouco”. Então começou um período no qual nós regularmente apostávamos corrida com o bonde até em casa. Era uma boa distância, uns 2,5 km, e no começo não esperávamos conseguir acompanhar o bonde. Mas depois de um tempinho, conseguimos e depois o vencemos. Os condutores do bonde adoravam a brincadeira. Nós estávamos com dezesseis anos e éramos bem dispostos como pulgas.
Meu pai também ficou impressionado com Bozsik. Ele admirava sua maturidade calma e passou a amá-lo como a um filho. Se eu estivesse tentando convencer meu pai de que algo acontecera no treino e sentisse que ele não estava acreditando em mim, eu dizia: “Pergunte a seu amigo Bozsik, ele vai confirmar que tenho razão”.
Naturalmente, quando meu pai se tornou técnico e depois administrador do clube, ele foi por algum tempo responsável direto por nós dois.“
(Imagem: magicalmagyars.com)
¹* Trecho extraído de um depoimento do próprio Ferenc Puskás, no livro “Puskas: Uma Lenda do Futebol” ³*, que me foi gentilmente presenteado há cerca de dez anos pelo amigo Mário Suriani.
²* Nota Três Pontos: “Cucu“, apelido de József Bozsik, se pronuncia “Zuzu” ou “Tsutsu“.
³* Bibliografia:
TAYLOR, Rogan; JAMRICH, Klara. Puskas: uma lenda do futebol. São Paulo: DBA, 1997. p. 30-32.
Três pontos sobre… … Ronaldinho no Uberaba Sport, Túlio Maravilha de volta e Usain Bolt no Borussia Dortmund
No futebol, estamos vivendo dias de boatos, negociações e assinaturas de contratos. Mas três merecem esse destaque especial.
(Imagem: Pinterest)
● Recebemos em uma rede social a informação de que o site do periódico espanhol “El Plural”, de Madrid, publicou uma eventual volta de Ronaldinho Gaúcho ao futebol brasileiro, no interior, mais especificamente no Uberaba Sport Club. A reportagem afirma que após conversar com os diretores do USC, R10 teria dito: “Sempre quis ser o ídolo de uma equipe menor.” Acreditamos e esperamos sinceramente ser uma pegadinha das reder sociais. Caso contrário, é um desatino financeiro da diretoria do clube, haja vista o alto passivo que a contratação geraria. Destaca-se também que o atleta não joga desde setembro de 2015 e já não é um jovenzinho (completará 37 anos em 21/03/2017).
Por outro lado, seria um sonho para o torcedor ver Ronaldinho com o manto colorado no ano do centenário. Se houver empresários que banquem seus salários e sua estadia na “Capital Mundial do Zebu”, se torna uma insanidade menor. Com ele, a venda de produtos oficiais do clube terá um aumento exponencial, mesmo com um preço mais elevado. Os ingressos poderão valer o dobro, que o Uberabão estará cheio. Se trata de um dos melhores da história do esporte. Resta saber se esse boato tem algum fundamento ou é apenas ilusão.
(Imagem localizada no Google)
● Túlio Maravilha se aposentou fazendo o gol nº 1000 (segundo suas contas) em 08/02/2014, em partida que atuou pelo Araxá Esporte Clube, contra o Mamoré, válido pelo Campeonato Mineiro – Módulo II. O gol de pênalti foi seu último ato no futebol. Até agora. No último dia 10, o atacante de 47 anos foi apresentado como reforço do Taboão da Serra, que disputará a Série A3 do Campeonato Paulista. Em seu 31º time, ele tem dois objetivos: jogar ao lado do filho Tulinho (17 anos) e passar Romário em número de gols (o baixinho parou com 1002).
Como marketing, vale muito para o Clube Atlético Taboão da Serra, trazendo um dos maiores artilheiros da história do futebol. No mérito esportivo, com certeza não vale a pena contratar a dupla. Se Tulinho fosse bom, não estaria até hoje no pequeno Aparecida, de Goiânia. Com o Maravilha em campo, o time jogará como se tivesse um jogador a menos, pois Túlio não tem a mínima condição de correr atrás de uma bola atualmente.
(Imagens: No Esquadro)
● Outra jogada de marketing, mas dessa vez muito certeira. Tudo que se refere a Usain Bolt, envolve sentimento de torcidas inteiras para seu sucesso. Talvez seja um dos três maiores atletas recentes. Com nove medalhas de ouro olímpicas em nove disputadas, Bolt sempre admitiu amar futebol. Torcedor inveterado do Manchester United, quase capotou o carro a 300 km/h para ver um jogo contra o Arsenal, pelas semifinais da UCL 2008/09. Em fevereiro de 2015, chegou a anunciar que renunciaria seu sonho de jogar nos Red Devils. Mas agora, por influência da Puma, sua patrocinadora, irá passar por sessões de treinamentos no Borussia Dortmund (a Puma é uma das acionistas do clube). E o “Homem-Raio” afirmou ao jornal britânico Guardian que está pensando seriamente em trocar de carreira.
Nunca assistimos Bolt jogando futebol (nem nas tradicionais peladas) e não conhecemos suas habilidades com a bola. Mas certamente seria muito interessante vê-lo utilizar os atributos que já vimos. Com 1,95 m, seria mais alto que a maioria dos marcadores e, com a já histórica velocidade, venceria todos na corrida, tendo vantagem principalmente na recepção de lançamentos. Já vimos Michael Jordan mudar de esporte em 1993, sem sucesso. Veremos o que o futuro dirá sobre a nova empreitada de Usain Bolt.