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… 14/07/1930 – Romênia 3 x 1 Peru

Três pontos sobre…
… 14/07/1930 – Romênia 3 x 1 Peru


(Imagem: RomaniaBalls / Whoeateallthepies.tv)

● Após convencer franceses e belgas a viajarem para o Uruguai para a disputa da primeira Copa do Mundo de futebol, Jules Rimet tomou um trem de Paris a Bucareste para tentar convencer os romenos. Aos 36 anos, o rei Carol II havia acabado de assumir o trono do país. A Romênia era uma equipe do segundo escalão no contexto do futebol europeu, mas o rei era um entusiasta do esporte. Em seus tempos de príncipe, ele havia sido secretário-geral da federação. Sua Majestade convocou e escalou pessoalmente os atletas, entregando à comissão técnica do time uma lista com os nomes de todos os jogadores, titulares e reservas. Ele também conseguiu com os patrões dos jogadores uma licença remunerada de dois meses (quase todos eram empregados de empresas britânicas de petróleo).

Como era comum nas primeiras décadas do século XX, o comando técnico da seleção romena era dividido entre Constantin Rădulescu e Octav Luchide (secretário-geral da federação). Curiosamente, Rădulescu também era árbitro e foi bandeirinha nas partidas “Argentina 1 x 0 França” e “Argentina 6 x 3 México”.

Além dos romenos, o Grupo 3 era composto também pelo anfitrião Uruguai e pelo Peru.

Do lado peruano, os dois melhores jogadores disputavam posição e concorriam por apenas uma vaga no time titular: os goleiros Jorge Pardón e Juan “El Mago” Valdivieso.


Nos anos 1930, todas as equipes atuavam no ofensivo sistema “clássico” ou “pirâmide”, o 2-3-5.

● Romênia e Peru protagonizaram a partida com o menor plateia da história das Copas. Oficialmente, 2.459 expectadores assistiram o jogo, mas o número de pagantes girou em torno de 300.

E esse pequeno público não demoraria a ver um gol. Apenas 50 segundos haviam passado quando os romenos tiraram o zero do placar, no primeiro “gol-relâmpago” da história dos Mundiais. O capitão Emerich Vogl tocou na meia direita para Adalbert Deșu, ele se livrou da marcação de Galindo e chutou alto. Embora a FIFA credite o gol a Deșu, alguns historiadores afirmam que Constantin Stanciu foi o autor.

Depois de sofrer um gol tão precoce, os atletas peruanos perderam a cabeça e começaram a apelar para o jogo violento. Os romenos não ficaram atrás e devolveram na mesma moeda. O jogo ficou feio.

Aos 33′, o zagueiro romeno Adalbert Steiner sofreu a primeira fratura na perna na história das Copas. Por falta de registros precisos, há controvérsias sobre o autor da agressão, mas o mais citado é Mario de las Casas.


O lesionado Steiner espera por tratamento (Imagem: RomaniaBalls / WorldCup1930Project)

O Peru tinha um homem a mais, mas não conseguiu aproveitar a superioridade numérica.

Aos nove minutos do segundo tempo, o capitão peruano Plácido Galindo discordou de uma marcação, empurrou o árbitro chileno Alberto Warnken com uma peitada e foi expulso. Mas ele não aceitou a decisão e se recusou a deixar o campo. Os dirigentes de seu país demoraram dez minutos para convencê-lo a sair. Nesse período, os peruanos até tentaram tirar um jogador e colocar outro em campo, mas a fraude foi percebida, já que não eram permitidas substituições na época.

Eram dez atletas para cada lado.

Foi a primeira expulsão da história das Copas e seria a única no Mundial de 1930.

O Peru conseguiu o empate aos 29′. Juan Alfonso Valle escapou pela ponta direita, passando por Vogl e Rudolf Bürger e cruzando para a área. Luis de Souza Ferreira foi o responsável por mandar a bola para as redes do goleiro Ion Lăpuşneanu.

Mas, aos 40′, Alfred Eisenbeisser abriu com Ştefan Barbu na esquerda e ele tocou para o meio. Rudolf Wetzer dominou e mandou para a área. Miklós Kovács viu Stanciu sozinho e tocou para seu colega fazer o segundo tento romeno.

O placar foi fechado a um minuto do fim. Wetzer deixou com Kovács no meio. Ele passou por Domingo García, avançou pela ponta direita e chutou cruzado, na saída do goleiro Valdivieso. Placar final: 3 a 1 para a Romênia.


(Imagem: RomaniaBalls / Dechalaca.com)

● De acordo com os relatos dos historiadores, essa partida teve dois gols impedidos, mas não informam quais.

Na segunda partida do Grupo 3, o Peru perdeu por 1 x 0 para o Uruguai. No jogo derradeiro, a Romênia também foi derrotada pela Celeste Olímpica por 4 x 0.

Como prêmio pela participação, mesmo com a Romênia sendo eliminada na primeira fase, os atletas ganharam dez dias de folga em Nova York, com todas as despesas pagas pelo rei Carol II. Em 1940, durante a Segunda Guerra Mundial, o rei abdicou do trono e, em 1947, já exilado, se casou pela terceira vez, no Rio de Janeiro, com a romena Elena “Magda” Lupescu. Ele morreu no exílio em Estoril, Portugal, em 04/04/1953, aos 59 anos de idade.


À esquerda, o goleiro Lăpuşneanu se antecipa ao atacante peruano Julio Flores (Imagem: O Craiovano)

FICHA TÉCNICA:

 

ROMÊNIA 3 x 1 PERU

 

Data: 14/07/1930

Horário: 14h50 locais

Estádio: Pocitos

Público: 2.549

Cidade: Montevidéu (Uruguai)

Árbitro: Alberto Warnken (Chile)

 

ROMÊNIA (2-3-5):

PERU (2-3-5):

Ion Lăpuşneanu (G)

Juan Valdivieso (G)

Adalbert Steiner

Mario de las Casas

Rudolf Bürger

Alberto Soria

Ladislau Raffinsky

Plácido Galindo (C)

Emerich Vogl (C)

Domingo García

Alfred Eisenbeisser

Juan Alfonso Valle

Miklós Kovács

Julio Flores

Adalbert Deșu

Alejandro Villanueva

Rudolf Wetzer

Alberto Denegri

Constantin Stanciu

Demetrio Neyra

Ştefan Barbu

Luis de Souza Ferreira

 

Técnico: Constantin Rădulescu / Octav Luchide

Técnico: Francisco Bru

 

SUPLENTES:

 

 

Samuel Zauber (G)

Jorge Pardón (G)

Iosif Czako

Antonio Maquilón

Rudolf Steiner

Arturo Fernández Meyzán

Corneliu Robe

Eduardo Astengo

Alexandru Borbely

Julio Gilberto Quintana

Petre Steinbach

Carlos Cillóniz

Andrei Glanzmann

Jorge Góngora

Elemer Kocsis

Pablo Pacheco

Ilie Subăşeanu

Lizardo Rodríguez Nue

 

Jorge Sarmiento

 

José María Lavalle

 

GOLS:

50” Adalbert Deșu (ROM)

75′ Luis de Souza Ferreira (PER)

79′ Constantin Stanciu (ROM)

89′ Miklós Kovács (ROM)

 

EXPULSÃO: 54′ Plácido Galindo (PER)

Algumas imagens da partida:

Outras imagens:

 

… 10/06/1970 – Brasil 3 x 2 Romênia

Três pontos sobre…
… 10/06/1970 – Brasil 3 x 2 Romênia


Cumprimentos iniciais entre o trio de arbitragem e os capitães Mircea Lucescu e Carlos Alberto (Imagem: Getty Images)

● A expressão “grupo da morte” surgiu nessa Copa, para se referir ao Grupo 3, formado por Brasil (bicampeão em 1958 e 1962), Inglaterra (campeã em 1966), Tchecoslováquia (vice em 1962) e Romênia.

No retrospecto histórico, os romenos seriam os adversários mais fracos do grupo. Eles tinham feito um jogo duro contra a Inglaterra, perdendo só por 1 a 0 e haviam vencido a Tchecoslováquia por 2 a 1. Agora, precisavam da vitória para se classificar e jogavam um futebol técnico e ofensivo. Seria um grande teste para o setor defensivo brasileiro.

O Brasil estreou dando um show, goleando a Tchecoslováquia por 4 x 1. Depois, bateu os ingleses, então campeões do mundo, por 1 a 0. Essas duas vitórias garantiram a classificação antecipada e a Seleção pôde enfrentar a Romênia com total tranquilidade, embora precisasse vencer para confirmar o primeiro lugar do grupo.

Rivellino sentia dores e foi poupado. Paulo Cézar Caju ocupou seu lugar. Infelizmente ele não reeditaria sua grande atuação contra a Inglaterra.

Gérson ainda estava machucado (não havia jogado contra os ingleses) e também foi poupado. Zagallo escalou Fontana para a zaga e deslocou Piazza para sua posição original no meio de campo, avançando Clodoaldo.

Na teoria, o Brasil jogaria mais fechado. Porém, na prática, por incrível que pareça, ficou mais vulnerável.


O Brasil jogava em um 4-3-3, com Paulo Cézar Caju apoiando mais a esquerda e fechando pelo meio. No ataque, Tostão era o “falso 9” (criando tendências para o futuro), se revezando com Pelé – hora como atacante, hora como ponta-de-lança. O jogador mais avançado era Jairzinho, um ponta-direita que fechava pelo centro, abrindo espaços para os avanços constantes de Carlos Alberto.


A Romênia também jogava no sistema 4-3-3.

● Mais de 50 mil presentes no Estádio Jalisco, em Guadalajara.

Pelé começou o jogo com apetite. Aos 19 minutos, o Rei sofreu falta perto da área. Ele mesmo cobrou, com efeito, e acertou o canto direito do goleiro. Foi o segundo gol dele no torneio e o 10º em Copas.

Três minutos depois, Paulo Cézar Caju puxou jogada pela esquerda e cruzou rasteiro. Jairzinho entrou pela defesa romena e se antecipou ao goleiro, desviando para o gol.

Ainda aos 27 minutos do primeiro tempo, o goleiro romeno Stere Adamache se lesionou. Ele se tornou o primeiro goleiro a ser substituído na história das Copas do Mundo. Em seu lugar, entrou Rică Răducanu.

A defesa brasileira se distraiu e a Romênia aproveitou para empatar aos 34′. Dumitru lança para Florea Dumitrache, o craque daquele time. Ele dominou, driblou Brito e chutou por baixo de Félix. Esse gol devolveu a Romênia para o jogo.

Aos 21′ da etapa final, o Brasil teve dois escanteios seguidos. Depois da segunda cobrança, Jairzinho cruzou da direita para a pequena área. Tostão se esticou de forma acrobática para tocar de calcanhar na bola e Pelé entrou de carrinho para marcar seu segundo gol no jogo.

Boa parte do mérito desse gol é de Tostão, que ainda não tinha feito nenhum na Copa, mas já vinha tendo um papel decisivo nas vitórias da Seleção de Zagallo.


Jairzinho não teve facilidade com a marcação romena (Imagem localizada no Google)

Novamente com dois gols de vantagem, o Brasil voltou a diminuir o ritmo, se poupando para o jogo das quartas de final.

A Romênia sentiu que Fontana estava desentrosado no time, foi ao ataque e conseguiu descontar mais uma vez. Aos 38′, o lateral direito Sătmăreanu foi à linha de fundo e cruzou para a área. Emerich Dembrovschi ganhou no alto de Félix e desviou para o gol.

Quando o Brasil estava com a posse de bola no ataque, a torcida mexicana se levantava e a imprensa do mundo todo elogiava a nata do “futebol arte” sul-americano em todo seu potencial. Quando perdia a bola, todos criticavam sua defesa, o estádio inteiro gritava pelo nome de Dumitrache, e a torcida brasileira ficava com o coração na mão.

Nos minutos finais, o Brasil sofreu com o bombardeio aéreo da Romênia (e a insegurança de Félix nas bolas altas), mas já não havia mais tempo.

Fim de jogo: 3 a 2 para o Brasil.


Pelé cobra falta e abre o placar (Imagem localizada no Google)

● Embora não tivesse feito sua melhor atuação, o Brasil fez o suficiente para terminar a fase de grupos com 100% de aproveitamento.

A partida contra a Romênia serviu para chamar a atenção de todo o mundo para uma velha mania dos brasileiros: subestimar o adversário. Isso poderia ser fatal em algum momento.

Garantidos em primeiro lugar no grupo, os brasileiros permaneceram em Guadalajara para o confronto das quartas de final contra o Peru, em excelente fase, treinado pelo ídolo brasileiro Didi. O Brasil bateu os peruanos por 4 x 2.

Nas semifinais, a Seleção se vingou do Maracanazzo e venceu os uruguaios de virada por 3 a 1.

Na histórica decisão, venceu e convenceu. Goleou a Itália por 4 a 1, conquistando em definitivo a Taça Jules Rimet.


(Imagem: O Craiovano)

FICHA TÉCNICA:

 

BRASIL 3 x 2 ROMÊNIA

 

Data: 10/06/1970

Horário: 16h00 locais

Estádio: Jalisco

Público: 50.804

Cidade: Guadalajara (México)

Árbitro: Ferdinand Marschall (Áustria)

 

BRASIL (4-3-3):

ROMÊNIA
(4-2-4):

1  Félix (G)

21 Stere Adamache (G)

4  Carlos Alberto Torres (C)

2  Lajos Sătmăreanu

2  Brito

4  Mihai Mocanu

15 Fontana

5  Cornel Dinu

16 Everaldo

3  Nicolae Lupescu

3  Wilson Piazza

15 Ion Dumitru

5  Clodoaldo

10 Radu Nunweiller

7  Jairzinho

16 Alexandru Neagu

9  Tostão

7  Emerich Dembrovschi

10 Pelé

9  Florea Dumitrache

18 Paulo Cézar Caju

11 Mircea Lucescu (C)

 

Técnico: Zagallo

Técnico:
Angelo Niculescu

 

SUPLENTES:

 

 

12 Ado (G)

1  Rică Răducanu (G)

22 Leão (G)

22 Gheorghe Gornea (G)

21 Zé Maria

12 Mihai Ivăncescu

14 Baldocchi

6  Dan Coe

17 Joel Camargo

13 Augustin Deleanu

6  Marco Antônio

14 Vasile Gergely

8  Gérson

20 Nicolae Pescaru

11 Rivellino

8  Nicolae Dobrin

13 Roberto

17 Gheorghe Tătaru II

20 Dadá Maravilha

18 Marin Tufanac

19 Edu

19 Flavius Domide

 

GOLS:

19′ Pelé (BRA)

22′ Jairzinho (BRA)

34′ Florea Dumitrache (ROM)

67′ Pelé (BRA)

84′ Emerich Dembrovschi (ROM)

 

CARTÕES AMARELOS:

Mihai Mocanu (ROM)

Ion Dumitru (ROM)

 

SUBSTITUIÇÕES:

27′ Stere Adamache (ROM) ↓

Rică Răducanu (ROM) ↑

 

60′ Everaldo (BRA) ↓

Marco Antônio (BRA) ↑

 

72′ Florea Dumitrache (ROM) ↓

Gheorghe Tătaru II (ROM) ↑

 

74′ Clodoaldo (BRA) ↓

Edu (BRA) ↑

Gols da partida:

… 06/06/1970 – Romênia 2 x 1 Tchecoslováquia

Três pontos sobre…
… 06/06/1970 – Romênia 2 x 1 Tchecoslováquia


O tcheco Andrej Kvašňák, cercado pelos romenos Alexandru Neagu e Cornel Dinu (Imagem: Getty Images)

● A Tchecoslováquia estava na sua sexta participação em Copas do Mundo. Havia chegado a duas finais e perdido ambas. Em 1934, foi vítima da Itália de Mussolini. Em 1962, perdeu para a Seleção Brasileira, já sem Pelé, mas com Garrincha e Vavá.

A Romênia voltava a disputar um Mundial 32 anos depois. Havia participado das três primeiras edições (1930, 1934 e 1938), mas não havia se classificado mais desde então. Na fase qualificatória, havia eliminado a ótima seleção de Portugal (sensação quatro anos antes), a tradicional Suíça e a Grécia.

A expressão “grupo da morte” surgiu nessa Copa, para se referir ao Grupo 3, formado por Brasil (bicampeão em 1958 e 1962), Inglaterra (campeã em 1966), Tchecoslováquia (vice em 1962) e Romênia (com uma seleção muito técnica).

Na estreia, tanto romenos quanto tchecos tinham perdido.

Mas enquanto a Tchecoslováquia foi impiedosamente goleada pela Seleção Brasileira por 4 a 1, a Romênia tinha vendido caro a derrota por 1 a 0 para os ingleses, até então detentores do título mundial.

Eram duas seleções técnicas e ofensivas.

A única alteração na seleção romena em relação à estreia foi a troca de Gheorghe Tătaru II por Alexandru Neagu na ponta direita.

Por sua vez, o treinador da Tchecoslováquia, Jozef Marko, surpreendeu mudando meio time: tirou Ivo Viktor e colocou Vencel, no gol; mudou a defesa, com Zlocha no lugar de Hagara; trocou Hrdlička e František Veselý por Kvašňák e Bohumil Veselý no meio; e ainda alterou o comando de ataque, com Jurkanin substituindo Adamec.


As duas seleções atuavam no sistema 4-3-3

● A Tchecoslováquia começou melhor e Ladislav Petráš abriu o placar aos quatro minutos de partida, com uma linda cabeçada. Na comemoração, ele repetiu o sinal da cruz que havia feito no jogo contra o Brasil (e que havia levado o brasileiro Jairzinho a imitá-lo na sequência do Mundial).

No segundo tempo, os romenos tomaram conta do jogo. Neagu foi o destaque, marcando um gol e sofrendo um pênalti.

Aos oito, Radu Nunweiller rolou para Neagu, que driblou Horváth e chutou cruzado, no canto esquerdo do goleiro Vencel.

A virada veio aos 31′. Neagu recebeu um belo passe na entrada da grande área e foi agarrado por Zlocha. Pênalti bem marcado pelo árbitro mexicano Diego de Leo. Florea Dumitrache, o craque do time, cobrou no ângulo direito de Vencel e fez o gol da vitória.


O capitão romeno Mircea Lucescu finaliza, mas para na defesa do goleiro tcheco Alexander Vencel (Imagem: Getty Images)

● Esse resultado deixou a Tchecoslováquia praticamente eliminada. Os tchecos ainda perderiam para a Inglaterra por 1 a 0 no último jogo. Terminou em último lugar no Grupo 3, sem somar pontos; foram 2 gols marcados e 7 sofridos.

A Romênia ainda tinha chances de classificação, mas tinha que vencer o Brasil na última rodada.


(Imagem: Panini)

FICHA TÉCNICA:

 

ROMÊNIA 2 x 1 TCHECOSLOVÁQUIA

 

Data: 06/06/1970

Horário: 16h00 locais

Estádio: Jalisco

Público: 56.818

Cidade: Guadalajara (México)

Árbitro: Diego de Leo (México)

 

ROMÊNIA (4-3-4):

TCHECOSLOVÁQUIA (4-3-3):

21 Stere Adamache (G)

22 Alexander Vencel (G)

2  Lajos Sătmăreanu

2  Karol Dobiaš

4  Mihai Mocanu

3  Václav Migas

5  Cornel Dinu

5  Alexander Horváth (C)

3  Nicolae Lupescu

15 Ján Zlocha

15 Ion Dumitru

9  Ladislav Kuna

10 Radu Nunweiller

6  Andrej Kvašňák

16 Alexandru Neagu

7  Bohumil Veselý

7  Emerich Dembrovschi

8  Ladislav Petráš

9  Florea Dumitrache

19 Josef Jurkanin

11 Mircea Lucescu (C)

11 Karol Jokl

 

Técnico: Angelo Niculescu

Técnico: Jozef Marko

 

SUPLENTES:

 

 

1  Rică Răducanu (G)

1  Ivo Viktor (G)

22 Gheorghe Gornea (G)

13 Anton Flešár (G)

12 Mihai Ivăncescu

12 Ján Pivarník

6  Dan Coe

14 Vladimír Hrivnák

13 Augustin Deleanu

4  Vladimír Hagara

14 Vasile Gergely

17 Jaroslav Pollák

20 Nicolae Pescaru

16 Ivan Hrdlička

8  Nicolae Dobrin

18 František Veselý

17 Gheorghe Tătaru II

10 Jozef Adamec

18 Marin Tufanac

20 Milan Albrecht

19 Flavius Domide

21 Ján Čapkovič

 

GOLS:

5′ Ladislav Petráš (TCH)

52′ Alexandru Neagu (ROM)

75′ Florea Dumitrache (ROM) (pen)

 

CARTÕES AMARELOS:

Andrej Kvašňák (TCH)

Radu Nunweiller (ROM)

 

SUBSTITUIÇÕES:

INTERVALO Josef Jurkanin (TCH) ↓

Jozef Adamec (TCH) ↑

 

69′ Karol Jokl (TCH) ↓

František Veselý (TCH) ↑

 

69′ Mircea Lucescu (ROM) ↓

Gheorghe Tătaru II (ROM) ↑

 

81′ Ion Dumitru (ROM) ↓

Vasile Gergely (ROM) ↑

Gols da partida:

Lances individuais do romeno Florea Dumitrache nessa partida:

… Gheorghe Popescu: das páginas esportivas para as páginas policiais

Três pontos sobre…
… Gheorghe Popescu: das páginas esportivas para as páginas policiais


(Imagem: Alchetron)

● Ídolo de várias camisas, jogador moderno, multifuncional e um líder nato, mas acusado de diversos crimes fiscais e financeiros em seu país. Como a história o julgará?

Gheorghe “Gica” Popescu, nasceu em Calafat, sul da Romênia, em 09/10/1967. Forte fisicamente (1,88 m e 83 kg), podia jogar de zagueiro ou volante. Marcou época pelo seu futebol elegante e sua forte personalidade e liderança. Na Romênia, é conhecido como “Baciul” (“O Pastor”).

Se tornou profissional aos 16 anos, no Universitatea Craiova, onde jogou até 1990. Em 1988, foi emprestado ao gigante de seu país, o Steaua Bucareşti, onde chegou às semifinais da UEFA Champions League de 1987/88, empatando sem gols com o Benfica em casa e perdendo por 2 a 0 em Lisboa. Em 1990, foi jogar no PSV, da Holanda, a pedido do técnico Sir Bobby Robson. Em 1994, após uma Copa do Mundo estupenda, foi atuar no inglês Tottenham Hotspur.

Apenas uma temporada lhe valeu uma transferência para o gigante Barcelona, onde sucedeu Ronald Koeman na equipe. Pela enorme influência positiva sobre seus colegas, se tornou capitão da equipe, levantando as taças da Copa do Rei e da Recopa Europeia em 1996/97. Sua camisa nº 5 era sinônimo de raça e qualidade técnica.

Depois do Barça, foi se aventurar no turco Galatasaray, onde passou quatro anos e venceu diversos troféus importantes, com destaque para o título da Copa da UEFA 1999/2000, vencendo o Arsenal nos pênaltis após um placar zerado (Popescu converteu o pênalti decisivo na disputa). Disputou ainda a temporada 2001/02 na Lecce, na Serie A da Itália e voltou ao seu país, atuando por um breve período no Dinamo Bucareşti. Encerrou a carreira pouco depois, em 2003, jogando pelo Hannover 96, da Alemanha.

(Imagem: Pinterest)

● Vestiu a marcante camisa amarela da seleção de seu país entre 1988 e 2003, com 115 partidas jogadas e 16 gols marcados. Tornou histórica a camisa nº 6. Era o capitão na ausência Gheorghe Hagi, seu cunhado. Isso mesmo: a amizade entre ambos transcendeu os gramados e Popescu se casou em 1999 com a irmã de Hagi, Luminița.

Disputou três Copas do Mundo com a seleção da Romênia, em sua melhor fase histórica: em 1990, 1994 e 1998. Esteve também nas Eurocopas de 1996 e 2000. Era peça fundamental da seleção “Tricolorii” e marcou época em uma ótica geração com companheiros como Hagi, Marius Lăcătuş, Florin Răducioiu, Ilie Dumitrescu, Dan Petrescu e outros.

Por 13 anos consecutivos, entre 1989 e 2001, Gica Popescu nunca esteve fora dos quatro primeiros no prêmio de “Jogador Romeno do Ano”, vencendo em seis oportunidades. Está também na “Seleção Romena de Todos os Tempos”.

Após se retirar dos gramados, abriu sua própria escolinha (Escola de Futebol Gica Popescu) na cidade de Craiova. Mas definitivamente não teve muita sorte nos negócios. Sua escola de futebol não deu certo, assim como os demais investimentos em uma rede hoteleira, uma incorporadora, um bazar e até no mercado de energia eólica. Foi técnico e presidente de honra do FC Chindia Targoviste. Em 21/11/2005, concorreu para a presidência da Federação Romena de Futebol, contra o então presidente Mircea Sandu, mas conquistou apenas 102 votos, enquanto seu adversário recebeu 187.

(Imagem: Telekom Sport)

● Desde janeiro de 2008, Popescu era investigado pelo Departamento Nacional Anticorrupção. Enquanto se preparava para concorrer novamente ao cargo de presidente da federação, foi indiciado juntamente com outras sete pessoas ligadas ao futebol local: George Netoiu, Victor Becali, Ioan Becali, Mihai Stoica, Gheorghe Copos, Jean Pădureanu e Cristian Borcea.

Foram todos condenados pelo tribunal romeno em 04/03/2014 por extorsão, fraude, lavagem de dinheiro e evasão fiscal, em conexão com doze transferências de jogadores de futebol de seu país para o exterior entre 1999 e 2005, incluindo as de Nicolae Mitea para o Ajax, Cosmim Contra para o Alavés, Ionel Ganea para o Stuttgart e Florin Bratu para o Galatasaray. Os prejuízos estariam avaliados em € 1,7 milhão aos cofres públicos, € 10 milhões a (pelo menos) quatro clubes e € 470 mil à Federação Romena de Futebol. Gica Popescu foi condenado a três anos e um mês de reclusão, acusado de utilizar dessas vendas de jogadores para encobertar um suposto enriquecimento ilícito. Ele e os demais empresários declararam valores para os negócios menores do que realmente eram.

Ele foi colocado em liberdade condicional em novembro de 2015, após cumprir um ano e oito meses de pena, por ter bom comportamento na prisão e realizar atividades produtivas. Escreveu diversos artigos enquanto esteve preso, dentre eles as obras: “A abordagem teórica e metodológica para o ensino do jogo de futebol nos centros de crianças e jovens a partir de uma perspectiva interdisciplinar”, “Considerações sobre a estratégia de otimização para promover o jogo de futebol ao nível da escola” e “O futuro dos jogadores do futebol profissional”, todas publicadas em 2014.

É uma pena que um jogador de tão alto nível dentro dos campos tenha manchado sua história dessa forma.

Feitos e premiações de Gheorghe Popescu:

Pela seleção da Romênia:
– Quadrifinalista da Copa do Mundo de 1994.
– Quadrifinalista da Eurocopa de 2000.

Pelo Steaua Bucareşti:
– Campeão do Campeonato Romeno em 1987/88.
– Campeão da Copa da Romênia em 1987/88.

Pelo PSV Eindhoven:
– Bicampeão Holandês em 1990/91 e 1991/92.
– Campeão da Supercopa da Holanda em 1992.

Pelo Barcelona:
– Campeão da Recopa Europeia em 1996/97.
– Campeão da Copa do Rei em 1996/97.
– Campeão da Supercopa da Espanha em 1996.
– Vice-campeão do Campeonato Espanhol em 1997.

Pelo Galatasaray:
– Campeão da Copa da UEFA em 1999/2000.
– Campeão da Supercopa Europeia em 2000.
– Tricampeão do Campeonato Turco em 1997/98, 1998/99 e 1999/2000.
– Bicampeão da Copa da Turquia em 1998/99 e 1999/2000.

Distinções e premiações individuais:
– Jogador Romeno do Ano em 1989, 1990, 1991, 1992, 1995 e 1996.

… Steaua București: o campeão europeu de 1986 que pode deixar de existir

Três pontos sobre…
… Steaua București: o campeão europeu de 1986 que pode deixar de existir


(Imagem: Imortais do Futebol)

● A temporada 1985/86 da Copa dos Campeões Europeus (atual UEFA Champions League) contou com 31 clubes, um a menos em relação ao normal, pois a Inglaterra estava punida pelo desastre de Heysel, no ano anterior. Assim, o Everton, campeão inglês, não pode disputar a competição devido à proibição da UEFA.

Enquanto gigantes como Juventus, Bayern de Munique, Barcelona e Porto se degladiavam entre si, o Steua (estrela, no idioma romeno) teve muita sorte nos sorteios dos chaveamentos. Passou pela primeira fase com um placar agregado de 5 a 2 sobre o Vejle, da Dinamarca. Nas oitavas de final, apesar do susto e derrota por 1 a 0 no primeiro jogo, goleou o Budapest Honvéd por 4 a 1 em casa e passou de fase. Nas quartas, foram jogos duríssimos, com um empate sem gols e uma vitória fora de casa por 1 a 0 contra o Kuusysi (atual FC Lahti) da Finlândia. Nas semifinais, a derrota por 1 a 0 e goleada por 3 a 0 sobre o forte Anderlecht, da Bélgica, do craque Enzo Scifo, credenciaram o campeão romeno para uma inédita final.

07/05/1985 era o dia mais importante da história da Romênia (talvez até extrapolando o futebol). O Steaua București enfrentou o todo poderoso Barcelona (que, na verdade, tinha um time horrível) na decisão, no Estádio Ramón Sánchez Pizjuán, em Sevilha. Mesmo jogando em seu país, com mais de 50 mil catalães nas arquibancadas, o Barcelona ficou nas mãos do goleiro adversário. Helmuth Ducadam parou o Barça tanto no tempo normal, quanto na prorrogação e especialmente nos pênaltis, quando defendeu quatro pênaltis, de: José Ramón Alexanko, Ángel Pedraza, Pichi Alonso e Marcos Alonso. Os romenos também não cobraram bem, perdendo os dois primeiros com Majaru e Bölöni, mas convertendo com Lăcătuş e Balint. Foi preciso 120 minutos de jogo e 5 pênaltis até que a rede balançasse nesta final. Foi o primeiro título da maior competição continental conquistada por um clube do Leste Europeu. Duckadam se tornou o “Herói de Sevilla”.

Na grande final, o time campeão formou com:
Helmuth Duckadam; Ştefan Iovan (C), Adrian Bumbescu, Miodrag Belodedici e Ilie Bărbulescu; Mihail Majearu, Lucian Bălan (Anghel Iordănescu), László Bölöni e Gavril Balint; Marius Lăcătuş e Victor Piţurcă (Marin Radu). Técnico: Emerich Jenei.

(Imagem: Imortais do Futebol)

● Dentre nomes de peso na história do futebol local (como Iordănescu, Bölöni, Lăcătuş e Piţurcă), merece destaque o zagueiro Belodedici, que em 1991 se tornaria o primeiro jogador a vencer o maior torneio da Europa por dois clubes diferentes e o único a vencer por dois clubes do Leste Europeu (marca que dificilmente será batida em um futuro próximo).

Mas o grande herói do título foi mesmo o goleiro Duckadam, que defendeu os quatro pênaltis na final. Oitavo lugar no prêmio Bola de Ouro da revista France Football em 1986, infelizmente ele teria que encerrar a carreira com apenas 27 anos, nas semanas seguintes ao título. A versão oficial é que o jogador havia sofrido graves problemas circulatórios (alguns falam em trombose, outros em aneurisma), paralisando temporariamente o lado direito do seu corpo. Mas sempre circularam comentários que o motivo de seus problemas físicos seria outro. Pela sua façanha em campo, impedindo o primeiro título europeu do Barcelona, o presidente do Real Madrid, Ramón Mendoza, teria presenteado o goleiro com um automóvel Mercedes-Benz. Ao retornar à Romênia, foi intimado por Valentin Ceausescu (filho do ditador Nicolae Ceaucescu) a lhe dar o carro. O goleiro teria se recusado e, pela sua negativa, teria sido baleado no braço pela Securitatea (polícia comunista romena), perdendo parte dos movimentos. Posteriormente e já aposentado, Duckadam afirmava que o problema teria sido causado por um acidente doméstico, mas ainda hoje sempre se contradiz com versões diferentes para seu problema físico.

(Imagem: Getty Images / UEFA)

● Mas a equipe que já era boa, se tornou imbatível com a chegada do gênio Gheorghe Hagi. Esse mesmo time base conseguiu outros feitos: campeão da Supercopa da Europa em 1986, tetracampeão romeno (1985/86, 1986/87, 1987/88 e 1988/89, sendo os três últimos títulos invictos), tricampeão invicto da Copa da Romênia (entre 1987 e 1989), além de estabelecer o recorde de partidas invictas em seu país, com 119, entre junho de 1986 a setembro de 1989. Na temporada 1987/88 o Steaua quase chegou a outra final, perdendo nas semifinais para o Benfica (que, por sua vez, perderia para o PSV na decisão). Já na temporada seguinte, o time conseguiu esse feito, mas foi impiedosamente goleada pelo excepcional Milan por 4 a 0.

Com a Revolução Romena pelo fim do regime comunista de Nicolae Ceausescu, com mais de mil mortos, a abertura do mercado também no futebol impediu ao Steaua que mantivesse seus jogadores e, com a evasão em massa, nunca mais conseguiu reunir tantos bons nomes em uma só equipe local.

Mesmo assim, o clube continuou dominante em seu país, mas sem expandir novamente suas glórias para o continente. Em 2001, o Ministério da Defesa da Romênia entrou com uma ação para impedir Gigi Becali, o (maluco) presidente e proprietário atual do clube de continuar utilizando qualquer referência ao clube criado pelas Forças Armadas. Depois de derrotas judiciais nas duas primeiras instâncias, Gigi Becali deve recorrer à Suprema Corte do país. Mesmo que o clube desapareça, jamais serão esquecidas as façanhas do grande Steaua București.