Três pontos sobre…
… 07/06/1970 – Brasil 1 x 0 Inglaterra
(Imagem: UOL Esporte)
● A Inglaterra era apontada como favorita por 15 dos 18 técnicos entrevistados pela revista Placar antes da Copa. O English Team chegou ao México com o favoritismo de quem havia vencido a última Copa, em 1966. Trazia a fama de um futebol duro, com uma defesa fechadíssima, muito difícil de ser batida. Tinha uma estratégia bem definida: abusava da inteligência e da técnica de Bobby Charlton; se não desse resultado ou se ele cansasse, apelava para o tradicional “chuveirinho”. Assim, com esse futebol competitivo, venceu a Romênia na estreia por 1 a 0.
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Para tornar a missão ainda mais difícil para o Brasil, o meia Gérson se lesionou contra a Tchecoslováquia e desfalcou o Brasil. Rivellino foi recuado para o meio e Paulo Cézar Caju entrou na ponta.
Na ausência de Gérson, o Brasil atuou no 4-2-4, com Paulo Cézar voltando um pouco mais para fechar o lado esquerdo.
A Inglaterra jogava em um pioneiro 4-4-2, que lhe valeu o título no Mundial de 1966.
● No primeiro tempo houve muito equilíbrio e poucas chances de gol. Os brasileiros, muito cuidadosos na defesa, permitiram que os ingleses tivessem domínio territorial. Eles marcavam, corriam, criavam, mas… não chutavam a gol.
Já os brasileiros tocavam a bola de pé em pé, sem se desgastar, enquanto os ingleses corriam atrás dela e perdiam o fôlego, o que lhes seria fatal no segundo tempo.
Aos 11 minutos de jogo, ocorreu aquela que é considerada a maior defesa de todas as Copas, uma obra prima completa. O único jogador em campo capaz de um corte em altíssima velocidade pela direita e fazer o cruzamento antes da bola sair era o Furacão Jairzinho. A única pessoa do mundo que poderia cabecear a bola daquele jeito, impulsionando-a com ainda mais força, de cima para baixo, era Pelé. Direcionou o tiro certeiro no chão. Na certa seria gol! Mas não!!! O único goleiro do universo que poderia parar Pelé naquele momento era Gordon Banks. Ele saltou no canto direito e deu um tapa por baixo da bola, colocando-a sobre o travessão. Foi um lance maravilhoso, em todo o contexto.
Aos 15, o ponta direita Francis Lee fez uma falta violenta e desleal em Everaldo.
Pouco depois, o próprio Lee quase marcou de cabeça, mas Félix defendeu bem. Na sequência, o inglês chutou a cabeça do goleiro brasileiro, tentando fazer o gol em uma bola perdida.
Diz a lenda que Carlos Alberto chamou Pelé e disse: “Pega esse cara!” Pelé, precavido, respondeu: “Não dá, eu sou muito visado e o juiz vai me expulsar”. Carlos Alberto resolveu ele mesmo o problema: na primeira bola que Lee pegou, o Capita deixou sua posição, foi até a intermediária e deu um tranco pesado no inglês, que a partir daí sumiu em campo.
(Imagem: FIFA)
● No intervalo, os brasileiros demoraram para voltar, deixando os ingleses “torrando” por cinco minutos em um calor de quase 40º C de Guadalajara.
Na segunda etapa, o talento individual brasileiro fez a diferença, principalmente dos homens de meio de campo, que passaram a apoiar mais o ataque. E aos 15 minutos do segundo tempo, prevaleceu o talento sobre o atleta.
Tostão recebe de Carlos Alberto, tenta o chute e acerta um zagueiro. Ele fica com a sobra, tabela com Paulo Cézar, entra na área, dribla um adversário, é combatido por mais dois, mas gira em torno de si mesmo, livra-se dos três (com direito a bola entre as pernas do capitão Bobby Moore) e, de costas para o gol, dá de curva, de pé direito, para Pelé. Sem olhar para o lado e com um leve e magistral toque, o Rei tira outros dois adversários e deixa Jairzinho cara a cara com Banks. Jair chuta com violência, balança as redes e sacode milhões de brasileiros, definindo a dramática vitória de sua equipe.
Após o gol, faltou uma cabeça pensante e genial como a de Gérson para cadenciar mais o jogo, segurando um pouco a correria dos ingleses. Mas em âmbito geral, Paulo Cézar esteve muito bem em campo e fez um dos melhores (senão o melhor) jogo de sua vida.
Na sequência, o técnico Alf Ramsey abdicou de vez da categoria individual, substituindo Lee e Bobby Charlton (já extenuado, mas o melhor em campo no primeiro tempo). Com a entrada de dois atacantes, os ingleses abdicaram do jogo inteligente e passaram e centrar bolas na área. Mas a defesa brasileira se manteve segura.
Os minutos finais são de apreensão. Aos 38, Félix falha numa saída, mas Bell chuta para fora.
Aos 40, Clodoaldo vira o jogo para a esquerda, mas Banks defende o chute de Roberto.
Aos 42, Félix sai bem do gol, mas não alivia o perigo. Astle não consegue cabecear e Brito afasta de vez. Foi o melhor jogo de Félix na Copa. Brito é outro que merece elogios pela segurança nessa partida.
Veja o gol da partida desde sua origem:
● Esse confronto bem que poderia ser a grande final da Copa, mas os “deuses do futebol” quiseram que protagonizassem esse duelo na segunda rodada da fase de grupos.
Diante de 66.843 expectadores, o clássico entre os dois últimos campeões foi a partida mais tensa, equilibrada e sofria dentre todas disputadas pela Seleção Brasileira em 1970. Foi o único jogo em que o Brasil fez apenas um gol e foi também o único gol que a Inglaterra sofreu na primeira fase (venceu Romênia e Tchecoslováquia, ambas por 1 x 0).
● FICHA TÉCNICA: |
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BRASIL 1 x 0 INGLATERRA |
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Data: 07/06/1970 Horário: 12h00 locais Estádio: Jalisco Público: 66.843 Cidade: Guadalajara (México) Árbitro: Abraham Klein (Israel) |
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BRASIL (4-3-3): |
INGLATERRA (4-4-2): |
1 Félix (G) |
1 Gordon Banks (G) |
4 Carlos Alberto Torres (C) |
14 Tommy Wright |
2 Brito |
5 Brian Labone |
3 Wilson Piazza |
6 Bobby Moore (C) |
16 Everaldo |
3 Terry Cooper |
5 Clodoaldo |
4 Alan Mullery |
11 Rivellino |
9 Bobby Charlton |
7 Jairzinho |
8 Alan Ball |
9 Tostão |
10 Geoff Hurst |
10 Pelé |
7 Francis Lee |
18 Paulo Cézar Caju |
11 Martin Peters |
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Técnico: Zagallo |
Técnico: Alf Ramsey |
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SUPLENTES: |
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12 Ado (G) |
12 Peter Bonetti (G) |
22 Leão (G) |
13 Alex Stepney (G) |
21 Zé Maria |
2 Keith Newton |
15 Fontana |
17 Jack Charlton |
14 Baldocchi |
18 Norman Hunter |
17 Joel Camargo |
16 Emlyn Hughes |
6 Marco Antônio |
15 Nobby Stiles |
8 Gérson |
19 Colin Bell |
13 Roberto |
20 Peter Osgood |
21 Allan Clarke |
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19 Edu |
22 Jeff Astle |
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GOL: 59′ Jairzinho (BRA) |
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CARTÃO AMARELO: Francis Lee (ING) |
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SUBSTITUIÇÕES: |
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63′ Bobby Charlton (ING) ↓ |
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Colin Bell (ING) ↑ |
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63′ Francis Lee (ING) ↓ |
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Jeff Astle (ING) ↑ |
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68′ Tostão (BRA) ↓ |
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Roberto (BRA) ↑ |