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… Final da UEFA Champions League 2020/21

Três pontos sobre…
… Final da UEFA Champions League 2020/21


(Imagem: Softonic)

● Quase todo mundo conhece o aplicativo “Cheat O’Matic”. Quem não queria se arriscar em qualquer tipo de jogo, usava esse software para trapacear, apelar e ganhar vidas ilimitadas, dinheiro ilimitado ou poderes adicionais. Em pouco tempo você consegue chegar em níveis que normalmente demoraria muito mais. E você se torna praticamente invencível.

Transportando isso pro futebol, foi justamente algo do tipo que aconteceu com os hoje gigantes Manchester City e Chelsea. É impossível citar os oito maiores clubes do mundo hoje sem os dois.

Ambos tem seus méritos, claro. Mas esses méritos demorariam algumas dezenas de anos se não fossem os petrodóloares.

● O Chelsea começou a usar o Cheat O’Matic antes, na temporada 2003/04. O clube foi adquirido pelo bilionário russo Roman Abramovich – um judeu russo que perdeu os pais ainda criança, que alcançou o poder e a riqueza através das obscuras privatizações das estatais refinarias de petróleo russas.

Depois de compras de inúmeros jogadores, técnicos badalados e salários astronômicos, o Chelsea passou a ser sempre um dos favoritos à conquista de todos os títulos que disputa. Conquistou em 18 anos muito mais do que não havia conquistado nos outros 98 – incluindo cinco títulos da Premier League e a mais cobiçada, a Champions de 2011/12.

Aos poucos, Abramovich foi saindo de cena e o nome forte do Chelsea hoje é a russa Marina Granovskaia, CEO do clube. Ela trabalha com Abramovich desde 1997 e foi a responsável pela montagem do elenco atual.

Ao todo, os Blues de Londes já gastaram 2,223 bilhões de euros desde a chegada de Roman Abramovich.

● O Manchester City sempre foi chamado de “o primo pobre da cidade de Manchester”, sempre ofuscado pelo gigante Manchester United. Mas passou a usar o Cheat O’Matic desde a temporada 2008/09 e subjugou rapidamente o rival.

O clube foi comprado pelo City Football Group, braço da empresa Abu Dhabi United Group, de propriedade do sheik Mansour bin Zayed Al Nahyan – membro da família real de Abu Dhabi e irmão do atual presidente dos Emirados Árabes Unidos.

Desde então, já foram conquistados 16 títulos nesses 13 anos, contra 18 troféus nos outros 114 anos.

Logicamente, os petrodólares também deram o tom nas contratações dos Citizens. Foram 2,008 bilhões de euros gastos para tornar o City supercampeão dentro da Inglaterra e chegar à primeira final da Champions.

Nomes como Sergio Agüero, Kevin De Bruyne, Riyad Mahrez, Éderson, Rúben Dias e outros, fazem o técnico Pep Guardiola ter opções de sobra para ter o mais farto elenco do mundo.

● No duelo entre os campeões do Cheat O’Matic, melhor para o Chelsea.

O alemão Thomas Tuchel escalou o Chelsea em um 5-2-2-1, com: Édouard Mendy; Reece James, César Azpilicueta, Thiago Silva, Antonio Rüdiger e Ben Chilwell; N’Golo Kanté e Jorginho; Mason Mount e Kai Havertz; Timo Werner.

Pep Guardiola mandou a campo o Manchester City no 4-3-3, com: Ederson; Kyle Walker, John Stones, Rúben Dias e Oleksandr Zinchenko; İlkay Gündoğan, Bernardo Silva e Kevin De Bruyne; Riyad Mahrez, Phil Foden e Raheem Sterling. Sem a bola, era um 4-2-3-1, com os pontas fechando o meio juntamente com De Bruyne. Com a bola, era um 3-4-3, com o avanço de Zinchenko pelo meio.

No comecinho do jogo o Manchester City deu a impressão de que seria mais perigoso, pressionando a saída de bola do Chelsea e impedindo os Blues de saírem de sua defesa.

Abafado, o Chelsea descobriu a bola longa como uma forma de avançar o time. E essa também seria sua principal criação de jogadas, além da velocidade pelos lados e o apoio dos alas Reece James e Ben Chiwell.

No primeiro tempo, o City teve algumas chances em cruzamentos e uma mais clara, que foi um lançamento longo do goleiro Ederson, que Sterling não conseguiu dominar bem.

O Chelsea perdeu pelo menos duas chances claras com Timo Werner. Em uma ele furou e em outra ele bateu muito fraco para a fácil defesa de Ederson.

O City tinha a bola. O Chelsea se defendia bem e esperava pelos contragolpes.

Thiago Silva se lesionou aos 35′ e teve que sair. Christensen entrou bem e deu conta do recado.

O gol saiu aos 42′. O goleiro Mendy saiu jogando com Chiwell na esquerda, que ajeitou de primeira para Mason Mount. Ele teve tempo para ajeitar e fazer um ótimo lançamento no ponto futuro, onde Kai Havertz se apresentava, se deslocando da marcação de Zinchenko, que não conseguiu acompanhar. O deslocamento lateral de Timo Werner levou a marcação de Rúben Dias e o meio ficou livre para Havertz. O meia alemão dominou já tirando o goleiro Ederson (que saiu do gol do jeito que deu e chegou a tocar na bola) e só completou para o gol vazio.


(Imagem: José Coelho / Reuters)

Na segunda etapa, mais do mesmo. Até um choque acidental entre os rostos de Rüdiger e De Bruyne. O belga levou a pior e teve que sair de campo aos 15′. O City perdia seu melhor jogador tecnicamente, mas que não havia aparecido na partida. Foi substituído por Gabriel Jesus.

Quatro minutos depois, Fernandinho entrou no lugar de Bernardo Silva, por opção técnica.

Com Gabriel Jesus e Fernandinho em campo, o City passou a se achar em campo, com alguns ataques pelas pontas. Mas o Chelsea se fechava muito bem. Não houve nenhuma situação clara de gol também no segundo tempo.

Para fechar mais os espaços, Pulišić entrou no lugar de Werner e Kovačić no lugar de Mount.

Mas o Chelsea teve a chance de matar o jogo, em um contra-ataque que Havertz deixou Pulišić na cara do gol, mas o norte-americano desperdiçou.

No desespero, Kun Agüero entrou no lugar de Sterling.

Tentando ganhar no “abafa” e jogando bola na área de qualquer maneira, o desesperado City se tornou presa fácil para a defesa do Chelsea.

Chelsea campeão merecidamente.

Os últimos sete times que fizeram sua estreia em uma final de Champions perderam: Valencia (1999/2000), Bayer Leverkusen (2001/02), Monaco (2003/04), Arsenal (2005/06), Chelsea (2007/08), Tottenham (2018/19) e PSG (2019/20). O último estreante a vencer foi o Borussia Dortmund, na temporada 1996/97.


(Imagem: Michael Steele / Reuters)

Confira as notas para os personagens da partida:

Chelsea

Édouard MendyNota 6 – Primeiro goleiro africano a jogar como titular uma final de Champions, Mendy não foi exigido durante os 98 minutos. Começou a jogada do gol.

Reece JamesNota 6,5 – Levou a melhor na maioria das disputas com Sterling e foi uma válvula de escape nas saídas de bola.

César AzpilicuetaNota 6,5 – O capitão do Chelsea foi uma das melhores opções na saída de bola e manteve a garra e disciplina de sempre, liderando a defesa.

Thiago SilvaNota 6 – Seguro enquanto esteve em campo. Foi substituído por lesão aos 39′.

― (Andreas Christensen) – Nota 6 – Manteve a segurança na defesa e ganhou várias bolas pelo alto.

Antonio RüdigerNota 7 – Um gigante pelo alto, ganhando todas de cabeça. Por baixo, tirou tudo que veio.

Ben ChilwellNota 7 – Marcou muito bem e apoiou em vários momentos. É um grande jogador.

N’Golo KantéNota 8 – Kanté criou uma função no futebol: o “todo-campista”. Ele estava literalmente em todas as bolas, aparecendo na defesa e no ataque. O melhor jogador da competição, sem sombra de dúvidas.

JorginhoNota 6 – Mesmo sendo muito bom nos passes, hoje sua principal função foi a marcação. E ele foi muito bem também.

Mason MountNota 8 – Circulou bem no ataque, não manteve posição e criou a jogada do gol com um lançamento espetacular.

― (Mateo Kovačić) – Nota 6 – Entrou no fim do jogo, apareceu pouco, mas levou ao clube o espírito vencedor que ele adquiriu no Real Madrid.

Kai HavertzNota 7,5 – Um jogador muito maduro para sua pouca idade. Soube se desmarcar e aparecer livre para marcar o gol do título.

Timo WernerNota 5 – Destoou do resto do time, perdendo pelo menos duas chances claras de gol. Mas sua movimentação abriu espaços para Havertz aparecer e fazer o gol.

― (Christian Pulišić) – Nota 5 – Substituiu Werner à altura e perdeu um gol feito. Ajudou a fechar os espaços no fim do jogo.

Thomas TuchelNota 7 – Não inventou, conseguiu formar um sistema defensivo sólido e escalou os jogadores certos no momento certo.

Manchester City

EdersonNota 6 – Praticamente não foi exigido. Não teve culpa no gol. Fez o que pôde.

Kyle WalkerNota 5,5 – Com muita força física, foi um trator na marcação. Apoiou pouco ao ataque.

John StonesNota 4 – Parecia um pouco nervoso e perdido no começo do jogo. No lance do gol, mal apareceu no vídeo.

Rúben DiasNota 5 – No lance do gol, saiu no encalço de Werner e abriu espaço para a infiltração de Havertz.

Oleksandr ZinchenkoNota 5,5 – Por ser um meia de origem, aparecia mais pelo centro, tentando armar alguma jogada, ao invés de dar opção para lances de profundidade.

İlkay GündoğanNota 4,5 – O dínamo do meio campo do City mal apareceu em campo. Seu destaque no jogo foi ter recebido um cartão amarelo.

Bernardo SilvaNota 5 – Jogou mais recuado, mesmo sem ter esse perfil. Não apareceu no ataque, o que é sua principal característica.

― (Fernandinho) – Nota 6 – Depois que entrou, foi o responsável por liderar o time no “perde-pressiona”. Deveria ter sido titular.

Kevin De BruyneNota 4,5 – Era o mais avançado do pseudo 4-3-3. Foi presa fácil na marcação de Jorginho e Kanté.

― (Gabriel Jesus) – Nota 5,5 – Apareceu algumas vezes caindo pelas pontas para tentar criar alguma jogada. Deveria ter sido titular.

Riyad MahrezNota 5 – Tentou ciscar em seu terreiro, que é a ponta direita, mas pouco fez. Quase fez o gom de empate no último minuto da partida, em uma bola vadia.

Raheem SterlingNota 5,5 – Foi o que mais deu trabalho à defesa do Chelsea, pela ponta esquerda. Perdeu um gol no início da partida, que poderia ter mudado os rumos da decisão.

― (Sergio Agüero) – Nota 5 – Maior jogador da história do clube, errou na única bola limpa que recebeu. Pouco apareceu nos 20 minutos que jogou.

Phil FodenNota 5,5 – Escalado fora de posição, como o homem mais avançado, pouco conseguiu fazer. Apareceu um pouquinho mais quando recuou para armar o jogo.

Pep GuardiolaNota 3 – Inventou no momento decisivo. Escalou seu time sem volante e sem centroavante. Gündoğan não soube ser o “falso 5”, tampouco Phil Foden conseguiu ser o “falso 9”. Perdeu apenas quatro das 13 ligas nacionais que disputou, por ter o melhor elenco em todas as 13. Ganhou duas Champions pelo Barcelona exclusivamente por causa da genialidade de Lionel Messi e Andrés Iniesta. Poderia ter vencido essa final se não tivesse inventado, mas preferiu deixar sua marca. “Professor Pardal”. Se tornou lenda, mito, mas não passa de um Vanderlei Luxemburgo catalão (o que não é uma ofensa pra ninguém).


(Imagem: José Coelho / Reuters)

Antonio Mateu LahozNota 8 – O árbitro foi perfeito em todas as tomadas de decisão e deixou o jogo seguir. Por que será que não apita assim nos clássicos entre Real Madrid e Barcelona?

UEFA Champions LeagueNota 10 – Amamos a “Orelhuda” e temos adoração pelo hino  da Champions antes das partidas. Die Meister, Die Besten, Les grandes Équipes, The Champions!

Superliga EuropeiaNota 0 – Nunca será!

Para ver os melhores momentos da partida, clique aqui.

… Superliga Europeia

Três pontos sobre…
… Superliga Europeia

● Quem ama futebol é contra a Superliga Europeia e tudo o que ela representa.

● Creio que a melhor solução seria a retirada de pontos dos clubes nas ligas, o banimento na Champions e multas financeiras aumentando gradualmente. Além da desfiliação das federações, confederações e da Fifa. Seria uma liga pirata, como já houveram algumas antigamente. Os jogadores que atuam nessa liga não podem defender seleções em jogos oficiais.

● Estou pronto para passar a odiar o clube que tanto amo desde criança, se insistir nessa idiotice. Respeito opiniões, mas essa é a minha. Justamente porque eu amo futebol e tudo o que ele proporciona.

… Tottenham 0 x 2 Liverpool

Três pontos sobre…
… Tottenham 0 x 2 Liverpool


(Imagem: Matthias Hangst / Getty Images)

● Camisa pesada ganha jogo, sim.

O Liverpool era favorito não apenas por isso, mas pela grande evolução desde a chegada do técnico Jürgen Klopp. É um time com grande organização no sistema defensivo, com a parede Alisson Becker e o intransponível Virgil van Dijk. Nas laterais, dois dos maiores assistentes da temporada europeia: Trent Alexander-Arnold e Andrew Robertson. No meio, um trio homogêneo, “box-to-box”, com o capitão Jordan Henderson, Fabinho e Georginio Wijnaldum. E um ataque veloz e infernal, com Bobby Firmino, Sadio Mané e, especialmente, Mohamed Salah.

Sem o dinheiro e o status do Liverpool, o Tottenham também é um excelente time. Gastando muito na construção de seu estádio, os Spurs não contrataram ninguém nas duas últimas janelas de transferência. Juntamente com o semifinalista Ajax, é um exemplo para os times com menos dinheiro, provando que não é necessário sair gastando para ter seus momentos de sucesso (ouviram, PSG e Man City?!). O capitão Hugo Lloris, campeão do mundo pela França, é um dos goleiros mais regulares atualmente. A zaga belga raramente compromete e os laterais são sólidos e ofensivos. No meio, Harry Winks estava voltando de contusão e não foi bem, assim como Dele Alli e Harry Keane. Christian Eriksen ficou apagado no primeiro tempo e só acordou no segundo. O desafogo do time eram as arrancadas de Son Heung-min, como foi durante vários momentos da temporada. Em minha opinião, talvez Son seja o melhor jogador asiático da história – e com potencial para mais.


Mauricio Pochettino escalou sua boa equipe no 4-2-3-1, com os retornos de Winks, Dele Alli e Keane, mas o time não rendeu como esperado.


O Liverpool jogou no seu tradicional 4-3-3, com destaque para a velocidade do trio de frente.

● Foi Sadio Mané quem começou a aprontar, logo aos 22 segundos de partida. Ele tentou o cruzamento para a área e a bola tocou no ombro/peito de Sissoko e resvalou no braço aberto. Pênalti marcado por Damir Skomina, que o VAR não ousou intrometer por ser lance interpretativo. Para mim, pênalti mal marcado. Sissoko não interferiu na trajetória da bola com a mão. A bola só bateu no braço dele após ser tocada pelo peito.

Mohamed Salah não tinha nada a ver com isso, cobrou e converteu a penalidade. Se na final da temporada anterior o egípcio se lesionou e não conseguiu ser decisivo no melhor momento de sua carreira, agora foi o responsável por colocar sua equipe na dianteira do placar antes que o relógio desse duas voltas.

O gol relâmpago condicionou todo o jogo. Nervoso em demasia, o Tottenham não conseguia criar chances. Os Reds subiam as linhas e marcavam no campo adversário.

Ainda na etapa inicial, teve brecha até para uma “peladona” invadir o campo. Ela é Kinsey Wolanski (@kinsey_sue), namorada de Vitaly Zdorovetskiy, o cara que invadiu a final da Copa do Mundo de 2014 e dono do site “Vitaly Uncensored”, que faz pegadinhas e piadas com teor sexista e sem pudor algum.


Mo Salah abriu o placar de pênalti (Imagem: Matthias Hangst / Getty Images)

● Voltando ao futebol (que poderia ter sido melhor), no segundo tempo, o Tottenham melhorou, atacou, teve chances, mas parou em Alisson. O goleiro brasileiro pegou tudo e frustrou os Spurs. Lucas Moura entrou no meio do segundo tempo e não teve a mesma estrela da semifinal. Na única chance que teve, chutou fraco, no meio do gol e Alisson defendeu.

Nos últimos lances da partida, quando os Spurs até pareciam mais próximos do empate, Divock Origi aproveira uma sobra de um escanteio e bate cruzado de esquerda, no cantinho de Lloris. 2 a 0 e jogo liquidado.

No fim, festa da maravilhosa torcida do Liverpool, que cantou e emocionou novamente ao som de “You’ll Never Walk Alone”, clássico dos Beatles.


O quase sempre sortudo Origi chutou cruzado e fez o segundo dos Reds (Imagem: Laurence Griffiths / Getty Images)

● O Liverpool é merecidamente o campeão da UEFA Champions League. O título que tão dolorosamente lhe escapou no ano passado, agora foi conquistado. Em sua terceira tentativa, Jürgen Klopp vence a “Orelhuda”. E Jordan Henderson repete o gesto de Steven Gerrard e levanta a taça quatorze anos depois.

Com seis títulos, agora o Liverpool é isolado o terceiro maior vencedor da Champions. Fica atrás apenas de Real Madrid (13) e Milan (7). E o melhor é que esse time, com esse elenco e podendo ser reforçado, tem fôlego para mais. E uma camisa pesadíssima.

Mas, repito: a final foi condicionada por um pênalti polêmico em lance interpretativo.


(Imagem: Getty Images)

FICHA TÉCNICA:

 

TOTTENHAM HOTSPUR F.C. 0 x 2 LIVERPOOL F.C.

 

Data: 01/06/2019

Horário: 21h00 locais

Estádio: Wanda Metropolitano

Público: 63.272

Cidade: Madri (Espanha)

Árbitro: Damir Skomina (Eslovênia)

 

TOTTENHAM (4-2-3-1):

LIVERPOOL (4-3-3):

1  Hugo Lloris (G)(C)

13 Alisson Becker (G)

2  Kieran Trippier

66 Trent Alexander-Arnold

4  Toby Alderweireld

32 Joël Matip

5  Jan Vertonghen

4  Virgil van Dijk

3  Danny Rose

26 Andrew Robertson

17 Moussa Sissoko

14 Jordan Henderson (C)

8  Harry Winks

3  Fabinho

23 Christian Eriksen

5  Georginio Wijnaldum

20 Dele Alli

11 Mohamed Salah

7  Son Heung-min

9  Roberto Firmino

10 Harry Kane

10 Sadio Mané

 

Técnico: Mauricio Pochettino

Técnico: Jürgen Klopp

 

SUPLENTES:

 

 

22 Paulo Gazzaniga (G)

22 Simon Mignolet (G)

13 Michel Vorm (G)

62 Caoimhin Kelleher (G)

24 Serge Aurier

12 Joe Gomez

16 Kyle Walker-Peters

6  Dejan Lovren

6  Davinson Sánchez

18 Alberto Moreno

21 Juan Foyth

7  James Milner

33 Ben Davies

20 Adam Lallana

15 Eric Dier

23 Xherdan Shaqiri

12 Victor Wanyama

21 Alex Oxlade-Chamberlain

11 Erik Lamela

24 Rhian Brewster

27 Lucas Moura

15 Daniel Sturridge

18 Fernando Llorente

27 Divock Origi

 

GOLS:

2′ Mohamed Salah (LIV)

87′ Divock Origi (LIV)

 

SUBSTITUIÇÕES:

58′ Roberto Firmino (LIV) ↓

Divock Origi (LIV) ↑

 

62′ Georginio Wijnaldum (LIV) ↓

James Milner (LIV) ↑

 

66′ Harry Winks (TOT) ↓

Lucas Moura (TOT) ↑

 

74′ Moussa Sissoko (TOT) ↓

Eric Dier (TOT) ↑

 

82′ Dele Alli (TOT) ↓

Fernando Llorente (TOT) ↑

 

90′ Sadio Mané (LIV) ↓

Joe Gomez (LIV) ↑

Primeiro gol:

 

Segundo gol:

… 26/05/1999 – Manchester United 2 x 1 Bayern de Munique

Três pontos sobre…
… 26/05/1999 – Manchester United 2 x 1 Bayern de Munique


(Imagem: Getty Images)

● Essa partida é histórica e conhecida até mesmo por quem não assistiu. É um enredo que aparece em qualquer lista dos grandes épicos da história esportiva. Os três minutos finais desse jogo talvez sejam os mais fantásticos da história da UEFA Champions League.

O Bayern de Munique voltava à uma final após doze anos. Com um esquadrão liderado por Franz Beckenbauer, havia vencido o tricampeonato consecutivo em 1973/74, 1974/75 e 1975/76. Com um time mais limitado, foi vice em 1981/82 e 1987/88.

O Manchester United tinha uma história menor e um jejum muito maior no torneio. Havia conquistado a única final que disputou, em 1967/68, impulsionado pela “trindade” George Best, Bobby Charlton e Denis Law. Esse foi o primeiro título inglês e o segundo britânico na competição. Mas o incômodo jejum mancuniano já durava 31 anos. Pior ainda, os ingleses estavam ausentes da decisão desde 1984/85, quando ocorreu a “Tragédia de Heysel”.

O Bayern era comandado por Ottmar Hitzfeld, campeão pelo Borussia Dortmund em 1996/97. O United era dirigido pelo escocês Alex Ferguson, que já era e se tornaria ainda mais uma verdadeira lenda em Old Trafford.

Ambos os times atuaram desfalcados de jogadores fundamentais. O Manchester United não pôde contar com seus meio campistas centrais, Paul Scholes e o capitão Roy Keane. David Beckham atuou centralizado, ao lado de Nicky Butt. Com isso, Ryan Giggs foi deslocado para a direita e Jesper Blonqvist jogou na esquerda. O norueguês Henning Berg também foi ausência na zaga, substituído pelo seu compatriota Ronny Johnsen.

O Bayern sofreu a ausência do ótimo lateral esquerdo Bixente Lizarazu e de seu grande artilheiro, o brasileiro Giovane Élber. Foram substituídos por Michael Tarnat e Alexander Zickler, respectivamente.

Guardando as metas de ambos os times, dois dos maiores goleiros da história. Ambos capitães de seus clubes naquele dia. De um lado, o dinamarquês Peter Schmeichel. Do outro, Oliver Kahn.

Assim, dia 26 de maio de 1999, ambos se enfrentaram no estádio Camp Nou, em Barcelona.


O Manchester United de Alex Ferguson jogava no 4-4-2. Como não pôde contar com Keane e Scholes, escalou Beckham para o meio e deslocou Giggs para a direita, colocando Blomqvist na esquerda. No ataque, a dupla Yorke e Cole era infernal.


Ottmar Hitzfeld era um adepto do sistema com três zagueiros centrais, sendo um líbero. Sem Élber, preferiu a experiência de Basler e Zickler para fazerem companhia a Jancker. No meio, Effenberg era o dínamo da equipe.

● O primeiro tempo foi fraco. O placar foi inaugurado pelos alemães logo aos seis minutos. Johnsen derrubou Carsten Jancker quase na entrada da área. Mario Basler cobrou a falta e Markus Babbel fez o corta luz, para a bola que morreu rasteira, no canto esquerdo do goleiro. Um péssimo início para o Manchester, que tinha vários jogadores brilhando na Premier League, mas não conseguiam se afirmar em nível continental.

Embora até tivessem ímpeto ofensivo, os times não conseguiam criar chances de gols.

Na segunda etapa, Blomqvist se antecipou à marcação e perdeu uma clara oportunidade na pequena área, aos dez minutos. Era a chance do empate.

Mas foi o Bayern quem voltou melhor do intervalo e passou a exercer uma pressão enorme e quase anotou alguns dos maiores golaços das finais da Champions.

Basler arriscou do meio campo e quase encobriu Schmeichel, que sempre jogava adiantado. Seria um gol antológico.

Depois, Stefan Effenberg finalizou com um belo voleio, mas o goleiro dinamarquês espalmou por cima, com a ponta dos dedos.

Aos 33′, Mehmet Scholl tentou uma linda cavadinha, mas a bola bateu na trave e não entrou.

Cinco minutos depois, Carsten Jancker deu uma bicicleta, mas a bola explodiu no travessão.

O Bayern perdia chances de matar o jogo. O placar poderia estar elástico a favor dos alemães. Mas o destino tinha outros planos.


(Imagem: Getty Images)

● O Bayern tinha uma consistência defensiva muito grande, liderada pelo veterano líbero Lothar Matthäus. Já perto do fim, tentando dar fôlego para o time suportar a pressão, Hitzfeld trocou Matthäus por Thorsten Fink e Basler por Hasan Salihamidžić. O Bayern perdeu entrosamento na defesa e o Manchester soube se aproveitar dessa falta de organização.

Em busca do empate, Ferguson já tinha feito duas alterações. No meio do segundo tempo, havia trocado Blonqvist por Teddy Sheringham – um típico centroavante inglês: forte, ótimo nas jogadas aéreas (embora não fosse um gigante, com 1,83 m), experiente e goleador. Aos 36′, uma troca simples de atacantes: saiu Andy Cole e entrou o norueguês Ole Gunnar Solskjær. Ambos seriam os personagens principais do milagre.

Aos 45 minutos do segundo tempo, o United já estava no desespero. Mestre das bolas paradas, David Beckham cobrou um escanteio da esquerda ao seu estilo. O goleirão Schmeichel (que marcou 13 gols durante toda sua carreira e estava na área rival) subiu para cabecear. A defesa alemã tentou afastar, mas Ryan Giggs bateu de primeira. A bola sobrou macia para Sheringham só completar para as redes. Fatal! Dramático! Esse gol levaria a partida para a prorrogação.

Levaria. O Bayern sentia os efeitos de estar deixando escapar o título que esteve em suas mãos por quase todos os 90 minutos. E o Manchester, depois de estar nas cordas, agora estava de novo no jogo. A vitória psicológica já era dos Red Devils. Faltava o placar.

Dois minutos depois, quando todos ainda estavam sob os efeitos do gol, surgiu outro escanteio para o United. Parecia replay. Outra vez cobrado por David Beckham, de forma magistral. Sheringham desviou na primeira trave e a bola sairia. Mas Solskjær “honrou” o apelido. O “Baby-faced Assassin” (“Assassino com cara de bebê”) destruiu os sonhos dos bávaros, completando para o gol.

Nem o mais otimista dos torcedores mancunianos poderiam imaginar um final mais épico. Todos estavam incrédulos, desde os 90.245 presentes no Camp Nou, até os expectadores amantes de futebol de todo o mundo, independente de para qual time torcem.


(Imagem: UOL)

● E essa final de 1998/99 ganhou um capítulo emocionante e eternamente especial na história da UEFA Champions League.

Foi o auge do “Fergie Time”, fama que já corria há alguns anos, desde o início da Premier League, pelo fato de o Manchester United marcar constantemente muitos gols nos acréscimos.

O Manchester United é até hoje o único clube inglês a conquistar a “Tríplice Coroa”, vencendo a Champions, o Campeonato Inglês e a Copa da Inglaterra na mesma temporada.

No fim, uma bela cena foi a atitude do árbitro italiano Pierluigi Collina tentando levantar os jogadores do Bayern do gramado, derrotados no placar, física e psicologicamente. Certamente essa derrota foi importante para moldar o gigante de Munique para as temporadas seguintes, quando conquistou a Liga dos Campeões de 2000/01 ao derrotar o Valencia nos pênaltis.


(Imagem: UOL)

FICHA TÉCNICA:

 

MANCHESTER UNITED 2 x 1 BAYERN DE MUNIQUE

 

Data: 26/05/1999

Horário: 20h45 locais

Estádio: Camp Nou

Público: 90.245

Cidade: Barcelona (Espanha)

Árbitro: Pierluigi Collina (Itália)

 

MANCHESTER UNITED (4-4-2):

BAYERN DE MUNIQUE (5-3-2):

1  Peter Schmeichel (G)(C)

1  Oliver Kahn (G)(C)

2  Gary Neville

2  Markus Babbel

5  Ronny Johnsen

25 Thomas Linke

6  Jaap Stam

10 Lothar Matthäus

3  Denis Irwin

4  Samuel Kuffour

8  Nicky Butt

18 Michael Tarnat

15 Jesper Blomqvist

11 Stefan Effenberg

7  David Beckham

16 Jens Jeremies

11 Ryan Giggs

14 Mario Basler

19 Dwight Yorke

19 Carsten Jancker

9  Andy Cole

21 Alexander Zickler

 

Técnico: Sir Alex Ferguson

Técnico: Ottmar Hitzfeld

 

SUPLENTES:

 

 

17 Raimond van der Gouw (G)

22 Bernd Dreher (G)

4  David May

5  Thomas Helmer

12 Phil Neville

17 Thorsten Fink

30 Wes Brown

20 Hasan Salihamidžić

34 Jonathan Greening

7  Mehmet Scholl

10 Teddy Sheringham

8  Thomas Strunz

20 Ole Gunnar Solskjær

24 Ali Daei

 

GOLS:

6′ Mario Basler (BAY)

90+1′ Teddy Sheringham (MAN)

90+3′ Ole Gunnar Solskjær (MAN)

 

CARTÃO AMARELO: 60′ Stefan Effenberg (BAY)

 

SUBSTITUIÇÕES:

67′ Jesper Blomqvist (MAN) ↓

Teddy Sheringham (MAN) ↑

 

71′ Alexander Zickler (BAY) ↓

Mehmet Scholl (BAY) ↑

 

80′ Lothar Matthäus (BAY) ↓

Thorsten Fink (BAY) ↑

 

81′ Andy Cole (MAN) ↓

Ole Gunnar Solskjær (MAN) ↑

 

87′ Mario Basler (BAY) ↓

Hasan Salihamidžić (BAY) ↑

Melhores momentos da partida:

Últimos três minutos do jogo, filmados da beira do gramado:

Peter Schmeichel e Oliver Kahn assistiram à partida e cornetaram Ottmar Hitzfeld (em inglês):

… Real Madrid 1 x 4 Ajax

Três pontos sobre…
… Real Madrid 1 x 4 Ajax


(Imagem: Reuters / Globo Esporte)

Não tem muito a se dizer sobre essa partida. Foi a comprovação do fim de um ciclo. O último prego no caixão de uma temporada malfadada ao fracasso desde o início. Todo ciclo tem que ser encerrado – é normal.

Do outro lado, os ótimos garotos do Ajax, liderados por um exuberante Dušan Tadić – esse habilidoso sérvio, que já fazia proezas em seus tempos de Southampton, ao lado de Sadio Mané e Graziano Pellè.

Nada a reclamar do VAR. Ele tiraria um gol do Ajax e devolveria a esperança ao Madrid. É a prova de que as máquinas não falham, mas são operadas por humanos. E esses, sim, falham e muito.

Então, já que a temporada acabou, vamos fazer algumas considerações sobre o elenco.

● 25 Thibaut Courtois — Pode até ser um dos melhores goleiros do mundo. Mas que vá provar isso longe do Real Madrid. A camisa pesou para ele. Falha muito, para alguém com sua fama.

● 1 Keylor Navas — Só não tem grife. É muito mais seguro que Courtois. Tem que ser o titular até que venha outro melhor. #ForaCourtois

Andrii Lunin — Goleiro de futuro. Na volta de empréstimo, tem que ter alguma chance.

Luca Zidane — Bom para terceiro goleiro.

● 5 Raphaël Varane — Não está em seus melhores tempos. Mas, tecnicamente, é o melhor zagueiro do mundo. Deve continuar como titular.

● 4 Sergio Ramos — Tirando sua estupidez de lado, é um dos melhores defensores de todos os tempos. Enquanto ainda estiver andando, deve ser titular e capitão.

● 6 Nacho — Um bom reserva.

● 3 Jesús Vallejo — Zagueiro de potencial, mas se machuca muito. Quando é preciso jogar, está machucado e deixa o time na mão. Um empréstimo ou venda cairia bem.

Theo Hernández — Está emprestado à Real Sociedad. Deve voltar e permanecer no time, para rotação.

● 23 Sergio Reguilón — Uma baita surpresa. Mas não está pronto. Necessita de mais rodagem e experiência, ou no Real ou em algum empréstimo.

● 12 Marcelo — É um dos melhores de todos os tempos na posição. Mas parece ser fim de ciclo. Se está forçando a barra para ir para a Juventus, que vá para lá ganhar alguns Scudetto e passar vergonha na Champions.

● 2 Dani Carvajal — Indiscutível. Mas tem que sentir mais a sombra do bom Odriozola.

● 19 Álvaro Odriozola — É um excelente lateral. Tem que jogar mais.

● 14 Casemiro — Foi indiscutível por três anos e isso o fez mal. Parece estar voltando àquela fase sua no São Paulo, quando ganhou o apelido de “Case-marra”. Ou evolui, ou vai pro banco. Ou então para a prateleira de “vende-se”.

● 18 Marcos Llorente — Se parar de se lesionar dia sim, dia não, merece mais chances no onze titular.

● 8 Toni Kroos — Tchau, Kroos! Involuiu junto a (quase) todo o time alemão que conquistou a Copa de 2014. #ForaKroos

Mateo Kovačić — Vai voltar e jogar mais (em quantidade e qualidade) do que está jogando no Chelsea.

● 10 Luka Modrić — Fim de ciclo. Vá ser melhor do mundo em outro lugar.

● 24 Dani Ceballos — Tem que ser titular. Dá mais volume ao time do que Kroos e Modrić.

● 15 Federico Valverde — Fica, para rotação da equipe.

Lucas Silva — Lista de dispensa.

James Rodríguez — Está melhor do que vários do elenco atual. Se voltar, tem que ter chances.

● 22 Isco — Meu time é Isco + 10. Mesmo em péssima fase, é o jogador mais técnico do time. Em boa fase, faz o time jogar.

● 21 Brahim Díaz — Ou joga, ou empresta. Não pode comprar o cara para não deixar nem no banco. Isso ele já estava fazendo no Manchester City.

● 20 Marco Asensio — Deve ser titular. É dos poucos que consegue acertar a bola no fundo das redes de vez em quando.

● 28 Vinícius Júnior — É muito bom para sua idade. Mas deve ficar no time B até aprender a finalizar. Quando (e se) aprender, volta para ser titular. Ainda não é o jogador que promete ser.

● 7 Mariano Díaz — Dinheiro jogado fora. Florentino Pérez deve pagar outros 30 milhões para quem o quiser.

● 17 Lucas Vázquez — Não tem nível para ser titular. Deve ficar e compor elenco.

● 11 Gareth Bale — Foi decisivo em vários momentos. Não quero ser ingrato, mas… já deu. Ficou além da conta. #ForaBale

● 9 Karim Benzema — Não é tão ruim quanto parece e nem tão bom quanto diz ser. Se aceitar a rotação ou o banco, que fique. Senão, faça companhia ao Bale longe de Madrid.

Urgentemente, devem ser contratados um zagueiro, um volante, um meia, dois pontas, um centroavante e um técnico. Os sonhos são: Matthijs de Ligt (Ajax), N’Golo Kanté (Chelsea), Christian Eriksen (Tottenham), Eden Hazard (Chelsea), Mohamed Salah (Liverpool), Harry Keane (Tottenham) e Mauricio Pochettino (Tottenham).

… Real Madrid 3 x 1 Liverpool

Três pontos sobre…
… Real Madrid 3 x 1 Liverpool


(Imagem: realmadrid.com)

O Liverpool começou jogando melhor, marcando pressão nos primeiro trinta minutos e trocando passes rápidos no campo de ataque. Foram alguns lances de perigo, mas nenhuma chance clara criada. Mohamed Salah era um dos que mais tentava. Mas esse não seria seu dia.

A história da partida mudou em um lance isolado aos 24 minutos do primeiro tempo. Sergio Ramos e Salah engancharam seus braços e o braço do egípcio ficou preso ao cair. A queda foi realmente muito feia e o atacante do Liverpool infelizmente não conseguiu continuar em campo, sendo substituído cinco minutos depois. No momento, pareceu um lance acidental, uma falta comum. Quem já jogou bola sabe: em um lance tão rápido, dificilmente o defensor teria tempo para pensar em causar uma queda que tirasse o rival de campo. São milésimos de segundos para pensar e agir ao mesmo tempo. Mas se tratando de Sergio Ramos e seu histórico nada limpo, fiquemos a vontade para julgar a ação do beque – subjetividade pura.


Zidane escalou inicialmente os mesmos atletas que venceram a Juventus na final do ano passado


Jürgen Klopp apostou na mesma escalação ofensiva que levou seu time à final

Logo depois foi a vez de Dani Carvajal se lesionar depois de uma queda. Outra grande perda para o espetáculo. Mas enquanto o Madrid repôs bem, com Nacho, o Liverpool trocou o intrépido Mo Salah por um Adam Lallana sem ritmo, que estava voltando aos poucos de lesão.

Devido à falta de peças ofensivas, Jürgen Klopp teve que desmontar seu 4-3-3 e o Liverpool passou a jogar no 4-4-2.

O Liverpool morreu e o Madrid passou a jogar. Benzema teve um gol justamente anulado aos 42′, após aproveitar uma defesa sensacional do goleiro Karius em cabeçada de Cristiano Ronaldo. Mas ambos estavam impedidos, tanto o português, quanto o francês.

No início do segundo tempo, Lallana errou um corte dentro da área e a bola sobrou para Isco, livre, mas ele chutou no travessão.

Karim Benzema e Loris Karius voltaram a ser protagonistas aos cinco minutos da etapa final. Toni Kroos fez um lançamento, mas Benzema não alcançou e a bola ficou com Karius. O goleiro foi sair rapidamente com as mãos e jogou a bola bem no instante em que Benzema esticou a perna. A bola bateu no pé do francês e tomou o rumo do gol. Um gol ridículo dava a vantagem no placar ao Real Madrid.

Mas a reação do Liverpool foi rápida. O time voltou a fazer a pressão alta e conseguiu o empate aos 10′. James Milner cobrou o escanteio, Dejan Lovren subiu bem de cabeça e desviou para o meio da pequena área. Sadio Mané foi mais rápido que Keylor Navas e esticou bem a perna para desviar do goleiro. Tudo igual em Kiev.


Com Nacho no lugar de Carvajal, os laterais passaram a não avançar tanto. Bale entrou para resolver a parada


Sem opções de ataque no banco, Klopp foi obrigado a mudar o sistema de jogo, perdendo força em suas ações ofensivas

O minuto 19 nos brindou com uma verdadeira obra prima. Marcelo cruzou de pé direito para a entrada da área e Gareth Bale, que tinha acabado de entrar, emenda de bicicleta para o gol. Um gol para ficar na história das finais da competição.

Os Reds quase empataram de novo, após uma troca de passes que Mané chutou de fora da área, mas a bola acertou na trave direita de Navas. Pura sorte. Sorte de (tri)campeão? Sim, conforme foi ratificado 14 minutos depois.

Aos 38′, Bale recebeu uma bola na direita, teve tempo de ajeitar e chutar da intermediária. Seria uma bola fácil para qualquer goleiro. Se ficasse parado, talvez a bola batesse em seu rosto e não fosse gol. Mas não era qualquer um. Era Loris Karius: um dos goleiros que mais comete falhas bisonhas. E cometeu mais uma. Ele estava pronto para socar a bola, mas resolveu de última hora segurá-la e abriu as mãos. Não fez nem uma coisa e nem outra: acabou empurrando a bola para o gol. Uma das piores partidas de um goleiro na história do futebol de alto nível.

O Liverpool perdeu o restante de sua pouca força que ainda restava. O Madrid ainda teve chances de sacramentar a goleada, mas não o fez. E conquistava, de novo, a Liga dos Campeões da Europa.

Cristiano Ronaldo pouco apareceu em campo. Deixou uma mensagem enigmática na entrevista após o jogo, dizendo que “foi muito bonito jogar no Real Madrid”. Benzema fez “só” o gol; se for embora, leva a gratidão dos madridistas, mas já vai tarde. Bale afirmou que precisa jogar mais e vai decidir seu futuro junto com seu empresário. Luka Modrić está ficando velho. Keylor Navas sempre está lá para salvar o time, mas às vezes falta confiança. Talvez esse seja o fim desse esquadrão como conhecemos.

Do outro lado, o Liverpool tem muita margem para melhorar. É um time promissor. A zaga não comprometeu. Milner está velho e lento. O capitão Jordan Henderson é um jogador de pura homogeneidade: não marca, não arma, não cruza, não chuta e não lidera. Roberto Firmino “dybalou” hoje. Se não fosse por Sadio Mané, o trio de ataque mais prolífico da história da Champions teria passado em branco. Karius não é goleiro para um time de alto nível. Karius nem é goleiro.

Mo Salah tem a torcida do universo para que se recupere e continue a brilhar na Copa do Mundo. Carvajal também.

Sergio Ramos é o eterno vilão. Há quatro anos, impediu o título do Atlético de Madrid aos 48 minutos do segundo tempo ao empatar o jogo. Hoje, “tirou” de campo o melhor jogador do mundo. Atualmente, é o cara mais odiado do mundo da bola. Mas tem o amor e o apoio da torcida do Real Madrid. Provavelmente, o torcedor madridista deve considerá-lo “meu malvado favorito”.


(Imagem: UOL)

Falando em malvado, quão malvado é esse Real Madrid?! Só nos últimos anos, tirou o título do coitadinho do Atlético, por duas vezes! Impediu Gianluigi Buffon de conquistar a Champions e se consagrar ainda mais! E agora tirou a chance de título do queridinho Mo Salah e desse lindo Liverpool! É o time a ser batido. É o mais odiado do mundo. Menos, claro, pelos que o ama – que são muitos.

Madrid Champions League. É uma dinastia. Assim como foi a dinastia do mesmo Real Madrid pentacampeão entre 1956 e 1960, o Ajax tricampeão (1971 a 1973) e o Bayern de Munique (1974 a 1976). Desde a fase moderna da UEFA Champions League, nenhum time tinha conseguido dois títulos consecutivos. Agora já são três. E contando…

Pra terminar: se CR7 fosse um clube, já seria o terceiro maior vencedor do torneio. Com cinco títulos, ele igualou Bayern, Liverpool e Barcelona.


(Imagem: UOL)

FICHA TÉCNICA:

 

REAL MADRID 3 x 1 LIVERPOOL

 

Data: 26/05/2018

Horário: 21h45 locais

Estádio: Olímpico

Público: 61.561

Cidade: Kiev (Ucrânia)

Árbitro: Milorad Mažić (Sérvia)

 

REAL MADRID (4-3-1-2):

LIVERPOOL (4-3-3):

1  Keylor Navas (G)

1  Loris Karius (G)

2  Daniel Carvajal

66 Trent Alexander-Arnold

5  Raphaël Varane

6  Dejan Lovren

4  Sergio Ramos (C)

4  Virgil van Dijk

12 Marcelo

26 Andrew Robertson

14 Casemiro

5  Georginio Wijnaldum

8  Toni Kroos

14 Jordan Henderson (C)

10 Luka Modrić

7  James Milner

22 Isco

11 Mohamed Salah

9  Karim Benzema

9  Roberto Firmino

7  Cristiano Ronaldo

19 Sadio Mané

 

Técnico: Zinédine Zidane

Técnico: Jürgen Klopp

 

SUPLENTES:

 

 

13 Kiko Casilla (G)

22 Simon Mignolet (G)

6  Nacho

17 Ragnar Klavan

15 Theo Hernández

2  Nathaniel Clyne

23 Mateo Kovačić

18 Alberto Moreno

17 Lucas Vázquez

23 Emre Can

20 Marco Asensio

20 Adam Lallana

11 Gareth Bale

29 Dominic Solanke

 

GOLS:

51′ Karim Benzema (MAD)

55′ Sadio Mané (LIV)

64′ Gareth Bale (MAD)

83′ Gareth Bale (MAD)

 

CARTÃO AMARELO: 82′ Sadio Mané (LIV)

 

SUBSTITUIÇÕES:

30′ Mohamed Salah (LIV) ↓

Adam Lallana (LIV) ↑

 

37′ Daniel Carvajal (MAD) ↓

Nacho (MAD) ↑

 

61′ Isco (MAD) ↓

Gareth Bale (MAD) ↑

 

83′ James Milner (LIV) ↓

Emre Can (LIV) ↑

 

89′ Karim Benzema (MAD) ↓

Marco Asensio (MAD) ↑

… Barcelona 6 x 1 Paris Saint-Germain

Três pontos sobre…
… Barcelona 6 x 1 Paris Saint-Germain


(Imagem: UOL)

Sei que minhas opiniões sobre esse jogo são bastante ácidas, mas…

● Primeiramente, vamos recordar que no jogo da ida em Paris, o PSG humilhou o Barça e poderia ter vencido por muito mais que os 4 x 0, mas… o time francês tem um preciosismo tão grande nas finalizações, que não concretizou as chances criadas. Assim também foi no jogo de hoje, em que teve três oportunidades para liquidar de vez o confronto, duas com Cavani e uma com Di María, mas não o fez. De qualquer forma, exceto essas poucas chances (mas que foram claríssimas), o PSG nada criou, não só por demérito próprio e a estratégia traçada pelo técnico Unai Emery, que escalou e substituiu mal. Um gestor que possui recursos, mas não os utilizou da melhor forma possível. Emery já provou seu valor em equipes menores, mas prova também que ainda não tem o tamanho que o Paris Saint-Germain acha que possui em nível continental.

Mas foi também mérito do adversário. Foi um jogo espetacular do Barcelona, em que tudo deu certo. A alma que faltou em Paris sobrou na Catalunha. A alteração tática recente de Luis Enrique, escalando o time praticamente em um 3-3-4, tornou o time ainda mais ofensivo e ocupando todos os espaços. O Barcelona aproveitou as poucas oportunidades do primeiro tempo e após fazer o 3 x 0 no início do segundo, levou o gol. Seria um balde de água fria para qualquer time, mas não para esse Barça!

Neymar Jr acabou sendo o principal nome de um maravilhoso Barcelona. Quando tudo parecia perdido, Neymar cobrou uma falta com maestria, colocando o Barça no jogo de novo. Também converteu um pênalti em um momento de pressão, cavou um pênalti “mandrake” e, no último lance da partida, não se desesperou como faria um reles mortal e, com frieza extrema, colocou “com açúcar” a bola no pé salvador de Sergi Roberto. Neymar jogou como o melhor jogador do mundo. Hoje podemos dizer que “Neymar teve um dia de ‘Messi'”.

(Imagem: Goal)

● Mas a arbitragem apareceu novamente. É incrível que na Europa quase todos os lances duvidosos são favoráveis a Barcelona, Real Madrid e Bayern de Munique. Na dúvida, marcam a favor deles; se não tem o que marcar, inventam. Incrível. São os três melhores e mais consistentes times do mundo, tendo uma vaga cativa nas semifinais da UCL nos últimos anos. A diferença técnica e financeira entre esses clubes e os outros é absurda. Não precisam disso para serem os maiores do mundo.

Mas foi uma atuação para esquecer do árbitro alemão Denis Aytekin. Foram quatro lances capitais, interpretativos e muitos discutíveis, todos decididos em favor do Barcelona. O primeiro foi um cruzamento de Draxler que foi cortado por um carrinho de Mascherano, cuja bola parou no braço do argentino. O juiz interpretou como toque acidental e não marcou pênalti. No segundo lance polêmico, o lateral Meunier dançou e o belga caiu, derrubando o brasileiro com a cabeça. Dessa vez o árbitro marcou pênalti, convertido por Messi. O terceiro lance foi uma “botinada” por trás de Neymar no amigo Marquinhos. Na minha terra, isso é pra cartão vermelho direto e indiscutível. Creio que em todo lugar seria, menos para quem veste a camisa blaugrana. No quarto lance não tem nem discussão. Messi lançou Suárez, que foi suavemente tocado por Marquinhos. Lógico que Luisito se jogou, ao ver o braço do brasileiro à sua frente. O uruguaio parecia uma bailarina em ação e o juiz alemão marcou (outro) pênalti inexistente, convertido por Neymar.

● Mas não foi (só) isso que classificou o time catalão. Ao PSG e ao mundo do futebol, fica claro que a covardia nunca merece ser premiada e um time que deixa uma vantagem de quatro gols escapar não merece ser campeão da Champions. Ao Barça, parabéns pela entrega dentro de campo e por ter aproveitado as chances da melhor forma; parabéns pelo apoio dessa torcida única; parabéns pela atuação mágica de Neymar Jr. Mas agradeça também (um pouquinho) à arbitragem e (muito) ao acovardado Paris Saint-Germain.

Em 62 anos de UEFA Champions League, foi a primeira vez em que uma equipe conseguiu reverter um resultado negativo de quatro ou mais gols de diferença no jogo da ida de uma partida eliminatória. Foi algo sem precedentes no alto nível do futebol. Foi uma classificação épica e muito merecida. Por tudo que fez, o Barcelona segue como o principal favorito para conquistar a UCL 2016/17.

… Steaua București: o campeão europeu de 1986 que pode deixar de existir

Três pontos sobre…
… Steaua București: o campeão europeu de 1986 que pode deixar de existir


(Imagem: Imortais do Futebol)

● A temporada 1985/86 da Copa dos Campeões Europeus (atual UEFA Champions League) contou com 31 clubes, um a menos em relação ao normal, pois a Inglaterra estava punida pelo desastre de Heysel, no ano anterior. Assim, o Everton, campeão inglês, não pode disputar a competição devido à proibição da UEFA.

Enquanto gigantes como Juventus, Bayern de Munique, Barcelona e Porto se degladiavam entre si, o Steua (estrela, no idioma romeno) teve muita sorte nos sorteios dos chaveamentos. Passou pela primeira fase com um placar agregado de 5 a 2 sobre o Vejle, da Dinamarca. Nas oitavas de final, apesar do susto e derrota por 1 a 0 no primeiro jogo, goleou o Budapest Honvéd por 4 a 1 em casa e passou de fase. Nas quartas, foram jogos duríssimos, com um empate sem gols e uma vitória fora de casa por 1 a 0 contra o Kuusysi (atual FC Lahti) da Finlândia. Nas semifinais, a derrota por 1 a 0 e goleada por 3 a 0 sobre o forte Anderlecht, da Bélgica, do craque Enzo Scifo, credenciaram o campeão romeno para uma inédita final.

07/05/1985 era o dia mais importante da história da Romênia (talvez até extrapolando o futebol). O Steaua București enfrentou o todo poderoso Barcelona (que, na verdade, tinha um time horrível) na decisão, no Estádio Ramón Sánchez Pizjuán, em Sevilha. Mesmo jogando em seu país, com mais de 50 mil catalães nas arquibancadas, o Barcelona ficou nas mãos do goleiro adversário. Helmuth Ducadam parou o Barça tanto no tempo normal, quanto na prorrogação e especialmente nos pênaltis, quando defendeu quatro pênaltis, de: José Ramón Alexanko, Ángel Pedraza, Pichi Alonso e Marcos Alonso. Os romenos também não cobraram bem, perdendo os dois primeiros com Majaru e Bölöni, mas convertendo com Lăcătuş e Balint. Foi preciso 120 minutos de jogo e 5 pênaltis até que a rede balançasse nesta final. Foi o primeiro título da maior competição continental conquistada por um clube do Leste Europeu. Duckadam se tornou o “Herói de Sevilla”.

Na grande final, o time campeão formou com:
Helmuth Duckadam; Ştefan Iovan (C), Adrian Bumbescu, Miodrag Belodedici e Ilie Bărbulescu; Mihail Majearu, Lucian Bălan (Anghel Iordănescu), László Bölöni e Gavril Balint; Marius Lăcătuş e Victor Piţurcă (Marin Radu). Técnico: Emerich Jenei.

(Imagem: Imortais do Futebol)

● Dentre nomes de peso na história do futebol local (como Iordănescu, Bölöni, Lăcătuş e Piţurcă), merece destaque o zagueiro Belodedici, que em 1991 se tornaria o primeiro jogador a vencer o maior torneio da Europa por dois clubes diferentes e o único a vencer por dois clubes do Leste Europeu (marca que dificilmente será batida em um futuro próximo).

Mas o grande herói do título foi mesmo o goleiro Duckadam, que defendeu os quatro pênaltis na final. Oitavo lugar no prêmio Bola de Ouro da revista France Football em 1986, infelizmente ele teria que encerrar a carreira com apenas 27 anos, nas semanas seguintes ao título. A versão oficial é que o jogador havia sofrido graves problemas circulatórios (alguns falam em trombose, outros em aneurisma), paralisando temporariamente o lado direito do seu corpo. Mas sempre circularam comentários que o motivo de seus problemas físicos seria outro. Pela sua façanha em campo, impedindo o primeiro título europeu do Barcelona, o presidente do Real Madrid, Ramón Mendoza, teria presenteado o goleiro com um automóvel Mercedes-Benz. Ao retornar à Romênia, foi intimado por Valentin Ceausescu (filho do ditador Nicolae Ceaucescu) a lhe dar o carro. O goleiro teria se recusado e, pela sua negativa, teria sido baleado no braço pela Securitatea (polícia comunista romena), perdendo parte dos movimentos. Posteriormente e já aposentado, Duckadam afirmava que o problema teria sido causado por um acidente doméstico, mas ainda hoje sempre se contradiz com versões diferentes para seu problema físico.

(Imagem: Getty Images / UEFA)

● Mas a equipe que já era boa, se tornou imbatível com a chegada do gênio Gheorghe Hagi. Esse mesmo time base conseguiu outros feitos: campeão da Supercopa da Europa em 1986, tetracampeão romeno (1985/86, 1986/87, 1987/88 e 1988/89, sendo os três últimos títulos invictos), tricampeão invicto da Copa da Romênia (entre 1987 e 1989), além de estabelecer o recorde de partidas invictas em seu país, com 119, entre junho de 1986 a setembro de 1989. Na temporada 1987/88 o Steaua quase chegou a outra final, perdendo nas semifinais para o Benfica (que, por sua vez, perderia para o PSV na decisão). Já na temporada seguinte, o time conseguiu esse feito, mas foi impiedosamente goleada pelo excepcional Milan por 4 a 0.

Com a Revolução Romena pelo fim do regime comunista de Nicolae Ceausescu, com mais de mil mortos, a abertura do mercado também no futebol impediu ao Steaua que mantivesse seus jogadores e, com a evasão em massa, nunca mais conseguiu reunir tantos bons nomes em uma só equipe local.

Mesmo assim, o clube continuou dominante em seu país, mas sem expandir novamente suas glórias para o continente. Em 2001, o Ministério da Defesa da Romênia entrou com uma ação para impedir Gigi Becali, o (maluco) presidente e proprietário atual do clube de continuar utilizando qualquer referência ao clube criado pelas Forças Armadas. Depois de derrotas judiciais nas duas primeiras instâncias, Gigi Becali deve recorrer à Suprema Corte do país. Mesmo que o clube desapareça, jamais serão esquecidas as façanhas do grande Steaua București.