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… Final da UEFA Champions League 2020/21

Três pontos sobre…
… Final da UEFA Champions League 2020/21


(Imagem: Softonic)

● Quase todo mundo conhece o aplicativo “Cheat O’Matic”. Quem não queria se arriscar em qualquer tipo de jogo, usava esse software para trapacear, apelar e ganhar vidas ilimitadas, dinheiro ilimitado ou poderes adicionais. Em pouco tempo você consegue chegar em níveis que normalmente demoraria muito mais. E você se torna praticamente invencível.

Transportando isso pro futebol, foi justamente algo do tipo que aconteceu com os hoje gigantes Manchester City e Chelsea. É impossível citar os oito maiores clubes do mundo hoje sem os dois.

Ambos tem seus méritos, claro. Mas esses méritos demorariam algumas dezenas de anos se não fossem os petrodóloares.

● O Chelsea começou a usar o Cheat O’Matic antes, na temporada 2003/04. O clube foi adquirido pelo bilionário russo Roman Abramovich – um judeu russo que perdeu os pais ainda criança, que alcançou o poder e a riqueza através das obscuras privatizações das estatais refinarias de petróleo russas.

Depois de compras de inúmeros jogadores, técnicos badalados e salários astronômicos, o Chelsea passou a ser sempre um dos favoritos à conquista de todos os títulos que disputa. Conquistou em 18 anos muito mais do que não havia conquistado nos outros 98 – incluindo cinco títulos da Premier League e a mais cobiçada, a Champions de 2011/12.

Aos poucos, Abramovich foi saindo de cena e o nome forte do Chelsea hoje é a russa Marina Granovskaia, CEO do clube. Ela trabalha com Abramovich desde 1997 e foi a responsável pela montagem do elenco atual.

Ao todo, os Blues de Londes já gastaram 2,223 bilhões de euros desde a chegada de Roman Abramovich.

● O Manchester City sempre foi chamado de “o primo pobre da cidade de Manchester”, sempre ofuscado pelo gigante Manchester United. Mas passou a usar o Cheat O’Matic desde a temporada 2008/09 e subjugou rapidamente o rival.

O clube foi comprado pelo City Football Group, braço da empresa Abu Dhabi United Group, de propriedade do sheik Mansour bin Zayed Al Nahyan – membro da família real de Abu Dhabi e irmão do atual presidente dos Emirados Árabes Unidos.

Desde então, já foram conquistados 16 títulos nesses 13 anos, contra 18 troféus nos outros 114 anos.

Logicamente, os petrodólares também deram o tom nas contratações dos Citizens. Foram 2,008 bilhões de euros gastos para tornar o City supercampeão dentro da Inglaterra e chegar à primeira final da Champions.

Nomes como Sergio Agüero, Kevin De Bruyne, Riyad Mahrez, Éderson, Rúben Dias e outros, fazem o técnico Pep Guardiola ter opções de sobra para ter o mais farto elenco do mundo.

● No duelo entre os campeões do Cheat O’Matic, melhor para o Chelsea.

O alemão Thomas Tuchel escalou o Chelsea em um 5-2-2-1, com: Édouard Mendy; Reece James, César Azpilicueta, Thiago Silva, Antonio Rüdiger e Ben Chilwell; N’Golo Kanté e Jorginho; Mason Mount e Kai Havertz; Timo Werner.

Pep Guardiola mandou a campo o Manchester City no 4-3-3, com: Ederson; Kyle Walker, John Stones, Rúben Dias e Oleksandr Zinchenko; İlkay Gündoğan, Bernardo Silva e Kevin De Bruyne; Riyad Mahrez, Phil Foden e Raheem Sterling. Sem a bola, era um 4-2-3-1, com os pontas fechando o meio juntamente com De Bruyne. Com a bola, era um 3-4-3, com o avanço de Zinchenko pelo meio.

No comecinho do jogo o Manchester City deu a impressão de que seria mais perigoso, pressionando a saída de bola do Chelsea e impedindo os Blues de saírem de sua defesa.

Abafado, o Chelsea descobriu a bola longa como uma forma de avançar o time. E essa também seria sua principal criação de jogadas, além da velocidade pelos lados e o apoio dos alas Reece James e Ben Chiwell.

No primeiro tempo, o City teve algumas chances em cruzamentos e uma mais clara, que foi um lançamento longo do goleiro Ederson, que Sterling não conseguiu dominar bem.

O Chelsea perdeu pelo menos duas chances claras com Timo Werner. Em uma ele furou e em outra ele bateu muito fraco para a fácil defesa de Ederson.

O City tinha a bola. O Chelsea se defendia bem e esperava pelos contragolpes.

Thiago Silva se lesionou aos 35′ e teve que sair. Christensen entrou bem e deu conta do recado.

O gol saiu aos 42′. O goleiro Mendy saiu jogando com Chiwell na esquerda, que ajeitou de primeira para Mason Mount. Ele teve tempo para ajeitar e fazer um ótimo lançamento no ponto futuro, onde Kai Havertz se apresentava, se deslocando da marcação de Zinchenko, que não conseguiu acompanhar. O deslocamento lateral de Timo Werner levou a marcação de Rúben Dias e o meio ficou livre para Havertz. O meia alemão dominou já tirando o goleiro Ederson (que saiu do gol do jeito que deu e chegou a tocar na bola) e só completou para o gol vazio.


(Imagem: José Coelho / Reuters)

Na segunda etapa, mais do mesmo. Até um choque acidental entre os rostos de Rüdiger e De Bruyne. O belga levou a pior e teve que sair de campo aos 15′. O City perdia seu melhor jogador tecnicamente, mas que não havia aparecido na partida. Foi substituído por Gabriel Jesus.

Quatro minutos depois, Fernandinho entrou no lugar de Bernardo Silva, por opção técnica.

Com Gabriel Jesus e Fernandinho em campo, o City passou a se achar em campo, com alguns ataques pelas pontas. Mas o Chelsea se fechava muito bem. Não houve nenhuma situação clara de gol também no segundo tempo.

Para fechar mais os espaços, Pulišić entrou no lugar de Werner e Kovačić no lugar de Mount.

Mas o Chelsea teve a chance de matar o jogo, em um contra-ataque que Havertz deixou Pulišić na cara do gol, mas o norte-americano desperdiçou.

No desespero, Kun Agüero entrou no lugar de Sterling.

Tentando ganhar no “abafa” e jogando bola na área de qualquer maneira, o desesperado City se tornou presa fácil para a defesa do Chelsea.

Chelsea campeão merecidamente.

Os últimos sete times que fizeram sua estreia em uma final de Champions perderam: Valencia (1999/2000), Bayer Leverkusen (2001/02), Monaco (2003/04), Arsenal (2005/06), Chelsea (2007/08), Tottenham (2018/19) e PSG (2019/20). O último estreante a vencer foi o Borussia Dortmund, na temporada 1996/97.


(Imagem: Michael Steele / Reuters)

Confira as notas para os personagens da partida:

Chelsea

Édouard MendyNota 6 – Primeiro goleiro africano a jogar como titular uma final de Champions, Mendy não foi exigido durante os 98 minutos. Começou a jogada do gol.

Reece JamesNota 6,5 – Levou a melhor na maioria das disputas com Sterling e foi uma válvula de escape nas saídas de bola.

César AzpilicuetaNota 6,5 – O capitão do Chelsea foi uma das melhores opções na saída de bola e manteve a garra e disciplina de sempre, liderando a defesa.

Thiago SilvaNota 6 – Seguro enquanto esteve em campo. Foi substituído por lesão aos 39′.

― (Andreas Christensen) – Nota 6 – Manteve a segurança na defesa e ganhou várias bolas pelo alto.

Antonio RüdigerNota 7 – Um gigante pelo alto, ganhando todas de cabeça. Por baixo, tirou tudo que veio.

Ben ChilwellNota 7 – Marcou muito bem e apoiou em vários momentos. É um grande jogador.

N’Golo KantéNota 8 – Kanté criou uma função no futebol: o “todo-campista”. Ele estava literalmente em todas as bolas, aparecendo na defesa e no ataque. O melhor jogador da competição, sem sombra de dúvidas.

JorginhoNota 6 – Mesmo sendo muito bom nos passes, hoje sua principal função foi a marcação. E ele foi muito bem também.

Mason MountNota 8 – Circulou bem no ataque, não manteve posição e criou a jogada do gol com um lançamento espetacular.

― (Mateo Kovačić) – Nota 6 – Entrou no fim do jogo, apareceu pouco, mas levou ao clube o espírito vencedor que ele adquiriu no Real Madrid.

Kai HavertzNota 7,5 – Um jogador muito maduro para sua pouca idade. Soube se desmarcar e aparecer livre para marcar o gol do título.

Timo WernerNota 5 – Destoou do resto do time, perdendo pelo menos duas chances claras de gol. Mas sua movimentação abriu espaços para Havertz aparecer e fazer o gol.

― (Christian Pulišić) – Nota 5 – Substituiu Werner à altura e perdeu um gol feito. Ajudou a fechar os espaços no fim do jogo.

Thomas TuchelNota 7 – Não inventou, conseguiu formar um sistema defensivo sólido e escalou os jogadores certos no momento certo.

Manchester City

EdersonNota 6 – Praticamente não foi exigido. Não teve culpa no gol. Fez o que pôde.

Kyle WalkerNota 5,5 – Com muita força física, foi um trator na marcação. Apoiou pouco ao ataque.

John StonesNota 4 – Parecia um pouco nervoso e perdido no começo do jogo. No lance do gol, mal apareceu no vídeo.

Rúben DiasNota 5 – No lance do gol, saiu no encalço de Werner e abriu espaço para a infiltração de Havertz.

Oleksandr ZinchenkoNota 5,5 – Por ser um meia de origem, aparecia mais pelo centro, tentando armar alguma jogada, ao invés de dar opção para lances de profundidade.

İlkay GündoğanNota 4,5 – O dínamo do meio campo do City mal apareceu em campo. Seu destaque no jogo foi ter recebido um cartão amarelo.

Bernardo SilvaNota 5 – Jogou mais recuado, mesmo sem ter esse perfil. Não apareceu no ataque, o que é sua principal característica.

― (Fernandinho) – Nota 6 – Depois que entrou, foi o responsável por liderar o time no “perde-pressiona”. Deveria ter sido titular.

Kevin De BruyneNota 4,5 – Era o mais avançado do pseudo 4-3-3. Foi presa fácil na marcação de Jorginho e Kanté.

― (Gabriel Jesus) – Nota 5,5 – Apareceu algumas vezes caindo pelas pontas para tentar criar alguma jogada. Deveria ter sido titular.

Riyad MahrezNota 5 – Tentou ciscar em seu terreiro, que é a ponta direita, mas pouco fez. Quase fez o gom de empate no último minuto da partida, em uma bola vadia.

Raheem SterlingNota 5,5 – Foi o que mais deu trabalho à defesa do Chelsea, pela ponta esquerda. Perdeu um gol no início da partida, que poderia ter mudado os rumos da decisão.

― (Sergio Agüero) – Nota 5 – Maior jogador da história do clube, errou na única bola limpa que recebeu. Pouco apareceu nos 20 minutos que jogou.

Phil FodenNota 5,5 – Escalado fora de posição, como o homem mais avançado, pouco conseguiu fazer. Apareceu um pouquinho mais quando recuou para armar o jogo.

Pep GuardiolaNota 3 – Inventou no momento decisivo. Escalou seu time sem volante e sem centroavante. Gündoğan não soube ser o “falso 5”, tampouco Phil Foden conseguiu ser o “falso 9”. Perdeu apenas quatro das 13 ligas nacionais que disputou, por ter o melhor elenco em todas as 13. Ganhou duas Champions pelo Barcelona exclusivamente por causa da genialidade de Lionel Messi e Andrés Iniesta. Poderia ter vencido essa final se não tivesse inventado, mas preferiu deixar sua marca. “Professor Pardal”. Se tornou lenda, mito, mas não passa de um Vanderlei Luxemburgo catalão (o que não é uma ofensa pra ninguém).


(Imagem: José Coelho / Reuters)

Antonio Mateu LahozNota 8 – O árbitro foi perfeito em todas as tomadas de decisão e deixou o jogo seguir. Por que será que não apita assim nos clássicos entre Real Madrid e Barcelona?

UEFA Champions LeagueNota 10 – Amamos a “Orelhuda” e temos adoração pelo hino  da Champions antes das partidas. Die Meister, Die Besten, Les grandes Équipes, The Champions!

Superliga EuropeiaNota 0 – Nunca será!

Para ver os melhores momentos da partida, clique aqui.